Você está na página 1de 51

PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE

FERTILIZANTES E CORRETIVOS

Prof. Dr. Hamilton Seron Pereira


1) ATRIBUTOS DE NATUREZA FÍSICA

1.1) ESTADO FÍSICO


1.2) GRANULOMETRIA
1.3) DUREZA DOS GRÂNULOS
1.4) FLUIDEZ OU ESCOABILIDADE
1.5) DENSIDADE
2) ATRIBUTOS DE NATUREZA FÍSICO-QUÍMICA

2.1) SOLUBILIDADE
2.2) HIGROSCOPICIDADE
2.3) EMPEDRAMENTO
2.4) ÍNDICE SALINO
3) ATRIBUTOS DE NATUREZA QUÍMICA

3.1) ORIGEM
3.2) FORMAS E GARANTIAS DOS NUTRIENTES
3.3) CONCENTRAÇÃO DE NUTRIENTES
3.4) PODER ACIDIFICANTE DOS ADUBOS
3.5) ÍNDICE DE BASICIDADE

4) MISTURA DE ADUBOS
1.1) ESTADO FÍSICO

1.1.1. Sólido
1.1.2. Fluido

1.1.1. Sólido
- Pó:
2 mm (ABNT nº. 10)

95%

0,3 mm (ABNT nº. 50)

50%
Ex.: calcários, concentrado fosfático, enxofre elementar
* Legislação para corretivos de acidez:
Tabela 1: Especificações e garantias mínimas de
granulometria estabelecidas para os corretivos de acidez .

Peneira % Passante
Nº ABNT Abertura malha (mm)
10 2,00 100
20 0,84 70
50 0,30 50
- Farelado:
4,8 mm (ABNT nº. 4)

100%

2,8 mm (ABNT nº. 7)

80%

Ex.: gesso agrícola, adubos simples, enxofre elementar


- Granulado:
A) Mistura de grânulos:
adubos simples  misturador.

B)Granulado
B1) Misturas granuladas:
adubos simples em pó  granulador e secador.

B2) Misturas complexas:


matérias primas em diferentes estados físicos 
reator, granulação e secagem
1.1.1.Fluido

- Misturas claras: soluções puras ou perfeitas.


Ex.: 32-00-00 (Uran), 20-00-00-04S (Sulfuran).

- Soluções coloidais: consistência espessa e viscosidade alta.


amônia anidra ou aquamônia + ácido fosfórico, como 10-30-
00, 06-30-00.

- Suspensões: 32-00-00, 10-30-00, 06-30-00+ cloreto de


potássio.
Ex.: 12-06-12, 16-4-16, 5-15-10.
1.2) GRANULOMETRIA
Tamanho dos grãos
Segregação Densidade dos grãos
Formato dos grãos

Para evitar a segregação:

- Utilizar matérias-primas dentro de faixa


granulométrica adequada.
- Usar processos de manuseio adequados, desde a
matéria-prima até seu destino.
GRANULOMETRIA X SEGREGAÇÃO

• A) Na embalagem: transporte e manuseio


– Sacaria 50 kg e Big Bag (500 a 800 kg)
• B) Na aplicação
– Lançamento mecânico:Distância f ( tamanho e
densidade )
Maior diâmetro e
densidade
Distância
Menor diâmetro e
densidade
Distância
1) Legislação: granulometria muito ampla 
Não atende o aspecto de segregação
Tabela 2: Especificações e garantias de natureza física
dos fertilizantes minerais simples, mistos e complexos.
Fertilizante Especificações Tolerância
1) Granulado ou mistura de 100% peneira 4,0mm Até 10% partículas > 4,0mm
grânulos até 5% peneira 0,5mm Até 10% partículas < 0,5mm
2) Pó 95% peneira 2,0mm Até 5% na peneira 2,0mm ou
50% peneira 0,3mm 90,25% passante na peneira 2,0mm
3) Farelado 100% peneira 4,8mm Até 15% partículas > 4,8mm
80% peneira 2,8mm
4) Sólido foliar 100% solúvel água Até 2% sólidos não dissolvidos
5) Termofosfato magnesiano 75% peneira 0,15mm Não tem
e escória de Thomas
6) Fosfato natural 85% peneira 0,075mm Não tem
2) Matérias prima importadas: KCl
(diferentes tamanhos e formas geométricas)

3) Fertilizantes simples, especialmente


micronutrientes não se compatibilizam com
a maioria dos fertilizantes

Ex.: ácido bórico, bórax, sulfato de zinco 


cristais pequenos
Fritas (oxissulfatos)  pó fino
Tabelas 3 e 4: Análise granulométrica de diferentes
adubos
PORCENTUAL RETIDO NAS PENEIRAS
Peneira Peneira Peneira Peneira
MATÉRIA-PRIMA 4,00 mm 2,00 mm 1,70 mm 1,00mm
DAP 1 25 86 98
KCL 2 36 74 95
DIFERENÇA 1 11 12 3

PORCENTUAL RETIDO NAS PENEIRAS


Peneira Peneira Peneira Peneira
MATÉRIA-PRIMA 4,00 mm 2,00 mm 1,70 mm 1,00 mm
DAP 1 25 86 98
KCL 0 5 31 71
DIFERENÇA 1 20 55 27
1) Quanto menor for a diferença granulométrica, menor
será a tendência a segregação.

2) Há baixa tendência segregação quanto a diferença


granulométrica for:
- inferior a 10% para grãos grandes ( maior que 2mm );
- inferior a 20% para grãos pequenos.

3) Há ELEVADA tendência à segregação quando a


diferença granulométrica for:
superior a 20% para grãos grandes;
superior a 30% para grãos pequenos.

4) Quanto menor a relação entre grãos grandes e grãos


pequenos, menor será a tendência a segregação.
A forma das partículas influencia na fluidez,
higroscopicidade e empedramento

* Fluidez e empedramento  forma


com menor superfície de contato

* Higroscopicidade  forma com


menor superfície de exposição

RESUMO: FORMA ESFÉRICA


1.3) DUREZA DOS GRÂNULOS

Resistência a compressão;

Resistência a abrasão;

Resistência ao impacto.
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Tabela 5: Valores típicos de resistência a compressão
( dureza ) para grãos de aproximadamente 2,5mm.

FERTILIZANTES DUREZA ( QUILOS )


Nitrato de Amônio ( perolado ) 1,0
Sulfato de Amônio ( cristais ) 1,5
MAP 5,8
DAP 4,0
Superfosfato Triplo 1,3
Superfosfato Simples 1,1
KCl 5,8
Mole- Quando o grão pode ser rompido ao ser
comprimido entre os dedos indicador e
polegar;

Mediamente Duro- Quando pode ser rompido


ao comprimirmos sobre uma superfície dura e
com o dedo indicador;

Duro- Quando não se rompe, mesmo


comprimido sobre uma superfície dura e com o
dedo indicador.
RESISTÊNCIA À ABRASÃO
Tabela 6: Porcentagens de degradação dos fertilizantes
mais utilizados
RESISTÊNCIA À ABRASÃO
FERTILIZANTES % DEGRAD
Nitrato de Amônio ( perolado ) 7,0
Sulfato de Amônio ( cristais ) 2,5
MAP 0,8
DAP 0,2
Superfosfato Triplo 1,6
Superfosfato Simples 13,0
KCl 3,8
RESISTÊNCIA AO IMPACTO
Tabela 7: – Valores de resistência ao impacto
( produtos importados )
1.4) FLUIDEZ OU ESCOABILIDADE
Fluidez = escoamento dos fertilizantes sólidos

 comprometido: - higroscopicidade
- empedramento
- desuniformidade de
tamanho e forma das
partículas

Fertilizantes fluidos: - natureza da mistura


(solução ou suspensão)
- viscosidade
- densidade
FLUIDEZ X ÂNGULO DE REPOUSO

Ângulo de repouso: ângulo entre o piso e a superfície


da pilha tomada pelo produto quando descarregado
no silo. Mede tendência de escoamento.
ADUBO
ÂNGULO DE REPOUSO
- RESULTANTE DO ESCOAMENTO
EM QUEDA LIVRE DO PRODUTO

- INDICADOR DA TENDÊNCIA DE
ESCOAMENTO DE CORRETIVOS E
FERTILIZANTES

ÂNGULO DE REPOUSO
ÂNGULO DE REPOUSO
DETERMINAÇÃO
Volume “x”
 = arc tg a/b

Exemplo:
a = 23 cm
b = 18 cm
a   = arc tg 18/23
 = 38,05o

b
Determinar as distâncias “a”e “b”
ÂNGULO DE REPOUSO DE CORRETIVOS
E FERTILIZANTES

45 42,3
42,5 39,6
40
Graus

37,5 35,8
35 32,3
32,5
30
ÂUNGULO DE REPOUSO DE
CALCÁRIO X UMIDADE (%)

50
47,53
47,5
Ângulo de Repouso (o)

46,55
45
41,53 45,73
42,5
40
37,5 y = 1,4012x + 36,605
35 2
35,03 R = 0,9318
32,5
30
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Umidade (%)
1.5) DENSIDADE
Fertilizantes sólidos: pouca importância

Fertilizantes líquidos: relação com fluidez e utilizado nas


transformações de garantia peso/peso para
peso/volume

Ex.: Uran densidade = 1,326 g.cm-3


Sulfuran densidade = 1,26 g.cm-3
PRODUTO
• D) DENSIDADE
– Operacional  “CAPACIDADE DE CARGA
–  “AUTONOMIA DE APLICAÇÃO
• Depósito dos Distribuidores/Adubadoras
– Capacidade = “Volume”
– Exemplo: Calagem 2,0 t/ha
– Faixa de Densidade Calcários  0,9 a 1,6 t/m3
– Distribuidor  Depósito = 3,0 m3
» Calcário Calcinado  2,7 t  1,35 há/carga
» Calcário Convencional  4,8 t  2,40 há/carga
2) ATRIBUTOS DE NATUREZA FÍSICO-QUÍMICA

2.1) SOLUBILIDADE
* alta solubilidade em água  perdas acentuadas

* linhas de pesquisa  obtenção de produtos de


solubilidade intermediária

Lenta liberação de nutrientes (“Slow release”)

Ex.: uréia revestida com enxofre (SCU) ou uréia


protegida com formaldeído
PRODUTO DE SOLUBILIDADE (PS): é a quantidade
máxima do fertilizante ou corretivo (em gramas) que

conseguimos dissolver em 100 mL de água.


Tabela 8: Produto de solubilidade de alguns fertilizantes
2.2) HIGROSCOPICIDADE
Conceito: é a propriedade que um adubo possui de
absorver água da atmosfera

Umidade crítica: umidade relativa do ar em que o


adubo inicia a absorção de água
Ex.: nitrato de amônio  UR = 59,4
Interpretação: quando a temperatura estiver a
30ºC e a umidade relativa da atmosfera estiver
acima de 59,4% o nitrato de amônio absorverá
água.

Misturas: uréia + nitrato de amônio a 30ºC 


Umidade crítica = 18%
Umidades relativas críticas

Umidades críticas de sais


fertilizantes e mistura 30oC.
Fonte: Alcarde et al., 1989.

* Valores aproximados obtidos pelo T.V.A.


2.3) EMPEDRAMENTO
Cimentação das partículas do fertilizante formando
uma massa de dimensões muito maiores que a das
partículas originais
Causas: Efeito Químico
Efeito Físico

Ex1: DAP + Superfosfato


(NH4)2HPO4 + Ca(H2PO4)2 H2O 2NH4H2PO4 + CaHPO4 + H2O
DAP SPT H+ Cristais de MAP Água
H2 O
Ex2: Uréia + Superfosfato

4(NH2)2CO + Ca(H2PO4)2 H2O Ca(H2PO4)2 4(NH2)2 CO + H2O


Uréia SPT Aduto de uréia Água

CaSO4 2H2O + (NH2)2CO (NH2)2COCaSO4 + 2H2O


Gesso Uréia Aduto de uréia Água
Como evitar o empedramento

Amonificação

Ca(H2PO4)2 H2O + H3PO4 + 2NH3 CaHPO4 + 2NH4H2PO4 + H2O


Superfosfato Acidez Amônia Fosfato MAP Água
livre bicálcico
2.4) ÍNDICE SALINO
Medida da tendência do adubo para aumentar a pressão
osmótica da solução do solo comparada à de igual peso de
nitrato de sódio, cujo valor é igual a 100.

Solução: fertilizantes com alto índice salino devem ser


aplicados parceladamente.
Ex.: cloreto de potássio, nitrato de amônio, uréia
Índice salino de diversos fertilizantes, calculados em relação
ao nitrato de sódio tomado como índice 100.

FERTILIZANTES ÍNDICE SALINO


1- Nitrato de Sódio 100
2- Nitrato de Amônio 105
3- Sulfato de Amônio 69
4- Fosfato Momoamônio (MAP) 30
5- Fosfato Diamônio (DAP) 34
6- Nitrocálcio 61
7- Uréia 75
8- Amônia Anidra 47
9- Superfosfato Simples 8
10- Superfosfato triplo 10
11- Cloreto de Potássio 116
12- Sulfato de Potássio 46
13- Nitrato de Potássio 74
Índice salino  Solubilidade

 Solubilidade   Concentração salina

Conseqüência:  Pressão osmótica

Manejo: Parcelamento
- Solos arenosos
- Altas doses de K2O
3) ATRIBUTOS DE NATUREZA QUÍMICA

3.1) ORIGEM

a) Minerais ou orgânicos
b) Naturais ou artificiais
a) Minerais
Objeção: possível presença de compostos
nocivos às plantas, aos animais e ao meio
ambiente

FERTILIZANTE COMPOSTO LEGISLAÇÃO

Uréia Biureto 1,5% e 0,3%

Salitre Do Chile Perclorato 1% NaClO4

Sulfato De Amônio Tiocianato 1% NH4SCN


b) Orgânicos

(1) Pobreza em nutrientes


(2) Efeito melhorador das propriedades
físicas e físico-químicas do solo
(3)Também apresentam a possibilidade de
conterem compostos nocivos às plantas,
aos animais e ao meio ambiente.

Obs.: fertilizantes que podem contaminar o


solo são os orgânicos de origem urbano-
industrial (lodo de esgoto) – Pb e Cd
3.2) FORMAS E GARANTIAS DOS NUTRIENTES

a) Teor total  Ex.: nitrogênio

b) Teor solúvel em água  K2O solúvel em água

c) P2O5 Água
Água + citrato neutro de amônio
Ácido cítrico a 2% (1:100)
Total
3.3) CONCENTRAÇÃO DE NUTRIENTES

Classificação da concentração Soma % N + % P2O5 + K2O

Baixa  25

Média entre 26 e 40

Alta > 40
3.4) PODER ACIDIFICANTE DOS ADUBOS

Conceito: índice de acidez de um fertilizante


 quilogramas (kg) de carbonato de cálcio
necessários para neutralizar a acidez
originada pelo uso de 100 kg do fertilizante.

Adubos amoniacais: são de caráter ácido,


em virtude da presença do íon amônio (NH4),
que é doador de H+, responsável pela acidez,
na reação de nitritação.
2 NH4+ + O2 NO2- + 4 H+
H 2O
ÍNDICE DE ACIDEZ DE FERTILIZANTES

FERTILIZANTE ÍNDICE DE ACIDEZ

1- Amônia Anidra (83%N) 147


2- Sulfato de Amônio (20%N) 110
3- Nitrato de Amônio (32%N) 62
4- Uréia (45%N) 71
5- MAP (9%N) 58
6- DAP (16%N) 75

Obs. kg de CaCO3 para neutralizar a aplicação de 100 kg


do fertilizante em questão

Quanto > N, > Índice de Acidez


Sulfato de amônio: relação N/S
3.5) ÍNDICE DE BASICIDADE DOS ADUBOS
Quantidade de carbonato de cálcio que deve ser
adicionada ao solo para neutralizar a aplicação
de 100 kg do fertilizante.
É o número de kg de CaCO3 que exercem a
mesma ação neutralizadora de 100 kg do
fertilizante
Tabela 10: Índice de basicidade de alguns fertilizantes

FERTILIZANTE ÍNDICE DE BASICIDADE

TERMOFOSFATO 50

ESCÓRIA DE THOMAS 50 – 65
Calcários
CaCO3  Ca + CO3- + OH–
CO3- + H+  HCO3-
HCO3- + H+  H2CO3  H2O + CO2
OH- + H+  H2O
ou OH- + Al3+  Al(OH)3

Termofosfatos
CaSiO3 . MgSiO3  Ca2+ + Mg2+ 2SiO32-
SiO32- + H2O  HsiO3- + OH-
HSiO3- + H2O  H2SiO3- + OH-
H2SiO3  H2O + SiO2
Portanto: Calcário + Termofosfato

OH- + H+  H2O
3 OH- + Al3+  Al(OH)3
4)MISTURA DE ADUBOS

As misturas podem ser:

Compatíveis
Semi-compatíveis
Incompatíveis

* Compatíveis  não traz alterações em suas


características físicas e/ou químicas
Ex.: Uréia + KCl
* Semi-compatíveis  misturar um pouco
antes da aplicação
Ex.: Uréia + Superfosfatos

* Incompatíveis  não podem ser


misturados
Ex1.: Uréia + Termofosfatos
CO(NH2)2  NH4+ + OH-  NH3 + H2O

Ex2: Fontes de cálcio + fontes contendo sulfato


(fertirrigação)
CaNO3 + (NH4)2SO4  Incompatível, pela formação de
CaSO4 (insolúvel)
4.1) COMPATIBILIDADE

Compatibilidade entre fertilizantes e corretivos. Fonte: Lopes, 1989.

Você também pode gostar