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RUGOSIDADE

A Textura Superficial
na Prática
Rugosidade

1. Introdução

Durante a usinagem, a superfície da peça peça produzida se


deforma não importanto o processo de produção empregado. Produzir
peças com superfícies geometricamente ideais é quase impossível.
Pode-se até chegar perto da perfeição, como por exemplo em blocos
padrão , porém seu processo de produção se torna cada vez mais caro.

No gráfico ( fig.1) podemos ver a relação entre custo de produção e


rugosidade.Quanto menos rugosa a peça, maior o seu custo de
produção.Quando trocamos o processo de produção, por exemplo ,
torneamento para retificação, as diferenças se tornam ainda mais
evidentes.

Podemos produzir uma peça com, por exemplo, Rz 5 µm atráves


de diferentes processos.

Neste exemplo, a economia feita produzindo-se a peça por


torneamento é substancial, em comparação à retificação. Naturalmente
devemos pré-assumir que o controle do processo esteja funcionando
para não corrermos o risco de produzir refugo.

Experiências mostram que as irregularidades nas superfícies não


controladas no processo de usinagem comprometem 50% da tolerância,
principalmente quando o campo é muito pequeno.Vendo o crescimento
da tecnologia aplicada às máquinas e componentes, fica claro que não só
é importante controlar a tolerância como considerar a textura da
superfície.

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Rugosidad

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Retificação cilíndrica Retificação plana Torneamento


25 Fresamento frontal Alargamento
Tempo Relativo de Fabricação

20

15

10

0
0,025 0,05 0,1 0,2 0,4 0,8 1,6 3,2 6,3 13 25 50
Rugosidade Ra

fig. 1 : Relação entre a rugosidade e tempo de fabricação

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Rugosidad

2. Diferenças entre irregularidades superficiais

A principal diferença nas superfícies irregulares - erro de forma,


ondulação e rugosidade está no plano horizontal ( fig. 2 ).
Para uma melhor classificação do tipo de cada irregularidade
devemos aplicar as seguintes regras :

- O comprimento “l” do erro de forma é no mínimo 1000 vezes a sua


altura.

- Ondulação pode assumir uma razão no comprimento de


profundidade de ondas W na proporção entre 100:1 e 1000:1.

- A rugosidade assume um espaçamento entre ranhuras ( Sm ) de


aproximadamente 5 a 100 vezes a profundidade da ranhura. Dependendo
do processo de produção, a irregularidade de rugosidade pode ser
periódica ou aperiódica.

Comprimento de erro de forma (classe 1)


Rugosidade (classe 3) (ranhura - ranhura)
Comprimento de ondulação (classe2)
Rugosidade (classe 4)
(ponto- ponto)

fig.2 diferenças entre irregularidades das classes 1 a 4

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DIN 4760 subdivide as irregularidades em 6 classes :

Classe 1 : Erro de forma circularidade, cilindricidade ISO 1101


perfil de uma linha, retilinidade

Classe 2 : Ondulação Ondulação DIN 4774

Classe 3 : Rugosidade Rugosidade,ranhuras DIN 4771


DIN 4762

Classe 4 : Rugosidade Rugosidade DIN 4768

Classe 5 : Rugosidade Estrutura cristalina DIN 4776

Classe 6 : Estrutura Molecular

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3. Filtros de Irregularidade das Classes 1 à 4

Visto que parte da performace da peça depende de muitas


irregularidades superfíciais - forma , ondulação , rugosidade e da estrutura
superficial, parâmetros de superfície são definidos e padronizados com
características individuais e devem ser tratados de maneiras diferentes
pois as funções de cada um são diferentes.

Filtrar uma superfície não é muito diferente de peneirar areia !

Peneirando areia podemos separar o que realmente se considera areia


das pedras que possam estar misturadas nela.
O diâmetro dos furos da peneira vai determinar o que é areia e o que é
pedra.

Tela
(filtro)
0,08-0,25-0,8-2,5 Pedras e Areia
(Erro de Forma)

Areia Pedras
(Rugosidade) (Ondulação)

Filtrar uma superfície não é muito diferente


de peneirar areia
fig.3 efeito do uso da tela

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Rugosidad

A filtragem do perfil de uma superfície é efetuada de maneira bastante


parecida.Tomamos o perfil real da peça medida e passamos por um filtro,
obtendo desta maneira o perfil de rugosidade.
A ondulação e o erro de forma são consequentemente subtraído do
perfil. O filtro cut off determina o que deve e o que não deve passar, de
forma similar à peneira.
Somando-se o perfil de ondulação ao perfil de rugosidade, obteremos
o perfil original novamente ( fig. 4 ). A filtragem não altera o perfil original
da peça, simplismente modifica a sua maneira de representação. Uma vez
obtido o perfil de rugosidade ( filtrado ), devemos dar-lhe uma
característica que seja significativa e universal.

Perfil

Forma

Ondulação

Rugosidade

fig.4 filtragem do perfil de rugosidade

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4. Filtro cut-off ( comprimento de onda )

O cut-off é o selecionamento do comprimento de amostragem da


superfície. As normas DIN e ISO 4288, ASME B46.1 especificam 5
diferentes comprimentos de cut-off :

0,08 mm 0,25 mm 0,8 mm 2,5 mm e 8 mm

O selecionamento do cut-off ideal é de suma importância para a


avaliação da rugosidade. A utilização de um cut-off inadequado pode
processar valores de medição errados.

O selecionamento do cut-off depende da superfície da peça em


questão como, por exemplo de seu tipo de perfil , se periódico
(torneamento, fresamento, aplainamento ) ou se aperiódico (retificação,
lapidação, lixamento ).

As normas DIN e ISO 4288, ASME B46.1 estabelecem a seguinte


tabela ( fig.5 ) na qual podemos verificar qual o cut-off a ser selecionado
para cada tipo de peça :

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Rugosidad

SELECIONAMENTO DO COMPRIMENTO DE AMOSTRAGEM


CUTOFF Conforme DIN e ISO 4288 , ASME B46.1
Perfis Perfis Comprimento Comprimento
Periódicos Aperiódicos de Amostragem de Medição
CUT-OFF Unitário / Total
Distância Rz Ra c lr / ln
entre Sulcos ( m) ( m ) ( m) ( mm )
Rsm ( mm )

> 0,013
até até 0,1 até 0,02 0,08 0,08 / 0,4
0,04
> 0,04 > 0,01 > 0,02
até até até 0,25 0,25 / 1,25
0,13 0,5 0,1
> 0,13 > 0,5 > 0,1
até até até 0,8 0,8 / 4
0,4 10 2
> 0,4 >10 >2
até até até 2,5 2,5 / 12,5
1,3 50 10
> 1,3 > 50 > 10
até até até 8 8 / 40
4 200 80

fig.5 tabela de seleção filtro cut off

IMPORTANTE

Quando o comprimento da peça a ser avaliado é muito pequeno e


por isso impossibilita percorrer 5 trechos , nunca devemos mudar o cutoff
para um menor e sim reduzir o numero de trechos percorridos.

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5. Parâmetros mais usuais de rugosidade

Ra Rugosidade média
Rq Rugosidade média quadrática
DIN ISO 4287, ASME B46.1

Rugosidade média Ra é o valor médio aritmétrico de todos os


desvios do perfil de rugosidade da linha média dentro do comprimento de
medição lm.

Rugosidade média quadrática Rq é o valor quadrático de todos os


desvios do perfil de rugosidade R da reta média dentro do comprimento
de medição lm.

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Rugosidad

Rz Rugosidade média
Rmax Rugosidade máxima
DIN ISO 4287 , ASME B46.1

Rugosidade média Rz é o valor médio da rugosidade unitária Zi


obtida em cinco comprimentos de medição unitários le dentro do perfil de
rugosidade.

Rmax
 maxRz1 ,..., Rz5 
Rugosidade máxima Rmáx é o maior valor de rugosidade obtido dentre a
avaliação de cinco comprimentos de medição unitários le.

Rz  Rz  Rz5
1
5

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R3z Profundidade de base


Conforme norma interna Daimeler Benz 31007 ( 1983 )

R3zi é a distância vertical entre o 3* pico mais elevado e o 3* vale


mais profundo dentro de um comprimento de medição unitário le.
R3z é o valor médio da rugosidade unitária R3zi em cinco
comprimentos de medição unitários le.

R 3z  R 3 z1    R
3z5
5

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RPc ( Pc ) Contagem de picos


pré 10049 , ASME B46.1

Rpc ou Pc é a quantidade de picos por cm , que ultrapassa o limite


superior pré-selecionado e em seguida ultrapassa o limite inferior ,
igualmente pré-selecionado.

Pc  n S
cm
lm
 -1

c1
c2

xS

Obs.: Indicação das quantidades de picos com referência de 10 mm.

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Rugosidad

Rp Profundidade de polimento
DIN e ISO 4287 , ASME B46.1

Rp é a distância entre o pico mais elevado à reta média ( profundidade


de polimento ). De acordo com a ASME , o Rp é chamado de Rpm.
Rv é a distância entre o vale mais profundo e a reta média .

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Rsm Distância média entre sulcos


DIN e ISO 4287 , ASME B46.1

Distância média entre sulcos Rsm é a distância média dos picos de


perfil dentro do comprimento de medição le.Um pico de perfil é uma
elevação do perfil seguido de um vale.

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Pt Profundidade do perfil
DIN e ISO 4287

Profundidade do perfil Pt é a distância entre retas paralelas que limitam


o perfil P dentro do comprimento de medição lm sendo que esta deve ser
a menor possivel. O tamanho do comprimento de medição lm deve ser
indicado.

Wt Profundidade Máxima de onda


DIN e ISO 4287 , ASME B46.1

Profundidade máxima de onda Wt é a distância vertical máxima entre o


ponto mais baixo e o mais alto delimitados por duas retas equidistantes
entre si , obtida dentro do comprimento total de lm sendo que esta deve
ser a menor possível.
Perfil W ( perfil de ondulação ) é a linha média , gerada pelos filtros ,
sem os componentes da rugosidade.

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Rp ; Rpk ; Rvk ; Mr1 ; Mr2 .


DIN e ISO 13565-1 e -2

Parâmetros obtidos a partir da curva de fração de contato ( curva de


Abbott ).
Perfil do núcleo da rugosidade é o perfil de rugosidade excluidos os
maiores picos e os vales mais profundos.
Rk é o valor da rugosidade do núcleo do perfil.
Rpk é o valor da rugosidade média dos picos que estão acima da
área de contato mínima do perfil ; excluidos eventuais picos exagerados.
Rvk é o valor da rugosidade média dos vales que estão abaixo da
área de contato do perfil ; excluídos eventuais vales excessivamente
profundos.
Quantidade de material Mr1 ( % ) é um parâmetro que determina a
fração de contato mínima no núcleo do perfil de rugosidade.
Quantidade de material Mr2 ( % ) é um parâmetro que determina a
maior fração de contato no núcleo do perfil de rugosidade.

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Rmr ; ( Mr ) ; ( Tp ) Quantidade de material


DIN e ISO 4287 , ASME B46.1

Quantidade de material Rmr ( fração de contato Tp ) é a relação


percentual entre o comprimento de contato e o comprimento de medição
lm dentro do nível de corte C.

Nível de corte C é a distância entre uma linha de corte avaliada e


uma linha de referência selecionada. Durante as avaliações de Rmr
deve-se determinar uma linha de referência e a mesma deve ser indicada.
Curva da fração de contato ( curva de Abbott ) indica a quantidade
de material Rmr em relação ao nivel de corte C.

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Rugosidad

6. Norma CNOMO

A característica da norma CNOMO de superfície , através do


método de analise de motif , é parte de um patrimonio técnico dos grupos
PSA Peugeot Citroën e Renault.
Constituído à partir de 1983 às normas fracesas , e reconhecido
internacionalmente pela norma ISO à partir de 1996.

O cálculo do método de motifs ( ISO 12085 ) é baseado no


comportamento de uma operação teórica de quatro condições.

- Condição de selecionamento
A primeira condição seleciona os picos mais elevados dos picos
vizinhos.

- Condição do comprimento
A segunda condição limita o comprimento dos motifs do valor A ,
limite convencional entre rugosidade e ondulação , ou B , limite entre
.ondulação e forma.

Se não houver especificação os valores devem ser A=0,5mm e


B=2,5mm.

- Condição da ampliação
A terceira condição separa os pequenos dos grandes picos e
rechama um motif se disponivel .

- Condição da profundidade relativa


A quarta condição limita a combinação de motifs de profundidade
sensivelmente iguais em particular as superfícies periódicas.

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Rugosidad
Sem combinação Condições Combinações
Desejaveis
Examinar o motif i
e mais um ( i + 1 )

P P
1 Condição 1 3
Pico comum < a
dois outros
P P
2 1
Não Sim

A ou B
Condição 2 A ou B
Ari+1 Comprimento do Ari+1
Ari ou ou
motif Ari
Awi+1
ou Awi+1 ou
AWi AWi

(Ari + Ari + 1) > A ( para R (Ari + Ari + 1) < A ( para R )


) (Awi + Awi +1) >B (Awi + Awi +1) < B (paraW)
(paraW) Não Sim

Condição 3
Ampliação da T2
Caracteristica T
T1 T1
de dois motif
T2
T
T

T < T1 ou T2 T > T1 e T2
Não Sim
Hi+1 ou Hwi

Condição 4
Hwi+1 Hi+2

Uma de duas profundidade


Hi+1 ou

< 60% da caracteristica


T do motif em questão
+1

Hi + 1 e Hi +2 > 60% T ( para R) Hi + 1 e Hi +2 < 60% T ( para R)


HWi + 1 e HWi +2 > 60% T ( para HWi + 1 e HWi +2 < 60% T ( para W)
W)

Rechamar um outro Não Sim combinar 2 motifs e rechamar


motif se disponível dois outros motifs se
disponíveis
Não Sim
Sim
Exame do motif i + 1
e do motif i + 2 Exame do motif i + 2 e do
motif i + 3

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Rugosidad

Fim da operação

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Rugosidad

7. Parâmetros de Rugosidade e Ondulação CNOMO

Rx Profundidade máxima de rugosidade

A maior profundidade Hi dos motifs de rugosidade , antes das


correções dos picos e vales isolados.

R Profundidade média de rugosidade

A média aritmétrica das profundidades Hi dos motifs , após


correção dos picos e vales isolados.

AR Passo médio de rugosidade

Média aritmétrica das larguras ARi dos motif de rugosidade.

Wx profundidade máxima de ondulação

A maior profundidade HWi dos motif de ondulação.

W Altura média de onda

Média aritmetrica das profundidades HWi.

AW Passo médio de onda

Média aritmétrica das larguras AWi dos motif de ondulação.

Wte Profundidade total de onda

Altura entre o ponto mais alto e o ponto mais baixo de duas linhas
paralelas superior e inferior no perfil de ondulação.

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Rugosidad

Mahr do Brasil Ltda


Av.Washington Luiz , 703 - Santo Amaro
São Paulo - SP
CEP 04662-001
Tel .: (11) 5548-5256
Fax.: (11) 5548-3748

Palestra elaborada e apresentada por:


José Valentin Fávaro
email - Valentin.Favaro@mahr.com.br
- ValentinFavaro@hotmail.com

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