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Notas do Revisor:
Obra digital:
Digitalização: Web / Desconhecido /
Produção: GEALI 2017
A revisão textual atende o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em
vigor desde 2009
Ficha catalográfica: acima descrita.
Obra Física:
Editora: Butterfly
Ano: 2004 Edição: 2004
ISBN: 9788588477384
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PORQUE OS RECURSOS SÃO UTILIZADOS EM OBRAS SOCIAIS E
ASSISTENCIAIS
A LUZ QUE VEM DO ALÉM
Logo após A Vida Depois da Vida ter sido publicado, era óbvio
que
esse era um tema amplamente popular, e que minha vida jamais
seria a mesma. Percebi rapidamente que a morte é nosso maior
mistério e todos estão interessados em resolvê-lo.
As EQMs nos intrigam porque são a prova mais tangível da
existência espiritual que pode ser encontrada. Elas são literalmente
a luz no fim do túnel.
5 Por que a eqm não é uma doença mental
Ao final de uma das palestras do doutor Michael Sabom, um
cardiologista irado levantou-se e desafiou o renomado pesquisador
da EQM. Ele declarou ter sido médico por trinta anos, durante os
quais havia trazido de volta do limiar da morte centenas de
pessoas.
“Estou envolvido com isso há anos”, disse furiosamente. “E
nenhum dos pacientes com quem falei relatou ter tido qualquer
destas experiências de quase-morte”.
Antes que pudesse responder, um homem sentado atrás de
Sabom levantou-se. “Eu sou uma das pessoas que o senhor salvou,
e lhe digo agora que o senhor seria a última pessoa a quem eu
contaria sobre minha experiência de quase-morte”.
A mensagem daquele encontro era clara: vários médicos e outros
envolvidos com a medicina não simpatizam com pacientes que
vivenciaram uma EQM porque não sabem como lidar com eles,
então não são receptivos. Vários pacientes com quem conversei ao
longo dos anos me contaram que seus médicos os aconselharam a
ignorar a experiência. No máximo declararam que a EQM era um
sonho ruim, algo a ser esquecido e, num caso extremo, sugeriram
que tal experiência era um tipo de doença mental que poderia ser
tratada no divã de um psicoterapeuta ou em um hospital
psiquiátrico. Não se importavam com o fato de a EQM estar sendo
discutida como uma experiência positiva e enriquecedora. Para
vários profissionais da medicina, a EQM é um sinal de insanidade.
Um número bem maior de pessoas com quem conversei nem
mesmo perdem seu tempo contando aos seus médicos, nem
mesmo à maioria dos parentes e amigos, justamente por essa
razão. Desde o momento em que retomaram da experiência de
quasemorte, eles tinham consciência de que podiam ser
considerados “loucos” caso contassem a qualquer um sobre “o
túnel” ou sobre “0 Ser de Luz”. Sendo assim, acabam guardando
para si esta experiência maravilhosa, sem revelar a ninguém o
acontecimento que os transformara tão profundamente. Às vezes,
contar a alguém sobre uma EQM pode trazer muitos problemas.
Foi esse o caso de Martha Todd, uma respeitada professora de
inglês de uma faculdade sulista. Há vários anos ela passou por
uma intensa EQM ao submeter-se a uma cirurgia de rotina para a
remoção de um cisto.
Quase imediatamente após a anestesia ter sido ministrada, ela
sofreu uma reação alérgica que fez seu coração parar. Ela se lembra
de ter ouvido o médico gritar para que alguém trouxesse o
“desfibrilador ”, equipamento necessário para ressuscitamento de
emergência. Ela diz que tinha consciência de que estava “em
apuros”, mas ao mesmo tempo sentia-se “tão relaxada e em paz
que não se preocupava”. Ela ouviu alguém na sala dizer “parada
cardíaca”, e então aconteceu:
Vi-me flutuando em direção ao teto e tive uma visão clara de todos os
que estavam em volta da cama e até mesmo do meu próprio corpo. Achei
estranho que estivessem tão preocupados com ele. Eu estava hem e queria
que soubessem disso, mas não parecia haver um modo de dizer-lhes. Era
como se houvesse um véu ou tela se interpondo entre mim e os outros na
sala.
Percebi então uma abertura, se é que posso chamá-la assim. Ela
parecia alongada e escura, e comecei a projetar-me rapidamente através
dela. Sentia-me confusa, mas extasiada. Ao atravessar o túnel encontrei-
me em um mundo de amor e luz suave e brilhante. O amor estava por
toda parte. Cercava-me por todos os lados e penetrava todo o meu ser.
Num determinado momento eu vi ou me foram mostrados — todos os
acontecimentos de minha vida, numa espécie de panorama ampliado.
Tudo isso é simplesmente indescritível. Pessoas que eu conhecera e
haviam falecido estavam lá comigo na luz: um amigo de faculdade que
havia morrido, meu avô e minha tia-avó, entre outros. Eles irradiavam
felicidade.
Eu não queria voltar, mas um homem trajando branco me disse que eu
tinha de fazê-lo. Ele me dizia que eu ainda não havia realizado tudo o
que devia em minha vida.
Voltei ao meu corpo com um sacolejo brusco.
Quase que imediatamente após a experiência, Martha sabia que
sua vida havia mudado, que novas realidades haviam se revelado
para ela, e que ela jamais seria a mesma. Ela queria contar aos
parentes e amigos — e até mesmo ao médico — sobre sua
experiência. No entanto, enquanto buscava as palavras certas para
explicar-lhes o acontecimento, ela percebeu uma terrível realidade.
Em vez de ver interesse e alegria no rosto das pessoas em volta de
seu leito, ela sentiu neles preocupação e medo. “Eles pensaram
que eu estava descontrolada”, diz Martha. “Minha mãe estava
muito preocupada. A princípio ela tentou me dar um sermão.
Tentou me dizer que eu podia ter me deixado levar facilmente
pelas leituras bíblicas e que deveria tentar manter a cabeça fria.
Tentei dizer-lhe que não estava falando de nada que havia lido ou
ouvido na igreja, mas de algo que realmente havia acontecido
comigo”.
Se a reação dos pais de Martha foi ruim, a de seu médico foi
ainda pior. “Ele disse aos meus pais que eu estava tendo
alucinações e delirando. Ele queria que eu consultasse um
psiquiatra imediatamente. Pensavam que eu havia enlouquecido e
me mandaram para um hospital psiquiátrico para tratamento. Eu
não podia acreditar que tal coisa estava acontecendo comigo”.
Prefiro imaginar que as coisas seriam diferentes caso Martha
Todd passasse hoje por uma EQM. Uma das razões para isso é que
os psicólogos e psiquiatras hoje têm conhecimento sobre
experiências de quase-morte, e provavelmente alguém que vivesse
tal experiência não acabaria em um hospital psiquiátrico. Mas,
infelizmente, um grande número de médicos e assistentes sabem
muito pouco a respeito da EQM e como diferenciá-la de uma
doença mental. E uma vez que eles são provavelmente as primeiras
pessoas a entrar em contato com alguém que a tenha
experimentado, podem fazer com que a pessoa se sinta
envergonhada por ter passado por uma experiência tão bela.
É uma pena, pois, diferentemente de uma doença mental, é mais
provável que uma EQM permita ao indivíduo atingir um estado de
equilíbrio mental e bem-estar que o tomará mais adaptado do que
poderia antes de ter a experiência. Uma doença mental, por outro
lado, traz infelicidade, desespero, depressão e desesperança.
Mesmo agora, alguns profissionais da medicina insistem que as
EQMs são uma forma de doença mental. Dizem isso porque de
maneira superficial uma típica EQM lembra algumas formas de
doenças mentais. Enfatizo que as EQMs lembram tais problemas
apenas de modos superficiais. Quando examinadas, a exemplo do
que faremos aqui, você verá que uma doença mental se assemelha
tanto a uma experiência de quase-morte quanto um cordeiro se
assemelha a um leão.
Os tipos de distúrbios mentais mais equivocadamente
associadas à EQM são (1) as principais psicoses, como
esquizofrenia e paranoia e (2) alguns problemas cerebrais
orgânicos como delírios, demência e uma condição conhecida
como “epilepsia lobular temporal”. Vejamos como tais desordens
são confundidas com as EQMs e mais importante como elas nada
têm a ver com ela.
Psicose Relacionada à Esquizofrenia
Uma psicose, basicamente, é uma condição em que as pessoas
sofrem uma ruptura com a realidade. Elas não têm mais contato
com o mundo ao seu redor, por exemplo. Este problema se revela
por alguns sintomas:
♦Alucinações: Ver pessoas ou coisas que não existem.
♦Ilusões: Falsas crenças das quais não se pode convencer o
indivíduo do contrário, como, por exemplo, acreditar ser Napoleão.
♦Associações desconexas: Condição na qual a pessoa passa de um
pensamento a outro não relacionado, de modo desorganizado e
geralmente indecifrável.
Embora existam vários tipos de psicose, a esquizofrenia é
provavelmente a mais conhecida. É uma condição que envolve
“ouvir vozes” (alucinações auditivas), manias bizarras, associações
desconexas que envolvem o uso de palavras e frases bizarras e sem
sentido, chamadas neologismos, e uma apatia crescente e gradual.
Em um caso de esquizofrenia, uma pessoa pode ser atormentada
por vozes e pensamentos caóticos e fragmentados que possuem
um efeito debilitante sobre a personalidade, algo que tende a se
agravar durante a evolução da doença em muitos casos.
Frequentemente, os esquizofrênicos tomam-se isolados, incapazes
de relacionar-se com qualquer pessoa de maneira significativa. Em
resumo, tomam-se incapazes de integrar-se à sociedade.
De imediato, pode-se perceber a diferença entre essa terrível
doença mental e a geralmente enriquecedora experiência de
quasemorte. Embora várias pessoas que vivenciaram EQMs ouçam
vozes durante a experiência, eles ouvem palavras coerentes, e não
baboseiras indecifráveis.
Onde a habilidade de lidar com a sociedade tende a “deteriorar-
se” nos esquizofrênicos, aqueles que passam por uma EQM são
mais propensos a uma integração melhor com o mundo ao seu
redor. E embora possam ter visto um “Ser de Luz” durante suas
experiências, eles não acreditam ser Napoleão ou Deus por causa
disso. A EQM é uma experiência coerente que acontece e termina,
surtindo um efeito positivo na vida de quem a teve. A
esquizofrenia consiste de experiências incoerentes que se
estendem por longos períodos às vezes por uma vida inteira e
geralmente pioram a condição da pessoa.
Na minha experiência como psiquiatra, a similaridade entre a
EQM e a esquizofrenia é superficial e se dissolve rapidamente
quando analisamos cuidadosamente casos individuais.
A fim de ilustrar isso, mencionarei duas entrevistas em
particular A primeira com um esquizofrênico e a segunda com
alguém que passou por uma experiência de quase-morte. Cada
entrevista é um exemplo típico de cada um dos tipos. Elas o
ajudarão a decidir se alguém que passou por uma EQM deve ser
considerado mentalmente doente.
Esquizofrênico