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Prefácio à Edição
Brasileira
O luar é de quem o vê.
Escrevi este prefácio num dia especial. Pela primeira vez em minha
vida percebi que tinha um coelho desenhado na lua! Fiquei alegre e
inquieto. Alegre por me ver capaz de apreciar o belo. Inquieto por demorar
50 anos para ver uma coisa que sempre esteve na minha cara! Além do
coelho da lua, o que mais não conseguimos ver?
Quase tudo o que realmente importa na nossa vida se enquadra na
mesma categoria do luar: são coisas intangíveis. O conhecimento, o tempo,
a emoção, a marca, a motivação, os relacionamentos, a informação, o
amor... Cada vez menos pessoas acham que nossos bens materiais são as
coisas mais importantes em nossas vidas. Apesar disso, é com elas que nos
preocupamos a maior parte do tempo. Por quê?
Uma das razões sempre citadas é a nossa incapacidade de medir e de
avaliar os intangíveis. Perdi a conta das vezes que ouvi a frase "não se
gerencia o que não se consegue avaliar", quase sempre seguida da conclusão
equivocada de que devemos reconhecer a importância do intangível, mas
devemos nos resignar com o fato de que não podemos mensurá-lo.
Quando desenvolvemos, em conjunto com os técnicos do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), uma
metodologia para incorporar os intangíveis no processo de avaliação de
empresas do banco, ainda não tinha lido este livro. Mas tínhamos o mesmo
incômodo de Douglas Hubbard: se todos reconheciam a importância
destas coisas, por que se reforçava o mito de que elas não podem ser
avaliadas?
A primeira frase já diz tudo: "Qualquer coisa pode ser mensurada. Se
uma coisa pode ser observada de alguma forma, ela se presta a um tipo de
método de mensuração".
Avaliamos as coisas o tempo todo. Quando acordamos, decidimos o
que tem mais valor: continuar dormindo mais cinco minutos, levantar logo
para trabalhar, não ir trabalhar... Depois disso temos que escolher a roupa
mais adequada. Na reunião no trabalho, quanto vale aquela informação que
fará a diferença na argumentação? Apesar de não podermos quantificá-las,
conseguimos avaliar as diversas alternativas e tomar uma decisão a partir
desta avaliação. Claro que a escolha da roupa ou se vou continuar na cama
ou não, DEPENDE das pessoas e do contexto (se for domingo, provavel-
mente continuarei na cama...), mas o fato de as coisas não terem o mesmo
valor para todas as pessoas, em todos os momentos NÃO SIGNIFICA
QUE EU NÃO CONSIGA MENSURÁ-LAS! Eu sou capaz de definir o
valor que ela tem para mim, numa determinada situação, em comparação
com as outras opções disponíveis.
Ao contrário do que indica o senso comum, o valor das coisas NÃO
É INTRÍNSECO ÀS COISAS, mas DEPENDE do contexto, das
pessoas envolvidas, dos objetivos e interesses em jogo. Quando existe um
mercado onde as pessoas podem comparar o quanto cada um se dispõe a
pagar por algo, conseguimos defïnir um preço médio e todos nós ficamos
achando que isto é o seu valor. Com os automóveis ou imóveis, por
exemplo, é assim que acontece. Mas o apartamento no qual passei a minha
infância, no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, tem um valor muito
maior para mim do que o "valor de mercado". Da mesma forma, se eu
souber (tiver uma informação) que a dona do apartamento está precisando
vender o imóvel rapidamente, eu vou comprar este mesmo apartamento
por um valor inferior ao "de mercado".
Um dos méritos deste livro é mostrar que o valor, mesmo de bens
tangíveis, DEPENDE do contexto, das pessoas e interesses envolvidos. O
outro é exatamente o de nos provocar a descobrir o valor das coisas para
além dos aspectos exclusivamente financeiros. Por fim, a frase "Como
podemos mensurar qualquer coisa" é instigante. Em geral, as afirmações
onde vemos as palavras TUDO, SEMPRE, NUNCA, NADA são falsas e
redutoras da realidade.
Neste caso é o contrário. Mensurar qualquer coisa????? O cara ficou
maluco? Não é possível!! Depois de ler o livro, saímos convencidos a rever
nossos dogmas a respeito da avaliação dos intangíveis.
Se você é uma pessoa que acha que os intangíveis não podem ser
mensurados, você precisa ler este livro. Se você já está seguro da
importância de se avaliar os intangïveis também deve ler este livro! Mais do
que uma receita, o autor nos propõe uma nova forma de olhar para os
Prof. Dr. Oscar Rudy Kronmeyer Filho – oscar@kronmeyer.com.br Fone: 051-99180590
Rua Carlos Von Koseritz, 843 cj 402 – CEP: 90540-031 - Porto Alegre - RS
Extraído do Livro COMO MENSURAR QUALQUER COISA – Encontrando o valor do que é intangível
nos negócios, de Douglas W. Hubbard, Qualitymark Editora, 2009
CAPÍTULO 2
exemplos desse tipo, para revelar métodos de mensuração que podem ser
aplicados aos negócios.
Citamos apenas, a seguir, algumas pessoas que, embora não es-
tivessem trabalhando com mensuração no seu negócio, podem ensinar
muito a executivos sobre como deve ser uma sensação intuitiva de
investigações quantitativas.
• Na Grécia antiga, um homem estimava a circunferência da Terra ao
olhar, ao meio-dia, para os diferentes comprimentos (aqui não há conclusão
ou continuidade do tópico)
Guia Guinness de Recordes Mundiais como a pessoa mais jovem a ter uma
pesquisa publicada em uma importante revista científica e uma recompensa
de US$1.000, oferecida pela Fundação Educacional James Randi.
James Randi, mágico aposentado e cético famoso, criou uma
fundação para investigar reivindicações paranormais cientificamente. Randi
estabeleceu o Prêmio Randi no valor de US$ 1 milhão, a ser concedido a
qualquer pessoa que pudesse cientificamente provar percepção
extrassensorial (PES), clarividência, varinha de condão e similares. Randi
não gosta que se rotulem seus esforços como "tentativas de ridicularizar" as
reivindicações paranormais, pois ele apenas avalia as reivindicações com
objetividade científica. Mas como centenas de candidatos não conseguiram
ganhar o prêmio por somente passarem simples testes científicos sobre suas
pretensões paranormais, a ridicularização acabou sendo o efeito final. Até
mesmo antes de o experimento de Emily ser publicado, Randi também se
interessou pelo teste terapêutico e chegou a tentar testá-lo. Entretanto, ao
contrário de Emily, ele só conseguiu recrutar um terapeuta que concordou
em se submeter a um teste objetivo - e essa pessoa fracassou.
Depois que os resultados foram publicados, os proponentes do
toque terapeutico apresentaram uma série de objeções ao método
experimental, afirmando que ele nada provava. Alguns desses profissionais
declararam que a distância até o campo energético era, na verdade, de 3 a 8
cm não de 10 a 13 cm, como Emily utilizou no seu experimento. Outros
garantiram que o campo energético era fluido, não estático, e que a mão
imóvel de Emily era um teste injusto. (Isso, apesar do fato de que os
pacientes normalmente ficam deitados sem se mexer durante o
"tratamento" que esses terapeutas realizam). Nada disso surpreende Randi.
"As pessoas sempre têm justificativas posteriores", afirma. "Mas antes do
experimento perguntou-se a cada um dos terapeutas se concordava com as
condições da experiência. Não apenas todos concordaram, como também
mostraram-se confiantes de que se sairiam bem." É claro que a melhor
refutação dos resultados de Emily seria simplesmente determinar um
experimento válido e controlado que comprovasse, sem sombra de dúvida,
que o toque terapêutico funciona. Isso não aconteceu.
Randi já recebeu tantas desculpas retroativas para explicar fracassos
de demonstrar habilidades paranormais, que acrescentou uma pequena
demonstração a seus testes. Antes de se submeterem ao teste, Randi faz
com que os candidatos assinem um depoimento juramentado declarando
O OBJETO DA MENSURAÇÃO
Um problema bem explicitado é um problema meio solucionado.
Charles Kettering (1876-1958), inventor americano, detentor de 300 patentes,
inclusive a da ignição elétrica de automóveis
A CADEIA DE ESCLARECIMENTOS
1. Se tive: alguma importância, é detectável/observável.
2. Se for detectável, pode ser detectado como um montante ou uma
variação de possíveis montantes.
3. Se puder ser detectado como uma variação de montantes
possíveis, pode ser mensurado.
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Extraído do Livro COMO MENSURAR QUALQUER COISA – Encontrando o valor do que é intangível
nos negócios, de Douglas W. Hubbard, Qualitymark Editora, 2009
OS MÉTODOS DA MENSURAÇÃO
Certas coisas podem parecer imensuráveis apenas porque a pessoa
que considera a mensuração talvez não tenha conhecimento dos métodos
básicos de mensuração, como variados procedimentos ou tipos de
amostragem, que podem ser usados para resolver o problema. Uma
objeção comum à mensuração é que o problema é incomparável e nunca
foi mensurado antes, e simplesmente não existe método que revelaria seu
valor. É estimulante saber que muitos métodos comprovados de
mensuração podem ser empregados em grande número de problemas para
ajudar a mensurar alguma coisa que, a princípio, você possa ter julgado
imensurável. Eis alguns exemplos:
• Mensurar com amostragens aleatórias mínimas (p. ex., você pode
aprender algo com uma pequena amostragem de clientes e funcionários em
potencial e assim por diante, especialmente quando há no momento muita
incerteza?).
• Mensurar a quantidade de coisas cujo total você nunca saberá (p.
ex., o número de certo tipo de peixes no oceano, o número de espécies de
plantas nas florestas tropicais, o número de erros de produção de um novo
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Extraído do Livro COMO MENSURAR QUALQUER COISA – Encontrando o valor do que é intangível
nos negócios, de Douglas W. Hubbard, Qualitymark Editora, 2009
que "A Norma dos Cinco", mas, por razões que discutiremos
minuciosamente depois, a resposta não é, na verdade, muito melhor.
Podemos aperfeiçoar uma regra empírica semelhante a essa ao
empregar métodos simples para justificar certos tipos de propensão. Talvez
significados recentes, mas temporários, tenham aumentado a estimativa
geral de "tempo médio do percurso casa/trabalho/casa". Ou, talvez, as
pessoas que se demoram mais nesse percurso sejam mais inclinadas a alegar
doença para não ir trabalhar, ou, em outros contextos, não estejam
disponíveis para sua amostragem. Ainda assim, com seus defeitos
reconhecidos, "A Norma dos Cinco" é algo que a pessoa que quer
desenvolver um sexto sentido para a mensuração deve manter à mão.
(espaço em branco)
A Falácia de McNamara
A primeira etapa é mensurar o que puder ser facilmente mensurado.
Isso funciona até certo ponto. A segunda etapa é desconsiderar o que não
pode ser facilmente mensurado, ou atribuir-lhe um valor quantitativo
arbitrário. Isso é artificial e induz a erro. A terceira etapa é presumir que
aquilo que não pode ser mensurado facilmente não é importante. Isso é
cegueira. A quarta etapa é dizer que aquilo que não pode ser mensurado
facilmente na verdade não existe. Isso é suicídio."
Charles Handy. The Empty Raincoat, 1995, p.219 (Editado no Brasil como A Era do
Paradoxo. Editora Arco da Velha)
DOCUMENTO 7.1
EXEMPLO EXTREMAMENTE SIMPLES DE UMA PERDA DE
OPORTUNIDADE
A Campanha dá Certo A Campanha Fracassa
Possibilidade de sucesso 60% 40%
Campanha aprovada + US 40 milhões - US$ 5 milhões
Campanha rejeitada US$ 0 US$ 0
A Perda de Oportunidade (PO) de uma determinada alternativa é
somente o custo de escolhermos essa alternativa e ela der errado. Essa
Esperada Perda de Oportunidade (EPO) de uma determinada estratégia é a
possibilidade de estar errado versus o custo de estar errado. Por exemplo,
você obtém estas respostas:
• Perda de Oportunidade se a Campanha for Aprovada: US$ 5
milhões.
• Perda de Oportunidade se a Campanha for Rejeitada: US$ 40
milhões.
• Esperada Perda de Oportunidade se Aprovada: US$ 5 milhões x
40% = US$ 2 milhões.
Prof. Dr. Oscar Rudy Kronmeyer Filho – oscar@kronmeyer.com.br Fone: 051-99180590
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