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Instituto Superior de Ciências da Educação

ISCED-HUÍLA

Departamento de Ciências da Natureza

Repartição de Geografia

Criação de modelos de distribuição espacial das aves da família

Coracidae, ordem dos Coraciforme com representatividade na

província da Huíla em cenários de alterações climáticas actuais e

futuros até 2050, utilizando os SIG.

Trabalho de fim de curso apresentado para obtenção do título de

Licenciatura em Ciências da Educação.

Opção: Geografia

Autores:
- Ezequiel Hequele Lobito Jeremias
- Isaías de Sousa Luís
- Lourenço Pio Halewa Celestino
Tutor: Msc. António Valter Chissingui

Lubango, 2014

i
Agradecimentos

A realização deste trabalho de fim de curso damos graças aquele que nos deu
força, sabedoria, esperança e fé, Deus que nos julgou digno de confiança para
que esta obra fosse realizada e granejar resultados aceitáveis.
Expressamos a nossa mais profunda gratidão as famílias, pais, irmãos, filhos e
em fim todas as pessoas que directa ou indirectamente que com ajuda,
compreensão, abnegação e confiança, fizeram com que se concluísse esse
trabalho.
Os nossos agradecimentos são extensivos a todos Professores tanto vivos quanto
aos que já partiram deste mundo e que souberam bem nos guiar em caminhos
certos, a todos eles, o nosso muito obrigado.
Aos nossos Professores do Departamento de Ciências da Natureza no geral e em
particular aos da Repartição de Geografia, muito obrigado.
À Doutora Isabel Galamba, o nosso muito obrigado, pelos ensinamentos e pelos
conselhos da vida.
Ao nosso imbatível Tutor, Msc. António Valter Chissingui que incansavelmente
soube sempre nos acompanhar, em todos os momentos e sempre que fosse
necessário, pelos ensinamentos concedidos, “por suportar-nos” durante os cinco
anos da formação até a presente data, e que temos a certeza que vai continuar a
fazê-lo doravante, o nosso muitíssimo obrigado.
Os nossos agradecimentos são extensivos aos colegas e amigos que
incansavelmente juntos lutamos para que esta formação fosse uma realidade.

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Dedicatórias

À Deus. Aos meus pais, Jeremias António e Joana Salomão; meus irmãos Dino
Jeremias, Pedro Jeremias, Venga Jeremias, Maria António e António Jeremias.
Dedico.
Ezequiel Hequele Lobito Jeremias

À Deus. Aos meus pais, Luís (em memória); Maria da Conceição Teresa pelo
sacrifício, amor, carinho e coragem que sempre me brindaram, a minha esposa
Rita da Silva, meu irmão Cristo Luís, minha irmã Helena da Graça a quem devo o
meu grande reconhecimento por tudo que fizeram por mim neste mundo e todos
aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para esta obra se
concretizasse.
Dedico.
Isaías de Sousa Luís

À Deus. A minha mana Isabel Dandi, meu Pai (em memória); a minha Mãe, a
todos meus irmãos a minha avó Luísa (em memória); os quais, me apoiaram e me
ensinaram a viver de uma forma especial neste belo universo de coisas
maravilhosas e cheio de ciência para nossos desafios.
Dedico.
Lourenço Pio Halewa Celestino

“O domínio de uma profissão não exclui o seu aperfeiçoamento. Ao contrário,


será mestre quem continuar aprendendo”.

Pierre Furter

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Índice geral

Agradecimentos ................................................................................................. 1

Dedicatórias ....................................................................................................... 3

Lista de figuras ................................................................................................... 7

Lista de tabelas .................................................................................................. 8

Lista de abreviaturas .......................................................................................... 9

Resumo ............................................................................................................ 10

0 Introdução.............................................................................................. 11

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................ 16

1.1 Descrição da área de estudo...................................................................... 17

1.2 Descrição, distribuição espacial e caracterização do objecto ................ 17

de estudo.......................................................................................................... 17

1.2.1 Ordem Coraciforme ............................................................................... 18

1. 2.2 Família Coracidae .................................................................................. 18

1.2. 3 Distribuição espacial das espécies ......................................................... 19

1.3 Caracterização do objecto de estudo .................................................... 26

1.3.1 Coracias Caudata Caudata Linné (rolieiro-de-peito-lilás) ........................ 26

“Ehuvia-nganga ou Nkhuvia – Nganga” ........................................................... 26

1.3. 2 Distribuição, hábitos e reprodução ......................................................... 27

1.3.3 Coracias SpatulataTrimen (rolieiro cauda de raquete) ............................ 27

“Nkhuvia-Nganga” ............................................................................................ 27

1.3. 4 Distribuição, hábitos e reprodução ......................................................... 28

1.3.5 Eurystomus Glaucurus Suahelicus Neuman ........................................... 28

(Rolieiro de bico amarelo) “Ekuvia-Nganga”..................................................... 28

1.3.6 Distribuição, hábitos e reprodução .......................................................... 29

1.4 Antecedentes da investigação .................................................................... 29

CAPÍTULO II – MODELAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL ......................... 32


4
2. Introdução .................................................................................................... 33

2.1 Uso dos SDMs ........................................................................................... 33

2.1.1 Elementos essenciais na modelação de distribuição de espécies .......... 35

2.1.2 Modelação de distribuição espacial ......................................................... 35

2.1.3 Aplicação dos modelos de distribuição de espécies ............................... 37

2.1.4 Tipos de modelos de distribuição de espécies ........................................ 37

2.1.5 Principais problemas encontrados nos dados utilizados em ................... 39

modelos de distribuição de espécies ................................................................ 39

2.1.6 Fundamentos ecológicos da modelação preditiva de distribuição........... 40

de espécies ...................................................................................................... 40

2.1.7 Os principais desafios da modelação preditiva de distribuição ............... 42

de espécies ...................................................................................................... 42

2.1.8 Incertezas predictivas ............................................................................. 43

2.3 Alterações climáticas e riscos ambientais .................................................. 46

2.3.1 Consequências negativas param a biodiversidade, bens e serviços ...... 49

dos ecossistemas em África ............................................................................. 49

CAPÍTULO 3 – MODELOS PREDITIVOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉ- ...... 51

CIES, MAPAS DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E VALIDAÇÃO DOS .............. 51

MODELOS GERADOS .................................................................................... 51

3.0 Introdução .................................................................................................. 52

3.1 Metodologia ................................................................................................ 52

3.1.1 Sistemas de informação geográfica ........................................................ 52

3.1.2 Conversão de coordenadas geográficas ................................................. 53

3.1.3. Programas informáticos dedicados à criação de .................................... 53

modelos de distribuição de espécies (SDM) .................................................... 53

3.2. Dados abióticos ......................................................................................... 54

3.3 Dados sobre as ocorrências das espécies da família Coracidae ............... 54


5
3.5 Algoritmos .................................................................................................. 57

3.7 Mapas......................................................................................................... 61

3.8 Modelos de distribuição das espécies ........................................................ 63

3.11 Valores da Curva característica da operação (ROC) ............................ 68

CONCLUSÕES E SUGESTÕES ...................................................................... 71

Conclusões....................................................................................................... 72

Sugestões ........................................................................................................ 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 74

Anexos ............................................................................................................. 75

Anexo 1 – Coracias caudatas........................................................................... 77

Anexo 2 – Coracias Spatulata .......................................................................... 78

Anexo 3 – Eurystomus Glaucurus .................................................................... 79

6
Lista de figuras
Figura 1- Mapa dos limites da área de estudo............................................................. 17
Figura 2 – Tipos de modelos (adaptado de Iwashita, 2008)...................................... 34
Figura 3 – Elementos essenciais na modelação de distribuição de espécies
(adaptado de Iwashita, 2008) ......................................................................................... 35
Figura 4 - Processo de criação de um modelo de distribuição de espécies
(adaptado de Scachetti Pereira & Siqueira 2007) ....................................................... 37
Figura 5 - Factores que determinam a distribuição geográfica de uma espécie
(Soberón, 2010). ............................................................................................................... 41
Figura 6 - Amplitude da distribuição da família Coracidae ao longo da vegetação.
(Adaptado do Atlas da vegetação de Angola). ............................................................ 61
Figura 7- Amplitude da distribuição da família Coracidae ao longo das estradas.
(Adaptado do Atlas das estradas de Angola)............................................................... 62
Figura 8- Amplitude da distribuição da família Coracidae ao longo dos rios.
(Adaptado do Atlas da rede hidrográfica de Angola) .................................................. 63
Figura 9 - Modelo de distribuição espacial das espécies da família Coracidae, com
dados climáticos desde aproximadamente 1950 até 2000, gerado pelo algoritimo
BIOCLIM............................................................................................................................. 64
Figura 10 - Modelo de distribuição espacial preditivo das espécies da família
Coracidae, com dados climáticos aproximadamente até 2050, gerado pelo
algoritmo BIOCLIM. .......................................................................................................... 65
Figura 11- Representação do nicho ecológico modelado pelo algoritmo Bioclim
com dados actuais. Fonte: criado no Software DivaGis 7.1.7.2 ............................... 66
Figura 12- Representação do nicho ecológico modelado pelo algoritmo Bioclim
com dados futuros. Fonte: criado no Software DivaGis 7.1.7.2 ................................ 66
Figura 13 – Valor de AUC com dados presentes. Fonte: criado no Software
DivaGis 7.1.7.2 ........................................................................................................... 68
Figura 14- Valor de Kappa com dados presentes. Fonte: criado no Software
DivaGis 7.1.7.2 .................................................................................................................. 68
Figura 15 – Valor de roc com dados futuros. Fonte: criado no Software DivaGis. 69
Figura 16– Valor de Kappa com dados futuros. Fonte: criado no Software DivaGis
7.1.7.2 ................................................................................................................................. 69

7
Lista de tabelas
Tabela 1- Taxonomia da ordem Coraciformes ............................................................ 18
Tabela 2 – Distribuição espacial da espécie Coracias Caudata Caudata na
província da Huíla. ............................................................................................................ 20
Tabela 3 – Distribuição espacial da espécie Coracias Spatulata na província da
Huíla. ................................................................................................................................... 21
Tabela 4 – Distribuição espacial da espécie Eurystomus Glaucurus Suahelicus
Neuman na província da Huíla. ...................................................................................... 25
Tabela 5 - Modelos, softwares e os métodos de modelação .................................... 38
Tabela 6 – Sobreposição dos pontos das espécies.................................................... 55
Tabela 7- Algoritmos e programas computacionais utilizados na modelação da
distribuição geográfica de espécies, com ênfase nos modelos baseados apenas
em presenças. ................................................................................................................... 57

8
Lista de abreviaturas

ISCED-HUÍLA – Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla


SIG - Sistema de Informação Geográfica
MOML - Museu de Ornitologia e Mamologia do Lubango
SDMs - Species Distribuetion Model
GCMs - Glogal Circulation Models
IPCC - Intergovernamental Panel on Climate Change
QDGC - Quarter Degree Grid Cells
UTM - Universal Transverse Mercator
IGCA - Instituto de Geodesia e Cartografia de Angola
ROC – Receiver Operating Charactersticas
AUC - Area Under the Roc Curve
GARP- Genetic Algorithm for Rule Set Production
MAXENT - Maximum Entropy
BIOCLIM – Modelo Bioclimático
GLM - Generalised Linear Models
GAM - Generalised Additive Models
RF - Random Forest
BIS/TDWG - Biodiversity Information Standards/Taxonomic Database Working
Group
ITIS - The Integrated Taxonomic Information System
GBIF - Global Biodiversity Information Facility
IABIN - Inter-American Biodiversity Information Network
USGS/EROS - United States Geological Survey Center for Earth Resources
Observation and Science.
DMS – Graus Minutos e Segundos.

9
Resumo

O objectivo geral deste trabalho é a criação de modelos preditivos de distribuição


espacial das aves da família Coracidae ordem dos Coraciformes, que ocorrem na
Província da Huíla e avaliar os possíveis impactos das mudanças climáticas sobre
a sua vitalidade para fins de conservação. Este trabalho é composto por três
capítulos referentes à modelação e distribuição espacial das espécies, feitas no
algoritmo BIOCLIM programa DivaGis 7.1.7.2
O primeiro capítulo refere-se à descrição da área de estudo e caracterização do
objecto de estudo, o segundo capítulo faz abordagem da modelação e distribuição
espacial e o terceiro capítulo refere-se aos modelos preditivos de distribuição das
espécies, mapas de distribuição espacial e validação dos modelos gerados.
A técnica utilizada foi a modelação de distribuição de espécies cuja finalidade é
estimar modelos baseados em nichos fundamentais, considerando cenários
climáticos actuais e futuros, com valores estimados para o ano de 2050, a fim de
identificar os espaços geográficos favoráveis para a ocorrência das espécies, ou
seja previsão do nicho fundamental; possíveis destruições dos nichos
fundamentais onde as espécies ocorrem actualmente e com o objectivo de
determinar em quais municípios da Província da Huíla há adequabilidade
ambiental. Para ocorrência das espécies irá aumentar ou diminuir em relação a
actual. Para gerar os modelos, duas premissas foram consideradas: a distribuição
das espécies (investigada com base em informações recolhidas na base de dados
do museu de Ornitologia e Mamologia do Lubango (MOML) e a segunda, um
conjunto de variáveis climáticas (temperatura média do trimestre mais quente,
temperatura média do trimestre mais frio, precipitação do trimestre mais quente e
precipitação do trimestre mais frio).
Os modelos gerados predizem que haverá uma diminuição na adequabilidade
ambiental para a ocorrência das espécies nos municípios da Jamba, Chipindo e
norte de Caconda; o modelo prevê ainda o aumento da adequabilidade ambiental
nas partes sul dos municípios de Chibia e Gambos e na parte Este de
Kaluquembe.

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0 Introdução
Angola é uma das mais ricas regiões do mundo em espécies de aves, estão
catalogadas cerca de novecentas e oitenta e oito (African Bird Club, 2007) das
dez mil espécies de aves que se conhecem em todo Mundo (AVIBASE – the
world bird database, 2009). O que se deve a vastidão dos seus 1.246.700km 2, a
variedade ambiental e outros factores a serem estudados.
(visiteangola.com/flora_fauna.htm. acesso 01- 02- 2012).

Desta variedade ambiental é bastante previsível que resulte uma ampla


diversidade vegetativa e consequentemente uma fauna abundante e variada, já
que o termo biodiversidade é usado para descrever a variedade da vida em uma
região, quanto mais vida presente, mais biodiversa a região se torna.
Todavia, os animais de modo geral e as aves em particular, possuem papéis
importantes para a manutenção do equilíbrio na natureza, quer no ambiente rural
quer no urbano.
A maior parte das aves depende das florestas nativas bem preservadas e não só,
para subsistir, a destruição dos habitats das áreas de ocorrência através das
queimadas; destruição dos ecossistemas para loteamento, poluição dos rios e, as
mudanças climáticas globais são apenas alguns exemplos de alterações
ambientais causadas por factores antropogénicos, com consequências directas
sobre a distribuição das espécies. Essas ameaças crescentes exigem novas
tecnologias e ferramentas de análise, para que se possa adquirir ou aprofundar o
conhecimento existente sobre as espécies e auxiliar em sua protecção e
conservação, que é o foco desta contribuição.
Mudanças climáticas globais fazem diminuir consideravelmente as populações de
espécies (aves) e podem provocar extinção e isolamento das mesmas. Sendo
assim, é importante assegurar a conservação e o domínio da distribuição da
diversidade ornitológica. Desta forma, é essencial a realização e divulgação de
trabalhos para se conhecer as variáveis ambientais que determinam a existência
das aves numa determinada área; primando pela preservação e conservação das
espécies existentes por vários motivos, como: éticos (pois o ser humano tem o
dever moral de proteger outras formas de vida, como espécie dominante no
Planeta); estéticos (uma vez que as pessoas apreciam a natureza e gostam de

11
ver animais e plantas no seu estado selvagem); motivos económicos (a
diminuição de espécies pode prejudicar actividades como o turismo) e funcionais
da natureza (dado que a redução da biodiversidade leva a perdas ambientais).
Como resultado deste cenário, sobrevêm os Sistemas de Informação Geográfica,
(SIG) que possuem ferramentas capazes e necessárias que permitem
desenvolver modelos preditivos de distribuição espacial de uma determinada
espécie em função das mudanças climáticas, que ajudará directamente na
avaliação da informação das aves de Angola e da Huíla em particular as da
família Coracidae da ordem dos Coraciformes, bastante incompleta no que tange
à preservação das áreas de ocorrência, evitando a perda e fragmentação de
habitats e conservação das espécies.

A modelação preditiva de distribuição de espécies consiste num processamento


computacional que combina dados de ocorrência de uma ou mais espécies com
variáveis ambientais, construindo assim uma representação das condições
requeridas pelas espécies (Anderson et al., 2003). Alguns algoritmos têm sido
aplicados para criar modelos que representam essas condições e podem ser
projectados sobre um mapa que exibe as áreas potenciais de ocorrência dessas
espécies.
Entender, modelar e prever a ocorrência de espécies é essencial para os estudos
de perda de biodiversidade (Polasky & Solow, 2001), na avaliação de risco
ambiental ou sobre impactos de mudanças climáticas globais e na biogeografia de
espécies (Pearson et al., 2006). Existem modelos baseados em métodos
quantitativos que relacionam as espécies e suas respostas ao meio ambiente,
gerando previsões de locais adequados para a ocorrência de uma espécie alvo,
determinando assim regiões com potencial para a conservação de espécies raras
ou ameaçadas (Engler et al., 2004, Araújo & Williams, 2000) além de determinar
os melhores locais para a reintrodução de espécies (Hirzel et al., 2002), citado por
(Iwashita, 2008).
A modelação matemática tem sido uma das principais ferramentas empregadas
para investigar quantitativamente os factores que influenciam os padrões de
distribuição de espécies (Phillips et al., 2006; Rushton et al., 2004; Guisan &
Zimmermann, 2000). A modelação matemática aliada às ferramentas

12
computacionais gera a possibilidade da previsão de ocorrência de espécies
através da geração de superfícies temáticas, indicando presença ou ausência,
com os chamados modelos de distribuição de espécies (Species Distribution
Model– SDM). Tais modelos são empíricos, pois relacionam observações de
campo com variáveis ambientais explicativas, fundamentadas em premissas
estatísticas ou teóricas gerando os modelos de distribuição (Guisan & Thuiller,
2005), citado por (Iwashita, 2008).

O interesse da escolha do tema para a pesquisa, bem como as possíveis


soluções de problemas a ele referente, surge a partir de um projecto proposto
pelo Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla em parceria com outras
Instituições Internacionais de Ensino Superior, para a catalogação e a criação de
uma base de dados de espécies ornitológicas existentes no Museu de Ornitologia
e Mamalogia do Lubango (MOML), visando a sua organização, revisão
taxonómica e consequentemente, a sua divulgação.
Durante o processo de catalogação das aves do Museu de Ornitologia e
Mamologia do Lubango, fruto das observações feitas às mesmas e suas
etiquetas, constatou-se informação ligada ao nome da espécie, local onde foi
encontrada, colector, data, altitude, habitat, e outros. Nesta perspectiva, ressaltou-
nos a ausência da informação georreferenciada dos locais onde aves foram
colectadas, constituindo assim, o ponto de partida da investigação.

Considera-se que os dados em falta referentes à informação georreferenciada,


são fundamentais para a criação de modelos preditivos de distribuição espacial de
espécies. Assim, surge o seguinte problema de investigação: Como desenvolver
um modelo actual e futuro de distribuição de espécies (SDM), para a família
Coracidae com base nas informações contidas no museu de Ornitologia e
Mamalogia do Lubango?

Objectivo Geral
 Criar modelos preditivos de distribuição espacial das aves da família
Coracidae, ordem dos Coraciformes existentes na província da Huíla

13
considerando cenários climáticos actuais e futuros, com valores estimados
até o ano de 2050, utilizando os SIG.

Objectivos específicos
 Georreferenciar todos espécimes da família Coracidae contidos no museu
de Ornitologia e Mamalogia do ISCED-Huíla;
 Determinar a distribuição espacial actual e futura das espécies da família
Coracidae com base no modelo;
 Projectar a distribuição espacial das espécies da família Coracidae e sua
adequabilidade ambiental para o cenário futuro;
 Identificar se as condições climáticas são indicadores da ocorrência das
espécies.

Campo de acção: Distribuição espacial das aves da família Coracidae na


província da Huíla.
Com base no campo de acção proposto neste trabalho, que pressupõe a criação
de modelos preditivos de distribuição espacial das aves da família Coracidae da
Ordem dos Coraciformes do MOML, em detrimento disto, se estabeleceu as
seguintes tarefas de investigação:

 Identificação do problema, selecção do objecto, definição dos objectivos e


das tarefas de investigação;
 Revisão bibliográfica e documental;
 Transferência das informações contidas nas etiquetas e nas fichas para
um suporte informático adequado;
 Recurso aos softwares específicos;
 Tratamento da informação afim;
 Demarcação de áreas;
 Georreferenciação;
 Aquisição das variáveis bioclimáticas; criação dos modelos de distribuição
espacial das espécies.

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A diversidade biológica angolana é rica e espalhada um pouco por todo país,
abrangendo uma multiplicidade de áreas tornando-se um elemento de destaque
na selecção de áreas de enorme potencial ornitológico como é o caso da
província da Huíla. Esta ideia fica patente, ao darmos conta que a Província da
Huíla possui mais de um terço e meio das aproximadamente mil espécies que se
encontram em Angola. (visiteangola.com/flora_fauna.htm. acesso 01- 02- 2012.)
A província da Huíla no geral e os seus municípios, em que se encontram
distribuídas as aves da família Coracidae, ordem dos Coraciformes, são áreas de
extrema importância e a ter em conta para a conservação das mesmas.

15
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

16
1.1 Descrição da área de estudo

A província da Huíla com cerca de 79. 022 km², localiza-se a Sul de Angola,
limitada a Norte pela província do Huambo; a Sul e Sudeste pela província do
Cunene; a Este pela província do Kuando Kubango; a Nordeste a província do
Bié; a Oeste e Sudoeste pela província do Namibe e Noroeste a província de
Benguela. Tem como capital a cidade do Lubango; é constituída por 14
municípios: Caconda, Cacula, Kaluquembe, Chibia, Chicomba, Chipindo,
Cuvango, Humpata, Jamba, Lubango, Matala, Quilengues, Gambos e Quipungo,
como representa a fig. 1.

Figura 1- Mapa dos limites da área de estudo.


Fonte: Adaptado do Atlas dos municípios de Angola.

1.2 Descrição, distribuição espacial e caracterização do objecto


de estudo

As aves da família Coracidae, com representatividade na província da Huíla,


constituem o objecto de estudo do presente trabalho. Em taxonomia estão
agrupadas, como mostra a tabela:

17
Tabela 1- Taxonomia da ordem dos Coraciformes

Reino Filo Classe Ordem Família Género Espécies

Animal Chordata Vertebrados Coraciformes Coracide Coracias


Coracias Caudata
Coracias
Spatulta
Eurystomus Eurystomus
Glaucurus
Fonte: dados do Museu de Ornitologia e Mamologia do Lubango

1.2.1 Ordem Coraciforme


Coraciformes é uma ordem de aves de médio a grande porte com
seis famílias oriundas sobretudo da África e da Europa. As aves Coraciformes têm
em geral um bico robusto e colorido, geralmente vermelho ou amarelo. As pernas
são curtas e terminam em patas pequenas mais fortes, total ou
parcialmente sindáctilas. A plumagem é bastante variável de acordo com a
família, assim como a presença ou ausência de dimorfismo sexual.
As asas arredondadas e curtas são especialmente adaptadas ao voo curto.
A cauda varia entre dimensões médias a muito grandes. Os Coraciformes são
aves geralmente arborícolas que preferem climas tropicais.
A maioria das espécies constrói ninhos rudimentares em buracos encontrados em
rochas, árvores ou no solo. As posturas variam de acordo com a espécie entre 3 a
6 ovos incubados normalmente pela fêmea. Em todas as espécies de
Coraciformes é o casal que presta os cuidados parentais às crias. (Maclean,
1993).

1. 2.2 Família Coracidae

São aves de porte médio, mais ou menos de tamanho de um pombo, mas com a
silhueta de um corvo, de bico forte e plumagem ricamente colorida, com as asas e
cauda, azuladas; três dedos para diante dos quais o externo, só unido aos
restantes pela base, é reversível e um para trás; tarsos curtos e cauda de doze
penas. De modo geral, os rolieiros são aves conflituosas e barulhentas
principalmente na época de reprodução que se alimentam, quase que

18
exclusivamente, de insectos, e põem ovos brancos, invariavelmente, nos buracos
das árvores, (Pinto, 1975).
Das seis espécies que ocorrem em Angola, cinco encontram-se na região do
Sudoeste, uma como migrante paleárctico e outra, migrante inter-tropical; as
restantes três são aves sedentárias no Sudoeste Sul (Pinto, 1975)
Destas cinco que ocorrem no Sudoeste, três (Coracias Caudata, Coracias
Spatulatas e Eurystomus Glaucurus) ocorrem na área de estudo (província da
Huíla).

1.2. 3 Distribuição espacial das espécies

Com excepção de algumas poucas espécies cosmopolitas, a maioria dos seres


vivos possui um padrão de distribuição espacial limitado. Entretanto, esses
padrões não são imutáveis, em uma escala geológica, as distribuições podem
sofrer grandes mudanças em resposta a variações ambientais (Vivo &
Carmignotto, 2004), como mudanças climáticas globais, por exemplo.
A distribuição espacial de espécies está, na maioria dos casos, condicionada a
factores ambientais limitantes que permanecem relativamente constantes no
tempo numa escala ecológica (Bazzaz, 1998).

Desta forma, na província da Huíla, as aves da família Coracidae da ordem dos


Coraciforme encontram-se distribuídas da seguinte forma:
A espécie Coracias Caudata, possui vinte e três registos em seis áreas de
ocorrência, que confinam com os seguintes municípios: Lubango, Humpata,
Gambos, Chibia, Caluquembe e Quipungo. As maiores representatividades
verificam-se nos municípios da Chibia e Lubango com dez e sete registos
respectivamente, e a menor nos municípios de Caluquembe e Quipungo ambos
com apenas um registo.

19
Tabela 2 – Distribuição espacial da espécie Coracias Caudata Caudata na província da Huíla
Nome Nome em Área de Municípi Proví
científico português colheita o ncia País Alt. Lat. S Long.E
Coracias Roleiro-de- Humpata
Caudata peito-lilás Tchivinguiro Huíla Angola 1690 15° 10' 13° 18'
Coracias Roleiro-de- Chibia
Caudata peito-lilás Chibia Huíla Angola 1484 15° 12' 13° 42'
Coracias Roleiro-de- Chibia
Caudata peito-lilás Chibia Huíla Angola 1484 15° 12' 13° 42'
Chibia, 15 Chibia
Coracias Roleiro-de- km para
Caudata peito-lilás Quihita Huíla Angola 15° 12' 13° 50'
Coracias Roleiro-de- Lubango
Caudata peito-lilás Huíla (town) Huíla Angola 1734 15° 05' 13° 33'
Lagoa Humpata
Coracias Roleiro-de- Nuntechite
Caudata peito-lilás (= Nautelita) Huíla Angola 15° 07' 13° 25'
Coracias Roleiro-de- Lubango, 7 Lubango
Caudata peito-lilás km S Huíla Angola 14° 55' 13° 33'
Coracias Roleiro-de- Lubango
Caudata peito-lilás Huíla (town) Huíla Angola 1734 15° 05' 13° 33'
Coracias Roleiro-de- Lubango, 16 Lubango
Caudata peito-lilás km north Huíla Angola 1750 14° 51' 13° 37'
Coracias Roleiro-de- Chibia
Caudata peito-lilás Quihita Huíla Angola 1397 15° 24' 13° 58'
Coracias Roleiro-de- Chibia
Caudata peito-lilás Quihita Huíla Angola 1397 15° 24' 13° 58'
Coracias Roleiro-de- Lubango
Caudata peito-lilás Toco Huíla Angola 1662 14° 49' 13° 47'
Coracias Roleiro-de- Quipung
Caudata peito-lilás Quipungo o Huíla Angola 1296 14° 49' 14° 33'
Coracias Roleiro-de- Caluquembe Caluque
Caudata peito-lilás (= Cué ) mbe Huíla Angola 1709 13° 47' 14° 41'
Coracias Roleiro-de- Chibia
Caudata peito-lilás Chite Huíla Angola 1482 15° 14' 13° 41'
Coracias Roleiro-de-
Caudata peito-lilás Arimba Lubango Huíla Angola 1700 14° 57' 13° 36'

20
(Continuação)
Coracias Roleiro-de- Humpata
Caudata peito-lilás Rio Béu Huíla Angola 1300 14° 43' 15° 21'
Coracias Roleiro-de- Chibia
Caudata peito-lilás Ungué Huíla Angola 1232 14° 46' 15° 03'
Coracias Roleiro-de- Chibia
Caudata peito-lilás Cangolo Huíla Angola 1400 14° 44' 15° 41'
Coracias Roleiro-de- Chibia
Caudata peito-lilás Cangolo Huíla Angola 1400 14° 44' 15° 41'
Coracias Roleiro-de- Chibia
Caudata peito-lilás Cangolo Huíla Angola 1400 14° 44' 15° 41'
Coracias Roleiro-de- Gambos
Caudata peito-lilás Chiange Huíla Angola 15° 44' 13° 54'
Coracias Lubango
Caudata Toco Huíla Angola 1662 14° 49' 13° 47'
Fonte: dados do Museu de Ornitologia e Mamologia do Lubango

A espécie Coracias Spatulata possui trinta e dois registos, também em seis áreas
de ocorrência, nomeadamente Lubango, Matala, Gambos, Jamba, Humpata e
Caconda.
A área de ocorrência com maiores registos, é o município da Matala com quinze
registos e a de menor é o município da Jamba, com apenas quatro registos, tal
como apresenta a tabela:

Tabela 3 – Distribuição espacial da espécie Coracias Spatulata na província da Huíla.

Nome Nome em Local da Município Provínc


científico Português colheita ia País Alt. Lat. S Long.E
Roleiro-
Coracias cauda-de- Tchamute
Spatulata raquete te Jamba Huíla Angola 15° 15' 16° 04'
Coracias
Spatulata Roleiro-
cauda-de-
raquete Hoque Lubango Huíla Angola 1589 14° 40' 13° 54'

21
(Continuação)

Roleiro-
Coracias cauda-de-
Lubango
Spatulata raquete Leba Huíla Angola 1760 15° 04' 13° 16'
Roleiro-
Coracias cauda-de- Chem-
Spatulata raquete chem Lubango Huíla Angola 14° 53' 14° 06'
Roleiro-
Coracias cauda-de- Chem-
Spatulata raquete chem Lubango Huíla Angola 14° 53' 14° 06'
Roleiro-
Coracias cauda-de-
Spatulata raquete Humpata Humpata Huíla Angola 1935 15° 01' 13° 23'
Roleiro-
Coracias cauda-de-
Spatulata raquete Humpata Humpata Huíla Angola 1935 15° 01' 13° 23'

Roleiro- 13° 23'


Coracias cauda-de-
Humpata
Spatulata raquete Humpata Huíla Angola 1935 15° 01'

Roleiro-
Coracias cauda-de-
Spatulata raquete Toco Lubango Huíla Angola 1662 14° 49' 13° 47'

Roleiro-
Coracias cauda-de-
Spatulata raquete Toco Lubango Huíla Angola 1662 14° 49' 13° 47'
Roleiro-
Coracias cauda-de-
Spatulata raquete Uaba Caconda Huíla Angola 1535 13° 48' 14° 53'
Roleiro-
Coracias cauda-de-
Spatulata raquete Uaba Caconda Huíla Angola 1535 13° 48' 14° 53'

22
(Continuação)

Roleiro-
Coracias cauda-de-
Caconda
Spatulata raquete Uaba Huíla Angola 1535 13° 48' 14° 53'

Roleiro-
Coracias cauda-de-
Spatulata raquete Uaba Caconda Huíla Angola 1535 13° 48' 14° 53'
Roleiro- Matala
Coracias cauda-de- Vambund
Spatulata raquete e Huíla Angola 1241 14° 53' 15° 03'
15° 03'
Matala
Roleiro-
Coracias cauda-de-
Spatulata raquete Imbanga Huíla Angola 1220 14° 53'

Roleiro- Matala
Coracias cauda-de- Vambund
Spatulata raquete e Huíla Angola 1241 14° 53' 15° 03'
Roleiro- Matala
Coracias cauda-de- Vambund
Spatulata raquete e Huíla Angola 1241 14° 53' 15° 03'
Roleiro- Matala
Coracias cauda-de-
Spatulata raquete Luceque Huíla Angola 14° 39' 15° 04'
Roleiro- Matala
Coracias cauda-de-
Spatulata raquete Luceque Huíla Angola 14° 39' 15° 04'
Roleiro- Matala
Coracias cauda-de-
Spatulata raquete Matala Huíla Angola 1220 14° 43' 15° 02'

Roleiro-
Coracias cauda-de- Muquequ
Spatulata raquete ete Matala Huíla Angola 1367 14° 52' 14° 14'

23
Continuação

Roleiro-
Coracias cauda-de- Muquequ
Spatulata raquete ete Matala Huíla Angola 1367 14° 52' 14° 14'
Coracias
Spatulata Roleiro-
cauda-de- Vambund
raquete e Matala Huíla Angola 1241 14° 53' 15° 03'

Roleiro-
Coracias cauda-de- Castanhei
Spatulata raquete ra de Pêra Matala Huíla Angola 1205 14° 49' 15° 02'
Roleiro-
Coracias cauda-de- Castanhei
Spatulata raquete ra de Pêra Matala Huíla Angola 1205 14° 49' 15° 02'
Roleiro-
Coracias cauda-de- Chereque
Spatulata raquete ra Matala Huíla Angola 14° 02' 15° 21'
Roleiro-
Coracias cauda-de- Chereque
Spatulata raquete ra Matala Huíla Angola 14° 02' 15° 21'
Roleiro- Dongo
Coracias cauda-de- (Cubangw
Spatulata raquete e) Jamba Huíla Angola 1465 14° 36' 15° 43'

Roleiro- Dongo
Coracias cauda-de- (Cubangw
Spatulata raquete e) Jamba Huíla Angola 1465 14° 36' 15° 43'

Roleiro- Dongo
Coracias cauda-de- (Cubangw
Spatulata raquete e) Jamba Huíla Angola 1465 14° 36' 15° 43'
Fonte: dados do Museu de Ornitologia e Mamologia do Lubango

A espécie Eurystomus Glaucurus encontra-se representada em quatro áreas de


ocorrência, Matala, Caconda, Humpata e Chipindo com treze registos. O
município da Matala é a área de ocorrência onde se regista a maior
24
representatividade tendo oito registos; e o município do Chipindo possui a menor
representatividade com apenas dois registos, tal como representa a tabela:

Tabela 4 – Distribuição espacial da espécie Eurystomus Glaucurus Suahelicus Neuman na


província da Huíla.

Nome Nome em Área de Município


científico Português colheita Província País Alt. Lat. S Log. E
Eurystomus Roleiro-de- Caconda
Glaucurus bico-amarelo Uaba Huíla Angola 1535 13° 48' 14° 53'
Eurystomus Roleiro-de- Caconda
Glaucurus bico-amarelo Uaba Huíla Angola 1535 13° 48' 14° 53'
Eurystomus Roleiro-de- Caconda
Glaucurus bico-amarelo Uaba Huíla Angola 1535 13° 48' 14° 53'
Eurystomus Roleiro-de- Matala
Glaucurus bico-amarelo Muquequete Huíla Angola 1367 14° 52' 14° 14'
Eurystomus Roleiro-de- Matala
Glaucurus bico-amarelo Cherequera Huíla Angola 14° 02' 15° 21'
Eurystomus Roleiro-de- Matala
Glaucurus bico-amarelo Cherequera Huíla Angola 14° 02' 15° 21'
Eurystomus Roleiro-de- Matala
Glaucurus bico-amarelo Cherequera Huíla Angola 14° 02' 15° 21'
Eurystomus Roleiro-de- Matala
Glaucurus bico-amarelo Cherequera Huíla Angola 14° 02' 15° 21'
Eurystomus Roleiro-de- Matala
Glaucurus bico-amarelo Muquequete Huíla Angola 1367 14° 52' 14° 14'
Eurystomus Roleiro-de- Matala
Glaucurus bico-amarelo Cutenda Huíla Angola 1282 14° 22' 15° 05'
Eurystomus Roleiro-de- Matala
Glaucurus bico-amarelo Cutenda Huíla Angola 1282 14° 22' 15° 05'
Eurystomus Roleiro-de- Chipindo
Glaucurus bico-amarelo Gogué Huíla Angola 1628 13° 50' 15° 47'
Missão Chipindo
Eurystomus Roleiro-de- Católica de
Glaucurus bico-amarelo Sangueve Huíla Angola 13° 54' 15° 50'
Fonte: dados do Museu de Ornitologia e Mamologia do Lubango

25
1.3 Caracterização do objecto de estudo

1.3.1 Coracias Caudata Caudata Linné (rolieiro-de-peito-lilás)


“Ehuvia-nganga ou Nkhuvia – Nganga”

Identificação: Sensivelmente do porte do rolieiro da Europa, esta espécie


distingue-se dele, porque tem uma cauda mais comprida, devido ao alongamento
das rectrizes externas, e porque a plumagem do peito é alilazada.

Na parte superior, a fronte é branca, de tons fulvos, mais ou menos pálidos, e


dela saem superciliares, brancas, bem definidas; da coroa à parte anterior do
dorso a plumagem é verde, de tons acastanhados; manto, escapulares e
secundários interna, castanhas – claras; parte posterior do manto e rabadilha,
azul ultramarino, e supra caudais, verdes – azuladas. As asas, com excepção das
secundárias internas já mencionadas, têm rémiges com bases azuis – cobalto e
são pretas na metade distal, com as ramas externas, de um azul – ultramarino
vivo (em vista ventral, pelo contrário, são azuis ultramarinas com ramas externas,
pretas); coberturas alares, azul – cobalto, mas as mais pequenas, tal como na
dobra da asa, são azuis – ultramarino vivo. Cauda com as rectrizes centra, verde
oliva, escuro; as restantes de azul – cobalto muito pálido escurecendo para as
extremidades, que são pretas, e as duas mais externas estreitando e outra
duplicando o comprimento, e tornando-se pretas na metade distal, estreita.

Na parte inferior, o mento é branco, com os mesmos tons da fronte, enquanto a


garganta, face, coberturas auriculares, pescoço, e peito são de um lilás vivo, mais
carregado e cremoso nas regiões auriculares, com as penas da garganta
estriadas de branco ao longo da ráquis; abdómen, infra – alares e infra – caudais,
de um azul – cobalto, brilhante. Os sexos são semelhantes e os imaturos não
apresentam as rectrizes externas alongadas e são acastanhados na maior parte
da superfície superior e no peito. Iris, castanha – escura; bico preto; pés e dedos
cinzentos – esverdeados. Asa: 163 – 185mm. (ver em anexo).

26
1.3. 2 Distribuição, hábitos e reprodução

Esta é uma ave sedentária muito comum na região e distribuída por todo o
território, principalmente na bacia do Cunene. Frequenta savanas ou matas
abertas, onde se podem encontrar solitárias ou acasaladas, poisadas em ramos
de árvores destacadas ou em postes telegráficos, donde observam os pontos
próximos na pesquisa das presas. São aves de grande beleza que, na estação
nupcial, realizam voos acrobáticos, acompanhados de gritos ásperos e agudos. A
alimentação, extremamente variada, consiste em insectos e suas larvas
principalmente ortópteros, miriápodes, aracnídeos, pequenos répteis e, às vezes,
pequenos pássaros. A reprodução tem lugar, normalmente, de Setembro a
Dezembro. Ninham em buracos das árvores, a 3 ou 5 m do solo, onde põem 2 - 5
ovos brancos, que medem à volta de 32x26mm.

1.3.3 Coracias SpatulataTrimen (rolieiro cauda de raquete)


“Nkhuvia-Nganga”

Identificação: Porte e plumagem muito semelhante ao rolieiro de peito lilás, mas


as duas rectrizes externas terminam por expansões com a forma de raquetes e,
toda a superfície ventral, é esverdeada sem porção de alguma alilazada.
Na parte superior, fronte e nas estrias superciliares que dela saem, são de um
branco – creme, muito pálido; coroa, nuca, parte anterior do dorso, escapulares e
secundárias mais internas, de cor castanha, sombreada de verde, excepto nas
escapulares e secundárias internas; parte posterior do dorso, rabadilha e supra
caudais, azul ultramarino. Nas asas, as rémiges são coloridas como na espécie
antecedente, mas a cobertura é mais rica em azul – ultramarino, o que faz com
que a asa pareça mais azulada, nesta espécie. A cauda tem par central das
rectrizes, preto; o que segue é azul - ultramarino e os restantes são ainda da
mesma cor mas com porções cada vez maiores, de azul-cobalto, à medida que se
aproxima das mais externas. Aquelas, são já de cor azul-cobalto com excepção
das extremidades alongadas e terminadas pelas expansões já referidas, que são
pretas.
Na parte inferior a cor geral da plumagem é de um azul – cobalto, pálido,
ligeiramente sombreado de tons vináceos, principalmente, nas faces e regiões
27
auriculares; nos lados do peito, notam-se machas castanhas dos mesmos tons do
dorso e, no peito e garganta, as penas têm ráquis de cores mais pálidas que o
restante. Os sexos semelhantes e imaturos são alilazados nas faces e aos lados
do peito; rectrizes externas não alongadas. A Iris é castanha escura, amarelada;
bico preto, Pés e dedos amarelos – esverdeados. Asa: 160 – 180 mm. (ver em
anexo)

1.3. 4 Distribuição, hábitos e reprodução

O rolieiro de cauda de raquete é uma espécie comum na Huíla, mas do local não
conhecemos nenhum ´´record´´ para o Cunene ou para Namibe. Habita matas
densas , com árvores de grande porte, e é uma ave sedentária, na região, que se
encontra acasalada ou em pequenos bandos. Os seus hábitos não diferem
grandemente dos outros membros de família, a não ser no voo, mais ondulado, e
nas evoluções com que cortejam a fêmea. Alimentação predominante insectívora,
com preferência pelos gafanhotos; canto consistente em notas altas e
cacarejadas.
Aninham em buracos de árvores a partir de Setembro. Os ovos são brancos, em
número de 3 para cada postura, medindo, em média, 32x26mm.

1.3.5 Eurystomus Glaucurus Suahelicus Neuman


(Rolieiro de bico amarelo) “Ekuvia-Nganga”

Identificação: Este é o mais pequeno dos rolieiros da Huíla porque não tem as
rectrizes externas alongadas, nisso se assemelhando ao antecedente, do qual
facilmente se separa pela estrutura e porque tem bico amarelo.
Na parte superior, a plumagem é, uniformemente, de uma canela intensa, da
fronte a rabadilha e incluindo as escapulares e secundárias mais internas
levemente tingidas de lilás na região superciliar; nos supra caudais, são azuis
esverdeadas, pouco vivas. As asas e respectivas coberturas superiores de um
azul ultramarino, escuro, pretas na margem interna e extremidades das pernas. A
Cauda com rectrizes centrais pardacentas, tem um sombreado azul-cobalto, e as
restantes, azul-cobalto, brilhante, passando no quarto distal a azul ultramarino, e
terminadas de preto.
28
Na parte inferior, toda a superfície, com excepção das infra – alares que são azul
- cobalto, se mostra lilás acastanhado, muito vivo a brilhante, quase metálico. Os
sexos semelhantes e imaturos são de um castanho – Bico, estriado de preto,
superiormente, e azul – esverdeado, no peito e abdómen. A Iris é castanha, cor
de Avela; bico, amarelo – vivo; pés e dedos, castanho – esverdeados. Asa: 172 –
192mm. (ver em anexo).

1.3.6 Distribuição, hábitos e reprodução

O Rolieiro de bico amarelo é um migrante inter-tropical, neste continente, que


permanece, na Huíla, de Setembro a Fevereiro. É uma ave relativamente comum
no centro e Norte desta Província, mas ainda não foi assinalada a Sul do paralelo
do Lubango. Ao Norte desta Província e de um modo geral em Angola conhecem-
se ´´records´´ até Março, mas depois deixa de ser assinalada, porque emigra para
o centro e Norte do continente. O seu habitat é a floresta ou mata densa, mas as
suas preferências vão para a mata ribeirinha com árvores de grande porte, onde
gostam de se empoleirar nos ramos mais altos para espreitar a presa, pois que
caçam, usualmente, a grande altura. A alimentação é predominantemente
insectívora e a sua voz, que se ouve a grande distância, consiste em notas muito
sonoras e repetidas ´´cue…cuérr´´ ou tiórr…tiórr…´´. O voo é fácil e um tanto
errático e a reprodução realiza-se enquanto permanece entre nós. Aninha,
também, em buracos de árvores velhas, onde a fêmea deposita 2-3 ovos brancos,
arredondados, que medem em média 32x27mm.

1.4 Antecedentes da investigação

Segundo (Guisan & Thuiller, 2005), as técnicas computacionais desenvolvidas


para analisar o impacto das variáveis ambientais na distribuição de uma espécie
surgiram principalmente na década de 1970, com os trabalhos de (Austin, 1971;
Nixet et al., 1977). Nas décadas de 1980-1990 as simulações de (Ferrier, 1984;
os livros de Verner et al.,1986; Margules & Austin 1991) foram importantes
contribuições para promover essa nova abordagem, bem como as revisões de
(Franklin, 1995; Austin 1998), citado por (Giannini et al., 2009).

29
O desenvolvimento de algoritmos (sequências finitas de comandos, executados
através de códigos escritos em alguma linguagem computacional) específicos
para a modelação preditiva de distribuição foi também fundamental para a
evolução dessa técnica. Destacam-se os algoritmos Maxent (Phillips et al. 2006)
e o Genetic Algorithm for Rule Set Production (GARP) (Stockwell & Noble 1991;
Stockwell & Peters, 1999). Ambos utilizam apenas dados de presença e
apresentam bons resultados com baixo número de pontos de ocorrência (Wiszet
et al., 2008). Outros algoritmos importantes a serem destacados, e que
necessitam de dados de presença e de ausência, são o Generalised Linear
Models (GLM) (McCullagh & Nelder, 1989), Generalised Additive Models (GAM)
(Hastie & Tibshirani, 1990) e o Random Forest (RF), (Breiman, 2001), citado por
(Giannini et. al., 2009).
O desenvolvimento da modelação preditiva de distribuição de espécies aconteceu
concomitante com iniciativas internacionais que visavam, principalmente, a
padronização, compartilhamento e disponibilização de dados primários de
colecções biológicas, museus e herbários (Graham et al. 2004), citado por
(Giannini et. al., 2009).

Actualmente, as principais iniciativas, neste sentido são as do BIS/TDWG


(Biodiversity Information Standards/Taxonomic Database Working Group - desde
1985), voltados principalmente para o desenvolvimento de padrões para
compartilhar dados; ITIS (The Integrated Taxonomic Information System - desde
meados da década de 90), com a meta de criar uma base de dados sobre
informações taxonómicas; GBIF (Global Biodiversity Information Facility – desde
1996), cujo objectivo primário é o de tornar disponíveis os dados sobre
biodiversidade e; IABIN (Inter-American Biodiversity Information Network – desde
1996) com a finalidade de promover a colaboração técnica sobre o
armazenamento, uso e compartilhamento de informações sobre biodiversidade;
(Elith & Leathwick 2009; citado por (Giannini et at., 2009) destacaram também a
importância dos avanços em métodos que permitiram maior robustez e
detalhamento nos modelos geográficos, avanços esses que incluem a geração e
disponibilização de variáveis ambientais em formato digital, como por exemplo:

30
1) Variáveis climáticas: Worldclim (Hijmans et al. 2005) e Köppen-Geiger "climate
classification" (Rubel & Kottek 2010);
2) Ecorregiões: WWF (World Wildlife Fund – Olson et al. 2001);
3) Edáficas ver FAO SOTER;
4) Modelos Digitais de Elevação: USGS/EROS (United States Geological Survey
Center for Earth Resources Observation and Science).

Considerando a importância das interacções entre organismos e a influência das


características geográficas sobre essas interacções, conclui-se que este é um
campo fértil e em aberto no desenvolvimento da área de modelação preditiva.
Neste contexto, o estado actual da ornitologia Angolana e a huilana é bastante
rica, fruto das condições físico geográficas do território, que permitem um
ambiente ecológico bastante favorável para o desenvolvimento de muitas
espécies, mas o conhecimento que se tem sobre a mesma é quase nulo,
principalmente no que se refere a modelos preditivos de distribuição de espécies
em função das mudanças climáticas globais.

Os modelos de distribuição das espécies (SDMs) utilizam dados de ocorrência de


campo e variáveis ambientais para indicar locais adequados para a ocorrência de
uma espécie. Apesar dos inúmeros trabalhos, que têm sido desenvolvidos no
panorama internacional que abordam diversos aspectos deste tipo de modelação,
a aplicação desses métodos para a predição da distribuição potencial das
espécies da família Coracidae, ordem dos Coraciformes que ocorrem na província
da Huíla, em função das mudanças climáticas até 2050.

31
CAPÍTULO II – MODELAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

32
2. Introdução

Os primeiros modelos de distribuição de espécies (SDMs) surgiram na década de


1970 baseados na teoria do nicho ecológico (Austin, 2002; Soberón, 2007;
Soberón & Nakamura, 2009; Colwell & Rangel, 2009; Peterson et al., 2011),
citado por ( Ribeiro & Diniz-Filho, 2012), para uma ampla discussão teórica sobre
o nicho ecológico das espécies e sua representação espacial mantém o mesmo
princípio geral desde então: os SDMs definem, para uma determinada espécie, as
condições ambientais que melhor descrevem os limites espaciais de sua
ocorrência e, em seguida, simulam sua distribuição geográfica potencial (Franklin,
2009), citado por (Ribeiro & Diniz-Filho, 2012). Dessa forma, é possível modelar
a distribuição futura das espécies, inclusive daquelas extintas, a partir dos seus
registos em banco de dados de museus e herbários com variáveis bioclimáticas
simulado pelos modelos climáticos globais (GCMs -Global Circulation Models).

Os modelos de distribuição espacial são ferramentas importantes para determinar


a distribuição de espécies ameaçadas com fins conservacionistas e para avaliar
abordagens teóricas sobre processos biogeográficos. Esses modelos estão
baseados na distribuição dos pontos de ocorrência da espécie no sob espaço de
condições de seu nicho ecológico e produzem funções para predizer em que local
no espaço geográfico é provável sua ocorrência.

2.1 Uso dos SDMs

Há duas razões principais no aumento do uso de SDMs nos últimos anos. A


primeira é o aumento da disponibilidade de métodos estatísticos poderosos e
técnicas computacionais que podem ser aplicadas mesmo com apenas dados da
presença da espécie, recolhidos de informações de museus/herbários e
levantamentos de fauna e flora (Guisan & Thuiller, 2005; Guisan et al., 2006).
A segunda razão é a disponibilidade de dados ambientais em diferentes níveis de
resolução para uma vasta área de território, que permite produzir predições para,
virtualmente, qualquer área do globo. (Guisan & Thuiller, 2005; Guisan et al.,
2006); citado por (Júnior & Siqueira, 2009).

33
Segundo (Guisan & Zimmermann 2000), citado por citado por (Iwashita, 2008),
existem três pilares no estudo de modelos matemáticos aplicados à ecologia:
generalidade, realidade e precisão (Fig. 2).
Desses são derivados três grupos de modelos, (analíticos, mecanicistas e
empíricos).
O primeiro grupo foca a generalidade e a precisão, esses modelos são chamados
de analíticos. O segundo grupo é desenvolvido visando ser realista e generalista,
são chamados de mecanicistas, fisiológicos, casuais ou modelos de processos,
suas previsões são baseadas nas relações reais de causa e efeito. O terceiro
grupo sacrifica a generalidade pela precisão e realidade, são os chamados
modelos empíricos, estatísticos ou fenomenológicos, pois fazem relações entre os
dados de ocorrência e as variáveis ambientais predizendo a partir de premissas
estatísticas.

Figura 2 – Tipos de modelos (adaptado de Iwashita, 2008)

Os modelos de distribuição de espécies (SDMs) são geralmente empíricos, pois


são baseados em amostras de campo (realidade) e são aplicados
especificamente para modelar a ocorrência de uma espécie numa determinada
área de estudo através de métodos estatísticos e/ou computacionais.

34
2.1.1 Elementos essenciais na modelação de distribuição de espécies

Todos os estudos que envolvem SDMs possuem três componentes básicos: a)


um conjunto de dados descrevendo a incidência ou abundância de espécies e
outro conjunto contendo as variáveis explicativas; b) um modelo matemático que
relaciona a espécie com a variável explicativa; c) a avaliação da utilidade do
modelo através de validação ou por modelos de robustez (Guisan & Zimmermann,
2000), citado por (Iwashita, 2008) representados na fig. 3.

Dados +Variáveis
Explicativas Modelos
matemáticos

Avaliação do modelo

Figura 3 – Elementos essenciais na modelação de distribuição de espécies (adaptado de Iwashita,


2008)

2.1.2 Modelação de distribuição espacial

A modelação de distribuição espacial tornou-se um procedimento comum para


determinar a amplitude da distribuição geográfica das espécies, devido ao
aumento de métodos estatísticos e da disponibilidade de dados ambientais em
diferentes níveis de resolução (Junior & Siqueira, 2009) citado por (Shaffer, 2012).
Nas duas últimas décadas, a modelação de distribuição espacial ganhou
importância como uma ferramenta para direccionar estudos de biogeografia
(Siqueira & Durigan, 2007), análise do potencial invasivo de espécies exóticas
(Peterson, 2003), análise da evolução geográfica de espécies (Guisan & Thuiller,
2005) e, mais recentemente, em trabalhos de análise de riscos de extinção devido
às mudanças climáticas (Thomas et al., 2004), citado por (Shaffer, 2012).

35
Os Modelos de distribuição espacial visam representar a aproximação do nicho
ecológico fundamental da espécie, o qual é conceito adoptado neste trabalho,
definido por Hutchinson (1957) citado por (Shaffer, 2012), fundamentado num
espaço de hipervolume n – dimensional em que cada dimensão representaria o
intervalo de condições ambientais (recursos) necessários a sobrevivência e
reprodução das espécies, não sendo consideradas as interacções bióticas.

Tanto os trabalhos de modelação para espécies de ampla distribuição, como para


espécies raras, endémicas e/ou ameaçadas indicam que os resultados podem
direccionar os trabalhos de campo às regiões pouco exploradas e mesmo
desconhecidas, evitando colectas em áreas bem amostradas ou com baixo
potencial de ocorrência da espécie, racionalizando assim o tempo e os recursos
financeiros (Kamino, 2009), citado por (Magalhães 2013)

Nas duas últimas décadas, a aplicação dos modelos de distribuição de espécies,


também conhecidos como modelos bioclimáticos e modelos de nicho ecológico
(Elith & Leathwick 2009), cresceu consideravelmente (Guisan & Thuiller 2005).
Tais modelos são criados a partir de técnica de modelação que relaciona registos
de ocorrência da espécie com um conjunto de variáveis ambientais para
identificar ambientes adequados, onde uma população de espécie possa se
manter viável (Guisan & Zimmermann, 2000, Anderson et al. 2003), citado por
(Magalhães, 2013). Os resultados produzem previsões probabilísticas de onde a
espécie poderá ou não estar presente e a área projectada representa a
distribuição espacial da espécie estudada baseada nas variáveis ambientais
utilizadas na modelação (Guisan & Thuiller,2005, Araujo & Guisan 2006), citado
por (Júnior & Sequeira, 2009).

36
Figura 4 - Processo de criação de um modelo de distribuição de espécies (adaptado de
Scachetti Pereira & Siqueira 2007)

2.1.3 Aplicação dos modelos de distribuição de espécies

Os modelos de distribuição de espécies têm sido aplicados em inúmeras


questões ecológicas (Guisan & Thuiller 2005), citado por (Magalhães, 2013) Por
exemplo:
 Auxiliar na determinação de áreas prioritárias para a conservação (Chen &
Peterson 2002,Ortega – Huerta & Teterson 2004, Garcia 2006, Marini et
al., 2009);
 Conservação de espécies endémicas, raras e ameaçadas (Guisan et al.,
2006, de Siqueira et al. 2009, Carvalho et al. 2010, Lomba et al., 2010),
 Prever a distribuição potencial de espécies (Peterson et al. 2003, Giovanelli
et al. 2008, Thuiller et al. 2005, Stohlgren et al., 2010);
 Compreender o impacto das mudanças climáticas globais na distribuição
de espécies (Bakkenes et al. 2002, de Siqueira & Peterson 2003, Araújo et
al., 2006, Ogawa – Onishi et al., 2010).

2.1.4 Tipos de modelos de distribuição de espécies

Há uma grande variedade de técnicas de modelação para explorar a relação entre


a resposta (ocorrência de espécies) e as variáveis ambientais preditivas.

37
Elith et al.,2006, citado por Matos, (2010) classificam os SDMs em dois grandes
grupos baseados nos tipos de dados que alimentam os modelos. No primeiro
grupo, estão os modelos que utilizam apenas registos de presença (envelopes
climáticos, por exemplo).
No segundo grupo, estão os modelos que empregam dados de presença e
ausência da espécie alvo, de modo a limitar as áreas de ocorrência, diminuindo
erros de falsos positivos. O segundo grupo pode ser dividido em dois subgrupos,
modelos que utilizam dados de apenas uma espécie e os modelos que
descrevem a presença da espécie alva através de dados de presença de outras
espécies, isto é, da comunidade.
O trabalho em causa aborda modelos de distribuição de espécies apenas com
dados de presença (tabela 5), pois a ausência das espécies podia ser registada
por diferentes motivos: a) as espécies não podem ser detectadas, embora
presente; b) por razões históricas a espécie está ausente, embora o habitat seja
adequado; c) o habitat é realmente inadequado para a espécie (Phillips et al.,
2006), citado por Giannini et al., (2009).

Tabela 5 - Modelos, softwares e os métodos de modelação

Necessita
Tipo de Software ausência Página de acesso
modelo Método
DIVA – Gis Não www.cifor.cgiar.org/docs/ref/re
ENV DOMAI search
N tools/domain/índex.htm
BIOCLIM / Não www.arcscripts.esri.com
ENV BIOCLI Open http://openmodeller.sourcefor
M Modeller ge.net
Fonte: (ELITH at al., 2006 adaptado Matos)

Métodos de envelopes bioclimáticos – Segundo Guisan & Zimmermann (2000),


citado por (Iwashita, 2008), o envelope bioclimático é um dos métodos mais
antigos para a modelação de distribuição, e até recentemente muitos modelos de

38
distribuição de espécies foram baseados em técnica de envelopes ambientais. O
BIOCLIM é um método de modelação que utiliza apenas a presença de espécies.
Os envelopes bioclimáticos predizem locais com condições climáticas favoráveis
a uma espécie, baseados no cálculo de um envelope rectilíneo mínimo no espaço
climático multidimensional. Um envelope rectilíneo pode ser definido como uma
árvore de classificação, que consiste em uma partição recursiva do espaço
multidimensional definido por variáveis explicativas dentro de grupos que são os
mais homogéneos possíveis em termos de sensibilidade (Carpenter et al., 1993),
citado por (Iwashita, 2008).

2.1.5 Principais problemas encontrados nos dados utilizados em modelos


de distribuição de espécies

 Precisão nos dados de ocorrência – muitas informações da literatura


apresentam apenas o município colectado e a georreferenciação é feita
pela sede do município. Em áreas muito extensas, exemplo a província da
Huíla, esses erros podem apresentar uma enorme diferença de
características ambientais e também gerar dados de sobreposição.
 Vício dos dados de ocorrência – os colectores tendem a distribuir-se ao
redor de grandes cidades ou estradas. Os vícios devem gerar um modelo
mais restrito que a distribuição real da espécie;
 Erros de identificação – os dados de museu e herbários podem conter
erros de identificação. Descrição incorrecta da relação com os factores
ambientais;
 Resoluções dos dados ambientais – dados ambientais em uma resolução
muito pequena podem gerar um alisamento da variação ambiental real.
Descrição pobre ou incorrecta da relação com os factores ambientais;
 Dados ambientais não relacionados com a espécie - as espécies podem
ser limitadas em sua distribuição por variáveis não disponíveis para a
modelação. Descrição pobre da relação com os factores ambientais, Júnior
& Siqueira, (2009).

39
2.1.6 Fundamentos ecológicos da modelação preditiva de distribuição de
espécies

A modelação preditiva tem sido chamada por alguns autores de modelação de


distribuição geográfica (Austin 2002) e por outros, de modelação de nicho
ecológico (Austin 1992; Soberón e Peterson 2005), citado por Giannini et al.,
(2009). A primazia da aplicação do conceito de nicho é atribuída frequentemente
a Joseph Grinnel que discutiu, em uma série de artigos (Grinnell 1904, 1917,
1924), o nicho de várias espécies de aves e mamíferos. De acordo com suas
descrições, o nicho consistiria não exactamente num atributo da espécie, mas sim
do espaço (Schoener 1989), citado por (Giannini et al., 2009), e definiria as
condições ou situações ambientais nas quais a espécie seria capaz de sobreviver
e se reproduzir.
Por outro lado, a distribuição geográfica de uma dada espécie foi considerada
como uma expressão complexa de sua ecologia e evolução, influenciada por
vários factores que operam em intensidades e escalas diferentes tais como, a
história evolutiva da espécie e sua capacidade de dispersão (Brown & Lomolino
2006). Por exemplo, Pulliam (2000) citado por (Giannini et al., 2009) discutiu a
complexidade da dinâmica de dispersão diferenciando habitats do tipo fonte e
dreno. Os habitats fonte são aqueles nos quais a reprodução local excede a
mortalidade, e nos drenos ocorre o oposto. Por definição, os drenos não
apresentam condições necessárias para a espécie sobreviver e reproduzir-se,
embora os indivíduos possam ocorrer nessas áreas devido aos processos de
imigração a partir de suas fontes. Assim, é possível encontrar indivíduos em
locais onde as condições não são inteiramente adequadas à sobrevivência e à
reprodução da espécie. Por outro lado, as espécies podem apresentar limites de
dispersão, e consequentemente, não chegar aos locais adequados. Portanto, a
dinâmica fonte-dreno prevê que uma espécie possa ser encontrada fora dos
limites de seu nicho fundamental, enquanto, ao contrário, o limite na capacidade
de dispersão prevê que certos locais, potencialmente adequados, possam não ser
ocupados por determinadas espécies.

40
Considerando essa dinâmica, Soberón (2010) citado por (Giannini et al., 2009)
sugeriu três factores principais que determinam a distribuição geográfica, como
ilustra a figura 5; sendo os dois primeiros uma função directa do nicho: 1)
condições abióticas (por exemplo, o clima); 2) factores bióticos (por exemplo,
interacções entre espécies); 3) capacidade de dispersão, através de sua
locomoção ou através de agentes externos, o que determina o grau de
acessibilidade da espécie a outras áreas.

Figura 5 - Factores que determinam a distribuição geográfica de uma espécie (Soberón, 2010).

G: região geográfica considerada; A; área onde as condições abióticas são


favoráveis para a espécie. Esta é uma região potencial e, provavelmente não
ocupada pela espécie em todas as suas secções; B: região onde as condições
bióticas são favoráveis; M: área que a espécie foi capaz de alcançar num dado
período; G1: região que pode ser potencialmente invadida porque os dois tipos de
condições (A e B) são favoráveis, mas a espécie ainda não foi capaz de alcançá-
la; G0: área real de distribuição da espécie. Os círculos fechados representam a
população fonte e os abertos, a população dreno (Soberón, 2010).

41
2.1.7 Os principais desafios da modelação preditiva de distribuição de
espécies

Ainda não existe um método efectivo para avaliar comparativamente acurácia dos
modelos preditivos. Apesar de existirem vários algoritmos disponíveis, nem
sempre é possível comparar o resultado de cada um deles e estimar as
diferenças de uma forma satisfatória. Assim, outras ferramentas de pós-análise
deveriam ser desenvolvidas de forma a proporcionar métodos mais precisos para
qualificar os modelos obtidos.
A modelação de distribuição é directamente dependente da qualidade dos dados
de ocorrência das espécies. Colectas mais extensas, padronizadas e bem
georreferenciadas são fundamentais, especialmente em regiões pouco
amostradas. Apesar da existência de várias iniciativas internacionais ainda existe
pouca disponibilidade de dados, pois grande parte da informação ainda não está
digitalizada ou disponibilizada em portais da internet. Além disso, muitos dados
disponibilizados ainda apresentam erros, seja de identificação ou de digitalização,
e necessitariam de ser corrigidos por especialistas nos grupos enfocados. Neste
contexto, também seria muito importante o desenvolvimento e a implementação
de filtros de qualidade de dados, tanto taxonómicos como de mapeamento, para
uma garantia de maior qualidade nos dados disponibilizados.

A modelação de distribuição preditiva precisa de ser utilizada como um meio e


não um fim em si. O propósito deveria ser mais focado na aquisição de mais
informação sobre a ocorrência da espécie para que outras técnicas (mais
robustas) possam ser também aplicadas. Especificamente em aplicações de
cunho conservacionista, esta técnica passa a ser um importante mecanismo de
auxílio especialmente na ausência de uma quantidade maior de dados ou na
urgência para a tomada de decisão.
Finalmente, o uso de modelação preditiva de distribuição deveria ser mais
divulgado para estimular os pesquisadores, especialmente taxonomistas e
ecólogos, que conhecem de forma mais profunda as relações entre espécie e
ambiente. Na medida em que mais pesquisadores se debruçarem sobre o tema,

42
com o uso correcto de técnicas, seu desenvolvimento poderá ser aprimorado.
(Giannini et al., 2009).

2.1.8 Incertezas predictivas

Muitas decisões são feitas durante o processo de modelação, o que pode gerar
várias predições alternativas e muita incerteza nos mapas preditivos de
distribuição potencial (Araújo & New, 2007). Essas decisões envolvem, por
exemplo, os métodos de pesquisa e obtenção dos dados, os algoritmos de
modelação, a selecção das variáveis preditoras e dos GCMs e a escolha do limiar
de decisão e dos métodos de avaliação. Vários estudos mostram que diferentes
algoritmos, por exemplo, predizem diferentes áreas de distribuição geográfica
usando um mesmo conjunto de dados (Dormann et al., 2008; Diniz-Filho et al.,
2009), especialmente quando projectadas para diferentes cenários climáticos
(Thuiller, 2004; Pearson et al., 2006). O mesmo problema também é encontrado,
principalmente, quando os modelos são calibrados com diferentes simulações
paleoclimáticas (GCMs; Diniz-Filho et al., 2009) ou quando se utilizam diferentes
critérios para o escolha do limiar de decisão (Nenzén & Araújo, 2011), citado por
(Ribeiro & Diniz-Filho, 2012).

Dessa forma, uma solução para lidar com as predições alternativas é combinar
todos os resultados oriundos dessas fontes de incerteza para gerar predições
mais robustas (chamada de ensemble solutions, (Araújo & New, 2007), sobretudo
em relação à dinâmica da distribuição geográfica das espécies sob cenários de
mudanças climáticas globais (Diniz-Filho et al., 2009). O “consenso” entre as
diferentes predições ilustra a forma mais simples de lidar com as incertezas
preditivas no contexto dos SDMs, portanto, deve ser preferivelmente utilizada nos
estudos paleoecológicos com poucos registos fósseis (Varela et al., 2011). Na
verdade, o aspecto mais importante da abordagem de consenso (ensemble) não
é de facto utilizar o mapa de consenso apenas, mas sim avaliar os diferentes
mapas e aplicar a eles as estatísticas ou análises de interesse, como por exemplo
padrões temporais e associações de redução da distribuição, riqueza de espécies
ou turnover de espécies (Diniz-Filho et al., 2010). Com isso, obtém-se uma

43
incerteza nos resultados dessas análises e não apenas na distribuição da
espécie, o que pode levar a conclusões mais conservativas e robustas sobre os
processos paleoecológicos de interesse.

2.2 Importância dos museus na educação ambiental

O que é um Museu? Apesar de parecer uma pergunta fácil, existem muitas


variações do que se entende por este tipo de instituição, que pode ser particular
ou pública. Em termos práticos, comummente se associam a um museu três
actividades básicas: pesquisa, guarda de acervo e exposições.

Alguns abordam diversas ciências da vida, e assim está directamente relacionado


à educação ambiental, sendo essencial num panorama de mudanças de hábitos e
disseminação de conhecimento ambiental. Na elaboração de um museu se deve
observar algumas questões técnicas relacionadas com preservação adequada
dos exemplares, aos cuidados necessários com os experimentos, até a legislação
vigente. Por outro lado, a integração dos alunos com o mundo da ciência
proporciona uma nova perspectiva tanto aos educandos como para a própria
educação, levando a uma nova postura antes à conscientização ambiental.

O mundo actual, em processo de globalização, sofre grave crise sócio ambiental


decorrente de diversos contrastes culturais, económicos, políticos e científicos no
processo de transição vigente. No combate desta faceta, os museus podem
auxiliar a transmitir ideais que têm o potencial de adaptar a sociedade para este
novo panorama global. O potencial educativo que um museu pode oferecer é de
trazer à tona pontos de vista actualmente aceitos e submetê-los à discussão,
além de manter viva parte do património que esta comunidade possui.

A sociedade de hoje necessita da contribuição holística das diversas áreas do


conhecimento na reflexão da acção problemática socioambiental. A formação de
uma nova sociedade, ecologicamente correcta e sustentável, é o ponto de partida
na construção de cidadãos voltados para o bem comum, de acções de curto a
longo prazo, para todos os habitantes deste planeta. Na adequação de uma

44
população mais adaptada às novas realidades, a educação tem papel chave
como meio de transformação. Esta tarefa é grande demais para ficar no âmbito
escolar, somente será viável com a união de várias instituições educativas (sendo
estas formais e não-formais), trabalhando juntas no intuito da construção dessa
nova realidade socio ambiental tão necessária.
Na actual conjuntura mundial, não há como separar o ensino de ciências da
educação ambiental, sendo esta educação entendida pela Unesco, como um
processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência
do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades, experiências,
valores e a determinação que os tornam capazes de agir, individual ou
colectivamente, na busca de soluções para os problemas ambientais, presentes e
futuros (UNESCO, 1987). “A finalidade da educação ambiental é formar uma
população mundial consciente e preocupada com o ambiente e problemas com
ele relacionados, e que possua os conhecimentos, as capacidades, as atitudes, a
motivação e o compromisso para colaborar individual e colectivamente na
resolução de problemas actuais e na prevenção de problemas futuros”.
(UNESCO, 1976), citado por (Walewski, 2007).

Um museu, sendo uma ferramenta de educação informal, pode proporcionar ao


visitante uma oportunidade de promover interacções sociais que permitam o
ensino de determinado conteúdo, tornado possível realizar actividades que
tornem o conhecimento das ciências mais acessível e eficiente à sociedade.
Sustenta-se a temática de museus em quatro pilares essenciais de sua
existência: colectar, preservar, pesquisar e expor publicamente. Existem diversos
tipos de colecções nos museus que dependem da finalidade, da amostra,
estrutura, perfil do usuário, instituição no qual estão incorporadas etc.
Como cita Papavero (1983) “o aprendizado é mais efectivo e imediato quando os
interessados se encontram face ao material do objecto de estudo”.
Outro aspecto interessante é citado por (Almeida et al., 2003), citado por
(Walewski, 2007), sendo que qualquer que seja o estudo científico é vital não
descartar amostras biológicas ma sim depositar exemplares representativos em
museus e instituições científicas que possuam infra-estruturas apropriadas para a
sua preservação. Assim, como é conhecido, as escolas são focos de depósito de

45
material biológico, portanto, é preciso ter o cuidado de encaminhar ou preservar
correctamente o material encontrado nessas instituições.
Auricchio (2002), citado por Walewski, (2007) afirma que para o material de
origem animal uma colecção, agrupa de forma organizada amostras de
populações animais, partes ou produtos destes e dados associados a estas
peças, visando o aproveitamento científico e, consequentemente, da sociedade.
Segundo Papavero (1983), citado por (Walewski, 2007) toda a colecção tem
importância didáctica, uma vez que a sua utilização sempre implica em
actualização e geração de conhecimento, e contribui para a contínua capacitação
de pessoal. Isto não implica que o material de uma colecção científica seja
utilizado indiscriminadamente para treinamento de aprendizes, pois, certamente,
este procedimento dilapidará rapidamente o acervo, provocando perda de peças
de importância inestimável.
A existência do museu de ornitologia do ISCED-HUÍLA é uma grande contribuição
para sanar a carência intelectual e cultural que aflige diversos estudantes,
docentes e investigadores conscientizando sobre a relevância da conservação,
preservação e conhecimento da fauna e flora angolana, realizando ampla inclusão
científica e mostrando a necessidade de transformação de uma sociedade mais
humana.

2.3 Alterações climáticas e riscos ambientais

As alterações climáticas sempre estiveram presentes no nosso Planeta, sendo


que antes da ascensão de instrumentos tecnológicos e produtivos desenvolvidos
pelo homem, estas alterações revelavam uma sazonalidade equilibrada. Com o
advento da industrialização, os processos produtivos tiveram a necessidade de
utilizar cada vez mais fontes energéticas, tais como, o petróleo, o carvão mineral,
e, actualmente os biocombustíveis. A partir disso, o processo de aquecimento
global tem-se mantido constante e ao mesmo tempo intenso, em quantidades
crescentes. Diante desta situação, tem sido comum a ocorrência de eventos
climáticos extremos, cujas consequências têm sido as mais diversas, indo desde
os prejuízos económicos, passando pelas perdas de vida de correntes de
inundações, furacões, ondas de frio ou de calor. Em consonância com esta

46
dinâmica, têm-se agravado os riscos ambientais, bem como as suas implicações
nos mais variados segmentos da sociedade, em especial na ocorrência de
algumas epidemias, no maior número de mortes em função de eventos como
desabamentos, afogamentos, entre outros.
As alterações climáticas constituem uma ameaça sem precedentes sobre a
humanidade e sobre a natureza. O clima está a mudar devido às emissões de
gases com efeito de estufa para a atmosfera e as profundas alterações no uso
dos solos, ambas provocadas pelas actividades humanas.
As alterações climáticas podem provocar elevado impacto nos sistemas naturais,
incluindo nos recursos hídricos, na agricultura, nas florestas e na biodiversidade,
poderão ainda provocar impactos indirectos imprevisíveis (incidência de pragas e
doenças, expansão de espécies invasoras ou fenómenos climáticos extremos), e
resultar em alterações significativas da paisagem. (Santos et al., 2002), citado por
(Vaz, 2010).
As alterações climáticas de origem antropogénica provocadas pelas emissões de
gases com efeito de estufa para a atmosfera irão acentuar-se ao longo do século
XXI (IPCC, 2001). Estas alterações não são homogéneas, tendo impactos
distintos em diferentes regiões, que pelo seu lado também apresentam diferentes
graus de vulnerabilidade.
Vamos enfrentar períodos de seca - Graves degelos e por consequência aumento
do nível da água nos mares e oceanos.
Na biodiversidade, algumas populações de animais, principalmente as que
possuem uma distribuição geográfica limitada, habitats específicos ou populações
reduzidas poderão não conseguir adaptar-se a futuras alterações do clima,
existindo risco de extinção principalmente em espécies com baixas capacidades
de reprodução e dispersão. (Santos et al., 2002), citado por (Walewski, 2007).
A medida que o clima se torna mais quente, o risco de invasão por espécies
exóticas de regiões mais quentes, torna-se uma ameaça maior para a
biodiversidade.
Medidas a adoptar para preservar a biodiversidade passam pela criação de
refúgios e a preservação de habitats que permitam uma adaptação de longo
termo; o estabelecimento de redes de áreas protegidas terrestres, aquáticas e

47
marinhas; reforço da investigação sobre as ligações entre alterações climáticas e
biodiversidade, (Quercus, 2006), citado por (Walewski, 2007).

As alterações climáticas já estão a obrigar as espécies a adaptar-se, seja devido


a alterações no habitat ou alterações no seu ciclo de vida. Porém, nem todas as
espécies conseguirão fazê-lo. As previsões indicam que cerca de um milhão de
espécies serão extintas devido a estas alterações (Quercus, 2006), citado por
Moita & Forbes, (2002).
De acordo com o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC,
2002), mudanças climáticas são “as mudanças no estado do clima que podem ser
identificadas pelas mudanças da média e/ou variabilidade das suas propriedades
e que persistem por um longo período de tempo (décadas ou mais) causadas
pelas variações naturais ou como resultado das actividades do Homem”.

Enquanto isso, o Quadro da Convenção sobre as Mudanças Climáticas das


Nações Unidas (UNFCCC) considera como sendo “as mudanças do clima
atribuídas directa ou indirectamente às actividades humanas que alteram a
composição global da atmosfera e que se adicionam às mudanças/variabilidades
naturais observadas num período comparado”. Como se pode constatar, as
mudanças climáticas são causadas por factores ou processos intrínsecos do
próprio sistema solar e forças extrínsecas, principalmente as que são promovidas
pelas actividades do Homem na Terra. Estas duas causas não são mutuamente
exclusivas mas sim se apresentam como complementares, proporcionando um
agravamento à natural dinâmica global do estado climático.
Duma forma geral, o estado climático é naturalmente dinâmico e dependente do
equilíbrio entre a energia recebida do Sol em forma de luz, radiação ultravioleta e
a quantidade de energia que a Terra liberta para a atmosfera em forma de energia
infra-vermelha.
Portanto, quaisquer forças naturais ou antropogénicas que se impõem aos
factores de manutenção deste estado de equilíbrio, irão alterar o sistema climático
global.

48
2.3.1 Consequências negativas param a biodiversidade, bens e serviços dos
ecossistemas em África

O clima do continente é controlado por uma complexa interacção marítima e


terrestre que produz a variedade climática do continente.
Dada a sua localização geográfica (maioritariamente entre os trópicos), o
continente Africano é particularmente vulnerável às variabilidades e mudanças
climáticas.
Desde os anos 60, as temperaturas registadas têm mostrado tendências de
aumentar em média 0.3°C (IPCC, 2007). Entre 1960 e 2000, o número de frentes
quentes aumentou e consequentemente diminuiu o número de dias extremamente
frios na região austral e ocidental da África (New et al., 2006).
A precipitação no continente mostra grande variabilidade temporal e espacial. Na
África ocidental, a precipitação tem mostrado tendências de decréscimo de 20 a
40% desde os anos 60 (Nicholson et al., 2000).
Na África Austral em particular em Angola tem se observado grande variabilidade
inter-anual com grandes anomalias na precipitação com períodos de secas mais
intensas e amplamente distribuídas (Richard et al., 2001). Em países como
Angola, Namíbia, Moçambique, Malawi e Zâmbia, eventos de chuvas torrenciais
mostraram-se com tendências de aumento.
Devido à fraca rede de computação, a falta de recursos humanos e deficientes
dados climáticos tem sido bastante difícil projectarem-se os cenários para o
continente Africano (Ruosteenoja et al., 2003). Os trabalhos de reconstituição dos
dados através de modelos revelam que a temperatura média anual irá aumentar
entre 3 a 4°C comparados com os dados do período entre 1980 a 2000.

Neste contexto, as mudanças climáticas emergem como um dos maiores desafios


para os governos do continente, impondo pressões adicionais aos actuais
desafios de combate à pobreza, a disponibilização da água em quantidade e
qualidade, a contenção da degradação acelerada dos ecossistemas, a acelerada
expansão das terras áridas e semi-áridas, o crescente número de espécies
florísticas e faunísticas em situação vulnerável ou em perigo de extinção, a
crescente perda de ecossistemas costeiros e marinhos.

49
Actualmente, a contribuição do continente Africano nas emissões de GEE é
estimada em cerca de 7% dos valores globais, resultantes principalmente das
queimadas descontroladas, desflorestação, conversões da terra, etc. Este valor
poderá subir substancialmente se as actuais políticas de combate à pobreza e de
desenvolvimento não forem ajustadas.
Em suma, o IPCC (2007) projecta os seguintes cenários para o continente
Africano:
1. Um aumento de 1.3 a 5.8°C na Temperatura média regional;
2. Uma diminuição de 5 a 20% da precipitação média anual;
3. Um aumento do número de ocorrência de correntes quentes sobre a África
Austral e Ocidental;
4. Uma diminuição no número de dias extremamente frios (New et al., 2006).

50
CAPÍTULO 3 – MODELOS PREDITIVOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉ-

CIES, MAPAS DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E VALIDAÇÃO DOS

MODELOS GERADOS

51
3.0 Introdução

Para a geração dos modelos deste trabalho, foi utilizado o Software DivaGIS
7.1.7.2. – ambiente de modelação que possibilita uso de algoritmos para geração
de modelos de distribuição de espécies, destacando-se o algoritmo do BIOCLIM.
O BIOCLIM é um algoritmo de modelação que implementa o conceito de envelope
bioclimático (Environmentall envelope). Nesse caso, o envelope gerado é
rectilíneo, baseado em determinar para cada variável um limite superior e inferior
para ocorrência da espécie e produzir uma predição final que assume que existe
correlação entre as variáveis nos pontos de ocorrência.
E os mapas para a análise dos modelos foram gerados no Software ArcGis 9.3
(ESRI 2008).

3.1 Metodologia

Para o presente trabalho, foram utilizadas as seguintes:


Sistemas de Informação Geográfica (SIG);
Conversão de coordenadas geográficas.
Programas informáticos dedicados à criação de modelos de distribuição de
espécies (SDM), DIVA-GIS 7.1.7.2

3.1.1 Sistemas de informação geográfica


 Os sistemas de informação geográfica (SIG) são sistemas que
realizam o tratamento computacional de dados geográficos e
recuperam informações com base na localização espacial dos
dados e nas suas características alfanuméricas. De acordo com a
sua ampla gama de aplicações, há pelo menos duas grandes
maneiras de utilizar um SIG (Neto, 1995) citado por (Schaffer,
2012).
a) Como técnica de gerenciamento de uma base de dados geográficos;
Esta técnica, no presente trabalho foi utilizada para:
 Recolha dos dados das espécies no Museu de Mamologia e
Ornitologia do Lubango.

52
 Georreferenciação dos dados; a geometria e os atributos dos dados
num SIG devem estar georreferenciados, isto é, localizados na
superfície terrestre e representados numa projecção cartográfica
(Câmara et al., 2001).
A georreferenciação foi feita a partir do Software (ArGis 9.3).

b) Como suporte para a análise espacial e ferramenta para a produção


cartográfica.
Esta técnica foi utilizada para produzir mapas de distribuição espacial das
espécies; os mapas foram produzidos no Software ArGis 9.3 - com a ferramenta
ArcMap – ArcInfo.

3.1.2 Conversão de coordenadas geográficas

A conversão de coordenadas geográficas fez-se usando a página web


(BIOLOGIKA MEIO AMBIENTE E TECNOLOGIA), que é uma página de acesso
livre de fácil utilização, após o seu acesso dá-nos a seguinte orientação: “Digite
suas coordenadas geográficas no formato DMS (Graus, Minutos e Segundos) e
clique em Converter para Decimal. Os valores serão convertidos e você será
levado à localização escolhida no mapa ao lado”, o mapa apresentado na página
permite visualizar a imagem em quatro formatos (em mapa, satélite, híbrido e
terreno). Disponível em http://www.biologika.com.br/map_aplication_v01.php.

3.1.3. Programas informáticos dedicados à criação de modelos de


distribuição de espécies (SDM)

DivaGis
É um programa que serve para analisar os dados, por exemplo fazendo mapas de
distribuição da diversidade biológica, para encontrar áreas que têm níveis alto,
baixos ou complementares a diversidade.
Para mapear dados climáticos e prever a distribuição das espécies neste trabalho
utilizou-se a versão DIVA-GIS 7.1.7.2 - algoritmo BIOCLIM.

53
3.2. Dados abióticos

Os dados abióticos utilizados foram as variáveis bioclimáticas – um conjunto de


dados derivados de valores de temperatura e precipitação trimestral com o
propósito de gerar variáveis ambientais mais significativas. Esses dados são
normalmente usados em modelação de nicho ecológico (BIOCLIM e GARP) e são
representados por outras dezanove variáveis: BIO1 (Temperatura media anual);
BIO2 (variação diurna da temperatura); BIO3 (Iso termalidade); BIO4
(sazonalidade de temperatura); BIO5 (temperatura máxima do mês mais quente);
BIO6 (temperatura mínima do mês mais frio); BIO7 (variação da temperatura
anual); BI8 (temperatura média do trimestre mais quente); BIO9 (Temperatura
média do trimestre mais húmido); BIO9 (temperatura media do trimestre mais
seco); BIO10 (temperatura média do trimestre mais quente); BIO11 (temperatura
média do trimestre mais frio); BIO12 (precipitação anual); BIO13 (precipitação do
mês mais húmido); BIO14 (precipitação no mês mais seco); BIO15 (sazonalidade
da precipitação); BIO16 (precipitação do trimestre mais húmido); BIO17
(precipitação do trimestre mais seco); BIO18 (precipitação do trimestre mais
quente) e BIO19 (precipitação do trimestre mais frio).

Essas variáveis climáticas foram extraídas da base de dados do wordclim versão


1.4 Global Climate Surface (Hijmanset al., 2005),citado por (Shaffer, 2012) usados
na resolução espacial de 2,5 minutos (2.5 X2.5 km).
Os dados para a criação de shapefile, para a produção de mapas foram obtidos
do Instituto de Geodesia e Cartografia de Angola (IGCA).

3.3 Dados sobre as ocorrências das espécies da família Coracidae

Os dados de ocorrência e distribuição das espécies da família Coracidae que


ocorrem na província da Huíla utilizados neste trabalho, foram extraídos da base
de dados digital, do Museu de Ornitologia e Mamologia do Lubango (MOML),
ainda não publicado.
Este banco de dados apresenta várias colunas, representado o número da
etiqueta; data de colheita; nome científico; em inglês e português, local da colheita

54
(município, província e país) Altitude, latitude, longitude e outros detalhes (nome
do colector, sexo, idade, massa (g), armário e gaveta).
A lista final inclui os registos de presença das espécies da família Coracidae da
ordem dos Coraciformes que ocorrem na província da Huíla, com sessenta e oito
registos. Deste total de registos, foram excluídos os sobrepostos (registos que
possuem as mesmas coordenadas geográficas), o que resultou em trinta e sete
pontos válidos.

3.4 Preparação dos dados

Depois de extrair os dados do banco do MOML, uma nova base foi criada em
forma de células no programa da Microsoft, o Excel, separada de acordo com as
secções taxonómicas, de forma que cada secção foi agrupada em células de
dados diferentes a fim de facilitar a projecção do acesso dos mapas. As células
contêm as seguintes informações: o nome científico da espécie; subespécie;
nome em inglês; nome em português; local de colheita da espécie (município,
província e país), altitude, latitude e longitude em graus decimais e UTM.
Em seguida foi realizada uma triagem para que fossem verificados quantos
acessos que se encontravam georreferenciados. Para os pontos que não estavam
georreferenciados, utilizou-se a rede de quadrícula QDGC (Quarter Degree
GridCells), adoptado para as colecções ou objectos desprovidos de coordenadas
geográficas. Este método consiste na atribuição generalizada de uma coordenada
geográfica (X;Y) a todos os pontos que caiam na mesma grelha, exemplo os
pontos apresentados na tabela 6.

Tabela 6 – Sobreposição dos pontos das espécies

Nome da Local de
espécie colheita Província País Altitude Lat. S Long. E

55
Eurystomus
glaucurus Uaba Huíla Angola 1535 -13.8 14.88333
Eurystomus
glaucurus Uaba Huíla Angola 1535 -13.8 14.88333
Eurystomus
glaucurus Uaba Huíla Angola 1535 -13.8 14.88333
Coracias
spatulata Humpata Huíla Angola 1935 -15.0167 13.38333
Coracias
spatulata Humpata Huíla Angola 1935 -15.0167 13.38333
Coracias
caudata Cangolo Huíla Angola 1400 -14.7333 15.68333
Coracias
caudata Cangolo Huíla Angola 1400 -14.7333 15.68333
Coracias
caudata Cangolo Huíla Angola 1400 -14.7333 15.68333
Fonte: Dados do museu de Ornitologia e Mamologia do Lubango

Sabendo que as coordenadas geográficas utilizadas em programas de SIG


devem preferencialmente estar em graus decimais (Dutch, 2003) citado por
(Shaffer, 2012) e não em graus sexagesimais ( ͦ , ‘ , ‘‘ ), foi realizada a conversão
dos dados para o sistema decimal utilizando a página web (BIOLOGIKA MEIO
AMBIENTE E TECNOLOGIA, 2012).
Para as espécies que apresentam coordenadas iguais, foi mantido o acesso com
menor número de colecta, sendo assim evitadas situações de sobreposição de
pontos nos modelos e mapas. (Tabela 6).
Todos os dados foram projectados com base no sistema cartográfico adoptado
em Angola para cartas do mapeamento sistemático terrestre, UTM – Universal
Transverse Mercator (Loch, 2006).

56
3.5 Algoritmos

Os SDMs baseados apenas em presenças são implementados em diferentes


algoritmos (Tabela 7), como envelopes bioclimáticos (Bioclim) e algoritmos mais
complexos de aprendizagem automática ou inteligência artificial Maxent e GARP.
Os SDMs baseados somente em presenças devem ser preferidos em estudos
referentes a mudanças climáticas, por isso, serão discutidos em detalhes a seguir.

Tabela 7- Algoritmos e programas computacionais utilizados na modelação da distribuição


geográfica de espécies, com ênfase nos modelos baseados apenas em presenças.

Algoritmo Software* Referência


Bioclim Diva-GIS e R (pacote ‘dismo’) Busby, 1986, 1991
GARP Garp-desktop Stockwell& Noble, 1992;
Stockwell&Peters, 1999
Maxent Maxent e R (pacote ‘dismo’) Phillips et al., 2006;
Phillips &Dudik, 2008;
Elithet al., 2011

*Todos os algoritmos estão implementados no softwareBioEnsembles; adaptado


de Ribeiro & Diniz-Filho.

Foram analisados os seguintes algoritmos: o OM-GARP Bestsubsets, MAXENT, e


o BIOCLIM. Cada algoritmo utiliza diferentes métodos de cálculo para predizer as
ocorrências das espécies, resultando sempre em modelos diferentes (Giannini et
al., 2011).

3.5.1 GARP

O GARP (Genetic Algorithm for Rule Set Production) é um algoritmo genético que
agrupa técnicas estatísticas com envelopes bioclimáticos, numa estratégia de
aprendizado automático. Este algoritmo define o modelo com um conjunto de
regras formuladas a partir dos coeficientes das variáveis ambientais. Elas são
geradas no processo de modelação e vão sendo avaliadas por um conjunto de

57
pontos de treinamento, e sendo alteradas aleatoriamente, também são criadas
novas regras a partir das regras avaliadas. Quando um número máximo de
interacção é atingido, o resultado é apresentado como um conjunto de regras
sobreviventes, que quando aplicado de volta ao espaço geográfico, indica regiões
onde a espécie está provavelmente presente/ausente, (Marco Júnior & Siqueira,
2009), citado por Shaffer, (2012).

3.5.2 MAXENT

O modelo Maxent também é um modelo que utiliza somente dados de presença.


De acordo com Phillips et al. (2006), citado por (Iwashita, 2008) a máxima
entropia (Maxent) é um método para realizar previsões ou inferências a partir de
informações incompletas. É aplicado em diversas áreas como astronomia,
reconstrução de imagens, física estatística e processamento de sinal. A ideia da
aplicação do Maxent para SDM é estimar a probabilidade de ocorrência da
espécie encontrando a distribuição de probabilidade da máxima entropia, sujeita a
um conjunto de restrições que representam a informação incompleta sobre a
distribuição do alvo.

3.5.3 BIOCLIM

O Bioclim é um dos algoritmos mais antigos que representa a lógica do nicho


ecológico por meio dos envelopes bioclimáticos (Busby, 1986; Busby, 1991). Os
limites que definem o envelope são obtidos a partir da amplitude de cada variável
ambiental relacionada com os pontos de ocorrência das espécies, formando,
assim, um envelope rectilíneo (Carpenter et al., 1993), citado por( Ribeiro & Diniz-
Filho, 2012). A distribuição potencial modelada das espécies é obtida, dessa
maneira, pelo conjunto total de regiões da área geográfica de interesse cujas
características ambientais estejam dentro do envelope bioclimático. O Bioclim,
portanto, não produz um gradiente contínuo de adequabilidade de hábitat como
os demais métodos, mas indica se um local é adequado ou não à sobrevivência
da espécie conforme seu envelope bioclimático.

58
Como a maioria dos dados reais provém de herbários ou museus onde raramente
são registadas as ausências, os modelos devem ser do tipo que necessita
somente de dados de presença, no entanto o BIOCLIM.
O BIOCLIM representa um dos modelos mais empregados para realizar
prognósticos sobre os mais diversos cenários de mudanças climáticas globais
(Beaumont et al., 2005).
Dos três algoritmos analisados (GARP, MAXENT E BIOCLIM), seleccionou-se o
BIOCLIM, pois é dos mais empregados para desenvolver modelos de distribuição
de espécies em função de mudanças climáticas globais; visto que é o foco deste
trabalho.

3.6 Mapas de distribuição espacial das espécies

Os mapas de distribuição geográfica pontual das espécies foram feitos no


software ArcGis 9.3 (ESRI,2008), um sistema de informação Geográfica (SIG).
As células com informações relativas às espécies, foram seleccionadas no
interface do ArcGis, para serem manipuladas. As coordenadas (latitude,
longitude) foram convertidas em pontos (X,Y) e deram origem a um shapefile
(formato nativo do arcMap). Estes foram utilizados para a marcação da
distribuição geográfica das espécies.
Os mapas de distribuição foram confeccionados a partir da sobreposição dos
shapefiles com pontos de presença das espécies (coordenadas georreferenciadas
que situam a localidade onde um espécime foi colectado e/ou registado), com o
shapefile da divisão administrativa dos municípios da província da Huíla. Os
dados referentes aos municípios da província da Huíla foram obtidos no Instituto
de Geodesia e Cartografia de Angola (IGCA).

3.6.1 Áreas de ocorrência

Para analisar a distribuição das espécies da família Coracidae nos miombos


encontrados ao longo do território da província da Huíla, foram gerados mapas de
sobreposição dos pontos de localização das espécies com shapefiles de Biomas

59
huilanos. Os dados com áreas de abrangência dos Biomas huilanos foram obtidos
do Instituto de Geodesia e Cartografia de Angola (IGCA).

3.6.2 Rodovias e estradas

Foram gerados mapas de sobreposição dos pontos de localização das espécies,


com shapefile das estradas nacionais que passam pela área de estudo, estradas
secundárias e picadas. Para analisar como a distribuição das espécies da família
Coracidae até hoje registadas na província da Huíla, pode estar associada às
metodologias de colectas ao longo de estradas e rodovias o que permitirá avaliar
o vício dos dados de ocorrência (os colectores tendem a distribuir-se ao redor de
grandes cidades ou estradas), os vícios devem gerar um modelo mais restrito que
a distribuição real da espécie; mais informação pode ser encontrada na figura 7.
Os dados para a criação dos shapefile das estradas, foram obtidos do Instituto de
Geodesia e Cartografia de Angola (IGCA).

3.6.3 Rede hidrográfica

Para analisar a distribuição das espécies da família Coracidae ao longo da rede


hidrográfica huilana, foi confeccionado um mapa de sobreposição dos pontos de
localização das espécies, com shapefile dos rios em geral (principais rios e rios
secundários), mais informação pode ser encontrada na figura 6.
Os dados para a criação dos shapefile das estradas, também foram obtidos do
Instituto de Geodesia e Cartografia de Angola (IGCA).

60
3.7 Mapas

Figura 6 - Amplitude da distribuição da família Coracidae ao longo da vegetação. (Adaptado do


Atlas da vegetação de Angola).

Da visualização, do mapa de sobreposição dos pontos com os biomas, percebe-


se que a distribuicao das espécies da familia Coracidae, ocorre ao longo
maioritariamente da floresta aberta, savana com arbustos. Apenas alguns
registos da especie Coracias Caudata ocorrem nas matas de mutiati, com
comunidades herbaceas savanides.

61
Figura 7- Amplitude da distribuição da família Coracidae ao longo das estradas. (Adaptado do
Atlas das estradas de Angola).

Da análise do mapa das estradas, percebe-se claramente que a distribuição


espacial das espécies da familia Coracidae registadas até hoje está associada à
metodologia de colectas ao longo das estradas da província da Huíla.
Essa metodologia de colecta está associada com o início do periodo de colectas,
quando as colectas eram realizadas em regiões que tinham acessos possiveis por
trilhas e estradas já existentes. Acredita-se que este procedimento foi mantido até
hoje e em muitas expedições directamente voltadas à busca de informações
sobre espécies .

62
Figura 8- Amplitude da distribuição da família Coracidae ao longo dos rios. (Adaptado do Atlas da
rede hidrográfica de Angola)

A dispersão fluvial é factor relevante para as espécies da família Coracidae, que


ocorrem na província da Huíla, associada principalmente às redes hidrograficas e
consequentemente às bacias hidrográficas, pela dinâmica da vegetação
provocada pelo assoreamento e outras alterações hidrológicas.
Afirma-se que as espécies da família coracidae ocorrem maioritariamente próximo
dos rios.

3.8 Modelos de distribuição das espécies

Com base na localização dos pontos de ocorrência das espécies da família


Coracidade, ordem dos Coraciformes que ocorrem na província da Huíla e nas
variáveis bioclimáticas dessas regiões de colectas dos pontos, foram gerados
modelos, um actual de distribuição das espécies, com dados climáticos desde
aproximadamente o ano de 1950 – 2000, representado na figura 9; e um

63
futurístico com dados aproximadamente até o ano de 2050, representado na
figura 10.
Esses modelos informam, de acordo com as metodologias do algoritmo utilizado
(BIOCLIM), em função das mudanças climáticas globais previstas pelo GCMs:
 Espaço geográfico que é provável a ocorrência das espécies, ou seja
previsão do nicho fundamental;
 possíveis destruições dos nichos fundamentais, onde as espécies ocorrem
actualmente;
 e determinar em quais municípios da província da Huíla a adequabilidade
ambiental para a ocorrência das espécies irá aumentar ou diminuir em
relação a actual.

Fonte: Criado no Software DivaGis 7.1.7.2


Figura 9 - Modelo de distribuição espacial das espécies da família Coracidae, com dados
climáticos desde aproximadamente 1950 até 2000, gerado pelo algoritimo BIOCLIM.

64
Fonte: Criado no Software DivaGis7.1.7.2
Figura 10 - Modelo de distribuição espacial preditivo das espécies da família Coracidae, com
dados climáticos aproximadamente até 2050, gerado pelo algoritmo BIOCLIM.

3.9 Envelopes bioclimáticos

Os envelopes bioclimáticos predizem locais com condições climáticas favoráveis


a uma espécie, baseados no cálculo de um envelope rectilíneo mínimo no espaço
climático multidimensional. Sendo assim, foram produzidos dois envelopes um
descrevendo as condições ambientais favoráveis para a ocorrência das espécies
da família Coracidae, utilizando dados climáticos desde 1950 até ≈ 2000
(Figura11 e outro que descreve as condições ambientais favoráveis em cenários
futuros até ≈ 2050 (Figura 12);
Para a produção dos envelopes foram manipuladas as seguintes variáveis
climáticas: Temperatura média anual e precipitação média anual.

65
Figura 11- Representação do nicho ecológico modelado pelo algoritmo Bioclim com dados actuais.
Fonte: criado no Software DivaGis 7.1.7.2

Figura 12- Representação do nicho ecológico modelado pelo algoritmo Bioclim com dados futuros.
Fonte: criado no Software DivaGis 7.1.7.2
66
A representação do nicho ecológico modelado pelo algoritmo Bioclim (Figura11 –
dados actuais e Figura 12 – dados futurísticos) traduz o espaço ambiental que
está representado por duas dimensões: eixo X (anual temperature) e eixo Y
(annual precipitation); O retângulo preto representa a amplitude total do envelope
bioclimático retilíneo (engloba todos pontos de ocorrências). O retângulo azul
representa a amplitude total (engloba as condições climáticas favoráveis) e os
pontos coloridos a vermelho indicam a ocorrência das espécies, os pontos verdes
indicam também a ocorrência das espécies, mas em locais com potenciais
condições climáticas favoráveis em toda a área geográfica de interesse. Os
pontos vermelhos fora do retângulo azul representam os registos fora das
condições climáticas favoráveis para a ocorrência das espécies.

Para figura 11, foram observadas 33 registos, com 29 dentro dos limites
climáticos favoráveis, fazendo um percentual de 87,9 e 23 registos fora dos limites
climáticos favoráveis, constituindo 69,7%.
Para figura 12, foram observadas 33 registos, com 29 dentro dos limites
climáticos favoráveis, fazendo um percentual de 87,9 e 22 registos fora dos limites
climáticos favoráveis, constituindo 66,7%.

3.10. Validação dos modelos

Os modelos obtidos nas projecções de ocorrência potencial para o trabalho em


causa foram avaliados com base nos valores da curva característica da operação
(ROC), que avalia o desempenho do modelo através de um único valor que
representa a área sob a curva (Area Under Curve - AUC), os valores seguiram a
classificação indicada por (Hernandez – Sampieri, Fernandez – Colado & Baptista
– Lucio 2010); Leon & Montero 1993), defendem que o coeficiente de
confiabilidade não deve ser inferior a 0.80 ou 80%. Hernandez & Nieto (2011),
citado por (Ribeiro & Diniz-Filho 2012), estabeleceram o seguinte critério para
interpretar o índice Kappa:
 0.76≤Kappa ≤ 1Excelente;
 0.40≤Kappa ≤0.75 Satisfatório
 - 1 ≤Kappa ≤0.39 Insatisfatório.
67
3.11 Valores da Curva característica da operação (ROC)

Figura 13 – Valor de AUC com dados presentes. Fonte: criado no Software DivaGis
7.1.7.2

Figura 14- Valor de Kappa com dados presentes. Fonte: criado no Software DivaGis 7.1.7.2

68
Figura 15 – Valor de roc com dados futuros. Fonte: criado no Software DivaGis.

Figura 16– Valor de Kappa com dados futuros. Fonte: criado no Software DivaGis 7.1.7.2

69
3.12 Resultados e Discussão

Dentre as espécies estudadas da família Coracidae, a espécie Coracias Spatulata


é a que possui mais registos na província da Huíla com trinta e dois (tabela 3),
sendo a espécie Eurystomus Glacurus com menor número de registos (tabela 4),
apenas com treze.
O modelo gerado para o cenário actual (1950-2000) representa excelente
adequabilidade ambiental para a ocorrência das espécies na parte Norte e Sul
dos municípios de Chicomba e Caluquembe respectivamente, em quase toda
extensão centro e Norte do município do Lubango. Por outro lado representa
baixa adequabilidade ambiental nos municípios de Quilengues, Chibia, Matala,
Jamba e Kuvango.
O Modelo gerado para o cenário futuro (2000-2050) prediz uma diminuição na
adequabilidade ambiental para a ocorrência das espécies nos municípios da
Jamba, Chipindo e Norte de Caconda; o modelo prevê ainda o aumento da
adequabilidade ambiental na parte Sul dos municípios de Chibia e Gambos e na
parte Este de Kaluquembe.
É válido ressaltar que os dados das espécies foram extraídos do Museu de
Ornitologia e Mamologia do ISCED-Huíla, que possui uma das colecções
ornitológicas mais importantes do continente africano.

Podemos afirmar que o modelo gerado com dados presentes, permitiu


representar satisfatoriamente a distribuição da família em análise na província da
Huíla, o que pode ser comprovado pelo valor do Kappa=0.66. Podemos afirmar
também que o modelo gerado com dados futuros é satisfatório, o que pode ser
comprovado pelo valor do kappa = 0.73.

70
CONCLUSÕES E SUGESTÕES

71
Conclusões

Com base no trabalho realizado durante a revisão de literatura, durante a


construção da base de dados geográfica, para aplicação de um modelo
bioclimático para modelar a distribuição actual e futura das espécies da família
Coracidae na província da Huila pode-se concluir os seguintes aspectos:
Confirmar que as variáveis climáticas utilizadas, são indicadores da ocorrência
das espécies, como apresentam os valores das estatísticas do kappa.
Determinar os espaços geográficos na província da Huíla com adequabilidade
ambiental para ocorrência das espécies da família Coracidae ordem dos
Coraciformes.
Demonstrar que os modelos baseados em nicho ecológico são bons indicadores
na definição de espaços geográficos potenciais para preservar e conservar as
espécies na área de estudo.
Mostrar que é viável gerar modelos preditivos de distribuição de espécies com
dados existentes em Museus e/ou herbários.
Auxiliar na solução dos problemas oriundos das alterações climáticas, referente a
destruição dos ecossistemas onde ocorre as espécies.

Criar aberturas às novas tendências de investigações básicas no campo da


modelação e distribuição espacial de espécies.

72
Sugestões

 Usar os mapas resultantes da modelação em actividades para preservar e


conservar as áreas na província da Huíla com maior representatividade em
espécies da família Coracidae e não só.
Segundo (Dins-Filho, 2009) quanto mais cedo o tema ambiente for abordado nas
escolas, melhor será. Em sua opinião a escola deve ser usada em todos os níveis
para tentar reverter ou minimizar os seus impactos.
No entanto, no presente trabalho e no que se expõe no seu objecto de estudo
sugere-se a criação de áreas para a preservação e conservação de espécies.
 Divulgar a informação existente no Museu de Ornitologia Mamologia do
Lubango.
Essa informação pode servir de base para realizar-se mais trabalhos com outras
espécies partindo da distribuição espacial e modelação das espécies da família
Coracidae da ordem dos Coraciformes analisadas neste trabalho.
 Definir áreas prioritárias para proteger e conservar as espécies da família
Coracidae da ordem dos Coraciformes na província
Segundo Soraia Silva de Melo, (2007) para garantir a qualidade de vida para a
nossa e para as futuras gerações, precisamos mudar valores e atitudes
individuais e colectivas, a começar por viver com o planeta em mente.
Acreditamos que um pensamento crítico mais responsável e solidário, por ser
comprometido com o colectivo, e voltado para a simplicidade, por ser menos
individualista, consumista e competitivo, pode nos levar a uma postura que
permita um presente e um futuro sustentáveis.
 Realização de práticas de campo em ornitologia nas áreas onde os
modelos predizem maior adequabilidade para o desenvolvimento das
espécies.
Tanto os trabalhos de modelação para espécies de ampla distribuição, como para
espécies raras, endémicas e/ou ameaçadas indicam que os resultados podem
direccionar os trabalhos de campo às regiões pouco exploradas e mesmo
desconhecidas, evitando colectas em áreas bem amostradas ou com baixo
potencial de ocorrência da espécie, racionalizando assim o tempo e os recursos
financeiros (Kamino, 2009), citado por (Magalhães, 2013).

73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Universidade
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www.google.com/?gws_rd=ssl#q=meio+ambiente+nas+escolas.

75
Anexos

76
Anexo 1 – Coracias caudatas

Família: Coracidae Ordem: Coraciforme Espécie: Coracias Caudata (EN. Lilac-breasted Roller;
PT. Roleiro-de-peito-lilás). Local: Museu de Ornitologia do ISCED/Huíla. Armário/Gaveta: O4. Nº
etiqueta: 23517

77
Anexo 2 – Coracias Spatulata

Família: Coracidae Ordem: Coraciforme Espécie: Coracias Spatulata (EN. Racket-tailed Roller;
PT. Roleiro-cauda-de-raquete). Local: Museu de Ornitologia do ISCED/Huíla. Armário/Gaveta: O5. Nº
etiqueta: 24660

78
Anexo 3 – Eurystomus Glaucurus

Família: Coracidae Ordem: Coraciforme Espécie: Eurystomus glaucurus suahelicus (EN. Broad-
billed Roller; PT. Rolieiro de bico amarelo). Local: Museu de Ornitologia do ISCED/Huíla.
Armário/Gaveta: O7. Nº etiqueta: 25506

79

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