Os lagartos e serpentes fazem parte da ordem Squamata, essa ordem é
a mais diversa em espécies e são encontrados em vários locais pelo mundo. Possuem diferentes formatos e tamanhos corporais, podem ser terrestres, arborícolas e muitas serpentes são semiaquáticas. Algumas espécies do grupo das serpentes podem ser totalmente aquáticas ou totalmente subterrâneas (VITT, CALDWELL, 2009).
A dentição é uma característica que serve para identificar o tipo de
alimentação das serpentes e se são venenosas. Existem quatro tipos de dentições, áglifas, opistóglifas, proteróglifas e solenóglifas. As áglifas são caracterizadas pelos dentes de mesmo tamanho e não possuem veneno, na opistóglifa possui um par de presas mais longos atrás dos outros dentes, no fundo da boca e contém veneno. As proteróglifas, nas espécies brasileiras, ocorrem apenas nas corais verdadeiras, sua principal característica são as presas na frente da boca, fixas e com veneno. As solenóglifas possuem um par de dentes grandes e móveis na parte superior da boca (SANTOS, 1995).
No Brasil, ocorre cerca de 366 espécies e 10 famílias de serpentes. As
famílias são Anomalepididae, Leptotyphlopidae, Typhlopidae, Aniliidae, Tropidophiidae, Boidae, Colubridae, Dipsadidae, Elapidae e Viperidae. As únicas famílias que são consideradas peçonhentas, corresponde à Elapidae e Viperidae.
Dentre as famílias encontradas no Brasil as principais são Elapidae,
Colubridae e Viperidae (BERNARDE, 2011). A família Elapidae é caracterizada por possuir olhos pequenos, escamas lisas e anéis coloridos pelo corpo, são ovíparas, se alimentam de alguns vertebrados, dentição Proteróglifa e são conhecidas como corais verdadeiras. Algumas cobras que não são venenosas podem possuir anéis semelhantes aos das Elapidae, essas serpentes são chamadas de corais falsas, e utilizam essa coloração para confundir predadores. A característica que pode diferenciar as corais verdadeiras das falsas com precisão é o tipo de dentição, as corais verdadeiras apresentam dentição Proteróglifa e as corais falsas dentição Áglifa (SANTOS, 1995). Colubridae é a família que possui mais número de espécies e gêneros. Em geral essa família é considerada como não-peçonhenta, mas algumas espécies da família Colubridae possuem veneno ativo no ser humano, como exemplo as serpentes do gênero Philodryas sp. possui dentição Áglifa, mas algumas podem ser opistóglifas (SANTOS, 1995; SANTOS, 2004).
Viperidae possui dentição Solenóglifa, portanto é venenosa. Possui
fosseta loreal que pode ser utilizada para identificar essa família, já que apenas ela apresenta essa característica. A fosseta loreal é um termorreceptor, utilizado para capturar presas, toda serpente que apresenta a fosseta loreal é venenosa, mas nem toda serpente venenosa possui fosseta loreal (SANTOS, 1995).
OBJETIVOS
Identificação das famílias de Serpentes.
DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES
No Laboratório de Invertebrados da UFRPE – UAST foi distribuído entre
os alunos exemplares da ordem Squamata, conhecidos popularmente como cobras ou serpentes, para que fosse feita a identificação a nível de família, através de chave de identificação.
RESULTADOS
Foi possível identificar as 4 famílias, sendo 2 indivíduos da família
Colubridae, 1 Viperidae, 1 Elapidae e 1 Boidae.
Primeiro indivíduo Colubridae:
1. Escamas ventrais diferenciadas em placas, pelo menos duas vezes mais
largas que as escamas dorsais (ou se indiferenciadas, então a cauda em forma de remo); cauda mais delgada que a cabeça............................Alenthinophidia...4 5. Sem occipital mediana grande aprofundada entre as parietais e contatando a frontal; premaxilar sem dentes...........................................................................6
7. Cauda não-preênsil; vestígios de cintura pélvica completamente ausentes;
subcaudais geralmente divididas (ou se todas inteiras então com a rostral modificada)........................................................................................................10
10. Dentição aglifodonte ou opstoglifodonte, maxilar alongado portando pelo
menos alguns dentes sólidos anteriores; coloração variada (se padrão-coral, então geralmente com loreal e/ou diâmetro do olho maior que sua distância da boca)...................................................................................................Colubridae
Indivíduo Viperidae:
1. Escamas ventrais diferenciadas em placas, pelo menos duas vezes mais
largas que as escamas dorsais (ou se indiferenciadas, então a cauda em forma de remo); cauda mais delgada que a cabeça............................Alenthinophidia...4
4. Impossível identificar pois o caractere é o olho.
5. Sem occipital mediana grande aprofundada entre as parietais e contatando
a frontal; premaxilar sem dentes.............................................................................6
ausente; dentição não solenoglifodonte............................Viperidae (Crotalinae)
Indivíduo Elapidae:
1. Escamas ventrais diferenciadas em placas, pelo menos duas vezes mais
largas que as escamas dorsais (ou se indiferenciadas, então a cauda em forma de remo); cauda mais delgada que a cabeça............................Alenthinophidia...4
4. Impossível identificar pois o caractere é o olho.
5. Sem occipital mediana grande aprofundada entre as parietais e contatando
a frontal; premaxilar sem dentes.............................................................................6
7. Cauda não preênsil; vestígios de cintura pélvica completamente ausentes;
subcaudais geralmente divididas (ou se todas inteiras então com a rostral modificada)........................................................................................................10
geralmente padrão-coral (eventualmente apenas preta com anéis brancos ou manchas vermelhas ventrais) ou então com a cauda achatada (em forma de remo); [sulco espermático centrípeto]......................................................Elapidae
Indivíduo Boidae:
1. Escamas ventrais diferenciadas em placas, pelo menos duas vezes mais
largas que as escamas dorsais (ou se indiferenciadas, então a cauda em forma de remo); cauda mais delgada que a cabeça............................Alenthinophidia...4
7. Cauda preênsil e/ou com vestígios de cintura pélvica, esporões látero-
cloacais presentes (desenvolvidos principalmente em machos); subcaudais inteiras........8
8. Dorso da cabeça coberto por numerosas escamas pequenas, ou se por
placas simétricas, então fileiras dorsais 30-95 e comprimento total maior que 45cm (eventualmente 35-45cm em filhotes com cicatriz umbilical).............Boidae CONCLUSÃO
Esta aula prática colaborou para o aprendizado sobre as características
morfológicas das principais famílias de serpentes encontradas no Brasil, as principais diferenças entre elas e na identificação das mesmas. Também foi de suma importância para adquirir mais experiência no manuseio dos materiais de laboratório e nas técnicas de fixação de serpentes.
REFERÊNCIAS
BERNARDE, P. S. Mudanças na classificação de serpentes peçonhentas
brasileiras e suas implicações na literatura médica. Disponível em:< http://gmbahia.ufba.br >. Acessado em: 30 Set. 2023.
DOS- SANTOS, M. C., et al. Serpentes de Interesse Médico da Amazônia.n
VITT, L. J., CALDWELL, J. P. Herpetology: An Introductory Biology of
Amphibians and Reptiles, third ed., Elsevier, San Diego, 713 pp. 2009.
SANTOS, L. P. Estudo da ação neuromuscular de variadas concentrações de
peçonha da colubrídea opistóglifa Philodryas patagoniensis em preparações musculares de aves e mamíferos. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, 2004.