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AULA 6 – HERÁCLITO DE ÉFESO

 Assim como os filósofos de Mileto, Heráclito também pertence a região da


Jônia;
 Nasce por volta de 540 a.C. e vive por volta de setenta anos;
 Temos mais de cem fragmentos de sua obra;
 É conhecido por sua arrogância e a baixa opinião que possui acerca de
seus semelhantes: “Que entendimento ou inteligência possuem?
Depositam sua confiança em bardos populares e tomam a plebe por
mestre, sem saber que a maioria das pessoas é má e que uns poucos são
bons.” (HERÁCLITO, fr. 104);
 Método de compreensão e apreensão do Logos: a maioria de nós vive
adormecida, mas podemos escapar desse estado de adormecimento.
Mesmo que sejamos como bebês diante do divino, nós podemos crescer
em conhecimento. Podemos fazer isso através de duas etapas: 1)
investigando a nós mesmos e 2) investigando o mundo a nossa volta;

Sobre a divindade: “Um homem é tido por criança por uma divindade
como uma criança o é por um homem”. (fr. 79)

Sobre a investigação de si: “Pertence a todas as pessoas conhecer a si


mesmas e pensar retamente” (fr. 116), “Busquei a mim mesmo” (fr. 101)

Sobre a investigação do mundo ao nosso redor: “Os homens que são


amantes da sabedoria devem investigar muitas coisas, com efeito.” (fr. 35)

Sobre a dificuldade do ato de investigar: “A natureza ama ocultar” (fr.


123), “O senhor, cujo o oráculo está em Delfos, não fala, tampouco oculta,
antes dá um sinal”. (fr. 93), “Aqueles que buscam o ouro cavam muita
terra, mas pouco encontram” (fr. 22).
 Logos: é o princípio racional que governa o mundo e que todos os seres
humanos podem vir a compreender. Heráclito associa o Logos com o
Fogo;
 “Dada a enorme diversidade do mundo, se tudo ocorre por causa de um
único princípio, tal princípio deve funcionar ou ser revelado nas mais
variadas formas.” (MCKIRAHAN, 2013, p. 226)
 A questão da unidade e da multiplicidade: o cosmos é um todo que é
constituído de partes (múltiplas). Essas partes, que são os seres
individuais, são inter-relacionadas e funcionam dentro de uma harmonia.
A harmonia, principalmente entre as coisas que possuem qualidades
opostas, garante que as coisas sejam geradas.
 A prova disso são as características opostas que um mesmo sujeito pode
possuir. Por exemplo: a mesma estrada que nos leva para São José de
Ribamar é a que nos afasta dela; ou, a mesma água do mar é mortal e
saudável, para um homem e para um peixe, respectivamente; ou ainda, a
lama é mais saudável que água pura para os porcos e menos para os
seres humanos. Isso só é possível se admitimos também a possibilidade
da mudança dos seres em relação ao tempo e ao espaço.
 O funcionamento do cosmos:
1) O cosmos é eterno: “O cosmos, um único para todos, nem deus, nem
homem o fez, mas sempre foi e deverá ser sempre: um fogo sempre
existente sendo aceso em medidas e sendo extinto em medidas” (fr.
30)
2) Constituintes materiais principais do cosmos: fogo, terra e água. “As
mudanças do fogo: primeiro, mar; e do mar, metade é terra e metade
tromba d’água chamejante (...)” (fr. 31) Eles, de maneira sistemática e
regular, transformam-se uns nos outros.
3) A mudança é aquilo que é mais estável no cosmos: “Mudando, está
em repouso” (fr. 84a) Se a mudança deixasse de existir, o cosmos não
sobreviveria.
4) A natureza ativa do universo é guerra e conflito (oposição e mudança),
tudo é parte do processo como um todo que rege o universo com
justiça. “É necessário saber que a guerra é comum, e que a justiça e
a discórdia, e que todas as coisas ocorrem segundo a discórdia e a
necessidade”. (fr. 80) “Pois o fogo avançará e julgará e condenará a
todas as coisas” (fr. 66).

“Não há nada que em si mesmo seja apenas uma coisa: nada que você
pudesse corretamente chamar de o que quer que seja, ou qualquer
espécie de coisa. Se você chamar uma coisa de grande, se revelará
pequena, e se você chamar de pesada, é suscetível de parecer leve, e
assim para todas as coisas, pois nada é alguma coisa ou alguma espécie
de coisa. O que é realmente verdadeiro é o seguinte: as coisas acerca
das quais nós naturalmente dizemos que “são” estão em processo de vir-
a-ser, como resultado do movimento e da mudança, misturando-se umas
às outras. Equivocamo-nos quando dizemos que elas “são”, antes, tudo
está vindo-a-ser”. (PLATÃO, Teeteto 152e)

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