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Liliana L. G.

Neila

Discurso sobre Origens e


Constituição Humana

Trabalho de Antropologia
em Conclusão Parcial do Curso
Médio da Faculdade Evangélica de
São Paulo – Extensão São
Bernardo do Campo, sob
orientação do professor Odilon.

São Bernardo do Campo


Março/2013
2

SUMÁRIO
1. Incansável Discussão sobre Origem do Universo ................................................ 3
1.1. Principais Teorias da Origem do Universo ....................................................... 3
1.2. A Evolução .................................................................................................... 5
1.3. Desvendando as Problemáticas da Evolução................................................... 7
1.3.1. O Criacionismo explica .................................................................................. 9
1.4. O Homem Evoluiu? ...................................................................................... 13
1.4.1. A Formação Divina....................................................................................... 15
1.5. Conclusão.................................................................................................... 17
2. A Complexidade Humana ................................................................................ 18
2.1. A Dicotomia ................................................................................................ 18
2.2. Tricotomia ................................................................................................... 20
2.3. Conclusão.................................................................................................... 22
3. Bibliografia ..................................................................................................... 22
Anexos .................................................................................................................. 22
3

“A ciência sem a religião é aleijada; a religião sem a ciência é cega.”


Albert Einstein

1. Incansável Discussão sobre Origem do


Universo
Há anos o homem vem pesquisando sobre o surgimento do Universo, das
espécies e do ser humano. Em meio a tantas teorias, e teorias das teorias, encontramos
ideias interessantes de pensadores que nos antecedem, no entanto, a maioria delas sem
fundamentos e com questões a serem respondidas, por isso não passam de teorias.
Porém, antes de confrontarmos essas ideias é necessário conhece-las, de um modo
singelo separamos as principais.

1.1. Principais Teorias da Origem do Universo

Existem algumas visões básicas que tentam explicar o surgimento do Universo,


apesar de tantas tecnologias que nos envolvem hoje, as respostas encontradas muitas
vezes, a maioria delas, ainda não sacia a curiosidade do homem em saber como todas as
coisas foram criadas e como surgiram. Mesmo pelo grande esforço tecnológico para
chegar a provas reais que cada idealizador lhe permite, não existe uma real possibilidade
de provar a maioria das teorias. No entanto, é importante conhecemos todas, ou parte de
todas, para discutirmos e chegar num senso comum, ou ao menos num pensamento
lógico e mais provável.
Teístas. Os grandes teístas se encontram em três religiões: Cristianismo,
Judaísmo e Islamismo. Acreditam que o Universo surgiu do nada, e que Deus o fez e
intervém em tudo o que criou. Porém, há divisões dentro dessas visões: Racionais,
Existenciais, Fenomenológicos, Analíticos, Impíricos, Idealistas e Pragmáticos. Apenas
se diferem na discussão de quem é Deus, já que acreditam que é o grande Criador.
Panteístas. Acreditam que uma parte de Deus ―se desprendeu‖ para formar todo
o Universo, ou seja, tudo é Deus, tudo está em Deus e tudo vem de Deus. ―Eles
sustentam que Deus e a natureza são a mesma coisa e que Deus está em tudo e que tudo
4

está em Deus‖ 1. Nessa teoria existem os ateístas que acreditam que a matéria
simplesmente existiu, e na verdade, a matéria é simples ilusão, e que até o espírito veio
da matéria, mesmo essa parecer existir, mas não existe.
Materialismo. Para eles tudo surgiu de algo, matéria, pré-existente. Surgida em
meados de 1948 pelo estudioso George Gamow, o universo surgiu depois de uma
grande explosão Cósmica que chamou de Big Bang há mais de 8 a 20 bilhões de anos
atrás. Mesmo antes de Gamow, Platão já acreditava que tudo surgiu de uma matéria, ou
de algo de Deus, portanto, tudo é eterno: Deus, Universo e Criações. Nesse mesmo
conceito o Parmênides acredita que tudo é um (monismo). ―É impossível diferir por
nada, já que diferir por nada (ou inexistência) é apenas outra maneira de dizer que não
há diferença nenhuma‖2.
...quando uma pessoa olha para si, o que parece ser (corpo) é
apenas uma manifestação ilusória do que realmente existe (alma). E
quando alguém olha para sua alma, descobre que a profundidade da
sua alma (Átmã) é realmente a profundidade do universo (Brahman).
Átmã (humanidade) é Brahman (Deus). Pensar que não somos Deus é
parte da ilusão ou sonho do qual devemos acordar. Mais cedo ou mais
tarde, devemos todos descobrir que tudo vem de Deus, e tudo é Deus.3

Epicurismo. Tudo envolve a lógica. Para eles tudo o que existe só existe porque
algo o fez existir, se não como seria tudo se não existisse nada? Os átomos são
indivisíveis e o Universo é infinito, sem princípio e igual ao vazio.
Gnósticos e Agnósticos. Os gnósticos acreditam na existência de Deus, porém
não existe ninguém que possa conduzir a humanidade a Ele. Tudo o que Deus criou é
simplesmente muito superior para o ser humano. Ao contrário dos gnósticos, os
agnósticos procuram negar a existência de Deus e o ser humano não pode conhecer a
realidade.
Mitologia Grega. O céu e a terra surgiram do nada, deram a luz a Cronos
(tempo) que expulsou e destituiu seu pai e queria tudo o poder para si, comeu seus
filhos e apenas Zeus, seu filho caçula foi salvo. Esse foi quem obrigou seu pai a
devolver seus irmãos e juntos o trancaram no inferno. Em meio a briga, um Titã,

1
SILVA, Severino Pedro da. O Homem – Sua Origem, Sua História. São Paulo, p. 10.
2
Ibidem, p. 11.
3
Ibidem, p.12.
5

Prometeu, criou os homens e a primeira mulher, Pandora, abriu uma caixa proibida que
soltasse todos os males, assim Zeus mandou um diluvio, mas o filho de prometeu e sua
mulher se salvaram para criar novamente a humanidade.

1.2. A Evolução
Muito se ouve e se discuti sobre a Teoria da Evolução, mas o que é Evolução?
Evolução é um processo que os seres viventes ao longo do tempo, bilhões e bilhões de
anos, se transformam dando origem a novas espécies.
A evolução tem suas bases fortemente corroboradas pelo
estudo comparativo dos organismos, sejam fósseis ou quaisquer outros
vestígios de vidas que foram deixados no passado. É considerado
fóssil qualquer indício da presença de organismo que viveram em
tempos remotos da Terra. (...) Por isso, os fósseis são considerados
importantes testemunhos da evolução.4

Existem dois grandes estudiosos que se destacam nessa teoria, o francês Jean-
Baptiste Lamarck (1744-1829) e o inglês Charles Darwin (1809-1882).
Segundo Lamarck, o principio evolutivo estaria baseado em
duas leis fundamentais, a saber: leis do uso e desuso – o uso de
determinadas partes do corpo do organismo faz com que estas se
desenvolvam, e o desuso faz com que se atrofiem. (...) afirma que,
ocorrida a mutação numa espécie animal ou vegetal, como resultado
do processo de adaptação, ela é transmissão dos caracteres adquiridos,
segundo a qual, alterações provocadas em determinadas características
do organismo, pelo uso e desuso, são transmitidas aos descendentes.5

Apesar do notável esforço e explicações, Lamarck não é aceito hoje pela


sociedade cientifica mundial, por causa das informações genéticas hereditárias que não
são alteradas nas células germinativas, ou seja, o processo de ―transmissão dos
caracteres adquiridos‖ é uma inverdade.
Já o naturalista inglês, Darwin, desenvolveu uma teoria que serve como base da
teoria sintética: a seleção natural.

4
Ibidem, p. 28.
5
Idem.
6

Segundo Darwin, os organismos mais bem adaptados ao meio


têm maiores chances de sobrevivência do que os menos adaptados,
deixando um número maior de descendentes. Os organismos mais
bem adaptados são, portanto, selecionados para aquele ambiente. (...)
Todo organismo tem grande capacidade de reprodução, produzindo
muitos descendentes. Entretanto, apenas alguns dos descendentes
chegam à idade adulta. O número de indivíduos de uma espécie é
mantido mais ou menos constante ao longo das gerações. Assim, há
grande ―luta‖ pela vida entre os descendentes, pois, apesar de
nascerem muitos indivíduos, poucos atinge a maturidade, o que
mantém constante o número de indivíduos na espécie. Na ―luta‖ pela
vida, organismos com variações favoráveis às condições do ambiente
onde vivem têm maiores chances de sobreviver, quando comparados
aos organismos com variações menos favoráveis. Os organismos com
essas variações vantajosas têm maiores chances de deixar descentes.
Assim, ao longo das gerações, a atuação da seleção natural sobre os
indivíduos mantém ou melhora o grau de adaptação deste ao meio. 6

Mesmo provocando grande polêmica, já que ele afirma que o homem foi
constituído de uma espécie de macaco, há na atualidade a teoria sintética da evolução,
uma teoria Neodarwiniana que em vez de seguir a teoria evolutiva sanguínea que
propõe Charles Darwin, utiliza-se dos genes, sem sair do princípio básico evolutivo.
Então, numa maneira resumida, toda a teoria evolutiva, mesmo em seus grupos
distintos, tem como base que as espécies originaram-se de um só organismo inferior,
evoluindo de anos em anos para uma superior até chegar ao homem.
O que constitui uma espécie? Uma classe de plantas ou
animais que tenha propriedades e características comuns e que possa
se propagar indefinidamente, sem mudar essas características,
constitui uma espécie. Uma espécie pode produzir uma variedade, isto
é, uma ou mais plantas ou animais isolados que possuem uma
peculiaridade acentuada, a qual não é comum à espécie em geral.7

6
Ibidem, p. 29.
7
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Ed. Vida, São Paulo, p. 103.
7

Concluindo, atualmente ainda se aprende nas escolas primárias sobre a Teoria da


Evolução de Darwin, mesmo que essa caiu por falta de provas definitivas ainda é a mais
aceita pela educação brasileira. Porém, devemos destacar que é apenas uma teoria e não
um fato comprovado cientificamente, ou seja, nada foi revelado extraordinariamente,
mesmo pelos neodarwinianas, que seja relevante para fatos históricos sobre a origem
evolutiva do universo e seres.

1.3. Desvendando as Problemáticas da Evolução

Ao nos depararmos com a Teoria da Evolução vemos uma grande problemática


que ainda hoje, século XXI, não foi solucionada: se há espécies diferentes no mundo,
cada espécie difere em seus grupos, cada grupo de grupos, se há estudos avançados da
genética das espécies, e grupos de espécies criadas em laboratórios, descartando a
possibilidade da existência de Deus, criando diferentes grupos de espécies de plantas,
por que não existe uma evolução natural das espécies ainda hoje?
Por que, analisando fosseis humanos, não há diferença alguma, mesmo atómicas,
dos humanos que somos hoje de humanos de, segundo a arqueologia moderna, dois a
três mil anos atrás, deveria existir pelos menos uma diferença nano-atómica para
explicar e garantir a perpetuação da Teoria da Evolução? O doutor Coppens afirma:
Embora os cientistas tenham trabalhado muitos anos
pesquisando a terra e os mares, examinando os restos de fósseis de um
sem-número de espécies de plantas e animais, e tenham aplicado todo
o gênio inventivo do homem para obter e perpetuar novas raças e
variedades, nunca conseguiram exibir uma prova decisiva de que a
transformação das espécies tenha ocorrido pelo menos uma vez. Os
animais de hoje são como os que se veem desenhados nas pirâmides
ou mumificados nos túmulos do Egito. São iguais àqueles que
deixaram sua forma fóssil nas rochas. Muitas espécies já foram
extintas, e outras foram encontradas das quais não se descobriu
nenhum espécime muito antigo. No entanto, não é possível provar que
qualquer espécie tenha evoluído de outra.8

8
Ibidem, in cita, p. 104.
8

No entanto, mesmo outros cientistas colocando em prova a teoria da evolução,


ela ainda é mais aceita pelos acadêmicos, mas por quê? Segundo a cientista Claudia
Aparecida Alves9, ―qualquer evolucionista que aceitar o planejamento da criação por
um ser superior poderá sentir-se frustrado, pois os mecanismos usados na produção da
vida estarão para sempre fora do seu alcance.‖
Ainda assim, é necessário reforçamos que nada há de credibilidade na teoria da
Evolução, mesmo que tenha causado grande impacto nos acadêmicos, e mesmo na
humanidade do século XIX. Não existe argumento lógico para acreditarmos nessa
teoria.
Nos estudos de semelhanças anatômicas entre as diferentes
espécies nada pode ser considerado conclusivo. Uma vez que para
usar esses argumentos como evidências da evolução seriam
necessários que a própria evolução fosse comprovada ou, do contrário,
é o mesmo que andar em círculos. (...) Ainda dentro do conjunto de
provas relacionadas à anatomia, os evolucionistas citam os chamados
órgãos vestigiais que, para eles, são heranças de antepassados
evolutivos. (...) Entretanto, atualmente são atribuídas funções para
esses dois órgãos, mas pouco se fala a esse respeito. O fato de não se
entender muito bem o papel de um órgão não faz dele um órgão
vestigial. Esse tipo de erro já foi observado antes na história da
ciência. Quando todos os órgãos endócrinos e linfáticos foram
considerados vestigiais. As provas bioquímicas estão relacionadas à
análise das proteínas presentes nos mais variados organismos. Duas
espécies são consideradas parentes próximos quanto maior for a
semelhança entre suas proteínas, isso porque uma proteína é um
polímero de aminoácidos e a sequência desses aminoácidos é
determinada pela leitura do gene que a codifica. Um gene é um
pedaço do DNA que possui a receita para que uma proteína seja feita
ou expressa. No DNA de uma espécie existem muitos genes. Dizer
que o conjunto de proteínas de dois organismos são semelhantes é o
mesmo que dizer que seus DNA são semelhantes e, na visão
evolucionista, isso é sinal de que houve um ancestral comum. O
problema dessa classe de argumentos está no fato de que espécies que
não deveriam mais apresentar semelhança protéica, devido à suposta

9
ALVES, Claudia Aparecida. A Criação X A Evolução. USP, São Paulo, p. 2.
9

distância evolutiva, as apresentam. Por exemplo, a hemoglobina da


lampreia, que é um peixe, é muito parecida com a humana. O mesmo
se observa em relação à clorofila de plantas e à nossa hemoglobina.10

Portanto, não há provas suficientes na ciência para a Teoria da Evolução, nem


mesmo no meio acadêmico, entre os próprios evolucionistas não existe uma prova que
seja real, ainda assim ficam andando em círculos em suas pesquisas, fazendo ―vista
grossa‖ para suas próprias problemáticas.

1.3.1. O Criacionismo explica


O Criacionismo acredita que existe uma criação especial, ou seja, o Universo
que conhecemos surgiu do nada e foi criado por um ser superior, Deus. Segundo a
Bíblia, tudo foi criado de acordo com a sua espécie (Gn 1:24).
Quando lemos que Deus fez cada criatura segundo a sua
espécie, não dizemos que Deus as fez incapazes de se desenvolverem
em variedades novas; queremos dizer que Ele criou cada espécie
distinta e separada e colocou uma barreira entre elas, de maneira que,
por exemplo, um cavalo não se deveria desenvolver de maneira que se
transformasse em animal que não seja cavalo.(...) sabe-se que os
cavalos e os jumentos são de diferentes espécies, e, embora do
cruzamento da égua com o jumento resulte a mula, esta não tem a
capacidade de gerar outra mula, ou seja, a espécie mula. Este fato
constitui argumento contra a teoria da evolução, pois mostra
claramente que Deus colocou uma barreira entre as espécies para que
uma espécie não se transforme em outra.11

Seguindo a razão argumentativa de princípio cosmológico, ―todo efeito deve ter


uma causa satisfatória‖12, assim todo o Universo criado deve ter uma causa primária,
um Criador: Deus, ‫שית‬
ִׁ ‫( ֵספֶר ב ְֵּרא‬No princípio, Gn 1:1 – Ex Nihilo, criar do nada).
(...) Deus criou o mundo ex nihilo, ou seja, ―do nada‖. Antes
da criação só existia Deus. As palavras ―no princípio‖ levantam a

10
Ibidem, p. 7.
11
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Ed. Vida, São Paulo, p. 103.
12
Ibidem, p. 43.
10

pergunta, ―no principio de quê?‖ A implicação é no princípio de todas


as coisas no universo. Hoje as descobertas da ciência apoiam a ideia
de Agostinho de que o princípio incluiu a criação do tempo e do
espaço. O primeiro versículo não dá indicação da pré-existência de
matéria que Deus tenha utilizado na criação. Somente depois da
criação inicial, Deus começou a utilizar a matéria para fazer outras
coisas. A palavra criar é normalmente uma expressão da atividade
criativa de Deus. O significado natural da palavra em Gênesis 1.1 é
criação sem matéria prévia. Vários outros versículos sugerem
fortemente a noção da criação ex nihilo.13

Uma sábia e planejada criação, os detalhes propositalmente narrados a fim de


desfazer qualquer invento humano, ou seja, tudo foi narrado especificamente para
mostrar ao homem que Deus é Criador de todas as coisas.
Segundo o contexto do livro, Gênesis 1 e 2 têm o propósito de
destacar as diferenças entre o Deus verdadeiro e os deuses falsos das
nações pagãs ao redor de Israel. Qualquer pagão daquela época, se
tivesse lido este livro, teria ficado chocado porque constitui um ataque
frontal contra os seus deuses. Enquanto os egípcios e babilônios
tinham deuses dos céus, da terra, do sol, etc. Gênesis afirma que o
Deus de Israel reina sobre todas essas coisas. Em vez de exaltar a lua,
o sol e as estrelas por meio de uma deturpação da revelação geral, o
povo de Israel foi instruído a louvar Aquele que criou os corpos
celestiais.14

George W. Grey declara:


O universo, como o imaginamos, é um sistema de milhares e
milhões de galáxias. Cada uma delas se compõe de milhares e milhões
de estrelas. Perto da circunferência de uma dessas galáxias — a Via
Láctea — existe uma estrela de tamanho médio e temperatura
moderada, já amarelada pela velhice — que é o nosso Sol. (...) O Sol
está girando numa orbita vertiginosa em direção à circunferência da

13
MYAT, Alan & FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática, Faculdade Batista de São Paulo,
Seminário Batista do Sul do Brasil, RJ, p. 108.
14
Ibidem, p. 109.
11

Via Láctea a 19.300 metros por segundo, levando consigo a Terra e


todos os planetas, e ao mesmo tempo todo o sistema solar está girando
num gigantesco circuito à velocidade incrível de 321 quilômetros por
segundo, enquanto a própria galáxia gira, qual colossal roda gigante
estelar. Fotografando-se algumas seções dos céus, é possível fazer a
contagem das estrelas.
No observatório de Harvard College eu vi uma fotografia que
inclui as imagens de mais de 200 Vias Lácteas — todas
registradas numa chapa fotográfica de 35 x 42cm. Calcula-se que o
número de galáxias de que se compõe o universo é da ordem de 500
milhões de milhões.15

Assim, todo o Universo não poderia ter surgido apenas de uma simples matéria,
uma explosão cósmica ou mesmo por acaso, mas sim de um ser dotado de inteligência e
sabedoria suficientes para explicar sua obra e a mantê-la em funcionamento, criado do
nada – só Deus poderia fazer tal coisa (Hb 11:3). Uma obra planejada em seus mínimos
detalhes, não como uma evolução, mas uma criação, a melhor obra criada, perfeita em
todas as suas funções.
A narrativa bíblica de Gênesis nos capítulos um a três nos dá
conta de que Deus é o Criador de todas as coisas. Aí se percebe que
tudo que Ele fez é bom e perfeito (cf Gn 1:1; 12; 18; 21; 25; 31). Deus
mesmo proclamou todas as obras de suas mãos, quando completadas,
como sendo tudo muito bom (Gn 1:31), com o propósito de que Ele
manifestasse a sua própria glória. Nossa confissão expressa
claramente que ―o fim principal de Deus, em seu eterno propósito, e
em sua execução temporal na criação providencia, é a manifestação de
Sua própria glória‖. Portanto, o propósito era manifestar Sua glória às
suas criaturas, a fim de receber delas a honra e a glória devida a Si e
seu propósito era levar suas criaturas a participarem de sua glória e
conhecerem o seu amor por elas. Nas palavras de Karl Barth, a criação
não é produzida e não subsiste por sua própria conta. A criação é a
instituição, desejada e posta livremente por Deus, de uma realidade
diferente dele mesmo. Mas Deus quer a criatura e a fez, não por
capricho, nem por necessidade, mas porque a tem amado desde a

15
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Ed. Vida, São Paulo, in cita, p. 43.
12

eternidade e intenta mostrar seu amor nela e longe de limitar sua


glória pela existência desse ser diferente dele Ele mesmo quer revelar
sua glória e ligando-se ao ser criado (...) amor quer fazer algo de seu
objeto, quer agir em seu favor. Deus ama a sua criatura. 16

A teoria que houve uma grande explosão cósmica no início de todo o Universo,
o Big Bang ou a Grande Explosão, uma explosão que surgiu do nada e se expandiu
criando assim um átomo que fez surgir o Universo todo tal como conhecemos parece-
nos um tanto discórdias (mesmo assim utilizam-se dessa lógica para explicar), mesmo
com astrônomos e cientista do século XX anunciar que fatos até então desconhecidos no
Universo, como um raio de luz, uma radiação cósmica avermelhada ou um som
insistente que está no espaço seja vestígios que existiu uma grande explosão no início
dos Cosmos, é difícil juntar-nos a evolução de uma explosão com o surgimento de todo
o Universo, ainda assim parece que é a explicação mais plausível que os cientistas
modernos nos dão.
Se o Universo teve um início, então teve uma causa. Na forma
lógica, o argumento apresenta-se da seguinte maneira:
1. Tudo o que teve um começo teve uma causa.
2. O Universo teve um começo.
3. Portanto, o Universo teve uma causa.
(...) para que um argumento seja verdadeiro, ele precisa ser
logicamente válido, e suas premissas precisam ser verdadeiras. 17

Porém, questionando os seguintes argumentos: primeiro, se o espaço está sempre


em expansão, não para nada, mas para algo, já que algo existe e foram criados, esses
vestígios não seriam da expansão contínua? Segundo, a radiação cósmica não seria uma
proteção relevante no Universo, já que todos os planetas, galáxias, e sistemas estão em
perfeita harmonia, foram milimetricamente colocados em órbitas constantes e um fio de

16
MYAT, Alan & FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática, Faculdade Batista de São Paulo,
Seminário Batista do Sul do Brasil, RJ, In Cita, p. 111.
17
GEISLER, Norman & TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. Ed. Vida
Acadêmica, São Paulo, p.53. Ambos os autores são teístas e acreditam na teoria no Big Bang, no entanto,
não descarto a maneira de analisarem a ciência junto com a religião, já que tentam comprovar suas
verdades, por outro lado, não aceito muitos de seus argumentos, já que não utilizam a Bíblia para
testificar suas crenças.
13

diferença se chocaria? Terceiro, aprendemos que o som não se propaga no espaço, como
que ouviram a explosão de bilhões de anos luz atrás?
No entanto, sabemos que é primário falarmos de algo tão primórdio como a
descobertas do século XX, ou mesmo responder perguntas tão imaturas aos
pensamentos científicos. Mas, acreditamos ainda que a criação do Universo não teve
uma grande explosão, já que isso nos leva a pensar que mesmo tendo surgido do nada,
foi feita de maneira esdruxula e não com a perfeição que realmente foi criada. Declarar
a existência do Big Bang é como dizer que o Universo surgiu do acaso. Pearlman diz o
seguinte:
Suponhamos que o livro ―O Peregrino‖ fosse descrito da
seguinte maneira: o autor tomou um vagão de tipos de imprensa e com
pá os atirou ao ar. Ao caírem no chão, natural e gradualmente se
ajuntaram de maneira a formar a famosa história de Bunyan.18

O mesmo seria se Deus tivesse proporcionado uma explosão cósmica para


criação do Universo. Ainda Geisler e Turek, apontaram para uma possível inexistência
do mesmo, ou seja, tudo gira em torno de uma teoria, mesmo essa tendo grande
possibilidade de passar a ser um fato justificado.
O que estamos dizendo aqui é que o Universo teve um início,
quer tenha existido um Big Bang quer não, ou seja, o argumento
cosmológico é verdadeiro porque ambas as suas premissas são
verdadeiras: tudo o que passa a existir tem uma causa, e o Universo
veio a existir. Portanto, o Universo teve um início, e ele deve ter tido
um Iniciador.19

De fato, isso é incontestável. O que não podemos nos esquecer de o Iniciador é


Deus, e o Deus Criador é inteligente e sábio.

1.4. O Homem Evoluiu?

18
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Ed. Vida, São Paulo, p. 45.
19
GEISLER, Norman & TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. Ed. Vida
Acadêmica, São Paulo, p. 67.
14

Como vimos anteriormente, o evolucionistas acreditam que o homem veio de


um animal inferior. Vejamos:
Os Evolucionistas imaginaram um tipo de criatura por meio
da qual o macaco passou para o estágio humano. Esse é o tal ―elo
perdido‖, que os cientistas denominaram de Pithecanthropus erectus
ou Homo erectus. Onde está a evidência? Há anos, alguns ossos – dois
dentes, um fêmur e uma parte de um crânio – foram descobertos na
ilha de Java. Com um pouco de gesso, reconstruíram o que dizem ser
o elo perdido que une os homens com a criação inferior! Outros ―elos‖
também se fabricaram da mesma maneira. Mas o doutor Eheridge,
pesquisador do Museu Britânico, afirmou: ―Em todo este grande
museu, não há uma partícula de evidência da transmutação das
espécies. Este museu está cheio de provas da falsidade dessas
ideias‖.20

Ainda, como na criação do Universo, os evolucionistas não conseguem se quer


um gene para justificar e fortificar sua teoria. Segundo Nathan G. Moore, um advogado
que investigou a teoria da Evolução, queria evidências que a teoria fosse possível e que
o homem fosse produto evolutivo, concluiu o seguinte:
A teoria da evolução não explica nem ajuda a explicar a
origem do homem; tampouco apresenta provas de que o homem
tivesse evoluído de uma forma inferior, nem mesmo fisicamente. Essa
teoria nem sequer sugere um método pelo qual o homem tenha
adquirido essas qualidades mais elevadas que o distinguem das outras
formas de vida.21

Ou seja, não existem provas latentes (ou essas se perderam, como propõe alguns
cientistas) para afirmar que o homem veio do macaco. Mesmo exigindo que aceitemos a
proposta da Evolução, é difícil imaginarmos que um ser primitivo tivesse evoluído para
um ser complexo como o homem.
Os evolucionistas procuram unir o homem ao irracional, mas
Jesus Cristo veio ao mundo para unir o homem a Deus. Ele tomou

20
Ibidem, p. 105
21
Ibidem, pp.105-106.
15

sobre si a nossa natureza para poder glorificá-la no seu destino


celestial.
―Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome‖ (João 1:12).
Aqueles que participam de sua vida Divina chegam a ser membros de
uma nova e mais elevada raça — sim, filhos de Deus! Porém, essa
nova raça surgiu (o ―homem novo‖ Ef 2:15), não porque a natureza
humana evoluísse até à Divina, mas porque a Divina penetrou na
natureza humana. E àqueles que são ―participantes da natureza divina‖
(2 Pe 1:4), João, o apóstolo, diz: ―Amados,agora somos filhos de
Deus‖ (1 João 3:2).22

A nova raça, não apenas num âmbito espiritual, como muitos sugerem, mas
total, uma mutação mística e milagrosa, o aperfeiçoamento, ou seja, a restauração
original do homem (caráter moral).

1.4.1. A Formação Divina


Contrapondo totalmente a teoria da Evolução, o livro de Genesis nos mostra que
tudo foi criado por Deus Supremo e Sábio, tudo planejado e feito conforme a Sua
vontade, conforme o seu tempo e ordem. Porém, de todos os seres projetados e criados,
o homem foi o maior ser planejado (Gn 1:26, 27), Adão, o primeiro homem, formado do
pó da terra, não criado, mas formado.
'adam: ―homem, varão, gênero humano, pessoas, alguém
(indefinido), Adão (o primeiro homem)‖. Este substantivo aparece no
ugarítico, fenício e púnico. Uma palavra com os mesmos radicais
ocorre no antigo árabe do sul com o significado de ―servo, escravo‖.
No árabe recente, os mesmos radicais querem dizer não só ―gênero
humano‖, mas ―toda a criação‖. O acadiando admu significa
―criança‖.
A palavra hebraica ocorre por cerca de 562 vezes e em todos
os períodos do hebraico bíblico. Este substantivo esta relacionado com
o verbo 'adam, ―avermelhar-se‖, e provavelmente concerne com a
vermelhidão original da pele humana. O substantivo conota ―homem‖
como a criatura criada a imagem de Deus, a coroa de toda a Criação.

22
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Ed. Vida, São Paulo, p. 106.
16

Em sua primeira ocorrência, 'adam e usado para aludir ao gênero


humano ou ao homem em geral: ―E disse Deus: Facamos o homem a
nossa imagem, conforme a nossa semelhança‖ (Gn 1.26). Em Gn 2.7,
a palavra se refere ao primeiro ―homem‖, Adão: ―E formou o
SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o
folego da vida; e o homem foi feito alma vivente‖.23

Deus Grandíssimo criou (bara‘, heb.) todo o Universo, mas quanto ao homem,
formou (yasar, heb.), um caso especial, não mais o haja, não mais com o poder de sua
Palavra (seu Verbo, Jo 1:1), agora, com suas mãos formou (Sl 139:14) e deu-lhe vida
com seu sopro (Gn 2:7).
Mas, qual o propósito de ter formado o homem? A resposta está em Efésios 1:12
―com o fim de sermos para o louvor da sua glória, nós, os que antes havíamos esperado
em Cristo‖ (Is 13:7, I Co 10:31), planejado para louvar e glorificar ao Senhor.
Para glorificar a Deus e alegrar-se nela, as Escrituras nos
dizem que ele se deleita em nós. Lemos: "como um noivo se alegra da
noiva, assim será o teu Deus regozijo sobre você" (Is 62:5). E
Sofonias profetiza que "o Senhor se agrada de ti com alegria, ele vai
acalmar você com seu amor, ele se deleitará em ti com júbilo nas
férias" (Sofonias 3:17-18).
Este conceito da doutrina da criação do homem são os
resultados muito práticos. Quando percebemos que Deus nos criou
para glorificá-Lo, e quando começamos a agir de forma a servir a esse
propósito, começamos a experimentar uma intensidade de alegria no
Senhor, que nunca conheceram. Quando acrescentamos o conceito de
que Deus se deleita em nossa comunhão com ele, a nossa alegria se
torna "alegria indizível e gloriosa" (1 Pedro 1:8).24

Assim, diferentemente dos animais e plantas, o homem foi criado conforme um


tipo divino: ―a nossa imagem e semelhança‖ (Gn 1:26).

23
VINE, W.E. & UNGER, Merril F., JR WHITE, William. Dicionário VINE – O Significado
Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e Novo Testamento. Ed. CPAD, Rio de Janeiro, 2002, p.
140.
24
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática- Atual e Exaustiva, Ed. Vida Nova, Miami, 2009 p.
675.
17

Quando Deus diz: "Façamos o homem à nossa imagem,


conforme a nossa semelhança" (Gn 1:26), o significado é que Deus
planejou fazer uma criatura como ele. A palavra hebraica traduzida
"imagem" (tselem) e a palavra hebraica traduzida como "semelhança"
(demut) se referir a algo que é semelhante, mas não idêntico ao que é
ou o que é uma "imagem". A palavra imagem pode também ser
utilizado para denotar algo que representa uma outra coisa.

Mesmo com tantas discussões e debates sobre as palavras tselem e d’mut, nada
mais são do que sinonímias, ou seja, como sinônimos representantes. Quando dizemos
que o homem foi feito imagem e semelhança de Deus, podemos afirmar no sentido de
capacidade intelectual, pureza moral, natureza espiritual, domínio sobre a terra,
criatividade, habilidade para tomar decisões éticas e imortalidade.

1.5. Conclusão

Apesar dos sérios argumentos e das constantes descobertas da ciência, seja num
plano micro ou no plano macro do Universo, a cada estudo fica difícil negar a existência
de Deus Criador. Também, com o passar dos tempos, fica cada vez mais difícil para a
ciência ter como base teorias arcaicas que andam em circulo, difícil para os adeptos a
tais teorias não admitirem na existência de um ser supremo que cuida de todas as coisas,
sejam elas grandes ou pequenas, conhecidas ou desconhecidas, sejam elas ontem, hoje e
amanhã.
O Universo foi criado num propósito tão maravilhoso, com tantos detalhes e
magnitudes que fico realmente deslumbrada ao lembrar que tudo Deus fez, criou,
formou para que O louvássemos! Tão perfeita é a criação de Deus! E O louvo da minha
maneira singela, porque mesmo tendo criado um Universo imenso e complexo, me
escolheu e me ama! Faço das palavras do salmista as minhas: ―Eu te louvarei, porque de
um modo tão admirável e maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a
minha alma o sabe muito bem‖ (Sl 139.14).
18

2. A Complexidade Humana

Quando estudamos a natureza humana, ou a constituição do homem, nos


deparamos com a complexidade que não há como ser estudada em seu total, já que
existem partes, como pensamentos, sentimentos e até mesmo funções que ainda não
foram desvendados cientificamente. É complexo, já que todos somos diferentes, em
agir, pensar, ver, etc. Mesmo as funções biológicas (que por ser tátil, ficou a disposição
da ciência médica, principalmente), têm suas complexidades. Cada um é individual e
complexo em si, disso a ciência e os estudiosos não tem duvidas. Porém, há ainda
análises a serem concluídas, como se divide o homem? A vida é requisito material ou
imaterial? Se imaterial, como prova-la, já que a ciência baseia-se em fatos táteis? Se
todos os seres viventes são da mesma composição, por que o homem se difere dos
animais?
Então, quando estudamos sobre Historia do homem vemos que essas e outras
perguntas sempre foram feitas, mesmo nas idades mais remotas. Os mais famosos
filósofos de nossa Historia como Platão, Aristóteles, Pitágoras, Descartes, Plotino,
Epicuro entre outros discutiram sobre a constituição humana, sejam em suas partes ou o
todo.
De uma maneira bem simples e resumida, nos reservamos em explanar dois dos
mais discutidos pensamentos sobre a constituição humana: Dicotomia e Tricotomia.
Não, que não haja outros pensamentos, mas que não convém dizermos por enquanto.

2.1. A Dicotomia

Também chamada de ―bicotomi‖, é o pensamento de que o homem é composto


de duas partes: corpo e alma. Para os adeptos desse pensamento alma e espírito são
sinônimos, que os dois termos são usados na escritura para dizer sobre a mesma coisa.
Os que sustentam essa posição concordam que a Escritura usa
a palavra ―espírito‖ (Hb., rûah e gr., pneuma) com mais frequência
quando se refere ao nosso relacionamento com Deus, mas tal uso,
19

dizem eles, não é uniforme, e a palavra alma também é usada em


todos os casos em que a palavra ‗espírito‘ pode ser usada.25

Portanto, a dicotomia é o pensamento mais antigo da nossa história, já que foi


analisada e relatada pela maioria dos filósofos (Platão, Sócrates e Aristóteles são os
principais deles), acreditavam que a alma/espírito é o lugar privilegiado da razão,
ciência e sabedoria, e o corpo, parte secundária, era lugar que levava o homem ao erro e
enfraquecimento da alma. Dentro desses pensamentos existam grupos, um era
materialista e individualista o outro corria em busca de pensamentos e elevação da alma,
seja na ciência ou religião, foi nesse segundo grupo que surgiu o estudo da reencarnação
da alma, tendo como objetivo espiritualizar os ensinamentos filosóficos26.
Segundo o estudioso Wayne Grudem, a dicotomia é o estudo mais aceito entre a
―igreja e é muito mais comum entre os eruditos evangélicos de hoje‖27, para ele a
dicotomia é melhor aceita já que desde o início Deus estipulou a alma ao homem (Gn
2:7) e que essa esta unida ao corpo e será reconstituída na volta de Cristo (1 Co 15:51-
54). Também, segundo ele, as Escrituras usam de forma alternada as palavras alma e
espírito.
Quando examinamos o uso de palavras que traduzem como
"alma" (Heb. nefesh e gr. Psique) e "espírito" (Heb. rúakj e gr.
Pneuma) parecem ser usados indistintamente. (...) Da mesma forma,
lemos as palavras de Maria em Lucas 1:46-47: "Minha alma glorifica
ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador". Este
parece ser um exemplo óbvio de paralelismo hebraico, utilizando
dispositivo poético que repete a mesma ideia com palavras diferentes,
mas sinônimos. O uso intercambiável dos termos também explica por
que as pessoas que morreram e ido para o céu ou o inferno pode ser
chamado de "espíritos" (Hebreus 12:23, "os espíritos dos justos
aperfeiçoados", também 1 Pedro 3:19, "espíritos em prisão") ou
"almas" (Ap 6:9, "as almas daqueles que tinham sido mortos por causa
da palavra de Deus e permanecer fiel em seu testemunho", 20:4, "as

25
SILVA, Severino Pedro da. O Homem – Sua Origem, Sua História. São Paulo, p. 49.
26
Ibidem, p.50.
27
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática- Atual e Exaustiva, Ed. Vida Nova, Miami, 2009 p.
718
20

almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e da


palavra de Deus").28

Além disso, relata sobre o uso intercambial alma/espírito quando a Bíblia fala
sobre a morte (Gn 35:15; 1 Re 17:21; Is 53:12; Lc 12:20; Sl 31:5; Lc 23:46; Jo 19:30;
At 7:59) e sobre o pecado da alma/espírito (1 Pe 1:22; Ap 18:14; 2 Co 7:1, 34; Dt 2:30;
Sl 78:8; Pv 16:18; Ec 7:8; Is 29:24), debate com os pensamentos tricotomistas ―não há
uma resposta satisfatória às questões que podem constituir um defensor ―29 e que a
Bíblia não defende a distinção de alma e espírito.

2.2. Tricotomia

A tricotomia é a pensamento que acredita que o homem é composto de três


partes: corpo, alma e espírito.
Segundo muitos tricotomistas, a alma do homem inclui
intelecto, emoções e vontade. Eles sustentam que todas as pessoas
possuem alma e que os diferentes elementos da alma podem tanto
servir a Deus como estar rendidos ao pecado. Argumentam que o
espírito do homem é a faculdade mais elevada que se torna viva
quando a pessoa se torna cristã (...). O espírito da pessoa, então, seria
a parte que mais diretamente adora e ora a Deus (Jo 4:24; Fp 3:3).30

Segundo Severino Pedro da Silva e Myer Pearlman o homem é tricotômico, não


acreditam que as palavras alma e espírito sejam sinônimos, ―cada expressão idiomática
faz, cuidadosamente a distinção‖31. Pearlman descreve:
Embora muitas vezes os termos sejam usados
alternativamente, têm significados distintos. Por exemplo, ―alma‖ é o
homem como ovemos em relação a esta vida atual. Descrevem-se as
pessoas falecidas como ―almas‖ quando o escritor se refere à sua vida
pregressa (ap 6:9,10; 20:4). ―Espírito‖ é a descrição comum daqueles

28
Ibidem, p. 719.
29
Ibidem, p. 724-725
30
SILVA, Severino Pedro da. O Homem – Sua Origem, Sua História. São Paulo, p. 51.
31
Ibidem, p. 52.
21

que passaram para a outra vida (At 7:59; 23: 9; Hb 12:23; Lc 23:46; 1
Pe 3:19). Quando alguém é ―arrebatado‖ temporariamente para fora
do corpo (2 Co 12:2), descreve-se isso com ―tomado pelo Espírito‖
(Ap 4:2; 17:3).32

Então, Silva apresenta:


As Escrituras apresentam o homem como sendo tríplice –
mostrando tanto na tese como no argumento principal que o homem é
tríplice. Elas mostram, em várias passagens que o homem em seu
aspecto geral, apresenta mais do ponto de vista tríplice do que uno ou
dualista...
(...)
O termo espírito é usado livremente para indicar a parte
imaterial do homem (cf 1Co 5:3; 6:20; 7:34; Tg 2:26), assim também
o termo alma (Cf. Mt 10:28; At 2:31; 1 Pe 2:11). Quanto ao uso
paralelo desses termos, veja-se Lucas 1:46, 47...
(...)
A divisão da alma e do espírito. ―Porque a palavra de Deus é
viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes,
e penetra até a divisão da alma e do espírito...‖ (Hb 4:12a). Assim
como no início da criação a Palavra de Deus operou na modificação
caótica, separando a luz das trevas, assim também agora ela opera
dentro de nós, como a espada do Espírito, penetrando até a divisão da
alma e do espírito.33

Então, o espírito, é o centro da fonte da vida e a alma dá expressão por meio do


corpo34. O espírito é o que nos difere aos seres irracionais, já que esses possuem alma
(Gn 1:20 – ver original) e esses não podem conhecer as coisas de Deus e não podem ter
um relacionamento pessoal com Ele sendo em oração, serviço, adoração, cântico e
benção (1 Co 2:11; 14:2; Ef 1:17; 4:23; Jo 4:24; Rm 8:16; 1Co 14:15; Rm 1:9; Fp 1:27).
A alma, por sua vez é onde se concentra a vida natural do homem, a vida egocêntrica, é
o que anima o corpo, veio a existe pelo sopro natural de Deus (Gn 2:7), mas não é parte

32
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Ed. Vida, São Paulo, p. 107.
33
SILVA, Severino Pedro da. O Homem – Sua Origem, Sua História. São Paulo, pp. 53, 54, 61.
34
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Ed. Vida, São Paulo, p. 108.
22

de Deus, pois essa peca e por pecar morre. E o corpo é a parte tátil, não podemos
descartar que ele é a obra de Deus, é o instrumento da alma, é onde o Espírito habita.

2.3. Conclusão

Para mim, não há possibilidades de dizer que o homem é dicotômico, já que


existem passagens muito claras sobre a tricotomia, em especial Hebreus 4:12. Ainda,
analisando essa passagem do Apóstolo Paulo, vemos que alma e espírito estão tão
ligados que para o homem é impossível desliga-los e difícil distingui-los (isso também
nos revela as dezenas de passagens sobre alma/espírito). No entanto, devemos destacar
que quando falamos da constituição do homem, falamos de um propósito divino, um ser
formado divinamente, que mesmo distanciado de Deus ainda tem possibilidade de
retorno, não apenas em alma ou espírito, mas em todo seu ser: corpo, alma e espírito.
Ainda, recomendo a leitura do livro de Severino Pedro da Silva ―O Homem –
Sua Origem, Sua História” que utilizei como pesquisa desse trabalho. Um completo
abortamento sobre o projeto especial de Deus, o Homem. Mesmo tendo outros títulos,
esse me pareceu novo, atual e mais completo sobre a Antropologia sob a visão
Teológica.

3. Bibliografia

Anexos

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