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PEDRA BRANCA
1 INTRODUÇÃO
A Umbanda não é uma religião codificada, mas o que isso quer dizer?
Que não há qualquer texto ou livro escrito, que possa traduzi-la em toda a sua essência, toda a
abrangência do significado de “manifestação do espírito para a caridade” . Assim, para ter a
convicção de não estar julgando a forma como seu irmão entende ou pratica a caridade, não se
pode dizer que essa ou aquela forma de praticar a Umbanda é melhor. Temos que respeitar as
diferenças resultantes da diversidade de influências e da inexistência de um código. A teoria da
Umbanda pode ser consultada em alguns bons livros mas a sua prática, sua mandinga, é Tradição
Oral.
É certo que, após vivenciar nossa religião, sabemos que ela tem algumas particularidades e
podemos afirmar que, dentre elas, duas são bem específicas: nenhuma paga é cobrada ao
consulente, o trabalho é realizado sempre caridosamente e não há sacrifício animal.
Claro que a formação da Umbanda é sincrética, bem como sua evolução e manifestação, e cada
Dirigente, Babalawô, Babalorixá, Ialorixá ou Pai-no-Santo praticará a caridade peculiarmente mas
sem haver cobrança. A caridade não se mistura com a inveja e esta última é irmã siamesa da
vaidade. É a prática do amor fraterno, ágape (amor divino) para os gregos ou segundo os
ensinamentos do próprio Mestre Jesus: amar o próximo como a nós mesmos!
Fora da caridade não há salvação - dizem os bons espíritos sobre a caridade!
Sendo a caridade a missão da Umbanda e tendo a certeza da existência do livre-arbítrio, não seria
possível abranger de forma padronizada todas as apresentações da nossa religião dentro de molde
único pré-concebido, ao menos, ainda não.
Diante disso, seria no mínimo leviano afirmar que a Umbanda, ou qualquer outra religião, seja
“melhor ou pior”, pois enquanto estiverem na seara do amor caridoso e tendo a missão de conectar
o homem ao criador, pode haver discordância entre formas e práticas ritualísticas mas se o trabalho
realizado tem como fim a evolução espiritual da humanidade, com respeito aos fundamentos
básicos, cada templo receberá os seus irmãos, médiuns ou não, de acordo com seu momento e, em
nosso caso, para evoluirmos através e com a Umbanda.
2 ENERGIA E VIBRAÇÃO
Para nossos estudos é importante que façamos uma reflexão a respeito de energia e vibração.
Tudo que é vivo tem energia, que é definida pela física clássica como a capacidade dos corpos ou
sistemas de realizar trabalho e, diz mais, que ela se apresenta de forma potencial ou cinética.
A energia armazenada em um corpo é potencial, enquanto a energia do movimento é a cinética.
Até o momento, estamos fazendo referência ao universo macro ou a tudo que é maior que o átomo
mas e quanto ao que é micro?
Sabemos que tudo que existe no macro também existe no micro e a física quântica investe sobre
essa área.
Graças às descobertas desta ciência, o átomo foi esmiuçado e conhecemos os elétrons, de carga
negativa, os prótons, de carga positiva, e os nêutrons, neutros. Até onde se sabe, os elétrons não
podem ser divididos; já prótons e nêutrons, no núcleo do átomo, são formados pela coesão entre
partículas elementares que constituem tudo o que há no universo, chamadas de QUARKS.
Em um momento de sua evolução espiritual, o homem desenvolveu um movimento filosófico
espiritualista, o Jainismo, fundado pelo guia ou mestre Jaina Vardhamana ou Mahavira (539 a.c.).
Ele admitia que o universo fosse composto de Espírito e Matéria e tinha como uma de suas crenças,
a prática da mortificação ou tortura do corpo, para libertar o espírito da matéria. É uma filosofia
atomista, pois prega há vinte e cinco séculos que os átomos desse mundo material são semelhantes
e dotados de movimento. Eles se combinam formando agregações constituindo, assim, o mundo
material.
Para falar de vibração não podemos deixar de citar o movimento dos elétrons que gera uma corrente
elétrica sendo eles, portanto, responsáveis pela atração entre os átomos mas é a vibração das
partículas elementares no interior do núcleo do átomo que forma tudo o que existe.
Não podemos deixar de associar a existência dessas partículas elementares com a criação pois é
através da sua vibração e associações que toda a matéria é constituída, mas a matéria sem espírito
é vazia, faltando-lhe o sopro da vida, a energia divina.
Então, por que não dizer que no ato da criação o Pai Maior inquietou, agitou, expandiu-se constituiu
a tudo o que há?
ELE é a fonte da vibração original das partículas elementares e d'ELE veio a quintessência, ÂNIMA,
ALMA, O QUE É VITAL, O QUE ANIMA A MATÉRIA, o sopro da vida.
3 AS ORIGENS
Nosso planeta é a morada de várias espécies que tem a missão de evoluir e contribuir com a
evolução mas tudo tem um início, uma origem, bem como um criador que mantém e transforma.
Com a evolução do homem nasceram as religiões e as ciências, mas é a fé que impulsiona tanto
religiosos, quanto cientistas, que por ora caminham separados, mas muito em breve se encontrarão
em qualquer encruzilhada.
A teoria do Big Bang, aceita pela maioria, propõe que o universo teve origem numa explosão que
aconteceu entre 10 e 20 bilhões de anos atrás e que as galáxias se afastam umas das outras com o
passar do tempo.
Baseado nas observações de Edwin Hubble é possível afirmar que se elas estão se distanciando
com o passar do tempo é porque já estiveram mais próximas ou talvez unidas, portanto o universo
está em expansão.
Ela foi anunciada em 1948 pelo cientista George Gamow e o padre astrônomo Georges Lemaître.
Este último, em 1927, foi quem sugeriu a primeira ideia de fissão nuclear no átomo primordial. Ele
afirmou que a matéria estava concentrada em um ponto e em determinado momento se
partiu, explodiu, e o termo explosão refere-se a uma grande liberação de energia, criando o
espaço-tempo.
Até então, algumas partículas de peso subatômico moviam-se na velocidade da luz e em todos os
sentidos, eram os quarks, os elétrons, os neutrinos, mas foi a união das partículas pesadas, os
prótons e nêutrons, que se associaram para formar os núcleos de átomos leves, como hidrogênio.
O planeta Terra tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos e a vida só começou a existir por aqui há
cerca de 3 bilhões de anos na forma de seres unicelulares.
3.3 ANTROPOGÊNESE E A TEORIA DA EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES
Charles Darwin, na sua obra “A Origem das Espécies” de 1859, propôs que todas as espécies do
planeta terra descendem umas das outras e estão em contínua evolução.
Darwin mostrou que, ao longo das gerações, novas espécies podem surgir pelas modificações e
adaptações impostas pela seleção natural.
O gênero HOMO surgiu entre 4 e 1 milhão de anos. Segundo os cientistas há um antepassado
comum para os macacos e para os homens mas, por algum motivo, em determinado momento da
evolução, os dois grupos se separaram e cada um apresentou sua evolução própria.
Alguns dos mais antigos fósseis de hominídeos são o Toumai ou Sahelanthropus tchadensis,
apresentado em julho de 2001 e descoberto no Chade, com aproximadamente 7 milhões de anos e
Lucy, um Australopithecus aferensis, com aproximadamente 3,2 milhões de anos, que foi descoberto
em 1974 em Hadar, no deserto de Afar, na Etiópia.
Duas teorias tentam explicar a evolução do gênero HOMO até o homem moderno ou Homo Sapiens
Sapiens, a Teoria da Origem Única que defende a origem do Homo Sapiens na África há pelo
menos 200 mil anos e de lá se espalharam pela terra há 60 mil anos e a Teoria Multirregional que
defende a existência de diversas populações de Homo Sapiens, evoluídas do Homo Erectus que
migraram da África há pelo menos 2 milhões de anos.
Para alguns cientistas, a teoria da evolução de Darwin não explicava a origem da diversidade. No
século XX, com a redescoberta da genética e das obras de seu maior expoente, o monge Gregor
Mendel, alguns cientistas passaram a se dedicar ao estudo da ligação entre a seleção natural e a
genética.
A Teoria Sintética da Evolução ou mesmo Neodarwinismo propõe que os fatores que atuam na
evolução e na diversidade das espécies são as mutações, combinações genéticas e a seleção
natural.
O criacionismo é uma teoria que tenta explicar a origem da vida e a evolução do homem, assim
como as teorias evolucionistas, porém acrescida de elementos sobrenaturais, metafísicos ou divinos.
Existem muitas teorias criacionistas pois resultam dos preceitos filosóficos, culturais e religiosos de
cada povo mas para todos eles a ação divina foi o ponto de partida para a criação. Algumas delas
são repletas de alegorias que as enriquecem e as transformam em mitológicas, conhecidas como
mito da criação.
Cada povo tem sua versão a respeito do criador e da criação, seja ela baseada na ciência ou na fé.
E a relação entre físico e o metafísico, entre o palpável e abstrato, permite percepções e
entendimentos muito particulares da criação que fazem parte das culturas e das tradições dos povos
da terra.
Segundo esse mito, o primeiro ser vivo foi P’anKu que viveu 18 mil anos dentro de um ovo cósmico,
que ao chocar, a casca acima dele tornou-se o céu, enquanto a casca debaixo tornou-se a terra,
dando inicio ao equilíbrio da natureza através do yin e do yang. P’anKu literalmente se despedaçou
e suas feições se tornaram o mundo natural. Seus membros se transformaram em montanhas, seu
sangue em rios, sua respiração no vento, sua voz nos trovões, seu cabelo na grama, seu suor na
chuva e assim por diante. Seu olho esquerdo se tornou o sol e seu direito se tornou a lua.
A deusa Nu Wa criou alguns seres como ela a partir da lama depois de ver seu reflexo na água.
MITO HINDU
Segundo os Vedas o Universo surgiu da respiração de Bhraman, o criador, que a cada movimento
respiratório cria tudo o que há quando expira e destrói quando inspira. Prega que além de Bhraman
existem Vishnu e Shiva, mantenedor e transformador, respectivamente.
MITO EGÍPCIO
Antes do início dos tempos, havia Nu ou Nun, o oceano primordial do caos. De um ovo na superfície
de Nu surgiu uma divindade referida várias vezes como Atum, Amen, Re, Rá ou Amon-Rá. Rá criou
um filho e uma filha divinos a partir de si. As lágrimas de Rá se tornaram a humanidade. O neto de
Rá, o deus Osíris, se casou com sua irmã Ísis. Ísis descobriu o nome secreto de Rá, o que permitiu
que Osíris tomasse seu lugar como rei da terra. Osíris mostrou aos humanos como obter comida e
vinho, enquanto Ísis ensinou-lhes a tecer e a medicina.
Set, irmão de Osíris, prendeu-o em um baú por ciúmes e lançou no Nilo. Osíris morreu. Ísis para
manter vivo seu filho Hórus, a salvo de Set, colocou-o em uma cesta para flutuar pelo Nilo. Hórus
cresceu, competiu com Set e se tornou governante.
MITO JUDAICO-CRISTÃO
MITO BANTU
Nzambi Npungu ou simplesmente Zambi criou o mundo e tudo que nele existe a partir de uma
encruzilhada. Para todos os povos Bantos, a encruzilhada é a origem do mundo, o ponto de onde
surgem as quatro retas que constroem a encruzilhada. Lá ele colocou Mpambu Njila como o senhor
dos caminhos, aquele que segura os quatro gomos principais do Ngombo para Kukiakalunga,
equivalente ao Orunmilá Yorubá. Criou também uma mulher para ser sua esposa e chamou-a de Ná
Kalunga e sua filha foi chamada de Kalunga. Quando Kalunga cresceu, Nzambi decidiu mostrar a
Kalunga tudo que tinha criado. Durante a viagem ele construiu uma palhoça com apenas uma cama,
para dormir com sua filha, que recusou e tentou fugiu, mas Nzambi disse que ela corria grande
perigo fora da palhoça. Então ela voltou e dormiu com seu pai durante toda a viagem. Quando
retornaram Ná Kalunga viu que sua filha estava grávida e se enforcou em uma árvore diante de
Nzambi e Kalunga.
Nzambi não impediu e a transformou num espírito maligno a quem chamou de Mulungi Mujimo, “o
ventre ruim da primeira mãe que existiu na terra”.
Nzambi passou a viver com Kalunga, chamando-a de Ndala Karitanga, a segunda divindade, mas
ela passou a sonhar com sua mãe dizendo que iria devorá-la, então Nzambi fez um montículo de
terra e pediu para Ndala Karitanga buscar um animal para sacrificar sobre o montículo dizendo:
“minha mãe, acabo de vir chorar-te, agora não voltes a ter comigo outra vez, porque se volto a ver-
te, vou prender-te”,
De Ndala Karitanga nasceu Nkuku-a-Lunga, a terceira divindade, que recebeu o poder da
adivinhação de seu pai e quando cresceu casou com sua mãe, a mando de Zambi, para gerar o
povo bantu. Eles tiveram dois filhos, o menino Sá Mufu e a menina Ná Mufu.
Nzambi ordenou que Sá Mufu casasse com sua mãe e Ná Mufu com seu pai e ordenou que depois
daquelas uniões as seguintes se fizessem entre primos. Destas uniões nasceram do sexo
masculino: Kitembu Banganga, Ndundu, Ngonga M’banda, Kanongena, Kambuji e outros, e do sexo
feminino nasceram: Mujumbu, Ndumba Tembu, Samba kalunga, Kasai, Lueji, Mukita e outras.
Nzambi os ensinou tudo o que tinham que saber e ordenou que supervisionassem o mundo que ele
havia criado. Nzambi se despediu e levando seu cão se foi para Sanzala Kasembe Diá Nzambi, de
onde julga os homens.
As pegadas de Nzambi e do seu cão podem ser vistas nas rochas em Angola.
MITO FON
Segundo a tradição dos povos Fon/Ewé, Nanã Buruku, com a ajuda das Serpentes Aido Wedo e
Dangbala foi quem criou o mundo.
Nanã deu origem aos gêmeos que batizou de Mawu e Lisa, o equilíbrio universal, dando-lhes a
tarefa de criar o homem e povoar a Terra.
Mawu é o princípio feminino, a fertilidade, a suavidade, a compreensão, a ponderação, a
reconciliação e o perdão.
Lisa é o princípio masculino, o julgador, a impaciência, a força cósmica que castiga os homens
errados e os corrige; a seriedade. Ele está sempre atento para que as leis de Mawu sejam
cumpridas.
Nanã percebeu que Mawu não conseguia mudar o gênio do irmão Lisa, que castigava sem antes
observar direito, e resolveu separá-los. Enviou Mawu à lua para ser a luz que iluminaria a Terra no
período noturno, suavizaria os sofrimentos dos seres e projetaria a fé e o amor sobre o planeta.
Enviou Lisa ao sol para que esse pudesse ver com mais clareza os erros dos homens e julgasse
bem antes de castigá-los. Ordenou também que Lisa uma vez por ano deveria andar na Terra para
conviver com os homens e conhecer de perto suas necessidades, ajudando-os e corrigindo-os. Com
essas andanças pela Terra, Lisa deixou aqui alguns descendentes que se tornaram divinizados.
Os Fons dizem que a partir dessa separação, Mawu e Lisa só se encontram quando ocorre um
eclipse e nessa ocasião Eles fazem amor, gerando mais Voduns para ajudar os homens.
Antes da separação Mawu e Lisa chamaram seus filhos e os enviaram à Terra e deram a cada um
uma atribuição. Os filhos mais velhos eram os gêmeos Da Zodji e Nyohwe Ananu que foram habitar
as profundezas do mar e regem todas as riquezas minerais da Terra. Os gêmeos Agbee Naeté
foram habitar o mar e deveriam levar a paz e o amor para as pessoas. Aguê, vodum da terra firme;
Hevioso, vodum da justiça e foi habitar os vulcões. Gú, o vodum que se responsabilizou por “fazer
cumprir” as leis de Mawu. Djó teria que enviar a todos os seres o ar necessário à vida e enviar as
chuvas para fertilizar a Terra. Legba recebeu a incumbência de ser o mensageiro entre os irmãos e
Mawu-Lisa. Para o povo Fon, Mawu é a Grande Mãe, tendo Lisa e as serpentes AidoWedo e
Dangbala como auxiliares na criação e Nanã é a sua sacerdotisa, mas o povo Ewé tem em Nanã
Buruku sua Grande Mãe.
MITO CARAJÁ
No início do mundo só havia o Criador, aquele que não nasceu ou Kananciuê, aquele que sempre
existiu. Esse Grande Feiticeiro se sentia muito sozinho e resolveu criar tudo - a terra, a água, as
plantas e com a água criou o céu. A última coisa feita por Kananciuê foram os animais.
Com o passar do tempo, os peixes aruanã pediram para serem transformados num outro animal,
pois não queriam mais viver debaixo da água, mas foram alertados pelo Criador que onde viviam
eram eternos, saudáveis e nunca lhes faltava comida, mas eles estavam decididos. Eles foram
transformados e tornaram-se os Inã Sonwera, os homens da tribo dos Karajás e a partir daí estariam
sujeitos às dificuldades da vida.
A Umbanda traz em seu corpo influências filosóficas e religiosas de diversas origens, tratando-se
das suas raízes africanas muito se fala da sua raiz Angola, ou mesmo Jêje, realmente presentes até
os dias atuais, mas havemos de compreender que a cultura do povo yorubano, vindo como escravo
para o Brasil, principalmente nos últimos períodos da escravidão, destacou-se das demais culturas,
talvez pela forma milenar de organização cultural ou mesmo por um conjunto de fatores; fato é que,
durante as fases iniciais da Umbanda, a raiz Angola era bem mais clara mas foi interagindo com o
culto aos Orixás yorubanos, mesmo que por sincretismo.
Com isso não queremos desmerecer nenhuma das nossas raízes, pelo contrário, entendemos o
Candomblé e a Umbanda como religiões brasileiras, miscigenadas como o povo desta terra, o que
garante sua riqueza, mesmo porque as diversas culturas diferem apenas no nome que fornecem as
divindades africanas. Nossa origem, em sintonia com a miscigenação e sincretismo, foi em uma
casa de tradição Angola, onde se praticava o Candomblé de Caboclo em sincretismo com os Orixás
da tradição Nagô, até chegarmos à nossa querida Umbanda
O Deus da criação para os yorubanos é Olódùnmarè, ou Olóòrun - Senhor do Céu - que existia
antes da criação, como uma massa de ar infinita.
Ao mover-se lentamente e ao respirar, O Senhor do Céu deu origem à água.
Da interação entre a água e o ar, criou Òrìsànlá, Òsàlá ou mesmo Obàtálà, o Grande Deus Branco,
o princípio masculino.
No movimento constante de água e ar, surge uma porção solidificada, um monte de terra
avermelhada, onde Olorun soprou seu èmí, o hálito da vida, daí nasceu Èsú Yangí, a primeira forma
viva e individualizada do universo.
O ar e a terra interagem e dessa relação passa a existir Odùduwà, o principio feminino.
Olorun decide criar o mundo para os novos seres, para tal, convocou Oxalá dentre os orixás Funfun,
entregou-lhe o saco da existência e o advertiu a procurar Orunmilá, Senhor da Sabedoria e do
Destino.
Orunmilá consultou o rosário de Ifá, o Opele, para Oxalá e apareceu Ejiogbe, o primeiro odu, que
versava sobre teste e dificuldades. Oxalá seria testado por Olorun.
Orunmilá orientou Oxalá que antes de partir fizesse uma oferenda a Exu com uma corrente de dois
mil elos, cinco galinhas de cinco dedos em cada pé, cinco pombos, um camaleão e avisou para não
ingerir bebida alcoólica até a conclusão do trabalho.
Oxalá por vaidade e teimosia questionou as orientações ignorando Exu e reuniu os Orixás que lhe
auxiliariam na tarefa, os orixás Funfun, seguindo adiante.
Na viagem Oxalá sente muita sede e crava seu òpásórò, seu cajado, na palmeira de dendê e bebe
da seiva refrescante, o vinho de palma, embriaga-se e adormece. Então Exu, para se vingar, levou o
saco da criação de volta à Olorun, acusando a falha do primogênito.
Odudua recebe de Olorum, uma pequena cabaça contendo os elementos antes entregues à Oxalá e
a missão de criar a terra. Odudua foi a Orunmilá e consultou Ifá, que lhe deu o segundo odu, Oyeku
Meji, cuja orientação era fazer a mesma oferenda para Exu, a cadeia de dois mil elos, as cinco
galinhas de cinco dedos, os cinco pombos e o camaleão. Odudua realizou o ebó e ganhou o respeito
de exu, que lhe ofertou um elo da corrente para por no braço, de onde jamais retiraria, para
representar a sua ligação com a gênese; o restante da corrente, que seria utilizado para descer ate o
ponto onde iniciaria a criação da terra; uma galinha para ciscar e espalhar a terra; um pombo para
semear e o camaleão para testar se a terra estava firme, para somente então pisar a terra recém-
criada, Ilê-Ifé, berço da humanidade.
Oxalá despertou e Olorun delegou a ele a tarefa de criar todos os seres vivos para habitar a Terra.
Assim Oxalá soprou a vida, o axé, para criar o homem.
Olorun chamou Oxalá para sentar à sua direita, otun, e Odudua para sentar-se à sua esquerda, osi,
afirmando que somente através da harmonia entre eles dois haveria condições para a vida no
universo e da vida.
Para representar a gênese e o útero primordial, os yorubás utilizaram o igbádù uma cabaça pintada
de branco, cortada horizontalmente em duas metades que devem manter-se sempre unidas, pois, se
separadas, o mundo se destruiria. Em seu interior quatro pequenos recipientes de casca da noz do
coco, cortados ao meio, com um elemento que simboliza o sangue do axé branco, do vermelho, do
preto e do barro primordial, matéria prima do homem. Esses elementos significam também os quatro
odus principais: EjiOgbé, Òyèkún Meji, Obara Meji e Odí Meji. Separar as duas metades de igbadu,
significa a própria destruição do mundo.
A parte de cima de igbadu representa Oxalá, e a parte de baixo Odudua e assim o Orun e Aiyê não
eram separados, homens e deuses transitavam livremente entre os dois mundos. Obatalá e Odudua
formam o casal primordial da criação da terra e da vida existente nela.
Havia um camponês que morava no limite entre o Orun e o Aiyê. Sua mulher era estéril e Oxalá
atendeu seu pedido para que a mulher dele pudesse parir. Após o nascimento do filho do camponês,
Oxalá decretou que aquele menino jamais poderia ir ao Orun.
Certo dia, o camponês teria que entregar umas sementes no Orun e encheu um saco, mas o menino
fez um furo e foi até o Orun, descumprindo as ordens de Oxalá, que naquele momento separou o
Orun do Aiyê. Entre eles formou-se um vão, que foi preenchido pelo sopro de Olorun, dando origem
à atmosfera. Este vão possui nove espaços, sendo quatro superiores e quatro inferiores, postando-
se a Terra no espaço central.
O Aiyê é o mundo material, o nosso plano, habitado pelos seres naturais, os ara-aiyê, os seres
naturais e o Orun ou mundo imaterial, habitado pelos ara-orun ou Irúnmalès, os seres
sobrenaturais. Tudo que existe no Orun, coexiste e tem seu duplo no Aiyê, pois no espaço Orun,
está contido o Aiyê.
Olódùmarè é o Ser Supremo yorubano, quem criou, regula e transforma toda a existência, vive no
Orun e é dele que vem a força imaterial divina, o axé que mantém todas as coisas. Ele é a divindade
onipotente suprema, transcendente, onisciente, rei e juiz único. Não há culto para ele.
Orunmilá é o orixá que testemunhou a criação, cultuado como o grande ministro do Ser Supremo e
conselheiro da humanidade.
Ele conhece as vontades de Obatalá e de todos os orixás envolvidos na vida dos humanos.
Somente Orunmilá sabe de que modo foi feito cada homem, qual a alquimia usada e qual o seu
destino. Ele é o pai do segredo, pois quando da criação do homem, Obatalá convocou seus irmãos
orixás mas apenas Orunmilá compareceu, por isso apenas ele conhece os segredos.
Ele é o responsável pelo Ifá, o oráculo, a sabedoria yorubana, a sua tradição oral, que narra toda a
história da criação da Terra, das divindades e dos seres humanos. Composto por dezesseis Odus,
que se subdividem em dezesseis Itans ou mitos, que se subdividem em dezesseis Ese ou versos,
totalizando 4096 versos.
Elegbara ou exu é a ligação entre o Orun e o Aiyê, ele é o movimento, o primeiro a comer e sem ele
nada é possível, pois atua em tudo.
Odudua, orixá que utilizou o saco da criação contendo um pouco de barro primordial, uma galinha
de cinco dedos, um camaleão, um pombo branco e com isso criou a terra. Fundou a cidade de Ilé-
Ifè, o berço da civilização yorubá, que se espalhou para o resto do mundo.
Obatalá, Orisanlá ou Oxalá, é o Grande Orixá, o Rei do Pano Branco, que recebeu nova missão de
Olorum, criar os homens a partir do barro e soprar-lhes a vida.
Os Irúnmalès são criações de Olódùmarè, portanto podem ser entendidos como manifestações do
Deus Supremo, são os habitantes do Orun, aqueles que participaram da criação do Aiyê, entre eles
estão os orixás funfun ou os antigos orixás do branco, que representam poder fecundador
masculino.
Os Irúnmalès são divididos em quatrocentos da direita e duzentos da esquerda.
Os Eborás são homens e mulheres, ancestrais divinizados em orixás, reis e guerreiros que são
cultuados como mitos e considerados representantes ou intermediários entre Olorum e os seres
humanos.
Estão eles entre os duzentos Irúnmalès da esquerda, conhecidos como Ogum, Oxóssi, Xangô, Oiá,
Oxum, Obaluaê, etc..
Os Eguns são os espíritos desencarnados, ancestrais, porém de pessoas comuns, iniciadas ou não,
que após a morte são conduzidos por Oyá, até um dos nove Oruns, de acordo com os designos de
Olorum:
Orun Alààfia: Espaço de muita paz e tranquilidade, reservado para pessoas pacíficas e bondosas.
Orun Funfun: Espaço para os inocentes, espíritos de pureza de sentimentos e intenções, espírito
das crianças.
Orun Bàbá Eni: Espaço para os sacerdotes Babalawós, Babalorixás, Yalorixás, Ogans, Ekedes.
Orun Afèfé: Espaço de correção para os espíritos, de onde é possível a reencarnação.
Orun Ìsolù ou Àsàlù: Espaço de julgamento por Olódùmarè onde ele decide para qual Orùn o
espírito será encaminhado.
Orun Àpáàdì: Espaço para espíritos impossíveis de ser reparados.
Orun Rere: Espaço para aqueles que foram bons durante a vida.
Orun Burukú: Espaço quente como pimenta, reservado para as pessoas más.
Orun Marè: Espaço para aqueles que para os absolutamente perfeitos, reservado à Olódùmarè e
todos os Orixás e divindades, de onde comandam tudo.
5 A UMBANDA BRASILEIRA
5.2 A Tenda Umbanda Mirim foi outro formato veio com a fundação em 1924 e do Primado de
Umbanda em 1952, pelo médium Benjamin Gonçalves Figueiredo e pelo Caboclo Mirim e manteve
as características da chamada Umbanda Branca, desvinculando a Umbanda da África,
aproximando-a da raça Tupy. As linhas de trabalhos são: Oxalá, Iemanjá (onde inclui Oxum, Iansã,
Nanã), Ogum, Oxóssi, Xangô, Oriente e de Yofá (pretos-velhos) e o sincretismo com santos
católicos é quase inexistente.
Os médiuns utilizam roupas brancas durante os trabalhos, que são realizados por caboclos, pretos-
velhos e crianças e não há giras para exus que são considerados trabalhadores da Quimbanda.
5.3 Umbanda Traçada, das Almas ou Angola, tem seu fundamento em um forte sincretismo dos
orixás e inquices com os santos católicos, sendo que está muito enraizada às tradições africanas, no
culto aos orixás ou inquices, para quem oferecem sacrifícios animais.
As Linhas de trabalho são: Oxalá, d’Água (Iemanjá, Oxum, Nanã e Iansã), de Ogum, de Oxóssi, de
Xangô, IBeji ou Beijadas e das Almas ou Obaluaiê (pretos-velhos).
Os trabalhos são realizados por caboclos, preto-velhos, crianças, boiadeiros, baianos, marinheiros,
ciganos e exus.
Os médiuns usam roupas brancas, porem com influências africanas ou dos orixás e permitem
também uso de roupas de outras cores, adornos e ferramentas pelas entidades.
5.4 A Umbanda Eclética Maior foi obra de Oceano de Sá, mestre Yokaanam, em 1946, com a
fundação da Fraternidade Eclética Espiritualista Universal.
Rende culto a orixás distintos da tradição africana, tais como Ogum de Lei, Xangô-Kaô, Yanci.
Os trabalhos são realizados por caboclos, preto-velhos e crianças, com os médiuns usando roupa
branca, mas não são utilizados os atabaques, as guias, as bebidas e fumo.
5.6 A Umbanda Guaracyana , trazida pelo Caboclo Guaracy através de seu médium, Sebastião
Gomes de Souza em 1973, com a fundação do Templo Guaracy do Brasil. Considera a existência de
dezesseis Orixás, assim dispostos: Fogo/Sul (Elegbara, Ogum, Oxumarê, Xangô), Terra/Oeste
(Obaluaiê, Oxóssi, Ossãe, Obá), Norte/Água (Nanã, Oxum, Iemanjá, Ewá) e Leste/Ar (Iansã, Tempo,
Ifá e Oxalá).
Os trabalhos são realizados pelos caboclos preto-velhos, crianças, baianos e boiadeiros. Os
médiuns usam roupas na cor do Orixá, mas as bebidas são proibidas.
5.7 A Umbanda dos Sete Raios surgiu em 1978, através de Omolubá, o médium Ney Nery do
Reis.
Os orixás são cultuados com respeito a tradição africana e são organizados em raios: 1º raio,
Iemanjá e Nanã; 2º raio, Oxalá; 3º raio, Omulu; 4º raio, Oxóssi e Ossãe; 5º raio, Xangô e Iansã; 6º
raio, Oxum e Oxumaré; e 7º raio, Ogum e Ibejs, mas os trabalhos são realizados por caboclos,
preto-velhos, crianças, orientais, boiadeiros, baianos, marinheiros, ciganos, malandros e exus.
As roupas dos médiuns são brancas, mas as entidades podem usar cores, bem como paramentos e
instrumentos complementares.
5.9 A Umbanda Sagrada foi trazida por Pai Benedito de Aruanda e Ogum Sete Espadas, através
do seu médium Rubens Saraceni, em 1996, que reconhece influências de outras religiões na
Umbanda, mas garante ter ela, fundamentos próprios. Dealiza os orixás como manifestações
divinais, sem vinculação com seu passado africano e os agrupa em pares bipolares, chamados de
tronos: Oxalá e Logunan (Trono da Fé); Oxum e Oxumaré (Trono do Amor); Oxóssi e Obá (Trono do
Conhecimento); Xangô e Iansã (Trono da Justiça); Ogum e Egunitá (Trono da Lei); Obaluaiê e Nanã
(Trono da Evolução); e Iemanjá e Omulu (Trono da Geração). Cada par é composto por orixá
universal, que atuam na sustentação das ações retas e harmônicas, e os orixás cósmicos,
responsáveis pela atuação corretiva sobre as ações desarmônicas e invertidas.
Os médiuns usam roupa branca durante as giras e os trabalhos são realizados por caboclos, preto-
velhos, crianças, boiadeiros, baianos, marinheiros, orientais, ciganos, exus, exus-mirins e
malandros.
6 ORIXÁS NA UMBANDA
Para o povo yorubá os orixás são seres divinos criados por Olorun, o Deus único, que o auxiliaram
na criação do universo e se tornaram intermediários entre o criador e seus filhos. Para nós,
ainda podemos dizer que são mistérios individualizados do Criador, são manifestações das
qualidades divinas.
Orixá é um termo da língua iorubá que significa “senhor de cabeça”, mas por outro lado também é a
designação para os seus reis guerreiros, que foram divinizados.
Os Orixás na Umbanda Iniciática ou mesmo Esotérica, também são considerados Seres Espirituais
de alta vibração energética, que formam a chamada “Hierarquia Cósmica”, comandando, em nome
do Deus Supremo, as energias sutis necessárias ao cumprimento da Lei como escada para os
espíritos decaídos na sua subida de volta ao Reino Virginal. Essas energias se consubstanciam na
natureza, agindo sobre ela de forma a criar, manter e transformar.
O equilíbrio universal está subordinado a essas energias, assim como tudo que habita no mesmo.
Também são chamados de Devas na Teosofia, de Ministros da Natureza por André Luiz no
Kardecismo e de Engenheiros Siderais em algumas Escolas Iniciáticas e estão diretamente
relacionadas às forças da natureza, tanto para africanos quanto para brasileiros, por isso tem seu
culto junto aos pontos de forças naturais que melhor os representam.
Pela visão esotérica, também tem raízes na língua hindu dos Brâmanes e significa luz espiritual,
portanto os Orixás também podem ser definidos como os Senhores da Luz.
7 RAIOS ENERGÉTICOS
Os Raios energéticos são as emanações de Olodumare que chegam até nós através dos orixás que
carregam as características daquele raio por serem condensadores da sua energia.
1 - Raio Cristalina: Sua essência é a Fé, uma Linha de força que abrange tudo, desde o alto até em
baixo. Comanda a Religiosidade, a Confiança e a Ascensão. Consubstancia-se no Elemento Ar.
2 - Raio Mineral: Sua essência é o Amor e irradia que tudo abrange, oferecendo ao espírito
encarnado uma escada, das mais importantes, para sua ascensão. Comanda a Afetividade, o
Carinho e a Comunhão Fraterna. Consubstancia-se na ebulição das Cachoeiras e águas doces.
3 - Raio Vegetal: Sua essência é o Conhecimento. A ciência e todo o aprendizado da Terra recebem
dessa Linha o seu influxo. Comanda a Compreensão, o Estudo e o Aperfeiçoamento.
Consubstancia-se na Fauna e na Flora.
4 - Raio Ígneo: Sua essência é a Justiça. Irradia por sobre a Terra o comando da justiça, na sua
versão radical e concisa, e, na sua versão misericordiosa. Comanda a Resignação, a Obediência e a
Submissão. Consubstancia-se no Fogo.
5 - Raio Aéreo: Sua essência é a Lei. Por meio dessa Linha a Lei é cumprida em todo o Orbe
Terráqueo. Comanda a Lealdade, a Ordem e a Hierarquização. Consubstancia-se no Ar e em todos
os elementos da natureza, a partir do Fogo.
7 - Raio Aquático: Sua essência é a Geração. Irradia uma Linha energética que produz a contínua
criação e geração das formas de vida no Planeta. Mantém a Vitalidade e a Pureza dos elementos.
Comanda a Vitalidade, o Amparo, a Maternidade e a União. Consubstancia-se no Elemento Água,
especialmente a Água dos Mares.
RAIOS ENERGÉTICOS
POLARIDAD
RAIO ESSÊNCIA ORIXÁ COR VIBRADA COR ASTRAL
E
ORIXALÁ POSITIVO PRATEADO
CRISTALINA FÉ BRANCA
ODUDUA NEGATIVO CINTILANTE
DIAMANTIN OXUM POSITIVO AMARELA
AZUL
A OU AMOR AZUL CLARO
IBEJI NEGATIVO CINTILANTE
MINERAL E ROSA
OXÓSSI POSITIVO VERDE
CONHECIMENT ALARANJADO
VEGETAL VERDE E
O OSSÃE NEGATIVO DENSO
BRANCO
XANGÔ POSITIVO MARROM ALARANJADO
ÍGNEO JUSTIÇA
YANSÃ NEGATIVO CORAL CINTILANTE
OGUM POSITIVO VERDE
AÉREO LEI VERMELHO
OGUM NEGATIVO DENSO
PRETO E
OBALUAÊ POSITIVO VERMELHO
TELÚRICO SABEDORIA BRANCO
DENSO
NANÂ NEGATIVO LILÁS
BRANCO
YEMANJÁ POSITIVO TRANSLÚCID VIOLETA
AQUÁTICO GERAÇÃO O TRANSLÚCID
OXUMAR VERDE E O
NEGATIVO
Ê AMARELO
Esses são os Raios Energéticos emanados do Pai Maior, que chegam a nós de forma bipolarizada e
são responsáveis pela manutenção da vida do planeta e de seus habitantes. Cada Raio atua em um
ou em mais elementos através de combinações energéticas, posto que tudo está em movimento;
eles interagem, portanto, na ativação magística de certos elementos, no seu local de maior
concentração energética. Estaremos diante de uma poderosa fonte de energia que poderá ser
direcionada para caridade.
O que queremos dizer?
Que, por exemplo, a pedreira é o Ponto de Força Natural da energia Xangô e, portanto, é lá que
deverão ser manipulados todos os componentes e elementos de um trabalho magístico dessa linha
ou raio energético?
Também!
Vai depender de qual o objetivo da ativação dessa energia, dos personagens envolvidos nessa
manipulação energética, encarnados e desencarnados, do livre arbítrio e do conhecimento
decorrente da evolução espiritual.
Já dissemos que os raios energéticos emanados diretamente do Pai Maior quando atingem nosso
planeta atuam diretamente sobre os elementos, bem como interagem em busca do equilíbrio natural
para a manutenção da vida, portanto, surgem as energias combinadas.
A terra com sua energia negativa desconecta e limpa preparando para a transformação; os Guias e
Protetores que aí trabalham carregam a vibração de Obaluaê.
O ar propaga todas as vibrações, está presente em todos os elementos e os irmãos espirituais que
trabalham com este elemento carregam e distribuem a fé e o amor, é a vibração de Oxalá.
O fogo atua na limpeza e os irmãos espirituais que trabalham com esse elemento carregam a
vibração de Xangô, Iansã, Ogum.
A água purifica e atua como o meio de propagação da vida; os irmãos espirituais que trabalham com
este elemento carregam a vibração de Iemanjá, Oxum, Nanã.
O elemento terra quando se integra ao ar resulta em um solo rico e fértil ideal para a propagação da
vida vegetal, das matas, ponto de força natural para os irmãos espirituais que trabalham com a
vibratória de Oxóssi e Ossãe.
A interação entre elementos água, ar e fogo provoca instabilidade no ar, que fica propenso aos
ventos e descargas elétricas e quem impera durante as ventanias é Iansã.
Quem alimenta ou diminui o fogo de Xangô é o ar e os irmãos espirituais que atuam na vibratória de
Ogum dominam o ar para manipular o fogo, portanto, trabalham com os elementos ar e fogo.
Combinando fogo e água o resultado é que a água vai abrandar o fogo mas vai ser agitada,
aquecida ou precipitada, é essa energia dos irmãos espirituais que trabalham na vibratória de Oxum
e Oxumarê.
E ao unir a água com a terra temos a energia carregada de elementos férteis existente nas lagoas e
lagos, a energia típica dos irmãos espirituais que trabalham com a energia de Nanã.
E temos Ibeji que atua em todos os elementos.
Obs – Encontraremos variações nos raios energéticos, pois seguem a orientação de cada casa.
Algumas casas, por exemplo, agrupam Iemanjá com Nanã, o que implica em agrupar Ibeji com
Ogum e Oxumarê com Oxum.
Os Orixás Maiores não são Entidades incorporáveis uma vez que se trata de Espíritos do Plano
Divino, cuja vibração não encontraria na matéria densa condições de manifestação. Quem incorpora
nos médiuns de Umbanda são Entidades Espirituais que vêm sob a vibração daqueles Orixás. Daí
encontrarmos na Umbanda a linha das Entidades Trabalhadoras de Umbanda. Dividimos as
Entidades Trabalhadoras da Umbanda em 7 Linhas. Cada Linha é chefiada por 7 Orixás Menores,
que são Espíritos de grau evolutivo avançado, não incorporável, que vibram a energia do seu Orixá
Maior respectivo, por meio do Raio do Orixá Natural, passando-a através da hierarquia de sua Linha
a todas as Entidades a ela incorporada. Esses Orixás Menores presidem a atuação dos demais
membros da Linha, na sua hierarquia própria de trabalho.
ORIXÁ MAIOR
2º PLANO
REFLETORES GUIAS CHEFES DE
4º GRAU
DA LUZ DOS (2.401) GRUPAMENTO
ORIXÁS
PROTETOR DEFENSOR
GUERREIRO / INTEGRANTE DE
1º GRAU
CAPANGUEIRO GRUPAMENTO
(823.543)
9 LINHAS DE UMBANDA
Foram apresentadas diversas proposições para as Linhas de Umbanda, sete, nove, doze, enfim, não
importam quantas, pois certamente foram desenvolvidas segundo o entendimento e evolução
espiritual de cada autor, para influir e afinizar com irmãos que se encontram no mesmo momento, ou
seja, é a Corrente Astral de Umbanda oferecendo a cada um o possível permitido. Devemos ter
somente bem definido o que são as emanações ou linhas energéticas vindas do Pai Maior e as
linhas de trabalho da Umbanda, pois aí é que surge a confusão. As Linhas de Umbanda são as
linhas energéticas através das quais os espíritos evoluídos ou Orixás menores se manifestam, muito
raramente, com o nome da linha original que representam para exercer sua função de comando e
apontar diretrizes no trabalho de caridade de uma irmandade.
A única coisa em comum entre as várias apresentações da Umbanda é o fato de que não
reverenciamos ou cultuamos todos os Orixás que chegaram as terras tupiniquins, então vejamos
alguns que tem culto no Brasil, não somente na Umbanda, tratados como linhas energéticas:
Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Oxum, Yemanjá, Yansã, Nanã, Obá, Ewá, Ossãe, Oxumarê,
Logunedé, Obaluaê, Irôko, Ibeji e Exu.
As primeiras definições sobre as Linhas de Umbanda fossem elas trazidas por encarnados ou por
desencarnados, são:
Tancredo Pinto – 1950 Benjamin Figueiredo - 1952 W.W. Mata Silva - 1956
Oxalá Orixalá Orixalá
Ogum Ogum Ogum
Oxóssi Oxóssi Oxóssi
Xangô Xangô Xangô
Obaluaê Yori Yori
Yemanjá Yofá Yorimá
Yansã Yemanjá Yemanjá
Oxum
Nanã
Ney Neri dos Reis – 1978 Rubens Saraceni - 2003 Janaína Azevedo - 2010
Oxalá Oxalá Oxalá
Yemanjá Oxum Águas (Iabás)
Oxum Oxóssi Ancestrais (Yori/Yorimá)
Ogum Xangô Ogum
Oxóssi Ogum Oxóssi
Xangô Obaluaê Xangô
Omulu Yemanjá Oriente
Comparando as linhas propostas acima com os Orixás cultuados na Umbanda, podemos perceber
que alguns Orixás não aparecem ou são agrupados em outras linhas, no caso das Iabas, por
exemplo, isto porque ocorreu um fenômeno que agrupou, quase sempre, as linhas de Umbanda em
número de sete, chamadas de Sete Linhas de Umbanda, Sete Linhas Energéticas, Sete Irradiações,
Sete Raios Energéticos, como queiram.
Então qual nossa linha de Umbanda?
Pessoalmente, não vemos importância nesta definição, pois sabemos que recebemos as
emanações divinas de todos os Orixás através do Pai Maior, mas nossa orientação no início do
caminhar na Umbanda foi: Oxalá, Oxum, Ogum, Oxóssi, Xangô, Yansã, Yemanjá, Nanã e Obaluaê,
posteriormente seguimos nossos estudos tendo como base as linhas da Umbanda Iniciática: Oxalá,
Ogum, Oxóssi, Xangô, Yemanjá, Yori, Yorimá.
Porém temos que reconhecer que nossa religião trabalha diretamente com eguns, ou seja, nossos
ancestrais que encarnaram na Terra e não com Orixás, energia mantenedora dos trabalhos, portanto
melhor seria chamá-la de Umbanda Ancestral.
Mas como se chegou ao número sete, se a quantidade de Orixás na raiz africana é maior?
Sendo por orientação espiritual ou não, o fato é que existe uma ligação esotérica entre as Sete
Linhas e o Setenário Sagrado, mas o que é o Setenário Sagrado?
O número Sete é cercado de misticismo em muitas culturas; é, por exemplo, sagrado para o povo
Hindu pois, segundo os filósofos arianos, o esquema evolutivo passa por sete Raças-raiz. Cada
Raça-Raiz vive por um Período, enquanto o planeta, ou globo, passa por sete Raças-Raiz, ou uma
Ronda de Globo. Quando a evolução passa por doze globos, sete em planos manifestados e cinco
não manifestados, ocorre uma Ronda Planetária. Sete Rondas Planetárias formam um Manvatara ou
Kalpa que compreende 4.320 milhões de anos.
Como dito acima, cada Ronda tem de fazer evoluir sete Raças-Raiz e cada Raça-Raiz é composta
por sete sub-raças.
Estamos na Quarta Ronda, na Quinta Raça-Raiz, na quinta sub-raça, com a presença de novos
elementos da sexta sub-raça.
Na Cabala, o Setenário Sagrado se relaciona com as sete Sefirots Emocionais, que são atributos da
alma humana, as sete forças básicas que nos motivam e provocam uma resposta emocional. São
também chamadas de Midotou simplesmente Atributos:
Chessed é o Amor ou o braço direito; Guevurá é a Contenção ou o braço esquerdo; Tifereté a
Harmonia ou o tórax; Netzaché o Domínio ou a perna direita; Hod é a Submissão ou a perna
esquerda; Yessodé o Fundamento, o sinal do pacto sagrado, o órgão sexual; Malchuté a Realeza
ou a boca.
Vindo do Antigo Egito recebemos os princípios filosóficos de Hermes Trimegistus, através das Sete
Leis da Sabedoria ou Sete Leis Herméticas:
Como afirmamos antes, existem muitas apresentações para as Sete Linhas de Umbanda, pois é
através delas que flui a energia divina e os espíritos atuantes no trabalho podem se organizar
através de sua afinização com essas emanações energéticas.
Mas afinal, quais são as LINHAS de TRABALHO de UMBANDA?
É exatamente o que diz o nome, são as linhas compostas por espíritos que trabalham com as
energias emanadas do Pai Maior, que chegam ao planeta através das linhas energéticas de
umbanda, são elas:
Eles manipulam os elementos das linhas energéticas nas quais trabalham e são conhecidos como
PROTETORES.
São as entidades incorporáveis para realização do trabalho de caridade na Umbanda; caboclos,
preto-velhos, crianças, exus, boiadeiros, marinheiros, ciganos, doutores, enfermeiros, mestres do
oriente, etc...
São espíritos de luz, desencarnados, EGUNS, que manipulam os elementos quando da sua
atividade conosco, nós, os médiuns, que somos espíritos encarnados.
Não é vedado ao espírito encarnado, os seres humanos, manipular os elementos, mas toda ação
magística deve ser feita com a sabedoria e prudência inerentes ao momento evolutivo de cada um,
estando sujeito o manipulador a Lei do Carma.
OBS: Não há porque debater, sobre a quantidade de Linhas de Umbanda que existem, pois o que
importa é receber as emanaçoes divinas e aplicá-las na caridade. Sete, nove, dez, doze ou mais,
não importa.
Portanto não se trata de impor nada, muito menos julgar essa ou aquela forma de vivenciar a
Umbanda, é somente uma questão de separar as Linhas Energéticas de Umbanda ou Raios
Energéticos das Linhas de Trabalho da Umbanda.
A Cobertura é a forma perispiritual assumida pela Entidade, por exemplo, toda entidade que se
apresenta com vestimenta perispiritual de índio ou boiadeiro estão sob a Cobertura de Oxóssi. São
assim chamados de “caboclos de pena”.
Linha é a fonte energética vibratória da Entidade, ou seja, a afinidade Original desse Mentor e com a
qual trabalha, representando-a. É um aspecto muito importante, pois podemos dizer que um Caboclo
é de Xangô, de Oxossi, de Yemanjá, de Ogum, ou mesmo que trabalha, capta ou imanta com a
energia deste ou daquele orixá e logicamente irradiará essa energia.
A Ordem, que, no Ponto Riscado é chamada de Raiz, são os comandos dos quais vêm revestidas as
Entidades: Ordens de Cura, Ordens de Dirigente, Ordens de Descarrego.
Os Pretos-Velhos têm sempre a Cobertura e a Vibratória Original de Obaluaê, contudo suas
irradiações são em outras linhas energética, não podendo ser cognominado como Preto-Velho de
Yemanjá ou outro Orixá, apenas trabalha com essa energia de maneira mais atuante.
Possuem também as suas Ordens ou Raízes, que no estudo da Umbanda estão demarcadas por
quatro nações, que são: Raiz Congo, Raiz Cabinda ou da Costa, Raiz Angola, Raiz Almas, mas
encontramos trabalhadores que se apresentam como da Guiné, de Benguela, de Moçambique e
outros.
Por ser uma região original do Reino do Congo, que incluía Angola (Matamba) e Cabinda, os pretos
velhos de Raiz Cabinda costumam grafar essa raiz e podem mencionar o Congo ou Angola em seu
nome, mas riscam somente uma raiz.
A irradiação de uma Entidade independe da trilogia energética do seu médium, suas vibrações vêm
dos Orixás Ancestrais, pois estão no astral.
Não é impossível que uma entidade admita irradiar em mais uma energia além de sua linha, sem
com isso sair da sua cobertura original, afinal de contas sua ordem também demanda a energia de
algum Orixá.
Assim como todo o Planeta Terra subordina-se energeticamente aos Orixás, todo ser hominal ao
encarnar tem seu corpo físico formado com a aglutinação e condensação dessas energias. Nesse
trabalho de formação do corpo físico, embora todas as energias sejam trabalhadas, uma delas,
contudo, age com predominância vibratória, secundada por mais duas de apoio. A essa energia
principal chamamos de Eledá, que significa o criador, e as secundárias, de Otum e Ossi. São os
Orixás Naturais da pessoa, que regem, por meio dos Raios, sua atual encarnação.
Além desses Orixás, que comandam determinados raios, temos também a vibração original dos
Orixás Ancestrais, vibração que nos acompanha todo o tempo e por quantas encarnações
tenhamos, enquanto não saiamos do campo vibratório por ele comandado em busca do nosso raio
original.
Eledá quer dizer coroa, Pai Criador. Otum e Osi, respectivamente direita e esquerda.
Para se saber quais os Orixás Naturais regentes deve-se recorrer ao jogo de búzios ou a uma
entidade com cargo de chefia de templo que, após correr a devida gira, poderá dizer quais os Orixás
regentes do filho.
Para os yorubanos Odu é o caminho ou destino e Ori é oprincípio da individualidade, a cabeça, mas
encontramos as seguintes características:
Não devemos confundir ODU com o Eledá, pois o primeiro se refere à energia que define o caminho
espiritual e o segundo, à cabeça e à matéria. Este princípio é muito utilizado na Umbanda que tem
forte vínculo com as tradições africanas ou mesmo nos candomblés. O odu seria mais próximo ao
Orixá Ancestral ou a vibração que nos acompanha durante a encarnação ou encarnações, até que
possamos sair do seu campo vibratório.
Na Umbanda temos uma maneira de identificar o Odu através da data de nascimento do médium,
mas para o Candomblé, somente um Babalawô pode identificar o Odu, consultando Ifá.
O trabalho de cura na Umbanda visa o tratamento dos males físicos que trazem sofrimentos aos
encarnados. Sabemos que a grande maioria dessas doenças são causadas pelo mau uso do veículo
físico, caracterizando uma grande perda de energia prânica, ocasionando as disfunções celulares e
mau desempenho dos órgãos. Na Umbanda, uma legião de espíritos se integra ao movimento com a
missão exclusiva de proceder a tratamentos que vão desde as cirurgias espirituais, indicações de
meios naturais de tratamento, até a orientação para tratamentos alternativos. Estes irmãos
espirituais se integram no chamado “Povo de Oriente”, chamados de Mestres, que vêm na Umbanda
visando ofertar sua quota de contribuição no grande trabalho de caridade, aliviando as dores dos
seus irmãos. As sessões de Oriente na Umbanda diferem das sessões normais, uma vez que
dispensa o uso dos atabaques. É aconselhável uma iluminação discreta, de preferência azulada,
com pontos próprios ou músicas calmas de fundo durante as consultas.
14 EXÚ NA UMBANDA
Nos Candomblés ele é O Senhor do Movimento, o dinamizador da vida, o primeiro a ser criado por
Olorum, Exu Yangi, para os yorubanos ou Aluvaiá, Mpanbu Njila, Mavile ou Mavango para os
Bantos.
Também existe o chamado de Senhor do Carrego ou das oferendas, Exu Elegbo ou Elegbara o
primeiro a ser oferendado, Apavenã para os Bantos ou Legba para os Jêjes.
O Elegbara ou Legbara ou simplesmente Bara, também é o senhor do corpo ou mesmo exu
individual.
Sobre Exu basta dizer que nada acontece sem sua atuação!
A religião do branco europeu tratou de demonizar os exus, mas para as tradições africanas o bem e
o mal não estão separados, são características humanas e não das divindades.
Exu é guardião, companheiro ou compadre do homem e no Brasil se dividiu em macho e fêmea,
onde o nome Mpanbu Njila, transformou-se em Bombogira e daí em pomba-gira, uma entidade
brasileiríssima.
Exu permite que as mulheres desencarnadas trabalhem nesse movimento, para que evoluam e
contribuam com a evolução da humanidade.
Na Umbanda Exu é uma Entidade, um EGUN, que como todas as outras, trabalham com caridade.
Não é nem santo nem diabo, é apenas um irmão espiritual desempenhando papel importante no
movimento umbandista, distribuindo a caridade e buscando o seu próprio desenvolvimento espiritual.
Esses espíritos assumem formas perispirituais adaptadas à sua falange e agem na vibração
chamada “terra a terra”, ou seja, mais perto da nossa densidade grosseira. Daí o fato dos Exus
terem mais os nossos gostos e limitações, ao tempo que agem nas dimensões de trabalhos mais
densos.
Dizemos que o Exu na Umbanda tem uma tríplice função:
1ª - Mensageiros: Na verdade esses amigos são os transmissores, especialmente o Exu do terreiro,
das ordens e determinações dos guias-chefes da casa ou do grupo de trabalhadores do médium.
2ª - Guardiões: O Exu tem como uma de suas funções principais a guarda e defesa do templo
espiritual contra a infestação de energias negativas e em relação aos médiuns, defender a atuação
mediúnica do mesmo, guardando os trabalhos energéticos e mediúnicos.
3ª - Conselheiros: Por meio de uma linguagem e atitudes mais parecidas com as nossas, o que não
quer dizer de baixo calão, resolvem problemas do nosso dia a dia, incentivam a luta pelas
conquistas e sabiamente apontam, às vezes, com a história de suas vidas encarnadas, a
necessidade de buscar a iluminação pela evolução no amor, o caminho para a verdadeira felicidade.
Não devemos confundir o Exu da Umbanda com os Exus do Candomblé, pois este se trata de Orixá.
Os “Exus da Quimbanda” são espíritos que, embora assumindo nomes das falanges de Umbanda,
em muitas casas têm liberdade para praticar baixa magia, interferindo no livre arbítrio. Contudo,
devemos lembrar a distância entre a Quimbanda que pratica a baixa magia, das Kimbandas onde se
pratica a ciência da cura ou da M’banda.
Os Exus na Umbanda trabalham na vibração do elemento fogo e estão em ação no nosso plano
mais denso. Devido a essa vibratória, gostam de usar roupas e adereços coloridos e próprios do
mundo encarnado comum, o que não lhes tira o caráter de seriedade. Na alegria e boa conversa
conduzem sempre aqueles que deles se aproximam para o caminho do bem, que é o amor e a
compreensão entre os homens. Como dizíamos, os Exus constituem-se em focos de defesa e
intermediários entre a luz e as sombras, daí sua vibração ser mais baixa, em função do seu
devotado trabalho. Do mesmo jeito que em cada Linha de Orixás existe o Exu-Chefe do Foco, em se
tratando do trabalho de Umbanda, cada Linha de Orixás Menores tem seu Exu comandando o
trabalho de defesa e de busca dos espíritos ainda situados nas regiões das sombras, afim de que
passem pelas portas que separam as sombras da Luz.
15 PONTO RISCADO
O ponto riscado é o meio usado pelas Entidades para se identificar e captar, por meio dos sinais
esotéricos, as vibrações emanadas do que foi grafado, servem para criar um canal energético com o
astral e somente após riscar corretamente seu ponto é que a entidade poderá executar seu trabalho
na Umbanda.
A forma tradicional de grafia dos pontos é a mais difundida, porém, existe o ponto riscado de forma
iniciática, cuja grafia exige conhecimento mais aprofundado.
Podem ser grafados de forma aberta, onde sua ação é ampla, seu objetivo é expandir a energia para
todos, mas também podem ser grafados de modo fechado, onde sua ação é concentrada, formando
um canal de energia delimitado.
15.1 SINAIS GRAFADOS
Triângulo: o elemento fogo ou as três manifestações de Deus
Círculo: a concentração energética
Quadrado: os quatro elementos ou a raiz do Congo
Cruz: vibração de Obaluaiê – Yorimá ou a ascenção pela transformação carmática
Coração: vibração de Oxum ou mesmo de Ibeji - Yori
Ponto: Deus ou a origem
Linha Reta: mundo material.
Duas Linhas Retas: masculino e o feminino.
Uma Linha Curva: polaridade positiva ou negativa
Dois Traços Curvos: as duas polaridades – positiva e negativa.
Hexagrama: equilíbrio de forças; movimento descendente e ascendente da evolução; linha oriente; o
selo de Salomão ou Davi: Angola; Guiné; Congo
Pentagrama: evolução espiritual; Angola; Guiné; Congo
Estrela de cinco pontas vazada: Guiné; Congo; Angola
Espiral: para dentro concentra ou capta, para fora dispersa ou dispersa.
Flecha com arco (Ofá): vibração de Oxóssi.
Balança, Machado (Oxê): vibração de Xangô
Raio: vibração de Iansã.
Espada Curva: vibração de Ogum.
Espada Reta: vibração de Iansã e Ogum.
Coração com uma Cruz no Interior: vibração de Nanã.
Traços na Vertical (chuva): vibração de Nanã.
Folhas ou Plantas: vibração de Ossaim.
Tridentes: Exú e Pomba-Gira.
Arco-íris: vibração de Oxumaré. .
Lemniscata: Infinito.
Cordão com Nó: vibração das crianças.
Conchas do Mar: vibração das crianças.
Ondas: vibratória de Yemanjá.
Traço reto ou curvo com Círculo nas Pontas: símbolo de força, de amarração ou de descarregos.
Rosa dos Ventos: chamamento das forças ou descarrego.
16 O RITUAL DE UMBANDA
No Ritual de Umbanda não existe mágica, existe doação e manipulação energética e a busca
incessante dos umbandistas de se conectar com o astral, ao elevar seus pensamentos e mentes,
vibrando sua energia com a natureza, para se unir na caridade, com os trabalhadores espirituais.
Para que essa ligação ocorra é preciso um ambiente propício, com elementos que auxiliem o transe,
para que a ligação com a espiritualidade possa acontecer de forma harmoniosa e para tanto,
utilizamos de defumadores, cânticos, dança, oferendas e outros elementos que auxiliem a conexão.
Nas sessões de Umbanda não há nada de obscuro, pelo contrário, tudo é aberto e ocorre na
presença de todos, o ensinamento é esotérico, basta ter o coração e a mente abertos.
O Ritual de Umbanda é, antes de tudo, um Culto à Ancestralidade que tem início no Pai Maior
Criador, Tupã, Zambi, Olorum ou Mawu. Na verdade nosso culto é bem simples e a forma mais pura
que encontramos para vivê-lo intensamente é única: o AMOR.
Todo ritual tem como finalidade levar os irmãos de fé ao Criador, nosso Pai, pelo caminho único
apontado por Jesus, o caminho do AMOR.
O Ritual de Umbanda desenvolve a busca do Divino em nós; não é magia barata, para uso
mesquinho dos encarnados. Ele é, sim, uma luz que conduz irmãos encarnados e desencarnados a
cultivar e fortalecer o Divino em nós para que este possa se unir ao Pai Maior.
O estudo é a fonte de aprendizado para a canalização das energias presentes nos Rituais de
Umbanda, caso contrário, estaremos criando fantasias anímicas e atraindo espíritos ignorantes que
encontrarão terreno fértil para a prática da baixa magia.
A Umbanda é uma religião que promove a libertação, como nos diz Jesus: “conhecereis a Verdade e
a Verdade vos libertará”.
Podemos citar no Ritual de Umbanda, algumas práticas comuns:
CONSULTA - É a parte mais complexa do ritual, momento em que as Entidades falam por meio de
seus médiuns. São os Caboclos, Pretos-Velhos, Crianças, Exus e Povo do Oriente. O medianeiro
deve estar preparado para não interferir na comunicação da espiritualidade, pois consulta é coisa
séria e pode ter consequências perigosas.
Os irmãos espirituais que atuam na limpeza de pessoas ou ambientes através de passes ou
sacudimentos não dão consultas.
ROUPAS BRANCAS - O branco não absorve nenhuma das cores, ele reflete todos os raios
luminosos, ao contrário do preto que absorve todos os raios luminosos. Foi indicado pelo Caboclo
das Sete Encruzilhadas como a cor de trabalho para os médiuns.
O branco simboliza a paz, é a cor de Oxalá, o Rei do Pano Branco. Indica também a limpeza e a
pureza, mas são as atitudes do médium, sua conduta em si, que podem aboná-lo ou não.
Diz Deus na Bíblia: (Profeta Isaías): “... estou cansado de vossas oferendas vazias de animais e
frutos. O que eu quero é a oferenda dos vossos corações e das vossas vidas”.
SACRAMENTOS DIRIGIDOS A:
17 O AXÉ
O axé é a força ou energia que mantém a vida e está em tudo, portanto, pode ser acumulada e
direcionada. No terreiro de Umbanda o axé é aumentado para que possa ser direcionado àqueles
que necessitam dessa energia primordial.
É encontrado nos três reinos: ANIMAL, VEGETAL e MINERAL, com a denominação de SANGUE
com referência à importância deste como substância essencial, portanto, são conhecidos como:
sangue branco, sangue vermelho e sangue preto.
.As cores BRANCO, VERMELHO e PRETO são as cores básicas da cultura yorubana e as outras
cores derivam delas, somente o branco não tem derivação.
Do vermelho deriva-se o coral, o laranja, o amarelo e o marrom. Do preto deriva-se o cinza, o azul e
o verde.
Do axé branco animal podemos destacar o hálito, os ossos e dentes, o plasma dos moluscos, o
leite, a saliva, o sêmen, os corais brancos, o marfim, as pérolas, entre outros
Do axé branco vegetal podemos destacar todos os pós oriundos da moagem de sementes,
serragem, amido de arroz, de milho, fécula de batata, seivas brancas, manteiga vegetal, sumo de
folhas, de sementes ou frutas, álcool, resinas brancas, grãos brancos, frutas brancas e outros
Do axé branco mineral podemos destacar todos os minerais e metais brancos, sólidos ou em pó,
como o calcário, mármore, gesso, o alumínio, platina, prata, chumbo e os sais minerais.
Do axé vermelho animal podemos destacar o sangue humano ou animal.
Do axé vermelho vegetal podemos destacar o azeite de dendê, os pós vermelhos de origem
vegetal, o mel, as seivas e resinas vermelhas e outros.
Do axé vermelho mineral podemos destacar os minerais vermelhos e suas derivações em pedra ou
pó, além dos metais como o cobre, o ouro, o bronze e outros.
Do axé preto animal podemos destacar as cinzas de animais
Do axé preto vegetal podemos destacar as cascas e madeiras pretas e de suas derivações, inteiras
ou em pó, além do sumo de certas plantas, sementes, seivas, resinas e carvão vegetal.
Do axé preto mineral podemos destacar o carvão mineral, o ferro, o estanho e as pedras pretas,
incluindo suas derivações.
OBS: Veremos que existem aqueles que consideram o mel um axé vermelho animal, porque
apesar de ser constituído através do néctar das flores, este sofre ação de agentes químicos
dentro das abelhas campeiras e posteriormente no interior das abelhas engenheiras, portanto
o mel apresenta origem vegetal no néctar, mas este é transformado no interior das abelhas
para se tornar mel.
18 AS ERVAS NA UMBANDA
Banhos de Descarga: quando usadas para limpeza do corpo etérico, quando impregnado de
energias nocivas. Devem ser aplicados do pescoço para baixo, de modo que não afete Chacra
Coronário, que é delicado e espiritualizado.
Banhos Energéticos ou Lustrais: quando usadas para energizar corpo etérico, feitos com as ervas
do eledá do médium ou mesmo com ervas do Orixá Oxalá, pois o elemento ar interpenetra todos os
outros elementos dando-lhes vida, ou ainda com a indicação pelos irmãos trabalhadores da
Umbanda.
Amacis, imantação de “otás” ou materiais de culto: usadas no amaci das iniciações, para
energização dos otás dos Orixás ou ainda, para energização de quaisquer materiais de uso ritual.
SINCRETISMO
CRISTIANISMO NAÇÃO KETU NAÇÃO ANGOLA NAÇÃO JÊJE
NANÃ / MAWU
DEUS OLODUMARE ZAMBI
LISSA
JESUS / NOSSO LEMBÁ DILÊ /
OXALÁ / OBATALÁ LISSÁ
SENHOR DO BOMFIM LEMBARENGANGA
Nª SRª DA GLÓRIA /
Nª SRª DOS YEMANJÁ KAITUMBA / MIKAIA AZIRI KAIA
NAVEGANTES
Nª SRª DA CONCEIÇÃO
KISIMBI / SAMBA /
/ Nª SRª APARECIDA / OXUM AZIRI TOBOSSI
NDANDALUNDA
Nª SRª DAS CANDEIAS
KAIANGU / MATAMBA /
SANTA BÁRBARA OIÁ / IANSÃ AVEJI DÁ
BAMBURUCEMA
SÃO BENEDITO /
OSSÃE KATENDE X
SANTO ONOFRE
SÃO SEBASTIÃO / SÃO MUTAKALAMBO / KABILA /
OXÓSSI AGUÊ
JORGE KIBUCO
SÃO JERÔNIMO / SÃO
PEDRO / SÃO JOÃO XANGÔ NZAZI / LOANGO HEVIOSSÔ
BATISTA
SÃO JORGE / SÃO
SEBASTIÃO / SANTO OGUM NKOSI / ROXI MUKUMBE GU
ANTÔNIO
OMULU /
SÃO LÁZARO / SÃO
OBALUAIÊ / KAVIUNGO / NSUMBU SAKPATÁ
ROQUE / SÃO BENTO
XAPANÃ
NZUMBA
SANTA ANA NANÃ NZUMBARANDÁ / NANÃ BURUCU
GANZUMBA
SÃO COSME E SÃO
IBEJI NVUNJI TOBOSSIS
DAMIÃO
SANTO ANTÕNIO EXÚ/ELEGBARA ALUVAIA LEGBA
HINO DA UMBANDA
Refletiu a luz divina
com todo seu esplendor
Vem do reino de Oxalá
Onde há paz e amor
Luz que refletiu na terra
Luz que refletiu no mar
Luz que veio, de Aruanda
Para tudo iluminar
A Umbanda é paz e amor
É um mundo cheio de luz
É a força que nos dá vida
e a grandeza nos conduz
Avante filhos de fé,
Como a nossa lei não há,
Levando ao mundo inteiro
A Bandeira de Oxalá !
Levando ao mundo inteiro
A Bandeira de Oxalá !