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A antropologia, segundo a etimologia (Estudo da origem e formação das palavras de determinada língua), é a
ciência que busca conhecer os antropos (homem).

O homem se vê diferenciado dos demais seres em termos qualitativos, por ser constituído de uma natureza
especial (a razão). Por muito tempo nós ocidentais herdeiros de uma visão cristã, nos vemos como a imagem e
semelhança de Deus. Semelhante a mitologias de outros povos, sobre seres criadores e de heróis civilizadores
antropomorfizados e assemelhados aos seus indivíduos. Esse tipo de crença é do Criacionismo.

O homem por conta dessa responsabilidade imposta pelo criacionismo, onde Deus não apenas fez semelhante a
ele, como também deu o poder de domínio sobre todos os outros seres vivos no planeta. E isso é carregado até hoje.
Mesmo sendo, o livro do Gênesis, considerado pela teologia contemporânea uma coleção de mitos, ainda há
muitos que acredito, mesmo, serem Adão e Eva os primeiros habitantes humanos do planeta.

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Com a teoria Darwinista, a humanidade levou um choque. Esse geólogo e naturalista e cientista inglês, Charles
Darwin, ameaçou o nosso lugar no pedestal dos seres vivos, pois com sua teoria do evolucionismo, Darwin colocou-nos na
companhia incômoda companhia de todos os outros animais, dizendo que todos somos frutos de uma mesma evolução
biológica. Assemelhando-nos a nossos parentes mais próximos,  
 . Muitos o criticaram, outros o ignoraram. Até
os macacos dos zoológicos foram taxados como ancestrais de Darwin, ironizando-o.

Apesar de anos depois essa teoria ter sido confirmada, o homem ainda teve uma saída sutil: ͞Certo, somos
animais que, como os demais, participamos do processo evolutivo, mas acreditamos ser essa evolução um progresso:
caminha-se do mais simples ao mais evoluído, ao mais elaborado, situando-nos na ponta superior͟. Dessa forma seu ego
foi mantido: continuamos acima dos demais animais. O que acaba justificando nosso domínio sobre a terra. Colocando
assim todo o resto aos nossos pés por conta da exclusividade da razão.

Mas mesmo sendo o ser humano ter tal exclusividade e por conta disse ter criado tantas maravilhas, ainda sim
somos os maiores predadores existentes. Mesmo nós não destruímos o planeta com arsenais atômicos, estamos
destruindo-o pouco a pouco: acabando com a água potável e doce, o ar respirável, as florestas, sem contar com as
milhares de espécies de seres vivos que mantém o equilíbrio da natureza. Então se faz a pergunta: Que superioridade é
essa?

Mesmo pensando em vida inteligente em outros planetas, imaginando osETs sendo verdes, com três olhos e etc.,
ainda assim, temo-os com um jeitão humano.

Há evolução, isso é fato, mas esta evolução não representa necessariamente um progresso positivo. Mesmo difícil
reconhecer essas mutações aleatórias dos seres vivos não caminham essencialmente, a partir de um plano pré-
determinado. A evolução poderia muito bem ter acontecido sem incidência de seres inteligentes e pode continuar
acontecendo perfeitamente sem a nossa presença, após a extinção da espécie humana.

Em 1977, o filósofo Jacques Monod deu um duro golpe na visão tradicional:

Queremo-nos necessários, inevitáveis, ordenados para


sempre. Todas as religiões, quase todas as filosofias, inclusive
uma parte da ciência, testemunham o incansável e heróico
esforço de negar desesperadamente sua própria contingência.

Contingência: Fato possível, mas incerto, eventualidade.

Para o filósofo Monod, o surgimento da vida no planeta, em especial do ser humano, sãofrutos de um caso em
que as chances de acontecerem praticamente nulas. Afinal: ͞O universo não estava grávido da vida, nem a biosfera estava
grávido do homem, ou seja, o ser humano não estava pré-disposta a surgir. Nosso número saiu como no ͞Jogo de Monte
Carlo͟
Sigmund Freud observou com ironia, que as grandes   
 auxiliam na derrubada da arrogância
humana tirando-o assim desse pedestal, numa posição central de dominação.

A      foi a  , que nos removeu da posição de centro do universo, onde e nos
remeteu a condição de que somos uma partícula minúscula de uma pequeno planeta que gira em torno de uma estrela,
que sabemos hoje, ser apenas  de quinta grandeza e periférica, dentre bilhões de estrelas numa da mais de 200
bilhões de galáxias existentes.

S   , para Freud, foi a Darwinista, por nos colocar na descendência comum entre os
demais seres vivos. E Sigmund situou ainda, sua própria descoberta sobre o inconsciente como responsável por
reconhecer que temos um porão desconhecido do qual a razão não consegue dar conta.

Para Stephen Jay Gould, um dos mais famosos evolucionistas e paleontólogos da atualidade:
... nada melhor para abalar nossa vaidade e nos libertar do que a mudança entre nos vermos como ͞apenas um pouco abaixo
dos anjos͟, criados como mestres da natureza, feitos a semelhança de Deus para moldar e dominar a natureza, para o conhecimento
de que somos não apenas produtos naturais de um processo natural de descendência com modificação (e portanto parentes das
demais criaturas), como também um ramo pequeno e em última instância transitório, que desabrochou tardiamente na frondosa
árvore da vida, e não o ápice (pico, cume) predestinado na escala do progresso.

O que é necessário é olhar agora, para o que sabemos sobre como chegamos a sero que somos hoje. E a
antropologia, ao lado da biologia, da paleontologia (Estudo das espécies desaparecidas, baseado nos fósseis) e da
arqueologia (Estudo das velhas civilizações, a partir dos monumentos e demais testemunhos não escritos), esteve sempre
nessa busca ainda não alcançada de decifração das nossas origens.

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   surgiu no início do século passado através do naturalista queinaugurou a biologia,
Jean B. Lamarck. Ele acreditava que os animais mudavam sobre pressão ambiental, transferindo essas mudanças para sua
prole (filho). Mesmo estando errado essa teoria foi revolucionária para a época.

Darwin foi influenciado pelas idéias de Lamarck. Ele questionou a idéia de transmissão hereditária de esforços
individuais de adequação ao ambiente e baseou sua teoria na existência e variação casual (ou mutação aleatória) e
seleção natural. Partiu do princípio de que todos os seres vieram de um longo e contínuo processo de variações. Na
evolução a produção de variações é constante e em número maior o que as que podem sobreviver. Assim, através da
seleção natural muitos indivíduos são eliminados e as variações que deram melhores resultados permaneceram e serão
transmitidas à novas gerações.

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Com as recentes descobertas nos campos de microbiologia, da bioquímica e da biologia molecular, têm forçado
uma revisão dessa teoria. Hoje, ganha corpo uma nova visão da evolução: a teoria 
$ , ou teoria dos sistemas vivos.

Em vez de considerar a evolução como um simples resultado de mutações aleatórias e de seleção natural, começa-
se a reconhecer o desdobramento criativo da vida em formas de diversidade e complexidade sempre crescentes. Embora
a mutação e a seleção natural sejam aspectos importantes da evolução biológica, o foco central é a criatividade, ͞no
constante avanço da vida em direção à novidade͟. Níveis de complexidade crescente não significa evoluir em direção ao
humano, bem como não pode ser algo positivamente melhorado.

Para os autores da nova visão, os caminhos da criatividade da evolução foram desenvolvidos muito tempo antes do
surgimento dos primeiros animais. A base das variações e da criatividade deve ser buscada numa nova compreensão de
toda e qualquer célula viva. A mudança evolutiva passa a ser vista como ͞o resultado da tendência inerente da vida em
criar novidade, a qual pode ou não ser acompanhada de adaptações àscondições ambientais de mudança͟. Daí
decorrem, inclusive, a possibilidade dessas transformações se darem em sentido negativo, comprometendo a
sobrevivência da espécie.De acordo com a hipótese Gaia, a evolução não pode ficar limitada à adaptação deorganismos
ao seu meio ambiente. O próprio meio ambiente também é um ser vivo. Assim, o que se adapta a quê? Para essa
provocativa hipótese, da qual se adapta aos outros num complexo de co-evolução. Os Biólogos têm sido obrigados a
reconhecer que, ao invés do que pregava a visão darwinista, não é a competição que responde pelo processo evolutivo e
sim a cooperação contínua e a dependência entre todas as formas de vida.
A vida surge e se desenvolve no planeta através da formação de redes. A evolução não guarda planos ou projetos
teleológicos, nem tampouco evidências e progresso: o que há são padrões de desenvolvimento. A criatividade da
natureza é ilimitada. Padrões semelhantes, como forma de enfrentar desafios semelhantes a diferentes espécies, gerou
respostas semelhantes. Por exemplo, olhos ou asas. Se o surgimento de asas em insetos ou em aves se deu de maneira
independente, foi devido a um padrão de desenvolvimento comum a ambos os casos. Resta-nos agora, pensar no
surgimento e a evolução dos seres humanos, não mais como obra isolada, ou ponto terminal de um processo, mas como
co-participante de um processo, mas como co-participante do cenário biótico planetário.

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