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Os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna foram criados em

1928 e existiram regularmente – com um intervalo durante a guerra – até


final dos anos 1950. Seu objetivo fundamental era reunir arquitetos do
mundo todo que compartilhassem os mesmos ideais e a mesma confiança
na capacidade de renovação radical da sociedade por meio da arquitetura.
E ao mesmo tempo servisse como um canal de promoção e disseminação
de um conjunto de princípios projetuais e estéticos validados como
universais.

A “Carta de Atenas” – documento-síntese dos princípios do urbanismo


funcionalista moderno – é fruto exatamente do congresso de 1933, o
quarto Ciam. Foi a bordo do “SS Patris II” que um grupo de cerca de cem
arquitetos e interessados em arquitetura, de várias nacionalidades
distintas, definiu em linhas gerais os princípios básicos que levariam à
prática – hoje altamente condenada por sua rigidez – da setorização da
cidade segundo quatro funções básicas: habitar, trabalhar, cultivar o
corpo e o espírito e circular.

A versão mais conhecida da Carta foi publicada por Le Corbusier dez anos
depois, já em plena guerra. E tornou-se, como se sabe, uma das bases de
Lucio Costa na concepção urbanística de Brasília, já no final da década de
1950.

Ao ver o filme de Mohloy-Nagy hoje, não podemos deixar de levar em


conta que naquele navio com representantes de 16 países, falando 11
línguas distintas, não há registro de nenhum arquiteto ou representante
brasileiro. Além de Le Corbusier, havia grandes nomes como Siegfried
Giedion, Pierre Chareau, Charlotte Perriand, Josep Luis Sert, Fernand
Léger, Christian Zervos. E um só estudante: o espanhol Antonio Bonet, que
pouco mais tarde se radicaria na Argentina e no Uruguai, e desenvolveria
projetos também no Brasil. Mas um olhar atento talvez reconheça na
primeira fila da apresentação do presidente Cornelis van Eesteren um
jovem tomando notas. É Pietro Maria Bardi, que está ali como membro da
delegação italiana e editor da revista “Quadrante”. E ainda sem Lina, como
se vê.

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