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Boletín Latinoamericano y del Caribe de

Plantas Medicinales y Aromáticas


ISSN: 0717-7917
editor.blacpma@usach.cl
Universidad de Santiago de Chile
Chile

BARBOZA DA SILVA, Nina Claudia; DELFINO REGIS, Ana Carolina; ESQUIBEL, Maria Apparecida;
do ESPÍRITO SANTO SANTOS, Jaci; de ALMEIDA, Mara Zélia
Uso de plantas medicinais na comunidade quilombola da Barra II - Bahia, Brasil
Boletín Latinoamericano y del Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas, vol. 11, núm. 5,
septiembre, 2012, pp. 435-453
Universidad de Santiago de Chile
Santiago, Chile

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=85624131006

Como citar este artigo


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© 2012 Boletín Latinoamericano y del Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas 11 (5): 435 - 453
ISSN 0717 7917
www.blacpma.usach.cl

Artículo Original | Original Article

Uso de plantas medicinais na comunidade quilombola


da Barra II – Bahia, Brasil

[Medicinal plants use in Barra II quilombola community – Bahia, Brazil]

Nina Claudia BARBOZA DA SILVA¹, Ana Carolina DELFINO REGIS², Maria Apparecida ESQUIBEL³,
Jaci do ESPÍRITO SANTO SANTOS4 & Mara Zélia de ALMEIDA5

1
Departamento de Produtos Naturais e Alimentos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ilha do Fundão,
21900-000 Rio de Janeiro-RJ, Brazil.
2
Programa de Pós Graduação em Biotecnologia Vegetal, Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, Brazil.
3
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ilha do Fundão, 21900-000 Rio de Janeiro, Brazil.
4
Associação Comunitária da Barra II, 44859-000 Morro do Chapéu, Bahia, Brazil.
5
Programa Farmácia da Terra, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia, Av Barão de Jeremoabo s/n, 40170-240
Salvador-Bahia, Brazil,
Contactos | Contacts: Nina Claudia BARBOZA DA SILVA E-mail address: ninacbs@ufrj.br

Abstract
Brazil has more than 3.000 quilombolas communities but just a few ethnobotanical studies have been conducted with these groups witch means that we have
litlle knowledge about their way oh life and relationship with flora around them, specially medicinal plants. The aim of this study was to conduct an
ethnobotanical survey with members of Barra II quilombola community. Data was collected through semistructured interviews, direct observation and walk in
the woods. Most informants (91%) indicated to prefer plants over synthetic drugs in primary health care. It were cited 148 species, belonging to 52 botanical
families, Asteraceae and Lamiaceae being the most representatives. The most commonly used plant part is leaf (45%). Preparation method most frequently is
decoction (45%). Most commonly form of use are tea (44%) and bath (11%). Plants are mainly used to treat diseases of the digestive (36.5%) and respiratory
(32.4%) systems. Species with higher MUA were C. citratus (81,3), R. graveolens (50,0) and S. hilariana (50,0). The high use of baths may be related to
African traditions. A rich diversity of medicinal plant species are used for treating different diseases in Barra II. These species belong to several botanical
families, some of these families abundant in the region.

Keywords: medicinal plants; Chapada Diamantina; quilombolas; Ethnobotany, maroon community

Resumen
Brasil tiene más de 3.000 comunidades quilombolas, pero sólo unos pocos estudios etnobotánicos se han realizado con estos grupos, lo que significa que
tenemos poco conocimiento acerca de su forma de vida y relación con flora alrededor de ellas, especialmente las plantas medicinales. El objetivo de este
estudio fue realizar un estudio Etnobotánico con miembros de la comunidad quilombolas de Barra II. Datos se obtuvo através de entrevistas
semiestructuradas, observación directa y caminar en el bosque. La mayoría informantes (91%) indican peferir plantas a drogas sintéticas en la atención
primaria de salud. Fueron citadas 148 especies, pertenecientes a 52 fmilias botánicas, Asteraceae y Lamiaceae, siendo la mayoría de los representantes. La
parte de la planta más utilizados es hoja (45%. Métodos de preparación más frecuentemente es decocción (45%. Comúnmente la forma de uso son té (44%) y
baño (11%). Las plantas se utilizan principalmente para tratar enfermedades de los sistemas (32,4%) respiratorio y digestivo (36,5%). Las especies con mayor
MUA fueron C. citratus (81,3), R. graveolens (50,0) y S. hilariana (50,0). El alto uso de baños puede estar relacionado con las tradiciones africanas. Se
utilizan una rica diversidad de especies de plantas medicinales para el tratamiento de diversas enfermedades en Barra II. Estas especies pertenecen a varias
familias botánicas, algunas de estas familias abundantes en la región.

Palabras Claves: Plantas medicinales; Chapada Diamantina; Quilombolas; Etnobotanica.

Recibido | Received: 20 de Febrero de 2012.


Aceptado en versión corregida | Accepted in revised form: 16 de Abril de 2012.
Publicado en línea | Published online: 30 de Septiembre de 2012.
Declaración de intereses | Declaration of interests: Ao CNPq pelo suporte financeiro.
Este artículo puede ser citado como / This article must be cited as: Nina Claudia Barboza Da Silva; Ana Carolina Delfino Regis, Maria Apparecida Esquibel, Jaci do Espirito
Santo Santos, Mara Zélia de Almeida. 2012. Uso de plantas medicinais na comunidade quilombola da Barra II– Bahia, Brasil. Bol Latinoam Caribe Plant Med Aromat 11(5): 435
– 453.

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Barbosa da Silva et al. Etnobotánica na comunidade quilombola da Barra II – Bahía, Brasil

INTRODUÇÃO segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória


Planta medicinal é o nome dado às espécies vegetais histórica própria, dotados de relações territoriais
utilizadas com propósitos terapêuticos, sejam elas específicas, com presunção de ancestralidade negra
cultivadas ou não (WHO, 2003). Podem ser relacionada com a resistência à opressão histórica
consideradas ainda como plantas medicinais aquelas sofrida (Brasil, 2003). O número de comunidades
espécies que têm uma história de uso tradicional como quilombolas identificadas pela Fundação Cultural
agente terapêutico (Brasil, 2006a). A relação do Palmares é cerca de 3.524 (SEPPIR, 2011).
homem com estas plantas está entrelaçada há muitos Apesar do elevado número de comunidades
séculos e, desde épocas mais remotas, vem sendo quilombolas, poucos estudos etnobotânicos tem sido
difundida e transformada a partir dos movimentos realizados no Brasil (Schardong e Cervi, 2000;
migratórios e de exploração dos povos de diferentes Rodrigues e Carlini, 2003; Rodrigues e Carlini, 2006;
regiões do mundo. Pinheiro e Monteles, 2007; Rodrigues, 2007; Barroso
A colonização das Américas estabeleceu uma et al., 2010; Negri e Rodrigues, 2010; Crepaldi e
via de mão dupla na troca de informações acerca das Peixoto, 2010; Oliveira et al., 2011; Martins et al.,
plantas para fins medicinais: muitas espécies utilizadas 2012). O entendimento das relações existentes entre as
pelos povos nativos das colônias passaram a ser comunidades quilombolas e os recursos genéticos
utilizadas também pelos europeus bem como várias vegetais ao seu redor é de suma importância para o
espécies foram introduzidas no novo mundo, trazendo estabelecimento de políticas públicas voltadas para
consigo a orientação secular do seu uso como estes grupos. O conhecimento das plantas utilizadas
medicinal. Durante todo o período escravista, Brasil e nos processos de cura pode fornecer informações
África estiveram em contanto constante através do relevantes para a determinação do perfil
oceano: os cativos que chegavam traziam notícias e epidemiológico da comunidade e assim direcionar a
plantas de suas nações, e os marinheiros, os oferta de serviços de saúde pelo governo, de acordo
mercadores e os ex-escravos, no retorno, levavam as com as demandas locais.
novas do Brasil e dos africanos que aqui viviam (Costa A Organização Mundial de Saúde (OMS)
e Silva, 1994). O conhecimento dos curandeiros estima que cerca de 80% da população de países em
indígenas assim como as rezas, benzeduras e ervas da desenvolvimento fazem uso de algum tipo de medicina
senzala influenciaram os médicos europeus que tradicional para cuidados básicos de saúde, e 85%
passaram a receitar a goma do cajueiro em vez da destes envolvem plantas medicinais (Neves, 2001).
arábica, o uso do quinino e da ipecacuanha (Freyre, Atento a este dado, o governo brasileiro criou nos
2003). Os africanos, juntamente com os índios e últimos anos políticas públicas objetivando a inclusão
europeus, foram responsáveis pela formação da base das plantas medicinais e fitoterápicos como opções
do conhecimento cultural e biológico acerca das terapêuticas no serviço público de saúde. A Política
plantas úteis no Brasil. Os escravos desempenharam Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
dois papéis neste processo histórico, transplantado um no Sistema Único de Saúde (Brasil 2006a) e a Política
sistema de classificação botânica africano e Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Brasil,
introduzindo plantas nativas brasileiras em sua própria 2006b), constituem parte essencial das políticas
cultura através de seus efeitos medicinais simbólicos públicas de saúde, meio ambiente, desenvolvimento
(Almeida, 2011). econômico e social, como elementos fundamentais de
Os escravos negros no Brasil eram oriundos de transversalidade na implementação de ações capazes
diversas regiões da África. A insatisfação e indignação de promover melhorias na qualidade de vida da
para com as condições as quais eram submetidos aqui população brasileira. Permeando os pressupostos e
levaram a criação de sítios geográficos onde se diretrizes de ambas políticas públicas está a idéia de
agrupavam povos negros rebelados contra o sistema que a promoção e manutenção da saúde deve ser
escravista da época e viviam em liberdade, recriando, realizada tendo em consideração as particularidades
de alguma forma, o imaginário africano. Estas culturais nas quais os sujeitos estão inseridos, respeito
comunidades eram chamadas de quilombos, e valorizando as práticas tradicionais e populares de
mocambos, coitos, palmares, terra de pretos, etc. uso de plantas medicinais, fitoterápicos e remédios
Atualmente consideram-se remanescentes das caseiros, como elementos para a promoção da saúde,
comunidades dos quilombos os grupos étnico-raciais, conforme preconiza a OMS.

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Diante a importância da relação estabelecida úteis ao planejamento de ações relacionadas à oferta


pelas comunidades quilombolas com a medicina específica de serviço de saúde.
popular brasileira, este trabalho teve por objetivo
realizar um levantamento sobre o uso de plantas MATERIAL E MÉTODOS
medicinais na comunidade da Barra II, contribuindo Caracterização da área de estudo
para o resgate e valorização das práticas terapêuticas A comunidade quilombola da Barra II está situada
tradicionais e ainda para a geração de informações cerca de 13 km do Município de Morro do Chapéu e
330 km de Salvador (Bahia). (Figura 1).

Figura 1
Localização da área de estudo.

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Morro do Chapéu ocupa a porção setentrional os dados pessoais do entrevistado (idade, grau de
da região da Chapada Diamantina, entre as escolaridade, tempo de residência e ascendência) e
coordenadas 10º40'-11º50'S e 40º50'- 41º20'W. O sobre o conhecimento e uso de plantas medicinais
relevo é caracterizado por formas tabulares, dispostas (plantas utilizadas, doses, modo de preparo, indicações
em patamares, que se elevam de 480 a 1.200 m de terapêuticas, preferência pelo uso em relação a outros
altitudes. Predomina o tipo climático Cwb (Köppen, tratamentos).
1948), tropical de altitude de verão brando, com Além disto, foi utilizado o método de “trilha
temperatura média entre 18ºC e 22ºC e precipitação livre” (Albuquerque et al., 2008) onde os membros da
média anual em torno de 800 mm (Rocha e Costa comunidade guiaram os pesquisadores num caminho
1995). Apresenta várias formações vegetacionais por eles estabelecido mostrando as plantas para fins
como caatinga (predominante), campo rupestre, mata, medicinais por eles utilizadas.
"tabuleiro", vegetação de dunas interiores e áreas de A coleta do material botânico ocorreu durante
transições. a realização da trilha livre e durante as entrevistas,
A Barra II tem sua formação a partir de quando as plantas encontravam-se no próprio quintal
famílias de escravos fugidos que realizaram ou residência dos informantes. As amostras, em
casamentos consanguíneos por muitas gerações. É triplicata, foram prensadas em campo, levadas para
formada por 27 famílias que vivem em casas de pau-a- secagem em estufa e posteriormente depositadas no
pique recobertas por emboço, sem esgotamento Herbário RADAMBRASIL (HRD) e Herbário do
sanitário e água encanada. A energia elétrica foi Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB). A
instalada em janeiro de 2005. Uma característica identificação dos espécimes coletados foi realizada por
marcante é a presença de quintais em todas as casas taxonomistas de ambos herbários a partir da consulta
onde pode-se observar a ocorrência de espécies em bibliografia especializada, através de chaves de
frutíferas, alimentares, condimentares e também identificação e ainda por comparações morfológicas
medicinais. A maioria dos moradores trabalha em com exsicatas identificadas e por consultas a
roças que ficam localizadas nos arredores da especialistas.
comunidade, vivendo da agricultura de subsistência e As indicações terapêuticas das plantas
comercializando o excedente da produção na feira medicinais citadas foram agrupadas de acordo com o
livre de Morro do Chapéu. Na roça, as principais sistema biomédico convencional seguindo a
culturas são o café, o feijão, a mandioca, o tomate, a "Classificação Internacional de Doenças e Problemas
cebola e o marmelo. Em dezembro de 2006 a Relacionados à Saúde" (CID) adotada pela
comunidade recebeu a certidão de autodefinição como Organização Mundial de Saúde (OMS) (WHO, 2007),
remanescente de quilombo. sempre buscando respeitar as informações dos
entrevistados e minimizar possíveis distorções. Neste
Coleta e análise dos dados momento contou-se com a colaboração de um médico
Para obter perfil completo da relação da comunidade que atende a comunidade para que as indicações
da Barra II com o uso de plantas medicinais, numa terapêuticas populares fossem corretamente
amostra estratificada (Albuquerque et al., 2008) correlacionadas com a CID.
entrevistou-se uma pessoa de cada casa existente na Para analisar a concordância entre as respostas
comunidade. Os informantes em cada casa foram dos informantes sobre o uso medicinal das plantas
selecionados pelo papel desempenhado, dando-se visando identificar as espécies mais representativas
preferência às pessoas que assumiam a função de para os entrevistados, o fator de Concordância de Uso
cuidadoras da família, zelando pela saúde dos Principal corrigido (CUPc ) foi calculado para as
membros familiares, independente da idade ou gênero. plantas medicinais citadas por três ou mais
O levantamento foi realizado com todas as famílias da informantes (Amorozo e Gély, 1988):
Barra II, totalizando 27 entrevistas. Todo o resultado da pesquisa foi
Para coleta dos dados etnofarmacológicos, disponibilizado para a comunidade da Barra II,
foram realizadas observação direta (não participante) e conforme recomendação contida na Medida Provisória
entrevistas semi-estruturadas e estruturas com 2.186-16, de 23 de agosto de 2001 (Brasil, 2001).
aplicação de um formulário contendo perguntas sobre

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RESULTADOS E DISCUSSÃO e o crescimento das mesmas nas proximidades são


Na comunidade quilombola da Barra II a flora facilmente entendidos pela população (Waller, 1993).
constitui um arsenal terapêutico de enorme valor, pois A faixa etária dos entrevistados variou entre
as plantas vêm sendo utilizadas como fontes de 20 e 87 anos sendo 64% adultos (20-44 anos), 25%
medicamento há várias décadas sendo empregadas em idosos (mais de 60 anos) e 7% estão na meia-idade
preparações tradicionais de cura através de chás, (45-59 anos). Ao relacionar a idade dos entrevistados
banhos, sucos e xaropes. No quilombo não existe um com o número de plantas citadas observa- se que os
posto de saúde e é grande a distância a ser percorrida idosos são os que detêm maior conhecimento sobre as
até a unidade de saúde mais próxima, em Morro do plantas medicinais, citando, em média, 34 espécies.
Chapéu. A energia elétrica só chegou à comunidade Em seguida vêm aquelas de meia idade com média de
em 2005. Estes fatores podem ter contribuído para que citação de 31,5 espécies e por último os adultos,
o conhecimento sobre as plantas se perpetuasse e se citando em média 13,5 espécies. Vários trabalhos em
mantivesse importante, sendo pouco influenciado por etnobotânica apresentam esta mesma correlação
informações externas à comunidade provenientes de positiva entre idade e acúmulo de conhecimento sobre
mídias como a televisão. plantas (Voeks e Leony, 2004; Edwards, 2005;
As mulheres representam a maioria dos Estomba et al., 2006; Bruschi et al., 2011;
informantes (75%) o que demonstra o papel destas Cakilcioglua et al., 2011; Silva et al., 2011). É de se
como responsáveis pelos cuidados com a saúde e o esperar que as pessoas mais idosas tenham maior
bem estar familiar. De fato os cuidados primários com conhecimento sobre plantas, seja pela própria
a saúde utilizando plantas medicinais são delegados às experiência de vida, seja pelo fato de, freqüentemente,
mulheres em outras comunidades (El-Hilaly, 2003; serem mais acometidas por doenças.
Howard, 2003; Edwards, 2005; Camou-Guerrero et Foram citadas pela comunidade 148 plantas
al., 2008; Bruschi et al., 2011; York et al., 2011; diferentes para fins medicinais. Destas 121 foram
Cakilcioglua et al., 2011; Amri e Kisangau, 2012). identificadas ao nível específico, 17 ao nível do
Este elevado percentual de mulheres está relacionado, gênero, 2 na categoria da família e 8 não puderam ser
em geral, com a facilidade de obtenção das plantas identificadas, não sendo incluídas nos resultados
medicinais, geralmente encontradas nos quintais e (Tabela 1). O número de plantas citadas pela
arredores das casas o que corresponde a 79,7% das comunidade é bastante elevado sendo comparável a
plantas citadas. Quando as plantas utilizadas são outros trabalhos etnobotânicos (Amorozo e Gély,
espécies encontradas na mata ou em locais distantes 1988; Dorigoni, 2001; Garlet e Irgang, 2001;
(20,3%) os homens da família são geralmente os Rodrigues e Carlini, 2003; Estomba et al., 2006;
escolhidos para sua coleta. Cakilcioglua et al., 2011; Philander, 2011; Silva et al.,
O uso de plantas com fins medicinais é a 2011).
primeira opção para assistência primária à saúde de As plantas distribuem-se por 52 famílias
91% dos entrevistados. Esta preferência pelo uso de botânicas sendo as de maior representatividade
plantas não é exclusividade da Barra II como pode ser Asteraceae (17,8%) e Lamiaceae (12,2%). Observa-se
observado nos estudos de El-Hilaly (2003), Pinheiro e ainda que a família Fabaceae corresponde a 15,6% do
Monteles (2007) e Nadembega et al. (2011). Esta total de espécies identificadas demonstrando a
preferência pelo uso de plantas na atenção primária importância das Leguminosas para a comunidade. O
tem forte relação com as questões culturais (York et uso de representantes destas famílias como medicinal
al., 2011) uma vez, que dentro dos sistemas de cura está documentado em levantamentos etnobotânicos
tradicional, o cheiro, o sabor e até a consistência das realizados em diferentes regiões do mundo (Merzouki
plantas são elementos importantes que conferem et al., 2000; Camejo-Rodrigues et al., 2003; Scherrer
confiabilidade àquela preparação, contrastando com os et al., 2005; Thring et al., 2006; Camou-Guerrero et
comprimidos e cápsulas, muitas vezes inodoras e al., 2008; Cakilcioglua et al., 2011; Philander, 2011) e
insípidas o que pode constituir a razão para a rejeição também em comunidades quilombolas no Brasil
dos medicamentos industrializados. Além disto, a (Shardong e Cervi, 2000; Rodrigues e Carlini, 2006;
necessidade do armazenamento adequado e de Pires et al., 2009; Crepaldi e Peixoto, 2010) e pode ser
administração de doses em horários fixos pode atribuído a grande variedade de substâncias bioativas
dificultar também o uso dos medicamentos presentes (Amri e Kisangau, 2012). A região onde está
"modernos" uma vez que o acondicionamento de ervas localizada a comunidade da Barra II apresenta uma

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vegetação extremamente diversa sendo as famílias 2007) o que pode justificar o elevado número de
Melastomataceae, Asteraceae, Lamiaceae, espécies citadas para fins medicinais (Weckerle et al.,
Euphorbiaceae e Fabaceae, em particular, bem 2011).
representadas (Bandeira, 1998; Conceição e Pirani,

Tabela 1
Plantas medicinais citadas pelos informantes da Barra II, Morro do Chapéu, BA. Família / espécie. Nome
popular. Parte utilizada (B – Bulbo; F – Folha; Fl – Flor; Fr – Fruto; Inf – Inflorescência; I – Inteira; Pa –
Parte Aérea; R – Raiz; S – Semente). Indicação popular. Forma de preparo (D – Decocção; I –Infusão; IN –
In Natura ; MA – Macerado Em Água; MC – Macerado Em Álcool; O – Outro; S - Sumo). Forma de uso (Al
–Alimento; B – Banho; BO – Bochecho; CH – Chá; C – Cachaça; G – Gargarejo; IN – Inalação; MI –
Mingau; O – Outro; S –Sumo; T – Tópico; X – Xarope)

Parte Forma de Forma de


Família/ Nome científico Nome popular Indicação popular
usada preparo uso
Amaryllidaceae

Fortificante; Gripe; Pressão;


Allium sativum L. Alho B D; S; MA MI; CH; X
Ameba

Evitar derrame; epilepsia;


Tosse; gripe; adianta a
menstruação; Prisão de ventre; CH; X; MI;
Allium cepa L. Cebola B D; MC
Estômago; garganta; C
fortificante; limpar os restos do
útero

Gripe; tosse; Dor de barriga;


Aumentar contração; Para X; CH; B;
Allium ascalonicum L. Cebola branca B D; O; MC
evitar inflamação de mulher T; C
parida
Amaranthaceae
Dor de cabeça; febre;
Alternanthera brasiliana Kuntze Anador/bezetacil F D; I CH
inflamação

Pancada; verme; Dor no tórax;


Dor de dente; Pereba; Dor de S; T; BO;
Chenopodium ambrosioides L. Mastruz F; R; I S; D; I
mulher; Inflamação de mulher; CH; B
gastrite;Gripe

Celosia sp. Crista do galo F Inflamação na urina I B


Anacardiaceae

Uretra; Comida que faz mal;


Anacardium occidentale L. Caju branco F I CH
dor de barriga

Gripe; febre, doença de


Mangifera indica L. Manga espada F D CH; X
mulher; Tosse

Cicatrizar; Úlcera; Dor de


dente; Comida que faz mal;
Myracrodruon urundeuva Allemão Aroeira CS; F I; D; MA B; CH BO;
Inflamação de mulher; Dor no
tórax;

Spondias purpurea L. Seriguela F Pressão; Disenteria I; D CH


Annonaceae

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F; CS;
Annona muricata L. Graviola Câncer; diabetes; pressão alta D; IN CH; AL
FR
Apiaceae
Comida que faz mal; Gases;
Foeniculum vulgare Mill. Erva doce F; FR D; I CH
disenteria
Araceae
Philodendron sp Imbí/ imbé F Reumatismo O
Asteraceae
Dor de estômago; Dor de
Acanthospermum glabratum (DC.) Wild. Carrapicho roxo F; R; I I; D CH
barriga
Achillea millefolium L. Arcanfor F Dor de cabeça; Gripe MC; IN; I I; CH

Achyrocline satureioides (Lam.) DC. Macela do campo F; Fl Gripe; disenteria D; I CH; B

Dor no corpo; Vistas;


Ageratum conyzoides L. Mentrasto F; I; R Rouquidão; Gripe; catarro na I; D B; CH; G
cabeça

Olhos; limpar os restos do


Artemisia vulgaris L. Artemijo F S; I; MC S; B; C
útero

Cólica menstrual;
evitar inflamação de mulher B; CH; C;
Artemisia sp. Losna F D; MC; I
parida; Coração; estômago; MI
garganta; fortificante

Pressão; dor na uretra;


Inflamação nos rins; evitar
Bidens pilosa L. Carrapicho S; F I; D ; MC CH; B; C
inflamação de mulher parida;
Diabetes

Chamaecrista cytisoides (Collad) I. & B. var Dor na coluna; Inflamação de


Rompe gibão F D CH; B
blanchetti (Benth) I. & B. mulher; Pressão alta; rins

Dor de barriga (comida); febre;


catarro no peito; gripe; cólica
Chrysanthemum parthenium (L.) Bernh. Macela/ macela galega F; Fl menstrual; enjôo; Para mulher D; I; MC CH; B; C
quando tem neném/ limpar os
restos do útero

Helianthus annuus L. Girassol S Evitar derrame/ dor de cabeça O CH

Lactuca sativa L. Alface F Ferida O T

Matricaria chamomilla L. Camomila F Insônia D CH


Evita disenteria; barriga fofa;
Vernonia condensata Baker Aluão F D; I CH
comida que faz mal

Inflamação de mulher parida;


Pluchea sagittalis (Lam.) Cabrera Quitoco R; F D X; CH
Gripe; Inflamação (urina)

Dor na uretra; inflamação de


mulher; Batida; Dor nas
Sphagneticola trilobata (L.) Pruski Calêndula Fl; F; I I;D; MC CH; B; T
pernas; Cólica menstrual; Dor
de estômago

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Barbosa da Silva et al. Etnobotánica na comunidade quilombola da Barra II – Bahía, Brasil

Inflamação nas vistas; Dor de


Spondias tuberosa Arr. Cam Umbú CS MA; D B; BO
dente
Tagetes paluta L. Cravo de defunto Fl Coqueluche D CH
Bignoniaceae
Quebradura, coluna, batida
Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. &
Caraíba CS forte, rebentação, cicatrizar, O O; T
Hook.f. ex S. Moore
dor na articulação
Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.)
Pau d'arco roxo CS Câncer; Inflamação de mulher MA CH
Mattos
Bixaceae
Desinflamar pancada; Cólica
Bixa orellana L. Urucum S; F MA; I CH
menstrual; dores de ovário
Boraginaceae
Cordia sp. Moleque duro F Para o menino caminhar I B
Symphytum officinale L Confrei F Câncer I CH
Brassicaceae

Nasturtium officinale R.Br. Agrião F Tosse; Catarro no peito; Gripe D; IN; O X; AL; CH

Lepidium ruderale L. Morfina F Para a memória I B


Bromeliaceae
Ananas sativum L. Abacaxi CS Colesterol D; S CH; AL
Cactaceae
Melocactus bahiensis (Britton et Rose)
Cabeça de frade I Rins, coluna X AL
Luetzelb.
Opuntia ficus-indica Mill. Palma O Dor de cabeça O I

Caprifoliaceae
Sambucus racemosa L. Sabugueiro Fl/F Febre, gripe, tosse D; I CH; X

Caricaceae
Ameba; Gripe; catarro no
Carica papaya L. Mamão FR; O peito; pressão; Verme; MA; O; IN X; AL
Diabetes
Celastraceae
Maytenus rigida Mart. Pau - de - colher CS Gripe MC; D CH; C
Commelinaceae
Commelina nudiflora L. Marianinha F Para as vistas S O
Convolvulaceae
Ipomoea batatas (L.) Poir. Batata doce F Dor de dente D BO

Operculina macrocarpa (L.) Farwel. Purga de batata C Verme ; Hemorróidas D CH

Crassulaceae

Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken Folha da costa F Inflamação; pancada D; O CH; T

Sedum dendroideum Moç. & Sessé ex DC. Bálsamo F inflamação ou dor olho S T

Cucurbitaceae
Cucurbita sp. Abóbora S Vermes I CH
Inflamação de mulher; Dor nas
Momordica charantia L São caetano F D B
pernas
Sechium edule (Jacq) Sw Chuchu F Abaixar a pressão D; I CH

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Barbosa da Silva et al. Etnobotánica na comunidade quilombola da Barra II – Bahía, Brasil

Dioscoriaceae
Dioscorea villosa L. Inhame R Afrodisíaco D CH; X
Erythroxylaceae
Erythroxylum vaccinifolium Mart. Catuaba CS Afrodisíaco O C
Euphorbiaceae
Croton antisyphiliticus Mart.. Enxerto de passarinho CS Dor de dente D BO

Derrame; Vistas; Ferida na


Croton campestris A. St. Hil. Velame F D; O CH; B; T
boca
Dalechampia sp. Urtiga R Dor de dente D BO
Jatropha gossypiifolia L. Pinhão roxo F Alergia a carne de porco O AL
Phyllanthus flaviflorus (K.Schum. & Lauterb.) Dor nos rins; Inflamação de
Quebra pedra I; PA D; I CH
Airy Shaw mulher; Pressão
Ricinus comunis L. Mamona Ó Aumentar contração O MS
Fabaceae
Desinflamar mulher parida;
Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby MA; MC;
Barbatimão CS Inflamação; Cicatrizar ferida; C; B; CH
&J.W. Grimes D
Úlcera

Imburana/emburana/u CS;F Estômago; inflamação; Cólica


Amburana cearensis (Allem.) A.C. Smith D; I CH
mburana S menstrual
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico CS Gripe; catarro D X
Catinga de porco/pau Ameba; Comida que faz mal;
Caesalpinia pyramidalis Tul. F D; I CH
de rato/manevintura estômago

Cajanus cajans (L.) Millsp. Andú branco Fl; F Gripe; tosse; sinusite D; O X; I

Derrame; Vistas; Garganta;


Copaifera lucens Dwyer Copaiba/ pau de óleo Ó O O; T
Cicatrizar ferida
Erythrina sp. Mulungú CS Dor de dente D BO

Hymenaea stigonocarpa var. pubescens Jatobá CS Fígado, rins; Gripe D; I; MC CH; C

Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P. Queiroz Pau - ferro CS Gripe MC; D CH; C
Mimosa sp. Jurema CS Dor de dente D BO
Peltophorum sp Farinha seca C Disenteria I CH
Periandra mediterraneae Taub Arcaçus R Gripe D; IN; MC CH; C; M

Gripe; Inflamação ou dores


Senna occidentalis (L.) Link Fedegoso F; R; Fl depois do parto; Derrame de I; D X; CH
bile; dente de criança

Tephrosia pupurea (L.) Pers. Sena F Tirar catarro I CH


Lamiaceae
Mentha gentilis L. Alevante miúdo F Pressão I CH
Ameba; Aumenta
menstruação; Útero; estômago; S; CH; MI;
Mentha viridis L. Hortelã miúdo F S; D ;O
garganta; fortificante; Gripe; X
Verme; dormir

Boletin Latinoamericano y del Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas/443


Barbosa da Silva et al. Etnobotánica na comunidade quilombola da Barra II – Bahía, Brasil

Dor de barriga; frieira; Gripe;


tosse; limpar os restos do D; O; I; T; CH; X;
Mentha pulegium L. Peijo (poeijo) F
útero; estômago; garganta; MC C; MI
fortificante

Ocimum sp. Basilicão F Gripe D CH


Calmante; pressão; Gripe;
Ocimum basilicum L. Manjericão F I; D X; CH
tosse
Ocimum selloi Benth. (Lam.). Alfavaca I; F Gripe D/ I CH

Aumenta menstruação;
Disenteria; Dor de estômago;
Plectranthus amboinicus Lour. Hortelã grosso/ graúdo F S; D CH
Inflamação de mulher;
corrimento

Disenteria, comida que faz


Plectranthus barbatus Andr. Boldo/ sete dores F I; D CH
mal; Cólica menstrual

Estômago; rins; Dor de cabeça


Plectranthus ornatus Codd. Boldo de quintal F S; I; D S; CH
de comida; Febre; Disenteria

Sinusite; nervoso; Gripe,


Rosmarinus officinalis L Alecrim de quintal I; F O; D; I IN; CH; G
garganta inflamada
Inflamação nas vistas; gripe;
Salvia officinalis L. Salva F I; D CH; B
dor de cabeça; Dor no corpo
Lauraceae
Tosse, gripe; Útero; estômago;
garganta; fortificante; Para
Cinnamomum zeylanicum Breyn. Canela CS O; D; MC AL; MI; C
evitar inflamação de mulher
parida

Persea americana Mill (CV) Abacate F; S Rins D; MA CH

Liliaceae
Câncer; Derrame; Verme;
Aloe vera (L.) Burm.f. Babosa F S; D C; S; O; B
Quentura
MA; MC; CH; C; T;
Nothoscordum sp. Alho bravo R Reumatismo
D B
Malvaceae
Gripe; chiadeira; tosse; dor; S; X; CH;
Gossypium herbaceum L. Algodão F; Fr S; D
Inflamação de mulher; Pancada B

Dor de barriga; frieira;


Sida cordifolia L. Malva - branca F; R D; O CH;T
constipação

Malva - preta/ malva


Sidastrum micranthum (A.St.-Hil.) Fryxell R Pressão D CH
de sebo
Moraceae
Dorstenia sp. Carapuá/ carapiá R Dor; Gripe; dor de dente I; D; O CH; O

Ficus carica L. Figo F Pressão D CH


Musaceae

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Barbosa da Silva et al. Etnobotánica na comunidade quilombola da Barra II – Bahía, Brasil

Musa x sapientum L. Banana INF Tosse; Pressão; Gripe D; O X


Myristicaceae
Cólica menstrual; derrame;
Noz moscada/
Myristica fragans L. S Útero; estômago; garganta; I; MC; D CH; C; MI
manuscada
fortificante
Myrtaceae

Febre; gripe; Sinusite; Catarro CH; B; IN;


Eucalyptus globulus L. Eucalipto F; S D; I
no peito X

Eugenia uniflora L. Pitanga F Ameba; Febre; Gripe; tosse D CH; X

Malpighia glabra L. Acerola F; Fr Bronquite; gripe; Gripe I; D; S CH;O

Myrciaria cauliflora (C. Martius) O. Berg Jabuticaba CS Disenteria D CH


Dor de barriga ; inflamação de
Psidium guajava L. Goiabeira CS; F D CH; B
mulher parida

Psidium guineense Sw. Araçá F Dor de cabeça; Disenteria IN; D IN; CH

Syzygium aromaticum (L.) Nerril. Cravo da índia Fl Tosse, gripe, coqueluche D X


Colesterol; Pressão alta;
Syzygium cumini (L.) Skeels Janelão/jamelão F; Fr Úlcera; diabetes; Coração; D; I; IN AL; CH
Inflamação de mulher
Nyctaginaceae
Para evitar inflamação de
Boerhaavia coccinea Willd. Pega pinto I MC C
mulher parida
Orchidaceae
Vanilla sp. Baunilha F Baixar a pressão D CH
Papaveraceae
Argemone mexicana L. Carro santo F Derrame/ epilepsia I CH; B
Passifloraceae
Dormir (flor); pressão;
Passiflora cincinnata Mart Maracujá do mato Fl; FR; R calmante; quentura; I; S; D CH; AL
hemorróidas
Passiflora edulis Sims Maracujá Fl; F Pressão I CH
Pedaliaceae
Sesamum orientale L. Gergelin S Dor na articulação O T
Piperaceae
Piper nigrum L. Pimenta do reino S Fortificante D MI
Plantaginaceae

Inflamação de urina; Garganta


inflamada; Dor de dente;
D; I; IN; BO; B; CH;
Plantago major L. Trançagem F; R; I Inflamação de mulher; Para
MC AL; C
evitar inflamação de mulher
parida

Poaceae

Dor de rins; Dor de coluna;


Bambusa arundinacea Retz Bambu Fl; F D; S CH; BO
Fígado; Dor de dente

Calmante; diabetes; pressão


Cymbopogon citratus (DC.)Stapf. Capim-santo F; R alta; gripe; Pressão; fazer O; D; I X; CH
urinar

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Barbosa da Silva et al. Etnobotánica na comunidade quilombola da Barra II – Bahía, Brasil

Dor de cabeça; cicatrizar; Dor


Digitaria insularis (L.) Fedde Capim açú F D; I; S CH; B; O
de estômago
Saccharum officinarum L. Cana caiana F Para pressão alta D; I CH
Zea mays L. Milho F Dor de dente O O
INDET Capim lanceta PA Sangue grosso D CH

INDET Capim nagô INF; PA Tosse, gripe; calmante D; I CH; B

Punicaceae
Punica granatum L. Romã Fr Garganta inflamada D G
Rosaceae
Rosa branca ou branca
Rosa sp. Fl Coração I CH
de neve
Rubiaceae
Coffea sp Café S Derrame D B

Abortiva; Dor de barriga; Rins;


Coutareae hexandra (Jacq.) K. Schum. Quina CS D; MC; IN; CH; C
fígado

Palicourea coriaceae (Cham.) K. Schum. Gemedeira R Dor I CH


Rutaceae

Calmante; pressão alta; Febre;


Citrus aurantium L. Laranja F D; O CH; X
Gripe

Colesterol; pressão alta;


Citrus limon (L.) Burm. f. Limão Fr; F Gripe; Afinar o sangue; Ferida S; D; I CH; AL; B
de pele

Aumentar contração; Catarro


no peito; Gripe; limpar os T; X; CH;
Ruta graveolens L. Arruda F O; D; MC
restos do útero; Garganta; C; BO; MI
Fortificante
Smilacaceae
Barriga fofa; comida que faz
Jacaré/ catana de MA; D; I;
Smilax hilariana DC. R mal; disenteria; enjôo; dor de CH
jacaré IN
coluna; pressão
Solanaceae
Capsicum sp. Pimenta Fr; F Dor de dente O; D T; BO
Para provocar vômito; comida
Solanum sp. Cassutinga CS; F D; I CH
que faz mal
Pneumonia; Gripe; tosse;
Solanum ambrosiacum Vell. Melancia da praia I; R Quentura; corrimento; dor de D X; CH
urinar
Diarréia; Vermes; Quentura;
Solanum erianthum D. Don Caiçara Raiz D CH; B
corrimento
Sterculiaceae
Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba CS Queda de cabelo MA O
Helicteres macropetala St. Hil. Rosca Fr cólica de criança D CH
Tiliaceae
Luehea grandiflora Mart et Zecc Cedro CS Derrame D CH
Verbenaceae
Inflamação de urina; Gripe;
Aloysia lycioides Cham. Alfazema I; F D; I CH; B
calmante

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Barbosa da Silva et al. Etnobotánica na comunidade quilombola da Barra II – Bahía, Brasil

Comida que faz mal;


Disenteria; Barriga fofa; Dor
Lippia alba (Mill.) N.E. Br Erva cidreira F D; I; IN CH; AL
de cabeça; Pressão; calmante;
diabetes; acalmar

Lippia. gracillis H.B.K. Alecrim de vaqueiro F Pressão; gripe D; I CH

Violaceae
Hybanthus calceolaria (L.) Oken Papaconha R Derrame, ameba, purgante D CH
Vitaceae
Vitis aestivalis (Bailey) B.L.Comeaux Uva F Diminui a menstruação D CH
Zingiberaceae
Alpinia zerumbet (Pers.) B.L. Burtt & R. M. Sm Alevante vermelho R Nervoso; pressão I CH

A opção pelo uso de folhas nas preparações al., 2003; Pinheiro e Monteles, 2007; Rodrigues, 2007;
medicinais da Barra II é responsável por 45,4% das Cakilcioglua et al., 2011; Nadembega et al., 2011;
citações, seguida pelo uso de cascas/ caule (12,1%), Philander, 2011; York et al., 2011; Amri e Kisangau,
raízes (11,6%), sementes (8,2%), flor e planta inteira 2012). A cultura popular muitas vezes faz referência
(ambas com 7,2%) e frutos (4,3%). As folhas também ao “chá forte”, “bem verdinho” como um indicativo de
são a parte vegetal mais utilizada por outras que desta forma o “chá faz efeito”. Há a crença de que
comunidades (Garlet e Irgang, 2001; Di Stasi et al., o chá para ser bom tem que deixar a planta ferver bem,
2003; Camejo-Rodrigues et al., 2003; Pinheiro e tem que ter cor e cheiro. Esta pode ser uma
Monteles, 2007; Crepaldi e Peixoto, 2010; Nadembega justificativa para o uso predominante da decocção.
et al., 2011; Philander, 2011; York et al., 2011; Amri e Dorigoni et al. (2001) afirmam que a população
Kisangau, 2012). A prevalência de uso de urbana de São João do Polêsine (RS) mesmo tendo
determinadas partes vegetais pode ser entendida como acesso a fontes de informação correta usa infusões
um reflexo do hábito das famílias mais citadas, para algumas raízes e decocções para partes tenras.
geralmente espécies de porte herbáceo ou Os chás são a forma de administração mais
subarbustivo, no máximo arbustivo. Além disto, usada pela comunidade, com 43% das citações (Figura
supõe-se maior facilidade na obtenção de folhas 2), dados semelhantes aos encontrados em outros
comparada às outras partes vegetais, principalmente levantamentos etnobotânicos (Rodrigues, 2007;
flores e frutos. Bruschi et al., 2011; Philander, 2011; York et al.,
Apesar de a comunidade utilizar 2011; Amri e Kisangau, 2012). O preparo dos
principalmente as folhas no preparo dos remédios remédios com água, através da decocção ou infusão, e
caseiros, estes são obtidos principalmente por meio da sua administração na forma de chá fazem destes uma
decocção (45,5%) e da infusão, com 22,4% das forma de tratamento barata, rápida e de fácil acesso
citações. Infusão e decocção estão entre as formas de (Merzouki, 2000). Essa combinação de fatores
preparo mais comuns em muitos levantamentos justifica seu amplo uso popular registrado tanto na
etnofarmacológicos onde as folhas são a parte mais Barra II como em outros levantamentos etnobotânicos.
utilizada (Garlet e Irgang; 2001; Camejo-Rodrigues et

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Barbosa da Silva et al. Etnobotánica na comunidade quilombola da Barra II – Bahía, Brasil

Figura 2
Principais formas de uso das plantas medicinais pelos membros da comunidade da Barra II.
4% 1%
3% chá
3%
banho
3%
xarope
4%
cachaça
5% tópico
43%
gargarejo/bochecho
5% mingau
sumo
8% inalação
alimento
outro
10% mastigação
11%

A utilização de banhos como forma de et al., 2003; Scherrer et al., 2005; Estomba et al.,
administração da preparação caseira é a segunda mais 2006; Bruschi et al., 2011; Phillander, 2011; Amri e
citada na comunidade (11%). Provavelmente esta Kisangau, 2012).
preferência pelos banhos tem relação com a cultura Dentre as doenças/ sintomas relacionadas ao
africana do uso de banhos de folhas nos processos de sistema digestivo destacam-se a dor de barriga, para
cura. O uso de banhos com ervas é popular em muitas qual é utilizada L. alba, os problemas digestivos,
comunidades da África do Sul para fins espirituais e tratados com S. hilariana e Amburana cearensis
contra a febre (Philander, 2011) e também utilizados (Allem.) A.C. Smith, além da dor de dente controlada
em comunidades de afrodescendentes no Brasil com Chenopodium ambrosioides L.
(Amorozo e Gélly, 1988; Rodrigues e Carlini, 2003). A utilização da L. alba para dor de barriga está
Esta tradição pode ser observada também dentre os amplamente descrita na literatura popular de várias
adeptos das religiões de matriz africana como o regiões (Pascual et al., 2001; Lorenzi e Matos, 2008;
candomblé (Pires et al., 2009). Os banhos de Di Stasi e Hiruma-Lima, 2002; Silva et al., 2011).
purificação, de axé, fazem uma ponte entre o místico e Geralmente, seu óleo essencial com componentes
o médico, onde muitas das plantas usadas apresentam majoritários limoneno, β-cariofileno, p-cimeno,
propriedades medicinais diversas, atuando através dos cânfora, linalol e timol, além de compostos fenólicos
óleos essenciais que, quando liberados durante os (flavonóides), justifica suas propriedades medicinais
banhos, podem ser inalados. (Pascual et al., 2001). O uso de espécies do gênero
Os problemas de saúde tratados com as plantas Smilax, tem sido empregado em muitos países para
medicinais citadas neste trabalho foram agrupados em diversos fins medicinais entre os quais os problemas
14 categorias de doenças segundo a CID. As digestivos (Lorenzi e Matos, 2008). Estudos em seres
categorias mais citadas estão relacionadas às humanos registram aumento de apetite, melhora da
patologias do sistema digestivo (36,5%), sistema digestão e efeito diurético (Newall, 2002). A presença
respiratório (32,4%) e dos sistemas circulatório e de cumarinas e taninos, bem como comprovada ação
geniturinário (ambas com 25,7%). As doenças espasmolítica e relaxante de musculatura lisa podem
relacionadas ao sistema digestivo e respiratório justificar o emprego da A. cearensis no tratamento de
aparecem como as mais comuns em algumas afecções do sistema digestivo (Leal, 2003). O uso das
comunidades no Brasil, do continente Africano e em folhas do C. ambrosioides para dor de dentes é uma
outras regiões do mundo (Amorozo e Gély, 1988; indicação particular da Barra II. No entanto, há relato
Merzouki et al., 2000; Di Stasi et al., 2003; El-Hilaly do efeito analgésico da infusão das sementes de C.

Boletin Latinoamericano y del Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas/448


Barbosa da Silva et al. Etnobotánica na comunidade quilombola da Barra II – Bahía, Brasil

ambrosoides na medicina tradicional do Distrito Ksar Concordância de Uso Principal corrigido (CUPc), o
Lakbir, Marrocos (Merzouki et al., 2000). que pode implicar maior eficácia quanto ao uso
As doenças do sistema respiratório mais (Tabela 2). O uso principal das três espécies com
recorrentes são gripe ou resfriado e catarro no peito maior valor de CUPc (50%) apresentam comprovação
sendo predominante o uso de espécies da família científica relatada na literatura. Assim, o uso de C.
Lamiaceae. As plantas mais citadas para tratar estas citratus para “pressão alta”, de R. graveolens para
doenças são Ruta graveolens L. e Mentha pulegium L. “catarro no peito” e de S. hilariana como “digestivo”
O uso da R. graveolens (arruda) como expectorante foram descritos pelos trabalhos de Carbajal et al.,
está descrito em outros levantamentos 1989, Pollio et al., 2008 e Newall, 2002,
etnofarmacológicos (Di Stasi e Hiruma-Lima, 2002; respectivamente. Observa-se que dentre as espécies
Pollio et al., 2008; Philander, 2011). Estas indicações com elevado valor de CUPc, três não estão entre as
terapêuticas justificam-se pela presença de cumarinas mais citadas pela comunidade (M. urundeuva,
embora sua administração deva ser muito criteriosa Sacharum sp., M. pulegium) enquanto outras três que
pois apresenta propriedades tóxicas podendo causar foram muito citadas (Figura 2) não possuem alto valor
vômitos, contração das pupilas, convulsões e de CUPc (L. alba, C. ambrosioides, C. parthenium). O
sonolência (Di Stasi e Himura-Lima, 2002). M. fator CUPc aponta os usos mais difundidos e aceitos
pulegium possui propriedades antiespasmódicas, para uma espécie, já que são utilizados e reconhecidos
carminativas e emenagogas e por isso utilizada em pelos informantes, o que poderia evidenciar maior
casos de resfriado comum (Newall, 2002). segurança quanto à sua validade (Vendruscolo e
A espécie mais utilizada pelos moradores é a Mentz, 2006). Assim, este fator tem sido utilizado para
erva cidreira (Lippia alba (Mill.) N.E. Br), citada por indicar quais plantas devem ter prioridade de estudos,
64% dos entrevistados. Outras espécies com uso ou seja, direcionar os estudos para bioprospecção
significativo, recebendo 50% ou mais das citações são (Thring e Weitz, 2006). As espécies com valor de
a catana de jacaré (Smilax hilariana DC.) e Capim CUPc próximo de 50% apresentam um apreciável
Santo (Cymbopogon citratus Stapf.), ambas com 56%, consenso de uso popular, o que pode indicar potencial
e o Barbatimão (Abarema cochliacarpos (Gomes) medicinal, funcionando como uma pré-triagem de
Barneby & Gomes) com 52% (Figura 3). espécies para estudos de bioprospecção (Silva e
Nesse estudo, 8 espécies apresentaram um alto Proença, 2008).
consenso de informações, de acordo com fator de

Figura 3
Espécies vegetais utilizadas para fins medicinais mais citadas pela comunidade da Barra II.

Lippia alba 64,0%

Smilax hilariana 56,0%

Cymbopogon citratus 56,0%

Abarema cochliacarpos
Espécies

52,0%

Chenopodium ambrosioides 48,0%

Chrysanthemum parthenium 36,0%

Amburana cearensis 36,0%

Ruta graveolens 36,0%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0%

Porcentagem

Boletin Latinoamericano y del Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas/449


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Tabela 2
Principais espécies medicinais utilizadas pela comunidade da Barra II segundo o valor (%) da Concordância
de Uso Principal corrigido (CUPc) .
Espécie Uso principal CUP (%) CUPc (%)

Cymbopogon citratus Pressão alta 92,9 81,3

Ruta graveolens Catarro no peito 88,9 50,0

Smilax hilariana Digestivo 57,1 50,0

Myracrodruon urundeuva Inflamação de mulher 87,5 43,8

Abarema cochliacarpos Cicatrizante/ inflamação de mulher 53,8 43,8

Saccharum sp Pressão alta 100,0 43,8

Amburana cearensis Digestivo 77,8 43,8

Mentha pulegium Gripe 87,5 43,8

CONCLUSÕES As informações sobre as espécies utilizadas


O uso de um elevado número de plantas, bem como as como medicinais e sua importância para a comunidade
suas várias aplicações, evidencia a crença das quilombola da Barra II são relevantes para futuros
comunidades nesses recursos vegetais como projetos de prospecção do potencial medicinal e de
alternativa para o tratamento das doenças mais comuns conservação dessas plantas, podendo ainda fornecer
dos grupos, frente a um deficiente sistema de saúde informações relevantes que contribuam para
pública. A comunidade demonstrou possuir um amplo implantação de programas de saúde adaptados à
conhecimento sobre plantas com fins medicinais, realidade cultural dos quilombolas, valorizando e
citando mais de 140 espécies. Este conhecimento é respeitando o do saber tradicional.
maior entre as pessoas com idade superior a 60 anos e
entre 45 e 59 anos. Os mais jovens conhecem menos AGRADECIMENTOS
da metade do número de plantas citadas pelos Os autores agradecem a toda comunidade da Barra II
entrevistados mais velhos. Este acúmulo gradativo de pela convivência, carinho e lições aprendidas. Em
conhecimento pode ser observado também em outras especial aos informantes, que dispuseram seu tempo e
comunidades de matriz africana, como os terreiros de seu conhecimento para que este pudesse ser registrado
candomblé, onde o segredo das folhas é passado aos neste trabalho. Ao Dr. Humberto Ribeiro, médico de
iniciados gradativamente, exigindo anos de Morro do Chapéu e professor da UFBA, que
aprendizagem e convivência. As famílias botânicas colaborou na interpretação dos sinais e sintomas
mais representativas neste trabalho correspondem citados. Ao CNPq pelo suporte financeiro.
àquelas abundantes na região sendo também muito
representativas em várias partes do mundo, conforme REFERÊNCIAS
comprovação em outros trabalhos. A influência da Albuquerque UP, Lucena RFP, Cunha LVFCC. 2008.
ancestralidade africana pode ser observada pela Métodos e técnicas na pesquisa
elevada prevalência do uso de banhos como forma de etnobotânica. Editora Comunigraf/ NUPEEA,
uso das preparações tradicionais. A prevalência de Recife, Brasil.
indicações de plantas para tratar problemas Almeida MZ. 2011. Plantas Medicinais e
relacionados ao sistema digestivo pode ser entendida Ritualísticas. 3ª ed. EDUFBA, Salvador,
como um reflexo das condições sanitárias nas quais a Brasil.
comunidade se encontra. Além disso, o uso de lenha Amorozo MCM, Gély A. 1988. Uso de plantas
nos fogões na interior das residências pode contribuir medicinais por caboclos do Baixo Amazonas.
para a elevada citação plantas para tratar doenças do Barcarena, PA, Brasil. Bol Mus Par Emílio
sistema respiratório. Goeldi Sér Bot 4: 47 - 131.

Boletin Latinoamericano y del Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas/450


Barbosa da Silva et al. Etnobotánica na comunidade quilombola da Barra II – Bahía, Brasil

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