É 1 de Junho, em todo mundo celebra-se, então, o dia da criança. Os pais correm de um lado para outro, tentando impressionar seus filhos, os quais por muito tempo esquecem de demonstrar afecto e desfrutar tempo de qualidade. Elas tão docemente, sem reclamar, recebem sem racionalização filosófica, grande ou pequeno, pobre ou rico o presente. “Quem se importa com questionamentos quando se pode aproveitar o momento”? Diz uma criança. “Por que se perder nas suspeitas e dureza quando se tem a inocência”? Expressa-se outra. O sol estava tão sorridente e novinho, como se fosse a personificação de uma criança. As flores estavam tão serenas, o clima ameno, as nuvens tão imaculadas que pareciam desenhar um palco onde a figura e as acções infantis eram reveladas. Crianças corriam de um lado para outro, umas comprando lanche, algumas indo para a escola e ainda outras, permaneciam em seus quintais. Enquanto eu me matava no trabalho manual, as crianças no quintal começaram a brincar, aquela coisa normal delas de quando acordam. Não havia nada novo, então, nada me atraía para fixar- me nelas, quando de repente, os gêmeos cruzaram a linha de um horizonte nunca arranhado. Você sabe que falar do “número 2” causa vergonha entre nós, pois não? Ainda que ela seja necessária, saudável e um dever da gente, é uma actividade que tira todo luxo e causa desconforto. Naturalmente, ao passar rumo à casa dos segredos, nosso desejo é que nenhum olho cruze nossa aflição, enquanto, nos debruçamos em fazer a limpeza interior, suspeitamos de cada passo que ouvimos, nossa aflição só aumenta em grau agudo quando os sons da flatulência se espalham nos traindo a sorte, e sair dela, nosso rosto parece de um Caim criminoso, cuja terra reclama o sangue derramado no assassinato. Agora, tente imaginar comigo. Venha, acompanha-me nessa aventura. Voltemos aos gêmeos. Um deles fez a descarga total, e então, seu acto tornou-se a notícia do dia. Ele correu aos seus irmãos dizendo: “Olhem o meu cocó, olhem o meu cocó...me dá o meu cocó, me dá o meu cocó”! Nesse dia, de tanta aflição que sofria do trabalho meu humor estava frio, mas essa novidade foi capaz de quebrar todo gelo na mente, no coração e no rosto; rasguei em sorriso que não conseguia parar sempre que a ideia me vinha à mente. Só uma criança pra tornar o vergonho uma novidade e encontrar nela um tom humorístico, quebrar os protocolos da moralidade e nos dar uma lição de mestre. Você acha que é o fim? Foi o que também pensei, mas o gênio dessa criança era tão brilhante, que compôs uma canção. Seu refrão foi tão mágico que canção nenhuma já foi entoada tão fina e loucamente. Mas vamos deixar claro, é uma simples criança como todas, mas você já imaginou o escândalo de palavras e melodias tão incomuns, de uma pura heresia e irreverência serem expressadas por um filho do pastor? O pai do gêmeo, o pastor, ouvindo tal melodia, tentou sensibilizar o rapaz para retratar-se e mudar a versão da canção, mas nem mesmo os mais fortes apelos do sermão do pai, o pastor, foram suficientes para arrancar sua rebeldia. O gêmeo corria e gritava em alta voz, como se um concerto musical gospel estivesse acontecendo e estivesse dando show. Eis sei seu mais sublime refrão: “Receberei cocóo, receberei cocóo, receberei cocooo, ooo, receberei cocóo”.