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ESTADO DE ALAGOAS

SECRETARIA DE ESTADO DA GESTÃO PÚBLICA


SUPERINTENDÊNCIA DE ENSINO E PESQUISA
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS
GESTÃO OPERACIONAL BOMBEIRO MILITAR

DIOGO DE ANDRADE WANDERLEY SILVA

PROPOSTA DE UM PROTOCOLO DE TESTE DE APTIDÃO FÍSICA


ESPECÍFICO PARA OS BOMBEIROS DA ÁREA DE COMBATE A INCÊNDIO DO
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE ALAGOAS

MACEIÓ/AL
2018
DIOGO DE ANDRADE WANDERLEY SILVA

PROPOSTA DE UM PROTOCOLO DE TESTE DE APTIDÃO FÍSICA


ESPECÍFICO PARA OS BOMBEIROS DA ÁREA DE COMBATE A INCÊNDIO DO
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE ALAGOAS

Trabalho Final de Curso apresentado como


requisito para a conclusão do Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais – Gestão
Operacional Bombeiro Militar, do Corpo de
Bombeiros Militar de Alagoas.

Orientador: Professor Dr. Rafael Ayres Montenegro

MACEIÓ/AL
2018
DIOGO DE ANDRADE WANDERLEY SILVA

PROPOSTA DE UM PROTOCOLO DE TESTE DE APTIDÃO FÍSICA


ESPECÍFICO PARA OS BOMBEIROS DA ÁREA DE COMBATE A INCÊNDIO DO
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE ALAGOAS.

Trabalho Final de Curso apresentado como


requisito para a conclusão do Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais – Gestão
Operacional Bombeiro Militar, do Corpo de
Bombeiros Militar de Alagoas.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________
Dr. RAFAEL AYRES MONTENEGRO - ORIENTADOR

___________________________________________
CEL QOBM/Comb. ALAN FERREIRA LEITE – MEMBRO DA BANCA

__________________________________________
MAJ QOBM/Saúde ELAINE KRISTHINE ROCHA MONTEIRO – PRESIDENTE DA BANCA

APROVADO EM : ___/____/_____

MACEIÓ/AL
2018
PROPOSTA DE UM PROTOCOLO DE TESTE DE APTIDÃO FÍSICA ESPECÍFICO
PARA OS BOMBEIROS DA ÁREA DE COMBATE A INCÊNDIO DO CORPO DE
BOMBEIROS MILITAR DE ALAGOAS
PROPOSAL FOR A SPECIFIC PHYSICAL APPROVAL TEST PROTOCOL FOR
FIRE FIGHTERS FIRE FIGHTING FIELD OF ALAGOAS MILITARY FIRE

SILVA, Diogo de Andrade Wanderley. Aluno do curso de Aperfeiçoamento de Oficiais do CBMAL. Capitão
QOC/BM. Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Treinamento Físico Policial Militar. Graduando do
Curso de Educação Física da Faculdade Estácio de Alagoas/FAL.
bmdiogoandrade@gmail.com
MONTENEGRO, Rafael Ayres. Educador Físico. Doutor em Fisiopatologia clínica e experimental pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor do Curso de Educação Física da
Faculdade Estácio de Alagoas/FAL;
rafael_ayres@hotmail.com
RESUMO

Este trabalho teve como objetivo propor um protocolo de Teste de Aptidão física (TAF) específico para os
bombeiros que atuam na área de combate a incêndio do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, levando em
consideração a especificidade dessa atividade laboral. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica
sistemática utilizando-se a literatura nacional e internacional, com vistas a identificar as tarefas específicas
realizadas pelos bombeiros no combate a incêndio, e particularmente no Estado de Alagoas. Analisaram-se as
demandas físicas impostas aos militares do CBMAL, bem como as exigências científicas para criação de um
protocolo de TAF que possa ser utilizado em estudos futuros para validação de critérios avaliativos da condição
física do militar. O protocolo compreende-se de 07(sete) provas, que sugerem requisitos cinesiológicos e
metabólicos das ações físicas desenvolvidas pelos bombeiros em uma cena de combate a incêndio, simulando o
deslocamento com equipamento, a subida na escada de uma edificação, o arrombamento de uma estrutura com a
marreta, o deslocamento, em pé, puxando uma mangueira pressurizada, a puxada de uma mangueira pressurizada
na posição de três pontos, o deslocamento em terrenos irregulares e estreitos e a retirada de uma vítima do
sinistro. Conclui-se que o presente TAF proporciona uma mensuração eficaz das capacidades físicas específicas
exigidas na função laboral do bombeiro durante as ocorrências. Este TAF pode servir como fonte de informações
positivas e negativas que servirão de parâmetro para os serviços de capacitação física, buscando sempre melhoria
no rendimento e prestação de serviço à sociedade alagoana.

Palavras chaves: Bombeiro Militar. Teste Físico. Especificidade.

ABSTRACT

This work had the objective of proposing a protocol of Physical Fitness Test (TAF) specific for firefighters who
work in the firefighting area of the Alagoas Military Fire Brigade, taking into account the specificity of this work
activity. For this, a systematic bibliographical research was carried out using the national and international
literature, in order to identify the specific tasks performed by firefighters in the firefighting, and particularly in
the State of Alagoas. The physical demands imposed on the military of the CBMAL were analyzed, as well as
the scientific requirements for the creation of a protocol of TAF that can be used in future studies to validate
criteria evaluating the military's physical condition. The protocol is comprised of seven (7) tests, which suggest
kinesiological and metabolic requirements of physical actions developed by firefighters in a fire-fighting scene,
simulating the displacement with equipment, climbing a building ladder, breaking into a structure with the
mallet, displacement, standing, pulling a pressurized hose, pulling a pressurized hose in the three-point position,
moving on uneven and narrow terrain and withdrawing a victim from the accident. It is concluded that this TAF
provides an effective measurement of the specific physical capacities required in the firefighter's job function
during occurrences. This TAF can serve as a source of positive and negative information that will serve as a
parameter for physical training services, always seeking improvement in income and service provision to the
Alagoan society.

Keywords: Military Firefighter. Physical Test. Specificity.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 6

2 OBJETIVO ....................................................................................................................... 9

3 METODOLOGIA............................................................................................................. 10

4 RESULTADOS/DISCUSSÃO ......................................................................................... 12

5 CONCLUSÃO................................................................................................................... 29

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 30
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1 INTRODUÇÃO

O Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) é uma instituição alicerçada na


hierarquia e disciplina, que tem como função primordial salvaguardar vidas e patrimônio
(ALAGOAS, 1989). Para o cumprimento desta missão é necessário, além de conhecimento
técnico, uma boa condição física por parte dos militares, fazendo da preparação física uma das
atividades fundamentais dentro da corporação. Tal condição física é avaliada durante toda
vida do militar na caserna, servindo de critério para ascensão em sua carreira (ALAGOAS,
2004).

A atividade laboral do bombeiro militar se caracteriza pelo alto grau de exigência


física e mental desprendidos nas ações de socorro das diversas áreas de atribuição do Corpo
de Bombeiros Militar, tais como: salvamento em altura, terrestre e aquático, combate a
incêndio e resgate (ALAGOAS, 2012). Cada área exige uma aptidão em diferentes
capacidades físicas, as quais necessitam de treinamentos que gerem adaptações altamente
específicas ao tipo, volume e intensidade do exercício a ser realizado pelo militar durante a
ocorrência, melhorando assim, sua eficiência (COSTILL, KENNEY, WILMORE, 2013 apud
WINCK, SILVEIRA E BARBOSA, 2018).

Essa especificidade baseia-se nos princípios científicos do treinamento, não restando


dúvidas que é necessário adaptar um treinamento específico às necessidades do bombeiro
(GRAFF, 2006 apud WINCK, SILVEIRA E BARBOSA, 2018). Tal afirmação é corroborada
por Weineck (1989) apud Rodrigues (2013) quando afirma que: uma adaptação específica só
pode ser atingida através de estímulos específicos.

Segundo Rodrigues (2013), para o controle da condição física do bombeiro militar,


este tem que ser submetido a um teste físico adequado às demandas reais, pois esse é a base
para a garantia da eficiência e eficácia em sua atuação.

Contudo, atualmente, o teste de aptidão física - TAF aplicado no CBMAL, não é


voltado para as atividades laborais específicas do bombeiro militar. Testes físicos generalistas
que visam avaliar, de forma isolada, alguns grupamentos musculares, são aplicados,
entretanto, não refletem numa avaliação fidedigna das demandas energéticas realmente
exigidas nas ocorrências em que o bombeiro militar atua, como por exemplo, ter que
transportar ou segurar, na posição em pé ou agachado, equipamentos pesados e/ou vítimas;
subir em muros e se manter equilibrado; ascender em cabos; ter que subir escadas em
edifícios transportando outros materiais, como mangueiras e extintores ou até realizar
7

salvamentos com o equipamento de proteção individual de incêndio (EPI), que junto com o
equipamento de proteção respiratória (EPR) chegam a pesar 25 kg.

Tal informação corrobora com o estudo de Rodrigues (2013) que comparando a


demanda requerida no teste de avaliação física do Corpo de Bombeiros Militar de Minas
Gerais com a demanda de ocorrências atendidas em 2011 através da comparação dos gastos
energéticos envolvidos nestas ações, determinados pelo Cálculo do Dispêndio Energético
proposto por Farinatti (2003 apud Ainsworth 2000), o qual pode ser expresso por kcal / kg /
hora. Utilizando o compêndio de atividades físicas, verificou-se nas provas do TAF um
dispêndio energético de aproximadamente 10,6 kcal no teste de flexão de braços no solo em 1
min e flexão abdominal em 1 min, 160 Kcal no teste de natação de 12 min e 194,6 Kcal no
teste de resistência aeróbica de 2400m, já em atividades que se assemelham à realidade das
ocorrências, como Carregar cargas em subida, geral (código 17025 do compêndio), com uma
classificação de intensidade de 9 METs, vigorosa, que se assemelha com naturezas como
outros de Busca/Salvamento-Difícil acesso, considerando o tempo de 30 min de atividade
(uma estimativa de duração de uma ocorrência) o dispêndio energético seria de 360 Kcal,
muito maior do que os encontrados nas provas do TAF, as quais são semelhantes às utilizadas
pelo CBMAL, concluindo assim, que tais provas não refletem a demanda a que o bombeiro é
exigido nas ocorrências.

Dada a especificidade da atividade laboral do bombeiro militar, é de suma


importância a criação de testes específicos para as atividades fins da corporação, os quais
mensurem o nível de condicionamento do militar de forma específica. Feito isto, as avaliações
terão poder de diagnóstico de carências físicas que podem ser posteriormente melhoradas em
rotinas de treinamento regular, de forma a tornar o combatente mais preparado para execução
do seu serviço.

Conforme Vieira (2006), a criação de testes relacionados às tarefas específicas da


profissão, facilita a mensuração, bem próxima da realidade, da capacitação física do
indivíduo. Por isso, os responsáveis pela aplicação dos Testes de Aptidão Física devem
desenvolver estudos para definir as tarefas específicas realizadas pelos bombeiros.

Neste sentido, ao realizar uma busca sobre testes físicos específicos para bombeiros,
verifica-se a existência de protocolos criados nos Estados Unidos (EUA), de testes
amplamente aplicados e validados para a avaliação da capacidade de trabalho dos bombeiros e
provas de competição no Brasil, que exigem bons níveis de condicionamento dos militares,
além de testes isolados, específicos para atividade bombeiro militar. Constata-se ainda que os
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testes e provas existentes são, em sua maior parte, voltados para a área de combate a incêndio.
Possivelmente, isto se deve aos diversos estudos já realizados nos EUA que mostram os
grandes riscos à saúde relacionados à atividade dessa área, devido a fatores agravantes como o
estresse térmico e a sobrecarga de peso dos equipamentos utilizados (ex: EPI), somado aos
demais materiais, como mangueiras e extintores, por exemplo. E provavelmente, também, por
ser a mais característica e singular área de atuação dos Corpos de Bombeiros em todo o
mundo.

Desta forma, visando uma maior assertividade da definição dos testes e buscando
minimizar os riscos à saúde do combatente militar de Alagoas, além de considerar que a
eficiência na etapa de avaliação surtirá impacto direto sobre as rotinas de treinamento
específico, a presente pesquisa tem como objetivo geral propor um protocolo de testes de
aptidão física específico para os militares do combate a incêndio do CBMAL, buscando uma
avaliação física direcionada para a atividade, com testes desafiadores que reproduzam as
demandas físicas exigidas nas ocorrências, em termos de movimentos (grupos musculares) e
vias energéticas, com o intuito, de avaliar de forma fidedigna. Além disso, testes mais
eficientes no poder de classificação e diagnóstico de fraquezas físicas servirão para motivar os
militares, tendo em vista que o teste auxiliará no planejamento dos treinos, se utilizando de
simulações da atividade real, valorizando e investindo em nossos profissionais, aumentando a
autoestima e descobrindo potencialidades (CHIAVENATO, 2000, apud WINCK, SILVEIRA
E BARBOSA, 2018).
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2 OBJETIVO

Propor um protocolo de teste de aptidão física com base analítica do corpo de


evidências científicas disponíveis, que avalie, especificamente, o condicionamento físico e
laboral dos militares do combate a incêndio do CBMAL, definindo: as variáveis de
desempenho físico durante atividade laboral de combate a incêndio do CBMAL e os testes
avaliativos de suas performances para intervir de forma eficiente no processo de treinamento
físico da corporação, servindo como base para futuras pesquisas que levem a sua validação
interna e externa.
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3 METODOLOGIA

Foram consultadas literaturas nacionais e internacionais e livros sobre medidas, testes


e avaliação, manuais de treinamento físico militares, em busca de testes físicos específicos já
validados e utilizados, regulamentos de provas técnico-profissionais bombeiro militar,
Boletins Internos do CBMAL, além da busca de publicações científicas em banco de
periódicos científicos digitais, como: Literatura Latino-Americana e do Caribe Ciências da
Saúde (LILACS), revista FLAMMAE, biblioteca virtual do Corpo de Bombeiros militar de
Santa Catarina, ScientificEletronic Library Online (SciELO) e GOOGLE acadêmico, com a
utilização das seguintes palavras chaves: bombeiro militar, teste físico, especificidade.

A partir da busca acima mencionada foram encontrados 26 referências para o estudo,


porém, sendo utilizadas, ao final, o total de 9, que de forma consubstanciada ofereceram
conteúdos sobre a importância de TAF específico para a atividade laboral e de procedimentos
para sua criação. Sendo assim, com a análise da literatura selecionada, somada a vivência da
realidade de 12 (doze) anos de serviço no CBMAL, foi desenvolvido uma proposta de
protocolo de TAF específico para esses combatentes.

O TAF proposto é um conjunto de provas, em circuito, que procuram submeter o


bombeiro, o mais próximo possível, às exigências físicas exigidas em situações típicas
existentes nas ocorrências de combate a incêndio. Para sua criação foi levado em
consideração a realidade, em termos de estrutura física do CBMAL, sendo selecionados
materiais e equipamentos simples, que, além de reproduzir cargas próximas às encontradas no
serviço, estão presentes ou podem ser facilmente adquiridos por todos os Grupamentos do
Estado, de forma que ele possa ser aplicado com recursos da própria Unidade constantemente
aos seus efetivos, fazendo parte de suas rotinas de treinamento, pois não seria viável a
formulação de Teste ou utilização de um já existente com estrutura que não permitisse sua
aplicabilidade em larga escala no CBMAL.

O estudo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica sistemática e de


interpretação de fenômenos, ao analisar as tarefas executadas na atividade de combate a
incêndio e as capacidades físicas relacionadas, interpretando-as para criação da proposta de
TAF e proporcionando a síntese do conhecimento sobre testes físicos específicos para a
atividade bombeiro militar, de forma a apontar lacunas que precisam ser preenchidas com a
realização de novos estudos.
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Tem natureza aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática
dirigida às soluções de problemas específicos, e, ainda, por envolver verdades e interesses
locais, vivenciados no dia a dia do serviço no CBMAL e de simples aplicação interna, tendo
em vista o autor deste estudo fazer parte do setor responsável pela área de treinamento físico
da corporação e aplicação dos TAFs.

Quanto aos fins, a pesquisa tem cunho exploratório por procurar conhecer mais e
melhor o problema, o qual dispõe de poucos estudos disponíveis com dados de pronta
aplicação, pois para utilização de um teste há a necessidade de mensuração direta dos
resultados obtidos, através, inclusive, de testes validados cientificamente.

Por fim, o estudo obedeceu aos critérios de coerência, consistência, originalidade e


objetivação diante das exigências científicas, buscando sua utilidade futura para o meio
acadêmico e profissional.
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4 RESULTADOS/DISCUSSÃO

Diante do vasto conteúdo existente sobre o tema e da vivência do autor no CBMAL,


conhecendo a realidade, tanto interna, em termos de estrutura física e existência de materiais
para treinamento e testes físicos, como, também, externa, no que tange às situações
encontradas pelos bombeiros nas ocorrências de combate a incêndio, este teve a preocupação
de propor um protocolo de teste de aptidão física de fácil aplicação e específico para as
características e demandas físicas a que se expõem esses militares durante o serviço no Estado
de Alagoas.

Quanto à análise da demanda física a que se submetem os bombeiros nas ocorrências,


há de se destacar alguns testes já utilizados, com o intuito de avaliar a condição física de uma
pessoa numa situação de combate a incêndio através de simulados operacionais colocando-as,
o mais próximo possível, da realidade. Entre eles, destacam-se: 1) o Candidate Physichal
Ability Test – CPAT, da Associação Internacional de Bombeiros e Associação Internacional
dos Chefes de Bombeiros (IAFF/IAFC), o qual foi desenvolvido para fornecer aos
departamentos de bombeiros dos Estados Unidos uma ferramenta que lhes permitiria
selecionar fisicamente indivíduos capazes de serem treinados como bombeiros; 2) a Prova
Bombeiro de Aço, desenvolvida para reunir diversas características que o bombeiro deve ter
na sua vida profissional no desempenho das atividades operacionais, e que tem a finalidade de
estimular a competitividade técnico-profissional entre os bombeiros militares, sendo uma
competição realizada todos os anos no Brasil, como parte do Seminário Nacional de
Bombeiros – SENABOM; e 3) o Teste de Esforço, aplicado em um grupo de militares do
Grupamento de Incêndio (GI) da região metropolitana pela equipe do Centro de Treinamento
Físico e Desporto – CETFID do CBMAL, o qual simulou uma ocorrência de incêndio com
vítima no 6º andar de um edifício da capital alagoana.

Descrição dos Testes:

1) Candidate Physichal Ability Test – CPAT (IAFF/IAFC, 2007, tradução nossa)

O CPAT consiste em oito eventos separados, em que o candidato progride de forma


contínua entre um evento e outro por um caminho predeterminado. É uma prova de
aprovação/reprovação com tempo total de 10 minutos e 20 segundos. Nestes eventos, o
candidato usa um colete que pesa 22,68 kg para simular o uso da roupa completa de proteção
a incêndio e do equipamento de proteção respiratória (EPR). No primeiro evento (subida de
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escada), é utilizado ainda um peso de 5,67 kg em cada ombro, simulando o transporte de


mangueiras.

Os eventos são colocados em uma sequência que simula a atuação em uma cena de
incêndio. Sendo separados por uma distância de 25,91 m em que é permitido apenas caminhar
entre eles, para garantir o mais alto nível de segurança e evitar que o candidato seja exaurido,
não sendo permitido nenhuma corrida entre eventos.

Evento 1 – SUBIDA DE ESCADA

Consiste em caminhar numa escada rolante utilizando o colete e os pesos nos


ombros (total de 34,02 kg) durante um tempo total de 3min e 20s, que compreende 20s de
aquecimento a uma velocidade de 50 passos por minuto (nível 3) e 3min de tempo real de
teste em uma velocidade de 60 passos por minuto (nível 4), sendo proibido descer da escada,
voltando a sua base inicial e segurar no corrimão.
FIGURA 1 – Ilustração Evento 1 do CPAT

Fonte: site: www.ofai.ca

Evento 2 – ARRASTE DE MANGUEIRA

Durante este evento, o candidato pega a extremidade de uma mangueira de 13/4 pol.
com 60m através de um esguicho e se desloca arrastando-a durante 30,48 m, parando num
local demarcado de 1,52 m x 2,13 m, agachando, colocando pelo menos um joelho no chão
(posição de três pontos) e puxa a mangueira até a marca de 15,24 m.
FIGURA 2 – Ilustração Evento 2 do CPAT (parte 1) FIGURA 3 – Ilustração Evento 2 do CPAT (parte 2)

Fonte: site: www.ofai.ca Fonte: site: www.ofai.ca

Evento 3 – TRANSPORTE DE EQUIPAMENTO


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Neste evento, o candidato remove duas motosserras do armário de ferramentas, uma


de cada vez, e as coloca no chão. O candidato então pega as duas, uma em cada mão, e
carrega-as por um percurso de ida e volta com um total de 45,72 m. Ao retornar ao armário,
coloca as motosserras de volta nos locais de onde foram retiradas.
FIGURA 4 – Ilustração Evento 3 do CPAT

Fonte: site: www.ofai.ca

Evento 4 – ELEVAÇÃO E EXTENSÃO DA ESCADA

Durante este evento, o candidato caminha para a escada de alumínio de 7,32 m, que
se encontra deitada no chão, pegando-a a partir do primeiro degrau , elevando-a alternando-se
as mãos em cada degrau até apoiá-la em pé na parede. Em seguida, desloca-se para o lado,
onde se encontra outra escada já em pé, apoiada na parede, e faz a extensão dela até seu
limite, retornando-a à posição inicial de forma controlada.
FIGURA 5 – Ilustração Evento 4 do CPAT

Fonte: site: www.ofai.ca

Evento 5 – ENTRADA FORÇADA

Neste evento, o candidato usa uma marreta de 4,54 kg para acertar no alvo,
deslocando uma placa até que o sinal da campainha seja ativado. Depois que a campainha é
ativada, o candidato coloca a marreta no chão e se desloca para o outro evento.
FIGURA 6 – Ilustração Evento 5 do CPAT

Fonte: site: www.ofai.ca


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Evento 6 – PROCURAR

Durante este evento, o candidato rasteja com as mãos e joelhos através de um


labirinto de túnel de aproximadamente 91,44 cm de altura, 121,92 cm de largura e 19,51m de
comprimento com duas voltas de 90 °. Em partes do túnel, existem obstáculos e espaços
estreitos.
FIGURA 7 – Ilustração Evento 6 do CPAT

Fonte: site: www.ofai.ca

Evento 7 – RESGATE

Durante este evento, o candidato agarra um manequim de 74,84 kg pela(s) alça(s)


no(s) ombro(s), arrastando-o durante um percurso de ida e volta com total de 21,34 m, não
sendo permitida pausa para descanso.
FIGURA 8 – Ilustração Evento 7 do CPAT

Fonte: site: www.ofai.ca

Evento 8 – QUEBRAR E PUXAR O TETO

Durante este evento, no primeiro momento, o candidato com um bastão empurra,


para cima, três vezes uma porta articulada de 27,22 kg no teto, e no segundo momento, com o
mesmo bastão, o qual possui um gancho em sua extremidade superior, encaixa-o em uma alça
em outra parte do teto e puxa para baixo, cinco vezes, um dispositivo de 36,29 kg. Cada ciclo
é composto por três empurradas e cinco puxadas. O candidato repete o ciclo quatro vezes.
FIGURA 9 – Ilustração Evento 8 do CPAT (parte1) FIGURA 10 – Ilustração Evento 8 do CPAT (parte 2)
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Fonte: site: www.ofai.ca Fonte: site: www.ofai.ca

2) Prova Bombeiro de Aço (SENABOM, 2018)

A Prova é composta por uma sequência de 4 (quatro) fases, contendo obstáculos com
vários níveis de dificuldade, os quais deverão ser percorridos de forma ininterrupta, no menor
tempo, seguindo os critérios e parâmetros definidos em regulamento. O bombeiro realiza toda
a prova trajando o Equipamento de Proteção Individual (EPI) de combate a incêndio urbano,
composto de calça e capa de aproximação, coturno, capacete, luva, e Equipamento de
Proteção Respiratória, com o uso da peça facial e do ar respirável do equipamento.

Fase 1: SUBIDA DA TORRE E IÇAMENTO DE MANGUEIRA

Após apanhar um fardo de mangueira de 2½ (duas e meia) polegadas com pelo menos
20 (vinte) metros de comprimento, acondicionada sanfonada, o competidor subirá os lances
de escada da torre, que terá o equivalente a 03 (três) pavimentos, aproximadamente 12 (doze)
metros de altura, carregando a mangueira sobre um dos ombros, até o topo, onde colocará a
mangueira dentro de uma caixa. Em seguida, içará uma segunda mangueira de 2½ (duas e
meia) polegadas com 20 (vinte) metros de comprimento, acondicionada em espiral pelo seio e
presa na extremidade de uma corda. Após o içamento, e a colocação da mangueira em uma
caixa, no topo da torre, o competidor deverá descer os lances de escada e dirigir-se à próxima
fase.
FIGURA 11 – Ilustração da Fase 1 (parte 1) FIGURA 12 – Ilustração da Fase 1 (parte 2)

Fonte: site: www.youtube.com Fonte: site: www.youtube.com

Fase 2: ENTRADA FORÇADA

Nessa etapa, será utilizado um simulador de entrada forçada, o competidor utilizando


um malho de 5 (cinco) kg, realizará sucessivos golpes em um peso de 75 (setenta e cinco) kg
que desliza engastado em um aparelho metálico, até que o mesmo atinja o limite demarcado
no próprio equipamento postado a uma distância de 1,5 (um e meio) metro.
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FIGURA 13 – Ilustração da Fase 2

Fonte: site: www.youtube.com

Fase 3: ARRASTE DE MANGUEIRA E SIMULAÇÃO DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIO

Partindo da etapa anterior, o competidor realizará um deslocamento de 40 (quarenta)


metros em zigue-zague demarcado na pista e balizado por obstáculos, os quais deverão
obrigatoriamente ser contornados. Na extremidade oposta da pista, o competidor encontrará
uma mangueira pressurizada de 1½ (uma e meia) polegada que deverá ser arrastada sobre o
ombro, a uma distância de 25 (vinte e cinco) metros no sentido contrário do último
deslocamento, em direção ao anteparo que simula o foco de um incêndio, que deverá ser
extinto, ou seja, "derrubado", acionado pelo jato de água. Antes de atingir o anteparo que
simula o foco de um incêndio, o competidor deverá transpor uma porta de duas folhas que se
abrem no sentido do deslocamento. Após a extinção, o competidor posiciona a mangueira no
local demarcado e se deslocará para a próxima fase.
FIGURA 14 – Ilustração da Fase 3 (parte 1)

Fonte: site: www.youtube.com

FIGURA 15 – Ilustração da Fase 3 (parte 2) FIGURA 16 – Ilustração da Fase 3 (parte 3)

Fonte: site: www.youtube.com Fonte: site: www.youtube.com

Fase 4: RESGATE DE VÍTIMA INCONSCIENTE


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O competidor deverá arrastar um manequim de 80 (oitenta) kg utilizando a técnica de


arrasto, denominada "australiana", com os seus braços posicionados por baixo dos braços da
vítima (cintura escapular), realizando o deslocamento de costas até a linha demarcatória da
chegada a 30 (trinta) metros do início.
FIGURA 17 – Ilustração da Fase 4

Fonte: site: www.youtube.com

3) Teste de Esforço (CBMAL, 2016)

O teste foi realizado com 30 (trinta) bombeiros da área de combate a incêndio do


CBMAL, em um edifício de 10 andares, situado no bairro da Pajuçara, Maceió-AL. Os
militares subiam até o sexto andar do prédio pelas escadas contendo 12 lances com 7 degraus
cada um, correspondendo aproximadamente a 18 metros de altura. Estavam com o uniforme
de combate a incêndio completo (botas de borracha, calça e capa de proteção, e capacete
Galet), EPR, com o uso da peça facial e do ar respirável do equipamento, e transportavam 01
(um) esguicho. Todos realizaram o exercício utilizando monitor cardíaco e buscando executá-
lo no menor tempo possível.

O militar partia da entrada principal do prédio, em máxima velocidade, subia pelas


escadas até o 6º andar do edifício para resgatar uma vitima de aproximadamente 80 kg (BOB
– boneco de areia), arrastando-a por cerca de 8 m, da entrada de um apartamento até a
antecâmera da escada (recinto que antecede a caixa de escada), em seguida, com a mangueira
presente no hidrante, montava uma linha de combate e se deslocava com a mangueira até a
entrada do apartamento, momento em que era parado o cronômetro.

Com o teste verificou-se:

1. Que a força exercida pelo militar predominava-se nos membros inferiores, pois
durante a subida até o 6º andar são realizadas 42 extensões unilaterais de quadril e joelho,
transportando, em média, cerca de 20 kg a mais que seu próprio peso, devendo ainda, após a
subida, ter condicionamento para resgatar uma vítima;
2. Que a maioria dos militares, mesmo os aparentemente bem condicionados,
relataram que o esforço da atividade foi intenso, chegando próximo a exaustão. (nível de
esforço avaliado pela escala de borg);
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3. Que a FC (freqüência cardíaca) apresentada pelos militares durante o exercício foi


tão intensa que chegou em dois deles a 100% da FCmáx (Freqüência cardíaca máxima)
estimada pela Karvonen et al. (1957) (ex; FCmáx = 220 – idade), e no restante do grupo o
percentual médio da FCmáx ficou em torno de 90%, sendo observada ainda média de trabalho
da FC de 84%, caracterizando uma atividade cardíaca intensa;
4. Que o tempo total do teste, em média, ficou abaixo dos 2 (dois) minutos, isso
indica uma boa resposta durante uma ocorrência de incêndio com presença de vitimas.

Considerações após o teste:

Devido à atividade cardíaca intensa e aos relatos de esforço próximos a exaustão dos
participantes mostra-se a necessidade de treinamentos mais intensos que condicionem os
bombeiros para o nível de esforço exigido na execução da atividade de combate a incêndio, e
de acompanhamento médico periódico, pois, o simulado realizado mostra o grande esforço
que é desprendido por cada militar nesse tipo de atividade exigindo do mesmo uma alta
demanda cardíaca, necessitando assim de avaliações cardíacas constantes.

Além dos testes acima mencionados observa-se os achados de Corradini (2009), o qual
em seu estudo traz uma matriz analítica da relação entre as atividades de bombeiro e as
qualidades físicas, conforme segue abaixo:
FIGURA 18 – Quadro analítico das qualidades físicas da atividade de Bombeiro

Fonte: SILVA apud GRAFF (2006, p.50)

Segundo Boldori (2002) apud Corradini (2009), as valências físicas força e resistência
muscular localizada são de vital importância para o sucesso das operações da atividade
bombeiro militar, entre elas, a de combate a incêndio, além da velocidade e agilidade, também
20

de grande importância devido aos locais e condições desfavoráveis encontrados nas


ocorrências.

Diante da matriz analítica citada por Corradini (2009) e das provas utilizadas nos
testes acima mencionados para a área de combate a incêndio, as quais sugerem as capacidades
físicas relacionadas às tarefas específicas dessa área e considerando que são similares à
realidade do CBMAL, observa-se como condições, habilidades, e exercícios característicos
dela, que devem fazer parte de um TAF específico para os bombeiros da área de combate a
incêndio do CBMAL:

1. A utilização do Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo, composto por


roupa (calça e capa) de proteção contra incêndio, luvas, capacete galet, balaclava e botas de
incêndio, e Equipamento de Proteção Respiratória – EPR (cilindro, suporte e máscara);
2. O deslocamento com transporte de materiais/equipamentos, como: mangueiras,
extintores e escada;
3. Exercícios de força resistente de flexo/extensão de quadril e joelho unilateral, durante
a subida da escada;
4. Força resistente de flexão de cotovelo com extensão de ombro unilateral, e força
isométrica de extensores de tronco, durante a puxada de uma mangueira pressurizada;
5. Força resistente de membros inferiores, isométrica de flexores de tronco e de
extensores de membros superiores, durante deslocamento em pé arrastando uma mangueira
pressurizada;
6. Força isométrica de flexores do tronco e de membros inferiores, na posição de três
pontos, e na posição em pé, durante a abertura do esguicho e liberação da água para o
combate às chamas;
7. Força máxima de adução horizontal de membro superior e rotadores de tronco
(musculatura abdominal), durante a utilização da marreta no arrombamento de estruturas;
8. Força máxima e isométrica de extensores de tronco e de flexores de cotovelo e ombro,
força máxima de extensores de quadril e joelho e força resistente de extensores de quadril e
joelho, durante agarre da vítima e arrasto dela na técnica “australiana”;
9. Equilíbrio e coordenação, durante a elevação da escada de alumínio, extensão da
mesma e subida;
10. Equilíbrio dinâmico e estático, durante a posição em pé, com ou sem deslocamento em
cima de um muro ou de escombros;
21

11. Força resistente de flexores de ombro e extensores de cotovelo, durante a empurrada e


puxada do teto para sua abertura.

Com base na análise desenvolvida acima, segue abaixo, Proposta de protocolo de


Teste de Aptidão Física - TAF para o combate a incêndio do CBMAL

 Considerações iniciais:

A princípio, para definição do referido TAF, a preocupação esteve sempre voltada


para bases científicas, adotadas através de critérios de confiança, objetividade e validade, que
viessem ao encontro dos interesses do CBMAL, procurando avaliar as qualidades físicas
específicas desta atividade, indispensáveis à capacitação funcional do Bombeiro Militar da
área de combate a incêndio, procurando ainda considerar a possibilidade de aplicação destas
provas em todos os quartéis do Estado de Alagoas, analisando-as quanto à adequabilidade,
praticabilidade, aceitabilidade, vantagens e desvantagens. (MORELLI, 1989 apud
CORRADINI 2009). A caracterização dos materiais e equipamentos foi definida para
fornecer o mais alto nível de consistência, segurança e validade na medição do nível do
condicionamento físico, além de um protocolo detalhado e de fácil execução para que este
TAF tenha reprodutibilidade.

Protocolo do Teste de Aptidão Física - TAF de combate a incêndio do CBMAL

Dos procedimentos PRÉ-TESTE:

- Identificação do local:

O local escolhido para realização do TAF deve possuir superfície plana e regular, de
cimento ou asfalto, podendo ser em local coberto ou descoberto, devendo esta última
informação ser registrada em ATA.

- Horário da prova:

Período matutino.

- Separação dos materiais:

Preparar e separar os materiais um dia antes do TAF, testando-os para providenciar os


ajustes necessários.

- Montagem da prova:
22

Dispor os materiais/equipamentos nos locais determinados dentro do percurso do TAF


e testá-los antes do início do teste;

Identificar os locais das provas, realizando as demarcações necessárias, conforme


descrição do TAF, com tinta, fitas adesivas, ou cones, no que couber.

- Reconhecimento da prova:

Passagem dos avaliadores com os avaliados por todo o percurso do TAF, passando as
informações necessárias de forma clara, dirimindo quaisquer dúvidas referentes ao Teste.

- Equipagem dos bombeiros antes do TAF:

Os bombeiros, próximo ao início de suas participações no TAF, deverão se equipar


sozinhos, podendo receber ajuda, caso solicite. Deverão se equipar com o parte do
Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo, composto por: roupa (calça e capa) de
proteção contra incêndio, luvas, capacete galet, botas de incêndio, os quais juntos pesam cerca
de 10 kg, e parte do Equipamento de Proteção Respiratória – EPR, composto pelo cilindro e
seu suporte. Internamente deverá estar utilizando, no mínimo, o short do uniforme de
Educação Física e a camisa interna de manga curta do Uniforme Operacional;

Observação: o cilindro poderá ser o de aço, vazio, possuindo as seguintes


características: de 10 kg, 7 litros e 200 bar, ou o de composite, cheio, com as seguintes
características: de 4 kg, 6,8 litros e 300 bar, os quais, possuirão com essas características
pesos semelhantes de aproximadamente 14 kg quando acoplados aos seus suportes
específicos.

- Inspeção de Saúde:

Verificar se o militar encontra-se APTO no último TAF geral do CBMAL realizado há


pelo menos 06 (seis) meses.

Dos procedimentos DURANTE O TESTE:

- O bombeiro será avaliado por 02 (dois) militares aptos a aplicar o TAF, os quais
acompanharão o avaliado por toda a prova, e marcarão o tempo juntos, cada um com seu
cronômetro, sendo um principal, com o militar mais antigo e o outro reserva, de segurança,
caso haja problema no cronômetro principal;

- Toda falta causada pelo avaliado será informada por um dos avaliadores.

Observação: todo erro executado pelo avaliado será considerado como falta, sujeito às
penalidades descritas em cada prova.
23

Dos procedimentos PÓS-TESTE:

Registro em ATA dos resultados do TAF, das informações que julgar necessárias,
intercorrências, caso tenham surgido, e se o local era coberto.

Da relação dos materiais e equipamentos:

- 7 cones para identificação das provas;

- Tinta ou fita adesiva de cor forte, como amarelo ou vermelho, por exemplo.

- prancheta;

- ficha de scores, com controle de faltas;

- 2 canetas;

- 2 apitos;

- 2 cronômetros

- 1 fita métrica;

- 1 extintor ABC de 12 kg (vazio, com peso aproximado de 14,7 kg);

- 1 cone para marcação da volta da prova 1;

- 1 mangueira de 2½ pol. com 15 (quinze) metros de comprimento, acondicionada


sanfonada e presa por alguma corda ( 12,8 kg);

- 1 pneu de aro 15 (13 kg – próximo da medida 225/75);

- 1 mangueira de 1 ½ pol. com 15 m de comprimento (5,5 kg);

- 1 manequim ou pessoa de 70 kg.

DESCRIÇÃO DAS PROVAS

O Teste de Aptidão Física específico para os bombeiros da área de combate a incêndio


do CBMAL será composto por uma sequência de 07 (sete) provas, as quais deverão ser
percorridas de forma ininterrupta, no menor tempo pelo bombeiro, seguindo os critérios e
parâmetros definidos a seguir:

Prova 1 – DESLOCAMENTO COM EXTINTOR


FIGURA 19 – Ilustração da prova 1

Fonte: própria
24

O bombeiro iniciará a prova em pé ao lado do extintor, atrás de uma marcação no solo


com as mãos para trás. Ao soar o apito, é iniciada a cronometragem, momento em que o
militar deve pegar o extintor ABC de 12 kg (vazio) pelo seu suporte com uma das mãos, e se
deslocar por uma distância de 20m, sendo 10m de ida e 10m de volta, sem tocar o extintor no
chão e/ou no cone, e também sem bater o corpo no cone, colocando o extintor no local que o
apanhou, se dirigindo, por um percurso de 10m de distância até a prova 2.

PENALIDADES:

1. A cada toque do extintor no solo e/ou no cone, e do avaliado no cone, serão


acrescidos 5 segundos ao tempo final do Teste.

Prova 2 – SUBIDA DE ESCADA


FIGURA 20 – Ilustração da prova 2

Fonte: própria

Ao chegar à prova 2, o bombeiro se colocará em um local demarcado de 1,50 m de


largura x 2,00 m de comprimento, em que se encontra uma mangueira de 2½ (duas e meia)
polegadas com 15 (vinte) metros de comprimento, acondicionada sanfonada e presa para não
se desfazer, a qual deverá ser colocada sobre um dos ombros para poder iniciar movimentos
de afundo, agachando até o ângulo de 90º do joelho que estiver a frente, executando 15
repetições de forma correta para cada lado, sendo permitida trocar a mangueira de ombro. Ao
finalizar todas as repetições colocará a mangueira no solo e iniciará a próxima prova no
mesmo local, onde estará a extremidade livre da mangueira de 1 ½ pol. presa ao pneu.

PENALIDADES:

1. As execuções realizadas de forma incorreta serão informadas por um dos


avaliadores, não sendo computadas na contagem.
OBSERVAÇÕES:
Deverá ser utilizado tinta, fita adesiva ou cones para demarcar o local de realização
dos afundos (agachamentos), o qual será também o local para posicionamento do bombeiro
parado nas provas 3 e 5;
Prova 3 – ARROMBAMENTO
25

FIGURA 21 – Ilustração da prova 3 (parte 1) FIGURA 22 – Ilustração da prova 3 (parte 2)

Fonte: própria Fonte: própria

No mesmo local da prova 2, após colocar a mangueira de 2½ (duas e meia) polegadas


no solo, pegará a extremidade livre da mangueira de 1 ½ pol. , com 15 m de comprimento,
conectada a um pneu de aro 15, e puxando-o pela mangueira, na posição lateral e em pé, o
deslocará por uma distância de 12m, executando movimentos de adução horizontal com um
dos braços e abdução horizontal com o outro, passando a mangueira a frente do corpo, em
movimentos conjugados de braços. Esta prova termina quando o pneu passar totalmente da
linha final, momento em que iniciará a prova 4, também no mesmo local.

PENALIDADE:

1. Durante a puxada, caso o avaliado execute algum movimento de forma incorreta,


em desacordo com a descrição acima, o avaliador dará o aviso para correção do mesmo,
orientando o avaliado, sem penalização no primeiro movimento executado incorretamente. A
partir do segundo movimento incorreto, serão acrescidos 5 segundos, para cada repetição
errada, ao tempo final do Teste.

Prova 4 – DESLOCAMENTO COM MANGUERIA PRESSURIZADA


FIGURA 23 – Ilustração da prova 4

Fonte: própria

No mesmo local de finalização da prova 3, o bombeiro acondicionará em zigue-zague


a mangueira (ou da forma que preferir) conectada ao pneu puxado na prova anterior, até a
chegada da primeira marcação na mangueira, abraçando essa parte acondicionada com um
braço, cruzando sobre o tórax a parte estendida da extremidade conectada ao pneu, de forma
26

que passe por cima do ombro, devendo ficar sobre o mesmo a parte da mangueira
compreendida entre duas marcas, a qual deverá se manter nessa posição durante o
deslocamento de 12m, até a passagem total do pneu na linha final (local de início do pneu
antes de ser puxado na prova anterior), devendo o pneu ser arrastado sempre em contato total
com o solo. Após finalização dessa prova, o bombeiro se deslocará de volta para o local de
início da prova 3 (mesmo local da prova 2), trazendo consigo a extremidade livre da
mangueira conectada ao pneu, deixando-o estático no local, mantendo-o após a linha final
dessa prova.

PENALIDADE:

1. Se durante o deslocamento o pneu, em algum momento, for arrastado de forma


suspensa, ou com a área demarcada na mangueira fora do ombro, serão acrescidos 5 segundos
ao tempo final do Teste, após cada aviso de erro por parte do avaliador.

OBSERVAÇÕES:

Deverá ser utilizado tinta ou fita adesiva para realização das duas marcações da
mangueira de 1 ½ pol. conectada ao pneu para limitar a parte dela que deverá se encontrar
sobre o ombro para execução do arrasto, com 87cm de comprimento (distância entre as
marcações) e 2,80 m da primeira marcação ao pneu, ou seja, da marcação mais próxima a ele ;

Prova 5 – PUXADA EM TRÊS PONTOS DE MANGUEIRA PRESSURIZADA


FIGURA 24 – Ilustração da prova 5

Fonte: própria

Nesta prova, após retorno ao local das provas 2 e 3, o bombeiro, na posição de três
pontos (agachado com um dos joelhos apoiado no chão), puxará o pneu, através da
mangueira, por uma distância de 12m, alternando as mãos, até o mesmo passar totalmente da
marca final. Neste momento, pegará a mangueira de 2 ½ pol. utilizada na prova 2 e
colocando-a sobre um dos ombros se deslocará para a prova 6, percorrendo uma distância de
10m.

PENALIDADE:
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1. Se realizar a puxada do pneu em posição diferente da três pontos, serão acrescidos 5


segundos no tempo final do Teste, a cada aviso de erro por parte do avaliador.

OBSERVAÇÕES:

Deverá ser utilizado tinta, fita adesiva ou cones para demarcar as linhas finais e
iniciais para controle do início e término da passagem do pneu, as quais servirão também para
as provas 3 e 4.

Prova 6 – DESLOCAMENTO EM TERRENOS IRREGULARES


FIGURA 25 – Ilustração da prova 6

Fonte: própria

Ao chegar nessa prova se deslocará carregando a mangueira de 2 ½ em um dos


ombros, por uma linha de equilíbrio de 18 cm de largura com a seguinte sequência: uma reta
de 5m, uma curva para esquerda, uma reta de 3m, uma curva para direita, uma reta de 3m,
uma curva para direita, uma reta de 3m, uma curva para esquerda e uma reta de 5m.
Executando a prova sem poder tocar fora da linha. Ao final da mesma encontrará a “vítima”,
para início da última prova.

PENALIDADE:

1. Caso o avaliado toque fora da linha, deverá retornar para o início.

OBSERVAÇÕES:

Deverá ser utilizado tinta ou fita adesiva para demarcação da linha de equilíbrio.

Prova 7 – RESGATE
FIGURA 26 – Ilustração da prova 7

Fonte: própria
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Colocando a mangueira no chão, o bombeiro deverá arrastar a “vítima” (manequim ou


pessoa) de 70 (setenta) kg utilizando a técnica de arrasto, denominada "australiana", com os
seus braços posicionados por baixo dos braços da vítima (cintura escapular), realizando o
deslocamento de costas até a linha demarcatória da chegada a 12 (doze) metros do início. Ao
passar todo o corpo da “vítima” pela linha demarcatória o teste será finalizado e o cronômetro
parado.

PENALIDADE:

1. Caso o avaliado execute uma pegada diferente da descrita acima, o avaliador dará o
aviso para correção da mesma, orientando o avaliado, sem penalização no primeiro aviso, a
partir do segundo serão acrescidos 5 segundos para cada correção feita pelo avaliador, ao
tempo final do Teste

OBSERVAÇÕES:

Deverá ser utilizado tinta, fita adesiva ou cones para demarcar a linha inicial, de saída
da “vítima”, e a final, de passagem da “vítima” para término do Teste.
29

5 CONCLUSÃO

Com a presente pesquisa, que teve como objetivo propor um Teste de Aptidão Física
específico para os bombeiros da área de combate a incêndio do CBMAL, constatou-se o
grande número de evidências corroborando a necessidade de criação de testes físicos
específicos para as reais demandas a que são submetidos os bombeiros em suas atividades
laborais.

Sendo assim, através de subsídios científicos por meio de uma revisão sistemática,
somada a vivência do autor, foi possível identificar tarefas específicas na cena de combate a
incêndio, que sugere requisitos cinesiológicos e metabólicos. Desta forma, buscando expor o
militar a essas tarefas, através da utilização de materiais e equipamentos presentes nos
Grupamentos do Estado, foi desenvolvido o TAF, com provas sequenciais, a serem realizadas
em circuito, que simulam a ação de um bombeiro nesse tipo de ocorrência, reproduzindo as
demandas físicas exigidas.

Contudo, essa é apenas uma proposta que deverá ser testada em estudos experimentais
futuros que quantifiquem a demanda metabólica e definam índices de classificação da real
condição de aptidão física do bombeiro militar para atuar no serviço de combate a incêndio do
CBMAL. Através destas informações e formação de banco de dados, o CBMAL poderá
direcionar com mais eficácia e fidedignidade o treinamento para as carências físicas
encontradas, a fim de tornar o bombeiro mais preparado para o cumprimento de sua missão,
de salvar vidas e preservar o patrimônio.
30

REFERÊNCIAS

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<http://www.gabinetecivil.al.gov.br/legislacao>. Acesso em: 29 ago 2018.

ALAGOAS. Lei estadual nº 7.444, de 28 de dezembro de 2012. Disponível em:


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ALAGOAS. Lei nº 6.544, de 21 de dezembro de 2004. Disponível em:


<http://www.gabinetecivil.al.gov.br/legislacao>. Acesso em: 30 ago 2018.

ALAGOAS. Lei nº 5.626, de 15 de junho de 1994. Disponível em:


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31

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- XVIII Seminário Nacional dos Bombeiros – SENABOM 2018. Disponível em:
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VIEIRA, Robledo Rocha Jimenez. Proposta para a aplicação de testes específicos para a
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WINCK, Licurgo Borges; SILVEIRA, Cláudio Silva da; BARBOSA, Thiago Wening.
Inclusão de exercícios específicos no treinamento físico dos cursos de formação dos
Corpos De Bombeiros Militar. Revista Fammae – Edição de JAN a JUN 2018 – ISSN 2359-
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