Você está na página 1de 35

ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS

CAP INF PEDRO DA SILVEIRA MENEZES

COMPARAR AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ADOÇÃO DO FUZIL


IA2 (IMBEL) 5,56mm EM SUBSTITUiÇÃO AO FUZIL pARA FAL M964
(IMBEL) 7,62mm NO AMBIENTE DE SELVA

Rio de Janeiro
2018
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS

CAP INF PEDRO DA SILVEIRA MENEZES

COMPARAR AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ADOÇÃO DO FUZIL


IA2 (IMBEL) 5,56mm EM SUBSTITUiÇÃO AO FUZIL PÃRA FAL M964
(IMBEL) 7,62mm NO AMBIENTE DE SELVA

Artigo Científico apresentado à Escola


de Aperfeiçoamento de Oficiais, como
requisito para a especialização em
Ciências Militares com ênfase em
Doutrina Militar Terrestre

Orientador: Ivan Moacyr Weiss J únior

Rio de Janeiro
2018
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DECEx DESMiI
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
(EsAO/1919)
DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

FOLHA DE APROVAÇÃO

I Autor: Cap Inf PEDRO DA SILVEIRA MENEZES

Título: COMPARAR AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ADOÇAO DO


FUZIL IA2 (IMBEL) 5,56MM EM SUBSTITUiÇÃO AO FUZIL PÃRA FAL
M964 (IMBEL) 7,62MM NO AMBIENTE DE SELVA.

Trabalho Acadêmico, apresentado à Escola


de Aperfeiçoamento de Oficiais, como
requisito parcial para a obtenção da
especialização em Ciências Militares, com
ênfase em Doutrina Militar Terrestre, pós-
graduação universitária lato sensu.

I APROVADO EM 0(0 / 11 / elo { '8 CONCEITO: E_


EXAMINADORA
Menção Atribuída

IVAN MOACYR WEISS JUNIOR- Cap


10 Membro e ientador

SAMUEL SC

Aluno
COMPARAR AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ADOÇÃO DO FUZIL IA2
(IMBEL) 5,56mm EM SUBSTITUiÇÃO AO FUZIL pARA FAL M964 (IMBEL)
7,62mm NO AMBIENTE DE SELVA

Pedro da Silveira Menezes*


Ivan Moacyr Weiss Júnior**

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo discorrer sobre as vantagens e desvantagens da adoção do FuzillA2 de
calibre 5,56mm no ambiente de Selva, em substituição ao já consagrado Fuzil Pára FAL de calibre
7,62mm, atualmente em uso. O Primeiro armamento é um projeto da Indústria de Material Bélico
(IMBel), e é completamente nacional, além de mais moderno, em contrapartida ao segundo que é da
FN Herstal, e produzido sob licença pela mesma fábrica do 1A2, e que é um projeto do século passado.
O estudo busca realizar uma comparação entre os dois fuzis e levantar as implicações da adoção do
novo armamento, que agrega novas tecnologias, como tamanho e peso reduzidos, além de acoplar
acessórios diversos e principalmente se o novo calibre é capaz de suprir as demandas advindas das
características especiais do ambiente de Selva. A coleta de material foi obtida através de pesquisa
bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa de campo, além da aplicação de entrevistas com
especialistas e questionários. O embasamento documental e bibliográfico foi obtido através de manuais
do EB, revistas e periódicos militares, nacionais e estrangeiros, trabalhos e dissertações de mestrado,
inclusive intemacionais, e monografias de pós graduação, também a relatórios de desempenho de
material e pareceres expedidos por OM de Selva do EB, além de livros, websites, artigos e materiais
extraídos da intemet. A pesquisa de campo foi baseada em entrevistas a militares pertencentes às
Forças Especiais, que utilizaram armamento de calibre 5,56mm em ambiente de Selva, e a
questionários enviados para militares que servem ou serviram em OM do CMA e CMN. Por fim o
trabalho conclui a despeito das vantagens e desvantagens advindos da adoção de um ou da
permanência do outro e propõem novas possibilidades.

Palavras chave: Estratégia Nacional de Defesa. Projetos Estratégicos do Exército. Projeto Combatente
Brasileiro (COBRA). Fuzil 1A2. 7,62 x 51 mm ou 5,56 x 45 mm vantagens e desvantagens. Calibre 5,56
mm ou .223 Remington no Vietnam. Calibre 5,56 mm e seus problemas no combate. Fuzis de 4a
Geração. Exército Americano e o desenvolvimento do calibre 6,5 mm Grendel.
ABSTRACT

This work aims to discuss the advantages and disadvantages of adopting the IA2 rifle of 5.56mm Caliber
in the tropical jungle environment, in replacement of the already established assault rifle Pára FAL of
7.62mm caliber, currently in use. The First Armament is a project of the Indústria de Material Bélico
(IMBel), and is a completely national project, in addition to being more modern, in contrast to the second
one that is of FN Herstal, and produced under Iicense by the same factory of IA2, and that is a project
from the last century. This study seeks to make a comparison between the two rifles and raise the
implications of adopting the new armament, which adds new technologies, such as size and reduced
weight, in addition to coupling different accessories and especially if the new caliber is able to meet the
demands arising from features of the tropical jungle environment. The collection of material was
obtained through bibliographical, documentary and field research. The documentary and bibliographic
background was obtained through EB manuais, national and foreign military and civilian journals,
master's dissertations, including international ones, and postgraduate monographs, as well as material
performance reports and opinions issued by OM of EB Jungle, as well as books, websites, articles and
materiais extracted from the internet. Field research was based on interviews with military personnel
belonging to the Special Forces, which used 5.56mm caliber weapons in the Jungle environment, and
questionnaires sent to military personnel who had served or are serving in Militaries Organizations of
the Amazon Military Command (CMA) and North Military Command (CMN). Finally the work concludes
despite the advantages and disadvantages arising from the adoption of one or the permanence of the
other and propose new possibilities.

Key Words: National Defense Estrategy. Estrategic Army Projects. Brazilian Fighter Project (COBRA).

IA2 Assault Rifle. 7,62 x 51mm or 5,56 x 45 mm vantages e disavantages. Caliper 5,56 mm or .223
Remington at Vietnãm. What's wrong with 5,56 caliper. 4th Gen Assault Rifle. US Army and the
development of 6.5 mm ammo.

• Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas
Negras (AMAN) em 2008. Pós graduado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de
Oficiais (AMAN) em 2018 .
•• Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas
Negras (AMAN) em 2005. Pós graduado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de
Oficiais (AMAN) em 2014.
1

1. INTRODUÇÃO

o exército brasileiro seguindo as tendências mundiais, e principalmente da


evolução das características dos conflitos modernos, também chamados "conflitos de
baixa intensidade", onde predominam o ambiente urbano de operações, o inimigo
mesclado à população civil, os agentes não estatais etc, está passando por um
período de transformação, e consequente modernização dos seus meios materiais e
de sua doutrina.
A reorganização e o reaparelhamento do EB estão enquadrados na Estratégia
Nacional de Defesa (END) e com a criação do Escritório de Projetos do Exército
(EPEx), criado pela Portaria n° 134-EME, de 10 de setembro de 2012, pretende
modernizar a Força Terrestre, através do desenvolvimento de uma política de
modernização e investimentos no longo prazo.
A Estratégia Nacional de Defesa, aprovada em 2008, serve de marco
regulatório para a articulação e reorganização das Forças Armadas, impondo-
Ihes transformação pela formulação de nova doutrina, identificação de novas
capacidades e aquisição de materiais compatíveis com o combate moderno.
(Revista Verde Oliva, N° 217, Nov 2012, pág. 51)

Dentre os sete Projetos Estratégicos do Exército (PEE), destaca-se de importância


para este Estudo, o RECOP (Recuperação da Capacidade Operacional), que
recentemente foi renomeado OCOP (Obtenção da Capacidade Operacional Plena), e
que prevê entre os diversos projetos, a modernização e/ou substituição do
armamento.
o RECOP tem por objetivo dotar as unidades operacionais de material de
emprego militar, em seu nível mínimo, imprescindível ao seu emprego
operacional, com a finalidade de atender às exigências de defesa da Pátria
previstas no caput do Art. 142 da Constituição da República Federativa do
Brasil, assim como às operações de GLO e às diversas missões subsidiárias
atribuídas ao Ministério da Defesa. (Revista Verde Oliva, N° 217, Nov 2012,
pág.51)

O OCOP é composto por 17 projetos, dentre os quais na área de armamentos, a


modernização dos fuzis utilizados pelo exército. O Ministério da Defesa (MD) tem
procurado a ABIMDE (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e
Segurança) e diversas federações de indústrias estaduais, no intuito de projetar e
desenvolver os PRODE (Produtos de Defesa), entre eles o novo Fuzil que equipará a
Força Terrestre em substituição ao Fuzil Automático Leve M964 (FAL), através de um
Projeto do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do Exército Brasileiro,
2

chamado inicialmente de Projeto COBRA 1.0 (Combatente Brasileiro) e que


estabelece as características que o novo Fuzil deve possuir.
Dentro deste contexto a IMBel (Indústria de Material Bélico), produziu o Fuzil IA2
de calibre 5,56 mm. Foram adquiridos em caráter experimental em 2013, um lote de
1.500 destes IA2, que foram distribuídos entre diversas Organizações Militares (OM),
para serem testados nos mais variados ambientes operacionais do território nacional.
Algumas OM de Selva receberam o referido armamento e realizaram testes de
emprego, porém foram suscitadas algumas dúvidas quanto a eficiência do calibre 5,56
mm especificamente no ambiente da Selva Amazônica, onde o calibre 7,62 x 51 mm
é consagrado, devido as características do combate em ambiente de floresta tropical
e seus efeitos no armamento e desempenho do calibre 5,56 mm.

1.1 PROBLEMA

No sentido de orientar o estudo da implementação do Fuzil IA2 calibre 5,56 mm


no âmbito das OM de Selva, foi formulado o seguinte problema: as vantagens do Fuzil
1A2 calibre 5,56 x 45 mm em relação ao Fuzil Pára FAL M964 calibre 7,62 x 51 mm
em uso atualmente pelo Exército Brasileiro, compensam suas desvantagens, visando
a adoção do primeiro em detrimento do segundo, no ambiente de Selva?

1.2 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

- Analisar as vantagens e desvantagens da substituição do Fuzil Pára FAL 7,62


mm pelo Fuzil IA2 5,56 mm, no ambiente de Selva, a fim de subsidiar o Exército em
seu interesse em implantar o FuzillA2 com calibre 5,56 mm, como armamento padrão
da Força Terrestre.

OBJETIVOS ESPECíFICOS

- Analisar as diferenças, vantagens e desvantagens, em relação às


características de projeto dos dois armamentos;
- Analisar as características do ambiente de Selva e suas implicações para as
operações militares, desde os aspectos logísticos até os táticos e operacionais;
- Comparar o desempenho dos dois armamentos e seus respectivos calibres
diante das características do ambiente de Selva;
3

- Analisar as vantagens e desvantagens do calibre 5,56 mm em comparação ao


calibre 7,62 mm no seu emprego em ambiente de Selva;
- Analisar o emprego do fuzil no calibre 5,56 x 45 mm pelo Exército Americano
em diversos conflitos, principalmente no Vietnam, e seus estudos.

1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇOES

- Já foi aprovada a adoção do Fuzil IA2, de acordo com a Portaria N° 211-EME,


de 23 de outubro de 2013. BE N° 44 de 1° de novembro de 2013, pág. 39;
- Já há um FuzillA2 calibre 7,62 x 51 mm em desenvolvimento;
- A IMBel, empresa que produz o IA2, recebeu a denominação de Empresa
Estratégica de Defesa (EED) no contexto do END de Base Industrial de Defesa (BID),
desta forma enquadrada no Regime Especial Tributário para Indústria de Defesa
(Retid), conforme o disposto na Lei 12.598, de 21 de março de 2012;
- O Projeto IA2, pode vir a ser um projeto para a substituição e padronização do
armamento das três Forcas Armadas, uma vez que com a criação da SEPROD
(Secretaria de Produtos de Defesa) em fevereiro de 2011, todos os produtos de defesa
deverão ser adquiridos pelo MD, e não mais por cada Força Armada de maneira
singular;
- O calibre 5,56 mm é atualmente o calibre oficial da OTAN (Organização do
Tratado do Atlântico Norte) e de diversos países que operam sob a égide da ONU
(Organização das Nações Unidas);
- Há estudos do governo norte americano para substituição do calibre 5,56 mm,
por um calibre intermediário entre o 5,56 mm e o 7,62 mm;
- Há relatos de combate no Vietnam, Afeganistão e Iraque, por parte das tropas
norte americanas a respeito da ineficiência do calibre 5,56 mm e sua falta de Stopping-
power (poder de parada), além de menor alcance efetivo, e que poderia estar
relacionado ao aumento de baixas nas tropas norte americanas.

2. METODOLOGIA

A fim de delinear melhor o estudo do assunto, foram reunidas informações em


diversos meios de comunicações, trabalhos e pesquisas na área e relatórios militares
além da literatura existente e disponível, desta forma, foram formulados o Problema e
os Objetivos Geral e Específicos a serem atingidos.
4

Através de uma Abordagem Qualitativa levantar os conhecimentos existentes


sobre o assunto, extraindo as informações que tenham coerência com a realidade
militar brasileira e utilizando-se também de questionários e entrevistas, a fim de se
estabelecer um referencial teórico de onde possa-se extrair as possíveis soluções
para o problema.

2.1 REVISÃO DE LITERATURA

O reaparelhamento das Forças Armadas é necessário para garantir sua


capacidade operativa e fundamental para propiciar sua atualização face à evolução
dos conflitos modernos. Com a criação da END (Estratégia Nacional de Defesa), o
Livro Branco de Defesa, a SEPROD, sob a tutela do MO, e a Lei de Fomento à Base
Industrial de Defesa, o Governo Federal vem demonstrando sua preocupação com o
reaparelhamento e modernização das Forças Armadas.
Em 2012, o Brasil deu um passo importante para consolidar um dos eixos
fundamentais de sua Estratégia Nacional de Defesa (END). Trata-se da Lei
nO 12.598, que estabelece mecanismos de fomento à indústria brasileira de
defesa. (MD, 2017)

A fim de diminuir o grande hiato tecnológico de que atualmente padece o EB, o


Projeto COBRA 2020, evolução do COBRA 1.0, prevê a modernização do
equipamento de combate individual em sete diferentes campos, seguindo o modelo
adotado em diversos países, como o modelo Sagem FELlN do Exército Francês.
O objetivo do COBRA 2020 será desenvolver tecnologias brasileiras de
qualificação do combatente do Exército, por meio da cooperação entre os
centros de pesquisa da Força Terrestre com a Base Industrial de Defesa,
instituições científicas civis e as universidades.(ROBERTO LOPES, 2015,
Apud, PLANO BRASIL, 2015)

No campo Letalidade enquadra-se o Projeto do Fuzil IA2, que está sendo


desenvolvido pela IMBel, de acordo com as demandas apresentadas pelo Exército
para substituição dos seus fuzis de assalto.
A Equipe do Projeto COBRA realizou, de 16 a 20 outubro, no Instituto Militar
de Engenharia (IME), no Rio de Janeiro, RJ, a Reunião de Revisão das
Condicionantes Doutrinárias e Operacionais (CONDOP) e de Elaboração dos
Requisitos Operacionais (RO) do Projeto Combatente Brasileiro (COBRA), no
contexto de sua formulação conceitual. (COTER, 2017)

O Fuzil de Assalto do EB, foi projetado na década de 50 pela FN Herstal, empresa


Belga, e produzido sob licença pela Indústria de Material Bélico (IMBel), empresa
brasileira, desde meados da década de 60. Seu projeto é considerado de um
5

armamento de 1 a geração, enquanto hoje, as Forças Armadas de diversos países,


empregam fuzis de 4a geração.
A evolução do fuzil de assalto pode ser dividida em gerações, sendo que, a
cada salto evolutivo, vemos novas características predominantes nesta
classe de armas, havendo, porém, modelos que não apresentam todas as
características em conjunto, ou, ainda, aqueles que mesclam traços de uma
geração posterior com aqueles de gerações bem posteriores. (BERALDI,
2004, pág. 4)

Produzidos de acordo com as necessidades atuais, os fuzis de 4a geração, são


mais leves, pois levam polímeros em sua composição, mais curtos, e sua principal
característica é a modularidade.
Já no final dos anos 90 surge a quarta geração, a atual, caracterizada pela
modularidade: em virtude do surgimento de novos cenários, vão chegando
até o soldado de infantaria meios de tecnologia cada vez mais avançada[... ].
(BERALDI, 2004, pág. 6)

O IA2 foi desenvolvido baseado nestes critérios, porém no calibre 5,56 mm,
considerado mais adequado para o combate em ambiente urbano, e que proporciona
melhor precisão de tiro no regime automático ou rajada. O calibre 5,56 mm já é
adotado há algum tempo pelas tropas das Forças Especiais do Exército Brasileiro.
porém em armamentos de outros fabricantes.
Um dos principais conceitos por trás de seu emprego, foi debatido ainda durante
a Guerra Fria, e tratava sobre ferir o inimigo, a fim de, tirar de combate todos aqueles
envolvidos no seu resgate, propiciando desgaste não só psicológico, mas também
logístico, considerando que os calibres à época focavam na balística terminal,
buscando o máximo poder destrutivo e grande letalidade.
Há porém, longa controvérsia a respeito do calibre 5,56 mm, desenvolvido pelo
governo norte americano após a 2a GM, e empregado em combate pela primeira vez
no Vietnam, como vemos em (CARVALHO, EDUARDO; CARVALHO, ROGÉRIO,
2016, Apud DEFESA NET, 2016):
Embora o calibre 5.56x45 mm seja padrão da OTAN desde 1963 e portanto
existam diversas armas que compõem o binômio com este calibre, seu
emprego continua polêmico. Antes havia um calibre excessivamente potente,
agora um que parece não atender aos requisitos mínimos e falhar nos piores
momentos. A solução temporária foi aumentar a carga de propelente e o peso
do projétil, as chamadas "green tips", que acabam por produzir uma
quantidade de gases quentes que superaquecem as armas mais
rapidamente.

Transportado para o ambiente de Selva (Floresta Tropical), temos o conflito do


Vietnam, durante a Guerra Fria, quando foi introduzido o referido calibre através do
M16, armamento que apresentou diversas falhas de projeto, e além disso seu calibre
6

era considerado fraco pelas tropas em combate, levando-se em conta que o inimigo
dispunha do AK-47 no calibre 7,62 x 39 mm.
A combinação de falhas da arma, da "anemia" do calibre no ambiente de
selva, com as fortes mudanças pelas quais passava a sociedade americana
na época levaram a muitos soldados a crer que seu alto comando pouco se
importava com suas vidas e seu bem estar, quando ao contrário, a
preocupação era com aumentar o poder de fogo da tropa. (CARVALHO,
EDUARDO; CARVALHO, ROGÉRIO, 2016, Apud DEFESA NET, 2016)

Ainda hoje o uso do calibre 5,56 mm, adotado oficialmente pela OTAN, gera
polêmica e controvérsia, conforme relatado por EHRHART (2009, Apud ARMYTIMES,
2017), quando no conflito no Afeganistão, as tropas em combate notaram, que a
maioria dos embates ocorriam a distâncias acima de 300 m, e que o calibre 5,56 mm
perdia eficácia nestas distâncias, vindo a propor duas soluções: melhorar o calibre
5,56 mm ou, aquilo que se referiu como melhor escolha, o desenvolvimento de um
novo calibre entre 6,5 mm e 7mm.
De acordo com ARMYTIMES (2017, Apud, WARZONE, 2017), o Exército
norte americano está desenvolvendo um novo fuzil de combate, assim como
um novo calibre para seu emprego, qualquer que seja ele, para substituir o
M-16 e toda sua família, e deve apresentar um protótipo oficial até 2020.

Ao buscar desenvolver um novo Fuzil de Assalto para suas tropas, o EB escolheu


o calibre 5,56 mm, e através do Fuzil IA2, pretende dotar seus efetivos com um
armamento moderno e mais adaptado a realidade dos conflitos modernos em que tem
atuado majoritariamente, porém tendo o ambiente operacional Amazônico
características muito peculiares, a pedido do EB a IMBEL desenvolveu também um
FuzillA2 no calibre 7,62 mm.

2.2 COLETA DE DADOS

Na sequência do aprofundamento teórico a respeito do assunto, o delineamento


da pesquisa contemplou a coleta de dados pelos seguintes meios: entrevista
exploratória e questionário.

PREVISÃO DE
INSTRUMENTO AMOSTRA
EXECUÇÃO
40 Oficiais (Cap ou Ten)/ ST/ Sgt sobre as características,
Questionário vantagens e desvantagens do uso do Pára FAL 7,62 mm JUL18
e do 1A2 5,56 mm.
5 militares das Forças Especiais que empregaram Fz 5,56
mm em missões no ambiente de Selva ou na MINUSTAH,
Entrevista JUL18
sobre suas vantagens, desvantagens e características e
comparação com o Pára FAL 7,62 mm.
Quadro 1: Quadro de Instrumentos, amostra e prazos para coletas de dados.
Fonte: o autor.
7

2.2.1 Entrevistas

Tendo em vista que as Forças Especiais do EB já empregam o calibre 5,56 mm


há algum tempo, e devido as peculiaridades de emprego e adestramento inerente a
estas tropas, as Forças Especiais tornam-se vetores de experimentação doutrinária
de materiais, armamentos, técnicas e táticas, de uma forma que não é possível para
outros tipos de tropas. A fim de aproveitar as experiências colhidas por estas tropas
ao empregarem ambos os calibres no ambiente de Selva, foram realizadas entrevistas
exploratórias com 05 Oficiais Operadores de Forças Especiais, que empregaram
ambos Fuzis de Assalto em Operações de adestramento ou reais no ambiente de
Selva, 03 deles ex membros da 3a Cia de Forças Especiais, OM subordinada ao
Comando Militar da Amazônia (CMA). Por Questões de Sigilo de tais operações, seus
nomes foram omitidos.

Nome Justificativa
Experiência em Operações em ambiente Amazônico com emprego dos
XXXXXXX - Cap EB
calibres 5,56 mm e 7,62 mm e ex integrante do DOFEsp da 3a Cia FEsp_.
Experiência em Operações em ambiente Amazônico com emprego dos
XXXXXXX - Cap EB
calibres 5,56 mm e 7,62 mm e ex integrante do DOFEsp da 3a Cia FEsp.
Experiência em Operações em ambiente Amazõnico com emprego dos
XXXXXXX - Cap EB
calibres 5,56 mm e 7,62 mm e ex integrante do DOFEsp da 3a Cia FEsp.
Experiência em Operações em ambiente Amazõnico com emprego dos
XXXXXXX - Cap EB
calibres 5,56 mm e 7,62 mm.
Experiência em Operações em ambiente Amazônico com emprego dos
XXXXXXX - Cap EB
calibres 5,56 mm e 7,62 mm.
Quadro 2: Quadro de entrevista com especialistas.
Fonte: o autor.

2.2.2 Questionário

Inicialmente buscou-se focar em dois aspectos para a escolha do universo que


compõem o foco do questionário: primeiro selecionar Oficiais (Asp, 20 e 10 T en e Cap),
Subtenentes e Sargentos com experiência militar na Região Amazônica; segundo,
dentro desta amostra, apenas militares que empregaram tanto o Fuzil de Assalto IA2
no calibre 5,56 mm, quanto o PÃRA FAL no calibre 7,62 mm.
A delimitação da amostra dentro destas características tem por objetivo
selecionar um público alvo que efetivamente empregou os Fuzis de Assalto nos
calibres 5,56 mm e/ou 7,62 mm, nos modelos IA2 e PÃRA FAL, no contexto de
Operações Militares no ambiente operacional de Selva Amazônica, a fim de colher
suas experiências e suas opiniões a respeito do material.
As perguntas constantes do questionário visam fornecer subsídios
principalmente para determinar as características ambientais da Selva Amazônica que
8

são consideradas mais influentes no desempenho do armamento, separando as de


cunho logístico do viés de combate; analisar o desempenho do IA2 pela opinião dos
usuários finais; determinar os fatores que conduzem os usuários a escolher um calibre
em detrimento do outro, e as características mais desejáveis que o armamento a ser
empregado neste tipo de ambiente deve possuir. A organização das questões busca
levantar possíveis conflitos ao repetir questionamentos sobre o mesmo tema sob um
ponto de vista diferente, em momentos distintos do questionário, tendo em vista
muitos militares terem utilizado o Fuzil 1A2 5,56 mm em outros Comandos Militares de
Área e em operações em outros ambientes, como Operações de Paz e Operações no
Rio de Janeiro, etc, e que poderiam ser considerados indistintamente, mesmo que
inconscientemente, ao avaliar seu emprego especificamente desconsiderando-se
apenas as características do ambiente e do combate na Selva Amazônica.
A fim de atingir uma maior confiabilidade das induções realizadas, buscou-se
atingir uma amostra significativa, utilizando como parâmetros o nível de confiança
igual a 90% e erro amostral de 10%. 25% dos militares que preencheram o
questionário não tiveram nenhum contato ou experiência com algum dos dois
armamentos, portanto, não preenchiam os pré requisitos da amostra, desta forma
seus resultados foram desconsiderados para fins deste estudo.
Foi realizado um pré teste com 03 capitães alunos da Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), que atendiam aos pré requisitos para integrar a
amostra proposta no estudo, para identificar possíveis falhas no instrumento de coleta
de dados. As correções propostas foram feitas e o questionário foi aplicado.

3. RESULlADOS E DISCUSSÃO

3.1 A NECESSIDADE DE UM NOVO FUZIL DE ASSALTO

As mudanças que ocorreram no Espaço de Batalha do século XXI tiveram reflexos


não apenas nas estratégias, técnicas e táticas, mas alteraram também o Material de
Emprego Militar (MEM) como um todo, no mundo.
Com a participação do EB em missões de paz pela Organização das Nações
Unidas (ONU), principalmente no comando da MINUSTAH (Missão das Nações
Unidas para Estabilização do Haiti), percebeu-se uma premente necessidade de
modernização do MEM do EB e principalmente do armamento utilizado, a fim de
utilizar-se todo o potencial de tecnologia disponível hoje, garantindo ao Soldado do
EB, as novas capacidades necessárias para atuar neste novo tipo de conflito.
9

As possibilidades que os Fuzis ditos de 48 Geração trouxeram para o Teatro de


Operações (TO) são inúmeras, podendo inclusive desequilibrar o combate. Dentre
elas são notadamente importantes as questões que envolvem a letalidade e os efeitos
colaterais, principalmente para a população civil presente nos ambientes onde
ocorrem o combate.
Em muito devido às questões logísticas, de possibilidade de transporte de maior
quantidade de munição, e consequente aumento de volume de fogos para a tropa, e
também por questões do dano colateral que o calibre 7,62 mm causa no ambiente
urbano, o EB, através da IMBEL, passou a desenvolver o Projeto MO 97, que era um
Fuzil de assalto baseado no FAL da FN Herstal, produzido no Brasil também pela
IMBEL sob licença. Este fuzil era na verdade uma versão menor em comprimento do
cano e supostamente mais leve que seu predecessor, e no calibre 5,56 x 45 mm. O
armamento não teve um bom desempenho, e por isso decidiu-se por iniciar um projeto
completamente novo, que resultou no IA2.

Contudo, o novo armamento apesar de estar em vias de adoção pelo EB, ainda
não substituiu o antigo FAL e PARA FAL como um todo. O armamento é ainda alvo
de testes e experimentações nos diversos ambientes operacionais que compõem o
extenso e diversificado território brasileiro.

3.2 ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS ATRAVÉS DO QUESTIONÁRIO

A fim de determinar se o novo fuzil de assalto apresenta as condições necessárias


para o emprego confiável e eficaz dentro das características especiais de utilização e
condições peculiares climatológicas e logísticas da Selva, foi conduzido um
questionário com militares com experiência militar em tropas da Amazônia.
Desta forma conveniou-se neste trabalho em verificar a opinião do publico alvo do
armamento em questão, a fim de saber sua opinião sobre a necessidade de mudança
do armamento e as características que um fuzil deve possuir especificamente para as
demandas do ambiente de Selva Amazônica.
Assim, o questionário aplicado apresentava, dentre outros questionamentos, uma
pergunta aberta, onde o questionado deveria sugerir as características, sob seu ponto
de vista, que seriam mais desejáveis para um armamento que viesse a substituir o
fuzil atual, levando-se em consideração o seu emprego para o ambiente de Selva.
Foram consideradas apenas as opções que apareceram mais de duas vezes. A
questão foi elaborada como uma pergunta aberta, a fim de não influenciar a resposta,
10

evitando-se estabelecer uma lista de características a serem escolhidas, mas sim uma
pergunta onde o militar pudesse reproduzir, de acordo com suas experiências,
aquelas caracteristicas que ao empregar o armamento, o militar sentiu maior
necessidade, possibilitando uma resposta sem influências e portanto mais fidedigna.
O resultado é demonstrado a seguir no gráfico abaixo.

18

16

14

12

10

o
leve Rústico Tam Curto PoderF
I 7,62 mm
I Qtd Mun

Gráfico 1 - Características desejáveis para um novo Fuzil de Assalto.


Fonte: o autor.

Nota-se que as características sugeridas com mais frequências pelos militares


(Leve, Rústico, Tamanho curto e Poder de fogo) não abordam aquelas inerentes
especificamente ao calibre 5,56 mm, e sim aquelas que são comuns aos armamentos
modernos, construídos com materiais mais leves, porém resistentes como o aço, e
ainda apenas duas menções foram feitas em relação a capacidade de acoplar
dispositivos eletrônicos e optrônicos.

A seguir foi solicitado no questionário que fossem elencadas as vantagens e


desvantagens de cada fuzil com seu respectivo calibre, o resultado é demonstrado na
tabela abaixo.

. 1A2 5 , 56 x 45 mme PARA FAL 7 , 62 x 51 mm.


Ta be I a 1 - van agens e d esvan agens d os f UZIS
Vantagens
Repetições IA2 5,56 x 45 mm Repetições PÃRA FAL 7,62 x 51 mm
Capacidade de transportar Capacidade de perfuração/ menor
15 8
mais munição desvio
22 Armamento mais leve 23 Poder de fogo maior
3 Cano mais curto 12 Maior alcance
12 Armamento menor 13 Mais rústico
7 Maior precisão de tiro 5 Maior precisão de tiro
11

6 Menor efeito colateral 5 Menor necessidade de manutenção


Desvantagens
Repetições IA2 5,56 x 45 mm Repetições PÃRA FAL 7,62 x 51 mm
4 Pouco poder de perfuração 25 Peso maior
11 Baixo poder de fogo 20 Tamanho maior
7 Desvio da munição 11 Peso maior/ menor Qtd Mun
5 Precisão no longo alcance 4 Efeito colateral do tiro
6 Alcance útil menor 2 Baixa confiabilidade
7 Rusticidade 4 Pouco rústico/ manuten~ão
Fonte: o autor.

Podemos inferir dos resultados que, sob o ponto de vista da amostra, e supondo
que a mesma tem representatividade quanto ao conjunto, as vantagens mais
evidentes do IA2 5,56 x 45 mm são: o armamento mais leve, a maior capacidade de
transportar munição, seja no carregador ou na mochila e o tamanho reduzido do
armamento. As suas desvantagens são: baixo poder de fogo, desvio da munição e
alcance útil menor, e rusticidade. Quanto as vantagens do PARA FAL 7,62 x 51 mm
verificamos as seguintes: maior poder de fogo, maior rusticidade e maior alcance útil.
As suas maiores desvantagens: peso maior do armamento, tamanho maior e peso
maior da munição e consequente impossibilidade de carregar mais munição.

Com relação as mais prováveis possibilidades de emprego real do armamento no


ambiente de Selva

Quais seriam dentro da experiência profissional do Sr os empregos reais


mais recorrentes no uso do armamento em ambiente de Selva?
38 respostas

22 (57.9%)
17 (44,7%)
23 (60.5%)
7 (18,4%)
1 (2,6%)
1 (2.6%)
1 (2.6%)
1 (2.6%)
1 (2,6%)
1 (2,6%)
O 5 10 15 20 25

Grafico 2 - emprego real do armamento mais recorrente em ambiente de Selva.


Fonte: o autor
12

Verificamos que o entendimento médio da amostra apresenta tanto o emprego do


armamento contra embarcações (a curtas, médias e longas distâncias), quanto contra
pessoal no interior da Selva. Assim podemos afirmar que na visão da amostra estas
seriam as atividades determinantes para emprego do armamento.

Foi perguntado se a vegetação no interior da Selva poderia exercer influência no


desempenho da munição.

o Sr. Acredita que a vegetação amazônica pode influenciar no


desempenhol alcance/letalidade do projétil?
38 respostas

• Sim. mas nunca tive uma experiência


real para comprovar
• Sim. inclusive Já nve uma experiência
real para comprovar
Não
• Não tenho certeza

Grafico 3 - influência da vegetação amazônica no desempenho do projétil.


Fonte: o autor

Conforme o resultado na tabela, mais de 90 % da amostra, julga que sim, sendo


que 22,2 % já puderam comprovar em emprego real este efeito. Este resultado é
compatível com a realidade, pois o baixo peso e o tamanho pequeno da munição 5,56
x 45 mm tem desvios maiores, mesmo com vegetação frágil, como folhas e galhos
finos, porém o resultado prático da precisão no âmbito das curtíssimas distâncias em
que o combate ocorre no interior da Selva é desprezível.

Baseado nas experiências dos militares da amostra, foi perguntado se o militar


acreditaria estar em desvantagem caso tivesse que confrontar um inimigo armado
com um fuzil no calibre 7,62 mm, estando ele armado com fuzil no calibre 5,56 mm.
13

o Sr considera
que a adoção do calibre 5,56mm poderia siqnificar em uma
desvantagem para as tropas brasileir ... calibre 7,62mm no ambiente de Selva?
38 respostas

• Sim
• Não
Não lenho certeza

Grafico 4 - adoção do 5,56 mm contra inimigo empregando 7,62 mm.


Fonte: o autor

o resultado mostra que quase 60 % dos militares acreditariam estar em


desvantagem. Isso exemplifica a idéia geral do poder de fogo maior que o calibre 7,62
mm representa, e que consequentemente é um fator considerado importante no
combate.

Por último foi perguntado se o Fuzil IA2 no calibre 5,56 x 45 mm seria um bom
substituto ao PARA FAL 7,62 mm.

o Sr acredita que no seu atual projeto, o FuzillA2 5,56mm é um bom


substituto para o PÁRA-FAL 7,62mm?
38 respostas

• Sim
• Não
Não tenho certeza

Grafico 5 - 1A2 é um bom projeto para substituir o PARA FAL 7,62 mm.
Fonte: o autor

Podemos ver que o resultado demonstra que as opiniões estão praticamente


equilibradas em termos de confiabilidade. Não podemos associar o resultado
14

especificamente ao calibre menor ou as características do armamento em si, mas


podemos inferir que não há uma maioria disposta a substituir o armamento atual,
mesmo a despeito das suas desvantagens.

3.3 O COMBATE EM AMBIENTE DE SELVA

3.3.1 Análise das características peculiares do combate em ambiente de Selva

O ambiente de Selva, para fins deste estudo, é caracterizado pela Região de


Floresta Amazônica Brasileira, representada pela Floresta Tropical ou Equatorial,
latifoliada, densa e de clima úmido que estende-se por toda a Região Norte do Brasil,
abrangendo 53% do território nacional.

Analisando os Fatores da Decisão para o planejamento e emprego de tropas em


operações militares, o Fator da Decisão Terreno, tendo em vista o objeto de estudo
deste trabalho, torna-se o mais significativo, haja vista as diferenças que ocorrem no
Teatro de Operações (TO) de Selva, assim sendo, o analisaremos a luz do Método de
Planejamento Detalhado do EB, empregando particularmente o estudo do
OCOAEFRO (Observação e campos de tiro; Cobertas e abrigos; Obstáculos;
Acidentes capitais; Espaço de manobra; Facilidade de movimento; Redes viárias; e
Outros aspectos), a fim de determinarmos as condicionantes que o ambiente de Selva
(terreno) impõe às operações militares.

Observação e campos de tiro - a observação no interior da Selva é extremamente


restrita, devido a alta densidade da vegetação, desta forma os campos de tiro além
de limitados em distância devem também ser "abertos" ou "limpos", e fim de terem seu
alcance ampliado.
No tocante a campos de tiro, haverá perda significativa para o emprego das
armas de tiro tenso, pois sem um trabalho de melhoramento, as distâncias
livres serão extremamente curtas.[ ... ] As limitações da visibilidade reduzem
os campos de tiro a pequenas distâncias. O campo tradicional das armas
automáticas é pouco prático na selva propriamente dita, mas de grande valia
para bater cursos de água, trilhas, clareiras, estradas, socavões e grotas.
(BRASIL, 1997, p. 2-9)

Desta forma podemos dizer que muitos dos combates no interior da Selva ocorrem
a curtas distâncias e através da surpresa, também chamados de "combate de
encontro". Há de ressaltarmos ainda, que a observação do exterior da floresta para o
interior é praticamente inexistente, principalmente para a vista aérea, devido ao
entrelaçamento das copas das árvores que formam uma cobertura vegetal densa.
15

Cobertas e abrigos - quanto a este aspecto, podemos dizer que são bastante ricos
e variados, havendo desde árvores e socavões (depressões no terreno semelhantes
a ravinas), até mesmo a própria vegetação em si, a longas e médias distâncias.

Obstáculos - além da maioria dos rios devido a largura e profundidade, temos


também a própria Selva.
Para escalões superiores a batalhão, a selva também poderá ser considerada
obstáculo de vulto uma vez que ela vai restringir os movimentos de suas
organizações integrantes [ ... ]. No interior da selva existem os mais variados
obstáculos naturais (pântanos, rios, áreas alagadas, escarpas, barrancos,
etc). Por vezes, as condições meteorológicas adversas tendem a agravar,
ainda mais, estes obstáculos ou a criar outros.(BRASIL, 1997, p. 2-10).

Acidentes capitais - os acidentes capitais de maior importância são as


localidades, havendo ainda, com menor importância, pontos que dominem a
circulação de vias de acesso, como pontes, clareiras, trilhas, confluências de rios,
campos de pouso etc, em sua maior parte relacionados às vias de acesso.
As regiões altas não são necessariamente importantes, a menos que situadas
em local descoberto. É bastante remota a possibilidade de controlar ou
observar, com base em elevações, trilhas ou vias de aproximação, em face
das limitações já citadas. [ ... ] Pela simples análise destes acidentes capitais
e o conhecimento de que a maioria das localidades da AMAZÔNIA nasceu e
desenvolveu-se às margens de um curso d'água, deduz-se que no escalão
brigada, ou menor, as operações de selva estarão integradas, quase sempre,
unicamente, por operações ribeirinhas.(BRASIL, 1997, p. 2-10).

Espaço de manobra - é a própria Selva, porém devido as suas características de


permeabilidade e transitabilidade, podemos dizer que fora das vias de acessos,
estradas, trilhas e cursos d'água, o espaço para desdobramento de tropas no interior
da Selva é limitado às formações a pé, com limitações, devido as grandes dificuldades
de Comando e Controle, é inviável dispor grandes efetivos além do nível batalhão.
"Na selva é impossível encontrar-se vias de acesso dentro do seu conceito militar
clássico, isto é, em termos de oferecer boa observação, bons campos de tiro,
amplitude, transitabilidade do terreno etc". (BRASIL, 1997, p. 2-11).

Facilidade de movimento - a floresta devido a vegetação é impeditiva para o


movimento de viaturas de qualquer natureza, restringindo o movimento às esparsas
estradas e rodovias e principalmente às embarcações, graças a enormidade de cursos
d'água. Para fins de movimento do homem a pé em seu interior, podemos dizer que a
Selva pode ser classificada em primária e secundária, sendo a primeira, a que sofreu
pouca ou nenhuma ação do homem e por isso conserva a vegetação em seu formato
16

original; a segunda foi alterada pelo trânsito constante do homem em seu interior,
alterando o espaçamento da vegetação ao "amassar" a mesma, que ao crescer cria
uma espécie de entrelaçamento da vegetação que impede ou restringe o movimento
através da floresta.

Rede viária - é caracterizada por poucas e precárias estradas, devido a altíssima


umidade, as constantes chuvas, temperaturas elevadas e natureza dos solos, as
condições de transitabilidade são geralmente ruins.

Outros aspectos - devido as dificultosas características climáticas, do solo, áreas


de alagadiços, dificuldades de deslocamentos no interior da Selva, as populações e
localidades, quase que em sua totalidade, concentram-se às margens dos rios.

Desta forma, podemos concluir que existem três tipos de sub ambientes de
operações, onde podem ocorrer combates, dentro do TO amazônico ou de Selva,
mais importantes e frequentes: os cursos d'água e suas margens, as localidades, e o
interior da Selva.

Assim concluimos acerca das seguintes características peculiares do combate em


ambiente de Selva:

- Desgaste físico acentuado do combatente devido ao penoso deslocamento no


interior da Selva, resultante da falta de rede viária para trânsito de viaturas e/ou do
homizio do inimigo em locais de difícil acesso;

- Fraco suporte logístico ao soldado, que resume-se ao que o mesmo é capaz de


carregar em sua mochila, reduzindo consequentemente a disponibilidade de meios
necessários para o combate (munição, ração, água e meios tecnológicos que se
utilizem de energia, como rádios, GPS etc);

- Combate no interior da Selva travado a curtíssimas distâncias, quase sempre


sem a visualização exata do inimigo e sua localização;

- Utilização da técnica de tiro de Ação Reflexa, resultante da limitada visibilidade


e encontros fortuitos;

- Engajamento e desengajamento rápidos devido a enorme existência de cobertas


e abrigos;
17

- Deslocamentos e ações de combate noturno quase impraticáveis, ou de


baixíssima eficácia;

- Pouco uso de optrônicos em geral, seja na amplificação do alcance de mira ou


de dispositivos que facilitem a visada rápida;

- Inviabilidade de emprego de proteção balística (colete e capacete).

3.3.2 A adoção do Fuzil Colt M-16 Armalite 5,56 x 45 mm pelo Exército Americano
durante a Guerra do Vietnam

Não há exemplos modernos de guerra em ambiente de Selva atualmente, que


possam oferecer um comparativo paralelo para o emprego do armamento básico
individual (Fuzil de Assalto). O último conflito amplamente estudado no passado foi a
Guerra travada entre os Estados Unidos da América (EUA) e o Vietnam na década de
50, à época o exército americano utilizou pela primeira vez o Colt M-16 Armalite, um
fuzil moderno, feito de polímero e no novíssimo calibre 5,56 x 45 mm, e que
posteriormente foi adotado pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte)
quando o calibre tornou-se popular. Daí pra frente não há um conflito que tenha
empregado massivamente tropas em ambiente de Selva Tropical utilizando-se fuzis
de assalto da atual geração, portanto não há como comparar a real utilidade das novas
tecnologias oferecidas por esses armamentos, o que nos leva a buscar os dados
disponíveis sobre o M-16.

Na década de 50 os EUA já apoiavam as tropas francesas no Vietnam através da


logística, assim vários levantamentos sobre o país, sua população e o conflito em si,
foram sendo feitas. Quando na década de 60 o governo americano passa a enviar
massivamente tropas, o exército americano já trabalhava nas deficiências que
deveriam ser suplantadas a fim de garantir seu desempenho eficiente em combate, e
como já era sabido à época o desempenho do soldado recruta americano era
insuficiente. Como não havia ainda uma solução para o problema do treinamento o
exército decidiu investir em dotar suas tropas com um armamento leve e que
propiciasse o tiro controlado no regime automático, desta forma a falta de precisão em
atingir o alvo seria suplantada pelo volume de fogo, surge assim o projeto do Fuzil de
Assalto M-16 no calibre 5,56 x 45 mm que substituiria o grande e pesado e de recuo
forte, M-14 que equipava o exército na época.
18

o desempenho do novo fuzil (M-16) à época da Guerra com o Vietnã foi alvo de
muitos estudos por parte do exército americano, inclusive com trabalhos de
dissertações, estudos extensos sobre a balística terminal da munição 5,56 mm, e que
os levou a desenvolver novas munições no referido calibre, a fim de suplantar as
deficiências, principalmente relacionadas a capacidade de transfixação da munição e
seu baixo poder letal e alcance efetivo. Duas principais modificações foram feitas: a
primeira relativa a quantidade de
pólvora, passando os 55 gramas
iniciais da Munição M 193 para os
62 g da Munição SS 109 e
utilizando-se pólvoras que
queimam melhor e portanto
produzem menos detritos que ficam
nas partes móveis e no cano do
Figura 1 - Dispositivo auxiliar de ejeção.
armamento e que durante o conflito Fonte: Google, 2018.
no Vietnam eram responsáveis por constantes falhas de ejeção e que requeriam
manutenção constante, obrigando a fabricante do armamento a incorporar um
dispositivo para auxiliar a diminuição das falhas por ejeção (figura 1). A segunda está
relacionada ao desenvolvimento do projétil em si, que adotou materiais mais rígidos,
como a munição SAT (Steel Arrow Tip) (Ponta de Flecha de Aço, tradução do inglês)
e cabeças expansivas, que melhoraram a penetração e seu Stopping Power.

Não é possível dizer se o novo fuzil foi capaz de resolver os problemas da falta de
adestramento no tiro e melhorar o desempenho dos soldados em combate, fato é, que
trouxe novas deficiências que os inimigos dos EUA explorariam a seu favor durante
os conflitos que sucederam sua adoção até os dias atuais.

3.4 O PROJETO 1A2

3.4.1 Histórico do Fuzil IA2

O IA2 é um projeto da IMBEL, desenvolvido a pedido do exército brasileiro, visando


substituir o FAL M964 e PARA FAL. É herdeiro dos projetos da família MO, que teve
3 modelos desenvolvidos e fabricados pela própria IMBEL na década de 80. Estes
fuzis foram produzidos a partir do próprio FAL, reaproveitando peças, além dos
carregadores do M-16, porém com algumas modificações, como cano mais curto, e
19

no calibre 5,56 mm. Desde aquela época já existia a intenção por parte do Estado
Maior do Exército (EME) de dotar o EB de fuzis de assalto com o calibre padrão da
OTAN, porém devido a conjuntura econômica do país naquele momento isto não foi
possível. Em seguida a IMBEL desenvolveu o MO 97 na década de 90, visando
satisfazer os Requisitos Técnicos exigidos pelo Exército dentro dos Objetivos Básicos
Operacionais homologados pelo EME para adoção do fuzil 5,56 mm, mas novamente
o Exército adiou os planos de adoção do novo armamento. Retomadas as tratativas
no início do século XXI, a IMBEL desta vez produziu um fuzil completamente diferente,
e que desta vez atingiu todos os requisitos técnicos básicos e que possuía
características dos fuzis da nova geração, este projeto foi batizado de IA2.

3.4.2 O FuzillA2 no contexto da END

O projeto 1A2 foi concebido para modernizar o fuzil de assalto do EB, contudo,
com a criação da Estratégia Nacional de Defesa (END), que através da Lei N° 12.598,
estabelece as bases de fomento às Industrias de Defesa, a IMBel, juntamente com
outras fabricantes nacionais de armamentos passam a ser, do ponto de vista
estratégico e político, as fornecedoras e desenvolvedoras de armamentos prioritárias
no âmbito do MO. Assim, cogitou-se a possibilidade do 1A2 tornar-se o fuzil de assalto
padrão das Forças Armadas como um todo, já que cada uma das três Forças utiliza
fuzis de fabricantes diferentes e em calibres diferentes. Esta intenção torna-se
particularmente verdadeira com a criação da SEPROD, que dentre suas atribuições,
encerra a responsabilidade de desenvolver os Produtos de Defesa, conjuntamente a
instituições e empresas nacionais, e os adquirir centralizadamente para as três
Forças, o que ainda não ocorre de fato.

Desta forma o Fuzil IA2 não figura apenas como um projeto de modernização do
armamento individual básico da tropa, mas como uma tentativa de investimento nas
capacidades da indústria nacional de defesa de desenvolver projetos legitimamente
nacionais, capazes de assegurar às Forças Armadas brasileiras o pareamento
tecnológico necessário para os conflitos modernos, dotando-as de capacidades
modernas e necessárias a adequação aos novos atores adversários, sem contudo
tornarmo-nos dependentes da indústria estrangeira, fato este bastante consolidado
pela experiência argentina no conflito das Malvinas.
20

3.4.3 Análise dos Relatórios de Desempenho de Material (RDM) do FuzillA2 5,56


mm

o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), por intermédio do COLOG


(Comando de Operações Logísticas) do EB, determinou ao Comando Militar da
Amazônia (CMA) que fossem realizados testes com o Fuzil de Assalto IA2 calibre 5,56
mm, a fim de emitir um parecer sobre o armamento e sua viabilidade para o emprego
pelas tropas do CMA. O Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) foi escolhido
pelo comando do CMA como responsável por realizar os testes e emitir um parecer
conclusivo.

o CIGS remeteu questionários para todas as OM do CMAlCMN a respeito das


características básicas do material, como ergonomia, tamanho, peso etc. Ficaram
responsáveis ainda pelas avaliações técnicas de emprego do armamento o 52°
Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), que deveria realizar uma avaliação comparativa
entre o PARA FAL 7,62 mm e o IA2 5,56 mm; o 1° BIS (Amv) que deveria realizar no
período de março a outubro de 2015, atividades de tiro em estande, além de atividades
de instrução e adestramento com o fuzil; e a 3a Companhia de Forças Especiais que
deveria conduzir testes comparativos entre o armamento e o Fuzil Colt M4 5,56 mm.
Foram conduzidas ainda, pelo próprio CIGS, oficinas de tiro diversas, e utilização do
armamento na Competição internacional de Patrulhas no ano de 2016.

Os resultados obtidos pelos questionários concluíram que o FuzillA2 carece de


algumas melhorias a serem introduzidas nas próximas versões antes que sejam feitas
aquisições pelo exército, segundo o próprio RDM do CIGS (2016, p. 8) "Após o
recebimento de pesquisas de diversas Organizações Militares possuidoras do Fuzil
de Assalto 5,56 IMBEL A2, chegou-se à conclusão de que existem algumas
oportunidades de melhoria que devem ser implementadas no processo de fabricação
deste armamento para que a Força Terrestre possa adquirir as próximas versões do
IA2 com uma qualidade aprimorada para os fins que se destinam", e a despeito da
durabilidade e resistência do material, deveriam ser realizados testes mais longos,
onde tais aspectos pudessem ser observados, colocando como sugestão a
implementação do respectivo armamento no Curso de Operações na Selva,
conduzido pelo próprio Centro "Existe previsão deste fuzil ser empregado nos COS
no ano de 2017. Julga-se tal oportunidade a situação ideal para a avaliação das
características do armamento citadas nos itens anteriores" (CIGS, 2016, p. 8).
21

Com relação aos testes comparativos conduzidos pelo 520 BIS, foram realizados
os testes de penetração em árvores de espessuras de 400 mm e 250 mm, tiro em
campo aberto na distância de 200m em estande, teste de tiro no interior da selva em
alvos na distância de 70 m, tiro embarcado em alvos colocados na margem, e tiro em
embarcações de alumínio em profundidades diversas. Podemos concluir a respeito
dos testes realizados que a escolha dos tipos de testes e suas distâncias não foram
adequadas, tendo em vista que as diferenças de desempenho dos calibres se dá em
circunstâncias distintas àquelas utilizadas, desta forma as vantagens e desvantagens
de cada tipo de armamento e munição não puderam ser devidamente avaliadas.

Os testes conduzidos pela 3a Cia FEsp concluíram que o armamento apresenta


capacidade de funcionamento sob condições climáticas variadas e adversas, porém
mostrou-se frágil no tocante a alguns componentes de plástico que quebraram
inclusive influenciando o funcionamento do armamento. Foram elogiados os trilhos de
acoplagem de acessórios e sugeridas possibilidades de melhoria, como a coronha
telescópica.

Não foi possível obter os resultados dos testes conduzidos pelo 10 BIS (Amv).

3.5 CALIBRE 5,56 x 45 mm X CALIBRE 7,62 x 51 mm

3.5.1 Análise histórica da adoção dos calibres 7,62 x 51 mm e 5,56 x 45 mm no


mundo e suas implicações

O termo Rifle de Assalto surgiu durante a 2a Guerra Mundial (2a GM), quando o
exército alemão buscando substituir o K98 Mauser de 8 mm e capacidade de 5 tiros,
desenvolve o MP-44 (Sturmgewehr, Rifle de Assalto em alemão), no calibre 7,92 mm,
com capacidade de 30 tiros e totalmente automático. Este fuzil introduz novas
capacidades ao combatente individual, como arma básica da infantaria, tornando
obsoleto o armamento individual básico dos aliados. Anos depois o engenheiro
responsável pelo seu desenvolvimento, Hugo Schmeisser, capturado pela URSS, e
trabalhando na mesma fábrica de Mikhail Kalashnikov, muito provavelmente,
influencia o desenvolvimento do AK-47, devido as grandes semelhanças que o
segundo tem com o primeiro, desenvolvido quase 5 anos depois.

A necessidade de modernização do BCW (Basic Combat Weapon) norte


americano, à época, o M 1 Garand e Fuzis Browning ocorreram por influência do livro
22

"Men Against Fire" de S.L.A. Marshall, cujo ponto central dizia que apenas 15 a 25 %
dos soldados aliados em combate disparavam seus rifles durante as batalhas na 2a
GM, baseado nestes dados o governo Norte Americano passa a buscar um
armamento que ofereça alto volume de fogos em contrapartida à precisão, isso foi
corroborado no TO do Pacífico e mais tarde no conflito do Vietnam, quando o inimigo,
tanto Japonês no caso do Pacífico, quanto do Vietcongue, utilizavam-se da cobertura
da floresta para atacar, e desta forma, frequentemente não era visto, o que obrigava
os soldados norte americanos a responder fogo em uma direção geral de onde se
supunha estar o inimigo.

Ainda em 1957, com os Estados Unidos da América às vésperas de entrar no


conflito do Vietnam, adotou-se o Fuzil de Assalto M-14 no calibre 7,62 x 51 mm, porém
o armamento foi considerado excessivamente comprido e pesado, e com recuo muito
forte, sendo nos anos que se passaram até a entrada efetiva dos EUA no confronto,
intensamente debatida a sua substituição pelo recém projetado M-16 no calibre 5,56
x 45 mm, que era na verdade a militarização do calibre .223 Remington, muito utilizado
para caça desportiva de pequenas presas nos EUA. Contudo, o exército americano
acabou por adotar o M-16, feito de polírnero, mais leve e mais curto e que usava
munições de 55 g (M193) em contrapartida aos 147 g da munição do M-14. O novo
armamento apresentou falhas constantes relacionadas ao seu sistema de ferrolho
rotativo e a falta de efetividade do projétil (capacidade de incapacitar o alvo), sendo
posteriormente melhorado com o desenvolvimento de novas munições como a M855
de 62 g, e modernamente a SS 109 padrão da OTAN, que dentre seus aprimoramentos
permite um alcance em torno de 450 m. O resultado dessas novas munições
traduziram-se em um projétil com grande velocidade inicial, capaz de atingir maiores
distâncias, que porém, associada a um projétil pequeno e de baixo peso, é
responsável por uma grande capacidade de transfixação dos alvos, contudo sem área
de contato suficiente para incapacita-Ios efetivamente, e que ainda desvia-se com
facilidade a distâncias superiores aos 200 m.
23

Em 2009 um estudo feito pelo US Army Command and General Staft College,
chamado "Increasing Small Arms Lethality in Afghanistan", considerou o armamento
(BCW), o calibre, os equipamentos optrônicos, a doutrina, entre outros fatores,
inadequados e responsáveis pelas perdas de vidas de soldados em combate, não
apenas no Afeganistão, mais em
todos os conflitos. Isso levou as
tropas da 101 Airborn Division a
trazer de volta o M-14 durante os
combates em solo Afegão.

O que passou a acontecer


nos novos conflitos é que as
~ distâncias de engajamento
Figura 2 - Soldado norte americano portando M-14 no
Iraque. aumentaram, bem como a
Fonte: Google, 2018. proteção individual dos
combatentes e possibilidade de visualizar o inimigo a grandes distâncias. Desta forma
a necessidade de potência, alcance e precisão tomou o lugar de importância outrora
ocupado pelo volume de fogos.

o mesmo pode-se dizer da substituição do calibre .45 das pistolas pelo calibre 9 mm,
que a semelhança do 5,56 mm possibilita carregar maior quantidade de munição nos
carregadores, e tem as mesmas características de transfixação associado a alta
velocidade do projétil, além da baixa energia e poder de parada. O calibre .45 voltou
a aparecer nos novos cenários de batalha (Afeganistão e Iraque), tendo a Colt voltado
a produzir a pistola M911 a pedido do Corpo de Fuzileiros Navais Norte Americanos
"Mariners", que se mostrou muito eficiente durante os combates no TO do Pacífico
durante a 2a GM, contra os ataques suicidas japoneses a curta distância.

Levantamentos apresentados no Fórum do Paquistão pelo Jane's Defense


Week/y, afirma que mais da metade dos ataques Talibans sofridos pelas forças
britânicas ocorreram a distâncias entre 300 e 900 m, muito acima do alcance útil do
5,56 mm.
24

3.5.2 O uso conjunto dos dois calibres no GC baseado no modelo do


Destacamento Operacional de Forças Especiais brasileiro

Conforme coletado nas entrevistas realizadas com os militares Operadores de


Forças Especiais, os Destacamentos Operacionais de Forças Especiais (DOFEsp)
empregam a mescla de ambos os calibres quando operam em ambiente de Selva. A
justificativa para tal se dá, de acordo com os relatos colhidos, e de uma maneira geral
a dois motivos principais: a mudança repentina do cenário de batalha, e as grandes
diferenças em suas características, passando do interior da mata e sua orla, até
ambientes urbanos e rurais, com grandes espaços abertos e combates em rios de
grande e pequeno porte.

Considerando o combate de encontro no interior da Selva, através do contato


fortuito de tropas, ou do ataque de objetivos na orla da mata, partindo de seu interior,
em ambos os casos a visualização do inimigo a tempo de engajá-Io é muito
improvável, quase remota, devido a enorme quantidade de cobertas e abrigos,
associada ao limitado campo de visão, assim a vantagem maior está ligada a
possibilidade de se carregar maior quantidade de munição, e de realizar o tiro
automático com maior precisão, garantindo um maior volume de fogos, tanto para a
agressividade e violência do ataque, indispensáveis, quanto para uma maior rapidez
no desengajamento, sendo que as curtas distâncias de combate não afetam o
desempenho balístico da munição, ou seja o calibre 5,56 x 45 mm leva vantagem.

Já analisando o contexto das operações ribeirinhas, tanto das ações da margem


para alvos embarcados, quanto embarcado para alvos na margem, a distância de
engajamento e o poder de penetração maiores, passam a ser fundamentais, uma vez
que, ao contrário do combate no interior da Selva, onde o combatente individual
dificilmente utiliza proteção balística (colete e capacete), as embarcações podem ter
proteção blindada e as ações ribeirinhas podem contar com margens fortificadas,
assim a vantagem é do calibre 7,62 x 51 mm.

Como ambos cenários de combate ocorrem com muita frequência, não havendo
uma maior predominância de um ou de outro, podemos dizer que há uma maior
vantagem no emprego de ambos os calibres. Desta forma o DOFesp, que conta com
uma constituição básica de 12 militares, emprega diferentes constituições de
armamentos e calibres, sendo os mais comuns a dotação de fuzis de assalto e
25

metralhadores Minimi no calibre 5,56 mm, que garantem o volume de fogos, e fuzis
de assalto e fuzis de precisão (caçador) no calibre 7,62 mm, que garantem alcance e
poder de penetração maiores, além do já consagrado calibre 12 para os
esclarecedores.

A solução, quando utilizada em pequenos efetivos, com missões específicas e


de duração reduzida, como é o caso do DOFEsp, se comparada às operações
regulares, pode ser considerada satisfatória, podendo encontrar entraves logísticos
quando raciocinamos com escalões maiores, devido às dificuldades e complexidades
que o ambiente impõe à logistica e a fragilidade de suas linhas de suprimento.

3.5.3 Os novos calibres: substitutos para o 5,56 x 45 mm e 7,62 x 51 mm.

Conforme Lelis (2018, p. 12) "Atualmente, tornou-se prioridade dentro do EEUA


a busca de uma nova munição que consiga aliar as características de controle de fogo,
durante a realização de tiro automático, e o tamanho reduzido da munição
proporcionadas pelo calibre 5,56mm, à precisão e à letalidade do calibre 7,62mm.", o
Exército Norte Americano está buscando um substituto para o calibre 5,56 mm.

Os EUA já testaram calibres diferentes para substituição do 5,56 x 45 mm,


atualmente o calibre 6,5 mm apresentou o melhor desempenho, e pretende reunir as
qualidades do 5,56 e do 7,62, entenda-se volume de fogos, capacidade de transporte
de munição associado a baixo peso, potência, alcance e precisão. Os testes
realizados até o momento indicam que o novo calibre tem superado as deficiências
de ambos os calibres a contento, podendo vir a ser o substituto adequado, conforme
podemos observar na tabela abaixo.

Ta beI a 2 - d a d os bási
asrcos comparafIVOS en re os carbIres 556
, , 762
, , mm.
e 65
5,56 OTM da 7,62 OTM da 6,5 OTM da
(Distância de 600 jardas [548,64 ml)
OTAN OTAN Grendel
Velocidade em pés por segundo
1.558 (474,88) 1.666 (507,79) 1.861 (567,23)
(metros por segundo)
Energia FUlbs. (pésllibras) 415 1.079 946
Queda (centímetros) -231,34 -246,25 -205,99

Jardas (metros) Máximas Supersônico 875 (800,10) 1.075 (982,98) 1.275 (1.165,86)

Recuo em libras (quilogramas) 5,40 (2,45) 17,24 (7,82) 9,23 (4,18)


..
Fonte: Military Review, 2012, p. 62 .
26

4. CONSIDERAÇOES FINAIS

Quanto às questões de estudo e objetivos propostos no início deste trabalho,


buscou-se reunir no Capítulo 3 o conhecimento disponível mais relevante sobre o
assunto, que foi organizado de forma a conduzir o entendimento de cada objetivo
específico de maneira lógica e gradual, para que ao final fossem reunidos todos estes
aspectos dentro do objetivo geral, nos permitindo concluir sobre o problema central
de que trata este estudo. Assim, os parágrafos a seguir, tem a intenção de concluir
sobre cada objetivo específico e foram organizados de forma cronológica a fim de
gerar conclusões na ordem que melhor se complementem os diversos assuntos.

Os dados levantados pelo questionário aplicado nos mostram que existe um


anseio pela diminuição do peso e redução no tamanho do PARA FAL, porém há
também um receio em relação ao fraco desempenho de alcance, poder de parada e
penetração do calibre 5,56 x 45 mm.

A revisão da Doutrina Militar Brasileira de Operações em ambiente de Selva, nos


mostrou, aliado às experiências colhidas nas entrevistas e questionários, que o
combate em ambiente de Selva pode ocorrer em cenários distintos que se apresentam
com frequências semelhantes, onde as distâncias de engajamento variam, desde
muito curtas (no interior da Seiva), até médias e longas (operações ribeirinhas), e
ainda ao cenário urbano, com suas características peculiares.

As entrevistas realizadas com especialistas trouxeram uma solução de emprego


de ambos os calibres utilizado no DOFEsp, que possibilita a versatilidade para
explorar os benefícios de cada calibre, porém em termos logísticos seriam
complicadores para as operações de tropas regulares, como já ocorreu com as Forças
Armadas Norte Americanas durante a guerra da Coréia.

A respeito da mudança do calibre 7,62 x 51 mm do PARA FAL para o 5,56 x 45


mm do 1A2, levou-se em consideração o emprego do M16 calibre 5,56 x 45 mm pelo
exército norte americano durante a guerra do Vietnam, cujo TO assemelha-se muito
ao da região amazônica. Podemos dizer que os diversos problemas associados ao
projeto do M16 dificultaram uma avaliação mais precisa, contudo as melhorias que
tiveram que ser implementadas na munição, demonstram o desempenho débil do
27

calibre, e mesmo assim não foram suficientes para suplantar o 7,62 x 39 mm dos AK-
47 utilizados pelos vietcongues.

A revisão de literatura possibilitou concluir que a adoção do calibre 5,56 x 45 mm


pelos EUA e posteriormente pela OTAN, e diversos países que antes adotavam o
calibre 7,62 x 51 mm, deu-se inicialmente como uma forma de mitigar deficiências no
desempenho de tiro do soldado recruta norte americano, que em qualquer Força
Armada do mundo representa a maior parte do efetivo das linhas de combate, porém
não trouxe a melhora do poder de combate das frações, já que as características da
munição que proporcionaram redução de peso e tamanho do armamento, maior
volume de fogos e precisão, também trouxeram pioras no alcance de engajamento,
que caiu para 300m, além de menores poder de penetração e letalidade. Seu projétil
ao atingir o alvo supostamente deveria sofrer "capotamento", aumentando assim a
área de contato e consequentemente melhorando a transferência de energia,
causando impacto suficiente para incapacitar o alvo. Na prática, a alta velocidade do
projétil associado ao tamanho e peso pequenos, transfixa o corpo humano com
facilidade, sendo na maioria das vezes necessários mais de um disparo para
neutralizar o alvo, ou ainda mostra-se fraco a ponto de não ser capaz de penetrar
portas, pára brisas ou outros anteparos comumente encontrados em operações.
Essas deficiências são particularmente importantes levando-se em conta que a
maioria das ameaças enfrentadas desde a Guerra Fria utilizam-se de armamentos no
calibre russo 7,62 x 39 mm, que tem desempenho superior ao 5,56 x 45 mm em
praticamente todos os quesitos citados, permitindo inclusive um Stand Off (diferença
entre as distâncias de engajamento de cada armamento, que permite engajar o
adversário fora do alcance do armamento dele) de aproximadamente 200m em
relação a tropas armadas com o calibre 5,56 mm, uma vantagem que não pode ser
ignorada.

O calibre 5,56 x 45 mm possibilitou além da diminuição do peso e tamanho dos


fuzis, a utilização de canos mais curtos, ideais para o combate em áreas urbanas,
dentro do conceito de COC (C/ose Quarter Combat), recuos mais fracos,
possibilitando o controle no regime de tiro automático, fornecendo assim, um volume
de fogos que, antes não era possível com o calibre 7,62 x 51 mm. Porém como
munição, mesmo com a introdução de inúmeras melhorias e aprimoramentos, não
28

mostrou-se adequado às operações militares, mesmo a despeito das vantagens que


introduziu nos armamentos.

Assim, há décadas os países que adotaram o 5,56 x 45 mm buscam desenvolver


um calibre capaz de fornecer os benefícios introduzidos pelo mesmo, mantendo as
vantagens da munição 7,62 x 51 mm, a fim de superar o desempenho do 7,62 x 39
mm.

Dessa forma, entende-se que uma vez comprovadas todas as deficiências do


calibre 5,56 x 45 mm, adotá-Io como calibre padrão do armamento básico das tropas
regulares, não é evidentemente a melhor solução. Entende-se que trocar o calibre
7,62 mm pelo 5,56 mm, é o mesmo que trocar poder de fogo por volume de fogo, é
trocar a segurança de se neutralizar um alvo com um tiro pela possibilidade de se
atirar mais vezes no mesmo alvo. Sabemos que manter tropas adestradas em técnicas
de tiro tem alto custo, assim dotar as tropas de um armamento básico de combate,
que muitas das vezes, exige mais de um impacto para neutralizar alvos, acaba por
exigir soldados melhores adestrados para o tiro, tornando o seu treinamento caro.

A possibilidade de se carregar mais munição sem alterar o peso é desejável,


contudo, vale lembrar que o calibre 5,56 x 45 mm não se mostrou eficaz em todos os
possíveis cenários de batalha que podem ocorrer no ambiente de Selva, já o 7,62x 51
mm apesar de não ser superior ao 5,56 mm em todos os cenários, é eficaz em 100%
deles.

Conclui-se, portanto, que o fuzil de assalto IA2 como armamento, é um viável


substituto ao PARA FAL, tendo em vista que agrega em seu projeto novas
capacidades necessárias ao combate moderno, ausentes no PARA FAL, contudo
adotá-to em sua versão 5,56 x 45 mm pode resultar em retrocesso, haja vista as
deficiências do calibre abordadas neste trabalho, podendo em um futuro próximo
resultar em nova substituição do armamento básico de combate do exército brasileiro.

A sugestão que melhor se adapta às conclusões geradas neste trabalho, é a de


adotar-se o IA2 em uma versão 7,62 x 51 mm, que possua peso reduzido, e cano mais
curto que o PARA FAL, além de um modelo carabina com cano ainda mais curto para
emprego COCo
29

REFER~NCIAS

AVERY Ph.D, Joseph P. An Army Out Gunned: Physics Demands a New Basic
Combat Weapon. Military Review. Fort Leavenworth, KS. p. 2-8. Jul-Ago. 2012.

TREVITHICK, Joseph. The Army is once again looking to replace the 5.56 mm
cartridge. THE WAR ZONE. Disponível em: < http://www.thedrive.comlthe-war-
zone/10 14 7/the-army-is-once-again-Iooking-to-replace-the-5-56rnrn-cartridge>.
Acesso em:
3 novo 2017

SOUTH, Todd. New Rifle, Bigger Bullets: inside the Army's plan to ditch the M4
and 5.56. ArmyTimes. Disponível em: < https://www.armytimes.com/news/your-
army/20 17/05/07/new-rifle-bigger-bullets-inside-the-army-s-plan-to-ditch-the-m4-and-
5-56/>. Acesso em: 3 novo 2017.

ARVIDSSON, Per. Is There a Problem with the Lethality of the 5.56 NATO
Caliber? Small Arms Defense Journal. Disponível em: <
http://www.sadefensejournal.com/wp/?p=769>. Acesso em: 3 novo 2017.

MIYAGI, Maj Vern T. 7.62mm Versus 5.56mm - Does NATO Really Need Two
Standard Rifle Calibers? 1986. Thesis. Concept Group 6. EUA. 1986.

F., Nathaniel. Frontline Vietnam: The M16A1 5.56mm Rifle. The Fire Arm Blog.
Disponível em: < http://www.thefirearmblog.com/blog/2015/03/01/frontline-vietnam-
the-m16a1-5-56mm-rifle/>. Acesso em: 3 novo 2017.

BERALDI, Alexandre. O Histórico da Evolução do Fuzil de Assalto, a Atualidade


e o Contexto Brasileiro. Defesa Net. Disponível em: <
https://pt.slideshare.netlLuanKalashnikov/fuzilassalto>.Acesso em: 4 novo 2017.

CARVALHO PhD, Eduardo Atem de; CARVALHO DSc, Rogério Atem de. Novo
Calibre Padrão para os Fuzis da OTAN: Os calibres atuais e seus limites
de emprego em Conflitos Assimétricos. Defesa Net. Disponível em: <
http://www.defesanet.com.br/armas/noticia/22563/0s-calibres-atuais-e-seus-limites-
de-emprego-em-Conflitos-Assimetricos/>.Acesso em: 3 novo 2017.

IMBEL IA2. WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation.


Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/IMBEL_A2>. Acesso em: 3 novo 2017.

LOPES, Marcus Vinícius Morais. Os Projetos Estratégicos e o Processo de


Modernização do Exército Brasileiro. Monografia (Bacharelado em Relações
Internacionais) - Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 2016.

SILVA, Peterson Ferreira da. A política industrial de Defesa no Brasil (1994-2014):


intersetorialidade e dinâmica de seus principais atores. Tese (Pós Graduação em
Relações Internacionais). Universidade de São Paulo. São Paulo. 2015.

PRADO FILHO, Hildo Vieira. A Transformação do Exército Brasileiro e o Novo


Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Exército. Monografia (Diploma de
Altos Estudos em Política e Estratégia). Escola Superior de Guerra. Rio de Janeiro.
2014.
30

Rifle Ammunition. RUAG Ammotec, Suíça, 2017.

BRASIL. Livro Branco de Defesa Nacional. 1. ed. Brasil. 2012.

BRASIL. Ministério da Defesa. Estratégia Nacional de Defesa. 2. ed. Brasília, DF,


2008.

_______ . MD51-M-04: Doutrina Militar de Defesa. 2. ed.


Brasília, DF, 2007.

___________ . IP 72-1: Operações na Selva. 1. ed. Brasília, DF, 1997.

PROJETOS Estratégicos: Indutores da Transformação do Exército. Revista Verde


Oliva. Brasília, DF, n. 217, p. 43-57, novo 2012.

LELlS, Camilo Inácio Cardoso. Munições: calibre utilizado pela OTAN e seus
limites de emprego nos conflitos de 4a Geração. Doutrina Militar Terrestre em
revista. Brasília-DF, Ano 006, edição 014, P. 6-17, abr/jun 2018.

Barndollar, G. "The Precision Engagement Gap", The Journal of Military Operations:


Discussions on the conduct ofthe war. Volume 3, Issue 2, Winter 2016, p 4-6.

Você também pode gostar