Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 9

Artigo de Opinião

ARTILHARIA NO CENÁRIO ATUAL

Cad BRUNO VIANA ARMAROLI FONTES


(Opinião de inteira responsabilidade do autor)

2019
Artigo de Opinião “A disciplina de Iniciação à Pesquisa Científica na AMAN”, 28/06/2019, Fl 3/8

RESUMO A Arma de Artilharia é considerada um nobre recurso utilizada pelos Exércitos em todo mundo, pelo
seu grande poder de destruição e capacidade de atingir alvos a longas distancias além de atuar com elementos de
inteligência no território inimigo. Este artigo visa apontar o emprego da Artilharia nos conflitos atuais, alguns
materiais utilizados pelo Brasil para proporcionar apoio de fogo, assim como a modernização da Artilharia
Brasileira. O artigo apresentará exemplos reais de conflitos onde a Artilharia é aplicada de maneira ativa. Conclui-
se que o emprego dos materiais de Artilharia nos conflitos atuais é de vital importância para o aumento do poder
da tropa e um grande fator para ser analisado nas tomadas de decisões pelo Escalão Superior.
.

1 INTRODUÇÃO
No Brasil a Artilharia de Campanha do Exército Brasileiro é considerada uma Arma de apoio,
pois é responsável por proporcionar apoio de fogos para auxiliar o cumprimento de missões
pelas Armas Base (Infantaria e Cavalaria), utilizando técnicas que proporcionam uma grande
precisão com extrema velocidade e letalidade contra os alvos que ameaçam o cumprimento de
missões pela FTC (Força Terrestre Combatente). A Artilharia de Campanha funciona com o
trabalho de 8 subsistemas integrados (Linha de Fogo, Observação, Busca de Alvos, Topografia,
Comunicações, Meteorologia, Direção de tiro e Coor do Ap F, Logística).
Artilharia historicamente é utilizada nos campos de batalhas clássicos, com obuses rebocados
por viaturas ou caminhões que ocupam uma posição mais a retaguarda dos componentes da
tropa aliada e atiram com granadas alvos compensadores causando extrema destruição.
Nos conflitos Assimétricos atuais a utilização desse grande poder de devastação é evitado pelo
excesso de destruição em áreas povoadas, habitações e infraestrutura urbana.

2 O EMPREGO DA ARTILHARIA NOS CONFLITOS ATUAIS


Na busca de adequar aos novos cenários de conflitos, a Artilharia vem se atualizando durante
os anos tanto em sua doutrina tanto na dotação de matérias, com meios de combate leves e
viaturas sobre rodas devido ao menor consumo de combustível, menor efetivo empregado e ser
aerotransportada.
A utilização de munições especiais junta a letalidade com a precisão, pois utiliza guiamento por
GPS ou sistemas inerciais para aumento da precisão, reduzindo efeitos colaterais conseguindo
obter a precisão necessária logo na primeira rajada e evitar problemas com destruição de áreas
edificadas e cidades com população inocente.
O ambiente urbano atual impõe diversas limitações para a artilharia, na parte da Observação
dos tiros principalmente, os pelotões de Infantaria devido ao alto nível de descentralização dos
elementos e diferentes técnicas de adestramento, poderá não ter a presença de militares de
Artilharia. Desta forma, oficiais que compõem a FTC devem ter o conhecimento necessário
Artigo de Opinião “A disciplina de Iniciação à Pesquisa Científica na AMAN”, 28/06/2019 – Fl 2/8

para realizar solicitações e correções de fogos, já que o apoio da Artilharia é imprescindível no


campo de batalha atual.
O calibre 155 mm é hoje considerado o padrão tanto para o apoio cerrado aos elementos de
manobra tanto para apoio de fogos a longas distancias devido à grande letalidade e receber um
maior incremento de tecnologia, contudo, o calibre 105 mm ainda é bastante utilizado no Brasil
por tropas paraquedistas e de selva.

3 MATERIAIS DE ARTILHARIA UTILIZADOS PELO BRASIL


A Artilharia de campanha do Exército Brasileiro atualmente utiliza basicamente seis tipos de
matérias diferentes em todo território nacional, esta parte do artigo apresentará algumas
características, possibilidades e limitações dos obuses.

3.1 OBUSEIRO 105 MM M101 AR E M101 A1 AR


Esse obus foi desenvolvido pelos Estados Unidos da América nos anos 30, e foi utilizado com
muita frequência após a segunda guerra mundial. Utiliza o calibre 105 mm como munição, tem
um alcance máximo de 11,5 km, pesa cerca de 2260 kg, podendo utilizar entre 6 ou 7 militares
para compor a guarnição de cada peça.
Tendo como sua principal característica a simplicidade, facilidade de manejo e facilidade na
fabricação das munições pela empresa nacional IMBEL, o obus M101 é utilizado em muitas
unidades como um dos principais materiais para instrução e aprendizado de novos militares que
ingressam na arma de Artilharia.
Porém é considerado atualmente um material desatualizado, obsoleto e incapaz de cumprir a
necessidade das missões da Artilharia nos quesitos de alcance, mobilidade e letalidade.
Artigo de Opinião “A disciplina de Iniciação à Pesquisa Científica na AMAN”, 28/06/2019 – Fl 2/8

Obuseiro 105mm M101

3.2 OBUSEIRO 105 MM M56 AR OTO MELARA


O obus 105 mm M56 AR foi fabricado na Itália nos anos 50, e no Brasil tem uma grande
importância na composição de tropas das brigadas paraquedistas, leve, selva e principalmente
Artilharia de montanha, devido sua capacidade de ser carregado desmontado pelo seu baixo
peso de 1480kg em relação a outros materiais usados. Possui alcance de 10,2 km, que é
considerado uma limitação, porém suas capacidades superam esse problema com o baixo
alcance.

Obuseiro 105mm M56 OTO MELARA

3.3 OBUSEIRO 105 MM L 118 AR


Artigo de Opinião “A disciplina de Iniciação à Pesquisa Científica na AMAN”, 28/06/2019 – Fl 2/8

O obus L 118 105 mm AR é de origem inglesa e é considerado uns dos materiais mais modernos
de sua categoria. Tem uma grande precisão devido ao comprimento de seu tubo, tendo alcance
de até 20 km com munição assistida. É considerado um material leve dentro da Artilharia e com
capacidade de ser aerotransportado, desta forma foi escolhido para apoio de fogo de tropas aero
móveis e paraquedistas, além de ter a capacidade de atirar em 360 graus devido ao disco que é
colocado embaixo de suas rodas, proporcionando o obus girar em seu próprio eixo abatendo
alvos em todas as direções.

Obuseiro 105 mm L118 AR

3.4 OBUSEIRO 105 MM M 108 AP


O Obuseiro 105 mm M 108 AP entrou nas fileiras do Exército Brasileiro nos anos 70, e gerou
uma alta mobilidade para a Artilharia, além de fornecer a proteção blindada, simplicidade para
realizar a pontaria e o uso de munições nacionais e de todos os tipos desenvolvidas no padrão
Otan. Possui um motor a diesel de 8 cilindros 8V-71T de 405 hp, peso de mais ou menos 20
toneladas e capacidade de abater alvos até 11 km em todas direções.
Porém devido ao desgaste proporcionado por mais de 50 anos de utilização, o obus vem sendo
aposentado em diversas Unidades do Brasil, e hoje menos da metade da frota atual ainda está
sendo utilizada.

Obuseiro 105 mm M 108 AP


Artigo de Opinião “A disciplina de Iniciação à Pesquisa Científica na AMAN”, 28/06/2019 – Fl 2/8

3.5 OBUSEIRO 155 MM 109 A3 AP


Esse Obuseiro é considerado o mais poderoso e moderno material existente na Artilharia do
Exército, proporciona grande mobilidade no combate além da proteção blindada. Possui alcance
de até 23 km em todas as direções e peso aproximadamente de 30 toneladas.
Porém esse material possuí a desvantagem quanto ao alto consumo de combustível e um alto
nível de conhecimento para manutenção.

Obuseiro 155 mm M 109 AP

3.6 OBUSEIRO 155 MM M 114 AR


Obuseiro de origem Americana, e no Brasil é principalmente utilizado nos GAC das AD devido
ao seu calibre 155mm. Possui um alcance de quase 15 km e pesa quase 6 toneladas e necessita
de 11 militares para operar as atividades de pontaria.
Devido ao seu grande peso necessita de um grande tempo para a entrada e saída de posição,
além de ter um tubo curto que impossibilita o uso de munições mais modernas.
Desta forma de acordo com as características expostas é perceptível que é inviável a utilização
desse material no combate moderno, sendo somente eficaz em operações defensivas devido a
não necessidade de uma alta mobilidade.

Obuseiro 105 mm M 114 AR


Artigo de Opinião “A disciplina de Iniciação à Pesquisa Científica na AMAN”, 28/06/2019, Fl 8/8

4 A MODERNIZAÇÃO DA ARTILHARIA BRASILEIRA


O Brasil teve como última aquisição recente o VBC OAP M109 A5+BR modernizando a tropa
blindada do Exército Brasileiro. Assinando contrato com os Estados Unidos na qual o Brasil
receberá um total de 100 unidades.
Na primeiramente o 3°GAC AP (Santa Maria) e o 5°GAC AP (Curitiba) receberam o primeiro
lote das peças, e o segundo lote será recebido pelo 15°GAC AP e o 29°GAC AP. Além de dois
simuladores para realizar treinamentos de operação nas peças.
Uma das principais mudanças entre os obuseiros M109 A3 e o M105 A5 são o aumento da
potência para 440 Hp, utilização de um medidor de velocidade inicial facilitando as correções
e aumentando a precisão dos tiros. Além de ter aumentado o alcance com a munição assistida
para até 30 km.
Possui ainda um sistema de ar condicionado chamado VFPS que filtra e aquece o ar mantendo
boas condições para a tropa. Mas o principal avanço tecnológico é a adição do sistema de
posicionamento em que cada peça tem a capacidade de executar sua própria pontaria recíproca,
e o incremento da rádio Falcom III.

Foto: M109 A5 + BR
Artigo de Opinião “A disciplina de Iniciação à Pesquisa Científica na AMAN”, 28/06/2019 – Fl 2/8

5 CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS
http://www.geoportal.eb.mil.br/portal/images/PDF/workshop_geoinfo2016/Apresentacao_11_
-_Cel_Maturana.pdf
http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/ACEB.pdf
https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,planejando-o-uso-da-forca-para-as-guerras-
atuais-imp-,1631277
http://www.defesanet.com.br/pensamento/noticia/20459/Reflexoes-Teoricas-Sobre-Conflitos-
Assimetricos---Parte-IV-%E2%80%93-Artilharia--a-Arma-Precisa/
http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/ArtCamp.pdf
https://www.revistamilitar.pt/artigo/1112
https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos37-
45/AGuerraNoBrasil/NegociacaoAlinhamento
http://secomandi.com.br/Arquitetura/PDF/Arquitetura-Militar/Cap-2-A-Evolucao-da-
Artilharia.pdf
https://www.eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-
exercito?p_p_id=101_INSTANCE_MjaG93KcunQI&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p
_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&p_r_p_564233524_tag=ad5
http://www.defesanet.com.br/terrestre/noticia/29362/Adocao-da-VBCOAP-M109-A5%2B-
BR-pelo-EB/
http://museumilitarpanambi.com.br/obuseiro-105-mm-m101-2/
https://pt.wikipedia.org/wiki/M101_(obus)
https://pt.wikipedia.org/wiki/OTO_Melara_Mod_56
https://www.brasilemdefesa.com/2013/12/obuseiro-leve-105-mm-l118-ar.html
https://orbisdefense.blogspot.com/2017/05/exercito-brasileiro-decide-aposentar.html
http://www.defesanet.com.br/terrestre/noticia/25965/Modernizacao-da-Artilharia-com-novo-
obuseiro-M109-A5%2B-BR/
https://www.brasilemdefesa.com/2013/03/obuseiro-155-mm-m-114-ar.html
Artigo de Opinião “A disciplina de Iniciação à Pesquisa Científica na AMAN”, 28/06/2019 – Fl 2/8

ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS. Plano de gestão da Academia Militar


das Agulhas Negras – AMAN. 2018. Disponível em:
https://intranet.aman.eb.mil.br/arquivos/Assessorias/APG/Plano%20de%20Gest%C3%A3o%
20AMAN-2018%20-%20REVISADO%20em%20%20JUL%2018.pdf. Acesso em: 12 jun.
2019.

BRASIL. Aditamento ADAE n° 003/2016. Perfil Profissiográfico do Curso de Formação e


Graduação de Oficiais da AMAN. Boletim DECEx, n.32, p. 33–37, 2016.

BRASIL. Portaria nº 025, de 06 de setembro de 1995. Diretriz para a Modernização do


Ensino na área do DEP. 1995. Disponível em:
http://www.decex.eb.mil.br/port_/leg_ensino/8_outras/a_memoria_moderniz_ensino/4_port_2
5-26-27-28-1995_DEP_BaseModernizEns.pdf. Acesso em: 17 jun. 2019.

BRASIL. Portaria nº 734, de 19 de agosto de 2010, que conceitua Ciências Militares,


estabelece a sua finalidade e delimita o escopo de seu estudo. 2010. Disponível em:
http://www.decex.eb.mil.br/port_/leg_ensino/2_educacao_eb-
decex/29_port_734_CmtEB_19Ago2010_ConcCienciasMil.pdf. Acesso em: 17 jun. 2019.

BRASIL. Portaria no 236-DECEx, de 31 de outubro de 2018, que aprova as Instruções


Reguladoras do Sistema de Educação Superior Militar do Exército: Organização e Execução
(EB60-IR-57.002). 7. ed. Separata ao Boletim do Exército, n. 47, 23 nov. 2018a. Disponível
em:
http://www.ceadex.eb.mil.br/images/legislacao/VII/Port_236_31_out_18_IR_Sistema_de_Ed
ucacao_Tecnica_Militar.pdf. Acesso em: 17 jun. 2019.

BRASIL. Portaria nº 265-DECEx, de 28 de novembro de 2018, que aprova o Edital de


Apoio às Pesquisas das Instituições de Educação Superior, de Extensão e de Pesquisa e das
Instituições de Pesquisa do Departamento de Educação e Cultura do Exército. 2018b.
Disponível em: http://www.cadesm.decex.eb.mil.br/images/edital/265_DECEX_2018.pdf.
Acesso em: 17 jun. 2019.

CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO.


RN-017/2006. Bolsas por quota destinam-se a instituições, programas de pós-graduação ou
pesquisadores individualmente para promover a formação de recursos humanos e/ou seu
aperfeiçoamento. Diário Oficial da União: seção: 1, Brasília, DF, p. 11, 13 jul. 2006.
Disponível em: http://memoria.cnpq.br/view/-
/journal_content/56_INSTANCE_0oED/10157/100352. Acesso em: 17 jun. 2019.

CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO.


Tabela de Valores de Bolsas no País. Diário Oficial da União: seção: 1, Brasília, DF, p. 7, 12
abr. 2013.Disponível em: http://www.cnpq.br/no-pais. Acesso em: 17 jun. 2019.

Você também pode gostar