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Pertence ao 3º Sgt Diovani – 2ª Bia O SL

0 S/S Armamento Pesado


Pertence ao 3º Sgt Diovani – 2ª Bia O SL

INTRODUÇÃO

A presente Nota de Aula foi elaborada pela Seção de Armamento da Escola
de Material Bélico com a finalidade de substituir a Nota NA­B 205 OBUS 105­M 56 (OTO
MELARA), edição 1979.  Destina­se ao estudo do versátil obuseiro 105/14 M 56 AR Oto
Melara, que equipa as Linhas de Fogo do 8º GAC Pqdt, 20º GAC L (Amv), 33º GAC Sl e
1ª/23º GAC Sl. 

Os   conhecimentos   e   informações   tratados   no   presente   trabalho     foram


extraídos dos seguintes documentos:

1) C   6­80   Manual   de   Campanha.   SERVIÇO   DA   PEÇA   DO   OBUS   105


mm/14 M56 OTO MELARA, 1ª Edição 1983;
2) TM 1019 Manual Técnico Oto Melara. ILLUSTRATED SPARE PARTS LIST
FOR   THE   105   mm   PACK   HOWITZER   (ITALIAN)   AND   ACCESSORIES   /
ANCILLARIES, Edição 1969;
3) TM 1543 Manual Técnico Oto Melara. WORKSHOP MANUAL FOR THE
105   mm   PACK   HOWITZER.   TECHNICAL   INSPECTION,   DISMANTLING,
REPLACEMENTS, REPAIRS AND ASSEMBLY, Edição 1969;
4) TM 1463 Manual Técnico. USER HANDBOOK FOR FOR THE 105 mm/14
PACK HOWITZER, Edição 1973;
5) Nota de Aula da EsMB NA­B  205. OBUS 105­M 56 (OTO MELARA).

A compreensão dos conceitos aqui transmitidos são de extrema necessidade
aos militares especializados na resolução de panes e incidentes de tiro, bem como torna
importante o aprendizado da correta manutenção a ser realizada, tornando­a uniforme,
prática e mais eficiente no âmbito do Exército Brasileiro.

Temos plena consciência de que a presente Nota de Aula não é um produto
acabado, estando sujeita, ainda, à experimentações e revisões.  Por este motivo, solicita­se
aos   usuários  do   presente   trabalho   que   apresentem,   à   Seção   de   Armamento   da   EsMB,
sugestões,   críticas,   contribuições   e   experiências,   visando   torná­lo   mais   adequado   à
realidade das Unidades usuárias do material.

BOM ESTUDO !

Rio de Janeiro ­ RJ,  Setembro de 1998

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Escola de Material Bélico Ob 105 M56 AR Oto Melara

CAPÍTULO 1

APRESENTAÇÃO  E  CARACTERÍSTICAS

1. APRESENTAÇÃO

O   obuseiro   105   M   56   AR   Oto   Melara,   fabricado   pela   Sociedade   Oto   Melara


(Itália), foi desenvolvido para atender às necessidades do exército daquele país, no sentido
de dotar suas Divisões Alpinas de montanha com uma arma de apoio de fogo específica
para aquele tipo de terreno.  O obuseiro
possui grande versatilidade e alto grau
de sofisticação, sendo capaz de cumprir
missões   que   normalmente   são
distribuídas a armas de diferentes tipos.

Suas   características   balísticas   são


similares   as   dos   demais   obuseiros   e   a
sua   relação   alcance   de   tiro/peso   do
material é uma das maiores do mundo
entra as armas calibre 105 mm. Como
fatores importantes, determinantes para
seu   desempenho   superior,   podemos  
destacar: Fig. 1 – Tropas Alpinas do Exército Italiano em ação
­ Simplicidade do material;
­ Baixo custo de manutenção;
­ Peso reduzido;
­ Capacidade de ter seus conjuntos desmontados e montados com rapidez;
­ Facilidade de operação.

Utiliza munição 105 mm padrão OTAN, semelhante à utilizada pelo obuseiro
105 M 101 AR, fácil de ser adquirida no mercado mundial.
A utilização do Ob 105 M 56 Oto Melara por diversos países, como Itália, Brasil,
Alemanha, Austrália, Argentina, Bélgica, Canadá, Chile, Espanha, Filipinas, França, Grã­
Bretanha, Índia, Iraque, Malásia, Nova Zelândia, Nigéria, Paquistão, Zimbabwe, Venezuela
e Zâmbia, demonstra, claramente, o nível de aceitação internacional e a capacidade de ser
utilizado em Teatros de operações diversificados com muito bons resultados.
Uma guarnição bem adestrada, constituída por sete militares, pode desmontar
o obus em menos de três minutos e montá­lo, colocando­o em condições de realizar o tiro,
em aproximadamente quatro minutos.  Esta capacidade outorga­lhe a vantagem de uma
mobilidade praticamente total, sendo possível o transporte e o movimento da arma em
qualquer tipo de terreno.   Após sua desmontagem, seus diversos conjuntos podem ser
distribuídos   aos   homens   da   guarnição   que   podem   realizar   o   transporte   à   braço   por
percursos limitados.
O obus pode ser utilizado em duas posições distintas:

Posição   Alta    Permite   o   tiro   indireto,   com   trajetória   curva,


incluindo o tiro vertical.
Posição Baixa  Apesar de reduzir a amplitude dos ângulos de tiro,
permite maior estabilidade, possibilitando o tiro direto contra tropa,
veículos e blindados.  Nesta posição assume uma silhueta de baixo
perfil, que oferece maior ocultamento no terreno.

Devido   às   suas   características,   o   Ob   105   M   56   AR   Oto   Melara   pode   ser


transportado por diversos meios, a saber:

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­   Transportado   por   mulas   ou   outros   animais   de   carga,   desmontado   em   12


(doze) conjuntos;
­ Transportado no interior de aeronaves (helicópteros ou aviões);
­ Suspenso pelo gancho em helicópteros;

Fig. 2 - Obus Oto Melara helitransportado por um Super


Puma da FAB

­ Transportado sobre viaturas;
­ Rebocado por viaturas (a partir de ¼ ton);

Fig. 3 – Obus M 56Oto Melara rebocado por viatira 1 ½ ton do Exército Português

­ Lançado de pára­quedas;

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Fig. 4 – Obus M 56 Oto Melara do 8º GAC Pqdt instantes após a


aterragem de pára-quedas

­ Rebocado por animais de tração (dois cavalos);
­ Transportado a braço pela guarnição, após desmontado;
­ Transportado por três lanhchas do tipo “voadeiras”, após desmontado.

No   Brasil   o   obus   Oto


melara   foi   introduzido   no   ano   de
1977,   no   8º   GAC   Pqdt.     Na
segunda metade da década de 90,
novos   lotes   de   Oto   Melara   foram
adquiridos pelo exército Brasileiro,
a fim de equipar as linhas de fogo
dos   recém­criados   20º   GAC   Leve
(Aeromóvel),   33º   GAC   Selva   e
1ª/23º GAC Selva.

 
Fig. 5 – Obus M 56 da Artilharia de Selva em posição

2. CARACTERÍSTICAS

a. GERAIS
­ Simbologia............................................ Ob 105 M56 C/14
­ Nomenclatura........................................ Obuseiro 105 mm modelo 56
­ Tipo....................................................... de Campanha
­ Carregamento........................................ Manual
­ Tiro....................................................... Indireto e direto
­ Funcionamento...................................... Manual
­ Trajetória............................................... Curva
­ Fechamento da culatra........................... Cunha com deslizamento vertical
                                                                                     para cima
­ Apoio para o tiro.................................... Pás de conteira e coluna eixo
­ Posições de tiro...................................... Posição alta e bitola estreita
                                                                                      ­ setor de tiro horizontal: 36º
                                                                                      ­ setor de tiro vertical: ­5ºa +65º
                                                                                      Posição baixa e bitola larga
­ setor de tiro horizontal: 56º
­ setor de tiro vertical: ­5º a +25º

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Fig. 6 – Setor de tiro vertical na posição alta: -05º a +65º

­ Tipo de reparo........................................ Bi­flecha

b. CLASSIFICAÇÃO

­ Quanto ao peso................................................ Leve
­ Quanto ao calibre............................................. Médio
­ Quanto à tração................................................ Leve
­ Quanto ao emprego.......................................... de Campanha
­ Quanto ao transporte:
­ Auto­rebocado, tracionado por viaturas de 1/4, 3/4, 1 1/2 2 ½ ton
­ Hipotracionado por 2 animais
­ Aerotransportado
­ Helitransportado
­ Lançado de pára­quedas
­ Desmontado e embarcado sobre Vtr 
­ Desmontado e carregado por 12  mulas
­ Desmontado e transportado por três lanchas “voadeiras”

c. EQUILIBRADORES
­ Tipo: dinâmico­mecânico de molas cobertas
­ Ação: repulsão

d. FREIOS
­ De estacionamento: mecânico de funcionamento manual independente
­ De marcha: mecânico de funcionamento manual

e. MECANISMO DE RECUO
­ Tipo: Hidromecânico
­ Funcionamento: Independente de recuo variável
­ Óleo: Aeroshell Fluid 1

f. RAIAMENTO
­ 36 raias à direita, passo constante, sendo um passo completado a 2100
mm.

g. DISPOSITIVO AUXILIAR DO TUBO

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­ Freio de boca 

h. MECANISMO DE ELEVAÇÃO E DIREÇÃO
Com arco dentado e com transmissão mecânica à manivela

i. DADOS NUMÉRICOS

ITEM DADO NUMÉRICO
Calibre  105 mm
Comprimento da alma 1470 mm ou 14 x 105 mm
(c/14)
Comprimento da parte raiada  1074,54 mm
Comprimento da boca de fogo.  2128 mm
Largura ­ Bitola estreita.  1140 mm
Largura ­ Bitola larga.  1320 mm
Peso do tubo.  109 Kg
Peso da culatra ­ sem aparelho de fechamento  72,9 Kg
Peso do aparelho de fechamento  29,8 Kg
Peso do freio de boca.  31;8 Kg
Peso do trenó.  112 Kg
Peso do berço superior (c/ sistema de recuo) 96,6 Kg
Peso do berço inferior (c/ sistema de recuo).  124,4 Kg
Peso do porta­berço (c/ mec. direção e elevação)  61,5 Kg
Peso do suporte do porta­berço  84,6 Kg
Peso de um equilibrador 10,6 Kg
Peso de uma roda 67,8 Kg
Peso de um braço de sustentação 27,6 Kg
Peso total do reparo (flecha c/ 2 elementos) 894,5 Kg
Peso total do reparo (flecha c/ 3 elementos 935,7 Kg
Peso total da boca de fogo 355,5 Kg
Peso total da peça (flecha c/ 2 elementos) 1250 Kg
Peso total da peça (flecha c/ 3 elementos) 1291,2 Kg
Comprimento máximo do recuo da boca de fogo sobre o 300 mm
berço superior
Comprimento mínimo do recuo da boca de fogo sobre o 240 mm
berço superior
Comprimento máximo do recuo da boca de fogo com o 800 mm
berço superior sobre o berço inferior:
Comprimento mínimo do recuo da boca de fogo com o 245 mm
berço superior sobre o berço inferior:
Quantidade de óleo contida em cada freio recuperador 2,6 litros
(incluindo o compensador)
Quantidade de óleo contida no freio inferior (incluindo o 4,8 litros
compensador)
Cadência de tiro normal 3 tpm
Cadência de tiro máxima 4 tpm
Cadência de tiro excepcional (tiro direto) 8 tpm
Alcance máximo 10.200 metros

j. APARELHO DE PONTARIA
­ Luneta panorâmica
­ Luneta cotovelo

3. DIVISÃO GERAL

a. OBUSEIRO PROPRIAMENTE DITO

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1) Boca de fogo
­ Bucha da culatra
­ Trenó
­ Tubo­alma
­ Freio de boca
2) Mecanismo da culatra
­ Aparelho de fechamento
­ Aparelho de disparo
. dispositivo de disparo
. dispositivo de armar
. dispositivo de percussão

b. REPARO
- Berço superior;
- Berço inferior;
- Porta­berço e mecanismo de direção e elevação;
- Equilibradores;
- Suporte do porta­berço;
- Braços de sustentação com semi­eixos das rodas;
- Flechas e conteiras;
- Rodas e eixo das rodas;
- Escudo;
- Dispositivo de reboque;
- Freio.

Fig. 7 – Divisão geral do obuseiro

1. Freio de boca 8. Equilibrador


2. Trenó 9. Roda
3. Bucha da culatra 10. Porta-berço
4. Mecanismo da culatra 11. Elementos da flecha
5. Escudo 12. Freio de marcha
6. Berço superior 13. Dispositivo de reboque
7. Berço inferior

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CAPÍTULO  2

BOCA DE FOGO

A  boca  de   fogo   compõe­se  da  bucha   da  culatra,   trenó,  tubo­alma   e  freio   de
boca.

Fig. 8– Boca de Fogo

1. Bucha da culatra
2. Trenó
3. Freio de Boca

1. TUBO ALMA

Monobloco, de aço cromo molibidênio, tem o perfil externo cilíndrico com uma
primeira parte sucessivamente tronco­cônica, e uma segunda parte ainda cilíndrica, mas
com diâmetro menor. Apresenta os seguintes detalhes:

a. EXTERNAMENTE

A parte cilíndrica de diâmetro maior apresenta sete ressaltos em forma de anel,
em grupos de três e quatro, respectivamente. Cada um dos anéis possui interrupções de
90º   diametralmente   opostas.   Os   primeiros   três   ressaltos   servem   para   unir   o   tubo   à
culatra e os outros quatro para unir o tubo ao trenó.
Ao   longo   da   geratriz   superior,   encontram­se,   posteriormente,   um   dente   guia
para a introdução do tubo no trenó e, anteriormente, um ressalto tronco­cônico para fixar
o   tubo   sobre   a   armadura   da   sela   (só   utilizada   quando   o   obuseiro   é   desmontado   e
transportado em fardos sobre mulas).
A   parte   cilíndrica   de   diâmetro   menor   apresenta,   posteriormente,   um   anel
circular para a união com o trenó, sobre o qual, alinhado com o dente guia e o ressalto
tronco­cônico, existe um ressalto quadrangular com a finalidade de impedir a rotação do
tubo no trenó durante a operação de montagem da boca de fogo. Na parte anterior existe
um entalhe onde aloja­se o dente do retém do freio de boca.

b. SOBRE A BASE POSTERIOR DO TUBO 

­ um ressalto circular com bordo chanfrado em 45º, para a centralização da
boca de fogo no bloco da culatra. Sobre o ressalto circular existem dois cortes laterais
para o apoio das alavancas do extrator;
­ à direita, uma cavidade na qual penetra o dente do retém do tubo;
­ na parte inferior, um alojamento para a garra do extrator manual (chave de
remoção de estojos);
­ o alojamento da virola do fundo do estojo.

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c. INTERNAMENTE 

A câmara do estojo, de forma ligeiramente tronco­cônica, o raiamento do tipo
helicoidal à direita (36 raias), e uma pequena liga tronco­cônica entre o raiamento e a
câmara do estojo.

2. BUCHA DA CULATRA

Também chamado de bloco da culatra, possui forma prismática retangular. É
atravessada, no sentido longitudinal, por um furo de seção circular e, no sentido vertical,
por um furo de seção quadrangular que intercepta o primeiro, constituindo a mortagem.
A parede do furo de seção circular, na parte posterior, é lisa para a passagem
da granada (furo de carregamento). Na parte anterior, possui três ressaltos em forma de
anel, cada um deles com duas interrupções de 90º diametralmente opostos para a união
do bloco da culatra ao tubo.
A mortagem apresenta:
­ sobre a face anterior: ao centro, uma abertura circular na qual vai alojar­se o
ressalto circular chanfrado da base posterior do tubo; no alto um sulco transversal com
seção semicircular para o alojamento da costela do extrator e um degrau para parar a
cunha na fase de fechamento.
­ sobre  a face posterior: ao centro, a abertura   de  carregamento; no alto  e  à
direita, uma cavidade na qual penetra a extremidade da alavanca de rearmar  manual,
quando a alavanca está na posição de segurança.
­ Sobre a face esquerda, uma costela guia da cunha.
­ Sobre a face direita, um degrau.

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Fig. 9– Bucha da Culatra

1. Bucha do eixo de atuação da cunha


2. Bucha do eixo esquerdo da alavanca de manobra
3. Suporte da transmissão de disparo
4. Alojamento da extremidade da alavanca de rearmar
5. Cavilha com olhal
6. Tranca de união do berço superior
7. Retém da tranca de união
8. Bloco com entalhe para o retém da alavanca de manobra
9. Retém do tubo
10. Placa de apoio
11. Chaveta de fixação

Externamente sobre a bucha da culatra encontram­se:
1) Sobre a face direita:

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­ um sulco no qual faz sistema o retém do tubo. O retém possui um dente que,
penetrando na cavidade existente no tubo do obuseiro, impede movimentos relativos entre
o   tubo   e  o  bloco   da   culatra.  Uma   mola   helicoidal  de   compressão   mantém   o   retém   na
posição de bloqueio.
­ duas cavidades circulares, em cada uma das quais é fixado com parafusos um
bloco com entalhe que serve de alojamento para o retém da alavanca de manobra e que
bloqueia a mesma alavanca nas posições correspondentes à cunha aberta ou fechada.
­ um orifício com uma bucha de bronze em forma de anel, no qual se aloja o
eixo de atuação do braço direito da alavanca de manobra.
­   um   sulco   no   qual   é   fixada,   com   parafusos,   uma   chaveta   de   fixação   que
impede movimentos relativos entre o bloco da culatra e o trenó, quando a boca de fogo
está completamente montada.

2) Sobre a face esquerda:
­   um   alojamento   no   qual   está   fixado   o   suporte   da   parte   terminal   da
transmissão de disparo.
­ um orifício com uma bucha de bronze, em forma de anel, no qual está alojado
o eixo do braço esquerdo da alavanca de manobra;
­   um   sulco   no   qual   é   fixada,   com   parafusos,   uma   chaveta   de   fixação,   que
impede movimentos relativos entre o bloco da culatra e o trenó, quando a boca de fogo
está montada.

3) Sobre a face superior:
­ um esquadro em forma de “L”, fixado com parafusos, que delimita o plano de
apoio do quadrante de elevação;
­ duas cavilhas com olhal, nas quais engancham­se os eixos de transporte para
as operações de transporte.

4) Sobre a face inferior:
­ duas corrediças de bronze para o deslizamento sobre o berço superior;
­   dois   apêndices   furados,   nos   quais   giram   as   trancas   de   união   do   berço
superior. No interior de cada um dos apêndices existe uma chaveta de travamento que
limita a rotação das trancas de união.

5) Sobre a face posterior:
­ a abertura de carregamento;
­ dois trincos de segurança da cunha comandados pelas trancas de união, os
quais, quando a boca de fogo não está bem unida aos sistemas de recuo, sobressaem na
face posterior da mortagem e penetram em dois orifícios tronco­cônicos existentes sobre a
face posterior da cunha, bloqueando­a;
­ cinco entalhes para a fixação das trancas de união nas várias posições;
­ as trancas de união.
Cada tranca de união compõe­se de uma luva roscada, uma empunhadura de
manobra e uma porca de travamento.

3. TRENÓ

Possui a forma de um tubo, cuja superfície externa apresenta duas partes de
diâmetros diversos, das quais a parte posterior  é maior que a anterior. Internamente  é
moldado para conter o tubo do obus.

1) Sobre a superfície interna do trenó existem, de trás para a frente:
­   quatro   ressaltos   circulares,   cada   um   com   duas   interrupções   de   90º,
diametralmente opostos, para a união do tubo do obus;
­ um sulco longitudinal de seção trapezoidal ao longo da geratriz superior;

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­ dois sulcos longitudinais de seção retangular e dimensões diversas ao longo
da geratriz inferior, um após o outro. O sulco de seção menor está na parte do trenó de
diâmetro maior, o sulco com seção maior está na parte do trenó de diâmetro menor;
­ um sulco circular em correspondência à parte terminal do sulco longitudinal
de seção menor;

­   um   segundo   sulco   circular,   em   correspondência   à   parte   inicial   do   sulco


longitudinal de seção maior;
­   um   terceiro   sulco   circular,   em   correspondência   à   parte   terminal   do   sulco
longitudinal, de seção maior e que só se desenvolve por ¼ de volta da esquerda para a
direita.

1. Orifício de lubrificação
2. Cavilha com olhal
3. Indicador de recuo
4. Graxeira
5. Entalhe da chaveta de
fixação
6. Corrediças
7. Ressaltos circulares

Fig. 10 - Trenó

Os sulcos longitudinais servem para guiar o deslizamento do tubo do obuseiro
no   trenó   durante   as   operações   de   montagem   e   desmontagem   da   boca   de   fogo.   Neles
deslizam   as alças  de  transporte,   o  dente  guia  e  o  ressalto  tronco­cônico   existentes  na
superfície externa do tubo do obuseiro.
Os sulcos circulares servem  para permitir  a rotação do tubo do obuseiro no
trenó; o sulco circular com o desenvolvimento reduzido à 1/4, define a exata posição de
montagem do tubo.

2) Sobre a superfície externa, o trenó apresenta:
­ na parte inferior, duas corrediças longitudinais de bronze para o deslizamento
sobre o berço superior. Lateralmente, sobre cada corrediça, existem três graxeiras com
cabeça esférica e duas cavilhas com olhal para o enganchamento dos eixos de transporte
nas operações de transporte. Sobre a corrediça  direita, existe um canal no qual desliza o
indicador  de  recuo da boca de fogo. Em  cima do canal existe uma graduação de 0 a 320
mm, marcada a cada 10 mm e numerada a cada 50 mm.
­ no alto, ao longo da geratriz superior, dois orifícios de lubrificação de óleo,
tipo esfera, para a lubrificação da zona de contato com a superfície externa do tubo do
obuseiro.
­ na parte posterior, para cada um dos lados, um entalhe no qual se aloja a
chaveta de fixação do bloco da culatra.

4. FREIO DE BOCA

É adaptado sobre a parte anterior do tubo, sendo constituído de um tubo cuja
superfície interna é cilíndrica, com partes de diversos diâmetros.
Externamente apresenta uma série de seis aletas dispostas em cada lado (entre
cada   aleta,   uma   série   de   cinco   janelas   abertas   que   desembocam   na   parte   cilíndrica
anterior   da   cavidade   interna);   um   ressalto   tronco­cônico   para   fixar   o   trenó   sobre   a
armadura   da   sela,   quando   o   obuseiro   é   desmontado   e   transportado   em   fardos   sobre
mulas; o alojamento do retém do freio de boca. 
Internamente, na parte posterior, apresenta quatro ressaltos circulares, dois a
dois diametralmente opostos, para união ao tubo.

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O freio de boca tem a finalidade de estabelecer uma força que, opondo­se ao
movimento de recuo, diminui o impacto no reparo.  Sua utilização reduz a força do recuo
em cerca de 30% e permite que o sistema de recuo do obuseiro M 56 possua dimensões e
peso reduzidas.

1. Ressalto tronco-cônico
2. Retém do freio de boca

 
Fig. 11 – Freio de boca

CAPÍTULO 3

MECANISMO DA CULATRA

1. COMPOSIÇÃO

O mecanismo da culatra compõe­se de:
­ Aparelho de fechamento
­ Aparelho de disparo
. dispositivo de disparo
. dispositivo de armar
. dispositivo de percussão

a. APARELHO DE FECHAMENTO 

1) Cunha

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1. Sulco de deslizamento da cruzeta


2. batente de deslizamento da manivela de
manobra
3. Furo do pino de retenção do eixo do
disparador
4. Batente direito da alavanca do extrator
5. Furo da alavanca de armar do percussor
6. Bucha com orifício de percussão
7. Bucha de travamento
8. Alojamento do pino de retenção do
extrator
9. Alojamento do mecanismo de
rearmamento e disparo

Fig. 12 - Cunha

É um bloco prismático que apresenta:

a) Na face anterior:
­ duas guias laterais para o deslizamento dos talões dos extratores;
­ um  degrau  que limita  o  curso  de  fechamento  da   cunha, O degrau  tem  ao
centro um entalhe para a passagem das alavancas do extratores;
­ um alojamento circular no qual  é fixado, por parafusos, uma bucha com o
respectivo orifício de percussão;
­ um furo transversal que serve de alojamento do retém do extratores;
­ uma cavidade, moldada a permitir a movimentação dos extratores.

b) Na face posterior:

­ um furo  circular de diâmetro  decrescente,  que  serve de alojamento  para  o


dispositivo de percussão;
­ um furo circular que serve de alojamento do retém do mergulhador de retorno
do disparador;
­ dois orifícios tronco­cônicos, nos quais penetram as extremidades dos trincos
de segurança da cunha.

c) Na face direita:

­   uma   superfície   rebaixada   de   forma   triangular   para   o   deslizamento   da


manivela de manobra;
­ um largo sulco oblíquo, com guias laterais, para o deslizamento da cruzeta e
da manivela de manobra;
­ um furo circular para a alavanca de armar;
­ o alojamento do batente de deslizamento da manivela de manobra;
­ um furo circular que serve de alojamento do retém do eixo do disparador;
­ um encaixe, no qual é fixado com parafusos, o batente direito da alavanca do
extrator.

d) Na face esquerda:

­ um furo para o alojamento do mergulhador de retorno do disparador;
­ uma guia de seção retangular para o deslizamento da cunha;
­ um furo para o alojamento do retém do eixo do disparador;
­ um encaixe no qual é fixado, com parafusos, o batente esquerdo da alavanca
do  extrator.

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e) Na face superior:

­ um canal em forma de arco no qual desliza a alavanca de rearmar;
­   um   furo   para   o   alojamento   de   peças   responsáveis   pelo   rearmamento   e
disparo.

f) Na face inferior:

­ um vão de carregamento de forma circular.

2) Alavanca de manobra

É uma alavanca em forma de “U”, constituída de dois braços ligados ao bloco
da   culatra   através   de   dois   eixos   e   unidos   por   uma   empunhadura.   O   braço   direito
apresenta,   no   interior,   um   alojamento   no   qual   está   organizado   o   dispositivo   contra   a
abertura acidental da cunha (retém, mola helicoidal e tecla do dispositivo de segurança).
O  braço direito possui um furo retangular, onde encaixa­se o eixo de atuação
da cunha.

3) Manivela de manobra

É uma alavanca de aço, que apresenta:
­ um furo quadrangular para o encaixe sobre o eixo de atuação;

­   um   apêndice   cilíndrico   externo   que   serve   de   eixo   para   a   alavanca   de


acionamento.

4) Cruzeta
Fixada sobre a manivela de manobra, desliza no sulco oblíquo existente na face
direita da cunha, imprimindo a esta o movimento de translação.

5) Alavanca de acionamento
Tem  por  finalidade  realizar  a  retração  do   percussor,   quando   da   abertura   da
cunha.

6) Extratores 
O conjunto dos extratores compreende:

a)   extratores   tipo   garfo,   que   são   duas   alavancas   independentes,   articuladas


através de um pino de união. Cada uma das alavancas apresenta:  
­ no alto uma costela transversal que serve de eixo de rotação e que se ajusta
no sulco da face anterior da mortagem;
­   um   talão   contra   o   qual   age   o   correspondente   batente   da   cunha   para
determinar a rotação do extrator;
­ uma garra para extração do estojo;
­ uma unha para retenção da cunha, quando aberta;
­   uma   alavanca     com   superfície   granulada   com   a   finalidade   de   facilitar   a
retirada do extrator;
­ um mergulhador que, por ação de sua mola em contato com a base posterior
do tubo, empurra o extrator para trás, obrigando­o a manter constantemente a garra em
contato com a virola do estojo.

b)   retém   dos   extratores,   constituído   de   uma   barra   cilíndrica   com   as


extremidades semicilíndricas; em uma das extremidades, existe uma barra de fixação.

Os   extratores   são   construídos   de   tal   forma   que,   se   uma   das   garras   do   extrator   for
quebrada, a outra ainda possibilita a extração do estojo.

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1. Pino de união
2. Alavanca do extrator
3. Garra do extrator
4. Mergulhador com mola

   
Fig. 13 - Extratores

b. APARELHO DE DISPARO

O aparelho de disparo é composto pelo Dispositivo de Percussão,   Dispositivo
de Armar e Dispositivo de Disparo.

1) Dispositivo de percussão

É   do   tipo   estojo   e   aloja­se   no   furo   existente   na   face   posterior   da   cunha,


constituindo­se de:
a) ponta do percussor com rosca, que permite o aparafusamento no corpo do
percussor;
b) corpo do percussor, com os seguintes ressaltos:
­ ressalto de armar (lado direito);
­ ressalto de rearmar (lado esquerdo superior);
­ ressalto de engatilhamento (lado esquerdo inferior).
c) mola do percussor, de forma helicoidal;
d) apoio da mola do percussor.

 
Fig. 14 – Dispositivo de percussão

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1. Corpo do percussor
2. Ressalto da alavanca de armar
3. Mola do percussor
4. Apoio da mola do percussor
5. Ressalto do dente de disparo
6. Ponta do percussor

2) Dispositivo de Armar

O   percussor   pode   ser   armado   através   de   dois   mecanismos   diferentes,   o


mecanismo automático e o manual (rearmar).

a) Mecanismo de armamento automático:
 O armamento do percussor é realizado durante a primeira fase do movimento
de abertura da cunha. Este mecanismo compreende:
­ uma alavanca de acionamento; 
­ uma alavanca de armar com dente de armamento.

A alavanca de acionamento do mecanismo de armar forma um sistema com a
manivela de manobra e a alavanca de armar. Possui a forma aproximada de um “L”. O
braço curto possui a perna rebaixada sobre a manivela de manobra e o braço longo está
articulado com a alavanca de armar.  Possui a função de provocar a rotação da alavanca
de armar em torno do seu próprio eixo longitudinal.
A alavanca de armar aloja­se num furo transversal existente na face direita da
cunha e apresenta, em uma das extremidades, um apêndice semicilíndrico que opõe­se ao
ressalto longitudinal existente à direita do percussor; na outra extremidade, um apêndice 

com furo para a articulação com o braço longo da alavanca de acionamento, cuja função é
provocar o recuo e, portanto, o armamento do percussor.

b)Mecanismo de armamento manual, ou rearmamento:

Fica   alojado   em   um   furo   vertical   existente   sobre   a   face   superior   da   cunha,


constituído de:
­ uma alavanca de rearmar;
- uma mola de torção helicoidal;
- a camisa da mola de torção;
- a camisa da alavanca de rearmar.

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1. Pino de retenção do mergulhador de


retorno do disparador
2. Camisa superior da mola de torção
3. Mola de torção
4. Camisa inferior da mola de torção
5. Eixo do disparador
6. Camisa da alavanca de rearmar
7. Alavanca de rearmar

Fig. 15– Mecanismo de rearmar

A alavanca de rearmar é constituída de uma parte cilíndrica e de um braço.  A
parte   cilíndrica   encaixa­se   sobre   a   parte   superior   do   eixo   do   disparador   e   possui,
inferiormente, dois entalhes para a união rígida com a camisa da alavanca de rearmar.  O
braço faz corpo único com a parte cilíndrica e termina em um cabo.   O braço e o cabo
podem deslizar, respectivamente, em um canal em forma de arco e em um sulco existente
sobre a face superior da cunha.  O cabo é fixado na alavanca através de um ferrolho de
retenção com mola, o que permite prender a alavanca nas posições FOGO e SEGURANÇA.
A mola de torção é do tipo helicoidal e trabalha entre a alavanca de rearmar e a
mola da camisa.  A mola pressiona constantemente  a alavanca de rearmar para a frente,
na posição FOGO.
A   camisa   da   mola   de   torção   é   constituída   por   duas   partes   unidas   por
intermédio   de   um   ressalto   e   entalhe   correspondente.     A   camisa   superior   possui   um
apêndice que a fixa à cunha, enquanto que a camisa inferior introduz­se na parte inferior
da camisa da alavanca de rearmar.
A camisa da alavanca de rearmar é um cilindro metálico oco que contém o eixo
do disparador e tem na parte superior dois pequenos apêndices para  o encaixe com a
alavanca   de   rearmar   e   na   parte   inferior   um   apêndice   que   constitui   o   dente   de
rearmamento.

3) Dispositivo de Disparo:

O dispositivo de disparo é constituído por:
- um eixo do disparador com dente de disparo;
- um disparador;
- um mergulhador de retorno do disparador com pino de retenção;
- uma transmissão de disparo.

a) Eixo do Disparador:

Constitui   também   suporte   do   mecanismo   de   armamento   manual   (ou


rearmamento) e encontra­se alojado no furo vertical que existe sobre a face superior da
cunha.  Em sua parte terminal superior possui:
- uma parte de seção quadrada para o encaixe do disparador;
- um apêndice onde é aparafusada uma arruela de travamento com lingüeta;

Em sua parte terminal inferior sistuam­se:
- um apêndice que constitui o dente de disparo;

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- uma   parte  de  maior   diâmetro   tendo   ao   centro   um   sulco   circular   no   qual
penetram as garras do pino de retenção do eixo do disparador, alojado no furo transversal
da face direita da cunha

b)Disparador:
É uma alavanca com dois braços, um longitudinal e um transversal, encaixada
sobre o eixo do disparador.  O braço longitudinal é disposto paralelamente na face direita
do bloco da culatra e apresenta:
- um   engrossamento   (talão   de   contraste)   sempre   em   contato   com   o
mergulhador de disparo da transmissão de disparo.
- Um   furo   oval   no   qual   penetra   o   pino   do   mergulhador   de   retorno   do
disparador. 
O braço transversal termina com um apêndice com um furo onde engancha o
cordel de disparo.

c) Mergulhador de Retorno:
O mergulhador de retorno do disparador situa­se no furo existente sobre a face
esquerda da cunha, sendo constantemente pressionado para fora por ação de uma mola.
Sua ação é limitada por um pino de retenção alojado no furo existente sobre a
face posterior da cunha e que penetra com sua extremidade semicilíndrica em um entalhe
do mergulhador de retorno.

d)Transmissão de Disparo:
Possui a finalidade de permitir que o disparo seja feito também pelo apontador
(C   1),   da   esquerda   da   peça,   quando   é   realizado   o   tiro   direto   na   defesa   da   posição   de
bateria.  É constituída de:
- um aparelho de disparo com caixa;
- um mergulhador de acionamento do mecanismo de disparo;
- um retém do mergulhador de disparo;
- um mergulhador de disparo;
- um suporte.

O aparelho de disparo está contido em uma caixa, a qual encontra­se fixada
com dois parafusos do tipo borboleta em um apêndice existente sobre o lado esquerdo do
berço inferior.  A caixa do aparelho de disparo é fechada por uma tampa fixada mediante
parafusos   e,   no   lado   posterior,   possui   uma   janela   em   “L”   na   qual   movimenta­se   a
alavanca de disparo.  O aparelho de disparo constitui­se de uma alavanca de disparo, um
mergulhador de retorno da alavanca de disparo   e uma almofada de acionamento com
perna e mola.
A alavanca de disparo é uma haste que tem em sua extremidade um punho de
manejo,   sendo   ligada   à   caixa   do   aparelho   de   disparo   através   da   alavanca   de   disparo
propriamente   dita.   Esta   alavanca   possui,   em   sua   parte   anterior,     um   furo   no   qual   é
alojado o gatilho com mola.  O gatilho está constantemente em contato, por ação de sua
mola, com um entalhe existente sobre a perna da almofada de acionamento.  
O mergulhador de retorno da alavanca de disparo, com sua mola, está colocado
em um alojamento existente na caixa do aparelho de disparo propriamente dita e, por
efeito de sua mola, é constantemente pressionado para o alto.

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Fig. 16– Aparelho de disparo

1. Parafuso borboleta 7. Presilha


2. Almofada 8. Punho
3. Gatilho 9. Cordel de disparo
4. Alavanca de disparo 10. Cabo da alavanca de disparo
5. Parafuso 11. Mergulhador de retorno
6. Mola 12. Caixa do aparelho de disparo

A almofada de acionamento consiste em uma base de metal com uma perna.  A
base   apoia­se   sobre   a   parte   superior   da   caixa   do   aparelho   de   disparo   e   a   perna   está
alojada numa cavidade existente na caixa do aparelho de disparo, apresentando:
­ Uma parte com seção quadrangular, que guia o movimento da almofada;
­ Um entalhe no qual, em posição de repouso, penetra o dente do gatilho;
­   Uma   parte   com   seção   cilíndrica   em   cuja   extremidade   existe   uma   mola
helicoidal que solicita a almofada para baixo constantemente;
­ Um apêndice para o aparafusamento da porca de retenção da almofada.

Sobre a base da almofada apoia­se um pequeno rolete existente na extremidade
do   mergulhador   de   acionamento   do   mecanismo   de   disparo.     O   mergulhador   de
acionamento do mecanismo de disparo encontra­se alojado no suporte da transmissão de
disparo e apresenta:
­   na   parte   superior,   uma   base   circular   sobre   a   qual   apoia­se,   com   a
interposição de um pequeno rolete anti­fricção, o braço curto do retém do mergulhador de
disparo;
- na parte inferior, um apêndice para o aparafusamento da porca de retenção
da almofada.
O   retém   do   mergulhador   de   disparo   tem   a   função   de   transmitir   em   90  o
movimento que lhe imprime o mergulhador de disparo e está preso pelo seu vértice sobre
o suporte. O braço curto tem a parte terminal em forma de garfo, onde existe um pequeno
rolete   anti­fricção   que   apoia­se   sobre   a   face   superior   da   base   do   mergulhador   de
acionamento.   O braço longo, disposto na posição vertical, opõe­se com sua extremidade
ao mergulhador de disparo.

S/S Armamento pesado 20


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O mergulhador de disparo está entre o retém do mergulhador de disparo e o
disparador, e encontra­se alojado em um furo existente no suporte. Uma mola pressiona
constantemente o mergulhador para o exterior.
O  suporte   tem   a   forma   circular   e   está   fixado   por   parafusos  em   um   entalhe
existente sobre a face direita do bloco da culatra.  Apresenta:
­ um furo com ressalto em forma de anel no qual está alojado o mergulhador de
disparo;
­ um sulco longitudinal no qual penetra parcialmente o braço longo do retém do
mergulhador de disparo;
­ um apêndice no qual está alojado o mergulhador de acionamento.

2. DESMONTAGEM DO MECANISMO DA CULATRA

A   desmontagem   do   mecanismo   da   culatra   deve   ser   realizada   após   tiros


prolongados ou quando for necessário proceder a limpeza, a lubrificação ou a manutenção
de seus componentes.  A operação pode ser realizada com a boca de fogo montada sobre o
reparo ou com o bloco da culatra removido do tubo do obus.

a. MEDIDAS DE SEGURANÇA:

Antes de iniciar a desmontagem, as medidas de segurança abaixo devem ser
observadas:
1) Colocar a boca de fogo na horizontal;
2)   verificar   se   a   bucha   da   culatra,   tubo,   berço   superior   e   inferior   estão
perfeitamente ligados (ver se as trancas de união estão na posição vertical)
3) Abrir a culatra e inspecionar a culatra.

b. DESMONTAGEM:

1) Retirar o pino de retenção dos extratores
­ Com a cunha aberta, remover o pino de retenção dos extratores pela direita
da cunha.

 
Fig. 17 – Retirada do pino de retenção do
extrator (1)
2) Retirar os extratores
­ Fechar a cunha, segurando as alavancas dos extratores.

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Fig. 18– Fechamento da cunha para retirada dos
extratores (2)

­   Abrir   a   cunha   empunhando   os   extratores   por   suas   alavancas,


empurrando­os   de   modo   que   os   seus   calcanhares   penetrem   nas   cavidades   da   cunha,
deixadas livres pelo pino de retenção.  Desta forma as costelas dos extratores permitem a
sua retirada.

 
Fig. 19– Retirada dos extratores (3)

3) Retirar a alavanca de manobra
­ Utilizando uma chave, remover os parafusos que fixam o braço esquerdo
da alavanca de manobra à sua empunhadura.

 
Fig. 20– Retirada do braço esquerdo da
alavanca de manobra (4)
­   Retirar   primeiro   o   braço   esquerdo   e   depois   o   direito   da   alavanca   de
manobra.

S/S Armamento pesado 22


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Fig. 21– Retirada do braço direito da alavanca de
manobra (6) e do eixo de atuação da cunha (7)
4) Retirar o eixo de atuação da cunha
­ Para remover o eixo de atuação da cunha, basta puxá­lo para a direita.
5) Retirar a cunha
­ Puxar a cunha para cima. 

 CUIDADO : Para a segurança de quem executa a


desmontagem é recomendável que na retirada da cunha
seja utilizada uma corda para suspendê-la, atada ao
orifício do disparador.

Fig. 22 Retirada da cunha (8)

6) Retirar a manivela de manobra, a alavanca de acionamento e a cruzeta.

 
Fig. 23 – Retirada da manivela de manobra (9),
alavanca de acionamento (10) e cruzeta (11)

7) Retirar a mola do percussor e seu apoio.
­ Agindo no disparador, disparar o percussor
­ Empurrar o apoio da mola do percussor e fazê­lo girar ¼ de volta para a
direita ou para a esquerda, liberando­o.

23 S/S Armamento Pesado


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­ Retirar o apoio da mola e a mola do percussor.

 
Fig. 24– Retirada da mola do percussor (14) e
seu apoio (13), após dispará-lo agindo no
disparador (12)

8) Retirar o percussor
­ Fazer girar levemente o disparador no sentido horário, a fim de afastar o
dente de disparo do percussor.
­ Retirar o percussor

 
Fig. 25– Retirada do corpo (15) e da ponta do percussor (16)

9) Retirar o pino de retenção do disparador
­ Remover o pino de retenção do disparador pela direita da cunha.

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Fig. 26– Retirada do pino de retenção do eixo do disparador (17) e do mecanismo de
rearmamento e disparo (18 e 19)

10) Retirar o mecanismo de rearmamento e disparo
­   Conduzir   a   alavanca   de   rearmar   ao   centro   da   posição   indicada   pelas
palavras FOGO e SEGURANÇA.
­   Levantar   todo   o   mecanismo   de   armamento   manual   (rearmamento)   para
liberar o disparador do pino do mergulhador de retorno do disparador.
­   Girar   o   disparador   até   alinhar   o   seu   braço   com     a   alavanca   de
rearmamento manual, para colocar o dente de disparo em correspondência com o dente
de rearmamento e ambos  em correspondência com o sulco vertical existente no furo onde
se aloja o mecanismo de rearmamento e disparo.
­ Retirar o mecanismo de rearmamento e disparo.
­   Empurrar   para   dentro   o   mergulhador   de   retorno   do   disparador   o
necessário para se remover o seu pino de retenção e sua mola.
11) Retirar a alavanca de armar

 
Fig. 27– Retirada da alavanca de armar (20)

12) Retirar o mergulhador de retorno
­ Remover o pino de retenção do mergulhador de retorno e retirá­lo

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Fig. 28– Retirada do mergulhador de retorno
(21), após a remoção de seu pino de retenção
(22)

12) Desmontar o mecanismo de rearmar e de disparo retirando:
­ A porca do eixo do disparador
­ O disparador
­ A alavanca de rearmar
­ A camisa superior da mola da alavanca de rearmar
­ A mola de torção da alavanca de rearmar
­ A camisa da alavanca de rearmar

 
Fig. 29– Desmontagem do mecanismo de rearmar e disparo

23. Porca
24. Arruela
25. Disparador
26. Alavanca de rearmar
27. Camisa superior da alavanca de rearmar
28. Mola de torção
29. Camisa inferior da alavanca de rearmar
30. Eixo do disparador
31. Camisa da alavanca de rearmar

c. MONTAGEM

Para   a   montagem   do   mecanismo   da   culatra   deve­se   executar   as   mesmas


operações no sentido inverso.   Ao montar o mecanismo de rearmamento, deve­se ter o
cuidado   para   que   o   disparador   se   introduza   sobre   o   eixo   do   disparador,   com   o   braço
transversal perpendicular à alavanca de rearmar.

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   CUIDADO: Para segurança do pessoal que executa a montagem,
na   operação   de   colocação   da   cunha   na   bucha   da   culatra   é
recomendável que a mesma seja apoiada sobre um estojo de manejo
introduzido   parcialmente   na   câmara.     Após   o   encaixe   perfeito   da
cunha nas corrediças da mortagem, retira­se o estojo.

3. FUNCIONAMENTO

a. ABERTURA

Em   posição   de   repouso   a   cunha   está   fechando   a   culatra   e   a   alavanca   de


manobra   está   baixada   à   frente,   fixada   pelo   retém   do   dispositivo   de   segurança   contra
abertura acidental, que está preso no encaixe anterior da bucha da culatra.
Para abrir a culatra é necessário empunhar a alavanca de manobra, fazendo
pressão na tecla do dispositivo de segurança citado no parágrafo anterior. Deste modo o
retém   do   dispositivo   deverá   ser   liberado   do   encaixe   anterior   da   bucha   da   culatra,
bastando então girar a alavanca de manobra para a retaguarda. Ao girar, a alavanca de
manobra transmite seu movimento à manivela de manobra, através do eixo de atuação. A
manivela,   que   faz   sistema   com   a   cruzeta,   faz   com   que   esta   deslize   no   sulco   oblíquo
existente   na   cunha,   forçando­a   para   cima.   A   cunha,   ao   subir,   caracteriza   a   abertura.
Quando a alavanca de manobra chegar à retaguarda, basta soltar a tecla do dispositivo de
segurança, que seu retém irá alojar­se no encaixe posterior existente na bucha da culatra.
A cunha ficará retida, ainda, palas unhas dos extratores.

b. EXTRAÇÃO

No final da operação de abertura, os batentes existentes na cunha irão chocar­
se bruscamente com os talões dos extratores fazendo os braços inferiores destes girarem
para   trás.   Então   as   garras   dos   extratores,   situadas   nos   braços   inferiores,   extrairão   o
estojo   da   câmara,   lançando­o   para   fora   do   material.   Neste   momento   as   molas   dos
mergulhadores   dos   extratores   descomprimem­se   e   as   unhas   dos   extratores   fecham   o
caminho de retorno da cunha impedindo assim que esta venha a descer.

c. CARREGAMENTO

Introduzindo a granada na câmara, ela através da virola do estojo irá chocar­se
com as garras dos extratores, fazendo com que eles sofram um movimento de rotação,
indo  para  frente. Este pequeno  giro  dos  extratores faz  com  que suas unhas liberem  a
cunha, que pelo seu próprio peso descerá o suficiente para impedir um eventual recuo da
granada, principalmente nas grandes elevações. 

d. FECHAMENTO

O fechamento que já foi iniciado com a descida parcial da cunha, por ocasião
do   carregamento,   para   ser   completado   carece   de   que   se   faça   pressão   na   tecla   do
dispositivo de segurança contra abertura acidental, para liberar a alavanca de manobra
que então será girada para a frente. O retém do dispositivo de segurança contra abertura
acidental  irá  então  alojar­se no  encaixe anterior existente na   bucha  da  culatra.  Assim
sendo, a cunha irá descer fechando a culatra.

e. ARMAMENTO E ENGATILHAMENTO

O armamento e o engatilhamento podem­se processar de duas maneiras:

27 S/S Armamento Pesado


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1) Automaticamente
Durante a primeira fase da abertura da culatra, a manivela da cunha provoca o
deslocamento   para   a   frente   da   alavanca   intermediária   de   armar,   a   qual,   por   sua   vez,
determina a rotação da alavanca de armar no sentido horário.  Por ação do apêndice semi­
cilíndrico, que está em contato com o ressalto direito do percussor, ocorre o deslocamento
para trás do percussor e, consequentemente, a compressão da mola contra contra o seu
apoio. Em determinado ponto do curso, o ressalto esquerdo do percussor encontra o dente
de disparo, obrigando­o a girar  para  trás.   A  seguir,  o ressalto  esquerdo  do  percussor
ultrapassa o dente de disparo que, por ação da mola do impulsor da alavanca de disparo,
retorna à sua posição bloqueando o percussor, caracterizando o armamento.
Continuando   a   manobra   para   abertura   da   culatra,   com   o   percussor   já
completamente retraído, a alavanca intermediária de armar imprime à alavanca de armar
uma rotação, no sentido anti­horário, obrigando­a a retornar para a posição de repouso,
deixando, desta forma, o percussor livre para avançar por ação de sua mola, quando for
acionada a alavanca de disparo, caracterizando o engatilhamento.

1. Alavanca de liberação
do retém da alavanca
de manobra
2. Retém da alavanca de
manobra
3. Manivela de manobra
4. Cruzeta
5. Alavanca de
acionamento
6. Alavanca de armar
7. Corpo do percussor
8. Braço esquerdo da
alavanca de manobra
9. Saliência prismática

 
Fig. 30– Mecanismo de manobra e armamento automático

2) Manualmente ou rearmamento
Em caso de nega no disparo, é possível rearmar o percussor sem a necessidade
de abrir  a culatra..   Agindo  na alavanca  de rearmar,  empunhando­a  pelo seu  punho,,
levantando­o para liberar o retém do seu alojamento na face superior da cunha e trazendo
a   alavanca   para   a   retaguarda,   isto   é,   da   posição   FOGO   para   a   posição   SEGURANÇA.
Junto com a alavanca, gira a camisa da árvore da alavanca de disparo e o seu dente de
rearmar, o qual está em contato com o ressalto de rearmar, o que obriga o percussor a
recuar, comprimindo sua mola.   O percussor recua, ultrapassando o dente de disparo e
este, ao ser ultrapassado, retorna à sua posição original por ação da mola do impulsor da
alavanca de disparo, ficando em condições de prender o percussor à retaguarda.
Durante a rotação da alavanca de rearmar, sua mola é comprimida entre esta
alavanca   (apoio   móvel)   e   a   camisa   inferior   (apoio   fixo),   armazenando   energia   para
reconduzir a alavanca de rearmar para a posição inicial (posição FOGO).

f. DISPARO E PERCUSSÃO

Pode­se   disparar   o   material   agindo­se   na   alavanca   de   disparo,   no   cabo   de


disparo ou no cordel de disparo.

1) Agindo na alavanca de disparo ou cabo de disparo

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Agindo na alavanca de disparo ou no cabo de disparo, a alavanca irá agir em
torno  de  seu  eixo, fazendo  a   extremidade   onde  está  situado  o   gatilho   subir.  O  gatilho
levará   para   cima   a   almofada,   que   por   sua   vez   pressionará   a   haste   de   disparo.   O
mergulhador de disparo será empurrado para a direita por ação da haste de disparo, e
causará  um movimento  de rotação  no  disparador. Este, ao girar,  levará  consigo  o seu
eixo,   bem   como   seu   mergulhador   de   retorno   que   comprimirá   sua   mola.   O   eixo   do
disparador sofrendo este movimento de rotação, levará o dente de disparo, solidário, para
a retaguarda, liberando o percussor, dando­se assim o disparo. O percussor será lançado
à frente, por ação de sua mola, e ferirá a estopilha, caracterizando a percussão. Em um
determinado momento o dente do gatilho liberará a almofada, que voltará à sua posição
de repouso por ação de sua mola e de seu próprio peso. Deixando a almofada de fazer
pressão sobre a haste de disparo, facilitará ao mergulhador de retorno do disparador a
dar um giro em sentido contrário no disparador, ocasionando assim a volta à posição de
repouso do disparador, mergulhador de disparo e mergulhador de retorno do disparador.
Deixando de fazer pressão no cabo de disparo  ou na alavanca de disparo, o
mergulhador de retorno da alavanca de disparo fará com que esta e o cabo de disparo
voltem à posição inicial.

2) Agindo no cordel de disparo
Puxando­se   o   cordel   de   disparo,   teremos   um   movimento   de   rotação   no
disparador,   no   qual   é   colocado   o   cordel   e,   a   partir   daí,   a   mesma   seqüência   de   ações
descritas acima. 

4. DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA

O Obuseiro 105 M56 AR possui os quatro dispositivos de segurança abaixo:

a.   DISPOSITIVO   DE   SEGURANÇA   CONTRA   A   ABERTURA   ACIDENTAL   DA


CULATRA

Este  dispositivo   é   constituído   de  uma  tecla  de   segurança,   um  retém  e   mola
existentes na alavanca de manobra, asa de segurança na alavanca de rearmar, encaixe
anterior e entalhe de segurança situados na bucha da culatra.
Quando   a   alavanca   de   manobra   está   voltada   para   a   frente   e   não   havendo
pressão   na   tecla   de   segurança,   o   retém   aloja­se   no   encaixe   anterior,   impossibilitando
assim a abertura da culatra.
Esta   segurança   também   é   obtida   se   a   alavanca   de   rearmar   for   fixada   na
posição SEGURO. A asa de segurança existente nesta alavanca irá alojar­se no entalhe de
segurança, localizado na parte posterior da mortagem da bucha da culatra, imobilizando,
desta forma, a cunha.

 
Fig. 31– Tecla de segurança da alavanca de manobra (1)

b. DISPOSITIVO DE SEGURANÇA CONTRA O DISPARO FORTUITO:

Quando a alavanca de rearmar estiver fixada na posição SEGURO , o dente de
rearmar, existente na camisa da alavanca de rearmar, mantém o percussor à retaguarda,
através do ressalto de rearmar, impedindo assim o disparo.

29 S/S Armamento Pesado


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Esta   segurança   é   também   obtida   quando   o   rasgo   menor   da   janela   em   “L”,
existente   na   caixa   do   aparelho   de   disparo,   estiver   desobstruído.   Desta   maneira,   a
alavanca de disparo ficará alojada no rasgo menor, impossibilitando o disparo. Para que
tal ocorra, torna­se necessário levar a alavanca de disparo para a esquerda.

c. DISPOSITIVO DE SEGURANÇA CONTRA O DISPARO PREMATURO

Esta   segurança   é   oferecida   quando   a   culatra   não   estiver   completamente


fechada, pois não haverá alinhamento entre a ponta do percussor e a estopilha, e também
o mergulhador de disparo não encontrará coincidência com o disparador.

d. DISPOSITIVO DE SEGURANÇA CONTRA O DISPARO COM A BOCA DE FOGO
NÃO COMPLETAMENTE LIGADA AO SISTEMA DE RECUO:

Esta segurança é feita pelos trincos de segurança da cunha. Quando o obus
propriamente dito não estiver ligado ao sistema de recuo superior (consequentemente com
as trancas de união estarão voltadas para o interior) os planos inclinados das trancas
forçam   os   trincos   de   segurança   para   frente.   Os   trincos   de   segurança,   nesta   situação,
penetram nos orifícios existentes na cunha, impossibilitando, desta forma, a abertura da
culatra.

 
Fig. 32 – Trincos de segurança da cunha (2) com seus reténs (1)

5. SOLUCIONANDO PROBLEMAS DURANTE A EXECUÇÃO DO TIRO

Durante a realização do tiro real podem ocorrer alguns incidentes capazes de
interromper   momentaneamente   a   sua   execução.     Estes   incidentes,   bem   como   os
procedimentos para saná­los, devem ser do conhecimento de todos os Chefes de Peça e
Mecânicos de Armamento da Unidade.

a. GRANADA ENGASTADA NO TUBO

Neste caso é preciso providenciar a extração da granada mediante as seguintes
operações:
1) Introduzir na câmara um pedaço de pano para evitar danos na granada e no
aparelho de fechamento.
2) Fechar a cunha.

S/S Armamento pesado 30


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3)   Apontar   a   peça   em   uma   direção   segura,   com   um   pequeno   ângulo   de


elevação.
4) Introduzir o soquete pela boca do tubo e empurrar a granada para trás.
5) Abrir a cunha, retirando o pano e a granada.

b. FALHA NA EXTRAÇÃO DO ESTOJO

Toda vez que o estojo não for extraído no ato de abertura da cunha, deve­se
proceder sua extração utilizando a chave de remoção de estojos.

c. FALHA NO DISPARO

Uma vez que não é possível estabelecer imediatamente as causas, por razões de
segurança   deve­se   considerar,   inicialmente,   a   eventualidade   de   um   retardo.     Logo   em
seguida, certifica­se do funcionamento da estopilha e do mecanismo de armar e disparo,
procedendo da seguinte forma:
1) Repetir o disparo, agindo por duas vezes na alavanca de disparo.
2) Caso continue a não se realizar o tiro, aguardar dois minutos, verificar se a
arma está na posição em bateria, rearmar manualmente, através da alavanca de rearmar,
e disparar novamente.
3) Se ainda assim o obus não disparar, aguardar mais dois minutos e abrir
cuidadosamente a cunha.

 CUIDADO: 
1) Desde o momento em que houve a falha no disparo até a
abertura da cunha, a pontaria da peça não deve ser modificada e os
integrantes da guarnição devem permanecer em suas posições.  
2) No momento da abertura da cunha a guarnição deve estar
protegida   e   o   servente   encarregado   da   operação   deve   executá­la
cautelosamente,   a   fim   de   não   ser   atingido   por   uma   possível
deflagração da carga de projeção.
3) Antes   de   abrir   a   cunha,   a   munição   existente   nas
proximidades da peça deve ser retirada para um local afastado.

4) Aberta a cunha, deve­se examinar a estopilha. Caso não esteja percutida,
realizar a devida manutenção nos mecanismos de armar e disparo. Se estiver percutida,
substituir o estojo da granada.
5) Antes de se introduzir outro estojo na boca de fogo deve­se verificar se não
há na câmara nenhum resíduo da carga precedente.

31 S/S Armamento Pesado


S/S ARMAMENTO PESADO AVALIAÇÃO DE TUBOS

CAPÍTULO 4

REPARO

O reparo   do obuseiro 105 M 56 AR Oto Melara é constituído pelos seguintes
componentes:
- Berço superior;
- Berço inferior;
- Porta­berço e mecanismo de direção e elevação;
- Equilibradores;
- Suporte do porta­berço;
- Braços de sustentação com semi­eixos das rodas;
- Flechas e conteiras;
- Rodas e eixo das rodas;
- Escudo;
- Dispositivo de reboque;
- Freio.

1. BERÇO SUPERIOR

O berço superior contém o mecanismo de recuo superior e possui a função de
guia para a boca de fogo nos movimentos de recuo e volta em bateria e está vinculado ao
sistema  de  recuo  do  berço  inferior,  sobre  o  qual desliza.     É constituído  por um  corpo
monobloco   no   qual   existem,   lateralmente   por   todo   o   comprimento,   duas   cavidades
longitudinais simétricas, destinadas a alojar os cilindros do sistema de recuo e, na parte
central, oito janelas de aligeiramento. 

1. Prendedor de fricção da tranca


2. Tranca de união do berço inferior
3. Corrediças para o berço inferior
4. Ponteiras
5. Corrediças para o trenó

Fig. 33– Berço superior

Em cada lado da parte superior, existem duas corrediças para o trenó, as quais
possuem um pequeno nicho para a ancoragem à sela, quando o obuseiro é transportado
por mulas ou cavalos.   Na parte inferior existem outras corrediças para o deslizamento
sobre o berço inferior.   No lado direito encontra­se o batente do indicador de recuo da
boca de fogo.  
Na parte anterior existe um pequeno saliente que apresenta, nos lados, dois
pares de entalhes onde engrazam­se os ressaltos dos cilindros e, na parte central, dois
furos   para   os     parafusos   de   fixação   da   braçadeira   dos   cilindros.     A   braçadeira   dos
cilindros tem aparafusados dois bujões de proteção para as válvulas de enchimento de
óleo e, no lado direito, o retém do indicador de recuo do berço superior.   Os bujões de
proteção   são   furados   anteriormente   para   permitir   a   introdução   do   vazador   de   óleo,
quando é realizado o controle do óleo dos freios.
Na parte posterior nota­se:
- embaixo, uma parte saliente com um grande furo no qual se aloja a tranca
de união do berço inferior;
- superiormente um furo para o prendedor de fricção da tranca;

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O 105/14 M56 AR Oto Melara Escola de Material Bélico

- lateralmente duas ponteiras

Externamente,   a   tranca   de   união   tem   um   punho   de   manobra   e   na   parte


superior apresenta  uma  parte saliente que, em contato com os  ressaltos  da tranca  de
união do berço superior, constitui a segurança contra o disparo quando a massa recuante
não   estiver   vinculada   ao   sistema   de   recuo.     Sobre   a   superfície   interna   existem   três
cavidades circulares interrompidas, nas quais engrazam os ressaltos da luva protetora da
haste do freio de disparo do berço inferior.
A tranca não pode sair do seu alojamento porque é impedida por um anel de
segurança atarraxado em sua parte anterior e fixado por um parafuso com ponta cônica.
O anel, por sua vez, tem sobre a superfície externa um ressalto que, introduzindo­se em
uma fenda oposta, vincula o berço superior ao berço inferior quando o obus é rebocado.

 
Fig. 34– Tranca de união do berço inferior

1. Punho de manobra
2. Parte saliente
3. Ressalto do anel de segurança

Agindo   no   punho   de   manobra   a   tranca   de   união   pode   tomar   as   seguintes


posições, nas quais é fixada pelo prendedor de fricção:

­ Punho na VERTICAL  a tranca une o berço superior ao sistema
de recuo do berço inferior.
­ Punho a 45  o berço superior está livre.
­ Punho  na  HORIZONTAL    O  berço  superior  está  vinculado  ao
berço inferior enquanto o ressalto do anel de segurança da tranca
estiver no interior da fenda oposta existente sobre o berço inferior.

As ponteiras fecham posteriormente as cavidades dos cilindros do sistema de
recuo.   Cada uma delas apresenta uma fenda horizontal que fixa a posição da haste do
freio; dois ressaltos sobre a borda posterior que permitem ligar, através das trancas de
união do berço superior, a boca de fogo ao berço superior, quando se quiser  fazer o teste
do sistema de recuo inferior.

   OBSERVAÇÃO:  Os componentes e o funcionamento do sistema
de recuo superior serão apresentados no capítulo 5 – MECANISMO
DE RECUO. 

2. BERÇO INFERIOR

33 S/S Armamento Pesado


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Contém o sistema de recuo inferior e serve de guia para o berço superior nos
movimentos de recuo e volta em bateria.   Está vinculado ao porta­berço  por meio dos
alojamentos dos suportes das lunetas colocados em posição retraída em relação ao centro
de gravidade da massa oscilante.   É do tipo caixa, com guias de deslizamento na parte
superior, e constituído, essencialmente, por uma estrutura soldada que compreende:
- Três estruturas tubulares unidas em uma única chapa.  Na estrutura centra
está alojado o cilindro do freio de disparo inferior e, nas duas laterais, estão contidos os
recuperadores tipo mola.
- Uma braçadeira em forma de estribo que porta os alojamentos dos suportes
das lunetas e o arco de elevação do mecanismo de elevação.

Sobre   o   lado   esquerdo   do   berço   inferior   situa­se   o   mecanismo   regulador   do


recuo e, mais à frente, uma alça de transporte.
Na   parte   superior   existem   duas   corrediças   de   bronze,   com   lubrificadores   de
pressão, para o deslizamento do berço superior e, perto da extremidade posterior, duas
alças de transporte.
Na parte inferior existe, além do arco de elevação, a escora do berço e, junto à
extremidade posterior, uma fenda para bloqueio do berço superior sobre o berço inferior
durante o transporte.
Sobre   o   lado   direito   há   um   canalete   longitudinal,   com   a   parte   superior
graduada em centímetros, onde desliza o indicador de recuo do berço superior.  Na parte
da frente, abaixo das corrediças, existe uma alça de transporte.
Na extremidade anterior pode­se notar:
- Três aberturas correspondentes às estruturas tubulares do berço, das quais
a  central  apresenta,   internamente,   dois  ressaltos  semicirculares,   onde  se   engrazam   os
correspondentes ressaltos do  cilindro  do  freio; as laterais possuem internamente, cada
uma,  um pino que define a exata posição de montagem do recuperador correspondente.
- Quatro apêndices com furos rosqueados para os parafusos, a qual possui,
em   correspondência   com   o   furo   central,   uma   bucha   de   bronze   para   a   haste   do   freio
inferior, um indicador de rotação do cilindro do freio e um bujão de proteção da válvula de
enchimento de óleo do cilindro do freio inferior.

1. Alojamento do braço
superior do equilibrador
2. Alojamentos dos suportes
das lunetas
3. Alça de transporte
4. Cordel de disparo
5. Braçadeira tipo estribo
6. Mecanismo regulador do
recuo
7. Tampa anterior

 
Fig. 35 – Berço inferior

Os alojamentos dos suportes das lunetas são furados e possuem, cada um, um
encaixe  cônico.    O   da   esquerda   destina­se   à   colocação   do   suporte   da   luneta   cotovelo.
Cada encaixe é protegido por uma tampa.
Na parte anterior das extremidades dos estribos da braçadeira do berço existem
os   alojamentos   dos   braços   superiores   dos   equilibradores.     Sobre   o   lado   posterior   do
estribo esquerdo existe um ressalto sobre o qual  é aparafusada a caixa do aparelho de
disparo.

O berço inferior possui uma escora coma finalidade de realizar a ancoragem
deste ao reparo durante o transporte.  A escora do berço possui a forma triangular e está
fixada   na   parte   inferior   do   berço.     Seu   vértice   possui   um   olhal   no   qual   aloja­se   o
mergulhador da escora do berço, com o qual a escora é fixada:

S/S Armamento pesado 34


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- ao reparo, durante o transporte;
- ao ressalto anterior do berço, durante o tiro;
- ao ressalto posterior do berço para o transporte sobre animais.

 
Fig. 36 – Escora do berço

   OBSERVAÇÃO:  Os componentes e o funcionamento do sistema
de recuo inferior serão apresentados no capítulo 5 – MECANISMO
DE RECUO. 

3. PORTA­BERÇO

Consiste   em   uma   grande   plataforma   com   dois   largos   braços   laterais   que   se
projetam para a retaguarda.  Cada braço apresenta:
- Na parte superior, um orifício semicircular para o apoio do berço, fechado
por um cobre­munhão, bloqueado na posição de fechamento por um pino­retém.
- Na parte externa, três suportes com braçadeiras articuladas e com porcas­
borboleta   para   as   escoras   do   escudo;   um   suporte   inferior   para   o   equilibrador   e   um
suporte para o eixo do mecanismo de direção. 

1. Cobre-munhões
2. Suporte do eixo do mecanismo de
elevação
3. Suporte do eixo do mecanismo de
direção
4. Perna do porta-berço
5. Eixo do pinhão do mecanismo de
elevação

Fig. 37 – Porta-berço

Sobre o braço da esquerda existe o pino para o encaixe do arco do mecanismo
regulador   do   recuo   e   o   alojamento   do   suporte   da   luneta   panorâmica.     Sobre   o   braço
direito existe a caixa de engrenagem do mecanismo de elevação.
Na parte anterior da plataforma do porta­berço, situa­se a caixa do pinhão de
direção,   que   é   fixada   a   um   cilindro   que   serve   de   alojamento   do   eixo   sem   fim   do
mecanismo   de   direção.     A   caixa   apresenta   externamente,   em   sua   parte   inferior,   um
ressalto semicircular que é introduzido em uma corrediça existente no arco dentado de

35 S/S Armamento Pesado


Escola de Material Bélico O 105/14 M56 AR Oto Melara
direção do suporte do porta­berço. Na parte interna do porta­berço, existe o elo do pinhão
do mecanismo de elevação.
O porta­berço  é vinculado  ao  reparo  através de uma  perna  que gira   em um
furo, de diâmetros diferentes, existente no suporte do porta­berço.  Sobre a extremidade
inferior da perna, existem alguns ressaltos circulares interrompidos, que se introduzem
nas cavidades correspondentes do suporte do porta­berço.
Sob   a   plataforma   existe   uma   superfície   circular   que   se   apoia   sobre   uma
superfície   de   deslizamento   existente   no   suporte   do   porta­berço.     Sobre   a   superfície
circular existem três sulcos, dos quais o da esquerda limita o setor de direção quando a
bitola é estreita; o central limita o setor de direção quando a bitola é larga e, o da direita,
prende   o   porta­berço   na   posição   de   montagem,   para   impedir   a   batida   do   pinhão   de
elevação contra o seu arco dentado da direção.

a. INSCRIÇÕES:

O   porta­berço   possui   algumas   inscrições,   sobre   as   faces   externas   de   seus


braços laterais, contendo informações a respeito do obuseiro: 

1) No braço esquerdo:
- denominação e modelo;
- fábrica e ano de fabricação;
- numero de registro;
- peso;
- número do obus.

2) No braço direito:
- desenho ao qual se refere;
- fábrica e numero de fabricação;
- numero de refinação do metal.

O porta­berço contém, ainda, os mecanismos de elevação e de direção.

b. MECANISMO DE DIREÇÃO:

1. Manivelas de direção
2. Eixo esquerdo
3. Eixo sem fim
4. Caixa de engrenagens da coroa de
direção
5.Eixo direito

 
Fig. 38 – Mecanismo de direção

1) Composição:

S/S Armamento pesado 36


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O   mecanismo   de   direção   é   do   tipo   arco   dentado   e   pinhão   de   direção,   com


sistema de transmissão tipo parafuso sem fim e coroa de direção.
Pode ser comandado de ambos os lados do reparo, através de duas manivelas
existentes nas extremidades dos dois eixos do mecanismo de direção e através de dois
sistemas de transmissão simétricos.
Cada eixo do mecanismo de direção é sustentado por dois suportes, fixos nos
respectivos braços do porta­berço, possuindo:
- Na extremidade superior uma manivela de direção com cabo articulado que
permanece solidária ao eixo;
Na extremidade inferior uma parte com sulcos que penetra no alojamento do
eixo sem fim do mecanismo de direção. 
Sobre a parte com sulcos é encaixada uma engrenagem helicoidal, unida a uma
outra engrenagem helicoidal análoga, encaixada no eixo sem fim e que se encontra no
interior do alojamento do eixo sem fim.  Abaixo da caixa do pinhão de direção, encontra­se
o   dispositivo   de   travamento   do   mecanismo   de   direção,   o   qual,   por   intermédio   de   um
mergulhador de travamento, permite prender o porta­berço na posição adequada para o
transporte.

No   cilindro   do   alojamento   do   eixo   sem   fim   localiza­se   o   eixo   sem   fim   do


mecanismo de direção (eixo com parafuso sem fim).
Na caixa do pinhão de direção existem:
- O pinhão de direção que se engrena com o arco dentado de direção existente
no porta­berço;
- Uma   coroa   de  direção   helicoidal,   na  qual  se  engrena   o  parafuso   sem   fim
que, por sua vez, se introduz sobre a extremidade superior do pinhão de direção.

1) Funcionamento:
Quando se atua na manivela de direção, imprime­se, através das engrenagens
helicoidais e do parafuso sem fim, um movimento de rotação à coroa de direção, solidária
ao  pinhão  de direção.   Este, estando engrazado no arco  dentado do suporte do porta­
berço, provoca o afastamento em direção do porta­berço, proporcionando a variação em
direção da boca de fogo.

c. MECANISMO DE ELEVAÇÃO:

1. Arco dentado
2. Parafuso sem fim
3. Manivela de elevação
4. Engrenagem helicoidal
5. Coroa de elevação
6. Pinhão

Fig. 39 – Mecanismo de elevação

1) Composição:
É do tipo arco dentado e pinhão de elevação, localizando­se do lado direito do
porta­berço.  Consiste de uma manivela de elevação com empunhadura articulada; uma

37 S/S Armamento Pesado


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caixa de engrenagem do mecanismo de elevação, que contém as engrenagens helicoidais;
um eixo transversal contendo o pinhão de elevação, organizado entre os braços laterais do
porta­berço.
A manivela de elevação gira dentro da caixa de engrenagem do mecanismo de
elevação e possui, encaixada em sua parte terminal, uma engrenagem helicoidal, que se
engraza à uma engrenagem análoga encaixada sobre a parte terminal do eixo do parafuso
sem fim.  O parafuso sem fim une­se a uma coroa helicoidal de elevação, fixada por uma
bucha sobre o eixo do pinhão de elevação.  No centro do eixo do pinhão, existe o pinhão
de elevação propriamente dito, que se engrena com o arco dentado existente no berço.

2) Funcionamento:
Quando se age na manivela de elevação, imprime­se, através das engrenagens
helicoidais   e   do   parafuso   sem   fim,   um   movimento   de   rotação   ao   eixo   transversal   do
pinhão do mecanismo de elevação e, portanto, ao pinhão de elevação que lhe é solidário.
Este,   engrenado   com   o   arco   dentado   da   elevação,   provoca   a   rotação   do   berço   e,
consequentemente, a elevação da boca de fogo.

4. EQUILIBRADORES

a. COMPOSIÇÃO

Os   equilibradores   são   em   número   de   dois,   do   tipo   mola   coberta   e   ação   por


repulsão,   e   destinam­se   a   contrabalançar   o   peso   da   massa   oscilante,   agilizando   o
movimento de elevação.  Cada equilibrador compreende:
- Um cilindro externo;
- Um cilindro interno;
- Uma porca de bloqueio;
- Uma camisa guia;
- Uma camisa do parafuso regulador;
- Um parafuso regulador;
- Uma mola.

 
Fig. 40 -– Equilibrador

1. Pino de segurança
2. Cilindro externo
3. Braço de ligação com o porta-berço
4. Porca de bloqueio
5. Camisa do parafuso regulador

1) Cilindro Externo:
É   aberto   nas   duas   extremidades   e   apresenta,   em   sua   parte   superior,   um
entalhe  no  qual  penetra   o  braço   superior  do   equilibrador,  em  sua   posição   máxima   de
depressão, e alguns furos, a fim de permitir a montagem do pino de segurança que fixa o
cilindro interno à camisa do parafuso regulador e ao próprio parafuso regulador.  Na parte
inferior possui um bordo interno e um colar externo sobre o qual existe o braço de ligação

S/S Armamento pesado 38


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ao   porta­berço.     Embaixo   do   colar,   existem   balizadas   duas   linhas   correspondentes   às


palavras “LIVRE” e “TRANCADO”.  O bordo interno é fechado pela porca de bloqueio.

2) Cilindro Interno:
O cilindro interno desliza no externo e é fechado em sua extremidade  superior
por uma tampa com um furo para a passagem da camisa do parafuso regulador.

3) Porca de Bloqueio:
A porca de bloqueio com camisa guia  é fixada à base do cilindro externo por
intermédio   de   dois   parafusos   de   cabeça   hexagonal,   aparafusados   sobre   o   bordo   do
cilindro. Em correspondência a cada parafuso, existe no fundo uma fenda em forma de
arco, que permite que a porca de bloqueio gire.  Sob a geratriz da porca existe, ainda, uma
linha de fé.

4) Camisa Guia: 
É fechada superiormente por uma porca soldada, que permite o deslizamento
da camisa do parafuso regulador sem, contudo, possibilitar sua saída.   Em seu interior
existem dois sulcos longitudinais diametralmente opostos, nos quais deslizam as aletas
da camisa do parafuso regulador.   Um dos sulcos, na parte inferior, termina com uma
janela.

5) Camisa do Parafuso Regulador:
A camisa do parafuso regulador desliza no interior da camisa guia, conduzida
pelas duas aletas existentes sobre sua superfície externa e diametralmente opostas.   Na
parte   superior   apresenta   dois   furos   para   a   passagem   do   pino   de   segurança   e,
interiormente, uma parte rosqueada.

6) Parafuso Regulador:
É   uma   haste   rosqueada   em   todo   o   seu   comprimento,   onde   a   extremidade
superior possui um olhal para a união ao braço de ligação do berço.  É alojado no interior
da   camisa   do   parafuso   regulador   e   fixado,   juntamente   com   esta,   à   tampa   do   cilindro
interno com um pino de segurança.

7) Mola do Equilibrador:
É de  seção  circular,  guiada  superiormente  pela   tampa  do  cilindro  interno  e,
inferiormente, por um colar encaixado em um rolamento de esfera que se apoia sobre o
cilindro externo.

b. FUNCIONAMENTO:

Os   dois   cilindros   do   equilibrador   deslizam   um   no   interior   do   outro   e   têm,


comprimida entre si, a mola.  O cilindro externo, ligado ao porta­berço, é fixo e o cilindro
interno,   ligado   ao   berço   por   intermédio   do   braço   superior   e   do   parafuso   regulador,   é
móvel.     Quando   a   boca   de   fogo   é   elevada,   o   parafuso   regulador   e   o   cilindro   interno,
seguindo o movimento do berço, permitem que a mola se distenda e agilize a manobra.
Para se desmontar ou colocar em seus lugares os equilibradores, é preciso que
eles   sejam   antes   bloqueados.     Para   bloquear   o   equilibrador   é   preciso   levar   o   berço   à
depressão   máxima.     Nesta   posição,   as   aletas   do   parafuso   regulador   vão   ficar   em
correspondência com a janela existente no fundo da camisa guia.   Girando a porca de
bloqueio de modo a fazer coincidir sua linha de fé com a palavra “TRANCADO” existente
no   cilindro   externo,   as   aletas   vão   entrar   nos   encaixes   da   janela,   bloqueando   os   dois
cilindros com a mola comprimida.   Deste modo, a mola não pode mais distender­se e,
consequentemente, pode­se retirar o braço de ligação ao berço  do seu alojamento com
facilidade, retirando­se o equilibrador.
Para colocar o equilibrador em seu lugar deve­se executar a operação inversa.
Uma vez colocado o braço e feita a depressão do berço, a mola do equilibrador pode ser
liberada colocando­se a linha de fé da porca de bloqueio em coincidência com a palavra
“LIVRE”, existente sobre o cilindro externo.   Com esta operação, a camisa do parafuso

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regulador fica novamente livre para deslizar no interior da camisa guia, permitindo que a
mola se distenda. 

5. SUPORTE DO PORTA­BERÇO

Consiste   em   uma   moldura   articulada   que   permite   a   adaptação   da   peça   ao


terreno possibilitando, dentro de certos limites, dispor as flechas sobre planos diferentes
sem ocasionar a inclinação do eixo transversal da peça.  Compreende:
­ Um corpo;
­ Dois braços oscilantes;
­ Uma haste de ligação.

a. CORPO

É construído em aço e possui a forma de um cilindro oco. O corpo apresenta:
Na parte superior:
- Um furo de diâmetros diferentes, onde se introduzem duas buchas de bronze
para   o   alojamento   da   perna   do   porta­berço.     A   bucha   superior   apoia­se   externamente
através de uma larga superfície de  deslizamento sobre a base plana do corpo do suporte
do porta­berço.   Sobre a superfície nota­se o alojamento de um pino mergulhador que
limita o setor de direção quando se realiza o tiro com bitola estreita e o mergulhador da
alavanca   limitadora.     O   mergulhador   da   alavanca   limitadora,   conforme   a   posição   da
alavanca, possui as funções abaixo:
* Alavanca à direita ( bloqueia o porta­berço para o transporte, penetrando
no alojamento existente na superfície circular do porta­berço.
* Alavanca à esquerda ( pode deslizar dentro do sulco central da superfície
circular do porta­berço (limitando o setor de direção quando se realiza o tiro com bitola
larga) ou dentro do sulco da direita (bloqueando para a montagem).
*   Alavanca   ao   centro   (   o   mergulhador   completamente   recolhido   não   se
introduz em nenhum sulco, permitindo executar a desmontagem.
­   Uma   placa   aparafusada   sobre   a   superfície   plana   do   corpo   do   suporte   do
porta­berço, contendo uma escala que marca os limites do setor horizontal com a bitola
larga e com a bitola estreita.
­ Um suporte com o arco dentado do mecanismo de direção.  O suporte possui
uma   corrediça   para   o   ressalto   semicircular   do   porta­berço   e   uma   abertura   na   qual
penetra o mergulhador do dispositivo de travamento do porta­berço durante o transporte. 

1. Braço oscilante
2. Mergulhador da alavanca
limitadora
3. Corpo do suporte do porta-berço
4. Parafuso de aperto do braço
oscilante
5. Apêndice posterior para
montagem da flecha
6. Dispositivo de travamento dos
braços de sustentação
7. Escala do setor de direção
8. Haste de ligação
9. Arco dentado do mecanismo de
direção
10.Bucha do pivô superior
 
Fig. 41– Suporte do porta-berço

Na parte anterior:

­ Um apêndice que termina com um eixo para a união com a haste de ligação.

S/S Armamento pesado 40


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Na extremidade do eixo existe um olhal que serve para prender a escora do berço durante
o transporte.
­ Dois dispositivos de travamento dos braços de sustentação.

Na parte inferior:

­ Uma  parte cilíndrica  rosqueada  sobre a qual  é aparafusada  uma  porca  de


ajustagem que sustenta o anel de segurança da bucha da perna do porta­berço e serve
para   regular   o   jogo   vertical   entre   o   porta­berço   e   o   suporte   do   porta­berço.     A   porca
possui,  externamente, dentes para  ser bloqueada, através  de  uma lâmina  com dentes,
após feita a regulagem.  Esta lâmina é aparafusada ao corpo do suporte do porta­berço.  A
parte cilíndrica termina, inferiormente, com uma tampa de proteção da bucha da perna
do porta­berço.
­ Os parafusos de aperto dos braços oscilantes.
­ Sobre cada extremidade, um anel de segurança do braço oscilante. O corpo do
suporte do porta­berço  é atravessado, internamente por todo o comprimento,  por uma
cavidade   cilíndrica,   dentro   da   qual   podem   deslizar   os   dois   semi­eixos.     A   cavidade
apresenta três sulcos nos quais se introduzem os ressaltos existentes nos semi­eixos.

b. BRAÇOS OSCILANTES

Cada braço oscilante apresenta:
­ Um furo central.
­ Um apêndice posterior com um furo  cilíndrico  para  a montagem  da  flecha
anterior. Sobre o apêndice posterior existem dois entalhes, um superior e outro inferior,
que permitem a desmontagem e a montagem da flecha anterior;
­ Dois orifícios para o pino de fixação das flechas;
­   Um   apêndice   anterior   com   encaixe   esférico   para   a   união   com   a   haste   de
ligação. 

c. HASTE DE LIGAÇÃO
É encaixada sobre o eixo do apêndice anterior do corpo do suporte do porta­
berço, sendo ligada aos dois braços oscilantes por intermédio das respectivas esferas.

a. BRAÇOS DE SUSTENTAÇÃO

1. Bucha de proteção
2. Braço propriamente
dito
3. Eixo da roda
4. Dispositivos de
travamento do eixo
das rodas

 
Fig. 42– Braço de sustentação

41 S/S Armamento Pesado


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São dois, cada um possuindo um semi­eixo soldado ao braço de sustentação e
dois furos, um no centro e o outro em uma das extremidades, para o alojamento do eixo
das rodas.
 O semi­eixo, de formato cilíndrico, possui:
­   Dois   ressaltos   que   se   introduzem   nos   sulcos   existentes   nas   cavidades   do
corpo do suporte do porta­berço;
­ Três orifícios, dos quais dois sobre a mesma geratriz, para o alojamento do
mergulhador do dispositivo de travamento dos braços de sustentação.
­ Uma chanfradura para o mergulhador da alavanca limitadora do mecansimo
de direção quando a peça está em posição com a bitola estreita.

O   braço   de   sustentação   é   uma   estrutura   metálica   arqueada,   sobre   a   qual


existe:
­ Numa extremidade, o semi­eixo soldado.
­ Ao centro, um furo que serve de alojamento para o eixo da roda quando a
peça está na posição  alta.

­ Na outra extremidade um furo que serve de alojamento para o eixo da roda,
quando a peça está na posição baixa.
­ Dois dispositivos de travamento do eixo das rodas.
O furo  não utilizado é protegido por uma bucha de proteção.
Os braços de sustentação podem tomar as seguintes posições:
­   Posição   Baixa   (Os   dois   ressaltos   do   semi­eixo   introduzem­se   nos   sulcos
inferior   e   central   da   cavidade   do   corpo   do   suporte   do   porta­berço.     O   eixodas   rodas
encaixa­se no furo da extremidade anterior do braço de sustentação, enquanto que o furo
central fica protegido pela bucha de proteção (o eixo da roda fica preso pelo dispositivo de
travamento).
­   Posição   Alta   (Os   dois   ressaltos   do   semi­eixo   introduzem­se   nos   sulcos
superior  e  central da  cavidade do corpo  do suporte do  porta­berço.    O eixo das rodas
encaixa­se no furo  central  do  braço  de sustentação, enquanto  que o furo  anterior  fica
protegido  pela bucha de proteção (o eixo das rodas também  épreso  pelo dispositivo de
travamento).
Na   posição   alta,   conforme   o   furo   em   que   se   introduz   o   mergulhador   do
dispositivo de travamento do braço de sustentação, a bitola será larga ou estreita.   Na
posição baixa, o semi­eixo é bloqueado pela introdução do mergulhador no terceiro furo,
permitindo, portanto, somente a bitola larga.

7. FLECHAS

Cada   uma   das   duas   flechas   consiste   em   uma   chapa   de   aço   com   seção
retangular, decrescente da frente para a retaguarda, que se une aos braços oscilantes.  A
flecha   é  desmontável  em   três  elementos:  anterior,   intermediário   e  posterior.    O  último
elemento (posterior) contém a pá da conteira e a conteira propriamente dita, com encaixe
para a faca da conteira, e pode tomar duas posições diferentes em relação ao elemento
anterior.    A  flecha  pode  ser  colocada  em  posição  com a  flecha  com  três elementos  ou
somente com dois elementos.

a. ELEMENTO ANTERIOR

O elemento anterior apresenta:
1) Anteriormente:
­ Um pino de travamento que se introduz no furo cilíndrico do braço oscilante,
no   qual   é   fixado   um   grampo   de   segurança   que   serve   para   prender   a   flecha   posterior
durante o transporte.
­ Três furos nos quais se introduzem o pino de fixação das flechas que fixa a
flecha na posição de abertura.
­ Um olhal ao qual é ligado, por uma corrente, o pino de fixação.
­ Uma sapata para o levantamento das flechas durante as manobras para a

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passagem da posição alta para a posição baixa e vice­versa.

2) Posteriormente:
­ Sobre o flanco interno, um nicho ao centro do qual é fixado um pino vertical,
para o engate do dispositivo de amarração das flechas.
­ Um semi­colar (suporte) para o dispositivo de amarração das flechas.
­ Uma alça para levantamento.
­ Dois olhais para a passagem do pino de travamento, duas cavidades para o
encaixe da flecha intermediária  ou posterior, correspondentes às posições baixa ou alta
da peça.

 
Fig. 43 – Elementos anterior (1) e intermediário (2) da flecha

b. ELEMENTO INETRMEDIÁRIO

É formado  por  um corpo  prismático  que, em  cada  extremidade,  possui uma


charneira de ligação aos outros elementos de flecha.  Na extremidade anterior existem três
olhais   atravessados   superiormente   por   um   pino   de   travamento   com   tranca   e,
inferiormente, por dois pinos retém.

c. ELEMENTO POSTERIOR

É constituído por um corpo prismático e apresenta:
­   Anteriormente,   uma   charneira   de   ligação   ao   elemento   anterior   ou
intermediário, igual à correspondente charneira do elemento intermediário, mas com uma
inclinação diferente, a fim de permitir o bloqueio em duas diferentes posições;
­ Um ressalto para o lançamento de pára­quedas;
­ Um gancho para fixação do elemento intermediário durante o transporte;
- Uma charneira na extremidade posterior, cujo flanco de forma triangular possui:

* no alto um pino­eixo para
a conteira com encaixe;
*   embaixo   a   chaveta   de
travamento,   com   seção   semicircular   na
parte central, a qual serve de eixo para a
pá da conteira;
*   uma   alavanca   de
travamento   da   pá   da   conteira   com
empunhadura para a rotação, com duas
partes semicilíndricas para o bloqueio da
pá da conteira nas diferentes posições de
tiro.  Além disso possui dois prendedores

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S/S Armamento Pesado
Fig. 44 – Elemento posterior da flecha
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que   encaixam   nos   correspondentes   ganchos   da   pá   da   conteira,   bloqueando   esta   na
posição livre.

d. CONTEIRAS:

Para se aferrar a peça ao terreno, podem ser empregados dois tipos de conteira,
tipo   pá   ou   tipo   faca.     Ambos   os   tipos   são   ligados   à   peça   através   de   uma   conteira
propriamente dita, com encaixe, solidária ao elemento posterior da flecha.

1) Conteira propriamente dita com encaixe:
Cada   conteira   consiste   em   uma   caixa   de   aço,   fixada   por   uma   charneira   ao
elemento posterior da flecha. Apresenta:
­ Um encaixe para a faca da conteira;
­ Um retém da faca da conteira;
­   Duas   cavidades   semicilíndricas   para   o   bloqueio   da   conteira   nas   duas
posições, correspondentes à posição baixa;
­ Uma alça para manobrar a conteira.

2) Conteira tipo pá:
Cada pá da conteira consiste em uma  grande peça triangular.  Sobre a pá da
conteira existem dois braços com duas cavidades semicilíndricas, para o bloqueio da pá
da conteira nas duas posições de tiro, e um gancho para a fixação da pá da conteira na
posição livre.

3) Conteira tipo faca:
Cada faca da conteira consiste em uma lâmina reforçada sobre a qual existe
uma série de furos.  Sua superfície superior apresenta uma testa quadrangular e, em sua
parte inferior,  é pontiaguda, para facilitar sua fixação ao solo.

8. DISPOSITIVO DE REBOQUE

Para o reboque do obuseiro Oto Melara são empregados:
­ Um dispositivo de amarração das flechas;
­ Uma barra de tração, utilizada quando o material é rebocado por viaturas.

a. DISPOSITIVO DE AMARRAÇÃO DAS FLECHAS:

Destina­se a manter a união dos dois elementos anteriores das flechas durante
o reboque.   Na posição de transporte os elementos posteriores das flechas são rebatidos
sobre os elementos anteriores e fixados através dos grampos de segurança. Os elementos
intermediários   são   colocados   sobre   o   os   elementos   posteriores.     O   dispositivo   de
amarração das flechas compreende uma haste, dois engates e uma porca de segurança da
barra de tração.

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1. Engates
2. Haste
3. Porca de
segurança

Fig. 45 – Dispositivo de amarração das flechas

1) Haste:
A haste é constituída por uma barra cilíndrica oca, de diâmetros irregulares, e
possui, em uma das extremidades, dois braços terminando cada um com um talão que vai
se alojar no correspondente nicho existente no elemento anterior.  Na outra extremidade,
possui uma parte rosqueada, sobre a qual é aparafusada a porca de segurança, e uma
fenda para a união à barra de tração animal, através do pino de segurança.  Próximo ao
local onde se aparafusa a porca de segurança, a haste possui uma espessura maior para
adaptação à cavidade formada pelos dois semicolares do suporte existente no elemento
anterior.

2) Engates:
Os dois engates são adaptados sobre os braços da haste e bloqueados por um
pino   cônico.     Os   engates   se   engrazam   nos   pinos   verticais   existente   nos   nichos   dos
elementos anteriores das flechas.

3) Porca de Segurança:
A porca de segurança da barra de tração é aparafusada na parte rosqueada da
haste e possui, em sua parte posterior, alguns dentes de bloqueio.  Quando o dispositivo
de amarração das flechas é montado, estas ficam solidamente unidas pela pressão que a
porca de segurança exerce sobre os semicolares e pela ação dos engates, colocados sob
tensão.

b. BARRA DE TRAÇÃO:

É fixada ao dispositivo de amarração das flechas quando a peça for tracionada
a reboque por viatura.  A barra compreende um cilindro, um olhal da clavija, uma mola
helicoidal, duas luvas da mola helicoidal, uma porca e uma tampa do cilindro.
O cilindro apresenta, internamente, um furo de diâmetro variável, para conter a
haste   do   dispositivo   de   amarração   das   flechas   e   os   outros   componentes   da   barra   de
tração.   A barra de tração é rigidamente unida ao dispositivo de amarração das flechas
por intermédio de um acoplamento, bloqueado por um pino de segurança.

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1. Pino de segurança
2. Cilindro
3. Tampa do cilindro
4. Olhal da clavija

Fig. 46 – Barra de tração

O   olhal   da   clavija   consiste   em   uma   haste   metálica   com   diversos   diâmetros,


possuindo um olhal na extremidade.  O olhal da clavija está contido no cilindro, no qual
pode   deslizar   axialmente,   tendo   o   seu   desaparafusamento   impedido   por   uma   tampa
instalada no cilindro.
Entre o cilindro e o olhal da clavija existe uma mola helicoidal que realiza o
acoplamento elástico entre as duas partes.   A mola apoia­se com uma extremidade na
tampa do cilindro e com a outra contra uma porca soldada sobre o olhal da clavija.

9. RODAS:

A roda pneumética é constituída por   um arco de roda que sustenta o pneu,
fixada sobre o complexo do tambor do freio – cubo da roda.  O aro da roda, construído em
aço, é composto por um um disco e um anel, unidos por oito parafusos.   Sobre a face
interna do disco é fixado, por cinco parafusos, o conjunto tambor do freio – cubo da roda.
Sobre a face externa existe o gancho de arrasto.

O   cubo   da   roda   é
introduzido   em   seu   alojamento   por
meio de dois rolamentos de esfera, e
é   furado   internamente   para   a
passagem   do   eixo   das   rodas.     O
bloqueio   entre   as   duas   partes   é
realizado   através   de   dois   dentes
frontais existentes no cubo das roda
que   se   introduzem   em   duas
cavidades   correspondentes   no   eixo
das rodas e de uma chaveta de roda.

 
Fig. 47– Roda

10. FREIOS

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São acionados manualmente por intermédio de uma alavanca introduzida na
barra de tração.  Nos estacionamentos e entradas em posição, podem ser acionados  pelas
alavancas manuais, localizadas sobre cada roda.  

a. COMPONENTES:

O sistema de freio compreende:
­ Uma alavanca de freio de estrada;
­ Um cabo de transmissão para cada roda;
- Um par de sapatas do freio e um excêntrico;
- Uma alavanca de acionamento do excêntrico;
- Um tambor do freio;
- Uma alavanca do freio de estacionamento.

1) Alavanca do Freio de Estrada:
É ligada a um tubo cilíndrico introduzido sobre a barra de tração.  Possui uma
alavanca   de   acionamento   da   catraca   e   aciona,   por   meio   de   cabos   de   transmissão,   a
alavanca de acionamento do excêntrico.

2) Cabo de Transmissão:
Consiste em um cabo de aço enganchado em uma extremidade à alavanca do
freio e, na outra extremidade, a uma polia.  Na polia desliza o cabo posterior do freio, em
cujas extremidades são enganchadas a alavanca de acionamento do excêntrico de cada
roda.

3) Sapatas do Freio:
São revestidas pela lona do freio e articuladas sobre um braço do cubo de roda.
Duas grandes molas de extensão são ligadas às extremidades das sapatas do freio e são
acionadas pelo excêntrico.   A sua perna roda por ação da alavanca de acionamento do
excêntrico.

4) Alavanca de Acionamento do Excêntrico:
É   solidária   ao   excêntrico.     Nas   suas   extremidades   possui,   de   um   lado,   o
alojamento para o cabo posterior do freio e, do outro, um furo onde se engancha uma
mola de extensão.

5) Tambor do Freio:
O tambor do freio recebe a ação de
freiamento   exercida   pelas   sapatas   do   freio   e
através do cubo de roda, ao qual  é solidário,
transmitindo o freiamento à roda.

6) Alavanca   do   Freio   de
Estacionamento:
Possui   uma   alavanca   de   operação
da   catraca   que   faz   girar   a   alavanca   de
acionamento do excêntrico.

 
Fig. 48 - Freio
b. FUNCIONAMENTO DO FREIO:

Quando se atua nas alavancas do freio de estrada ou de estacionamento, provoca­se a
rotação   da   alavanca   de   acionamento   do   excêntrico   e,   por   conseguinte,   do   excêntrico,
determinando   a   expansão   das   sapatas   do   freio.     A   ação   de   freiamento   exercida   pelas
sapatas   sobre   os   respectivos   tambores   do   freio,   solidários   aos   cubos   de   roda,   é
transmitida às rodas.

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11. ESCUDO

Destina­se   a   proporcionar   proteção   aos   serventes   e   ao   material,   sobretudo


contra estilhaços de granadas inimigas.  Compões­se de dois semi­escudos unidos entre si
por intermédio de uma tranca superior existente no semi­escudo direito.
Cada semi­escudo possui três escoras articuladas para a fixação do escudo ao
porta­berço.     Os   semi­escudos   são   moldados   de   forma   a   possuírem,   no   centro,   uma
abertura protegida lateralmente por uma cantoneira e por uma capota, unidas por uma
cavilha de fixação.

1. Semi-escudo esquerdo
2. Viseira direita
3. Escora inferior
4. Escora curta
5. Escora superior
6. semi-escudo direito
7. Corrente com capa
8. Viseira superior
9. Braçadeira de segurança
10. Tranca superior

Fig. 49– Escudo

a. SEMI­ESCUDO DIREITO

O semi­escudo direito apresenta em sua parte posterior:
- Uma   braçadeira   de   segurança   com   corrente   para   prender   os   eixos   de
transporte;
- Três escoras de sustentação do escudo;
- Uma   correia   para   prender   as   escoras   quando   o   material   é   desmontado   e
transportado sobre mulas;
- Duas correntes com capa de couro para o transporte sobre mulas;
- Uma viseira com corrediça para a pontaria direta com luneta cotovelo.
Em sua parte anterior:
- Uma braçadeira para a fixação da barra de tração animal;
- Uma braçadeira e um suporte para a barra de tração do obus.

b. SEMI­ESCUDO ESQUERDO

Em sua parte posterior apresenta:
- Uma   braçadeira   de   segurança   com   corrente   para   prender   os   eixos   de
transporte;
- Três escoras de sustentação do escudo;
- Uma correia para prender as escoras quando o material está desmontado e é
transportado sobre mulas;
- Duas correntes com capa de couro para o transporte sobre mulas;
- Três viseiras, sendo duas com charneira e uma com corrediça, que servem
para   auxiliar   a   pontaria   quando   as   balizas   são   colocadas   à   frente   das   peças   e,
eventualmente, para a pontaria direta com a luneta panorâmica;
- Três botões de segurança de viseira.
Em sua parte anterior:
- Uma braçadeira para prender a barra de tração animal;
- Uma braçadeira e um suporte para o dispositivo de amarração das flechas.

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CAPÍTULO 5

MECANISMO  DE  RECUO

O mecanismo de recuo do obuseiro M56 Oto Melara é do tipo hidromecânico,
com   funcionamento   independente   de   recuo   variável.     O   mecanismo   é   constituído   pelo
sistema de recuo superior, contido no berço superior, e pelo sistema de recuo inferior,
inserido no berço inferior.

1. SISTEMA DE RECUO SUPERIOR 

Encontra­se   inserido   no   berço   superior   e   é   constituído   de   dois   freio­


recuperadores, construídos de modo a serem facilmente substituídos, compreendendo um
freio hidráulico, um  recuperador tipo mola e um compensador, os quais são descritos a
seguir:

 
Fig. 50 – Sistema de recuo superior

1. Freio recuperador completo 13. Anel de vedação


2. Suporte 14. Retentor
3. Caixa de vedação completa 15. Anel de vedação
4. Caixa 16. Mola helicoidal
5. Colar 17. Válvula de enchimento de óleo
6. Chaveta 18. Sede da válvula
7. Anel de vedação 19. Válvula
8. Colar do êmbolo 20. Tampa de proteção da válvula
9. Compensador completo 21. Disco
10. Cilindro do compensador 22. Bujão
11. Colar-gia do êmbolo 23. Mola
12. Êmbolo 24. Cilindro

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25. Diafragma 29. Apoio da mola


26. Suporte do pistão 30. Mola helicoidal
27. Anel de travamento 31. Válvula fixa
28. Apoio do êmbolo 32. Válvula rotativa

a. FREIO HIDRÁULICO: 
O freio hidráulico é composto por:
- um cilindro;
- uma caixa de vedação;
- uma haste do freio­recuperador;
- um dispositivo para variação do fluxo de óleo.

1) Cilindro: 
É   construído   em   aço   e   apresenta,   em   sua   parte   interna,   duas   seções   de
comprimento e diâmetro diferentes.  
Na parte posterior, cujo diâmetro é menor, existe um par de sulcos helicoidais
nos quais se introduzem as saliências da válvula de rotação, um par de sulcos retilíneos
para a válvula deslizante (responsável pela volta em bateria) e uma parte com rosca que
permite o aparafusamento da caixa de vedação.
A parte posterior, de maior diâmetro, apresenta uma superfície lisa terminando
com uma parte com rosca, na qual é aparafusado o cilindro do compensador.
O   cilindro,   externamente,   possui   a   suprfície   lisa.   Anteriormente   possui   dois
sólidos ressaltos e um dente que servem para impedir o desaparafusamento e a rotação
em relação ao berço.

2) Caixa de Vedação:
Realiza   o   fechamento   hermético   do   cilindro   na   parte   posterior   e,   ao   mesmo
tempo, permite o deslizamento da haste do freio­recuperador.  Anteriormente possui um
degrau que serve de apoio para a mola recuperadora, compreendendo:
- Um   colar   de   bronze   com   rosca   externa,   para   o   aparafusamento   sobre   o
cilindro, e rosca interna, para o aparafusamento na caixa de vedação. Tem uma tampa
com a função de manter o colar em sua sede.  Ela é aparafusada ao colar e segura contra
possíveis   desaparafusamentos   por   uma   chaveta   que   se   engraza,   parte   em   um   entalhe
existente na própria tampa, e parte em um dos seis entalhes existentes sobre o bordo
posterior do cilindro.
- Três anéis de vedação com seção em “V”, reunidos no interior da caixa de
vedação entre a haste do freio­recuperador e o colar.
- Uma junta com seção retangular e um retentor, dispostos entre o colar e a
caixa de vedação, a fim de permitirem a vedação entre o colar e o cilindro.

3) Haste do Freio­recuperador:
É construída em aço, torneada em diversos diâmetros.   Em sua extremidade
posterior possui uma luva protetora para o acoplamento com as correspondentes trancas
de união.  A luva protetora é presa na haste através de uma porca aparafusada e é fixada
por um pino cônico maciço.   Mais à frente, a cerca de dois terços do seu comprimento,
encontra­se o apoio da mola recuperadora e o rolamento de esfera, o qual é apoiado em
um colar aparafusado à haste e fixado com um pino reto.

4) Dispositivo Para Variação do Fluxo de Óleo:
É constituído dos seguintes componentes:
- uma válvula fixa;
- uma válvula de rotação;
- uma válvula deslizante.
A   válvula   fixa   apresenta   externamente   quatro   entalhes   com   profundidades
constantes e está aparafusada sobre a haste do freio­recuperador.  Uma chaveta impede o
seu eventual desaparafusamento.
A válvula de rotação tem a forma cilíndrica e apresenta, externamente, quatro
largos canais que se interrompem a dois terços de seu comprimento e trazem ao fundo as
janelas   para   o   fluxo   de   óleo   e   duas   saliências   helicoidais   que   se   introduzem   nos
correspondentes  sulcos do  cilindro  e determinam  a  rotação  da  válvula.   Internamente,

S/S Armamento pesado 50


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possui uma parte com rosca à qual é aparafusado um diafragma.   Este possui janelas
para o fechamento da válvula deslizante e é fixado por um parafuso de segurança.
A   válvula   deslizante   consiste   num   disco   com   um   furo   ao   centro   para   a
passagem da haste do freio­recuperador.   Possui quatro janelas para o fluxo de  óleo e
duas saliências periféricas  que se introduzem nos correspondentes sulcos retilíneos do
cilindro. Pode deslizar ao longo da haste por cerca de 7 milímetros.  É limitada por uma
porca aparafusada sobre a extremidade anterior da haste do freio­recuperador.

b. RECUPERADOR TIPO MOLA:

É   constituído   de   uma   mola   helicoidal   introduzida   sobre   a   haste   do   freio­


recuperador.   A mola recuperadora apoia­se com a parte anterior ao conjunto apoio da
mola recuperadora – rolamento de esferas – colar da haste (apoio móvel), e com a parte
posterior   ao   degrau   da   caixa   de   vedação   (apoio   fixo).     O   conjunto   apoio   da   mola
recuperadora  – rolamento de esferas – colar da haste,  é aparafusado  à haste do freio­
recuperador.

c. COMPENSADOR:

O compensador é constituído por:

1)   Um   cilindro   aparafusado   na   parte   anterior   interna   do   cilindro   do   freio


recuperador que apresenta:
- internamente, uma superfície lisa e interrompida por um ressalto em forma
de anel, sobre o qual é aparafusado um colar­guia com respectiva chaveta para guiar os
movimentos do êmbolo.
- externamente,   uma   superfície   lisa   que   termina   anteriormente   com   uma
parte   com   rosca   de   maior   diâmetro   para   o   aparafusamento   sobre   o   cilindro   do   freio­
recuperador.   A diferença de diâmetro constitui saliência para o apoio de dois anéis, o
anel de vedação e o retentor do anel de vedação, os quais garantem a vedação entre o
cilindro do compensador e o cilindro do freio­recuperador.
- sobre   a   borda   anterior,   quatro   entalhes   para   a   chaveta.   O   cilindro   do
compensador é bloqueado na posição correta por uma chaveta fixada por um parafuso e
que   se   introduz   simultaneamente   em   um   dos   quatro   entalhes   do   cilindro   do
compensador,   em   um   dos   seis   entalhes   sobre   a   borda   anterior   do   cilindro   do   freio­
recuperador e sobre o entalhe do anel de aperto.
- Posteriormente, o cilindro é fechado por uma válvula de pressão.

2) Um êmbolo constituído de:
- Um pistão furado, com anel de vedação com seção em “V” para garantir a
vedação entre o êmbolo e o cilindro.  Em sua face anterior, encontra­se o apoio da mola do
compensador.
- Um   cabo   de   pistão   furado   que   apresenta,   posteriormente,   um   alojamento
para a válvula depressão e, anteriormente, um alojamento para a válvula de enchimento
de   óleo.     Esta   última   consiste   em     um   pequeno   cilindro   aparafusado,   com   anel   de
vedação, pressionado por uma mola helicoidal, a fim de impedir eventuais perdas de óleo.

3) Uma mola helicoidal que pressiona o êmbolo do compensador para trás.

2. SISTEMA DE RECUO INFERIOR

O   sistema   de   recuo   inferior   encontra­se   inserido   no   berço   inferior,   sendo


constituído por um freio de disparo hidráulico, um compensador, dois recuperadores tipo
mola e um mecanismo regulador de recuo, os quais serão apresentados a seguir:

a. FREIO DE DISPARO HIDRÁULICO:

O freio de disparo hidráulico compreende:

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- um cilindro;
- uma caixa de vedação;
- uma haste de freio;
- um dispositivo para variação do fluxo de óleo.

1)Cilindro 
O   cilindro   é   de   aço   e   apresenta,   internamente,   duas   partes   de   diâmetros
diversos. Na parte posterior, de diâmetro menor, existem:

­ Dois  pares de sulcos helicoidais, nos quais deslizam as saliências da válvula
de rotação, da válvula retardadora e da contra­válvula de rotação (responsável pela volta
em bateria).
­   Dois   pares   de   sulcos   retilíneos   para   a   contra­válvula   de   retardo   e   para   a
válvula deslizante (responsável pela volta em bateria).
­ Uma parte com rosca na qual é aparafusada a caixa de vedação.

Na parte anterior, de diâmetro maior, nota­se a superfície lisa terminando em
uma   parte   com   rosca   para   o   aparafusamento   do   cilindro   do   compensador.     Sobre   a
superfície externa existem:
­ Dois grandes ressaltos que impedem que o cilindro saia do berço;
­ Dois entalhes para a união do cilindro ao mecanismo regulador do recuo.

Analogamente, como vimos no sistema de recuo superior, pode­se substituir em
curto espaço de tempo todo o freio inferior.

 
Fig. 51– Sistema de recuo inferior

1. Freio de recuo completo 5. Cilindro do compensador


2. Caixa de vedação 6. Anel de vedação do compensador
3. Anel de vedação 7. Êmbolo do compensador
4. Compensador completo 8. Mola helicoidal do compensador

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9. Válvula de recompletamento de óleo 19. Luva rosqueada


10. Tampa de proteção da válvula 20. Haste
11. Arruela 21. Chaveta de travamento
12. Disco 22. Anel de travamento
13. Bujão 23. Válvula fixa
14. Anel 24. Válvula de retardo
15. Mola helicoidal 25. Válvula de rotação
16. Contra-válvula de retardo 26. Válvula deslizante
17. Contra-válvula de rotação 27. Cruzeta de ligação
18. Diafragma 28. Cilindro

2) Caixa de Vedação:
Realiza   o   fechamento   hermético   do   cilindro   na   parte   posterior   e,   ao   mesmo
tempo, permite o deslizamento da haste.  A caixa de vedação é constituída de:
­   Um   colar   de   bronze   com   rosca   externa,   para   o   aparafusamento   sobre   o
cilindro,   com   um   cubo   para   o   apoio   sobre   o   berço   e   quatro   entalhes   frontais   para   o
encaixe da chaveta;
- Três anéis de vedação com seção em “V”, que asseguram a vedação entre a
haste e o colar;
- Uma junta com seção retangular e dois retentores, que asseguram a vedação
entre o colar e o cilindro;

- Uma   chaveta   fixada   com   parafusos,   introduzida   parte   em   um   entalhe   do


colar, parte em um dos oito entalhes da borda posterior do cilindro, a fim de impedir a
rotação do colar.

3) Haste do Freio: 
É   construída   em   aço   e   torneada   em   vários   diâmetros.     A   sua   extremidade
posterior possui uma rosca para o aparafusamento de um anel e de uma porca para a
união à cruzeta de ligação.
A haste  do  freio  termina  anteriormente  com uma  parte rosqueada.    Sobre a
parte rosqueada, introduz­se uma porca anterior que também possui rosca  interna, para
o   aparafusamento  sobre   a   haste,   e  rosca   externa,   para   o   aparafusamento   do  colar   da
haste.   Um pino de bloqueio impede que a porca se desaparafuse da haste e o colar se
desaparafuse da porca.   Sobre a porca introduz­se, ainda, a válvula deslizante, a qual
pode deslizar cerca de 7 mm entre a contra­válvula de rotação e o colar.

A cruzeta de ligação das hastes tem três cubos:
- O central possui duas saliências externas para a união ao berço superior e
uma cavidade posterior para a chaveta de travamento, a qual impede que a haste gire na
cruzeta.   Internamente, o cubo tem um furo para a passagem da haste do freio e duas
cavidades, uma anterior e outra posterior, para o alojamento do anel de aperto e da porca
posterior, os quais fixam a haste do freio na cruzeta.
- Os   dois   cubos   laterais   são   furados   para   a   passagem   das   hastes   dos
recuperadores inferiores. 

4) Dispositivo Para Variação do Fluxo de Óleo:
É constituído por:
- uma válvula fixa;
- uma válvula de rotação;
- uma válvula retardadora;
- uma contra­válvula de retardo;
- uma contra­válvula de rotação;
- uma válvula deslizante.

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A válvula fixa apresenta quatro entalhes de profundidades constantes. É fixada
sobre   a   haste   do   freio   e   possui   uma   chaveta,   a   fim   de   evitar   eventuais
desaparafusamentos.
A válvula de rotação tem a forma cilíndrica e apresenta, externamente, quatro
largos canais, que se interrompem a dois terços do comprimento e trazem ao fundo as
janelas para o fluxo do óleo, e quatro saliências helicoidais que se introduzem nos sulcos
correspondentes do cilindro, determinando a rotação da válvula.   Internamente, possui
uma rosca para o aparafusamento do diafragma, no qual existem quatro grandes janelas
para a passagem do óleo.  A posição deste diafragma é definida por um parafuso.
A válvula retardadora consiste em um anel introduzido na haste e que possui,
frontalmente, seis janelas radiais para o fluxo de óleo e, externamente, quatro saliências
helicoidais que se introduzem nos correspondentes sulcos do cilindro.
A   contra­válvula   de   retardo   consiste   em   um   anel   introduzido   na   haste.
Frontalmente, possui  seis janelas radiais para  o fluxo  de  óleo  e, externamente,  quatro
saliências retas que se introduzem nos correspondentes sulcos do cilindro.

A   contra­válvula   de   rotação   consiste   em   um   anel   introduzido   na   haste   com


quatro   janelas   radiais   para   o   fluxo   de   óleo.   Externamente   possui   quatro   saliências
helicoidais que se introduzem nos correspondentes sulcos do cilindro.
A válvula deslizante apresenta duas pequenas janelas para o fluxo de óleo em
forma de arco e quatro ressaltos externos com saliências retas, que se introduzem nos
correspondentes sulcos do cilindro.

b. COMPENSADOR:

É   análogo   aos   compensadores   dos   freio­recuperadores   superiores,   seja   nos


componentes,   seja   no   funcionamento.     A   única   diferença   consiste   na   inexistência   do
colar­guia com chaveta para guiar os movimentos do êmbolo, cuja função é absorvida pelo
cilindro   do   compensador.     Além   disso,   sobre   o   cilindro   do   compensador,   é   aplicado   o
indicador de rotação do cilindro do freio, que varia de acordo com a elevação da boca de
fogo.

 
Fig. 52 – Freio de recuo e compensador

1. Cilindro 9. Tampa do berço


2. Válvula rotativa 10. Válvula de enchimento
3. Diafragma 11. Mola do compensador
4. Válvula retardadora 12. Êmbolo
5. Contra-válvula de reterdo 13. Válvula de contra-retorno
6. Luva 14. Sede da válvula
7. Colar da haste do freio 15. Válvula deslizante
8. Cilindro do compensador

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16. Contra-válvula de rotação 18. Haste do freio


17. Válvula Fixa

c. RECUPERADORES TIPO MOLA:

São em numero de dois, de ação telescópica, sendo cada um composto por:
- uma haste filetada;
- uma camisa de haste filetada;
- um cilindro do recuperador;
- duas molas externas de compressão;
- duas molas internas de compressão.

A haste filetada possui, na extremidade anterior, um furo para a passagem de
uma   lingueta   e,   posteriormente,   uma   cabeça   hexagonal   com   um   colete   cilíndrico   para
junção à cruzeta de ligação.   Entre o colete e a cruzeta de ligação, existe uma roseta de
bronze.

 
Fig. 53– Recuperador tipo mola

1. Camisa
2. Haste filetada
3. Mola externa
4. Mola interna
5. Cilindro recuperador
6. Espaçador

A camisa da haste filetada tem, posteriormente, uma parte aparafusada sobre a
haste e, anteriormente,  aparafusada  a porca  de aperto.   A porca  de aperto  é furada  e
ligada à extremidade da haste filetada por intermédio de uma lingueta.
O cilindro recuperador apresenta, anteriormente, um colar de bronze, para o
deslizamento no berço, que constitui o apoio das molas externas.  Em sua parte posterior,
possui uma bucha de bronze furada, para que a haste filetada com sua camisa deslize em
seu interior, e constitui­se no apoio fixo das molas internas.
As molas externas são montadas sobre o cilindro do recuperador.  Elas apoiam­
se, anteriormente,  sobre o colar de bronze do  cilindro  do  recuperador,  posteriormente,
sobre   a   bucha   de   bronze   da   cruzeta   de   ligação   das   hastes,   na   qual   desliza   o   cilindro
recuperador.  Entre essas duas molas existe um anel separador.
As molas internas são montadas no interior do cilindro do recuperador, sobre a
camisa da haste filetada.  Anteriormente, apoiam­se, através de um rolamento de esferas
do recuperador, na camisa da haste filetada e sua porca de aperto e, posteriormente, na

55 S/S Armamento Pesado


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bucha de bronze do cilindro do recuperador.    A exemplo das molas externas, entre as
duas molas também existe um anel separador. 

d. MECANISMO REGULADOR DO RECUO:

O mecanismo regulador de recuo possui a função de diminuir o comprimento
do recuo quando a inclinação da boca de fogo em relação ao solo for superior a 30o , a fim
de evitar que a culatra venha a chocar­se com o chão durante o tiro com grandes ângulos
de elevação.  O mecanismo atua somente sobre o sistema de recuo inferior.
A diminuição do mecanismo do recuo é obtida pela alteração da posição inicial
entre a válvula fixa e a válvula de rotação, variável de acordo com o ângulo de elevação, de
modo que a s janelas do fluxo de óleo fiquem, no início do recuo, parcialmente fechadas,
como se o berço superior já estivesse recuado de uma certa quantidade.

 
Fig. 54– Mecanismo regulador do recuo

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1. Bucha do indicador 12. Conector de união


2. Tampa de rotação 13. Alojamento do eixo de controle
3. Mola do mecanismo regulador 14. Articulação do eixo de controle
4. Pino de segurança 15. Luva do eixo de controle
5. Bucha de aço 16. Escala de rotação do cilindro de freio
6. Arco do mecanismo regulador 17. Indicador de rotação
7. Pino-guia (fixo no berço inferior) 18. Eixo ranhurado
8. Entalhe do pino (fixo no porta-berço) 19. Eixo de controle
9. Articulação da haste de atuação 20. Pino do eixo ranhurado
10. Haste de atuação 21. Braço da manivela do eixo de controle
11. Indicador de correção do recuo

O mecanismo localiza­se a esquerda do berço inferior e compreende:
1) Um arco do mecanismo regulador de recuo introduzido no cone de encaixe
do suporte da luneta panorâmica que apresenta:
- Um entalhe, onde introduz­se um pino que é fixo ao porta­berço e provoca a
rotação do arco quando varia a inclinação do berço;

- Uma fenda na qual introduz­se um pino­guia, fixo ao berço inferior, com a
função de guiar os movimentos do arco.
2) A   articulação   da   haste   de   atuação   disposta   entre   o   arco   e   a   haste   de
atuação.
3) A haste de atuação em forma de “T”.
4) O eixo ranhurado que possui, anteriormente, um pino cilíndrico.
5) O conector de união da haste com o eixo ranhurado.
6) Um indicador de correção do recuo o qual é fixado à haste de atuação por
intermédio  de   um  pino   cônico.   Possui  uma   fenda   retangular  sobre   cujas  bordas   está
marcada uma graduação convencional de 0 a 9 para verificações.
7) O alojamento do eixo de controle de forma cilíndrica, preso ao berço inferior
por uma base e fixado por uma chaveta.  O alojamento do eixo de controle apresenta:
- Na   extremidade   posterior,   uma   parte   com   sulcos   externos   para   o
deslizamento do eixo ranhurado;
- Na extremidade anterior, um furo transversal para a montagem do pino do
eixo ranhurado e dois ressaltos frontais para o acoplamento com eixo de controle. 
8) O eixo de controle com  guias e braço de manivela.  As guias consistem em
duas longas janelas, diametralmente opostas, nas quais deslizam a extremidade do pino
do eixo ranhurado.   O eixo de controle tem uma primeira parte anterior retilínea, uma
Segunda   parte   intermediária   helicoidal,   com   passo   de   800   mm,   e   uma   terceira   parte
posterior   helicoidal,   com   passo   de   1600   mm.     O   braço   da   manivela   constitui   a   parte
anterior do eixo  de controle e tem, em sua extremidade,  um furo para  a  união  com a
articulação   do   eixo   de   controle.     Posteriormente,   no   braço,   existem   dois   ressaltos
circulares interrompidos, que servem para o acoplamento com o alojamento do eixo de
controle.
9) Uma luva de reforço, introduzida sobre o eixo de controle, fixada com um
anel de aperto.
10)   Uma tampa de rotação para a rotação do cilindro do freio, sobre o qual
existem:
- Dois ressaltos periféricos, diametralmente opostos, que se alojam em duas
cavidades correspondentes do cilindro do freio;
- Um   pino   para   a   união   com   a   articulação   do   eixo   de   controle   e   para   a
colocação da mola do mecanismo regulador;
- Um cubo furado;
- Uma fenda arqueada para passagem do ar.
11)  A articulação do eixo de controle com um pino em uma extremidade e, na
outra, um furo para a união, ao braço da manivela do eixo de controle e ao pino da tampa
de rotação do cilindro do freio, respectivamente.

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12)  Uma mola do mecanismo regulador, fixada por uma extremidade ao pino da
tampa de rotação e pela outra a um pino de segurança existente no berço.

3. FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS DE RECUO

No   estudo   dos   sistemas   de   recuo,   consideraremos   os   sistemas   superior   e


inferior como independentes, porém, ao término do funcionamento, deve­se considerá­los
como   um   único   sistema,   tendo   em   vista   que   um   depende   totalmente   do   outro.     Os
sistemas são organizados de modo a reduzir ao mínimo o impacto no reparo, de modo que
este possa ser construído em dimensões compatíveis que permitam que o obuseiro M56
seja transportado sobre animais.
Em repouso, as diversas partes dos sistemas têm as seguintes posições:

Sistema de Recuo Superior:
- Haste   dos   freios   recuperadores   completamente   no   interior   dos
correspondentes cilindros;
- Janelas dos fluxos de óleo entre a válvula fixa e a válvula de rotação, em
posição de MÁXIMA ABERTURA;
- Janelas do diafragma da válvula de rotação em correspondência aos cheios
da válvula deslizante;
- Óleo contido no espaço compreendido entre a caixa de vedação e a válvula
fixa,   e   no   espaço   entre   a   válvula   deslizante   e   a   superfície   anterior   do   êmbolo   do
compensador.

Sistema de Recuo Inferior:
- A haste do freio inferior completamente no interior do cilindro;
- Janelas   de   fluxo   de   óleo   entre   a   válvula   fixa   e   a   válvula   de   rotação   em
posição de MÁXIMA ABERTURA, com relação ao ângulo de elevação.   A posição entre a
válvula fixa e a válvula de rotação é variada inicialmente através do mecanismo regulador
de recuo em função da elevação da boca de fogo.
- Janelas de fluxo de óleo da válvula retardadora em correspondência com os
cheios da contra­válvula de retardo (janelas fechadas);
- Janelas de fluxo de óleo da válvula deslizante em correspondência  cos os
cheios da contra­válvula de rotação;
- Óleo contido no espaço compreendido entre a caixa de vedação e a válvula
fixa,   e   no   espaço   entre   a   válvula   deslizante   e   a   superfície   anterior   do   êmbolo   do
compensador.

a. FUNCIONAMENTO DURANTE O RECUO:

Ocorrido   o   tiro,   a   boca   de   fogo,   sob   o   impulso   dos   gases   liberados   pela
deflagração   da   carga   de   projeção,   recua   arrastando   em   seu   movimento   as   hastes   dos
freios­recuperadores do mecanismo de recuo superior.
Inicialmente o mecanismo de recuo inferior não se move, uma vez que oferece
uma   resistência   decisivamente   maior   que   a   oferecida   pelo   superior.     A   resistência   é
proporcional à velocidade do recuo, isto é, à velocidade da  massa recuante.  Tal reação é
obtida com a posição inicial entre as válvulas retardadora e contra­válvula retardadora, e
também pelo conjunto de molas dos recuperadores do mecanismo de recuo inferior.
Em seguida ao recuo das hastes dos freios­recuperadores, o óleo é comprimido
entre a caixa de vedação e a válvula rotativa.  O óleo é assim obrigado a fluir em altíssima
velocidade através das janelas do sistema válvula fixa­válvula rotativa, originando a força
resistente que se opõe ao movimento de recuo.
O óleo age contra a válvula deslizante obrigando­a a se afastar cerca de 7 mm,
de modo que o óleo não encontra resistência.
Apenas iniciado o movimento do recuo, a válvula rotativa, por efeito dos seus
ressaltos introduzidos nos correspondentes sulcos helicoidais do cilindro, começa a girar
fechando progressivamente as janelas do fluxo de óleo até o seu completo fechamento.
O recuo das hastes provoca a compressão das molas recuperadoras, as quais
armazenam a energia necessária para reconduzir a arma em bateria.

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A   medida   que   a   haste   sai   dos   respectivos   cilindros   o   óleo   passa   da   parte
posterior   para   a   anterior   do   cilindro,   fluindo   através   das   janelas   de   fluxo   da   válvula
rotativa,   verifica­se   que   a   quantidade   de   óleo   que   fluiu   (já   considerando   também   o
aumento do volume de óleo decorrente do acréscimo da temperatura) encontrar­se­á em
uma   parte   do   cilindro   cuja   capacidade   volumétrica   aumentou   de   uma   quantidade
correspondente ao volume da haste que saiu do cilindro.  Em consequência, o óleo contido
no compensador, sob a pressão da mola do êmbolo do compensador, pressiona a válvula
de pressão (contra­retorno), abrindo­a.   O óleo do compensador pode, desta forma, fluir
para o cilindro do freio­recuperador em quantidade igual ao volume da haste que saiu.
Quando   a   resistência   oferecida   pelo   mecanismo   de   recuo   superior   é   igual   à
oferecida   pelo   mecanismo   de   recuo   inferior,   este   começa   a   entrar   em   funcionamento.
Para tanto, a boca de fogo e o berço superior começam a recuar sobre o berço inferior.  A
abertura das janelas de fluxo nos dois complexos dos sistemas de recuo  é regulada de
modo que não haja interrupções no movimento de recuo e que a soma das resistências
resulte constante.
Apenas   iniciado   o   recuo   da   boca   de   fogo   e   do   berço   superior   sobre   o   berço
inferor, a válvula rotativa do freio de recuo ( no mecanismo inferior), começa a girar, por
ação dos quatro ressaltos introduzidos nos sulcos helicoidais correspondentes do cilindro.
Uma vez que as janelas de fluxo têm amplitude angular maior que os entalhes
(canais) da válvula, na primeira parte do movimento, não se tem nenhuma variação do
fluxo do óleo.  Depois de 140 mm de curso (corresponde a 7º de rotação), os entalhes da
válvula fixa começam a ser fechados pela válvula rotativa, até o seu completo fechamento,
ao mesmo tempo que a válvula deslizante (que inicialmente estava fechada) é obrigada a
se afastar da contra­válvula rotativa, deixando um espaço livre para o óleo fluir.  Depois
de 270 mm de curso (equivale a 30º 30’ de rotação da válvula retardadora) as janelas da
válvula   retardadora   se   abrem   progressivamente   até   a   sua   completa   abertura   e
permanecem   abertas   durante   todo   o   recuo,   uma   vez   que   as   janelas   da   contra­válvula
retardadora têm amplitude angular maior que as janelas da válvula retardadora.

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Fig. 55– Fases do funcionamento do mecanismo de recuo

A haste do freio inferior recuando arrasta, em seu movimento, as hastes dos
recuperadores,   as   quais   estão   unidas   pela   cruzeta   de   ligação,   determinando,   em
conseqüência,   a   compressão   das   molas   recuperadoras,   pois,   durante   o   recuo,   a   haste
filetada   é puxada  para  trás pela  cruzeta de ligação  e, sendo  aparafusada   à camisa  da
haste   filetada,   comprime,   conseqüentemente,   as   molas   internas.     O   cilindro   do
recuperador, solicitado pelas molas internas, comprime por sua vez as molas externas, de
maneira que assim será armazenada energia para recuperação após o término do recuo.
Ao término do recuo, na parte anterior dos cilindros (tanto no sistema de recuo
superior quanto no inferior), existe uma quantidade de líquido maior do que aquela que
existia na parte posterior dos cilindros antes do início do recuo.  Isto permite freiar a volta
em   bateria   no   início   do   movimento,   evitando­se,   desta   forma,   bruscas   variações   de
velocidade que comprometeriam a estabilidade do material.

b. FUNCIONAMENTO DURANTE A VOLTA EM BATERIA:

Ao término do recuo, isto é, quando toda a força viva do recuo foi absorvida
pela resistência oferecida pela posição das janelas de fluxo de óleo, pela compressão das
molas   recuperadoras   e   pelo   atrito   entre   as   diversas   partes   do   berço,   as   molas
recuperadoras   distendem­se,   levando   para   a   frente   as   hastes   e,   com   elas,   a   massa
recuante.  O movimento de volta em bateria é realizado em uma sucessão semelhante ao
movimento de recuo, com a boca de fogo movendo­se primeiro sobre o berço superior e
depois   a   boca   de  fogo   e  o   berço   superior   movendo­se   sobre   o  berço   inferior.     Em   um
pequeno trecho, na fase final, o movimento do berço superior sobre o berço inferior e o da
boca de fogo sobre o berço superior são realizados simultaneamente. Contudo, para maior
clareza, considera­se que os movimentos são realizados em tempos sucessivos.
No   movimento   de   volta   em   bateria,   não   são   apenas   as   hastes   dos   freios­
recuperadores   que,   sob   impulso   das  molas,   começam   a   avançar.     O  óleo,  comprimido
entra a válvula deslizante e o êmbolo do compensador, provoca o avanço da válvula de

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pressão, que é assim obrigada a ocupar o seu alojamento.   O óleo comprimido provoca,
ainda,  o recuo da válvula deslizante, que é obrigada a se juntar ao diafragma da válvula
de rotação.   Como o óleo não pode fluir para trás, passando através do sistema válvula
fixa ­ válvula de rotação (os entalhes da válvula fixa ao término do recuo estão fechados
por ação da válvula de rotação), é obrigado a fluir pelas cinco pequenas janelas e pelo
orifício central da válvula de pressão (contra­retorno), dando lugar a uma força resistente
oposta ao movimento de volta em bateria.
Logo que a massa recuante avança o suficiente para determinar a abertura dos
entalhes da válvula fixa, o óleo passa  da parte anterior para a parte posterior do cilindro.
A medida em que a massa recuante se movimenta, a válvula de rotação, ao girar, provoca
uma progressiva abertura dos entalhes da válvula fixa e um progressivo fechamento das
janelas   da   válvula   deslizante,   de   modo   que   o   óleo   encontre   em   sua   passagem   uma
resistência proporcional à velocidade de retorno da massa recuante.   A ação freiante de
retorno é assim obtida pela soma das resistências que o líquido encontra ao fluir através
das janelas do sistema diafragma da válvula de rotação ­ válvula deslizante.
Ao término do movimento da boca de fogo sobre o berço superior, as molas dos
recuperadores inferiores distendem­se, provocando o avanço do berço superior. 
  O   movimento   de   retorno   do   berço   superior   é  freiado   de   maneira   análoga   à
descrita para os freios recuperadores superiores. As diferenças não dizem respeito à parte
conceitual do funcionamento, mas somente à parte mecânica com que o funcionamento é
realizado,   uma   vez   que   o   fechamento   progressivo   das   janelas   da   válvula   deslizante   é
realizado pela rotação da contra­válvula de rotação.
Durante   o   movimento   do   berço   superior,   a   válvula   retardadora   fecha
progressivamente as janelas da contra­válvula de retardo.   O sistema válvula ­ contra­
válvula de retardo é organizado de modo a não interferir no funcionamento do sistema de
recuo inferior durante a volta em bateria.

c. FUNCIONAMENTO DOS COMPENSADORES

Durante o recuo, com a saída da haste do freio recuperador, cria­se na frente
do êmbolo (ou dispositivo de variação do fluxo) um vazio correspondente ao volume da
haste que saiu.  Tal depressão e mais a pressão devido a ação da mola do compensador
dão lugar à livre passagem do óleo do interior do compensador para o cilindro do freio­
recuperador, através da válvula de contra­retorno.
Na  volta  em  bateria,  a  válvula  de  contra­retorno  fecha­se e  o  óleoque  enche
completamente   o   cilindro   do   freio­recu[erador   é   obrigadoa   retornar   ao   compensador
através dos quatro orifícios da sede da válvula e pelo orifício central da válvula de contra­
retorno,   os   quais   obrigam   que   a   volta   em   bateria   seja   realizada   gradualmente,   sem
choque.
O eventual excesso de óleo, devido ao aumento de temperatura, determina uma
pressão sobre o êmbolo do compensador, que vem sendo a ação de sua mola, faz com que
ele avance, criando um aumento de volume no recipiente do compensador que contém o
óleo.
Observamos que o compensador tem por finalidade: 
1) Compensar o vazio que se forma no cilindro, durante o recuo, devido à saída
da   haste,   e   para   evitar   que   o   material,   durante   a   volta   em   bateria,   sofra   perigosa
solicitação que poderia comprometer sua estabilidade.
2) Concorrer para freiar (amortecer) a volta em bateria da massa recuante.
3) Completar eventuais perdas de óleo.
4)   Absorver   o   aumento   de   volume   do   óleo   dilatado   devido   ao   aumento   da
temperatura durante o tiro.

Pode­se,   portanto,   considerar   o   compensador   como   um   recompletador


automático, organizado também, como amortecedor de volta em bateria, juntamente com
o sistema da válvula de rotação.

d. FUNCIONAMENTO DO MECANISMO REGULADOR DO RECUO

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Variando a inclinação da boca de fogo, o arco do dispositivo de variação provoca
um deslizamento da árvore ranhurada em seu alojamento.  A árvore ranhurada com o seu
pino, desliza sem girar na árvore de controle.
Quando   o  pino   encontra   as paredes   inclinadas  das  janelas  guias  da   árvore  de
controle, ele é obrigado a girar e, através do braço de manivela, da conexão articulada e
da tampa rotativa, transmite a rotação ao cilindro do freio de recuo.
A   rotação   do   cilindro   do   freio   de   recuo,   por   sua   vez,   determina   a   rotação   da
válvula rotativa e da contra­válvula rotativa.  Consequentemente, a posição das janelas de
fluxo desta última, permanece invariável, enquanto ocorre a variação da posição entre as
janelas da válvula fixa e as janelas da válvula rotativa.  Desta forma as janelas do fluxo de
óleo   ficam,   inicialmente,   parcialmente   fechadas,   como   se   o   berço   superior   já   estivesse
recuado de uma certa distância.
O mecanismo regulador do recuo somente começa a atuar quando a inclinação da
boca de fogo é superior a 30º, para evitar que a arma bata com a bucha da culatra no
chão durante o recuo nos tiros com grandes ângulos de elevação.

4. CONTROLE DO ÓLEO NO MECANISMO DE RECUO

O   controle   e   a   manutenção   da   eficiência   dos   órgãos   elásticos   são   da


competência   da   guarnição,   sob   a   supervisão   do   Sgt   Chefe   de   Peça,   e   compreende   o
controle   propriamente   dito,   o   recompletamento   ou   retirada   do   óleo   dos   sistemas   e   o
exercitamento do mecanismo de recuo. 

a. ÓLEO DO MECANISMO DE RECUO

Os sistemas de recuo superior e inferior possuem as seguintes características:

­ Tipo de óleo empregado ­ Mil­H­13866 (RS)
­ Aeroshell   Fluid 1
­ Óleo Mineral Leve
­   Quantidade   de   óleo   contida   em   cada   freio   recuperador ­ 2,6 litros
(incluindo o compensador)
­ Quantidade de óleo contida no freio inferior (incluindo o ­ 4,8 litros
compensador)

Conforme visto na tabela acima, o óleo empregado nos freios­recuperadores e
no freio de recuo é o óleo especial para freios­recuperadores Mil­H­13866, ou Aeroshell
Fluid Nº 1.

   ATENÇÃO:  Não   deve   ser   utilizado   nenhum   outro   óleo


diferente dos previstos, nem mesmo o óleo recuperado dos
sistemas   de   recuo,   a   não   ser   em   caso   de   absoluta
necessidade.   O   uso   do   óleo   inadequado   pode   acarretar
danos aos retentores e às válvulas dos sistemas de recuo.

O   óleo   nunca   deve   ser   deixado   em   recipientes   abertos,   a   fim   de   se   evitar   o


depósito de poeira ou a condensação da umidade atmosférica.  Tanto o pó como a água
deterioram os sistemas de recuo e, em particular, as guarnições.  Em tais casos deve­se,
sempre, proceder a filtragem do óleo antes de colocá­lo nos cilindros e, no caso de se ter
suspeita de presença de água no óleo, efetuar um dos seguintes controles:

1) Encher um recipiente de vidro, com cerca de meio litro do óleo, fechar com
uma tampa e deixar em repouso. Posteriormente, inclinar ligeiramente o recipiente e, em
seguida,  emborcá­lo, olhando  contra a luz.   Caso  se observe algumas gotas ou bolhas
descendo lentamente através do óleo ou caso se verifique que este não é límpido, significa
que existe água.

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2) Aquecer o óleo até 100º C em um recipiente.  A formação de bolhas indica a
presença de água.

b. CONTROLE DO ÓLEO

As operações de controle, recompletamento e retirada do óleo são análogas, seja
para os freio­recuperadores, seja para o freio de recuo.  Antes do tiro, realizar o controle e,
se for o caso, o recompletamento do óleo. Este controle deve ser repetido durante o tiro,
sempre que a situação permitir.
Para verificar o nível de óleo, devem ser seguidos os procedimentos abaixo:
1) Colocar a boca de fogo na horizontal;
2) Introduzir no furo do bujão de proteção o vazador de óleo (vareta de medição)
até que ele toque na tampa de proteção da válvula de óleo do compensador;

 
Fig. 56– Verificação do nível de óleo no freio de recuo

1. Bujão de proteção
2. Vazador

3)   Se   a   vareta   penetrar   no   furo   até   9   cm   (marcação   maior)   para   os   freios­


recuperadores (sistema superior) e 6 cm (marcação menor) para o freio inferior (sistema
inferior), em coincidência com o plano do bujão de proteção, a quantidade de óleo será
considerada regular;
4) Caso a marcação esteja diferente dos valores estabelecidos, será necessária a
retirada ou o recompletamento do óleo.

c. RECOMPLETAMENTO DO ÓLEO

A operação de recompletamento do óleo compreende os procedimentos que se
seguem:
1) Colocar a boca de fogo na horizontal;
2) Desatarraxar e retirar os bujões de proteção;
3) Retirar a tampa de proteção da válvula de óleo;
4) Atarraxar a bomba de óleo na cabeça da válvula;
5) Bombear óleo em quantidade superior àquela que falta;

63 S/S Armamento Pesado


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6)   Verificar   o   nível   de   óleo   e   retirá­lo,   segundo   os   procedimentos   que   serão
vistos a seguir, até que a marcação esteja dentro dos parâmetros estabelecidos.

1. Bomba

2. Válvula

3. Êmbolo

4. Cilindro

5. Arruela

Fig. 57– Recompletamento do óleo no freio de recuo

d. RETIRADA DO ÓLEO

Se o óleo estiver em excesso, deve ser retirado da seguinte forma:
1) Colocar a boca de fogo em elevação máxima para a retirada do excedente;
2) Introduzir e pressionar com o vazador a válvula de óleo, até que o mesmo
esguiche;
3) Recolocar a tampa de proteção e bujão de proteção;
4) Fazer novas verificações do nível do óleo, com a vareta de medição, até que o
mesmo esteja adequado.

e. EXERCITAMENTO DO SISTEMA DE RECUO

Para que seja evitado o desgaste das peças do sistema, sobretudo os retentores,
há a necessidade da realização do exercitamento do sistema de recuo a cada quinze dias,
antes da realização do tiro real, ou toda vez que se manifestar a necessidade.  A operação
consiste em, com a peça na posição de joelho alto, fazer recuar a boca de fogo e recolocá­
la em bateria pelo menos quatro vezes consecutivas, por meio de cordas ou cabo de aço
com talha.  O recuo da boca de fogo deverá ser de cerca de 15 cm.

4. QUADRO DE INCIDENTES DO MECANISMO DE RECUO

O quadro abaixo apresenta os incidentes mais freqüentes que podem ocorrer
com o mecanismo de recuo, suas causas e as providências necessárias para saná­los.

INCIDENTES CAUSAS PROVIDÊNCIAS

Perda de óleo ­ Guarnições deterioradas e ­   Recolher   para


não   vedadas manutenção   no   escalão
convenientemente especializado
Recuo   excessivo   ou ­ Insuficiente quantidade de ­   Controlar   e,   se
freqüentemente próximo óleo no freio necessário,   recompletar
do limite máximo (*) a quantidade de óleo

S/S Armamento pesado 64


O 105/14 M56 AR Oto Melara Escola de Material Bélico

Recuo curto (*) - Substância   estranha ­ Limpar e lubrificar


entre   as   partes   móveis
(berço superior, trenó)

Retorno   em   bateria - Insuficiente   quantidade ­   Controlar   e,   se


violento (*) de óleo no freio. necessário,   recompletar
- Variação   da   viscosidade a quantidade de óleo
do   óleo   pela   elevada
aceleração do tiro ­ Resfriar a peça
Retorno   em   bateria ­   Excessiva   quantidade   de ­   Fazer   fluir   óleo   do
incompleto   ou   muito óleo no freio. freio   recuperador   e
lento (*) depois   recompletar   se
­ Substância estranha entre necessário.
as   partes   móveis   (berço - Limpar e lubrificar
superior, trenó) ou falta de
lubrificação
­   Recolher   para
­ Ruptura das molas manutenção   no   escalão
especializado
Deslizamento da boca de ­   Mola   defeituosa   ou ­   Recolher   para
fogo para trás quando se quebrada manutenção   no   escalão
eleva o tubo especializado

(*) Consultar a tabela dos comprimentos dos recuos variáveis do Manual C 6­80

CAPÍTULO 6

DESMONTAGEM  DO  MATERIAL  EM  GRANDES  GRUPOS

1. FINALIDADE

Como   foi   visto


anteriormente,   o   obuseiro   105
M56 AR Oto Melara é uma peça
de artilharia que se caracteriza
pela   flexibilidade.     Um   dos
recursos   que   lhe   proporciona
tal vantagem é a capacidade de
ser   desmontado   em   grandes
grupos,   o   que   permite   o   seu
transporte por diferentes meios,
inclusive à braço.  

Fig. 58 – Obuses Oto Melara sendo preparados para o


helitransporte
2. MEDIDAS DE SEGURANÇA

65 S/S Armamento Pesado


Escola de Material Bélico O 105/14 M56 AR Oto Melara
Para   a   execução   das   operações   de   desmontagem   e     montagem   em   grandes
grupos, deve ser dada atenção especial às normas de segurança abaixo, a fim de evitar
danos pessoais e ao material.
a. Evitar a criação de mossas nas superfícies deslizantes (trenó, berço superior
e berço inferior);
b. Antes de elevar o abaixar a boca de fogo, verificar se as trancas de união da
bucha da culatra com o berço superior e do berço superior com o berço inferior estão
acionadas, ou seja, na posição vertical.

3. DESMONTAGEM

As operações de desmontagem são as seguintes:
1)   Retirar   os   elementos   intermediários   das  flechas  agindo   nos   seus  reténs   e
eixos.
2) Retirar a barra de tração com olhal da clavija 
­ Antes, soltar o grampo de segurança e retirar o retém do conjunto barra de
tração ­ olhal.
3) Afrouxar a porca de fixação do dispositivo de amarração das flechas.
4) Retirar o dispositivo de amarração das flechas.
5) Liberar os pinos de fixação das flechas e abri­las.
6) Agir nos dispositivos de fixação das pás de conteira e desarticular as flechas,
colocando o material na posição de tiro.
7) Retirar as barras de transporte animal agindo nas porcas borboletas que as
retêm.
8) Retirar a barra de tração com dispositivo para acoplamento das barras de
transporte agindo nas porcas borboletas que as retêm.
9) Separar os escudos agindo na alavanca de união e na porca borboleta.
10) Retirar os escudos direito e esquerdo, soltando os seus respectivos braços.
11) Horizontalizar a boca de fogo.
12) Desligar o tubo da bucha da culatra
­ Para isto, puxar o retém do tubo (lado direito da bucha da culatra) e girar o
tubo de ¼ de volta para a direita.
13) Desligar a bucha da culatra do berço superior.
14) Com auxílio das barras de transporte animal, retirar a bucha da culatra.
15) Retirar o freio de boca.
­ Liberar o retém, girar o freio de boca para a direita e puxá­lo para a frente.
16) Retirar o tubo 
­   Retrair   o   tubo   até   aparecer   a   alça   de   transporte   posterior
(aproximadamente 40 cm)
­  Adaptar  a  barra   de  transporte  animal  na   alça   de  transporte  posterior  e
continuar retraindo o tubo até aparecer a alça de transporte posterior
­   Proceder   de   maneira   idêntica   com   a   outra   barra   de   transporte   animal,
concluindo a retirada do tubo
17)   Retirar   o   trenó   do   berço   superior   pela   frente,   utilizando   as   correntes
existentes nas barras de transporte animal
18) Colocar a peça com a bitola larga.
19) Retirar os equilibradores
­ Dar depressão máxima ao material, agindo na manivela de elevação (auxiliar a
depressão agindo na parte anterior do berço)
­   Girar   as   bases   dos   equilibradores   da   posição   LIVRE   para   a   posição
TRANCADO
­ Dar elevação no material o suficiente para liberar os equilibradores
­ Retirar os equilibradores
20) Horizontalizar o berço
21)   Desvincular   o   berço   superior,   colocando   as   trancas   de   união   do   berço
inferior com o punho em 45º.
22) Retirar o berço superior com o auxílio dos eixos de transporte, retirando­o
pela retaguarda
23) Retirar o berço inferior
­ Horizontalizar a alça do retém dos cobre­munhões do berço
­ Girar a alça de 180o  e puxá­la para o lado

S/S Armamento pesado 66


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­ Abrir os cobre­munhões
­ Levantar e retirar o berço inferior
24) Retirar o porta­berço
­ Colocar o retém do semi­eixo esquerdo na horizontal.
­ Soltar os elementos anteriores e posteriores das flechas para diminuir o
atrito das rodas com o solo.
­ Puxar o semi­eixo esquerdo cerca de dois centímetros
­ Voltar o retém do semi­eixo para sua posição normal
­ Continuar o semi­eixo até a posição BITOLA LARGA
­ Liberar o movimento do porta­berço agindo nos reténs
­ Agir na manivela de direção levando o porta­berço para a direita, até liberá­
lo do setor dentado
­ Levantar e retirar o porta­berço
25) Retirar as rodas
­   Abaixar   as   sapatas   e   colocar   a   peça   com   as   flechas   no   chão   ou   sobre
cavaletes.
­ Retirar a chaveta das rodas colocando o gancho de arrasto para o alto
­ Pressionar o pino levantando um pouco a chaveta
­ Retirar as rodas dos seus eixos
26) Retirar os eixos das rodas, liberando os seus dispositivos de travamento
27)   Retirar   os   braços   de   sustentação,   liberando   os   seus   dispositivos   de
travamento 
28) Retirar as flechas
­ Girar e puxar o eixo de união do elemento posterior e anterior das flechas
­ Separar o elemento posterior do anterior
­ Pressionar e girar o dispositivo de amarração das pás das conteiras e puxá­
lo para cima, retirando o eixo do elemento anterior da flecha
­ Levantar e fixar a sapata
­ Retirar o elemento anterior das flechas

4. MONTAGEM

Para realizar a montagem, deve­se executar as operações inversas. Ao montar o
berço superior, observar se o pino, que é fixo ao porta­berço, encaixou­se no entalhe do
arco   do   mecanismo   regulador   do   recuo.     Antes   da   montagem   o   mecânico   deve   ter   o
cuidado de inspecionar, limpar, lubrificar e ajustar as peças.

CAPÍTULO 7

MANUTENÇÃO ORGÂNICA (1º E 2º ESCALÕES)

1. LIMPEZA E CONSERVAÇÃO

O material deve ser guardado em local coberto, seco e o mais protegido possível
da poeira.  Deve ser dada especial atenção ao surgimento de ferrugem e, toda vez que esta
se   manifestar,   deve­se   eliminá­la,   lixando   a   parte   oxidada   com   uma   lixa   fina.     É
absolutamente PROIBIDO o uso de lixa grossa.
A limpeza do material é executada da maneira que se segue:

a. Partes externas pintadas:
Lavar as superfícies com água saponada fervendo (uma parte de sabão em vinte
de água), usando esponja ou pano, e, depois, com água limpa. Logo em seguida, enxugar
perfeitamente.

b. Superfícies laváveis, não pintadas:

67 S/S Armamento Pesado


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Limpar as peças usando esponja ou panos embebidos em água com sabão, ou
imergindo, quando possível, as mesmas peças.  Para os mecanismos, usar um pincel de
dimensões   apropriadas.     Depois   da   limpeza,   secar   cuidadosamente   e   executar   a
lubrificação segundo as indicações da carta­guia de lubrificação.

Se   forem   utilizados   derivados   de   petróleo,   o   cuidado   ao   enxaguar   as   partes


deverá   ser   ainda   maior,   pois   até   um   pequeno   traço   deixado   sobre   metais   facilitará   a
corrosão.
Para a boa manutenção do material, é indispensável atentar para os preceitos
adiante enumerados:
a. Ferrugem, pólvora, areia, óleo acumulado e água causam rápida erosão das
superfícies não pintadas dos mecanismos.
b. Para executar nova pintura deve­se remover primeiro aquela existente, com
solvente apropriado, e depois pintar com tinta esmalte sintético opaco.
c.   Limpar,   antes   de   usar,   os   acessórios   empregados   para   a   manutenção   e,
depois do uso, limpar e recobrir, com um pano embebido em  óleo lubrificante protetor,
aqueles acessórios suscetíveis de serem atacados pela ferrugem.
d. Evitar que sobre as partes de borracha permaneçam resíduos de produtos
derivados do petróleo, tais como solventes, gasolina, óleo diesel e óleos lubrificantes, pois
estes produtos descoloram, racham, ressecam, endurecem e destroem a borracha.   Esta
deve ser lavada com água e sabão neutro e, depois, com água limpa. Em seguida, deve ser
protegida com talco ou glicerina.
e. Não empregar para a limpeza gasolina ou produtos alcalinos.
f.   Não   empregar   água,   vapor   ou   areia   sob   pressão   para   a   limpeza   dos
instrumentos   de   pontaria.   Tais   materiais   são   limpos   com   uma   esponja   embebida
ligeiramente em água pura ou, se necessário, com água morna e sabão.

2. MANUTENÇÃO ANTES, DURANTE E APÓS O TIRO

a. MANUTENÇÃO ANTES DO TIRO

A   manutenção   antes   do   tiro   consiste   na   preparação   da   peça   para   os


consideráveis   esforços   e   tensões   a   que   será   submetida.   As   operações   de   manutenção
antes do tiro são as que se seguem:
1) Verificação do estado dos pneus, sua calibragem e fixação.
2) Verificação da integridade e limpeza do escudo, flechas, trenó, berço e partes
expostas, secando­as freqüentemente em caso de mau tempo.
3)   Verificar   as   condições   de   funcionamento   da   culatra,   dos   mecanismos   de
elevação e direção e dos pontos de fixação da peça (joelhos, reténs, etc.)
4) verificar o nível do óleo do freio de recuo e do recuperador e recompletar, se
for o caso.
5) Limpar o tubo e a câmara
6)   Limpar   e   lubrificar   com   uma   leve   camada   de   óleo   as   peças   móveis   e   as
corrediças.

b. MANUTENÇÃO DURANTE O TIRO

1) Limpeza e inspeção freqüente do tubo
2) Limpeza, inspeção e lubrificação das peças móveis, corrediças, mortagens e
hastes.
3) Inspeção visual do recuo  e da recuperação, que devem ser progressivos  e
suaves.
4)   Inspeção   visual   dos   pontos   de   apoio,   à   procura   de   fendas,   rachaduras,
empenos e outros sinais de dano causado pelo tiro ou pelo deslocamento da peça.
5)   Limpeza,   inspeção   e   lubrificação   dos   instrumentos   de   pontaria   da   peça
(suportes e encaixes das lunetas, volantes e mecanismos de direção e elevação, etc)

c. MANUTENÇÃO APÓS O TIRO

1) Desmontagem da peça dentro dos limites do 2º escalão.

S/S Armamento pesado 68


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2) Limpeza de todas as peças com uma solução saponada, seguida de secagem.
Nesta operação devem ser removidos os resíduos de pólvora e o cobreamento excessivo do
raiamento.
3) Inspeção visual rigorosa de todas as peças, com particular atenção para a
alma   do   tubo,   freio   de   recuo   e   recuperador.   Todas   as   anormalidades   devem   ser
registradas no Livro Registro da Peça e sanadas antes do cumprimento de novas missões.
4)   Lubrificação   de   toda   a   peça,   conforme   o   previsto   na   carta­guia   de
lubrificação.
5) Repetição de todas estas operações nos dois dias subseqüentes.  Quando o
período   de   inatividade   for   prolongado,   as   operações   3   e   4   deverão   ser   executadas   na
freqüência indicada pela carta­guia de lubrificação.

3. OUTROS TRABALHOS DE MANUTENÇÃO

Entre os trabalhos rotineiros de manutenção, além dos já descritos, destacam­
se:
a. Inspeção dos pontos de graxa ou óleo, com substituição dos que estiverem
danificados.
b.   Inspeção   da   pintura,   com   sua   recomposição   caso   esteja   comprometida   a
proteção que deve oferecer à superfície do metal.
c. Inspeção e calibragem dos pneus.
d.   Desmontagem   semestral   das   rodas   e   freios,   seguida   de   inspeção,
substituição de sapatas, rolamentos, arruelas, etc, quando necessária a regulagem dos
freios.
e. Inspeção dos mecanismos de elevação e direção.
f. Preenchimento do Livro Registro da Peça corretamente.

2. LUBRIFICAÇÃO

A lubrificação do obuseiro deve ser realizada de acordo  com a carta­guia  de


lubrificação e com a tabela abaixo:

Nr Partes a Lubrificar Tipo Freq


Lubrif
1 Ponto de lubrificação acoplamento do tubo ao trenó OL M
2 Graxeiras das guias do trenó GC1 M
3 Graxeiras das guias do berço inferior GC1 M
4 Graxeiras do mecanismo de elevação GC1 M
5 Graxeiras do mecanismo de direção GC1 M
6 Graxeiras dos equilibradores GC1 SEM
7 Graxeiras dos anéis do suporte do porta­berço GC1 SEM
8 Graxeiras dos balancins GC1 SEM
9 Graxeiras   dos   braços   laterais  do   suporte   do   porta­ GC1 SEM
berço
10 Graxeira da barra de tração GC1 SEM
11 Alma, cunha e culatra OL S
12 Guia do berço superior e do trenó (lado coberto) OL S
13 Cubo das rodas GC1 SEM
14 Mecanismo regulador do recuo OL S
15 Chaveta do bloqueio das flechas OL S
16 Semi­eixos dos joelhos e eixos das rodas OL S
17 Indicadores de recuo OL S

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18 Alojamento dos aparelhos de pontaria OL S
19 Setores dentados de elevação e direção OL S

Tipo de Lubrificante Freqüência
OL  Óleo lubrificante protetor S  Semanal
GC1  Graxa para chassi M  Mensal
SEM  Semestral

 
Fig. 59 – Carta-guia de lubrificação Nr 1

Fig. 60– Carta-guia de lubrificação Nr 2

S/S Armamento pesado 70


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ÍNDICE DE ASSUNTOS

CAPÍTULO ASSUNTO PÁGINA


1 Apresentação e características 2
2 Boca de fogo 7
3 Mecanismo da culatra 12
4 Reparo 29
5 Mecanismo de recuo 45
6 Desmontagem em grandes grupos 60
7 Manutenção orgânica (1º e 2º Escalões) 62

71 S/S Armamento Pesado

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