Você está na página 1de 8

COMO ELABORAR UM PROJETO

I- Um projeto l não é um improviso. Deve ser bem planejado.


Equipe de trabalho de elaboração do projeto
II- Conteúdo do projeto e passos a seguir para sua elaboração
- Diagnosticar o problema
- Definir os objetivos
- Escolher as alternativas de intervenção
- Definir a população objetivo e a cobertura
- Definir os produtos e as atividades
- Estimar as metas e definir os indicadores
- Planejar o monitoramento e a avaliação
- Preparar o cronograma de atividades
- Indicar a equipe de trabalho
- Calcular custos e orçamento

Na área de intervenções sociais, como em todas as demais, um projeto bem elaborado deve ser:

 consistente: apresenta uma fundamentada análise de problemas e objetivos


bem identificados, com argumentos e propostas coerentes

 realista: refere-se a problemas reais, objetivamente analisados e a soluções


possíveis de serem implementadas;

 bem dimensionado: as metas a alcançar com o projeto para solucionar ou


reduzir o problema estão adequadamente estimadas, assim como os
recursos e custos necessários para executá-lo.

 focalizado: direcionado a um grupo de beneficiários previamente identificados,


sem pulverizar os recursos.

Um projeto com tais características:

 gera credibilidade e reúne as condições para obter apoio para seu financiamento e
execução,

 tem maior possibilidade de ser eficaz no alcance de resultados e eficiente na


maximização do aproveitamento de recursos.
 terá mais condições para promover a participação dos diversos atores
interessados nas ações que serão desenvolvidas
 terá mais condições para estabelecer parcerias para o seu desenvolvimento.

Um bom projeto responde a uma série de perguntas:


qual é o problema que justifica que o projeto seja elaborado?
qual é a situação atual do problema?
a que situação se pretende chegar com o projeto?

quais são possíveis as alternativas de intervenção?


qual é a melhor alternativa? por que?
que resultados espera-se obter com o projeto?
que atividades serão realizadas para alcançar cada um dos produtos do projeto?

quem executará o projeto?


para quem?
em que prazo?
em quanto tempo?

que recursos são necessários para desenvolver o projeto?


quanto custará?
qual será a fonte de financiamento?

quem será responsável pela gerência do projeto?


como se fará o monitoramento da sua execução?
como se avaliará os resultados e o impacto provocados pelo projeto?

1- Diagnosticar o problema:
Um projeto deve basear-se em uma análise correta e completa da situação sobre a qual
vai intervir o projeto. Trata-se de identificar uma situação-problema vivida pela população que será
beneficiária e que se buscará transformar. Esta é uma etapa fundamental do processo de
preparação do projeto e da qual dependerá em grande parte seu acerto e sucesso.
O desafio neste momento é definir os problemas com o máximo de informação possível.
Esta identificação não é fácil, porque geralmente os problemas sociais estão entrelaçados uns aos
outros, têm causas múltiplas (combinando causas locais e nacionais, causas conjunturais e
estruturais, causas possíveis de serem modificadas por um projeto e outras que escapam às suas
dimensões exigindo intervenções mais amplas).
Devemos, portanto, analisar o problema de forma abrangente, porém sem nos afastar
demais do raio possível de ação do projeto.
O diagnóstico consiste no exame detalhado do problema ou necessidade sobre o qual
atuará o projeto. Ele proporciona parte dos elementos para justificar que se execute uma
intervenção.
Para realizá-lo é preciso coletar informações junto à população e às instituições, além de
consultando documentos oficiais. Quando as informações que se requerem não estão disponíveis
através dos dados estatísticos publicados, o que é ocorre com frequência em projetos muito
focalizados (realizados em um bairro ou escola, por exemplo), é indispensável realizar um
diagnóstico para obtê-las. A sua profundidade dependerá das características e exigências de cada
projeto.
Para realizar o diagnóstico é necessário dispor das seguintes informações:
 as causas do problema
 os efeitos provocados pelo problema
 a gravidade e a dimensão do problema
 a quem atinge (incidência). Principais variáveis pertinentes ao tema: demográficas,
socioeconômicas, indicadores globais de cobertura
 o que pensam as pessoas atingidas pelo problema
 as possibilidades de preveni-lo
 o que poderá acontecer caso não se intervenha para resolver o problema
 grupos relevantes que poderão desempenhar um papel importante no desenvolvimento
do projeto (por exemplo, a família dos alunos, os empresários que oferecem estágios a
alunos de cursos técnicos, outras instituições que trabalham na área onde realizará o
projeto)
O mais desejável é que o diagnóstico e análise da situação inicial contem com a
participação ativa da população (ou consulta) e a colaboração de especialistas
O principal resultado do diagnóstico é a delimitação do problema e a descrição
de sua situação inicial ou linha de base. A situação inicial ou linha de base (onde estamos) é o
nível a partir do qual se estabelecem as metas de objetivo do projeto (aonde queremos chegar).
Além disto possibilitará comparar e avaliar os alcances do projeto. É a partir da identificação de um
problema e suas causas que se projeta uma solução.

Árvore (ou diagrama) de problemas:


Um dos recursos metodológicos que podem ser utilizados para organizar a informação
surgida na análise do problema (suas causas e efeitos) é a “Árvore de problemas”.
É possível elaborar no projeto uma árvore de problemas, onde:
- o tronco é o problema que será tratado pelo projeto
- as raízes são as causas que provocam o problema
- os galhos e as folhas serão as repercussões ou efeitos deste problema na
população objetivo e na sociedade.

2- Definir os objetivos:
Em seguida à identificação e análise do problema central sobre o qual se pretende atuar,
requer que sejam definidos os objetivos específicos do projeto e a forma como será possível
alcançá-los em um prazo estabelecido.
Os objetivos específicos de qualquer projeto social não são a mera entrega de bens ou
serviços, mas o impacto que ele produz, eliminando ou diminuindo o problema ou necessidade. Por
esta razão, o objetivo não deve ser confundido com os produtos nem com as atividades do projeto.

Por exemplo, o objetivo de um projeto não pode ser construir uma escola. A construção da
escola é um resultado que, juntamente com outros, irá permitir a elevação do nível de escolaridade
das crianças.

O objetivos específicos devem ser a formulação em termos positivos de um problema e ser


concebido como um fluxo permanente de benefícios para o grupo destinatário (benefícios que
devem continuar existindo depois de terminado o projeto).

Árvore de objetivos:
A partir do mesmo recurso metodológico utilizado para a árvore de problemas, elabora-se
uma árvore de objetivos. Nesta árvore:
- o tronco é o objetivo específico do projeto;
- os galhos e as folhas são os efeitos positivos que se buscará provocar com o projeto;
- as raízes são os meios através do quais se intervirá nas causas do problema para transformá-lo
Ao identificar os meios na árvore de objetivos, também se está delimitando possíveis
alternativas de intervenção. Estas alternativas devem ser realistas dentro do contexto em que se
elabora o projeto. Por esta razão, caso no momento de identificação dos meios para alcançar o
objetivo central, somente existirem causas que o projeto não poderá alterar sozinho, é necessário
refazer a árvore de problemas, caso contrário torna-se inviável identificar uma alternativa de
intervenção.

3- Matriz do Marco Lógico


 resume a informação de um projeto de intervenção social e descreve, de modo operacional,
seus aspectos mais importantes, permitindo verificar se a intervenção foi formulada
corretamente, facilitando seu monitoramento e proporcionando uma avaliação satisfatória;

 é um instrumento que permite estabelecer relações entre os elementos essenciais do projeto,


oferecendo a informação necessária para a análise da sua consistência interna. Permite
apresentar de uma forma lógica e de fácil visualização os elementos básicos, revelando
contradições, lacunas e equívocos do projeto;
 É um exercício de análise que permite apresentar os objetivos, produtos e atividades de um
projeto e suas relações causais. Contribui para distinguir sem ambigüidades os objetivos e os
meios para alcançá-los.

A matriz está formada por quatro colunas, que contêm:

- Resumo narrativo de objetivos a atividades (fim – propósito – produtos/componentes-


atividades)

- Indicadores verificáveis objetivamente, com metas específicas a serem alcançadas

- Meios de verificação, especificando de onde se pode obter informação sobre os indicadores

- Supostos, fatores que estão fora do controle da unidade de execução do projeto e da


entidade executora e que implicam riscos

Indicadores verificáveis Meios de Supostos


objetivamente verificação
Fim
Propósito
Componentes/produtos
Atividades

A lógica vertical da matriz:

Indica o que o projeto ou programa pretende realizar e explicita as relações de


causalidade entre níveis de objetivos e as incertezas ou riscos para o desenvolvimento da
intervenção.

OBJETIVO SUPERIOR / FIM/GERAL Impacto que o programa contribui a


gerar. Existem outras intervenções ou
programas que também contribuem
para atingir este objetivo.

OBJETIVO CENTRAL / PROPOSITO Efeito ou alteração provocado pelo


programa na situação inicial dos
beneficiários e que justifica a
existência do programa.

COMPONENTES / PRODUTOS Bens e/ou serviços que o programa


produz e os que entrega aos
beneficiários.
São resultantes das atividades
executadas.

ATIVIDADES Ações que transformam os insumos


em produtos / componentes
O desenho abaixo ilustra a relação hierárquica entre objetivo do projeto, seus
produtos e suas atividades.

Objetivo específico do projeto

Produto 1 Produto 2

Atividade 1.1 Atividade 1.2 Atividade 2.1 Atividade 2.2

A realização de cada um destes níveis de objetivos pode supor o cumprimento de certas


premissas ou supostos (fatores externos)

Para estruturar a coluna de objetivos do programa (lógica vertical), é indispensável haver


definido com clareza o problema central que será enfrentado com a execução do programa.

Objetivo geral do projeto (ou Fim, ou objetivo superior): define como o programa ou projeto
contribuirá, a longo prazo, para a melhora na situação da população objetivo e solução do
problema identificado. Não implica que o programa seja suficiente para atingir este fim.

Objetivo central do projeto (ou propósito do projeto): anuncia em forma clara e concisa
qual é a alteração se espera que o programa provoque na situação inicial dos beneficiários.
Trata-se da indicação do efeito positivos duradouros provocados pelo programa nos
beneficiários efetivos. Representa a mudança que o projeto provoca. Tal efeito ou mudança se
alcança depois de completada a execução do projeto. A obtenção desta alteração permitirá
considerar que o programa teve êxito, isto é, alcançou seu objetivo central ou propósito.

Componentes ou produtos: são os resultados que se produzem durante a execução do


projeto. São resultados específicos, tais como obras, serviços, estudos, capacitação, que são
produzidos pelo executor com orçamento previsto. Cada um dos componentes deve ser
necessário e todos juntos devem ser suficientes para alcançar o propósito. Se todos os
componentes são produzidos de maneira adequada, se alcançará o propósito. Os componentes
devem ser colocados como resultados ou produtos finais: escolas completadas, rodovias
prontas, estudos terminados, casas construídas; alunos egressos; sistemas instalados; pessoal
de saúde treinado, etc. Um componente é um bem ou serviço dirigido ao beneficiário final ou,
em alguns casos, dirigido a beneficiários intermediários. Não é uma etapa no processo de
produção do componente

Atividades: são as ações que devem ser realizadas para obter cada um dos resultados;
requeridas para produzir os componentes planejados. As atividades são apresentar na matriz
lógica agrupadas por componente ou produto.
A lógica horizontal da matriz

No sentido horizontal, a matriz deve mencionar de forma precisa a medição dos efeitos do
projeto, especificando indicadores chave e fontes de verificação dos mesmos.

Indicadores objetivamente verificáveis

No sentido horizontal a matriz define as metas a serem obtidas para cada nível do programa
(atividade, componente e objetivos). Tais metas são estabelecidas utilizando indicadores, que
são critérios de qualidade, quantidade e tempo para o alcance de cada um destes níveis de
desempenho.

Os indicadores identificarão a evidência que demonstra o alcançado em cada nível. Permitem


medir se o objetivo foi alcançado; mostram como pode ser medido o êxito de um projeto Os
indicadores de propósito medem o efeito direto (benefícios para os usuários) depois da
execução do projeto. Os indicadores de componentes indicam que foram atingidos os produtos
planejados.

Meios de Verificação

Esta coluna contém referência às fontes de dados onde podem ser obtida informação
sobre a situação, comportamento ou desempenho de cada indicador durante a execução do
projeto. Os que desenham os projetos devem identificar fontes ou fazer arranjos especiais para
recolher informação, possivelmente como atividade do projeto, com seu custo correspondente.

Onde obtemos evidência sobre os resultados atingidos em cada nível de objetivos e


desempenho do programa ou projeto? Quais são os dados requeridos?

Fontes secundárias: dados recolhidos regularmente e com freqüência são publicados. Fonte
menos custosa, embora os dados possam requerer tabulação ou processamento para serem
aplicados à população objetivo.

Fontes primárias: se não há fonte secundária, temos que considerar coleta ou geração de
dados. É fundamental definir quem financia essa coleta; se for o projeto, isso deve estar
especificado no orçamento e atividades, devendo ser considerada freqüência da coleta da
informação. Quem fará a coleta? Será a entidade executora? Outra agência? Que quantidade de
informação é requerida?

Supostos, premissas ou fatores externos:

Esta coluna inclui as condições externas ao programa, não controladas diretamente por ele, que
são imprescindíveis para obter o êxito esperado, em cada um dos níveis de objetivos.
Correspondem a acontecimentos, decisões ou condições que devem ocorrer para que se
obtenham os distintos níveis de objetivos.

O enfoque do Marco Lógico requer que sejam identificados riscos em cada nível: atividades,
componentes, propósito e fim. Este risco se expressa na matriz lógica como um suposto que
deve ocorrer, como uma condição que deve verificar-se para que seja atingidos os distintos
níveis da coluna de objetivos.

Supostos ou riscos se definem como estando fora do controle da gerência ou da entidade


executora. Mas esta pode levar adiante atividades que aumentem a probabilidade dos supostos
ocorrerem.

A equipe deve se perguntar o que pode falhar em cada nível. Nas atividades podem faltar
recursos ou estes chegarem fora do tempo, poderia haver mudança na prioridade do governo,
uma greve, uma desvalorização monetária. Devem ser incluídos os supostos mais importantes.
No desenho, essa coluna ajuda a identificar riscos que poderiam ser evitados através da
inclusão de atividades adicionais e componentes do projeto.

Se um suposto é crítico, mas a possibilidade de que ocorra é baixa, e não há atividade ou


componente que poderiam reduzir a probabilidade de que ocorram, a equipe poderia concluir
que é um projeto arriscado e que deveria ser abandonado, por ter um suposto fatal. Um
projeto bem manejado é aquele no qual os riscos são manejados.

Você também pode gostar