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Conselho Editorial

Série Letra Capital Acadêmica

Ana Elizabeth Lole dos Santos (PUC-Rio)


Beatriz Anselmo Olinto (Unicentro-PR)
Carlos Roberto dos Anjos Candeiro (UFTM)
Claudio Cezar Henriques (UERJ)
Ezilda Maciel da Silva (UNIFESSPA)
João Luiz Pereira Domingues (UFF)
João Medeiros Filho (UCL)
Leonardo Agostini Fernandes (PUC-Rio)
Leonardo Santana da Silva (UFRJ)
Lina Boff (PUC-Rio)
Luciana Marino do Nascimento (UFRJ)
Maria Luiza Bustamante Pereira de Sá (UERJ)
Michela Rosa di Candia (UFRJ)
Olavo Luppi Silva (UFABC)
Orlando Alves dos Santos Junior (UFRJ)
Pierre Alves Costa (Unicentro-PR)
Rafael Soares Gonçalves (PUC-RIO)
Robert Segal (UFRJ)
Roberto Acízelo Quelhas de Souza (UERJ)
Sandro Ornellas (UFBA)
Sergio Azevedo (UENF)
Sérgio Tadeu Gonçalves Muniz (UTFPR)
Waldecir Gonzaga (PUC-Rio)
Maria Aparecida Pontes da Fonseca
Carolina Todesco
Rodrigo Cardoso da Silva

A INTERIORIZAÇÃO
DO TURISMO NO BRASIL
Copyright © Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva, 2022

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/02/1998.


Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados, sem a
autorização prévia e expressa do autor.

EDITOR João Baptista Pinto


REVISÃO Dos autores
CAPA Isabela Mota Farias
PROJETO GRÁFICO/EDITORAÇÃO Luiz Guimarães

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

F745i
Fonseca, Maria Aparecida Pontes da
A interiorização do turismo no Brasil [recurso eletrônico] / Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina
Todesco, Rodrigo Cardoso da Silva. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Letra Capital, 2022.
Recurso digital ; 16 MB
Formato: epdf
Requisitos do sistema: adobe acrobat reader
Modo de acesso: world wide web
Apêndice
Inclui bibliografia e índice
ISBN 978-85-7785-744-9 (recurso eletrônico)
1. Turismo - Planejamento - Brasil. 2. Turismo e Estado. 3. Brasil - Política cultural. 4. Livros eletrônicos. I.
Todesco, Carolina. II. Silva, Rodrigo Cardoso da. III. Título.
CDD: 338.479181
22-79602 CDU: 338.486(81)

Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecária - CRB-7/6439

LETRA CAPITAL EDITORA


Tels.: (21) 3353-2236 / 2215-3781
vendas@letracapital.com.br
www.letracapital.com.br
Sumário

Prefácio......................................................................................................................7

Introdução ................................................................................................................9

1. A difusão do turismo pelo território brasileiro


com base no Guia Quatro Rodas Brasil .....................................................12
1.1 Década de 1960: a rede rodoviária e o turismo
litorâneo concentrado na região Sudeste ........................................................13
1.2 Década de 1970: a dispersão inicial através das
grandes rodovias e o destaque para o patrimônio histórico .......................... 17
1.3 Década de 1980: maior difusão do turismo pelo
interior com o protagonismo das serras e rios brasileiros .............................23
1.4 Década de 1990: a popularização da aviação aérea,
a ascensão do turismo litorâneo nordestino e a valorização
das unidades de conservação............................................................................25
1.5 A primeira década do século XXI: a valorização
do patrimônio natural e cultural .....................................................................29
1.6 Panorama geral de cinco décadas do turismo brasileiro .........................33

2. As políticas públicas e o esforço de interiorização


do turismo no Brasil: inventariação, municipalização,
regionalização e categorização .....................................................................36
2.1 Inventariação turística: primeiras iniciativas ............................................36
2.2 Programa Roteiro de Informações Turísticas e o
Programa Nacional de Municipalização do Turismo ....................................37
2.3 Regionalização do turismo brasileiro ........................................................38
2.4 A dimensão política na constituição das regiões turísticas ......................39
2.5. O crescimento do número de regiões turísticas:
a competitividade inter-regional .......................................................................44
2.6 A categorização turística dos municípios:
competitividade intrarregional.........................................................................53
2.7 A categorização turística na visão dos gestores municipais
e estaduais: Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Norte ............58
2.8 Avanços, fragilidades e contradições do Programa de
Regionalização do Turismo no Brasil ..............................................................63

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 5


3. O mapa do turismo no Brasil: espacialização dos
destinos turísticos............................................................................................64
3.1 Metodologia para identificação dos destinos turísticos e
elaboração do mapa do turismo brasileiro ......................................................65
3.2 O Mapa do Turismo no Brasil: um esforço de síntese ..............................71
3.3 A espacialização das atividades características do turismo:
concentração nas regiões Sudeste e Sul ...........................................................80
3.4 A lógica locacional dos empreendimentos turísticos ................................83

4. Para além do turismo sol e mar: elucidando a interiorização


do turismo no Brasil .......................................................................................95
4.1 A interiorização do turismo no contexto do paradigma da
sustentabilidade .................................................................................................95
4.2 A espacialização do turismo no interior ....................................................97
4.3 Os destinos turísticos interioranos ............................................................99
4.4 Turismo rural e a constituição de caminhos/rotas: ações
para a promoção da interiorização do turismo no Brasil ............................ 124

Considerações finais ........................................................................................... 137

Referências ........................................................................................................... 140

Apêndice
Lista dos municípios do mapa do turismo no Brasil .................................... 152
Índice remissivo de ilustrações .......................................................................168

6 A interiorização do turismo no Brasil


Prefácio

O conteúdo da obra em tela nos permite conhecer o lastro da difusão do


turismo pelo território brasileiro, ampliando nossa percepção acerca dos
desdobramentos das políticas públicas e processos decisórios que impactaram no
planejamento e gestão turística nacional desde a década de 1960.
O tratamento analítico e crítico de dados e informações apresentado culmina
em um cenário histórico bem posicionado a respeito de como o gerenciamento
dos principais pilares do turismo foram se conformando no País. Assim, os
sucessivos eventos decorrentes das opções e esforços públicos para certos modais
de transportes, investimentos em infraestrutura para o turismo litorâneo e as
tentativas de interiorização tardia do turismo marcaram as últimas cinco décadas
do milênio passado.
O panorama destacado nesta primorosa obra oferece detalhes críticos que
nos conduzem à reflexão sobre a trajetória das políticas públicas relacionadas ao
Turismo no Brasil, suas interlocuções com os setores de transporte, logística e
patrimônios de interesse turístico, bem como nos revela as sucessivas tentativas
de compreensão da oferta turística por meio de propostas de inventariação,
municipalização, regionalização e categorização de atrativos turísticos, buscando
compor a lógica mais acertada para o desenvolvimento turístico brasileiro.
No entanto, o texto evidencia as intenções na formatação de roteiros, rotas e
definição de regiões turísticas em perspectiva competitiva, visando ao crescimento
de fluxos turísticos, sobretudo internacional. A competição intra e inter-regional
foi estimulada via políticas públicas na proposta brasileira de regionalização do
turismo e, esse aspecto em particular, a obra destaca os avanços, as fragilidades
e contradições do Programa de Regionalização do Turismo no Brasil e traduz,
de maneira complexa, os meandros e (des)conexões que tal política estruturante
provoca neste País continental.
A espacialização dos destinos turísticos a partir da composição do Mapa do
Turismo no Brasil expõe as concentrações turísticas derivadas de políticas públicas
que no percurso do tempo privilegiaram o turismo tradicional, embora os esforços
sinalizem a intenção de um turismo mais espraiado pela lógica da regionalização e
valorização de aspectos locais distantes do litoral.
A tônica crítica no decorrer do texto permite ao leitor demover certos
paradigmas do turismo tradicional, como o da estrutura e funcionamento turístico
com base na priorização do sol e mar e nos conduz ao espectro de possibilidades
do turismo em regiões interioranas. Porém, a estratégica contribuição dos autores
é mostrar, a partir da linha do tempo, as consequências do status paradigmático
que o turismo assumiu no País e o apontamento de como a interiorização turística
pode se reorganizar para além do sol e mar, no contexto do paradigma da
sustentabilidade.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 7


Apreciar o encadeamento de ideias e fatos reunidos pelos autores da obra é
um caminho que conduz o(a) leitor(a) à história das políticas públicas em turismo
do Brasil, seus impactos e desdobramentos, bem como o legado de onde é preciso
extrair as benesses e recompor as lógicas estruturantes do turismo nacional
assentadas na sustentabilidade.

Kerlei Eniele Sonaglio


Professora do curso de Bacharelado em Turismo – UNB
Professora do curso de Pós-Graduação em Turismo – UFRN
Vice presidente da ANPTUR – 2020/2022

8 A interiorização do turismo no Brasil


Introdução

E ste ano de 2022 completou o centenário da Semana de Arte Moderna que


ocorreu na “Pauliceia Desvairada”, em fevereiro de 1922. Foi um momento
de exaltação do povo e da cultura brasileira, um momento de virada que reverbera
até os dias atuais. Imbuído desse espírito de brasilidade, entre os anos de 1927 e
1928, Mário de Andrade empreendeu duas viagens para o Norte e Nordeste do
país em busca do Brasil profundo, com seus sons, cores e saberes. Dessa viagem
material e espiritual resultou a obra “O Turista Aprendiz”, cuja primeira edição foi
no ano de 1943.
Conforme Torelly (2015), esse modernista percorreu as florestas e sertões em
busca de manifestações culturais diversas e do “resgate de um Brasil de feição
mestiça e desgarrado dos padrões europeus, mais indígena, mais africano, mais
caboclo e caipira, inicia uma nova síntese cultural que procura abarcar as múltiplas
faces da brasilidade”. Mário de Andrade faz uma viagem procurando resgatar
a riqueza cultural do Brasil. Sem dúvida, esse grande intelectual nos inspira e
nos impulsiona a olhar para dentro de nós mesmos, de nosso país, para nosso
patrimônio material e imaterial.
Passados os 95 anos em que o viajante se metamorfoseou em turista, cada
vez maiores contingentes de turistas cruzam o Brasil de norte a sul, de leste a
oeste em busca de sua sociobiodiversidade, resultando em uma complexa rede
de infraestrutura para atender aos milhares de viajantes. Estes, por sua vez,
estão cada vez mais ávidos por mais Brasil, para além do sol e mar. O turismo
doméstico e a democratização do turismo devem ser incentivados, não somente
porque é um direito de todos e de todas, mas porque as viagens permitem que as
pessoas conheçam e se reconheçam em seu próprio território.
Nesse contexto, este trabalho procura contribuir para a discussão sobre o
avanço do turismo no interior do país ao longo das últimas décadas. Evidentemente,
longe do espírito que animou a empreitada de Mário de Andrade, as viagens
assumiram um forte caráter mercadológico, mas nem por isso as experiências
turísticas deixam de propiciar um maior conhecimento da realidade brasileira, um
novo olhar sobre a realidade vivida. O turismo transforma, sejam os espaços, sejam
as pessoas.
A consolidação e a primazia do turismo na costa brasileira, sob o modelo
do turismo de massa ancorado no segmento de sol e mar, são comprovadas em
inúmeros estudos acadêmicos, assim como pelos dados oficiais de fluxos e de
oferta de produtos e serviços turísticos. A interiorização do turismo, entretanto,
é um tema pouco explorado pelas pesquisas e geralmente se restringem às escalas
municipais, regionais ou estaduais. Assim, o objetivo desta obra é analisar a difusão
do turismo no interior do Brasil, identificando os destinos turísticos e os principais
fatores locacionais que permitem compreender a dinâmica do mercado turístico.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 9


O estudo contempla a escala nacional e um recorte temporal que compreende as
últimas seis décadas.
A análise da evolução do turismo nas áreas interioranas, ou seja, não
defrontantes com o mar, no recorte temporal adotado, revela mudanças
significativas tanto no que se refere à sua dinâmica espacial, quanto aos segmentos
turísticos que assumem relevância em cada contexto histórico. Nesse sentido, é
importante destacar que o paradigma da sustentabilidade que se difundiu a partir
da década de 1990, constituiu-se em um dos vetores da interiorização do turismo,
estimulando sua difusão para novas áreas, tendo como foco a natureza, que passa a
ser o principal elemento na constituição dos novos produtos comercializados pelo
mercado turístico.
O livro está composto por quatro capítulos. O primeiro capítulo, por meio
da sistematização e do mapeamento de dados coletados a partir das edições do
Guia Quatro Rodas Brasil das décadas de 1960 a 2000, apresenta o processo de
interiorização do turismo numa perspectiva histórica e espacial, bem como revela
os principais segmentos turísticos explorados e os fatores que impulsionaram
inicialmente a interiorização do turismo no país.
O segundo capítulo aborda as primeiras medidas governamentais de incentivo
à identificação da oferta turística nacional, a relevância das políticas públicas a
partir dos anos de 1990 para fomentar e promover o turismo brasileiro até chegar
ao Programa de Regionalização do Turismo (PRT), criado em 2004, ainda em
vigência. Nesse capítulo, os dados das edições do Mapa do Turismo Brasileiro
(MTB) e os critérios para compor as regiões turísticas, definidos por meio de
portarias pelo Ministério do Turismo (MTur), foram essenciais para a análise
empreendida sobre os avanços e os desafios do referido programa.
O terceiro capítulo é fruto de uma inquietação instigada pelo próprio Mapa do
Turismo Brasileiro do MTur, que, baseado em critérios político-burocráticos, inclui
centenas de regiões turísticas, abarcando milhares de municípios. Apesar de ser
um instrumento de gestão do PRT, o Mapa do Turismo Brasileiro apresenta sérias
inconsistências para compreender a realidade do turismo no país. Evidentemente
que a prática social do turismo atinge um número cada vez maior de localidades;
entretanto isso não torna todos os lugares visitados em destinos turísticos. Dessa
forma, um dos desafios que buscamos enfrentar com esta obra foi a identificação
e o mapeamento dos municípios turísticos brasileiros, com certo destaque no
mercado doméstico, baseando-se em critérios que permitissem um retrato mais
fidedigno da realidade do turismo brasileiro, superando as distorções geradas pelo
Mapa do Turismo Brasileiro do MTur.
Ao enquadrar a complexa realidade do turismo nacional em algumas poucas
tipologias, obviamente corremos o risco de não ter incluso no mapa proposto
municípios turísticos de importância regional, tendo em vista que não apresentam
uma quantidade de fluxos, de oferta de serviços e atrativos e de comercialização
de produtos turísticos expressiva no mercado nacional. Dependendo da escala
de análise, alguns processos e elementos se destacam enquanto outros são
invisibilizados. Assim, ao propor uma análise que abrange a escala nacional

10 A interiorização do turismo no Brasil


a partir dos critérios adotados, algumas localidades não foram contempladas
na proposta apresentada nesta obra. Tal fato pode ser passível de críticas, mas
reconhecemos a possibilidade e a importância de repensar outras formas de
mapear o turismo no Brasil. No entanto, o mapa do turismo apresentado neste
estudo é uma ferramenta pertinente para o que aqui se pretende, ou seja, analisar
a espacialização do turismo em escala nacional, possibilitando compreender
os principais fatores que explicam a racionalidade locacional das Atividades
Características do Turismo, e, consequentemente, das destinações turísticas
brasileiras.
O quarto capítulo foca a análise nos destinos interioranos identificados
no mapa proposto, apresentando as peculiaridades desses destinos a partir da
tipologia definida segundo sua principal oferta turística. Nessa sessão, também são
expostos caminhos e rotas que vêm se desenvolvendo no interior do país, como
forma de fortalecer iniciativas regionais para o turismo. Por fim, são apresentadas
algumas experiências de turismo rural que estão proliferando no interior do Brasil,
contribuindo para a disseminação de atividades e empreendimentos turísticos nos
espaços mais interioranos.
Esperamos, com esta obra, incentivar novos debates e estudos acadêmicos
referentes ao avanço do turismo no interior do país, ampliando as possibilidades de
diferentes abordagens e metodologias, assim como também desejamos estimular
novos olhares da gestão pública, dos empreendedores e dos turistas sobre os
destinos interioranos brasileiros.
É importante mencionar que este livro é resultado da pesquisa “O Ministério
do Turismo e a Política de Interiorização do Turismo no Brasil”, que contou com
apoio financeiro do CNPq, obtido através do Edital Universal MCTI/CNPQ nº
01/2016. Agradecemos o apoio dessa instituição que tanto vem contribuindo
para o fortalecimento da ciência brasileira em diversos campos do conhecimento.
Nossos agradecimentos também se estendem aos discentes Dimas Magalhães
Bicalho, Luís Eduardo Viana de Farias, Fabiani Carvalho da Silva, Rachel Moreira
Sousa, Aline Costa da Silva e Francisco Jardel Dantas de Araújo, que contribuíram
no levantamento de dados desta pesquisa.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 11


1.
A difusão do turismo pelo território brasileiro
com base no Guia Quatro Rodas Brasil

C om o intuito de identificar e mapear os municípios turísticos brasileiros ao


longo das últimas décadas, para possibilitar uma compreensão da difusão
do turismo pelo território nacional, primeiramente foi realizada uma extensa busca
por informações oficiais. Entretanto, verificou-se que apenas a partir da década de
1990 o governo federal brasileiro, por meio do programa Roteiro de Informações
Turísticas (Rintur) e do Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT),
passou a definir e divulgar (por deliberações normativas) os “municípios turísticos”
e os “municípios com potencialidade turística”. Entretanto, fazer parte da lista de
municípios turísticos dependia quase que exclusivamente da iniciativa voluntariosa
do poder público municipal em preencher os formulários do Rintur.
Considerando, portanto, a ausência e/ou fragilidade de dados oficiais,
utilizou-se uma fonte alternativa. Trata-se do Guia Quatro Rodas Brasil (GQRB),
da editora Abril, um guia rodoviário brasileiro com edições anuais de 1966 a 2015.
A importância desse guia se revela pela sua longevidade, periodicidade anual e
sua grande popularização. O referido guia traz um conjunto de informações e
avaliações de meios de hospedagem, restaurantes, atrativos, serviços de apoio,
sugestões de roteiros de viagem e mapas de municípios brasileiros.
Além disso, o que para o estudo foi o mais relevante, a cada edição o Guia
Quatro Rodas Brasil identifica os municípios turísticos e os classifica de acordo
com sua principal oferta turística. Porém, cabe registrar que ao longo das edições
ocorreram mudanças nas tipologias utilizadas para identificar os municípios
turísticos, conforme quadro 1.

Quadro 1. Tipologias dos municípios turísticos utilizadas pelo


Guia Quatro Rodas nas edições selecionadas pela pesquisa

Edição N. de Municípios N. de Municípios M.T.


Tipologias Turísticas
Ano Catalogados Turísticos (M.T) (%)
Praia; Histórica; Estância Hidromineral; Estância Climá-
1966 269 118 43,9%
tica; Santuário; Outros Municípios Turísticos.
Praia; Histórico; Estâncias Hidrominerais; Estâncias Cli-
1979 474 287 60,5% máticas; Santuários; Praia-Lacustre, Estâncias Hidroter-
mais; Serra; Outros Municípios Turísticos.
Praia; Históricos; Estâncias Hidrominerais; Estâncias
1989 695 275 39,6% Climáticas; Santuários; Praia-Lacustre; Estâncias Hidro-
termais Serra; Beira-Rio; Outros Municípios Turísticos.
Praia; Históricas; Estâncias; Serra; Outros Municípios
1999 730 274 37,5%
Turísticos.
2009 757 212 28% Praia; Históricas; Estâncias; Serra.
Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1966, 1979, 1989, 1999, 2009)

12 A interiorização do turismo no Brasil


Nem todos os municípios catalogados pelo Guia são turísticos, muitos são
municípios de apoio ao viajante e/ou turista (com serviços de hospedagem,
alimentação, postos de abastecimento, atendimento hospitalar, dentre
outros) os quais não fizeram parte da pesquisa. O empenho foi concentrado
na identificação dos municípios considerados turísticos em cinco edições do
GQRB e mapeá-los para observar sua distribuição espacial ao longo do tempo.
As edições do GQRB selecionadas para a análise foram referentes aos anos
de 1966 (por ser a primeira edição), 1979, 1989, 1999 e 2009, para contemplar
uma edição de cada década. Convém salientar que o uso de uma série histórica
do Guia Quatro Rodas Brasil já é em si um diferencial deste estudo com outros
trabalhos na área.
Os resultados apresentados a seguir dialogam com a literatura especializada
que dá suporte para compreender o processo de difusão do turismo pelo território
nacional brasileiro ao longo de cinco décadas.

1.1 Década de 1960: a rede rodoviária e o turismo litorâneo


concentrado na região Sudeste
A década de 1960 foi emblemática para o turismo nacional, tendo em vista alguns
acontecimentos históricos, como a criação da Empresa Brasileira de Turismo (Embra-
tur), do Conselho Nacional de Turismo e o estabelecimento da Política Nacional de
Turismo pelo Decreto-Lei nº 55, de 18 de novembro de 1966. Nesse mesmo ano, ocor-
re a publicação da primeira edição do Guia Quatro Rodas Brasil (figura 1).

Figura 1. Capa da primeira edição do


Guia Quatro Rodas Brasil de 1966

Fonte: Viagem (2016)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 13


Nessa primeira edição, o GQRB traz um total de 269 municípios catalogados,
dos quais considera 118 turísticos (tabela 1), que recebem as seguintes tipologias:
praia (34); histórica (15); estância hidromineral (17); estância climática (10); cidade
santuário (1); e outros municípios turísticos (41).

Tabela 1. Número de municípios turísticos brasileiros por região e tipologia,


conforme o Guia Quatro Rodas Brasil - 1966

Estância Estância Cidade Outros Municípios Total


Região Praia Histórica Total
Hidromineral Climática Santuário Turísticos %
Sudeste 22 12 11 8 1 10 64 54%
Sul 7 - 4 1 - 16 28 24%
Nordeste 5 2 2 1 - 10 20 17%
Centro-Oeste - 1 - - - 3 4 3%
Norte - - - - - 2 2 2%
Total 34 15 17 10 1 41 118 100%
Total (%) 29% 13% 14% 8% 1% 35% 100%
Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1966)

É interessante observar que praia já representava grande parte dos municípios


turísticos (29%), seguido, à época, por estância hidromineral (14%), cidade histórica
(13%), estância climática (8%), e, por último, cidade santuário (1%).
Os municípios turísticos se concentravam na região Sudeste do país (54%),
sendo em sua maioria municípios litorâneos dos estados de São Paulo e Rio de
Janeiro, como se pode observar no mapa 1.
Nessa década, o turismo no Brasil ainda era sobretudo rodoviário
(PALHARES, 2005) e o desenvolvimento do turismo nos destinos dependia
principalmente, dentre outros fatores, de suas condições de acesso, assim como
de sua proximidade com os polos emissores de turistas (GIMENES-MINASSE;
MARQUES; MELO, 2014).
Na década de 1960, segundo dados do censo do IBGE (1960), o Sudeste
concentrava 44% da população, totalizando 31.062.978 hab. As três principais
cidades, em termos populacionais no país, eram São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, que tinham, respectivamente, 3.825.351 hab., 3.307.163 hab. e 693.328
hab. (IBGE, 1960). As capitais configuravam-se em importantes polos emissores de
turistas para os municípios litorâneos, cidades históricas, estâncias hidrotermais
e estâncias climáticas, localizados próximos a elas (ALVIM, 2014; GIMENES-
MINASSE; MARQUES; MELO, 2014).

14 A interiorização do turismo no Brasil


Mapa 1. Municípios turísticos catalogados pelo Guia Quatro Rodas Brasil de 1966

Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1966)

Os estados do Sudeste também concentravam grande parte da rede


rodoviária e ferroviária do país, que interligavam o interior dos estados às
capitais e ao litoral, como se pode observar na figura 2. O que em grande
medida explica a concentração dos municípios turísticos nessa macrorregião já
na década de 1960.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 15


Figura 2. Rede rodoviária e ferroviária do Brasil em 1964

Fonte: IBGE, Evolução das redes ferroviária e rodoviária (2018)

Nesse contexto, destacam-se no mapa dos municípios turísticos da década de


1960: o litoral, sobretudo paulista e fluminense; as cidades históricas de Minas
Gerais (Caeté, Congonhas, Diamantina, Mariana, Sabará, Santa Bárbara, Ouro
Preto, São João Del Rei e Tiradentes) e do Rio de Janeiro (Paraty e Angra dos
Reis); as estâncias hidrominerais do estado de Minas Gerais (Araxá, Cambuquira,
Caxambu, Lambari, Poços de Caldas e São Lourenço) e do estado de São Paulo
(Águas da Prata, Águas de Lindóia, Águas de São Pedro, Ibirá e Serra Negra);
as estâncias climáticas no interior do estado do Rio de Janeiro (Valença, Miguel
Pereira, Nova Friburgo, Petrópolis, Resende e Teresópolis) e do estado de São
Paulo (Atibaia e Campos do Jordão); e a cidade santuário Aparecida/SP.
O Sul do país era a segunda região com a maior densidade de rodovias,
aparecendo em segundo lugar no mapa turístico com 28 municípios (24%), sendo
16 sem tipologia definida, 7 praias (Guaratuba/PR, Paranaguá/PR, Camboriú/SC,
Balneário Piçarras/SC, Arroio do Sal/RS, Osório/RS e Torres/RS), 4 estâncias
hidrominerais (Ijuí/RS, Iraí/RS e Santo Amaro da Imperatriz/SC) e 1 estância
climática (Gramado/RS).

16 A interiorização do turismo no Brasil


A região Nordeste, na década de 1960, apresenta 20 municípios
turísticos (17%), dos quais apenas 5 são classificados como praia (Itaparica/
BA, Salvador/BA, Fortaleza/CE, João Pessoa/PB e Natal/RN), 2 cidades
históricas (Olinda/PE e Cachoeira/BA), 2 estâncias hidrominerais na Bahia
(Tucano/BA e Cipó/BA), 1 estância climática em Pernambuco (Garanhus/PE),
e 10 sem tipologia.
As regiões Centro-Oeste e Norte são representadas com somente 4 e 2
municípios turísticos, respectivamente, sendo eles Brasília/DF, Goiânia/Go,
Goiás/GO, Cuiabá/MT, Manaus/AM e Belém/PA, sendo que apenas Goiás/GO
recebe a tipologia histórica (mapa 1).
O mapa dos municípios turísticos do Guia Quatro Rodas Brasil de 1966
demonstra, portanto, que na década de 1960, o turismo, basicamente ancorado na
rede rodoviária, concentrava-se na região Sudeste e ainda não havia se capilarizado
para o interior do país, a não ser de forma pontual, como nos casos das cidades
históricas e estâncias hidrominerais no estado de Minas Gerais e estâncias
climáticas, principalmente no estado do Rio de Janeiro e de São Paulo.
À época, os banhos e a ingestão de águas minerais com certas propriedades
físico-químicas eram considerados terapêuticos e localidades com esses recursos
eram dotadas de instalações sofisticadas e hotéis luxuosos (SOLHA, 2002).
Paralelamente, tem o desenvolvimento das estâncias climáticas nas áreas serranas,
também relacionadas com tratamentos medicinais, tais como Petrópolis/RJ e
Campos do Jordão/SP. Solha (2002) ressalta que, “neste momento, a busca pelas
estações de cura, sejam balneárias ou climáticas, acompanhava uma tendência
de culto ao corpo e à saúde”, o que impulsionou o início da interiorização do
turismo no Brasil.

1.2 Década de 1970: a dispersão inicial através das grandes


rodovias e o destaque para o patrimônio histórico
O perfil da população brasileira se altera na década de 1970, tornando-se pela
primeira vez majoritariamente urbana (56%), conforme IBGE (1970), devido ao
êxodo rural, incentivado pelo desenvolvimento da industrialização concentrado
sobretudo nas grandes capitais. Esse período, conhecido como o “milagre
econômico brasileiro”, apresentou picos de taxa de crescimento do produto
interno bruto (PIB) de 14% a.a. (VELOSO; VILLELA; GIAMBIAGI, 2008). “Esse
cenário atraiu muitos investimentos, tanto nacionais como estrangeiros, baseados
nas perspectivas otimistas em relação à economia e aos negócios, entre eles os
investimentos em serviços turísticos” (MÜLLER et al., 2011, p. 693).
Em 1971, o governo federal cria o Fundo Geral de Turismo (Fungetur)1
com o intuito de financiar obras, empreendimentos e serviços que promovessem
o turismo no país. O Fungetur financiou principalmente a expansão da rede
hoteleira, em consonância com a Superintendência do Desenvolvimento da

1
Instituído pelo Decreto-Lei nº 1.191, de 27 de outubro de 1971.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 17


Amazônia (Sudam) e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
(Sudene) (MÜLLER et al., 2011).
Na década de 1970, a hotelaria nacional cresceu, se diversificou e apresentou
melhorias significativas nos serviços ofertados com a entrada de redes hoteleiras
internacionais: Hilton, Holiday Inn, Sheraton, Meridien, Novotel, Club Mediterrané.
Também se verifica o surgimento de redes nacionais da hotelaria, tais como Hotel
Nacional Rio, Horsa, Othon, Eldorado e a rede Tropical de Hotéis (SOLHA, 2002).
A hotelaria no Brasil seguiu a tendência do padrão internacional com a
implantação de hotéis com grande capacidade de acomodação e uma gama de
atividades de lazer e recreação (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO,
2005). A chegada das redes hoteleiras internacionais incentivou a profissionalização
do setor no país, com novos modelos de gestão, e muitas companhias aéreas
adquiriram hotéis para ampliar sua atuação na cadeia produtiva do turismo
(PROSERPIO, 2007).
Essas medidas foram construindo a imagem do Brasil enquanto promissor
destino turístico internacional, tendo como principal carro chefe o turismo de
sol e mar. Conforme estudos de Kajihara (2010) sobre o material de divulgação
da Embratur, na década de 1970, duas imagens eram bastante exploradas nas
campanhas publicitárias de turismo: a mulher (sensualizada/de biquíni) (figura
3) e o carnaval do Rio de Janeiro, segundo Santos Filho (2004), cumprindo com
a função de mascarar a realidade dos “anos de chumbo” do regime militar. Nesse
mesmo contexto, o Guia Quatro Rodas Brasil traz em sua capa de 1977, o desenho
de uma mulher de biquíni em uma praia (figura 4).

Figura 3. Material Promocional – Figura 4. Capa do Guia Quatro Rodas


Embratur – 1977 Brasil de 1977

Fonte: Kajihara (2010) Fonte: Viagem (2016)

18 A interiorização do turismo no Brasil


O contexto econômico era favorável e as mudanças socioculturais
contribuíram para expansão do turismo no país (MÜLLER et al., 2011; SOLHA,
2002). De modo que no ano de 1979 o número de municípios turísticos
relacionados no Guia Quatro Rodas Brasil aumentou para 287 (tabela 2), o
que representou um crescimento de 143% em relação ao GQRB de 1966. O
crescimento do número de municípios turísticos foi significativo em todas as
regiões do país, indicando o espraiamento da atividade turística em partes do
território nacional.

Tabela 2. Número de municípios turísticos brasileiros por região e tipologia,


conforme o Guia Quatro Rodas Brasil - 1979

Outros
Estância Estância Praia Cidade Total
Região Praia Histórica Serra Municípios Total
Hidromineral Climática Lacustre Santuário %
Turísticos
Sudeste 22 18 18 9 2 1 1 40 111 39%
Nordeste 9 17 2 4 2 - 2 41 77 27%
Sul 16 2 3 7 - 2 - 45 75 26%
Norte 1 1 - - - - - 10 12 4%
Centro-Oeste - 2 - - - - - 10 12 4%
Total 48 40 23 20 4 3 3 146 287 100%

Total % 17% 14% 8% 7% 1% 1% 1% 51% 100%

Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1979)

Do total de municípios turísticos catalogados pelo GQRB, 48 (17%) eram


do segmento praia (em destaque rosa escuro no mapa 2). O Sudeste continua
concentrando o maior número de destinos de praia (22), seguido pela região Sul
com 16 destinos litorâneos. Dentro das tendências mundiais, a praia passa a ser a
principal área de atração turística, tendo como referência o paradigma do turismo
de massa. A popularização do automóvel, o surgimento de uma classe média urbana
e os novos hábitos de consumo são os principais fatores que explicam a difusão do
fenômeno turístico do segmento sol e mar.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 19


Mapa 2. Municípios turísticos catalogados pelo
Guia Quatro Rodas Brasil de 1979

Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1979)

A rede rodoviária do Brasil, da década de 1970, evidencia o avanço da


integração do interior da região Sul-Sudeste do país, a interligação da região
Nordeste ao Sul, sobretudo, pela região costeira (BR101), como também apresenta
pela primeira vez a integração da região Centro-Oeste à região Norte (Rodovia
Belém-Brasília) (figura 5).

20 A interiorização do turismo no Brasil


Figura 5. Rede rodoviária e ferroviária do Brasil em 1973

Fonte: IBGE, Evolução das redes ferroviária e rodoviária (2018)

Desta forma, nota-se no mapa elaborado a partir do Guia Quatro Rodas Brasil
de 1979 (mapa 2), o surgimento de municípios turísticos, sem tipologia definida, ao
longo da rodovia Belém-Brasília, tais como: Porto Nacional, à época pertencente ao
estado de Goiás, Conceição do Araguaia no estado do Pará, Imperatriz e Carolina
no estado do Maranhão.
A região Centro-Oeste, alvo dos esforços do regime militar de incorporar à
integração econômica do país, aparece no GQRB de 1979 com 12 municípios:
Brasília/DF, Goiânia/GO, Goiás/GO, Aruanã/GO, Caldas Novas/GO, Luziânia/
GO, Pirenópolis/GO, Porto Nacional/GO, Cuiabá/MT, Corumbá/MS, Coxim/
MS e Ponta Porá/MS.
Todas as capitais da região Norte, sem exceção, aparecem como municípios
turísticos sem tipologia definida no GQRB de 1979. Cabe destacar que o
desenvolvimento do turismo foi considerado parte das estratégias do governo
militar para a ocupação territorial da Amazônia Legal, que lança, em 1978, o I
Plano de Turismo da Amazônia (I PTA), organizado pela Sudam com apoio técnico
da Embratur (TODESCO, 2013).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 21


A região Nordeste, nesse período, ultrapassa a região Sul em número de
destinos (tabela 2) e começa a ganhar espaço no mercado turístico doméstico,
mantendo crescimento constante nas décadas seguintes. Porém, na década de
1970, no Nordeste não são as praias que se destacam em quantidade, mas sim os
municípios da tipologia histórica, que totalizam 17, sendo eles: Marechal e Pene-
do no estado de Alagoas; Cachoeira, Lençóis, Nazaré, Porto Seguro, Salvador e
São Francisco do Conde na Bahia; Aracati no estado do Ceará; Goiana, Igarassu,
Itamaracá e Olinda em Pernambuco; Estância, Laranjeiras e São Cristóvão no
estado de Sergipe.
Isso se deve à visibilidade do patrimônio histórico na década de 1970
(AGUIAR, 2016). À época, o Programa Integrado de Reconstrução das Cidades
Históricas (PCH) investiu na recuperação e conservação de cidades no Norte e
Nordeste do país, sob o discurso de integração econômica pelo turismo, com
medidas de conservação das cidades históricas e sítios urbanos (CORREA, 2016;
AGUIAR, 2016; GAGLIARDI, 2016).
Na região Sudeste, na tipologia histórica, além das cidades mineiras catalogadas
em 1966, acrescenta-se os municípios de Itu, Embu, Itapecerica da Serra e São
Sebastião do estado de São Paulo, Cabo Frio do estado do Rio de Janeiro, Anchieta
e São Mateus do estado do Espírito Santo.
Muitos municípios litorâneos catalogados no Guia Quatro Rodas na tipologia
histórica, nas décadas de 1960 e 1970, posteriormente, com o avanço e a valorização
do segmento turístico de sol e mar, terão sua tipologia alterada para praia.
As cidades santuários, além de Aparecida/SP, surgem no GQRB de 1979,
Bom Jesus da Lapa do estado da Bahia e Juazeiro do Norte do estado do Cea-
rá, evidenciando a importância desses municípios como destinos de romaria e
peregrinação, consolidando-se ao longo do tempo como destinos do segmento
turismo religioso.
Outro ponto a destacar no mapa de 1979 é a redução do número de estâncias
climáticas, pois grande parte dos municípios dessa tipologia migrou para a tipologia
serra, em função do aparecimento das “Serras Gaúchas” como um importante
produto turístico nacional, destacando-se: Canela, Caxias do Sul, Garibaldi,
Gramado, Nova Petrópolis e São Francisco de Paula no estado do Rio Grande do
Sul, além de São Joaquim no estado de Santa Catarina.
Nesse período, é importante mencionar o surgimento do fenômeno das
segundas residências nos destinos litorâneos e nos destinos interioranos de serra,
associado à proximidade com as capitais e às facilidades de acesso (OLIVEIRA;
FONSECA, 2014; TULIK, 1995, 2001). Os destinos de serra passaram a
ser frequentados pelas famílias mais abastadas com residência secundária
localizada nas proximidades dos centros urbanos, atraindo a especulação
imobiliária em função das atividades e serviços turísticos (FONSECA,
2012; TULIK, 1995).
Os destinos de serra se desenvolveram, portanto, ao redor das grandes capitais
e fomentaram o fluxo de turismo de finais de semana e feriados, impulsionados
por uma demanda em busca de clima diferenciado, gastronomia diversificada e

22 A interiorização do turismo no Brasil


contato com a natureza. É dentro dessa perspectiva que as serras do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco irão
se estruturar enquanto opção de lazer e turismo nos finais de semanas e férias para
uma população brasileira cada vez mais urbana.
1.3 Década de 1980: maior difusão do turismo pelo interior com
o protagonismo das serras e rios brasileiros
No início dos anos oitenta, no Brasil, o cenário era de crise econômica, recessão
e inflação, bem como de crise política, com o processo de redemocratização, sob
a pressão de movimentos sociais exigindo “diretas já”. Esses fatores políticos e
econômicos repercutem na atividade turística, de modo que em 1989 ocorre
uma leve diminuição do número de municípios turísticos catalogados pelo Guia
Quatro Rodas Brasil, que apresenta 12 municípios a menos comparado à edição
de 1979.

Tabela 3. Número de municípios turísticos brasileiros por região e tipologia,


conforme o Guia Quatro Rodas Brasil - 1989

Outros
Beira- Estância Estância Praia Estância Cidade Total
Região Praia Histórica Serra Municípios Total
Rio Hidromineral Climática Lacustre Hidrotermal Santuário %
Turísticos
SE 27 33 19 6 21 6 2 - 1 7 122 44%
NE 20 21 5 9 3 2 - 2 2 1 65 24%
S 24 4 15 4 9 - 4 1 - 3 64 23%
N 2 1 - 10 - - - - - - 13 5%
CO - 3 1 5 - - - 1 - 1 11 4%
Total 73 62 40 34 33 8 6 4 3 12 275 100%

Total % 27% 23% 15% 12% 12% 3% 2% 1% 1% 4% 100%

Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1989)

Enquanto as regiões Sul e Nordeste apresentam retração do número de


municípios turísticos comparado ao GQRB de 1979, a região Sudeste apresenta
um pequeno crescimento de sua participação, e as regiões Norte e Centro-Oeste
mantêm o número em 1989 (tabelas 2 e 3).
A tipologia mais numerosa continua sendo praia, mas com um diferencial, a
região Nordeste que em 1979, apresentava apenas 9 destinos de praia, em 1989,
já passa a apresentar um total de 20 municípios nessa tipologia, iniciando a sua
guinada para o segmento turístico de sol e mar (mapa 3). É interessante registar que
na década de 1980, “a divulgação [realizada pela Embratur] da região Nordeste,
que antes tinha como foco as manifestações afro-culturais, nessa década teve suas
belas praias como destaque” (KAJIHARA, 2010, p. 12).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 23


Mapa 3. Municípios Turísticos Catalogados pelo
Guia Quatro Rodas Brasil de 1989

Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1989)

A tipologia histórica de 40 municípios, em 1979, passa para 62 municípios,


em 1989, devido ao aumento, sobretudo, na região Sudeste, que concentra 33
municípios turísticos dessa tipologia, sendo 15 no estado de Minas Gerais, 10 no
estado de São Paulo, 5 no estado do Rio de Janeiro e 3 no estado do Espírito Santo.
Nessa década, o Brasil passa a ter seis bens culturais reconhecidos como
Patrimônio Histórico Mundial da UNESCO: Centro Histórico de Ouro Preto
(1980); Centro Histórico de Olinda (1982); Missões Jesuíticas Guarani, no Rio
Grande do Sul (1983); Centro Histórico de Salvador (1985); Santuário de São Jesus
de Matosinho, em Congonhas do Campo/MG (1985); e Brasília (1987).
As estâncias hidrominerais e termais também aumentaram com a inserção
dos municípios: Dias d’Ávila/BA, São João do Rio do Peixe/PB, Salgadinho/PE,
Caldas Novas/GO, Caldas/MG, Jacutinga/MG, Passa Quatro/MG, Itaperuna/RJ,
Amparo/SP, Monte Alegre do Sul/SP, Campo Mourão/PR, Marcelino Ramos/RS,
Vicente Dutra/RS, Palmitos/SC, Piratuba/SC e São Carlos/SC.
A tipologia “outros municípios turísticos” caiu consideravelmente de 146, em
1979, para apenas 12, em 1989. Isso ocorreu porque o Guia Quatro Rodas Brasil
ampliou as tipologias, inserindo a tipologia beira-rio. Dessa forma, nota-se que
praticamente todas as capitais da região Norte passam para essa tipologia, assim
como vários municípios do Centro-Oeste e do interior do Nordeste (mapa 3).

24 A interiorização do turismo no Brasil


A tipologia beira-rio totaliza 34 municípios, sendo a quarta tipologia mais
numerosa do GQRB de 1989. Os rios destacados como importantes recursos de
atração turística são: Rio São Francisco, Rio Parnaíba, Rio Tocantins, Rio Araguaia,
Rio Guaporé, Rio Madeira, Rio Amazonas, Rio Paraná e Rio Paraguai.
Nota-se, portanto, que além dos municípios turísticos de serra, histórica e
estância hidromineral e termal, destaca-se mais um importante recurso turístico no
interior do país, os rios, evidenciando a valorização das paisagens naturais e da água
enquanto um importante atrativo turístico, que a partir dos anos 1990 será cada vez
mais explorado no mercado turístico, no bojo do movimento ambientalista. Nesse
mesmo contexto, os destinos de serra dobraram de 20 para 40, entre 1979 e 1989,
concentrados nas regiões Sudeste (19) e Sul (15).
Verifica-se, portanto, que a década de 1980 marca um período de difusão do
turismo pelo interior do Brasil, concentrado em dois tipos de oferta: destinos com
oferta de recursos naturais; e destinos com oferta de recursos histórico-culturais.

1.4 Década de 1990: a popularização da aviação aérea, a


ascensão do turismo litorâneo nordestino e a valorização das
unidades de conservação
A década de 1990 é marcada por uma série de novas políticas, planos e projetos
na área do turismo, com destaque para: 1. a reestruturação da Embratur por meio
da Lei n. 8.181 de 1991; 2. o estabelecimento da Política Nacional de Turismo2,
em 1992; 3. o lançamento do Plano Nacional de Turismo (Plantur), em 1992; 4.
a criação do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur/
NE), em 1992; 5. o programa Roteiro de Informações Turísticas (Rintur), em
1993; 6. a implementação do Programa Nacional de Municipalização do Turismo
(PNMT), em 1994 (BRUSADIN, 2005; CRUZ, 2002; LIMA; ALVES; SILVA, 2017;
OLIVEIRA, F., 2008).
As ações de capacitação na escala municipal promovidas pelo PNMT na década
de 1990 desempenharam um papel importante no processo de expansão do turismo
pelo Brasil, pois despertou a discussão sobre o turismo em cerca de 1.416 municípios,
incentivando a criação de conselhos municipais de turismo, elaboração de planos
municipais de turismo e inventariação turística (OLIVEIRA, F., 2008).
Entretanto, o Guia Quatro Rodas Brasil de 1999 não revela crescimento do
número de municípios turísticos, ao menos não em todas as regiões do Brasil. O
GQRB de 1999 apresenta um crescimento significativo de número de municípios
turísticos apenas na região Nordeste (aumento em torno de 25% comparado ao
GQRB de 1989), que pela primeira vez passou a ter o maior número de destinos
de praia, ultrapassando a região Sudeste (tabela 4 e mapa 4). Em 1989, o Nordeste
tinha 20 municípios catalogados no Guia na tipologia praia e em 1999 esse número
aumenta para 56.

2
Instituída pelo Decreto nº 448, de 14 de fevereiro de 1992.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 25


Tabela 4. Número de municípios turísticos brasileiros por região e tipologia,
conforme o Guia Quatro Rodas Brasil - 1999
Regiões Praia Histórica Serra Estância Outros Municípios Turísticos Total Total %
Sudeste 36 25 27 22 4 114 42%
Nordeste 56 17 3 3 2 81 30%
Sul 27 9 14 7 4 61 22%
Centro-Oeste - 2 1 3 4 10 4%
Norte 5 - - - 3 8 3%
Total 124 53 45 35 17 274 100%
Total % 45% 19% 16% 13% 6% 100%
Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1999)

Esse crescimento verificado no litoral nordestino expressa um esforço por parte


dos governos estaduais em promover a atividade e inserir a região no mercado turís-
tico nacional e internacional por meio dos megaprojetos turísticos que concentravam
a infraestrutura básica e turística em porções específicas do litoral, visando criar um
produto turístico de padrão internacional (CRUZ, 2002; FONSECA, 2005b).
Como consequência dos investimentos públicos, a região Nordeste atraiu
grande volume de investimentos privados internacionais, sobretudo de grandes
redes hoteleiras internacionais interessadas em implementar hotéis de alto padrão3
para explorar a extensa faixa litorânea da região.

Mapa 4. Municípios Turísticos Catalogados pelo Guia Quatro Rodas Brasil de 1999

Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1999)

3
Algumas das principais redes hoteleiras que já operavam no Brasil em 1999 são: Grupo Accor, Best
Western, Sol Meliá Hotéis, Hilton Brasil, Sheraton/Starwood, Club Med do Brasil (PROSERPIO, 2007).

26 A interiorização do turismo no Brasil


Além disso, segundo Proserpio (2007), alguns fatores impulsionaram
o turismo especialmente no Nordeste, a partir da década de 1990: 1. o
investimento do governo em infraestrutura básica e nos aeroportos, por
meio do Prodetur/NE; 2. a abertura da economia para capital internacional
e a intenção de privatização; 3. a liberalização do mercado da aviação com
a legislação conhecida como “céus abertos”, que permitia a chegada de voo
charter de empresas estrangeiras ao país.
Pode-se afirmar que nos anos noventa ocorre uma clara predileção assumida
pelo Guia ao privilegiar o segmento de sol e mar, apresentando, relativamente,
maior participação da tipologia praia, considerando-se toda série histórica analisada
(1966: 29%; 1979: 17%; 1989: 27%; 1999: 45%). As políticas públicas com a finalidade
de promoção do turismo no Nordeste brasileiro, aliada à evidente inclinação do
Guia ao privilegiar esse segmento, possibilitaram o destaque da região Nordeste no
GQRB de 1999. É fato que a partir deste momento a dinâmica regional do turismo
brasileiro é alterada com a inserção da região Nordeste no turismo nacional de
modo mais expressivo, atraindo fluxos domésticos e internacionais.
Na década de 1990, portanto, sem diminuir a importância dos automóveis,
acrescenta-se o papel do transporte aéreo na consolidação de destinos turísticos
no país. O transporte aéreo passa a ser fundamental na consolidação de destinos
turísticos distantes dos principais polos emissores de turistas, que, no caso, desde o
início da história do turismo no Brasil, sempre foi a região Sudeste, que concentra
a massa populacional com as melhores condições socioeconômicas.
Conforme Oliveira (2009), no início dos anos 1990, o número de passageiros
do transporte aéreo girava entorno de 18 milhões por ano (12% da população
brasileira à época), com a “Política de Flexibilização do Transporte Aéreo”, de
1991, a eliminação das barreiras de entrada de novas empresas no mercado, o
número de empresas aéreas cresceu de cinco (sendo Varig, Vasp e Transbrasil as
principais companhias) para quatorze em 1996.
Também é possível constatar um outro fato importante: ao mesmo tempo
em que se consolida nesse período o turismo de massa do segmento sol e mar no
Brasil, com a primazia da região Nordeste, concomitantemente, no bojo do movi-
mento ambientalista no mundo e no país, crescem os esforços para promover um
turismo “alternativo” ao turismo de massa, com foco na preservação e valorização
dos recursos naturais e culturais.
Apesar de a questão ambiental estar sendo debatida em escala mundial desde
o final da década de 1960, conforme denota a fundação do Clube de Roma em 1968
e, posteriormente, a realização da Conferência de Estocolmo, em 1972, em que se
reuniram 113 países e mais de 250 entidades internacionais para discutir a relação
“desenvolvimento e meio ambiente”, esse tema ganha maior relevância, no Brasil,
e reflete na área do turismo com a realização da Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada na cidade do Rio de Janeiro,
conhecida como RIO 92 ou ECO 92. A partir desse evento foram produzidos
importantes documentos na área ambiental, com destaque para a Declaração do
Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Declaração de Princípios sobre o
Uso das Florestas, a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, a
Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 27
Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e a Agenda 21 Global.
Outro resultado significativo da RIO 92, principalmente no que se refere ao
fortalecimento institucional na área ambiental, é a criação do Ministério do Meio
Ambiente (MMA), em 1992. O MMA, juntamente com o Ministério da Indústria,
do Comércio e do Turismo (MICT) institui, em abril de 1994, o Grupo de Trabalho
Interministerial integrado por seus representantes, como também do Ibama e da
Embratur, para desenvolver e propor uma política e um programa nacional de
ecoturismo.
No mesmo ano, esse Grupo de Trabalho publica as Diretrizes para uma Política
Nacional de Ecoturismo, que define ecoturismo como “o segmento da atividade
turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva
sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da
interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações” (BRASIL,
1994, p. 19).
Não por coincidência, na década de 1990, conforme descreve Kajihara (2010),
a Embratur altera sua estratégia de promoção turística (figura 6) e passa a focar no
turismo ecológico:

Na análise dos materiais promocionais da década de 1990, percebe-se que a


Embratur pretendeu mudar a estratégia de divulgação da imagem do Brasil
como o país do futebol e do carnaval. Passou promover o país como um destino
diversificado, concentrando o foco na cultura e nas riquezas naturais do país.
[...] Pouco material iconográfico foi encontrado do início dessa década. No
entanto, o grande foco foi o turismo ecológico. (KAJIHARA, 2010, p. 15-16,
grifo nosso)

Figura 6. Material Promocional da Embratur de 1992-1999

Fonte: Kajihara (2010)

28 A interiorização do turismo no Brasil


O Guia Quatro Rodas Brasil traz pela primeira vez em sua capa destaque para
os parques nacionais na edição de 1989 (figura 7), e isso ocorre novamente somente
nas capas dos anos de 1997, 1998 e 1999 (figura 8), evidenciando essas unidades
de conservação como importantes atrativos turísticos naturais dos municípios em
que estão sediados.

Figura 7. Capa do Guia Quatro Rodas Figura 8. Capa do Guia Quatro Rodas
Brasil de 1989 Brasil de 1999

±
Fonte: Viagem (2016) Fonte: Viagem (2016)

O Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal


(PROECOTUR) surge nesse contexto, gerenciado pelo Ministério do Meio
Ambiente que propõe desenvolver o turismo no bioma Amazônico, evitando
os danos ambientais e sociais ocasionados pelo turismo de massa, incentivado
pelo Prodetur/NE no litoral nordestino (TODESCO, 2013). Entretanto, como
relata Todesco (2013), após a fase de planejamento dos 15 “polos turísticos” da
região da Amazônia Legal, o programa teve sua fase de execução cancelada,
sem receber os investimentos previstos, mantendo a região Norte do país na
periferia do mercado turístico brasileiro.

1.5 A primeira década do século XXI: a valorização do


patrimônio natural e cultural
O ano de 2003 é um marco para a história da institucionalização do turismo,
com a criação do Ministério do Turismo no primeiro mandato do governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a criação do MTur, o país passou a

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 29


contar com um órgão da administração direta do poder central exclusivamente
dedicado ao turismo. A Embratur por sua vez tem suas atribuições transferidas
ao MTur e fica responsável somente pela promoção dos destinos brasileiros
no exterior.
Logo ao ser criado, o MTur lança o Plano Nacional de Turismo (PNT) 2003-
2007 e, em 2004, incorpora ao PNT o Programa de Regionalização do Turismo
(PRT), que acaba por substituir o Programa Nacional de Municipalização do
Turismo, tendo como principal diferença a escala de planejamento do turismo que
de municipal passa para regional.
Ainda no âmbito do PRT, é lançado o Mapa do Turismo Brasileiro, identificando
as regiões turísticas que, conforme o próprio MTur (BRASIL, 2007c), teve um
critério de adesão muito parecido com o adotado pelo PNMT, ou seja, dependia
da iniciativa e vontade dos governos municipais em aderir ao programa. Desta
forma, o Mapa do Turismo Brasileiro, em 2004, apresentou 219 regiões turísticas,
abarcando 3.203 municípios (57,5% do total de municípios brasileiros).
Entretanto, muitos dos municípios que aderiram ao PRT e passaram a fazer
parte de uma “região turística” não se configuravam como destinos turísticos
consolidados, tanto é que, em 2013, com a categorização dos municípios em
5 categorias (A, B, C, D e E), após uma década de implementação do PRT,
93% dos municípios foram classificados nas categorias C, D e E, revelando
a debilidade e fragilidade do turismo na grande maioria dos “municípios
turísticos” brasileiros.
Em 2009, o Guia Quatro Rodas Brasil catalogou 211 municípios turísticos,
nota-se, portanto, uma retração no número de municípios considerados turísticos
e claramente uma tendência de ascensão do litoral, em detrimento do interior do
país (tabela 5).

Tabela 5. Número de municípios turísticos brasileiros por região e tipologia,


conforme o Guia Quatro Rodas Brasil - 2009

Região Praia Serra Histórica Estância Total Total %


Sudeste 35 27 17 16 95 45%
Nordeste 50 6 11 1 68 32%
Sul 20 16 3 4 43 20%
Centro-Oeste - - 2 1 3 1%
Norte 3 - - - 3 1%
Total 108 49 33 22 212 100%
Total % 51% 23% 16% 10% 100%
Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (2009)

O GQR de 2009 se limitou a 4 tipologias: praia, histórica, estância e serra


(mapa 5). Uma queda acentuada ocorre no número de estâncias, que de 35
em 1999 passa para 22 (-37%), em 2009. Nas décadas anteriores, as estâncias
hidrominerais e termais eram frequentadas por uma elite e estavam inseridas
entre os principais destinos turísticos do país. O período áureo do cassinismo

30 A interiorização do turismo no Brasil


ocorreu entre 1936 e 1946, porém, com a proibição dos jogos de azar pelo
presidente Eurico Gaspar Dutra em 1946, inicia-se a decadência de muitas dessas
destinações (SOLHA, 2002). A perda de atratividade ocorreu em função da
desativação dos cassinos, mas também pela emergência de outras destinações
estruturadas a partir do segmento sol e mar que passam a assumir a preferência
entre os turistas (SOLHA, 2002).

Mapa 5. Municípios Turísticos Catalogados pelo Guia Quatro Rodas de 2009

Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (2009)

Dentre todas as tipologias, a única categoria que registrou aumento foi


a tipologia serra, passando de 45 para 49, entre 1999 e 2009, adicionando
municípios como São Raimundo Nonato/PI, Alto Caparaó/MG, Lages/SC e São
Bento do Sul/SC.
Alguns elementos de competitividade fazem os destinos serranos se
destacarem. Segundo Fernandes (2014), em Portugal, os destinos serranos têm
desenvolvido a competitividade através da valorização da qualidade dos produtos
de origem identitária, a valorização dos recursos naturais e, por fim, as referências
com o patrimônio natural e a cultura local que esses destinos têm como oferta
principal. No Brasil, muitos destinos de serra exploram seu patrimônio cultural,
especialmente referentes à cultura da imigração europeia, como é o caso, por
exemplo, de destinos de serra do Rio de Janeiro (Itatiaia – comunidade finlandesa)
(FAGERLANDE, 2010, 2015), do Espírito Santo, Santa Catariana, Paraná e
Rio Grande do Sul (comunidades italianas e alemãs). Nesse sentido, é possível
mencionar que os destinos serranos têm uma relação forte com os elementos
Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 31
culturais e ambientais, oferecendo serviços de lazer e entretenimento diferenciado
e com alto padrão de competitividade.
É importante ressaltar que o Guia Quatro Rodas Brasil, ao reduzir em
apenas quatro as tipologias turísticas, torna-se um instrumento falho para
apresentar os destinos do interior que se destacam pela oferta de recursos
naturais, mas que não se enquadram na tipologia serra ou estância. Foz do
Iguaçu, por exemplo, desde 1966 aparece como município turístico, mas na
tipologia “outros municípios turísticos”, após a supressão dessa tipologia, o
GQRB de 2009 não enquadra esse destino em uma tipologia (e por isso não
consta no mapa 5). Entretanto, o GQRB-2009 dá um significativo destaque a
esse município, dedicando-lhe oito páginas.
Assim como Foz do Iguaçu, podemos citar Bonito/MS, Lençóis/BA e Andaraí/
BA, na Chapada Diamantina; Chapada dos Guimarães/MT, Alto Paraíso de Goiás/
GO, na Chapada dos Veadeiros; Alter do Chão, em Santarém/PA, Cáceres/MT e
Poconé/MT, no Pantanal; Mateiros/TO e São Félix do Tocantins/TO, no Jalapão,
dentre outros, que não são enquadrados em nenhuma das quatro tipologias do
Guia Quatro Rodas Brasil de 2009, mas que são importantes destinos, situados
nos diversos biomas brasileiros, que despontaram no segmento de ecoturismo,
especialmente, a partir dos anos 2000.
O próprio Guia Quatro Rodas Brasil de 2009 traz os 10 melhores programas
turísticos escolhidos pelos leitores (por votação no site viajeaqui.com), em que em
primeiro lugar aparece flutuação no Rio da Prata em Jardim no Mato Grosso do
Sul (figura 9), em 2º lugar o Parque Nacional de Foz do Iguaçu (figura 10), em 3º
lugar o Parque Nacional Chapada Diamantina, e em 10º lugar o Parque Nacional da
Serra da Capivara, do 4º ao 9º lugar são destinos litorâneos e as cidades históricas
de Minas Gerais.

Figura 9. Os melhores Programas Turísticos do ano Figura 10. Os melhores Programas Turísticos
2009: em 1º lugar Flutuação no Rio da do ano 2009: em 2º lugar Parque Nacional
Prata (Jardim/MS) do Iguaçu

Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (2009) Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (2009)

32 A interiorização do turismo no Brasil


Esse ranking é um pequeno exemplo de como os destinos de natureza
passaram a ter cada vez mais destaque no mercado turístico nacional, tornando-se
um dos principais vetores da interiorização do turismo no Brasil.

1.6 Panorama geral de cinco décadas do turismo brasileiro


Do total de 118 municípios turísticos catalogados no Guia Quatro Rodas Brasil
de 1966, 38% localizavam-se no litoral, enquanto 62% situavam-se no interior do
país (tabela 6). O percentual maior de municípios interioranos permanece nos anos
de 1979 e 1989. No entanto, em 1999 o número de municípios litorâneos (51%)
supera os municípios localizados no interior (49%), aumentando a diferença no ano
de 2009, quando a participação dos municípios litorâneos é de 54%, indicando que
o Guia Quatro Rodas Brasil passa a dar cada vez mais destaque para o segmento
mais demandado pelo mercado, isto é, sol e mar.

Tabela 6. Número de municípios turísticos catalogado pelo


Guia Quatro Rodas Brasil de 1966-2009, por localização e região

GQRB-1966 GQRB-1979 GQRB-1989 GQRB-1999 GQRB-2009


Região
Litoral Interior Litoral Interior Litoral Interior Litoral Interior Litoral Interior
Norte - 2 2 10 4 9 4 4 3 -
Nordeste 10 10 34 43 33 33 62 19 53 15
Centro-Oeste - 4 - 12 - 11 - 10 - 3
Sudeste 26 38 34 77 37 84 39 75 37 58
Sul 9 19 24 51 23 41 34 27 20 23
Total 45 73 94 193 97 178 139 135 113 98
Total % 38% 62% 33% 67% 35% 65% 51% 49% 54% 46%
Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1966, 1979, 1989, 1999, 2009)

Certamente a atuação do poder público no turismo e a conjuntura econômica


e social mudaram de forma significativa o mercado e a oferta de destinos turísticos,
sobretudo na região Nordeste que, aliada à política de desenvolvimento regional,
conseguiu grande avanço no turismo de sol e mar, em detrimento a outras ofertas/
produtos turísticos.
A participação de Minas Gerais na região Sudeste segura o número de
municípios no interior, com a oferta de destinos nas categorias histórica, serra e
estância. As regiões Norte e Centro-Oeste, que do ponto de vista da localização
geográfica poderiam encabeçar o processo de interiorização do turismo, sempre
tiveram uma participação pouco expressiva em termos de número de destinos, não
por coincidência são as duas regiões que historicamente receberam os menores
percentuais de investimentos públicos em turismo (TODESCO, 2013; TODESCO;
ADELINO, 2021).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 33


Para entender o processo de interiorização do turismo no Brasil é preciso
então enfatizar três categorias principais de destinos: serra, estância hidromineral-
termal e histórica. Essas são as principais ofertas de produtos turísticos dos destinos
interioranos. Em uma análise focada nessas categorias (tabela 7, gráfico 1), fica
evidente que esses destinos vão diminuindo à medida que o Brasil passa a ser
vendido e explorado como destino do segmento sol e mar.

Tabela 7. Número de Municípios Turísticos por Tipologia Catalogados pelo


Guia Quatro Rodas (1966-2009)

Tipologias 1966 1979 1989 1999 2009


Praia 34 48 73 124 108
Praia Lacustre - 3 6 - -
Beira Rio - - 34 - -
Histórica 15 40 62 53 33
Cidade Santuário 1 3 3 - -
Estância (Hidromineral/Hidrotermal) 17 23 37 35 22
Estância Climática 10 4 8 - -
Serra - 20 40 45 49
Outros Municípios Turísticos 41 146 12 17 -
Total 118 287 275 274 212
Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1966, 1979, 1989, 1999, 2009)

Gráfico 1. Evolução do número de municípios turísticos catalogados pelo Guia Quatro Rodas,
conforme as principais tipologias (1966-2009)

Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1966, 1979, 1989, 1999, 2009)

34 A interiorização do turismo no Brasil


As categorias estância e histórica tiveram seu ápice em 1989, com destaque
particularmente para Minas Gerais, Goiás e São Paulo, período em que o turismo
ainda era basicamente de fluxo rodoviário e consequentemente regional. Com
a modernização dos transportes e investimentos nos aeroportos, esses destinos
tiveram redução significativa de sua demanda, e uma desvalorização ao longo
do tempo. De fato, a chegada de meios de transporte mais eficientes, rápidos e
cômodos como o avião possibilitou o acesso a destinos mais distantes dos polos
emissores (PALHARES, 2002; REJOWSKI, 2005; RONÁ, 2002).
A única tipologia que se manteve crescente foram os destinos de serra, em
atendimento a uma demanda oriunda dos grandes centros urbanos em busca de
uma proposta de turismo alternativo ao turismo litorâneo, que acabou por se
popularizar e se massificar.
Enquanto as “estâncias climáticas” das décadas de 1960 e 1970 estavam
mais vinculadas ao tratamento de saúde, devido à qualidade do ar e do clima
encontrada em tais localidades, a expansão recente do turismo nas áreas serranas
está relacionada com o paradigma da sustentabilidade emergente, que ganha mais
visibilidade a partir dos anos noventa, valorizando a natureza intocada (DIEGUES,
2008). Inseridas nesse contexto, temos novas segmentações turísticas criadas pelo
mercado, dentre as quais se destacam o ecoturismo, turismo de aventura, turismo
rural, entre outros.
Analisando a evolução do turismo a partir do GQRB dos anos setenta, não
se verifica crescimento do número de municípios turísticos catalogados (1979:
287; 1989: 275; 1999: 274). Assim, contrariamente às tendências do mercado que
apontam para maior diversificação da oferta turística com ampliação significativa
de novos segmentos, o Guia Quatro Rodas Brasil vai restringindo as tipologias
dos municípios turísticos, apontando para um reducionismo que não condiz com
a dinâmica do turismo brasileiro, restringindo as tipologias turísticas para apenas
quatro: praia, histórica, serra e estância.
Entretanto, apesar das críticas que possam ser feitas ao GQRB, deve-se
considerar que, dadas as limitações de dados oficiais sobre o turismo para o
conjunto do país, este se constitui em uma fonte de pesquisa importante e auxilia
a compreender a configuração espacial do turismo no Brasil nas últimas décadas
do século XX.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 35


2.
As políticas públicas e o esforço de interiorização do
turismo no Brasil: inventariação, municipalização,
regionalização e categorização

N este capítulo, o foco são as políticas públicas idealizadas e implementadas


pelo governo federal que contribuíram e estimularam a difusão do
turismo para o interior do país.
Os esforços do governo federal brasileiro em interiorizar o turismo no país
por meio da identificação e diversificação da oferta turística nacional têm seus
primeiros sinais na metade do século XX, com medidas de inventariação turística
do território nacional, mas que pela instabilidade dos órgãos oficiais de turismo
foram logo abandonadas. A partir de 1990, esse esforço é retomado, sendo
instituídas algumas políticas públicas que vão promover a interiorização do turismo
no país, ainda bastante concentrado no litoral. Dentre essas políticas, destacam-
se Programa Roteiro de Informações Turísticas (Rintur), a Política Nacional de
Municipalização do Turismo (PNMT) e o Programa de Regionalização do Turismo
(PRT), conforme veremos a seguir.

2.1 Inventariação turística: primeiras iniciativas

A Comissão Brasileira de Turismo (Combratur), órgão consultivo


subordinado diretamente à Presidência da República, antecessora da Empresa
Brasileira de Turismo (Embratur), ao ser criada pelo Decreto n. 44.863, de 21
de novembro de 1958, tinha, dentre outras, as incumbências de “coordenar as
atividades destinadas ao desenvolvimento do turismo interno e estrangeiro, o
estudo e a supervisão das medidas relacionadas com a movimentação de turistas,
e a realização, com a colaboração dos estados e municípios, do inventário das
áreas de interesse turístico existentes no país”.
Nesse período, a inventariação turística, conforme o Regimento Interno da
Combratur (Decreto n. 48.126/1960), era vista como uma importante ferramenta
para o levantamento do “Patrimônio Nacional, com a finalidade de proteger, por
meio da legislação adequada, a paisagem ou outros motivos considerados como
atração turística”. Dessa forma, o processo de inventariação inicia-se em 1960,
mas é logo interrompido com a extinção da Combratur, em 1962.
Após 15 anos, o governo federal promulga a Lei n. 6.513, de 20 de
dezembro de 1977, que “dispõe sobre a criação de Áreas Especiais e de Locais
de Interesse Turístico e sobre o Inventário com finalidades turísticas dos bens
de valor cultural e natural”. A referida lei é o primeiro dispositivo legal que
define o que seriam as possíveis áreas especiais e locais de interesse turístico
do país, a saber:

36 A interiorização do turismo no Brasil


I - os bens de valor histórico, artístico, arqueológico ou pré-histórico; II – as
reservas e estações ecológicas; III - as áreas destinadas à proteção dos recursos
naturais renováveis; IV - as manifestações culturais ou etnológicas e os locais
onde ocorram; V - as paisagens notáveis; VI - as localidades e os acidentes
naturais adequados ao repouso e à pratica de atividades recreativas, desportivas
ou de lazer; VII - as fontes hidrominerais aproveitáveis; VIII - as localidades que
apresentem condições climáticas especiais. (BRASIL, 1977)

Observa-se que a definição de locais de interesse turístico é bastante genérica


e envolve um certo grau de subjetividade ao utilizar os termos “bens de valor”,
“paisagens notáveis”, “condições climáticas especiais”.
A responsabilidade de realizar e manter permanentemente atualizado o
“Inventário das Áreas Especiais e dos Locais de Interesse Turístico”, conforme o
artigo 6º da Lei n. 6.513/1977, era da Empresa Brasileira de Turismo (criada em
1966). Mas só em 1979 que a Embratur inicia o processo de inventariação turística,
fazendo uso de metodologias desenvolvidas com base em estudos da Organização
Mundial do Turismo (BRASIL, 2011). Cabe destacar que a inventariação turística
era considerada uma importante fase do processo de planejamento turístico, pois
só com o conhecimento da oferta nacional disponível seria possível dinamizar
novos destinos.
A partir de então, a Embratur publica três documentos intitulados “Inventário
da Oferta Turística”, edições 1980, 1984 e 1993, os quais subsidiaram a realização
do inventário turístico de alguns municípios do país (BRASIL, 2011).

2.2 Programa Roteiro de Informações Turísticas e o Programa


Nacional de Municipalização do Turismo
Em 1991, a Embratur deixa de ser uma empresa estatal e configura-se numa
autarquia denominada Instituto Brasileiro de Turismo com a competência, dentre
outras, de “analisar o mercado turístico e planejar o seu desenvolvimento, definindo
as áreas, empreendimentos e ações prioritárias a serem estimuladas e incentivadas”
(Lei n. 8.181/1991). Para isso, a Embratur cria o programa Roteiro de Informações
Turísticas (Rintur), em 1993, com o objetivo de identificar e classificar os municípios
turísticos e com potencialidade turística, a fim de dar “condições de estabelecer ordem
de prioridade na alocação estratégica de recursos públicos para o financiamento
de empreendimentos turísticos [...] e orientar corretamente o planejamento de
atividades voltadas ao turismo sustentável municipal” (EMBRATUR, 2002, p. 30).
De acordo com o programa Roteiro de Informações Turísticas, eram
considerados municípios turísticos (MT) “aqueles consolidados, determinantes de
um turismo efetivo, capaz de gerar deslocamentos e estadas de fluxo permanente”
e municípios com potencial turístico (MPT) “aqueles possuidores de recursos
naturais e culturais expressivos, encontrando no turismo diretrizes para o
desenvolvimento socioeconômico do município” (EMBRATUR, 2002, p. 30).
A definição do conceito de municípios turísticos e de municípios com
potencial turístico elaborada pela Embratur enfatiza o elemento da demanda

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 37


turística (localidades capazes de gerar deslocamentos, fluxos de pessoas) e não
apenas ressalta a disponibilidade de recursos culturais e naturais, como a definição
das áreas de interesse turístico da Lei n. 6.513 de 1977.
Dessa forma, o Rintur solicitava aos municípios o preenchimento de um
conjunto de formulários sobre: caracterização do município, gestão turística,
infraestrutura urbana, meios de acesso, equipamentos e serviços turísticos,
potencialidades turísticas (naturais, histórico-culturais, eventos, centros técnico-
científicos) e fluxo turístico (ALMEIDA, 2006). Os municípios encaminhavam os
formulários preenchidos à Embratur que anualmente, por deliberação normativa,
divulgava os municípios turísticos e com potencialidade turística do país.
Ainda na década de 1990, junto ao Rintur, nasce o Programa Nacional de
Municipalização do Turismo (PNMT), por meio da Portaria n. 130, de 30 de março
de 1994, elaborado sob os princípios da descentralização e da participação social
oriundos do período da redemocratização política. O PNMT tinha como objetivo
“fomentar o desenvolvimento turístico dos municípios, com base na sustentabilidade
econômica, social, ambiental, cultural e política” (EMBRATUR, 2002, p. 80).
A adesão dos municípios ao PNMT, segundo o MTur (BRASIL, 2007c), basea-
va-se em critérios bastante flexíveis para estimular a participação municipal, sendo o
principal critério a adesão voluntária do poder público municipal. Aos municípios era
solicitado o preenchimento dos formulários do Rintur, com o objetivo de identificar os
municípios prioritários para o desenvolvimento do turismo, e de acordo com a pontu-
ação obtida, o município era considerado “turístico” ou com “potencial turístico” e a
Embratur passava a ofertar oficinas de capacitação na área de gestão do turismo.
A Embratur divulgou a última Deliberação Normativa (n. 432), em 28 de
novembro de 2002, identificando 378 municípios turísticos e 1.465 municípios
com potencialidade turística nas 27 unidades da federação.

2.3 Regionalização do turismo brasileiro

O Programa de Regionalização do Turismo (PRT), instituído pelo Ministério


do Turismo em 2004, assumiu uma posição de destaque nos sucessivos planos
nacionais de turismo (BRASIL, 2003b, 2007a, 2013b, 2018b). A intenção do
programa com a concepção de regiões turísticas era de fomentar a cooperação
entre os municípios, de modo a conceber um produto turístico articulado e
regionalizado.
De acordo com o documento intitulado “Introdução à Regionalização do
Turismo”, do MTur, publicado em 2007, a “regionalização, proposta como política
pública de turismo significa olhar além do município, para fins de planejamento,
gestão, promoção e comercialização integrada e compartilhada. Propõe-se
olhar a região, e não mais o município isolado” (BRASIL, 2007b, p. 12). A ideia
subjacente à concepção do programa era de criar sinergia e cooperação entre
os atores envolvidos na região turística, visando, dessa forma, promover maior
competitividade aos destinos. Nesse sentido, os destinos são as regiões e não mais
os municípios.

38 A interiorização do turismo no Brasil


O MTur juntamente com os órgãos oficiais de turismo dos estados e municípios
iniciaram o processo de configuração das regiões turísticas e o resultado foi
apresentado no documento intitulado Mapa do Turismo Brasileiro, que em sua
primeira edição, em 2004, expôs 219 regiões turísticas, abarcando 3.203 municípios
(BRASIL, 2004).
A partir de então, o Mapa do Turismo Brasileiro passou a ser atualizado
em média a cada 2 anos. No entanto, os critérios para a composição das
regiões turísticas ainda são muito pouco discutidos e explorados pelos estudos
acadêmicos. Os trabalhos concentram-se em investigar os progressos das regiões
turísticas, por meio de estudos de caso, apresentando os principais entraves
para o desenvolvimento do turismo e/ou analisando a capacidade de gestão
(BANTIM; FRATUCCI, 2019; LOPES; ALVES, 2015; SETTE; IZABEL, 2014;
SILVA, 2015; SILVA; FONSECA, 2017; TRENTIN; FRATUCCI, 2011; CAMPOS;
MOESCH; SILVA, 2016).
A partir do ano de 2013, ainda no âmbito do PRT, no intuito de orientar as
ações governamentais, o MTur passou a identificar o nível de desenvolvimento
turístico dos municípios pertencentes às regiões turísticas, com o estabelecimento
de 5 categorias: A, B, C, D e E.
Nesse cenário, ao longo das várias edições do Mapa do Turismo Brasileiro,
observam-se dois processos concomitantes: aumento do número de regiões
turísticas e redução dos municípios considerados turísticos integrantes de tais
regiões. Assim, tanto os critérios para a composição das regiões turísticas como
também para a categorização dos municípios e sua finalidade carecem de uma
análise mais atenta. Com o objetivo de contribuir para essa discussão, a seguir será
analisado o processo de regionalização turística do território brasileiro.

2.4 A dimensão política na constituição das regiões turísticas

No âmbito da ciência geográfica, a região se constitui um conceito fundamental


e ao longo do desenvolvimento dessa disciplina sempre foi empregado procurando
evidenciar a diferenciação de áreas. Está relacionado ao fato de que as regiões
possuem semelhanças internas e diferenças em relação às outras. A particularidade
de uma unidade espacial indica a constituição de uma região.
Ao longo do século XX, a região passa a ser concebida a partir de diferentes
critérios, isto é, a definição dos elementos a serem considerados para identificar
uma região é alterada e redefinida. No entanto, a ideia de diferenciação de áreas é
o fundamento que persiste na história do conceito de região.
Após a Segunda Guerra, ocorreram importantes mudanças nos estudos
regionais, de modo que os fluxos e as interações espaciais tornaram-se fundamentais
na identificação das “regiões funcionais”. As regiões passam a ser constituídas por
unidades territoriais dotadas de coerência funcional mais intensa, de modo que
esta coesão proporcionaria fluxos intrarregionais, resultante da divisão territorial
do trabalho, onde as cidades e os fluxos seriam elementos centrais na identificação
das regiões (HAESBAERT, 2010).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 39


Nesse contexto, emergiram a discussão sobre desenvolvimento regional
e a necessidade do planejamento urbano-regional. Dentre as várias teorias
que abordaram o problema da desigualdade socioespacial, destaca-se,
para o propósito deste estudo, a Teoria da Polarização, que propunha a
necessidade de promover o desenvolvimento a partir de um polo regional,
geralmente constituído por uma cidade média que polarizava uma área, em
conformidade com os princípios da economia de aglomeração analisada por
Perroux (1967), Benko (1999), Méndez (1997), dentre outros. A regionalização
elaborada pelo MTur parece se apoiar nessas concepções do pós-guerra,
porém privilegiando menos a coesão funcional (turística), mais orientada
pela ideia de promoção e desenvolvimento do turismo a partir de um
polo turístico.
A região na perspectiva dos estudos geográficos tradicionais caracterizava-
se pela importância dada ao singular (diferenciação de áreas), o estudo
integrador ou de síntese, a continuidade espacial, e era concebida como meso
escala (subnacional), conforme aponta Corrêa (1997). Entretanto, a discussão
contemporânea indica que as regiões podem ser concebidas de forma descontínua
(HAESBAERT, 2010), dando primazia aos fluxos e interações espaciais.
Baseando-se nos estudo de Corrêa (1997), é relevante considerar que a
região se define a partir de uma particularidade manifestada seja por uma
coesão funcional (turística, por exemplo), geradora de fluxos internos (pessoas,
mercadorias e informações) na área onde a atividade se manifesta, seja pela coesão
cultural manifestada em uma unidade de área; ou ainda a partir das relações
políticas, sendo a diferenciação de área reforçada para que um grupo político
possa exercer seu poder, controle e dominação, perpassados pelo viés ideológico
e das representações.
Dessa forma, a região pode ser definida a partir de diferentes critérios,
sendo que em uma área uma dada dimensão (econômica, cultural ou política)
pode ter maior relevância do que outra. É importante afirmar que apesar da
proeminência de uma dimensão, todas estão articuladas e integradas, uma vez
que o espaço deve ser concebido de forma multidimensional. Ressaltando a
complexidade assumida pela coesão regional na atualidade, Haesbaert (2010,
p. 136) observa

que elas aparecem, de modo crescente, não apenas num aspecto funcional,
mas também simbólico, ainda que, muitas vezes, um esteja a serviço do outro,
como no caso dos simbolismos regionais (...) forjados com a clara intenção de
‘vender’ a imagem da região ao grande capital, aos grandes investidores, em
eficaz marketing das regiões.

Esse mesmo autor traz uma importante contribuição e atualização da discussão


regional e recupera dois princípios da geografia que fundamentaram as bases da
regionalização no âmbito da geografia clássica: o princípio da extensão, que se
relaciona à homogeneidade ou uniformidade de uma dada unidade espacial; e o
princípio da conexão, uma vez que a coesão regional (funcional) propicia a inter-

40 A interiorização do turismo no Brasil


relação dos lugares. Em um esforço de síntese, o autor discorre sobre algumas
características e princípios observados no processo de regionalização identificados
na geografia tradicional, conforme quadro 2.

Quadro 2. Princípios tradicionais de regionalização

Princípio regional da Princípio regional da coesão


homogeneidade ou funcional ou da polarização
uniformidade

Uniformidade ou semelhanças Fluxos e relações de organização/


Propriedades básicas
de características. coesão.

Nós ou polos e fluxos; redes (pontos


Configuração espacial Áreas ou zonas (superfícies e
e linhas). Limites pouco definidos, as
típica limites).
vezes com sobreposições.

Fenômenos Zonais ou em áreas. Ex. Reticulares. Ex. rede urbana,


privilegiados atividades rurais, uso do solo. circulação econômica.

Região homogênea complexa:


área de domínio de um tipo de
Exemplo de paisagem. Fluxo de transporte, prestação de
indicadores Região homogênea simples: serviços, comunicações e informações.
tipo de produção, composição
social, étnica, linguística.

Método de Medição e análise da direção e


Descrição e/ou classificação de
regionalização/análise intensidade dos fluxos a partir das
lugares ou de áreas.
regional predominante conexões urbanas.

Prioriza a homogeneidade Sobrevaloriza fenômenos dotados


e a estabilidade, a extensão de maior mobilidade ou organização
Limitações (uniforme) dos fenômenos, em rede, funcionais, menosprezando
subvalorizando a mobilidade e aqueles expressos em termos de área
a fluidez. ou extensão e os de ordem simbólica.
Fonte: adaptado de Haesbaert (2010).

Considerando o caráter distinto e complementar desses dois princípios


que nortearam os estudos clássicos sobre regionalização, Haesbaert (2010)
reconhece a existência destas duas lógicas, zonal e reticular, para se rediscutir o
processo de regionalização e propõe algumas diretrizes para repensar a região
no contexto atual que contemplem as diferenciações espaciais a partir das
diferenças de grau e de natureza, os processos de articulação/desarticulação
espacial, a descontinuidade das regiões e as múltiplas escalas e não apenas a
mesoescala.
Após uma ampla discussão conceitual, o autor conclui que a região não deve
ser entendida como um fato concreto, um artifício teórico ou um instrumento de
ação de forma desconexa. Propõe a compreensão da região como “um artefato,
tomada na imbricação entre fato e artifício e, de certo modo, também, enquanto
ferramenta política” (HAESBAERT, 2010, p. 109). Observa ainda que “arte-fato
(com hífen) também permite indicar que o regional é abordado ao mesmo tempo

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 41


como criação, autofazer-se (‘arte’) e como construção já produzida e articulada
(‘fato’)” (Ibidem, p. 110).
Essa breve discussão conceitual de região é importante para que possamos
nos debruçar sobre a pertinência da regionalização turística brasileira concebida
pelo MTur, uma vez que a identificação das regiões turísticas no Brasil ocorre
de forma voluntária, por iniciativa dos governos municipais e estaduais. Os
municípios se autodeclaram turísticos, e os governos estaduais, representados
pelos órgãos oficiais de turismo, agrupam e definem a região turística em
diálogo com o poder público municipal e poucos atores privados.
Dessa forma, é possível afirmar que o critério subjacente para a referida
regionalização é político, sendo a configuração das regiões estabelecidas pela ação
ou inação do poder público, especialmente da esfera municipal, de modo que a
composição das regiões é estabelecida pelas relações de poder, sem a realização de
estudos mais criteriosos e com parâmetros de coesão funcional para a identificação
das mesmas. Sem critérios, o primeiro Mapa do Turismo Brasileiro (figura 11),
publicado pelo MTur em 2004, apresenta 219 regiões turísticas, englobando 3.203
municípios (57,5% do total de municípios brasileiros).

Figura 11. Regiões turísticas no Brasil definidas pelo MTur em 2004

Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa da Regionalização do Turismo (2004)

42 A interiorização do turismo no Brasil


Somente em 2013, por meio da Portaria n. 313/2013, que o MTur estipula
os critérios que deveriam ser adotados para a constituição das regiões turísticas,
a saber: I- possuir oferta turística dentre os municípios que as compõem (coesão
funcional); II- possuir características similares e/ou complementares e aspectos que
identifiquem os municípios que compõem as regiões, seja através da identidade,
história, cultura, economia, ou aspectos naturais em comum (particularidade);
III- ser limítrofes e/ou distribuídas de forma contígua (proximidade). A partir
de tais parâmetros, foi elaborado o quarto Mapa do Turismo Brasileiro (figura
12), ocorrendo acréscimo do número de regiões turísticas (303) e redução
dos municípios integrantes da regionalização (3.345), em relação ao anterior,
publicado em 2009.

Figura 12. Regiões turísticas no Brasil definidas


pelo MTur em 2013

Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2013)

Para a elaboração do quinto Mapa do Turismo Brasileiro, o MTur instituiu


novos critérios, por meio da Portaria n. 205, de 9 de dezembro de 2015, referentes
à estrutura organizacional e à burocracia dos governos municipais: I – possuir
órgão responsável pela pasta de turismo; II – comprovar a existência de dotação
para o turismo na lei orçamentária anual vigente; III – apresentar Termo de
Compromisso assinado por Prefeito Municipal ou dirigente responsável pela pasta
de turismo, aderindo ao PRT.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 43


Considerando-se somente esses critérios burocráticos, o Mapa do
Turismo Brasileiro de apresentou uma redução de 10 regiões turísticas no
país e uma expressiva redução da participação de municípios, de modo que,
comparativamente ao Mapa de 2013, 1.170 municípios foram excluídos. A
função turística desempenhada pelos municípios (coesão funcional) não tem
centralidade no processo de configuração das regiões turísticas, sendo que as
relações políticas assumem papel importante nessa determinação.
Além dos critérios estabelecidos em 2013, o MTur, por meio da Portaria
n. 192 de 2018, adiciona dois novos critérios para a inserção dos municípios
na composição das regiões turísticas do Mapa do Turismo Brasileiro de
2019: comprovar a existência de Conselho Municipal de Turismo ativo; e ter
prestador(es) de serviços turísticos de atividades obrigatórias registrados na
Base de Dados do Sistema de Cadastro dos Prestadores de Serviços Turísticos
(Cadastur/MTur). Mesmo com esses dois novos critérios, ainda assim a iniciativa
política dos governos municipais é decisiva para a configuração das regiões
turísticas pelos parâmetros do PRT. Na tabela 8, verifica-se o aumento constante
do número de regiões, apesar da diminuição dos municípios turísticos, entre
2004 e 2019.

Tabela 8. Regiões e municípios turísticos no Brasil,


segundo MTur, de 2004 a 2019

%
Unidades espaciais 2004 2006 2009 2013 2016 2017 2019 04/19
04/19

Regiões 219 200 276 303 293 328 333 114 52,05

Municípios 3.203 3.819 3.635 3.345 2.175 3.285 2.694 -509 -15,89

Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2004, 2006, 2009, 2013, 2016, 2017, 2019).

A ausência de critérios teoricamente fundamentados e precisos para a


definição das regiões turísticas torna-se terreno fértil para as denominações
das unidades espaciais turísticas identificadas pelos atores municipais e/
ou estaduais, que ora referem-se a uma região, ora a um polo, rota, roteiro,
caminho, zona ou mesmo circuito. Essa diversidade denota a declarada falta
de rigor conceitual, de critérios e de estudos por parte dos órgãos oficiais de
turismo brasileiro para a definição e configuração das regiões turísticas, o que
deveria ser a base fundamental para o processo de concepção e execução do
PRT, para fins de planejamento.

44 A interiorização do turismo no Brasil


2.5. O crescimento do número de regiões turísticas: a
competitividade inter-regional
Os dados obtidos no Mapa do Turismo Brasileiro elaborado pelo MTur
demonstram que em dezesseis anos de vigência do PRT (2004-2020) ocorreu
um crescimento constante das regiões turísticas, de modo que entre as
regionalizações de 2004 e 2019 foram identificadas, pelos agentes da esfera
pública (municipal e estadual), conforme orientações gerais do MTur, 114 novas
regiões turísticas no território brasileiro, totalizando 333 regiões em 2019, o que
representa um crescimento de 52% (gráfico 2). No entanto, no mesmo período,
509 municípios foram excluídos do Mapa, representando uma retração de 16%
(figura 13).

Gráfico 2. Evolução do número de regiões turísticas


no Brasil de 2004 a 2019

Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2004, 2006, 2009, 2013, 2016, 2017, 2019)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 45


Figura 13. Regiões turísticas no Brasil definidas pelo MTur em 2019

Notas: (1) Região Norte; (2) Região Nordeste; (3) Região Centro-Oeste; (4) Região Sudeste; (5) Região Sul.
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2019)

Na tabela 9, é possível observar o processo de regionalização identificado nas uni-


dades federativas nos últimos dezesseis anos. As regiões Norte e Centro-Oeste apresen-
tam o menor número de regiões turísticas, visto que a atividade turística se encontra
menos desenvolvida. Por outro lado, a região Sudeste apresenta um número elevado
de regiões, de modo que São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo en-
globam 115 regiões turísticas, ou seja, 1/3 do total do país. Os estados do Sul também

46 A interiorização do turismo no Brasil


se destacam na identificação de regiões turísticas, particularmente o Rio Grande do
Sul, que ao longo desse período definiu 18 novas regiões, totalizando 27 regiões.

Tabela 9. Regiões turísticas no Brasil, por estado, de 2004 a 2019

UF 2004 2006 2009 2013 2016 2017 2019


NORTE 30 34 35 34 33 34 48
AC 2 2 2 2 5 5 5
AP 3 5 5 5 1 1 5
AM 4 7 8 7 7 7 7
PA 6 6 6 6 6 6 14
RO 5 4 4 4 4 5 7
RR 3 3 3 3 3 3 3
TO 7 7 7 7 7 7 7
NORDESTE 57 68 78 81 80 84 83
AL 8 8 7 6 6 7 7
BA 10 11 13 13 13 13 13
CE 6 12 9 12 12 12 12
MA 5 7 9 10 10 10 10
PB 4 5 9 10 8 9 11
PE 8 8 14 14 14 16 13
PI 6 7 7 7 7 7 7
RN 5 5 5 4 5 5 5
SE 5 5 5 5 5 5 5
SUDESTE 83 39 98 103 92 *
121 115
ES 12 10 10 10 10 10 10
MG 50 10 42 46 40 48 44
RJ 13 11 12 12 12 12 12
SP 8 8 34 35 30 51 49
CENTRO-OESTE 23 32 35 36 35 36 33
DF 3 1 1 1 1 1 1
GO 9 9 9 10 10 10 10
MT 4 15 15 15 14 16 14
MS 7 7 10 10 10 9 8
SUL 26 27 30 49 53 53 54
PR 9 9 10 14 14 14 14
RS 9 9 11 25 27 27 27
SC 8 9 9 10 12 12 13
TOTAL 219 200 276 303 293 328 333
* No ano de 2016, o Mapa do Turismo contabilizou 90 regiões turísticas na região Sudeste; no entanto, o mesmo documento listava
92 nesta região.
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2004, 2006, 2009, 2013, 2016, 2017, 2019)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 47


Sem dúvida, o caso mais emblemático é o estado de São Paulo, onde foram
identificadas 8 regiões turísticas em 2004 e, em 2019, o número aumentou para
49. Já o estado de Minas Gerais definiu um número elevado de regiões desde o
primeiro Mapa de 2004 (50 regiões), pois considerou cada circuito turístico como
região, envolvendo alguns municípios em 2 ou até 3 regiões/circuitos. Atualmente,
Minas Gerais engloba 44 regiões turísticas. Na região Norte, destaca-se o estado
do Pará, que entre o Mapa de 2017 e de 2019 criou 8 novas regiões, passando
de 6 para 14.
O aumento significativo de regiões decorre tanto da fragmentação das já
existentes como também da constituição de novas. Tal fato se verifica devido
ao aumento da competitividade entre as destinações turísticas que precisam
se diferenciar, buscando uma maior identidade para o produto turístico
regional. Uma das formas de alcançar essa diferenciação é pela fragmentação
das regiões em parcelas menores, almejando alcançar maior unidade entre os
municípios aglomerados, ressaltando a particularidade da região turística, seja
através de algum atributo natural, cultural, histórico e/ou econômico. Assim, a
fragmentação verificada, no âmbito do PRT, ocorre a partir de determinações
diversas (multidimensional), sempre sob o respaldo do ente político, mediante
entendimento entre poder público municipal e estadual.
Analisando-se os dados da tabela 10, verifica-se a existência de uma correlação
entre a relevância da unidade federativa no que se refere ao receptivo turístico
doméstico e o número de regiões turísticas, ou seja, quanto maior o fluxo turístico,
maior o número de regiões identificadas.

48 A interiorização do turismo no Brasil


Tabela 10. Destino das viagens domésticas e número de regiões turísticas
por estado em 2019

Receptivo % Nº de regiões
Região UF
(2019) turísticas (2019)
Sudeste SP 18,9 49
Sudeste MG 12,8 44
Nordeste BA 8,7 13
Sul RS 6,7 27
Sudeste RJ 5,8 12
Sul PR 5,6 14
Norte PA 4,5 14
Nordeste CE 4,3 12
Sul SC 4,2 13
Centro-Oeste GO 4,1 10
Nordeste PE 3,2 13
Nordeste PI 2,8 7
Nordeste MA 2,5 10
Nordeste RN 2 5
Sudeste ES 2 10
Nordeste PB 1,6 11
Centro-Oeste MT 1,6 14
Nordeste SE 1,5 5
Centro-Oeste MS 1,4 8
Nordeste AL 1,3 7
Centro-Oeste DF 1,2 1
Norte AM 1 7
Norte TO 1 7
Norte RO 0,6 7
Norte AC 0,3 5
Norte AP 0,3 5
Norte RR 0,2 3
Total - 100,0 333
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua 2019;
Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2019)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 49


O estado de São Paulo recebeu 18,9% do fluxo doméstico brasileiro em 2019 e
contém o maior número de regiões turísticas (49). Destacam-se ainda os estados de
Minas Gerais e Rio de Janeiro (Sudeste); Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná
(Sul); Bahia, Ceará e Pernambuco (Nordeste); Goiás (Centro-Oeste) e Pará (Norte).
Esses estados são os mais visitados no país no que se refere à demanda doméstica e,
de modo geral, neles são identificadas maior quantidade de regiões turísticas.
A região Norte, por sua vez, engloba estados com grandes extensões territoriais,
recebe os menores percentuais de fluxo turístico no conjunto nacional e, com
exceção do Pará, apresenta um baixo número de regiões turísticas comparado aos
demais. Alguns estados da região Nordeste e do Centro-Oeste se encontram em
situações intermediárias.
Tal como aponta Santos (1999), no contexto do paradigma neoliberal, o mercado
estimula a “guerra dos lugares”, de modo que a competição passa a ser, cada vez
mais, um atributo da geografia. Esse entendimento é encontrado também nas obras
de Harvey (1993), que destaca o papel desempenhado pelos agentes representantes
do setor público estimulando e promovendo a competitividade espacial:

As qualidades do lugar passam a ser enfatizadas em meio às crescentes abstrações


do espaço. A produção ativa de lugares dotados de qualidades especiais se
torna um importante trunfo na competição espacial entre localidades, cidades,
regiões e nações. Formas corporativas de governo podem florescer nesses
espaços, assumindo elas mesmas papéis desenvolvimentistas na produção de
climas favoráveis aos negócios e outras qualidades especiais. (HARVEY, 1993,
p. 266).

Fonseca (2005a) observa que no paradigma da globalização, a competitividade


se constitui em um importante fator de diferenciação espacial, assumindo um papel
central na análise espacial. Segundo a autora, “se por um lado, as diferenciações
espaciais propiciam condições de competitividade diferenciada aos agentes
econômicos, por outro lado, a competitividade gera diferenciações espaciais”
(FONSECA, 2005a, p. 215).
Os atributos específicos de cada localidade são valorizados na competitividade
espacial, conforme apontado pelos autores citados, e esse reforço à diferença,
além de explicar o crescimento das regiões turísticas que buscam reafirmar
suas particularidades, também se expressa através das alterações verificadas
na denominação das regiões turísticas, que passa a indicar, cada vez mais, a
especificidade do produto turístico regional.
A título de exemplo, foram listadas nas tabelas 11 e 12 as mudanças nas
denominações das regiões turísticas, considerando-se a regionalização de 2004
e 2019 encontradas em dois estados brasileiros, Pernambuco e Rio Grande do
Sul, com a finalidade de ressaltar as particularidades ou atributos locais e, dessa
forma, propiciar maior identidade à destinação turística. Elementos da natureza
(vegetação, hidrografia, topografia, ecossistema), da cultura (gastronomia, arte,
religião) ou históricos (movimentos sociais, personalidades) são destacados para
ressaltar as diferenças regionais.

50 A interiorização do turismo no Brasil


Tabela 11. Pernambuco: regiões e municípios turísticos
no Mapa do Turismo Brasileiro em 2004 e 2019

Regiões Turísticas N. de N. de
Regiões Turísticas 2019
2004 Municípios Municípios

1. Zona Turística
16 1. Águas da Mata Sul 2
Litorânea

2. Zona Turística do 2. Águas e Vinhos do Vale do São


20 6
Interior Francisco

3. Zona Turística do
10 3. Cangaço e Lampião 4
Interior

4. Zona Turística do
11 4. Costa Náutica Coroa do Avião 6
Interior

5. Zona Turística do
9 5. Encantos do Agreste 5
Interior

6. Zona Turística do
9 6. Engenhos e Maracatus 9
Interior

7. Zona Turística do
10 7. Fé e Arte 9
Interior

8. Zona Turística do
7 8. História e Mar 6
Interior

9. Histórica, dos Arrecifes e


Total de municípios 92 5
Manguezais

10. Ilhas e Lagos do São Francisco 6

11. Moda e Ecoturismo 5

12. Serras e Artes de Pernambuco 8

13. Território da Poesia e da


5
Cantoria
Total de municípios 76
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2004, 2019)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 51


Tabela 12. Rio Grande do Sul: regiões e municípios turísticos
no Mapa do Turismo Brasileiro em 2004 e 2019

N. de N. de
Regiões Turísticas 2004 Regiões Turísticas 2019
Municípios Municípios

1. Porto Alegre e Metro-


24 1. Alto da Serra do Botucaraí 6
politana

2. Zona do Litoral Norte 21 2. Campos de Cima da Serra 10

3. Zona da Serra 78 3. Carbonífera 5

4. Zona das Hidrominerais 95 4. Central 16

5. Zona das Missões 77 5. Centro-Serra 8


6. Zona do Pampa 20 6. Costa Doce 20
7. Zona Central 65 7. Cultura e Tradição 8
8. Zona dos Vales 77 8. Delta do Jacuí 6
9. Zona Sul 38 9. Fronteira 10
Total de municípios 495 10. Hortênsias 6
11. Litoral Norte Gaúcho 19
12. Pampa Gaúcho 7
13. Porto Alegre 1
14. Rota Águas e Pedras 16
15. Rota das Araucárias 9

16. Rota das Terras Encantadas 15

17. Rota do Rio Uruguai 20


18. Rota do Yucumã 26
19. Rota Missões 16
20. Termas e Lagos 20
21. Uva e Vinho 29
22. Vale da Felicidade 18
23. Vale do Jaguari 5
24. Vale do Paranhana 6
25. Vale do Rio Pardo 10
26. Vale do Taquari 24
27. Vale Germânico 9
Total de municípios 345
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2004, 2019)

52 A interiorização do turismo no Brasil


Outro aspecto que deve ser ressaltado é a diminuição do número de municípios
que compõe as regiões turísticas, o que vem corroborar com nossa afirmação sobre
a busca por uma maior identidade. Tomando como exemplos o caso do Rio Grande
do Sul, verifica-se que, em 2004, esse estado tinha 9 regiões que englobavam um
número elevado de municípios, tais como Zona das Hidrominerais (95), Zona da
Serra (78), Zona das Missões (77), Zona dos Vales (77), Zona Central (65) e Zona Sul
(38). Na regionalização de 2019, verifica-se um aumento significativo de regiões (27
ao total) com um número reduzido de municípios, a região com o maior número
de municípios é a região da Uva e Vinho, com 29.
Na regionalização de 2004, ainda podem ser citados outros exemplos de
regiões englobando um elevado número de municípios: Paraná, que definiu
a região Noroeste do Paraná e o Norte do Paraná com 113 e 95 municípios,
respectivamente; em São Paulo tem o caso da Região Vale do Paraíba que
englobava 39 municípios; e, em Goiás, a Região do Vale da Serra da Mesa e
a Região das Águas, com 41 municípios cada, e a Região Nascentes do Oeste,
envolvendo 36 municípios.
A partir de 2006, verifica-se um decréscimo constante do número de mu-
nicípios turísticos que compõem o Mapa do Turismo Brasileiro definido pelo
MTur, de modo que em cada edição são excluídos do mapa um número signi-
ficativo de municípios. Entre 2006/2009 são suprimidos 184 municípios; na
regionalização seguinte, entre 2009/2013, saem do mapa 290 municípios; entre
2013/2016 ocorre uma diminuição expressiva de 1.179 municípios; e no perío-
do seguinte, entre 2016/2017, também são suprimidos 1.110 municípios; e na
edição de 2019, verifica-se a retração de 591 municípios em relação a 2017. Mas
o que revela esse decréscimo expressivo do número de municípios turísticos?
No tópico a seguir, focaremos nossa análise nos municípios excluídos do Mapa
do Turismo Brasileiro.

2.6 A categorização turística dos municípios: competitividade


intrarregional
Em 2013, para a quarta atualização do Mapa do Turismo Brasileiro, o
Ministério do Turismo define, por meio do art. 2º da Portaria n. 105/2013, que um
dos objetivos do Programa de Regionalização do Turismo é: “Estabelecer critérios
e parâmetros para a definição e categorização dos municípios e das regiões
turísticas, de modo a gerar indicadores de processos, resultados e de desempenho
como ferramentas de apoio à tomada de decisão técnica e política” (grifo nosso).
A categorização dos municípios foi estabelecida pela referida portaria como
uma das estratégias de implementação do Programa de Regionalização do Turismo,
com a finalidade de orientar a atuação do governo federal de acordo com o estágio
de desenvolvimento em que se encontram as regiões e municípios.
A aplicação da categorização em 2013 foi posteriormente reavaliada pelo
Ministério do Turismo, que concluiu por modificar os critérios adotados para a
definição das categorias.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 53


O que se previu naquele momento foi aferir o desenvolvimento turístico
dos municípios e das regiões turísticas a partir de critérios de atratividade
e de organização do setor, por meio de uma matriz diagnóstica, a partir dos
eixos de atuação do Programa de Regionalização. Contudo, [...] percebeu-se
pouca eficiência na categorização de municípios por meio da coleta de
dados primários e critérios, muitas vezes, subjetivos e abrangentes [...].
Dessa forma, optou-se por uma nova interpretação para a categorização,
com base em variáveis objetivas, a partir de dados secundários. (BRASIL,
2015a, p. 13)

Para a quinta atualização do Mapa do Turismo Brasileiro, o Ministério do


Turismo, em 2015, institui, por meio da Portaria n. 144/2015, variáveis objetivas
relativas à economia do turismo para a categorização dos municípios, tais como: 1
– Número de estabelecimentos de hospedagem; 2 – Número de empregos formais
no setor de hospedagem; 3 – Estimativa de turistas a partir do estudo de demanda
doméstica; 4 – Estimativa de turistas a partir do estudo de demanda internacional.
Dessa forma, o MTur estabelece a categorização dos municípios pertencentes
às regiões turísticas do Mapa do Turismo Brasileiro utilizando a metodologia de
análise de cluster (agrupamento), em que se definem cinco diferentes categorias:
A, B, C, D e E.
A metodologia utilizada pelo MTur, ao agrupar as informações sobre o
setor de hospedagem e fluxos turísticos dos municípios e categorizá-los, leva
em consideração o contexto da unidade da federação, uma vez que todas as
capitais estaduais são enquadradas na categoria A, tornando-se um parâmetro
de avaliação para os demais destinos turísticos do referido estado. Isso significa,
por exemplo, que um município da categoria B de um dado estado não possui
o mesmo nível de desenvolvimento turístico de um município da categoria B
em outro estado.
Essa metodologia tenta imprimir a dinâmica de competitividade, na qual os
destinos competem para obter eficiência e destaque no mercado turístico por meio
de indicadores relativos ao setor de hospedagem e fluxo turístico. Essa dinâmica
pode vir a tencionar um ambiente em que há municípios de categorias de destaque
(A e B) e de categorias de baixo desempenho (C, D e E).
No decorrer da implementação do PRT foram sendo estabelecidos
critérios, mesmo que tardiamente, para a composição das regiões turísticas. Os
critérios definidos pelo Ministério do Turismo contribuíram para a tendência
declinante do número de municípios considerados turísticos, de modo que entre
a primeira portaria ministerial, que estabelece critérios imprecisos (Portaria
n. 313/2013), e a última, que estabelece uma série de critérios burocráticos
(Portaria n. 192/2018), foram extintos 651 municípios do Mapa do Turismo
Brasileiro (gráfico 3).

54 A interiorização do turismo no Brasil


Gráfico 3. Evolução do número de municípios turísticos
no Brasil de 2004 a 2019

Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2004, 2006, 2009, 2013, 2016, 2017, 2019)

O marco dos critérios de caráter político-burocrático no âmbito do PRT se dá em


2015, quando, por meio da Portaria n. 205/2015, o MTur exige que os municípios,
para permanecer ou se inserir numa região turística, tenham um órgão oficial de
turismo municipal com dotação orçamentária. Como já discutido anteriormente,
nota-se a ênfase dada à iniciativa do poder público municipal para integrar uma
região turística brasileira, evidenciando que a quantidade e a qualidade da oferta
turística e a demanda turística, assim como a diferenciação espacial definidora
da região (política, econômica, cultural ou ambiental) dos municípios não são
necessariamente considerados para incorporação de municípios em uma região
turística.
Em 2018, tentando ampliar as exigências, o MTur, por meio da Portaria
n. 192/2018, estabelece que, além do órgão oficial de turismo municipal e de
dotação orçamentária, é necessário o cadastro de serviços turísticos no Cadastur e
de conselho municipal de turismo ativo.
A partir de tais critérios, em 2019, identificou-se 2.694 municípios turísticos,
distribuídos em 333 regiões turísticas, cuja categorização foi atribuída da
seguinte forma: 62-A; 257-B; 476-C; 1.522-D; 377-E. Isso significa que dos 5.570
municípios existentes no Brasil, 48,3% (2.694) foram inseridos no Mapa do
Turismo Brasileiro de 2019 (tabela 10), apesar de o próprio MTur reconhecer
que “numa região podem existir municípios que não recebem turistas, mas que
se beneficiam da atividade pelo fornecimento de produtos e serviço” (Brasil,
2017c). Ou seja, o próprio MTur afirma que a grande maioria desses municípios
não é, de fato, turístico. Podemos afirmar que tais municípios estão classificados
nas categorias D ou E, que totalizam 1.899 municípios, representando 70,4% do
número de municípios inseridos no Mapa do Turismo Brasileiro de 2019.
Se formos mais rigorosos, é possível questionar se os 30% restantes dos
municípios são turísticos, como é o caso de muitos categorizados como C (476)
e mesmo alguns categorizados como B (257) e A (62). Há casos, por exemplo,

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 55


de municípios que por desempenharem o papel de polo econômico regional
apresentam uma rede hoteleira mais expressiva e somente por isso acabam sendo
classificados nas categorias A ou B.
As regiões que concentram os municípios turísticos, segundo o Mapa do
Turismo Brasileiro de 2019, são o Sudeste (35,7%), o Sul (27,4%) e o Nordeste
(22,4%). Nas regiões Centro-Oeste e Norte encontram-se, respectivamente,
7,6% e 6,7% do total geral (tabela 13). Os dados indicam, portanto, que há uma
concentração da atividade turística nas regiões Sudeste e Sul. O Nordeste brasileiro,
sem dúvida, constitui-se numa área turística importante, mas de forma mais difusa
entre os nove estados, sendo que a atividade se concentra na faixa litorânea.

Tabela 13. Número de municípios e municípios turísticos, por macrorregião, em 2019

Total de Municípios
Regiões % Região/Total % Turísticos/Total
Municípios Turísticos

Nordeste 1.794 32,21 604 22,4

Sudeste 1.668 29,95 962 35,7

Sul 1.191 21,39 739 27,4

Centro-Oeste 466 8,37 207 7,6

Norte 450 8,08 182 6,7

Brasil 5.570 100,0 2.694 100,0


Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2019)

Considerando-se apenas os municípios classificados nas categorias A e B (319)


no Mapa de 2019, verifica-se ainda uma maior concentração na região Sudeste,
englobando 41% (A-22; B-109); enquanto a região Sul, com apenas três estados,
contém 20% (A-10; B-54); na região Nordeste encontra-se 23% (A-17, B-57); na
região Centro-Oeste, 10,3% (A-6; B-27); e a região Norte absorve apenas 5,3% do
total (A-7; B-10), conforme a tabela 14.

Tabela 14. Número de municípios categorizados pelo MTur, por macrorregião, 2013/2019

A B C D E Total
Região 2019/
2013 2019 2013 2019 2013 2019 2013 2019 2013 2019 2013 2019 2013
Norte 7 7 6 10 27 40 108 104 16 21 164 182 18
Nordeste 13 17 39 57 108 112 442 343 218 75 820 604 -216
Centro-
5 6 15 27 54 48 126 116 20 10 220 207 -13
Oeste
Sudeste 18 22 73 109 214 182 703 523 273 126 1.281 962 -319
Sul 8 10 34 54 101 94 462 436 255 145 860 739 -121
Total 51 62 167 257 504 476 1.841 1.522 782 377 3.345 2.694 -651
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2013, 2019)

56 A interiorização do turismo no Brasil


Analisando os dados da tabela 14, referentes à categorização de 2013 e 2019,
verifica-se uma tendência de consolidação dos municípios englobados nas categorias
mais elevadas (A e B), com o crescimento do número de municípios nessas duas
categorias, aumentando 11 municípios na categoria A e 90 na categoria B. Já nos
municípios categorizados como C, D e E ocorre o contrário, isto é, verifica-se o
declínio da participação de tais municípios nesse período: na categoria C ocorre a
diminuição de 28 municípios, sendo que muitos são elevados para B; na categoria D
diminui 319 municípios e na categoria E há uma redução de 405 municípios (tabela
15; gráfico 4). Dessa forma, na medida em que os critérios vão sendo impostos aos
municípios intensifica-se uma seletividade espacial no âmbito do PRT.

Tabela 15. Número de municípios por categoria turística,


segundo MTur – 2013-2019

Variação Variação
Categoria 2013 2015 2017 2019
2019/2013 2019/2013 (%)
A 51 51 57 62 11 21,5
B 167 155 179 257 90 53,8
C 504 424 539 476 - 28 - 5,5%
D 1.841 1.219 1.961 1.522 - 319 - 17,3%
E 782 326 549 377 - 405 - 51,7
Total 3.345 2.175 3.285 2.694 - 651 - 19,4
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2013, 2015, 2017, 2019)

Gráfico 4. Número de municípios por categoria turística


em 2013 e 2019, segundo MTur

Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Mapa do Turismo Brasileiro (2013, 2019)

Entre 2013 e 2019, saem do Mapa do Turismo Brasileiro 651 municípios, verifi-
cando-se a exclusão de municípios em todas as regiões do país, com exceção da Região

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 57


Norte, cujo crescimento foi impulsionado pelo estado do Pará nas categorias mais in-
feriores (C e D). O Sudeste apresentou redução de 319 municípios; no Sul diminuíram
121 municípios; no Nordeste a retração foi de 216 municípios; e no Centro-Oeste a
diminuição foi menor, de apenas 13 municípios. O fato é que as regiões que tinham
um grande percentual de seus municípios classificados como turísticos foram as que
apresentaram maior redução, sendo que essa perda ocorreu naqueles municípios onde
praticamente não havia atividade turística, ou seja, eram classificados como D ou E,
conforme apresenta o gráfico 4. Apesar da redução geral do número de municípios
turísticos no país, verifica-se o crescimento em alguns estados brasileiros: Pará, Rondô-
nia e Tocantins (Norte); Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte (Nordeste); Goiás
(Centro-Oeste); e Minas Gerais (Sudeste). Na região Sul houve retração em todos os
estados.
Conforme mencionado, foi expressivo o crescimento do número de municípios
da categoria B entre 2013 e 2019: no Sudeste houve um crescimento de 36 municípios;
no Sul aumentaram 20 municípios; no Nordeste, 18 municípios; e no Centro-Oeste
teve um acréscimo de 12 municípios. No entanto, é necessária uma análise mais
apurada para avaliar se todos esses municípios podem ser considerados turísticos,
ou mesmo se esse processo de categorização imprimiu mudanças significativas na
política pública de turismo.

2.7 A categorização turística na visão dos gestores municipais


e estaduais: Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do
Norte
Com a finalidade de aprofundar a discussão sobre a relevância da categorização
turística para promoção do turismo, foi feita uma pesquisa nos estados do Rio de
Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Norte junto aos gestores públicos de
órgãos oficiais de turismo municipais e estaduais.
Analisando os dados do quadro 3, nota-se, pelas falas dos gestores públicos
de municípios da categoria A e B do Rio de Janeiro, que a categorização é vista
como algo que não imprimiu um novo ritmo na organização e estruturação dos
destinos. Mas é interessante destacar que a categorização, segundo os gestores, deu
maior visibilidade ao município frente aos recursos federais e estaduais disponíveis
por meio de editais, porém alguns destacam que não possuem equipe técnica
qualificada para a elaboração de projetos para concorrer a esses recursos.

58 A interiorização do turismo no Brasil


Quadro 3. Entrevistas com gestores públicos municipais
dos estados do RJ, RN e SC

Questão: A categorização tem contribuído com o desenvolvimento


Categorização
Municípios do turismo no município ou na região? O município desempenhou
(2017-2018)
alguma ação para conseguir a categoria?

RIO DE JANEIRO

Angra Temos um olhar especial do MTur, nós vemos que se tivermos


A
dos Reis com o projeto bem redondinho conseguimos aprovar.

O que posso dizer é que não mudou muito não.


Armação de
A Penso que o MTur ainda não está classificando elementos
Búzios
essenciais.

A categorização não contribuiu muito para o turismo aqui.


Sabemos que Paraty é destino “A”, e que há editais só acessados
Paraty A
por destinos com essa categoria. Porém, nós não temos equipe
técnica para conseguir participar dos editais.

Não é que tenha alterado, mas deu uma visibilidade para o


Itatiaia A município. Em relação ao governo do estado, vamos começar
correr atrás de recursos federais.

Acho que é importante, pode ser que não sinta diretamente, mas é
Petrópolis A importante. Pois cria responsabilidade de manter, e de conseguir
inserir os dados no mapa. E para a obtenção de recursos.

Muda mais na parte da hotelaria, e nos nossos projetos. Essa


Teresópolis B
categorização é uma força para o município.
Não mudou. Receber a categoria A ou B. Não mudou nada no
Niterói B
cotidiano.
RIO GRANDE DO NORTE

Benefício em si, não teve. Não se tem um entendimento do que é


Caicó C ser estar em categoria “C” ou “D” [...]. Isso não tem reflexo aqui na
secretaria e nem na cidade.

Currais Nós estamos trabalhando isso para melhorar nossa categorização,


C
Novos pois quando subirmos de categoria teremos maior visibilidade.

Ter a categorização não modificou nada. Já somos “B” há muito


Mossoró B
tempo, e é pela questão de quantidade de leitos.

A categoria “C”, não mudou nada. Vai mudar algo quando for
para “B”. Porque não aparecemos para a secretaria estadual, não
Nísia Floresta C convidam a gente para feiras. Porque se dependermos apenas da
prefeitura para fazer um trabalho de promoção e marketing fica
muito pesado.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 59


SANTA CATARINA

É difícil de mensurar. Eu acho que não. É mais uma organização


do MTur do que para nós e muito menos para o turista. Nós não
Pirituba B
usamos isso para o marketing. Nós utilizamos isso quando fazemos
um projeto. Para o mercado não tem tanta influência.

Com certeza nos ajuda no PRODETUR+turismo, foi uma das


coisas que nos colocou lá. Nós temos investido na qualidade
dos nossos produtos, com as parcerias com o convention bureau,
Blumenau B
os sindicatos dos hotéis. Precisamos manter a classificação para
o PRODETUR + turismo. Esses assuntos são poucos discutidos e
divulgados essa questão da categoria e da regionalização.
Olha é bem complicado, no empresariado não tem tido muito efeito.
E aquela expressão “vem a nós, e ao vosso reino nada”. Eles querem
que venha, porém sem contrapartida. Não são todos, mas via de regra
Porto Belo C são assim, só esperam receber. Eu não sei, se eles têm noção dessa
política da categoria “C”. Não sei, se eles enxergam isso. Quando
os empresários descobrem que Bombinhas é “B” e Porto é “C”, eles
nem escutam, já vêm as reclamações.
Não é feito nada pela categoria “B.” Isso veio automático, não foi
Chapecó B
trabalhado para conquistar isso.

É consequência, não pegamos os critérios e olhamos. Mas se


Florianópolis não for, quem será? Nós somos categoria “A”
Florianópolis A
um destino consolidado desde a década de 1980. Quando falo
consolidado em termos de demanda e não de organização.
Olha impactou, mas eu te digo que estamos iniciando uma batalha
Urubici B
para irmos para o “A”.
Sim, o mínimo que se espera de Balneário é ser “A”. Esses
Balneário equipamentos e a estrutura já tinha antes dessa categorização. É
A
Camboriú importante manter essa categorização e estabelecer critérios para
nos manter em competitividade.
Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Os gestores públicos de municípios da categoria B e C do Rio Grande do Norte


fazem um relato semelhante aos do RJ, pois também consideram que a categorização
não trouxe mudanças significativas para o avanço do desenvolvimento do turismo,
mas ponderam que o município ao melhorar de categoria pode vir a ter maior
visibilidade diante das instâncias de governo superiores (como, por exemplo, as
secretarias de turismo estaduais).
Os relatos dos gestores de turismo de municípios da categoria A, B e C do estado
de Santa Catarina também coincidem com os do RJ e do RN, ou seja, apontam que a
categorização não mudou a realidade do turismo nos municípios, sendo considerado
apenas um instrumento interno do MTur para o direcionamento de recursos públicos.
Além disso, em alguns casos, a categorização, conforme os entrevistados, gerou
cobrança por parte dos empresários do setor em relação ao desempenho dos órgãos
públicos de turismo, visto que a categoria A ou B remete a um status diferenciado.
Em relação ao posicionamento dos gestores estaduais de turismo dos estados
do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Santa Catarina referente à categorização

60 A interiorização do turismo no Brasil


(quadro 4), ressalta-se a fala do representante da Secretaria de Turismo do Estado
do Rio Grande do Norte, que apesar de estar há anos à frente dos trabalhos da
secretaria, não constata na prática a utilidade da categorização, considerando-a
pouco clara em sua finalidade, e por isso ignorada pelos gestores municipais.

Quadro 4. Entrevistas com gestores públicos estaduais do RJ, RN e SC


Questão: A categorização dos municípios turísticos tem ajudado de alguma
Estado
forma a desenvolver o turismo? Faça uma avaliação
A categorização contribui para organizar melhor os municípios, principalmente
Rio de Janeiro
na formalização.
Sinceramente eu não sei para que ela veio. Aliás teoricamente eu sei para que ela
veio, mas, na prática eu ainda não consigo perceber. Eu não entendo a aplicação
Rio Grande do
prática da categorização. Os destinos nem se importam com a categoria. Então,
Norte
lá para as tantas eu acabei não reforçando isso, porque se eles (representantes
dos municípios) me apertam eu ia dizer o que depois da categoria? Eu não sei.
Os municípios começaram a entender que podem fazer parte de algo maior.
E quando eles se visualizam em uma determinada categoria eles se perguntam
Santa Catarina
o que fazer para aumentar de categoria. Então só o fato de promover essa
discussão, eles tentam buscar o cumprimento dos critérios.
Fonte: Dados da pesquisa (2019)

Já para o gestor da secretaria de turismo do estado do Rio de Janeiro, a


categorização contribui para organizar melhor os municípios. E para o gestor de
Santa Catarina, a categorização é apontada como uma forma de promover o debate
sobre a organização e o planejamento da atividade turística.
De modo geral, é possível indicar que a categorização criou um certo status
para os municípios indicados na categoria A, B e C, fomentando uma diferenciação
entre os municípios de uma mesma região, o que pode fragilizar os processos de
cooperação, na medida em que se instala um rank entre os municípios. Além disso,
conforme constatado nas entrevistas, os critérios que definem as categorias não
estão claros para os gestores públicos, os quais também consideram que indicadores
importantes estão sendo deixados de fora dos critérios da categorização.
Dessa maneira, ao invés de fomentar uma competitividade entre regiões
turísticas, fomenta-se uma competição intrarregional, fragilizando as possibilidades
de cooperação, parceria e integração entre os municípios. Os municípios indicados
nas categorias menores se percebem invisíveis aos olhos do poder público estadual
e federal e não compreendem ao certo o que é necessário efetivamente realizar
para elevar de categoria. Enquanto na outra ponta há os municípios da categoria A
e B que não sabem identificar os esforços que foram empreendidos para alcançar
respectiva categoria.
Nesse contexto, evidencia-se uma ausência do MTur em indicar as ações e os
investimentos realizados em função das categorias dos municípios, bem como em
apresentar políticas específicas para cada categoria. Apesar da categorização ter
sido criada em 2013, somente em 2017 o Ministério do Turismo estabeleceu regras
e critérios para a transferência de recursos e definiu o perfil de ações na área do
turismo financiáveis por categoria (Portaria n. 39, de 10 de março de 2017).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 61


Entretanto, é interessante observar, como expresso no quadro 5, que todas
as categorias (A, B, C, D, E) são elegíveis para quase metade das ações, e para a
outra metade somente os municípios das categorias A, B e C podem recorrer aos
recursos públicos do governo federal para a área do turismo.

Quadro 5. Perfil das ações e categoria dos municípios


elegíveis para acessar os recursos do MTur

Categorias
Perfil da Ação
Elegíveis

Apoio a Projetos de Infraestrutura Turística A, B, C, D, E


Apoio à Gestão Descentralizada do Turismo A, B, C, D, E
Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo - Prodetur Nacional A, B, C, D, E
Fomento à Iniciativa Privada A, B, C, D, E
Qualificação para o Turismo A, B, C, D, E
Produção Associada ao Turismo A, B, C, D, E
Incentivo à Sustentabilidade no Turismo A, B, C, D
Planos e Estudos de Desenvolvimento do Turismo A, B, C, D
Promoção do Turismo no Mercado Nacional A, B, C
Apoio à Comercialização de Destinos e Produtos Turísticos A, B, C
Apoio ao Posicionamento de Destinos e Produtos Turísticos A, B, C
Cadastramento, Fiscalização e Qualificação dos Serviços e do Profissional do
A, B, C
Turismo
Estudos, Pesquisas e Monitoramento A, B, C
Prevenção da Exploração Sexual e Infantil no Turismo A, B, C

Eventos Geradores de Fluxos Turísticos:


A
I - até R$ 800.000,00 por ano
B
II - até R$ 500.000,00 por ano
C
III - até R$ 400.000,00 por ano
D
IV - até R$ 150.000,00 por ano

Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Portaria n. 39, de 10 de março de 2017

Para os municípios das categorias A, B e C são definidas 7 áreas de investimento


exclusivas, são elas: 1. Promoção do Turismo no Mercado Nacional; 2. Apoio à
Comercialização de Destinos; 3. Apoio ao Posicionamento de Destinos e Produtos
Turísticos; 4. Cadastramento, Fiscalização e Qualificação dos Serviços; 5. Estudos,
Pesquisa e Monitoramento; 6. Prevenção da Exploração Sexual e Infantil; 7.
Incentivo à Sustentabilidade no Turismo.
Como visto anteriormente, a maior parte dos municípios que deixou de
integrar o Mapa do Turismo Brasileiro era da categoria D e E. Possivelmente o
baixo status dado pela categorização, a exclusão em áreas de investimento, aliados
principalmente aos requisitos mínimos exigidos pelo MTur, influenciaram na
evasão desses municípios do Mapa e, consequentemente, do PRT.
62 A interiorização do turismo no Brasil
2.8 Avanços, fragilidades e contradições do Programa de
Regionalização do Turismo no Brasil
É importante reconhecer que as diretrizes estabelecidas pelo PRT se constituem
em um guia fundamental para organização e promoção da atividade turística no
país, particularmente no que se refere à sua gestão. Entretanto, verificam-se algumas
inconsistências e contradições expressas nessa política pública que, segundo nosso
entendimento, dificulta seu êxito; dentre elas podemos destacar, primeiramente, a
fragilidade conceitual de região e a definição de critérios e parâmetros claros para
a configuração das regiões turísticas.
Desde que foi criado, o PRT vem promovendo a organização e o planejamento
do turismo em âmbito regional; no entanto, as regiões são formadas a partir de
critérios meramente político-burocráticos, em que a iniciativa do governo municipal
é preponderante na configuração das regiões, tendo em vista que para pertencer
a uma região turística (desde 2018) basta ter um órgão oficial de turismo com
dotação orçamentária, empresas registradas no Cadastur e conselho municipal de
turismo ativo. A coesão funcional (turística) e a particularidade nem sempre são
consideradas na delimitação das regiões turísticas.
A partir de critérios frágeis, são incluídas no Mapa do Turismo Brasileiro
centenas de regiões turísticas, abarcando milhares de municípios. Tal fato nos leva
a questionar a capacidade do referido Programa em responder às necessidades
desses recortes espaciais para o devido desenvolvimento turístico.
Nesse contexto, a categorização dos municípios surge como um instrumento
de classificação para seleção e direcionamento dos investimentos públicos.
No entanto, se por um lado o PRT visa estimular a cooperação, integração e a
parceria por meio da criação de regiões turísticas, por outro lado estimula, com
a categorização turística, a competição intrarregional em função dos diferentes
status atribuídos aos municípios integrantes de uma mesma região. Além disso, os
critérios para a categorização e sua finalidade não estão postos de forma clara para
os atores envolvidos nas diversas escalas, em especial para a municipal.
Como resultado desse processo contraditório, nota-se a redução do número
de municípios pertencentes às regiões turísticas. A pesquisa mostrou que dos 752
municípios excluídos do Mapa de 2013 a 2019, 28 eram da categoria C, 319 eram
da categoria D e 405 da categoria E, evidenciando que os municípios com baixa
expressividade turística não se sustentam com critérios mínimos de exigência.
Dessa forma, os critérios para compor as regiões turísticas e a categorização dos
municípios induzem a uma seletividade espacial no âmbito do Programa, enquanto
as regiões fragmentam-se em busca de identidade regional e competitividade inter-
regional.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 63


3.
O mapa do turismo no Brasil:
espacialização dos destinos turísticos

C omo pôde ser observado no capítulo 2, os municípios integrantes do


Mapa do Turismo Brasileiro, no âmbito do Programa de Regionalização
do Turismo, em sua grande maioria não são destinos turísticos, conforme assegura
o próprio MTur (BRASIL, 2017c). Os destinos turísticos são os lugares para os
quais os turistas se dirigem, induzindo nesses espaços um sistema de objetos e um
sistema de ações (SANTOS, 1996; 1999), orientados à sua lógica de consumo. O uso
turístico do espaço acaba por implicar na formação de territórios turísticos, “quer
dizer, porções do espaço geográfico em que a participação do turismo na produção
do espaço foi e ainda é determinante” (CRUZ, 2007, p. 11). Evidentemente,
quando adjetivamos o município de turístico, não significa dizer que toda a sua
extensão territorial-política-administrativa se configura num território turístico,
mas assume função turística, de modo que essa atividade se constitui em um vetor
importante no processo de consumo e produção do espaço. Além disso, apesar de
reconhecermos que um destino turístico não se limita à área política-administrativa
de um município, nesse estudo, destinos turísticos e municípios turísticos serão
tratados como equivalentes para fins de mapeamento.
Na consolidação de destinos turísticos, alguns elementos se destacam, tais
como: o fluxo de turistas; a oferta de atrações/atrativos; os empreendimentos e
os serviços turísticos; e os canais de divulgação e de comercialização dos produtos
turísticos. Tendo em vista esses elementos, neste capítulo são identificados e
mapeados os municípios turísticos brasileiros, a partir de uma metodologia
que considera os dados oficiais de fluxos e de empreendimentos turísticos
disponíveis para o conjunto dos municípios nacionais (dados da categorização
do MTur de 2019), os dados de canais de divulgação (Guia Mapograf Brasil
de 2019) e de comercialização dos produtos turísticos (operadoras de turismo
associadas à Braztoa). Por último, no mapa, foram definidas tipologias para os
municípios a partir de sua principal oferta turística (considerando informações
disponíveis no Guia Mapograf Brasil, nos planos de turismo e em material
promocional dos órgãos de turismo municipais e estaduais e das operadoras
de turismo).
A proposta de elaboração de um mapa do turismo brasileiro mais fidedigno
à realidade tem por objetivo contribuir para uma análise da espacialização dos
municípios turísticos e, consequentemente, revelar o atual status da interiorização
do turismo no país. Além disso, objetiva-se apresentar caminhos metodológicos
que tenham maior rigor técnico-científico, nos aproximando cada vez mais
da realidade Brasil, como forma de driblar os critérios meramente político-
burocráticos.

64 A interiorização do turismo no Brasil


3.1 Metodologia para identificação dos destinos turísticos e
elaboração do mapa do turismo brasileiro
O Mapa do Turismo Brasileiro de 2019 abarca um número significativo
de municípios por todo o território nacional, conforme é possível visualizar na
plataforma interativa disponibilizada pelo MTur4. Dentre os 2.694 municípios
que aparecem no mapa, 1.522 se enquadram na categoria D e 377 na categoria E,
representando 70,48% do total de municípios. Os municípios dessas duas categorias
geralmente não possuem sequer empreendimentos e serviços turísticos.
Dessa forma, a proposta de mapeamento dos municípios turísticos brasileiros,
aqui apresentada, abarca um número muito inferior comparado ao mapa produzido
pelo MTur. Isso se deve ao fato de os critérios adotados em nossa proposta não
serem alinhados aos critérios do MTur, em que prevalece a iniciativa dos governos
municipais para integrar o Mapa do Turismo (conforme discutido no capítulo 2).
A seguir, serão detalhadas as cinco etapas dos procedimentos adotados para a
identificação e mapeamento dos municípios turísticos brasileiros:

I- Identificação de fluxos e empreendimentos turísticos dos municípios: o


levantamento foi realizado a partir dos dados oficiais fornecidos pelo MTur na
categorização turística de 2019, estabelecida pela Portaria MTur n. 30, de 7 de
fevereiro de 2018, a qual considera os seguintes critérios:

• Quantidade de estabelecimentos de hospedagem (fonte: PSH - IBGE);


• Quantidade de empregos em estabelecimentos de hospedagem (fonte:
RAIS/ME);
• Quantidade estimada de visitantes domésticos (fonte: Estudo de Demanda
Doméstica - MTur/FIPE); e
• IV - Quantidade estimada de visitantes internacionais (fonte: Estudo de De-
manda Internacional - MTur/FIPE).

O MTur considera “a categorização um instrumento para identificação do


nível de desenvolvimento da economia do turismo dos municípios inseridos nas
regiões turísticas do Mapa do Turismo Brasileiro” (Portaria MTur n. 30/2018).
Assim, ao categorizar os municípios em cinco níveis (A, B, C, D e E), o MTur
evidencia os municípios A e B como aqueles que possuem uma atividade turística
expressiva. Os municípios das categorias C, D e E seriam, portanto, municípios
adjacentes ou coadjuvantes, que não apresentam um fluxo turístico significativo
e/ou não possuem sequer meios de hospedagem. Assim, em nossa proposta,
inicialmente incluímos todos os municípios das categorias A e B, que, em 2019,
correspondiam respectivamente a 62 e 257 municípios, totalizando 319.

II - Levantamento dos municípios divulgados como turísticos: o Guia


Mapograf Brasil, da editora OnLine, é considerado o sucessor do Guia Quatro
4
Disponível em: http://www.mapa.turismo.gov.br/mapa/init.html

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 65


Rodas Brasil, da editora Abril, que teve sua última edição publicada em 2015. O
Guia Mapograf Brasil traz um conjunto de informações e avaliações de meios de
hospedagem, restaurantes, atrações turísticas, serviços de apoio, além de sugestões
de roteiros de viagem e mapas de municípios brasileiros, sendo representativo
do comportamento do mercado no sentido de revelar a valorização de algumas
destinações turísticas no país. Além disso, fornece tipologias para os municípios
considerados turísticos, sendo elas: praia; serra; estância; histórica.
Ao total, o Guia Mapograf Brasil, edição 2019, apresenta 133 municípios
turísticos, sendo: 27 capitais; 9 estâncias; 16 históricas; 54 praias; e 27 serras. Do
total, 101 pertenciam às categorias A e B, definidas pelo MTur na categorização
de 2019. Na proposta apresentada foram incluídos os 32 municípios restantes,
catalogados pelo Guia Mapograf Brasil como turísticos, que não se encontravam
nas categorias A ou B do MTur, em 2019.

III- Levantamento da comercialização dos produtos turísticos dos


municípios: para a identificação dos municípios que possuem produtos turísticos
comercializados por agências e operadoras de turismo, primeiramente foi realizado
um levantamento das operadoras turísticas associadas à Braztoa – Associação
Brasileira de Operadoras Turísticas. Em 2020, do total de 58 operadoras
turísticas associadas à Braztoa, 25 comercializavam produtos de destinos turísticos
brasileiros (quadro 6), as demais comercializavam destinos internacionais, viagens
corporativas, cruzeiros ou somente efetuavam reserva de hotéis.

Quadro 6. Operadoras turísticas associadas à Braztoa que comercializam produtos turísticos de


destinos brasileiros

N. Operadora Turística Sede website

1 Abreutur Rio de Janeiro www.abreutur.com.br

2 Agaxtur São Paulo www.agaxtur.com.br

3 AIT Rio de Janeiro www.aitoperadora.com.br

4 Ambiental São Paulo www.ambiental.tur.br


5 Bancorbrás Brasília www.bancorbras.com.br
6 BWT Operadora Curitiba www.bwtoperadora.com.br
7 CVC Viagens Santo André www.cvc.com.br
8 Del Bianco Rio de Janeiro www.delbianco.com.br
9 Flot São Paulo www.flot.com.br
10 Flytour Viagens São Paulo www.flytour.com.br
11 Litoral Verde Petrópolis www.litoralverde.com.br
12 MGM Operadora Curitiba www.mgmoperadora.com.br
13 New Age São Paulo www.newage.tur.br
14 New It Rio de Janeiro www.newit.com.br

66 A interiorização do turismo no Brasil


N. Operadora Turística Sede website

15 Pomptur São Paulo www.pomptur.com.br


16 Raidho São Paulo www.raidho.com.br
17 RCA São Paulo www.rcaturismo.com.br
18 Schultz Operadora Curitiba www.schultz.com.br
19 Snow Operadora Belo Horizonte www.snowoperadora.com.br
20 Stella Barros São Paulo www.stellabarrros.com.br
21 Transeuropa Rio de Janeiro www.transeuropaviagem.com.br
22 Transmundi Rio de Janeiro www.transmundi.com.br
23 TT Operadora São Paulo www.lufthansacc.com.br
24 Viagens Master Belo Horizonte www.viagensmaster.com.br
25 Voetur Brasília www.voeturoperadora.com.br
Fonte: Braztoa (2020)

Cruz (2018) destaca o relevante papel assumido pelas corporações, representadas


pelas operadoras, no comando e direcionamento dos fluxos turísticos doméstico e
internacional. Segundo a autora, “naturalmente, a geografia do turismo de massa
não se restringe aos fluxos comandados pelas operadoras turísticas, mas é inegável
o papel que estas empresas têm no ordenamento do território para uso turístico”
(CRUZ, 2018, p. 9). Sendo assim, em consulta ao site das 25 operadoras listadas
no quadro 6, foi identificada a comercialização de produtos turísticos distribuídos
em um total de 243 municípios brasileiros. Desse conjunto de municípios, 158
pertenciam às categorias A ou B (já inclusos no mapa proposto), 79 pertenciam às
categorias C, D ou E e 6 sequer pertenciam a uma região turística no âmbito do
Programa de Regionalização do Turismo em 2019.
Para decidir sobre a inclusão desses 85 municípios, foi analisado o número
de meios de hospedagem (dado verificado na página eletrônica do DataSebrae5),
postos de trabalho no setor de hospedagem (dados obtidos pela RAIS6 de 2019)
e a oferta turística (dados das operadoras de turismo e dos órgãos municipais e
estaduais de turismo). Com esses critérios, foram adicionados 64 municípios ao
mapa proposto.

IV- Levantamento da oferta turística dos municípios: para certificar que os


municípios selecionados nas etapas anteriores apresentavam uma oferta de atrativos
turísticos, foi realizada uma pesquisa eletrônica, no ano de 2020, consultando as
seguintes fontes:
5
O DataSebrae apresenta dados extraídos da Receita Federal do Brasil, e permite filtrar, por município,
o número de empresas por classificação nacional de atividades econômicas (CNAE). Disponível em:
https://datasebrae.com.br/total-de-empresas-brasileiras-11-03-2020/
6
A Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério da Economia, disponibiliza um banco de
dados que permite filtrar, por município, o número de vínculos empregatícios por classificação nacional
de atividades econômicas (CNAE). Disponível em: https://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.php

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 67


• Órgão Oficial de Turismo do Estado (site oficial);
• Órgão Oficial de Turismo do Município (site oficial);
• Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS) (dis-
ponível no site do MTur);
• Guia Mapograf Brasil edição 2019 (publicação física);
• Tripadvisor (site de viagens que fornece informações e opiniões de conteú-
dos relacionados ao turismo);
• Operadoras de Turismo: CVC e Flytour (site oficial);
• Patrimônio tombado pelo IPHAN/UNESCO (site oficial).

Essa etapa permitiu observar, por exemplo, que muitos municípios das
categorias A e B do Mapa do Turismo Brasileiro de 2019 não possuem uma
oferta de atrativos turísticos expressiva. Muitos deles foram identificados em
nossa proposta como polos econômicos regionais e não como municípios
turísticos, pois apresentam estrutura hoteleira em atendimento ao fluxo de
pessoas gerado por outras atividades econômicas, que não o turismo de lazer.

V - Atribuição de uma tipologia turística aos municípios selecionados: a


partir do levantamento da oferta turística, em específico dos atrativos turísticos,
realizada na etapa 4, propomos as seguintes tipologias para os municípios: praia;
serra; estância (hidrotermal/hidromineral); natureza; histórico-cultural; religioso;
capital; e polo econômico. Abaixo, segue a definição de cada uma das tipologias.
– Praia: oferecem como principal atrativo turístico uma parte de seu território
formada por uma faixa de areia ou cascalho ao longo da margem de um corpo de
água, que tanto pode ser oceânica, fluvial ou lagunar; essa formação geológica
denominada de praia é geralmente explorada para fins de lazer7. Os destinos
dessa tipologia, em sua maioria apresentam um turismo massificado (com alta
concentração de infraestrutura e serviços turísticos e de turistas), sendo o principal
segmento explorado o turismo de sol e mar. Entretanto, há também destinos que
têm a praia como principal atrativo, porém buscam se enquadrar, ao menos no
âmbito do marketing, como um turismo alternativo ao turismo de massa, atrelados
à ideia de “paraíso restrito” com baixa concentração de equipamentos e de turistas.
Outro segmento turístico explorado por alguns destinos dessa tipologia é o turismo
de esportes aquáticos, que abarca esportes como surfe, kitesurf, windsurf, vela, entre
outros.
– Natureza: oferecem como principal atrativo a sua biodiversidade, a
fauna e a flora e as paisagens naturais. Os destinos dessa tipologia geralmente
exploram o segmento ecoturismo, com a oferta de passeios em áreas naturais,
assim como também exploram o turismo de aventura, com atividades de trekking,
rafting, canoagem, boia cross, arborismo, entre outros; em alguns casos, turismo
espeleológico, turismo rural, turismo de pesca e turismo de observação de aves.
Muitos desses municípios possuem unidades de conservação, de âmbito federal,

7
Na proposta de mapa apresentada, a tipologia praia abarca apenas municípios defrontantes com o mar.

68 A interiorização do turismo no Brasil


estadual, municipal ou reservas particulares, com acesso permitido aos visitantes.
– Serra: oferecem como principal atrativo um conjunto de montanhas e/ou
terrenos acidentados com fortes desníveis, e que geralmente possuem um clima
mais ameno ou frio por estarem localizados em médias e altas atitudes. Os destinos
dessa tipologia usualmente dispõem de mirantes que geralmente se tornam seu
principal cartão-postal além de oferecerem equipamentos, serviços e produtos
voltados para uma demanda em busca de um clima diferenciado. Os segmentos
ecoturismo, turismo rural, turismo espeleológico, turismo de aventura, turismo
de observação de pássaros, turismo gastronômico e turismo de compras são
comumente explorados por destinos dessa tipologia.
– Histórico-Cultural: oferecem como principal atrativo seu patrimônio
histórico-cultural, material e imaterial. Nesses destinos há uma presença significativa
de patrimônios tombados/protegidos, como também de equipamentos como
museus, monumentos e espaços culturais, dentre outros relacionados à valorização
da história e da cultura do lugar, da região ou do país. Esses destinos geralmente
exploram o segmento turismo cultural.
– Estância (Hidromineral/Hidrotermal): oferecem como principal atrativo
instalações que possibilitam a realização de banhos e terapias em águas minerais
e/ou termais. Os destinos englobados nessa tipologia geralmente possuem uma
infraestrutura de hospedagem atrelada ao uso da água como atrativo central.
Os equipamentos podem ter características de spas, com locais de descanso,
relaxamento e tratamento, em que exploram o segmento turismo de saúde; ou então
os equipamentos estão voltados para a diversão, a recreação e o entretenimento,
alguns denominados de parques aquáticos.
– Religioso: oferecem como principal atrativo monumentos, manifestações
e eventos religiosos. São geralmente destinos de peregrinações, procissões e
romarias. O principal segmento turístico explorado por esses destinos é o turismo
religioso.
– Evento: oferecem como principal atrativo eventos dos mais diversos tipos,
tais como de lazer, cultural, social, esportivo, empresarial, entre outros. Os destinos
dessa tipologia geralmente exploram o segmento turismo de eventos.
– Polo Econômico: não possuem um atrativo turístico expressivo, mas pela
sua dinâmica econômica atrelada a outras atividades do setor primário, secun-
dário e/ou terciário, são polos de atração de fluxos de pessoas, por isso dis-
põem de infraestrutura de hospedagem, e geralmente se enquadram no seg-
mento turismo de negócios.
– Capital: são cidades-sede da administração pública estadual e federal,
dessa forma, têm proeminência política, social, cultural e econômica. As capi-
tais, por uma questão histórica e geográfica, concentram infraestrutura, pesso-
as, investimentos e informação, configurando-se como grandes cidades, cons-
tituídas por metrópoles ou capitais regionais, segundo classificação da Regic
(IBGE, 2020b). As capitais possuem destaque no âmbito do turismo, pois além
de concentrarem infraestrutura de acesso, de meios de hospedagem e de ali-
mentação, muitas vezes atrelada ao turismo de negócios, também dispõem de
um conjunto significativo de equipamentos de lazer, cultura e entretenimento,
Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 69
destacando-se como destinos de turismo de lazer e turismo de eventos. Muitas
capitais brasileiras também estão localizadas no litoral, onde o turismo de sol
e mar é expressivo. Além disso, em sua maioria, as capitais são cidades que
possuem recursos histórico-culturais (material e imaterial) expressivos, o que
viabiliza a exploração do segmento turismo cultural e religioso. Muitas capitais
possuem uma diversidade de atrativos e, por isso, o turismo se caracteriza por
maior complexidade, explorando vários segmentos.
Nessa proposta de tipologia, pode-se notar que praia, serra, estância e nature-
za possuem como característica central os recursos naturais como principais atrati-
vos turísticos. Entretanto, em cada tipologia há elementos naturais específicos que
se sobressaem. Para distinguir uma das outras, para a tipologia praia o elemento
central é o mar; para serra é o relevo e o clima; para estância é a água e seus ele-
mentos químicos/físicos minerais e/ou termais; e para a tipologia natureza estão
sendo considerados como elementos centrais a biodiversidade e o meio ecológico
em geral.
As tipologias serra e natureza em grande medida se aproximam, poderíamos
até, num primeiro momento, uni-las; entretanto, há diferenças e peculiaridades
consideráveis na formação dos destinos de serra e de natureza no Brasil, que serão
tratados no capítulo 4, tornando conveniente a proposta de distingui-las.
Já as tipologias histórico-cultural, religioso, eventos e polo econômico são
todas referentes aos destinos em que os recursos socioeconômicos e culturais são
os principais atrativos turísticos. Seria possível fundir a tipologia histórico-cultural
e a tipologia religioso; entretanto, tomou-se a decisão de distingui-las por conta da
expressividade das manifestações religiosas apropriadas como recursos turísticos,
em especial no interior do Brasil, mobilizando um contingente significativo de
pessoas, tanto em níveis regionais como nacional. Também cabe salientar que
os municípios que possuem como principal atrativo eventos religiosos foram
classificados na tipologia religioso e não na tipologia eventos.
Em relação à tipologia capital, caso ela fosse suprimida seria uma tarefa muito
árdua tipificar o principal atrativo turístico de cada capital, considerando que são
municípios que apresentam uma complexidade maior referente ao turismo. Rio de
Janeiro, Salvador e Recife, para citar apenas poucos exemplos, ao mesmo tempo
em que possuem praias, também dispõem de um conjunto histórico-cultural e de
eventos relevantes em sua oferta turística. São Paulo também seria um caso exemplar
de destino turístico diversificado. Assim a tipologia capital foi inserida para amenizar
possíveis distorções.
Cabe lembrar que toda classificação/tipologia requer um esforço de
síntese e está sujeita às críticas pelo seu reducionismo e por tentar enquadrar a
complexa realidade. Entretanto, não nos poupamos do esforço para propor um
mapa do turismo no Brasil mais próximo da realidade, para fornecer subsídios
a novos debates sobre o tema. O esforço teórico e metodológico proposto aqui é
resultado de uma pesquisa intensa de levantamento e sistematização de dados para
suprir lacunas teóricas e técnicas ainda existentes no âmbito do planejamento e
organização do turismo.

70 A interiorização do turismo no Brasil


3.2 O Mapa do Turismo no Brasil: um esforço de síntese

Após as 5 etapas de procedimentos metodológicos, foram identificados 296


municípios turísticos no Brasil e 119 como polo econômico (mapa 6). A lista
completa dos municípios encontra-se em apêndice (A).

Mapa 6. Mapa do Turismo no Brasil por tipologia, incluindo a tipologia polo econômico – 2020

Fonte: organizado pelos autores (2020)

O Mapa do Turismo Brasileiro de 2019, com os critérios político-


burocráticos, abarca um total de 2.694 municípios, enquanto nesta proposta
foi identificado um total de 415 municípios, representando apenas 15,4% do
Mapa do MTur. Entretanto, cabe novamente destacar que os 119 municípios da
tipologia polo econômico foram identificados no mapa por serem classificados
nas categorias A8 ou B do MTur, ou seja, apresentam um número significativo de
meios de hospedagem e fluxos, mas não apresentam expressiva oferta turística
e comercialização de produtos turísticos, conforme pesquisa realizada nos sites
dos órgãos municipais e estaduais de turismo e em 25 operadoras associadas à
Braztoa.

8
Municípios da categoria A do Mapa do Turismo Brasileiro de 2019 que foram incluídos nesta proposta
como polo econômico, e não como municípios turísticos, foram: Campinas/SP, Ribeirão Preto/SP,
Uberlândia/MG, Macaé/RJ e Londrina/PR.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 71


Devido à dinâmica econômica atrelada a outras atividades, esses municípios
acabam por serem inclusos com certo status no Mapa do Turismo Brasileiro do
PRT, porém não são turísticos, especialmente quando estamos nos referindo aos
destinos relacionados às viagens motivadas a lazer. Os fluxos desses municípios estão
vinculados às viagens de negócios e trabalho. A figura 14 apresenta algumas imagens
de municípios considerados polos econômicos conforme nossos critérios de tipologia.

Figura 14. Municípios da tipologia Polo Econômico

Dourados/MS Sorocaba/SP

Uruguaiana/RS Arapiraca/AL

Fonte: Dourados - https://www.dourados.ms.gov.br/index.php/invista-em-dourados/; Sorocaba/SP - https://turismo.sorocaba.sp.gov.


br/visite/dados-gerais/; Uruguaiana – Crédito Eduardo Rocha (2021) - https://www.uruguaiana.rs.gov.br/midia/fotos/110; Arapiraca/
AL - https://web.arapiraca.al.gov.br/a-cidade/dados-gerais/

Dos 119 municípios considerados polos econômicos, 16 comportam


metrópoles ou grandes cidades, com mais de 500 mil hab., tais como Sorocaba/
SP, Campinas/SP, São José dos Campos/SP, Guarulhos/SP, Feira de Santana/
BA, Jaboatão dos Guararapes/PE e Londrina/SC. Os demais são constituídos por
cidades de médio porte, com até 500 mil hab., como por exemplo, Paraupebas/
PA, Arapiraca/AL, Sobral/CE, Dourados/MT, Anápolis/GO, São Carlos/SP,
Volta Redonda/RJ, Ponta Grossa/PR, entre outros. Esses municípios geralmente
apresentam alta taxa de urbanização, equipamentos e serviços de lazer e eventos
em atendimento à demanda municipal e regional.

72 A interiorização do turismo no Brasil


Os municípios da tipologia polo econômico, conforme tabela 16, são
encontrados em maior número na região Sudeste, nos estados de São Paulo (27)
e Minas Gerais (15); na região Sul, no estado do Paraná (11) e Rio Grande do Sul
(11); na região Nordeste, na Bahia (8); no Centro-Oeste, no estado de Goiás (7); e
no Norte, no estado do Pará (4).

Tabela 16. Quantidade de municípios da tipologia polo econômico, por estado – 2020

Estado Total
Norte 8
PA 4
RO 2
TO 2
Nordeste 20
AL 1
BA 8
CE 2
MA 3
PE 4
RN 2
Centro-Oeste 15
GO 7
MS 3
MT 5
Sudeste 52
ES 3
MG 15
RJ 7
SP 27
Sul 24
PR 11
RS 11
SC 2
Total Geral 119
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

A seguir, é apresentado o mapa do turismo no Brasil, excluindo os municípios


da tipologia polo econômico, considerando que esse mapa, de fato, revela de forma
mais fidedigna a espacialização do turismo pelo território nacional (mapa 7), abar-
cando 296 municípios, sendo 163 situados no interior e 133 localizados no litoral.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 73


Mapa 7. Municípios turísticos no Brasil, por tipologia,
excluindo a tipologia polo econômico – 2020

Fonte: organizado pelos autores (2020)

Analisando o mapa 7 e os dados da tabela 17, verifica-se maior concentração


das destinações turísticas nas regiões Sudeste (103) e Nordeste (92) do país,
porém a região Sudeste apresenta maior diversidade de oferta turística,
destacando-se destinos de praia, histórico-cultural, serra e estância, além das
capitais. Já no Nordeste, predominam sobretudo os destinos de praia (58). A
região Sul segue em terceiro, com 55 destinos e oferta diversificada, mas com
destaque nos destinos de praia, histórico-cultural e serra; as regiões Centro-
Oeste (27) e Norte (19) apresentam uma menor quantidade, sendo em sua
maioria destinos de natureza.
Interessante notar que esse ranking se repete quando se observam as regiões
mais visitadas no Brasil. Dados do turismo doméstico, do 3º trimestre de 2019
(IBGE, 2020a), mostram que as regiões que mais receberam turistas, à época,
foram o Sudeste (39,5%), seguido pelo Nordeste (27,8%), Sul (16,5%), Centro-
Oeste (8,4%) e Norte (7,9%), o que evidencia uma forte relação entre fluxos
turísticos e a quantidade de destinos turísticos consolidados nessas regiões9.

9
Ver tabela 10, no capítulo 2, referente ao destino das viagens domésticas, por estado, em 2019.

74 A interiorização do turismo no Brasil


Tabela 17. Municípios turísticos brasileiros, por estado – 2020
Estância
Histórico- Total
Região Capital (hidromineral; Eventos Natureza Praia Religioso Serra
Cultural Geral
hidrotermal)
Norte 7 1 - 10 1 - - 19
AC 1 - - - - - - - 1
AM 1 - 1 - 5 - - - 7
AP 1 - - - - - - - 1
PA 1 - - - 2 1 - - 4
RO 1 - - - - - - - 1
RR 1 - - - - - - - 1
TO 1 - - - 3 - - - 4
Nordeste 9 - 1 3 15 58 3 3 92
AL 1 - - - - 6 - - 7
BA 1 - - 1 6 16 1 - 25
CE 1 - 1 13 2 1 18
MA 1 - - - 5 2 - - 8
PB 1 - 1 - - 2 - - 4
PE 1 - - 2 - 6 - 2 11
PI 1 - - 1 3 - - 5
RN 1 - - - - 10 - - 11
SE 1 - - - 2 - - - 3
Centro-Oeste 4 2 - 2 17 - 2 - 27
GO 1 2 - 2 4 2 - 11
MS 1 - - - 5 - - - 6
MT 1 - - - 8 - - - 9
DF 1 - - - - - - - 1
Sudeste 4 9 2 22 11 28 5 22 103
ES 1 - - - - 8 - 1 10
MG 1 4 - 14 9 - 1 6 35
RJ 1 - - 5 - 7 - 5 18
SP 1 5 2 3 2 13 4 10 40
Sul 3 5 2 12 4 20 - 9 55
PR 1 1 - 1 2 4 - - 9
RS 1 - 1 7 1 3 - 4 17
SC 1 4 1 4 1 13 - 5 29
Total Geral 27 16 6 39 57 107 10 34 296
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

As 27 capitais, com uma oferta turística bastante diversificada, representam


9,1% do total de destinos e se constituem nos principais destinos turísticos do país.
Apesar de ocuparem posições diferentes na hierarquia da rede dos lugares turísticos,
todas as capitais são classificadas na categoria A pelo MTur, com fluxos nacionais e
internacionais e grande concentração das atividades características do turismo.
A capital Rio de Janeiro/RJ é o destino mais procurado pela demanda
internacional, em viagens a lazer, seguida pelas capitais Florianópolis/SC e São
Paulo/SP (MTUR/FIPE, 2019). Os principais países emissores para o Rio de Janeiro,
em 2019, foram Argentina, Chile e Estados Unidos, enquanto para Florianópolis/
SC foram Argentina, Uruguai e Paraguai, demonstrando a relevância dessa capital
na captação de fluxos turísticos sul-americanos. Para São Paulo/SP, prevaleceram
os fluxos dos Estados Unidos, Argentina e Chile.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 75


Figura 15. Capitais brasileiras

Rio de Janeiro/RJ São Paulo/SP

Crédito: Luciola Vilella/MTur, 2018 Crédito: Rogério Cassimiro/MTur, 2018

Fortaleza/CE Florianópolis/SC

Crédito: Jade Queiroz/MTur, 2018 Crédito: Caio Vilela/MTur, 2018


Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Banco de Imagens Destinos (2018a)

No turismo doméstico, as capitais que se sobressaem como destinos de viagens


a lazer são Natal/RN, Fortaleza/CE, Rio de Janeiro/RJ, Maceió/AL, São Paulo/
SP e Salvador/BA, conforme pesquisa de sondagem com agências e operadoras
de turismo, realizada pelo Ministério do Turismo (BRASIL, 2020b), referente a
viagens para o período de dezembro de 2020 e janeiro de 2021.
As capitais com a menor atração de fluxos turísticos, baseada nos dados da
categorização de 2019, são: Macapá/AP, Boa Vista/RR, Rio Branco/AC, Porto
Velho/RO e Palmas/TO, na região Norte; Teresina/PI, na região Nordeste;
Campo Grande/MS e Goiânia/GO, no Centro-Oeste; Vitória/ES, no Sudeste; e
Porto Alegre/RS, na região Sul. Isso significa que as capitais interioranas, com
exceção de algumas, são as menos expressivas como destino turístico.
É inegável que o turismo brasileiro é fortemente concentrado em sua extensa
faixa litorânea (10.959 km). As capitais e os municípios costeiros assumem maior
expressividade turística no país. Excetuando-se as capitais litorâneas10, foram
10
São Luís/MA, Fortaleza/CE, Natal/RN, João Pessoa/PB, Recife/PE, Maceió/AL, Aracaju/SE,
Salvador/BA, Vitória/ES, Rio de Janeiro/RJ e Florianópolis/SC.

76 A interiorização do turismo no Brasil


identificados 107 destinos de praia, abrangendo 36% do total, sendo o mais
representativo, em termos numéricos, nas três regiões costeiras: Nordeste (58),
Sudeste (28) e Sul (20). A figura 16 apresenta alguns exemplos desses destinos de
sol e mar consolidados no mercado turístico.

Figura 16. Destinos de praia no Brasil

Tibau do Sul/RN Cairu/BA

Crédito: Humberto Sales/MTur, 2018 Crédito: Márcio Filho/MTur, 2018

Jijoca de Jericoacoara/CE Bombinhas/SC

Crédito: Jade Queiroz/MTur, 2018 Crédito: Márcio Filho/MTur, 2018

Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Banco de Imagens Destinos (2018a)

A expansão do turismo de sol e mar está relacionada a fatores socioculturais.


Conforme apontado por Boyer (2003), Dantas (2019) e Dantas e Pereira (2021),
no último século, as praias marítimas foram valorizadas como local de descanso,
entretenimento e lazer. No caso brasileiro, a valorização turística do litoral
também se relaciona a fatores históricos e geográficos. O processo de ocupação
e povoamento a partir da zona costeira acarretou maior densidade populacional
e de infraestrutura na porção litorânea do território, resultando em uma forte
urbanização, na constituição de metrópoles e na capilarização mais intensa da rede
rodoviária na porção leste do país (CRUZ, 2018).
Ademais, destaca-se a atuação do Estado em prover a infraestrutura para o
desenvolvimento do turismo na região costeira, sobretudo no Nordeste, desde

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 77


os anos 1990. Mais recentemente, em 2019, o MTur, em parceria com o Sebrae,
lançou o Programa Investe Turismo, com o objetivo de destinar “amplo pacote
de investimentos, incentivos a novos negócios, acesso ao crédito, melhoria
de serviços, inovação e marketing, voltados para o setor de Turismo” para
municípios pertencentes a “30 Rotas Turísticas Estratégicas do Brasil”11. Nessas
30 rotas, estão inseridos 158 municípios, sendo 80 situados no interior e 78 no
litoral. No caso da região Nordeste, 56 municípios foram selecionados pelo
Programa Investe Turismo; entretanto, 8 localizam-se no interior e 48 no litoral,
evidenciando a seletividade espacial da zona costeira como local prioritário
para investimentos no turismo.
No turismo doméstico, dentre as viagens realizadas a lazer, em 2019, segundo
a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua,
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020a), sol e
praia correspondem a 34,3% das viagens, cultura a 27,2%, natureza, ecoturismo e
aventura a 25,6% (gráfico 5).

Gráfico 5. Motivação das viagens domésticas realizadas


a lazer no Brasil - 2019

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua (2020)

Apesar da proeminência dos destinos de praia, vêm crescendo no Brasil as


viagens em busca de natureza tanto pelo público interno como externo. De acordo
com a pesquisa de demanda turística internacional do Ministério do Turismo,
realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 2019, a
procura por turismo de natureza, ecoturismo e aventura apresentou o maior índice
desde 2015, representando 18,6% das viagens.
No Guia de Retomada Econômica do Turismo, documento publicado pelo
Ministério da Economia e Ministério do Turismo em julho de 2021, é mencionado
que “o ecoturismo é uma forte tendência pós-pandemia e atrativo para investidores

11
Informações sobre o Programa Investe Turismo disponíveis em: https://www.gov.br/turismo/pt-br/
acesso-a-informacao/acoes-e-programas/investe-turismo

78 A interiorização do turismo no Brasil


nacionais e estrangeiros. É uma oportunidade de fortalecimento do potencial
natural brasileiro” (BRASIL, 2021, p. 17).
A busca crescente por destinos que apresentam seus recursos naturais como
principal oferta turística corroborou para a difusão do turismo pelo interior do país
a partir da década de 1990, e de forma mais acentuada nas duas últimas décadas.
Tanto é que no levantamento realizado neste estudo, os destinos de natureza são
o segundo em maior número (57)12, representando 19% do total, distribuídos de
forma mais homogênea nas regiões brasileiras, comparado às outras tipologias,
porém com uma presença maior nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte.
No mapa do turismo proposto, 7 destinos de natureza se encontram no litoral,
sendo eles: Soure/PA, Paulino Neves/MA, Tutoia/MA, Barreirinhas/MA, Santo
Amaro do Maranhão/MA, Camamu/BA e Brejo Grande/SE. Apesar de serem
litorâneos, esses municípios foram classificados na tipologia natureza, visto que a
praia não é a principal oferta turística e sim outros recursos naturais. Os 50 demais
municípios da tipologia natureza encontram-se no interior do país, os quais serão
apresentados no capítulo 4.
Os 39 municípios identificados como destinos histórico-culturais representam
13% do total, sendo 7 situados no litoral e 32 no interior, concentrados na região
Sudeste (22), em sua maioria em Minas Gerais (14), onde constata-se a presença
de conjuntos urbanos e sítios de valor histórico em bom estado de conservação
remanescentes do período colonial, configurando-se na principal oferta turística
desses municípios. Os 7 destinos histórico-culturais litorâneos são: Valença/BA,
Olinda/PE, Paraty/RJ, Niterói/RJ, Rio Grande/RS, São Francisco do Sul/SC e
Laguna/SC. Esses municípios também exploram o segmento de sol e mar, mas
apresentam como sua principal oferta turística seu patrimônio cultural.
Todos os demais destinos identificados nas tipologias serra, estância
(hidromineral/hidrotermal), religioso e eventos, sem exceção, estão situados no
interior do país. Os destinos de serra totalizam 34 (11,4%), concentrados na região
Sudeste (22), porém a região Sul, apesar de em menor número (9), tem os destinos
de serra mais famosos e procurados do Brasil. As estâncias totalizam 16 (5,4%),
distribuídos em Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Os 10
destinos religiosos (3,3%) estão situados no interior do Ceará, Bahia, Goiás, Minas
Gerais e São Paulo. Os 6 destinos de eventos representam 2,0%, e estão nessa
tipologia aqueles municípios que apresentam como sua principal oferta turística
eventos com destaque no mercado turístico nacional, como o Festival Folclórico de
Parintins e a Oktoberfest, em Blumenau.
No capítulo 4, as tipologias natureza, histórico-cultural, serra, estância (hidromi-
neral/hidrotermal), religioso e eventos serão abordadas de forma detalhada, eviden-
ciando os municípios dessas tipologias, revelando sua importância na diversificação da
oferta turística brasileira e no processo de interiorização do turismo no país.
A seguir, será analisada a espacialização dos destinos e das atividades
características do turismo no Brasil a partir do levantamento dos dados referentes
aos 296 municípios turísticos abarcados pelo mapa proposto.

12
O primeiro é praia, com 107 destinações, representando 36% do total.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 79


3.3 A espacialização das atividades características do turismo:
concentração nas regiões Sudeste e Sul
As regiões Sudeste e Nordeste, conforme já mencionado, possuem o maior
número de destinações turísticas. No caso nordestino, há que se considerar
que a região integra nove estados federados, o que eleva consideravelmente sua
participação, em especial, devido à expressão do turismo do segmento sol e
mar. Porém, restringindo a análise aos estados brasileiros, observam-se algumas
diferenças significativas.
O estado de São Paulo apresenta a maior quantidade de destinos turísticos
(40), sendo o único que detém destinos de todas as tipologias relacionadas no
mapa, com maior destaque para: praia (13), serra (10), estância (5) e religioso (4).
Minas Gerais aparece em segundo lugar, com 35 destinos turísticos, com uma ofer-
ta também diversificada, mas com a proeminência de destinos histórico-culturais
(14), representando 35% do total, seguido por destinos de natureza (9), serra (6)
e estância (4). Em Santa Catarina, foram contabilizadas 29 destinações, assumindo
maior relevância as tipologias praia (13), serra (5) e estância (4). O quarto lugar é
ocupado pela Bahia, com 25 destinos, assumindo expressividade a tipologia praia
(16) e natureza (6). Os estados do Rio de Janeiro e Ceará ocupam a quinta posição,
com 18 destinos turísticos cada; e em seguida aparece o Rio Grande do Sul, com
17 destinos turísticos. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul têm importante partici-
pação em destinos histórico-culturais e serras, sendo que o Rio de Janeiro também
se sobressai na tipologia praia, assim como o Ceará.
Verifica-se, portanto, que o turismo assume maior relevância no Sudeste-Sul,
tanto em termos de quantidade como em diversificação de oferta de destinos.
Todos os demais estados federativos possuem destinos turísticos consolidados, mas
em menor número, destacando-se municípios dos estados de Pernambuco e Rio
Grande do Norte, no Nordeste; de Goiás e Mato Grosso, no Centro-Oeste; e do
Amazonas, na região Norte.

Os estados brasileiros com maior número de destinos turísticos em geral


são também os que concentram as empresas que desempenham atividades
características do turismo (ACTs)13. Do total de 361.159 empresas situadas nos
municípios turísticos identificados no mapa proposto, 49,7% encontram-se no
Sudeste (179.571). A região Nordeste engloba 21,2% das ACTs, a região Sul 14%,
o Centro-Oeste 9,4% e o Norte abrange 5,4% (tabela 18). Os dados revelam ainda
que 256.097 empresas se concentram nas capitais, isto é, 27 municípios brasileiros
englobam 70,9% das ACTs.
O setor de restaurantes e similares abarca o maior número de empresas, repre-
sentando 46,5% do total, seguido pelo setor de serviços de organização de feiras, con-

13
Nesta pesquisa, foram consideradas atividades características do turismo (ACTs) os seguintes subgrupos
da Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE): hotéis; restaurantes e similares; agências
de viagens; operadores turísticos; serviços de reservas e outros serviços de turismo não especificados
anteriormente; serviços de organização de feiras, congressos e exposições; locação de automóvel sem
condutor.

80 A interiorização do turismo no Brasil


gressos e exposições (29,5%), sendo expressiva a participação nesse setor de microem-
preendedor individual (MEI), com número reduzido na geração de postos de trabalho.

Tabela 18. Empresas nas atividades características do turismo, por região - 2020
Serv. de Locação de
Agência de
Restaurantes e Organização de Automóvel
Região Hotéis viagens e Total Total %
Similares Feiras, Congressos sem
operadores*
e Exposições Condutor
Norte 902 11155 3303 3696 929 19985 5,5%
Nordeste 6415 38301 11741 16648 3821 76926 21,3%
Centro-Oeste 1707 17669 4885 8872 936 34069 9,4%
Sudeste 7907 75565 26924 64882 4293 179571 49,7%
Sul 3353 25216 7873 12570 1596 50608 14,0%
Total Geral 20284 167906 54726 106668 11575 361159 100,0%
Total % 5,6% 46,5% 15,2% 29,5% 3,2% 100,0%
Nota: dados referentes aos 296 municípios turísticos brasileiros identificados pelos autores.
*Agência de viagem e operadores: abrange as agências de viagens, operadores turísticos, serviços de reservas e outros serviços de
turismo não especificados anteriormente.
Fonte: DataSebrae, Painéis de Empresas (2020)

Analisando a distribuição de empregos nas ACTs no conjunto dos 296


municípios turísticos, verifica-se padrão similar ao das empresas, isto é, ocorre
grande concentração no Sudeste, que absorve 48% dos empregos gerados pelas
ACTs. Em seguida, o Nordeste capta 23,5%, a região Sul 16,4%, o Centro-Oeste
8,5% e o Norte 3,6%. As 27 capitais abarcam uma parcela expressiva dos empregos,
representando 68,8% do total.
No entanto, observam-se algumas diferenças com relação às ACTs que mais
geram empregos. Os restaurantes e similares são responsáveis pelos maiores
quantitativos de mão de obra, englobando 61,5% do total (tabela 19); os hotéis
aparecem em segundo lugar, participando com 24,1%. Assim, esses dois setores
abarcam 85,6% dos postos de trabalho das ACTs situadas nos 296 municípios
turísticos identificados no mapa 7.

Tabela 19. Empregos nas atividades características do turismo, por região - 2019
Serv. de
Locação de
Agências de Organização
Restaurantes Automóvel
Região Hotéis viagens e de Feiras, Total Total %
e Similares sem
operadores* Congressos e
Condutor
Exposições
Norte 4970 18425 1437 689 2704 28225 3,6%
Nordeste 61012 98968 8736 4756 12480 185952 23,5%
Centro-Oeste 14926 43800 3606 2720 2191 67243 8,5%
Sudeste 77093 243828 23811 16615 19208 380555 48,1%
Sul 32975 81458 7929 2959 4321 129642 16,4%
Total Geral 190976 486479 45519 27739 40904 791617 100,0%
Total % 24,1% 61,5% 5,8% 3,5% 5,2% 100,0%
Nota: dados referentes aos 296 municípios turísticos brasileiros identificados pelos autores.
*Agência de viagem e operadores: incluem agências de viagens; operadores turísticos; serviços de reservas e outros serviços de
turismo não especificados anteriormente.
Fonte: Brasil, Ministério da Economia, RAIS (2019)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 81


Os hotéis representam 5,6% das ACTs, sendo que 36% dos municípios turísticos
possuem entre 21 e 50 empresas no setor hoteleiro (tabela 20). Considerando-se as des-
tinações com número superior a 50 hotéis, o destaque é apenas para as capitais que pos-
suem uma oferta mais robusta. São Paulo e Rio de Janeiro registram a maior quantidade
de hotéis, com 18.814 e 14.611 respectivamente, enquanto Macapá/AP, entre as capitais,
registra o menor número, 295 hotéis. Após as capitais, os destinos de praia são os que
apresentam o maior número de destinos com mais de 50 hotéis, dentre esses, Porto
Seguro/BA se destaca com 606 hotéis, seguido por Armação dos Búzios/RJ, com 370.
Os destinos de natureza, por sua vez, apresentam um número mais modesto
de hotéis. Nessa tipologia, o município com o maior número de hotéis é Foz do
Iguaçu/PR, que desponta com 245 empresas de meio de hospedagem, seguido de
longe por Bonito/MS, com 87.

Tabela 20. Número de hotéis nos municípios turísticos, por tipologia - 2020

N. de Histórico- Total
Capital Estância Eventos Natureza Praia Religioso Serra Total %
empresas Cultural Geral
Menos de
- 5 - 5 12 9 - 3 34 11,5%
10
10 a 20 - 3 1 8 16 16 2 5 51 17,2%
21 a 50 3 3 3 19 20 39 3 17 107 36,1%
51 a 100 3 4 2 5 8 21 4 3 50 16,9%
Acima de
21 1 - 2 1 22 1 6 54 18,2%
100
Total
27 16 6 39 57 107 10 34 296 100,0%
Geral
Nota: dados referentes aos 296 municípios turísticos brasileiros identificados pelos autores.
Fonte: DataSebrae, Painéis de Empresas (2020)

Ao analisar a geração de postos de trabalho, observa-se que em 199 destinos (67,2%)


o setor hoteleiro gera acima de 100 empregos formais. Detalhando a análise, é possível
observar que, diferentemente das demais tipologias, na maioria dos destinos de natureza
(36) a hotelaria é responsável pela geração de menos de 100 empregos (tabela 21).

Tabela 21. Número de empregos nos hotéis nos municípios turísticos, por tipologia – 2019
N. de Histórico- Total Total %
Capital Estância Eventos Natureza Praia Religioso Serra
Empregos Cultural Geral
Menos de
- - - 1 8 4 - 1 14 4,7%
10
10 a 20 - - - - 5 4 - - 9 3,0%
21 a 50 - - 1 5 13 13 2 3 37 12,5%
50 a 100 - - - 6 10 11 1 9 37 12,5%
Acima de
27 16 5 27 21 75 7 21 199 67,2%
100
Total
27 16 6 39 57 107 10 34 296 100,0%
Geral
Nota: dados referentes aos 296 municípios turísticos brasileiros identificados pelos autores.
Fonte: Brasil, Ministério da Economia, RAIS (2019)

82 A interiorização do turismo no Brasil


Pela tabela 22, nota-se que as capitais e os destinos de praia concentram os
equipamentos turísticos (hotéis, restaurantes e agências de viagens), enquanto os
destinos de natureza apresentam a menor média de equipamentos por destino.

Tabela 22. Número total e média de equipamentos turísticos, por tipologia – 2020

Média de Média de Total de Média de


Total Total de
N. de Hotéis Restaurantes e Agências Agências de
Tipologia de Restaurantes
destinos por Similares por de Viagens por
Hotéis e Similares
destino destino Viagens destino

Capital 27 6.277 232,5 114.275 4.232,4 31.724 1.175,0


Praia 107 7.410 69,3 26.726 249,8 5.030 47,0
Natureza 57 1.692 29,7 4.599 80,7 1.642 28,8

Histórico-
39 1.548 39,7 10.394 266,5 2.153 55,2
Cultural

Serra 34 1.884 55,4 5.679 167,0 970 28,5


Estância 16 597 37,3 1.667 104,2 426 26,6
Religioso 10 631 63,1 1.890 189,0 244 24,4
Eventos 6 245 40,8 2.676 446,0 554 92,3

Total
296 20.284 68,5 167.906 567,3 42.743 144,4
Geral
Nota: dados referentes aos 296 municípios turísticos brasileiros identificados pelos autores.
Fonte: DataSebrae, Painéis de Empresas (2020)

Isso ocorre pelo fato de a maioria dos destinos de natureza ter sido abarcada
pelo mercado turístico recentemente, nas duas últimas décadas, como também
pelas peculiaridades relacionadas às questões sociais e ambientais envolvidas no
planejamento e desenvolvimento do turismo nessas localidades, tais como a presença
de unidades de conservação e de comunidades tradicionais (quilombolas, caboclas,
ribeirinhas, entre outras) e povos indígenas. Também é relevante mencionar que o
valor dessas destinações em grande medida está relacionado ao fato de serem locais
onde a ação humana ainda não acarretou grandes transformações do ambiente
natural, caracterizando-se por certa rusticidade, inclusive no que se refere às ACTs.
Enquanto as capitais e os destinos de praia apresentam dados que correspondem a
um turismo de massa, com a concentração da oferta de empreendimentos, serviços
e de fluxos turísticos, os destinos de natureza em geral apresentam a possibilidade
de desenvolver um turismo alternativo, com baixa concentração de equipamentos
e serviços.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 83


3.4 A lógica locacional dos empreendimentos turísticos

Os indicadores referentes à distribuição de empregos, empresas e destinos no


Brasil revelam a concentração do mercado turístico no Sudeste-Sul. Entretanto,
antes de analisar a lógica locacional da concentração nessa região, consideramos
importante mencionar os fatores que contribuem para explicar a primazia das
capitais no turismo nacional, como também o protagonismo do litoral nordestino.
Dentre os diversos fatores que explicam a primazia assumida pelas
capitais no turismo brasileiro, é possível mencionar a infraestrutura básica
mais satisfatória, particularmente no que se refere à acessibilidade, já que tais
cidades se constituem nodais importantes para circulação dos turistas. Nessas
localidades o turismo assume maior complexidade em função da diversificação
dos segmentos explorados, oferecendo experiências turísticas diversas. Há
que se considerar ainda que as políticas públicas também privilegiaram as
capitais para dotação de recursos, reforçando as assimetrias já existentes no
que diz respeito à espacialização do turismo nos respectivos estados brasileiros,
conforme indicado por Silva (2020).
Para o Nordeste brasileiro, é possível destacar alguns fatores locacionais que
contribuíram para o crescimento do turismo na região litorânea, tais como: o meio
ecológico, que se caracteriza por uma extensa faixa litorânea com águas marítimas
apresentando temperaturas agradáveis para o banho, elevada temperatura média
anual e chuvas mais escassas; a riqueza das manifestações culturais encontrada
no contexto regional; e as sucessivas políticas públicas (Megaprojetos Turísticos,
Prodetur/NE, Programa de Aceleração do Crescimento, dentre outras) desde
os anos oitenta que proporcionaram elevados investimentos na promoção do
turismo, destinados preferencialmente aos municípios litorâneos (DANTAS,
2013; SILVA; FONSECA; BORGES, 2021). Tais políticas foram fundamentais
para a expansão do turismo regional, contribuindo inclusive para ressignificar
a imagem de Nordeste brasileiro, conforme apontado por Kiyotani e
Fonseca (2021).
A seguir, procurando contribuir para elucidar a racionalidade da espacialização
da atividade turística, serão levantados alguns fatores locacionais que explicam a
sua concentração nas regiões Sudeste e Sul.

1 – Concentração populacional: as regiões Sudeste e Sul englobam 56,27%


da população residente do Brasil, segundo estimativa do IBGE referente ao ano
de 2020. O mapa abaixo ilustra os estados mais populosos, com destaque para os
estados de SP, MG, RJ, BA, PR e RS. Dos estados com maior número de população,
cinco encontram –se nas regiões Sudeste ou Sul.

84 A interiorização do turismo no Brasil


População Absoluta 2020
Mapa 8. Distribuição – BR
da população absoluta – 2020

Fonte: Governo do Rio Grande do Sul, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (2020)

O volume populacional, aliado a outros elementos, é importante para


ão Absoluta 2020
compreender – COREDEs
o melhor desempenho do turismo nas duas regiões situadas ao sul
do país. O turismo como fenômeno social exige a participação ativa da população/
sociedade no movimento de viajar e regressar. Assim, as grandes concentrações
populacionais urbanas é um importante fator quando se trata de polos emissores
de turistas.
2 – Urbanização mais intensa: estudo desenvolvido pelo IBGE (2020) sobre a
rede urbana brasileira, em 2018, indica que os centros urbanos de hierarquia mais
elevada, constituídos pelas metrópoles e capitais regionais, também se concentram
na porção sul do país (mapa 9).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 85


12 Regiões de Influência das Cidades 2018

Mapa 1 – Rede urbana – Brasil – Mapa


2018 19.-Rede
Mapa Redeurbana
urbanabrasileira
- Brasil -– 2018
2018
-70° -60° -50° -40°

Regiões de Influência
VENEZUELA SURINAME
GUYANE Manaus
GUYANA Curitiba
Boa Vista Belém Porto Alegre

COLOMBIA Fortaleza Goiânia


Recife Brasília
Salvador Florianópolis
AP Macapá Belo Horizonte Vitória
0° 0°
Rio de Janeiro Campinas
ECUADOR AP Belém
São Paulo
Castanhal

Santarém AP São Luís


Manaus

AP Sobral AP Fortaleza

AP Teresina
Marabá Mossoró

AP Imperatriz
AP Natal

Araguaína
AP Juazeiro do Norte
AP João Pessoa
AP Campina Grande

Caruaru
AP Porto Velho AP Recife

Garanhus
AP Petrolina - Juazeiro

Rio Branco Palmas


Arapiraca AP Maceió

-10° Ji-Paraná -10°


Cacoal
São Félix AP Aracaju
Sinop
do Araguaia
Barreiras

Feira de Santana

AP Salvador

PERU

o
tic
Vitória da Conquista Itabuna
AP Brasília

ân
AP Cuiabá
Ilhéus

BOLÍVIA Anápolis

Atl
Montes Claros Eunápolis
Uberlândia Rondonópolis
AP Goiânia
BOLÍVIA
Uberlândia Teófilo Otoni

AP Sete Lagoas
Uberaba AP Ipatinga
Uberlândia
Governador Valadares

AP Fernandópolis
Divinópolis AP Belo Horizonte
Barretos AP Franca Campo Grande
AP Belo Horizonte

no
AP São José do Rio Preto
AP Passos AP São José do Rio Preto

AP Catanduva
AP Vitória

ea
Araçatuba
AP Ribeirão Preto AP São João del Rei AP Ribeirão Preto
-20° AP Lavras AP Ubá -20°
AP Juiz de Fora

Oc
Varginha AP Bauru AP Campos dos Goytacazes
AP Araraquara AP Barbacena Dourados
Poços de Caldas
AP Presidente Prudente AP Juiz de Fora AP Campinas
AP São Carlos
AP Marília
AP São José dos Campos
AP Bauru Jaú AP Macaé - Rio das Ostras
Pouso Alegre
PARAGUAY AP Maringá
Pacífico

Assis AP Resende AP Cabo Frio


AP Volta Redonda
AP Limeira AP Londrina
- Barra Mansa AP Sorocaba
AP Ourinhos
AP Piracicaba
AP Campinas AP Rio de Janeiro
AP Petrópolis

Botucatu
AP Guaratinguetá AP Cascavel
AP São Paulo
AP Jundiaí
AP Londrina AP São José dos Campos AP Curitiba
AP Sorocaba AP Ponta Grossa

AP Itapetininga
CHILE AP São Paulo AP Rio de Janeiro API Foz do Iguaçu -
Itapeva Ciudad del Este
AP Joinville
AP Chapecó AP Blumenau
AP Baixada Santista
AP Itajaí - Balneário Camboriú
Hierarquia dos Centros Urbanos
AP Florianópolis
AP Ponta Grossa Passo Fundo Grande Metrópole
AP Curitiba ARGENTINA AP Criciúma Capital Regional C
AP Caxias do Sul
Nacional
ARGENTINA
Oceano

AP Lajeado

Metrópole Nacional Centro Sub-Regional A


AP Santa Maria Santa Cruz
PACÍFICO

AP Joinville do Sul
AP Porto Alegre
Metrópole Centro Sub-Regional B
Caçador Os tracejados representam redes
OCEANO

AP Blumenau
AP Pelotas
de múltiplas vinculações.
AP Joaçaba - Herval d´Oeste
AP Itajaí - Balneário Camboriú
Capital Regional A Centro de Zona A
AP Brusque 0 90 180 360 540 720
-30° Km -30°
URUGUAY
Lages AP Florianópolis Projeção Policônica. Datum: SIRGAS2000 Capital Regional B Centro de Zona B
Meridiano Central: -54° / Paralelo Padrão: 0°

-70° -60° -50° -40° -30°

Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Geografia, Regiões de Influência das Cidades 2018.
Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Geografia, Regiões de Influência das Cidades, 2018. Fonte: IBGE, Regiões de influência das cidades de 2018 (2020)

As capitais regionais de nível A têm uma população que varia de


800 mil a 1,4 milhão de habitantes, enquanto as capitais regionais de
nível B possuem, em média, 530 mil habitantes. Nos estados do Sudeste
e do Sul encontram-se muitas cidades médias com uma população
urbana numerosa, incluídas nessas categorias. A população urbana,
particularmente das grandes cidades, é mais propensa a realizar viagens
(KRIPPENDORF, 2009).
3 – Condições socioeconômicas mais satisfatórias: dados do Índice Firjan de
Desenvolvimento Municipal (IFDM), tendo 2016 como ano base, evidenciam que
as condições socioeconômicas são mais satisfatórias no Sudeste e Sul, incluindo
algumas áreas do Centro-Oeste, sendo esse um importante fator locacional para
explicar o maior êxito do turismo nessas regiões do país (figura 17 e gráfico 6).

86 A interiorização do turismo no Brasil


Figura 17. Distribuição dos municípios brasileiros
por grau de desenvolvimento do IFDM

Fonte: Sistema Firjan, Índice Firjan Desenvolvimento Municipal ano-base 2016 (2018)

Gráfico 6. Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM),


por região do Brasil

*Classificação IFDM: baixo (de 0 a 0,4), regular (0,4 a 0,6), moderado (de 0,6 a 0,8) e alto (0,8 a 1).
Fonte: Sistema Firjan, Indice Firjan Desenvolvimento Municipal ano-base 2016 (2018)

As áreas consideradas no IFDM se assemelham ao IDHM, sendo analisados


indicadores de emprego-renda, saúde e educação. Os dados indicam que uma
grande parcela dos municípios brasileiros (68,4%) foi classificada com índice de
desenvolvimento moderado (intermediário). No entanto, há algumas diferenças,
pois enquanto muitos municípios das regiões Sudeste (218) e Sul (179) apresentam
um IFDM elevado, um número considerável de municípios das regiões Norte
(220) e Nordeste (865) é classificado como regular, ou seja, tem indicadores pouco
satisfatórios.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 87


As melhores condições sociais e os rendimentos mais elevados que caracterizam
a população das regiões Sudeste e Sul tornam-se importantes fatores explicativos
da concentração da atividade turística nessas regiões.

4 – Infovias mais densas e modernas: há certa correlação entre o nível de


desenvolvimento da atividade turística e o meio técnico-científico-informacional
(SANTOS, 1999) cujos destinos são mais bem equipados em termos de acessibilidade
e de conectividade, tanto material quanto virtual. Os mapas 10, 11, 12 e 13 também
indicam uma maior concentração das infovias nas regiões Sudeste e Sul, bem como
na área compreendida entre o litoral e a BR-010, rodovia Belém-Brasília.

Mapa 10. Rede rodoviária brasileira – 2007

Fonte: IBGE, Portal de Mapas, Rede Rodoviária (2007)

88 A interiorização do turismo no Brasil


Mapa 11. Modal aeroviário no Brasil – 2020

Fonte: Rio Grande do Sul, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, Atlas


socioeconômico do Rio Grande do Sul (2021)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 89


Mapa 12. Ingresso de turistas internacionais no Brasil – 2019

Fonte: Rio Grande do Sul, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul (2021)

90 A interiorização do turismo no Brasil


Mapa 13. Densidade de acessos de internet banda larga – 2020

Fonte: Rio Grande do Sul, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul (2021)

Além da presença de vários aeroportos internacionais em São Paulo e


nos estados sulistas (mapa 11), que se configuram em importantes portões de
entrada e saída de turistas internacionais (mapa 12) e nacionais, chama atenção
a quantidade de aeroportos que atendem à demanda de voos regionais (mapa
11). Ressalta-se que essa não é uma realidade de outras regiões e estados
brasileiros, já que os aeroportos regionais geralmente não recebem voos
regulares, apenas voos particulares e de pequena escala (número pequeno
de passageiros e aeronaves menores). A maior densidade de acesso à internet
também possibilita maior conectividade à população das regiões Sudeste e
Sul (mapa 13).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 91


5 – Investimentos públicos em turismo: os investimentos públicos possuem
papel relevante no desenvolvimento e consolidação das destinações, pois, em
tese, visam à melhoria da infraestrutura urbana e turística, à qualificação
dos serviços, à promoção e o apoio à comercialização dos produtos e ao
fortalecimento institucional para a gestão do turismo. No Brasil, o Ministério
do Turismo, entre os anos de 2003 e 2018, investiu um montante superior
a R$ 17 bilhões (TODESCO; ADELINO, 2021; TODESCO; SILVA, 2021).
Desse montante, conforme estudos de Todesco e Adelino (2021), foi possível
identificar para apenas 41% dos recursos as macrorregiões receptoras. Os
resultados apontam que a região Nordeste, com 9 estados, captou 20,4% dos
recursos, enquanto as regiões Sudeste, com 4 estados, e a região Sul, com 3
estados, captaram 8,6% e 4,8%, respectivamente (mapa 14). Entretanto, numa
análise por unidade da federação verifica-se que o estado de São Paulo e Minas
Gerais são os estados que mais receberam recursos públicos em turismo no
Brasil entre 2003 e 2018, e na região Sul destaca-se o estado do Rio Grande do
Sul (mapa 15).

Mapa 14. Investimentos públicos em turismo, por macrorregião, 2003-2018

Fonte: Todesco e Adelino (2021)

92 A interiorização do turismo no Brasil


Mapa 15. Investimentos públicos em turismo, por UF, 2003-2018

Fonte: Todesco e Adelino (2021)

As regiões Centro-Oeste e Norte ficaram na periferia dos investimentos


públicos em turismo, assim como também continuam na periferia dos fluxos
turísticos. No entanto, são duas importantes regiões quando se trata da
interiorização do turismo e o crescimento de destinos de natureza, como será
abordado no próximo capítulo.

6 – Fatores de ordem histórico-geográfica: conforme discutido no primeiro


capítulo desta obra, o turismo começa a se estruturar a partir da região Sudeste,
onde se concentrava a elite brasileira. Solha (2002) observa que até o início do
século XX, essa população abastada viajava constantemente à Europa; no entanto,
essa prática foi reduzida em função das duas grandes guerras mundiais. Tal fato,
aliado à busca por tratamentos terapêuticos em balneários ou estações climáticas,
propiciou a disseminação de estâncias hidrotermais e climáticas no país (MG, SP,
RJ e SC), geralmente associadas ao cassinismo.
No que se refere ao litoral, a família real portuguesa introduziu na capital
federal a prática dos banhos no início do século XIX, posteriormente difundida para
outras áreas do país, também com finalidades terapêuticas. Já no início do século
XX, o litoral santista se transforma em local de veraneio para a elite paulista. Desse
modo, a autora observa a consolidação de duas tendências de viagens motivadas
pela prática turística no Sudeste do país, nas primeiras décadas do século XX:
no litoral, os banhos de mar; no interior, tratamentos de saúde aliados a jogos e
diversão nas estâncias hidrominerais, termais e climáticas.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 93


Em um importante trabalho a respeito da emergência do termo turismo no
Brasil, por meio da análise de dois jornais paulistanos, a Folha da Manhã e Folha da
Meia Noite, entre 1930-1945, Guimarães (2013) descreve a importância da chegada
dos primeiros automóveis no país para disseminação das viagens, havendo inclusive
o “modelo turismo” da marca Chevrolet, introduzido no Brasil em 1933. Segundo
a autora, “o modelo turismo era recomendado para passeios, logo, para exibição
pública, conferindo admiração e distinção social aos seus donos” (GUIMARÃES,
2013, p. 214). Esse automóvel era apreciado pela elite paulista e carioca, sendo
também muito utilizados para competições esportivas (raids de turismo) “em
que participavam a fina flor da sociedade brasileira” (Ibidem). Solha (2002) e
Guimarães (2013) destacam que o crescimento do número de usuários de carros
acarretou a criação, em 1923, da Sociedade Brasileira de Turismo, posteriormente
denominada Touring Club do Brasil, que tinha por finalidade estimular as viagens
no país.
Posteriormente, a partir dos anos cinquenta, ocorre o desenvolvimento da
indústria automobilística, que contribui para disseminar a aquisição de automóveis
entre os brasileiros, contribuindo para o crescimento das viagens internas. Neste
momento temos a consolidação do turismo no trecho entre Santos/SP (Baixada
Santista) e Cabo Frio/RJ (Região dos Lagos) e a classe média é introduzida na
prática das viagens turísticas.
Assim, os primórdios do turismo no Brasil estão vinculados ao contexto
histórico-geográfico, na medida em que a emergente elite brasileira da região
Sudeste difunde essa prática socioespacial e contribui para consolidação das
primeiras áreas turísticas no Brasil na região Sudeste do país, posteriormente
se disseminando por todo o Brasil, particularmente a partir dos anos de 1990,
conforme discutido no capítulo 1.
Esses são alguns dos principais fatores que ajudam a explicar a concentração
da atividade turística nas regiões meridionais e a força de atração exercida por
essas duas regiões para realização de investimentos turísticos. Na perspectiva da
racionalidade econômica, essa área possibilita melhores condições de retorno do
capital investido por congregar vários fatores locacionais, conforme discutido nas
teorias clássicas e atuais de localização das atividades econômicas (MÉNDEZ, 1997;
SANTOS, 2020).

94 A interiorização do turismo no Brasil


4.
Para além do turismo sol e mar: elucidando a
interiorização do turismo no Brasil

4.1 A interiorização do turismo no contexto do paradigma da


sustentabilidade

A emergência do paradigma da sustentabilidade assumiu relevância a


partir da década de 1990, cujos marcos importantes foram a publicação
do Relatório Brundtland, em 1987, e a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992. Ambos desencadearam
a produção de uma série de documentos oficiais, programas, projetos, eventos,
mobilizando vários setores da sociedade civil e instituições governamentais,
visando à maior conscientização sobre os limites do crescimento e à necessidade
de rever o modelo da sociedade de consumo.
Em 2000, foram estabelecidos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM),
sendo adotados por 191 Estados-Membros da Organização das Nações Unidas (ONU),
indicando, dessa forma, que os Estados nacionais estavam dispostos a discutir a crise
ambiental que já assumia grandes proporções na sociedade global. Mais recentemente,
em 2015, a Agenda 2030 define 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e
detalha 169 metas a serem atingidas, sendo acordado por 193 Países-Membros da ONU,
dentre eles o Brasil, que é signatário. A preocupação ambiental se amplia no âmbito da
sociedade brasileira e se torna perceptível com a criação de centenas de unidades de
conservação a partir da década de 1980, conforme é possível observar no gráfico 7.

Gráfico 7. Número e área de UCs por década de criação (1934- 2019)

Fonte: Brasil, Ministério do Meio Ambiente, Departamento de Áreas Protegidas, Painel das Unidades de Conservação Brasileiras
(2019). Elaborado pelos autores.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 95


Segundo o Ministério do Meio Ambiente, em 2019, existia no Brasil 2.446
unidades de conservação, sendo 777 de proteção integral e 1.669 de uso sustentável.
O crescimento dessas UCs está relacionado ao contexto da crise ambiental posta
no período da globalização e, conforme discutido por Moretti e Ribeiro (2021),
é uma das estratégias utilizadas para conter o processo de produção destrutiva.
Ou seja, a compreensão do crescimento dessas áreas passa pela necessidade de
salvaguardar algumas porções do país das forças hegemônicas do mercado que
tendem a apropriar a natureza como recurso e valor de troca. O percentual dos
biomas protegidos por meio das unidades de conservação no Brasil se apresenta
da seguinte forma: Amazônia (28,6%); Mata Atlântica (10,7%); Caatinga (9,3%);
Cerrado (8,5%); Pantanal (4,6%); Pampa (3,3%); Marinho (26,4%).
A crise ambiental está posta e se agrava ao longo do tempo (aquecimento
global, catástrofes naturais, aumento do nível do mar etc.), de modo que alguns
estudiosos defendem crescimento zero para a economia, e outros, inclusive, o
decrescimento (ZAAR, 2018). Paralelamente ao aumento da crise ambiental,
verifica-se a emergência de novos produtos ditos sustentáveis (industriais, agrícolas,
imobiliários e serviços diversos). Ou seja, a valorização da natureza possibilitou a
constituição de novos produtos, dentre os quais incluem-se produtos turísticos.
A Carta do Turismo Sustentável, assinada durante a Conferência Mundial de
Turismo Sustentável, em 1995, na Espanha, menciona que “o desenvolvimento
sustentável é um processo orientado que contempla uma gestão global de recursos,
a fim de garantir sua durabilidade, permitindo a conservação de nosso capital
natural e cultural, incluindo áreas protegidas”. O paradigma da sustentabilidade
passa a ser amplamente discutido entre os estudiosos, gestores e promotores do
turismo, e proliferam as críticas ao turismo massivo. Por outro lado, verifica-se uma
demanda crescente por produtos mais autênticos e integrados com a natureza e o
mercado se organiza para conceber e oferecer produtos com tais características.
No Brasil, o paradigma da sustentabilidade influenciou parte significativa
dos agentes públicos e privados responsável pela gestão e promoção da atividade
turística. Dentre as mudanças inseridas nesse contexto de redefinição do turismo,
é possível ressaltar duas: 1- Apesar de o turismo continuar fortemente concentrado
na costa brasileira, sob o paradigma do turismo massivo baseado no segmento
sol e mar, verifica-se uma difusão do turismo para áreas mais interioranas, em
busca de novos produtos, sob o paradigma da sustentabilidade. 2- Observa-se
o surgimento de novos modelos de gestão do turismo, como o turismo de base
comunitária e o turismo responsável, como também de novos segmentos turísticos,
tais como o turismo rural, ecoturismo, turismo de aventura, etnoturismo, em que
a preservação ambiental e a valorização da cultura local ganham relevância. Esses
novos produtos são ofertados especialmente no interior, em destinos de natureza
que representam 1/3 dos destinos encontrados no interior do país, conforme
identificado na proposta apresentada.
Ao comparar o número de municípios identificados como turísticos pelo
Guia Quatro Rodas Brasil desde 1966, com a proposta de mapa apresentada
no capítulo 3, observa-se que, em termos relativos, a participação das regiões

96 A interiorização do turismo no Brasil


Centro-Oeste e Norte no total de destinos turísticos do país cresceu mais do que
em outras regiões (tabela 23), em especial por conta dos destinos de natureza
que despontam no mercado turístico nacional, mais recentemente.

Tabela 23. Municípios turísticos brasileiros, por região – 1966/2020

1966 1979 1989 1999 2020


Macrorregião
Qtd. % Qtd. % Qtd. % Qtd. % Qtd. %

Norte 2 2% 12 4% 11 4% 8 3% 19 6,5%

Nordeste 28 24% 77 27% 65 24% 81 30% 92 31%

Centro-Oeste 4 3% 12 4% 13 5% 10 4% 27 9%

Sudeste 64 54% 111 39% 122 44% 114 42% 103 35%

Sul 20 17% 75 26% 64 23% 61 22% 55 18,5%

Total 118 100% 287 100% 275 100% 274 100% 296 100%
Fonte: Guia Quatro Rodas Brasil (1966, 1979, 1989, 1999); Dados da pesquisa (2020)

Isso se deve ao fato dessas duas regiões (Norte e Centro-Oeste) se constituírem


provavelmente nas fronteiras de expansão do turismo brasileiro, a partir da valori-
zação da natureza como principal oferta turística.

4.2 A espacialização do turismo no interior


A partir da década de 1960, intensifica-se a emergência de novas destinações
turísticas no Brasil, primeiro na faixa litorânea e mais recentemente, a partir dos
anos de 1990, para áreas interioranas. Considerando-se a escassez de estudos que
contemplem análises para o conjunto do país, o propósito é aprofundar a discussão
a respeito da dispersão do turismo para o interior do Brasil.
Para a identificação dos destinos turísticos no país, foi realizada uma série de
procedimentos, detalhada no capítulo 3, que resultou no total de 296 destinos (ver
mapa 7), tipificados a partir de sua principal oferta turística, a saber: praia, natureza,
serra, histórico-cultural, religioso eventos e capital. Para a realização de uma análise
focada no turismo interiorano, foram desconsiderados os 107 destinos de praia, além
de 7 destinos de natureza e 7 histórico-culturais, defrontantes com o mar. Também
foram desconsideradas as 27 capitais das unidades federativas, tendo em vista que são
polos de emissão e recepção de turistas historicamente consolidados, ao concentrarem
infraestrutura, serviços, capital e pessoas. Essa exclusão ocorre pelo fato de o nosso in-
teresse recair, principalmente, nos destinos que despontaram mais recentemente com
a segmentação do mercado e a diversificação da oferta turística brasileira.
Com esse recorte, a amostra totaliza 148 destinos interioranos, o que representa
exatamente 50% do total de destinos turísticos identificados no país. Na tabela 24 e
no mapa 16, é possível observar a distribuição dos destinos turísticos interioranos
nas macrorregiões brasileiras, por tipologia.
Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 97
Tabela 24. Distribuição dos destinos turísticos interioranos por macrorregião e tipologia

Histórico- Total
Macrorregião Natureza Serra Estância Religioso Eventos Total %
Cultural Geral

Norte 9 - - - - 1 10 6,8%

Nordeste 9 3 1 - 3 1 17 11,5%

Centro-Oeste 17 - 2 2 2 - 23 15,5%

Sudeste 11 22 20 9 5 2 69 46,6%

Sul 4 9 9 5 - 2 29 19,6%

Total 50 34 32 16 10 6 148 100,0%

Total % 33,8% 23,0% 21,6% 10,8% 6,8% 4,1% 100,0%


Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Mapa 16. Municípios turísticos interioranos no Brasil (excluindo capitais) por tipologia – 2020

Fonte: organizado pelos autores (2020)

A região Sudeste lidera em número de destinos turísticos nas áreas


interioranas (69), abarcando 46% do total, em que se destacam o estado de Minas
Gerais (34) e São Paulo (24), enquanto o Rio de Janeiro e o Espírito Santo contam

98 A interiorização do turismo no Brasil


com 8 e 1 destino, respectivamente. Os destinos de serra e histórico-cultural
assumem relevância no Sudeste, abrangendo 22 e 20 municípios, seguidos, em
menor número, pelos destinos de natureza (11), estância (9), religioso (5) e de
eventos (2).
Os estados de Santa Catarina (13) e Rio Grande do Sul (12) concentram a
maior parte dos destinos turísticos do interior da região Sul, enquanto o Paraná
tem um número menos expressivo (4). Nessa região brasileira, em quantidade,
destacam-se os destinos de serra (9) e histórico-cultural (9). As estâncias estão em
terceiro maior número (5), seguidas dos destinos de natureza (4) e de eventos (2).
No Centro-Oeste, os estados de Goiás (10) e do Mato Grosso (8) concentram
a maior parte dos destinos, enquanto Mato Grosso do Sul (5) aparece em terceiro
lugar. Os destinos de natureza (17) são predominantes nessa região, mas que
também conta com 2 destinos histórico-culturais, 2 estâncias e 2 destinos religiosos.
No Nordeste, os estados da Bahia (6), Ceará (4) e Pernambuco (3) concentram
os destinos turísticos interioranos, enquanto os estados do Maranhão, Piauí, Sergipe
e Paraíba possuem, nas áreas interioranas, apenas um destino cada. Nos estados do
Rio Grande do Norte e Sergipe, os destinos turísticos consolidados estão situados
apenas no litoral. No interior do Nordeste, destacam-se, em números, destinos de
natureza (9), serras (3) e religiosos (3) e, por último, os destinos de eventos (1) e
histórico-cultural (1).
No interior da região Norte foram identificados apenas 10 destinos
turísticos, sendo 9 destinos de natureza e apenas um destino de eventos. O
estado do Amazonas concentra a maior parte dos destinos (6), seguido pelo
estado do Tocantins (3) e do Pará (1).
De modo geral, as regiões com maior quantidade de destinos e diversificação
de oferta são as Sudeste e Sul, seguidas pela Centro-Oeste. Apesar de o Nordeste
e o Norte possuírem um extenso território, o número de destinos turísticos
consolidados no interior nessas regiões é pouco expressivo.
É importante ressaltar que os 50 destinos de natureza representam 1/3 do total
de destinos interioranos, presentes em todas as macrorregiões, e podem, portanto,
serem considerados como a principal oferta turística nacional no interior do país.
Merece destaque ainda o número de destinos de serra (34) e histórico-cultural (32),
particularmente nas regiões Sudeste e Sul.

4.3 Os destinos turísticos interioranos

Destinos de natureza

A natureza representa um grande potencial para o desenvolvimento do


turismo nacional, despontando, desde os anos de 1990, como um diferencial
competitivo no mercado de produtos turísticos (RUSCHMANN, 2010). Os
recursos naturais, segundo Tulik (1993), são elementos primários da oferta
turística, embora só possam ser considerados turísticos quando são estruturados
e comercializados para esse fim. Observa-se que a água, a fauna, a flora, o relevo,

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 99


o clima, dentre outros, são fundamentais na oferta de produtos turísticos e na
qualidade da experiência propiciada pela prática turística no Brasil, conforme
apontado por Martins e Silva (2019), Panosso Netto e Ansarah (2009) e Tulik
(1993). A tabela 25 apresenta a relação dos 50 destinos de natureza identificados
no interior.

Tabela 25. Destinos de natureza no interior do Brasil - 2020


N. de
N. Meios de operadoras
Pop. Categoria
Hospedagem que
N. Macrorregião UF Município Estimada (MTur,
(Datasebrae, comercializam
(IBGE, 2019) 2019)
2020) o destino
(2020)
1 Norte AM Autazes 39.565 - 12 2
2 Norte AM Careiro 37.869 D 24 1
3 Norte AM Iranduba 48.296 C 12 1
4 Norte AM Manacapuru 97.377 C 31 1
5 Norte AM Novo Airão 19.454 D 13 1
6 Norte PA Santarém 304.589 B 68 7
7 Norte TO Mateiros 2.729 D 7 11
Ponte Alta do
8 Norte TO 8.116 D 6 9
Tocantins
São Félix do
9 Norte TO 1.598 D 9 7
Tocantins
10 Nordeste BA Andaraí 13.143 D 9 3
11 Nordeste BA Lençóis 11.409 B 51 10
12 Nordeste BA Mucugê 9.062 C 18 3
13 Nordeste BA Palmeiras 9.019 C 21 6
14 Nordeste BA Paulo Afonso 117.782 B 23 -
15 Nordeste CE Tianguá 75.946 B 15 -
16 Nordeste MA Carolina 24.322 C 51 5
São Raimundo
17 Nordeste PI 34.710 C 12 1
Nonato
Canindé de São
18 Nordeste SE 30.402 D 16 3
Francisco
Alto Paraíso de
19 Centro-Oeste GO 7.624 B 79 5
Goiás
20 Centro-Oeste GO Cavalcante 9.709 D 10 2
21 Centro-Oeste GO Formosa 121.617 B 33 -
22 Centro-Oeste GO Paraúna 10.988 D 5 1
23 Centro-Oeste MS Aquidauana 48.029 C 25 5
24 Centro-Oeste MS Bodoquena 7.838 D 16 1
25 Centro-Oeste MS Bonito 21.976 B 87 16
26 Centro-Oeste MS Corumbá 111.435 B 56 3
27 Centro-Oeste MS Miranda 28.220 C 23 3
28 Centro-Oeste MT Alta Floresta 51.959 C 34 1
29 Centro-Oeste MT Barão de Melgaço 8.164 C 17 1
30 Centro-Oeste MT Barra do Garças 61.012 B 37 -
31 Centro-Oeste MT Cáceres 94.376 B 36 1

100 A interiorização do turismo no Brasil


N. de
N. Meios de operadoras
Pop. Categoria
Hospedagem que
N. Macrorregião UF Município Estimada (MTur,
(Datasebrae, comercializam
(IBGE, 2019) 2019)
2020) o destino
(2020)
Chapada dos
32 Centro-Oeste MT 19.752 B 51 11
Guimarães
33 Centro-Oeste MT Nobres 15.334 C 25 4
34 Centro-Oeste MT Poconé 32.843 B 34 6
São José do Rio
35 Centro-Oeste MT 21.011 D 5 2
Claro
36 Sudeste MG Capitólio 8.663 C 50 1
37 Sudeste MG Cordisburgo 8.897 D 3 1
38 Sudeste MG Formiga 67.822 C 17 1

39 Sudeste MG Itacarambi 18.164 D 6 1

40 Sudeste MG Passa Quatro 16.393 C 14 1


41 Sudeste MG Santana do Riacho 4.295 B 41 2
42 Sudeste MG São Roque de Minas 7.076 D 10 2
43 Sudeste MG Sete Lagoas 239.639 B 27 -
44 Sudeste MG Unaí 84.378 B 29 -
45 Sudeste SP Avaré 90.655 B 32 -
46 Sudeste SP Brotas 24.403 B 34 -
47 Sul PR Foz do Iguaçu 258.532 A 245 22
48 Sul PR Morretes 16.446 C 28 4
49 Sul RS Cambará do Sul 6.431 C 32 3
50 Sul SC Timbó 44.977 C 6 1
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Na região Norte, foram identificados destinos de natureza, inseridos no


mercado turístico nacional, situados nos estados do Amazonas e do Pará, às
margens de grandes rios, como Rio Negro e Rio Tapajós, com a presença marcante
da floresta Amazônica, como também na região do Jalapão, no bioma do Cerrado,
no estado do Tocantins.
No estado do Amazonas, para atração de fluxos turísticos, os municípios como
Autazes, Careiro, Iranduba, Manacapuru e Novo Airão se beneficiam da proximidade
da capital, Manaus. Esses municípios fazem parte da Região Metropolitana de
Manaus (RMM), mas, diferentemente de outras regiões metropolitanas brasileiras, os
municípios da RMM apresentam grande cobertura florestal, baixa densidade urbana
e presença marcante de povos indígenas e de comunidades tradicionais ribeirinhas e
extrativistas, que se configuram em importantes elementos para o desenvolvimento
do ecoturismo de base comunitária e do etnoturismo. Porém estudos evidenciam a
falta de suporte ao desenvolvimento de modelos alternativos ao turismo convencional
e baixo protagonismo e organização das comunidades na gestão do turismo na RMM
(COSTA NOVO, 2014; SIMONETTI; NASCIMNETO; CHAVES, 2016).
No Amazonas, municípios distantes da capital apresentam maior dificuldade
para a captação de turistas, tendo em vista que o acesso é realizado geralmente de

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 101
barco, podendo durar dias de viagem. No estado do Pará, o município de Santarém,
conhecido pelas praias de rio em Alter do Chão e por ser local de encontro do Rio
Tapajós com o Rio Amazonas, apesar de ser muito distante da capital paraense,
possui acesso facilitado pela presença de aeroporto com voos regulares nacionais
e regionais, como também é escala de cruzeiros internacionais (MENEZES, 2017).
No Norte, destaca-se ainda a valorização turística da região do Jalapão/TO,
que abarca, entre outros, os municípios de Mateiros, Ponte Alta do Tocantins e São
Félix do Tocantins. Esses destinos são conhecidos pelas dunas de cor alaranjada,
presença de cachoeiras e fervedouros (nascentes de água), e pelo famoso capim-
dourado (Syngonanthus nitens), matéria-prima para o artesanato produzido pela
comunidade quilombola Mumbuca (CHAGAS, 2007; SANTOS et al., 2016).
Dos destinos de natureza da região Norte, Santarém/PA apresenta o maior
número de meios de hospedagem, 30 ao total; entretanto, é importante ressaltar
que essa é uma cidade média, que tem uma dinâmica econômica atrelada também
ao agronegócio (TRINDADE JR.; TRINDADE; OLIVEIRA, 2014). Os municípios
do estado do Amazonas apresentam entre 6 e 18 meios de hospedagem. No Jalapão,
os municípios apresentam um número de hospedagem mais modesto, 8 em São
Félix do Tocantins, 6 em Mateiros e 5 em Ponte Alta do Tocantins.
Por outro lado, nota-se que o número de operadoras de turismo que
comercializam os destinos do Jalapão é bem mais expressivo, foram identificadas
11 para Mateiros, 9 para Ponte Alta do Tocantins e 7 para São Félix do
Tocantins. Também foram identificadas 7 operadoras de turismo no Brasil que
comercializam produtos turísticos de Santarém/PA. No caso dos municípios da
região metropolitana de Manaus, identificou-se apenas 1 operadora de turismo;
em contraponto, Manaus é comercializada como destino de natureza por 15
operadoras, evidenciando, nesse estado, o domínio e a preponderância da capital
no mercado do turismo de natureza.
A região Nordeste, apesar de sua extensa área, sob o predomínio do bioma
da Caatinga, tem poucos destinos interioranos consolidados no mercado turístico.
O que mais se destaca é o Parque Nacional da Chapada Diamantina, abarcando os
municípios de Lençóis, Andaraí, Mucugê e Palmeiras, no estado da Bahia. Outros
destinos de natureza, porém com menor expressividade em termos de fluxos, são:
o Parque Nacional da Chapada das Mesas, no município de Carolina, no estado do
Maranhão; os cânions do Rio São Francisco, nos municípios de Canindé de São
Francisco, em Sergipe, e em Paulo Afonso, na Bahia; e o Parque Nacional da Serra
da Capivara, em São Raimundo Nonato, no estado do Piauí.
Nota-se que os destinos de natureza da região Nordeste estão distantes dos polos
emissores de turismo e das capitais, como também não estão próximos de aeropor-
tos com voos regulares; o turismo nessas áreas é movido pelo poder de atração das
paisagens naturais, que precisam superar as dificuldades de acesso e o tempo de
viagem.
Dentre os destinos de natureza do Nordeste, 10 operadoras de turismo
comercializam produtos turísticos de Lençóis/BA, 6 comercializam Palmeiras/BA,
3 Andaraí/BA e Mucugê/BA. Carolina/MA é comercializada por 5 operadoras,

102 A interiorização do turismo no Brasil


Canindé de São Francisco/SE por 3 e São Raimundo Nonato/PI por 1. Em termos
de número de meio de hospedagem, Lençóis/BA e Carolina/MA se sobressaem
com 51 cada, os demais têm em média 16 meios de hospedagem.
Na região Centro-Oeste14, foi identificado o maior número de destinos de
natureza, em que dominam os recursos naturais e paisagísticos do Pantanal e do
Cerrado. As chapadas, tais como a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e a Chapada
dos Guimarães, em Mato Grosso, e as serras, como a Serra da Bodoquena, também
são muito valorizadas enquanto destinações turísticas.
Dentre os destinos de natureza do Centro-Oeste, os que apresentam o maior
número de meios de hospedagem são Bonito/MS, situado na Serra da Bodoquena,
com 87, e Alto Paraíso de Goiás, situado na Chapada dos Veadeiros, com 79. Os
demais destinos de natureza dessa macrorregião possuem em média 29 meios de
hospedagem. Também se observa, conforme informações do Cadastur (2020), que
Bonito/MS possui o segundo maior número de guias de turismo (179) dentre os
148 destinos interioranos selecionados, ficando atrás apenas de Foz do Iguaçu/
PR, com 934.
No Centro-Oeste, Bonito/MS é o destino comercializado pelo maior número
de operadoras, 16 ao total, seguido pela Chapada dos Guimarães/MT (11), Poconé/
MT (6), Alto Paraíso de Goiás/GO (5), Aquidauana/MS (5) e Nobres/MT (4).
Os fluxos nacionais acessam Bonito/MS geralmente pelo aeroporto de Campo
Grande, capital do estado, situado a 4h de distância pela BR 060. Pelo crescimento
do turismo nessa destinação, nas duas últimas décadas, muitos trabalhos discutem
sobre os impactos ambientais e sociais dessa atividade, examinando se o turismo
conduzido nessa localidade está orientado mais pela lógica do mercado do que pelos
princípios da sustentabilidade e da valorização cultural e ambiental, embutidos no
conceito de ecoturismo (LOBO, 2006; LOBO; MORETTI, 2008; LUNAS, 2006).
Apesar de o Centro-Oeste se destacar na produção de commodities e as atividades
agropecuárias se constituírem em sua principal matriz econômica, o turismo vem
se disseminando regionalmente associado à natureza (ALHO, 2019). No entanto,
a região convive com grandes conflitos territoriais15, dentre os quais é possível
mencionar a fragilidade dos mecanismos de proteção ambiental, bem como o
assédio, as precárias condições de vida e as ameaças constantes aos povos indígenas e
às comunidades tradicionais (BERNARDES, 2015; BERNARDES; ARRUZZO, 2016;
MONTEIRO, 2022). Dessa forma, fica evidente certa incompatibilidade no uso e
ocupação do espaço regional para a promoção do turismo com base nos princípios
da sustentabilidade, uma vez que o complexo agroindustrial assume preponderância
e tem ocasionado graves conflitos socioambientais no contexto regional.
No Sudeste, os destinos de natureza estão situados em áreas remanescentes
de Mata Atlântica e/ou possuem a presença marcante de rios, cachoeiras e grutas.
Minas Gerais destaca-se em número de destinos e Capitólio/MG é que apresenta
o maior número de hotéis (50), seguido por Santana do Riacho/MG (41) e por
Brotas/SP (34), famoso destino de turismo de aventura no interior de São Paulo.
14
É importante ressaltar que a região Centro-Oeste é a única não banhada pelo mar.
15
A edição especial da Revista Tamoios, v. 18, n. 1, de 2022, apresenta uma série de estudos sobre o
agronegócio no Centro-Oeste e na Amazônia brasileira, tendo como foco os conflitos territoriais.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 103
Por estarem situados na macrorregião mais populosa e com as condições
socioeconômicas mais favoráveis do país, os destinos de natureza do Sudeste
se beneficiam da proximidade dos polos emissores de turistas, assim como da
acessibilidade rodoviária, tornando-se destinos de viagens de finais de semana e
feriados, captando basicamente os fluxos regionais e estaduais de turistas. Dessa
forma, não é expressivo o número de operadoras de turismo que comercializam
esses destinos, visto que os turistas geralmente frequentam esses lugares sem
demandar serviços de agenciamento.
Na região Sul situa-se Foz do Iguaçu/PR, um dos mais importantes destinos
de natureza do país, que capta significativos fluxos nacionais e internacionais,
município destaque no Guia Quatro Rodas desde a década de 1960. Foz do Iguaçu/
PR se sobressai não apenas entre os destinos de natureza, como está entre os
destinos mais procurados do país16, principalmente devido às cataratas no Parque
Nacional do Iguaçu, criado em 1939, reconhecido como Patrimônio Natural da
Humanidade pela UNESCO, em 1986.
Dentre as 25 operadoras associadas à Braztoa que comercializam destinos
brasileiros, 22 operam o destino de Foz do Iguaçu, o qual concentra 245 meios de
hospedagem. Cabe ressaltar que é um dos poucos destinos de natureza que conta
com um aeroporto com voos regulares nacionais e internacionais, além de estar
conectado por via rodoviária aos principais polos emissores do país.
De forma mais recente, Cambará do Sul/RS vem ganhando proeminência, por
ser município sede do Parque Nacional Aparados da Serra e do Parque Nacional da
Serra Geral, onde estão situados os cânions de Itaimbezinho e Fortaleza. O destino
apresenta 32 meios de hospedagem e é comercializado por 3 operadoras. Além des-
ses, destacam-se Morretes/PR e Timbó/SC como destinos de ecoturismo e turismo
rural, comercializados por 3 e 1 operadora respectivamente.
Ao observar os destinos de natureza, nota-se que apesar da fauna e flora serem
importantes para a atratividade desses destinos, a água aparece como elemento
central (figura 18), pois grande parte dos atrativos turísticos naturais tem relação
com cachoeiras, rios e corredeiras, em muitos casos abarcados por unidades de
conservação, que permitem visitação guiada.

16
Foi o segundo destino brasileiro mais procurado, conforme pesquisa realizada pelo Ministério do
Turismo de sondagem com agências e operadoras de turismo, referentes às viagens para o período de
dezembro de 2020 e janeiro de 2021.

104 A interiorização do turismo no Brasil


Figura 18. Destinos de natureza no interior do Brasil

Bonito/MS Chapada dos Guimarães/MT

Crédito: Flávio André/MTur, 2018 Crédito: Flávio André/MTur, 2018

Lençóis/BA Santarém/PA

Crédito: Gleidson Santos/MTur, 2018 Crédito: Thiago Silveira/MTur, 2018

Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Banco de Imagens Destinos. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/mturdestinos/
collections

No levantamento realizado sobre as unidades de conservação (UCs)17 existentes


nos 50 destinos de natureza, foi encontrado um total de 178 UCs, de diferentes
categorias, sendo 42,7% situadas na região Centro-Oeste. Dentre as unidades de
conservação, as Reservas Particulares do Patrimônio Natural, Parques e Área de
Proteção Ambiental são numericamente mais expressivas (tabela 26).

17
Alguns municípios possuem mais de uma unidade de conservação, de diferentes categorias,
administradas por distintos entes federativos (federal, estadual ou municipal).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 105
Tabela 26. Unidades de conservação nos destinos de natureza, por categoria e macrorregião - 2019

Estação
Estado RPPN Parque APA MONA Outros SI Total Total %
Ecológica

Norte 1 7 11 2 1 6 2 30 16,9%
Nordeste 9 8 10 1 2 - 1 31 17,4%
C. Oeste 48 17 5 2 2 1 1 76 42,7%
Sudeste 6 5 6 3 2 1 2 25 14,0%
Sul 3 11 2 - - - - 16 9,0%
Total 67 48 34 8 7 8 6 178 100,0%
Total % 37,6% 27,0% 19,1% 4,5% 3,9% 4,5% 3,4% 100,0%
Notas: 1. Dados referentes aos 50 destinos de natureza identificados no interior do país. 2. RPPN - Reserva Particular do Patrimônio
Natural; Parque; APA - Área de Proteção Ambiental; Estação Ecológica; MONA - Monumento Natural; Outros: RDS - Reserva de
Desenvolvimento Sustentável; RESEX - Reserva Extrativista; RVS – Refúgio de Vida Silvestre; Reserva Biológica; Floresta; ARIE-
Área de Relevante Interesse Ecológico); SI - Sem Informação;
Fonte: Brasil, Ministério do Meio Ambiente, Departamento de Áreas Protegidas, Painel das Unidades de Conservação Brasileiras (2019)

Reconhecendo a importância das unidades de conservação para o desenvolvi-


mento do turismo em áreas naturais no Brasil e a necessidade de minimizar os impac-
tos e os conflitos entre as políticas ambientais e as comunidades por elas abarcadas, o
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)18 vem incentivan-
do propostas de turismo de base comunitária (TBC) nas UCs definido como:

um modelo de gestão da visitação protagonizado pela comunidade, gerando


benefícios coletivos, promovendo a vivência intercultural, a qualidade de vida,
a valorização da história e da cultura dessas populações, bem como a utilização
sustentável, para fins recreativos e educativos, dos recursos da Unidade de
Conservação. (ICMBIO, 2018, p. 10)

Em 2018, o ICMBio realizou uma Chamada de Propostas para Fortalecimento


de Iniciativas de Turismo de Base Comunitária (PNUD BRA 08/023), no qual
contemplou nove projetos19. No interior do país, as iniciativas de TBC no Parque
Nacional da Chapada Diamantina e na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, em
Santarém/PA, são referências.
Grande parte da vegetação primitiva e, portanto, áreas não antropizadas, encon-
tra-se no interior do país, particularmente nas regiões Norte e Centro-Oeste (figura
19). Assim, a presença de unidades de conservação, algumas com estrutura de visita-
ção, corpos d’água em abundância, cachoeiras e vastas áreas de vegetação primitiva
constituem fatores locacionais importantes para a existência de destinos de natureza,
18
Autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. Cabe ao Instituto executar as ações do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar
as UCs instituídas pela União.
19
A publicação, do ICMBio, “Turismo de Base Comunitária em Unidades de Conservação Federais:
caderno de experiências”, de 2019, apresenta 12 iniciativas de TBC, dentre elas as 9 iniciativas
contempladas pelo edital.

106 A interiorização do turismo no Brasil


além da proximidade de aeroportos, que facilitam, em certa medida, o acesso dos
fluxos oriundos de polos emissores distantes.
Unidades de conservação
Proteção
Figura 19.integral
Unidades2018
de conservação com proteção integral: parques nacionais e monumentos naturais - 2018
-70° -60° -50° -40°
Parques Nacionai
14 Denominação
1. Pacaás Novos
20 O
Boa Vista C 2. Serra da Cutia
E 3. Serra do Divisor
A
RORAIMA N
O 4. Pico da Neblina
21
AMAPÁ 5. Jaú
13
12 6. Anavilhanas
Macapá 7. Nascentes do Lag
0° 4 Equador 0°
A
T
8. Mapinguari
L 75 9. Campos Amazôni
Belém 10. Juruena

Â
N
11. Acari

T
São Luís
12. Serra da Mocidad

I
5 6 23

C
13. Viruá

O
30
Atol
Manaus das Rocas 14. Monte Roraima
P A R Á 29 Fortaleza
AMAZONAS 28 33 15. Amazônia
15 RIO GRANDE Arquip. de
Fernando 16. Jamanxim
MARANHÃO 31 DO NORTE
de Noronha
Teresina 17. Serra do Pardo
7 16 17 CEARÁ Natal 18. Campos Ferrugino
11 18 19. Rio Novo
24
PARAÍBA 20. Cabo Orange
PIAUÍ João 21. Montanhas do Tu
19 Pessoa
10 22. Araguaia
9 Recife
3
ACRE 8 27 32 23. Lençóis Maranhen
Porto PERNAMBUCO
Velho 26 24. Chapada das Mes
TOCANTINS 76 ALAGOAS
25 25. Nascentes do Rio P
-10° Rio Branco Palmas 35 Maceió 26. Serra das Confusõ
-10°
22
34 27. Serra da Capivara
1 Aracaju
2 28. Sete Cidades
SERGIPE 29. Ubajara
RONDÔNIA BAHIA
MATO GRO S SO 30. Jericoacoara
36
Salvador 31. Furna Feia
74 32. Marinho de Ferna
37 de Noronha
Cuiabá 71 DF 45 44 33. Catimbau
73 38
34. Serra de Itabaiana
BRASÍLIA
35. Boqueirão da Onç
GOIÁS 39 40 36. Chapada da Diam
Goiânia
41
70 42 37. Boa Nova
72 46 38. Serra das Lontras
43 Arquip. de Abrolhos
MINAS GERAIS 39. Alto Cariri
MATO GROSSO 40. Pau Brasil
DO SUL 47 78
Belo 41. Histórico do Mon
50
Horizonte
48 ESPÍRITO SANTO
Campo 42. Descobrimento
49 Vitória
-20° 69 Grande 43. Marinho de Abrol
Parque Nacional 44. Cavernas do Peru
P A C Í F I C O

-20°
SÃO
O 45. Grande Sertão Ve
PAULO C
até 300 000 ha 51
53 54 55 T
I 77
46. Sempre-Vivas
Rio de Janeiro N
São Paulo 52 L
 47. Serra do Cipó
de 300 001 a 500 000 ha 62 79 RIO DE A
T
48. Serra do Gandare
PARANÁ JANEIRO
Trópico 49. Caparaó
acima de 500 000 ha 61 Curitiba
60 58
de Cap
ricórnio 50. Serra da Canastra
56
59 57 51. Itatiaia
Monumento Natural 52. Serra da Bocaina
63 O 53. Tijuca
64 N
até 300 000 ha Florianópolis
E
A 54. Serra dos Órgãos
SANTA
O C E A N O

65
C 55. Restinga de Jurub
O

acima de 500 000 ha CATARINA 56. Superagui


RIO GRANDE 67 66 57. Marinho das Ilhas
DO SUL 58. Saint-Hilaire/Lan
Porto Alegre 59. Guaricana
vegetação primitiva 60. Campos Gerais
68
61. Iguaçu
-30° 125 0 250 km 62. Ilha Grande
área antropizada -30° 63. Araucárias
Projeção Policônica
64. Serra do Itajaí
65. São Joaquim
-70° -60° -50° -40° -30° 66. Serra Geral
Fonte: Mapa temático e dados geoestatísticos das unidades de conservação federais. Brasília, DF: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, 2018. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/
Fonte: IBGE, Portal de Mapas (2018)
geoprocessamentos/51-menu-servicos/4004-downloads-mapa-tematico-e-dados-geoestatisticos-das-uc-s>. Acesso em: out. 2018. www.ibge.

Nas últimas décadas, os elementos naturais abióticos (morfologia das rochas,


relevo e outros elementos geológicos) têm sido estudados como insumos com
potencialidade para constituir atrativos turísticos (HOSE, 1995, 2000). No âmbito
internacional, tais elementos já assumem relevância na configuração de parques
públicos para a visitação turística, e bem como nos estudos na área de turismo
(DOWLING, 2011; FARSANI; COELHO; COSTA, 2011). No Brasil, há algumas
propostas de criação de geoparques, que constituem áreas dedicadas à proteção
do patrimônio geológico (SCHOBBENHAUS; SILVA, 2012; SCHOBBENHAUS
FILHO, 2021). Os princípios do desenvolvimento do turismo nesses geoparques
(geoturismo) se aproximam do ecoturismo, especialmente, referentes aos benefícios
às comunidades receptoras, à valorização cultural, à educação ambiental e à
preservação do meio ambiente (BUCKLEY, 2003; COUTINHO et al., 2019).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 107
Os destinos de natureza assumem maior expressão no interior do país, estão
espalhados por todas as regiões e tem relevante potencial para consolidar o fluxo de
turismo em várias porções do território nacional, com a emergência e disseminação
dos princípios da sustentabilidade. No entanto, constata-se a falta de investimento
nesse tipo de destino, principalmente por parte do MTur. O Plano Nacional de
Turismo 2018-2022, por exemplo, não contempla ações, programas ou projetos
dedicados ao desenvolvimento de destinos turísticos com foco na natureza e a
única diretriz exposta é sobre a possibilidade de parcerias com a iniciativa privada
para conceder o uso das unidades de conservação, bem como ações de promoção
(BRASIL, 2018b). Nas pesquisas de Silva (2020) e de Todesco e Silva (2021) nota-se
que grande parte dos recursos públicos do MTur foi investido em infraestrutura,
diversificada e pulverizadas em diversos municípios sem representatividade no
turismo. A maior parte dos investimentos em infraestrutura realizada nas últimas
décadas pelo MTur está concentrada em pequenas obras, tais como: urbanização
(calçamento de ruas, pavimentação), praças públicas e infraestrutura diversas,
pouco se investe em atrativos turísticos naturais (SILVA; FONSECA, 2017; SILVA;
FONSECA; BORGES, 2021).

Destinos de serra

As serras configuram-se em localidades proeminentes no processo de


interiorização do turismo, pois desde a década de 1960 o turismo vem se difundindo
e se consolidando nessas áreas, conforme exposto no capítulo 1. Na tabela 27 estão
relacionados 34 destinos de serra identificados no interior do país.
Assim como as estâncias hidrominerais e termais, alguns municípios
serranos, que assumem relevância enquanto destinação turística, eram no passado
frequentados para tratamento de saúde, particularmente para cura de tuberculose,
tais como Campos do Jordão/SP (SILVA, 2004) e Gravatá/PE (GALVÃO, 2019).
Na atualidade, as serras são concebidas como uma alternativa ao turismo de sol e
mar, nessas localidades geralmente se exploram o turismo gastronômico, o turismo
cultural, o ecoturismo e até mesmo o turismo de compras.

Tabela 27. Destinos de serra no interior do Brasil – 2020

N. de
Pop. N. Meios de operadoras
Categoria
Estimada Hospedagem que
N. Macrorregião UF Município (MTur,
(IBGE, (DataSebrae, comercializam
2019)
2019) 2020) o destino
(2020)
1 Nordeste CE Guaramiranga 5.193 C 24 -

2 Nordeste PE Gravatá 84.074 B 23 -

3 Nordeste PE Garanhuns 139.788 - 35 -

108 A interiorização do turismo no Brasil


N. de
Pop. N. Meios de operadoras
Categoria
Estimada Hospedagem que
N. Macrorregião UF Município (MTur,
(IBGE, (DataSebrae, comercializam
2019)
2019) 2020) o destino
(2020)

4 Sudeste ES Domingos Martins 33.850 B 43 1

5 Sudeste MG Alto Caparaó 5.847 D 8 -

9 Sudeste MG Bocaina de Minas 5.090 B 43 -

7 Sudeste MG Camanducaia 21.770 B 142 -

8 Sudeste MG Gonçalves 4.350 C 21 -

9 Sudeste MG Itamonte 15.579 D 18 -

10 Sudeste MG Lima Duarte 16.698 C 17 -

11 Sudeste RJ Itatiaia 31.805 B 148 -

12 Sudeste RJ Nova Friburgo 190.631 B 91 -

13 Sudeste RJ Petrópolis 306.191 A 131 6

14 Sudeste RJ Resende 131.341 B 35 -

15 Sudeste RJ Teresópolis 182.594 B 77 4

16 Sudeste SP Atibaia 142.761 B 48 -

17 Sudeste SP Campos do Jordão 52.088 A 233 5

18 Sudeste SP Cunha 21.547 C 23 -

19 Sudeste SP Mairiporã 100.179 B 27 2

20 Sudeste SP Pindamonhangaba 168.328 B 28 1

Santo Antônio do
21 Sudeste SP 6.811 B 36 -
Pinhal

São Bento do
22 Sudeste SP 10.878 C 20 -
Sapucaí

São José do
23 Sudeste SP 4.147 D 5 -
Barreiro

24 Sudeste SP São Pedro 35.653 B 26 -

25 Sudeste SP São Roque 91.016 B 28 1

26 Sul RS Bento Gonçalves 120.454 B 23 9

27 Sul RS Canela 44.998 B 105 9

28 Sul RS Gramado 36.232 A 268 17

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 109
N. de
Pop. N. Meios de operadoras
Categoria
Estimada Hospedagem que
N. Macrorregião UF Município (MTur,
(IBGE, (DataSebrae, comercializam
2019)
2019) 2020) o destino
(2020)
29 Sul RS Nova Petrópolis 21.353 C 41 7

30 Sul SC Fraiburgo 36.584 C 8 1

31 Sul SC Lages 157.544 B 30 -

32 Sul SC São Joaquim 26.952 C 12 -

33 Sul SC Treze Tílias 7.840 C 10 -

34 Sul SC Urubici 11.235 B 57 -


Fonte: Dados da pesquisa (2020)

A região Sudeste, principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais e


Rio de Janeiro, lidera a concentração de destinos de serra e a região Sul também
assume relevância na oferta de destinos nas áreas serranas, especialmente em Santa
Catarina e no Rio Grande do Sul. Inclusive na região Nordeste, em estados como
Ceará e Pernambuco onde o turismo de sol e mar assume grande expressividade,
há destinos serranos, tais como Guaramiranga/CE, Gravatá/PE e Garanhus/
PE, que se diferenciam com o clima mais ameno, atraindo principalmente fluxos
regionais.
Cabe ressaltar que um ponto em comum entre esses destinos é a proximidade
com grandes centros urbanos, com acesso facilitado, garantindo fluxo regional
constante em finais de semana, feriados e no período de férias (TULIK, 1993).
Além disso, diferentemente do perfil dos destinos de natureza, 1/3 dos destinos
serranos são cidades médias, apresentando um nível maior de urbanização.
Nesse sentido, o trabalho de Portuguez e Alves (2015)20 consideram que:

O crescimento do turismo alternativo, (de base local, endógeno etc…) que veio
na esteira do discurso da sustentabilidade que emergiu na década de 1990,
também pode ser citado como fator de interiorização do capital, das ações do
Estado, fixação de população e atração de famílias e indivíduos de classe média.
O município de Bonito (MS) estudado por Mariani (2004) e a região serrana
central do Estado do Espírito Santo estudada por Portuguez (1999), são dois
bons exemplos de emergência de destinos interioranos desta época.

Gramado/RS é disparado o destino serrano mais procurado do país,


captando fluxos nacionais, sendo comercializado por 17 operadoras, dentre
as 25 operadoras associadas à Braztoa que comercializam destinos brasileiros.
Bento Gonçalves, Canela e Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, e Petrópolis,
no Rio de Janeiro, também são comercializadas por um número expressivo de

20
Documento eletrônico não paginado.

110 A interiorização do turismo no Brasil


operadoras (quadro 8). Gramado/RS concentra 268 meios de hospedagem,
seguido por Campos do Jordão/SP (233), Itatiaia/RJ (148) e Camanducaia/MG
(142) – onde se situa o distrito de Monte Verde, três importantes destinos de serra
do Sudeste.
Nos 34 destinos serranos foram encontradas ao total 143 unidades de
conservação21, concentradas nas regiões Sudeste e Sul do país (tabela 28), sendo
possível citar alguns importantes parques nacionais, tais como o Parque Nacional
do Itatiaia e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, o Parque
Nacional da Serra da Bocaina, em São Paulo, e o Parque Nacional de São Joaquim,
em Santa Catarina.

Tabela 28. Unidades de conservação nos destinos de serra, por categoria e macrorregião - 2019

Estado RPPN Parque APA Estação Ecológica MONA Outros* SI Total

Norte - - - - - - - -
Nordeste 1 - 1 - - - 1 3

Centro-Oeste - - - - - - -

Sudeste 64 25 23 - 4 6 - 122
Sul 11 2 - - - 1 4 18
Brasil 76 27 24 0 4 7 5 143
Fonte: Brasil, Ministério do Meio Ambiente. Departamento de Áreas protegidas. Painel das Unidades de Conservação Brasileiras
(2019)

O clima, a proximidade dos grandes centros urbanos somado à oferta de


serviços de hospedagem e alimentação, com diferencial gastronômico, bem como
a possibilidade de realizar atividades em contato com a natureza fazem das serras
polos de atração de visitantes.
Outro elemento sobressalente dos destinos serranos é o apelo à
diferenciação cultural, em especial, quando há a presença de colônias
de imigrantes, como nas serras dos estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A relação entre turismo serrano e
colônias de imigrantes é estreita, pois os imigrantes, ao se instalarem, tendem
a produzir produtos típicos de seu país de origem para ofertar aos próprios
membros da comunidade, disponibilizando no comércio local, que acabam
também despertando o interesse dos turistas (SILVA, 2004; FONTES, 2006;
OLIVEIRA, 2017). Além da cultura e gastronomia típicas, a arquitetura das
edificações também se diferencia, parte pelo processo de imigração, parte
para reforçar a atratividade turística do lugar por meio da cenarização
(FAGERLANDE, 2015).

21
Alguns municípios possuem mais de uma unidade de conservação, de diferentes tipologias,
administradas por entes federativos distintos (municipal, estadual ou federal).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 111
Figura 20. Destinos de serra no interior do Brasil

Gramado/RS Campos do Jordão/SP

Crédito: Renato Soares/MTur, 2018 Crédito: Marco Ankosqui/MTur, 2018

Domingos Martins/ES Gravatá/PE

Crédito: Vitor Jubini/MTur, 2018 Crédito: Bruno Lima/MTur, 2018

Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Banco de Imagens Destinos (2018a)

No âmbito das políticas federais de turismo não existem programas, projetos


ou ações específicas para os destinos serranos, o que parece ser um equívoco
considerando-se o crescimento contínuo do número de destinações turísticas nas
áreas serranas, ao longo das últimas seis décadas.

Destinos histórico-culturais

Os destinos histórico-culturais, em especial os situados no estado de Minas


Gerais, sempre corresponderam a uma parcela importante da interiorização dos
fluxos turísticos no Brasil, desde a primeira metade do século XX. No mapeamento
dos destinos interioranos da atualidade foram identificados 32 destinos dessa
tipologia, em que se constata ainda o predomínio do estado de Minas Gerais na
oferta de destinos histórico-culturais (tabela 29).

112 A interiorização do turismo no Brasil


Tabela 29. Destinos histórico-culturais no interior do Brasil – 2020
N. de
N. de Meios de
População Categoria operadoras que
Hospedagem
N. Macrorregião UF Município Estimada MTur comercializam o
(DataSebrae,
2019 (2019) destino (Braztoa,
2020)
2020)
1 Nordeste PE Caruaru 361.118 B 34 2
2 Centro-Oeste GO Goiás 22.645 B 21 -
3 Centro-Oeste GO Pirenópolis 24.908 B 88 -
4 Sudeste MG Barbacena 137.313 B 23 -
5 Sudeste MG Brumadinho 40.666 C 25 6
6 Sudeste MG Caeté 44.718 B 15 1
7 Sudeste MG Congonhas 54.762 C 19 6
8 Sudeste MG Diamantina 47.723 B 34 2
9 Sudeste MG Mariana 60.724 - 22 6
10 Sudeste MG Ouro Preto 74.281 B 96 11
11 Sudeste MG Paracatu 93.158 B 35 -
12 Sudeste MG Sabará 136.344 C 7 -
13 Sudeste MG Santa Bárbara 31.324 C 11 1
São João del
14 Sudeste MG 90.082 B 42 6
Rei
15 Sudeste MG Serro 20.966 C 16 -
Soledade de
16 Sudeste MG 6.189 D 2 1
Minas
17 Sudeste MG Tiradentes 7.981 B 103 9
18 Sudeste RJ Barra do Piraí 100.374 B 26 6
19 Sudeste RJ Valença 76.523 B 57 1
20 Sudeste RJ Vassouras 36.896 C 16 -
21 Sudeste SP Bananal 10.945 C 15 -
22 Sudeste SP Embu das Artes 273.726 B 11 -
23 Sudeste SP Itu 173.939 B 24 1
24 Sul PR Antonina 18.949 D 7 3
25 Sul RS Carlos Barbosa 30.241 D 2 3
26 Sul RS Caxias do Sul 510.906 B 49 1
27 Sul RS Garibaldi 35.440 C 9 3
Novo
28 Sul RS 246.748 B 28 1
Hamburgo
29 Sul RS Pelotas 342.405 B 44 1
30 Sul RS São Gabriel 62.105 B 22 -
31 Sul SC Brusque 137.689 C 13 1
32 Sul SC Joinville 590.466 A 69 1
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Dentre esses destinos, Tiradentes/MG apresenta o maior número de meios de


hospedagem (103), seguido por Ouro Preto/MG (96) e Pirenópolis/GO (88). Os
destinos de Minas Gerais são comercializados por um maior número de operadoras:
Ouro Preto por 11; Tiradentes por 9; Brumadinho, Congonhas, Mariana e São
João del Rei por 6 operadoras.
Nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul encontram-se o maior
número de municipais inseridos nessa tipologia. No caso mineiro, os destinos
estão relacionados ao passado colonial português, enquanto no gaúcho há uma
forte ligação com a migração italiana e alemã.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 113
Figura 21. Destinos histórico-culturais no interior do Brasil

Ouro Preto/MG Tiradentes/MG

Crédito: Pedro Vilela/MTur, 2018 Crédito: Pedro Vilela/MTur, 2018

Brusque/SC Pirenópolis/GO

Crédito: Renato Soares/MTur, 2018 Crédito: Augusto Miranda/MTur, 2018


Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Banco de Imagens Destinos (2018a)

No Sudeste, além das cidades de Minas Gerais, destacam-se as cidades


históricas do Vale do Café nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, como
Vassouras/RJ e Bananal/SP, relacionadas aos ciclos econômicos testemunhos de
momentos específicos da história do país, com legados que são valorizados como
atrativos turísticos.
As regiões Nordeste e Centro-Oeste participam de forma tímida nessa
tipologia de destino, com destaque para Caruaru/PE, Goiás/GO e Pirenópolis/
GO, enquanto a região Norte não apresenta destino histórico-cultural interiorano
com expressividade no mercado turístico nacional (cabe lembrar que nesse estudo
sobre o interior estamos desconsiderando as capitais).
A consolidação de destinos histórico-culturais envolve o processo complexo e
conflituoso de reconhecer e valorizar a identidade e a memória de determinado
povo (BATISTA, 2005; CARVALHO, 2015; SILVA, 2004). Conforme Cruz (2012,
p. 102), “são incontáveis as críticas de especialistas e não especialistas ao papel
do turismo como elemento desvirtuante dos sentidos dos patrimônios cultural
material e imaterial. Cenarização, espetacularização, mercantilização compõem o
rol de boa parte dessas críticas”.
114 A interiorização do turismo no Brasil
O Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional (IPHAN) foi criado
em 1937 e por muitos anos preocupou-se com a conservação e preservação do
patrimônio de ordem material (OLIVEIRA, A., 2008). Em 2000, iniciou o processo de
inventariação dos bens culturais brasileiros de natureza imaterial22. Entretanto, como
expõe Cifelli (2016, p. 366), o IPHAN, desde sua criação, sempre “sobrevalorizou o
desenvolvimento artístico, arquitetônico e cultural remanescente do período colonial,
sobretudo, dos exemplares materiais do século XVIII, bem como as expressões
materiais representativas do poder do Estado e da Igreja”, e por isso, segundo a autora,
os bens culturais patrimonializados não representam a diversidade cultural que o país
congrega, constituindo-se em referenciais seletivos, excludentes e redutores.
Nesse sentido, é imprescindível o esforço no âmbito da esfera pública, bem
como da sociedade em geral para a valorização de seus bens culturais materiais
e imateriais, de forma a representar a diversidade cultural brasileira, evitando a
criação de produtos artificializados que visam unicamente o consumo turístico.
Nesse sentido, pensando na interiorização do turismo no Brasil, torna-se necessário
políticas que integrem os órgãos de turismo e de cultura com o intuito de oferecer
suporte aos destinos no processo de exploração da cultura material e imaterial
como recurso turístico, orientadas por valores como a autenticidade, a pluralidade,
a diversidade e a interculturalidade.

Destinos de estância (hidromineral/hidrotermal)

No Brasil, a história das estâncias hidrominerais e termais está relacionada


à busca de tratamentos de saúde, como no combate a enfermidades cutâneas,
envolvendo práticas terapêuticas desenvolvidas a partir da água termal e/ou
mineral disponível em estabelecimento balnear. A primeira estância hidrotermal
no país surgiu em Caldas da Imperatriz/SC (hoje Santo Amaro da Imperatriz/
SC), “quando João VI assinou o primeiro ato com o intuito de explorar as águas
medicinais brasileiras, aprovando a construção de um hospital que aproveitasse os
recursos terapêuticos das águas termais ali existentes, ainda em 1818” (FRANCO,
2017, p. 59). Caxambu/MG e Poços de Caldas/MG também se constituíam em
importantes termas do século XIX, frequentadas para o tratamento de doenças
como a morfeia (Hanseníase) (QUINTELA, 2004; FRANCO, 2017).
Verifica-se, portanto, que o termalismo e o turismo de saúde são práticas
totalmente integradas às estâncias hidrotermais, que ao longo do tempo se
especializaram na construção de balneários, hotéis, spas, equipamentos de
entretenimento e restaurantes para atender o público que tinha uma estadia
relativamente longa na localidade (CUNHA, 2006; MEDEIROS; CAVACO, 2012).
Muitas eram dotadas de instalações sofisticadas, tais como cassinos de luxo,
sendo frequentadas pela elite econômica. Dentre essas localidades destacam-se
Poços de Caldas, Caxambu e São Lourenço, em Minas Gerais, Águas de Lindóia
e Águas de São Pedro, em São Paulo.

22
O Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, possibilitou o início dos trabalhos para inventariar os bens
de natureza imaterial no país.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 115
Em Poços de Caldas, a Thermas Antônio Carlos foi inaugurada em 1931,
sendo o primeiro o estabelecimento termal moderno do Brasil. Desde maio de
2017, Poços de Caldas faz parte da rota termal mundial e integra a Associação
Europeia Termal e Histórica, composta por prestigiados balneários europeus.
As estâncias hidrotermais, conforme discutido no capítulo 1, foram perdendo
espaço no mercado turístico, concomitantemente ao fortalecimento do segmento
de sol e mar e ao surgimento de novos segmentos. Os destinos hidrominerais/
termais que resistiram a esse processo estão expostos na tabela a seguir.

Tabela 30. Destinos de estâncias (hidromineral/hidrotermal) no interior do Brasil – 2020

N. de N. de
População Categoria Meios de operadoras que
N. Macrorregião UF Município Estimada MTur Hospedagem comercializam
2019 (2019) (DataSebrae, o destino
2020) (Braztoa, 2020)
1 Centro-Oeste GO Caldas Novas 91.162 A 106 6
2 Centro-Oeste GO Rio Quente 4.493 A 7 3
3 Sudeste MG Araxá 106.229 B 29 5
4 Sudeste MG Caxambu 21.656 B 18 -
Poços de
5 Sudeste MG 167.397 A 71 3
Caldas
6 Sudeste MG São Lourenço 45.851 B 61 2
Águas de
7 Sudeste SP 18.705 B 43 3
Lindóia
Águas de São
8 Sudeste SP 3.451 C 12 -
Pedro
9 Sudeste SP Olímpia 54.772 B 100 6
10 Sudeste SP Serra Negra 29.229 B 66 -
11 Sudeste SP Socorro 41.005 B 38 1
12 Sul PR Iretama 10.098 - 4 1
13 Sul SC Gaspar 69.639 B 9 2
14 Sul SC Gravatal 11.501 B 8 2
15 Sul SC Piratuba 3.854 B 20 -
Santo Amaro
16 Sul SC 23.579 C 5 2
da Imperatriz
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Observa-se que as estâncias estão concentradas nas regiões Sudeste e Sul


respectivamente. O Centro-Oeste possui um número menor, no entanto, o estado
de Goiás possui as estâncias mais representativas no que se refere a fluxos e
equipamentos turísticos. Caldas Novas/GO tem o maior número de hotéis (106),
dentre os destinos de estância, como também é comercializada por 6 operadoras
turísticas. Em seguida, destaca-se o município de Olímpia, no estado de São Paulo,
com 100 hotéis, também comercializada por 6 operadoras.
Interessante observar que, com exceção de 4 destinos, em todas as demais
estâncias foram identificadas operadoras de turismo em sua comercialização, visto
que se configuram em produtos turísticos de grande atratividade para diversos
tipos de público, desde o público infantil/jovem até a terceira idade.

116 A interiorização do turismo no Brasil


Figura 22. Destinos de estância (hidromineral/hidrotermal) no interior do Brasil

Caldas Novas/GO Rio Quente/GO

Crédito: Pablo Regino/MTur, 2018 Crédito: Pablo Regino/MTur, 2018


Olímpia/SP Poços de Caldas/MG

Crédito: Thermas dos Laranjais (s/d) Crédito: Juliane (s/d)


Fontes: Caldas Novas e Rio Quente: Brasil, Ministério do Turismo, Banco de Imagens Destinos (2018a)
Poços de Caldas: https://www.feriasbrasil.com.br/mg/pocosdecaldas/termasantoniocarlos.cfm
Olímpia: https://www.termas.com.br/atracoes

Ao longo do tempo, os destinos termais se reposicionaram no mercado como


centros regionais de recreação e lazer, com equipamentos de resorts e parques
aquáticos, ou oferecendo tratamentos terapêuticos mais modernos para atender
nichos de mercado específico, configurando-se em spas. Esse movimento se deu
principalmente por causa da vinculação desses destinos ao bem-estar e ao lazer,
substituindo a concepção inicial de tratamento de enfermidades (MACHADO,
2013). A construção do resort Estância Thermas Pousada do Rio Quente, no
município de Rio Quente/GO, é um exemplo desse reposicionamento já em 1964,
afetando o (re)direcionamento de outras thermas no país (MACHADO, 2013).
Os fatores locacionais desses destinos, evidentemente, estão relacionados
à disposição abundante de águas termais e/ou minerais na localidade, porém
observa-se que os investimentos privados em equipamentos de hospedagem e
de recreação e lazer tornam esses destinos mais competitivos, atraindo fluxos
regionais e nacionais ao longo de todo o ano. Tais destinos são estratégicos para
o processo de interiorização do turismo, uma vez que agregam outras ofertas (tais
como eventos, feiras de artesanato, atrativos culturais e naturais, gastronomia,
Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 117
entre outros), proporcionando produtos complementares para o incremento da
experiência turística para os mais diversos públicos.

Destinos religiosos

O termo turismo religioso, segundo Silveira (2007), surgiu na década


de 1960, trazendo consigo uma discussão sobre sua distinção em relação a
romarias, peregrinações, pagadores de promessa, entre outros fluxos de pessoas
movidos pela fé, crença e religiosidade. Para muitos autores é importante essa
desassociação, entretanto, na prática esses fluxos de fiéis e devotos de certa
forma estimulam uma série de serviços e equipamentos em atendimento a esses
deslocamentos, tanto nas áreas de percurso como nos destinos (geralmente
detentores de templos e/ou monumentos sagrados).
Assim, por mais que se possa diferenciar as motivações da visitação/viagem
aos lugares e eventos religiosos/sagrados/místicos, por parte dos turistas e dos
romeiros, peregrinos e fiéis, o mercado turístico (empresas de agências de viagens,
transporte, hospedagem, alimentação, organização de eventos, etc.) se apropria
desses fluxos no âmbito das atividades de consumo de bens e serviços.
Em relação ao turismo religioso, estudiosos, como Hall (2009) e Silveira
(2007), afirmam coexistirem duas motivações distintas, porém não excludentes:
1. a crença, a religiosidade e a fé para viver experiências espirituais; 2. o lazer
e o entretenimento para conhecer e experenciar lugares vinculados a valores,
tradições e rituais sagrados, místicos e religiosos. Nesse sentido, Christoffoli et al.
(2012) acrescentam que os eventos religiosos possuem um grande poder de atração
também por proporcionar momentos de lazer e entretenimento.
Essas motivações geram fluxos constantes, pois enquanto a fé e a crença
geram um fluxo vinculado às obrigações sociais e religiosas, o lazer, muitas
vezes inserido na esfera do profano, gera um fluxo em busca de atividades
lúdicas e imersivas no âmbito da cultura religiosa. Assim, os destinos possuem
a oportunidade de planejar e explorar os fluxos do turismo religioso por meio
de equipamentos, serviços e ofertas turísticas complementares para reter a
população flutuante por mais tempo na localidade e proximidades.
Na pesquisa foram identificados 10 destinos religiosos interioranos
que apresentam certa expressividade no mercado turístico nacional (tabela
31). É importante mencionar que no Brasil, um país multicultural e de
forte cultura religiosa, a grande maioria dos municípios dispõe de espaços,
templos, monumentos e/ou festividades religiosas, entretanto conforme
mencionado na metodologia, nesse estudo sobre o turismo no interior do país,
não inserimos em nossa análise as capitais e os municípios defrontantes com
o mar, assim como buscamos evidenciar os destinos que se sobressaem no
mercado turístico, a partir de critérios como equipamentos, serviços, oferta e
fluxos turísticos.

118 A interiorização do turismo no Brasil


Tabela 31. Destinos religiosos no interior do Brasil – 2020

N. de
N. de
operadoras
População Categoria Meios de
que
N. Macrorregião UF Município Estimada MTur Hospedagem
comercializam
2019 (2019) (DataSebrae,
o destino
2020)
(Braztoa, 2020)
Bom Jesus da
1 Nordeste BA 69.148 B 53 -
Lapa
2 Nordeste CE Canindé 76.997 B 25 -
Juazeiro do
3 Nordeste CE 274.207 B 73 1
Norte
4 Centro-Oeste GO Abadiânia 20.042 B 30 -
5 Centro-Oeste GO Trindade 127.599 B 78 -
6 Sudeste MG Uberaba 333.783 B 58 -
7 Sudeste SP Aparecida 36.157 A 259 -
Cachoeira
8 Sudeste SP 33.327 B 24 -
Paulista
9 Sudeste SP Cesário Lange 18.148 B 11 2
10 Sudeste SP Guaratinguetá 121.798 B 20 -
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Em Uberaba, Minas Gerais, encontra-se a Casa de Memórias e Lembranças


Chico Xavier, em sua antiga residência e centro espírita, sendo local de visitação
constante, assim como vários outros pontos da cidade que compõem a Rota Chico
Xavier (mausoléu, estátua, Casa de Memória, Casa da Prece e Memorial). Em 2016,
o Memorial Chico Xavier foi inaugurado, definido como um local “intercultural e
turístico”, obra que contou com recursos do Ministério do Turismo na ordem de
R$ 2,9 milhões (BRASIL, 2016b). No ano de 2017, somente o Memorial recebeu
10.031 visitantes, 89,4% oriundos da região Sudeste (UBERABA, 2018).
No estado de São Paulo quatro destinos religiosos se sobressaem: Aparecida,
Cachoeira Paulista, Cesário Lange e Guaratinguetá. É importante mencionar a
relevância do Santuário Nacional de Aparecida, com forte poder de atração de
fluxo no âmbito nacional, assumindo primazia enquanto destino religioso no país
(OLIVEIRA, 2001). O Santuário Nacional de Aparecida recebe a maior romaria
do Brasil no mês de outubro de cada ano. Ao longo do ano de 2019, o Santuário
recebeu 11,9 milhões de visitantes e, mesmo no contexto da pandemia, o local
recebeu 3,3 milhões, em 2020 (G1 VALE DO PARAÍBA E REGIÃO, 2021). Com
esse fluxo expressivo, Aparecida/SP desponta como o destino religioso que conta
com o maior número de meios de hospedagem (259, ver tabela 31).
Em Cachoeira Paulista/SP, segundo informações da Secretaria Municipal
de Desenvolvimento e Turismo, a Canção Nova, uma comunidade católica
fundada pelo Monsenhor Jonas Abib em 1978, constitui-se em um dos principais
atrativos da cidade. A Canção Nova ocupa uma área de 372 mil m2, conta
com sistema de rádio e televisão e um estádio coberto com capacidade para
receber cerca de 80 mil pessoas. A comunidade recebe em torno de 1 milhão
de peregrinos anualmente (CACHOEIRA PAULISTA, 2022).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 119
Por sua vez, o município de Cesário Lange/SP é considerado a sede dos
Testemunhas de Jeová do Brasil, com a presença da Associação da Torre de Vigia
e a editora da comunidade que exporta livros para toda América Latina e alguns
países da África. Cerca de 900 pessoas trabalham e moram na Associação e a cada
feriado cerca de 30 ônibus visitam o local (GSHOW, 2018).
Já Guaratinguetá/SP é conhecida como a “terra de Frei Galvão”, o primeiro
santo brasileiro (Santo Antônio de Sant’Ana Galvão), nascido no município
em 1739. A prefeitura divulga o Roteiro Religioso de Frei Galvão que inclui a
Catedral de Santo Antônio, onde o Frei rezou sua primeira missa, a Casa de Frei
Galvão, onde nasceu e viveu parte de sua infância e o Santuário de Frei Galvão,
local de romarias vindas de todo o país, além de outros pontos de visitação na
cidade, como a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, que recebe fiéis em busca das
“águas milagrosas” (GUARATINGUETÁ, 2022).
Na região Nordeste se sobressaem três destinos do turismo religioso: Bom
Jesus da Lapa/BA, Canindé/CE e Juazeiro do Norte/CE.
Em Bom Jesus da Lapa/BA, conhecida como a “Capital Baiana da Fé”,
ocorre a terceira maior romaria do Brasil. Destino de romeiros, peregrinos e
visitantes, a cidade conta com o Santuário do Bom Jesus da Lapa, situado num
maciço de calcário de 90 metros de altura, o qual abriga várias grutas, dentre
elas a denominada Igreja de Pedra e Luz, a maior atração da localidade. Apesar
de contar com fluxos de pessoas o ano todo, as romarias se intensificam nos
meses de julho e agosto, chegando a receber em 10 dias de eventos religiosos
600 mil pessoas e ao longo do ano mais de 2 milhões de visitantes (CORREIO,
2019).
No estado do Ceará, no município de Canindé/CE as principais atrações
religiosas são a Basílica de São Francisco, a estátua de São Francisco das Chagas
(30,25 m) e a Casa dos Milagres. Os peregrinos visitam a localidade para pedir
benção e proteção a Santo de Assis. No mesmo estado, a estátua de Padre Cícero,
no município de Juazeiro do Norte/CE é frequentada por cerca de 2 milhões
de pessoas por ano, entre devotos, romeiros, peregrinos e turistas. O município
recentemente, em março de 2022, inaugurou o Teleférico do Horto, que liga a
Praça dos Romeiros ao local da estátua, a obra envolveu a urbanização do entorno
e a instalação de quiosques e estacionamento, um investimento do governo estadual
na ordem de R$ 79,1 milhões (CEARÁ, 2022).
No Centro-Oeste, Trindade/GO é conhecida como a “Capital da Fé
de Goiás”, a cidade recebe um f luxo de milhares de pessoas ao longo do
ano, mas intensificado especialmente na Festa do Divino Pai Eterno, entre
os meses de junho e julho. Em 2019, durante os 10 dias da Festa, a cidade
recebeu 3,2 milhões de visitantes (OLIVEIRA, 2019), em 2022, a prefeitura
municipal estima que o evento religioso irá atrair cerca de 5 milhões de
pessoas (MARTINS, 2022).
Conforme a tabela 31, nota-se que as grandes operadoras turísticas não
comercializam esses destinos, pois geralmente as viagens aos lugares sagrados
são realizadas sem a utilização dessas empresas, mas articuladas e organizadas

120 A interiorização do turismo no Brasil


geralmente por grupos de amigos, familiares, associações religiosas,
comunitárias e por pequenas empresas e microempreendedores autônomos na
área de serviços de agenciamento e transporte.

Figura 23. Destinos religiosos no interior do Brasil

Juazeiro do Norte/CE Aparecida/SP

Crédito: Nadim Maluf/MTur, 2018 Crédito: Marco Askoqui/MTur, 2018

Bom Jesus da Lapa/BA Trindade/GO

Crédito: Central da Lapa, 2021 Crédito: Goiás24h, 2019


Fonte: Juazeiro/CE e Aparecida/SP: Brasil, Ministério do Turismo, Banco de Imagens Destinos (2018a)
Bom Jesus da Lapa/BA: https://www.centraldalapa.com/turismo-religioso-em-bom-jesus-da-lapa/Trindade/GO: https://goias24horas.
com.br/105028-trindade-se-mobiliza-para-a-grande-festa-do-divino-pai-eterno-e-se-torna-hoje-um-dos-principais-destinos-do-
turismo-religioso-do-brasil-veja-o-video/

Segundo estudos, o perfil mais comum de visitantes dos destinos religiosos é


de excursionistas ou de pessoas que não pernoitam, oriundos da própria região
(SÃO PAULO, 2019b; FILHO LANES; OLIVEIRA, 2018). Nesse sentido, os
destinos religiosos promovem os serviços ligados ao perfil e tempo de permanência
dos visitantes/turistas no destino. Os serviços de transporte, alimentação e a
comercialização de souvenirs são os mais impulsionados pelo turismo religioso
(SILVA; SILVA, 2017; SILVEIRA, 2007). Esse fato demonstra a necessidade de
planejar ações que impulsionem o desenvolvimento do destino, agregando outros
atrativos e atividades que possibilitem reter por um tempo maior os fluxos de
turistas e ampliar suas experiências na localidade.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 121
Outro fato relevante para se discutir em relação aos destinos religiosos é
a preponderância de atividades religiosas ligadas a Igreja Católica e a lugares
sagrados considerados por essa religião (SILVEIRA, 2007). No levantamento
realizado não se observa a diversidade e pluralidade de lugares sagrados referentes
a outras religiões e crenças. Percebe-se que os caminhos, lugares e eventos sagrados
promovidos pelas operadoras e até instituições públicas são, em sua maioria,
vinculados à religião católica e formados principalmente por santuários.
Essa predominância da Igreja Católica nos destinos religiosos se dá
principalmente pelo caráter empreendedor da instituição. Já em 1967 foi criada
a Pastoral do Turismo para dialogar com os movimentos turísticos e as suas
implicações locais, regionais e mundiais (MORENO, 2016). Assim, há um trabalho
e interesse histórico da Igreja Católica em desenvolver o turismo de forma a
conquistar e reter novos fiéis. Além disso, há os benefícios econômicos advindos
do turismo que é pleiteado por instituições, empresas e comunidade local.
No que compete à interiorização do turismo, esses destinos são relevantes
centros de atração que podem auxiliar na diversificação da oferta e incentivar a
qualidade dos serviços turísticos (hotelaria, restauração e entretenimento), sendo
importante vertente de desenvolvimento do turismo em áreas interioranas.

Destinos de eventos

Nas últimas décadas, os eventos têm se tornado uma estratégia de promoção


e incentivo ao turismo em diversas localidades como forma de minimizar os
efeitos da sazonalidade dos fluxos e complementar a oferta turística (ANDRADE;
SANTOS, 2004; CARNEIRO; FONTES, 1997). Nesse estudo, porém, identificamos
os destinos brasileiros que se despontaram no mercado turístico pelos eventos que
promovem com alto poder de atração regional e nacional, os quais se configuram
em sua principal oferta turística (tabela 32).

Tabela 32. Destinos de eventos no interior do Brasil – 2020

N. de N. de
População Categoria Meios de operadoras que
N. Macrorregião UF Município Estimada MTur Hospedagem comercializam
2019 (2019) (DataSebrae, o destino
2020) (Braztoa, 2020)
1 Norte AM Parintins 114.273 C 54 2
Campina
2 Nordeste PB 409.731 B 43 4
Grande
3 Sudeste SP Barretos 122.098 B 46 2
Mogi das
4 Sudeste SP 445.842 B 30 1
Cruzes
Santa Cruz
5 Sul RS 130.416 B 19 -
do Sul
6 Sul SC Blumenau 357.199 B 53 6
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

122 A interiorização do turismo no Brasil


No estado da Paraíba, o município de Campina Grande se destaca com
a maior Festa de São João do mundo, a qual recebeu em 2019, 2,5 milhões
de pessoas em 30 dias, injetando cerca de R$ 300 milhões na economia local
(PORTAL CORREIO, 2022). No interior do Amazonas, o Festival Folclórico,
no município de Parintins ganhou repercussão nacional pela sua exuberância e
criatividade cenográfica e teatral referentes aos bois Garantido e Caprichoso,
reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN. Durante o
festival, em 2019, a cidade recebeu cerca de 66,3 mil turistas (AMAZONASTUR,
2019), em 2022 o evento terá sua 55º edição. No estado de São Paulo, a Festa
do Peão de Boiadeiro, em Barretos/SP chegou a receber, em sua 64º edição,
800 mil pessoas, oriundos de vários estados brasileiros, movimentando
aproximadamente R$ 900 milhões (SÃO PAULO, 2019a). Na região Sul, em
Santa Catarina, Blumenau sedia a Oktoberfest, conhecida como a maior festa
da cerveja fora da Alemanha. Na 36º edição, em 2019, passaram pela Vila
Germânica 576 mil visitantes, gerando um lucro na ordem de R$ 5 milhões
para o cofre público, o recurso é destinado, segundo a prefeitura, “em eventos
municipais, como o Réveillon, Magia de Natal, Sommerfest, Feira da Amizade,
eventos da Vila Itoupava, Páscoa de Blumenau e Rota de Lazer, e também em
modalidades esportivas” (BLUMENAU, 2019).
Verifica-se que, em todos os destinos elencados nessa pesquisa, os principais
eventos valorizados como grandes atrativos turísticos estão vinculados a cultura
e a identidade local/regional.
Pela tabela 32, nota-se que Parintins/AM se sobressai pelo número de
meios de hospedagem (54), sendo o menor município em termos populacionais.
Enquanto Blumenau se destaca pelo número de operadoras turísticas que
comercializam seus produtos turísticos.
Blumenau/SC é um município que utiliza estrategicamente os eventos como
atrativo turístico há décadas, segundo Rischbieter e Dreher (2006), a partir de
uma lei municipal da década de 1970 que cria uma fundação promotora de
eventos. Além disso, a aposta nos eventos vem de uma parceria entre o poder
público e a iniciativa privada no intuito de dinamizar a economia do município
(BITTELBRUNN JUNIOR, 2007).

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 123
Figura 24. Destinos de eventos no interior do Brasil

Parintins/AM Barretos/SP

Campina Grande/PB Blumenau/SC

Fonte: Campina Grande/PB: https://www.destinoparaiba.pb.gov.br/ondeir/em-campina-grande-e-realizado-o-maior-sao-joao-do-


mundo/Parintins/AM: https://amazonia.org.br/em-parintins-boi-bumba-garantido-vence-51o-festival-folclorico/Barretos/SP: foto André
Monteiro - https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/geral/festa-do-pe%C3%A3o-de-barretos-%C3%A9-adiada-para-
2021-por-causa-da-pandemia-1.472778Blumenau/SC: https://blog.buson.com.br/guia-para-oktoberfest-2019/

A estratégia de adotar eventos como atrativo turístico tem sido implementada


de forma generalizada em pequenos e médios municípios pelo Brasil, em muitos
casos isso ocorre pela busca de resultados rápidos, com pouco investimento em
infraestrutura física, pois a realização de eventos exige, em muitos casos, uma
estrutura temporária e móvel. Nos últimos anos, vem se tornando corriqueiro os
órgãos municipais de turismo se especializarem no planejamento e execução de
eventos. Outro fator que tem levado a adoção dessa estratégia é a sensação de
retorno imediato para o comércio e empresas turísticas locais e para a visibilidade
de gestores públicos.
Na próxima seção serão abordadas iniciativas que são relevantes para pensar
o processo de interiorização do turismo, sendo a primeira relacionada ao turismo
rural e a segunda referente as rotas/roteiros/caminhos e circuitos. Essas iniciativas
ainda carecem de maiores estudos para a análise de suas potencialidades e
possibilidades de interiorização do turismo.

124 A interiorização do turismo no Brasil


4.4 Turismo rural e a constituição de caminhos/rotas: ações
para a promoção da interiorização do turismo no Brasil
De modo geral, a interiorização do turismo no Brasil tem caminhado a passos
lentos. Diferente do interior, o litoral detém uma propensão para o investimento
público e privado, pois historicamente a praia é alvo de uma construção social
e cultural de espaço dedicado ao descanso e ao lazer (MACHADO, 2000). Esse
imaginário de lazer atribuído ao litoral (praia) é tão forte, que esse é um dos
fatores que impulsionaram o advento dos movimentos de segunda residência,
por quase todo o litoral do Brasil, fomentando e difundindo destinos litorâneos,
consequentemente promovendo sua valorização turística (FONSECA, 2012;
FONSECA; ALVES; LIMA, 2016).
Já o interior (sertão) tem uma conotação histórica e social de um lugar pouco
habitado e inóspito, com baixos níveis de desenvolvimento (NEVES, 2010), ademais
os serviços são escassos, além da baixa capacidade de interação econômica. Em
contrapartida, as atividades agrícolas e de cultivo tem forte representação. Além
disso, a fé e religião também são importantes traços da identidade cultural (NEVES,
2010).

Turismo Rural: do bucólico ao empresarial

A discussão sobre turismo em áreas rurais contempla vários termos, dentre


eles: turismo no espaço rural, turismo rural e agroturismo. Esses termos são
os mais comuns utilizados para se referir às atividades turísticas executadas em
propriedades rurais, sejam elas criadas para o turismo ou refuncionalizadas para o
uso turístico (RODRIGUES; SOUZA; KLEIN, 2019; TULIK, 2004).
Assim, de modo geral, no âmbito acadêmico há um intenso debate sobre
definição, conceito, bem como atividades originárias e derivadas do segmento do
turismo rural. Ao revisitar a bibliografia, foi possível identificar três momentos
relativos ao turismo rural, como sintetiza a figura 25.

Figura 25. Percepção sobre o movimento do turismo rural

Fonte: Elaboração própria.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 125
Inicialmente, a estratégia de atrair pessoas para a vivência do cotidiano e as
atividades desenvolvidas em espaços rurais tinha a finalidade de fomentar uma
nova fonte de renda e dinamizar a economia no meio rural (BALDERRAMAS,
1999; CABRAL; SCHEIB, 2005; PELLIN, 2004). Assim, no primeiro momento,
entre as décadas de 1970 e 1990, o turismo rural aparece como forma de agregar
outras atividades econômicas ao meio rural e muito do que se produziu sobre o
tema relata as possibilidades do turismo rural amenizar as desigualdades sociais
e regionais e criar vantagens econômicas para as propriedades e comunidades
rurais (CANDIOTTO, 2010; PELLIN, 2004; RODRIGUES; SOUZA; KLEIN, 2019;
TULIK, 2004). Em contrapartida, é ofertado aos turistas oriundos dos centros
urbanos a experiência de vivenciar e realizar atividades no espaço rural vinculadas
à produção agrícola e familiar.
Como consequência, o processo de refuncionalização dos espaços rurais como
atrativo ou empreendimento turístico, em especial nas regiões Sul e Sudeste do
país, levantou questionamentos relacionados ao patrimônio histórico-arquitetônico
das propriedades rurais (GUARDIA; ALVES; FURTADO, 2012; QUEIROZ, 2017).
Desta forma, no segundo momento, entre as décadas de 1990 e 2000, o debate
se direcionou para o patrimônio paisagístico, arquitetônico, gastronômico e
histórico, convergindo na transformação de propriedades rurais voltadas para uma
imersão histórica e cultural, incluindo até a instalação de museus nos espaços e
empreendimentos rurais (STECKER, 2010; TOMAZZONI; BOCK; SIMON, 2012;
GUARDIA; ALVES; FURTADO, 2012; QUEIROZ, 2017; SOLHA, 2016). Nesse
sentido, as propriedades rurais passaram a ser destacadas também pelo seu valor
patrimonial, agregando atividades pedagógicas e educativas.
O terceiro momento, de 2010 a atualidade, observa-se uma aproximação
mercadológica de empreendimentos rurais para ofertar entretenimento, recreação
e momentos de descanso em contato com a natureza e o meio rural (ARENHART;
FONTANA, 2020; KLEIN; FONTANA, 2021; SOLHA, 2016). Para Solha (2016), um
dos obstáculos desse segmento é o investimento insuficiente em profissionalização,
além do fomento restrito do poder público para o turismo rural.
É importante mencionar que esse terceiro momento é o que mais se aproxima
da realidade atual, principalmente dos hotéis fazenda e empreendimentos rurais
que foram criados e ressignificados para ofertar serviços turísticos. É notável
um aumento significativo de hotéis fazenda focados principalmente na oferta de
lazer, entretenimento e recreação. Esse fato demonstra uma mudança no perfil
dos serviços e na forma de visualizar a potencialidade do meio rural para o
turismo.
Entende-se como hotel fazenda “o empreendimento localizado em ambiente
rural, dotado de exploração agropecuária, que ofereça entretenimento e vivência
do campo” (BRASIL, 2010, p. 7). Para entender melhor essa realidade, foi realizado
um levantamento da quantidade de hotéis fazenda registrada no Cadastur entre
2006 e 2021 (tabela 33).

126 A interiorização do turismo no Brasil


Tabela 33. Quantidade de hotéis fazenda no Brasil – 2006/2021

Estados e macrorregiões 2006 2010 2015 2020 2021 Variação percentual*


Norte 1 6 8 10 14 1.300%
Acre 0 0 0 1 1 0%
Amazonas 0 1 1 0 2 100%
Pará 1 2 3 2 3 200%
Rondônia 0 2 3 3 3 50%
Roraima 0 0 0 2 3 50%
Tocantins 0 1 1 2 2 100%
Nordeste 2 22 16 36 40 1.900%
Alagoas 0 4 2 7 7 75%
Bahia 0 5 5 9 10 100%
Ceará 0 2 3 5 7 250%
Paraíba 0 5 3 6 6 20%
Pernambuco 2 5 3 4 4 100%
Piauí 0 0 0 1 1 0%
Rio Grande do Norte 0 0 0 3 4 33%
Sergipe 0 1 0 1 1 0%
Centro-Oeste 0 18 23 36 36 100%
Distrito Federal 0 0 3 1 2 -33%
Goiás 0 6 6 16 19 217%
Mato Grosso 0 3 1 3 2 -33%
Mato Grosso do Sul 0 9 13 16 13 44%
Sudeste 12 60 70 158 161 1.242%
Espírito Santo 0 3 4 4 6 100%
Minas Gerais 3 11 24 52 55 1.733%
São Paulo 2 21 32 74 73 3.550%
Rio de Janeiro 7 25 10 28 27 286%
Sul 0 15 13 33 36 140%
Paraná 0 8 6 8 9 13%
Rio Grande do Sul 0 5 4 15 13 160%
Santa Catarina 0 2 3 10 14 600%
Total Brasil 15 121 130 273 287 1.813%
*Nota: Variação teve como referência o ano que apresentou o primeiro registro de hotel fazenda para cada UF ou região.
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Cadastur

A tabela 33 demonstra um crescimento de hotéis fazenda por quase todo o


território nacional, considerando um avanço significativo na última década, ocorrendo
um crescimento da ordem de 1.813% entre 2006 e 2021. Ressalta-se que não foram
identificados hotéis fazenda cadastrados apenas no Maranhão e no Amapá.
Os estados de São Paulo (73), Minas Gerais (55), Rio de Janeiro (27) e Goiás
(19) possuem o maior número de hotéis fazenda cadastrado. É notável a variação
percentual significativa nos estados de São Paulo (3.555%) e Minas Gerais (1.733%),
o que sugere uma inserção empresarial no segmento do turismo rural, através da
implementação de estruturas e serviços hoteleiros.
A inserção empresarial no turismo rural tem diversificado as atividades
ofertadas, englobando cada vez mais atividades recreativas e de outros segmentos
aos empreendimentos rurais, como as atividades de turismo de aventura,
ecoturismo, pesca, entre outros.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 127
Em 2020, o MTur divulgou um boletim de mercado que reuniu uma série de
informações sobre experiências rurais no Brasil, identificadas a partir de “rotas
estruturantes e criativas” (BRASIL, 2020a). O boletim identifica a oferta de produtos
de turismo rural em 76 municípios brasileiros distribuídos da seguinte forma: 07
na região Norte; 8 no Centro-Oeste; 16 no Nordeste; 22 no Sul; e 30 no Sudeste
(em anexo). O quadro 7 apresenta o levantamento das atividades envolvendo o
turismo rural catalogadas no referido boletim.

Quadro 7. Atividades de turismo rural no Brasil identificadas pelo MTur - 2020

Abreviação Descrição das atividades ou exemplificação


Agro.Tur Agroturismo
Agri.F Agricultura familiar
Cavalgadas e passeios a cavalo, campeadas, torneios, comitivas, tropeadas,
Cav.
hipismo
Interação com animais, como cavalo, jumento, boi, carneiro, ovelhas, galinhas,
Int. Ani
em atividades ligadas ao campo, tais como a ordenha

Colhei. Colheita guiada de produtos rurais

Pesca Pesca esportiva, pesca amadora, pesque-pague, pesca em rios, lagos, represas

Arvorismo, bóia-cross, rapel, escalada, tirolesa, montanhismo, mountain-bike,


Arvoris
trekking e outras atividades turísticas de aventura

Atividades pedagógicas com aulas práticas interpretativas socioambientais,


Ati. Ped
vivências e experiências variadas nos ambientes rurais

Atividades de recreação, jogos e brincadeiras, com a função de diversão e


Ati. Rec
entretenimento

Pas. Bar Passeios de barco, canoagem


Tri.Cic Caminhadas, trilhas, cicloturismo

Atividades culturais, como manifestações populares ligadas à música, dança,


Ati.Cul
teatro, artes plásticas; produção de artesanato a partir de identidades locais

Experiências gastronômicas, baseadas na cultura e na identidade local, muitas


Exp.Gast
vezes com ingredientes e produtos locais
Cul. Prod. Agri Cultura do cacau, cultura do café, cultura da uva e do vinho

Hospedagem, degustação de bebidas de produção local, como vinhos, cachaças


Outro
e cervejas artesanais, 4x4 (Percurso em 4x4)

Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Boletim de Inteligência de Mercado no Turismo, Experiências do Turismo Rural (2020)

Como se pode observar, as atividades relacionadas são diversas e estão


vinculadas, principalmente, à culinária, à aventura, à recreação e à produção
agropecuária. Nota-se que o mercado de experiências rurais tem se ampliado
para atender as demandas do público que usufrui desses equipamentos, criando
um leque de opções cada vez mais variado. Ainda segundo o documento, foram
catalogadas as atividades de turismo rural ofertas nas localidades distribuídas em
128 A interiorização do turismo no Brasil
todas as macrorregiões do país. O gráfico 8 demonstra a sistematização dessas
informações.

Gráfico 8. Atividades de turismo rural no Brasil, por macrorregião - 2020

Nota: Ver legenda no quadro 7.


Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Boletim de Inteligência de Mercado no Turismo, Experiências do Turismo Rural (2020).
Elaboração própria

Pelo gráfico 8 verifica-se que as regiões Sudeste e Sul concentram a oferta


de experiências do turismo rural. Ressalta-se ainda que gastronomia, caminhadas,
trilhas e cicloturismo se sobressaem no universo das atividades/produtos do
turismo rural.
Analisando o turismo rural no estado de São Paulo, Solha (2016) conclui
que o perfil da demanda por atividades/experiências rurais é do próprio estado,
indicando que este segmento contempla e absorve um mercado regional e
interestadual. Assim, os fluxos desse segmento são compostos por pessoas que
percorrem curtas distancias, característica importante para discutir e pensar a
interiorização do turismo.
Apesar do valor estratégico regional do turismo rural, poucas ações foram
voltadas para fomentar a promoção do seu desenvolvimento nos estados federativos.
Ao analisar os planos nacionais de turismo (de 2003 a 2022), Souza (2020)
identificou apenas algumas ações referentes ao segmento, tais como: 1. Cartilha
de orientações básicas para o turismo rural, fruto do acordo de cooperação entre
o MTur e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; 2. Programa
Talentos do Brasil Rural, parceria entre Ministério do Desenvolvimento Agrário e
Sebrae; 3. Boletim de Inteligência do Mercado no Turismo sobre Turismo Rural.
Ainda segundo a autora, a palavra rural só aparece no PNT de 2007-2010 e de
2018-2022.
Em 2003, o MTur chegou a publicar as “Diretrizes para o Desenvolvimento do
Turismo Rural no Brasil”, momento em que reconhece que

as iniciativas públicas e privadas têm se mostrado insuficientes no sentido de


promover e ordenar o desenvolvimento dessa atividade turística. A ausência
de consenso sobre a conceituação de Turismo Rural, a falta de critérios,
regulamentações, incentivos e outras informações que orientem os produtores

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 129
rurais, os investidores e o próprio Governo são as causas de um segmento
impulsionado quase que por completo pelas oportunidades de mercado.
(BRASIL, 2003a, p. 6)

Nos estudos de Silva (2020) e Todesco e Silva (2021) não foram identificados
programas de financiamento e alocação de recursos do MTur específicos ou
direcionado ao turismo rural, entre os anos de 2003 e 2018. Assim acredita-se
que, até o momento, as políticas e ações públicas para o desenvolvimento do
turismo rural são incipientes e ainda não alcançaram de forma plena, em especial,
as comunidades e famílias da agricultura familiar interessadas em promover o
turismo em seus respectivos territórios.

Rotas/roteiros/caminhos e circuitos turísticos pelo interior do Brasil

Ao refletir sobre a interiorização do turismo no Brasil também consideramos


pertinente um olhar mais atento aos caminhos, rotas, circuitos e roteiros turísticos
que vem se proliferando pelo país. No quadro 8, inicialmente apresentamos um
esforço no sentido de distinguir esses termos a partir de algumas referências. No
entanto, é necessário pontuar que na divulgação e comercialização dos produtos
pelo trade turístico, essas definições não são seguidas a rigor e por muitas vezes
ignoradas.

Quadro 8. Termos referentes à percursos turísticos

Termo Significado/conceito Fonte

- Tipo específico de percurso constituído por um eixo principal e Bahl (2004); Figueira
por ramos complementares. (2013)
Rota
- Termo bastante utilizado para designar itinerários turísticos
planejados e associados a uma temática.
- É um processo ordenamento de elementos intervenientes na Bahl (2004)
efetivação de uma viagem.
Roteiro - Sincronização de tempo/espaço com bens e serviços turísticos.
- Possibilidade de aproveitamento mais racional de atrativos a
visitar.
- Um percurso temático espiritual/contemplativo. Steil; Carneiro (2008)
- Geralmente, a própria caminhada é tida como a principal
Caminhos
atividade.
- Usualmente envolvem atividades religiosas e espirituais.
- Itinerário proposto com temática vinculativa. Bahl (2004)
- Denominação decorrente do caráter circular do percurso de
Circuitos uma programação turística.
- Geralmente é proposto de uma forma que o turista inicie e
finalize o percurso no mesmo lugar.
Fonte: Sistematização dos autores

O interessante é demonstrar que esses são alguns dos termos utilizados para
denominar percursos e itinerários turísticos. O termo roteiro é o que envolve
maior detalhamento no que se refere às informações sobre os serviços e atrativos
que serão disponibilizados e/ou acessados pelo turista durante sua viagem/

130 A interiorização do turismo no Brasil


visita. Entretanto, por meio de uma pesquisa eletrônica, foi possível identificar
o surgimento de vários percursos turísticos denominados de caminhos, rotas e
circuitos, sintetizados no quadro 9 e 10.

Quadro 9. Rotas, caminhos e circuitos, por UF

Ano de Municípios Classificação


Estado Denominação Instituição organizadora
criação incorporados Temática

Colibri Aventura
Caminho dos Colibris 2016 3 Espiritual/Ecológico
(operadora de turismo)

Espírito Caminho da Operadora Caminho da


− 1 Religioso/Espiritual
Santo Sabedoria Sabedoria

Associação Brasileira dos


Caminho do Religioso/ Cultural e
− Amigos dos Passos de 6
Santuário Histórico
Anchieta - ABAPA

Caminho da Luz 2001 Operadora Rastro de Luz 8 Religioso/Esportivo

Caminho da Prece 2007 Caminho da Prece 5 Religioso/ Espiritual

Caminho de Rosas
Caminhos de Rosa 2014 5 Esportivo/Cultural
Minas Eventos
Gerais Canastra 360°-Volta Bikers Rio Pardo (empresa
− 1 Esportivo/ Ecológico
no Parque Nacional de cicloturismo)

Caminho dos Anjos − Bikers Rio Pardo 5 Esportivo/ Ecológico

Canastra BikeTour − Bikers Rio Pardo 1 Esportivo/Cultural

Caminho do Sol Ecológico/


Caminho do Sol 2002 7
(operadora de turismo) Contemplação

Associação de Turismo
Circuito das Frutas 2002 10 Ecológico/Cultural
Rural Circuito das Frutas
Religioso/Espiritual e
Caminho da Graça 2004 Instituição privada 14
Esportivo
São Paulo
Associação dos Amigos da
Rota da Luz 2016 7 Religioso/espiritual
Rota da Luz
Organização de cunho
Caminho Caipira − 7 Ecológico
familiar

Circuito Caminho da Paz


Caminho da Paz − 11 Religioso/Esportivo
Peregrinação Turística

Sudeste 15 − − 91 −

Caminho do Desafio Caminho do Desafio das Espiritual/


Paraná 2014 3
das Catedrais Catedrais Contemplação

Caminho das Missões Espiritual/Cultural/


Caminho das Missões 2002 8
Rio (operadora de turismo) Histórico
Grande Associação dos Amigos
do sul Circuito Cascatas e
− do Circuito Cascatas e 3 Esportivo/Ecológico
Montanhas
Montanhas - AMICAM

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 131
Consórcio Intermunicipal
Circuito Caminhante
do Médio Vale do Itajai Cultural/Histórico/
Vale Europeu 2006 9
- CIMVI (operadora de Contemplação
Catarinense
turismo)

Circuito de
CIMVI (operadora de Esportivo/ cultural e
Cicloturismo Vale 2006 12
turismo) contemplação
Europeu Catarinense
Santa Consórcio Intermunicipal
Catarina Circuito Costa Verde
2007 de Turismo Costa Verde e 10 Esportivo/Ecológico
& Mar
Mar – CITMAR

Associação Catarinense
Caminho Brasileiro
dos Amigos do
Santiago de 2017 1 Religioso/Espiritual
Caminho de Santiago de
Compostela
Compostela - ACACSC

Circuito das
− AK3 Turismo 4 Ecológico/Cultural
Araucárias

Sul 8 − − 50 −

Cicloturismo no
Tocantins − Operadora Pisa Trekking 3 Esportivo/Ecológico
Jalapão

Norte 1 − − 3 −
Rota do
Bahia − Operadora Sampa Bikers 1 Esportivo
Descobrimento
Nordeste 1 − − 1 −

Total 25 − − 145 −

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Foram identificadas 25 rotas/caminhos/circuitos distribuídos pelos estados


do Brasil, abarcando cerca de 145 municípios. É importante mencionar que essas
informações foram obtidas através de site de associações, instituições e empresas
de agenciamento, portanto, o quadro 9 apresenta apenas uma amostra dos que de
fato existem no país.
De modo geral, os resultados obtidos revelam a proeminência de São Paulo e
Minas Gerais na oferta de caminhos e rotas turísticas, seguidos por Santa Catarina
e Espírito Santo. A figura 26, por exemplo, refere-se a um circuito realizado
frequentemente por praticantes do ciclismo, localizado em Santa Catarina, gerido
pelo Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí - CIMVI.

132 A interiorização do turismo no Brasil


Figura 26. Circuito de Cicloturismo Vale Europeu Catarinense

Fonte: Ciclo & Turistas (2016)23

As classificações desses percursos que mais se destacam no levantamento são o


esportivo (12) e o ecológico (10), em segundo lugar, empatados estão a classificação
religioso/espiritual (8) e o cultural (8) e, em último lugar, o contemplativo (3).
Essas classificações demonstram que os recursos naturais associados à prática de
esportes vêm ganhando espaço na elaboração de percursos turísticos. A natureza
e as formas diferenciadas de integrar-se a mesma tem ganhado evidência na
promoção e efetivação de produtos turísticos, principalmente quando vinculados
às atividades de aventura e esporte (CORIOLANO; MORAIS, 2011).
As rotas e caminhos de caráter religioso/místico também vêm crescendo,
integrando municípios para proporcionar, cada vez mais, uma experiência
diferenciada aos praticantes desses percursos. Segundo Steil e Carneiro (2008),
os centros de peregrinação tem incorporado estruturas para receber peregrinos
e turistas. Para os autores, esses caminhos têm surgido em decorrência de uma
demanda por autoconhecimento e autoaperfeiçoamento, revestindo-se também
de um sentido místico, religioso e sagrado, pois durante essas atividades os
participantes refletem sobre suas experiências e constroem novos significados.
No levantamento também foi possível identificar rotas/caminhos/circuitos
turísticos que ultrapassam fronteiras estaduais (quadro 10).

23
Disponível em: http://cicloeturistas.blogspot.com/2016/06/circuito-vale-europeu-de-bike.html. 2

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 133
Quadro 10. Caminhos e rotas turísticas interestaduais

Nome do Ano de Municípios


Estados Instituição organizadora Classificação Temática
Caminho criação incorporados

Caminho Associação dos Amigos do SP: 52


2003 Religioso/Espiritual
da Fé Caminho da Fé - AACF MG: 18

A associação Catarinense
Caminho do dos Amigos do Caminho de SP: 2 Esportivo/
2007
Frei Galvão Santiago de Compostela - MG: 4 Contemplação
ACACSC

Caminho de Associação dos Peregrinos do SP: 4


2011 Religioso/Espiritual
Aparecida Caminho de Aparecida MG:12
SP e
MG

Caminho
Religioso O Caminho Religioso da SP: 3
2017 Religioso/Espiritual
da Estrada Estrada Real - CRER MG: 23
Real

Caminho Associação Amigos do SP:16


2019 Ecológico/Cultural
pro interior Caminho pro Interior - AACPI MG: 2

Rota do BIKERS RIO PARDO SP: 3


− Esportivo/Ecológico
Vulcão (empresa de cicloturismo) MG:10

Caminho
Operadora CNS viagens e SP:4
SP e RJ de Nossa 2012 Religioso/Espiritual
peregrinações RJ: 11
Senhora

Circuito SP:5
SP e PR 2015 Empresa de Passeios Turísticos Esportivo/Ecológico
Lagamar PR: 1

Total 8 - - 170* -

*São Paulo: 89, Minas Gerais: 69, Rio de Janeiro: 11 e Paraná:1


Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Novamente São Paulo e Minas Gerais se sobressaem, com 6 propostas de


percursos interestaduais integrados. Também foram identificadas outras duas
propostas que incorporam municípios do estado de São Paulo com os do Rio
Janeiro e do Paraná. As figuras 27 e 28 apresentam dois exemplos de caminhos
de caráter religioso que abarcam municípios dos estados de São Paulo e Minas
Gerais.

134 A interiorização do turismo no Brasil


Figura 27. Caminho Religioso da Estrada Real

Fonte: Caminho Religioso da Estrada Real (CRER, s/d)24

Figura 28. Caminho da Fé

Fonte: Caminho da Fé (s/d)25

24
Disponível em: https://www.caminhoreligiosodaestradareal.com/mapacrer.pdf
25
Disponível em: https://caminhodafe.com.br/ptbr/ramais/

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 135
Contabilizando os percursos interestaduais e intra-estaduais, foram
identificadas ao total 33 rotas/caminhos/circuitos com informações disponíveis na
internet, que facilitam a organização da viagem por parte do turista. Esses produtos
são importantes para a consolidação de destinos e revelam a presença de empresas
características do turismo, bem como de associações e organizações com foco na
atração de fluxos de pessoas. Um dado importante é a presença das atividades
de esportes que foram identificadas nos percursos, principalmente das empresas,
associações e grupos de ciclistas que vem se difundido e se aliando aos destinos
religiosos e de natureza.
Outro ponto relevante sobre esses percursos é que 16 deles são organizados
por operadoras de turismo, 9 por associações, 3 por consórcios municipais,
1 por organização familiar e 4 não especificados. Esse dado de certa forma é
surpreendente, visto que após quase duas décadas de Programa de Regionalização
do Turismo, apenas 3 percursos são organizados e/ou divulgados por consórcios
municipais que disponibilizam informações na internet para atrair o interesse
de turistas. Nesse sentido, revela-se a ineficiência na produção, implementação
e promoção de produtos e roteiros turísticos integrados, a partir das instâncias
regionais de governança turística.
As iniciativas de rotas/caminhos/circuitos são relevantes para a descentralização
dos fluxos turísticos, na medida em que apresenta novas propostas de produtos
e de experiências turísticas, entretanto, novamente evidenciamos a concentração
desses produtos nas regiões Sudeste e Sul, o que demonstra que há muito por se
fazer para a real descentralização e interiorização do turismo, em especial nas
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.

136 A interiorização do turismo no Brasil


Considerações finais

A o longo deste livro, procurou-se realizar uma análise a respeito da dinâmica


espacial do turismo brasileiro nas últimas seis décadas. A cada década
analisada, fica evidente a concentração da atividade nas regiões Sudeste e Sul do
país e nas proximidades de grandes centros urbanos, permanecendo assim por
quase três décadas (1960-1980) em função de vários fatores locacionais, tais como:
concentração populacional, urbanização mais intensa, condições socioeconômicas
mais satisfatórias, infovias mais densas e modernas, investimentos públicos em
turismo e fatores de ordem histórico-geográfica.
Também se verifica uma significativa concentração das atividades
características do turismo (empresas e empregos) nas capitais por apresentarem
uma oferta turística mais ampla e diversificada, infraestrutura básica mais robusta
e se constituírem importantes nodais de redistribuição dos fluxos turísticos no país,
além de serem focos prioritários dos investimentos públicos, indicando grande
seletividade espacial das políticas públicas no setor turístico brasileiro.
A partir da década de 1990, as políticas públicas (Megaprojetos, Prodetur/
NE) e vultosos investimentos no setor incluem, de forma mais efetiva, a região
litorânea do Nordeste no mercado turístico nacional e internacional, tornando o
segmento de sol e mar o mais explorado no Brasil, com predominância até os dias
atuais. Mais recentemente, a partir dos anos 2000, registra-se um crescimento do
turismo no interior do país, particularmente nas regiões Centro-Oeste e Norte,
com o surgimento de destinos de natureza.
É inegável que as regiões do país, além de diferentes, são desiguais no
que se refere à infraestrutura e inversões de capitais. As áreas interioranas
apresentam maiores dificuldades para o desenvolvimento do turismo por questões
infraestruturais e, em especial, por estarem mais distantes dos polos emissores.
Há que se considerar que o Programa de Regionalização do Turismo, criado
pelo MTur em 2004, vem estimulando os gestores estaduais a desenvolverem um
trabalho de sensibilização junto aos municípios brasileiros para criarem condições
mais satisfatórias para a difusão do turismo pelo território nacional. No entanto,
a interiorização do turismo no Brasil vem ocorrendo a passos lentos e de forma
mais periférica no mercado turístico nacional, uma vez que se verifica a seletividade
espacial dos investimentos públicos e privados, dirigidos preferencialmente ao litoral.
Cabe evidenciar que algumas destinações interioranas importantes no século
XX foram perdendo espaço no mercado, com a primazia do turismo de sol e mar.
Esse é o caso de alguns destinos histórico-culturais e estâncias hidrominerais e
termais, que por volta da década de 1980 estagnaram, à medida que os destinos
de praia foram captando a atenção do setor público, da iniciativa privada e dos
turistas.
Dessa forma, nota-se um reposicionamento mercadológico de determinadas
estâncias, pois se no passado estavam associadas à saúde e a tratamentos terapêuticos,

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 137
na atualidade se direcionam para a constituição de centros de entretenimento,
recreação e lazer, com equipamentos de resorts e parques aquáticos, além de
agregarem outras ofertas (eventos, shows, spas) para captar uma demanda cada
vez mais diversificada.
Os destinos histórico-culturais estão situados sobretudo no estado de Minas
Gerais, pela concentração do patrimônio histórico-arquitetônico do período
colonial e pela sua valorização turística desde os primórdios dessa atividade no
país. Mais recentemente, ocorre a valorização turística da cultura da imigração
europeia em destinos interioranos do Sul do país. Esses destinos se beneficiam
da proximidade de importantes polos emissores de turistas e de uma melhor
infraestrutura urbana e de acesso.
Os destinos de serra estiveram em permanente crescimento ao longo das
décadas, fato que ocorre em virtude dos investimentos oriundos principalmente da
iniciativa privada, dos aspectos culturais e climáticos oferecidos por esses lugares,
da proximidade dos grandes centros urbanos e da facilidade de acesso rodoviário.
Além disso, muitos destinos de serra reforçam sua atratividade por meio da
gastronomia e da cenarização.
Os destinos de natureza têm maior capilaridade, isto é, encontram-se
mais dispersos no território nacional. Esse tipo de destino teve crescimento
significativo ao longo das duas últimas décadas, no contexto do ideário da
sustentabilidade que passa a valorizar a natureza, despertando uma demanda
que começa a exigir destinos onde o meio natural se apresenta em melhor
estado de conservação. No caso brasileiro, as regiões Centro-Oeste e Norte
apresentam os requisitos que o mercado exige, com muitas áreas ainda pouco
transformadas pela ação humana e que, portanto, constituem-se em raridades
valorizadas por nichos de consumidores, em que o mercado prontamente
elabora novos produtos turísticos para essa demanda em ascensão. O valor
de tais destinações turísticas encontra-se justamente em sua localização mais
distante, na sua rusticidade e nos recursos naturais preservados, procurados
por turistas em geral jovens e aventureiros.
Considerando-se as transformações verificadas no interior do país no que
concerne às características assumidas pelo turismo, é necessário repensar as
políticas públicas, tendo em vista que os destinos de natureza vêm assumindo
relevância na virada do século XXI. São imprescindíveis ações articuladas entre
os órgãos oficiais de turismo e do meio ambiente para agir de forma integrada
no uso e conservação dos recursos naturais em consonância com os interesses
das comunidades situadas nesses destinos, em muitos casos comunidades
tradicionais e povos indígenas. Assim como para os destinos histórico-culturais
são indispensáveis ações integradas entre os órgãos oficiais de turismo e de cultura
a fim de promover a valorização e a conservação dos patrimônios materiais e
imateriais, não apenas pelos e para os turistas, mas fundamentalmente com a
participação ativa da sociedade, sem a qual o patrimônio não faz sentido.
Ainda cabe destacar outras tendências no processo de interiorização do
turismo no Brasil. Uma delas é a busca cada vez mais acentuada em congregar

138 A interiorização do turismo no Brasil


atividades para o corpo e mente vinculadas às práticas turísticas. Verificam-se
iniciativas relacionadas aos destinos religiosos no sentido de formatar a oferta
de experiências, seja caminhando (peregrino), pedalando (bikicrino/bikino),
cavalgando, de motocicleta ou jeep. Também se proliferam circuitos de cicloturismo
e rotas diversificadas, procuradas por pessoas com motivações diversas. Toda essa
movimentação tem contribuído para dinamizar o turismo no interior do país.
A ação de associações e pequenas empresas de agenciamento e organização
de rotas vêm ganhando espaço nos mercados regionais, atendendo um público que
procura conciliar bem-estar espiritual/mental e físico. Essa conciliação nos parece
ser bem típica do momento social vivenciado, no qual o aumento significativo
de doenças psicossomáticas vem se aprofundando. Os centros de recepção de
peregrinação e atividades religiosas vêm se adaptando a essas demandas.
Outra oferta turística muito relevante para a interiorização do turismo são
os eventos dos mais variados tipos, com capacidade de atrair fluxos expressivos. É
evidente que eventos ocorrem em praticamente todos os municípios brasileiros,
mas nesta pesquisa evidenciamos aqueles que apresentam importantes eventos no
mercado turístico nacional. Os eventos de maior proeminência estão vinculados
a uma forma de expressão da cultura local/regional. Os destinos que se apoiam
nesse tipo de oferta turística necessitam lançar mão de estratégias para amenizar
a forte sazonalidade dos fluxos.
Por fim, podemos afirmar que a oferta de destinos brasileiros interioranos
é bastante diversificada. Neste trabalho, jogamos luz nos destinos de natureza,
histórico-cultural, serra e estância hidromineral e termal e de eventos, os quais
exploram uma diversidade de segmentos turísticos e atendem a uma demanda
sobretudo doméstica.
O foco dado aos destinos interioranos, considerando os municípios não
defrontantes com o mar e excluindo as capitais, a partir de critérios mercadológicos,
tais como equipamentos, fluxos, divulgação, comercialização e oferta turística,
permitiu analisarmos a interiorização do turismo no país. A metodologia adotada
revela os destinos interioranos que apresentam alguma expressividade no mercado
turístico nacional, não evidenciando todos os destinos de relevância turística
regional.
Esse é um desafio que pretendemos enfrentar em nossas futuras pesquisas,
ou seja, produzir estudos que nos permitam revelar os destinos interioranos de
expressividade regional, agregando ainda mais para o importante debate sobre a
interiorização do turismo no Brasil.

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 139
Referências

AGUIAR, L. B. O Programa de Cidades Históricas, o turismo e a “viabilidade econômica” do


patrimônio (1973-1979). Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, v. 24, n. 1, p.
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Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 151
Apêndice
Lista dos municípios do mapa do turismo no Brasil

Quadro 1. Lista de municípios da tipologia Polo Econômico


Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
1 Norte PA Redenção B Interior Polo Econômico
2 Norte PA Marabá B Interior Polo Econômico
3 Norte PA Parauapebas B Interior Polo Econômico
4 Norte PA Altamira B Interior Polo Econômico
5 Norte RO Cacoal B Interior Polo Econômico
6 Norte RO Vilhena B Interior Polo Econômico
7 Norte TO Gurupi B Interior Polo Econômico
8 Norte TO Araguaína B Interior Polo Econômico
9 Nordeste AL Arapiraca B Interior Polo Econômico
10 Nordeste BA Barreiras B Interior Polo Econômico
11 Nordeste BA Alagoinhas B Interior Polo Econômico
12 Nordeste BA Feira de Santana B Interior Polo Econômico
13 Nordeste BA Jequié B Interior Polo Econômico
14 Nordeste BA Vitória da Conquista B Interior Polo Econômico
15 Nordeste BA Teixeira de Freitas B Interior Polo Econômico
16 Nordeste BA Itabuna B Interior Polo Econômico
17 Nordeste BA Juazeiro B Interior Polo Econômico
18 Nordeste CE Quixadá B Interior Polo Econômico
19 Nordeste CE Sobral B Interior Polo Econômico
20 Nordeste MA Balsas B Interior Polo Econômico
21 Nordeste MA Imperatriz B Interior Polo Econômico
22 Nordeste MA Caxias B Interior Polo Econômico
23 Nordeste PE Petrolina B Interior Polo Econômico
24 Nordeste PE Serra Talhada B Interior Polo Econômico
25 Nordeste PE Arcoverde B Interior Polo Econômico
26 Nordeste PE Jaboatão dos Guararapes B Litoral Polo Econômico
27 Nordeste RN Mossoró B Interior Polo Econômico
28 Nordeste RN Caicó B Interior Polo Econômico
29 Centro-Oeste GO Catalão B Interior Polo Econômico
30 Centro-Oeste GO Goianésia B Interior Polo Econômico
31 Centro-Oeste GO Anápolis B Interior Polo Econômico
32 Centro-Oeste GO Itumbiara B Interior Polo Econômico
33 Centro-Oeste GO Jataí B Interior Polo Econômico
34 Centro-Oeste GO Rio Verde B Interior Polo Econômico
35 Centro-Oeste GO Uruaçu B Interior Polo Econômico
36 Centro-Oeste MS Dourados B Interior Polo Econômico
37 Centro-Oeste MS Ponta Porã B Interior Polo Econômico

152 A interiorização do turismo no Brasil


Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
38 Centro-Oeste MS Três Lagoas B Interior Polo Econômico
39 Centro-Oeste MT Tangará da Serra B Interior Polo Econômico
40 Centro-Oeste MT Várzea Grande B Interior Polo Econômico
41 Centro-Oeste MT Sinop B Interior Polo Econômico
42 Centro-Oeste MT Sorriso B Interior Polo Econômico
43 Centro-Oeste MT Primavera do Leste B Interior Polo Econômico
44 Sudeste ES Colatina B Interior Polo Econômico
45 Sudeste ES Cachoeiro de Itapemirim B Interior Polo Econômico
46 Sudeste ES Linhares B Litoral Polo Econômico
47 Sudeste MG Uberlândia A Interior Polo Econômico
48 Sudeste MG Juiz de Fora B Interior Polo Econômico
49 Sudeste MG Itajubá B Interior Polo Econômico
50 Sudeste MG Pouso Alegre B Interior Polo Econômico
51 Sudeste MG Divinópolis B Interior Polo Econômico
52 Sudeste MG Ipatinga B Interior Polo Econômico
53 Sudeste MG Passos B Interior Polo Econômico
54 Sudeste MG Patos de Minas B Interior Polo Econômico
55 Sudeste MG Teófilo Otoni B Interior Polo Econômico
56 Sudeste MG Muriaé B Interior Polo Econômico
57 Sudeste MG Montes Claros B Interior Polo Econômico
58 Sudeste MG Governador Valadares B Interior Polo Econômico
59 Sudeste MG Varginha B Interior Polo Econômico
60 Sudeste MG Contagem B Interior Polo Econômico
61 Sudeste MG Conselheiro Lafaiete B Interior Polo Econômico
62 Sudeste RJ Itaperuna B Interior Polo Econômico
63 Sudeste RJ Duque de Caxias B Litoral Polo Econômico
64 Sudeste RJ São João de Meriti B Interior Polo Econômico
65 Sudeste RJ Macaé A Litoral Polo Econômico
66 Sudeste RJ Campos dos Goytacazes B Litoral Polo Econômico
67 Sudeste RJ Itaguaí B Litoral Polo Econômico
68 Sudeste RJ Volta Redonda B Interior Polo Econômico
69 Sudeste SP Santo André B Interior Polo Econômico
70 Sudeste SP São Bernardo do Campo B Interior Polo Econômico
71 Sudeste SP Marília B Interior Polo Econômico
72 Sudeste SP Americana B Interior Polo Econômico
73 Sudeste SP Campinas A Interior Polo Econômico
74 Sudeste SP Sumaré B Interior Polo Econômico
75 Sudeste SP Ribeirão Preto A Interior Polo Econômico
76 Sudeste SP Jaú B Interior Polo Econômico
77 Sudeste SP Araraquara B Interior Polo Econômico
78 Sudeste SP Indaiatuba B Interior Polo Econômico
79 Sudeste SP Jundiaí B Interior Polo Econômico

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 153
Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
80 Sudeste SP Lins B Interior Polo Econômico
81 Sudeste SP Bauru B Interior Polo Econômico
82 Sudeste SP Guarulhos B Interior Polo Econômico
83 Sudeste SP Sorocaba B Interior Polo Econômico
84 Sudeste SP Franca B Interior Polo Econômico
85 Sudeste SP São José dos Campos B Interior Polo Econômico
86 Sudeste SP Osasco B Interior Polo Econômico
87 Sudeste SP Botucatu B Interior Polo Econômico
88 Sudeste SP São Carlos B Interior Polo Econômico
89 Sudeste SP Jacareí B Interior Polo Econômico
90 Sudeste SP Taubaté B Interior Polo Econômico
91 Sudeste SP Limeira B Interior Polo Econômico
92 Sudeste SP Piracicaba B Interior Polo Econômico
93 Sudeste SP Presidente Prudente B Interior Polo Econômico
94 Sudeste SP Araçatuba B Interior Polo Econômico
95 Sudeste SP Mogi Mirim B Interior Polo Econômico
96 Sul PR Ponta Grossa B Interior Polo Econômico
97 Sul PR Telêmaco Borba B Interior Polo Econômico
98 Sul PR Maringá B Interior Polo Econômico
99 Sul PR Umuarama B Interior Polo Econômico
100 Sul PR Campo Mourão B Interior Polo Econômico
101 Sul PR Londrina A Interior Polo Econômico
102 Sul PR Cascavel B Interior Polo Econômico
103 Sul PR Toledo B Interior Polo Econômico
104 Sul PR São José dos Pinhais B Interior Polo Econômico
105 Sul PR Guarapuava B Interior Polo Econômico
106 Sul PR Pato Branco B Interior Polo Econômico
107 Sul RS Vacaria B Interior Polo Econômico
108 Sul RS Santa Maria B Interior Polo Econômico
109 Sul RS Passo Fundo B Interior Polo Econômico
110 Sul RS Canoas B Interior Polo Econômico
111 Sul RS Sant’Ana do Livramento B Interior Polo Econômico
112 Sul RS Uruguaiana B Interior Polo Econômico
113 Sul RS Bagé B Interior Polo Econômico
114 Sul RS Ijuí B Interior Polo Econômico
115 Sul RS Erechim B Interior Polo Econômico
116 Sul RS Lajeado B Interior Polo Econômico
117 Sul RS São Leopoldo B Interior Polo Econômico
118 Sul SC Jaraguá do Sul B Interior Polo Econômico
119 Sul SC Chapecó B Interior Polo Econômico
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

154 A interiorização do turismo no Brasil


uadro 2. Lista de municípios da tipologia Praia

Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
1 Norte PA Salinópolis B Litoral Praia
2 Nordeste AL Japaratinga B Litoral Praia
3 Nordeste AL Maragogi A Litoral Praia
4 Nordeste AL Barra de Santo Antônio D Litoral Praia
5 Nordeste AL São Miguel dos Milagres C Litoral Praia
6 Nordeste AL Barra de São Miguel C Litoral Praia
7 Nordeste AL Marechal Deodoro C Litoral Praia
8 Nordeste BA Itaparica B Litoral Praia
9 Nordeste BA Vera Cruz B Litoral Praia
10 Nordeste BA Caravelas D Litoral Praia
11 Nordeste BA Mucuri B Litoral Praia
12 Nordeste BA Prado B Litoral Praia
13 Nordeste BA Canavieiras C Litoral Praia
14 Nordeste BA Ilhéus A Litoral Praia
15 Nordeste BA Itacaré B Litoral Praia
16 Nordeste BA Maraú B Litoral Praia
17 Nordeste BA Una B Litoral Praia
18 Nordeste BA Cairu A Litoral Praia
19 Nordeste BA Porto Seguro A Litoral Praia
20 Nordeste BA Santa Cruz Cabrália B Litoral Praia
21 Nordeste BA Camaçari B Litoral Praia
22 Nordeste BA Jandaíra D Litoral Praia
23 Nordeste BA Mata de São João A Litoral Praia
24 Nordeste CE Camocim B Litoral Praia
25 Nordeste CE Cruz C Litoral Praia
26 Nordeste CE Jijoca de Jericoacoara A Litoral Praia
27 Nordeste CE Aquiraz B Litoral Praia
28 Nordeste CE Aracati B Litoral Praia
29 Nordeste CE Beberibe B Litoral Praia
30 Nordeste CE Cascavel B Litoral Praia
31 Nordeste CE Fortim D Litoral Praia
32 Nordeste CE Caucaia B Litoral Praia
33 Nordeste CE Paracuru B Litoral Praia
34 Nordeste CE Paraipaba C Litoral Praia
35 Nordeste CE São Gonçalo do Amarante C Litoral Praia
36 Nordeste CE Trairi C Litoral Praia
37 Nordeste MA Raposa D Litoral Praia
38 Nordeste MA São José de Ribamar C Litoral Praia
39 Nordeste PB Cabedelo D Litoral Praia
40 Nordeste PB Conde B Litoral Praia
41 Nordeste PE Ilha de Itamaracá C Litoral Praia

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 155
Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
42 Nordeste PE Cabo de Santo Agostinho B Litoral Praia
43 Nordeste PE Fernando de Noronha B Litoral Praia
44 Nordeste PE Ipojuca A Litoral Praia
45 Nordeste PE São José da Coroa Grande B Litoral Praia
46 Nordeste PE Tamandaré B Litoral Praia
47 Nordeste PI Cajueiro da Praia C Litoral Praia
48 Nordeste PI Luís Correia B Litoral Praia
49 Nordeste PI Parnaíba B Litoral Praia
50 Nordeste RN Galinhos D Litoral Praia
51 Nordeste RN Baía Formosa C Litoral Praia
52 Nordeste RN Extremoz D Litoral Praia
53 Nordeste RN Maxaranguape D Litoral Praia
54 Nordeste RN Nísia Floresta D Litoral Praia
55 Nordeste RN Parnamirim C Litoral Praia
56 Nordeste RN Rio do Fogo D Litoral Praia
57 Nordeste RN São Miguel do Gostoso B Litoral Praia
58 Nordeste RN Tibau do Sul A Litoral Praia
59 Nordeste RN Touros C Litoral Praia
60 Sudeste ES Anchieta B Litoral Praia
61 Sudeste ES Piúma B Litoral Praia
62 Sudeste ES Guarapari B Litoral Praia
63 Sudeste ES Serra B Litoral Praia
64 Sudeste ES Vila Velha B Litoral Praia
65 Sudeste ES Aracruz B Litoral Praia
66 Sudeste ES Conceição da Barra C Litoral Praia
67 Sudeste ES São Mateus B Litoral Praia
68 Sudeste RJ Armação dos Búzios A Litoral Praia
69 Sudeste RJ Arraial do Cabo B Litoral Praia
70 Sudeste RJ Cabo Frio A Litoral Praia
71 Sudeste RJ Rio das Ostras B Litoral Praia
72 Sudeste RJ Saquarema B Litoral Praia
73 Sudeste RJ Angra dos Reis A Litoral Praia
74 Sudeste RJ Mangaratiba B Litoral Praia
75 Sudeste SP Guarujá A Litoral Praia
76 Sudeste SP Itanhaém B Litoral Praia
77 Sudeste SP Mongaguá B Litoral Praia
78 Sudeste SP Peruíbe B Litoral Praia
79 Sudeste SP Praia Grande A Litoral Praia
80 Sudeste SP Santos A Litoral Praia
81 Sudeste SP São Vicente B Litoral Praia
82 Sudeste SP Ilha Comprida B Litoral Praia
83 Sudeste SP Bertioga B Litoral Praia

156 A interiorização do turismo no Brasil


Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
84 Sudeste SP Caraguatatuba B Litoral Praia
85 Sudeste SP Ilhabela A Litoral Praia
86 Sudeste SP São Sebastião A Litoral Praia
87 Sudeste SP Ubatuba A Litoral Praia
88 Sul PR Guaratuba B Litoral Praia
89 Sul PR Matinhos B Litoral Praia
90 Sul PR Paranaguá B Litoral Praia
91 Sul PR Pontal do Paraná B Litoral Praia
92 Sul RS Capão da Canoa B Litoral Praia
93 Sul RS Torres B Litoral Praia
94 Sul RS Tramandaí B Litoral Praia
95 Sul SC Itapoá B Litoral Praia
96 Sul SC Balneário Camboriú A Litoral Praia
97 Sul SC Balneário Piçarras B Litoral Praia
98 Sul SC Bombinhas A Litoral Praia
99 Sul SC Itajaí B Litoral Praia
100 Sul SC Itapema A Litoral Praia
101 Sul SC Navegantes B Litoral Praia
102 Sul SC Penha B Litoral Praia
103 Sul SC Porto Belo C Litoral Praia
104 Sul SC Garopaba B Litoral Praia
105 Sul SC Imbituba B Litoral Praia
106 Sul SC Governador Celso Ramos C Litoral Praia
107 Sul SC Palhoça B Litoral Praia
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 157
Quadro 3. Lista de municípios da tipologia Natureza
Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
1 Norte AM Autazes - Interior Natureza
2 Norte AM Careiro D Interior Natureza
3 Norte AM Iranduba C Interior Natureza
4 Norte AM Manacapuru C Interior Natureza
5 Norte AM Novo Airão D Interior Natureza
6 Norte PA Santarém B Interior Natureza
7 Norte TO Mateiros D Interior Natureza
8 Norte TO Ponte Alta do Tocantins D Interior Natureza
9 Norte TO São Félix do Tocantins D Interior Natureza
10 Nordeste BA Andaraí D Interior Natureza
11 Nordeste BA Lençóis B Interior Natureza
12 Nordeste BA Mucugê C Interior Natureza
13 Nordeste BA Palmeiras C Interior Natureza
14 Nordeste BA Camamu D Litoral Natureza
15 Nordeste BA Paulo Afonso B Interior Natureza
16 Nordeste CE Tianguá B Interior Natureza
17 Nordeste MA Carolina C Interior Natureza
18 Nordeste MA Paulino Neves D Litoral Natureza
19 Nordeste MA Tutóia D Litoral Natureza
20 Nordeste MA Barreirinhas B Litoral Natureza
21 Nordeste MA Santo Amaro do Maranhão D Litoral Natureza
22 Nordeste PA Soure C Litoral Natureza
23 Nordeste PI São Raimundo Nonato C Interior Natureza
24 Nordeste SE Brejo Grande D Litoral Natureza
25 Nordeste SE Canindé de São Francisco D Interior Natureza
26 Centro-Oeste GO Cavalcante D Interior Natureza
27 Centro-Oeste GO Paraúna D Interior Natureza
28 Centro-Oeste GO Alto Paraíso de Goiás B Interior Natureza
29 Centro-Oeste GO Formosa B Interior Natureza
30 Centro-Oeste MS Bonito B Interior Natureza
31 Centro-Oeste MS Bodoquena D Interior Natureza
32 Centro-Oeste MS Aquidauana C Interior Natureza
33 Centro-Oeste MS Corumbá B Interior Natureza
34 Centro-Oeste MS Miranda C Interior Natureza
35 Centro-Oeste MT Chapada dos Guimarães B Interior Natureza
36 Centro-Oeste MT Cáceres B Interior Natureza
37 Centro-Oeste MT Poconé B Interior Natureza
38 Centro-Oeste MT Alta Floresta C Interior Natureza
39 Centro-Oeste MT Nobres C Interior Natureza
40 Centro-Oeste MT São José do Rio Claro D Interior Natureza
41 Centro-Oeste MT Barão de Melgaço C Interior Natureza

158 A interiorização do turismo no Brasil


Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
42 Centro-Oeste MT Barra do Garças B Interior Natureza
43 Sudeste MG Cordisburgo D Interior Natureza
44 Sudeste MG Sete Lagoas B Interior Natureza
45 Sudeste MG Formiga C Interior Natureza
46 Sudeste MG Capitólio C Interior Natureza
47 Sudeste MG São Roque de Minas D Interior Natureza
48 Sudeste MG Unaí B Interior Natureza
49 Sudeste MG Santana do Riacho B Interior Natureza
50 Sudeste MG Passa Quatro C Interior Natureza
51 Sudeste MG Itacarambi D Interior Natureza
52 Sudeste SP Avaré B Interior Natureza
53 Sudeste SP Brotas B Interior Natureza
54 Sul PR Foz do Iguaçu A Interior Natureza
55 Sul PR Morretes C Interior Natureza
56 Sul RS Cambará do Sul C Interior Natureza
57 Sul SC Timbó C Interior Natureza
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 159
Quadro 4. Lista de municípios da tipologia Natureza
Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
1 Nordeste BA Valença B Litoral Histórico-Cultural
2 Nordeste PE Olinda B Litoral Histórico-Cultural
3 Nordeste PE Caruaru B Interior Histórico-Cultural
4 Centro-Oeste GO Goiás B Interior Histórico-Cultural
5 Centro-Oeste GO Pirenópolis B Interior Histórico-Cultural
6 Sudeste MG Diamantina B Interior Histórico-Cultural
7 Sudeste MG Serro C Interior Histórico-Cultural
8 Sudeste MG Mariana - Interior Histórico-Cultural
9 Sudeste MG Soledade de Minas D Interior Histórico-Cultural
10 Sudeste MG Paracatu B Interior Histórico-Cultural
11 Sudeste MG Caeté B Interior Histórico-Cultural
12 Sudeste MG Congonhas C Interior Histórico-Cultural
13 Sudeste MG Ouro Preto B Interior Histórico-Cultural
14 Sudeste MG Sabará C Interior Histórico-Cultural
15 Sudeste MG Santa Bárbara C Interior Histórico-Cultural
16 Sudeste MG Barbacena B Interior Histórico-Cultural
17 Sudeste MG São João del Rei B Interior Histórico-Cultural
18 Sudeste MG Tiradentes B Interior Histórico-Cultural
19 Sudeste MG Brumadinho C Interior Histórico-Cultural
20 Sudeste RJ Paraty A Litoral Histórico-Cultural
21 Sudeste RJ Niterói B Litoral Histórico-Cultural
22 Sudeste RJ Barra do Piraí B Interior Histórico-Cultural
23 Sudeste RJ Valença B Interior Histórico-Cultural
24 Sudeste RJ Vassouras C Interior Histórico-Cultural
25 Sudeste SP Embu das Artes B Interior Histórico-Cultural
26 Sudeste SP Itu B Interior Histórico-Cultural
27 Sudeste SP Bananal C Interior Histórico-Cultural
28 Sul PR Antonina D Interior Histórico-Cultural
29 Sul RS Pelotas B Interior Histórico-Cultural
30 Sul RS Rio Grande B Litoral Histórico-Cultural
31 Sul RS São Gabriel B Interior Histórico-Cultural
32 Sul RS Caxias do Sul B Interior Histórico-Cultural
33 Sul RS Carlos Barbosa D Interior Histórico-Cultural
34 Sul RS Garibaldi C Interior Histórico-Cultural
35 Sul RS Novo Hamburgo B Interior Histórico-Cultural
36 Sul SC Joinville A Interior Histórico-Cultural
São Francisco do
37 Sul SC B Litoral Histórico-Cultural
Sul
38 Sul SC Laguna B Litoral Histórico-Cultural
39 Sul SC Brusque C Interior Histórico-Cultural
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

160 A interiorização do turismo no Brasil


Quadro 5. Lista de municípios da tipologia Serra
Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
1 Nordeste CE Guaramiranga C Interior Serra
2 Nordeste PE Gravatá B Interior Serra
3 Nordeste PE Garanhuns - Interior Serra
4 Sudeste ES Domingos Martins B Interior Serra
5 Sudeste MG Alto Caparaó D Interior Serra
6 Sudeste MG Lima Duarte C Interior Serra
7 Sudeste MG Camanducaia B Interior Serra
8 Sudeste MG Gonçalves C Interior Serra
9 Sudeste MG Bocaina de Minas B Interior Serra
10 Sudeste MG Itamonte D Interior Serra
11 Sudeste RJ Itatiaia B Interior Serra
12 Sudeste RJ Resende B Interior Serra
13 Sudeste RJ Nova Friburgo B Interior Serra
14 Sudeste RJ Petrópolis A Interior Serra
15 Sudeste RJ Teresópolis B Interior Serra
16 Sudeste SP Atibaia B Interior Serra
17 Sudeste SP Mairiporã B Interior Serra
18 Sudeste SP Cunha C Interior Serra
19 Sudeste SP Campos do Jordão A Interior Serra
20 Sudeste SP Pindamonhangaba B Interior Serra
21 Sudeste SP Santo Antônio do Pinhal B Interior Serra
22 Sudeste SP São Bento do Sapucaí C Interior Serra
23 Sudeste SP São Roque B Interior Serra
24 Sudeste SP São Pedro B Interior Serra
25 Sudeste SP São José do Barreiro D Interior Serra
26 Sul RS Canela B Interior Serra
27 Sul RS Gramado A Interior Serra
28 Sul RS Nova Petrópolis C Interior Serra
29 Sul RS Bento Gonçalves B Interior Serra
30 Sul SC Lages B Interior Serra
31 Sul SC São Joaquim C Interior Serra
32 Sul SC Urubici B Interior Serra
33 Sul SC Fraiburgo C Interior Serra
34 Sul SC Treze Tílias C Interior Serra
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 161
Quadro 6. Lista de municípios da tipologia Capital
Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
1 Norte AC Rio Branco A Interior Capital
2 Norte AM Manaus A Interior Capital
3 Norte AP Macapá A Litoral Capital
4 Norte PA Belém A Interior Capital
5 Norte RO Porto Velho A Interior Capital
6 Norte RR Boa Vista A Interior Capital
7 Norte TO Palmas A Interior Capital
8 Nordeste AL Maceió A Litoral Capital
9 Nordeste BA Salvador A Litoral Capital
10 Nordeste CE Fortaleza A Litoral Capital
11 Nordeste MA São Luís A Litoral Capital
12 Nordeste PB João Pessoa A Litoral Capital
13 Nordeste PE Recife A Litoral Capital
14 Nordeste PI Teresina A Interior Capital
15 Nordeste RN Natal A Litoral Capital
16 Nordeste SE Aracaju A Litoral Capital
17 Centro-Oeste DF Brasília A Interior Capital
18 Centro-Oeste GO Goiânia A Interior Capital
19 Centro-Oeste MS Campo Grande A Interior Capital
20 Centro-Oeste MT Cuiabá A Interior Capital
21 Sudeste ES Vitória A Litoral Capital
22 Sudeste MG Belo Horizonte A Interior Capital
23 Sudeste RJ Rio de Janeiro A Litoral Capital
24 Sudeste SP São Paulo A Interior Capital
25 Sul PR Curitiba A Interior Capital
26 Sul RS Porto Alegre A Interior Capital
27 Sul SC Florianópolis A Litoral Capital
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

162 A interiorização do turismo no Brasil


Quadro 7. Lista de municípios da tipologia Estância (hidromineral/hidrotermal)
Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
1 Centro-Oeste GO Caldas Novas A Interior Estância
2 Centro-Oeste GO Rio Quente A Interior Estância
3 Sudeste MG Caxambu B Interior Estância
4 Sudeste MG São Lourenço B Interior Estância
5 Sudeste MG Araxá B Interior Estância
6 Sudeste MG Poços de Caldas A Interior Estância
7 Sudeste SP Águas de Lindóia B Interior Estância
8 Sudeste SP Serra Negra B Interior Estância
9 Sudeste SP Socorro B Interior Estância
10 Sudeste SP Olímpia B Interior Estância
11 Sudeste SP Águas de São Pedro C Interior Estância
12 Sul PR Iretama - Interior Estância
13 Sul SC Gravatal B Interior Estância
14 Sul SC Santo Amaro da Imperatriz C Interior Estância
15 Sul SC Piratuba B Interior Estância
16 Sul SC Gaspar B Interior Estância
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Quadro 8. Lista de municípios da tipologia Religioso


Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
1 Nordeste BA Bom Jesus da Lapa B Interior Religioso
2 Nordeste CE Juazeiro do Norte B Interior Religioso
3 Nordeste CE Canindé B Interior Religioso
4 Centro-Oeste GO Abadiânia B Interior Religioso
5 Centro-Oeste GO Trindade B Interior Religioso
6 Sudeste MG Uberaba B Interior Religioso
7 Sudeste SP Aparecida A Interior Religioso
8 Sudeste SP Cachoeira Paulista B Interior Religioso
9 Sudeste SP Guaratinguetá B Interior Religioso
10 Sudeste SP Cesário Lange B Interior Religioso
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Quadro 9. Lista de municípios da tipologia Eventos


Categoria
N. Macrorregião UF Município Localização Tipologia
MTur (2019)
1 Norte AM Parintins C Interior Eventos
2 Nordeste PB Campina Grande B Interior Eventos
3 Sudeste SP Barretos B Interior Eventos
4 Sudeste SP Mogi das Cruzes B Interior Eventos
5 Sul RS Santa Cruz do Sul B Interior Eventos
6 Sul SC Blumenau B Interior Eventos
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 163
ANEXO – ROTAS DE TURISMO RURAL

Principais experiências de turismo rural, a partir de rotas estruturantes e


criativas, identificadas pelo MTur, em 2020:

Quadro 1. Região Norte

UF Municípios/Localidades Denominação/Produto
AM Tefé Tefé
AM Manaus Tucorin: turismo comunitário do Baixo Rio Negro
PA Belém Ilha do Combu
PA Tracuateua Tracuateua
PA Soure e Salvaterra Fazendas Marajoaras (Ilhas de Marajó)
RR Boa Vista Rota do Lavrado
TO Mateiros Quilombo Mumbuca
Norte 08 07
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Boletim de Inteligência de Mercado no Turismo, Experiências do Turismo Rural (2020)

Quadro 2. Região Nordeste

UF Municípios/Localidades Denominação/Produto
BA Cachoeira Rota da Liberdade
Ilhéus, Itacaré, Ipiaú, Maraú, Una, Canavieiras,
BA Itabuna, Uruçuca, Santa Luzia, Pau Brasil e São Costa do Cacau
José da Vitória
CE Baturité, Mulungu e Garamiranga Rota Verde do Café
MA 14 municípios maranhenses Lagos e Campos Floridos
PB 19 municípios paraibanos, incluindo João Pessoa Paraíba 35 dias de vivências e experiências
PB Araruna Caminhos do Barão de Araruna
Areia, Bananeiras, Alagoa Grande, Pilões,
PB Destino Brejo
Pirpitituba e outras 10 cidades
Sumé, Monteiro, Taperoá, Serra Branca,
PB Cabaceiras e outras Rota do Cariri Cultural
24 cidades
PE Bezerros Serra Negra e Zona Rural de Bezerros
PE Bonito Cachoeiras de Bonito
PE Gravatá Gravatá
PE São Benedito do Sul Cachoeira de São Benedito do Sul
PI Pedro II Pedro II
Areia Branca, Grossos, Mossoró, Serra do Mel e
RN Pólo Costa Branca
Tibau
Monte das Gameleiras, Passa e Fica e Serra de
RN Serras do Agreste Potiguar
São Bento
SE Canindé de São Francisco Cânions do Rio São Francisco
Nordeste 16
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Boletim de Inteligência de Mercado no Turismo, Experiências do Turismo Rural (2020)

164 A interiorização do turismo no Brasil


Quadro. Região Centro Oeste

UF Municípios/Localidades Denominação/Produto
Viva Lago Oeste
DF Brasília
Guia Brasília Rural
Hidrolândia e Terezópolis Hidrolândia e Terezópolis
GO
de Goiás de Goiás
GO Pirenópolis Pirenópolis
GO Cavalcante Quilombo Kalunga
MT Poconé Pantanal
Cáceres, Curvelandia, Mirassol Doeste, Lambari
Doeste, Rio Branco,
Salto do Ceu e Reserva do Cabacal, Jaraguari,
MT Rota das Águas Região de Cáceres
Nova Alvorada do Sul,
Ribas do Rio Pardo, Rio Negro, Rochedo,
Sidrolândia e Terenos
Campo Grande, Corguinho, Dois Irmãos do
Buriti, Jaraguari,
Caminho dos Ipês
MS Nova Alvorada do Sul, Ribas do Rio Pardo, Rio
Campo Grande
Negro, Rochedo,
Sidrolândia e Terenos
Centro Oeste 09
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Boletim de Inteligência de Mercado no Turismo, Experiências do Turismo Rural (2020)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 165
Quadro. Região Sudeste
UF Municípios/Localidades Denominação/Produto
Circuito do Chapéu
Circuito do Galo
ES Domingos Martins Circuito Vale da Estação
Circuito Orgânicos e Naturais
Circuito de Paraju
ES Venda Nova do Imigrante Circuito do Agroturismo
Divino São Lourenço, Dores do Rio
ES Circuito Caparaó Capixaba
Preto, Guaçuí e Ibitirama
ES Ibatiba, Iúna, Irupi e Muniz Freire Caminhos dos Tropeiros
ES Santa Teresa Circuito Caravaggio
ES Santa Maria de Jetibá Terras Pomeranas
ES Pancas Circuito Pontões Capixabas
ES Afonso Cláudio Caminhos da Roça
ES Conceição do Castelo Caminhos do Imperador
ES Marechal Floriano Vale do Verde
ES Vargem Alta Circuito da Uva e do Café
ES Marataízes Circuito das Falésias e Lagunas
ES Serra Caminhos Circuito do Agroturismo
ES Cariacica Circuito Terras Altas
ES João Neiva Demétrio Ribeiro
Baixo Riacho Doce
ES Linhares
Circuito do Coco e das Águas
Quilombo do Sapé
MG Brumadinho
Brumadinho
MG Gonçalves Gonçalves
MG Bueno Brandão e Munhoz Mantiqueira Rural
MG Santana dos Montes Circuito Vilas e Fazendas de Minas Gerais
Camanducaia, Cambuí, Extrema e
MG Serras Verdes do Sul de Minas
Gonçalves
RJ Silva Jardim Silva Jardim
RJ Petrópolis Caminhos do Brejal
Angra dos Reis, Ipiabas, Cantagalo,
8 destinos - Turismo Rural no interior do Rio de
RJ Guapimirim, Madalena, Nova
Janeiro
Friburgo, Paraty e Trajano de Moraes
RJ Paraty Quilombo do Campinho da Independência
Vassouras e outros municípios do Vale
RJ Vale do Café
do Paraíba Sul Fluminense
SP Taubaté, São Luís do Parietinga e Cunha Rota da Liberdade
Atibaia, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva,
SP Jarinu, Jundiaí, Louveira, Morungaba, Circuito das Frutas
Valinhos
SP Brotas Brotas
SP Socorro Socorro
Sudeste 30 36
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Boletim de Inteligência de Mercado no Turismo, Experiências do Turismo Rural (2020)

166 A interiorização do turismo no Brasil


Quadro. Região Sul
UF Municípios/Localidades Denominação/Produto
PR Carlópolis Carlópolis
PR Francisco Beltrão Roteiro Caminhos do Marrecas
Roteiro Caminho de São Francisco
PR Guarapuava
da Esperança
PR Medianeira Medianeira
Municípios da região do Norte Pioneiro
PR Caminhos dos Cafés das Mulheres
do Paraná
PR Sapopema Rota Sabores da Terra
PR Araucária Caminhos de Guajuvira em Araucária
Circuito de Turismo Rural de São
PR Balsa Nova
Luiz do Purunã
PR Colombo Circuito Italiano de Turismo Rural
Circuito de Turismo Rural Verde
PR Campo Magro
Que Te Quero Verde
PR Matelândia Circuito Sabiá - Turismo na Agricultura Familiar
PR Tamarana Tamarana
PR São José dos Pinhais Caminho do Vinho
RS Bento Gonçalves Caminhos das Pedras
Garibaldi, Monte Belo do Sul e Bento
RS Vale dos Vinhedos
Gonçalves
RS Porto Alegre Caminhos Rurais
RS Caxias do Sul e Flores da Cunha Caminhos da Colônia
RS Gramado Agroturismo em Gramado
Urubici, São Joaquim, Alfredo Wagner,
Vidal Ramos, Aurora, Atalanta, Rio do
Sul, Agrolândia, Agronômica, Lontras,
Presidente Nereu, Witmarsum, Ibirama,
SC Acolhida na Colônia
Imbituba, Paulo Lopes, Florianópolis,
Itapema,
Lauro Muller, Campo Alegre, São Bento
do Sul, Rio Negrinho, Corupá
SC Joinville Joinville
Concórdia, Itá, Seara, Peritiba, Ipira e
SC Encantos do Oeste
Alto Bela Vista
Lages, São Joaquim e Bom Jardim da
SC Turismo Rural na Serra Catarinense
Serra
Sul 22 22
Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, Boletim de Inteligência de Mercado no Turismo, Experiências do Turismo Rural (2020)

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 167
Índice remissivo de ilustrações

Lista de figuras
Figura 1. Capa da primeira edição do Guia Quatro Rodas Brasil de 1966 ............................ 13
Figura 2. Rede rodoviária e ferroviária do Brasil em 1964 ..................................................... 16
Figura 3. Material Promocional – Embratur – 1977 ................................................................ 18
Figura 4. Capa do Guia Quatro Rodas Brasil de 1977........................................................... 18
Figura 5. Rede rodoviária e ferroviária do Brasil em 1973 .....................................................21
Figura 6. Material Promocional da Embratur de 1992-1999 ...................................................28
Figura 7. Capa do Guia Quatro Rodas Brasil de 1989...........................................................29
Figura 8. Capa do Guia Quatro Rodas Brasil de 1999...........................................................29
Figura 9. Os melhores Programas Turísticos do ano 2009:
em 1º lugar Flutuação no Rio da Prata (Jardim/MS) ...............................................32
Figura 10. Os melhores Programas Turísticos do ano 2009:
em 2º lugar Parque Nacional do Iguaçu .................................................................32
Figura 11. Regiões turísticas no Brasil definidas pelo MTur em 2004 .....................................42
Figura 12. Regiões turísticas no Brasil definidas
pelo MTur em 2013..................................................................................................43
Figura 13. Regiões turísticas no Brasil definidas pelo MTur em 2019 .....................................46
Figura 14. Municípios da tipologia Polo Econômico ................................................................72
Figura 15. Capitais brasileiras..................................................................................................76
Figura 16. Destinos de praia no Brasil .....................................................................................77
Figura 17. Distribuição dos municípios brasileiros por grau
de desenvolvimento do IFDM .................................................................................87
Figura 18. Destinos de natureza no interior do Brasil ............................................................ 105
Figura 19. Unidades de conservação com proteção integral: parques nacionais
e monumentos naturais - 2018.............................................................................. 107
Figura 20. Destinos de serra no interior do Brasil .................................................................. 112
Figura 21. Destinos histórico-culturais no interior do Brasil ................................................... 114
Figura 22. Destinos de estância (hidromineral/hidrotermal) no interior do Brasil .................. 117
Figura 23. Destinos religiosos no interior do Brasil ................................................................ 121
Figura 24. Destinos de eventos no interior do Brasil.............................................................. 124
Figura 25. Percepção sobre o movimento do turismo rural ................................................... 125
Figura 26. Circuito de Cicloturismo Vale Europeu Catarinense ............................................. 133
Figura 27. Caminho Religioso da Estrada Real ..................................................................... 135

168 A interiorização do turismo no Brasil


Gráficos
Gráfico 1. Evolução do número de municípios turísticos catalogados pelo
Guia Quatro Rodas, conforme as principais tipologias (1966-2009) ......................34
Gráfico 2. Evolução do número de regiões turísticas no Brasil de 2004 a 2019 .....................45
Gráfico 3. Evolução do número de municípios turísticos no Brasil de 2004 a 2019 ................55
Gráfico 4. Número de municípios por categoria turística em 2013 e 2019,
segundo MTur .........................................................................................................57
Gráfico 5. Motivação das viagens domésticas realizadas a lazer no Brasil - 2019 .................68
Gráfico 6. Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), por região do Brasil..............87
Gráfico 7. Número e área de UCs por década de criação (1934- 2019)..................................95
Gráfico 8. Atividades de turismo rural no Brasil, por macrorregião - 2020 ............................ 129

Mapas
Mapa 1. Municípios turísticos catalogados pelo Guia Quatro Rodas Brasil
de 1966 ................................................................................................................... 15
Mapa 2. Municípios turísticos catalogados pelo Guia Quatro Rodas Brasil de
1979 ........................................................................................................................20
Mapa 3. Municípios Turísticos Catalogados pelo Guia Quatro Rodas Brasil de
1989 ........................................................................................................................ 24
Mapa 4. Municípios Turísticos Catalogados pelo Guia Quatro Rodas Brasil de
1999 ........................................................................................................................26
Mapa 5. Municípios Turísticos Catalogados pelo Guia Quatro Rodas de 2009 ...................31
Mapa 6. Mapa do Turismo no Brasil por tipologia, incluindo a tipologia
polo econômico – 2020 ...........................................................................................71
Mapa 7. Municípios turísticos no Brasil, por tipologia, excluindo a tipologia
polo econômico – 2020 ........................................................................................... 74
Mapa 8. Distribuição da população absoluta – 2020 ............................................................85
Mapa 9. Rede urbana brasileira – 2018 ................................................................................86
Mapa 10. Rede rodoviária brasileira – 2007 ...........................................................................88
Mapa 11. Modal aeroviário no Brasil – 2020 ..........................................................................89
Mapa 12. Ingresso de turistas internacionais no Brasil – 2019 ...............................................90
Mapa 13. Densidade de acessos de internet banda larga – 2020..........................................91
Mapa 14. Investimentos públicos em turismo, por macrorregião, 2003-2018 .........................92
Mapa 15. Investimentos públicos em turismo, por UF, 2003-2018 .........................................93
Mapa 16. Municípios turísticos interioranos no Brasil (excluindo capitais)
por tipologia – 2020 ...............................................................................................98

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 169
Quadros
Quadro 1. Tipologias dos municípios turísticos utilizadas pelo Guia Quatro Rodas
nas edições selecionadas pela pesquisa ............................................................... 12
Quadro 2. Princípios tradicionais de regionalização ................................................................ 41
Quadro 3. Entrevistas com gestores públicos municipais dos estados do RJ,
RN e SC ..................................................................................................................59
Quadro 4. Entrevistas com gestores públicos estaduais do RJ, RN e SC...............................61
Quadro 5. Perfil das ações e categoria dos municípios elegíveis para acessar
os recursos do MTur ...............................................................................................62
Quadro 6. Operadoras turísticas associadas à Braztoa que comercializam
produtos turísticos de destinos brasileiros ..............................................................66
Quadro 7. Atividades de turismo rural no Brasil identificadas pelo MTur - 2020 ................... 128
Quadro 8. Termos referentes à percursos turísticos .............................................................. 130
Quadro 9. Rotas, caminhos e circuitos, por UF ..................................................................... 131
Quadro 10. Caminhos e rotas turísticas interestaduais ........................................................... 134

Tabelas
Tabela 1. Número de municípios turísticos brasileiros por região e tipologia,
conforme o Guia Quatro Rodas Brasil - 1966 ......................................................... 14
Tabela 2. Número de municípios turísticos brasileiros por região e tipologia,
conforme o Guia Quatro Rodas Brasil - 1979 ......................................................... 19
Tabela 3. Número de municípios turísticos brasileiros por região e tipologia,
conforme o Guia Quatro Rodas Brasil - 1989 .........................................................23
Tabela 4. Número de municípios turísticos brasileiros por região e tipologia,
conforme o Guia Quatro Rodas Brasil - 1999 .........................................................26
Tabela 5. Número de municípios turísticos brasileiros por região e tipologia,
conforme o Guia Quatro Rodas Brasil - 2009 .........................................................30
Tabela 6. Número de municípios turísticos catalogado pelo Guia Quatro
Rodas Brasil de 1966-2009, por localização e região ............................................33
Tabela 7. Número de Municípios Turísticos por Tipologia Catalogados pelo
Guia Quatro Rodas (1966-2009) .............................................................................34
Tabela 8. Regiões e municípios turísticos no Brasil, segundo MTur,
de 2004 a 2019 .......................................................................................................44
Tabela 9. Regiões turísticas no Brasil, por estado, de 2004 a 2019 ....................................... 47
Tabela 10. Destino das viagens domésticas e número de regiões turísticas
por estado em 2019 ................................................................................................49

170 A interiorização do turismo no Brasil


Tabela 11. Pernambuco: regiões e municípios turísticos no Mapa do
Turismo Brasileiro em 2004 e 2019......................................................................... 51
Tabela 12. Rio Grande do Sul: regiões e municípios turísticos no Mapa
do Turismo Brasileiro em 2004 e 2019....................................................................52
Tabela 13. Número de municípios e municípios turísticos,
por macrorregião, em 2019 .....................................................................................56
Tabela 14. Número de municípios categorizados pelo MTur,
por macrorregião, 2013/2019 ..................................................................................56
Tabela 15. Número de municípios por categoria turística,
segundo MTur – 2013-2019.....................................................................................57
Tabela 16. Quantidade de municípios da tipologia polo econômico,
por estado – 2020 ...................................................................................................73
Tabela 17. Municípios turísticos brasileiros, por estado – 2020 ...............................................75
Tabela 18. Empresas nas atividades características do turismo, por região - 2020................. 81
Tabela 19. Empregos nas atividades características do turismo, por região - 2019................. 81
Tabela 20. Número de hotéis nos municípios turísticos, por tipologia - 2020 ..........................82
Tabela 21. Número de empregos nos hotéis nos municípios turísticos,
por tipologia – 2019.................................................................................................82
Tabela 22. Número total e média de equipamentos turísticos,
por tipologia – 2020 ................................................................................................83
Tabela 23. Municípios turísticos brasileiros, por região – 1966/2020 .......................................97
Tabela 24. Distribuição dos destinos turísticos interioranos por
macrorregião e tipologia .........................................................................................98
Tabela 25. Destinos de natureza no interior do Brasil - 2020 .................................................100
Tabela 26. Unidades de conservação nos destinos de natureza,
por categoria e macrorregião - 2019 .....................................................................106
Tabela 27. Destinos de serra no interior do Brasil – 2020 ...................................................... 108
Tabela 28. Unidades de conservação nos destinos de serra,
por categoria e macrorregião - 2019 ......................................................................111
Tabela 29. Destinos histórico-culturais no interior do Brasil – 2020 ....................................... 113
Tabela 30. Destinos de estâncias (hidromineral/hidrotermal)
no interior do Brasil – 2020 ................................................................................... 116
Tabela 31. Destinos religiosos no interior do Brasil – 2020 .................................................... 119
Tabela 32. Destinos de eventos no interior do Brasil – 2020.................................................. 122
Tabela 33. Quantidade de hotéis fazenda no Brasil – 2006/2021 .......................................... 127

Maria Aparecida Pontes da Fonseca, Carolina Todesco e Rodrigo Cardoso da Silva 171
172 A interiorização do turismo no Brasil

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