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S173
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-7785-517-9 (recurso eletrônico)
1. Urbanização - Salvador (BA) - Séc. XXI. 2. Transportes - Salvador (BA) - Séc. XXI.
3. Salvador (BA) - Séc. XXI. 4. Livros eletrônicos. I. Pereira, Gilberto Corso. II. Mello, Sylvio
Bandeira de . III. Carvalho, Inaiá Maria Moreira de.
Capítulo 2 População...................................................................................... 23
Condições demográficas e sociais............................................... 25
Condições de emprego e renda................................................... 33
Crescimento populacional........................................................... 44
Distribuição espacial da população............................................. 53
Migrações intrametropolitanas, migrações externas................. 66
Capítulo 3 Circulação...................................................................................... 73
Caracterização da mobilidade na RMS....................................... 74
A estrutura territorial metropolitana.......................................... 82
Fluxos e centralidades.................................................................. 86
Padrões de mobilidade na RMS e expansão urbana futura....... 88
Custos e condições de deslocamento cotidiano na RMS........... 97
O transporte como indutor do desenvolvimento urbano
e regional..................................................................................... 103
Autores............................................................................................................. 230
Lista de Figuras, Gráficos, Quadros e Tabelas
Lista de Figuras
FIGURA 1.3 – Previsão da área de influência direta da Ponte Salvador-Itaparica..... 20
FIGURA 2.1 – Densidade demográfica – Salvador, 1991............................................. 55
FIGURA 2.2 – Densidade demográfica – Salvador, 2000............................................. 56
FIGURA 2.3 – Densidade demográfica – Salvador, 2010............................................. 57
FIGURA 2.4 – Padrões de crescimento espacial da população – Salvador,
1991-2010......................................................................................................................... 58
FIGURA 2.5 – Densidade demográfica projetada em 2015, hab/km2 – Salvador.... 62
FIGURA 2.6 – Densidade demográfica projetada em 2020, hab/km2 – Salvador.... 63
FIGURA 2.7 – Densidade demográfica projetada em 2025, hab/km2 – Salvador.... 64
FIGURA 2.8 – Densidade demográfica projetada em 2030, hab/km2 – Salvador.... 65
FIGURA 2.9 – População projetada em 2015 – Salvador............................................. 66
FIGURA 2.10 – População projetada em 2030 – Salvador........................................... 67
FIGURA 2.11 – Variação projetada da população de 2015 a 2030 – Salvador........... 68
FIGURA 2.12 – Distribuição espacial da população projetada
para 2030 sobre o IDH-M 2010 – RMS.......................................................................... 69
FIGURA 3.1 – Crescimento da frota de veículos em Salvador 2001-2014.................. 77
FIGURA 3.2 – Evolução dos índices de veículos por 100 habitantes
em Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas e Camaçari, 2001, 2015, 2030.............. 79
FIGURA 3.3 – Incremento percentual da população e da frota de
veículos em Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas e Camaçari, 2001-2014........... 80
FIGURA 3.4 – Números absolutos da população e da frota de
veículos em Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas e Camaçari, 2001-2015........... 80
FIGURA 3.5 – Densidade por zona de tráfego em hab/ha – RMS............................. 83
FIGURA 3.6 – Empregos por zona de tráfego – RMS.................................................. 84
FIGURA 3.7 – Atração de viagens por motivo trabalho, por hectare – RMS............. 85
FIGURA 3.8 – Rede viária estrutural – RMS................................................................ 86
FIGURA 3.9 – Atração de viagens por transporte coletivo por
ônibus, no pico da manhã, por hectare – RMS, 2012................................................... 91
FIGURA 3.10 – Produção de viagens por transporte coletivo
por ônibus, no pico da manhã, por hectare – RMS, 2012............................................ 91
FIGURA 3.11 – Atração de viagens por transporte individual,
no pico da manhã, por hectare – RMS, 2012................................................................ 92
FIGURA 3.12 – Produção de viagens por transporte individual,
no pico da manhã, por hectare – RMS, 2012................................................................ 93
FIGURA 3.13 – Fluxos diários intrametropolitanos, modos
individual e coletivo – RMS, 2012.................................................................................. 94
FIGURA 3.14 – Produção de viagens, todos os modos e motivos,
por hectare – RMS, 2012................................................................................................. 95
FIGURA 3.15 – Produção de viagens, todos os modos e motivos,
por hectare – RMS, projeção 2020................................................................................. 96
8 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
Lista de Gráficos
GRÁFICO 2.1 – Pirâmide Etária – Salvador, 1991........................................................ 25
GRÁFICO 2.2 – Pirâmide Etária – Salvador, 2000........................................................ 26
GRÁFICO 2.3 – Pirâmide Etária – Salvador, 2010........................................................ 26
GRÁFICO 2.4 – População residente em Salvador, censitária e projetada................. 52
GRÁFICO 2.5 – Subáreas com maiores populações em 2010, populações
censitárias e projetadas................................................................................................... 52
GRÁFICO 2.6 – Subáreas com menores populações em 2010,
populações censitárias e projetadas............................................................................... 53
GRÁFICO 2.7 – Situação das subáreas no Censo Demográfico 2010
e projetada para 2015 e 2030 – Salvador....................................................................... 60
GRÁFICO 2.8 – Projeção da variação populacional por subárea
para 2030 – Salvador....................................................................................................... 61
Lista de Quadros
QUADRO 5.1 – Montagem do planejamento urbano e
metropolitano na RMS com base no Estatuto da Metrópole – 2015......................... 163
QUADRO 5.2 – Planos, projetos e empreendimentos previstos e em
andamento na RMS e Baía de Todos os Santos com impacto na RMS...................... 164
QUADRO 7.1 – Transformações de Salvador............................................................. 206
Lista de Tabelas
TABELA 2.1 – População residente, densidade demográfica e taxa de
crescimento – Bahia e Salvador, 1991, 2000 e 2010...................................................... 24
TABELA 2.2 – Pessoas de 15 anos ou mais não alfabetizadas e taxas de
analfabetismo................................................................................................................... 27
TABELA 2.3A – Pessoas de 25 anos ou mais de idade, por nível
de instrução – Salvador, 2000......................................................................................... 28
TABELA 2.3B – Pessoas de 25 anos ou mais de idade, por nível
de instrução – Salvador, 2010......................................................................................... 29
TABELA 2.4 – Taxas de distorção idade-série total e por rede
pública, em áreas geográficas selecionadas (%)............................................................ 30
TABELA 2.5 – Taxas de aprovação total e por rede pública, em áreas
geográficas selecionadas (%)........................................................................................... 31
TABELA 2.6 – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)
no ensino fundamental – anos iniciais e finais, por áreas geográficas
selecionadas...................................................................................................................... 31
Tabela 2.7 – Indicadores da Atenção Básica – Salvador, 2008-2014............................ 32
TABELA 2.8 – Pessoas de 10 anos e mais de idade, ocupadas segundo a posição
na ocupação e categoria do emprego principal – Salvador, 2000-2010....................... 38
TABELA 2.9 – Distribuição das pessoas ocupadas na semana de referência
por setor de atividade no trabalho principal – Salvador, 2010.................................... 38
10 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
1
Ver, dentre outros, o livro Transformações Metropolitanas no Século XXI: Bahia,
Brasil e América Latina (SILVA; CARVALHO; PEREIRA, 2016).
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 13
2
Em 1999, a RMS era composta por 10 municípios e, em 2010, por 13 municípios.
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 17
FIGURA 1.1
Núcleo Metropolitano, RMS e Macrorregião Metropolitana de Salvador
FIGURA 1.2
Níveis de interação espacial na Macrorregião Metropolitana de Salvador
FIGURA 1.3
Previsão da área de influência direta da Ponte Salvador-Itaparica
1.2.1 População
A evolução das características sociodemográficas da população
de Salvador e sua região metropolitana é uma das variáveis básicas
consideradas. O crescimento, a composição social e a distribuição es-
pacial da população no espaço são elementos estruturais que devem
ser considerados. Neste trabalho foram feitos exercícios de projeção
da população futura, considerando que, mesmo usando técnicas qua-
lificadas, é impossível obter projeções totalmente corretas para peque-
nas áreas. Contribui para isso a disponibilidade restrita de dados em
pequenas áreas, coletados em censos demográficos decenais. Sabe-se
que, quanto mais distantes no tempo forem as projeções em relação
às datas de realização da coleta dos dados, maior a probabilidade de
erros nas projeções.
Mesmo considerando que existe uma margem de incerteza efetiva
as projeções populacionais são imprescindíveis para o planejamento do
futuro do território, para a elaboração de alternativas de ocupação do
espaço e para a formulação de políticas públicas e programas sociais.
1.2.2 Circulação
Os fluxos de circulação que definem os deslocamentos espaciais
da população e a mobilidade urbana nas metrópoles têm uma impor-
tância muito grande na organização socioespacial e são causa e conse-
quência da diferenciação territorial. Neste estudo analisamos a relação
entre custos e condições dos deslocamentos cotidianos – viagens de
casa ao trabalho –, a organização social do território e a estrutura
urbana. Na análise levamos em conta a distribuição espacial da popu-
lação, a densidade demográfica e os projetos de transporte que podem
vir a ser implantados num futuro plausível.
O ponto de partida é o pressuposto de que a organização desigual
do território configura um cenário de dispersão dos locais de moradia
– origens das viagens casa-trabalho – e de concentração dos locais de
trabalho e consumo – locais centrais de atração de viagens. Essa con-
figuração amplia a fricção espacial, os custos sociais e a segmentação
da cidade.
22 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
1.2.3 Ambiente
As características do ambiente são elementos-chave para o enten-
dimento dos processos de transformação territorial. Neste estudo con-
sideramos o ambiente construído, e temos como premissa que os pro-
cessos econômicos e sociais se refletem no espaço e criam diferenças
que são associadas a cada modo de produção, tecnologias e infraestru-
turas correspondentes, moradia e equipamentos urbanos. Os marcos
resultantes destes processos definem a evolução da estrutura espacial
e dos movimentos populacionais.
O ambiente natural condiciona, restringe e impacta as transfor-
mações da evolução socioespacial. Ainda que considerando que o am-
biente natural tem alguma resistência às pressões urbanas, o aumento
destas pressões sobre o sistema natural pode alterar seu equilíbrio di-
nâmico e causar impactos ambientais variados que, por sua vez, pas-
sam a condicionar a evolução urbana.
Neste estudo consideramos que as questões sociais e ambientais
são interdependentes e fatores causais de direcionamento e impactos
nas transformações territoriais urbanas e metropolitanas.
1.2.4 Governança
Governança é um tema crítico para os moradores da metrópole,
pois a efetividade dos processos de gestão da cidade e da região tem
impacto decisivo no seu desenvolvimento. Governança, aqui, é consi-
derada de modo diverso do conceito de governabilidade, este relacio-
nado à capacidade de um determinado governo exercer suas funções
e poderes através de políticas e projetos. Neste trabalho o objetivo é
fornecer um contexto dos processos de planejamento e gestão de Sal-
vador tomando como base os fundamentos da governança urbana e
metropolitana.
O pressuposto do qual partimos se ancora na constatação de que
Salvador nas últimas décadas cresceu mas não se desenvolveu no sen-
tido mais amplo, por conseguinte não conseguiu introduzir inovações
nos campos político, institucional, econômico, social e espacial capa-
zes de alterar estruturas, processos e funções que conduzissem a uma
melhoria da qualidade de vida de sua população.
Capítulo 2
População
TABELA 2.1
População residente, densidade demográfica e taxa de crescimento – Bahia e Salvador,
1991, 2000 e 2010
GRÁFICO 2.1
Pirâmide Etária – Salvador, 1991
GRÁFICO 2.2
Pirâmide Etária – Salvador, 2000
GRÁFICO 2.3
Pirâmide Etária – Salvador, 2010
til, que passou de 46,4 em 1991 para 14,9 em 2010, ficando bem
abaixo da média nacional. Outras tendências, porém, se mostram
bem preocupantes, como os índices de mortalidade por causas ex-
ternas que, conforme dados do Ministério da Saúde, evoluíram de
68 para 115,8 por mil habitantes entre 2000 e 2010, assim como
a taxa de homicídios, que alcançou 62,0 por 100 mil habitantes
em 2001, colocando a capital baiana em terceiro lugar entre as
27 capitais brasileiras e atingindo principalmente os jovens. Nes-
se grupo a taxa de homicídios atingiu alarmantes 164,9 por mil
habitantes, vitimando principalmente jovens do sexo masculino,
negros e pobres.
Em termos educacionais também se registraram alguns avan-
ços. A taxa de analfabetismo entre a população de Salvador, por
exemplo, caiu de 9,4%, em 1991, para 5,8% em 2000 e 3,9% em
2010. O número absoluto estimado de pessoas de 15 anos ou mais
não alfabetizadas foi de 83.381 em 2010 (Tabela 2.2), sendo que
grande parte delas está entre adultos com mais de 35 anos, que car-
regam a herança das políticas educacionais que não davam conta
da alfabetização e da universalização do acesso à educação. Trata-se
de um indicador positivo, mas que não significa necessariamente
uma melhoria da escolarização das pessoas residentes na capital
baiana. A mudança no seu perfil educacional ainda levará tempo,
com o maior acesso à escola que vem sendo observado entre as
crianças e jovens.
TABELA 2.2
Pessoas de 15 anos ou mais não alfabetizadas e taxas de analfabetismo
1991 2000 2010
Pessoas não alfabetizadas
Brasil 18.587.452 15.467.261 13.660.168
Bahia 2.470.487 1.964.336 1.694.066
Salvador 129.034 105.029 83.381
Taxas de analfabetismo
Brasil 19,4 12,9 9,4
Bahia 34,5 22,1 16,3
Salvador 9,4 5,8 3,9
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010).
28 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
TABELA 2.3A
Pessoas de 25 anos ou mais de idade, por nível de instrução – Salvador, 2000
Números absolutos %
Níveis de escolaridade
Total Homens Mulheres Total Homens
Total 1.247.194 559.723 687.471 100,0 100,0
Sem instrução e
560.819 251.155 309.664 45,0 44,9
fundamental incompleto
Fundamental completo e
191.263 91.943 99.320 15,3 16,4
médio incompleto
TABELA 2.3B
Pessoas de 25 anos ou mais de idade, por nível de instrução – Salvador, 2010
Números absolutos %
Níveis de escolaridade
Total Homens Mulheres Total Homens
Total 1.655.418 742.008 913.410 100,0 100,0
Sem instrução e fundamental
529.955 240.341 289.614 32,0 32,4
incompleto
Fundamental completo e
251.821 117.861 133.959 15,2 15,9
médio incompleto
TABELA 2.4
Taxas de distorção idade-série1 total e por rede pública, em áreas geográficas
selecionadas (%)
TABELA 2.5
Taxas de aprovação total e por rede pública, em áreas geográficas selecionadas (%)
TABELA 2.6
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)¹ no ensino fundamental – anos iniciais
e finais, por áreas geográficas selecionadas2
Tabela 2.7
Indicadores da Atenção Básica – Salvador, 2008-2014
Indicadores selecionados 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Cobertura populacional estimada
27,95 24,15 29,32 28,7 22,96 31,44 34,81
pelas equipes de Atenção Básica
Proporção de internações por
condições sensíveis à atenção 21,6 21,8 21,57 23,03 23,11 22,95 23,52
básica (ICSAB) (%)
Cobertura de acompanhamento
das condicionalidades de saúde do 56,5 75,81 42,69 27,39 48,64 30,09 66,55
Programa Bolsa Família
Razão de procedimentos
ambulatoriais de média
1,62 1,94 2,18 2,37 2,15 2,01 2,02
complexidade e população
residente (/100hab)
Razão de internações clínico-
cirúrgicas de média complexidade e 2,39 2,41 2,9 3,11 3,06 2,77 2,68
população residente (/100_hab)
Razão de procedimentos
ambulatoriais de alta complexidade 4,84 4,88 5,95 7,01 6,57 6,22 6,22
e população residente (/100hab)
Razão de internações clínico-
cirúrgicas de alta complexidade e 1,99 2,19 3,08 3,85 4,02 3,92 3,56
população residente (/1000_hab)
Proporção de serviços hospitalares
15,63 16,13 23,33 24,14 29,03 25,71 28,57
com contrato de metas firmado (%)
Fonte: Brasil (2014a).
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 33
TABELA 2.8
Pessoas de 10 anos e mais de idade, ocupadas segundo a posição na ocupação e categoria
do emprego principal – Salvador, 2000-2010
TABELA 2.9
Distribuição das pessoas ocupadas na semana de referência por setor de atividade no
trabalho principal – Salvador, 2010
Atividades
Agricul- Indús- Constru- Comér- Serviços
Total Serviços Mal
tura tria ção cio Domésticos
Definidas
100% 1,2 7,4 8,7 18,8 46,6 9,1 8,1
Fonte: Adaptado de Carvalho e Borges (2014).
TABELA 2.10
Distribuição das pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas
na semana de referência por classes de rendimento nominal mensal
do trabalho principal – Salvador, 2010
TABELA 2.11
Estrutura Social – Salvador, 2000 e 2010
3
O IBGE alterou a composição das áreas de expansão da amostra para o Censo
Demográfico de 2010, portanto, optou-se por reproduzir as áreas do Censo de 2000,
tanto para 1991 como para 2010, de forma a permitir a comparação, com margem de
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 45
Por esta razão, alguns métodos têm sido sugeridos como alter-
nativa para projeções populacionais em áreas menores. O método
utilizado neste estudo tem como insumo uma projeção exógena feita
pelo IBGE para o nível do Estado da Bahia para o período 1991 2030,
utilizando o método das componentes demográficas. Calcula fatores
de proporção para o município de Salvador com base nos Censos de
2000 e 2010, e projeta a população do mesmo para o período 2015
2030, assim como para cada subárea do município.
A estimativa da população residente em Salvador foi, portanto,
elaborada a partir da projeção para o estado, incorporando os resulta-
dos dos parâmetros demográficos calculados com base nos resultados
do Censo Demográfico 2010 e nas informações sobre os padrões mais
recentes dos registros de nascimentos e óbitos do Estado da Bahia.
Os totais populacionais do município, apurados nos Censos De-
mográficos 1991, 2000 e 2010, foram ajustados linearmente, utilizan-
do-se o fator de ajuste aplicado nestes anos na Unidade da Federação,
no caso o Estado da Bahia. Esses totais populacionais municipais, em
2000 e 2010, serviram de base para o estabelecimento da tendência
de crescimento no cálculo das estimativas municipal (para ajustar o
resultado esperado) e submunicipais (subáreas projetadas).
Além dos dados referentes aos levantamentos censitários do IBGE,
foram utilizadas estimativas de população construídas através do méto-
do de componentes demográficas, ajustadas por levantamentos amos-
trais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, para ajustar a
tendência populacional do Estado da Bahia como um todo, conforme
descrito no item a seguir.
Resultados
Os resultados obtidos com a projeção de população para as subá-
reas do município de Salvador estão apresentados na tabela, gráficos
e mapas a seguir.
Como observado anteriormente, o método AiBi possui a desvan-
tagem de permitir que as projeções de população em áreas pequenas e
que tenham a tendência de redução da população resultem em popula-
ções projetadas negativas. Felizmente, isso não aconteceu no processo
de projeção das subáreas de Salvador. O município tinha população
residente de 2,7 milhões no levantamento censitário de 2010 do IBGE,
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 51
GRÁFICO 2.4
População residente em Salvador, censitária e projetada
GRÁFICO 2.5
Subáreas com maiores populações em 2010, populações censitárias e projetadas
GRÁFICO 2.6
Subáreas com menores populações em 2010, populações censitárias e projetadas
FIGURA 2.1
Densidade demográfica – Salvador, 1991
FIGURA 2.2
Densidade demográfica – Salvador, 2000
FIGURA 2.3
Densidade demográfica – Salvador, 2010
FIGURA 2.4
Padrões de crescimento espacial da população – Salvador, 1991-2010
Fonte: Elaboração dos autores a partir de dados dos Censos IBGE, 1991, 2000, 2010.
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 59
GRÁFICO 2.7
Situação das subáreas no Censo Demográfico 2010 e
projetada para 2015 e 2030 – Salvador
GRÁFICO 2.8
Projeção da variação populacional por subárea para 2030 – Salvador
FIGURA 2.5
Densidade demográfica projetada em 2015, hab/km2 – Salvador
FIGURA 2.6
Densidade demográfica projetada em 2020, hab/km2 – Salvador
FIGURA 2.7
Densidade demográfica projetada em 2025, hab/km2 – Salvador
FIGURA 2.8
Densidade demográfica projetada em 2030, hab/km2 – Salvador
FIGURA 2.9
População projetada em 2015 – Salvador
crescimento caiu de 1,8% ao ano, entre 1991 e 2000, para 0,9% ao ano,
de 2000 para 2010. Esse resultado foi fortemente influenciado pela
emigração (saída) de pessoas antes residentes em Salvador para outros
municípios da RMS, como Camaçari, Lauro de Freitas e Simões Filho,
e outros municípios vizinhos, que têm adotado políticas agressivas de
atração de serviços e estimulado novas moradias.
FIGURA 2.10
População projetada em 2030 – Salvador
FIGURA 2.11
Variação projetada da população de 2015 a 2030 – Salvador
FIGURA 2.12
Distribuição espacial da população projetada para 2030
sobre o IDH-M 2010 – RMS
Fonte: Projeção dos autores sobre dados do IDH-M (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA,
2014).
TABELA 2.12
Pessoas residentes em Salvador não naturais do município, segundo o local de residência
em 31/07/2005 (imigrantes recentes), 2010
Local de residência em 31/07/2005 Imigrantes %
Pais estrangeiro Estados Unidos 285 0,3
Itália 237 0,3
França 226 0,2
Portugal 195 0,2
Espanha 163 0,2
Alemanha 115 0,1
Outros 633 0,7
Brasil (UF) BA, Bahia (Interior) 61.572 65,9
SP, São Paulo 6.265 6,7
RJ, Rio de Janeiro 3.132 3,4
SE, Sergipe 2.257 2,4
PE, Pernambuco 2.089 2,2
CE, Ceara 1.401 1,5
MG, Minas Gerais 1.342 1,4
AL, Alagoas 1.097 1,2
PR, Paraná 922 1,0
RS, Rio Grande do Sul 833 0,9
DF, Distrito Federal 817 0,9
PA, Pará 582 0,6
PI, Piauí 547 0,6
PB, Paraíba 544 0,6
ES, Espírito Santo 512 0,5
GO, Goiás 370 0,4
RN, Rio Grande do Norte 351 0,4
MA, Maranhão 302 0,3
SC, Santa Catarina 286 0,3
TO, Tocantins 107 0,1
Outros/Não sabe UF/
6.267 6,7
Ignorado
Total de emigrantes recentes 93.449 100,0
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados do Censo Demográfico 2010.
72 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
TABELA 2.13
Fluxos migratórios de/para Salvador em municípios selecionados, 2010
Fluxo Migratório de-para Salvador
População
Município Território de Identidade residente Migrantes
Migrantes DE
2010 PARA Saldo
Salvador
Salvador
Salvador 26 Metropolitana de Salvador 2.675.656 - - -
Camaçari 26 Metropolitana de Salvador 242.970 11.377 1.271 10.106
Lauro de Freitas 26 Metropolitana de Salvador 163.449 14.620 1.479 13.141
Simões Filho 26 Metropolitana de Salvador 118.047 5.503 699 4.804
Candeias 26 Metropolitana de Salvador 83.158 1.505 897 608
Dias d'Ávila 26 Metropolitana de Salvador 66.440 3.467 486 2.981
Vera Cruz 26 Metropolitana de Salvador 37.567 2.429 567 1.862
São Francisco do Conde 21 Recôncavo 33.183 570 126 444
Itaparica 26 Metropolitana de Salvador 20.725 1.274 396 878
Madre de Deus 26 Metropolitana de Salvador 17.376 655 82 573
Santo Antônio de Jesus 21 Recôncavo 90.985 2.002 1.659 343
Valença 06 Baixo Sul 88.673 739 1.094 -355
Nazaré 21 Recôncavo 27.274 366 788 -422
Jaguaripe 06 Baixo Sul 16.467 400 169 231
Salinas da Margarida 26 Metropolitana de Salvador 13.456 742 289 453
Feira de Santana 19 Portal do Sertão 556.642 4.734 4.608 126
Alagoinhas 18 Litoral Norte e Agreste Baiano 141.949 1.254 2.420 -1.166
Cruz das Almas 21 Recôncavo 58.606 1.260 1.243 17
Santo Amaro 21 Recôncavo 57.800 1.036 1.275 -239
Catu 18 Litoral Norte e Agreste Baiano 51.077 581 685 -104
Santo Estêvão 19 Portal do Sertão 47.880 471 567 -96
Maragogipe 21 Recôncavo 42.815 711 1.129 -418
São Sebastião do Passé 21 Recôncavo 42.153 804 549 255
Mata de São João 18 Litoral Norte e Agreste Baiano 40.183 935 585 350
Pojuca 18 Litoral Norte e Agreste Baiano 33.066 637 404 233
Cachoeira 21 Recôncavo 32.026 1.051 730 321
Muritiba 21 Recôncavo 28.899 705 512 193
Amélia Rodrigues 19 Portal do Sertão 25.190 458 500 -42
São Felipe 21 Recôncavo 20.305 432 428 4
Governador Mangabeira 21 Recôncavo 19.818 171 187 -16
Conceição do Almeida 21 Recôncavo 17.889 181 428 -247
Cabaceiras do Paraguaçu 21 Recôncavo 17.327 204 417 -213
Sapeaçu 21 Recôncavo 16.585 152 221 -69
São Félix 21 Recôncavo 14.098 169 223 -54
Saubara 21 Recôncavo 11.201 360 109 251
FIGURA 3.1
Crescimento da frota de veículos em Salvador 2001-2014
TABELA 3.1
Relação veículo por 100 habitantes em Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas e Camaçari
FIGURA 3.2
Evolução dos índices de veículos por 100 habitantes em Salvador, Simões Filho, Lauro de
Freitas e Camaçari, 2001, 2015, 2030
TABELA 3.2
Crescimento total da frota de veículos motorizados e da população – RMS,
2001, 2015, 2030
Munic ípio P opulaç ão 2001 F rota 2001 P opulaç ão 2015 F rota 2015 P opulaç ão 2030 F rota 2030
S alvador 2.485.702 352.606 2.799.930 836.548 2.929.703 1.534.415
S imões F ilho 96.601 6.283 129.304 33.879 155.711 111.836
L auro de F reitas 118.678 14.161 185.924 69.760 249.419 131.321
C amaç ari 166.985 12.443 276.510 81.023 373.309 267.374
2.867.966 385.493 3.391.668 1.021.210 3.708.142 2.044.946
FIGURA 3.3
Incremento percentual da população e da frota de veículos em Salvador, Simões Filho,
Lauro de Freitas e Camaçari, 2001-2014
FIGURA 3.4
Números absolutos da população e da frota de veículos em Salvador, Simões Filho,
Lauro de Freitas e Camaçari, 2001-2015
FIGURA 3.6
Empregos por zona de tráfego – RMS
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados da Pesquisa O-D (BAHIA, 2012c).
FIGURA 3.7
Atração de viagens por motivo trabalho, por hectare – RMS
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados da Pesquisa O-D (BAHIA, 2012c).
FIGURA 3.8
Rede viária estrutural – RMS
FIGURA 3.9
Atração de viagens por transporte coletivo por ônibus, no pico da manhã,
por hectare – RMS, 2012
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados da Pesquisa O-D (BAHIA, 2012c).
FIGURA 3.10
Produção de viagens por transporte coletivo por ônibus, no pico da manhã,
por hectare – RMS, 2012
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados da Pesquisa O-D (BAHIA, 2012c).
92 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
FIGURA 3.11
Atração de viagens por transporte individual, no pico da manhã, por hectare – RMS, 2012
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados da Pesquisa O-D (BAHIA, 2012c).
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 93
FIGURA 3.12
Produção de viagens por transporte individual, no pico da manhã, por hectare – RMS, 2012
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados da Pesquisa O-D (BAHIA, 2012c).
FIGURA 3.13
Fluxos diários intrametropolitanos, modos individual e coletivo – RMS, 2012
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados da Pesquisa O-D (BAHIA, 2012c).
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados da Pesquisa O-D (BAHIA, 2012c).
FIGURA 3.15
Produção de viagens, todos os modos e motivos, por hectare – RMS, projeção 2020
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados da Pesquisa O-D (BAHIA, 2012c) e projeções da população.
FIGURA 3.16
Produção de viagens, todos os modos e motivos, por hectare – RMS, projeção 2030
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados da Pesquisa O-D (BAHIA, 2012c) e projeções da população.
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 97
FIGURA 3.17
Deslocamento casa–trabalho entre trabalhadores das regiões
metropolitanas brasileiras, 2008-2009
FIGURA 3.18
Tempo de viagem entre 30 minutos e 1 hora, trabalhadores do setor
secundário – RMS, 2010
FIGURA 3.19
Tempo de viagem entre 30 minutos e 1 hora, trabalhadores
não especializados – RMS, 2010
com as áreas que mais produzem viagens por transporte coletivo por
ônibus, no pico da manhã (ver Figura 3.10). Por outro lado, tanto as re-
giões denominadas de Miolo urbano, como a do Subúrbio Ferroviário,
esta localizada frente à Baía de Todos os Santos, apresentam baixos indi-
cadores de renda per capita, menor diversificação do uso do solo, além
de ineficiência do transporte público, o que amplifica as distâncias. Por-
tanto esse cenário acompanha o padrão de segregação urbana existente.
Gomes e Amitrano (2005) estudando os impactos da segregação
residencial sobre o nível de emprego e de rendimentos a partir do
caso de São Paulo e de sua região metropolitana comprovaram que,
independentemente de outros atributos sociais (sexo, cor, juventude
e escolaridade), a população residente nas áreas mais pobres convive
com maiores taxas de desemprego e que, entre outros fatores, isso tam-
bém está correlacionado com a baixa oferta de postos de trabalho for-
mais nas referidas áreas. Dentro da oferta existente as remunerações
são mais reduzidas e, para aumentar suas oportunidades ocupacionais,
esses moradores pobres têm de arcar com os custos e problemas de
transporte para as regiões centrais. Portanto, para o caso particular
da RMS, as viagens dos trabalhadores dos setores secundário e não
especializados convergem espacialmente no sentido norte-sul, em di-
reção às centralidades metropolitanas, ou, no sentido norte, à procura
dos polos ou eixos industriais de Simões Filho, Candeias e Camaça-
ri, fazendo uso predominantemente das avenidas Afrânio Peixoto ou
Suburbana, a BR-324 e, secundariamente, das conexões da Avenida
Paralela. Tal fato deixa indícios muito claros relativamente aos eixos
prioritários para a implantação do transporte de massa na RMS, visan-
do a integração metropolitana de Salvador com os municípios de Si-
mões Filho, Candeias e Camaçari, devido ao fato de que essas regiões
demandam urgentemente soluções de mobilidade.
Entretanto, quando analisamos trabalhadores com um perfil so-
cial de maior renda, tais como os dirigentes (profissionais com função
executiva em empresas ou instituições) e o setor de profissionais de ní-
vel superior, observamos que também sofrem impacto pelo tempo de
viagem, embora sua conjuntura de deslocamento seja muito diferente.
Conforme podemos observar nas figuras 3.20 e 3.21, o maior núme-
ro de deslocamentos por motivo casa-trabalho entre 30 minutos e 1
hora, para esses perfis ocupacionais, se concentra nitidamente na Orla
Atlântica da RMS. Para o caso particular dos dirigentes, esse tipo de
deslocamento está próximo à área de influência imediata do subcentro
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 101
FIGURA 3.20
Tempo de viagem entre 30 minutos e 1 hora, dirigentes – RMS, 2010
FIGURA 3.21
Tempo de viagem entre 30 minutos e 1 hora, profissionais de nível superior – RMS, 2010
FIGURA 3.22
Tempo de viagem entre 30 minutos e 1 hora de automóvel – RMS, 2010
FIGURA 3.23
Relação entre atração e produção de viagens por motivo de trabalho – RMS, 2012
FIGURA 4.1
IDH-M 2010 e localização dos empreendimentos imobiliários – Núcleo Metropolitano 2008-2014
FIGURA 4.2
IDH-M 2010, localização das ZEIS do PDDU 2008 de Salvador e empreendimentos MCMV –
Núcleo Metropolitano 2008-2010
FIGURA 4.3
Domicílios com mais de 3 banheiros e com até 3 cômodos – Salvador, 2010
FIGURA 4.4
Domicílios tipo apartamento e tipo vilas e condomínios horizontais – Salvador, 2010
FIGURA 4.5
A cidade “murada” e a cidade “vertical” – Salvador, 2015
TABELA 4.1
Alvarás liberados por Zona, Grupo de Uso e área construída – Salvador, 2012-2015
ZONA GRUPO DE USO TOTAL % TOTAL GRUPO DE USO
ZPR-1 + ZPR3
(SUBURBIO, COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 1.629.819,00 2,76
ITAPAGIBE, RESIDÊNCIAL (R ) 1.662.362,00 4,78
SÃO CRISTÓVÃO, ESPECIAL (E) 890.728,41 83,36
CIA AEROPORTO) INDÚSTRIA (IN) 218.868,17 1,50
ZPR-2 RESIDÊNCIAL (R ) 1.050.218,71 3,02
FAROL DE ITAPUÃ COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 113.945,80 0,19
ZPR-4 COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 526.791,00 0,89
PIATÃ E ITAPUÃ MISTO (M) 281.824,00 21,56
RESIDÊNCIAL (R ) 8.747.287,06 25,15
INDÚSTRIA (IN) 1.726.807,37 11,82
ZPR-5 COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 2.206.784,25 3,74
BARRA, CENTRO, RESIDÊNCIAL (R ) 8.892.239,97 25,56
CABULA, R VERMELHO, MISTO (M) 719.927,21 55,08
E AMARALINA ESPECIAL (E) 91.830,00 8,59
INDÚSTRIA (IN) 784.554,26 5,37
ZPR-6 COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 563.408,97 0,95
MIOLO 324, RESIDÊNCIAL (R ) 2.329.483,72 6,70
CIDADE NOVA , INDÚSTRIA (IN) 6.508.532,58 44,57
LIBERDADE ESPECIAL (E) 42.736,00 4,00
ZPR-7 + ZPR-8 COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 861.053,84 1,46
PITUBA, IMBÚI, RESIDÊNCIAL (R ) 11.836.857,00 34,03
PARALELA INDÚSTRIA (IN) 1.269.635,47 8,69
CMC COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 24.299.736,63 41,19
IGUATEMI RESIDÊNCIAL (R ) 242.835,00 0,70
MISTO (M) 143.096,10 10,95
ESPECIAL (E) 4.278,65 0,40
INDÚSTRIA (IN) 1.948.001,21 13,34
CMR MISTO (M) 6.070,82 0,46
RESIDÊNCIAL (R ) 9.420,02 0,03
COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 23.084.997,82 39,13
ZIN-1 INDÚSTRIA (IN) 9.933,07 0,07
BR 324 COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 2.177.241,80 3,69
CDR 1;2 INDÚSTRIA (IN) 1.597.565,00 10,94
CENTRO ANTIGO, RESIDÊNCIAL (R ) 398,97 0,001
ESPECIAL (E) 13.752,81 1,29
BARRA, FEDERAÇÃO COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 621.223,51 1,05
CDR 5
ACESSO NORTE, INDÚSTRIA (IN) 61.332,00 0,42
MIOLO, SAN MARTIN COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 566.973,79 0,96
CDR 6,7,8,19,20,21 COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 377.164,00 0,64
IGUATEMI ESPECIAL (E) 23.628,00 2,21
RESIDÊNCIAL (R ) 11.445,52 0,03
CDR 17
ITAPUÃ INDÚSTRIA (IN) 2.756,91 0,02
CDR 15 COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 5.456,34 0,01
CDO COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 114.650,54 0,19
ORLA SALVADOR MISTO (M) 156.056,00 11,94
RESIDÊNCIAL (R ) 4.361,26 0,01
CDL COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 123.744,08 0,21
IGUATEMI ESPECIAL (E) 1.638,00 0,15
INDÚSTRIA (IN) 390,33 0,003
CDM 1;2;3;4
BARRA, FEDERAÇÃO, COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 69.858,01 0,12
RIO VERMELHO INDÚSTRIA (IN) 3.106,02 0,02
CDM 5
IGUATEMI COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 1.012.741 1,72
CDM 6;7
ACESSO NORTE, CENTRO COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 225.532,00 0,38
CDI
CORREDOR ESPECIAL COMÉRCIO E SERVIÇO (CS) 420.250,15 0,71
IPITANGA INDÚSTRIA (IN) 471.847,00 3,23
Fonte: Adaptado de Porto (2015).
118 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
FIGURA 4.6
Alvarás de construção SUCOM – Salvador, de 2013 a agosto de 2015
Fonte: Elaboração dos autores com base em dados da SUCOM (SALVADOR, 2013).
FIGURA 4.7
Concentração e expansão urbana
FIGURA 4.8
Verticalização de bairros populares centrais – Salvador, 2015
FIGURA 4.9
Conjuntos habitacionais em áreas periféricas – Salvador, 2015
FIGURA 4.10
Localização das bacias
a) Bacia da Barra
O divisor de drenagem localiza-se ao longo do corredor da Vitó-
ria, Federação e Avenida Cardeal da Silva, englobando os bairros de
124 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
FIGURA 4.11
Bacia da Barra
Conflitos
Em termos de infraestrutura urbana, a área é bem servida, de-
vendo ser melhorada nas comunidades ocupadas espontaneamente.
Nestas áreas, apesar de existir infraestrutura pública expressivamente
melhor que em outras áreas ocupadas espontaneamente na cidade,
intervenções urbanísticas poderiam qualificá-las, já que internamente
a acessibilidade não é boa e muitos serviços ficam prejudicados, como
entrega de gás, implantação de redes de esgoto, coleta de lixo, etc.
Outro problema, de caráter mais geral, é essencialmente de
ordem político-administrativa. Embora a infraestrutura viária seja
boa para atender aos moradores locais, não suporta fluxos propor-
cionados por megaeventos. Por suas características paisagísticas
e urbanas, o poder público insiste em realizar megaeventos nesta
área, a exemplo de festas de final do ano, além do Carnaval, o que
compromete toda a economia local e a vida dos moradores. Re-
pensar o modelo de Carnaval e os impactos que trazem os grandes
eventos na área é uma questão que pode ser incorporada ao plane-
jamento territorial da cidade.
126 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
b) Bacia do Lucaia
As suas nascentes concentram-se na parte antiga da cidade, ao
longo da Avenida Joana Angélica, recebendo contribuições dos bair-
ros programados do Campo Grande, Garcia, Barris e Nazaré, percor-
rendo a Avenida Vasco da Gama, onde passa a receber contribuições
de uma rede de drenagem com extensões médias de 1,5km, vinda dos
bairros do Alto do Gantois, Vale da Muriçoca, Engenho Velho da Fe-
deração, Engenho Velho de Brotas, Ogunjá, etc.
A análise da distribuição dos rendimentos familiares possibilita
identificar alguns compartimentos que se relacionam a padrões urba-
nísticos específicos.
Na porção a extremo-oeste da cidade, os rendimentos médios va-
riam entre 5 e 10 salários-mínimos, e está associada ao tecido urbano
mais antigo da cidade, incluindo os bairros do Centro, Barris e Naza-
ré. Nestas áreas a presença de serviços é satisfatória com presença de
shopping centers, estações rodoviárias, teatros e do Centro Histórico
com seu patrimônio arquitetônico em diferentes estados de conserva-
ção. É uma área de padrão urbanístico médio ou alto, precisando de
conservação e melhoria para que não se degrade (Figura 4.12).
Na porção vizinha a leste, os rendimentos médios decrescem, va-
riando entre 2 e 5 salários-mínimos. Nesta subárea estão presentes os
bairros do Engenho Velho de Brotas, Engenho Velho da Federação e
parte da Federação. Os padrões urbanísticos são inferiores, constituin-
do-se em áreas antigas ocupadas espontaneamente que foram progres-
sivamente melhoradas em termos de infraestrutura pelo poder públi-
co ao longo dos anos.
Imediatamente a leste destes bairros, os rendimentos aumentam,
predominando faixas entre 10 e 20 salários-mínimos, chegando em
alguns locais a atingir valores superiores as 20 salários. Associam-se a
estes padrões os bairros do Candeal, centro do Rio Vermelho e sul do
bairro de Brotas. Nestas áreas os padrões construtivos são de qualida-
de, e a infraestrutura urbana é melhor.
Como um grande enclave neste padrão, ocorrem subáreas com
rendimentos entre 1 e 2 salários-mínimos, podendo chegar a 5 salários
nas vizinhanças das áreas de maior renda. Correspondem aos bairros
da Chapada do Rio Vermelho, Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Nor-
deste de Amaralina (Figura 4.12).
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 127
FIGURA 4.12
Bacia do Lucaia
Conflitos
A área apresenta padrões bastante diversificados numa pequena
extensão, razão pela qual os problemas apresentam-se diferenciados.
Nas áreas mais bem infraestruturadas associadas aos bairros mais ri-
cos, os problemas urbanos são menores ou sem grande significado.
Na porção oeste da bacia, o antigo Centro da cidade vem sofrendo
uma progressiva perda de qualidade em função de muitas atividades
econômicas terem migrado para áreas mais ao norte. O comércio anti-
go de rua entrou em declínio, e os grandes shopping centers passaram
a atrair um público mais jovem que não conhece a cultura do antigo
comércio do Centro da cidade.
Elementos importantes para a dinamização da economia na área,
como o turismo relacionado ao patrimônio cultural e histórico da ci-
dade, entram em declínio por falta de políticas públicas adequadas à
conservação e valorização deste patrimônio. A perda progressiva deste
patrimônio por falta de conservação é um dos principais problemas
desta subárea.
Na porção mais pobre, compreendida pela porção central e encla-
128 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
c) Bacia da Pituba
Nesta bacia se desenvolvem os bairros de Amaralina, a parte sul
do Nordeste de Amaralina e Pituba, onde a rede de drenagem é pra-
ticamente toda artificial. A distribuição dos rendimentos anuais fami-
liares permite dividir a bacia em duas partes (Figura 4.13). Na porção
sul, no bairro de Amaralina os rendimentos familiares variam entre 5
e 10 SM, decrescendo para a faixa entre 2 e 5 SM na parte sul do Nor-
deste de Amaralina.
Na parte norte, englobando o bairro da Pituba, os rendimentos
variam entre 10 e 20 salários-mínimos. Na porção sul, desenvolve-se
um padrão construtivo predial com média de quatro pavimentos, na
proximidade da orla marítima, e casas de padrão construtivo de mé-
dia a baixa qualidade. Na porção norte, no bairro da Pituba, o tecido
urbano é bem estruturado em quadras retangulares, constituído por
construções prediais com gabaritos crescentes no sentido das áreas
mais distantes da praia.
O sistema viário local é bem estruturado, formando uma malha
retangular que permite a boa circulação nas porções internas na parte
norte, no bairro da Pituba. Como conexão com as demais partes da
cidade, as avenidas Otávio Mangabeira e Manoel Dias da Silva possi-
bilitam a circulação entre as áreas litorâneas do norte e sul da cidade,
funcionando como vias arteriais que não podem ser ampliadas por fal-
ta de espaço. São vias de passagem entre diferentes pontos da cidade.
A boa infraestrutura urbana favorece a atração de comércio e serviços,
o que contribui para a boa qualidade urbana da área.
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 129
FIGURA 4.13
Bacia da Pituba
Conflitos
No geral, a área apresenta uma boa infraestrutura urbana, mobi-
lidade interna adequada, mas na sua porção litorânea apresenta pro-
blemas de tráfego, já que as vias litorâneas são um ponto de passagem
quase obrigatório para a circulação de veículos na zona costeira.
Observa-se uma nítida expansão vertical das áreas interiores da
Pituba, com casas sendo substituídas por prédios com mais de 10 pavi-
mentos (Figura 4.13). Este adensamento trará mais automóveis para a
área, comprometendo ainda mais a mobilidade da cidade nas avenidas
litorâneas, já que a área tem uma das mais altas relações domicílio/
automóvel da cidade.
O adensamento progressivo deve gerar novas demandas por ser-
viços públicos, e o poder público deve estar atento sobre esta tendên-
cia de adensamento verificada.
d) Bacia do Camarugipe
Constitui-se uma bacia nitidamente marcada por um controle
geológico estrutural, com o seu eixo principal nitidamente orientado
130 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
FIGURA 4.14
Bacia do Camarugipe
Conflitos
Conforme caracterizado a bacia apresenta compartimentos distin-
tos mas que se integram ambientalmente a partir dos fluxos hídricos e
processos físicos que nela atuam. O escoamento das águas das partes
altas da bacia para as partes baixas transportam sedimentos, resíduos
sólidos e esgotos.
Ambientalmente esta bacia é a que apresenta maiores problemas
132 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
e) Bacia de Pituaçu
Acompanha o trend noroeste-sudeste característica da porção bai-
xa da bacia do Camarugipe, limitando-se a sul com a mesma e ocu-
pando uma área de 2.815ha (Figura 4.15). Na porção alta da bacia,
predominam padrões urbanos espontâneos pouco infraestruturados,
relativos aos bairros de Pau da Lima, São Marcos, Sussuarana, Nova
Sussuarana, localizados na sua porção norte.
Na porção sul, ocorrem as sub-bacias dos rios Saboeiro e das Pe-
dras, onde se desenvolve padrão urbano similar ao anterior associado
aos bairros do Cabula VI, Engomadeira, Beiru, Narandiba. Na porção
baixa da bacia existe um antigo manancial de abastecimento – represa
de Pituaçu –, e o Parque Metropolitano de Pituaçu. O padrão urbano
é significativamente melhor, porém exerce pouca influência sobre a
qualidade da bacia, face à sua localização a jusante dos padrões urba-
nos mais degradados.
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 133
FIGURA 4.15
Bacia de Pituaçu
Conflitos
Reproduzindo o padrão da bacia do Camarugipe, esta bacia é
ocupada em sua parte alta por um tecido urbano informal e precário
que se viabilizou através da acessibilidade criada pelos programas de
conjuntos habitacionais do governo, nos anos 1980, na área do Miolo.
Nas encostas ao lado dos conjuntos, em declividades elevadas, se
instalou uma densa população de trabalhadores que perderam seus
empregos na crise econômica que sucedeu ao milagre econômico dos
anos 1970.
A ausência do poder público nestas áreas é marcante: ruas sem
pavimentação e drenagem, rede de esgoto danificada e muitas áre-
as sem qualquer infraestrutura de saneamento. A precariedade viá-
ria nestas áreas, com o adensamento progressivo, deve intensificar os
impactos deste tecido sobre a qualidade ambiental da bacia em suas
diferentes partes.
A implantação da Avenida Gal Costa sobre a planície de inunda-
ção do rio Pituaçu, com características de via arterial, secciona uma
área que poderia ser utilizada como área de lazer para a população,
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 135
f) Bacia do Jaguaripe
É a última bacia transversal aos vetores de expansão da cidade,
inteiramente localizada no município, ocupando uma área de 6.068ha,
onde seu rio principal – Jaguaripe – percorre uma distância aproxi-
mada de 15,2km da sua área de nascentes na região de Águas Claras e
Valéria, nas proximidades da BR-324 (Figura 4.16) até sua desemboca-
dura. A presença do antigo aterro de Canabrava, apesar de desativado,
representa um fator de risco para os mananciais hídricos superficiais
e subterrâneos.
Na parte mais alta estão os bairros de Águas Claras e Dom Avelar,
os conjuntos habitacionais de Castelo Branco e diversas fases do proje-
to Cajazeiras. Implantados nos topos dos morros, próximos à BR-324
e distantes da Orla Atlântica onde habitam segmentos de classe média,
estes conjuntos funcionavam inicialmente como cidades-dormitórios
para trabalhadores do polo petroquímico, que eram transportados
para a indústria pelas próprias empresas. Com o declínio do número
de empregos na petroquímica, estes conjuntos se tornaram um espa-
ço urbano sem grandes atrativos já que os serviços eram precários e
as oportunidades de trabalho na cidade formal limitadas para quem
mora a 15 quilômetros do centro e utiliza transporte público.
A desvalorização destes espaços proporcionou que segmentos so-
136 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
FIGURA 4.16
Bacia do Jaguaripe
Conflitos
Os problemas mais intensos acontecem nas partes altas da bacia,
na região das nascentes dos principais cursos d’água que alimentam o
rio principal. Na região próxima à BR-324, estão localizadas as maio-
res áreas ocupadas informalmente, ao lado dos conjuntos habitacio-
nais planejados pelo poder público.
São ocupações localizadas nas vertentes íngremes dos vales em
declividades superiores a 30%, implantadas sem qualquer critério ur-
banístico. Os arruamentos não apresentam caixa para circulação de ve-
ículos, não existem alinhamentos para implantação de redes de esgoto,
e o acesso é muito difícil às ocupações que ficam no fundo dos vales.
Em termos de qualidade, os problemas aumentam do topo dos
morros para o fundo do vale. O lançamento de esgotos nas drenagens
pluviais ou a infiltração nas encostas por fossas negras favorecem os
deslizamentos que colocam em risco os moradores das baixadas, que
também sofrem com inundações nos períodos chuvosos. A coleta de
lixo é deficiente nestas áreas, e estes problemas têm impacto indireto
nas partes baixas da bacia, que recebem águas contaminadas com es-
gotos das populações desassistidas.
A parte média da bacia é ocupada predominantemente por con-
juntos habitacionais implantados na proximidade da Avenida São Ra-
fael, Avenida Aliomar Baleeiro e Estrada do Coqueiro Grande. Nestas
áreas onde existem conjuntos, o modelo das partes altas se replica
repetindo os mesmos problemas. Destaca-se como elemento gerador
de impactos no passado o antigo lixão de Canabrava, hoje desativado,
mas que criou um tecido social muito pobre no seu entorno.
A porção central da parte média é a que apresenta menor densi-
dade. Segundo mapa do Ministério Público, existem aproximadamen-
te 370 hectares de fragmentos florestais da Mata Atlântica em dife-
rentes estágios de sucessão. Um dos motivos para esta conservação é
a distância do centro econômico da cidade e a falta de acesso, já que
entre a Avenida Paralela e a BR-324 ainda não existem vias indutoras
de expansão urbana. Evidentemente esta situação vai ser modificada
com a implantação da Avenida 29 de março (Corredor Transversal II)
e da Linha Viva, uma via expressa que atravessa esta parte da bacia.
Na porção sul, em sua parte baixa, o principal problema é a ten-
dência de adensamento dos condomínios horizontais de classe média
e a expansão das ocupações espontâneas no sentido do sistema de
dunas de Abaeté.
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 139
g) Bacia do Ipitanga
Localizada ao longo do limite norte do município com os municí-
pios de Lauro de Freitas e Simões Filho, apresenta baixas densidades
demográficas com grandes vazios urbanos compatíveis com uma área
de proteção de manancial das represas Ipitanga I e II, que integram
o sistema de abastecimento da cidade. É uma área ainda pouco urba-
nizada e apresenta usos do solo e padrões urbanísticos diversificados.
As grandes distâncias do Centro, a falta de acessibilidade aos va-
zios ainda existentes e as dificuldades de transporte público para uma
população de baixos rendimentos dificultam a expansão das áreas altas
e médias desta bacia. A inexistência de eixos viários transversais ao eixo
da bacia produz esta condição. Atualmente a expansão se dá de sul para
norte, a partir do bairro de São Cristóvão e Jardim das Margaridas par-
tindo do trecho compreendido entre a 1ª e 2ª rótulas do aeroporto.
Na sua porção baixa, o tecido urbano mais denso se concentra
entre a praia e as dunas e pressiona esses ecossistemas. Ali se localizam
os condomínios Petromar e Alamedas da Praia, além dos condomínios
e villages localizados em Stella Maris. Na porção média, onde está lo-
calizada a represa Joanes I, um manancial de abastecimento da cidade,
identificam-se dois setores distintos (Figura 4.17). O setor norte, com
baixo nível de urbanização, e o setor sul, mais urbanizado, ocupado
pelos conjuntos habitacionais de Fazenda Grande, na sub-bacia do rio
Itapuã Mirim. Os conjuntos habitacionais de Fazenda Grande foram
concebidos da mesma forma que os conjuntos a sul, ocupando o topo
dos morros e conservando as encostas, que não foram invadidas. Mais
recentemente este conjunto foi ampliado, com novas unidades habita-
cionais programadas, em parte das encostas desocupadas. É impor-
tante deixar claro que o divisor de águas para a represa é contíguo ao
manancial de abastecimento e que o adensamento destas áreas pode
favorecer a indução de processos informais de ocupação, como os ve-
rificados nas áreas a sul.
Na parte alta da bacia, os processos urbanos são incipientes, pre-
valecendo usos rurais, algumas minerações e o Aterro Metropolitano
Centro (AMC), onde foram enterradas, em 2013, 1.054.472 toneladas
de lixo. É importante esclarecer, também, que a área licenciada do
aterro está se exaurindo e existem interesses contraditórios em dife-
rentes esferas, já que o concessionário quer estender a vida útil do
aterro e o governo propõe, no Plano do Vetor Ipitanga, a desativação
do mesmo para a implantação de um parque.
140 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
FIGURA 4.17
Bacia do Ipitanga
Conflitos
O maior problema a ser considerado na área é a presença de
um dos principais mananciais de água que abastecem o município
de Salvador. O sistema Joanes/Santa Helena–Ipitanga é responsável
pelo fornecimento 8,8m³/s de água para o abastecimento da cidade,
o que corresponde a mais de 50% do manancial de Pedra do Cavalo
(7,0m³/s), a outra fonte de abastecimento.
A conservação da qualidade das águas destes mananciais é vi-
tal para a sustentabilidade da cidade, pois a forma peninsular limita
de certo modo as possibilidades de uso de outros mananciais. As
possibilidades encontram-se a norte, e a cidade cresce justamente
para norte.
Se considerarmos a variável abastecimento como fundamental
para a sustentabilidade da cidade, é fundamental que a conservação
destes mananciais seja considerada no planejamento. A indução de
processos urbanos nesta área é algo que deve ser evitado.
A implantação de programas habitacionais populares nestas áreas
e de infraestrutura viária de acesso facilitado aos mesmos é um perigo
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 141
FIGURA 4.18
Bacia da Cidade Baixa
Conflitos
Os principais problemas estão associados à falta de políticas
públicas necessárias a induzir processos econômicos para uma área
pobre, mas com muitos potenciais para o seu desenvolvimento eco-
nômico.
O relevo plano elimina os problemas de deslizamentos de assen-
tamentos residenciais informais em relevos acidentados, e as possibili-
dades de conexão viária entre os diferentes espaços permitem a quali-
ficação deste espaço urbano.
As possibilidades para valorização urbana proporcionada pelo
contato com a Baía de Todos os Santos é um fator que poderia alavan-
car o desenvolvimento de uma área que tem uma das maiores densi-
dades demográficas e uma das menores taxas de crescimento popula-
cional.
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 143
i) Bacia do Subúrbio
Área formada por uma série de pequenas bacias que nascem nas
vertentes acima da Avenida Suburbana, divisora de drenagem com a
bacia do Cobre, imediatamente a leste, ocupada em sua maioria por
ocupações espontâneas consolidadas. Secionadas por um sistema fer-
roviário, dela fazem parte os bairros de Plataforma, Praia Grande, Pe-
riperi e Paripe, com elevadas carências de infraestrutura urbana (Fi-
gura 4.19).
As diversas sub-bacias são habitadas por populações com baixo
rendimento, com predominância de famílias com rendas inferiores a
2 SM. Rendimentos maiores, entre 2 e 5 SM, localizam-se nas nuclea-
ções originais formadas a partir das estações da ferrovia implantada
em 1860, daí o nome Subúrbio Ferroviário.
O processo de modernização conservadora industrial reverteu
este eixo de expansão urbana para a Orla Atlântica, gerando uma nova
centralidade econômica que produziu a descaracterização deste terri-
tório, que se tornou um espaço para segmentos de baixa renda e uma
área periférica distante da nova centralidade econômica criada a partir
dos anos 1970.
A perda de importância do bairro do Comércio e da estação fer-
roviária da Calçada impactou fortemente as áreas interligadas pela fer-
rovia, promovendo a decadência de uma área com grande potencial
paisagístico e turístico. Algumas referências urbanísticas ambientais
marcam este território. A proximidade da Baía de Todos os Santos, da
ferrovia e da praia de Inema, onde se hospedam presidentes da Repú-
blica, é aspecto a ser considerado.
Temos aqui um tecido urbano de baixa qualidade, com uma den-
sidade de 127,8hab/ha e uma taxa geométrica de crescimento popula-
cional entre os anos de 2000 e 2010 de 0,72hab/ha, o que indica uma
estabilização do crescimento populacional da área.
Destacam-se como elementos potenciais para o desenvolvimento
desta bacia, o contato direto com a orla marítima da Baía de Todos os
Santos e a possibilidade de conexão com a península itapagipana, cuja
infraestrutura urbana pode ser requalificada e alavancar o processo de
desenvolvimento desta faixa territorial.
144 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
FIGURA 4.19
Bacia do Subúrbio
Conflitos
O principal problema identificado nesta bacia é a falta de po-
líticas públicas para desenvolver socialmente os moradores de uma
região com grande potencial. A consolidação de um tecido urbano
de baixa qualidade é um problema, mas passível de reversão se forem
implementadas políticas públicas capazes de requalificar este espaço
urbano.
Um problema que interfere na requalificação da área é a interfe-
rência da ferrovia sobre a orla marítima, segregando um espaço poten-
cial para o desenvolvimento da região. A ferrovia cria uma barreira de
acesso à praia, inviabilizando as potencialidades turísticas da Baía de
Todos os Santos. A substituição da ferrovia por um meio de transporte
não confinado no trecho Calçada-Paripe pode criar condições para
requalificação urbanística desta área.
j) Bacia do Cobre
Parte integrante de uma área de proteção de manancial, é relativa-
mente conservada, com a presença de expressivas manchas de cober-
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 145
FIGURA 4.20
Bacia do Cobre
Conflitos
O principal problema é a falta de conexão com a cidade formal
e a indução de processos espontâneos de ocupação nas áreas de suas
nascentes por programas governamentais. A implantação de conjuntos
habitacionais nas nascentes de uma bacia hidrográfica que contém um
manancial de abastecimento, com fragmentos florestais importantes
que garantem a conservação deste manancial, é sem dúvida um desco-
nhecimento da variável ambiental no planejamento.
Na porção baixa da bacia, a ocupação de manguezais se cons-
titui um problema. Inicialmente ocupada por palafitas, os progra-
mas de governo eliminaram qualquer possibilidade de recuperação
destes ecossistemas, aterrando e colocando conjuntos habitacionais
nessas áreas.
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 147
4.2.2 Tendências
Os elementos anteriormente apresentados revelam um modelo
de urbanização que compromete progressivamente a qualidade das
bacias hidrográficas, já que não existe controle dos processos urbanos
nas partes altas das mesmas.
Para compreendermos as possíveis tendências é preciso identifi-
car os vetores de expansão da cidade, as dinâmicas sociais associadas
a cada um dos vetores e os seus impactos sobre o território. Para uma
compreensão da atual dinâmica metropolitana ver o capítulo 6 deste li-
vro que descreve detalhadamente os vetores em escala metropolitana.
Sendo a cidade uma península ocupada inicialmente na sua por-
ção sul, num alto topográfico, ela só pode se expandir para norte,
porém é também importante compreender que a expansão para norte
poderia ser induzida para noroeste ou para nordeste. Originalmente, a
cidade se expandia para noroeste, ao longo da Baía de Todos os Santos
(BTS), na parte baixa da falésia, e no sentido do bairro da Liberdade,
na parte alta.
A implantação da ferrovia em 1860 proporcionou um vetor de ex-
pansão na região do Subúrbio Ferroviário, reforçando a tendência de
expansão noroeste, às margens da BTS. A possibilidade de navegação,
além da economia do Recôncavo, era um aspecto importante para a
cidade expandir-se neste sentido.
A outra possibilidade de expansão para noroeste, na parte alta
da cidade, seria através da Estrada das Boiadas, que seguia o caminho
natural do vale do rio Camarugipe, permitindo o acesso a Pirajá e ao
interior do estado. O vetor de expansão nordeste era inexistente, pois
atravessar os terrenos arenosos da zona costeira, com suas dunas, bre-
jos e estuários largos não era algo tão fácil e vantajoso à época.
A lógica natural de expansão da cidade, segundo critérios da épo-
ca, era expandir-se para noroeste. Esta lógica se manteve até os anos
1960, quando foi implantado um polo petroquímico a 40km do centro
de Salvador. A partir deste novo cenário econômico o poder público
induziu, com grandes investimentos (Centro Administrativo, nova ro-
doviária, Avenida Paralela), um vetor de expansão nordeste ao longo da
costa Atlântica, reforçado posteriormente pela implantação da BA-099.
Esta nova reconfiguração espacial da cidade gerou um vetor
de expansão urbana de classe média na Orla Atlântica, e um vetor
de expansão popular entre o antigo eixo noroeste e o novo vetor,
conhecido como Miolo de Salvador.
148 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
dos, para evitar o crescimento do tecido urbano para cima dos manan-
ciais que abastecem a cidade.
O antigo Plano Diretor (PDDU 2008) no seu Sistema de Áreas de
Valor Ambiental e Cultural contempla de forma satisfatória as restri-
ções ambientais numa escala micro, já que considera unidades de con-
servação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
e áreas de Proteção de Recursos Naturais (APRN), importantes para
a manutenção da qualidade ambiental urbana, já que minimizam os
impactos do adensamento da cidade sobre áreas ambientalmente sen-
síveis. O sistema em si é bom, desde que realmente implantado.
Por outro lado, numa escala mais abrangente, as áreas de manan-
ciais de abastecimento não têm sido tratadas com a devida atenção.
Conforme modelo de tendências identificadas, a cidade se expande
rapidamente para norte, e esta expansão pode comprometer os ma-
nanciais de abastecimento da cidade.
As represas do Cascão, Prata, Saboeiro, Cobre e Pituaçu, cons-
truídas no início do século XX para o abastecimento da cidade, foram
todas comprometidas pelo crescimento urbano.
capítulo 5
Governança
TABELA 5.1
População total da da RMS e de seus municípios – 1970 a 2015
TABELA 5.2
População das cidades da RMS – 1970 a 2010
TABELA 5.3
PIB total (em mil reais) da RMS e de seus municípios – 1999, 2005 e 2012
TABELA 5.4
PIB per capita da RMS e de seus municípios – 1999, 2005 e 2012
TABELA 5.5
Classe de rendimento nominal mensal domiciliar dos municípios da RMS – 2010
Classe de rendimento nominal mensal domiciliar
RM e municípios Até 1 Mais de 1 Mais de 2 Mais de Sem
(s. m.) a 2 (s. m.) a 5 (s. m.) 5 (s. m.) rendimento
RMS 16,3 22,7 31,2 23,9 5,9
Camaçari 18,0 27,1 33,8 15,8 5,3
Candeias 20,3 25,2 33,3 13,0 8,2
Dias d'Ávila 19,5 26,8 32,3 13,0 8,4
Itaparica 29,6 28,4 27,0 8,7 6,3
Lauro de Freitas 13,3 22,6 31,2 27,8 5,1
Madre de Deus 22,6 22,6 28,6 17,9 8,3
Mata de S. João 22,6 29,0 29,2 10,0 9,1
Pojuca 23,9 22,9 31,7 13,5 8,0
Salvador 15,2 21,7 31,0 26,5 5,7
São F. do Conde 21,6 26,1 33,2 12,0 7,1
São S.do Passé 26,5 26,2 29,9 10,4 6,9
Simões Filho 22,4 27,7 31,4 11,4 7,1
Vera Cruz 28,9 29,8 27,4 8,2 5,7
Fonte: Elaboração dos autores sobre dados do IBGE: Censo Demográfico 2010.
156 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
TABELA 5.6
IDH dos municípios da RMS – 1991 e 2010
Ranking Ranking
IDH
Municípios da RMS (2010) (2010)
1991 2010 Brasil Bahia
Salvador 0,563 0,759 383 1
Lauro de Freitas 0,474 0,754 467 2
Madre de Deus 0,467 0,708 1.665 7
Camaçari 0,422 0,694 2.078 10
Candeias 0,408 0,691 2.161 11
Dias d'Ávila 0,416 0,676 2.524 20
Simões Filho 0,430 0,675 2.545 22
São Francisco do Conde 0,355 0,674 2.573 24
Itaparica 0,407 0,670 2.663 26
Mata de São João 0,378 0,668 2.716 28
Pojuca 0,445 0,666 2.759 30
São Sebastião do Passé 0,401 0,657 2.964 38
Vera Cruz 0,412 0,645 3.201 45
Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2014).
TABELA 5.7
Dados sobre infraestrutura na RMS e seus municípios – 1999, 2005 e 2012
Porcentagem de domicílios
TABELA 5.8
Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal dos municípios da RMS – 2011
5
Expressão em latim utilizada para designar uma instituição que tem por objetivo
fornecer subsídios às decisões dos tribunais.
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 163
QUADRO 5.1
Montagem do planejamento urbano e metropolitano na RMS com base no
Estatuto da Metrópole – 2015
QUADRO 5.2
Planos, projetos e empreendimentos previstos e em andamento na RMS e
Baía de Todos os Santos com impacto na RMS
Fonte: Elaboração dos autores com base no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2013b) e Salvador
(2007).
TABELA 5.9
Constituição de 1988: distribuição de competências tributárias e partilha de receitas
Partilha/distribuição percentual (%)
Competência
União Estados Municípios Macrorregiões
Tributos da União
Imposto de Importação 100
Imposto de Exportação 100
3,0 (fundos
Imposto de Renda (IR) mais Imposto sobre
52 21,5 (FPE) 23,5 (FPM) regionais N, NE
Produtos Industrializados (IPI)
e CO)
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 7,5 (FPEX) 2,5 (FPEX)
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) 100 (exceto IOF-Ouro) 30 (IOF-Ouro) 70 (IOF-Ouro)
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural
80 20
(ITR)
Variável conforme o Repasses da União no Repasses da União
Contribuições sociais
tributo âmbito do SUS no âmbito do SUS
Contribuições de intervenção no domínio
100 (exceto Cide- 21,75 (Cide- 7,25 (Cide-
econômico ou de interesse de categorias
Combustíveis) Combustíveis) Combustíveis)
profissionais ou econômicas
Tributos dos Estados
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
75 25
Serviços de Transporte e Comunicação (ICMS)
Imposto de Transmissão Causa Mortis e por
100
Doação (ITCD)
Imposto sobre a Propriedade de Veículos
50 50
Automotores (IPVA)
Tributos dos Municípios
Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
100
Urbano (IPTU)
Imposto de Transmissão Inter Vivos 100
Imposto sobre Serviços (ISS) 100
Contribuição para o Custeio do Serviço de
100
Iluminação Pública
FIGURA 6.1
Vetores de expansão urbana – Macrorregião Metropolitana de Salvador
TABELA 6.1
Áreas urbanizadas acrescidas nos municípios do vetor Litoral Norte –
1991-2000 e 2000-2010
TABELA 6.2
Áreas urbanizadas acrescidas nos municípios do vetor Centro Norte – 1991-2000 e 2000-2010
7
Dados estatísticos da Concessionária Bahia Norte de agosto/2015, levantados junto
à Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e
Comunicações da Bahia (AGERBA).
8
Dados estatísticos da Concessionária Bahia Norte de agosto/2015, levantados junto
à Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Co-
municações da Bahia (AGERBA).
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 185
9
Em 1995, 65,26% das indústrias baianas estavam localizadas fora dos distritos
industriais (SPINOLA, 2001).
188 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
TABELA 6.3
Áreas urbanizadas acrescidas nos municípios do vetor Intermetropolitano –
1991-2000 e 2000-2010
Áreas Urbanizadas (km2) Áreas Urbanizadas (km2)
Municípios
1991/2000 2000/2010
Simões Filho 4,95 33,41
Candeias 0,97 15,35
Madre de Deus ** 1,36 NA
São Francisco do Conde ** 0,073 NA
Total 7,35 48,76
** Não apresentou crescimento no período.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010).
10
Dados estatísticos levantados junto à Agência Estadual de Regulação de Serviços
Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (AGERBA).
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 191
Escada, Periperi, Praia Grande, Coutos, Fazenda Coutos e São Tomé de Paripe.
192 SALVADOR NO SÉCULO XXI: transformações demográficas, sociais, urbanas e metropolitanas
Tabela 6.4
Áreas urbanizadas acrescidas nos municípios do vetor Subúrbio – 1991-2000 e 2000-2010
Áreas Urbanizadas (km2) Áreas Urbanizadas (km2)
Municípios
1991/2000 2000/2010
Salvador 0,41 0
TABELA 6.5
Áreas urbanizadas acrescidas nos municípios de Itaparica e Vera Cruz –
1991-2000 e 2000-2010
TABELA 6.6
Áreas urbanizadas acrescidas na RMS – 1991-2000 e 2000-2010
FIGURA 6.2
Macrorregião Metropolitana de Salvador
TABELA 6.7
Empregos na Macrorregião Metropolitana de Salvador – municípios selecionados,
2009-2012
Ano
Município
2009 2010 2011 2012
FIGURA 7.1
Distribuição espacial da população na RMS, 2030
QUADRO 7.1
Transformações de Salvador
Fase 1549 – 1650 1650 – 1763 1763 – 1823 1823 – 1889 1889 – 1944 1945 – 1969 1970 – 2000 2000 – 2015 2015 – 2030
Descrição Metrópole Riqueza e Transferência Salvador no Reformas Migrações e Metropolização Metrópole atual Metrópole em
Colonial religião da capital império urbanas expansão reconfiguração
para RJ
Estrutura Cidade Cidade Cidade Expansão Expansão Centro – Centro – Centro – periferia Centros/subcentros –
espacial compacta compacta compacta linear – BTS linear – início periferia periferia; + arquipélago; periferia + enclaves;
ocupação polarização fragmentação fragmentação
orla
Crescimento 10.000 (1640) 60.000 (1768) 115.000 170.000 283.000 417.000 (1950) 1.007.000 (1970) 2.443.000 (2000) 2.800.000 (2015);
populacional (1818) (1890) (1920) 655.000 (1960) 59% orla BTS e 2.676.000 (2010) 2.930.000 (2030);
290.000 S.Ferroviários tendência redução
(1940) 2.262.000 (1995) do crescimento
Centralidade Mononuclear, Polinuclear: Polinuclear: Polinuclear: centro
Mononuclear início da centro e sub- centro e subcen- e subcentros +
descen- centros tros + dispersão dispersão metro-
tralização metropolitana politana
Agentes Estado; Igreja; Igreja; Estado; Estado; Igreja; Estado; Estado; Estado; comer- Estado; indus- Estado; comércio Estado; comércio /
senhores de senhores de comerciantes; Igreja; pro- comerciantes; ciantes; indus- triais; capital /shopping cen- shopping centers;
engenho engenho; traficantes de prietários industriais; triais; capital financeiro; ters; construção construção civil;
comerciantes; escravos agrícolas; capital financeiro; comerciantes; civil; capital capital financeiro;
traficantes de comer- financeiro; transportes investimentos financeiro; sociedade civil; pro-
escravos ciantes; transportes urbanos; imobiliários; sociedade civil; tagonismo do capital
industriais; urbanos; investimentos construção civil; protagonismo do imobiliário
instituições sociedade imobiliários; sociedade civil capital imobiliário
civis civil sociedade civil
Circulação Tração ani- Bondes; Ônibus; Ônibus; Ônibus; metrô; VLT;
Tração animal mal; Bondes ônibus; automóvel; automóvel; BRT; automóvel;
elétricos; automóvel avenidas intra- autoestradas autoestradas
trem subur- urbanas intraurbanas intraurbanas e
bano metropolitanas
Desenvolvi- Portuária, Portuária, Portuária, Portuária, Indústria, Indústria – Indústria Indústria Crise política e
mento Política, Política, Agricultura Comércio, Comércio; CHESF (1954) COPEC (1978); automobilística econômica nacional
econômico Administrativa, Administrativa, (Recôncavo) Agricultura Serviços; Petrobras Turismo; (2001) (2015-2017)
Agricultura Agricultura Ferrovia; (1959) Serviços; Comércio, Ser-
(Recôncavo) (Recôncavo) crise no CIA (1967); Universidades viços, Imobiliário;
crescimento Serviços; UFBA; turismo em
(“o enigma integração Salvador; e no
baiano”) mercado Litoral Norte
nacional
Modo de Fordismo/ Fordismo/ de- Integração mun- Busca de integração
produção Modelo primário exportador desenvolvi- senvolvimentis- dial mercados/ competitiva?
mentismo/ mo/ acumulação acumulação
acumulação intensiva flexível/
intensiva 1974/85 globalização
1956/73 exportações crise global 2008
substituição diversificadas
importações início globa-
lização
Moradia Alta renda - Assentamentos BNH, URBIS, MCMV (2009): MCMV; consolidação
ocupação das precários: Cajazeira (1978): expansão da da periferização,
cumeadas; invasões, au- ocupação do periferização; esgotamento do
baixa renda, toconstrução; Miolo; aceleração da centro; verticalização
fundos de ocupação dos loteamentos verticalização das da Orla Atlântica;
vale, encostas Subs Fer- clandestinos; áreas centrais suburbanização de
roviários; ocupação da Itaparica (Ponte)
esvaziamento orla, Avenidas
centro de vale
TIC Telégrafo, Televisão Microproces- Facebook (2004); Expansão REMESSA
ligação RJ (1960); sadores (1971); Google Earth em Salvador;
e Salvador internet (1979); (2005); iPhone expansão provedores
(1873) 1ª IBM PC (1981); (2007); privados; cobertura
sala cinema www (1990); REMESSA (2009) 4G e 5G
(1909) internet Br (91) manifestações
comercial (95); jul/2013;
RNP (90) Google redes sociais
(98) digitais
Rede urbana Metrópole nacional Metrópole regional Metrópole Metrópole regional
regional
Planejamento Plano Luís Dias EPUCS Planos CIA/ Estatuto da Plano Salvador 500;
COPEC Cidade (2001); Planejamento
PLANDURB PDDU (2004); metropolitano
(1979) PDDU rev (2008);
PDDU (1985); Estatuto da
EUST Metrópole
LOUOS (1984) (2015); PDDU
2015
riormente, temos projetos mas não temos plano, o que dificilmente le-
vará ao estabelecimento de um verdadeiro sistema de transporte, pois
as prioridades são definidas pelas disputas políticas e pelas coalizões
corporativas. O cenário previsto considera que, apesar da crise políti-
ca e econômica nacional, os projetos em andamento serão concluídos
mas os ainda não iniciados serão postergados.
Os dados de mobilidade da RMS, principalmente os relativos aos
vínculos espaciais estabelecidos entre os bairros e/ou regiões da me-
trópole e revelados pelas linhas de desejo (relacionamento espacial
entre as localidades), possibilitam observar o papel histórico que teve
a concepção da rede viária e das rotas de transporte na fragmentação
espacial da cidade de Salvador e da metrópole, no seu conjunto. A
segmentação da metrópole transparece na análise de dados de mobi-
lidade, conforme apresentado na Figura 7.2, que resulta do tratamen-
to dos dados da pesquisa Origem-Destino para 2012 como uma rede
constituída de nós – no caso os centroides das zonas da pesquisa – e
conexões, que são as viagens entre uma zona e outra.
Este tratamento dos dados possibilita uma análise das linhas de
desejo na forma de grafo, considerando os centroides das zonas de
tráfego da RMS como os nós do grafo, ou seja as localidades. Nesse
contexto, as conexões desta rede virtual são ponderadas pelo número
de viagens cotidianas realizadas entre uma zona e outra.
Na Figura 7.2 vemos que os bairros localizados no vetor do Su-
búrbio, entre Subúrbio Ferroviário e Liberdade, configuram um su-
bespaço (em cor azul claro) e se conectam principalmente entre si
(predominam viagens de uma a outra zona localizada na mesma área)
e com o Centro tradicional, revelando uma forte coesão, porém sem
interação importante com o restante da RMS. Os padrões de mobili-
dade também refletem a situação de forte segregação socioespacial
destas localidades.
Por outro lado, as zonas no entorno da área urbana central (o
Centro expandido), que formam a área urbana mais consolidada e an-
tiga, revelam forte interação entre si e algumas das áreas de expansão
mais recente da metrópole, configurando um subespaço (em cor la-
ranja). Em cor amarela podemos observar as localidades da orla nor-
te a partir da Pituba e do Miolo de Salvador, configurando também
um subespaço com forte interação interna, contendo no seu interior
a centralidade do Iguatemi. Existem outros grupos com forte coesão
interna, tais como o encontrado em Lauro de Freitas, muito próxi-
Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 211
FIGURA 7.2
Subespaços com maior interação espacial e coesão no Núcleo Metropolitano, 2012
FIGURA 7.3
A RITAC parcial e as estações nodais – conexões possíveis
FIGURA 7.4
A RITAC completa e as estações nodais – conexões possíveis
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Gilberto Corso Pereira, Sylvio Bandeira de Mello e Silva, Inaiá Maria Moreira de Carvalho 229
Ronaldo Lyrio
Geólogo, Mestre em Geologia Costeira pela UFBA. Tem experiência na
área de Planejamento Territorial, Regional e Urbano Ambiental, com
ênfase em Geoprocessamento e desenvolvimento socioambiental.
9 788577 85 518 6