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presente!

Ano IX - nº 57
iMPRESSA dIGITAL mURAL

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Conheça a poesia libertária de Pedro Tierra

Cineclube: Aprendizado Pesquisas de excelência


por meio das telas serão premiadas
2 presente!
EDITORIAL
Foto: Divulgação

Apesar de ser um estado novo, o Tocantins está


inserido em diversos momentos na história do
Brasil. Um deles é o período iniciado em 1964,
com a deposição do presidente eleito João
Goulart. O Golpe Militar de 64, como é conhecido,
deu início a uma ditadura militar que duraria
21 anos. Na região tocantina, um grupo de 80
integrantes do Partido Comunista do Brasil (PC
do B) deu início a um movimento guerrilheiro
que tinha por objetivo tirar os militares do poder
e instaurar um governo comunista no Brasil.

Este assunto tem sido foco de estudos e pesquisas


de professores da UFT, nos Câmpus de Araguaína,
Palmas, Porto Nacional e Tocantinópolis, e esta
edição do Jornal Presente! traz um pequeno
resumo de como andam estas pesquisas e que
ações têm sido geradas a partir destes estudos.
Em matéria correlata, você conhecerá um pouco
da vida e obra do poeta portuense Pedro Tierra –
pseudônimo para Hamilton Pereira da Silva, uma
das vítimas do período de Ditadura no Brasil, e que
recebeu no dia 15 de dezembro de 2014 o título
de Doutor Honoris causa, concedido pela UFT. excelência existentes na Instituição.

A edição traz ainda o olhar sobre o feminino, A nova identidade visual da Universidade será abordada também nesta edição, assim
nas pesquisas da professora Têmis Parente e o como os movimentos artísticos com participação de alunos da UFT; os cineclubes
resgate das memórias de mulheres afetadas pela – que além de divertir ajudam a despertar o pensamento crítico; você vai aprender
elevação das águas da Usina Hidrelétrica Luiz como descartar corretamente pilhas e baterias e saber mais sobre a ‘onda’ do selfie.
Eduardo Magalhães (Usina de Lajeado), e também
como a Universidade vai premiar as pesquisas de Diretoria de Comunicação (Dicom)

CALENDÁRIO ACADÊMICO
Todos os câmpus
Dia 19-dez-14 Último dia para trancamento de disciplinas (trancamento parcial).
Dia 20-dez-14 Interrupção do Semestre Letivo 2014/2
Dia 02-fev-15 Retorno do Semestre Letivo 2014/2
Dia 02-fev-15 Início do período de solicitação de trancamento total de matrícula 2014/2
Dia 20-fev-15 Último dia para solicitação de validação de Atividades Complementares para 2014/2
Dia 23-fev-15 Início do período de destrancamento de matrícula 2015/1
Dia 27-fev-15 Último dia para solicitação de trancamento total de matrícula 2014/2

EXPEDIENTE
Reitor: Márcio Silveira; Vice-reitora: Isabel Cristina Auler Pereira; Chefe de gabinete: Emerson Subtil Denicoli; Pró-reitora de Graduação: Berenice Feitosa da Costa Aires;
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação: Waldecy Rodrigues; Pró-reitora de Avaliação e Planejamento: Ana Lúcia de Medeiros; Pró-reitor de Extensão e Cultura: George
França; Pró-reitor de Administração e Finanças: José Pereira Guimarães Neto; Pró-reitor de Assuntos Estudantis e Comunitários: George Lauro Ribeiro de Brito; Diretor do
Câmpus de Araguaína: Luiz Eduardo Bovolato; Diretor do Câmpus de Arraias: Idemar Vizolli; Diretor do Câmpus de Gurupi: Eduardo Andrea Lemus Erasmo; Diretor do
Câmpus de Miracema: Vânia Maria de Araújo Passos; Diretor do Câmpus de Palmas: Aurélio Pessoa Picanço; Diretor do Câmpus de Porto Nacional: Juscéia Aparecida Veiga
Garbeline; Diretor do Câmpus de Tocantinópolis: Francisca Lopes; Prefeitura: Erich Collicchio.

ELABORADO E DESENVOLVIDO POR

presente!
Diretoria de Comunicação da Universidade Federal do Tocantins (Dicom) – Telefone: (63) 3232-8140 e-mail: comunicacao@uft.edu.br Direção: Celene Fidelis; Reportagens:
Samuel Lima, Thomas Müller, Paulo Aires e Vanessa Mesquita (estagiária); Revisão: Paulo Aires; Edição: Samuel Lima; Diagramação: Camila Carvalho (estagiária).
presente! 3

Novas cores para


novos tempos
A nova identidade visual da UFT chega para acompanhar a evolução da Universidade.

Por Thomás Müller professor e designer gráfico Fred Salomé, que folhas brotando que, em processo evoluti-

U
atua no curso de Comunicação Social da Univer- vo, floresceram e representam no brasão o
ma nova imagem para uma Ins- sidade. Ele conta que a necessidade de criação de tripé de atuação da Universidade: o ensino,
tituição que não para de crescer uma nova Identidade teve uma série de razões. a pesquisa e a extensão”, explica o designer.
e se transformar. A UFT está co- “As razões mais significativas e que, realmente, “Também o formato e peso das letras que
meçando a implementação de sua justificaram a mudança, foram a necessidade de compõem a sigla UFT, mesmo não sendo a
nova Identidade Visual – ou seja, o conjun- criar uma Identidade Visual capaz de abarcar uma mesma fonte, mantiveram a mesma estrutu-
to de elementos que representa visualmente Universidade com a estrutura e dimensão da UFT ra, porém tirando proveito dos princípios da
a Universidade. No pacote, estão incluídos e marcar a passagem dos 10 anos de uma Insti- Gestalt (figura/fundo, pregnância, preenchi-
uma nova logomarca, novas cores, um brasão tuição que estava ‘brotando’ [como sugeriam as mento, semelhança etc.) como perspectiva
e uma bandeira, entre outras novidades. folhas da logomarca anterior] para uma que se de atrair a atenção e reforçar a memorização
“consolida” em estruturas sólidas.” e lembrança dos símbolos.”
A nova proposta apresenta elementos como
a flor do jasmim-manga (fazendo a relação Para atingir essa meta, explica Salomé, foi de- De acordo com o professor, o processo de im-
entre os pilares essenciais da UFT - Ensino senvolvida “a implantação de um Programa plantação será feito gradualmente, para que não
Pesquisa e Extensão - e a natureza regional, de Identidade Visual que vai além de uma lo- haja desperdício do material produzido com o
a representação de elementos importantes gomarca, visando propor elementos, símbolos, símbolo anterior. “Além disso, a estrutura mul-
pelas cores escolhidas e a composição dos sistemas e processos que possam identificar e ticâmpus da UFT exige uma estratégia específi-
sete câmpus nos blocos que formam a sigla integrar a UFT em toda sua representação grá- ca e muito bem executada para que a mudança
da da Instituição. fico-visual.” Apesar de não se tratar de um re- se dê gradualmente. O objetivo não é ‘apagar’ a
design, a nova proposta não é totalmente desco- identidade anterior, mas respeitá-la percebendo
Aprovado em 28 de maio pelo Conselho Uni- nectada da anterior. “Ainda é possível identificar que ela representa parte de nossa história tanto
versitário, o projeto foi desenvolvido pelo como elemento referencial a cor verde com duas quanto a que se apresenta desde agora.”
4 presente!
Imagem: detalhe da obra Il dialogo , de Paul Delvaux

Pesquisa enfoca
gênero e memória de
mulheres
desterritorializadas
de um momento para outro suas casas, seus quintais, seus laços de sociabili-
dade com amigos, vizinhos e mesmo com parentes, causando um processo
de desterritorialização não só nas questões materiais, mas principalmente das
suas memórias, dos seus laços sociais que somente as mulheres valorizam”.

A pesquisadora destaca ainda que o trabalho oportuniza discussões em torno


Por Samuel Lima
não apenas dos reflexos ambiental e econômico gerados a partir da construção

O
desses empreendimentos, mas também deve-se pensar acerca de questões so-
ciais como o aumento da prostituição (fomentada a partir da vinda de muitos
s efeitos sociais advindos da construção de hidrelétricas no Tocan- homens para trabalhar nas obras) e também como o reassentamento de pessoas
tins - especialmente a Usina Luís Eduardo Magalhães (UHE Lajeado), para velhas afeta seu modo de vida, porque muitas vezes a terra que deixa para trás,
além dos reflexos econômicos, são fruto de um estudo da professora Têmis inundada, é parte da sua própria vida. “Existe também o impacto nas mulheres
Parente, do curso de História do Câmpus de Porto Nacional. O trabalho da pescadoras que perderam o local em que pescavam nos leitos dos rios e que
pesquisadora foca-se especialmente nas mulheres reassentadas (foram rema- agora moram longe do reservatório e não podem mais exercer essas atividades.
nejadas, ao todo, 363 famílias de 12 assentamentos) e o sentimento de perda Essas atividade da pesca para as mulheres não era somente como atividade
das terras, e também do modo de vida, com a inundação gerada a partir da econômica, mas também como lazer para toda a família”, ressalta.
elevação das águas.
Têmis enfatiza que o trabalho se estenderá, agora por conta de projetos aprova-
Têmis destaca, em artigo publicado na revista ArtCultura (v. 9, n. 14, p. 99- dos no CPNq, para a região do Bico do Papagaio, com comunidades atingidas
111, jan.-jun. 2007) que as memórias destas mulheres são “permeadas pela pela construção da UHE de Estreito. “Vamos pesquisar o processo de empode-
saudade de um espaço que já não existe mais e ganham contornos de gênero, ramento ou não das mulheres que se tornaram lideranças a partir do momento
não somente por serem lembradas por mulheres, mas, principalmente, por se em que os problemas foram surgindo com a construção da Usina”, revela. O
reportarem a lugares e tempos que, costumeiramente, são definidos nas rela- impacto na pesca - para a população feminina - é um dos exemplos também
ções como próprios de mulheres”. de abordagem a ser realizada nesse novo ciclo de estudos. “O projeto também
faz parte de uma rede de pesquisadores da Região Norte que pesquisam as
Segundo Têmis, a invibilidade das mulheres nas discussões e planejamento relações de gênero nas usinas do Rio Madeira e outras Usinas que estão em
dos grandes projetos desenvolvimentistas - no caso das UHEs - foi o que a processo de construção nos rios da Amazônia”, frisa.
motivou a pesquisar as memórias dessas mulheres reassentadas. “Nessas dis-
cussões, não levam em conta as perspectivas de gênero, perspectivas essas Têmis Parente é doutora em História pela Universi-
que são diferentes para homens e para mulheres”, pontua. Ela destaca ainda dade Federal de Pernambuco, tem mestrado em His-
que a pesquisa teve início com mulheres desterritorializadas do antigo Pinhei- tória pela mesma instituição e graduação em História
Foto: Divulgação

ros, que ficava às margens do Rio Tocantins, em Porto Nacional, hoje Novo pela Universidade Federal do Piauí. É pós-doutora
Pinheirópolis, às margens da rodovia federal que liga Porto à Belém-Brasília pelo Cedeplar/UFMG (2010) e atualmente é professo-
(BR-153). “Essas mulheres junto com toda sua família tiveram que abandonar ra Associada II da UFT.
presente! 5
Excelência em pesquisa
será premiada na UFT (Foto: Ascom UEG, Divulgação)

Por Samuel Lima

Com a finalidade de destacar os professores pesquisadores da UFT, a


instituição lançou em setembro último o “Prêmio Hilton Japiassu de
Excelência em Pesquisa”.

O lançamento ocorreu no auditório do Bloco IV, no Câmpus da UFT em


Palmas, com a presença do reitor Márcio Silveira, da vice-reitora Isabel
Auler, do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Waldecy Rodrigues, e
do diretor de Pesquisa, Adriano Oliveira.

O Prêmio, que será bianual, tem duas categorias: a de Jovem Pesqui-


sador - para professores que sejam doutores com menos de cinco anos
de titulação; e a de Pesquisador Sênior - para aqueles que tenham, no
mínimo, cinco anos de titulação. O Prêmio distribuirá certificados, tro-
féus e placas de homenagem a serem concedidas ao pesquisador ven-
cedor do certame.

Mérito - O nome da premiação é uma forma de homenagear o emérito Hilton Japiassu esteve na UFT em março, em palestra sobre Transdisciplinaridade
professor Hilton Japiassu, que passou infância e início da adolescência em sas obras da língua francesa, incluindo livros do filósofo Paul Ricoeur,
Porto Nacional. Tornou-se, como pesquisador, no mais importante nome considerado o maior filósofo da atualidade.
brasileiro na área de epistemologia das Ciências Humanas. Seus livros,
publicados por diversas editoras nacionais, tornaram-se referência na área No último mês de março o professor Hilton Japiassu esteve na UFT pro-
e até hoje são reeditados, mesmo depois de sua aposentadoria pela Univer- ferindo palestra sobre “O desafio da transdisciplinaridade na universidade
sidade Federal do Rio de Janeiro. Japiassu, que tem Pós-Doutorado pela brasileira”. Você pode conferir matéria completa sobre sua estada na UFT
Université des Sciences Humaines de Strasbourg (França), traduziu diver- no link a seguir - http://bit.ly/13h2xv5.

Fomento à produtividade com bolsa para pesquisadores


(Foto: Vanessa Mesquita)
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação também lançou, simultane-
amente com o Prêmio Hilton Japiassú, o Edital de Abertura da Bolsa de
Produtividade em Pesquisa da UFT. As inscrições, tanto para concor-
rer à Bolsa quanto ao Prêmio, foram iniciadas em 1º de outubro e o Edi-
tal com o resultado e outros documentos pode ser conferido no endereço
http://bit.ly/1AlewVE.

O Programa oferta 20 bolsas para pesquisadores e técnico-administrativos,


no valor de R$ 1 mil mensais, por 12 meses, com possibilidade renovação
por mais um ano. As bolsas serão concedidas nas modalidades “Produtivida-
de em Pesquisa (PQ)” e “Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e
Extensão Inovadora (DT), sendo que o postulante não pode ser bolsista em
produtividade pelo CNPq.

A classificação dos projetos foi por grandes áreas do conhecimento - Ciências


Agrárias; Ciências Biológicas/Saúde; Engenharias, Ciências Exatas e da Ter-
Lançamento dos editais ocorreu no auditório do Bloco IV, em Palmas ra; e Ciências Humanas, Sociais Aplicadas e Letras. (S.L.)
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Foto: Divulgação

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Direitos Humanos (CDH) e outras entidades. Du-
rante o evento enfocaram-se aspectos marcantes

U
da Ditadura no então Norte Goiano (hoje Tocan-
m dos períodos mais nebulosos da his- tins), como a Guerrilha do Araguaia. Professores
tória recente do Brasil - o da Ditadura da UFT proferiram palestras no evento e também
Militar, que teve início com o Golpe coordenaram oficina sobre o período de repressão.
de 64 - tem sido mote, durante este Também foi exibido um filme alusivo à questão.
ano, para diversas ações na Universidade, como Em quase todos os câmpus foram exibidos filmes Seminário realizado no auditório da Assembléia Legislativa em Palmas
a exibição de filmes, exposições de fotos, pales- e realizadas programações lembrando a data. abordou aspectos marcantes do período de Ditadura na região do TO.

tras, seminários e eventos culturais. Em Araguaína


ocorreu nos dias 7 e 17 de novembro e 3 de de- Em Tocantinópolis, o Cineclube tem dedicado à
zembro o evento “Cidadania e Cultura em Época temática da Ditadura um amplo espaço, por meio Pesquisas - Uma das pesquisas de destaque sobre
de Ditadura: 50 anos depois do golpe de 1964”, de parceria com o projeto de pesquisa do professor a ditadura na região do hoje Tocantins é o da pro-
realizado pelo Colegiado de História daquele câm- César Alessandro Sagrillo Figueiredo, do curso de fessora Patrícia Mechi, do colegiado de História
pus em parceria com o Observatório de Leitura e Ciências Sociais. Filmes como “Batismo de San- do Câmpus da UFT em Porto Nacional. Sua tese
Inovações Tecnológicas para Educação no Tocan- gue”, “O Ano em que meus pais saíram de férias” de doutorado foi premiada ano passado no prêmio
tins - UFT/CNPq. e “O que é isso companheiro” são algumas das pe- Memórias Reveladas, promovido pelo Arquivo
lículas que instigam, após a exibição, o debate com Nacional do Ministério da Justiça. A pesquisa da
Ocorreram mesas-redondas sobre “Memória, resis- os participantes a cada edição do Cineclube. Ainda professora de Porto Nacional intitula-se “Prota-
tência e cidadania: 50 anos depois do golpe de 1964” com exibição de filmes, o projeto “Cinema pela gonistas do Araguaia: trajetórias, representações e
(dia 7 de novembro) e “Ensino de História, leitura Verdade” foi executado nos câmpus de Araguaína, práticas de camponeses, militantes e militares na
e imprensa durante a Ditadura Militar” (dia 17 de Miracema e Palmas, com filmes abordando o perí-
novembro) e no dia 3 de dezembro foram desen- odo de repressão militar.
Imagem: Extraída do Wikipedia

volvidas atividades histórico-culturais sobre as ma-


nifestações artísticas na época da Ditadura Militar.

Ainda em dezembro ocorreu, em Porto Nacional Foto: Portal do Professor/MEC

a “Semana por Memória, Verdade e Justiça no To-


cantins”, com palestras, mesas-redondas, grupos
de discussão e lançamento de um documentário
(“Labirinto de Papel”, em Palmas). O evento, or-
ganizado pelo Centro de Direitos Humanos de Pal-
mas (CDHP) contou com apoio do curso de Histó-
ria do Câmpus da UFT em Porto Nacional.

Em março ocorreu, em Palmas, o seminário “1964,


50 anos depois: Ditadura no Brasil, para que não
se esqueça, para que nunca mais aconteça”, por
Região do antigo Norte Goiano, Maranhão e Pará onde ocorreram os
meio de parceria da Universidade com o Centro de Xambioá foi um dos cenários do confronto entre militares e guerrilheiros principais conflitos da Guerrilha do Araguaia
TEMPONOITE – Pedro Tierra

E sobreveio um Tempo sem entranhas.


Anos de pedra espessa,
dias de muro e medo:
Em Tocantinópolis o professor César Alessandro
a morte invadiu
Sagrillo Figueiredo tem promovido, por meio de
com seus exércitos
sua pesquisa “Memória, imaginário social e político o espaço aberto das ruas
guerrilha” e foi defendida no Programa de Pós- na região do Bico do Papagaio: o caso da Guerrilha
do Araguaia”, audiências públicas com a popula- e o silêncio das armas
-Graduação em História da Pontifícia Universida- sepultou com seus ferros
de Católica de São Paulo (PUC-SP). ção de cidades onde houve atuação dos militares e
e o manto verde-oliva
guerrilheiros, como Xambioá (TO), São Geraldo do os ossos dos meninos trucidados.
O trabalho valeu-se de mais de mil páginas de do- Araguaia (PA), Marabá (PA) e Porto Franco (MA).
E os coveiros do Continente
cumentação militar que estava de posse do general estenderam seu império
Antônio Bandeira - que atuou na repressão contra O trabalho objetiva trabalhar a “memória po-
de delatores,
os guerrilheiros - e também de entrevistas com ex- lítica da Guerrilha do Araguaia junto a po-
-guerrilheiros, um deles Zezinho do Araguaia (foto pulação local, dialogando, principalmente, carrascos,
acima), hoje radicado em Goiânia (GO). A pesqui- com a narração oral dos moradores destas ci-
elegantes assassinos
sa nasceu devido a questionamentos de alunos so- dades que serviram de base de sustentação
de farda impecável
bre o período de repressão militar e à falta de estu- da Guerrilha do Araguaia”, diz a pesquisa. e coturnos reluzentes,
dos sobre o assunto na região do Tocantins. A ação
até o porão das fábricas,
resultou no projeto de pesquisa que envolveu gra- a marcha dos retirantes,
duandos e também estudantes de pós-graduação. os barracos das favelas,
Foto: Samuel Lima (Arquivo Pessoal) os bancos das escolas,
Outro projeto de pesquisa é o do professor Eucli- os sonhos dos saqueados,
des Antunes de Medeiros. Ele é do colegiado de até a última fresta
História do câmpus de Araguaína e tem trabalhado onde a boca dos humanos
com a digitalização e pesquisa no acervo da Co- passasse ao humano ouvido
missão Pastoral da Terra (CPT) de Xinguara (PA). palavras de rebeldia.
O trabalho também envolve estudantes do curso E a noite pensou de si mesma
de História do câmpus de Araguaína. Medeiros diz que era um Tempo sem prazo,
que ainda há muito para ser contado em relação ao sem passado, sem futuro,
período da Ditadura. “Com o tempo e com a mu- um Tempo que se bastava,
da própria dor se nutria.
dança no sentimento de medo, as pessoas tenderão
a contar mais sobre este período”, diz o pesquisa- Os olhos da Noite cega
dor. não viram fagulhas saltando
na alma das oficinas,
Zezinho do Araguaia, foi um dos entrevistados da professora Patricia
Foto: César Alessandro Sagrillo Figueiredo (Arquivo Pessoal)
não viram tochas ardendo
na marcha dos retirantes,

não viram os favelados


recriando o fogo vivo
nas estações depredadas,

e os olhos dos estudantes


clareando de esperança
as ruas submetidas.

Os olhos da Noite cega,


não viram o sonho do Povo
reacendendo fogueiras
no ventre da escuridão
enquanto busca romper
as turvas candeias do sol
E amanhecer!

(Presídio Político de
São Paulo, maio de 1975)

Leia mais sobre Pedro Tierra na página 8


Projeto de pesquisa promove audiências públicas em cidades do Norte do Tocantins abordando a temática da Guerrilha do Araguaia
8 presente!

Pedro Tierra
Por Paulo Aires Marinho
Poesia e resistência
Uma poesia que nasce num tempo soturno, da dor subterrânea, de mostrar os versos de Pedro Tierra a Giuseppe Ungaretti, a
do grito proibido, do verbo estilhaçado na garganta, do corpo e do es- T. S. Eliot, a Stephen Spender.” O crítico literário Tristão de
pírito profanados nas ruas e praças e masmorras país adentro, essa po- Athayde destacou: “Assim como Garcia Lorca ficou gravado
esia é voz que traduz o inarredável apelo de liberdade de uma gera- na história literária da Espanha como o poeta da resistência
ção, canto tecido sob o signo do humano – ideais acesos interrogando espanhola ao terrorismo franquista, esse jovem brasileiro de
a vida vilipendiada, diuturnamente. Assim se revela a obra do tocanti- nome espanhol ficará provavelmente como a maior expressão
nense Pedro Tierra, filho de Porto Nacional, poeta solidário e militante poética da resistência ao terror ditatorial dos nossos últimos
político cuja obra iludiu grades e muros e ganhou mundo. Este autor é quinze anos.”
testemunha de que o terror pode deixar cicatrizes no corpo e na memó- “Venho falar/ pela boca de meus mortos./ Sou poeta-testemu-
ria, mas não consegue aniquilar a fogueira dos sonhos irrenunciáveis. nha,/ poeta da geração de sonho/ e sangue/ sobre as ruas de meu
Entre tantos outros livros, Pedro Tierra escreveu, nos cárceres da ditadura mili- país”, escreveu no poema de abertura do livro. Obra que continua
tar, Poemas do povo da noite, um livro de memória e denúncia, imprescindível imprescindível, 50 anos depois do desastroso 1º de abril de 1964.
à história de luta do povo brasileiro – um monumento literário de resistência às Parcerias - Na trajetória literária, é parceiro de sujeitos im-
atrocidades do regime militar. Tierra foi preso em 1972, quando tinha 24 anos, portantes, como Pedro Casaldáliga, Milton Nascimento e
e cumpriu cinco anos de reclusão. Abandonou a vida acadêmica para se dedicar Martin Coplas, na produção dos trabalhos: Missa dos Quilom-
à luta contra a ditadura militar. Foi torturado. Conheceu e conviveu de perto bos e Missa da Terra sem Males. Com o artista plástico Siron
com a morte, dentro e fora dos presídios pelos quais passou. Franco, fixou, em Brasília, uma homenagem

tando nas causas pelas quais sempre viveu e lutou. “A poesia


É um sobrevivente. Continua escrevendo, sonhando e apos- ao índio pataxó Galdino dos Santos. E com
Oscar Niemeyer, firmou um monumento aos

reira da Silva adotou para driblar os agentes da re- é o escândalo


Bic - Pedro Tierra é o pseudônimo que Hamilton Pe- trabalhadores rurais sem-terra assassinados
na curva do S, Eldorado dos Carajás (PA).
pressão sobre a verdadeira identidade do autor da-
queles versos concebidos no calabouço. Os poemas, da palavra.” mais esquecer suas origens. Solidário. Es-
Sempre atento às causas sociais e sem ja-

escritos em pequenos papéis de maço de cigarro, sa- creveu o livro Dies Irae – Oito testemu-
íam da prisão pelas mãos do padre Renzo Rossi e do nhos indignados e uma ressurreição, em
advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, dentro de canetas Bic amarelas. que denuncia crimes cometidos contra trabalhadores ru-
“Sou o poeta/ dos torturados,/ dos “desaparecidos”,/ dos atirados ao rais e líderes de movimentos sociais. Costuma dizer que “a
mar,/ sou os olhos atentos/ sobre o crime”, declara no Poema-Prólogo. poesia é o escândalo da palavra”. Dedicou um longo poema
O livro foi editado primeiro na Espanha, cuja edição recebeu Menção narrativo à memória do estudante paulista Ruy Carlos Viei-
Honrosa da Casa de las Américas (Cuba). Anos depois, traduzido para ra Berbert, morto pela repressão, na cidade de Natividade
o alemão, italiano, francês e inglês. Ainda em 1978, uma revista alemã (TO), em 1971, obra em que também faz alusão ao misticis-
publicou alguns poemas de Pedro Tierra em conjunto com textos de ou- mo (labirinto de pedra-canga) de dona Romana. “O labirin-
tros autores brasileiros, sob o título de “Um novo céu – Uma nova ter- to nunca se entrega por inteiro/ Recusa desvendar a matéria
ra”. Somente em 1979, após conhecido na Europa e países da América dos anjos./ Decifrar a dor dessa noite de algemas e facas/ e
Latina, “Poemas do povo da noite” chega ao Brasil. Em 2009, foi re- golpes e vultos e o voo desse corpo/ na ponta da corda...”.
editado para lembrar trinta anos da primeira Outro livro que abarca a memória tocantinense é O Por-
edição brasileira e trinta anos da Anistia. to Submerso, sobre o rio Tocantins e a cidade de Porto
No prefácio de Poemas do povo da noi- Nacional. “Um rio quando barragem/ tem a espinha que-
te, Pedro Casaldáliga afirma: “Um ho- brada,/ vira um rio paralítico/... Um rio quando barragem
mem comprometido com o Povo até à anoitece/ as manhãs que cultivava...”. Passarinhar é ou-
tortura, até à morte sempre iminente, tra obra voltada exclusivamente para personagens de Por-
não podia cantar de outra maneira. to Nacional e elementos da cultura popular tocantinense.
Por isso são verdadeiros estes ver- Honoris causa - Pedro Tierra, poeta do Povo da Noite
Pedro Tierra

sos, e comprometidos e comprome- e do Povo do Dia, tão nosso e tão universal, recebeu, no Inventar o fogo
tedores.” O jornalista Cláudio dia 15 de dezembro de 2014, da Universidade Federal do
Abramo, num artigo de 1981, Tocantins, o título de Doutor Honoris causa. Em seu dis-
manifestou a grata surpresa curso, além de ressaltar a importância do ensino público, o
Foto: Elza Fiúza/ABr

de descobrir a obra do poeta ressaltou que sentia-se honrado, por receber o título
jovem poeta ex-preso pela primeira vez, de uma universidade pública. (Colabo-
político, e que “gostaria rou Samuel Lima)
A Experiência do presente! 9

Cineclubismo na UFT Por Samuel Lima

A
cena é cada vez mais frequente: o aluno

Foto: João Batista Félix/Divulgação


chega na universidade e encaminha-se
para o auditório; apagam-se as luzes e
inicia-se a projeção de um filme; termi-
nada a exibição, passa-se à discussão do mesmo,
sob orientação de um mediador. O uso de filmes
para reforçar ou fomentar a discussão acerca de
temas os mais diversos no meio acadêmico, no
câmpus da UFT em Tocantinópolis, deu tão certo
que chegou a ter dois cineclubes atuando simulta-
neamente - um para público adulto e outro para o
público infantil.

A atividade de cineclubismo na UFT é institucio-


Após a exibição do filme segue-se debate sobre a temática
nalizada. Em 24 de outubro de 2006, a Portaria
de nº 153 tornou a prática uma atividade de ex-
tensão, ou seja, uma ação institucional. O mo- um grupo de pessoas interessadas e independen-
vimento cineclubista no Brasil tem mais de 50 tes. O que faz com que o Cineclube na UFT te-
anos, segundo informa o professor João Batista nha um novo caráter, pois ele é uma atividade
de Jesus Félix, responsável pelo Cineclube em institucional”.
Tocantinópolis. “O cineclubismo sempre teve
como principal característica ser uma iniciativa Na Capital, o Cineclube como atividade de ex-
da sociedade civil”. Ele acrescenta que “o Cine- tensão tem sido realizado desde fevereiro des-
clube contribui significativamente para uma me- te ano (ver foto abaixo), com a exibição de um
lhor compreensão de conteúdos repassados pelos documentário no Hall da Biblioteca Central. Se-
professores, e que incluam a ferramenta”. gundo o professor Gustavo Henrique, do curso
de Artes e responsável pelo Cineclube em Pal-
O professor pontua que desde a década de 70, mas, o cronograma de exibição está sendo re-
durante o Regime Militar, havia cineclubes em formulado para que, no câmpus da Capital, haja
Sindicatos, Associações de Amigos de Bairros, pelo menos uma exibição por mês.
Organizações dos Movimentos Populares e em
universidade, quer federais, estaduais, municipais Em Miracema, as ações relacionadas com cine-
ou particulares. “Em todos estes espaços a res- clubismo têm acontecido geralmente por meio
ponsabilidade de garantir as exibições dos filmes de parceria da UFT com os idealizadores do
e posteriores discussões sempre foi assumida por Festival de Cinema e Vídeo do Tocantins (Mira-
gem). Várias ações têm marcado a parceria que
Foto: Acervo Dicom utiliza, em vários momentos, o auditório da Uni-
versidade para a exibição de filmes.

Em Arraias, segundo o professor João Nunes, do


colegiado de Pedagogia e responsável pelo pro-
jeto no câmpus, intenta-se promover ao menos
duas sessões por mês, ressaltando que a ideia é
ampliar a ação do Cineclube com sessões fora da
Universidade.

Acervo - A diretoria de Cultura da Pró-Reitoira


de Extensão e Cultura da UFT informa que tem
apoiado as ações relacionadas com o cineclubis-
mo na UFT e ressalta que há, inclusive, acervo
Exibição de documentário marcou a reestreia filmográfico (videoteca), para atender aos inte-
do Cineclube em Palmas ressados.
10 presente!

Projeto ensina e incentiva


a coleta de pilhas e baterias
Por Samuel Lima Pontos de Entrega Voluntária

J
Fotos: José Filho de Materiais Recicláveis
á é tradição no curso de Engenharia Ambien-
Câmpus da UFT em Palmas
tal, no câmpus da UFT em Palmas: os calouros
Pilhas e baterias
participam do projeto “Desafio Integrador” e Endereço: 109 Norte, Av. NS-15 ALCNO-14, Blocos: B,
são convocados a ingressar em uma gingana que BALA II, Anfiteatro e Biblioteca.
Contatos: (63) 3232-8021
objetiva coletar a maior quantidade possível de pi-
lhas e baterias usadas. O material é depositado em Associação de catadores de Materiais Recicláveis da
coletores próprios e, ao final da gincana, pesado Região Norte de Palmas - Ascampa
Papel, papelão, plástico, vidro, isopor e alumínio
para saber qual equipe foi a campeã.
Endereço: 407 Norte, AV LO 10, Lote 02 e 03.
Contato: (63) 9953-2103 / 3224-4819 / 9218-0513 / 8431-
Iniciado em 2011, o projeto já arrecadou mais 5017
de 350 quilos de material reciclável, segundo o
Cooperativa de Produção de Recicláveis do Tocantins -
professor-tutor do Programa de Educação Tuto- Cooperan
rial do curso (PET EngAmb), Juan Carlos Valdés Papel, papelão, plástico, vidro, isopor e alumínio
Endereço: Setor Eco-Industrial de Palmas.
Serra. “É uma forma de tornar os novos acadê-
Contato: (63) 9966-0452
micos divulgadores da ideia da reciclagem”, diz.
Collect – Reciclagem de Óleo Vegetal
Óleo vegetal
Serra enfatiza que baterias e pilhas são considera- Projeto já recolheu cerca de 350 quilos de pilhas e baterias usadas
Endereço: Setor Eco-Industrial de Palmas, (próximo á
dos materiais perigosos para o meio ambiente, por o descarte de materiais como pilhas e baterias Rodoviária).
conterem metais pesados e outros componentes de (Resolução n° 401, de 4 de novembro de 2008). Contato: (63)8424-2547 / 8119-3333
difícil assimilação na natureza e por ter efeito acu- Coletores - O professor Serra conta que até a cons- Quartetto Supermercado (Palmas Shopping)
mulativo, provocando degracação e também pro- trução dos quatro coletores que fazem parte do Papel, papelão, plástico, vidro, isopor e alumínio
blemas de saúde em humanos e animais. projeto foram utilizados materiais que iriam para Endereço: 101 Sul, Rua NSA, CJ 02, Lt. 10.
Contato: (63) 3232-8800
o lixo. “Usamos quatro tubos de PCV, colcamos
O bolsista do PET EngAmb, Daniel Fernandes, tampa, pintamos e criamos um visor para o nível NS - Coleta e Reciclagem de Lixo Eletrônico
que está no quarto período do curso de Engenharia de material existente nele”. Ele conta que as pesso- Compramos: Computadores, celulares, placas diversas,
memórias, processadores e cabos de redes
Ambiental, ressalta que a atividade realizada com as, espontaneamente, observam o nível de material Contato: (63) 8473-9119 / 8448-9622
os calouros promove e motiva os novos universitá- existente nos coletores e trazem suas baterias e pi-
rios quanto ao impacto ambiental desses materiais. lhas usadas para colocar nos recipientes. Diretoria de Meio Ambiente da Secretaria Municipal de
Meio Ambiente e Serviços de Palmas
“Além de conscientizá-los quanto ao que vão tra-
Papéis, metais, vidros e plásticos
balhar no decorrer do curso”, complementa. No câmpus da UFT em Palmas os coletores estão Endereço: AV Teotônio Segurado Esquina com a LO-09,
instalados no Bloco B, na Biblioteca, no prédio Área verde, sem numero.
Contatos: (63) 3218-5476
A ação do PET também permite que a Univer- Bala II e também no Bloco D (Anfiteatro). Serra
sidade cumpra a resolução do Conselho Nacio- enfatiza que todo o material coletado é recolhido Associação Ação Social São Pedro de Palmas
nal do Meio Ambiente (Conama) que normatiza por uma empresa (NS - Coleta e Reciclagem de Reciclagem de óleo vegetal
Endereço: 307 Norte, Al 21, APM Q2, S/N.
Lixo Eletrônico) que então o remete para outra Contatos: (63) 8453-1204 / 3224-7876
empresa especializada no tratamento desse tipo de
resíduo, em São Paulo. Supermercado Extra
Pilhas e celulares
Endereço: Qd. 402 Sul, Av. LO 11, N° 1221.
Em Palmas, além da UFT, existem pelo menos Contatos: (63) 3217-7200
outros nove locais que promovem o recolhimento
Sociedade São Vicente de Paulo
de vários tipos de material reciclável, desde pilhas Doação de roupas, sapatos, materiais escolares e pedagógi-
e baterias a papel, papelão, plástico, vidro, isopor, cos, móveis usados (buscamos as doações)
alumínio, óleo vegetal, computadores, componen- Endereço: 108 Norte, Al 02, Lt. 06.
Contatos: (63) 3218-8300 ccicpssv@brturbo.com.br
tes eletrônicos diversos, móveis usados e até rou-
Projeto já recolheu cerca de 350 quilos de pilhas e baterias usadas
pas e sapatos usados. (veja tabela ao lado) Fonte: Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (Semades)
presente! 11

Mostra tem participação de


acadêmicos-artistas da UFT
Por Vanessa Mesquita

Fotos: Divulgação/Sesc
Desde tempos pré-históricos o desenho é uma for-
ma de expressão com diversas cargas informati-
vas. Os anos passaram e o que antes era até mesmo
uma forma de ritual místico, se tornou acima de
tudo uma maneira de expressar artisticamente pen-
samentos, conhecimento, desejos e ideias.

Para incentivar ainda mais essa prática no Esta-


do do Tocantins, a Galeria do Sesc de Artes em
Palmas promoveu a Mostra de Desenhos, Quadri-
nhos, Cartuns e Cia com exposições de vários ti- senhos expostos na Mostra. Ela conta que o que
pos de desenho e oficinas para os interessados em aprende em aula influencia bastante no seu próprio
aprender e/ou aperfeiçoar a prática. Alguns estu- estilo de desenho, “Você conhece algum artista
dantes da UFT participaram ativamente da mostra. que você curte muito e o traço dele te influencia
e você segue tentando atingir esse nível, depois
Camila Carvalho, aluna do Curso de Arquitetura conhece outro que desenha pra caramba, e acaba
e Urbanismo ministrou a oficina de Ilustração de misturando os traços e tornando o seu mesmo”.
Texto, “O que as pessoas chamam de dom, é práti-
ca.”, diz ela. Orgulhosa do resultado da oficina ela Mexwendell Gomes de Ciências da Computação
defende a importância de aprender técnicas dife- além de ministrar a oficina de mangás e ter seus
rentes, “É bom ter certo domínio e escolher a partir desenhos expostos, também teve um curta-metra-
daí qual é a sua praia. Em certos casos a originali- gem produzido por ele em exibição. Além deles,
dade pode ser suprimida pela falta de conhecimen- Letícia Bonnato, Jully Anna Santos e Geuvar Oli-
to”, defende a desenhista. veira, também tiveram participação na mostra.

Cabrones - Outros cursos também tiveram seus A exposição tal como as oficinas já acabaram, mas
representantes, como é o caso de Mayara de durante todo o ano os alunos da UFT estão presen-
Medeiros, do Curso de Artes. Além de aluna da tes em amostras artísticas de todo o tipo, demons-
Universidade ela integra o grupo de desenhistas trando principalmente a criatividade dos universi-
tocantinenses “Os Cabrones”, e teve alguns de- tários em relação ao mundo em que vivemos.
12 presente!

# Selfie Por Samuel Lima


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uftpresente@uft.edu.br

Você faz?
Há quem diga que é um modismo e que logo passará. Outros dirão que é um aperfeiçoamento gerado pela informa-
tização e veio para ficar. De certo, mesmo, é que o ato de fotografar-se, o autorretratar-se, a conhecida e atual selfie
(termo inglês que designa o autorretrato postado em redes sociais) é uma mania que tem ultrapassado todas as fron-
teiras, e não apenas na Terra, mas até no espaço.

Ano passado a palavra ‘selfie’ foi eleita pelos editores do dicionário britânico Oxford, como a palavra do ano, regis-
trando um acréscimo de 17.000% em citações desde o ano anterior (2012). A professora do curso de Comunicação
Social da UFT (Palmas), Liana Vidigal, que estuda mídias sociais, diz que a prática da selfie não é nova. “Teve início
com o desenho e a pintura de autorretratos, evoluiu com a descoberta da fotografia e ganhou força na era digital. A
selfie pode ser classificada como uma mera forma de expressão da personalidade em determinados momentos ou
situações importantes”. A professora destaca que “ao tirar uma selfie, você está no comando. A luz, o ângulo, a pos-
tura, o ambiente, por exemplo, são controlados pelo autor”, diz.

E não importa o lugar. Pelo visto, a mania do autorretrato, quer em meio digital ou analógico, faz parte da vontade
humana de se mostrar. Como exemplos disso podemos citar o astronauta Buzz Aldrin, em pleno espaço em 1966
e o apresentador de programas de aventura, George Kouronnis, que resolveu fazer um autorregistro fotográfico á
beira de um vulcão. Até o pintor Leonardo da Vinci retratou-se, assim como muitos outros - à exemplo de Delacoix
(Ferdinand-Victor-Eugène Delacroix) e Vincent Van Gogh. A estudante de Enfermagem Gabriele Ferreira, a selfie é
uma forma espontânea de tirar fotos. “Vou tirar uma selfie, vou mostrar o que estou fazendo [para os amigos da rede
social]. Aí você vai, dá um sorriso; quando você está triste manda um snap com uma carinha triste. Eu acho que [a
selfei] é uma forma de mostrar o que você está sentindo na hora”.

Para psicólogos, existem basicamente três grupos de pessoas que fazem selfies. O primeiro seria formado pelos
exibicionistas, como os que querem mostrar para todos os resultados das atividades físicas; as pessoas que que-
rem demonstrar seu estado de espírito (felicidade, tristeza, decepção, etc.) comporiam um segundo grupo; e por fim
aqueles que gostam de mostrar o lugar onde estão, desde que o lugar não tenha mais importância que o fotografado.
Quando a foto é de um lugar é paradisíaco, de causar inveja aos amigos, já é chamada, na web, de braggie - a selfie-
-ostentação!

A psicóloga e professora da Universidade de Brasília (UnB), Eliana Mendonça Vilar, diz que o modismo faz parte do
ser humano e está ligado à forma como queremos ser vistos e à sensação de pertencimento a determinado grupo.
Segundo ela, o que preocupa os psicólogos é quando a pessoa fica muito dependente da apreciação do outro. “Mui-
tas vezes é uma maneira de escapar da solidão, de um vazio existencial”, diz. Uma entrevista completa com ela sobre
o assunto pode ser baixada em áudio da Rádio da EBD, no endereço http://bit.ly/1J42GmI.

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