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Mais sobre
Revistas Científicas
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CENGAGE LEARNING EDIÇÕES LTDA.
Gerente Editorial: Patricia La Rosa
Editora de Desenvolvimento: Danielle Mendes Sales
Supervisora de Produção Editorial: Fabiana Albuquerque
O Sueli Mara Soares Pinto Ferreira c Maria das Graças Targino Moreira Guedes (organizadoras), 2008
Sumário
2
2 S.P.M. Miúeller, “O círculo vicioso que prende os periódicos nacionais”, em Datagramazero,
dezembro de 1999, disponível em http://www.dgz.org.br/dez99/F I art.htm.
3
Simon Schwartzman, Formação da comunidade científica no Brasil (São Paulo/Rio de Janeiro:
Nacional/Finep, 1979).
PREFÁCIO
q
MAIS SOBRE REVISTAS CIENTÍFICAS: EM FOCO A GESTÃO
Roger Chartier, A aventura do livro: do leitor ao navegador (São Paulo: Unesp, 1999), p. 9.
Disponível em http://www.ibict.br/.
Lena Vania Ribeiro Pinheiro, “Evolução da comunicação científica até as redes eletrônicas e o
periódico como instrumento central deste processo”, cit.
12
PREFÁCIO
Emir Suaiden
Professor doutor em ciência da informação.
Diretor do Instituto Brasileiro de Informa-
ção em Ciência e Tecnologia.
13
Parte I
Como desenvolver e viabilizar
a revista científica
Redação deartigo
técnico-científico: a pesquisa
transformada em texto
Maria Mércia Barradas « Maria das Graças Targino
Introdução
No ambiente acadêmico e científico cresce, a cada dia, a pressão para
publicar, incentivada pela competição — alimentada pelos sistemas de avalia-
ção vigentes nas instituições de ensino superior (TES) e de pesquisa, no âmbi-
to do Brasil. As agências de fomento, por seu turno, participam ativamente
desse processo de cobrança, pois os recursos são distribuídos, teoricamente,
com base na produtividade científica individual e institucional. A famosa
expressão publish or perish, controversa per se, marca presença em discussões
e eventos acadêmicos, uma vez que, ao mesmo tempo que serve de estímulo à
produção, é responsável, pelo menos em parte, por diferentes mazelas, como:
* Intensa proliferação de revistas técnico-científicas, com títulos que sur-
gem, interrompem, morrem e ressurgem, num ciclo quase anárquico.
Às vezes, pretendem atender aos anseios de grupos isolados, publican-
do, sobretudo, artigos dos membros do próprio comitê editorial. Às
vezes, resultam de disputas departamentais, quando se buscam estabe-
lecer distinções de qualidade via publicação “científica”. Às vezes, sur-
gem para acolher recomendações das agências financiadoras referentes
à produção científica: o temor de não conseguir aprovação nas “gran-
7
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
" A, Adami & P. Z. Marchiori, “Autoria e leitura de artigos por docentes pesquisadores: motivações
e barreiras”, em S. M.S. P. Ferreira & M. das G. Targino, Preparação de revistas científicas: teoria
e prática (São Paulo: Reichmann & Autores, 2005), pp. 73-100.
L. Gollogly & H. Momen, “Ethical Dilemmas in Scientific Publication: Pitfalls and Solutions for
Editors” em Revista de Saúde Pública, edição especial, nº 40, São Paulo, agosto de 2006, pp. 24-29.
A. L. Packer e R. Meneghini, “Visibilidade da produção científica”, em D. A. Aguiar ct al. (orgs.),
Comunicação & produção científica: contexto, indicadores e avaliação (São Paulo: Angellara, 2006),
pp.235-259.
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REDAÇÃO DE ARTIGO TÉCNICO-CIENTÍFICO
19
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
20
REDAÇÃO DE ARTIGO TÉCNICO-CIENTÍTICO
2 Apud R. Barrass, Os cientistas precisam escrever: guia de redação para cientistas, engenheiros e
estudantes (São Paulo: T. A. Queiroz, 1991), p. 7.
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
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Fonte: M. M. Barradas. “Editoração científica e qualidade de periódicos", em Integração, São Paulo, 5 (18),
agosto de 1999, pp. 226-229.
23
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
Central), com US$ 605 bilhões, ainda temos uma taxa de analfabetos de
13,63% e, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE), somamos mais de 24 milhões de analfabetos (Tabela 1).
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REDAÇÃO DE ARTIGO TÉCNICO-CIENTÍFICO
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
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REDAÇÃO DE ARTIGO TÉCNICO-CIENTÍFICO
2» D. Squarisi & A. Salvador, A arte de escrever bem: um guia para jornalistas e profissionais do texto
(São Paulo: Contexto, 2005).
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
MODIFICAR A REDAÇÃO
28
REDAÇÃO DE ARTIGO TÉCNICO-CIENTÍFICO
Exemplo:
Forma original:
Deixando de lado a decantada origem militar da internet, é hora de reconhe-
cer que sua expansão advém da intervenção de pessoas “comuns” e de insti-
tuições distintas. Não obstante trajetória anárquica, a rede conserva
semelhança com os demais movimentos sociais, estabelecendo verdadeira
conexão cidadã. De forma similar, nada impede que adeptos do Indymedia
possam se posicionar contra conferências e acordos de livre comércio e a
favor do comércio justo, da mesma forma que há vez para quem queira
protestar contra corporações multinacionais ou contra a inacessibilidade
dos governos. Quer dizer, o Indymedia proporciona foro público para jor-
nalistas independentes e organizações midiáticas divulgarem qualquer tema,
mas não determina o que tais profissionais devem cobrir.
Forma modificada:
Internet (não obstante sua trajetória anárquica) e Indymedia estabelecem
conexão cidadã, assemelhando-se aos demais movimentos sociais. Nada im-
pede que adeptos do Indymedia se posicionem contra conferências e acordos
de livre comércio e a favor do comércio justo, da mesma forma que há vez
para quem protesta contra corporações multinacionais e governos. Há espa-
ço para qualquer luta. O Indymedia proporciona foro público para jornalis-
tas independentes e organizações midiáticas, mas não determina o que tais
profissionais ou instituições devem cobrir.
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
Forma modificada:
Aquela estação de televisão brasileira mantém penetração e audiência insigni-
ficantes em algumas regiões.
etc.
2. circunlóquio — verbosidade: recorrer a verdadeiro círculo de palavras,
facilmente substituídas por poucas ou por uma única. Exemplos: “em
vista do fato de” (porque); “que se conhece pelo nome de” (denominado,
chamado); “durante o tempo em que” (enquanto); “em vista das circuns-
tâncias mencionadas” (portanto); “em futuro próximo” (logo); “a fim de
que” (para); “por força das mesmas razões” (analogamente); “conduzir
uma investigação a respeito” (investigar); “com frequência”
(frequentemente); “do período que vai da alvorada ao anoitecer” (da
alvorada ao anoitecer); “consiste, essencialmente, de duas partes” (pos-
sui duas partes); “durante o mês de maio” (em maio), etc.
Palavras mais curtas podem substituir aquelas com maior número de le-
tras, desde que o significado no contexto seja o mesmo. Exemplos: “assim”, em
lugar de “consequentemente”; . “uso”, para substituir “aplicação”; “após”, em
», «
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REDAÇÃO DE ARTIGO TÉCNICO-CIENTÍFICO
Forma modificada:
O jornalismo cidadão praticado no âmbito do Centro de Mídia Independen-
te Brasil ainda apresenta falhas técnicas, como: incidência significativa de
imagens distorcidas; lentidão na disponibilização de informações.
Outras recomendações
Entre outras recomendações, chamamos a atenção para:
* substituir o “que” nas orações relativas, a depender do caso:
* por aposto: O cineasta, que era bastante experiente, exigia muito./O
cineasta, bastante experiente, exigia muito.
* por substantivo: O pesquisador que fez a entrevista./O entrevistador.
* por possessivo: O publicitário que faz as campanhas para seus pro-
dutos./O seu publicitário.
* por preposição: O matutino A Meia Hora, que não tem recursos, luta
para sobreviver./O matutino A Meia Hora, sem recursos, luta para
sobreviver.
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
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REDAÇÃO DE ARTIGO TÉCNICO-CIENTÍFICO
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
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REDAÇÃO DE ARTIGO TÉCNICO-CIENTÍFICO
? V. Secaf, Artigo científico: do desafio à conquista (3º ed. São Paulo: Green Forest do Brasil, 2004);
G. L. Volpato, Ciência: da filosofia à publicação (4º ed. Botucatu: Tipomic, 2004).
% J.L.C. Miranda &H. R. Gusmão, Os caminhos do trabalho científico: orientação para não perder o
rumo (Brasília: Briquet de Lemos, 2003), p. 27.
5 V. Secaf, Artigo científico: do desafio à conquista, cit. p. 76.
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
Considerações finais
Reforçamos a função da redação técnico-científica, para autores e edito-
res, como instrumento de libertação, numa sociedade marcada pela força
das tecnologias de informação e de comunicação. Isto porque, se as TIC im-
pulsionam a explosão e o fluxo informacional, esse tipo de redação propicia
que acadêmicos, pesquisadores e cientistas redijam com precisão e clareza e
ponham em circulação seus achados. Verdade que o incremento de títulos
eletrônicos tende a alterar as normas de redação, haja vista que a leitura na
tela assim o exige. O jornalismo digital, o mundo dos blogs, a prática extensi-
va do jornalismo cidadão incentivam novas formas de escrever. Por exemplo,
ao tempo que a Britannica Online cede espaço à Wikipedia <http://
pt.wikipedia.org>, que, por meio da tecnologia wiki (de origem havaiana =
rápido) representa significativo avanço na elaboração de enciclopédias li-
vres, conquistando credibilidade e adeptos, o público ainda espera dos textos
científicos rigor e precisão. Isto não impede que os novos pesquisadores se
aventurem mais e mais na utilização dos recursos da rede e das tecnologias
em toda sua potencialidade, com prováveis mudanças em longo prazo.
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REDAÇÃO DE ARTIGO TÉCNICO-CIENTÍFICO
Referências bibliográficas
ADAMI, A. & MARCHIORI, P. Z. “Autoria e leitura de artigos por docentes pesquisado-
res: motivações e barreiras”. Em FERREIRA, S. M. S. P. & TARGINO, M. das G.
(orgs.). Preparação de revistas científicas: teoria e prática. São Paulo: Reichmann &
Autores, 2005.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL. BAN-
CO MUNDIAL. Principais PIBs do mundo. Disponível em: http://www .ipib.com.br/
pibbrasil/ pib. 2004.asp. Acesso em 13-1-2008.
BARRADAS, M. M. Editoração científica e qualidade de periódicos. Integração, São Pau-
lo, 5 (18), agosto de 1999.
BARRASS, R. Os cientistas precisam escrever: guia de redação para cientistas, engenheiros
e estudantes. São Paulo: T. A. Queiroz, 1991.
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REDAÇÃO DE ARTIGO TÉCNICO-CIENTÍFICO
39
O editor e a revista científica:
entre “o feijão e o sonho”
cc sou
Introdução
Homem. Livro. Escrita. Comunicação. Ciência. Tecnologia. Editoração.
Termos que, inexoravelmente, em algum momento, se entrelaçam e se fun-
dem. O anseio do homem em dominar a natureza, por meio de instrumentos
de trabalho, da domesticação de animais, do manuseio e da queima de cerá-
mica, da moldagem de metais, da navegação à vela, da criação de símbolos
representando os sons vocais, compõe, entre outros, os vestígios tecnológicos
que permitem reconstruir a passagem do homem no tempo e no espaço.
Nesta passagem do homem ao longo dos séculos, está a editoração. Mecâ-
nica ou eletrônica é concebida como o conjunto organizado de atividades
objetivando registrar e, por conseguinte, armazenar e/ou perpetuar infor-
mações e conhecimentos, mediante a preparação técnica de originais para
publicação, o que pressupõe revisão de forma e/ou de conteúdo, excluindo-
se as atividades referentes à produção gráfica, em parte ou no todo.
No centro deste processo está a figura do editor. Do ponto de vista
etimológico, editor (do latim editore) é aquele que edita. É o responsável pela
supervisão e preparação de textos em distintas publicações, pelo ato de pu-
blicar textos de qualquer natureza, estampas, partituras, discos, etc. Em qual-
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
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2 C. T. Bishop, How to Edit a Scientific Journal (Filadélfia: ISI Press, 1984); A. J. Meadows, À
comunicação científica (Brasília: Briquet de Lemos, 1999).
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O EDITOR E A REVISTA CIENTÍFICA
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5
C. A. Rabaça & G. G. Barbosa, Dicionário de comunicação (2º ed. São Paulo: Campus, 2002).
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O EDITOR E A REVISTA CIENTÍFICA
.. tipologia
Afora a discussão conceitual, na atualidade, há diferentes tipos de editoras.
Como qualquer forma de classificação, o arranjo proposto, ainda nos anos
1990, pelo norte-americano Donald W. King não é aceito consensualmente
por editores e estudiosos, mas ainda está em voga nos dias de hoje. Consiste,
fundamentalmente, em agrupar as editoras de acordo com a natureza da
S Ibid.
A. J. Meadows, À comunicação científica, cit.
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
J. Willinsky, “Scholarly Associations and the Economic Viability of Open Access Publishing” em
Open Journal Systems Demonstration Journal, 1 (1), 2005, disponível em http://pkp.sfu.ca/ojs/
demo/present/index.php/demojournal/article/viewArticle/6/11, acesso em 16-1-2008.
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O EDITOR E A REVISTA CIENTÍFICA
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
2 C.deM. Castro, “Festa de brasilianistas, caboclos e diáspora”, em Veja, 30 (46), São Paulo, 19-11-
1997, pp. 128-129.
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
gal e São Tomé e Príncipe. Além dessas nações, na Ásia, o português sobrevive
só em Goa (Índia). Em Damão e Diu (Índia), em Java (Indonésia), em Macau
(ex-colônia portuguesa), no Sri Lanka e em Málaca (Malásia), são falados
dialetos que mantêm do português quase somente o vocabulário. Assim, para
Castro, ao cientista social restam duas opções: publicar no exterior, o que
prevê o uso do inglês como idioma, conseguindo, talvez, algum prestígio,
“[...] mas exilando o trabalho do mundo caboclo. É o esquecimento com
glórias”, ou publicar via editoras locais/nacionais, com maior chance de ser
lido, mas estimulando “[...] certo incesto intelectual, arriscando explicações
tupiniquins para fenômenos universais [...]”
A dimensão quantitativa dos periódicos científicos, por sua vez, também
constitui questão polêmica do ponto de vista editorial e de produção cientí-
fica. A produção de um país é avaliada com relativa facilidade. Só que esses
números nada dizem, salvo se confrontados com os dados de outras nações,
e as comparações internacionais trazem sempre dificuldades e ambigúidades,
por sua amplitude. A priori, há questionamentos sobre a própria concepção
e as características do periódico científico, como discutido por Bishop,!* já
em 1984, e, posteriormente por Meadows.” Exemplificando: publicações
como o Annual Review of Information Science and Technology, que não contêm
contribuições originais à ciência, mas somente revisões de literatura, são ci-
entíficas? Quanto de contribuição original um periódico precisa ter para ser
considerado científico? Como mensurar o nível de originalidade? E assim por
diante.
E mais: a problemática envolve publicações que “nascem” e “morrem”. Há
os que se fundem num só título ou, ao contrário, bifurcam-se, tal como o
Philosophical Transactions e o IEEE [Institute of Electrical and Electronical
Engineers] Transactions, que, na atualidade, conforme dados de janeiro de
2008, constitui uma “família” de 132 publicações periódicas de naturezas dis-
5 Ibid., p. 128.
4“ C.T. Bishop, How to Edit a Scientific Journal, cit.
5 A. J. Meadows, À comunicação científica, cit.
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O EDITOR E A REVISTA CIENTÍFICA
PRÊ-REQUISITOS E HABILIDADES
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
gatekeeping. É essencial ter formação gerencial que lhe permita conviver com
as oscilações do mercado e com as transformações que afetam a sociedade
moderna, o que exige acurada capacidade de análise para decidir com
racionalidade, sem desprezar a criatividade e a regra de convivência com os
demais partícipes das atividades de editoração, do autor ao revisor. Logo,
precisa manter visão ampla de mundo, o que envolve conhecimentos gerais e
específicos (do produto gráfico e de mecanismos, métodos e sistemas de sua
produção), além de sensibilidade para lidar com suas limitações e com as dos
outros, assegurando clima de cordialidade entre os variados atores da
editoração e dando-lhes voz, com ênfase para os autores.
FUNÇÕES
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
0
O EDITOR E A REVISTA CIENTÍFICA
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
presso, como visto antes, com ênfase para a manutenção da qualidade. Cabe
a cada um se adaptar à realidade específica, como ocorre no impresso, vez
que há políticas e projetos editoriais distintos. Estes envolvem, no contexo de
acesso aberto à informação, multiplicidade de opções, a começar pelo tipo de
contrato com o autor. São decisões que se refletem na questão ainda não
totalmente definida dos direitos autorais na sociedade de hoje, marcadamente
eletrônica.
Quanto à editoração em si, há também variações. Por exemplo, os artigos
são recebidos, submetidos à avaliação e disponibilizados na internet, sem
envolvimento de papel. Todo o processo editorial ocorre por meio de conta-
tos eletrônicos entre editores, referees e autores. A distribuição, ou seja, a
disseminação final dos conteúdos se dá via softwares específicos (servidor de
listas). À medida que volumes ou artigos são concluídos, os usuários cons-
tantes da lista recebem o sumário, o artigo integral ou o volume completo.
Tudo chega a seu computador. Versão não eletrônica, se requisitada, pode ser
fornecida como complemento ou como produto posterior.
Outros títulos pôem os novos artigos em circulação à medida que são
julgados e aceitos, ao passo que há os que se assemelham aos periódicos im-
pressos, agrupando-os em fascículos, para veiculação do conteúdo de uma
vez só. Há periódicos que aceitam a inclusão de gráficos e os que, ainda hoje,
Os rejeitam. Às vezes, o usuário tem acesso inicial ao sumário; outras vezes, só
ao resumo. Quase sempre é possível solicitar os textos completos, se interes-
sar. Muitos editores optam por publicar os artigos na íntegra. A diversidade
alcança o sistema de assinaturas desses títulos. Ao contrário dos impressos,
cujo valor está sempre à disposição para consulta, o valor dos periódicos
eletrônicos é bastante variado: depende da formação dos títulos e/ou fascícu-
los, do material requisitado pelo usuário, do tipo de contrato e assim por
diante. Há, inclusive, contratos com cláusula de non disclosure, impedindo o
consumidor de revelar o valor pago.
Essa multiplicidade de opções confirma as facilidades das inovações
tecnológicas e a mutação no modelo de business e no nível de flexibilidade de
editoras e de editores. As comunidades acadêmicas e científicas e da socieda-
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O EDITOR E A REVISTA CIENTÍFICA
de, mormente dos países periféricos, se fortalecem em torno dos títulos ele-
trônicos como forma de “libertação”, graças ao acesso facilitado a informa-
ções atualizadas, a custo zero. Não obstante a fragilidade dos números sobre
o mundo eletrônico, diante da expansão contínua, acredita-se que existam,
hoje, cerca de 70 mil revistas de acesso aberto no mundo, entre as quais calcu-
la-se que 25 mil são devidamente avaliadas. Por exemplo, o Portal de Revistas
Eletrônicas de Ciências da Comunicação (Revcom, http://revcom.portcom.
intercom.org.br), mediante acesso aberto ao texto completo de anuários,
jornais e revistas, visa tão-somente contribuir para o desenvolvimento da
pesquisa em ciências da comunicação lusófona.
Há casos, porém, em que, como qualquer subscrição eletrônica, o acesso
se dá via senha, tal como ocorre com o texto referendado de Tenopir,” alusivo
a revistas científicas de editoras comerciais, cujo acesso eletrônico é pago ou
gratuito somente para as entidades que possuem a internet licensing. A bem
da verdade, o termo subscrição/assinatura não é o mais apropriado, e sim
lease ou arrendamento, uma vez que os assinantes não “possuem” o material
eletrônico por cuja utilização pagam, e a preços não tão baixos, como ideali-
zado a princípio, o que reforça a premência dos periódicos eletrônicos de
acesso aberto e dos repositórios.
Neste caso, como descrito no Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Aber-
to à Informação Científica (http://www.ibict.br/openaccess/arquivos/
manifesto.htm), autores ou detentores das prerrogativas legais das contri-
buições devem conceder aos leitores “direito gratuito, irrevogável e irrestrito
de acessá-las” e disseminá-las em qualquer suporte digital, obedecendo aos
preceitos éticos da autoria. No caso dos editores, o movimento de apoio aos
open archives e ao acesso aberto à informação também prevê mudanças
comportamentais para as editoras, comerciais ou não. Em resumo: a revista
é totalmente aberta e gratuita ou permite que o autor coloque pelo menos
uma cópia de seu trabalho num repositório de acesso aberto (ver capítulo
» C. Tenopir, “Discovering the Magic: Faculty and Student Use of Electronic Journals”, em The
Serials Librarian, 49 (3), Binghamton, 2005, pp. 159-164.
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
to, das publicações impressas por elas editadas cuja autoria seja de
pesquisadores que obtiveram recursos públicos para suas pesquisas.
B. É recomendável que editoras não comerciais:
1. tenham disponíveis uma versão eletrônica, em conformidade com o
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
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O EDITOR E A REVISTA CIENTÍFICA
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
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O EDITOR E A REVISTA CIENTÍFICA
3 J.C.R. Garcia & M. das G. Targino, “Reestruturação de Informação & Sociedade: Estudos”, cit.
* W. LL. Kunsch, “O que é editar um texto?” cit., p. 40.
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COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
Considerações finais
Por fim, o exposto descreve os dilemas vivenciados pelo editor dos títulos
de periódicos impressos e eletrônicos, ao tempo que posiciona a revista ele-
trônica como decorrência do avanço tecnológico, aliado à eficiência gradativa
das redes de transmissão e ao fato de a economia do sistema parecer interes-
sante e passível de aperfeiçoamento, com vantagens nítidas e desvantagens
discutíveis.
Entre os pontos positivos, e talvez o mais surpreendente depois da “onda
de temor” em divulgar trabalhos científicos na rede, é que tanto os cientistas
em geral como os próprios acadêmicos estão mais abertos às potencialidades
do espaço virtual. Pesquisa relativamente recente, de 2005, de Carol Tenopir,
sobre a utilização de títulos eletrônicos nas IES norte-americanas, deduz que
há incremento da leitura técnico-científica com a expansão da internet. Cer-
ca de dois terços do material lido pelos cientistas norte-americanos provêm
de fontes eletrônicas, ainda que a distinção entre as áreas persista, tal como se
dá em qualquer outra situação. Constata que, em astronomia, tal percentual
chega a 80%. Em oposição, surpreendentemente, os pesquisadores da área de
saúde continuam atrelados aos periódicos em papel.
Assim, da mesma forma que não resulta de passe de mágica, o periódico
em suporte eletrônico não pode ser considerado panacéia para a problemá-
tica que afeta os impressos, até porque, como qualquer outra tecnologia, não
subsiste isolada do contexto socioeconômico no qual se insere. São soluções
mais complementares do que competitivas, assimilando algumas caracterís-
ticas dos periódicos científicos convencionais, como a tipologia dos artigos, e
quase todas as funções dos editores. Isso contraria posições radicais, que vêem
os impressos como totalmente ultrapassados.
Ademais, como Meadows? reforça, há nichos a serem ocupados pelas al-
ternativas eletrônicas. Especialidades emergentes e que contam com poucos
cientistas, por exemplo, sempre enfrentam dificuldades para a editoração de
70
O EDITOR E A REVISTA CIENTÍFICA
Referências bibliográficas
BISHOP, É. . Hoty to Editja Scientific Journal. Filadélfia: ISI Press, 1984.
BRASIL.
Em Diídio Oficial [da] República Federativa do Brasil, edição extra, 31-10-2003.
CASTRO, ;
Abril, 11-1997.
DIRECTORY OF PEN ACCESS JOURNALS (Doaj). The Aim of'the Directory of Open
. Disponível em: http://www.doa).org. Acesso em 13-2-2008.
ELSEVIER Science: Science Publisher to the World. Disponível em: http://www.
elsevier.com. Acesso em 3-1-2008.
FERREIRA, J. P. (org.). Ênio Silveira. São Paulo: USP/Com-Arte, 2003.
GARCIA, J. C. R. & TARGINO, M. das G. “Reestruturação de Informação & Sociedade:
Estudos; periódico do Curso de Mestrado em Ciência da Informação da Universida-
de Federal da Paraíba”. Em Informação é Sociedade: Estudos, 9 (1), João Pessoa, 1999.
GREENE, L. J. “Dilemas do editor”. Em Workshop para editores de revistas científicas, 2,
Petrópolis, 17 a 20-11-1999. (Digitado.)
a
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
72
Revistas científicas:
financiamento, recursos
tecnológicos e custos
Guilherme Ataíde Dias * Joana Coeli Ribeiro Garcia Ss
Introdução
A finalidade precípua de um periódico/revista técnicozcientífica ou cien-
tífica mantém relação direta com a produção do conhecimento e sua conse-
quente divulgação. À partir dos novos conhecimentos, a ciência modifica-se,
sedimenta-se e origina teorias que valem para a sociedade, na medida em que
esta se beneficia com os avanços científicos e tecnológicos! Para-a comunidade
produtora de conhecimento, constituída por cientistas e pesquisadores, esses
at e a e
conhecimentos são imprescindíveis porque têm a finalidade de atu ã
a
renovação
ea aee e
e inovação.
eo ser
Com igual importância, são utilizados pelos gestores
de sistemas e unidades de informação para realizar os registros e acompa-
nhar a situação das coleções. O periódico cien
. ns e 4 mp: . .
73
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
1
C. R.S. Barbalho, “Periódico científico: parâmetros para avaliação de qualidade”, em S. M.S. P.
Ferreira & M. das G. Targino (orgs.), Preparação de revistas científicas: teoria e prática (São Paulo:
Reichmann & Autores, 2005), pp. 123-158; S. M. S. P. Ferreira, “Critérios de qualidade para as
revistas científicas em comunicação”, em S. M. S. P. Ferreira & M. das G. Targino (orgs.),
Preparação de revistas científicas: teoria e prática, cit., pp. 269-293.
D. Shulenburger, “Improving Access to Publicly Funded Research: What's in it for the Institution?
Can we Make the Case? A Bimonthly Report on Research Library Issues and Actions from ARL,
CNL and Sparc”, em Current Issues ARL, 248, outubro de 2006, disponível em http://new.arl.org/
bm-doc/ arlbr248institution.pdf, acesso em 23-4-2007.
74
REVISTAS CIENTÍFICAS: FINANCIAMENTO, RECURSOS TECNOLÓGICOS E CUSTOS
3 J. C.R. Garcia, “Critérios para consolidação dos periódicos científicos da Universidade Federal
da Paraíba”, em Conceitos, 6 (11-12), João Pessoa, julho de 2004-junho de 2005, pp. 78-84.
75
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
artigos por ano. De forma similar, também é trimestral para as ciências bio-
lógicas, da vida, mas, neste caso, com o mínimo de sessenta artigos, enquanto
para as ciências humanas e, por extensão, para as ciências sociais aplicadas,
em que se insere a comunicação social, se aceita a periodicidade quadrimestral,
com dezoito artigos/ano.
Esses critérios referem um padrão de qualidade próximo da realidade inter-
nacional. Ao determinar um intervalo de publicação menor, com quantidade
mínima de artigos por ano, as exigências se revertem em aumento real no custo
de produção de periódicos, exigindo volume maior de recursos para atender
ao programado. Interfere, então, não só na etapa de comercialização da comu-
nicação científica, mas em todo o ciclo da produção e, com mais força, no
ponto inicial, resultando em possíveis prejuízos na qualidade da pesquisa e,
por conseguinte, na divulgação dos resultados. Isto é, a comunicação científica
[...] está cada vez mais dirigida por fatores que têm pouco que ver com os
pesquisadores e mais que ver com os lucros das editoras comerciais [...], o
pesquisador e o laboratório — onde a comunicação científica se origina —
parecem estar completamente esquecidos.º
76
REVISTAS CIENTÍFICAS: FINANCIAMENTO, RECURSOS TECNOLÓGICOS E CUSTOS
5
P. Burke, Uma história social do conhecimento: de Gutenberga Diderot (Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2003), p. 137.
D. Diderot, Carta sobre o comércio do livro: carta histórica e política endereçada a um magistrado
sobre o comércio do livro, sua condição antiga e presente, seus regimentos, seus privilégios, as permis-
sões tácitas, os censores, os vendedores ambulantes, a travessia das pontes do Sena e outros temas
relativos à política literária (Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2002).
REVISTAS CIENTÍFICAS: FINANCIAMENTO, RECURSOS TECNOLÓGICOS E CUSTOS
as imitações que haviam causado o início de sua ruína e que os teriam consu-
mido, quando prestes a publicá-la, solicitaram ao monarca e obtiveram para
a empresa um privilégio exclusivo.”
Ibid., p. 43.
8
P. Burke, Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot, cit.
9
Michel Foucault, O que é um autor? Coleção Passagens (2º ed. Lisboa: Vega, 1992), p. 57.
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
O P Burke, Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot, cit., pp. 152-153.
" L.S. Bufrem, Editoras universitárias no Brasil: uma crítica para a reformulação da prática (São
Paulo/Curitiba: Edusp/Com-Arte/UFPR, 2003).
80
REVISTAS CIENTÍFICAS: FINANCIAMENTO, RECURSOS TECNOLÓGICOS E CUSTOS
Os riscos econômicos não podem ser evitados, mas podem ser amenizados
quando o professor colabora no sentido de encontrar formas de financia-
mento. A universidade pode e deve ser a fonte de cooperação com o editor
universitário — quem sabe o mais genuíno dos editores científicos —, não deve
se limitar ao imperioso publish or perish. A própria universidade deve auxiliar
o editor a exercer sua função.!2
2 Ibid., p. 147.
81
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
82
REVISTAS CIENTÍFICAS: FINANCIAMENTO, RECURSOS TECNOLÓGICOS E CUSTOS
83
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
mento diante dos movimentos dos arquivos e dos acessos abertos, deve sele-
cionar o padrão de acesso da revista (o que é discutido no capítulo “Reposi-
tórios versus revistas científicas: convergências e convivências”, na página 111):
se totalmente aberto e público (modelo via dourada) ou revista mediante
assinatura, mas que possibilita ao autor o depósito de, no mínimo, uma
cópia de seu texto em repositório de acesso público (modelo via verde). No
modelo via dourada, o editor negocia com a empresa (ou editora comercial)
o prazo de publicação dos fascículos eletrônicos em modelo aberto (se ime-
diatamente, se após um período determinado, etc.). Enquanto isto, a via
verde favorece variações: publicar cópia do artigo, a partir de arquivo envia-
do e preparado pela revista; publicar a versão original, sem revisão e sem
formatação do leiaute da revista.
Na verdade, o elenco dessas alternativas estimula a criatividade para que
a oferta de estratégias seja demandada e se ampliem as oportunidades de
editores e entidades mantenedores das revistas encontrarem veios financei-
ros que garantam seu desempenho no âmbito da divulgação científica. Em
termos de financiamento, entendemos que, para o formato impresso, é indis-
pensável cobrir os custos de produção. Para o eletrônico, as diferenças con-
sistem em despesas com atualização de software (soft) e de hardware (hard), o
que, em última instância, afetam diretamente a permanência em mídia ele-
trônica e a existência duradoura do periódico, no que diz respeito à preserva-
ção digital. E, há, ainda, a necessidade de equipe técnica de suporte constante,
no caso da revista eletrônica.
84
REVISTAS CIENTÍFICAS: FINANCIAMENTO, RECURSOS TECNOLÓGICOS E CUSTOS
8
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
86
REVISTAS CIENTÍFICAS: FINANCIAMENTO, RECURSOS TECNOLÓGICOS E CUSTOS
14
S. M. S. P. Ferreira, “Fontes de informação em tempos de acesso aberto”, em M. J. Giannasi-
Kaimen & A. E. Carelli (orgs.), Recursos informacionais para compartilhamento da informação:
redesenhando acesso, disponibilidade e uso (Rio de Janeiro: E-Papers, 2007), pp. 141-173.
R. Meneghini, “Na briga pela ciência”, em Boletim da Agência Fapesp, 26-3-2007. Disponível em
http://www.agencia.fapesp.br/boletim. dentro.php?id=6906, acesso em 21-10-2007.
G. A. Dias, Periódicos científicos eletrônicos brasileiros na área da ciência da informação: análise das
dinâmicas de acesso e uso, tese de doutorado em Ciência da Informação (São Paulo: Universidade
de São Paulo, 2003), 208 f.
87
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
[...] a diferença fundamental entre os dois modelos é que a revista em site web
tradicional não pode ser considerada publicação eletrônica, tampouco mo-
delo alinhado ao protocolo Open Archives Initiative (OALI, http://www.
openarchives.org). Não consiste em publicação eletrônica, porque não
oportuniza mecanismos de recuperação contextualizada do conteúdo. Além
” R. Stallman, “The GNU Operating System and the Free Software Movement”, em C. Dibona et al.,
Open Sources: Voices of the Open Source Revolution (Sebastopol: O"Reilly & Associates, 1999),
p. 56.
88
REVISTAS CIENTÍFICAS: FINANCIAMENTO, RECURSOS TECNOLÓGICOS E CUSTOS
89
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
2 E MW. Lancaster, Toward Paperless Information Systems (Nova York: Academic Press, 1978), p. 127.
90
REVISTAS CIENTÍFICAS: FINANCIAMENTO, RECURSOS TECNOLÓGICOS E CUSTOS
91
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
2 CG. T. Bergstrom & T. C. Bergstron. “The Cost and Benefits of Library Site Licenses to Academic
Journals” em Proceedings National Academy of Sciences of the United States of América, 101 (3),
2004, disponível em http://www.pnas.org/cgi/content/full/101/3/897, acesso em 12-8-2007.
92
REVISTAS CIENTÍFICAS: FINANCIAMENTO, RECURSOS TECNOLÓGICOS E CUSTOS
cas vias verde e dourada como para repositórios eletrônicos de arquivos ci-
entíficos, objetivando permitir o acesso aberto à comunicação científica.
Em virtude do apresentado, inferimos que as dinâmicas relacionadas ao
acesso dos periódicos científicos eletrônicos estão em fase de evolução. As
respostas relacionadas à forma como se dá, definitivamente, o acesso a esses
recursos e os custos deles decorrentes ainda se encontram em processo. Con-
forme já citado, a partir das formas possíveis de implementação de revistas
eletrônicas é nítida a necessidade de atuação integrada e em equipe entre
editores, de forma a distribuir custos e incrementar visibilidade e acessibili-
dade dos conteúdos.
Considerações finais
Financiar a edição de um periódico, eletrônico ou em papel, se configura
sempre como decisão árdua, uma vez que os critérios para financiamento são
difíceis de alcançar. As agências de fomento atendem, cada vez mais, a quan-
tidades menores de títulos. Isso se justifica tanto pelo fato de os recursos não
aumentarem na mesma proporção da demanda dos títulos como pela
constatação de que os editais de chamadas nem sempre contemplam todas as
áreas do conhecimento simultaneamente.
As áreas de ponta, ou seja, consolidadas, com fregiência obtêm recursos,
beneficiando sua manutenção, em detrimento de outros campos e/ou de re-
vistas recém-criadas. Repetimos: os recursos são escassos e destinados aos
periódicos científicos estabelecidos ou que têm tradição firmada. São eles que
atendem aos parâmetros das políticas dos órgãos de fomento. Em decorrên-
cia, aos editores dos títulos emergentes resta prosseguir em busca de recursos
mediante as estratégias disponíveis, uma vez que não é fácil romper o ciclo.
Diante desse entrave, visando a diminuição dos custos, o suporte eletrônico
se apresenta como solução.
Mesmo assim, acreditamos que a convivência dos dois suportes permane-
cerá por bom tempo. Nem se trata tão-somente da perspectiva de visualizar
93
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
Referências bibliográficas
BARBALHO, C. R. S.“Periódico científico: parâmetros para avaliação de qualidade” Em
FERREIRA, S. M.sS.P. &TARGINO, M. das G. (orgs.). Preparação de revistas cienti-
ficas: teoria e prática. São Paulo: Reichmann & Autores, 2005.
BERGSTROM, €. T. & BERGSTRON, T. C. “The Cost and Benefits of Library Site
Licenses to Academic Journals”. Em Proceedings National Academy of Sciences ofthe
United States of América, 101 (3), 2004. Disponível em: http://www.pnas.org/cgi/
content/full/101/3/897. Acesso em 12-8-2007.
BUCKHOLTZ, A. “Returning Scientific Publishing to Scientists” Em The Journal of
Electronic Publishing, 7 (1), 2001. Disponível em: http://www.press.umich.edu/jep/
07-01/buckholtz. html. Acesso em 31-7-2007.
BUFREM, L. S. Editoras universitárias no Brasil: uma crítica para a reformulação da
prática. São Paulo/Curitiba: Edusp/Com-Arte/UFPR, 2003.
BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2003. ,
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR.
Nota: orientação sobre periódicos nacionais”. Disponível em: http://www.
capes.gov.br/capes/portal/conteudo/10/In 31032006S.htm. Acesso em 10-8-2007.
94
REVISTAS CIENTÍFICAS: FINANCIAMENTO, RECURSOS TECNOLÓGICOS E CUSTOS
95
A ética na revista científica
Sebastião Rogério Góis Moreira
Introdução
A força da atividade de pesquisa de um país é geralmente medida pela
expressão de artigos publicados por seus pesquisadores em revistas científicas
(literatura primária) ou em revistas de resumos (literatura secundária), es-
tejam no formato tradicional impresso ou, mais recentemente, no eletrônico.
Como visto no segundo capítulo desta obra (“O editor e a revista científi-
ca: entre 'o feijão e o sonho”, na página 41), a existência de corpo editorial
nos títulos de periódicos dá segurança aos autores, legitimando a comunica-
ção dos novos conhecimentos gerados pela comunidade científica e/ou aca-
dêmica. Em outras palavras, as revistas científicas consistem em ferramentas
eficientes de divulgação do que se tem produzido nas universidades, nos cen-
tros de pesquisa, nas associações de classe e nas sociedades científicas. E como
via natural de comunicação das novidades científicas nos diferentes campos,
demandam cada vez mais avaliação criteriosa, haja vista que, se parâmetros
de qualidade não forem rigidamente perseguidos, não atingiremos padrões
de excelência na produção científica e, por conseguinte, não obteremos reco-
nhecimento internacional.
97
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
1 G.L. Volpato, Bases teóricas para redação científica (São Paulo: Cultura Acadêmica, 2007), p. 104.
98
A ÉTICA NA REVISTA CIENTÍFICA
2 F. Marques, “Sem eles não há avanço: experiências com animais seguem imprescindíveis, ao
contrário do que dizem os ativistas”, em Pesquisa Fapesp, nº 144, São Paulo, fevereiro de 2008.
99
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
não é, em sua essência, ciência. Fazer pesquisa consiste numa etapa. Consoli-
dar sua publicação foi e continua sendo o passo seguinte e recurso mor para
socializar os conhecimentos recém-gerados. Isso pressupõe a possibilidade
de acadêmicos e indivíduos, em geral, tomarem conhecimento do que é gera-
do por instituições de pesquisa dos mais diferentes pontos do planeta, lendo,
questionando, colocando pontos de vista, enfim, consolidando o conceito
democrático de acessibilidade à ciência produzida.
100
A ÉTICA NA REVISTA CIENTÍFICA
101
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
$ 1.Z.S. Araújo, “Aspectos éticos da pesquisa científica”, em Pesquisa Odontológica Brasileira, nº 17,
Suplemento 1, São Paulo, maio 2003, p. 57.
102
A ÉTICA NA REVISTA CIENTÍFICA
103
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
8 Ibidem.
? Ibidem.
104
A ÉTICA NA REVISTA CIENTÍFICA
Considerações finais
Ao definirmos a melhor metodologia para nossa ação, de uma forma ou
de outra, assumimos, portanto, determinada posição ética na execução de
105
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
2 1. €.Z. Guerriero & F. Zicker, “Repensando ética na pesquisa qualitativa em saúde”, em Ciência
& Saúde Coletiva, 13 (2), Rio de Janeiro, mar.-abr. de 2008.
106
A ÉTICA NA REVISTA CIENTÍFICA
Para tanto, o exercício da ética na construção das revistas deve primar por
maior transparência. Como Dortier” assinala, o risco sempre existe. Para
ele, as teorias produzidas pelas ciências definem e explicam, por meio de um
conjunto organizado de hipóteses e de proposições, os fenômenos e os fatos,
abrangendo interpretações bem fundamentadas e abalizadas. Isso, entretan-
to, não descarta a hipótese de que as teorias produzam determinado estilo ou
determinada “verdade”, responsável pela redução da realidade que nos cir-
cunda. Trata-se de representação mental, capaz de interferir em nossas ações
como parecerista, que precisa ser reconhecida. No entanto, sem dúvida, a
subjetividade não pode ser descartada. Pode ser orientada em direção ao
envolvimento mútuo de todos os atores envolvidos em novos referenciais,
representando, no final, intercâmbio útil para o avanço científico e
tecnológico.
Referências bibliográficas
ARAÚJO, L. Z. S. “Aspectos éticos da pesquisa científica”. Em Pesquisa Odontológica
Brasileira, nº 17, suplemento 1, São Paulo, maio de 2003.
BARBOSA, R. M. & SIGELMAMN, E. “Desafios da formação do psicólogo: complexi-
dade e interdisciplinaridade”. Em Arquivos Brasileiros de Psicologia, 53 (2), Rio de
Janeiro, jam.-mar. de 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa Saúde. Manual Operacional para Comitês de Ética. Brasília: Conep, 2002.
DORTIER,)]. F. “Production des sciences humaines”. Em Sciences Humaines, nº 80, Paris,
fevereiro de 1998.
GUERRIERO, I. C. Z. & ZICKER, F “Repensando ética na pesquisa qualitativa em
saúde”, Em Ciência & Saúde Coletiva, 13 (2), Rio de Janeiro, março a abril de 2008.
HERITIER, E. “La recherche”. Em La Lettre, Paris, junho de 2004.
MARQUES, F. “Sem eles não há avanço: experiências com animais seguem imprescindí-
veis, ao contrário do que dizem os ativistas”. Em Pesquisa Fapesp, nº 144, São Paulo,
fevereiro de 2008.
B J.F Dortier, “Production des sciences humaines” em Sciences Humaines, nº 80, Paris, fevereiro de
1998, p. 18.
107
COMO DESENVOLVER E VIABILIZAR A REVISTA CIENTÍFICA
108
Parte II
Como gerenciar o conteúdo científico
diante dos desafios do mundo digital
Repositórios versus
revistas científicas:
convergências e convivências
Sueli Mara Soares Pinto Ferreira
Introdução
Segundo Harnad,! existem hoje 24 mil revistas científicas, avaliadas por
pares, cobrindo todas as áreas do conhecimento, em vários idiomas, e publi-
cando, anualmente, cerca de 2,5 milhões de artigos. Menciona ainda que, como
a maioria das universidades e instituições de pesquisas do mundo dispõe de
recursos financeiros suficientes para assinar somente pequena fração desses tí-
tulos, seu conteúdo está disponível apenas à parcela reduzida dos prováveis
usuários. Isto é, os resultados das pesquisas desenvolvidas estão obtendo so-
mente fração quase insignificante
de seu potencial de uso e de impacto.
Este contexto se une a outra questão não menos relevante, alusiva aos
direitos autorais, sistema vigente de propriedade intelectual que estabeleceu,
há décadas, a prática de transferência pelo autor de seus direitos para a enti-,
dade que publica o trabalho. A partir do momento que se concentra a deten-
ção dos direitos autorais e, por conseguinte, dos principais resultados de
pesquisa num editor, este assume expressiva influência sobre a disseminação
! S. Harnad, “Acesso livre: Quê? Por quê? Quando? Onde? Como?: Medidas e mandatos”, em
Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 59. Encontro aberto: “Publicar
ou perecer: acesso livre é sobreviver!” Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(Ibict), Belém, 8 a 13-7-2007.
mm
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
2
I. Simon, “O oráculo bibliográfico: sonhos de um pesquisador” em Revista USP, São Paulo,
26-10-2002, disponível em http://www.ime.usp.br/--is/papir/oraculo/oraculo-rusp.pdf, acesso
em 21-2-2008.
C. W. Bailey Jr., The Role of Reference Librarians in Institutional Repositories. Preprint: 4-6-2005,
disponível em http://www.digital-scholarship.com/cwb/reflibir.pdf, acesso em 2-4-2008.
4
S. Harnad, “Acesso livre: Quê? Por quê? Quando? Onde? Como?: Medidas e mandatos”, cit.
112
REPOSITÓRIOS VERSUS REVISTAS CIENTÍFICAS
síveis livremente na web, o mesmo resultado tem impacto 25% a 250% vezes
maiores do que quando isto não ocorre.
Uma das estratégias adotadas por ambos os movimentos é a adoção de
repositórios digitais como instrumento de ação política, levando-os a ocupar
papel valioso e relevante na discussão sobre direitos autorais e a promover
maior impacto da C&T em diversas esferas científicas, tecnológicas e sociais.
Este capítulo discute, pois, o atual processo da comunicação científica,
focando os pilares que o sustentam e ponderando a atuação dos referidos
movimentos, de modo a descrever o surgimento e as características dos
repositórios digitais (institucionais e temáticos), como parceiros das revistas
científicas eletrônicas de acesso aberto na ação conjunta de maior dissemina-
ção, acesso, distribuição e preservação do conhecimento científico. Assim,
discute sobre as convergências e convivências entre repositórios e revistas
científicos, evidenciando a relevância e a pertinência dos dois movimentos,
como instrumento de política de informação nas instituições de ensino supe-
rior (TES), institutos de pesquisa e organismos públicos e governamentais.
113
COMO GERENCIAR O CONTEUDO CIENTÍFICO
PRINCÍPIO DA DISSEMINAÇÃO
114
REPOSITÓRIOS VERSUS REVISTAS CIENTÍFICAS
Para mais informações sobre as quatro iniciativas citadas, consultar, respectivamente, http://
cogprints.soton.ac.uk; http://www.ncstrl.org; http://www-.ndltd.org (ou www.vtls.com/ndltd); e
http://repec.org.
Atualmente, o projeto Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), coordenado pelo Ibict,
faz parte da rede da NDLTD.
115
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
2 R. Triska &L. Café Ciequivos abenos subprojeto da Biblioteca Digital Brasileira”, em Ciência da
Informação, 30 (3), Brasília, set.-dez. de 2001, pp. 92-96.
“ Portanto, o termo “aberto” aqui tem uma conotação diferente do mesmo termo empregado no
movimento do acesso aberto.
116
REPOSITÓRIOS VERSUS REVISTAS CIENTÍFICAS
" M. Arellano et al., “Editoração eletrônica de revistas científicas com suporte do protocolo OAI”,
emsS.M.S.P. Ferreira &M. das G. Targino (orgs.), Preparação de revistas científicas: teoria e prática
(São Paulo: Reichmann & Autores, 2005), pp.195-232.
Alguns editores utilizam indistintamente as palavras e-prints, preprints e post-prints. Neste capítu-
lo, estamos adotando a proposta da fonte Eprints (2005, apud Weitzel 2005, p.182), “os e-prints
são textos eletrônicos de artigos, antes e depois de revistos pelos pares e publicados. Antes de
revistos e publicados, são os preprints. Após a peer review e aceitos para divulgação, ganham o
nome de postprints. Assim, os e-prints incluem os preprints e os postprints”.
117
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
PRINCÍPIO DA FIDEDIGNIDADE
118
REPOSITÓRIOS VERSUS REVISTAS CIENTÍFICAS
PRINCÍPIO DA ACESSIBILIDADE
119
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
4 J.-C. Guédon, “Toward Optimizing the Distributed Intelligence of Scientists: the Need for Open
Access”, em Simpósio Internacional de Bibliotecas Digitais, 2, Campinas, 2004.
5 « Bethesda Statement on Open Access Publishing”, 2003, disponível em http://www.earlham.edu/
120
REPOSITÓRIOS VERSUS REVISTAS CIENTÍFICAS
PRIMEIRA CONDIÇÃO
121
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
122
REPOSITÓRIOS VERSUS REVISTAS CIENTÍFICAS
O modelo proposto por Harnad e seus colaboradores traz uma série subs-
tancial de inovações e de implicações, tanto em relação à estrutura de poder
estabelecida pelas editoras (que detêm os direitos autorais) como em relação
à própria estrutura científica junto às agências de fomento e às IES. Implica,
inclusive, novas posturas por parte dos pesquisadores no momento em que
propõe ao autor a chance de ter direito e livre arbítrio, além de iniciativa
própria para depositar seu trabalho conforme proposto na via verde.
O autodepósito (self-archiving) concerne ao envio espontâneo do texto pelo
autor (ou dados, metadados, imagens, som ou qualquer outra informação
registrada) a um repositório por ele selecionado. Na prática, diversos estudos
vêm comprovando a dificuldade ainda inerente a esta atividade, independen-
temente da permissão ou não da editora. São entraves atrelados a fatores dis-
tintos, como: a) falta de confiança nos repositórios disponíveis; b) inexistência
de políticas institucionais; c) desconhecimento do processo da comunicação
científica; e até d) falta de encorajamento e motivação para mudanças de pos-
tura, conforme Bjórk e Turk;!? Mark Ware Consulting;” e Swan e Brown.”
Os aplicativos desenvolvidos para adoção dos atuais provedores de dados
(repositórios de revistas, e-prints, eventos, teses, etc.) incorporam essa funcio-
nalidade, exigindo do autor o compromisso de se cadastrar e fornecer dados
fundamentais relacionados com sua identificação profissional e localização,
bem como o depósito de sua produção, observando os direitos autorais vi-
gentes e responsabilizando-se por eles. Sob essa perspectiva, também cresce o
número de títulos comerciais renomados que seguem as diretrizes da via ver-
de, adotando o modelo de diversos modos. É o caso da autorização de
autodepósito: após um período predefinido do lançamento da revista, ape-
nas do preprint ou, ao contrário, do post-print fornecido pela editora — mais
» B-C. Bjórk & Z. Turk, “How Scientists Retrieve Publications: an Empirical Study of How the
Internet Is Overtaking Paper Media”, em The Journal of Electronic Publishing, 6 (2), dezembro de
2000.
Mark Ware Consulting, “ALPSP Survey of Librarians on Factors in Journal Cancellation”, 2006,
disponível em http://www.ingentaconnect.com/content/alpsp/slfjc, acesso em 15-3-2007.
2 A. Swan &S. Brown, “Authors and Open Access Publishing” em Learned Publishing, 17 (3), 2004,
pp.219-224.
123
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
SEGUNDA CONDIÇÃO
A segunda condição exigida pela Declaração de Berlim para garantir as
contribuições de acesso aberto prevê que:
2 «
Berlin Declaration on Open Access to Knowledge in the Sciences and Humanities”, Berlim, 2003,
disponível em http://oa.mpg.de/openaccess-berlin/berlindeclaration.html; acesso em 12-1-2008.
124
REPOSITÓRIOS VERSUS REVISTAS CIENTÍFICAS
digitais por instituições acadêmicas. Isso significa dizer que estão sendo cobra-
das novas atitudes de todos os atores (stakeholders) envolvidos com o processo
da comunicação científica, algumas das quais constam do Manifesto Brasilei-
ro, sintetizado (Quadro 1) — e, na íntegra, em http://www.ibict.br/openaccess/
index.php?option= com content&task=view&id=35&Itemid=47.
Repositórios digitais
Naturalmente, por ser recente, o conceito de repositório digital sofre cons-
tante evolução. Agora, incorpora distintos aspectos que apontam tanto ca-
racterísticas funcionais como gerenciais e operacionais. Pesquisadores com
visões diversificadas possibilitam revisão histórica e elucidam a trajetória de
seu conceito e de suas características, levando-os a estabelecer certa tipologia.
No primeiro grupo estão os repositórios institucionais. Como a denomina-
ção antevê, seu foco é a produção intelectual de determinada instituição, que
pode integrar trabalhos publicados e/ou originais em distintos formatos,
suportes e tecnologias.
Há vários exemplos de repositórios em universidades no exterior, como o
eScholarship Repository, da University of California Digital Library, nos Es-
tados Unidos da América; o Repository for the School of Information and
Computer Science, na University of Southampton, no Reino Unido; o Reposi-
torium, da Universidade do Minho, em Portugal, entre outros. No Brasil,
citamos o Repositório Institucional em Ciências da Comunicação (Reposcom)
da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
(Intercom), implementado pela Rede de Informação em Comunicação dos
Países de Língua Portuguesa (Portcom/Intercom); e a Biblioteca Digital do
Jurídico (BDJur) do Supremo Tribunal de Justiça, entre outros.
Existem, ainda, os repositórios temáticos, quando estabelecidos para cole-
cionar e preservar material de determinada área do conhecimento. Podem ser
organizados pelo governo, por IES, por instituto de pesquisa ou por autôno-
mos. Na internet, estão dois exemplos internacionais que chamam a atenção: o
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
126
REPOSITÓRIOS VERSUS REVISTAS CIENTÍFICAS
revela que, em média, cada artigo foi “utilizado” pelo menos 70 vezes (valores
referentes, apenas, ao servidor em Los Alamos, excluindo, portanto, a utiliza-
ção através dos mirrors em outras localidades).
[...] o número de acessos ao arXi.orgv teve um aumento exponencial — os
acessos semanais, que eram cerca de 100.000 em 1994, atingiram, em maio de
2000, o valor de 800.000.%
H. van de Sompel & €. Lagoze, “The Santa Fe Convention of the Open Archives Initiative” em D-
Lib Magazine, 6 (3), fevereiro de 2000.
24
A.M.R. Correia & M. Castro Neto, “Repositórios digitais de literatura científica cinzenta: estudo
de caso sobre as percepções e atitudes das comunidades científicas da matemática e ciências
agrárias, em Portugal” em Anais da Conferência da Associação Portuguesa de Sistemas de Informa-
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COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
130
REPOSITÓRIOS VERSUS REVISTAS CIENTÍFICAS
tão de eventos científicos, com posterior publicação on-line dos anais corres-
pondentes, também vêm causando forte impacto e alterando o fluxo de
compartilhamento do conhecimento em elaboração. É o caso de congressos
internacionais, como PKP Scholarly Publishing, International Conference
on Imagination and Education e Electronic Publishing (ElPub), entre ou-
tros. No Brasil, citamos: Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
(SNBU) e Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação
(CBBD), além de outros, de maior ou menos porte.
E mais, para acompanhar, registrar e disseminar os repositórios em todo
o mundo, já estão disponíveis vários sistemas e serviços de indexação ou de
diretórios, que favorecem pesquisas por país, tipos de conteúdos, áreas de
atuação e tecnologias utilizadas, entre outros critérios. São eles:
* The Directory of Open Access Repositories (OpenDoar — http://www.
opendoar.org) — dados de março de 2008 dão conta do cadastramento
de 1.118 repositórios distribuídos por sessenta países, incluindo o Bra-
sil, que já conta com 25 repositórios cadastrados, sendo um deles a
BDTD, atualmente com cerca de 54.498 registros.
* OAI Registered Data Providers (http://www.openarchives.org/
Register/BrowseSites) — registra provedores de dados de vários países
implementados com o protocolo OAI. Em março de 2008, totalizou
787 registros, dos quais 57 são brasileiros.
* Registry of Open Access Repositories (Roar — http://roar.eprints.org)
— registra os repositórios no momento de sua implementação. Atual-
mente, estão cadastrados 1.037 repositórios no mundo, sendo 53 bra-
sileiros. O sistema mostra a data de registro e um gráfico do acesso e
uso do repositório desde a data de seu registro.
* Latin American Open Archives Portal (Laoap — http://lanic.utexas.edu/
project/laoap) — cadastra os repositórios da América Latina.
* The European Guide to OAI-PMH Institutional Repositories in the World
(Openarchives.eu — http://www.openarchives.eu/home/home.aspx?
lang=en) — mantém lista de repositórios englobando diversos países,
organizando-os por áreas de atuação e interesse. Possui 1.794 registros
131
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
Considerações finais
Os repositórios são parceiros imprescindíveis das revistas científicas na
construção de um ambiente favorável, ético e propício à ampla divulgação
do conhecimento científico, em especial no contexto do acesso aberto. Isso é
especialmente relevante nos países em desenvolvimento, cuja produção cien-
tífica está apartada da ciência internacional, ditada pelas revistas científicas
oriundas dos países mais desenvolvidos.
Assim, a convergência entre as ações dos responsáveis pela geração de
repositórios e as dos editores científicos é relevante para garantir a reforma
da comunicação científica, a expansão do acesso aos resultados da pesquisa,
o incremento de conteúdos científicos de acesso aberto, público e gratuito na
internet e o fortalecimento da ciência nas nações. Ademais, possibilita que a
comunidade científica reassuma o controle acadêmico de sua produção cien-
132
REPOSITÓRIOS VERSUS REVISTAS CIENTÍFICAS
133
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
*% H. Kuramoto, “Cientistas exigem que o Congresso Americano decretem acesso livre à pesquisa”,
blog do Kuramoto, 2007, disponível em: http://blogdokura.blogspot.com, acesso em 15-2-2008.
134
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136
REPOSITÓRIOS VERSUS REVISTAS CIENTÍFICAS
137
Direitos autorais e o
movimento do acesso aberto:
um equilíbrio que demanda
novas atitudes:
Patrícia Cristina Nascimento Souto * Charles Oppenheim
139
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
140
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
5
J. Regazzi, “The Shifting Sands of Open Access Publishing: a Publisher's View”, em Serials Review,
30 (4), 2004, p. 278.
* Ibid., p. 276
Kaufman-Will Group, “The Facts About OA: a Study of the Financial and Non-Financial Effects
of Alternative Business Models on Scholarly Journals”, Association of Learned and Professional
Society Publishers, 2005, disponível em http://www.alpsp.org/publications/FAOAcompleteREV.pdf,
acesso em março de 2006.
* A. Swan &S. Brown, Open Access Self-Archiving: an Author Study (s/1.: Key Perspectives, 2005).
? E. A. Gadd etal., “Journal Copyright Transfer Agreements: Their Effect on Author Self-archiving”,
em International Conference on Electronic Publishing, 7, Minho, 25 a 28-6-2003.
141
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
E. Hoorn, “Towards Good Practices of Copyright in Open Access Journals: a Study Among
Authors of Articles”, em Open Access Journals, University of Groningen, Faculty of Law Maurits
van der Graaf, Pleiade Management & Consultancy, 2005, disponível em http://www.lboro.ac.uk/
departments/ls/disresearch/poc/pages/jou-report.html, acesso em março de 2006.
“ B.A. Gadd et al. “Journal Copyright Transfer Agreements: Their Effect on Author Self Archiving”, cit.
2 P. Suber, “Scholarly Communication: Removing Barriers to Research: an Introduction to Open
Access For Librarians”, cit.
142
Apoiadores, motivadores e condutores das mudanças na titularidade do direito autoral Efeitos e aplicações
DIREITOS
/
A
E men
AUTORAIS
| a RE : NS, e educação
Políticas, incentivos, recursos
» sobre OA
E
/ Instituições de ensino
À superior e bibliotecas / — a
O
dé o A E
| Na p E a e Mundo “o
| ana mn e” A
“Novas atitudes e ag, | Abordagens mais
/ deacesso abertoe »,
/ ||
/ práticas de autores estratégias de acesso
143
|
flexíveis e |
relacionadas aos direitos / aberto (publicações de |
Promoção na carreira baseada nas práticas OA *, equilibradas na | 7 1
Reconhecimento informal e aprovação por moio x OA e auto- /
atribuição da TDA A
mem epada cultura entre os pares arquivamento) 7
MOVIMENTO
A e, E dá
a a
/” Sistemas de recompensa: pa
DO
aa Órgãos de gene
ACESSO
(N financiamento
die ENE
e / Financiamentos baseados nas práticas de OA
E instituições + eincentivos às práticas de OA
RE ca an Novos modelos e práticas de direito autoral
para um mundo OA, lais como Creative e
Science Commons, ROMEO, Zwollo Group
ABERTO
Figura 1 — Abordagens mais flexíveis da TDA: cenário de interdependência, impacto e aplicação de novos modelos
COMO GERENCIAR O CONTEUDO CIENTÍFICO
mente dos receios de que o autor possa apresentar imposições ou dos argu-
mentos de que ele pode não atender ao “uso justo” das informações em circu-
lação, o detentor dos direitos autorais (ou seja, o autor, não o editor) tem
automaticamente concedida permissão de leitura irrestrita, eventual down-
load, cópias ou fotocópias, compartilhamento, armazenamento, impressão,
pesquisa, uso de links e crawling (rastreamento) aos interessados.
Quer dizer, a retenção dos direitos autorais pelos autores é ao mesmo
tempo um efeito e uma precondição para o avanço do acesso aberto, sobre-
tudo, se as revistas de acesso aberto e os repositórios institucionais são consi-
derados como complemento às revistas obtidas via assinaturas.
A coexistência dos diferentes modelos de publicação reforça ainda mais a
importância de retenção da TDA por parte dos autores e/ou das instituições,
porque isso lhes proporciona maior liberdade e maleabilidade para escolher
e combinar os melhores canais para publicar os resultados de suas investiga-
ções científicas. Em relação a esta premissa, Crow assegura:
Por conseguinte, tal como descrito antes, existem diversos modelos mais
flexíveis da TDA apoiados e impulsionados por mudanças em diversos domí-
nios. É sob tal perspectiva que este artigo se orienta, buscando oxigenar as
práticas dos autores, das instituições e dos órgãos de financiamento como
colaboradores e condutores rumo ao avanço de novas abordagens e de novas
possibilidades dos direitos autorais. De forma similar, também discute como
esses elementos influenciam no sucesso do OA e, ainda, o papel das agências
de fomento nesse processo evolutivo.
3 R. Crow, “The Case for Institutional Repositories: a SPARC Position Paper”, em The Scholarly
Publishing & Academic Resources Coalition, release 1.0. 2002, p. 21, disponível em http://
www.arl.org/sparc/IR/ir.html, acesso em março de 2006.
144
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
“ I. Rowlands & D. Nicholas, New Journal Publishing Models: an International Survey of Senior
Researchers (s/l.: Publishers Association and the International Association of STM Publishers,
2005.
5 E. A. Gadd et al., “ROMEO Studies 1: the Impact of CO on Academic Author Self-Archiving” em
Journal of Documentation, 59 (3), 2003, pp. 243-277, e “ROMEO Studies 4: an Analysis of Journal
Publishers” Copyright Agreements”, em Learned Publishing, 16 (4), 2003, pp. 293-308.
145
Quadro 1 — Alguns resultados de pesquisa que comprovam a baixa conscientização e o pouco envolvimento dos autores com os
direitos autorais
Pesquisa Eles atribuem A quem pertence o Interesses no Razões para a escolha
o direito autoral direito autoral? direito autoral de um periódico
Gadd et al. (2003) livremente = 41% aos acadêmicos = 61%
relutantemente = 49% não sabe = 32%
editores/publicadores à instituição = 7%
não solicitam = 7%
autor insiste em reter os
direitos autorais = 3%
COMO
N = 542
Rowlands & Nicholas nenhum interesse = 46%Yo
(2004) nenhum interesse = 54%
entre os autores que
GERENCIAR
também compõem
O
equipes editoriais
146
Hoorn (2005) acadêmicos = 59% Baixo = 25,1%
instituição/empresa = 9% Médio = 45,1%
CONTEUDO
(2005) N= 5.512)
Rowlands & Nicholas Permissão para a
razões para a escolha publicação de pós-
de um periódico (2005) publicados = 2,58
5 = muito importante Permissão para a
1 = pouco importante publicação de pré-
publicados = 2,34
Permissão para a
manutenção do
direito autoral = 2,31
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
6 E. Hoorn, “Repositories, Copyright and Creative Commons for Scholarly Communication”, cit.
? I. Rowlands & D. Nicholas, New Journal Publishing Models: an International Survey of Senior
Researchers, cit.
8 A. Swan &S. Brown, Open Access Self-Archiving: an Author Study, cit.
9 Ibidem.
» M. Bide, “Open Archives and Intellectual Property: Incompatible World Views?”, Bath: Open
Archives Forum, 2002, Expert Report 1, disponível em http://www.oaforum.org/otherfiles/
oaf d42 cserl bide.pdf, acesso em abril de 2006.
147
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
2 JT. Willinsky, The Access Principle: the Case for Open Access to Research and Scholarship (Cambridge:
MIT Press, 2006), p. 49.
2 E. A. Gadd et al., “ROMEO Studies 1: the Impact of CO on Academic Author Self-Archiving” cit.
» F. Hoorn, “Repositories, Copyright and Creative Commons for Scholarly Communication”, cit.
* E. A. Gadd et al., “ROMEO Studies 4: an Analysis of Journal Publishers” Copyright Agreements”,
cit., p. 4.
D. G. Law et al., “Universities and Article Copyright”, em Learned Publishing, 13 (3), 2000, pp. 141-
150.
R. Crow, “The Case for Institutional Repositories: a SPARC Position Paper”, cit.
Z H. E. Roosendaal & P. A. Th. M. Geurts. “Forces and Functions in Scientific Communication: an
Analysis of Their Interplay”, 1999, disponível em www.sparceurope.org/resources/SPARC..
europe serials paper.doc, acesso em março de 2006.
The Wellcome Trust Economic, “Analysis of Scientific Research Publishing”, 2003, disponível em
http://www.wellcome.ac.uk/doc WTD003181.html, acesso em abril de 2006.
148
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
»? E. Hoorn, “Repositories, Copyright and Creative Commons for Scholarly Communication” cit.,
Palô;
* T. Rowlands & D. Nicholas, New Journal Publishing Models: an International Survey of Senior
Researchers, cit.
3 D.G. Law et al., “Universities and Article Copyright”, cit., p. 143.
2 C. Oppenheim, The Legal and Regulatory Environment for Electronic Information (4º ed. Londres:
Infonortics, 2001), p. 130.
3 D. G. Law et al., “Universities and Article Copyright”, cit., p. 143.
149
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
* E. Hoorn, “Towards Good Practices of Copyright in Open Access Journals: a Study Among
Authors of Articles”, cit. p. 71.
* E. Hoorn, “Repositories, Copyright and Creative Commons for Scholarly Communication”, cit.
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
151
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
” Ibid., p. 269.
152
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
153
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
“º E. Hoorn, “Repositories, Copyright and Creative Commons for Scholarly Communication”, cit.
“ J. Willinsky, The Access Principle: the Case for Open Access to Research and Scholarship, cit.
154
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
2 E. Hoorn & M. van der Graaf, “Copyright Issues in Open Access Research Journals the Authors”
Perspective”, D-Lib Magazine, 12 (2), 2003.
“é E. Hoorn, “Towards Good Practices of Copyright in Open Access Journals: a Study Among
Authors of Articles”, cit.
155
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
Quadro 2 — Modelos para prática dos direitos autorais em publicações de acesso aberto
Modelo O autor possui os — O editor possui os Outros possuem os
seguintes direitos seguintes direitos seguintes direitos
A Todos os usos são Não aplicável. Todos os usos são
permitidos incluindo permitidos incluindo
a reutilização para a reutilização para
fins comerciais. fins comerciais.
B Todos os usos são Oeditor OA recebe Todos os usos são
permitidos, exceto os direitos da permitidos, exceto a
a reutilização para exploração comercial. reutilização para
fins comerciais. fins comerciais.
C Todos os usos são Não aplicável. Todos os usos são
permitidos. permitidos se a
republicação for feita
em OA.
D Todosos usos são Não aplicável. Todos os usos são
permitidos incluindo permitidos, exceto a
a reutilização para reutilização para
fins comerciais. fins comerciais.
Fonte: EE. Horn. “Towards Good Practices of Copyright in Open Access Journals: a Study Among Authors
of Articles”, em Open Access Journals. University of Groningen, Faculty of Law Maurits van der Graaf,
Pleiade Management & Consultancy, 2005, p. 66.
156
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
“ E, Hoorn, “Repositories, Copyright and Creative Commons for Scholarly Communication”, cit.
* E. A. Gadd et al., “ROMEO Studies 1: the Impact of CO on Academic Author Self-Archiving”, cit.,
p. 269.
157
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
licenças O licençasO
licenças O
PRC
158
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
E. Hoorn, “Towards Good Practices of Copyright in Open Access Journals: a Study Among
Authors of Articles”, cit.
Ver http://www.dlib.org/dlib/january07/crews/0lcrews.html.
q
º Ibidem.
“* E. A. Gadd et al., “ROMEO Studies 1: the Impact of CO on Academic Author Self-Archiving”, cit.,
p.251.
E. Hoorn, “Towards Good Practices of Copyright in Open Access Journals: a Study Among
Authors of Articles”, cit.
159
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
Edo . us ef
para cursos ministrados, e 53%, especificamente, para cursos eletrônicos.
Quanto à reutilização dos artigos editados, 29% o fazem sem qualquer per-
missão, ao passo que 25% solicitam às editoras e recebem o devido consenti-
mento; 19%, no entanto, não fazem uso novamente dos próprios artigos
como gostariam, porque não estão dispostos a se envolver com o processo de
obtenção de permissão, haja vista que exige esforço e tempo.
Dizendo de outra forma, embora a reutilização de trabalhos de pesquisa
para fins educativos seja a principal preocupação de autores e de instituições,
essa concessão é totalmente viabilizada, mesmo quando os autores atribuem
os direitos autorais, na íntegra, aos editores. De qualquer forma, neste con-
texto, a dependência então gerada configura-se como fator nevrálgico, não
obstante as novas práticas da TDA permitirem a recuperação do controle
sobre esta importante aplicação dos resultados de investigações científicas. E
mais, de acordo com o estudo de Hoorn,* os autores anseiam por limites
para os direitos autorais em relação às editoras, ao mesmo tempo que não
desejam enfrentar quaisquer restrições por ocasião da reutilização da infor-
mação científica para objetivos acadêmicos e educacionais. A situação ideal
pode, portanto, estar na manutenção de todos os direitos em relação aos
usos educacionais, acadêmicos e comerciais dos textos produzidos com os
autores (71% dos pesquisados querem que os autores sejam os detentores dos
direitos autorais), ao passo que aos usuários e leitores, em geral, não lhes
seria permitida a reutilização desse mesmo material para fins comerciais,
exceto para os citados fins educacionais.
2 Ibidem.
160
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
52
Z. Turk, SciX: Open, Self Organizing Repository for Scientific Information Exchange — D20: Final
Report, version: 1.0, 31-3-2004.
& J. Willinsky, The Access Principle: the Case for Open Access to Research and Scholarship, cit.
161
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
162
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
Princípios
Equilibrar os interesses dos stakeholders em práticas amigáveis de direitos autorais
Objetivo
Auxiliar os interessados — incluindo autores, editores, bibliotecários, universidades e o público
— a alcançar o máximo acesso à produção acadêmica sem comprometer sua qualidade ou
liberdade e sem negar os aspectos relacionados com os seus consequentes custos e bene-
fícios.
Princípios
1 O atingimento desse objetivo requer um melhor gerenciamento dos direitos autorais dos
trabalhos acadêmicos a fim de assegurar uma clara atribuição de direitos que equilibre os
interesses de todas as partes envolvidas.
2. Um gerenciamento otimizado pode ser alcançado por meio de reflexão sobre o desenvolvi-
mento e a implementação de políticas, contratos e outros instrumentos, bem como por pro-
cessos e programas educacionais (coletivamente Gerenciamento dos Direitos Autorais), que
articulem a atribuição de direitos e responsabilidades no que diz respeito aos trabalhos
acadêmicos.
3. O adequado gerenciamento dos direitos autorais e os interesses das diversas partes
interessadas poderão variar de acordo com diversos fatores, incluindo a natureza do traba-
lho, por exemplo, programas de computador, artigos de revistas, bases de dados e obras
multimídias de caráter educacional podem exigir tratamentos diferenciados.
4. No desenvolvimento do gerenciamento dos direitos autorais, o foco principal deve ser a
atribuição de direitos específicos dos vários intervenientes.
5. O gerenciamento dos direitos autorais deverá ser diligente no sentido de respeitar os
interesses de todas as partes envolvidas na utilização e na gestão de trabalhos acadêmicos;
esses interesses poderão, por vezes, divergir, mas serão, em muitos casos, coincidentes.
6. Todos os intervenientes na gestão dos direitos autorais em trabalhos acadêmicos têm
interesse em alcançar os mais elevados padrões de qualidade, maximizando o acesso atual
e futuro, bem como garantir a preservação; os interessados deverão trabalhar em conjunto
baseando-se em condutas internacionais para melhor atingir os objetivos comuns e para o
desenvolvimento de uma comunidade de interesse de apoio mútuo.
7. Todas as partes interessadas deverão promover ativamente a compreensão das importan-
tes implicações do gerenciamento dos direitos autorais de trabalhos acadêmicos e incentivar
o compromisso com o desenvolvimento e a implementação de ferramentas de gerenciamento
dos direitos autorais a fim de alcançar o objetivo global.
18 de fevereiro de 2003
Observação: Esses princípios foram endossados pelos diferentes intervenientes, durante conferência de
trabalho, dezembro de 2002, Zwolle, Holanda.
Fonte: http://www.surf.nl/copyright.
163
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
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LAW, D. G. et al. “Universities and Article Copyright”. Em Learned Publishing, 13 (3),
2000.
164
DIREITOS AUTORAIS E O MOVIMENTO DO ACESSO ABERTO
165
Preservação de
revistas eletrônicas
Luis Fernando Sayão
Introdução
Desde seu surgimento, no século XVII, os periódicos científicos têm exer-
cido função central no processo de comunicação científica, começando com
a publicação, em 1665, do Journal des Sçavans e das Philosophical Transactions
of the Royal Society,' por mais de três séculos, os principais personagens do
ciclo de comunicação científica — autores, editores, bibliotecas, usuários —
vêm tendo seus papéis estabelecidos e institucionalizados juntamente com
todo o aparato acadêmico, até a configuração atual, instituída nos fins do
século XIX. A revista científica é o coroamento desse sistema de comunicação
que cria um compromisso explícito entre qualidade e visibilidade na geração
de novos conhecimentos científicos.”
Os títulos científicos, a partir de seus primórdios, vêm sendo distribuídos
em forma impressa. Na última década, porém, o mercado de publicação
! Michael Day, “The Scholarly Journal in Transition and the PubMed Central Proposal”, em
Ariadne, vol. 21, dezembro de 1999, disponível em http://www.ariadne.ac.uk/issue21/pubmed/,
acesso em 15-1-2008.
C. H. Marcondes & L. F. Sayão, “Documentos digitais e novas formas de cooperação entre
sistemas de informação em C&T”, em Ciência da Informação, 31 (3), Brasília, 2002.
167
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
* A, R. Kenney et al. E-journal Archiving Metes and Bounds: a Survey of the Landscape (Washington
D.C.: Council on Library and Information Resources, 2006).
4 D.J. Waters, “Urgent Action Needed to Preserve Scholarly Electronic Journals”, Digital Library
Federation (DLF), 2005, disponível em http://diglib.org/pubs/waters051015/, acesso em 21-1-2008.
168
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
169
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
A dimensão do problema
À pesquisa e o ensino — como, de resto, toda a sociedade — estão crescen-
temente dependentes de dados e de informações geradas por ferramentas
baseadas em computador. Para haver avanço do conhecimento, esses regis-
tros requerem o estabelecimento de metodologias e compromissos de longo
prazo que garantam sua capacidade de serem acessados e decodificados com
a tecnologia corrente na época do acesso, e que os usuários potenciais de tais
informações possam utilizá-las facilmente. Portanto, o armazenamento per-
sistente, a preservação digital e o estabelecimento de modelos de informação
para a preservação estão se tornando questões-chave para a pesquisa cientí-
fica.
À preservação digital, contudo, é per se um problema complexo. Envolve
muitas variáveis e compromissos de longa duração e pressupõe grandes in-
* E. Owens, “Digital Preservation and Electronic Journals” em Library and Information Services in
Astronomy, vol. 377, 2007.
170
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
$ H. Jansen, “Permanent Access to Electronic Journals”, em Information Services & Use, vol. 26,
2006, disponível em http://iospress.metapress.com/media/l2tkyjxvim6llarhecw0/contributions/
7/d/r/b/7drby9 r8t4gf8ap.pdf, acesso em 17-1-2008.
7 D.J. Waters, “Urgent Action Needed to Preserve Scholarly Electronic Journals”, cit.
171
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
inercialmente, décadas depois, mas não é este o caso dos equivalentes digi-
tais. Manter os conteúdos digitais disponíveis para o uso de futuras gerações
requer esforço intencional e monitoramento e investimentos contínuos, como
chama a atenção Flecker.” A preservação digital não é uma ação fixada no
tempo, mas sim um processo que se desenrola indefinidamente. Além dos
desafios técnicos representados pelas estratégias, procedimentos e padrões
voltados para a preservação, é necessário pensá-la também como desafio
gerencial e organizacional.
173
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
o D.J. Waters. D. J. “Urgent Action Needed to Preserve Scholarly Electronic Journals”, cit.
"n H. Jansen, “Permanent Access to Electronic Journals”, cit.
174
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
175
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
176
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
4 K-H. Lee et al. “The State of the Art and Practice in Digital Preservation” em Journal of Research
of the National Institute of Standards and Technology, 107 (1), jan-fev. de 2002, pp. 93-106.
5 S.-S. Chen, “The Paradox of Digital Preservation”, março de 2001, disponível em http://
www.gseis.ucla.edu/us-interpares/pdf/ParadoxOfDigitalPreservation.pdf, acesso em 14-1-2008.
is J. Rothenberg, “Ensuring the Longevity of the Digital Documents”, em Scientific American, janeiro
de 1995, disponível em http://www.clir.org/pubs/archives/ensuring.pdf, acesso em 21-1-2008.
177
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
? A. Bullock, Preservation of Digital Information: Issues and Current Status. (Ottawa: National Library
of Canada, 1999), disponível em http://www.collectionscanada.ca/9/1/p1-259-e.html, acesso em
27-1-2008.
178
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
8 S. Payette, “Persistent Identifiers on the Digital Terrain”, em RLG Diginews, 2 (2), 15-4-1998.
179
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
2 P Caplan &W.Y, Arms, “Reference Linking for Journal Articles” em D-Lib Magazine, 5 (4), abril
de 1999.
» L. E Sayão, “Interoperabilidade das bibliotecas digitais: o papel dos sistemas de identificadores
persistentes — URN, PURL, DOI, Handle System, CrossRef e OpenURL”, cit.
180
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
REFERÊNCIAS IMPORTANTES
2 CPA/RLG, “Preserving Digital Information: Report of the Task Force on Archiving of Digital
Information” 1996, disponível em http://www.rlg.org/legacy/ftpd/pub/archtf/final-report.pdf,
acesso em 2-1-2008.
2 E. Owens, “Digital Preservation and Electronic Journals”, cit.
181
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
3 CCSDS, “Reference Model for Open Archival Information System (Oais): Recommendation”,
Washington, DC, 2002, disponível em http://public.ccsds.org/publications/archive/650x0b1.pdf,
acesso em 27-4-2008.
24
M. Day, “Metadata for Digital Preservation: an Update”, em Ariadne, vol. 22, 1999, disponível em
http://www.ariadne.ac.uk/issue22/metadata/, acesso em 20-1-2008; B. Lavoie & R. Gartner,
“Preservation Metadata”, OCLC, OPC, setembro de 2005, disponível em http://www.dpconline.org/
docs/reports/dpctw05-01.pdf, acesso em 20-1-2008.
182
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
» RLG/Nara, An Audit Checklist for the Certification of Trusted Digital Repositories: Draft for Public
Comment (Mountain View: s/ed., 2005).
% K.-H. Lee et al., “The State of the Art and Practice in Digital Preservation”, cit.
183
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
preservação digital tem sido capaz de implantar métodos efetivos para a pre-
servação do conteúdo informacional de materiais digitais, cujos formatos e
estruturas são bem conhecidos e mais simples. Em oposição, falha ou obtém
resultados pífios para materiais mais complexos e dinâmicos ou para os que
constituem formas novas ou emergentes de documentos, e que expressam a
inovação no uso da tecnologia digital.
- Um fator fundamental de sucesso para o incremento da longevidade dos
objetos digitais, não importando a estratégia de preservação digital adota-
» da, está relacionado com a adoção de padrões, mormente os padrões aber-
SÁ tos. Numa visão otimista, eles permitem que os documentos digitais sejam
a representados em formatos mais duradouros e estáveis, reduzindo a veloci-
dade do ciclo de obsolescência. A aplicação de padrões na preservação digital
— na codificação, nos formatos e nos esquemas de representação — torna os
processos de preservação digital mais fáceis, menos frequentes e mais bara-
tos, à medida que reduzem a grande variedade de processos de preservação
customizados, decorrentes da multiplicidade de formatos em que se tradu-
zem os objetos digitais não padronizados. Idealmente, a estandardização
deve preceder a própria criação do objeto da preservação. Existe concordân-
cia entre os especialistas da área de que a preservação digital pode ser real-
mente facilitada mediante a adoção de alguns procedimentos, que incluem:
* A definição de um conjunto limitado e gerenciável de padrões, prefe-
rencialmente abertos e/ou de ampla aceitação e de uso corrente.
* A aplicação desses padrões na criação de novos objetos digitais ou na
conversão de documentos analógicos para formatos digitais.
* O acompanhamento da obsolescência dos padrões desse conjunto e o
monitoramento do surgimento de novos padrões.
* À migração para os novos padrões tão logo eles estejam consolidados.”
Outro ponto relevante para a gestão da preservação digital é a adoção de
esquemas de metadados que registrem informações necessárias para a preser-
vação. O Oais estabelece como essenciais estas informações:
184
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
MIGRAÇÃO
A estratégia de migração envolve basicamente um conjunto de atividades
que devem ser repetidas periodicamente e consiste em copiar, converter ou
transferir a informação digital do patamar tecnológico que a sustenta (mídias,
softwares, formatos e hardwares) para outro mais atualizado e de uso corrente.
Trata-se da estratégia de preservação digital utilizada em maior escala. A
migração é também a que possui um conjunto de procedimentos mais bem
organizado e consolidado entre as estratégias correntemente praticadas. Seu
objetivo primordial é preservar a integridade de objetos digitais enquanto
mantém, prioritariamente, a capacidade do usuário de recuperá-los, exibi-
los e utilizá-los em face da constante mudança tecnológica. Seu foco está
centrado no conteúdo informacional imbricado num objeto digital, em de-
trimento da tecnologia que o envolve; e, não menos importante, na possibi-
lidade de assegurar a acessibilidade futura a esse conteúdo, usando a
tecnologia disponível à época do acesso.
Dadas essas características, a migração preserva, potencialmente, o con-
teúdo de um objeto digital. Não pode ser capaz de preservar algumas das
funcionalidades mais complexas, por exemplo, as propriedades multimídias
e o contexto — links e outros relacionamentos — do objeto digital. E mais:
migrações sucessivas podem, eventualmente, levar a perdas severas e inacei-
táveis. A idéia básica, portanto, é minimizar essas perdas e reter o conteúdo
numa forma mais utilizável possível, segundo Bullock, CPA/RLG?* e
Hedstrom.?
pm,
? A. Bullock, “Preservation of Digital Information: Issues and Current Status”, cit.
* CPA/RLG, “Preserving Digital Information: Report of the Task Force on Archiving of Digital
Information”, cit.
2 M. Hedstrom, “Digital Preservation: a Time Bomb for Digital Libraries”, Computer and the
Humanities, 31 (3), 1997/1998,
pp. 189-202.
186
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
PRESERVAÇÃO DA TECNOLOGIA
EMULAÇÃO
A emulação consiste em estratégia bem próxima à filosofia da preservação
tecnológica, tendo em vista que envolve conservar programas aplicativos
originais, os objetos digitais originais e todas suas funcionalidades. Parte do
pressuposto de que é tecnicamente viável substituir as plataformas de hardware
obsoletas necessárias para rodar no futuro os aplicativos originais por má-
quinas virtuais, por meio de programas emuladores. Em vez de museus de
equipamentos reais, teríamos museus virtuais, constituídos de programas
emuladores de hardwares obsoletos. De qualquer forma, a emulação tem
estado sob muitas pesquisas e controvérsias. É considerada, por muitos pes-
quisadores, como opção viável para superar as fragilidades da migração, ao
mesmo tempo que enfrenta severas críticas de outros.
ENCAPSULAMENTO
& K.-H. Lee et al., “The State of the Art and Practice in Digital Preservation”, cit.
187
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
188
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
189
A
CCSDS, “Reference Model for Open Archival Information System (Oais): Recommendation”, cit.
y
190
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
191
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
INICIATIVAS IMPORTANTES
“ Ibidem.
192
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
* DLE “Minimum Criteria for an Archival Repository of Digital Scholarly Journals”, maio de 2000,
disponível em http://www.diglib.org/preserve/criteria.htm, acesso em 21-1-2008.
“2 Ibidem.
193
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
194
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
196
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
* A, R. Kenney et al., E-Journal Archiving Metes and Bounds: a Survey of the Landscape, cit.
“? A. R. Kenney, “Surveying the E-journal Preservation Landscape”, cit.
197
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
* A. R. Kenney et al., E-journal Archiving Metes and Bounds: a Survey of the Landscape, cit.
* E. Owens, “Digital Preservation and Electronic Journals” cit.
o 198
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
% A. R. Kenney et al., E-journal Archiving Metes and Bounds: a Survey of the Landscape, cit.
199
COMO GERENCIAR O CONTEUDO CIENTÍFICO
% Ibidem.
2 D. Flecker, “Preserving Scholarly E-Journals”, cit.
201
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
Algumas recomendações
Como recomendação geral, é premente que a informação digital seja cria-
da, tendo como perspectiva a duração adequada ao ciclo regular de vida. Isso
significa a escolha de softwares e formatos que ofereçam as melhores chances
de assegurar que o material permaneça facilmente acessível, ao longo das
décadas e/ou séculos. Softwares não compatíveis com as versões anteriores
(compatibilidade retrospectiva) ou com as versões futuras (compatibilidade
futura) dificultam a utilização dos registros digitais à medida que o tempo
202
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
203
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
205
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
Considerações finais
Reiteramos a idéia de que a preservação digital constitui processo com-
plexo. Como tal, envolve muitas variáveis, e a mais controlável e perceptível
delas talvez seja a tecnologia. Traz subjacente, ainda, compromisso inadiável
com o futuro. Isto equivale a dizer que é um tema que toca a sociedade mo-
derna como um todo. Estamos sob a sombra de uma amnésia digital, que
ameaça nossos acervos culturais, as informações para os negócios, os docu-
206
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
207
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
208
PRESERVAÇÃO DE REVISTAS ELETRÔNICAS
Referências bibliográficas
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National Library of Canada, 1999). Disponível em http://www.collectionscanada.ca/
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FLECKER, D. “Preserving Scholarly E-journals” Em D-Lib Magazine, 7 (9), setembro de
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HEDSTROM, M. “Digital Preservation: a Time Bomb for Digital Libraries”. Em Computer
and the Humanities, 31 (3), 1997-1998.
209
COMO GERENCIAR O CONTEÚDO CIENTÍFICO
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Lista de abreviaturas
e/ou siglas
20
MAIS SOBRE REVISTAS CIENTÍFICAS: EM FOCO A GESTÃO
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LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS
213
MAIS SOBRE REVISTAS CIENTÍFICAS: EM FOCO A GESTÃO
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Sobre os autores
CHARLES OPPENHEIM
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MAIS SOBRE REVISTAS CIENTÍFICAS: EM FOCO A GESTÃO
LUIS SAYÃO
Graduado em física pela UFRJ, com mestrado e doutorado em ciência da
informação pela mesma instituição. Desde 1980, trabalha na Comissão Na-
cional de Energia Nuclear (CNEN), em que já exerceu os cargos de chefe do
Centro de Informações Nucleares (CIN); chefe da Divisão de Tecnologia da
Informação; coordenador-geral de informática; representante do Brasil no
Sistema Internacional de Informação Nuclear (International Nuclear
Information System), da Agência Internacional de Energia Atômica da Or-
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SOBRE OS AUTORES
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MAIS SOBRE REVISTAS CIENTÍFICAS: EM FOCO A GESTÃO
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SOBRE OS AUTORES
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Editora Senac São Paulo Cengage Leaming
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