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ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA – uma análise dos indicadores e atributos da

ferramenta de Marandino, no “Museu do Amanhã”, Rio de Janeiro.


Caio Luan Pereira de Sousa, Alessandra de Abreu da Silva.

INTRODUÇÃO
Dutra, Oliveira e Del Pino (2017, p. 58) afirmam: “[...] entendemos que a alfabetização
científica representa um conjunto de conhecimentos científicos e tecnológicos que facilitariam
aos homens e mulheres fazerem uma leitura do mundo onde vivem, para assim compreendê-lo
e transformá-lo”. Diante disso, pode-se entender que a alfabetização cientifica (AC)
proporciona ao longo das experiencias adquiridas com o decorrer dos anos as pessoas a terem
uma visão de mundo mais amplo sobre os fatos e assim ter uma pratica efetiva sobre elas.
Além disso, segundo Lorenzetti (2000), a alfabetização cientifica é o processo pelo qual a
linguagem das ciências naturais adquire significado, de modo a possibilitar os alunos a
compreensão de seu universo, propiciando o acesso a novas formas de conhecimento e cultura
e capacitando-os a exercer a cidadania na sociedade em que vivem. Assim, a alfabetização
cientifica proporcionará ao aluno uma visão mais crítica sobre o mundo, “pensamento
cientifico”, ou seja, instigar e incentivar os alunos a buscarem soluções para problemas de seu
cotidiano, mas sempre utilizando o conhecimento e a análise crítica na busca dessas soluções.
Além de tomar decisões certas e combater informações falsas. É importante salientar que
alfabetização cientifica não é memorização, mas sim, reflexão, construção reflexão, para
assim, argumentar.
Diante o exposto pode-se perceber que a alfabetização cientifica é de grande importância nas
escolas, que é considerado um ambiente formal para proporcionar a AC, porém não é só em
espaços formais que pode se desenvolver a alfabetização cientifica. Há os espaços de
educação não formal (ENF) que segundo Marandino (2000), esses espaços têm assumido cada
vez mais a função educativa como parte essencial de suas atividades, principalmente, a partir
do movimento de alfabetização científica e tecnológica da população. São espaços como
museus, zoológicos, jardins botânicos, parques nacionais, planetários, museus de história
natural, entre outros. Ainda de acordo com Lorenzetti (2000), os espaços não formais de
educação podem contribuir significativamente para o ensino de ciências e para a promoção da
AC, pois o próprio espaço já é atrativo, despertando a curiosidade dos alunos.
Portanto, o presente trabalho tem como objetivo a análise dos indicadores e atributos da
Alfabetização Cientifica encontrados no “Museu do Amanhã”, localizado no Rio de Janeiro-
RJ, Brasil.
METODOLOGIA
Para realização da análise dos indicadores de Alfabetização Científica (AC) presentes no
museu, tivemos que visitar virtualmente o “Museu do Amanhã” seguindo o site
(https://museudoamanha.org.br/tourvirtualpratodomundo/), no qual foram feitas visitas nos
dia 22 de novembro para ter um primeiro contato com o mesmo; nos dias 27 e 29 do mesmo
mês, foram feitas outras visitas para colocar quais indicadores e atributos estavam presentes
ou ausentes, em seguida nos dias 01 e 02 de dezembro foram deitas visitas mais detalhadas
para confirmar os indicadores e atributos e justificar o porquê de estarem presentes. Essa
justificativa estará exposta nos resultados deste mesmo resumo.
Mas para realizar essa coleta de informações primeiro foi preciso conhecer a ferramenta de
indicadores de AC proposta por Marandino et al. (2018) ao qual foi elaborada e desenvolvida
por um conjunto de pesquisadoras do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Não Formal e
Divulgação em Ciência – GEENF. O objetivo da ferramenta é compreender e organizar
aspectos referentes às várias dimensões da Alfabetização Cientifica. A ferramenta é formada
por 4 indicadores e seus respectivos atributos, sendo eles: 1- Indicador Cientifico com estes
atributos: 1a. Conhecimento e conceitos científicos, pesquisas científicas e seus resultados;
1b. Processo de produção do conhecimento científico; 1c. Papel do pesquisador no processo
de produção do conhecimento. 2- Indicador Interface-Social com seus atributos: 2a.
Impactos da ciência e sociedade; 2b. Influência da economia e política na ciência; 2c:
Influência e participação da sociedade diante da ciência. 3- Indicador Institucional e seus
atributos: 3a. Instituições envolvidas na produção e divulgação da ciência, seus papéis e
missões; 3b. Instituições financiadoras, seus papéis e missões; 3c. Elementos políticos,
históricos, culturais e sociais ligados à instituição. 4- Indicador Interação com seus
atributos: 4a. Interação física; 4b. Interação estético- afetivo; 4c. Interação cognitiva.
Portanto, partindo desse pressuposto, veremos em seguida, em detalhes, o que está de acordo
ou não com a ferramenta supracitada.
RESULTADOS E DISCUSÇÕES
1 - Indicador Científico
1a. Conhecimentos e conceitos científicos, pesquisas científicas e seus resultados.
Em dois espaços do museu essa especificidade foi notada. Ficou particularmente evidente na
entrada do museu que há um vitral conhecido como “cauda de pavão”. Esta janela apresenta
uma representação de seis grilos, antes visto como um obstáculo à produção de alimentos, o
assunto em questão era comumente considerado uma praga. Hoje em dia existe um substituto
proteico que pode aumentar o valor nutricional de diversos alimentos. Este atributo da
exposição também fica evidente na seção dedicada às Novas Fronteiras Agrícolas. A frase
refere-se a regiões que possuem o potencial para aumentar a sua produção alimentar,
juntamente com a capacidade de melhorá-la. O objetivo é disponibilizar materiais interativos
contendo informações científicas, referentes a projetos com padrões discerníveis. O futuro da
produção alimentar é promissor, especialmente nas áreas mencionadas anteriormente. É
evidente que estes locais oferecem uma ideia do que é possível alcançar. A menção de
conceitos relativos às implicações mundiais do progresso na pesquisa e na compreensão.
1b. Processos de produção do conhecimento científico
A mesma característica fica evidente em Corredores II, como fica evidente quando se refere
a frases como: Os avanços no melhoramento genético dos alimentos levaram ao
desenvolvimento de técnicas inovadoras como o CRISPR, bem como à criação de culturas
biotecnológicas. Um dos painéis interativos da exposição menciona “drones polinizadores”
e explora diversos procedimentos e técnicas relacionados ao conceito. Os processos e
ferramentas de investigação científica são componentes essenciais da área. Quanto às
tecnologias utilizadas na pesquisa científica, elas são discutidas na seção Tecnologias com
grande facilidade. A característica distinta desta característica é imediatamente evidente,
pois abrange demonstrações de dispositivos por meio de vídeos. A produção de alimentos
foi revolucionada por métodos técnicos e tecnológicos como a hibridização e a impressão.
Os visitantes recebem uma variedade de experiências inovadoras e de ponta, como
alimentos impressos em 3D, organismos geneticamente modificados e instalações de
armazenamento para preservação de sementes e outros materiais vegetais. Dispositivos
especificamente concebidos para cortar frutos de forma a revelar a sua estrutura interna.
1c. Papel do pesquisador no processo de produção do conhecimento.
A secção Saúde e Sociedade destaca explicitamente esta característica distinta num dos seus
painéis. Garrett Hardin, um ecologista que ganhou fama por promover a ideia da “tragédia
dos comuns”, foi um forte defensor de abordagens interativas no campo da ecologia.
2- Indicador Interface-Social
2a. Impactos da ciência na sociedade.
Um dos painéis interativos da seção Saúde e Sociedade trouxe à tona a identificação desse
atributo específico. O tema do ritmo acelerado da sociedade moderna é levantado por ele em
conjunto com a questão de “O consumismo revela uma série de questões, como a ingestão
nutricional inadequada e a obesidade”, chamando a atenção, em última análise, para as
ramificações dos nossos hábitos de consumo. A ciência e a tecnologia estão
indissociavelmente ligadas à sociedade e o impacto de uma sobre a outra não pode ser
negado. O avanço da ciência e da tecnologia trouxe mudanças significativas na maneira
como pensamos, agimos e interagimos uns com os outros. Por outro lado as normas, valores
e crenças sociais moldaram a direção da investigação científica e da inovação tecnológica.
A relação entre ciência, tecnologia e sociedade é complexa e multifacetada, e seu estudo é
de grande importância para a compreensão do mundo em que vivemos.
2b. Influência da economia e política na ciência
A seção Jardim do Amanhã apresenta uma abordagem referente a esse atributo específico,
que é apresentado de maneira direta. A informação torna-se particularmente significativa
quando sublinha que existem mais de oitocentos milhões de indivíduos em situação de
insegurança alimentar. Todos os dias, um terço dos alimentos produzidos no mundo é
desperdiçado. Uma questão persistente é trazida à luz neste texto, uma questão que tem
influência tanto económica como política. A influência e o envolvimento da sociedade no
domínio da ciência são um tema multifacetado. Abrange uma ampla gama de fatores que
têm impacto na pesquisa científica e em seus resultados. O papel dos valores, crenças e
ideologias sociais não pode ser ignorado quando se examina a interação entre ciência e
sociedade. Além disso, a participação do público em empreendimentos científicos, seja
através de financiamento ou envolvimento direto, é um aspecto importante desta relação. No
geral, a ligação entre ciência e sociedade é complexa e está em constante evolução
2c. Influência e participação da sociedade diante da ciência.
A característica referida é visível numa zona específica do espaço, denominada Sala de
Abertura II. Isso é particularmente perceptível em um trecho de texto aberto,
apropriadamente chamado de "Texto Exposto". Considerando a necessidade de fornecer
sustento a uma população global em rápido crescimento, o conceito de “pratodomundo –
comida para 10 mil bilhões de pessoas” surgiu como uma solução potencial. Com a
população mundial a continuar a crescer, há uma necessidade de aumentar a produção
alimentar em mais de 60% dos níveis atuais. Através do uso da biotecnologia, as demandas
nutricionais estão sendo melhor atendidas através do aumento da produção. Vários
mecanismos, como edição genética e logística aprimorada, foram desenvolvidos para
melhorar e otimizar vários processos.
3- Indicador Institucional
3a. Instituições envolvidas na produção e divulgação da ciência, seus papéis e missões.
A característica do museu é imediatamente aparente ao entrar pelas portas principais. O
corredor introdutório exemplifica esta característica, onde... Nos escritos expositivos há
referências a todos os colaboradores envolvidos na exposição Pratodomundo.
3b. Instituições financiadoras, seus papéis e missões.
À medida que se avança pelo corredor de introdução da exposição, a característica notável é
exemplificada pela mera existência de logotipos dos parceiros financeiros e patrocinadores
que são exibidos com maior destaque: Carrefour, IBM, Banco Santander e EMBRAPA.
3c. Elementos políticos, históricos, culturais e sociais ligados à instituição
Este atributo, encontra-se ausente, em nenhum momento da visitação do museu, este atributo
é de fato evidenciado.
4- Indicador Interação
4a – Interação física
Este atributo está ausente, devido à visitação ser virtualmente, o que caracteriza a interação
ser de maneira remota, sem possibilidade de tocar em algum objeto por meio dessa visitação.
4b – Interação estético-afetiva
O atributo da tomografia nos frutos “sementes do amanhã” foi perceptível na observação. O
objetivo de promover respostas afetivas nos visitantes é alcançado através da
implementação de estimulação audiovisual. Essa estimulação serve para envolver os
sentidos e provocar reações emocionais e cognitivas no indivíduo. Ao contemplar o futuro,
não podemos deixar de sentir uma sensação de incerteza. O que está por vir é desconhecido
e as possibilidades são vastas e variadas. É natural nos perguntarmos o que o amanhã
poderá trazer e como ele moldará nossas vidas. Além disso, os jogos interativos tornaram-se
onipresentes em nossa sociedade. De videogames a jogos de tabuleiro e esportes, eles
oferecem um meio de entretenimento e socialização. A essência destes jogos está enraizada
na natureza interativa, que permite aos jogadores interagir uns com os outros e participar em
experiências partilhadas. Durante as sessões de exposição, é possível estimular respostas
pessoais de natureza emocional. Isso se deve ao potencial que essa sessão causa no
visualizador.
4c – Interação cognitiva
A seção Corredores II é onde este indicador específico foi descoberto. Sua descoberta foi
possível orientando o observador para uma análise minuciosa. Quando confrontados com
perguntas como "Está dentro de nossa jurisdição alterar a composição a nosso critério?" os
críticos devem exercer cautela e consideração em suas respostas. Quando ele pergunta sobre
"química alimentar" ou coloca a questão: "O que garante que teremos alimentação para
todos?"

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dessa forma, o espaço visitados traz a tonas vários dos indicadores que foram então proposta
por Marandino, garantindo a percepção que espaços não formais também proporcionam
aprendizagem, senso crítico, entre outros, isso porque estamos habituados a pensar que só na
escola o aluno irá desenvolver essas habilidades, mas como exposto nesse resumo os ENF
também são capazes proporciona-las. Esse novo espaço em “descoberta” pode ser interessante
para o aluno e assim ajuda-lo a construir uma argumentação com base em exemplos práticos,
percebidos nesse novo espaço, levando assim, o aluno ser alfabetizado cientificamente,
inclusive dentro de um espaço como o “Museu do Amanhã”.
REFERÊNCIAS
DUTRA, Gildete Elias; OLIVEIRA, Eniz Conceição; DEL PINO; José Claudio.
Alfabetização científica e tecnológica na formação do cidadão. Revista Signos, Lajeado,
ano 38, n. 2, p. 56-62, 2017.
LORENZETTI, Leonir. Alfabetização científica no contexto das séries iniciais. 2000. 143
f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 25 fev. 2000
MARANDINO, Martha. Museu e escola: parceiros na educação científica do cidadão. In:
CANDAU, Vera Maria (Org.). Reinventar a escola. 3. ed. Petrópolis, p. 189-219. Rio de
Janeiro: Vozes, 2000
HENCKES, Simone Beatriz, ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA EM ESPAÇOS NÃO
FORMAIS DE ENSINO E APRENDIZAGEM. 2018 Dissertação (Mestrado em Educação)
- a Universidade do Vale do Taquari- Rio Grande do Sul,2018.
MARANDINO, Martha, Análise do processo de alfabetização científica em crianças em
espaços de educação não formal e divulgação da ciência. Curitiba, 2018.

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