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Copyright © 2021 Editora Livraria da Física

Editor: J OSÉ R OBERTO M ARINHO


Editoração Eletrônica: E DI C ARLOS P EREIRA DE S OUSA
Capa: E DI C ARLOS P EREIRA DE S OUSA

Texto em conformidade com as novas regras ortográficas do Acordo da Língua Portuguesa.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências : fundamentos e


práticas / organização Tathiane Milaré ... [et al.]. – 1. ed. – São Paulo: Livraria
da Física, 2021.

Outros autores: Graziela Piccoli Richetti, Leonir Lorenzetti, Jose de Pinho


Alves Filho.

ISBN 978-65-5563-079-4

1. Ciências - Estudo e ensino 2. Prática de ensino 3. Professores de ciências


- Formação profissional 4. Sala de aula - Direção I. Richetti, Graziela Piccoli, II.
Lorenzetti, Leonir. III. Alves Filho, Jose de Pinho.

21-61669 CDD–507

Índices para catálogo sistemático:

1. Ciências : Estudo e ensino 507

Aline Graziele Benitez – Bibliotecária – CRB-1/3129

ISBN: 978-65-5563-079-4

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Tel./Fax: +55 11 3459-4327 / 3936-3413
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2. A Alfabetização Científica e Tecnológica:
pressupostos, promoção e avaliação na Educação
em Ciências

Leonir Lorenzetti

Introdução

O
ano de 2020 foi marcado por muitas mudanças, transformações e aprendi-
zagens decorrentes da pandemia do coronavírus, evidenciando diferentes
compreensões e crenças envolvendo a Ciência, a tecnologia e a importância
do conhecimento científico. Um período marcado, por um lado, pelo negacionismo
da Ciência e, por outro, pela esperança que a Ciência produza a vacina que seja eficaz
no combate ao vírus.
O momento também demarcou os 20 anos da defesa da minha dissertação de mes-
trado, intitulada a “Alfabetização Científica nas séries iniciais”. Seguindo o mesmo
interesse de pesquisa, nos últimos anos tenho realizado várias palestras, lives, discus-
sões em disciplinas da graduação e de pós-graduação e no Grupo de Estudos e Pes-
quisa sobre a Alfabetização Científica e Tecnológica na Educação em Ciências (GE-
PACT), que coordeno. Nesses encontros fui incentivado a escrever um novo texto,
tratando os pontos seguintes. Qual o papel da Alfabetização Científica e Tecnológica
na atualidade? O que caracterizou esses 20 anos de produção sobre o tema? Quais
são os desafios para os próximos 20 anos? São questões que precisam ser enfrentadas.
A Alfabetização Científica e Tecnológica pode ser considerada como um dos
eixos emergentes da pesquisa em Educação em Ciências no Brasil, sendo apontada
como uma meta da aprendizagem e um objetivo do ensino, na medida em que almeja
ampliar os conhecimentos sobre Ciência e tecnologia, concomitantemente a uma
formação cidadã. Sua promoção ocorre em contextos formais e não formais, sendo
desenvolvida de forma processual e contínua. O enfoque almeja propiciar a discussão,
a resolução de problemas e o posicionamento crítico em relação aos assuntos que
envolvem a Ciência e a Tecnologia. Fundamenta-se na premissa de que a elevação no
nível de ACT amplia a participação pública nos assuntos que envolvem a Ciência e a
Tecnologia.
A partir dos anos 2000 houve uma produção crescente de dissertações e teses
que ampliaram as discussões sobre a temática, ganhando impulso ainda maior com a
pesquisa de Sasseron (2008), ao propor os indicadores de Alfabetização Científica. Ao
48 • alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências

olhar para a produção brasileira é possível identificar que no período de 2000 a 2008
os trabalhos priorizam a discussão sobre os fundamentos teóricos da Alfabetização
Científica e as formas de sua promoção na Educação em Ciências, tendo como foco
as ações docentes, com ênfase no processo de ensino.
Com a publicação dos indicadores de Alfabetização Científica por Sasseron
(2008), as pesquisas passaram a enfatizar a aprendizagem dos estudantes, procurando
identificar nas interações discursivas como eles expressam o processo de compreensão
do conhecimento científico e como as ações desenvolvidas pelos professores, na escola
e nos espaços não formais, estão contribuindo para ampliar os níveis de Alfabetização
Científica dos estudantes.

Pressupostos da Alfabetização Científica e Tecnológica

Conceituar a Alfabetização Científica e Tecnológica não é uma tarefa fácil.


Laugksch (2000) considera que o conceito é difuso, com distintos significados e inter-
pretações que dependem do contexto, sendo necessário explicitar o posicionamento
e compreensão dos autores. Para Bingle e Gaskell (1994, p. 186) a Alfabetização Cien-
tífica “tem muitas das características de um slogan educacional no qual o consenso é
superficial, porque o termo significa coisas diferentes para pessoas diferentes”.
Para Lorenzetti (2000, p. 78) a Alfabetização Científica pode ser compreendida
como:
o processo pelo qual a linguagem das Ciências Naturais adquire significados,
constituindo-se um meio para o indivíduo ampliar o seu universo de conheci-
mento, a sua cultura, como cidadão inserido na sociedade. Estes conhecimen-
tos adquiridos serão fundamentais para a sua ação na sociedade, auxiliando-o
nas tomadas de decisões que envolvam o conhecimento científico.

Para o desenvolvimento da Alfabetização Científica e Tecnológica, as atividades


de ler e escrever sobre Ciência deverão estar intimamente relacionadas com o pro-
cesso de compreensão do assunto. A transmissão e memorização de fatos, descrições
e classificações, devem ir de encontro à compreensão efetiva desses conteúdos e, con-
sequentemente, promover a Alfabetização Científica. As atividades docentes devem
possibilitar momentos de análise, reflexão, crítica e incorporação desses conhecimen-
tos à vida de seus educandos. A partir desses elementos, os alunos passam a identifi-
car e analisar os significados que os conteúdos apresentam, possibilitando a aplicação
dos conhecimentos científicos na multiplicidade de contextos em que estão inseri-
dos. Ou seja, a Alfabetização Científica e Tecnológica na escola requer uma educação
crítica e transformadora, orientada por teorias progressistas.
Desse modo, o Ensino de Ciências não deve restringir-se a simples memorização
de fatos e conceitos científicos. O Ensino de Ciências promoverá a Alfabetização Ci-
alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências 49 •

entífica se incluir a habilidade de decodificar símbolos, fatos e conceitos; a habilidade


de captar/adquirir significados; a capacidade de interpretar sequências de ideias ou
eventos científicos, estabelecendo relações com outros conhecimentos, relacionando
seus conhecimentos prévios, modificando-os e, acima de tudo, refletindo sobre o
significado do que se está estudando, tirando conclusões, julgando e, fundamental-
mente, tomando posição.
Ao mesmo tempo em que estas habilidades devem ser ensinadas na escola, sua
prática deve ser orientada para a vida cotidiana: a leitura de jornais, revistas, livros
didáticos e técnicos, anúncios, rótulos, receitas médicas, entre outros. A leitura
científica deve ocorrer desde uma simples nota de um jornal até o entendimento
de uma bula de remédio. Quando isso ocorre, pode-se afirmar que os alunos estão
compreendendo os significados que os conceitos científicos apresentam, ampliando
a sua cultura e utilizando-os na sua vida prática.
Sasseron e Carvalho (2008) destacam que o professor que se propõe a alfabetizar
cientificamente precisa estar atento ao que elas chamam de “eixos estruturantes da
Alfabetização Cientifica”. As referidas autoras ressaltam que estes eixos são capazes
de fornecer bases suficientes e necessárias que devem ser consideradas no momento
da elaboração e do planejamento de propostas de aulas que visem a Alfabetização
Científica. O primeiro eixo configura-se na “compreensão básica de termos, conheci-
mentos e conceitos científicos fundamentais”; o segundo refere-se à “compreensão
da natureza das Ciências e dos fatores éticos e políticos que circundam sua prática”;
e o terceiro “compreende o entendimento das relações existentes entre Ciência, Tec-
nologia, Sociedade e meio-ambiente”.
Marques e Marandino (2008, p. 7) também compreendem a AC como processo
que ocorre dentro e fora da escola e que implica:
i) a promoção de diálogos e aproximações entre a cultura experiencial dos
indivíduos e a cultura científica;
ii) a apropriação de saberes relacionados a termos e conceitos científicos, à
natureza da Ciência, às relações entre Ciência, tecnologia e sociedade;
iii) a promoção de condições necessárias à realização de leituras críticas da
realidade, à participação no debate público, à tomada de decisão responsável, à
intervenção social em uma perspectiva emancipadora e de inclusão social; bem
como que a AC deve promover não apenas a apropriação de conhecimentos,
mas também a construção do que Freire chama de consciência epistemológica,
potencializando a participação social.

Iglesia (1995, p. 07) afirma que uma das metas do movimento educativo Ciência,
Tecnologia e Sociedade (CTS) é a promoção da Alfabetização Científica e Tecnológica
de todos os cidadãos, “para que estes possam participar do processo democrático
de tomada de decisões e da resolução de problemas relacionados com a Ciência e a
tecnologia em nossa sociedade”. Percebe-se que esta afirmação remete à formação
50 • alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências

da consciência crítica do cidadão e à possibilidade de intervenção na sociedade para


transformá-la, elementos estes que balizam a Educação CTS.
Neste sentido, assume-se que a ACT deve propiciar uma leitura crítica do
mundo contemporâneo, cuja dinâmica está crescentemente relacionada ao
desenvolvimento científico-tecnológico, potencializando para uma ação no
sentido de sua transformação (Auler, 2003, p. 68).

Em linhas gerais, o conceito de Alfabetização Científica implica discussões que


possam abranger a comunidade científica, a comunidade escolar e os profissionais
de comunicação acerca do que o cidadão sabe e deveria saber sobre as relações entre
Ciência, tecnologia e sociedade (Leal; Gouvêa, 2000).
[...] ser alfabetizado cientificamente não implica em dominar todo o conheci-
mento científico, isso seria impossível, pois nem os próprios cientistas têm do-
mínio de todas as áreas. Ser alfabetizado em Ciência significa ter o mínimo do
conhecimento necessário para poder avaliar os avanços da Ciência e tecnologia
e suas implicações na sociedade e ambiente (Lonardoni; Carvalho, 2012, p. 3).

Milaré, Richetti e Pinho Alves (2009) também destacam que a Alfabetização


Científica e Tecnológica tem como objetivo permitir que os indivíduos tenham o
mínimo de conhecimentos científicos necessários para o exercício da cidadania. Nesse
sentido, Chassot (2000, p. 91) entende que “ser alfabetizado cientificamente é saber
ler a linguagem em que está escrito a natureza. É um analfabeto científico aquele
incapaz de uma leitura do universo”.
Impactando de distintas formas o mundo do trabalho e as relações sociais e
familiares, a Ciência e a Tecnologia fazem parte da vida, o que torna importante a
compreensão dos seus papéis. Com a educação, os indivíduos passam a utilizar o
conhecimento científico em suas vidas e a discutir suas implicações sociais, tendo
em vista que o nível de Alfabetização Científica da população se reflete nas decisões
políticas tomadas em uma democracia. Segundo Hazen e Trefil (1995, p. 11-12), “ser
capaz de entender tais debates é hoje tão importante quanto saber ler e escrever.
Logo, é preciso ser alfabetizado em Ciências”. Desta forma, quanto maior o nível
de Alfabetização Científica de uma população, maior o estímulo à participação
informada e inteligente em assuntos políticos envolvendo Ciência e Tecnologia.
Uma pessoa pode considerar-se alfabetizada em Ciências “quando consegue
entender notícias de teor científico, quando consegue situar num contexto inteligível
artigos que tratam de engenharia genética ou do buraco da camada de ozônio – em
suma, quando consegue lidar com informações do campo científico da mesma forma
como lida com outro assunto qualquer” (Hazen; Trefil, 1995, p. 12).
alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências 51 •

O cidadão médio não precisa ter as capacidades que se exigem dos cientistas.
Não é preciso saber calcular a trajetória de um projétil de artilharia ou estabe-
lecer a sequência de um filamento de DNA para entender notícias de jornais;
assim como não é preciso saber projetar um avião para fazer uma viagem aé-
rea. Mas isso não altera o fato de que você vive num mundo onde os aviões
existem, e que seu mundo é diferente por causa deles. [...] Portanto, é indis-
pensável ter uma base de conhecimento para entender como tais mudanças
poderão ocorrer e quais serão as consequências, para você e para as gerações
vindouras. É preciso ser capaz de situar os novos avanços científicos e tecnoló-
gicos num contexto que lhe permita participar dos debates travados hoje em
todas as nações do mundo (Hazen; Trefil, 1995, p. 13).

Neste sentido, a discussão e a tomada de decisões relativas à Ciência e à tecnologia


não requerem domínio da Ciência em seus pormenores, mas, sim, saber aplicar
os conhecimentos na vida. Ou seja, o mais importante é saber usar a Ciência em
vez de saber fazer Ciência. A Alfabetização Científica não requer conhecimentos
detalhados e especializados, reservados aos técnicos. Necessita, sim, de uma base
de conhecimentos para entender o conhecimento científico e suas influências na
sociedade, situando os novos “conhecimentos científicos e tecnológicos num contexto
que lhe permita participar dos debates travados hoje em todas as nações do mundo”
(Hazen; Trefil, 1995, p. 13).
Nesse contexto, um ensino que visa a Alfabetização Científica dos estudantes
não deve ser pautado na mera formação de futuros cientistas, mas deve possibilitar ao
indivíduo um entendimento de mundo que abarque a discussão e a compreensão de
fenômenos científicos e tecnológicos que permeiam sua vida (Cachapuz et al., 2005).
Já Milaré e Pinho Alves (2010) propõem que a ACT intenciona: i) desenvolver
no indivíduo a capacidade de argumentar e dialogar; ii) resolver problemas raciona-
lizando eticamente; iii) conquistar espaço na sociedade; iv) ampliar a democracia;
e v) participar de debates políticos e sociais envolvendo conhecimentos básicos de
Ciência e Tecnologia.
Uma pessoa alfabetizada cientificamente poderá ter uma série de condutas e
atitudes que a caracteriza como cientificamente instruída, contribuindo para que seja
objetiva, aberta, disposta, questionando o conhecimento que a cerca, possuindo um
entendimento geral dos fenômenos naturais básicos, interpretando as informações
relacionadas à Ciência e à tecnologia apresentadas nos meios de comunicação e no
seu contexto, capacitando-a a compreender, a discutir e a tomar posição frente a estes
assuntos.
A tomada de decisão, no seu sentido transformador, é um dos grandes objetivos
de uma educação progressista, e o Ensino de Ciências poderá contribuir, à medida que
propiciar condições e situações que incentivem e possibilitem o exercício da cidadania.
As características de uma pessoa cientificamente instruída não são ensinadas di-
retamente, mas estão embutidas no currículo escolar. Envolvem a resolução de pro-
52 • alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências

blemas, a realização de investigações, o desenvolvimento de projetos em laboratório


de apoio e experiências de campo. Estas atividades são compreendidas como prepara-
ção para o exercício da cidadania.
Estas habilidades propiciariam aos alunos análise e discussão de situações nas
quais uma pessoa cientificamente instruída estaria em vantagem sobre os analfabetos,
tomando decisões mais coerentes. As discussões sobre a camada de ozônio, lixo
tóxico, engenharia genética, anabolizantes, alimentos transgênicos, entre outros, são
assuntos que podem e devem ser explorados para que os estudantes percebam como
age uma pessoa cientificamente instruída em relação àquela que não possui estes
conhecimentos.
Os assuntos indicados constituem-se em controvérsias sociocientíficas (CSC),
pois envolvem questões relacionadas à Ciência e à tecnologia, as quais envolvem aspec-
tos políticos, sociais, econômicos, ambientais, éticos e morais. Krupczak, Lorenzetti
e Aires (2020, p. 1) defendem que uma das formas para promover a ACT pode ser
por meio das discussões sobre controvérsias sociocientíficas, “desde que devidamente
compreendidas e inseridas no contexto escolar por meio de práticas educativas que
coloquem o aluno como protagonista e que contribua para a construção de conheci-
mentos, articulada com a formação para a cidadania”. Argumentam que as CSC
podem ajudar os docentes a estimular o crescimento intelectual e social dos
estudantes. Se esperamos que os alunos pensem e formulem suas próprias
opiniões, é preciso propiciar situações de reflexão. Certamente os educandos
não vão se tornar intelectuais extraordinários simplesmente sendo expostos
às CSC. Na verdade, produzir esta transformação é bastante difícil. No en-
tanto, as CSC podem ser uma maneira de estimular o pensar sobre a NdC, as
relações CTS, a avaliação das informações e o desenvolvimento da argumen-
tação, aspectos que correspondem aos eixos estruturantes da AC (Krupczak;
Lorenzetti; Aires, 2020, p. 16).

Cachapuz et al. (2005) discutem ainda que os educadores devem estar preocupa-
dos em contribuir para formar cidadãos conscientes da gravidade e do caráter glo-
bal dos problemas contemporâneos, tais como degradação de ecossistemas, desma-
tamento, problemas de saúde pública, esgotamento de recursos naturais essenciais,
entre outros, possibilitando aos estudantes a tomada de consciência e preparando-os
para tomar decisões mais adequadas.
Segundo Fourez (1994, p. 11, tradução minha), o tema Alfabetização Científica e
Tecnológica está em voga e vem sendo discutido em países Anglo-Saxões e em países
do norte da Europa. O termo, de acordo com o autor, designa “um tipo de saber,
de capacidade ou de conhecimento e de saber-ser que, em nosso mundo técnico-
científico, seria uma contraparte ao que foi alfabetização no último século”. Fourez
(1994) indica os três principais objetivos da ACT como sendo: i) a autonomia do
indivíduo (componente pessoal); ii) a comunicação com os demais (componente
alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências 53 •

cultural, social, ético e teórico) e iii) manejo de meio (componente econômico).


Nesse sentido, a comunicação com os demais envolve a necessidade do indivíduo de
argumentar, debater, se envolver em discussões e se posicionar frente a determinada
situação.
Fourez (1994, p. 19- 29) apresenta 14 habilidades que uma pessoa alfabetizada
científica e tecnologicamente deve apresentar:

a) Utiliza conceitos científicos e é capaz de integrar valores e conhecimentos para


tomar decisões responsáveis na vida quotidiana
b) Compreende que a sociedade exerce um controle sobre as Ciências e as tecno-
logias, tanto como as Ciências e as tecnologias marcam a sociedade
c) Compreende que a sociedade exerce um controle sobre as Ciências e as tecno-
logias pelo viés das subvenções que ela concede
d) Reconhece bem os limites como a utilidade das Ciências e das tecnologias
para o progresso do bem-estar humano
e) Conhece os principais conceitos, hipóteses e teorias científicas e é capaz de
aplicá-los
f)Aprecia a Ciência e as tecnologias pela estimulação intelectual que elas suscitam
g) Compreende que a produção de saberes científicos depende ao mesmo tempo
de processos de pesquisa e de conceitos teóricos
h) Faz a distinção entre os resultados científicos e a opinião pessoal
i) Reconhece a origem da Ciência e compreende que o saber científico é provisório
e sujeito às mudanças de acordo com a acumulação de resultados
j) Compreende as aplicações das tecnologias e as decisões implícitas em sua
utilidade
k) Possui suficiente saber e experiência para apreciar o valor da pesquisa e do
desenvolvimento tecnológico
l) Retira de sua formação científica uma visão do mundo mais rico e mais inte-
ressante
m) Conhece as fontes válidas de informação científica e tecnológica e recorre a
elas por ocasião da tomada de consciência
n) Tem uma certa compreensão da maneira pela qual as Ciências e as tecnologias
foram produzidas na história.

Os estudos apresentados neste capítulo sobre a ACT demonstram que não existe
uma definição consensual sobre a Alfabetização Científica. Mas, por outro lado,
observa-se que existe um consenso entre os autores pesquisados sobre a necessidade
de que a Alfabetização Científica seja meta principal da Educação em Ciências. Ca-
pacitar os educandos com conhecimentos científicos proporcionará a eles condições
54 • alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências

para participarem ativamente de debates e situações que envolvem o conhecimento


científico e tecnológico. Hoje, torna-se imperioso para o professor conhecer os prin-
cipais temas que envolvem a Ciência e tecnologia, tendo em vista a enorme divul-
gação dos conhecimentos científicos nos meios de comunicação e a sua influência
sobre a população.

A promoção da Alfabetização Científica e Tecnológica

A Alfabetização Científica e Tecnológica está relacionada com o processo de to-


mada de decisões, no qual se pressupõe que, em posse de conhecimentos científicos,
os indivíduos farão melhores escolhas em sua vida diária. A ACT aumenta a capa-
cidade de se tomar decisões racionalmente, pois oferece a capacidade de identificar,
compreender e atuar como agente transformador na sociedade. Para que isso ocorra,
a escola, através das atividades que envolvem os componentes curriculares de Ciên-
cias no ensino fundamental, química, física e biologia no ensino médio, os espaços
não formais e os meios de comunicação e informação, deve constituir-se como fonte
promotora do envolvimento dos cidadãos com o conhecimento científico e tecnoló-
gico, possibilitando sua compreensão. A escola será a instituição que sistematizará o
conhecimento produtivo para a Alfabetização Científica e Tecnológica. Bybee (1995,
p. 32) afirma que “os professores devem implementar em sala de aulas práticas consis-
tentes com políticas e programas e metas para alcançar a Alfabetização Científica para
todos os estudantes. Melhorar as práticas no centro da sala de aula no mais individual,
único e aspecto fundamental da Ciência educacional: o ato de ensinar os alunos”.
A Alfabetização Científica e Tecnológica pode ser promovida e ampliada por
meio de várias fontes não formais, como os museus, programas de televisão, matérias
publicadas em revistas e jornais, Internet, entre outras. No entanto, “não se pode
esperar que jornais, revistas, tevê preencham a função dos meios mais especializados
para alfabetizar cientificamente” (Cazelli, 1992, p. 55). A essência do aprendizado
tem a ver com o professor, aquele que estimula, provoca, problematiza, enriquece,
sistematiza, amplia e que dá vida a uma série de processos que leva o aluno a aprender.
Neste sentido Pizarro e Lopes Junior (2015, p. 113) reconhecem
a alfabetização científica como um processo que impõe às propostas de ensino
de Ciências compromissos que superam o contato com noções e conceitos
científicos, viabilizando a compreensão da dimensão pública da Ciência a
partir do acesso às informações, mas, em especial, fomentando repertórios
de discussão, de reflexão e de posicionamentos críticos em relação aos temas
que envolvem o trabalho da Ciência, seus produtos, a utilização dos mesmos
e os aspectos humanos, sociais e ambientais que circunscrevem tais trabalhos,
seus produtos e a sua utilização.
alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências 55 •

A escola, através de seu corpo docente, precisa elaborar estratégias para que os
alunos possam entender e aplicar os conceitos científicos básicos nas situações diárias,
desenvolvendo hábitos de uma pessoa cientificamente instruída. As oportunidades
são integradas ao currículo e revisadas ao longo de cada ano de instrução científica. As
atividades devem ser desenvolvidas para que os alunos possam identificar e relacionar
os conteúdos científicos com o mundo natural, a sociedade e os assuntos humanos
que os perpassam.
Considerando que a AC é um processo vitalício, desenvolvido na escola e no
espaço não formal, sua promoção utilizará distintos meios. Lorenzetti e Delizoicov
(2001, p. 9) apontam para:
O uso sistemático da literatura infantil, da música, do teatro e de vídeos
educativos, reforçando a necessidade de que o professor pode, através de
escolha apropriada, ir trabalhando os significados da conceituação científica
veiculada pelos discursos contidos nestes meios de comunicação; explorar
didaticamente artigos e demais seções da revista Ciência hoje das Crianças,
articulando-os com aulas práticas; visitas a museus; zoológicos, indústrias,
estações de tratamento de águas e demais órgãos públicos; organização e
participação em saídas a campo e feiras de Ciências; uso do computador da
Internet no ambiente escolar.

Na atualidade esses recursos didáticos são utilizados, mas devem estar articulados
com metodologias de ensino, destacando o Ensino de Ciências por Investigação
(Carvalho, 2013) e os Três Momentos Pedagógicos (Delizoicov; Angotti, Pernambuco,
2011).
Exemplos de sequências didáticas que utilizam a metodologia dos Três Momentos
Pedagógicos são os trabalhos de Viecheneski e Carletto (2013), Oliveira (2015), Silva
(2018), Costa (2018) e Siemsen (2019). Entre as sequências didáticas que utilizam a
metodologia do Ensino de Ciências por Investigação contam os trabalhos de Sasseron
(2008), Castro e Motokane (2017), Santos e Briccia (2017).
As Ilhas Interdisciplinares de Racionalidade (Fourez 2004) também são apon-
tadas como promotoras da Alfabetização Científica e Tecnológica, como nos traba-
lhos de Paiva (2016), Bettanin (2003), Kinflein (2013), entre outros. Além disso, deve
destacar as potencialidades das questões sociocientíficas, conforme discutido por
Krupczak, Lorenzetti e Aires (2020).
Delizoicov e Angotti (1990) argumentam que o conhecimento não pode ser ad-
ministrado numa abordagem de simples transmissão. Ele deve ser garantido através
de uma abordagem crítica, caracterizando o empreendimento científico como uma
atividade humana, não neutra, financiado e com vinculações econômicas e políti-
cas. O conhecimento necessita ser compartilhado, vivido, para fazer sentido para os
indivíduos. Quando os alunos trabalham coletivamente e compartilham seus conhe-
cimentos, a aprendizagem pode ser mais significativa. Os estudantes começam a ver a
56 • alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências

sala de aula como um lugar de explorar ideias, desafiar outros pensamentos e traba-
lhar para achar soluções conjuntas, exercendo de fato a sua cidadania. Nesse sentido,
defendemos que os Momentos Pedagógicos e o Ensino por Investigação estão em
sintonia os pressupostos defendidos por Delizoicov e Angotti (1990). Assim, as ativi-
dades devem promover as habilidades cognitivas como o uso da lógica, a evidência e
o conhecimento são enfatizados para construir explicações sobre fatos e fenômenos.
Além disso, incluem as dimensões humanas da Ciência e da Tecnologia, como a his-
tória da Ciência, a natureza da Ciência e a Ciência como perspectiva pessoal e social.
A Alfabetização Científica e Tecnológica parte do pressuposto de que o Ensino
de Ciências deve oportunizar a vivência de situações pedagógicas, nas quais o edu-
cando interaja e possa adquirir determinadas habilidades e atitudes que auxiliarão na
compreensão, não só do fenômeno em estudo, mas também das relações deste co-
nhecimento com a sociedade em que vive. Assim, a formação de indivíduos críticos,
participativos, atuantes na sua comunidade é a meta do Ensino de Ciências na busca
pela Alfabetização Científica e Tecnológica.
Assim sendo, a Alfabetização Científica e Tecnológica preocupa-se com os conhe-
cimentos científicos que são vinculados ao espaço formal e não formal, mostrando
como a Educação em Ciências pode ser uma aliada do aluno na compreensão do seu
universo. Pensar e transformar o mundo que nos rodeia requer conhecimento dos
aportes científicos, tecnológicos, assim como da realidade social, econômica e política.
Desta forma, as atividades desenvolvidas devem enfatizar a possibilidade de o
educando interagir com o conhecimento, através de atividades estimuladoras em que
o aluno participe de forma ativa. As atividades desenvolvidas constituirão atividades
significativas, se planejadas adequadamente pelos professores, tendo-se clareza da sua
importância e de estratégias para favorecer o ganho cognitivo. Ou seja, as atividades
devem propiciar a construção de novos conhecimentos a partir dos conhecimentos
que os alunos já possuem, permitindo que eles entendam a Ciência e Tecnologia e
apliquem estes conhecimentos em outros contextos.
Desta forma, a Ciência e a Tecnologia são tomadas como “instrumento de com-
preensão do mundo, com toda a sua contemporaneidade, buscando a integração do
indivíduo ao processo de transformação por que passa o mundo tecnológico e a pos-
sibilidade de compreensão e intervenção nesse mundo” (Menezes et al., 1997, p. 311).
É uma necessidade cultural da nossa sociedade prover um nível básico de compreen-
são de Ciência para todo mundo, para que as pessoas possam produzir, compartilhar
e usufruir dos bens e benefícios criados e acumulados pelos seres humanos ao longo
do tempo.
A Alfabetização Científica e Tecnológica é, sem dúvida alguma, pelo menos nas
modernas sociedades, um direito humano absoluto, independentemente das condi-
ções econômicas, sociais e políticas em que um determinado grupo de indivíduos
alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências 57 •

esteja inserido. Quanto mais as pessoas sabem sobre Ciência e Tecnologia, mais elas
percebem sua importância, utilizando-a em distintos contextos.
A melhoria da qualidade da Alfabetização Científica e Tecnológica da sociedade
está condicionada à qualidade da educação para a Ciência em todos os níveis de ensino.
Isso também se relaciona ao currículo e à maneira como os professores apresentam a
Ciência a seus educandos.
Assim sendo, as atividades desenvolvidas possibilitam o envolvimento dos alunos,
motivando-os e possibilitando-lhes oportunidades para compreender, discutir e
tomar posição em relação aos assuntos que envolvem a Ciência e a Tecnologia. As
atividades desenvolvidas deverão instrumentalizar os alunos para a compreensão dos
conceitos científicos, traduzindo-os para um vocabulário próprio, incorporando-
os à sua linguagem e, fundamentalmente, aplicando-os em seu cotidiano. Assim,
os alunos deixariam de ser meros repetidores de frases prontas encontradas nos
livros ou ditas pelo professor. Os fenômenos estudados serão compreendidos na sua
totalidade, evitando-se a apresentação de definições prontas, isoladas do contexto,
sem articulação com outros fatos e fenômenos.
Os alunos são convidados e motivados a aprender Ciências, desenvolvendo ativi-
dades significativas, evidenciando a predisposição para aprender. O aluno estudará
de forma ativa, comprometendo-se “nas tarefas das aulas de Ciências com o objetivo
de realizar compreensões científicas, como ele se esforça para integrar seu conheci-
mento pessoal com o conhecimento científico e aplicar o conhecimento científico
para descrever, explanar, predizer e controlar o mundo ao seu redor” (Lee; Anderson
apud Santos, 1997, p. 252).
Percebe-se, então, que a escola não é a única instituição capaz de promover a Al-
fabetização Científica e Tecnológica. Os meios de comunicação e informação e os
espaços não formais poderão constituir-se meios complementares à escola, possibi-
litando que as informações que a permeiam, possam constituir-se como atividades
que desenvolvam um ganho cognitivo para a educação de nossos alunos.
A Alfabetização Científica e Tecnológica poderá tornar-se uma atividade praze-
rosa, de lazer, na qual o indivíduo em diferentes locais e sob diferentes condições, na
escola e/ou fora dela, seja capaz de compreender, discutir e posicionar-se mediante
situações que envolvem o conhecimento científico.
58 • alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências

A Avaliação da Alfabetização Científica e Tecnológica

Sendo a meta da Educação em Ciências promover e ampliar os níveis de Alfabe-


tização Científica e Tecnológica dos educandos, é necessário criar critérios e mecanis-
mos que permitam identificar se e como essa alfabetização está ocorrendo. Nesse sen-
tido, Lorenzetti (2000) destaca que a Alfabetização Científica é um processo e uma
atividade vitalícia, tendo em vista que o conhecimento científico nunca é pronto e
definitivo, mas se encontra em processo de renovação e ampliação. Assim, sempre
que pensarmos em ACT devemos considerar que ela será promovida pela escola, pe-
las diferentes mídias, pelos espaços não formais e pelas interações que os indivíduos
estabelecem com o meio físico e social, dependendo das compreensões da Ciência e
da tecnologia, bem como de suas implicações na sociedade.
Dentre as propostas já elaboradas, destacaremos as categorias de Shen (1975),
Bybee (1995; 1997), Sasseron (2008), Bocheco (2011) Pizarro e Lopes Junior (2015),
Cerati (2014).
Em seu artigo publicado nos Estados Unidos, em 1975, Shen apresenta três
categorias de Alfabetização Científica, conforme Quadro 1. Argumenta que a AC
“pode abranger muitas coisas, desde saber como preparar uma refeição nutritiva, até
saber apreciar as leis da física” (Shen, 1975, p. 265).

Quadro 1 – Categorias propostas por Shen

Fonte: adaptado de Shen (1975).

Em sua dissertação Bocheco (2011) faz uma releitura das categorias de Shen e
propõe novas categorias, conforme Quadro 2:
alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências 59 •

Quadro 2 – Categorias propostas por Bocheco

Fonte: adaptado de Bocheco (2011).

As categorias definidas por Shen (1975), e posteriormente ampliadas por Bocheco


(2011), vinculam-se com as intencionalidades do processo educativo, com as finalida-
des da Educação em Ciências. Assim, ao se apropriarem do conhecimento científico,
os alunos terão a possibilidade de compreender as vinculações deste conhecimento
com o meio físico e social. Nisso consiste a instrumentalização para a vida prática
dos conhecimentos científicos adquiridos na escola. A dimensão prática é o ponto
de partida para, gradual e sistematicamente, desenvolver as demais dimensões da Al-
fabetização Científica e Tecnológica.
Já a dimensão cívica da ACT poderá ser sistematizada a partir da Alfabetização
Científica prática. Para poder tomar decisões, torna-se necessário compreender o
universo em estudo, para então discutir, compreender, tomar posição e atuar na soci-
edade. Fica evidente nesta dimensão a vinculação com os pressupostos da educação
CTS.
A dimensão cultural da ACT, por sua vez, deveria ser a meta de qualquer nível
de ensino, compatibilizando-a com o desenvolvimento e a capacidade cognitiva do
educando. Os componentes curriculares que envolvem as Ciências Naturais almejam
a formação de indivíduos críticos, participativos, capacitados a refletir sobre as inter-
relações da Ciência e da tecnologia com a sociedade.
60 • alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências

Em sua dimensão econômica e profissional, a ACT deve apresentar e discutir


as distintas profissões e as suas contribuições para o desenvolvimento científico e
tecnológico, bem como para o desenvolvimento econômico.
A classificação de Shen (1975) estabelece o desenvolvimento de habilidades que
serão utilizadas pelos indivíduos, de acordo com as necessidades e com o contexto.
Elas não se resumem unicamente ao espaço escolar, sendo continuamente adquiridas
e aprimoradas. Percebe-se que estas dimensões da Alfabetização Científica e Tecnoló-
gica estão relacionadas aos objetivos, ao papel da alfabetização para a formação do
cidadão. São atitudes e habilidades que serão incorporadas no dia-a-dia dos indiví-
duos, preocupando-se com a utilização dos conhecimentos científicos e tecnológicos
em contextos escolares ou não.
Também é necessário destacar que as dimensões da Alfabetização Científica e
Tecnológica não ocorrem de forma dissociada. Para efeitos de análise no desenvolvi-
mento de pesquisa a separação fica evidente, mas em ações de intervenção pedagó-
gica elas ocorrem de forma concomitante.
Importante destacar que as categorias de Shen (1975) podem ser utilizadas para
verificar se os alunos estão sendo alfabetizados científica e tecnologicamente, mas
também são usados para o planejamento da intervenção pedagógica. O estudo de
Siemsen (2019) usou as categorias para planejar uma sequência didática sobre astro-
nomia. Posteriormente, usou as mesmas categorias para avaliar as potencialidades da
sequência didática para a promoção da ACT.
Tanto os parâmetros de Shen (1975) quanto os de Bocheco (2011) podem ser uti-
lizados em diversas situações. Lorenzetti (2000) destacou a importância das cate-
gorias para os anos iniciais; Oliveira (2015) desenvolveu uma sequência didática na
disciplina de Química no Ensino Médio tendo como base as categorias dos autores;
Lorenzetti, Siemsen e Oliveira (2017) avaliaram o potencial de livros de Química do
Programa Nacional do Livro Didático do Ensino Médio (PNLDEM) de 2010 no
desenvolvimento da Alfabetização Científica e Tecnológica, na temática de ácidos e
bases; Vaine e Lorenzetti (2017) analisaram as potencialidades dos espaços não for-
mais para a Alfabetização Científica; Costa e Lorenzetti (2017) analisaram a aborda-
gem da temática artrópodes nos livros didáticos de Ciências do 7º ano; Domiciano
et al. (2017) analisaram as potencialidades da Feira Regional de Ciências do Litoral
Paranaense para a Alfabetização Científica; Costa (2018) implementou uma sequên-
cia didática sobre crustáceos; Siemsen (2019) desenvolveu e analisou uma sequência
didática interdisciplinar no Ensino Médio abordando a temática astronomia.
Bybee (1995 e 1997) apresenta quatro níveis de Alfabetização Científica, conforme
Quadro 3:
alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências 61 •

Quadro 3 – Categorias propostas por Bybee

Fonte: adaptado de Bybee (1995 e 1997)

Bybee (1995) discute a Alfabetização Científica, estendendo seu conceito para


um nível de compreensão dos significados que os conceitos científicos incorporam.
A ênfase concentra-se nos processos de incorporação do conhecimento científico,
centrando-se no processo ensino-aprendizagem, de como os alunos se apropriam do
conhecimento científico. Estas categorias estão relacionadas com o ambiente escolar.
Este autor defende que os alunos devem conhecer Ciência de acordo com sua idade e
nível de conhecimento, apropriando-se de um vocabulário científico e tecnológico.
A este nível denominou de Alfabetização Científica funcional.
Não basta apropriar-se de um vocabulário científico e tecnológico sem compre-
ender os significados que estes conceitos apresentam. As atividades desenvolvidas na
Educação em Ciências possibilitarão que os alunos possam construir conhecimen-
tos e formar um mínimo de conceitos científicos, estabelecendo relações entre fatos,
fenômenos e conceitos com a dinâmica que envolve o universo. A partir do nível de
Alfabetização Científica conceitual e processual, os alunos passariam para um nível
de compreensão denominado de Alfabetização Científica multidimensional. Neste
nível os alunos possuem condições de adquirir, explicar e aplicar os conhecimentos
científicos na solução dos seus problemas diários. É este o nível de compreensão que
62 • alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências

se almeja desenvolver a partir das atividades realizadas. Percebe-se que, desta forma, o
Ensino de Ciências estaria desenvolvendo habilidades cognitivas que possibilitam ao
aluno compreender a dinâmica e os significados da Ciência e, a partir disso, compre-
ender assuntos relacionados.
Deve-se ter clareza que a compreensão da Alfabetização Científica e Tecnológica
não se restringe à atividade escolar. É na escola que ela será devidamente promovida
e incorporada, sendo a principal responsável pela sua promoção, mas poderá ser
extrapolada para fora do ambiente escolar.
Segundo Soares (1998, p. 84), “as escolas são instituições às quais a sociedade
delega a responsabilidade de prover as novas gerações das habilidades, conhecimentos,
crenças, valores e atitudes consideradas essenciais à formação de todo e qualquer
cidadão”. Quando as ações educativas são desenvolvidas levando em consideração
estas características, estará desenvolvendo as categorias de Alfabetização Científica
propostas por Shen (1975) e Bybee (1995).
É o sistema escolar que estratifica e codifica o conhecimento, selecionando e de-
terminando o que deve ser ensinado. Tendo em vista o grande desenvolvimento e
vinculação dos conhecimentos, a escola não tem propiciado a sistematização de to-
dos os conhecimentos que a humanidade produziu. As pessoas deverão buscar novas
formas de adquirir os conhecimentos de que necessitam para viver nas sociedades
contemporâneas. Os espaços não formais e as tecnologias de comunicação e informa-
ção poderão melhorar o acesso às informações e ampliar o alcance do ensino.
As categorias de Bybee têm sido utilizadas por Lorenzetti (2000) ao discutir
a Alfabetização Científica nos anos iniciais; Rosa, Lorenzetti e Lambach (2017)
analisaram o nível de Alfabetização Científica e Tecnológica dos itens de Química do
Enem/2016; Costa (2018) desenvolveu e analisou uma sequência didática envolvendo
a temática crustáceos; Rosa (2018) investigou os níveis de Alfabetização Científica e
Tecnológica no ensino médio de Química propiciados pela construção de um game.
Os indicadores de Alfabetização Científica propostos por Sasseron (2008), em
sua tese, são os mais utilizados na atualidade. Os indicadores de AC têm:
a função de nos mostrar algumas destrezas que devem ser trabalhadas quando
se deseja colocar a AC em processo de construção entre os alunos. Estes indi-
cadores são algumas competências próprias das Ciências e do fazer científico:
competências comuns desenvolvidas e utilizadas para a resolução, discussão
e divulgação de problemas em quaisquer das Ciências quando se dá a busca
por relações entre o que se vê do problema investigado e as construções men-
tais que levem ao entendimento dele. Assim sendo, reforçamos nossa ideia de
que o ensino de Ciências deva ocorrer por meio de atividades abertas e investi-
gativas nas quais os alunos desempenhem o papel de pesquisadores (Sasseron;
Carvalho, 2008, p.338).
alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências 63 •

Quadro 4 – Indicadores propostos por Sasseron

Fonte: adaptado de Sasseron (2008).

O estudo de Versuti-Stoque (2011) analisa os indicadores da Alfabetização Cientí-


fica nos anos iniciais do ensino fundamental e aprendizagens profissionais da docên-
cia na formação inicial; Silva e Lorenzetti (2020) utilizam os mapas conceituais para
averiguar a presença dos indicadores de AC desenvolvidos por meio de uma sequên-
cia didática sobre a temática água, nos anos iniciais; Zompero e Tedeschi (2018) exa-
minaram a manifestação dos indicadores de Alfabetização Científica pelos alunos
do 2º ano do ensino fundamental, a partir de uma sequência didática investigativa,
envolvendo a educação ambiental.
Em sua tese Pizarro (2014) analisou a Alfabetização Científica nos anos inicias,
propondo novos indicadores, conforme Quadro 5.
64 • alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências

Quadro 5 – Indicadores propostos por Pizarro e Lopes Junior

Fonte: Pizarro e Lopes Junior (2015, p. 233-234).

Pizarro e Lopes Junior (2015, p, 209) destacam que os indicadores podem auxiliar
na avaliação do seu trabalho, tendo em vista que:
os indicadores nos oferecem a oportunidade de visualizar, com maior clareza,
os avanços dos alunos nas atividades propostas pelo professor, importa desta-
car que estes indicadores também demonstram o aluno como sujeito de sua
própria aprendizagem. O professor tem, através dos indicadores, pistas sobre
como aprimorar sua prática de modo que ela, efetivamente, alcance o aluno
(Pizarro; Lopes Junior, 2015, p. 209).

Os indicadores de Pizarro (2014) e Pizarro e Lopes Júnior (2015) ainda são pouco
conhecidos e utilizados na pesquisa em Educação em Ciências, mas podemos citar os
trabalhos de Oliveira (2019) que analisa a presença dos indicadores de Alfabetização
Científica nos livros didáticos que abordam o tema água, nos aos iniciais, e o estudo
em desenvolvimento de Santos (2020) que investiga a presença dos indicadores na
abordagem do conteúdo de biologia celular nos livros didáticos de biologia do Ensino
Médio.
alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências 65 •

Indicadores de AC para os espaços não formais foram propostos por Cerati


(2014), sendo definidos como uma:
ferramenta de avaliação e monitoramento que permite identificar elementos
promotores da AC tanto nas exposições quanto no público. Cada indicador
tem suas próprias características, que aqui denominamos de atributos. Tanto
indicadores quanto atributos surgem ancorados no referencial teórico de
Alfabetização Científica e Alfabetização Ecológica (Cerati, 2014, p. 79).

Quadro 6 – Categorias propostos por Cerati

Fonte: elaboração dos autores

O estudo de Rodrigues (2017) analisou o processo de Alfabetização Científica em


visitas de famílias à Trilha da Nascente, do Jardim Botânico de São Paulo, a partir do
uso de um roteiro elaborado sob a perspectiva da Alfabetização Científica, pautada
nos indicadores de Alfabetização Científica de Cerati (2014).
A tese de Rocha (2018) investigou se e como quatro museus e centros de Ciên-
cias itinerantes brasileiros podem contribuir para a Alfabetização Científica de seus
visitantes. Para a análise dos dados utilizou a ferramenta teórico-metodológica “in-
dicadores de Alfabetização Científica”, adaptada de Cerati (2014), ampliando-a de
forma a aprofundar a caracterização das intensidades em que indicadores e atributos
são contemplados nas exposições.
Pscheidt (2018) desenvolveu um curso de formação continuada para professores
de Ciências dos anos iniciais no Museu da Terra e da Vida, na cidade de Mafra-SC,
analisando a presença desses indicadores. Além dos indicadores propostos por Cerati
(2014) identificou a presença do Indicador Pedagógico.
A tese de Scalfi (2020) analisou como o processo de Alfabetização Científica
é expresso nos diálogos de crianças de 7 a 11 anos em visita familiar a dois museus
de Ciências brasileiros, o Museu de Microbiologia do Instituto Butantan (IBu) e o
66 • alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências

Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS. Utilizou os indicadores de Cerati (2014),


alterando a denominação do indicador estético/afetivo para Indicador Interação. A
autora destaca que a compreensão de como a Ciência está integrada na sociedade,
incluindo seus aspectos morais e éticos contribuirá para o engajamento de crianças
na discussão e na tomada de decisões de tópicos relacionados à Ciência.
Os estudos referenciados são um indicativo de que os espaços não formais de
educação podem contribuir para aumentar o nível de Alfabetização Científica, tanto
para os indivíduos escolarizados como para os que já concluíram sua formação aca-
dêmica. “É uma oportunidade para um tipo de autoaprendizagem fora da escola e
serve também para ilustrar que, no mundo atual, há ligação entre informação, entre-
tenimento e aprendizagem” (Cazelli, 1992, p. 55).

Considerações finais

Quando um indivíduo se torna alfabetizado cientificamente e tecnologicamente,


compreendendo o significado que o conhecimento científico apresenta, passa a mudar
o seu lugar social, o seu modo de viver e compreender a sociedade, inserindo-se na
cultura científica.
Ser alfabetizado cientificamente e tecnologicamente é possuir um conjunto de
habilidades, atitudes e conhecimentos que compõem um longo e complexo processo.
Não é apenas um processo de aquisição de conceitos e fatos científicos, mas um
processo de emancipação e crescimento, desenvolvendo uma consciência crítica da
sociedade e de seus objetivos, estimulando, também, a iniciativa e a participação na
elaboração e desenvolvimento de projetos para transformar o mundo, propiciando o
crescimento e desenvolvimento do ser humano, contribuindo para a mudança social.
Na atualidade a Alfabetização Científica e Tecnológica tem sido discutida tanto
no espaço escolar como nos espaços não formais. Nesse último caso, com ênfase nos
museus, os quais têm se mostrado como potencializadores na promoção da ACT.
No contexto educacional, a Alfabetização Científica e Tecnológica tem sido
considerada como uma atividade vitalícia e como um processo permanente. Sua
promoção está vinculada a distintas metodologias de ensino, em especial ao uso
de sequências didáticas, organizadas com base nos três momentos pedagógicos, no
ensino por investigação, pela pedagogia histórico-crítica, entre outras. A utilização
de recursos didáticos como filmes, jogos, atividades experimentais, tecnologias de
comunicação e informação, teatro, música e outros, está presente na organização das
sequências didáticas, sempre colocando o aluno como protagonista na construção
do conhecimento científico.
alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências 67 •

As categorias de Shen (1975) e Bybee (1995, 1997) e os indicadores de Alfabetiza-


ção Científica de Sasseron (2008), Pizarro (2014) e Cerati (2014) apresentam ferra-
mentas importantes para analisar se e como o processo da Alfabetização Científica e
Tecnológica está ocorrendo. Trata-se de instrumentos importantes que possibilitam,
ao professor, de um lado planejar suas aulas objetivando o desenvolvimento da ACT,
e de outro acompanhar a construção do conhecimento do educando.
Almeja-se, assim, que a Alfabetização Científica e Tecnológica possa contribuir
para o desenvolvimento do pensamento crítico, para a tomada de decisão e o envolvi-
mento nos assuntos que envolvem a Ciência e a tecnologia. Ou seja, ações educativas
no Ensino de Ciências devem contribuir para uma formação cidadã, que implica par-
ticipação, engajamento e posicionamento dos educandos.
Desta forma, pretende-se que as discussões sobre a Alfabetização Científica
e suas contribuições para a formação do educando sejam ampliadas e integradas
pelos sistemas de ensino. O grande desafio que devemos enfrentar para os próximos
vinte anos constitui-se, assim, que a Alfabetização Científica e Tecnológica possa ser
efetivamente incorporada às ações dos professores da Educação Básica.
68 • alfabetização científica e tecnológica na educação em ciências

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