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ISSN: 2596-0431
Revista de relatos de experiência em foco do Centro de Formação dos
Profissionais da Educação Básica do Estado do Pará (Cefor).
Resumo
O presente relato de experiência traz a temática “Some Verde: uma proposta e projeto integrador do Some na
Localidade da Vila 4 Bocas- Nona URE de Maracanã- Pa”, com o objetivo de relatar uma experiência acerca da
aplicação de um projeto integrador das disciplinas de Química e Biologia, de modo a discutir a temática acerca da
necessidade de compreensão socioambiental por parte dos alunos na comunidade em que se encontram inseridos.
Quanto à metodologia adotada, consistiu em uma pesquisa bibliográfica com base em Cuche (1999) e Oliveira
(2011), dentre outros estudiosos que discutem acerca da temática em questão e no relato de experiência acerca
da aplicação do projeto integrador SOME Verde. A realização do presente estudo torna-se primordial para que se
perceba as possibilidades de criação de medidas ecologicamente corretas para o destino do óleo de cozinha de
forma a diminuir o seu impacto ambiental. Dessa forma, as experiências relatadas evidenciam a necessidade de
se sensibilizar a comunidade escolar da necessidade de reutilização do óleo de cozinha como alternativa de
amenizar os impactos causados por este, quando descartado de forma incorreta no ambiente.
Introdução
O presente relato de experiência traz a temática do “Some Verde: uma proposta e projeto
integrador do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME3 na Localidade da Vila 4
Bocas - DRE município de Maracanã - PA”, com o objetivo de fazer um relato de experiência
acerca da aplicação de um projeto integrador das disciplinas de Química e Biologia, de modo a
discutir a temática acerca da necessidade de compreensão socioambiental por parte dos alunos
na comunidade em que se encontram inseridos.
Não é recente a discussão emergente da necessidade de se pensar sobre a Educação
Ambiental com vista à valorização, cuidado e proteção dos espaços naturais de modo a abranger
o nível regional e local, visando assegurar uma formação básica que propicie aos alunos uma
formação pautada na proteção dos recursos naturais pertencentes às comunidades das quais
estão inseridos.
1
Bióloga, Atua na rede básica de educação do Estado do Pará, Especialista em Metodologia do Ensino da Biologia e Química
(FAVENI) e Graduada em Licenciatura em Ciências Naturais, com habilitação em Biologia pela Universidade do Estado do Pará
(UEPA), E-mail: marciabiologia4@gmail.com.
2
Química, Atua na rede básica de educação do Estado do Pará, Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental pela
Faculdade de São Marcos (Fasamar). Licenciada em Ciências com habilitação em Química pela Universidade Federal do Pará
(UFPA), E-mail: hellenquimica@yahoo.com.br.
3
O Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME) é uma modalidade de ensino que existe a 43 anos, ofertando educação
básica para os povos das ilhas, estradas e florestas do estado do Pará. Essas localidades ficam distantes das sedes das cidades
e por isso a necessidade de se ofertar esta modalidade de ensino dentro do território do aluno já este se encontra em áreas
remotas.
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Vale destacar a princípio que dentre os produtos que podem gerar efeitos ao meio
ambiente, encontram-se os óleos comestíveis pós-uso, gerados diariamente em grande
quantidade. Apenas a quantidade de um litro que vai para o corpo hídrico é capaz de contaminar
cerca de um milhão de litros de água, equivalente ao consumo de uma pessoa em 14 anos,
além de aumentar em 45% os custos no tratamento das redes de esgoto (Carvalho, 2012;
Sabesp, 2011).
Partindo do princípio de que cabe às escolas assumir o compromisso de incentivar a
sociedade a refletir sobre as questões socioambientais, e participar de ações que contribuam
para a melhoria da qualidade de vida de todos, a aplicação do Projeto Pedagógico “SOME
VERDE”, justificou-se por instigar em toda a comunidade escolar o caráter coletivo de sua
responsabilidade pela sustentabilidade local e planetária, de modo que, um dos problemas
enfrentados pela sociedade moderna inclui o descarte inadequado de resíduos, entre eles o óleo
de cozinha, enquanto prática culturalmente realizada.
Nesse sentido, este relato é resultante da aplicação do projeto pedagógico Some Verde
realizada em uma escola pública estadual da Vila de 4 Bocas, localizada no município de
Maracanã, Estado do Pará, de maneira integradora tendo a coordenação das professoras das
disciplinas de Química e Biologia de turmas do ensino médio com o intuito de direcionar ações
sustentáveis.
Diante disso, este estudo é de suma importância para que se perceba as possibilidades
de criação de medidas sustentáveis corretas para o destino do óleo de cozinha de forma a
diminuir o seu impacto ambiental. Dessa forma, as experiências relatadas evidenciam a
necessidade de se conscientizar a comunidade escolar da necessidade de reutilização do óleo
de cozinha como alternativa de amenizar os impactos causados por este, quando descartado
de forma incorreta no ambiente.
Sendo assim, podemos dizer que os dilemas vivenciados pelo homem na modernidade
giram em torno, principalmente, da sua projeção quanto aos impactos ambientais; assim,
salientamos que ele se distancia cada vez mais da compreensão da importância de se
preservar o meio ambiente e torna-se extremamente capitalista, cujas consequências, sem
que medidas sejam tomadas, podem culminar não somente na perda da identidade do
homem, mas na sua própria existência.
Percurso Metodológico
Este estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa bibliográfica e da aplicação de
um projeto integrador SOME (Sistema de Organização Modular de Ensino). Com isso, o primeiro
momento deste relato consistiu em uma pesquisa bibliográfica que possibilitou um
embasamento teórico e consequentemente permitiu a construção da discussão teórica;
posteriormente, foi realizada uma a aplicação de um projeto integrador chamado SOME Verde.
O Projeto Some Verde foi aplicado em uma escola da rede pública de Maracanã especificamente
na Vila dos 4 Bocas, onde funcionam as turmas do ensino médio, o SOME. As atividades foram
realizadas durante as aulas de Biologia e Química, acompanhadas pelos professores
responsáveis pelas disciplinas nessas turmas e contaram com a realização de aulas teóricas,
oficinas e palestras acerca do meio ambiente e dos impactos ambientais resultantes do descarte
incorreto do óleo de cozinha. Por sua vez, os dados observados durante a aplicação do referido
projeto foram narrados por meio deste relato de experiência.
Conclusão
Acreditamos que a realização do presente relato apresenta contribuições significativas
quanto à importância das nossas vivências enquanto professoras da rede pública do estado do
Pará, a fim de que sejam compartilhadas nessa troca de experiências de saberes construídos.
Por meio deste estudo, tornou-se evidente que as atividades que envolvem a questão
ambiental são essenciais e relevantes para o desenvolvimento dentro da comunidade escolar.
Práticas pedagógicas diferenciadas que permitem novos olhares, horizontes e mundos,
possibilitando ampliar o conhecimento, tanto da comunidade escolar de uma maneira mais
ampla; assim, o cerne desse projeto possibilitou integrar teoria e prática.
Cremos que a iniciativa pedagógica de um projeto integrador apresentado neste relato
despertou não só nos alunos, mas em toda a comunidade escolar, a consciência da preservação
da natureza e a disseminação dos conhecimentos adquiridos, contribuindo por intermédio do
reaproveitamento desse resíduo, não só para o meio ambiente, mas para qualidade de vida.
Assim, podemos produzir em suas próprias casas o sabão ecológico, reduzindo os custos desse
tipo de material, além de gerar alternativa de emprego e renda familiar.
Ressaltamos, ainda, que quando saímos do campo teórico e passamos a nos propiciar
uma aula diferenciada e integradora, isso acaba gerando uma maior aceitabilidade por parte dos
alunos, o que de fato constatamos na realização do projeto em questão.
Sendo assim, consideramos essa experiência de suma importância para a nossa
comunidade escolar de uma feita que viabilizou um olhar para a preservação ambiental com
vista à formação humana crítico-social dos alunos para atuarem na sociedade. Nesse sentido,
a escola, como lugar do fazer educativo, precisa propiciar aos alunos um ambiente de troca de
experiências, saberes, respeito ao meio ambiente por meio de diversas ações como as descritas
durante o Projeto SOME VERDE.
CUCHE, A. Organizações e métodos: uma visão holística. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
Resumo
Este trabalho relata o processo de construção do conhecimento com ênfase em aspectos socioambientais, na
escola Estadual Maroja Neto, localizada no bairro da Pedreira (Belém, PA), por meio da Experiência de
Aprendizagem Mediada. Com foco na especificidade do público-alvo da educação de jovens e adultos (EJA), a
metodologia considerou o contexto territorial e urbano, locus de múltiplas vivências dos sujeitos envolvidos nas
etapas do projeto; o detalhamento multidisciplinar das temáticas e, sobretudo, a interdisciplinaridade como caminho
para o desenvolvimento e culminância dos trabalhos. A estratégia educacional adotada abordou ainda a conexão
ao escopo da unidade curricular Projeto de Vida. Dentre os resultados, a adesão de temáticas específicas,
especialmente relacionadas à questão dos resíduos sólidos, evidenciaram os dilemas urbanos contemporâneos,
influenciáveis a todos os envolvidos no processo. Ademais, o exercício da interdisciplinaridade na EJA exige maior
mediação e vinculação com a identidade local, condições que suscitaram novas abordagens educacionais. Sob o
ponto de vista dos docentes, as avaliações sobre a Mostra Sociocultural, culminância do projeto, expressaram a
relevância do trabalho e os desafios para a construção da interdisciplinaridade. Um dos resultados esclarecedores,
se refere à consciência do tempo necessário para tecer a diversidade do conhecimento, mediante as
especificidades dos sujeitos envolvidos.
Introdução
O presente relato foi originado de discussões pedagógicas desencadeadas durante o
planejamento escolar da Escola Estadual Maroja Neto, exercício escolar de 2022. A idealização
do projeto teve como fator motivador a busca pela materialização do ensino e aprendizagem por
meio de temas contemporâneos (Brasil, 2018) que suscitaram a transversalidade, a
interdisciplinaridade e a mediação do processo educativo.
Outro ponto de partida foi o possível (re)conhecimento da realidade urbana vivenciada
pelos sujeitos envolvidos, panorama visibilizado no simples caminhar pelo bairro, com ênfase
no trajeto trabalho-escola. Definimos, portanto, a rota condutora para a construção do projeto
“Mostra Sociocultural: Reconhecendo meu bairro”.
Desse modo, os objetivos do projeto pretenderam possibilitar a aprendizagem a partir da
reflexão e experiências vivenciadas no espaço urbano; implementar novas formas pedagógicas
1
Especialista em Planejamento do Desenvolvimento e Integração Regional, servidora pública da Secretaria do Planejamento
e administração e Secretaria de Educação do estado do Pará, atuando na coordenação pedagógica da Escola Maroja Neto
(Belém-PA).
2
Especialista em Gestão Escolar e Avaliação Institucional, servidora pública da Secretaria de Educação do estado do Pará, atua
na Gestão da Escola Maroja Neto (Belém-PA).
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por meio de construção do conhecimento coletivo, além de contribuir para o reconhecimento do
entorno territorial pelos sujeitos envolvidos.
Assim, o corpo desse relato apresenta referencial teórico sob a ótica do território enquanto
espaço urbano socialmente construído, onde abriga as relações humanas, vivências e
condicionalidades; adentra também no arcabouço teórico pautado na mediação da
aprendizagem. Seguindo a linha metodológica adotada, a Mostra Sociocultural tem como ponto
de partida, a palestra sobre os impactos ambientais e sociais do bairro da Pedreira, em seguida,
discorre-se sobre o processo da abordagem de temáticas específicas por professores e alunos
e, posteriormente, a apresentação dos resultados e a breve conclusão sobre a temática.
Em 1972, o bairro da Pedreira em Belém, no estado do Pará, recebia a Escola Maroja
Neto, unidade escolar com 28 salas, sendo a segunda maior escola pública do bairro. Em 2022,
a escola completou 50 anos, atendendo nos três turnos, com oferta de ensino nos níveis
Fundamental anos finais e Ensino Médio com alunos da Educação Especial e modalidade
Educação de Jovens e Adultos (EJA). O tempo decorrido e o número de pessoas alfabetizadas
pela Escola Maroja Neto demonstram seu protagonismo educacional e patrimonial no bairro da
Pedreira.
Atualmente, a predominância de jovens e adultos, especialmente no período noturno,
enseja um olhar diferenciado a esse público, formado por trabalhadores e trabalhadoras, cuja
necessidade de trabalho constitui-se um dos fatores para a paralisação ou tardia escolarização,
refletidos nos indicadores de abandono e evasão escolar conforme demonstra os dados oficiais.
Nesse aspecto, evidenciamos a importância de tratar o processo ensino-aprendizagem
sob referenciais teóricos que dialoguem com as especificidades da historicidade dos alunos e
alunas, suas múltiplas realidades, saberes contidos e sedimentados nas experiências de vida.
Por conseguinte, ideias centralizadas e alinhadas em estudos que remetem às mudanças
no papel pedagógico, isto é, nas dimensões particulares do ensinar e aprender, considerando
que o ponto central é a construção de novos saberes, conforme assinala o legado histórico de
Paulo Freire (1996, p. 77), ao asseverar que “ensinar exige apreensão da realidade. A nossa
capacidade de aprender, de que decorre a de ensinar, sugere ou, mais do que isso, implica a
nossa habilidade de apreender a substantividade do objeto apreendido.”
A vida presente que permeia o perfil socioeducacional dos alunos e alunas da EJA,
também intensifica sua relação territorial com o bairro, espaço que agrega moradia, trabalho,
família e escola; dessa forma, ao considerar o objeto deste trabalho, ou seja, o aprendizado
mediado, permitiu-nos indagar: Do que trata o pertencimento sobre o lugar onde vivemos? Qual
sentimento coletivo em relação ao nosso bairro? Reconhecemos seus encantos, seus desafios
e suas soluções? E o que a escola tem a ver com isso?
Discussão Teórica
A escolha do tema “Reconhecendo meu bairro”, determinou a busca de pesquisas e
estudos sobre o bairro da Pedreira, de modo que fossem referências para o desdobramento de
temáticas em sala de aula. Com efeito, adotou-se como texto orientador, o trabalho desenvolvido
por Furtado et al. (2020) “Impactos ambientais oriundos do crescimento urbano/demográfico:
um estudo no bairro da Pedreira, Belém/PA.”, que apresenta abordagens históricas sobre o
crescimento do bairro da Pedreira e suas consequências urbanas e ambientais.
A concepção metodológica foi orientada por critérios direcionados a: multidisciplinaridade
e interdisciplinaridade; mediação do conhecimento; e, conexão ao escopo da disciplina Projeto
de Vida. Nesse ponto, cabe o entendimento que essa construção deveria estar vinculada às
especificidades e integração dos conteúdos, conforme orienta os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN’s):
A integração dos diferentes conhecimentos pode criar as condições necessárias
para uma aprendizagem motivadora, na medida em que ofereça maior liberdade aos
professores e alunos para a seleção de conteúdos mais diretamente relacionados
aos assuntos ou problemas que dizem respeito à vida da comunidade (Brasil, 1999.
p. 23).
Percurso Metodológico
A necessária integração entre o saber acadêmico e a comunidade do bairro, representada
por alunos do ensino fundamental e médio, teve origem na abertura da Mostra Sociocultural,
com a palestra “Impactos ambientais no bairro da Pedreira” realizada na Universidade da
Amazônia (UNAMA), a qual contou com a participação de alunos, professores e servidores da
Escola Maroja Neto.
Assim, o conhecimento gerado na academia tornou-se elemento motriz para a geração
de novos conhecimentos, mesclados às experiências e mediação de novos sujeitos. Ademais,
a disseminação e a apropriação da pesquisa e extensão foram condicionantes para dar sentido
ao conhecimento científico diante dos problemas da sociedade. A palestra norteou a distribuição
das temáticas em grupo de disciplinas (Figura1).
Conclusão
Considerando os objetivos propostos pelo projeto que dialogavam com a natureza
socioambiental e conexão à realidade urbana, foi possível instigar a reflexão sobre a expansão
do bairro e ao mesmo tempo, provocar a (re)redescoberta da existência de incômodos
ambientais. Reforçando tal ideia, foi notória a recorrência da abordagem sobre a questão do lixo
nas ruas, praças e canais, sendo estes espaços, objetos de relatos intrínsecos à história e ao
pertencimento ao lugar de infância, sociabilidade e moradia de muitos alunos e professores,
sujeitos envolvidos na construção do trabalho.
Dentre as lições apreendidas, evidenciamos a necessidade de dinamizar o conhecimento
a partir de problemas reais; a urgência de conduzir a educação de jovens e adultos com
metodologias apropriadas à experiência dos educandos; garantir espaços físicos e
equipamentos para suporte às estratégias que enriqueçam os resultados; e, principalmente,
ampliar o processo de mediação da aprendizagem, mola principal dos caminhos da educação,
o que desafia construir espaço escolar vivo, dinâmico e motivador, capaz de contribuir com a
necessária consciência política, ambiental, pertencimento e cidadania.
BRAGA, M. M. B.; JULIASZ, P. C. S. O entorno da escola como território usado: uma escala de
planejamento e ação. caminhos de Geografia, Uberlândia: UFU, v. 23, n. 89, p. 01–14, 2022.
DOI: 10.14393/RCG238959835. Disponível em:
https://seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/view/5 9835. Acesso em: 6 abr. 2023.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
SAQUET, M. A.; SILVA, S. S. Milton Santos: concepções de geografia, espaço e território. Geo
Uerj. Rio de Janeiro: UERJ, v. 2, n. 18, p. 24-42, 2008.
Resumo
Este relato resulta de uma experiência vivenciada nas aulas de Biologia na Escola Estadual São José, planalto de
Santarém-Pará, com alunos do ensino médio, turno matutino. O projeto foi desenvolvido entre abril de 2021 e
janeiro de 2022 e surgiu a partir da necessidade de abordar a temática Educação Ambiental através de plataformas
digitais, devido às regras de distanciamento adotadas nas instituições escolares em virtude da pandemia da COVID-
19. Os recursos usados foram WhatsApp, Google forms e Google Meet. A equipe foi composta por cinco alunos da
3ª série do Ensino Médio, que realizaram pesquisa bibliográfica, análise de artigos, elaboração e aplicação de
questionários e posterior socialização de resultados. Foram entrevistados 21 alunos, cursando a 1ª e 2ª séries, que
responderam a um total de 16 perguntas predominantemente fechadas. Na culminância tivemos a participação dos
colaboradores e seis convidados. Os dados produzidos revelaram que ainda é grande o número de alunos que
jogam lixo fora da lixeira e os que deixam de fazer a separação entre o lixo orgânico e o lixo inorgânico. Por outro
lado, o projeto favoreceu a divulgação, ainda que restrita, da abordagem ambiental, bem como despertou nos
alunos participantes a leitura de pesquisas com base científica, mesmo em tempos de pandemia.
Introdução
“Somente quando for cortada a última
árvore, pescado o último peixe, poluído o último rio, que as
pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro”
(Cacique Seattle, Tribo Suquamish, 1855)
A Educação Ambiental foi fundamentada em abril de 1999 pela Lei nº 9.795 (Brasil, 1999),
sendo então definida como processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de
vida e sua sustentabilidade.
O tema Educação Ambiental, a partir do destaque recebido em noticiários e os diversos
outros meios de comunicação, especialmente pela problemática voltada para o alto índice de
desmatamento, tem sido frequentemente abordado em atividades pedagógicas, com o objetivo
de orientar a comunidade escolar sobre a importância da preservação e consciência ambiental.
Por outro lado, devido a pandemia da COVID-19 no início do ano de 2020, as escolas
ficaram impossibilitadas de desenvolverem as suas ações de forma mais efetiva, pois
precisaram reduzir as aulas presenciais. De acordo com Guedes e Macedo (2020), a pandemia
1
Professora de Biologia e Química da Rede Estadual, Santarém-Pará. Licenciada Plena em Biologia e Química. Mestra em
Recursos Aquáticos Continentais Amazônicos. E-mail: tatisisa@yahoo.com.br
Caracterização da escola
A Escola São José está localizada no planalto de Santarém, às proximidades da BR 163,
Km 19. Foi fundada em 10 de outubro de 1919 pela Congregação de Irmãs Missionárias da
Imaculada Conceição, a partir da necessidade do atendimento a crianças órfãs e alunos das
comunidades próximas.
A instituição funciona com o prédio alugado ao Estado, pela mesma congregação,
atendendo alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental (Rede Municipal) e Ensino Médio
(Rede Estadual), para os quais são utilizados os espaços pedagógicos: dez salas de aula, uma
biblioteca, laboratório multidisciplinar, laboratório de informática, quadra poliesportiva e espaço
ao ar livre.
Como espaços administrativos e de apoio, temos a diretoria, a secretaria, a sala de
professores, o auditório, uma área coberta, a copa, o refeitório, além de quatro banheiros para
professores e funcionários e nove banheiros para os alunos - dois destes adaptados a alunos
PcD (pessoa com deficiência). O corpo administrativo e de recursos humanos está formado por
um vice-diretor e uma secretária, duas especialistas em educação e dezoito professores.
A escola tem um horto florestal que foi construído no ano de 2004 e que faz parte de sua
área geográfica, com espécies de madeira de lei, plantas medicinais e ornamentais. O horto já
foi objeto de pesquisa em universidades locais e divulgado em periódico, tendo grande
relevância para projetos ambientais como este, favorecendo a prática escolar nos períodos de
aula presencial.
Discussão Teórica
Stranz, Pereira e Gliesch (2002) definem a Educação Ambiental como um processo
permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do meio ambiente e
adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam
aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros.
A Agenda 21 aborda a nossa responsabilidade social acerca do meio ambiente, assim,
[...] se o meio ambiente sadio é um direito ele é também um dever, que compete
a toda a sociedade. A cidadania, mais do que a garantia de direitos, é a
responsabilidade pelos destinos da comunidade e, neste caso, da comunidade
planetária, de hoje e de amanhã (BRASIL, 1995, p. 8).
Percurso Metodológico
O projeto foi apresentado às três turmas do 3º ano matutino do Ensino Médio, a fim de
que os alunos pudessem analisar e confirmar a sua participação nas atividades. Cinco alunos
foram voluntários na ação, que aconteceu de abril de 2021 a janeiro de 2022. A pesquisa teve
caráter bibliográfico e de campo, para favorecer a observação de ações relacionadas às
questões ambientais; ela é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente
com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto (Gonsalves,
2001).
Foi organizado um grupo no WhatsApp para facilitar a comunicação entre os
participantes, bem como divulgar as etapas do projeto: pesquisa e análise de artigos e trabalhos
acadêmicos; elaboração de questionários e culminância do projeto por meio de socialização.
Segundo José Filho (2006) o ato de pesquisar traz em si a necessidade do diálogo com a
realidade a qual se pretende investigar e com o diferente, um diálogo dotado de crítica,
canalizador de momentos criativos.
Os cinco alunos colaboradores inicialmente buscaram artigos voltados para a temática e
socializaram as suas análises por meio do grupo de WhatsApp. Em seguida foi organizado e
aplicado aos entrevistados (alunos de 1ª e 2ª séries do ensino médio do turno matutino da Escola
São José) um questionário de dezesseis questões predominantemente fechadas através de um
link que os direcionava para a Ferramenta Google Formulários.
A partir dos resultados foi possível observar que o índice de alunos preocupados com as ações
de preservação ambiental é grande, porém na prática, de acordo com os dados, esse número diminui.
Acreditamos que há uma necessidade de maior envolvimento nessas atividades.
Os resultados mostraram que algumas atitudes precisam ser melhoradas no cotidiano dos alunos,
como: separar o lixo orgânico do lixo não orgânico; não jogar lixo fora da lixeira e participar de alguma
ação voluntária ligada à preservação do meio ambiente.
“O meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem juridicamente tutelado, direito
assegurado pelo caput do art. 225/CF, é um bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida. Assim, a qualidade do meio ambiente é um
direito difuso, pois pertence à coletividade. Mas o fato de sua administração ficar
sob a custódia do Poder Público não elide o dever da sociedade de atuar na
conservação e preservação do direito do qual é titular” (Silva, 2000, p. 80-81).
Ao longo de anos sempre foi um desafio promover ações de educação ambiental, seja na
escola ou sociedade. Essa responsabilidade é transferida para gestores, ambientalistas,
professores, entre outros, enquanto somente uma minoria da sociedade civil se sente
responsável. É um fenômeno cultural, evidenciado quando observa-se com frequência porções
de lixo espalhadas pelos espaços públicos das cidades brasileiras.
Sugere-se que a deficiência nas ações de educação ambiental pode ter aumentado no
período da pandemia, a qual interferiu na rotina das pessoas, prejudicando as suas atividades
diárias. O Ministério da Saúde (Brasil, 2020) expõe que a pandemia trouxe alguns transtornos
na vida dos brasileiros, como alterações do sono, da concentração nas tarefas diárias,
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aparecimento de pensamentos intrusivos, sentimentos de desesperança, tédio e solidão.
Conclusão
Este projeto surge como uma oportunidade de intensificar as atividades voltadas para o
meio ambiente, mesmo em tempos de pandemia, além de incentivar os alunos a buscarem mais
leituras de pesquisa científica.
Os dados revelaram que ainda há deficiência nas práticas de educação ambiental,
considerando que esse comportamento é cultural e que precisa ser debatido.
Trabalhar a educação ambiental de forma efetiva nas escolas é uma necessidade
constante e contribui para que os alunos desenvolvam atitudes mais críticas e tenham
comportamentos éticos no que diz respeito ao compromisso como cidadãos em prol de um meio
ambiente preservado.
Referências
ANDRIGHETTO, A. Meio Ambiente e Educação. Revista do Departamento de Ciências
Jurídicas e Sociais da UNIJUÍ. Rio Grande do Sul: UNIJUÍ, n.33, p. 209-217, 2010.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Agenda 21. Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento. Brasília: Câmara dos Deputados, Comissão de Defesa do
Consumidor, Meio Ambiente e Minorias, 1995.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a
Educação. Ambiental, institui a Política da Educação Ambiental e dá outras providências.
Brasília. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.lei.adv.br/9795-99.htm>.
Acesso em: 10 abr. 2023.
JOSÉ FILHO, M. Pesquisas: contornos no processo educativo. Franca: Unesp -FHDSS, 2006.
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ROCHA, J. C. Um Olhar sobre a Lei 9.795/99 que dispõe sobre a Educação Ambiental e Institui
a Política Nacional de Educação Ambiental. Global Education Magazine, n. 8, p. 26-30, 2014.
SANTOS, T. S. Laboratório a céu aberto: O Horto Florestal da Escola São José, Santarém-Pará.
Revista Inform@ção) [online]. Belém – PA: CEFOR/SEDUC, v. 6, p. 71-81, n. 7, jun. 2020.
SILVA, J. A. Direito ambiental constitucional. 3. ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros, 2000.
Resumo
Os desafios da gestão escolar são inúmeros, principalmente em um período conturbado como foi a pandemia da
COVID-19 que ganhou proporções gigantescas. Diante dessa premissa, este trabalho é apresentado sob a forma
de um relato de experiência à luz da pesquisa qualitativa, baseado na autopercepção, enquanto gestor escolar da
EMEIF Ayrton Senna, localizada na cidade de Belém/PA, durante o período de 2021 a 2022. Além da narrativa
pessoal, apresento dados relativos ao questionário socioeconômico (Google Forms) aplicado com os responsáveis
dos estudantes da escola e respondido por 162 entrevistados. Esse questionário serviu como base para a avaliação
do trabalho pedagógico da escola, para poder contribuir para a construção de uma escola pública democrática, em
tempos de pandemia. Para a discussão teórica trago o diálogo dos pensadores Freire (1996), Nóvoa (2022) e
Oliveira e Tonini (2014). Quanto ao objetivo geral busco refletir sobre os desafios vivenciados, sob a perspectiva
de uma nova gestão na EMEIF Ayrton Senna, durante a pandemia da COVID-19. Como avaliação podemos
identificar que a escola conseguiu estabelecer um espírito de união entre os profissionais da educação,
conseguimos resgatar as famílias como parte importante do processo ensino-aprendizagem das crianças e que os
estudantes conseguiram continuar o processo escolar.
Considerações Iniciais
Este estudo apresenta o relato de experiência em gestão escolar, na Escola Municipal de
Educação Infantil e Fundamental (EMEIF) Ayrton Senna, localizada no Distrito de Icoaraci
(DAICO), na cidade de Belém/PA, no período de 2021 a 2022. Para situar um pouco o contexto
vivido, cabe ressaltar que a EMEIF Ayrton Senna é uma escola pública municipal, localizada na
zona urbana, na cidade de Belém/PA e mantida pela Secretaria Municipal de Educação
(SEMEC), do respectivo município.
No ano de 2021, contávamos com o total de 629 estudantes, distribuídos nos turnos da
manhã, intermediário e tarde, correspondentes à educação infantil (Jardins I e II), ciclo I (1 ao 3º
ano/9) e ciclo II (4º e 5º anos); no ano de 2022 contávamos com o total de 587 estudantes,
distribuídos nos mesmos turnos e mesmos ciclos. Tanto no ano de 2021 quanto no ano de 2022
haviam 22 turmas, sendo divididas: 9 turmas pela manhã (jardins I e II e 1º ao 3º ano), 5 turmas
no intermediário (4º e 5º anos) e 9 turmas no turno da tarde (jardins I e II e 1º ao 4º ano)2.
1
Mestrando em Educação, PPGED/UEPA – Brasil/ Professor efetivo, das séries iniciais da educação básica, do município de
Belém-PA. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0002-6686-5977. E-mail: gustavomendes1@live.com
2
Dados obtidos do Sistema de Informações de Gestão Acadêmica (SIGA), da SEMEC.
Discussão Teórica
A educação, sem dúvida, é transformadora e, segundo Freire (1996) é uma forma de
intervenção no mundo. Partindo desse pensamento, por meio da educação os seres humanos
podem intervir e mudar suas realidades.
Com a pandemia da COVID-19, em 2020, a realidade humana mudou completamente e
as formas de intervenções, no mundo todo, precisaram ser revistas e readaptadas a essa nova
situação vivida por todos nós. Com a escola não foi diferente e cabe a reflexão quanto ao
pensamento de Nóvoa (2022, p. 34), ao afirmar que “a pandemia terminou o longo século
escolar, iniciado cento e cinquenta anos antes. A escola, tal como a conhecíamos, acabou.
Começa, agora, uma outra escola”. Partindo dessa fala, questiono: como as escolas públicas
conseguiriam se adaptar a esse novo modelo de escola?
Não vou entrar no mérito das escolas particulares, por desconhecer tal realidade, mas
enquanto educador da rede municipal de educação, esses desafios de continuidade do processo
6
Nesse período, as aulas ainda estavam suspensas e somente os professores não estavam indo para o ambiente escolar.
7
Para evitar o desperdício de papel, imprimíamos poucas cópias para deixar junto à coordenação para que fossem entregues
aos estudantes e, caso necessário, reimprimíamos novamente.
Conclusão
De acordo com tudo que foi relatado até aqui, é possível dizer que a experiência frente à
gestão escolar, sem dúvida, foi desafiadora, mas prazerosa; falamos dessa forma pelo fato, de
logo no início, termos um número reduzido de coordenadores e de pessoas para auxiliar na
limpeza da escola, tivemos também as questões relacionadas à pandemia e à falta de recursos
financeiros da escola para suprir necessidades emergenciais e outras necessárias; só nós que
passamos por isso, sabemos quantos desafios foram vivenciados.
Mas, apesar desses problemas, percebemos os profissionais que temos na escola: são
professores e demais agentes educativos extremamente comprometidos com seu trabalho,
precisando, em alguns casos, de alguém que segure firme nas mãos, que os incentivem e
caminhe juntos nesse processo.
Enquanto gestor, nunca quisemos nos prevalecer do cargo para conseguir “regalias” ou
“dar ordens”, pois acreditamos em outra forma de gestão, em que a união cria forças, daí porque
necessitamos estar lado a lado, contribuindo, auxiliando, errando, aprendendo, consertando e
encontrando novas possibilidades traçando um caminho para a construção de uma escola
pública, democrática e de qualidade.
Se pensarmos que as crianças são o objetivo de estarmos ali, vamos construir uma escola
em que famílias-escola-estudantes-comunidade são um só corpo e que todos juntos poderemos
criar um ambiente humanizado, acolhedor e que seja permeado de bons momentos.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
MINAYO, M. C. S. (org.) Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petropólis, RJ: VOZES,
1994.
Resumo
O texto caracteriza-se pela experiência da primeira Feira de ‘Matemágica’ desenvolvida na E.E.E.F.M. Profª.
Yolanda Chaves na cidade de Bragança no Estado do Pará. O projeto contou com a parceria do Laboratório
Pedagógico de Informática e Matemática (LAPINMAT) da Universidade Federal do Pará, campus de Bragança. O
evento teve como objetivo geral promover a participação dos alunos na recomposição das aprendizagens
Matemáticas. O mesmo envolveu todos os alunos do ensino fundamental e médio da escola nos turnos matutino e
vespertino, com uma programação adequada para cada nível de ensino e com uma ação específica para os alunos
que possuem um atendimento educacional especializado (AEE). A feira possibilitou aos alunos um engajamento
em torno dos conhecimentos básicos e práticos da disciplina, além de promover o contato da Matemática com
outras áreas do saber. Os resultados superaram as expectativas dos organizadores, pois, identificou-se o interesse
dos alunos e o envolvimento na realização das atividades, permitindo aos discentes um olhar na disciplina de
Matemática que vai além dos números, como sendo essencial na compreensão da realidade.
Introdução
Quando observamos os diversos aspectos tecnológicos da construção histórica da nossa
sociedade, notamos que a Matemática tem sido um elemento constante nesse processo, pois
sempre teve um papel relevante nas três grandes revoluções da humanidade: “cognitiva,
agrícola e científica” como descrito por (Harari, 2020, p.13), sendo a última ainda em curso,
tendo na contemporaneidade a informática como grande propulsora.
Nessa longa caminhada, a abstração Matemática vem sendo acentuada, possibilitando
uma maior aproximação com outras áreas do saber, porém também produz um distanciamento
no uso das ferramentas matemáticas elementares, tais como as operações básicas, no cotidiano
dos alunos, gerando assim muitos questionamentos, especialmente pelo uso excessivo de uma
1
Licenciada em Matemática, UFPA - Bragança-PA. Professora efetiva na rede estadual de Ensino desde 2009. Trabalha na
E.E.E.F.M Profa. Yolanda Chaves, nos níveis Fundamental e Médio. Bacharelanda de Serviço Social pela UNINTER / Polo de
Bragança.
2
Mestra em Ciências da Educação - Universidade Metodista de Piracicaba/ SP, Especialista em AEE - ISEPRO/PI Bacharel em
Pedagogia/ ESMAC Ananindeua-PA, Professora do AEE Contratada da Rede Estadual de Ensino. Bragança/PA.
3
Mestre em Matemática, UFPA/PROFMAT/Bragança–PA, Licenciado em Matemática, UEPA/São Miguel do Guamá-PA.
Professor efetivo da Rede Estadual de Ensino do Estado do Pará desde 2019, trabalha na E.E.E.F.M Profa. Yolanda Chaves, nos
níveis Fundamental e Médio. Professor voluntário do Laboratório Pedagógico de Informática e Matemática (LAPINMAT) da
UFPA, campus Bragança-PA.
Percurso Metodológico
Nesta seção, iremos destacar o passo a passo das ações para a execução da 1ª Feira
da ‘Matemágica’, realizada na E.E.E.F.M. Profa. Yolanda Chaves. Como o evento consistia em
algo novo tanto para a escola, quanto para os alunos, a parceria da escola com o Laboratório
Pedagógico de Informática e Matemática (LAPMAT) da UFPA proporcionou uma programação
direcionada a cada série e nível de ensino, com a utilização de jogos, brincadeiras, dinâmicas,
gincanas de desafios, exposições e palestras, no intuito de demonstrar os conteúdos
matemáticos vinculados com a realidade e necessidades dos alunos e as possibilidades de
aprender matemática de forma criativa e prazerosa.
Os professores de Matemática da Escola, juntamente com os bolsistas do LAPINMAT,
construíram um conjunto de ações que possibilitou aos alunos terem contato com
conhecimentos aritméticos, algébricos e geométricos, bem como o diálogo da Matemática com
outras áreas do saber, pois oferecemos uma decoração com homenagens às mulheres da
Matemática, poesias matemáticas, artes e tivemos até mesmo um espaço para o humor da
matemática. Tudo isso trouxe um clima de entusiasmo para professores e alunos. Todas as
atividades foram divididas em quatro momentos, onde em cada um deles havia uma
programação para aquela respectiva turma.
Cada turma teve a sua programação dividida em quatro momentos, sendo que em cada
um desses momentos duas atividades eram realizadas em cada uma das turmas, sendo que
Conclusão
A Feira de Matemática quando bem planejada e inserida no contexto de ensino e
aprendizagem torna-se uma atividade de extrema relevância para o desenvolvimento do saber
matemático. Durante a realização do evento, foi perceptível a motivação e interação dos alunos
nos jogos, dinâmicas e exposições.
Além de potencializar os conteúdos da recomposição de aprendizagens, foi possível
iniciar um processo de desmistificação da Matemática abstrata e sem sentido para vida
cotidiana, conjuntura que faz parte da nossa cultura e que deve ser rompida, por metodologias
que relacionem a teoria com a prática propiciando momentos de aprendizagens significativa
para o contexto do aluno.
Muitas reflexões emergiram a partir dessa experiência relatada. Nos primeiros olhares
podemos concluir o quão difícil é organizar um evento como este, pois demanda tempo e
concomitantemente o cumprimento de diversas exigências e burocracias escolares, mas
analisando com afinco, percebemos o quão é significativo e motivador ver os alunos se
dedicando nas atividades, e mais ainda identificar as aprendizagens efetivadas durante o
processo de construção da Feira.
Como afirma (Tardif, 2002, p. 44) “Saber alguma coisa não é mais suficiente, é preciso
também saber ensinar”, aqui fica o convite a repensar nossas práticas pedagógicas, pois não
adianta apenas teorizar, é necessário saber como mediar um conhecimento para que ele se
torne compreensível, consciente de que a verdadeira comunicação ocorre quando as duas
partes se compreendem.
O evento deixou uma excelente motivação para as próximas edições, pois a partir dessa
experiência muitas ideias já estão sendo analisadas para a edição de 2024, uma vez que os
objetivos da feira foram todos alcançados.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 20. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2001.
HARRARI, Y. N. Sapiens: Uma breve história da humanidade. Tradução Jorio Dausthe. 1. ed.
São Paulo, Companhia das Letras, 2020.
Resumo
Este trabalho apresenta a experiência pedagógica de um torneio de programação visual utilizando Scratch realizado
em uma escola de ensino médio na região do Marajó, Município de Breves, EEEM Professor Gerson Peres. O
objetivo do torneio foi promover o aprendizado dos alunos em programação e pensamento computacional e o
engajamento dos estudantes por meio de uma abordagem lúdica e colaborativa, os quais contribuíram para que os
alunos estabelecessem relações entre o conhecimento prévio e o novo conhecimento, tornando a aprendizagem
mais significativa (Ausubel, 2003). O percurso metodológico para a implementação do torneio foi dividido em três
fases: aprendizagem do Scratch, desenvolvimento dos jogos e apresentação para julgamento. Os resultados do
torneio demonstram que essa abordagem pedagógica foi bem-sucedida em promover o aprendizado e a
competição saudável entre os estudantes. Os projetos desenvolvidos pelos alunos foram criativos e originais, a
interação entre os participantes foi positiva e eles obtiveram aprendizados importantes relacionados à programação
e ao pensamento computacional. A relevância do trabalho desenvolvido está relacionada à importância da
programação na educação e sua contribuição para preparar os alunos para um mundo cada vez mais conectado e
dependente da tecnologia.
Introdução
A educação no século XXI requer que os alunos adquiram habilidades digitais e raciocínio
computacional para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea, conforme destacado
pela UNESCO (2015). Nesse contexto, a programação assume um papel crucial no currículo
escolar, pois capacita os estudantes a desenvolverem pensamento lógico e criativo.
Este trabalho teve como objetivo geral promover o aprendizado de programação e
pensamento computacional em uma escola pública na região amazônica por meio da realização
de um torneio de programação visual com a ferramenta Scratch 2.
Os objetivos específicos incluíam a facilitação do entendimento dos conceitos básicos de
programação de maneira lúdica e colaborativa, o estímulo à competição saudável entre os
participantes, a promoção da colaboração e trabalho em equipe, bem como a contribuição para
o desenvolvimento de habilidades digitais e raciocínio computacional dos estudantes.
O torneio de programação visual utilizando o Scratch foi projetado para ensinar conceitos
fundamentais de programação e pensamento computacional de forma lúdica e colaborativa. De
1
Licenciado pleno em Física pelo Instituto Federal de Educação Tecnológica do Pará (IFPA) e mestre em Química Medicinal e
Modelagem Molecular pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Professor lotado na EEEM Professor Gerson Peres (URE 13),
desde 2019. Email: prifabiojorge@gmail.com.
2
Scratch – O que é e como funciona? Disponível em: https://cer.sebrae.com.br/blog/scratch/ . Acesso em: 22 mar. 2023.
Justificativa
O torneio de programação visual utilizando Scratch realizado com alunos do ensino médio
foi fundamentado em várias teorias e abordagens pedagógicas. Uma delas é a teoria
3
Disponível em: http://scratch.mit.edu. Acesso em: 22 mar. 2023.
Essa iniciativa contribuiu para a divulgação do evento e para o engajamento dos alunos.
Ao longo das três fases do torneio, os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar o
desenvolvimento de projetos de jogos de uma forma completa e integrada, aprendendo a utilizar
uma ferramenta de programação, aplicando seus conhecimentos na prática e apresentando
seus projetos para avaliação.
Essa experiência multidisciplinar foi fundamental para o desenvolvimento de habilidades
importantes para a vida acadêmica e profissional dos estudantes, além de promover o interesse
pelo estudo da programação; foi feito, inclusive, um banner como divulgação do torneio (Imagem
2).
5
Arduino é uma plataforma de eletrônica de código aberto amplamente utilizada para projetos interativos. É conhecida por
sua acessibilidade e comunidade ativa de desenvolvedores. Para mais informações, visite https://www.arduino.cc/.
Resultados Alcançados
Os resultados do torneio foram muito positivos. Os alunos apresentaram um bom
desempenho ao desenvolver projetos criativos e originais, como corrida de carro, labirinto, coleta
de lixo em praia e eliminação de zumbis. Esses projetos demonstram a capacidade dos alunos
de aplicar seus conhecimentos sobre programação e pensamento computacional para criar
soluções inovadoras para problemas.
A interação entre os participantes também foi positiva. Os alunos trabalharam em equipe
e cooperaram uns com os outros para desenvolver seus projetos. Isso está alinhado à teoria
sociointeracionista de Vygotsky (1984), que enfatiza a importância da interação social no
processo de aprendizagem. Ao trabalhar em equipe, os alunos puderam aprender uns com os
outros e desenvolver habilidades importantes como comunicação e colaboração.
O torneio realizado proporcionou aos alunos uma oportunidade única de colocar em
prática seus conhecimentos e habilidades em um ambiente desafiador e competitivo, isso pode
ter aumentado sua motivação e interesse pela programação e pelo pensamento computacional.
O sucesso dos alunos no torneio é um testemunho do potencial que eles têm para se tornarem
futuros líderes em tecnologia; é também da interação entre pares e na relação professor/aluno
(Imagem 3).
Conclusão
Em conclusão, o torneio de programação visual utilizando Scratch realizado na escola
Prof. Gerson Peres foi bem-sucedido em atingir seus objetivos. Os alunos apresentaram um
bom desempenho ao desenvolver projetos criativos e originais e demonstraram engajamento e
motivação ao participar da competição. Na imagem 3, é possível visualizar os alunos
participantes do torneio, juntamente com os professores envolvidos na aplicação do projeto.
Como possibilidades para aprimorar este projeto, podem ser incluídas outras habilidades
relacionadas à tecnologia, como, por exemplo, a programação em outras linguagens e o
desenvolvimento de aplicativos móveis. Além disso, atividades complementares podem ser
realizadas para reforçar o aprendizado dos alunos, como palestras e workshops sobre temas
relacionados à tecnologia e à programação, visitas a empresas e instituições que desenvolvem
tecnologias avançadas e a realização de projetos interdisciplinares envolvendo outras áreas do
conhecimento, como a Física, a Matemática ou a Biologia.
Essas atividades complementares podem contribuir para a formação de uma cultura de
inovação, criatividade e tecnologia na escola, oferecendo aos alunos uma visão mais ampla do
papel que a tecnologia desempenha na sociedade atual e preparando-os para os desafios do
mercado de trabalho. O desenvolvimento de habilidades relacionadas à tecnologia é um aspecto
importante da educação contemporânea, e a ampliação do escopo do torneio de programação
visual utilizando Scratch pode ser uma forma de oferecer novas oportunidades de aprendizado
e desenvolvimento para os alunos.
REFERÊNCIAS
AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. São
Paulo: Editora Plátano, 2003.
UNESCO. Educação para a cidadania global: preparando alunos para os desafios do século
XXI. Brasília: UNESCO, 2015. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ ark:/48223/
pf0000234311. Acesso em: 23 mar. 2023.
Resumo
O presente trabalho tem como título: o ensino de língua inglesa por meio da plataforma adaptativa Duolingo.
Apresenta uma pesquisa que se caracteriza como um estudo bibliográfico e exploratório, baseado em uma
abordagem qualitativa, tem como objetivo refletir sobre a aprendizagem do idioma-Inglês por interface da
plataforma. Além disso, relatamos um estudo de caso realizado com o software. Inicialmente, buscamos
estabelecer a definição e a origem da plataforma em questão. Em seguida, tratamos de refletir sobre o ensino
personalizado, objetivando oferecer ao leitor a compreensão desses recursos tecnológicos no processo de ensino
e aprendizagem de Língua Estrangeira. Após as abordagens tratadas ao longo do trabalho, expomos os resultados
e discussões sobre a utilização do App, objetivando esclarecer os benefícios de se trabalhar com as tecnologias
na educação, utilizando-se da inteligência artificial. Durante a pesquisa foi possível perceber que as plataformas
adaptativas são baseadas na teoria construtivista, programadas para diagnosticar as necessidades de
aprendizagens dos estudantes. Assim, esses recursos tecnológicos, além de mediarem o aprendizado de forma
personalizada, dinâmica, colaborativa e inovadora, promovem a autonomia do estudante.
Introdução
As novas tecnologias têm contribuído de forma significativa para o surgimento de novas
formas de ensino e aprendizagem. As plataformas adaptativas ou aprendizagem personalizada
são inovações que as novas tecnologias proporcionam, motivam e facilitam o processo de
ensino, de forma individualizada, direcionada às necessidades e especificidades cognitivas dos
estudantes. Essas inovações tecnológicas têm se expandido de forma rápida e conquistado
espaços promissores no campo educacional – afirmando-se como metodologias ativas.
Dessa forma, as mudanças constantes nos contextos tecnológicos e educacionais
oferecem uma gama de recursos que contribuem, significativamente, para o ensino, facilitando
o alcance de forma rápida e atualizada às informações que podem se concretizar a posteriori
1
Professor da rede Municipal e Estadual de Ensino do Município de Curuá – Pará. Licenciado Pleno em Letras/Português –
UFPA, Letras/Espanhol – UNIUBE, Letras/Inglês – UFOPA, Formação de Professores de Filosofia (Licenciatura) – FPA,
Licenciado Pleno em Filosofia – FAMOSP. Especialista em Metodologia do ensino de Filosofia e Sociologia – UNIASSELVI;
Especialista em Ensino de Língua Espanhola – UNICAM; Especialista em Educação Especial Inclusiva e Neuropsicopedagogia –
Faculdade Futura; Especialista em Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Língua Inglesa - FAVENI e
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira – FAVENI. Mestre em Tecnologias Emergentes na Educação – MUST
University-Florida - USA. E-mail: zezinho.curua@gmail.com.
2 Técnica em Educação da rede Municipal de Ensino; Professora da rede Estadual. Licenciada Plena em Pedagogia – UFPA;
Licenciatura Integrada em Matemática e Física – UFOPA; Especialista em coordenação pedagógica – UFOPA e Especialista em
Matemática e Física - FAVENI. E-mail: almadairailde75@gmail.com.
3
São todos os indivíduos que nasceram na era digital, a partir da década de 1990, e convivem com as tecnologias da
informação e comunicação diariamente, falam, comunicam-se e interagem através do dialeto “internetez”, dominam os
recursos digitais, apresentam características cognitivas diferentes dos seus professores, nascidos na era anterior – era
analógica (Os autores).
Com intuito de colaborar com a formação dos alunos do 9º ano da Escola mencionada,
formamos um grupo de WhatsApp e propomos a utilização da plataforma adaptativa Duolingo
para aqueles alunos que tinham acesso à internet. Ressaltamos que aos alunos que não
dispunham de recursos tecnológicos, as atividades eram elaboradas em compêndios impressos,
verificando a necessidade de cada um, por meio de avaliação diagnóstica, para atender as
necessidades de aprendizagem de cada estudante. Vale ressaltar que é possível o professor
fazer essa sondagem e adaptar as atividades propostas às necessidades de ensino dos
discentes.
4
Wikipédia. Duolingo. Disponível: https://pt.wikipedia.org/wiki/Duolingo. Acesso em: 3 set. 2021.
Resultados e discussões
De acordo com Martins (2012), estudos apontam que as plataformas adaptativas são
projetadas e programadas baseadas na teoria construtivista de Piaget. De acordo com a teoria
construtivista, os indivíduos constroem seu conhecimento de forma autônoma por meio de
experiências individuais.
Nesse sentido, o processo de ensino/aprendizagem desvela um construtivismo
operacional. Assim, o sujeito que aprende é considerado ativo e autônomo, responsável por
construir seu próprio conhecimento. Além disso, outro fator que importa considerar é que cada
estudante possui um estilo de aprendizagem. Cada aluno recebe e responde aos conteúdos de
forma distinta, dependendo de sua bagagem cultural adquirida por meio de experiências sociais
(Martins, 2012).
Nessa perspectiva, ratifica-se que a plataforma adaptativa Doulingo, baseia-se na
proposta construtivista, cujo estudante é um ser ativo, autônomo e responsável pela construção
do seu próprio conhecimento. Considerando o exposto, sugeriu-se aos alunos do 9º ano, do
Considerações finais
No Brasil, a plataforma adaptativa Duolingo é considerada relativamente nova, mas já é
utilizada por um número significativo de indivíduos. Nota-se que o soft carece de ser mais
divulgado e adotado por professores de língua estrangeira moderna (inglês e espanhol) e outras.
Observou-se este fato devido ao número reduzido de trabalhos científicos divulgados sobre a
plataforma. Além disso, dentre as observações feitas ao longo deste trabalho, constatou-se que
a tecnologia é mais valiosa e utilitária na educação, quando ela tem uma intencionalidade
pedagógica, as plataformas adaptativas e outras formas de tecnologias para fins pedagógicos
são provas dessa afirmativa.
Observou-se ainda que, uma das facilidades das plataformas adaptativas é que esta
tecnologia inteligente tem a capacidade de levar o aluno a aprender aquilo que ele realmente
necessita. Além disso, através de relatórios, esses softs fornecem uma visão detalhada do
conteúdo que o aluno precisa revisar. Desse modo, uma das vantagens das plataformas é a sua
flexibilidade de retornar o estudante para aquilo que ele ainda não conseguiu aprender.
Referências
AIRES, J. P.; PILATTI, L. A. Aprendizagem significativa por meio do ensino adaptativo. Revista
Espacios. Caracas-Venezuela: Grupo Editorial Espacios GEES C.A., v. 37, n. 29, p. 18-30,
21/6/2016. Disponível: http://www.revista espacios.com/a16 v37n29/16372918.html. Acesso
em: 4 set. 2021.
GAROFALO, D. Plataformas adaptativas – O que são e como podem (ou não) contribuir para
recuperação da aprendizagem. São Paulo, Portal Compartilha [on-line], 2021. Disponível em:
https://site.maneiraweb.com.br/plataformas-adaptati vas-o-que-sao-e-como-podem-ou-nao-
contribuir-para-recuperacao-da-aprendizagem/. Acesso em: 3 set. 2021.
LIMA, José Maria Maciel. A inserção das novas tecnologias digitais na educação em tempos de
pandemia. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. São Paulo: Núcleo do
conhecimento, ano 6, ed. 3, v. 3, p. 171-184, mar./2021. ISSN: 2448-0959.
Disponível em: https://www.nucleodeconhe cimento.com.br/educacao/a-
insercao.DOI:10.32749/nucleodoconhecimento.com. br/educacao/a-insercao. Acesso em: 3 set.
2021.
Resumo
Este estudo teve por objetivo minimizar as dificuldades de leitura e escrita de alunos do ensino médio da Escola
Magalhães Barata do município de Chaves-PA, desenvolvida por meio de uma experiência educativa com o objetivo
de realizar atividades de leitura com alunos do ensino médio da Escola Magalhães Barata a fim de melhorar o
desempenho escolar dos educandos em relação à leitura, à escrita e à compreensão leitora, visando ao letramento.
Entendemos que não basta ler, é preciso compreender o que se lê, e isso significa ir além da decodificação e do
simples reconhecimento do significado das palavras; compreender o sentido do texto como um todo é fundamental
para que se alcance a finalidade maior da leitura: a compreensão das ideias e, num segundo momento, os recursos
utilizados pelo autor na elaboração do texto. Foi uma pesquisa de campo participativa realizada com alunos da do
ensino médio da referida escola. As atividades realizadas foram desenvolvidas em três etapas: concurso de poesia;
leitura de textos infantis para alunos do 1º ao 5º ano da referida escola e a culminância do projeto. Como resultado,
podemos perceber que o ato de ler precisa levar aos alunos à compreensão do assunto lido e não simplesmente
repetição de informações.
Introdução
As práticas de leitura e de escrita são muito importantes e requerem atenção por parte
de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem por constituir-se como um
princípio basilar da comunicação humana, possibilitando o fortalecimento de suas ideias e
ampliação de seus conhecimentos e habilidades. Nessa perspectiva, o presente projeto trouxe
como tema: “As dificuldades de aprendizagem em leitura e escrita dos alunos do ensino médio
da Escola Magalhães Barata”, por meio do qual buscou-se responder o seguinte
questionamento: Quais as dificuldades encontradas atualmente para o ensino da leitura e da
escrita dos alunos do ensino médio da Escola Magalhães Barata?
Diante disso, delimitou-se como objetivo geral minimizar as dificuldades de leitura e
escrita de alunos do ensino médio da Escola Magalhães Barata do município de Chaves-Pá.
Como objetivos específicos pretendeu-se: Verificar a quantidade de alunos com lacunas no
aprendizado de leitura e escrita, compreender as principais dificuldades de aprendizagem na
leitura e na escrita encontradas nas turmas de ensino médio e utilizar estratégias diferenciadas
1
Licenciatura específica em Português, pela Universidade UVA -2008. Especialização em Língua Portuguesa na área de
Linguística e Língua Portuguesa, pela UNICID -2012. Atualmente professora de Língua Portuguesa na Escola Estadual
Magalhães Barata no SOME, no município de Chaves no Estado PA.
Discussão teórica
As diversas dificuldades confrontadas pelos alunos do Ensino Médio com relação à
produção de texto têm a ver com a leitura, que muitas vezes é desenvolvida de forma mecânica.
A leitura é um dos meios mais importantes para a construção de novas aprendizagens. Assim,
Desse modo, a leitura não pode ser um processo mecânico, automático, sua prática é
uma tarefa essencial para a construção do conhecimento e para a formação do aluno, como
também é a base para a escrita.
Sarmento (2013) afirma que para a leitura fazer sentido, é preciso haver sintonia entre o
que se lê com as motivações de quem lê. Quando se fala em sintonia, em prazer de ler, deve
ficar claro que a satisfação não se reduz ao lúdico, ao recreativo. O prazer está tanto em obter
uma informação, em compreender uma instrução, em estudar um tema, em tomar conhecimento
de fatos, em embalar-se na poesia e em dar asas à imaginação. Diante disso, podemos lançar
mão de:
a) Leitura informativa: que serve para aumentar o conhecimento, auxiliar na
informação funcional, nas curiosidades e necessidades de orientação para a vida
(livro, revistas, romances, leitura superficial). A leitura informativa não é apenas
característica de jornais e revistas, ela pode ser encontrada também em
romances de nossa literatura, quando analisa os costumes de um povo etc.
b) Leitura cognitiva: é a leitura profunda, feita para o estudo de pesquisas, teses,
exige resenha com argumentos.
c) Leitura literária: são as leituras de textos literários, romances, contos e outros,
analisando os estilos, a forma, a narrativa etc.
d) Leitura recreativa: é a leitura lazer, feita pelo prazer.
e) Leitura pretexto: feita com uma única finalidade, como a leitura de texto para a
prova ou leitura de uma obra comentada para entender um texto
f) Leitura corretiva: é realizada para correção de certas falhas, como erros
ortográficos etc. (Bamberg, 1977, p. 36.38).
Portanto, a leitura vai depender de certas condições para ser efetuada, entre outras, o
preparo do professor e a formação de acervos específicos, visto que ela é um dos instrumentos
essenciais para que o indivíduo construa seu conhecimento.
No que diz respeito à escrita relacionada à produção de texto, Alves e Leite (2012, p. 5)
dizem que para os alunos conseguirem superar suas dificuldades relativas à atividade de
produção textual, “o texto do aluno deve ser visto como um processo e não somente como
produto”.
Sendo assim, devem-se oportunizar atividades em sala de aula para que a realidade do
educando esteja presente, para que ele consiga atribuir uma significação maior e uma finalidade
mais plausível para o trabalho com os textos.
Metodologia
O projeto foi dividido em quatro etapas a saber: Na primeira etapa, realizou-se um
concurso de poemas para estimular a leitura e a escrita. Todos tiveram que participar com a
criação de poema de autoria própria. Para isso, realizou-se um trabalho com os autores: Manoel
Bandeira, Cora Coralina, Luíz Vaz de Camões, Adélia Prado, Clarice Lispector, Cecília Meireles,
Vinicius de Moraes, Hilda Hilist. Essas obras inspiraram os alunos em suas escritas e resultou
em textos emocionantes (Imagem 1). Para a seleção dos três melhores poemas, alguns
professores da comunidade foram convidados para fazerem a avaliação e a escolha.
Na etapa três, solicitou-se aos alunos a produção de um texto livre; para tanto, os
estudantes tiveram que escolher um assunto que estivesse relacionado a alguma coisa, ou a
um fato acontecido na comunidade ou na escola. Os textos criados foram lidos (Imagem 3) e
depois expostos em um mural na própria sala de aula.
Conclusão
Após a experiência realizada com os alunos do ensino médio da Escola Magalhães
Barata, envolvendo atividades de leitura e de escrita, buscando melhorar seu desempenho
escolar em relação à leitura e à escrita, notamos que a potência do estudo, está no fato de que
para superar as dificuldades discentes em ler e escrever textos simples, é importante incentivá-
los a ler com regularidade e a praticar a escrita.
Assim, na escola, o que precisa ser aprimorado são atividades que envolvam atendimento
individualizado, recursos tecnológicos, entre outras estratégias, visto que o trabalho com a
leitura deve levar os alunos à compreensão do assunto a ser lido/estudado e não simplesmente
a mera repetição de informações.
Em relação à relevância do trabalho desenvolvido, é imprescindível trabalhar a escrita e
a leitura a partir de textos significativos para os alunos, porque ler é atribuir sentido ao texto,
relacionando-o com o contexto e com as experiências prévias do sujeito leitor, a leitura acontece
a cada instante, a cada momento. A dificuldade de leitura e de escrita no ensino médio pode ser
Referências
ALVES, D. F. L. LEITE, M. L. As Dificuldades dos Alunos do Ensino Médio na Aprendizagem da
Língua Portuguesa: Um Estudo de Caso na Escola Estadual São João Batista – Araripina –
Pernambuco, Brasil. Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia. Araripina: UFCA, v.
12, n. 41, p. 991-10052018, 2012. ISSN 1981-1179. Edição eletrônica em
http://idonline.emnuvens.com.br/id.
Resumo
Este relato de experiência visa a apresentar estratégias e resultados alcançados em uma proposta de letramento
que buscou auxiliar estudantes da 3ª série do Ensino Médio na Escola Estadual Júlia Passarinho, em Cametá-PA,
a desenvolver habilidades e competências necessárias para a produção de um texto dissertativo-argumentativo,
com critérios especificamente voltados ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) no período letivo de 2022.
Para tanto, foi necessário adotar práticas rotineiras (hábitos) de leitura, escrita e produção, de modo que se
estabelecessem focos em especificidades e dificuldades encontradas ao longo do projeto no que corresponde ao
processo de leitura e de escrita que tanto aturdem e desestabilizam psicologicamente nossos educandos,
intitulados “lautores”, como bem enfatizaram Rojo e Moura (2019). As experiências inspiradas em Freire (2021) e
Geraldi (2012) auxiliam no movimento de pensar sobre a necessidade de ultrapassarem os conhecimentos das
academias e instituições educacionais na construção de hábitos mais apropriados, pontuados por Duhiigg (2012),
que resultam no texto projetado para o alcance do objetivo construído pelos jovens estudantes: ser aprovados no
ENEM.
Introdução
O relato intitulado “Lautor Proficiente: da Educação Básica ao Ensino Superior” é
resultado de experiências de letramento desenvolvidas nas aulas de Língua Portuguesa II
(redação) nas séries finais da Educação Básica, durante o ano letivo de 2022 na Escola Estadual
de Ensino Médio Júlia Passarinho, em Cametá-PA. Fez parte de um projeto gestado com o
propósito de auxiliar os alunos matriculados nas séries finais da Educação Básica (3ª série do
Ensino Médio), em três turmas no período matutino, no processo de produção do gênero
“redação do Enem”.
Além de a prática docente do profissional de Língua Portuguesa compreender o universo
da língua do dia a dia e das ciências, ele vivencia a expectativa e a projeção de sonhos. Alguns
são abertamente relatados pelos jovens estudantes, outros timidamente reservados e contados
ao “pé do ouvido” do professor; outros tantos ainda ficam guardados para si na expectativa de
que é melhor ninguém ouvir suas utopias para que as projeções deem certo ao final.
Assim, os profissionais de Língua Portuguesa cumprem uma complexa e dupla tarefa:
facilitar o manejo com os objetos de conhecimento da área, com as habilidades e competências
1
Mestre em Ciências da Comunicação pelo programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia (UFPA);
especialista em Língua Portuguesa: Uma Abordagem Textual (UFPA); especialista em Gestão Escolar (UFPA). Integrante do
Grupo de Pesquisa em Processos de Comunicação (PESPCOM/UFPA). Docente de Língua Portuguesa nas redes estadual e
municipal da Educação Básica do Estado do Pará, em Cametá (PA).
2
No ano de 2023, até meados de abril, a instituição contabilizou mais de 80 aprovações de alunos egressos e recentemente
matriculados (ano letivo de 2022) em diversos vestibulares e lugares do país (Fonte: registro da instituição).
3
Salientamos insistente e regularmente que, para o objetivo principal pretendido, seria necessário não deixar em segundo
plano o engajamento e o compromisso no processo da leitura proficiente nas demais áreas do conhecimento (Matemática,
Humanas e Naturais), visto que a redação é a porta de entrada para o resultado, mas depende de uma média (parcial) exigida
em cada área.
Nessa assertiva, reside a importância e a necessidade de tal experiência vir a ser algo
constante no cotidiano das instituições públicas escolares. Um avanço nas políticas
educacionais seria proporcionar aos nossos jovens lautores em construção o contato desde o
cânone até à contemporaneidade literária, rumo a uma política linguística que vá de encontro
ao iletrismo e em favor da cidadania crítica e consciente. Essas são as principais características
do aluno lautor.
A visão que prescrevem os PCNs (Brasil, 2000) é a de que, ao final da Educação Básica,
o aluno seja um eficaz e competente usuário da língua escrita, o que sugere inseri-lo em práticas
e atividades letradas utilizando gêneros do discurso que possibilitem a construção ou
reconstrução dos sentidos nos textos que lê ou que produz.
Portanto, além de dominar os códigos da escrita, o lautor acionará seus conhecimentos
de mundo armazenados na memória a longo prazo para que possa, enfim, construir esquemas
de compreensão e produção em variadas situações comunicativas.
Os objetivos gerais nos PCNs (Brasil,2000) de língua portuguesa situam, como principal
objetivo, levar o aluno a utilizar a linguagem na escuta e produção de textos orais e na leitura e
produção de textos escritos, de modo a atender a múltiplas demandas sociais, responder a
diferentes propósitos comunicativos e expressivos, considerando diferentes condições de
produção do discurso.
Levar o aluno ao domínio de tais práticas é considerar que elas são habilidades, e,
portanto, podem ser aprendidas para posterior domínio. Contudo, sabemos que “transformar um
hábito não é necessariamente fácil nem rápido. Nem sempre é simples. Mas é possível” (Duhigg,
2012, p. 18).
Este autor revela inúmeras circunstâncias e sequências de ações que podem vir a se
constituir em uma rotina automática, mas o que vai tornar o processo mais simples ou mais
complexo é a forma de lidar com as estratégias traçadas. Salienta ainda que tornar uma ação
em um hábito é possibilitar que seu cérebro seja eficiente.
Essa arte engenhosa de transformar uma rotina em um hábito seria, portanto, uma
estratégia inteligente para facilitar o processo de produção do texto escrito do gênero em estudo.
Consiste, é óbvio, tornar rotina o que dificilmente era solicitado aos nossos jovens alunos. Essa
Alternativas Metodológicas
Esta breve e instigante reflexão é atravessada por um interessante debate de um dos
mais importantes linguistas e professor de língua portuguesa, o estudioso Moacir Gadotti 5, cujos
trabalhos sobre análise do discurso nos movimentam a compreender que, diante do cenário
atual, todo e qualquer esforço educacional parece esvaziado.
Diante disso, é imprescindível buscar nas questões teóricas disponíveis, execuções
práticas, pois é necessário dar respostas às questões que se apresentam diante da nossa
realidade educativa, pois é preferível entender que não podemos permanecer inertes nas
(im)possibilidades.
A estratégia que fez parte desta experiência consistiu em algumas etapas 6, nas quais os
alunos foram convidados a:
1º passo: elaborar um texto com características dissertativo- argumentativas, sem a
interferência docente, de modo a identificar as fragilidades e possibilidades de ensino a serem
desenvolvidas nas próximas etapas;
2º passo: assistir a vídeos aulas e aulas expositivas, de modo a construir embasamentos
teóricos que correspondam às lacunas e dificuldades sobre o processo de produção textual a
que os alunos serão assistidos posteriormente;
3º passo: participar de plantões individuais, de modo a articularem – docente e discente
– os caminhos para a construção de um texto dissertativo-argumentativo coerente às
características desse gênero7;
4
Cf. ROJO (2013, p. 19-26).
5
Cf. FREIRE (2001, p. 13-19).
6
No decorrer dos meses, os alunos pesquisaram e apresentaram atividades (seminários e pesquisas) para sanar os problemas
de leitura em diferentes áreas do conhecimento (filosofia, sociologia, psicologia, biologia, química, física) e assim pudessem
se inteirar das exigências de cada competência exigida na abordagem da redação do Enem.
7
Nesta etapa, os alunos receberam, de início, as considerações positivas a respeito do que foi identificado nas suas produções,
visto que, é importante que os alunos sintam que não são produtores de discursos esvaziados de sentido. E o que foi percebido
na maioria das produções é que as ideias por eles suscitadas nos parágrafos produzidos são carregadas de valores e que só
precisam de reordenação e reorganização diante dos problemas de ordem morfológica, fonológica, textual e estilística
apresentadas.
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 89
4º passo: realizar a reescrita da primeira produção, de modo a sanar os problemas de
língua e linguagem identificados;
5º passo: produzir uma nova proposta de construção textual do gênero em estudo, de
modo a repetir os mesmos passos evidenciados na primeira produção.
6º passo: observar uma das produções que elegemos para análise, suprimindo a
identidade do lautor, dentre as mais de 80 produções construídas, de modo a evidenciar no
coletivo os principais itens abordados.
O projeto foi gestado de forma natural. E como um parto, o processo foi difícil. Nem todos
alcançaram êxito ao final, mas alguns foram surpreendidos com seu desempenho, outros ainda
sabiam onde iriam chegar naquele movimento.
Foi complexa cada trajetória, exigia mudanças de hábitos. Era mais prazeroso ler um
horóscopo do que analisar um artigo de Bauman ou Foucault; era mais maneiro assistir a um
desenho animado do que assistir a Memórias Póstumas de Brás Cubas, buscando identificar o
perfil da sociedade no século XIX, além de perceber que o escritor realista ironicamente
evidenciava questões raciais e de preconceito social; era mais fácil ouvir a canção de um rapper
traduzida em uma única linha do que refletir sobre “Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho,
encontrando as nuances críticas do artista.
Identificamos dificuldades de análise linguística de diversas naturezas: de ordem sintática
(concordância verbal e nominal, regência nominal e verbal); de ordem morfológica (adequação
vocabular, conjugação verbal, formas de plural, feminino e masculino); de ordem fonológica
(ortografia, acentuação, divisão silábica); além das dificuldades de ordem textual (discurso direto
e indireto e vice-versa, pessoa do discurso utilizada no gênero); e as de ordem estilística
(períodos, orações, sintagmas nominal e verbal, anáfora, catáfora, parágrafos articulados),
evidenciados, analisados e abordados dentro de cada competência exigida no certame.
Foram meses de intenso mergulho em um currículo multiletrado, que levava em conta
aspectos que contemplavam o gênero “redação do Enem” em sua esfera de circulação social,
visto que permite não apenas uma abordagem teórico-metodológica ao estudá-lo, mas também
a forma de recepção e reescrita do gênero na escola, assumindo a ideia de que seria necessário
ir além do que postulam a gramática das normas.
Não pretendemos entrar no mérito de que uma estratégia pode ser melhor que a outra,
mas a experiência adotada nos impulsionou a evidenciar que um aluno que tirava a média de
600 no cotidiano de nossas aulas, responde-nos, meses depois, em uma mensagem de
WhatsApp, um “muito obrigado, graças a seu incentivo e por nunca desistir de mim, eu pude
tirar 960 na minha redação e sei que vou ser aprovado no curso que eu tanto sonhei” 8.
Podemos até não transformar a sociedade brasileira, mas sem a interlocução e a presença
de um profissional que proporcione a interação, tampouco a educação e a realidade de nossos
jovens serão transformadas.
Notas (in)conclusivas
No cotidiano vivenciado nas escolas públicas da atualidade percebemos que há a
exigência de algumas movimentações rígidas e definidas. Um currículo obrigatório é definido
pelos setores hierárquicos da educação, o discente é obrigado a escrever inserido em padrões
e normas estipuladas e o seu texto ainda será submetido a um crivo avaliativo. O professor será,
possivelmente, o único que poderá avaliar e apreciar aquele texto. Neste processo, discente e
docente assumem funções mecanizadas.
8
Trecho de um relato da lautora M.A.X (17 anos), da turma M3MR03 (Acervo da autora do projeto).
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Linguagens e Suas
Tecnologias. Brasília: MEC, 2000.
DUHIGG, Charles. O poder do hábito: Por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo:
Cortez, 2021.
GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula. São Paulo: Anglo, 2012.
ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo. Letramentos, mídias, linguagens. 1. ed. São Paulo:
Parábola, 2019.
Resumo
O presente trabalho se insere no estudo sobre as atividades cênicas na educação infantil. Refere-se ao relato de
experiências docentes realizadas em duas escolas, sendo uma na cidade de Soure e outra em Salvaterra. O texto
tem o intuito de discutir a prática pedagógica do Teatro para o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas
e de comunicação nas aulas da Educação Infantil. A metodologia adotada foi pesquisa de campo na abordagem
qualitativa. Os resultados demonstram que a prática educativa do teatro na educação infantil é relevante no
incentivo a oralidade de maneira espontânea, a criatividade, a imaginação e a ludicidade, quando associada ao
cotidiano cultural e social nas quais as crianças vivenciam. Por fim, as práticas escolares oferecem às crianças a
oportunidade de aprender por meio da experiência pessoal, o que é muito importante no desenvolvimento infantil,
em principal no campo com o uso de atividades cênicas, sendo fundamentais para o processo de ensino e
aprendizagem, ao favorecerem a construção de conhecimentos significativos, e permitem maior interação entre
professor e aluno, bem como estimulam a criatividade, a expressão de ideias, a construção de relações de amizade
e de empatia com todos.
Introdução
Desde cedo as crianças precisam ser incentivadas a conhecer e usufruir de sua
imaginação. Nesse sentido, o teatro é uma importante ferramenta educacional, uma vez que, na
sua praticidade, as crianças assimilam o mundo do faz de conta de maneira essencial, como
também acabam tornando seu cotidiano mais diversificado, tanto na criatividade quanto na
imaginação (Castro; Tavares, 2020).
Considerando a RCNEI (Brasil, 1998) aprender a falar não é apenas memorizar palavras,
mas também ações, reflexões sobre suas ações e desejos. A partir de cerca de um ano de
idade, as crianças escolhem os sons direcionados a elas, antes mesmo de começarem a falar,
as crianças podem se comunicar e se entender quando da competência referente à linguagem
e a inclusão habilidades de compreensão.
Nessa ótica, torna-se imprescindível ser trabalhado o teatro e a oralidade na educação
infantil. Tendo em vista que, são práticas que permitem com que os alunos explorem seus
1
Professora da Educação Básica da Secretaria Municipal de Educação de Salvaterra/PA
(macedolidiane64@gmail.com).
2 Professora da Educação Básica da Secretaria Municipal de Educação de Soure/PA
(simonepinheiro415@gmail.com).
3 Professor da Educação Básica da Secretaria de Estado de Educação do Pará (elycarlossantos10@gmail.com).
Logo, o ato teatral ocorre quando o indivíduo que o executa muda, ou quando ele coloca
outra personalidade em seu lugar e suas atitudes não são mais usuais. Seu tom de voz difere,
sua aparência difere, ele age e apresenta algo diferente de sua simples rotina, é um
personagem, é quando uma pessoa simplesmente deixa de ser o que é, de aparecer ou de
simbolizar algo fora de si e começa a revelar outra realidade (Amaral, 1996).
Contudo, em meio às diversas manifestações da arte, o teatro pode, portanto, ser
considerado uma ferramenta capaz de alimentar o intelecto humano e proporcionar uma leitura
plural do mundo ao qual pertencemos, que foge do aparente e entra no simbólico, no
pensamento de que a arte pode veicular.
Na imagem abaixo, é possível verificar a prática pedagógica por meio do teatro com o
tema a importância da água, quando de forma lúdica as crianças aprenderam sobre a gotinha
Plim, Plim, e logo após foi feita a roda de conversa, sendo possível explanar com exemplos
simples sobre o surgimento da água na Terra, como a evolução das espécies para aproveitar
esse recurso natural, e as consequências da falta de água.
Logo, a apresentação do teatro de fantoches na educação infantil tem em vista contribuir
para o desenvolvimento da criatividade, da imaginação e da autonomia dos alunos. Esta
atividade proporciona a exploração da realidade, o conhecimento da história e o
desenvolvimento da linguagem.
O teatro de fantoches é uma atividade lúdica que permite ao professor estimular o
desenvolvimento da habilidade de narrar, de escrever e de contar histórias, de relacionar os
personagens e de descrever as ações. Além disso, os alunos também podem desenvolver a
capacidade de produzir diálogos, de representar situações e de criar personagens.
Na Imagem 5, a Escola de Soure Dom Alquílio é vista outra prática pedagógica por meio
do teatro e da oralidade, como foi trabalhado o tema alimentação saudável, com a apresentação
do teatro com fantoches, no qual abordava frutas que vêm de fora e as que têm o plantio aqui
como, o abacaxi, com grandes plantações na zona rural de Salvaterra, e a manga que em Soure
é bem extenso o quantitativo da árvore.
Vale lembrar que, as famílias podem usar esse momento para refletir sobre a sua vida,
as suas práticas, os seus costumes e as suas histórias, como o caso da alimentação saudável
(Imagem 7), que, com a utilização das rodas de conversas e da participação colaborativa dos
estudantes, a oralidade acerca da alimentação saudável das crianças e da própria comunidade
ao entorno da escola foram apresentadas no momento do lanche, como por exemplo a tapioca
Considerações Finais
As atividades pedagógicas que estimulem práticas orais, como o teatro, são fundamentais
para o processo de ensino e aprendizagem por favorecerem a construção de conhecimentos
significativos; elas permitem maior interação entre docentes e estudantes e estimulam a
criatividade e a expressão de ideias. Além disso, proporcionam maior motivação e envolvimento
dos alunos, auxiliando na construção de relações de amizade e de empatia.
Considerando principalmente a área rural, é preciso o aprimoramento das histórias,
adaptando os personagens e enredos para o contexto dos estudantes de modo a tornar a
aprendizagem mais significativa, tendo em vista o relato dos pais sobre a fala das crianças em
casa. Entendemos, assim, que o principal objetivo foi alcançado, uma vez que as atividades
contribuíram para o desenvolvimento cognitivo das crianças.
CASTRO, Jordana Oliveira de; TAVARES, Luciane Madeira Motta. A importância do Teatro na
Educação Infantil. In: Anais do VI SIMGETI - Simpósio Mineiro de Gestão, Educação,
Comunicação e Tecnologia da Informação. Anais.Varginha (MG) UNIS - MG, 2020.
Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/visimgeti/ 296797-A-IMPORTANCIA-DO-
TEATRO-NA-EDUCACAO-INFANTIL. Acesso em: 22 mar. 2023.
SOUSA, Linete Oliveira de; BERNARDINO, Andreza Dalla. A contação de história como
estratégia pedagógica na Educação Infantil e Ensino Fundamental. Educere et Educare. v. 6,
n. 12, Cascavel: Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2011. p. 235-249. Disponível em:
https://e-revista.unioeste.br/index.php/educereeteducare /article/view /4643. Acesso em: 24
mar. 2023.
Resumo
Este projeto teve por objetivo relatar as diversas linguagens cotidianas dos alunos da educação básica, Ensino
Médio da E.E.E.M Professora Ernestina Pereira Maia, situada na comunidade de Moju, no Pará. Teve-se como
foco a aprendizagem no âmbito da área das “Linguagens e suas tecnologias”. Foi realizado no mês de março e
abril com os seguintes objetivos: Utilizar conhecimentos linguísticos, artísticos e literários visando à reflexão crítica
acerca da realidade que circunda o contexto de ensino e aprendizagem no SOME (Sistema de Organização Modular
de Ensino); propiciar que os educandos ocupem o papel de protagonistas do processo educacional no âmbito do
Novo Ensino Médio, por meio da valorização dos saberes já adquiridos pelos mesmos, assim como das
manifestações culturais, literárias e artísticas dos povos Amazônicos; utilizar estratégias de linguagens para a
compreensão e o aprimoramento do aprendizado de Língua Portuguesa e suas Literaturas, tendo como objeto de
trabalho “As manifestações culturais, literárias e artísticas dos povos Amazônicos”. A metodologia foi a pesquisa
de campo participativa e como resultado ficou entendido que no contexto escolar pode-se trabalhar os textos
literários associados às situações cotidianas do aluno.
Introdução
Visando à reflexão crítica acerca das Diferentes Linguagens e Saberes do Nosso Povo
Amazônico, procuramos evidenciar que a partir das manifestações culturais específicas da
Amazônia, temos muito a contribuir com a melhoria do aprendizado e da qualificação do ensino
na Escola de Ensino Estadual Médio Professora Ernestina Pereira Maia. Diante disso, buscamos
responder ao seguinte questionamento: É possível utilizar Texto Literário e a Literatura Regional,
literatura, lenda e mitos para melhoria do aprendizado e da qualificação do ensino na Escola
Estadual de Ensino Médio Profa Ernestina Pereira Maia?
Diante disso, o projeto teve como objetivo geral: utilizar adequadamente as diversas
linguagens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contextos, valorizando-as como
fenômeno social, cultural, histórico, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso. E
1
Licenciada em Letras e Artes pela Universidade Federal do Pará – UFPA, (2000-2005).
2 Mestra em Ciência da Educação (Faculdade Rio Sono). Pós-graduada em: a) Língua portuguesa e literatura
(Faculdade do Noroeste de Minas - FINOM), b) Gestão escolar, administração, supervisão, orientação e inspeção
(Faculdade Iguaçu). Especialista em Educação Especial (Faculdade de Venda Nova do Imigrante - FAVENI).
Licenciada em Pedagogia (Faculdade Educacional da Lapa - FAEL). Licenciada em Letras (Universidade Estadual
do Maranhão - UEMA). Funcionária da Organização de Sistema Modular de Ensino, atuando como Docente do
Sistema Modular de Ensino, MOJU-PA.
3 Licenciado plena em Letras pela Fundação Carmelita Mário Palmério – FUCAMP, abril de 2008.
4
SOME (Sistema de Organização Modular de Ensino), é uma das modalidades de ensino em vigor no Estado do
Pará e surgiu como um projeto para suprir a carência educacional de comunidades tradicionais. Contudo, após a
publicação da lei n 7.806, de 29 de abril de 2014 se estabeleceu como modalidade oficial de ensino do Estado do
Pará.
Discussão Teórica
O modo de ser, agir e viver peculiar, contribui para a apropriação de relevantes símbolos
de um povo, dos quais retiram elementos indispensáveis para a constituição dos saberes e da
sua organização socioprodutiva. Nesse contexto, a Amazônia, em grande parte, tem uma cultura
intrinsecamente ligada às raízes indígenas. Formada pela mistura da cultura europeia e africana,
o que a torna indissociável da própria identidade brasileira (Rodrigues, 2012).
Veríssimo (1970, p. 256) afirma que “o Brasil é uma região onde as raças se mesclam,
desaparecendo completamente os tipos puros e a região amazônica é um exemplo vivo desse
fato”. Maués (1999, p. 283) afirma que “a identidade regional amazônica é constituída por
negros, índios, caboclos, mulatos, tapuios, mestiços, portugueses, paraoaras, amazônidas,
brasileiros, católicos, protestantes, umbandistas, mineiros e uma infinidade de outras raças”.
Diante do exposto, as instituições de ensino podem contribuir nesse processo de
aprimoramento e estudo da cultura amazônica para que o modo de vida das populações da
região não se enfraqueça e venha a mudar de configuração no contato com outras culturas de
outras regiões do país, mas permaneça autêntica e sólida, capaz de ser identificada de longe,
Metodologia
O presente trabalho é resultado de uma pesquisa de campo, segundo Gil (2002, p. 53):
“a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e
de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no
grupo”. Foi desenvolvida em dois momentos:
Em seguida, houve uma exposição sobre algumas ervas medicinais típicas da região e
sua utilidade cotidiana e em outro momento, foi destacado o Carimbó (Foto 3) como Patrimônio
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 108
Imaterial do Pará, com uma apresentação de dança do gênero musical em questão.
Realizamos, ainda, uma dança local mojuense e, para finalizar o projeto, levando em
consideração a atual onda de violência nas instituições de ensino e o estabelecido no artigo 12
da LDB (Brasil, 1996) em seu inciso 107 (promover a cultura de paz nas escolas), houve a
exibição de um vídeo sobre “A cultura da paz”, uma dramatização alusiva à celebração da paz
e o encerramento, com a apresentação musical, em coral, com a música “A paz” 8 de Roberto
Carlos (Foto 4).
7
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11694640/artigo-12-da-lei-n-9394-de-20-de-deze mbro-de-
1996. Acesso em: set. 2023.
8 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MSeKlbXW5VQ. Acesso em: set. 2023.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n°
9.394/96. Brasília: MEC/Jusbrasil, 1996. Disponível em: https:// www.jusbrasil.
com.br/legislacao/1879078200/lei-de-diretrizes-e-bases-da-educacao- nacional- de-1996-lei-
9394-96#art-12 . Acesso em: 26 mar. 2023.
COSTA, Renato Pinheiro da; OLIVEIRA, Damião Bezerra de. Currículo e cultura: o contexto
amazônico na prática educacional. Revista Educa Amazônia - Educação Sociedade e Meio
Ambiente, Humaitá, Lapesam/Gisrea/Ufam/Cnpq/Edua – . Amazonas. Universidade Federal do
Amazonas, p. 12-25, 2017. ISSN 1983-3423 – impressa – issn 2318 – 8766 – cdroom– issn
2358-1468 - digital online.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa/ 4ª. ed. - São Paulo: Atlas, 2002
Resumo
Este trabalho propõe apresentar a experiência de um projeto integrado de aprendizagem desenvolvido na EMEIF
de Ajaraí, escola ribeirinha do município de Cametá-PA, com a finalidade de refletir sobre as estratégias utilizadas
pela coordenação pedagógica em fortalecer uma educação do e no campo ribeirinho amazônico. Para tanto,
utilizou-se das análises da observação participante como técnica de coleta de dados para participar da
implementação do projeto. Dessa forma, Caldart (2004) contribui com o diálogo acerca da educação do campo; e
Carmo (2016) traz discussões sobre a realidade das escolas nos territórios amazônicos. Com isso, compreendeu-
se a imprescindibilidade de se desenvolver ações e atividades nas escolas do campo que valorizem e dialoguem
com seus saberes e demandas particulares, isso porque essas se solidificam em garantir uma educação de fato
inclusiva, mas que também seja de encontro às propostas hegemônicas da sociedade capitalista vigente.
Introdução
Os territórios do campo sempre foram palco de intensas lutas na garantia de direitos
básicos e a educação caminha atrelada à reivindicação tanto de sua presença no seu próprio
território de produção de vida, quanto que este seja um processo formativo cada vez mais
contextualizado a eles.
No município de Cametá, nordeste do Estado do Pará, apresenta-se como um território
predominantemente ribeirinho por sua intrínseca relação com o rio Tocantins e suas unidades
educativas e, mais precisamente, neste estudo sobre as ilhas. Nessa composição socioterritorial
estão as unidades educativas municipais, onde só no ano de 2022, 90% das suas instituições
educacionais estavam presentes no campo – nas vilas, nas estradas, em comunidades
quilombolas, em ilhas2. (Semed, 2022)
A EMEIF de Ajaraí, identificada na pesquisa, compõe o grupo de 98 instituições presentes
no território das ilhas de Cametá (SEMED, 2022) e, delimitada no Distrito de Carapajó, a qual
oferta as etapas da Educação Infantil ao Ensino Fundamental às crianças, adolescentes e
adultos que produzem sua vida no campo cametaense.
1
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura – PPGEDUC/UFPA. Professora efetiva da
rede municipal de ensino do município de Cametá-PA. E-mail: fabianysouza @yahoo. com.br.
2 Divisão de Estatística Educacional e Censo Escolar- Semed-Cametá, 2022
As atividades foram distribuídas nas turmas para estudo e socialização das temáticas em
sala de aula ao longo do mês de setembro, acrescentando conceitos básicos de direção
defensiva pouco utilizadas na região ribeirinha como – conhecimento de mão e contramão, de
direção preventiva, velocidades permitidas e prevenção de acidentes. Isso ocorreu, por conta
da compreensão da necessidade de ampliação do processo educativo desenvolvido pela escola,
sob a mediação das relações e demandas sociais que a comunidade vive, sendo desenvolvidas
como propostas de ensino contextualizadas em sala de aula.
Conclusão
A proposta deste relato de experiência é socializar a estratégia mediada pela
coordenação pedagógica de uma escola ribeirinha no município de Cametá, na premissa de
fortalecer o processo educativo do e no campo, analisando o desenvolvimento de um projeto
integrado de ensino.
Com isso, inferimos que a escola nesses territórios é muito mais que uma instituição, ela
é a materialização do Estado na comunidade e quando se discute essa proposta de educação,
está-se tratando de um projeto que se faz no campo com a participação dos próprios sujeitos.
Entendemos, portanto, a importância de um projeto educacional voltado aos anseios da
população do campo brasileiro é urgente e emergente. Isso porque enquanto direito público,
subjetivo e universal, essa educação, porquanto popular, precisa ser pensada do lugar em que
esses sujeitos se encontram e com eles, não para eles.
O trabalho da coordenação pedagógica em espaços educativos do campo tem essa
premissa de articular e mobilizar ações e atividades que viabilizem a qualidade do processo
educativo, onde, por meio da contextualização do aprendizado se fomente cada vez mais a
construção identitária dos sujeitos do campo. Isso fortalece a ideia de que a escola do campo
precisa estar em constante movimento, (re)fazendo suas ações educativas do dia-a-dia, a partir
do movimento da realidade, das relações sociais e enquanto formação humana e coletiva.
Nesse sentido, o trabalho inerente da coordenação pedagógica na formação profissional
com a mediação do processo educativo e integração das atividades por meio dos projetos,
potencializam um processo educativo em que todos, alunos e professores, constroem e
socializam o conhecimento de forma significativa, contextualizada e inclusiva.
Referências
BENJAMIM, C. Por uma educação básica do campo. Brasília, 2000.
CALDART, Rosely. S.. Por uma educação do campo: traços de uma identidade em
construção. In.: ARROYO, M. G., CALDART, R. S., MOLINA, M. C. (orgs.). Por uma educação
do campo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004, p. 147-160.
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 121
CARMO, Eraldo S. do. A nucleação das escolas do campo no município de Curralinho –
Arquipélago do Marajó: limites, contradições e possibilidades na garantia do direito à educação.
Belém: UFPA, 2016. Disponível em http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/8428 Acessado
em 18 de janeiro de 2023.
FERNANDES, B.M.; CERIOLI, P.; CALDART, R.S. Primeira Conferência Nacional por uma
Educação Básica do Campo. In.: ARROYO, M.G; CALDART, R.S.; MOLINA, M.C. (orgs.) Por
uma educação do campo. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 19-62.
GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Amazônia, amazônias. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2019.
SEMED. Secretaria Municipal de educação de Cametá. Censo escolar. Cametá: Semed, 2022.
Resumo
O projeto AFRICANIDADES aborda a História e a Cultura Afro-Brasileira e Africana, baseia-se no estudo do meio,
onde a escola – compreendida aqui como instituição formadora – torna-se, ao mesmo tempo, espaço comum e
diversificado no debate sobre a educação interdisciplinar, a qual encontra no aluno seu protagonista. Tem como
intuito proporcionar aos alunos e alunas o contato direto com a cultura regional e nacional por meio da análise do
meio onde vivem e estudam. Nesse sentido, este projeto busca contribuir com o processo de formação cidadã dos
discentes, conscientizando-os sobre a importância da História e da Cultura Africana como elementos constitutivos
da sociedade brasileira. As ações pedagógicas executadas pelo projeto AFRICANIDADES visam a impulsionar
grandes mudanças na comunidade escolar e na sociedade, proporcionando aos discentes a reflexão desde cedo
sobre a discriminação racial e a diversidade étnica, temas geradores de debates e problemáticas caras a atual
sociedade brasileira ao estimular valores e comportamentos de respeito, solidariedade e empatia para com outras
culturas no efetivo combate contra o racismo.
Introdução
O PROJETO AFRICANIDADES, representa uma proposta integrada que propõe
processos de ensino e aprendizagens comprometidos com a formação integral dos discentes, a
partir dos eixos estruturantes da formação para o mundo do trabalho. Ele visa a aprofundar a
compreensão acerca dos fenômenos sociais, culturais e históricos do mundo do trabalho,
correlacionado a construção das identidades afro-brasileira e Africana que constituem o sistema
social do Brasil, bem como problematizar as possíveis estratégias de organização e mobilização
social dos discentes, voltadas à práticas antirracistas.
O projeto busca valorizar o protagonismo e a identidade cultural da juventude bragantina
ao longo do ensino médio integral respeitando, portanto, as diversas formas de aprendizagens
que permeiam o tecido social e pedagógico dos estudantes da E.E.E.M.I. Professor Bolívar
Bordallo da Silva, localizada no município de Bragança no Estado do Pará, com vistas a
contribuir para a reflexão e materialização dos seus propósitos de futuro, ou seja, dos seus
projetos de vida, tendo como foco o fortalecimento de suas identidades, as quais estão imersas
sejam no âmbito familiar escolar, acadêmico ou profissional.
1
NASCIMENTO, Cecília Rodrigues. Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas/RS.
Especialista em Docência em Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal do Espírito Santo - ES.
Docente do Ensino Médio na Rede Pública Estadual há 22 anos.
2 FERREIRA, Glenda Michely da Silva. Licenciatura Plena em Geografia pela Faculdades Integradas Ipiranga –
Pará. Especialista em Gestão Ambiental e hídrica pela Universidade Federal do Pará. Docente do Ensino Médio
na Rede Pública Estadual há 11 anos.
Discussão Teórica
O Brasil possui uma grande diversidade cultural, sua identidade sociocultural é composta
desde a matriz indígena, perpassando pela cultura dos portugueses que aqui chegaram e
iniciaram a colonização desta terra recém-descoberta aos povos africanos trazidos para
trabalharem na condição de escravizados, e de tantos outros povos que aqui foram chegando,
quer seja como único fim a exploração, ou para aqui encontrar uma nova possibilidade de vida.
Na sua maioria, as culturas aqui presentes sempre tiveram grande destaque. Porém,
outras como a indígena e a africana dependeram de legislação específica para alcançar
destaque no currículo das escolas brasileiras, conforme a Lei 10.639/2003 (Brasil, 2003) que
reafirmou a importância tanto do estudo da História da África e Afro-brasileira, como do dia 20
de novembro, dedicado à “Consciência Negra” dentro dos calendários escolares das redes de
ensino.
Anos depois, a Lei 11.645/2008 (Brasil, 2008), alterou a legislação anterior, destacando
que nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados, tornava-se
obrigatório o estudo da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena, como apontado na
legislação
Diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da
população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da
história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no
Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da
As políticas públicas brasileiras podem abrir caminhos para a construção de uma história
mais significativa, na qual, indígenas e negros possam ser valorizados e ter assegurado o
respeito a diversidade cultural. Entretanto, a luta permanece no sentido de fazer com que essas
leis sejam cumpridas, de forma que o conteúdo curricular tenha novas abordagens, pautadas
no conhecimento e na valorização da diversidade étnica e cultural do povo brasileiro.
Vale destacar que em relação à cultura africana, fica claro que a contribuição para a nossa
cultura se faz presente na culinária, na dança, na religião, na música, na língua e principalmente
na arte. A formação da identidade cultural afro-brasileira advém dos homens e mulheres
escravizados, que vieram de diferentes regiões do continente africano, a partir do tráfico negreiro
(diáspora forçada).
Nesse ínterim, ressalta-se também que os escravizados africanos eram elementos de
suma importância no campo econômico do período colonial sendo considerados “as mãos e os
pés dos senhores de engenho porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e
aumentar fazenda, nem ter engenho corrente” (Antonil, 1982, p. 89).
Contudo, a contribuição africana no período colonial, foi muito além do campo econômico,
uma vez que, os homens e as mulheres negros/as souberem reviver suas culturas de origem e
recriaram novas práticas culturais através do contato com outras tradições. É importante
salientar que não houve uma homogeneidade cultural praticada pelos africanos, visto que
imperava uma heterogeneidade favorecida pelas origens distintas dos mesmos; embora fossem
oriundos do continente africano, geralmente os escravizados apresentavam práticas culturais
diferenciadas, em virtude de serem de diferentes países da África.
A compreensão dos aspectos sociais, culturais e históricos do continente africano é
fundamental para a História da Humanidade e para os demais campos do saber, uma vez que,
de forma científica, o humano é oriundo da África.
Para Ferreira (1997), fica evidente que as produções artísticas dos diversos povos
africanos, são das mais antigas do mundo, que se originam desde as pinturas rupestres
produzidas, aproximadamente, no primeiro milênio a.C., esse tipo de arte possui características
que lhes são próprias, pois a obra aparece como um bem coletivo útil e sagrado, no qual está
inserido no cotidiano das pessoas que a produzem, onde o “belo” deve ser apreciado por todos
e não por um grupo seleto, como acontece na sociedade ocidental. Apesar de toda essa riqueza,
a arte africana esteve adormecida no interior das escolas brasileiras, a figura do negro foi, por
muitos anos, passada para os alunos como algo folclórico, só lembrando no dia 13 de maio.
Ao refletir sobre esse marco na nossa história podemos considerar, segundo os
comentários tecidos pelo autor Fausto (2002, p.35) que “a abolição da escravatura representou
um avanço, mas também deixou muitos problemas, porque não levou em conta a inclusão do
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 125
negro, como cidadão, na sociedade brasileira”. Já Cardoso (2010, p. 26), por sua vez, afirma
ser “o caráter multidimensional da herança escravista para a sociedade capitalista um
argumento, ainda que mais geral, sobre as condições de reprodução da desigualdade social no
Brasil”.
Foi no centenário da abolição, que essa data não foi comemorada, pois analisando os
fatos históricos percebe-se que o dia 13 de maio de 1988, em nada modificou a realidade dos
agora, homens livres, uma vez que o preconceito já se instalava no período pós escravatura.
Observamos que é o passado visto pela consciência social da atualidade, a discriminação racial
e a pobreza dos dias de hoje se constituíram em critérios historiográficos ao longo do tempo e
conduziram a conclusão de que a abolição não se realizou – mero engano, a Lei Áurea
proclamou o que não houve. As comemorações oficiais ficaram apagadas e depreciadas pelos
protestos dos movimentos negros nas ruas.
Dentro desse contexto, torna-se necessário o repensar da História e da Cultura Negra,
que não interessa apenas aos alunos afrodescendentes, mas a todos que sentam nos bancos
escolares para conhecer a História do país e dentro dela, a veracidade dos fatos ocorridos, e
que ao aprender, possa-se dar visibilidade ao sentimento de pertença. Sendo a escola espaço
próprio para tais discussões, não se pode fugir desse legado.
Para a conscientização é necessário perceber e identificar a influência e a herança
cultural dos africanos no Brasil, observando-as nas trocas culturais ocorridas há séculos no
percurso do período colonial, as quais contribuíram para a formação de uma diversidade étnica
e artística, características basilares da cultura regional e nacional. É dessa forma que a arte
africana chegou ao nosso país, esses elementos artísticos, foram se misturando com os outros
elementos já presentes nas culturas indígenas e portuguesas, para gerar novos elementos
culturais únicos da identidade afro-brasileira.
No mundo atual, a arte e as suas estéticas, tanto a africana como a ocidental, de forma
criteriosa se encaixam e estabelecem diálogos que atravessam e impõem uma nova cultura do
ocidente refletida pela cultura artística africana. Nos últimos anos a Arte Africana passou a fazer
parte do processo de ensino junto a disciplina de Arte, todavia é fato que a Arte Negra Africana
quase nunca aparecia dentro da História da Arte, em sua maioria, trata-a tal como um país
africano, essa perspectiva sensibiliza a seguinte reflexão:
No tocante a História da arte pode-se perceber que geralmente a arte africana
não aparece nos livros de História da Arte e quando aparece não lhe é
contextualizada, lhe são atribuídos adjetivos como “fetichista, primitiva, exótica”
exceto a arte egípcia que apesar do Egito ser um país do continente africano, os
ocidentais durante muito tempo o trataram como não África e quando começaram
a tratar como um país africano, tentou induzir um pensamento de que os povos
egípcios eram superiores aos demais povos africanos (Barros, 2011, p. 43).
A Arte Africana foi muito pouco valorizada ao longo do tempo pela cultura ocidental,
conforme Ferreira (2012), alguns estudiosos afirmam que as grandes construções de reinados
Revista “Entre Saberes” - Vol. VI, Nº 10 (jun.2023) 126
africanos não foram propriamente construídas pelos mesmos, mas sim por outros povos,
deixando-se influenciar por certas concepções que menosprezam as civilizações africanas.
Muitas dessas teorias criadas no século XIX, ainda permeiam o pensamento ocidental e
brasileiro na atualidade, uma gama de pesquisadores e estudiosos da Arte ainda se deixam
influenciar por essa concepção de inferioridade que recai sobre as produções africanas, mas,
no decorrer do processo histórico, a África surge como lugar de interesse a partir novas vertentes
adversas das tradições grega e egípcia.
Não é à toa que um dos primeiros livros sérios sobre a escultura negra, escrito
em 1928 – pouco depois dessa espécie de “renascença negra” na Europa – já
assinalava com bastante precisão que as principais razões do interesse da arte
moderna por essas tradições residiam no fato de que elas acentuam mais o
desenho do que a representação literal, apresentando efeitos de formas,
qualidades de linha e superfície, combinações de massa que são desconhecidas
da tradição grega (Barros, 2011, p. 40).
Assim como os artistas, os estudiosos passaram a olhar a Arte Negra com outros olhos,
por meio do que lhes chamava a atenção como por exemplo, o lado exótico das peças, agora
postas em vista e evidencia a toda comunidade artística, acadêmica e científica.
Logo, partindo do conhecimento físico e/ou geográfico do continente africano, dos países
que compõem seu território, da análise crítica sobre a condição de escravo em terras brasileiras
a qual diversos povos da África foram submetidos, das suas lutas e das suas conquistas, e de
todos os aspectos socioculturais e históricos destacados na implementação do presente projeto,
elaboram-se ações e atividades pertinentes no decorrer do processo de ensino-aprendizagem,
onde: a música, a produção de objetos e instrumentos artísticos, além da capoeira, abrigam a
ancestralidade da cultura africana, compondo os espaços e a identidade dos sujeitos que
integram a E.E.E.M.I Prof. Bolívar Bordallo da Silva, objetivando nos educandos o sentimento
de pertença, e a reflexão crítica sobre as marcas que compõem uma história de injustiças e
resistências.
Percurso Metodológico
As atividades e as ações executadas seguem a proposta de sequência didática,
apresentada como um conjunto de atividades ligadas entre si, planejadas para ensinar um
conteúdo, etapa por etapa; organizadas de acordo com os objetivos que o professor quer
alcançar para a aprendizagem de seus alunos, elas envolvem atividades de aprendizagem e de
avaliação.
O papel do professor é de grande relevância na elaboração do material didático, pois ele
deve considerar o contexto dos alunos, os conhecimentos prévios que trazem consigo, bem
como o levantamento de hipóteses e a sistematização dos conhecimentos.
Durante o ano letivo de 2023 foram realizados eventos e oficinas, o primeiro deles em
alusão ao Dia Internacional da Mulher com o tema “A mulher do século XXI”, essa ação mobilizou
não só os integrantes do projeto AFRICANIDADES, mas toda a comunidade escolar, durante a
segunda semana de março os docentes estiveram voltados para o debate sobre as
problemáticas que envolvem as questões de gênero no país e no mundo, relacionando também
as questões que envolvem a atuação das mulheres afro-brasileiras em nossa sociedade (ver
Figura 3).
O evento culminou em 10 de março de 2023 com a participação das mães, irmãs, tias, e
demais familiares dos alunos que foram homenageadas por meio de músicas, poemas, pinturas
e debates inclusivos e pertinentes sobre a saúde mental e física da mulher brasileira.
Referências
ANTONIL, A. J. Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia: São Paulo: EDUSP,
1982.
BARROS, J. D´. A. As influências da arte cana na arte moderna. Revista Afro Ásia. Bahia.
Editora EDUFBA, n. 44, p.37- 95, 2011 (Estudos sobre o Museu Afro Brasil).
BRASIL. Ministério da Educação, Lei nº 10.639 de 09 de janeiro de 2003. Brasília: MEC, 2003.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003L10.639 .htm>. Acesso em: 19
dez. 2016.
BRASIL. Ministério da Educação, Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008. Brasília: MEC 2008.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/200 8/ Lei/L11645.htm>.
Acesso em: 19 dez. 2016.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB,
2018.
DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. 1. ed. Campinas: Mercado
de Letras, 2004.
FERREIRA, L.G. As máscaras africanas e suas múltiplas faces. Salvador: UFB, 2011.
Disponível em: http://histórianovest.blogpot.com.br/2011/07/asmascaras-africa nas -e-
suasmultiplas.html Acesso em: 20 de outubro de 2023.
JÚNIOR, F.; SANTIAGO, K.; SOUZA, A. Migração Negra Interna e Identidade Cultural no
Quilombo do América: uma contribuição. Nova Revista Amazônica. Belém: UFPA, v. 6. n 4,
Número Especial, p.125-10,dezembro, 2018. ISSN: 2318-1346. Disponível em:
https://periodicos.ufpa.br/index,php/nra/article/view/ 6471/5200. Acesso em: 20 out. 2023.
Resumo
Este relato concentra os registros de ações planejadas para uma turma do 4º ano, de uma escola da rede pública
municipal de Novo Progresso. O objeto de estudo foi a Carta de Pero Vaz de Caminha, como ponto de partida para
adentrar em diversos campos do conhecimento que se referem à questão indígena. O interesse está para além do
que expressa o currículo, mas parte do que apresenta a realidade, num contexto em que os indígenas fazem parte.
Conhecer a carta, fazer sua leitura e releitura é um ato de responsabilidade, uma vez que nos permite a
desconstrução de conceitos já arraigados historicamente. E esse é papel não só da escola, mas da história. Por
meio da ação e da interação, foi possível a mediação do ensino. A observação foi uma das formas utilizadas para
acompanhar os estudantes nesta proposta. A luz do referencial teórico, fizemos as reflexões aqui expressas, estas
iluminam o caminho e são maneiras de mostrar que em algum lugar há professores engajados com o ensino, o
aprendizado e com as mudanças que se fazem necessárias. E a escola é o lugar privilegiado por onde podemos
começar.
Introdução
Muitas são as fontes e materiais que registram a história dos diferentes povos. Ao longo
do tempo a humanidade documentou os acontecimentos, seja na escrita, na oralidade, nos
objetos, o que nos faz pensar na necessidade que temos de compreender as raízes históricas,
sobretudo as que dizem respeito a nossa história.
Conhecer fatos da história do Brasil a respeito dos povos indígenas é indispensável para
estudantes que estão no processo formal de escolarização. Naturalmente é preciso adequar e
adaptar estes, conforme a faixa etária dos grupos.
O conhecimento da narrativa histórica contribui para compreensão de temas que
precisam ser abordados na escola, este espaço legítimo em que cada docente deve exercer sua
autonomia e assim proporcionar aos estudantes contato com a história que mesmo dada, já
registrada, precisa ser reinterpretada e vista com a devida profundidade.
Diante desta reflexão inicial apresentamos este relato que concentra a experiência vivida
na Escola de Ensino Infantil e Ensino Fundamental Professora Maria Doralina Ruaro da rede
pública municipal, de Novo Progresso, estado do Pará. O objeto de estudo foi a “Carta de Pero
Vaz de Caminha”, documento que nos permitiu caminhar pelas várias áreas do conhecimento,
1
Mestra em Educação pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), professora efetiva da rede pública
municipal de Novo Progresso, estado do Pará. E-mail: ddricaford@gmail.com.
Discussão Teórica
A partir das palavras de Freire (1996, p. 42), podemos compreender que a prática docente
é uma ação cotidiana carregada de intenções, planejada com o devido cuidado, observando o
contexto da sala de aula e a relevância daquilo que “devo ensinar”, ou seja, “Sou professor a
favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação [...] Sou professor a favor da
boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo
ensinar”.
No que concerne ao que “devo ensinar”, é o ponto de partida para que mesmo com as
orientações curriculares, as referências nacionais, o(a) professor(a) precisa exercer de sua
capacidade intelectual e autonomia para realizar a leitura dos conteúdos, exercitando o “pensar
autêntico” (Freire, 2017), para que sua escolha esteja pautada no compromisso com a educação
dos estudantes.
Um dos conteúdos do currículo continuum, documento municipal, atrelado a Base
Nacional Comum Curricular - BNCC (Brasil, 2018) do componente de História é a formação do
povo brasileiro, neste encontramos a oportunidade para apresentar numa turma de 4º ano a
carta de Pero Vaz de Caminha escrita ao rei de Portugal, cujos relatos históricos merecem
releitura, estudo minucioso.
Como dito, a partir dessa carta foi possível envolver vários componentes curriculares,
desde o tratamento da carta como gênero textual, a linguagem, o vocabulário, até o estudo da
geografia, da descrição da “terra encontrada”, a arte, a naturalidade dos indígenas, o encontro
entre “homens civilizados” e nativos “selvagens”.
A respeito da carta,
O olhar crítico sobre documentos históricos, sobre esta carta é um exercício a ser
estimulado para que o estudante perceba através desse olhar a sucessão de violência,
discriminação a que foram submetidos os indígenas. E nesse mesmo prisma seja levado a
reflexão e desconstrução da imagem folclórica muitas vezes reforçada nos próprios
estabelecimentos escolares.
Nesse sentido, destacamos a importância da História, esta que o/a professor/a precisa
intervir de forma planejada e intencional, o contrário, repassa o conteúdo sem fazer a análise,
endossando falsas narrativas, uma vez que,
[...] a história que temos acesso, através dos livros didáticos, do que é exposto e
repassado pela mídia ou pelas instituições sociais, é apresentada como uma
sequência de acontecimentos totalmente reais (apesar de muitos detalhes desses
fatos não poderem ser compreendidos logicamente como legítimos) e tidos como
atos “heróicos”, de onde a sociedade cria e alimenta a imagem dos “grandes
homens”, dos “grandes feitos” da história (Sousa et al. 2018, p. 5).
Passamos parte da vida acreditando que quem descobriu o Brasil foi Pedro Álvares
Cabral, herói que trouxe a civilização, que salvou as almas dos índios, por outro lado ter
oportunidade de reaprender, mais além, intermediar esses saberes com crianças da escola
pública, não deixa de significar mudanças necessárias no ensino, haja vista que “o meu papel
fundamental é contribuir positivamente para que o educando vá sendo o artífice de sua formação
com a ajuda necessária do educador” (Freire, 1996, p. 42).
Dessa forma, “a superação não se faz no uso de consumir ideias, mas no de produzi-las
e de transformá-las na ação e na comunicação” (Freire, 2017, p. 141). É assim que vai se
trabalhando o pensamento, para a desconstrução de conceitos cujas raízes profundas, negam
o real.
Faz-se necessário problematizar as ideias a partir dos conteúdos dispostos nas
referências, de modo que a história seja uma possibilidade de combate e negação de conceitos
que reforçam o preconceito a respeito dos povos nativos, negros, enfim, grupos sujeitos a toda
forma de discriminação, portanto, cabe à escola assumir seu papel na mediação do
conhecimento.
Imaginemos uma carta escrita por mãos indígenas, a impressão que tiveram do europeu?
Na ausência desse documento, e a partir dos registros de Caminha, fizemos uma incursão ao
passado, esse tempo histórico que deixou heranças amargas, porém não tirou de nós a
capacidade de pensar, ter autonomia para problematizar o que está posto, muitas vezes
(im)posto.
Percurso Metodológico
Após protocolar o Projeto de ensino na coordenação da Escola Professora Maria Doralina
Ruaro, o passo seguinte foi apresentá-lo à turma do 4º ano B, período vespertino, grupo de 29
estudantes, na sua maioria meninos, faixa etária de 9 a 11 anos.
O componente curricular trabalhado era História, de acordo com currículo municipal, o
objeto de conhecimento era “processos migratórios para formação do Brasil: os grupos
indígenas”, referente à habilidade EF04HI09 da BNCC (Brasil, 2018, p. 413) “Identificar as
motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel
desempenhado pela migração nas regiões de destino”; o que nos permitiu enveredar, após
leituras e pesquisas, por uma seara que nos levou na Carta de Pero Vaz de Caminha.
Como previsto os estudantes não tinham conhecimento deste documento histórico.
Fizemos a releitura da carta e, ao mesmo tempo, produzimos um resumo que seria o ponto de
partida do trabalho com os/as estudantes.
Em cartazes, apresentamos excertos da carta, de maneira que identificassem termos,
palavras as quais não tinham visto e não faziam parte do nosso vocabulário. Ao mesmo tempo,
foi possível apresentar a estrutura desse gênero textual, pouco utilizado atualmente, na sua
formalidade.
Inicialmente, fizemos adaptação da Carta de Pero Vaz de Caminha, de maneira resumida,
retirando do registro oficial, os elementos que consideramos mais relevantes para a turma. Foi
feita a impressão do material para cada estudante, assim como o cartaz com passagens da
carta (Imagem 1), para que todos/as visualizassem e fizessem a leitura coletiva, oportunizando
aqueles/as que ainda não compreendem o sistema de escrita alfabética, o acesso a material
escrito, entendo que o texto exposto em cartaz ajuda, especialmente, os/as que ainda estão em
processo de desenvolvimento da escrita e leitura.
Em se tratando dessa carta, uma das ações pensadas foi a condução da roda de
conversa pela Professora Regiane Schappo2, haja vista sua formação e conhecimento na área
de história. Sua participação singular, a metodologia de trabalho enriqueceu consideravelmente
as ações do projeto.
No diálogo estabelecido, a Professora Regiane falou a respeito do museu, lugar
desconhecido de parte de nós, ficando no imaginário e na escuta atenta os relatos da visita da
Professora Regiane, interessante que a descrição, os detalhes, se traduz como
compartilhamento e de certa forma um convite, pois aguça a curiosidade.
Acompanhando o cartaz, trouxemos a carta simbólica para sala de aula dentro de um
envelope (Imagem 2), para que os estudantes vissem a parte da estrutura da mesma, os dados
registrados no envelope, até porque depois, faríamos uma carta coletiva com nossas impressões
e nosso olhar.
Nessa construção da carta coletiva (imagem 4), olhando para os indígenas e para nós
mesmos, foi um dos momentos mais significativos, uma vez que reconhecemos o quanto
precisamos para entender a História e seus registros e que isso perpassa pela escola.
Nas aulas de artes nos concentramos na reprodução da pintura corporal indígena e suas
representações (Imagem 6), foi interessante que os/as alunos/as utilizaram lápis de cor e
tentaram fazer a pintura e isso foi geral.
Aqui tem-se o registro dos estudantes ainda reproduzindo os traços da pintura indígena
no caderno, além disso foi entregue o desenho de um boneco para que eles pintassem conforme
as referências compartilhadas (Imagem 7).
O processo de desconstrução de conceitos não é das tarefas mais simples, dar visibilidade
ao que é mantido no obscurantismo e realizar isto no espaço da escola é de grande relevância.
Nesse sentido, “toda dominação implica uma invasão, não apenas física, visível, mas às
vezes camuflada, em que o invasor se apresenta como se fosse o amigo que ajuda. No fundo,
invasão é uma forma de dominar [...] o invadido” (Freire, 2017, p. 205). E na nossa história foi
isso que aconteceu e da forma mais violenta. Nos dias atuais impera o preconceito, a falta de
conhecimento, de leitura e a negação da contribuição destes povos para construção do Brasil.
Quanto à revisão da história, reafirmamos que é papel da escola e dos professores e
professoras atuar de forma responsável, intencional e planejada, não reforçar os estigmas,
estereótipos tão arraigados e profundos, essa parte da história que nos envergonha.
3
Para resguardar a identidade da criança, a letra P representa o seu nome.
A roda de conversa (Imagem 9) foi uma das ações mais significativas do projeto, além de
reafirmar muitos dos assuntos já abordados, provocou o pensamento dos estudantes, que
interagiam com a Professora Regiane espontaneamente. Foi um “viver a História como tempo
de possibilidade e não de determinação” (Freire,1996, p.45)
Na visita ao Instituto Kabu (IK), as crianças esboçaram alegria, sair da escola, percorrer
caminhos, para elas foi maravilhoso. Na conversa com os indígenas do IK, as perguntas eram
feitas com naturalidade e curiosidade, sentiram-se livres e importantes, participantes daquele
momento. Inclusive, um dos alunos foi ao nosso encontro para dizer que aquela era a primeira
vez que tinha ido no IK e tinha se encantado com a diversidade de material, a arte e o que viu
no lugar.
As perguntas feitas pelos alunos foram as mais diversas, a imagem retrata a interação desse
momento quando na parte externa reunidos, o indígena apresentou uma obra com os desenhos de
pintura e também falou de costumes, da história que passa de geração para geração. Os significados
são muitos, cada traço, cada forma e cor representa a ancestralidade ímpar dos nossos “parentes
indígenas”.
Dessa forma, e reunidos, encerramos nossa visita planejada, um encontro de aprendizado que
ficará como sugestão para próximos trabalhos.
Conclusão
Um projeto de ensino dessa natureza, implementado no contexto de uma escola da rede pública
municipal, escola que concentra no seu bojo quantidade significativa de estudantes indígenas, não pode
ficar nos limites da escola, necessitando extrapolar seus muros.
Conhecer a carta, explorá-la, adaptá-la de modo a ser possível seu estudo, estabelecendo relações
com as várias disciplinas, objetivando a desconstrução de ideias impregnadas que desconsideram o
protagonismo indígena, sua resistência e importância na construção deste denominado Brasil, foi o mais
significativo que poderia ter possibilitado a cada um e todos os estudantes.
A cada tempo podemos rever conceitos, repensar a ação e prática pedagógica, intervindo na
realidade.
Foi um trabalho muito relevante, não podemos jamais abrir mão da autonomia docente e da
capacidade de dialogar com o currículo, com a realidade que nos é peculiar, e nós podemos, com
propriedade, intervir e atuar nela de forma responsável e intencional, portanto o façamos.
Referências
BRASIL.Ministério da Educação. Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008. Brasília: MEC, 2008.
Disponível: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008 /lei/l11645.htm. Acesso
em: mar. 2023.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 64. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2017.
SOUSA, J. F. V. et al. Literatura e ideologia: uma análise sobre a carta de Pero Vaz de
Caminha. UEPB; SINAFRO, 2018.