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MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 1

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e aprimorado. O cursista deve estudar o material de forma
cuidadosa, mesmo que tenha participado do curso de
capacitação de 2020, para que possa assimilar as mudanças e
ampliar seus conhecimentos.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 2
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 5
1.1. MATRIZ DE REFERÊNCIA DA COMPETÊNCIA I.............................................. 8
1.2. GRADE ESPECÍFICA DA COMPETÊNCIA I ...................................................... 9
1.3. DINÂMICA DE AVALIAÇÃO DOS TEXTOS ................................................... 10
2. A ESTRUTURA SINTÁTICA ........................................................................... 13
2.1. PROBLEMAS COMUNS DE ESTRUTURA SINTÁTICA ................................... 16
2.1.1. Truncamento de períodos.................................................................. 16
2.1.2. Justaposição de orações e/ou períodos ............................................. 20
2.1.3. Excesso, ausência ou duplicação de elementos sintáticos ................. 22
3. OS DESVIOS ............................................................................................... 26
3.1. DESVIOS DE CONVENÇÕES DA ESCRITA .................................................... 27
3.1.1. Acentuação ........................................................................................ 27
3.1.2. Ortografia .......................................................................................... 29
3.1.3. Hífen .................................................................................................. 33
3.1.4. Separação silábica (translineação) ..................................................... 35
3.1.5. Maiúsculas/minúsculas ...................................................................... 35
3.2. DESVIOS GRAMATICAIS............................................................................. 37
3.2.1. Regência ............................................................................................ 38
3.2.2. Concordância ..................................................................................... 39
3.2.3. Tempos e modos verbais ................................................................... 43
3.2.4. Pontuação .......................................................................................... 44
3.2.5. Paralelismo sintático .......................................................................... 53
3.2.6. Emprego de pronomes ...................................................................... 54
3.2.7. Crase .................................................................................................. 56
3.3. DESVIOS DE ESCOLHA DE REGISTRO ......................................................... 58

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 3
3.3.1. Informalidade/marca de oralidade .................................................... 58
3.4. DESVIOS DE ESCOLHA VOCABULAR .......................................................... 60
3.4.1. Escolhas lexicais imprecisas ............................................................... 60
3.5. ORIENTAÇÕES GERAIS............................................................................... 62
3.5.1. Indicações de desvio .......................................................................... 63
3.5.2. Mais de um desvio em um mesmo vocábulo ..................................... 64
3.5.3. Mesmo desvio em palavras repetidas ou com mesmo radical ........... 65
3.5.4. Algumas considerações sobre o nível 5 .............................................. 68
3.5.5. Falha de estrutura sintática ou desvio de pontuação? ....................... 71
4. DESCRIÇÃO DOS NÍVEIS ............................................................................. 72
4.1. NÍVEL 0 (NOTA 0) ...................................................................................... 72
4.2. NÍVEL 1 (NOTA 40) .................................................................................... 75
4.3. NÍVEL 2 (NOTA 80) .................................................................................... 82
4.4. NÍVEL 3 (NOTA 120) .................................................................................. 90
4.5. NÍVEL 4 (NOTA 160) ................................................................................ 101
4.6. NÍVEL 5 (NOTA 200) ................................................................................ 107
5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 108

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 4
1. INTRODUÇÃO
A primeira Competência da Matriz de Referência do Enem avalia o domínio que os
participantes desse exame apresentam em seus textos quanto à modalidade
escrita formal da Língua Portuguesa. Essa avaliação é pautada pelo que dispõe a
norma-padrão e deve levar em consideração que o domínio dessa norma está
estratificado em níveis que contemplam aspectos de ordem léxico-gramatical e de
construção adequada de períodos e frases, garantindo a fluidez da leitura.
Assim, apresentaremos, neste módulo, como tais aspectos devem ser avaliados
bem como as estratégias que tornam essa avaliação eficaz, homogênea e objetiva,
de modo a garantir uma nota justa ao participante e uma segurança maior ao
avaliador, que poderá atribuir nota nessa Competência com base em critérios
devidamente preestabelecidos e acordados entre todos os atores desse processo.
Uma das primeiras questões que devem ser consideradas na avaliação da
Competência I é que a escrita formal da Língua Portuguesa pressupõe um conjunto
de regras e convenções firmadas e trabalhadas já nos primeiros anos de formação
escolar. É importante enfatizar que aqui estamos tratando da escrita formal, uma
vez que é a modalidade mais adequada a textos dissertativo-argumentativos, e
cuja exigência fica explícita para os participantes já na proposta de redação (grifo
nosso):

PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos
ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “O estigma associado às doenças
mentais na sociedade brasileira”, apresentando proposta de intervenção que respeite
os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Assim, em conformidade com o que foi solicitado ao participante e com o contexto


mais amplo deste trabalho (a saber, a correção de textos em larga escala), a
avaliação da modalidade escrita deve ser pautada por critérios previamente
sistematizados e bem acordados entre todos os avaliadores. Isso significa que a

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avaliação não deve se orientar por aquilo que um avaliador considera mais
problemático do ponto de vista gramatical ou de incorreção quanto à norma
ortográfica, por exemplo, ou pelo estabelecimento de uma hierarquia, em que se
penaliza mais um determinado tipo de desvio de norma-padrão do que outro,
segundo o que cada um julga mais ou menos aceitável. Ao buscarmos uma
equidade nessa avaliação, eliminaremos a subjetividade, que é indesejável em
processos como o de correção de redações do Enem.
Dessa forma, para que iniciemos a sistematização da avaliação da Competência I,
destacamos que, ao analisar as redações nessa Competência, deveremos atentar
aos seguintes aspectos: a estrutura sintática e a presença de desvios.
Com relação à estrutura sintática, devemos observar de que forma o participante
constrói as orações e os períodos de seu texto, verificando se eles estão
completos, se contribuem para a fluidez da leitura, entre outras questões de
ordem sintática.
Já no que diz respeito aos desvios, estes são determinados pelo que preconiza a
gramática normativa. É preciso termos em conta que, muitas vezes, as regras
gramaticais oriundas da produção linguística real dos falantes, como aquelas
observadas nas gramáticas descritivas, não correspondem ao que se espera da
formalidade exigida para um texto escrito, menos ainda para um texto
dissertativo-argumentativo.
Por esse motivo, é fundamental que avaliemos os textos dos participantes do
Enem a partir do que se vem ensinando ao longo dos anos de formação escolar
dos estudantes, de acordo com as convenções estabelecidas pelos gramáticos
normativistas em termos de regras ortográficas e gramaticais e com a adequação
de escolha de registro e de escolha vocabular.
Por fim, é imprescindível ressaltarmos o caráter independente de avaliação das
competências. Em cada módulo deste curso, teremos a oportunidade de estudar
a fundo os aspectos nelas avaliados, de modo que a avaliação dos textos se dê de
maneira justa, sem que os participantes sejam penalizados duplamente. Tal
observação é fundamental, já que, por exemplo, a Competência I estabelece
diálogo estreito com a Competência IV, a qual avalia a coesão. A fim de evitar que
essa aproximação faça com que questões pertinentes a uma dessas competências

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sejam avaliadas em outra, iremos explanar a diferença entre elas na seção “3.1.2.
Ortografia”.
Ao longo deste material de leitura, as seguintes indicações gráficas serão
empregadas:

O X INDICA UMA FALHA NA ESTRUTURA SINTÁTICA.

O RETÂNGULO INDICA UM DESVIO.

A BARRA INDICA UMA AUSÊNCIA (DE PREPOSIÇÃO NA REGÊNCIA, DE VÍRGULA, DE


HÍFEN, DE NÃO ABERTURA OU FECHAMENTO DE ASPAS OU PARÊNTESES ETC.).

A BARRA TRACEJADA INDICA UMA AUSÊNCIA DE UM SEGUNDO ELEMENTO JÁ


PENALIZADO ANTERIORMENTE E QUE NÃO DEVE SER CONTABILIZADO COMO
MAIS UM DESVIO (POR EXEMPLO, EM UMA ORAÇÃO INTERCALADA QUE
DEVERIA TER SIDO ISOLADA POR VÍRGULAS, A BARRA TRACEJADA SERVE PARA
INDICAR A SEGUNDA VÍRGULA QUE DEVERIA “FECHAR” A PRIMEIRA).

EM REDAÇÕES COMPOSTAS INTEGRAL OU PREDOMINANTEMENTE DE


PARÁGRAFO FORMADO POR PERÍODO ÚNICO, O COLCHETE INDICA O(S)
PARÁGRAFO(S) EM QUE ISSO OCORREU.

A FORMA (OU LINHA) TRACEJADA EM VERMELHO INDICA ALGO QUE SE QUER


DESTACAR, MAS QUE NÃO SE TRATA DE DESVIO.

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1.1. MATRIZ DE REFERÊNCIA DA COMPETÊNCIA I
Apresentamos abaixo a Matriz de Referência para Redação da Competência I.

COMPETÊNCIA I
Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa

0 Demonstra desconhecimento da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.

Demonstra domínio precário da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa, de


1 forma sistemática, com diversificados e frequentes desvios gramaticais, de escolha
de registro e de convenções da escrita.

Demonstra domínio insuficiente da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa,


2 com muitos desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita.

Demonstra domínio mediano da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa e


3 de escolha de registro, com alguns desvios gramaticais e de convenções da escrita.

Demonstra bom domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa e de


4 escolha de registro, com poucos desvios gramaticais e de convenções da escrita.

Demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa e


5 de escolha de registro. Desvios gramaticais ou de convenções da escrita serão aceitos
somente como excepcionalidade e quando não caracterizarem reincidência.

Na avaliação da Competência I, é imperativo que compreendamos a que se


referem os níveis precário, insuficiente, mediano, bom e excelente de domínio
da escrita formal da Língua Portuguesa, previstos, respectivamente, nos níveis 1,
2, 3, 4 e 5 da Matriz de Referência para Redação do Enem, e do que se trata o
desconhecimento total da expressão formal na modalidade escrita, que
corresponde ao nível 0.
A fim de objetivar a avaliação dos textos em cada nível, uma grade específica foi
elaborada, considerando-se dois aspectos: a estrutura sintática e os desvios,
conforme antecipamos na introdução deste material.

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Detalharemos, a seguir, como os textos podem ser avaliados segundo tais
critérios.

1.2. GRADE ESPECÍFICA DA COMPETÊNCIA I


Numa correção em larga escala, com a multiplicidade de atores envolvidos, é
essencial compreender que os avaliadores devem ter critérios muito afinados de
correção dos textos, haja vista que as produções escritas diferem muito umas das
outras, como era de se esperar para um exame que é aplicado para milhões de
estudantes em todo o Brasil. Consideremos alguns cenários possíveis:
• um participante pode apresentar mais dificuldade com a grafia das palavras,
com as regras de concordância previstas pela norma-padrão e/ou com o uso do
acento indicativo de crase. No entanto, ele consegue formar períodos completos
e corretamente estruturados, sem falhas na estrutura sintática, mesmo que esta
não apresente uma elaboração mais complexa;
• já outro participante pode não ter facilidade para formar períodos,
truncando-os com ponto final ou justapondo-os com vírgulas (quando, na
verdade, ele deveria ter usado ponto final), o que poderá comprometer a fluidez
da leitura de seu texto, embora consiga grafar as palavras e acentuá-las segundo
as regras de convenção da escrita;
• há também aquele que comete desvios bem pontuais e que demonstra
destreza no emprego de subordinações e de orações intercaladas;
• ainda pode haver um participante que apresenta um texto que revela quase
total desconhecimento das regras de convenção da escrita e das gramaticais, bem
como de que maneira se organizam os componentes oracionais, por exemplo.
Diante de tantas possibilidades, faz-se necessário que objetivemos a correção
desses textos, de modo a garantir que dois avaliadores, ao atribuírem notas a uma
mesma redação, atribuam a mesma nota.
Essa objetivação começa pela divisão da avaliação da Competência I em dois
momentos: num primeiro, observaremos a estrutura sintática e, num segundo, os
desvios.

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Na avaliação dos textos, podemos encontrar quatro possibilidades de estrutura
sintática: a deficitária, a regular, a boa e a excelente; quanto aos desvios, eles
podem ser muitos, alguns, poucos ou, no máximo, dois. Há também um tipo
específico de texto, a saber, aquele que apresenta estrutura sintática inexistente.
Vejamos como esses tipos de estrutura sintática e as quantidades de desvios se
combinam nos seis níveis que compõem a avaliação da Competência I.

COMPETÊNCIA I
Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa

0 Estrutura sintática inexistente (independentemente da quantidade de desvios).

1 Estrutura sintática deficitária COM muitos desvios.

2 Estrutura sintática deficitária OU muitos desvios.

3 Estrutura sintática regular E alguns desvios.

4 Estrutura sintática boa E poucos desvios.

5 Estrutura sintática excelente (no máximo, uma falha) E, no máximo, dois desvios.

1.3. DINÂMICA DE AVALIAÇÃO DOS TEXTOS


Para que um texto seja avaliado em determinado nível da grade específica da
Competência I, é preciso que ele cumpra integralmente o seu descritor – ou seja,
um texto avaliado no nível 4, por exemplo, deverá apresentar, simultaneamente,
“estrutura sintática boa” e “poucos desvios”. Todavia, dentro do universo de
textos que serão avaliados, certamente haverá aqueles que apresentarão
características de dois níveis – por exemplo: um texto pode apresentar “poucos
desvios” (característica contemplada no descritor do nível 4), mas “estrutura
sintática regular” (que consta no descritor do nível 3).

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Em casos assim, precisamos nos pautar por uma diretriz muito importante: textos
que tenham características de dois níveis diferentes da grade específica da
Competência I DEVEM SER AVALIADOS NO NÍVEL INFERIOR. Assim, na situação
hipotética apresentada no parágrafo anterior, o texto se enquadrará no nível 3,
pois apresenta “estrutura sintática regular”, ainda que ele tenha uma
característica de um nível superior (“poucos desvios”).
A nossa atenção sempre deverá ser maior para casos em que ou a estrutura
sintática é deficitária ou há muitos desvios, pois essas características aparecem em
dois níveis. Observemos:

1 Estrutura sintática deficitária COM muitos desvios.

2 Estrutura sintática deficitária OU muitos desvios.

Assim, um texto que apresenta “estrutura sintática deficitária com muitos


desvios” deverá ser avaliado no nível 1 da Competência I, uma vez que atende
perfeitamente ao descritor desse nível. Entretanto, se um texto apresenta
“estrutura sintática deficitária”, mas os desvios não são “muitos”, deveremos,
então, avaliá-lo no nível 2, pois, ainda que os desvios sejam “alguns”, “poucos” ou
“no máximo dois”, já se verifica a característica do nível inferior: a “estrutura
sintática deficitária”, típica do nível 2. Da mesma forma, se um texto apresenta
“muitos” desvios, mas a estrutura sintática não é “deficitária”, deveremos avaliá-
lo no nível 2, pois, ainda que a estrutura sintática seja “regular”, “boa” ou
“excelente”, já se verifica a característica do nível inferior: “muitos desvios”, o que
é típico do nível 2.
Esquematizamos a seguir todas as possibilidades para que um texto seja avaliado
no nível 2.

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Estrutura sintática deficitária e
{
alguns desvios
poucos desvios
no máximo dois desvios
OU
Nível 2
Estrutura sintática regular
Estrutura sintática boa
Estrutura sintática excelente } e muitos desvios

Notemos que a possibilidade “estrutura sintática deficitária com muitos desvios”


não ocorre, já que ela se refere ao nível 1.
Apresentaremos adiante como deve se dar a avaliação da estrutura sintática para
que saibamos avaliar corretamente um texto entre as quatro possibilidades que
se apresentam para esse aspecto. Em seguida, os desvios serão detalhados, de
modo que compreendamos o que se está avaliando nesse aspecto e como iremos
determinar se aquele conjunto de desvios deve ser caracterizado como “muitos”,
“alguns” ou “poucos”.
Nesse sentido, sabemos que a diferença entre “alguns” e “poucos” desvios, por
exemplo, pode variar, a depender do olhar do avaliador, o que não é desejável em
qualquer processo de correção, ainda mais em um que envolve tantos avaliadores
e textos tão diferentes uns dos outros. Por esse motivo, devemos considerar que
há redações em que a produção textual dos participantes é claramente mais
extensa quando comparada a outras mais inexpressivas em termos de material
produzido. Vários são os fatores que podem determinar uma produção textual
mais ou menos extensa: quantidade de linhas escritas, tamanho da letra e
espaçamento entre as palavras são alguns deles. Notemos que o único elemento
objetivo entre esses três é a quantidade de linhas escritas, mas não é possível
comparar a extensão dos textos considerando apenas essa característica, o que
nos coloca diante do desafio de olharmos para o texto considerando também os
demais elementos, ainda que não tão objetivos. Assim, o que denominamos
CONJUNTO TEXTUAL é a junção de todos esses elementos, os quais não podem

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ser objetivamente metrificados, mas devem ser observados pelo avaliador, a fim
de determinar se um texto apresenta “muitos”, “alguns” ou “poucos” desvios.
Portanto, é importante que, com atenção, analisemos as redações exemplificadas
na seção 4, “Descrição dos níveis”, de modo que depreendamos o que se
consideram “muitos”, “alguns” e “poucos” diante de um conjunto textual menos
ou mais expressivo.
Antes de passarmos às próximas etapas, é crucial registrar que é impraticável
quantificar os desvios para definir a avaliação de uma redação em um dos níveis,
já que os muitos avaliadores se encontrarão, diariamente, diante de um número
significativo de textos muito heterogêneos entre si. No entanto, há uma exceção:
o nível 5, o qual admite, no máximo, uma falha de estrutura sintática e, no
máximo, dois desvios.

2. A ESTRUTURA SINTÁTICA
A estrutura sintática é objeto de avaliação da Competência I, juntamente com os
desvios, uma vez que esse aspecto também faz parte das regras da Língua
Portuguesa – aquelas que dizem respeito à sintaxe. Uma estrutura sintática
convencional pressupõe a existência de determinados elementos oracionais que
se organizam na frase e garantem a fluidez da leitura e a apresentação clara das
ideias do participante, organizadas em períodos bem estruturados e completos.
Os textos com falhas relacionadas à estrutura sintática geralmente apresentam
períodos truncados (por exemplo, quando há a presença de um ponto final
separando duas orações que deveriam constituir um mesmo período),
justaposição de palavras ou orações (como quando se coloca uma vírgula no lugar
de um ponto final que deveria indicar o fim da frase) e ausência de termos ou
excesso de palavras (elementos sintáticos). O que ajudará a definir o nível em que
uma redação deve ser avaliada é a frequência com que essas falhas ocorrem no
texto e o quanto elas prejudicam sua compreensão como um todo.
A estrutura sintática deve ser observada para a avaliação correta do texto: se ele
não possui uma sintaxe estruturada, é avaliado no nível 0, por conter estrutura

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sintática inexistente, apresentando ou não desvios – ressaltamos que, nesses
textos, podemos observar momentos de estrutura sintática minimamente
preservada, em que se pode depreender algum sentido; contudo, a ausência de
uma estrutura sintática minimamente preservada na maior parte do texto
caracteriza a estrutura sintática como inexistente; se possui uma estrutura
sintática deficitária com muitos desvios, o texto deverá ser avaliado no nível 1.
No que diz respeito aos níveis 2, 3, 4 e 5, não podemos esquecer que um texto
avaliado em um desses níveis pode não apresentar o descritor exato da Grade
Específica. Nesse caso, ao apresentar características de dois níveis diferentes, deve
ser avaliado no inferior.
Dessa forma, não é suficiente apenas observar a estrutura sintática para atribuir
os níveis na Competência I. O fato de um texto apresentar uma “estrutura sintática
excelente” não garante que ele seja avaliado no nível 5, pois, se esse texto
apresentar mais de dois desvios, deverá ser avaliado no nível 4.
Nesse sentido, o que caracteriza uma estrutura sintática deficitária, regular, boa
ou excelente? Primeiramente, a estrutura sintática deficitária é claramente
identificável quando há diversas falhas de estrutura sintática (descritas na próxima
seção) que podem ou não interferir na fluidez da leitura do texto. Trata-se de
textos ao longo dos quais interrompemos a leitura em certa altura e retomamos
de um ponto precedente, porque a compreensão foi prejudicada por um ponto
final indevido ou pela falta dele, por exemplo. Atentemos para o fato de que não
estamos falando de um texto de letra de difícil compreensão, mas de questões
que se referem à maneira de escrever do participante, com muitas orações
justapostas ou com muitos truncamentos, isto é, os períodos estão incompletos
porque uma oração não foi expressa ou está indevidamente isolada em outro
período ou parágrafo. Igualmente, não devemos avaliar um texto como “estrutura
sintática deficitária” quando há falhas de estrutura sintática em momentos
pontuais, mas sim quando isso ocorre com frequência ao longo do texto, levando-
se sempre em consideração o conjunto textual.
A estrutura sintática regular ou boa será determinada por um texto em que,
embora haja fluidez de leitura, verificam-se algumas falhas (descritas na próxima
seção). A diferenciação entre estrutura sintática “regular” ou “boa” vai se dar,

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 14
assim, pela quantidade dessas falhas segundo o conjunto textual apresentado pelo
participante.
Aqui, temos uma diretriz importante: textos compostos integral ou
predominantemente por parágrafos formados por período único deverão ser
considerados textos de estrutura sintática regular (característica do nível 3).
Entretanto, se um texto é composto de tal forma, não significa que ele será
necessariamente avaliado no nível 3. Antes de atribuir o nível à redação,
precisaremos verificar se sua estrutura sintática não é “deficitária” (ou seja, se o
texto apresenta falhas de estrutura sintática que justifiquem a avaliação desta
como “deficitária”) e qual a avaliação dos desvios, pois, se eles forem “muitos”, a
avaliação do texto, então, deverá recair sobre os níveis 1 ou 2, a depender da
avaliação da estrutura sintática.

ATENÇÃO!
Se um texto apresentar metade dos parágrafos constituídos por um único período e a
outra metade corresponder a parágrafos com mais de um período (ou seja, a mesma
quantidade de cada tipo de parágrafo), a estrutura sintática do texto pode ser avaliada
como “boa” ou até mesmo como “excelente”, segundo, ainda, outras características
da construção dessa estrutura.

Uma outra questão importante que precisa ser esclarecida é quanto à excelência
da estrutura sintática esperada no nível 5. Uma estrutura sintática excelente
admite uma única falha e, além disso, é caracterizada por um texto com certa
complexidade na construção dos períodos, com orações intercaladas e
subordinações, que revelam bom domínio da escrita no que tange à organização
no interior dos períodos. Com isso, um texto formado apenas por períodos
construídos de maneira simplória não poderá ser avaliado como “estrutura
sintática excelente”, mas “boa” (característica do nível 4), ainda que não
apresente falhas de estrutura sintática, como as que apresentaremos adiante.

Para um maior esclarecimento sobre os textos compostos integral ou


predominantemente por parágrafos com período único e sobre a complexidade
necessária para que a estrutura sintática seja avaliada como “excelente”, pedimos

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 15
especial atenção no momento de se estudar as redações apresentadas na seção
4, “Descrição dos níveis”.

2.1. PROBLEMAS COMUNS DE ESTRUTURA SINTÁTICA


Há uma variedade de problemas que podem levar à falha na estrutura sintática.
Elencamos a seguir os mais comuns. Recordamos que as falhas de estrutura
sintática estão indicadas por um X, em roxo, conforme legenda constante da
Introdução.

2.1.1. Truncamento de períodos


Um tipo de falha de estrutura sintática refere-se ao truncamento de períodos em
que

(i) se separam orações principais de subordinadas;


(ii) se separam duas orações coordenadas; ou
(iii) simplesmente se isolam, em períodos ou frases, partes de uma oração que
deveriam constituir um único período.

Como podemos observar no Exemplo 1, temos um caso em que o participante


separa a oração principal de sua subordinada.

Exemplo 1

Notamos, no Exemplo 1, o truncamento do período “Analogo, como disse o


filósofo Thomas Hobbie, ‘O homem é o lobo do próprio homem.’ Assim, é notavel

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 16
que a sociedade brasileira vive pressionada pelo próprio homem. Fazendo com
que, grande parte da população desenvolvam doenças mentais.”, já que a oração
subordinada “Fazendo com que, grande parte da população desenvolvam doenças
mentais” foi separada da oração principal.
Outro caso de truncamento pode ser visto no Exemplo 2.

Exemplo 2

A oração subordinada “Além de criar planos de saúde gratuitos para todos aqueles
sujeitos a alguma doença mental, que possam ter acesso psícologo para os devidos
tratamentos” deveria constituir período com o que vinha se afirmando antes:
“Diante dos fatos apresentados, é cabivel aos governos decretar medidas
relacionadas a prevenção da saúde mental dos servidores atuantes na segurança
pública, propondo avaliações psicológicas frequentemente[, além de criar planos
de saúde gratuitos para todos aqueles […]”. Se começamos a leitura de “Além de
criar planos de saúde gratuitos para todos aqueles sujeitos […]” como um período
independente, notamos que há falta de uma outra oração, o que comprova se
tratar de um trecho que deveria compor período único com o que se encontra
anteriormente.
Observemos também o Exemplo 3, que apresenta um caso em que houve o
isolamento indevido de uma parte da oração.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 17
Exemplo 3

Nesse exemplo, ocorre uma separação indevida da oração “Que também gera
perdas economicas em todo o mundo […]”, a qual deveria fazer parte do período
anterior, “Dados apontam o crescimento de transtornos mentais, sabemos que
mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão, estatítica preocupante [que
também gera perdas econômicas em todo o mundo]”. Essa separação acaba
gerando um truncamento.

Outro exemplo de isolamento indevido de partes da oração em períodos


independentes pode ser visto no Exemplo 4.

Exemplo 4

O participante separa indevidamente por ponto final as orações “Por meio de um


projeto de lei, a ser entregue a Câmara dos Deputados” e “Tendo em vista, a
resolução das doenças mentais na sociedade brasileira”, as quais deveriam
constituir um único período com o que vinha se afirmando: “O Ministerio da
Saúde, deve disponibilizar gratuitamente medicos especializadas na área da saúde
mental, para que possam consultar a todos, sem exceção, por meio de um projeto

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 18
de lei, a ser entregue a Câmara dos Deputados, tendo em vista, a resolução das
doenças mentais na sociedade brasileira”.
Devem ser objeto de atenção também os casos em que o participante inicia
períodos com conjunções coordenativas ou subordinativas, uma vez que o
participante pode ter separado orações que deveriam constituir um período
único, como nos mostra o Exemplo 5.

Exemplo 5

Nesse exemplo, o truncamento não se verificaria caso o participante tivesse


escrito “A familia é um ponto importante para ajuda de uma pessoa com
transtornos mentais porque está pessoa deve se sentir acolhida amada”. No
entanto, como houve a separação das duas orações pelo uso do ponto final,
configura-se uma falha de estrutura sintática.

Outro caso de separação indevida de orações por ponto final que caracteriza
truncamento pode ser visto no Exemplo 6.

Exemplo 6

Assim como no Exemplo 5, temos nesse exemplo um caso em que o participante


isola indevidamente uma oração iniciada por conjunção coordenativa (“Pois

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 19
precisam de ouvintes e pessoas para encoraja-lás a serem melhor”), a qual deveria
compor período único com o que vinha se afirmando anteriormente. A construção
sem essa falha, portanto, deveria ter sido: “A realização de campanhas
patrocinadas pelo Ministério da Saúde, Clinicas psiquicas vão ajudar a alcançar e
fornecer a ajuda necessária para esses indivíduos, pois precisam de ouvintes e
pessoas para encoraja-lás a serem melhor”.

2.1.2. Justaposição de orações e/ou períodos


Outra falha relacionada à estrutura sintática diz respeito a construções que
deveriam ser independentes, mas foram justapostas, formando longos períodos.
Esse tipo de falha está ilustrado no Exemplo 7, em que há justaposição em diversos
momentos ao longo do texto:

Exemplo 7

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O Exemplo 7 apresenta um texto em que temos justaposição de orações que
deveriam constituir novos períodos em mais de um momento. Os trechos com
falhas de justaposição poderiam ter sido assim escritos, de modo a eliminá-las: “as
doenças mentais atacam 322 milhões de brasileiros. Geralmente a pessoa
costuma a fica com confunsões mentais. A pessoa sofre de transtorno Emocional
e isso atrapalha seu dia a dia. Geralmente pessoas que sofre com isso, são pessoas
com traumas passadas. Muitas delas procura ajuda piscologicas, como uma
piscologa! que tratam desse tipos de traumas. Geralmente tem pessoas que te
oferecem ajuda e tem pessoas que costuma dizer é frescura”. É realmente vivemos
em um mund preconceituoso, que ao invéis de ajuda só pioram. Devido a isso a
pessoa sofre de depressão, ansiedade trantorno Bipolar, Etc. Acho que todos
deveriam respeita a cada fase das Emoções mentais de qualquer Brasileiro”.
Por não se verificar essa organização esperada de seus períodos, mas sim a
justaposição de orações em um único período, atribuem-se oito falhas de
estrutura sintática por justaposição a esse trecho. Ainda que haja outras falhas de
estrutura sintática, como o truncamento e o excesso de elemento sintático, o
Exemplo 7 propõe-se a ser ilustrativo da falha de justaposição.
Essa mesma falta de organização dos períodos, marcada por momentos de
justaposição, é verificada no Exemplo 8.

Exemplo 8

No Exemplo 8, é possível verificar que o participante encadeia uma oração após a


outra, gerando uma justaposição que só é possível corrigir construindo períodos
menores (“O preconceito e o bullying são uma das causas. Quando uma pessoa
sofre bullying ou é vítima de preconceito, se sente excluída, menosprezada e criam
fobias sociais devido ao isolamento, o que pode se transformar em depressão.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 21
Quando não tratado, em alguns casos a vítima fere o próprio corpo ou tenta
suicídio”). Dessa forma, considera-se que há duas falhas de estrutura sintática.

Ainda no Exemplo 8, podemos notar que a justaposição gera uma dificuldade de


leitura por não conseguirmos determinar se o trecho “quando não tratado”
pertence ao que se afirmou anteriormente (“o que pode se transformar em
depressão, quando não tratado”) ou ao que está posteriormente (“quando não
tratado, em alguns casos a vítima fere o próprio corpo ou tenta suicídio”),
problema gerado por não se marcarem corretamente os períodos.

2.1.3. Excesso, ausência ou duplicação de elementos sintáticos


Quando se verifica excesso ou ausência de elementos sintáticos, não relacionados
a problemas de regência ou de paralelismo (que serão vistos como desvios), deve-
se considerar uma falha de estrutura sintática. O Exemplo 9 ilustra um caso em
que há excesso de elemento sintático.

Exemplo 9

A repetição do artigo “os” em “pelo os estudos” e do artigo “a” em “pela a


sociedade” caracteriza, cada uma, uma falha de estrutura sintática por excesso,
pois já existe um artigo nas contrações “pelo” (preposição “por” mais artigo “o”)
e “pela” (preposição “por” mais artigo “a”).
Um outro exemplo de excesso de elemento sintático pode ser observado no
Exemplo 10.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 22
Exemplo 10

Nesse exemplo, observamos que o pronome “se” é excedente, haja vista que o
trecho sem tal falha de estrutura sintática seria: “No entanto, vale mencionar, as
diversas doenças desenvolvidas […]”.
Há ainda casos como o do Exemplo 11, em que igualmente se verifica excesso de
elemento sintático, caracterizando falha de estrutura sintática.

Exemplo 11

O artigo “o” está em excesso, tendo em vista que na contração “ao” já há presença
do artigo definido “o”.
Reforçamos que é preciso cautela para não considerarmos falha de estrutura
sintática a presença ou a ausência indevida de preposição quando claramente se
trata de um problema de regência nominal ou verbal (que deve, portanto, ser
considerado desvio, e não falha de estrutura sintática). Vejamos o Exemplo 12.

Exemplo 12

Como se pode observar, a preposição “a” é excedente (o correto seria “Cabe a nós
não julgar quem possui algum tipo de sintomas”), mas não deve ser considerada

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 23
falha de estrutura sintática e sim um desvio de regência, conforme explicaremos
na seção 3.2.1, “Regência”, deste material.
Também não devem ser consideradas falhas de estrutura sintática por excesso de
elemento sintático construções que repitam uma mesma ideia, como “pessoas
com problemas mentais da cabeça”. O que se observa nesse caso é uma
redundância (não penalizável na Competência I) e não um excesso de elemento
sintático.
Quanto à ausência de elemento sintático, observemos o Exemplo 13.

Exemplo 13

Como podemos observar, a ausência de um elemento sintático – no caso, o sujeito


(quem retrata?) ou a partícula apassivadora – gera um problema de estrutura
sintática. O participante provavelmente queria ter escrito “Na série ‘os trezes
porquês’ retrata-se a história de uma garota […]”. Pode-se, ainda, avaliar esse
trecho como uma falha por excesso de elemento sintático, se considerarmos que
há um excesso de “em” no trecho, “Na série ‘os trezes porquês’”, já que o trecho
também poderia ser assim reescrito: “A série ‘os trezes porquês’ retrata a história
de uma garota […]”. O avaliador pode fazer as duas leituras e, em ambas, verifica-
se a falha de estrutura sintática. O importante é que o problema de estrutura seja
identificado, nesse caso, independentemente do tipo de falha.
Da mesma forma, podemos observar um trecho de redação em que há falha de
estrutura sintática por ausência de elemento sintático no Exemplo 14.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 24
Exemplo 14

No trecho em questão, há ausência de elemento sintático em “Sendo assim se faz


necessario que a sociedade tenha mais acesso a saber de fato [o que] pode
ocasionar a doença mental […]”, assim como ocorre no Exemplo 15.

Exemplo 15

Não está expresso sintaticamente no Exemplo 15 quem é o sujeito de “afirma”,


havendo, portanto, falha de estrutura sintática que poderia ser sanada da seguinte
maneira: “De acordo com a organização mundial da saúde (OMS), baseada em sua
pesquisa feita em 2017, afirma-se que mais de 1 de cada 20 pessoas tem
depressão”.
A duplicação de elementos sintáticos também deve ser considerada falha de
estrutura sintática, como nos mostra o Exemplo 16.

Exemplo 16

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 25
A duplicação do elemento sintático “aponta” caracteriza uma falha de estrutura
sintática.

3. OS DESVIOS
Uma vez apresentadas as falhas de estrutura sintática e como as avaliamos,
trataremos, nesta seção, do outro elemento que compõe a Grade Específica da
Competência I, a saber, os desvios, com base nos problemas mais recorrentes, e
como eles devem ser avaliados.
Neste momento, é importante determinar, com mais detalhes, o que deve ser
avaliado na Competência I quanto aos desvios. Eles serão elencados a seguir, de
acordo com a categoria a que pertencem:

• acentuação • separação silábica (translineação)


DE CONVENÇÕES • ortografia • maiúsculas/minúsculas
DA ESCRITA • hífen

• regência • paralelismo sintático


• concordância • emprego de pronomes
GRAMATICAIS
DESVIOS

• tempos e modos verbais • crase


• pontuação

DE ESCOLHA DE • informalidade/marca de oralidade


REGISTRO

DE ESCOLHA
• escolhas lexicais imprecisas
VOCABULAR

Os desvios de convenções da escrita geralmente são os elementos mais evidentes


no texto – um problema de acentuação ou de grafia pode ser mais facilmente
visualizado, justamente pela natureza dessas questões.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 26
Por outro lado, desvios gramaticais, como problemas de concordância, por
exemplo, podem não ser tão aparentes, exigindo uma análise mais aprofundada.
Já a avaliação da escolha de registro deve sempre levar em consideração que o
participante precisa escrever um texto dissertativo-argumentativo, que requer a
utilização de um registro formal. Assim, cabe ao avaliador observar se o registro
utilizado é adequado ao tipo textual e ao contexto de produção.
Por sua vez, os desvios de escolha vocabular dependem, muitas vezes, de uma
análise semântica, pois é preciso observar se um determinado vocábulo está
sendo empregado em seu sentido correto e adequado ao texto e às ideias
apresentadas.
Comentemos brevemente essas categorias de desvios, de modo a elucidar o que
deve ser avaliado.

3.1. DESVIOS DE CONVENÇÕES DA ESCRITA


Os desvios de convenções da escrita estão relacionados ao modo como se
escrevem as palavras. Assim, a falta de um acento ou uma palavra grafada
incorretamente são questões avaliadas nesta categoria.
Nesse sentido, cumpre determinarmos que a correta grafia das palavras, a
acentuação e o uso do hífen devem ser avaliados segundo o Acordo Ortográfico
vigente (doravante Novo Acordo Ortográfico), assinado em 1990 e obrigatório no
Brasil desde 2016.
Elencaremos, nas próximas seções, alguns desvios comuns que são verificados nas
redações. Os exemplos que foram incluídos nesta seção podem apresentar mais
desvios além daqueles indicados, mas, para facilitar a identificação do que se quer
apontar, não inserimos a marcação em todos os desvios.

3.1.1. Acentuação
Desvios de acentuação devem ser penalizados na Competência I. O Exemplo 17
ilustra um caso em que o participante comete desvio dessa natureza.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 27
Exemplo 17

Nesse exemplo, observamos a palavra “psíquiatricos” acentuada incorretamente


(já que o correto seria “psiquiátricos”) e também “doênças” indevidamente
acentuada, uma vez que essa palavra não possui acento.

Exemplo 18

No Exemplo 18, a palavra “a” não deveria receber acento e, por isso, corresponde
a um desvio. Como veremos na seção 3.5.3., “Mesmo desvio em palavras
repetidas ou com mesmo radical”, desvios de uma mesma subcategoria de
convenções da escrita (nesse caso, acentuação) em palavra repetida ao longo do
texto (nesse caso, “a”) deve ser contabilizado apenas uma vez. Por essa razão, a
segunda, terceira e quarta ocorrências de “á” não foram marcadas como desvio.
Ainda nesse exemplo, a ausência de acento na palavra “tem”, mesmo relacionada
a um problema de concordância, deve ser considerada desvio de acentuação, bem
como em casos afins, como “vem”/“vêm”. Essa decisão tem duas justificativas: (i)
a única diferença entre o singular e o plural desses verbos é a presença do acento
circunflexo marcando plural, o que faz com que essa ausência não nos permita
afirmar que o participante não saiba concordar o verbo com o sujeito,
necessariamente; (ii) como veremos adiante, no caso de desvio de convenções da
escrita, a penalização é feita uma única vez, ainda que o mesmo desvio se repita
na mesma palavra ou em palavra de mesmo radical; se a penalização para esse
caso fosse feita em desvios gramaticais (concordância), o participante seria

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 28
penalizado cada vez que escrevesse “têm” com um sujeito no singular ou “tem”
com um sujeito no plural.

Por fim, a falta de acento em palavra que deveria ser acentuada também deve ser
considerada desvio de acentuação, como no Exemplo 19.

Exemplo 19

As palavras “psiquiatrica” e “diagnostico” deveriam ter sido acentuadas, mas não


foram, gerando, portanto, desvios de acentuação.

3.1.2. Ortografia
Pressupõe-se, na modalidade formal escrita da Língua Portuguesa, que as palavras
estejam corretamente grafadas. Casos em que isso não ocorre são passíveis de
penalização, como ilustra o Exemplo 20.
Exemplo 20

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 29
Podemos verificar a existência de nove desvios de grafia no Exemplo 20: “pasando”
(passando), “díficio” (difícil), “perca” (perda), “picicológico” (psicológico), tanbém
(também), “noso” (nosso), “mem” (nem), “coloca” (colocar), “oquixigeninio”
(oxigênio) – ressaltamos que a segunda ocorrência da palavra “nem” grafada
incorretamente (“men”) não deve ser penalizada, pois um mesmo desvio de
convenções da escrita em palavra repetida deve ser penalizado apenas na sua
primeira ocorrência, conforme estudaremos adiante.
De igual modo, a troca de “há” por “a” (ou vice-versa) deverá ser considerada
desvio, como observamos no Exemplo 21.

Exemplo 21

Nesse caso, a troca da forma verbal “há” por “a” deverá ser contabilizada como
um único desvio, e não como um desvio de grafia e outro de acentuação. Da
mesma forma, se o participante tivesse feito o contrário (utilizado “há” quando o
correto seria “a”), contabilizaríamos apenas um desvio, como ocorre no Exemplo
22.

Exemplo 22

Também deve ser considerado desvio de grafia o uso de “aonde” no lugar de


“onde” (ou vice-versa), como ocorre no Exemplo 23.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 30
Exemplo 23

Nesse caso, o “onde” não está relacionado a um verbo que requer a preposição
“a”. Portanto, o correto seria “onde”, e não “aonde”. Ainda que a natureza desse
desvio esteja ligada à regência pedida por verbos que estão relacionados à ideia
de movimento, optamos por considerar esse um problema de grafia, pois, como
veremos adiante, desvios de natureza gramatical (como a regência) numa mesma
palavra devem ser penalizados em todas as ocorrências ao longo do texto; já os
desvios de convenções da escrita em uma mesma palavra, como a grafia, serão
penalizados apenas uma vez. Dessa maneira, ainda que haja mais de uma
ocorrência de “aonde” no lugar de “onde” (ou vice-versa) em um mesmo texto,
deve-se considerar apenas um desvio (como ocorre no Exemplo 23).
É importante que se faça aqui uma ressalva: o uso de “onde” sem função locativa,
como mostrado no Exemplo 24, deve ser penalizado na Competência IV, e não na
Competência I.

Exemplo 24

Percebe-se que o “onde”, nesse exemplo, foi usado incorretamente como um


elemento coesivo, cuja alçada de avaliação é da Competência IV. Como o termo
está grafado corretamente, ele não será considerado desvio na Competência I.
Por outro lado, cumpre ressaltar que elementos coesivos grafados incorretamente
devem ser penalizados na Competência I devido à grafia incorreta, conforme o

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 31
Exemplo 25, enquanto a adequação do elemento coesivo (isto é, se ele exerce, de
fato, a função que deveria exercer como coesivo) é avaliada na Competência IV,
como já apontado.

Exemplo 25

Nesse exemplo, “No entando”, ainda que se trate de um coesivo, deve ser
penalizado na Competência I, pois apresenta um desvio de grafia (a escrita correta
seria “No entanto”).
Por fim, caso o participante escreva, por exemplo, “O Brasil precisa cuidar melhor
de seus pacientes, haja visto que muitos recebem tratamento adequado nas
instituições psiquiátricas”, verificamos o emprego incorreto do coesivo “haja
vista”, pois não se verifica relação de causa e consequência entre a ideia de
necessidade de melhora no cuidado dos pacientes e a afirmação de que estes já
recebem um tratamento adequado, havendo, portanto penalização na
Competência IV (essas questões serão tratadas com mais profundidade no
Módulo 6); além disso, observamos a grafia incorreta de tal elemento coesivo
(oficialmente grafado “haja vista”), motivo pelo qual também ocorre penalização
na Competência I.

ATENÇÃO!
Palavras estrangeiras grafadas incorretamente não devem ser consideradas desvios. Assim, se
o participante grafar “bulling”, em vez de “bullying”, não devemos considerar desvio.
Também não devem ser avaliados como desvio os nomes próprios grafados incorretamente.
Registros como “Augusto Pullmam” (August Pullman) e “R. J. Palasio” (Palacio), ou casos como
“Heiguel” (Hegel), “Roussea” (Rousseau), “Sartré” (Sartre), “Nietszche” (Nietzsche) e similares
não devem ser penalizados. Por outro lado, como veremos adiante, nomes próprios grafados
com letra inicial minúscula devem ser considerados desvios.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 32
Tendo em vista o tema de 2020 (“O estigma associado às doenças mentais na sociedade
brasileira”), muitos nomes próprios que figuram em designações de transtornos e síndromes
(os epônimos) foram empregados e nem sempre esses estavam grafados corretamente. Esses
casos não foram penalizados como desvio. No Exemplo 26, há um caso que exemplifica tal
questão.

Exemplo 26

O nome próprio “Alzheimer” foi grafado “Alsaíme” e, como explicado acima, não foi
considerado desvio.

3.1.3. Hífen
O avaliador deve lembrar que a translineação pressupõe o uso do hífen ao final da
linha. Por essa razão, devem ser penalizados casos em que esse hífen não é usado
para indicar que uma palavra teve sua escrita interrompida ao final de uma linha
e continuará na próxima, como ocorre no Exemplo 27.

Exemplo 27

A palavra “agravando” foi separada em duas linhas, mas, como o participante não
indica a translineação com um hífen, temos um desvio.
A ausência do hífen em translineação só será aceita se o participante indicar a
translineação inserindo uma sublinha no lugar do hífen, como nos mostra o
Exemplo 28.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 33
Exemplo 28

De igual modo, não devem ser penalizados casos em que o participante marca
duplamente a translineação com um hífen iniciando a linha em que a palavra
continua, como mostrado no Exemplo 29.

Exemplo 29

Por outro lado, são passíveis de penalização casos em que o uso do hífen não foi
respeitado segundo o Novo Acordo Ortográfico. O Exemplo 30 ilustra um caso em
que o hífen deveria ter sido empregado, mas não foi, gerando um desvio.
Exemplo 30

Por não ter empregado o hífen em “bem estar” (quando o correto seria “bem-
estar”), o participante comete um desvio.
Do mesmo modo, a presença indevida de hífen em palavras ou composições que
não apresentam esse sinal deve ser penalizada, como no Exemplo 31.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 34
Exemplo 31

Na expressão “dia a dia”, não há hífen, e, portanto, deve-se penalizar os casos em


que se grafa “dia-a-dia”, como no Exemplo 31.

ATENÇÃO!
A avaliação da Competência I deve ser feita de modo que o participante não seja
prejudicado por sua caligrafia.

3.1.4. Separação silábica (translineação)


Como já antecipado, quando o participante faz uma translineação, ele deve marcá-
la com um hífen ao final da linha. Caso não o faça, um desvio deverá ser
considerado.
Ainda em relação à translineação, devemos considerar desvio a separação silábica
incorreta, como ilustrado no Exemplo 32.
Exemplo 32

A separação silábica em “aproxim-adamente” está incorreta, uma vez que a sílaba


“ma” foi indevidamente quebrada. Temos aí, portanto, um desvio.

3.1.5. Maiúsculas/minúsculas
Dentre os desvios de convenções da escrita, encontram-se os usos indevidos de
letra maiúscula e minúscula. A fim de objetivar a avaliação desses usos,
elencamos, a seguir, as situações em que tal ocorrência será considerada desvio:

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 35
• i. períodos iniciados com letra minúscula;
• ii. nomes de pessoas grafados com letra inicial minúscula – em casos de
nome composto e/ou nome e sobrenome, considera-se um único desvio para o
nome como um todo;
• iii. nomes de países, continentes e outras áreas geográficas grafados com
letra inicial minúscula;
• iv. nomes de eventos e acontecimentos históricos grafados com letras
iniciais minúsculas (“Segunda Guerra Mundial”, “Proclamação da República”,
“Guerra de Canudos”, “Reforma Protestante”, “Idade Média” etc.) – nesses casos,
considera-se um único desvio para o nome como um todo. Ex: “segunda guerra
mundial” ou “Segunda guerra mundial” (apenas com inicial maiúscula na primeira
palavra) - 1 desvio;
• v. “Constituição” ou “Constituição da República Federativa do Brasil”
grafados com letras iniciais minúsculas – nesses casos, considera-se um único
desvio para o nome como um todo: “constituição da república federativa” – 1
desvio;
• vi. “Estado” como sinônimo de conjunto das instituições que controlam uma
nação grafado com letra inicial minúscula, como ilustrado no Exemplo 33;

Exemplo 33

• vii. uso indevido de inicial maiúscula em substantivos comuns, verbos,


pronomes, conjunções etc., como no Exemplo 34.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 36
Exemplo 34

Note-se que as palavras “estão” e “é” (destacadas com linha pontilhada)


apresentam letra inicial “e” minúscula, o que nos leva a entender que o
participante diferencia letra “e” maiúscula de minúscula, havendo, portanto,
desvio em “Encontro” e em “E” pelo uso indevido de inicial maiúscula em
substantivo comum e conjunção em meio de frase.

ATENÇÃO!
Assim como acontece no Exemplo 34, muitas vezes é necessário que o avaliador
observe a caligrafia de determinadas partes do texto do participante para decidir se
uma palavra está de fato grafada corretamente. No caso do Exemplo 34,
especificamente, foi a ocorrência de uma letra inicial “e” minúscula que permitiu
determinar que “Encontro” e “E” foram grafadas indevidamente com inicial maiúscula.

Outros casos, além dos descritos, não devem ser considerados desvios no uso de
maiúscula e minúscula. Isso inclui nomes de ministérios e secretarias, que,
mesmo se forem grafados com inicial minúscula, não devem ser considerados
desvios. Ademais, se um participante usa letra maiúscula em todo o seu texto,
entendemos que essa é sua caligrafia.

3.2. DESVIOS GRAMATICAIS


Os desvios gramaticais observados na avaliação da Competência I dizem respeito
a questões que estão menos relacionadas à observação das palavras isoladamente
e mais relacionadas a problemas gerados pela não observação de regras
preestabelecidas pela norma-padrão no que concerne à relação que há entre as
palavras. A seguir, elencamos os desvios gramaticais mais comuns.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 37
3.2.1. Regência
Conforme adiantamos na seção 2.1.3, “Excesso, ausência ou duplicação de
elementos sintáticos”, mais especificamente no Exemplo 12, devemos considerar
desvio de regência casos em que se verifica a ausência de uma preposição que é
regida por um nome ou um verbo, ou quando uma preposição é empregada
indevidamente, sendo regida por um nome ou um verbo que não exige aquela
preposição (ou qualquer outra preposição). O Exemplo 35 ilustra um caso em que
a preposição foi usada indevidamente.

Exemplo 35

No Exemplo 35, o verbo “acarretar” está acompanhado da preposição “para”, o


que caracteriza um desvio, pois, segundo a norma-padrão, esse verbo, nesse
contexto, é transitivo direto, sendo o correto “[…] tem acarretado tais doenças
mentais”.
O desvio de regência também pode ser verificado na ausência da preposição,
como ilustrado no Exemplo 36.

Exemplo 36

Nesse contexto, há ausência de uma preposição que estabeleça a correta relação


entre a locução verbal “é causada” e “pessoas”. Tal falta de uma preposição (“em”)
caracteriza um desvio de regência.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 38
ATENÇÃO!
Uma observação importante a ser feita é quanto à contração de preposição e artigo que
acompanham um sujeito. Não penalizaremos os casos em que é feita essa contração,
como mostrado no Exemplo 37.

Exemplo 37

No trecho “Já está mais que na hora dos governantes agir e realizar […]”, não
consideraremos desvio a contração em “dos governantes”, em que ocorre a contração
da preposição “de” e do artigo “os”, no lugar de “Já está mais que na hora de os
governantes agir e realizar [...]”.

3.2.2. Concordância
A concordância verbal e nominal deve ser avaliada nos casos em que ela é
obrigatória, segundo a norma-padrão da língua. É preciso atenção para casos em
que há sujeitos longos ou compostos, para que, na ausência de concordância, eles
não passem despercebidos. Também merecem atenção os casos de inversão de
verbo e sujeito, como ocorre no Exemplo 38.

Exemplo 38

Podemos observar, no Exemplo 38, que há uma concordância incorreta, já que o


sujeito de “aflora” é “suas emoções” (“[…] afloram suas emoções”). No mesmo
trecho, verificamos o desvio em “[…] tem que lidar com suas emoções
representadas por animações lúdicas, representados [representadas] por

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 39
divertidamentes”, entretanto o que queremos ilustrar com o Exemplo 38 é o
desvio comumente cometido pelos participantes quando o verbo é anteposto ao
seu sujeito.
O Exemplo 39 apresenta um caso de concordância indevida em uma locução
verbal.

Exemplo 39

O particípio “incluso”, no Exemplo 39, deveria concordar com “maior abertura”


(“podendo maior abertura ser inclusa no SUS”), havendo um desvio de
concordância no trecho.

Exemplo 40

Figura no Exemplo 40 outro caso de desvio de concordância em locução verbal,


pois o particípio “implantada” não concorda com o sujeito “politicas publicas” (“A
ponto de serem implantadas politicas publicas […]”).
A concordância de “ser necessário” e “fazer-se necessário” será cobrada quando
o elemento que vier na sequência for introduzido por um determinante (como
artigo, pronome indefinido, pronome demonstrativo). Assim, em “é necessário
campanhas”, não há desvio; entretanto, em “é necessário uma campanha”, há um
desvio, pois o correto seria “é necessária uma campanha”.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 40
No Exemplo 41, podemos observar um desvio de concordância com “ser
necessário”.

Exemplo 41

O correto, nesse caso, seria “Nesse ínterim, é necessária a liquidez […]”, de modo
que se verifique concordância adequada com “é necessário” + determinante.
É importante observar, no Exemplo 42, outra construção recorrente e similar ao
Exemplo 41, em que o desvio de concordância se dá com “fazer-se necessário”.

Exemplo 42

Nesse caso, a concordância correta seria: “Em suma, se faz necessária uma
mudança [...]”, uma vez que “mudança de comportamento” é introduzido por um
determinante: o artigo indefinido “uma”. Essa concordância indevida também
pode ser observada no Exemplo 43.

Exemplo 43

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 41
Como o sujeito de “torna-se necessário”, “uma mudança”, está acompanhado
pelo determinante “uma”, a concordância deve ser respeitada: “torna-se
necessária uma mudança”.
Ademais, caso o sujeito de “ser necessário” e “fazer-se necessário” seja uma
oração subordinada (introduzida por “que”) ou um verbo, deve-se usar a forma
neutra “é necessário” e “faz-se necessário”: “É necessário/Faz-se necessário que
o governo faça campanhas” e “É necessário/Faz-se necessário fazer campanhas”.

O quadro a seguir resume os apontamentos apresentados acima:

“É necessário campanhas” NÃO é desvio

“São necessárias algumas campanhas” NÃO é desvio

“É necessária uma campanha” NÃO é desvio

“É necessário uma campanha” É DESVIO

“É necessário que haja uma campanha” NÃO é desvio

“É necessária que haja campanha” É DESVIO

“É necessário fazer campanhas” NÃO é desvio

“São necessárias fazer campanhas” É DESVIO

Por fim, com a expressão “ser preciso” (em que o adjetivo “preciso” tem sentido
de “necessário”), não se deve seguir o mesmo raciocínio empregado para a
expressão “ser/fazer-se necessário”, tendo em vista que “ser preciso” pode
manter-se invariável mesmo quando houver um determinante, como ocorre no
Exemplo 44.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 42
Exemplo 44

3.2.3. Tempos e modos verbais


Os desvios referentes a tempos e modos verbais devem ser observados de modo
que haja penalização caso o participante empregue indevidamente um tempo ou
modo verbal em um contexto em que claramente deveria ter feito uso de outro
tempo ou modo verbal, conforme o Exemplo 45.

Exemplo 45

Nesse exemplo, observamos que o participante emprega o modo subjuntivo


quando deveria ter empregado o indicativo: “[…] por nunca conseguir ser alguém
igual a pessoa que a sociedade pede que você seja”.

É preciso enfatizar que só devem ser considerados desvios casos em que


claramente foi empregado um tempo ou um modo verbal não adequado ao
contexto. Se existe a possibilidade de leitura com o tempo ou o modo verbal
empregado pelo participante, não deverá haver penalização.

Dessa forma, se o participante escreve “Com o crescimento das redes sociais,


aumentarão os problemas psicológicos”, não devemos entender que o
participante usou o tempo futuro no lugar do tempo pretérito (“aumentaram”), já
que é possível que ele esteja se referindo ao tempo futuro.

Por fim, não devemos considerar como desvio gramatical de tempos e modos
verbais casos em que o participante grafa incorretamente a forma verbal e esta
acaba coincidindo com um outro tempo ou modo verbal, como ocorre no Exemplo
46.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 43
Exemplo 46

No Exemplo 46, observamos um caso em que se deve considerar “passo” como


um desvio de grafia (“passou”) e não uma troca da forma pretérita pela forma do
presente (nem uma troca de 3ª pessoa do singular pela 1ª do singular). Esses casos
normalmente ocorrem quando o participante elide o -u final das formas do
pretérito ou o -r final do infinitivo. Todos esses casos devem ser considerados
desvios de convenções da escrita (grafia) e não desvios gramaticais (tempos e
modos verbais).

3.2.4. Pontuação
O uso da vírgula deverá ser considerado desvio nos casos em que são separados:

• sujeito e predicado;

• verbo e objeto;
• conjunção subordinativa e oração subordinada;

• locução conjuntiva e a oração subordinada que introduz;


• nome e complemento, adjetivo e substantivo, advérbio e adjetivo,
determinante e determinado e outras separações incomuns (como a
separação de um verbo ou um nome e a preposição por ele regida, a
separação de um advérbio e o elemento que este modifica ou a separação
de elementos que compõem uma locução).
Um caso recorrente e que exige maior atenção do avaliador é quando há um
sujeito longo e este é separado do predicado por vírgula, como observamos no
Exemplo 47.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 44
Exemplo 47

O sujeito “a ignorância de não querer entender o que se passa na mente do outro”


foi separado indevidamente do predicado “[…] acaba afetando de certa forma, a
pessoa que sofre com a doença” por vírgula, de modo que temos aí um desvio.
Como veremos adiante, o participante deveria também ter intercalado “de certa
forma” com vírgulas, mas não o fez, gerando uma outra incorreção (a separação
da locução verbal “acaba afetando” e seu objeto “a pessoa”). Não indicamos esse
desvio, pois o exemplo está se prestando apenas a ilustrar a separação entre o
sujeito e o predicado.

Exemplo 48

No Exemplo 48, pode-se observar um exemplo de separação indevida da locução


subordinativa “uma vez que” da oração subordinada por ela introduzida: “a pessoa
não sente mais prazer de estar vivendo”.

Exemplo 49

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 45
Nesse exemplo, o participante comete um desvio ao separar a conjunção “que” da
oração subordinada por ela introduzida: “o Brasil pode-se melhorar em questão a
esse assunto”.
A ausência de vírgula, por sua vez, deverá ser considerada desvio quando o
participante não faz uso dela em:
• isolamento de apostos, de orações intercaladas/deslocadas e de adjuntos
adverbiais longos deslocados;

• enumerações.

ATENÇÃO!
Obrigatoriamente, exigiremos que adjuntos adverbiais com três ou mais palavras
(adjuntos adverbiais longos) estejam isolados por vírgulas quando deslocados do final
da oração, sua posição esperada.

Nos casos em que o participante deixa de isolar trechos que deveriam vir entre
vírgulas, consideraremos um único desvio, mesmo na ausência de duas vírgulas.
Já na enumeração, contabilizamos um desvio a cada ausência de vírgula entre
termos listados.
Observemos o Exemplo 50.

Exemplo 50

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 46
Nesse exemplo, temos adjuntos adverbiais longos (com três ou mais palavras)
não isolados por vírgulas: “ao longo das gerações”, “em sua tela ‘Noite
estrelada’” e “na sua ausência em algum momento da vida”. Nesses casos,
devemos considerar um único desvio por ausência de vírgula em cada trecho,
ainda que haja ausência de mais de uma vírgula. Assim, nesse exemplo, temos o
total de três desvios por ausência de vírgula. Também ressaltamos que, em
construções como “na sua ausência em algum momento da vida”, em que se
pode separar “na sua ausência” e “em algum momento da vida” (“[,] na sua
ausência[,] em algum momento da vida[,]”), devemos considerar um único
adjunto adverbial e, portanto, um único desvio por ausência de vírgula.

Exemplo 51

No Exemplo 51, a ausência de vírgula para isolar o adjunto adverbial deslocado


“Na sociedade brasileira” deve ser considerada desvio.
Devemos estar atentos, contudo, a casos como o do Exemplo 52, em que se
verifica um adjunto adverbial com menos de três palavras.

Exemplo 52

Nesse trecho, verificamos que o adjunto adverbial “no mínimo” está isolado por
vírgulas, o que não é considerado um desvio. Entretanto, caso não estivesse
isolado, também não deveríamos considerar um desvio essa ausência de vírgulas,
uma vez que não se trata de um adjunto adverbial longo. É importante estar claro
que apenas será considerada desvio a ausência de vírgulas isolando adjuntos
adverbiais com três ou mais palavras.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 47
Como apontado anteriormente, a vírgula faz-se necessária, também, quando se
está enumerando uma lista, e considera-se um desvio cada uma de suas
ocorrências, como no Exemplo 53.

Exemplo 53

Como se pode observar, há falta de vírgula em dois momentos da enumeração


feita pelo participante: “E pode levar essa pessoa o sofre com depreção[,]
ansiedade[,] transtorno bipolar”. Portanto, considera-se que há dois desvios por
ausência de vírgula nesse trecho.
Igualmente, a ausência de vírgulas antes de conjunções ou locuções conjuntivas
deve ser penalizada nos casos em que a norma-padrão exige (não é desvio, por
exemplo, a ausência de vírgula antes de conjunção que introduza uma relação
causal). Observemos o Exemplo 54.

Exemplo 54

Nesse exemplo, observamos ausência de vírgula antes da conjunção adversativa


“mas” e da conjunção explicativa “pois”, as quais devem, portanto, ser avaliadas
como desvios.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 48
Já em casos como o do Exemplo 55, em que o participante emprega uma vírgula
após uma conjunção ou locução conjuntiva, não consideraremos desvio.

Exemplo 55

Também não devem ser avaliadas como desvio construções como a do Exemplo
56 , em que se verifica a ausência de vírgula antes da conjunção “e” quando ocorre
troca de sujeito nas orações.

Exemplo 56

Assim, em “[…] pode-se afirmar que é um assunto cujo precisa ser pautado com a
devida importância[,] e isso se evidencia não só por ser um problema que afeta
[…]”, verifica-se que o participante não insere a vírgula na troca de sujeito na
oração, mas a ausência dessa vírgula não deve ser considerada um desvio.
Um último caso a que o avaliador deve estar atento e não deve considerar desvio
é o emprego ou não de vírgulas para isolar orações adjetivas (isoladas por vírgulas
no caso das explicativas; sem vírgulas no caso das restritivas). Para exemplificação
dessa situação, remetemos ao Exemplo 99 e à caixa de atenção após esse exemplo.
Além do uso das vírgulas, devemos atentar ao uso do ponto de interrogação pelo
participante. Sendo assim, quando houver ausência do ponto de interrogação em

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 49
uma frase claramente interrogativa, devemos considerar um desvio de pontuação,
como ocorre no Exemplo 57.

Exemplo 57

A frase “[…] por que não usar ferramentas digitais para o bem, e aconcelharem o
amor próprio, a aceitação, dar dicas de saúde e autocuidado [?]” é claramente
interrogativa, mas o participante usa ponto final no lugar do ponto de
interrogação, o que configura um desvio.
A seguir, trataremos do uso das aspas. Devemos considerar um desvio quando o
participante abre as aspas e não as fecha, assim como qualquer outro sinal de
pontuação que exija abertura e fechamento, como no Exemplo 58.

Exemplo 58

Nesse caso, o participante abre as aspas para fazer uma citação, mas não as fecha,
o que deve ser considerado desvio.
Por outro lado, os usos das aspas quando se quer, por exemplo, dar ênfase a uma
palavra ou empregá-la fora de seu contexto habitual não são considerados
desvios, como ocorre no Exemplo 59.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 50
Exemplo 59

O uso das aspas em “se fecham” possivelmente se deu porque o participante


entende se tratar de uma informalidade (trata-se apenas de um uso figurado de
“fechar”). O fato de o participante ter equivocadamente utilizado as aspas nesse
caso não o beneficia nem o prejudica. Para a avaliação da Competência I, é como
se as aspas não estivessem presentes. O uso das aspas em “frescura” também não
é penalizado como desvio de pontuação, porque o participante as emprega com o
intuito de destacar que a palavra empregada é informal. No entanto, como
veremos a seguir, o uso das aspas não faz com que uma palavra deixe de ser
considerada informal, por exemplo (o que não seria o caso de “frescura”, que é
uma exceção por ser uma palavra retirada dos próprios textos motivadores).

ATENÇÃO!
Palavras escritas incorretamente e que foram colocadas entre aspas continuarão sendo
consideradas desvios, como ocorre no Exemplo 60.

Exemplo 60

A palavra “além” não foi acentuada dentro da citação que o participante faz, o que caracteriza
um desvio, mesmo que se encontre entre aspas na citação. Já “pré-conceito” foi grafado sem
o hífen, o que também caracteriza um desvio.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 51
Imprecisões lexicais ou informalidades também serão consideradas desvios mesmo quando
destacadas com aspas. Ainda que o participante demonstre conhecimento de que as aspas
servem para indicar que se trata de uma palavra escrita incorretamente, de uma imprecisão
ou de uma informalidade, vale lembrar que o texto dissertativo-argumentativo pressupõe o
emprego da norma-padrão, e não é esse o tipo textual mais adequado para demonstrar esse
tipo de conhecimento do uso das aspas. A exceção para essa regra se aplica para “frescura”
(grafada entre aspas ou não) que figura nos textos motivadores, e para expressões como
“abilolado”, “lelé” e “noia”, que, apenas se grafadas entre aspas, não serão consideradas
desvio dado o tema de 2020.
O Exemplo 61 ilustra um caso em que o participante emprega uma informalidade entre aspas.

Exemplo 61

Nesse caso, como explicamos anteriormente, o uso das aspas não torna a informalidade
aceitável. Temos, portanto, um desvio de informalidade pelo uso de “pra”.

Encerrando as considerações sobre pontuação, não consideraremos desvio a


presença de pontuação em início de parágrafo ou linha, nem a ausência de ponto
final ao se encerrar um parágrafo.

Exemplo 62

No Exemplo 62, temos parágrafo iniciado por ponto final, o que não é objeto de
penalização na Competência I, mas pode ser na Competência II, pois são

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 52
considerados marcadores de tópicos. No próximo módulo, estudaremos como
avaliar esses casos.

3.2.5. Paralelismo sintático


O paralelismo sintático caracteriza-se pela repetição de uma mesma estrutura
sintática preenchida por diferentes elementos lexicais. Já a ausência de
paralelismo pode causar problemas de construção do período e decorre do não
emprego, ou do emprego incorreto, de elementos gramaticais pertencentes à
estrutura paralelística.
Exemplo: “Antigamente, os hospícios e instituições psiquiátricas eram comuns até
mesmo em cidades pequenas”. Nesse período, percebemos que os elementos que
na frase atuam como sujeito “os hospícios” e “instituições psiquiátricas” não
possuem paralelismo já que um recebeu o artigo definido e o outro não. A solução
para o problema de paralelismo é de ordem gramatical – nesse caso, seria a
inserção do artigo: “as instituições psiquiátricas”.
Observemos o Exemplo 63, para entendermos melhor como deve ser cobrado o
desvio de paralelismo sintático:
Exemplo 63

Há, no Exemplo 63, a falta de paralelismo entre “A depressão e ansiedade”, uma


vez que o primeiro elemento da estrutura paralelística (“A depressão”) é
acompanhado do artigo e o segundo elemento não (“ansiedade”). Desse modo, a
estrutura paralelística não está preservada (o correto, portanto, seria “A
depressão e a ansiedade”).

Dessa forma, devem-se considerar desvio de paralelismo sintático casos em que


há ausência de artigo na estrutura paralelística (acompanhado de preposição ou
não), não havendo desvio de paralelismo em estruturas como: “O tratamento de
esquizofrênicos e bipolares pode ser feito pelo SUS” (por não haver artigo
acompanhando a preposição “de”, não é necessário que se repita essa preposição

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 53
junto a “bipolares”). Além de preposição desacompanhada de artigo, também não
é necessário que se repita verbo em estruturas como “Construir relações
duradouras e laços saudáveis é um passo essencial para sair da depressão”, em
que não há razão para se repetir o verbo (“Construir relações duradouras e
construir laços saudáveis…”), já que “relações duradouras e laços saudáveis” é o
objeto de “construir”, dispensando-se sua repetição.

3.2.6. Emprego de pronomes


O emprego de pronome que funciona como objeto direto no lugar do objeto
indireto (ou vice-versa) é um problema que diz respeito ao uso de um pronome
que não corresponde à correta transitividade do verbo ao qual se refere.
Observemos, no Exemplo 64, o emprego inadequado de pronome que representa
um objeto direto no lugar de outro, que deveria representar um indireto.
Exemplo 64

Nesse exemplo, espera-se que “fazer bem” tenha como complemento um objeto
indireto (a algo ou a alguém). No entanto, o participante emprega um pronome
que corresponde a um objeto direto, gerando um desvio. No trecho em questão,
o correto seria “[…] criando um ser humano receptivo a ações que não lhe faz bem
[…]” (o desvio de concordância em “fazer” não foi indicado, uma vez que o escopo
nesta seção é indicar o desvio no emprego do pronome).
O uso de pronome pessoal do caso reto no lugar do oblíquo utilizado como
complemento de verbos transitivos diretos também deve ser penalizado como
desvio.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 54
Exemplo 65

Vemos, no Exemplo 65, que o participante usa, para complementar o verbo


transitivo direto “usar”, um pronome pessoal do caso reto (“ela”) no lugar de um
oblíquo, cometendo, em função disso, um desvio. O correto seria o uso de um
pronome átono (“[…] sabemos como usá-la”).
Consideraremos também desvios casos em que houver pronomes oblíquos átonos
em início de frase, como ocorre no Exemplo 66.
Exemplo 66

Nesse caso, o correto seria o emprego do pronome após o verbo (ênclise):


“Tornou-se evidente o aumento da depressão [...]”.
Além disso, as palavras que indicam negação (“não”, “nem”, “nunca”, “ninguém”
etc.), os pronomes relativos ou as conjunções subordinativas (“que”, “quando”
etc.), assim como os advérbios que atuam sobre verbos, atraem para perto de si o
pronome oblíquo átono (próclise). Quando não se observa essa regra, devemos
considerar um desvio, como no Exemplo 67.

Exemplo 67

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 55
A presença do pronome relativo “que” faz com que o pronome “se” seja levado
para perto dele, o que não foi observado no Exemplo 67, em que o correto seria
“[...] situação em que se encontrava [...]”.
Não exigiremos que o participante observe o uso dos pronomes demonstrativos
“esse/a(s)”, “este/a(s)” e “isso”, “isto” em situações de anáfora e catáfora,
respectivamente – isto é, caso o participante escreva algo como “As relações
pessoais estão estremecidas nos dias de hoje e é preciso que estas [no lugar de
“essas”] sejam reavaliadas”, não há o que se penalizar nessa frase, uma vez que o
emprego desses pronomes não chega a ser consensual nem mesmo entre
gramáticos.
Também não consideraremos desvio caso o participante empregue um pronome
pessoal do caso oblíquo (tônico) como complemento de verbos transitivos
indiretos. Exemplo: “A sociedade muda, mas o homem dá a ela um caráter
imutável” (em vez de “A sociedade muda, mas o homem dá-lhe um caráter
imutável”).
Por fim, o emprego de verbos no infinitivo, ainda que na presença de elementos
que exigem a próclise, em locuções verbais ou com um só verbo, permite que se
faça a ênclise, como em “Na série, a mãe da garota não quis ajudá-la”. O avaliador
deve, portanto, estar atento para não penalizar o participante por não ter feito a
próclise com o advérbio de negação, já que há verbo no infinitivo.

3.2.7. Crase
Deve-se penalizar como desvio o emprego indevido do acento indicativo de crase
ou a falta desse acento quando é evidente a sua necessidade para indicar
contração de preposição “a” e artigo feminino singular ou plural, “a”/“as”, ou
pronome demonstrativo “aquele/a(s)”.

Exemplo 68

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 56
No Exemplo 68, verificamos um emprego inadequado do acento indicativo de
crase, uma vez que apenas a preposição “a” seria suficiente (“[...] a abrirem
programas de ajuda a pessoas [...]”). O participante poderia incluir o artigo
definido, mas ele deveria estar no plural (“[…] a abrirem programas de ajuda às
pessoas […]”) e, nesse caso, o emprego do acento indicativo de crase seria
necessário.

Exemplo 69

Nesse caso, temos alguns problemas que dizem respeito à crase. O primeiro deles
diz respeito ao emprego dessa contração diante de um pronome demonstrativo
(“[…] relacionadas à esta situação […]”); o segundo corresponde à ausência do
acento indicativo de crase (“[…] algo serio e prejudicial a saúde do indíviduo […]”),
em que a crase é obrigatória (substituindo-se “saúde do indivíduo” por “bem-estar
do indivíduo”, teríamos “prejudicial ao bem-estar do indivíduo”, o que nos garante
a obrigatoriedade da crase no feminino); o terceiro (“[…] violência contra à
mulher”) corresponde a um desvio porque não se emprega preposição em “contra
a” (não se diria “violência contra ao homem”); o quarto desvio está relacionado
ao emprego indevido de artigo (contraído na crase) diante de pronome pessoal
(“[…] sendo atribuídas à elas […]”, em que não se diria “atribuídos aos eles”).

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 57
Observa-se, no Exemplo 70, a ausência de acento indicativo de crase em uma
construção na qual seu emprego é obrigatório.

Exemplo 70

A ausência de acento indicativo de crase deve ser considerada desvio nesse


exemplo, pois a crase é necessária em “[...] associado as doenças mentais
brasileiras”, uma vez que há sempre preposição em “associado a”, que nesse caso
deveria contrair-se com o artigo “as” que acompanha “doenças mentais”.

3.3. DESVIOS DE ESCOLHA DE REGISTRO


O texto dissertativo-argumentativo escrito na modalidade escrita formal da Língua
Portuguesa pressupõe que a redação seja redigida sem marcas que apontem para
uma influência da oralidade na escrita ou coloquialidades que possam interferir
no registro esperado. Assim, desvios de escolha de registro também devem ser
penalizados na Competência I.

3.3.1. Informalidade/marca de oralidade


Informalidades/marcas de oralidade também são objeto de avaliação entre os
desvios. Dessa forma, diante de uma frase como “O catálogo da Netflix está cheio
de filmes e séries super interessantes para quem se interessa pelo assunto”, há
desvio de informalidade/marca de oralidade pelo uso de “super” não como um
prefixo que forma uma palavra na língua, mas como informalidade como sinônimo
de “muito”.
Seguem exemplos de desvios a serem considerados na escolha de registro:
• Expressões coloquiais como “um monte”, “um bocado”, “é isso aí”, “né”, “tá
beleza”, ou formas usadas na Internet, como “blz”, “vc”, “eh”, “super” como
sinônimo de “muito” (e não como prefixo formador de palavra na Língua
Portuguesa);

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 58
• O uso de diminutivos e aumentativos (ex.: “basiquinho”; “muitão”);
• Reduções (como “pra”, “pro”, “tá”, “tô”) e abreviaturas, como “p/” (no lugar
de “para”) ou “c/” (no lugar de “com”).
A exemplo do que ocorre com os desvios de convenções da escrita, será
considerada desvio apenas a primeira ocorrência de desvio de escolha de registro
em uma mesma palavra ou em palavra com o mesmo radical.
No Exemplo 71, podemos observar a supressão das letras “es” no início da forma
verbal do verbo “está” e a redução “pra” (no lugar de “para”), o que caracteriza
informalidade/marca de oralidade e, portanto, dois desvios:

Exemplo 71

Outro exemplo de emprego de informalidade pode ser observado no Exemplo 72.

Exemplo 72

O emprego de “galera” para se referir a um grupo de pessoas deve ser considerado


informalidade.

Exemplo 73

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 59
Deve-se considerar marca de oralidade o emprego de “bem” ou “bom” para se
iniciar a exposição do assunto, como ocorre no Exemplo 73.

ATENÇÃO!
Diferentemente de palavras como “abilolado”, “lelé” e “noia”, que não serão
consideradas informalidades apenas se grafadas entre aspas, “doido”, “louco”,
“maluco” não devem ser consideradas informalidades (grafadas entre aspas ou não).
Essas expressões, devido ao tema de 2020, foram empregadas com frequência pelos
participantes, e os avaliadores devem estar atentos para não as considerarem um uso
informal da Língua Portuguesa.

3.4. DESVIOS DE ESCOLHA VOCABULAR


Os desvios de escolha vocabular dizem respeito à escolha lexical imprecisa de uma
palavra no contexto em que ela se encontra. Essa incorreção é gerada, muitas
vezes, devido a alguma semelhança entre a palavra adequada àquele contexto e a
palavra de fato usada, cujo sentido não se encaixa no contexto apresentado.

3.4.1. Escolhas lexicais imprecisas


Os desvios de escolha vocabular são evidenciados pelo uso de uma determinada
palavra cujo sentido o participante desconhece ao escolher outra em seu lugar, de
sentido claramente diferente.
Um exemplo de imprecisão ocorreria num contexto como o do Exemplo 74.

Exemplo 74

A palavra “parcimônia” foi empregada num contexto em que provavelmente o


participante quis dizer “parceria”, já que a própria construção (“em parcimônia

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 60
com”) parece ser mais adequada à “parceria” (“em parceria com”). Não se
depreende ainda, do contexto como um todo, de que forma a parcimônia seria
necessária na atuação do MEC e das escolas, o que confirma se tratar de um desvio
de imprecisão vocabular.

Outros exemplos de imprecisão vocabular podem ser observados na lista abaixo:

abstinência x abstenção

afinidade x finalidade

burocracia x democracia

descriminalizar x discriminar

escultural x estrutural

A lista apresentada é um inventário ilustrativo, e não devemos limitar a avaliação


dos textos a ela. Devemos atentar, sim, ao fato de que usos imprecisos, gerados
pela confusão entre uma palavra e outra, devem ser considerados problemas de
imprecisão vocabular, desde que essa troca esteja clara, isto é, se é possível que o
vocábulo funcione no contexto em questão, não há desvio.
Palavras inexistentes na Língua Portuguesa ou que sofreram alguma alteração
morfológica indevida para que funcionassem no contexto em que foram inseridas
também devem ser consideradas problemas de imprecisão vocabular. Em geral,
esses casos correspondem, por exemplo, a substantivos criados a partir de um
verbo existente na língua, como “registramento” (do verbo “registrar”), ou a
criações como “emboramente” (em “muito emboramente a saúde esteja precária,
as pessoas ainda são atendidas nos postos de saúde”). Constatamos que o
vocábulo “emboramente”, derivado da conjunção “embora”, não existe como
advérbio e foi inadequadamente empregado, gerando um desvio de imprecisão
vocabular.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 61
ATENÇÃO!
Um desvio de grafia é bem mais frequente do que casos que aparentam ser desvios de
escolha vocabular. Assim, variações mínimas na grafia da palavra, ainda que gerem
palavras que também existam na língua, não devem ser consideradas desvios de
escolha vocabular, mas de grafia. Por exemplo, se o participante escreve “encima” (no
lugar de “em cima”), ainda que a forma verbal “encima” exista (do verbo de uso raro
“encimar”), trata-se de um problema de grafia, e não de escolha vocabular imprecisa.

No Exemplo 75, temos um outro caso de escolha lexical imprecisa.

Exemplo 75

Nesse excerto, em que o participante escreve “Pensando nisso, a primeira ação a


ser tomada é informatização das familias e dos conhecidos, que devem
primeiramente entender a situação”, é possível determinar, pelo contexto, que o
participante, na verdade, quis dizer “informação”, como ato de informar alguém.
No contexto em questão, não há como se afirmar que o participante esteja se
referindo ao ato de aplicar os métodos e os recursos da informática a um problema
(isto é, informatizar).

3.5. ORIENTAÇÕES GERAIS


Há algumas orientações, de ordem mais geral, para a correção da Competência I.
Essas diretrizes devem pautar o trabalho dos avaliadores, para que seja realizada
uma avaliação homogênea por parte de toda a equipe.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 62
É importante ressaltar que, apesar de os desvios estarem separados em quatro
categorias, a avaliação da Competência I não leva em consideração essa
classificação para que um determinado nível seja atribuído a um texto, uma vez
que consideraremos tudo como desvio. Contudo, essa classificação é necessária
para casos em que uma mesma palavra apresenta desvios de categorias
diferentes; em situações assim, ambos devem ser contabilizados, como será
explicado na seção 3.5.2, “Mais de um desvio em um mesmo vocábulo”.

3.5.1. Indicações de desvio


Muitas vezes, o participante, ao cometer um desvio em seu texto, usa riscos ou
inscrições, como “sem efeito” ou “digo”, para indicar que uma determinada
palavra ou trecho não deve ser considerado pelo avaliador, conforme destacamos
em pontilhado no Exemplo 76.

Exemplo 76

Nesse caso, o avaliador deve, de fato, desconsiderar o que está destacado, não
avaliando a palavra ou o trecho anterior à inscrição “digo” como desvio de
qualquer ordem.
O participante também pode riscar um erro cometido e reforçar essa indicação
com parênteses, como se observa no Exemplo 77.

Exemplo 77

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 63
Como se observa, o participante utiliza os parênteses, risca a palavra e ainda indica
“nulo” sobre a rasura, redigindo corretamente fora dos parênteses o que
pretendia (“ser”). Indicações assim não devem ser penalizadas, como também
ocorre no Exemplo 78.

Exemplo 78

3.5.2. Mais de um desvio em um mesmo vocábulo


Quando um participante comete desvios de categorias diferentes (por exemplo,
um desvio de convenções da escrita e outro gramatical) ou de subcategorias
diferentes (por exemplo, um desvio de grafia e outro de acentuação) em uma
mesma palavra, devemos considerar tantos quantos forem cometidos, conforme
observamos no Exemplo 79.

Exemplo 79

Nesse exemplo, quando se escreve “[…] nos possuimos limites mas quando são
estrapolado […]”, em “estrapolado”, temos a ocorrência de dois desvios de
categorias diferentes: um desvio de convenções da escrita, pela grafia incorreta, e
um desvio gramatical, devido à concordância incorreta (o correto seria “[…]
quando são extrapolados […]”).

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 64
Quanto aos desvios de subcategorias diferentes, observamos um caso assim no
Exemplo 80.

Exemplo 80

No Exemplo 80, o participante escreve “orgos”, gerando um problema de falta de


acentuação e outro de grafia (“órgãos”). Sendo assim, contabilizam-se dois
desvios, que, embora pertençam à mesma categoria (desvios de convenções da
escrita), são de subcategorias diferentes (acentuação e grafia).
Por outro lado, com exceção dos desvios gramaticais, se uma única palavra (que
aparece uma única vez ou que se repete ao longo do texto) apresenta dois desvios
de uma mesma subcategoria, eles devem ser considerados apenas uma vez. Por
exemplo: se um participante escreve “essessão” em vez de “exceção”, ele comete
desvio em duas sílabas da palavra. No entanto, ambos são relacionados à grafia;
por isso, considera-se apenas um desvio, uma vez que o participante comete um
desvio na grafia da palavra.

3.5.3. Mesmo desvio em palavras repetidas ou com mesmo radical


Como já comentado anteriormente, quando um mesmo desvio ocorrer em
palavras que se repetem ou em palavras de mesmo radical, deve-se considerá-lo
apenas uma vez, conforme o Exemplo 81 a seguir. Há exceção, contudo, no que
diz respeito aos desvios gramaticais, pois estes devem ser penalizados em todas
as ocorrências, ainda que ocorram em palavras repetidas ou com o mesmo radical.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 65
Exemplo 81

Na redação reproduzida no Exemplo 81, o participante escreve “depreção”


repetidas vezes. Por se tratar da mesma palavra (“depressão”) e um desvio de
convenções da escrita, referente à mesma subcategoria (grafia), deve-se
considerar desvio apenas a primeira ocorrência.
Contudo, é importante observarmos que a palavra “depressão” apresenta
também, na linha 17, um novo desvio de outra subcategoria, dessa vez de uso
indevido de inicial maiúscula em substantivo comum. Nesse caso, devemos
contabilizar mais um desvio, pois quando há desvio em uma palavra e essa mesma
palavra reaparece com problema de outra subcategoria, devemos contabilizar um
novo desvio. Notemos, ainda, que, na linha 24, há outra ocorrência de “Depreção”,
dessa vez sem se considerar como desvio, já que o desvio de grafia para essa
palavra foi penalizado na linha 9 e o desvio de uso indevido de inicial maiúscula
também para essa palavra foi penalizado na linha 17.
Observemos o Exemplo 82 a seguir.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 66
Exemplo 82

O participante, no Exemplo 82, não acentua a palavra “saudaveis”, na linha 3, e,


em outro momento, na linha 7, notamos que grafa incorretamente a mesma
palavra (“saldavel”). Assim, mesmo que se trate da mesma palavra, o primeiro
desvio deve ser contabilizado como um desvio de acentuação e o segundo como
um desvio de grafia.
No Exemplo 83, temos ainda um outro caso em que a mesma palavra gerou
desvios por razões diferentes em cada uma das ocorrências no texto.

Exemplo 83

Nesse exemplo, a palavra “tanstono” (“transtorno”) foi grafada incorretamente,


na linha 2, gerando um desvio. Em outro momento do texto, na linha 8, o
participante grafa incorretamente essa mesma palavra, mas de outra forma,
“trastono”, o que não geraria um novo desvio de grafia, já que se trata da mesma
subcategoria de desvio (grafia) em uma mesma palavra. Entretanto, nessa

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 67
ocorrência da linha 8, o participante não fez a concordância com o artigo que
acompanha esse substantivo (“os trastono”), gerando um novo desvio de outra
categoria (desvios gramaticais).

ATENÇÃO!
Desvios de convenções da escrita, de escolha vocabular e de escolha de registro devem
ser contabilizados uma única vez para cada vocábulo com desvio que se repete. Assim,
se o participante escreve “brasil” com letra minúscula e repete o desvio em outro(s)
momento(s) do texto, devemos contar apenas um desvio. Entretanto, desvios
gramaticais devem ser considerados sempre que ocorrerem. Dessa forma, se o
participante escreve “questão à ser combatida” e, num outro momento, escreve
“problema à se discutir”, devem ser considerados dois desvios pelo emprego
inadequado do acento indicativo de crase.

3.5.4. Algumas considerações sobre o nível 5


Não é demais frisarmos que cada competência de avaliação das redações do Enem
se ocupa de questões específicas e que a nota final de uma redação é a soma das
notas atribuídas em cada uma das competências.
Assim, não há um atrelamento de notas entre as competências. Isso significa que,
se uma redação for avaliada no nível 3 da Competência I, ela não necessariamente
deve receber o nível 3 nas outras competências também. Será preciso avaliar cada
competência segundo os critérios estabelecidos em cada uma delas,
independentemente do nível em que a redação foi avaliada na Competência I.
Dito isso, é importante também deixar claro que, se uma redação não alcançou
níveis altos em algumas competências, não significa que ela não possa ser avaliada
no nível 5 da Competência I.
Como observado na Grade Específica da Competência I, o nível 5 é o único que
apresenta, objetivamente, a quantidade de falhas na estrutura sintática e de
desvios aceitos para que uma redação seja avaliada nesse nível (no máximo, uma
falha de estrutura sintática e, no máximo, dois desvios). Como é necessário muito
cuidado para se atribuir esse nível, já que os números estão muito bem
preestabelecidos, algumas considerações devem ser feitas:

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 68
1) uma redação de nível 5 na Competência I não é necessariamente uma
redação nota 1000 – é importante que frisemos isso, pois um texto pode
apresentar um único desvio e nenhuma falha de estrutura sintática, ou seja, ser
nível 5 na Competência I, mas, por não ser bom o suficiente em outras
competências, o avaliador pode ficar com a sensação de estar dando uma nota
muito alta no que tange à escrita formal. Lembremo-nos sempre de que as
competências são avaliadas de maneira independente. Assim, ainda que o
participante alcance nota máxima na Competência I (200 pontos), ele precisará
também ter nota máxima nas demais competências para que alcance a nota 1000;
2) o fato de uma redação ser “melhor que a anterior” não é motivo para se
atribuir o nível 5 da Competência I – não podemos perder de vista o fato de que
as redações não são avaliadas comparativamente, mas segundo os critérios
estabelecidos. Certamente, durante o período de correção dos textos, em que
avaliamos em torno de 100 redações por dia, ficamos com a sensação de que um
texto que não era tão bom ficou no nível 5 da Competência I, e outro que parecia
melhor ficou no nível 4 apenas por apresentar mais de dois desvios. Contudo, é
imperativo estar claro que os critérios de correção não são pessoais, mas são
acordados entre os milhares de avaliadores. Assim, se nos ativermos aos critérios,
injustiças não serão cometidas, pois afastamos os julgamentos pessoais. Dessa
forma, garantimos justiça para todo o universo de textos avaliados. Daí a
importância de observarmos atentamente o que é exposto no curso, analisando
detidamente os exemplos apresentados;
3) uma redação escrita com letra bem pequena e que preenche toda a folha de
redação não deve ser necessariamente avaliada no nível 5 da Competência I –
esses textos exigirão do avaliador um olhar mais minucioso, pois a extensão do
texto, por vezes, pode fazê-lo parecer muito bem escrito. Lembremo-nos de que
o que se está avaliando aqui são a ortografia, a acentuação, a concordância, a
regência verbal e nominal, o uso do acento indicativo de crase etc., bem como a
excelente construção das orações e dos períodos. Nesse sentido, pode ser que
algo passe despercebido aos olhos do avaliador que está diante de um texto com
uma letra muito pequena, mas uma leitura atenta permitirá determinar se se
trata, de fato, de um texto ao qual se pode atribuir o nível 5 na Competência I;

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 69
4) uma redação com letra grande e espaçada pode ser avaliada no nível 5 da
Competência I – também precisamos estar atentos para não nos deixarmos levar
pela aparência do texto (letras grandes, espaçadas ou “feias”, por exemplo) e
acabarmos prejulgando-o como um texto que não pode ser avaliado no nível 5 da
Competência I. Se a redação cumpre o que se exige para esse nível – isto é, não
tem mais de dois desvios e apresenta estrutura sintática excelente –, devemos
atribuir-lhe o nível 5.
Por fim, para que um texto seja avaliado no nível 5, ele não pode se enquadrar em
qualquer uma das seguintes situações:
• nenhuma falha de estrutura sintática e três (ou mais) desvios;

• uma falha de estrutura sintática e três (ou mais) desvios;

• duas (ou mais) falhas de estrutura sintática e nenhum desvio;

• duas (ou mais) falhas de estrutura sintática e um (ou mais) desvios.

Apresentamos abaixo um esquema ilustrado em que há um texto avaliado no nível


5 e outros dois que não podem ser avaliados nesse nível.

REDAÇÃO 1 REDAÇÃO 2 REDAÇÃO 3

XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX
XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX
XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX
XXXXXXXXXXXXX XXXX XXXX XXXXXXXXXXXXX XXXX XXXX XXXXXXXXXXXXX XXXX XXXX
XXXX XXXXX. XXXX XXXXX. XXXX XXXXX.
XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX
XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX
XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX
XXXXXXXXXXXXX XXXX XXX. XXXXXXXXXXXXX XXXX XXX. XXXXXXXXXXXXX XXXX XXX.
XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX
XXXX. XXXXX XXXX XXXX. XXXX. XXXXX XXXX XXXX. XXXX. XXXXX XXXX XXXX.

DESVIOS 2 DESVIOS 3 DESVIOS 1


FALHAS DE ES 1 FALHAS DE ES 0 FALHAS DE ES 2

NÍVEL 5 NÍVEL 4 NÍVEL 4

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 70
3.5.5. Falha de estrutura sintática ou desvio de pontuação?
A avaliação de algumas falhas de estrutura sintática, como a justaposição, e de
alguns desvios, como a separação indevida de sujeito e predicado por vírgula,
pode, por vezes, confundir o avaliador. Apresentamos abaixo um texto em que,
propositadamente, foram inseridas algumas falhas de estrutura sintática e alguns
desvios, para que a diferença entre uma questão e outra fique clara.

A realidade das pessoas com doença mental, exige 1 cada vez mais atenção no nosso país, isso 2
porque, infelizmente, com o crescimento do uso das redes sociais, tem aumentado o número de
pessoas que entram em depressão porque não possuem a mesma vida feliz que é retratada nas
postagens. Causando 3 na sociedade uma necessidade de felicidade momentânea apenas para se
registrar em foto ou vídeo. Isso está inclusive fazendo com que, pessoas 4 se coloquem em risco
em cima de prédios ou outros lugares perigosos para gravar e depois disponibilizar nas redes,
gerando visualizações e, consequentemente, curtidas. Esses comportamentos precisam ser
revistos a partir de 5 mais conscientização entre as pessoas poderemos voltar a ser felizes apenas
por vivermos o momento, sem a necessidade de registrá-los.

- Em (1), temos um desvio, uma vez que houve separação indevida de sujeito
(“A realidade das pessoas com doença mental”) e seu predicado (“exige cada vez
mais atenção no nosso país”);
- em (2), temos uma falha de estrutura sintática, uma vez que a ausência de
um ponto final indicando o fim do período gerou uma justaposição, encadeando
num único período duas ideias que deveriam ser organizadas em períodos
separados;
- em (3), temos outra falha de estrutura sintática, pois a oração iniciada por
gerúndio (“Causando na sociedade uma necessidade de felicidade momentânea
apenas para se registrar em foto ou vídeo”) não poderia constituir período
independente. Ao lermos a oração isoladamente, sem a anterior, percebemos que
ela acaba não fazendo sentido dessa forma, mas carece de uma outra oração;
- em (4), temos um desvio, tendo em vista que a vírgula separou o verbo
“fazer” de seu complemento;
- por fim, em (5), temos mais uma justaposição, que ocorre, dessa vez, sem
qualquer pontuação. Podemos perceber que o adjunto “a partir de mais

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 71
conscientização entre as pessoas” pode compor período com o que vem antes
(“Esses comportamentos precisam ser revistos a partir de mais conscientização
entre as pessoas”) ou com o que vem depois (“a partir de mais conscientização
entre as pessoas poderemos voltar a ser felizes”), havendo necessidade de um
ponto final em algum momento. Essa dupla possibilidade de leitura facilita a
identificação do problema como falha de estrutura sintática.

4. DESCRIÇÃO DOS NÍVEIS


Vistos os elementos que são avaliados na Competência I, tratemos agora dos níveis
dessa Competência e de como eles devem ser atribuídos, segundo o que
pontuamos na seção anterior.
A Matriz de Referência para Redação do Enem propõe a existência de seis níveis
de avaliação. Um texto que não foi anulado por qualquer uma das razões tratadas
no módulo sobre as situações que levam à nota zero será inicialmente avaliado
quanto à modalidade escrita formal da Língua Portuguesa, observando-se a
estrutura sintática e os desvios.
Apresentamos, a seguir, cada um desses níveis, acompanhados do descritor da
Grade Específica da Competência I e de redações que o exemplificam.

4.1. NÍVEL 0 (NOTA 0)


NÍVEL 0

Estrutura sintática inexistente (independentemente da quantidade de desvios).

Conforme abordado nas situações que levam à nota zero, participantes que não
conseguirem, minimamente, formar letras ou palavras terão seus textos anulados
como “texto ilegível”. Por outro lado, se já se identificam palavras e/ou frases
isoladas, nas quais podemos observar estruturas sintáticas mínimas preservadas,
os textos deverão ser corrigidos normalmente e avaliados no nível 0 da
Competência I, desde que não apresentem qualquer outro motivo para serem
anulados.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 72
No Exemplo 84, reproduz-se texto que foi avaliado como nível 0 na Competência
I.

Exemplo 84

Nessa redação, é possível identificar as palavras, as quais apresentam desvios que


não chegam a corresponder a um número expressivo, como a grafia em
aconetecer/acontecer (linha 4) e doenço/doença (linha 5); a acentuação em
paises/países (linha 4) e virus/vírus (linha 5); e a concordância em “muita pessoas”
(linha 8). No entanto, as frases são ininteligíveis na maior parte do texto,
caracterizando a estrutura sintática inexistente, típica do nível 0.
Essa característica – estrutura sintática inexistente – já é motivo para que a
redação seja avaliada no nível 0, pois, de acordo com a Grade Específica, redações
com estrutura sintática inexistente devem ser avaliadas nesse nível,
independentemente da quantidade de desvios. Ainda que seja possível
identificar momentos com estrutura sintática mínima preservada, em que
podemos depreender algo (como nas linhas 10 e 11, “[...] todo dia sociedade ter

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 73
ajuda sua vida cuida”), os períodos são incompletos e predominam frases
ininteligíveis ao longo de todo o texto.
Como nos mostra essa redação, a quantidade de desvios não é fator determinante
para a atribuição do nível 0, uma vez que é a ausência de estrutura sintática que
determinará tal avaliação.
Para efeito de comparação, apresentamos a seguir uma redação que exemplifica
um caso em que há comprometimento da estrutura sintática em alguns
momentos, mas em que predomina uma estrutura sintática deficitária (fato
comprovado pelas diversas falhas de estrutura sintática indicadas com um X na
redação) e não uma estrutura sintática inexistente como ocorre no Exemplo 84.

Exemplo 85

Notemos que nesta redação, mesmo com as justaposições, conseguimos


identificar os elementos oracionais (sujeito, verbo e objeto), em trechos como
“Cada pessoa tem doença mental […]” (linha 1), “[…] as pessoas ficam doentes”
(linha 3). O segundo parágrafo é todo inteligível (apesar das muitas justaposições).
Já parte do primeiro parágrafo (“[…] atinge problema de saúde física depressão
explicação demais […]”) e o terceiro parágrafo estão um pouco mais

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 74
comprometidos, pela ausência de elementos oracionais e pelos desvios
(provavelmente no lugar de “Maiores” seria “Maioria”): “Maiores [d]as pessoas
que tem doença mental e depressão [Isso] atinge Estados Unidos e no Brasil
também e França e Japão”.
Contudo, no Exemplo 85, diferentemente do que ocorre no Exemplo 84, avaliado
no nível 0, há estrutura sintática preservada na maior parte do texto, pois, ainda
que haja diversas falhas, os momentos em que não se identificam os elementos
oracionais não são predominantes.

4.2. NÍVEL 1 (NOTA 40)


NÍVEL 1

Estrutura sintática deficitária COM muitos desvios.

O texto reproduzido no Exemplo 86 corresponde a uma redação que deve ser


avaliada no nível 1 da Competência I.
Apresentamos o Exemplo 86 sem as marcações (86a), para facilitar a leitura, e,
posteriormente, a mesma redação com as devidas marcações de desvios e de
falhas de estrutura sintática (86b).

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 75
Exemplo 86a

Exemplo 86b

Essa redação apresenta estrutura sintática deficitária, pois verificam-se diversas


falhas, as quais prejudicam a fluidez da leitura na maior parte do texto. Essas falhas
são geradas por ausência de elemento sintático (linhas 1 e 2, "A depressao e
quasada [por] muito fatores como a falta de emprego [...]"; linhas 5 e 6, "[...]
muitos não porquera um medico e [por] falta de concimento aquaba pendedo a

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 76
vida [...]") e por justaposição ao longo de todo o texto (linhas 2 a 12, "[...] muita
coisa como veotencia dometica e abuso cecual muitos não sabe que a depressao
e um doessa [...] muitos não porquera um medico e falta de concimento aquaba
pendedo a vida muitas pessoa que descobre que esse doessa tem tratamento coba
sim coidado muitos que não coesse acaba pedendo a sua vida poriso e bom
prucura ajuda logo muito que tem essa doessa fala que não tem muito familia
cofre porque a pessa que esta nuca adimite [...]").
Os desvios são muitos e correspondem a problemas de grafia (linha 1,
depressao/depressão, quasada/causada; linha 2, veotencia/violência; linha 3,
dometica/doméstica, cecual/sexual; linha 4, doessa/doença, cabe/sabe; linha 5,
porqueira/procura; linha 6, concimento/conhecimento, aquaba/acaba,
pendedo/perdendo; linha 8, coba/cobra, coidado/cuidado, coesse/conhece; linha
9, poriso/por isso; linha 10, falo/fala; linha 11, cofre/sofre, pessa/pessoa; linha 12,
nuca/nunca, adimite/admite; linha 13, medeco/médico); de acentuação (linha 1,
e/é; linha 2, veotencia/violência; linha 3, dometica/doméstica; linha 5,
medico/médico; linha 10, tem/têm; linha 11, familia/família; linha 12, esta/está);
de concordância (linha 1, "A depressao e quasada muito [muitos] fatores [...]";
linhas 3 e 4, “[...] muitos não sabe[m] que a depressao e um[a] doessa [...]”; linha
5, “[...] muitos não porquera [procuram] um medico [...]”; linhas 6 a 9, “[...] muitas
pessoa[s] que descobre[m] que esse [essa] doessa tem tratamento coba [cobram]
sim coidado muitos que não coesse [conhecem] acaba[m] pedendo a sua vida
[...]”; linhas 10 a 12, “[...] muito[s] que tem essa doessa fala[m] que não tem muito
[muita] familia cofre porque a pessa que esta nuca adimite [...]”); de pontuação
(ausência de vírgula antes de locução conjuntiva, linhas 8 a 10, “[...] muitos que
não coesse acaba pedendo a sua vida[,] poriso e bom prucura ajuda logo [...]”;
linhas 11 a 13, [...] a pessa que esta nuca adimite que esta com essa doeca[,] porico
não porcura um medeco”; e ausência de vírgula ao se enumerar orações, linhas 3
a 5, “[...] muitos não sabe que a depressao e um doessa[,] cabe que essa doessa
tem cura [...]”); e de separação silábica (linha 7, tratamento).
Relembramos que, com exceção dos desvios gramaticais, se uma mesma palavra
apresentar o mesmo desvio ou desvios diferentes de uma mesma subcategoria
(por exemplo, desvios de grafia), devemos contabilizar apenas um desvio. Assim,
nessa redação, devemos considerar apenas um desvio de grafia em cada uma

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 77
destas palavras: “depressão” (grafada incorretamente nas linhas 1 e 4); “doença”
(grafada como “doessa” nas linhas 4, 7, 10 e como “doeca” na linha 12); formas
do verbo “procurar” (linha 5, porquera/procuram; linha 9, prucura/procurar; linha
13, porcura/procura); “perdendo” (grafada como “pendedo” na linha 6 e como
“pedendo” na linha 9); e “por isso” (linha 9, “poriso”; linha 12, “porico”).
Contudo, é importante ter em mente que, de acordo com a seção 3.5.2, “Mais de
um desvio em um mesmo vocábulo”, quando se verificam desvios de categorias
ou subcategorias distintas em uma mesma palavra, devemos penalizar cada desvio
e cada ocorrência (se se tratar de desvio de outra ordem), como ocorre, por
exemplo, com a palavra “veotencia” (violência”) na linha 2 (desvio de grafia e de
acentuação), “porquera” (“procuram”) na linha 5 (desvio de grafia e de
concordância) e “médico”, grafada “medico” na linha 5 (desvio de acentuação) e
“medeco” na linha 13 (desvio de grafia).
Assim, por cumprir integralmente o descritor do nível 1, estrutura sintática
deficitária com muitos desvios, esse texto deverá ser avaliado nesse nível.
No Exemplo 87, também temos uma redação que deve ser avaliada no nível 1 da
Competência I.
Da mesma forma como fizemos com a redação anterior, apresentaremos o
Exemplo 87 sem as marcações, para facilitar a leitura (87a), e, posteriormente,
com as devidas marcações de desvios e de falhas de estrutura sintática (87b).

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 78
Exemplo 87a

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 79
Exemplo 87b

A estrutura sintática desse texto deve ser avaliada como deficitária, pois verificam-
se diversas falhas, as quais prejudicam a fluidez da leitura na maior parte do texto.
Essas falhas são geradas por justaposição (linhas 3 a 5, “[...] pra quei entende o
siginificado sabe do que seguinifica este asunto e muito importante pra todos”;
linhas 6 e 7, “A salde mental pode vim con vivencia famihia deariamente a mente
humana mudar [...]” – ressaltamos que “deariamente” pode compor período com
o que vem antes (“A salde mental pode vim con vivencia famihia deariamente”)
ou com o que vem depois (“deariamente a mente humana mudar”), de modo que
a justaposição gera uma dupla possibilidade de leitura; linhas 8 a 15, “[...] muis
vezes tem pesoas que não tem uma saude mentail muito boa na mairias das vezes
as pesos demostra sua salde mental como alegre cundo estra trite como toda
pesoa tem um equilibro da mente mas niguem controla sua emocoes mental na
maioria das vezes as pesóa tenta mostra que tar bem [...]”; por excesso de
elemento sintático (linhas 7 e 8, “deariamente a mente humana mudar pela as
emcoco esnoçoes de alegia tristreza [...]”; por duplicação de palavra (linhas 7 e 8,
“deariamente a mente humana mudar pela as emococo esmoçoes de alegia

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 80
tristreza [...]”; e por ausência de elemento sintático (linhas 15 e 16, “[...] mas sua
saude mental demostra[-se] con sua esprecão de falar”).

Os desvios são muitos e dizem respeito a problemas de grafia (linha 2, s


aude/saúde, pesoas/pessoas, doenca/doença; linha 3, mais/mas, quei/quem,
siginificado/significado; linha 4, asunto/assunto; linha 6, vim/vir, con/com,
famihia/familiar; linha 7, deariamente/diariamente, mudar/muda,
emcoco/emoções; linha 8, alegia/alegria, tristreza/tristeza, muis/muito; linha 9,
mentail/mental; linha 10, mairias/maioria, demostra/demonstra; linha 11,
cundo/quando, estra/estão; linha 12, trite/triste, equilibro/equilíbrio; linha 13,
niguem/ninguém; linha 14, mostra/mostrar; linha 15, con/com; linha 16,
esprecão/expressão); de acentuação (linha 2, s aude/saúde; linha 4, e/é; linha 6,
vivencia/vivência; linha 9, tem/têm; linha 12, equilibro/equilíbrio; linha 13,
niguem/ninguém; linha 14, pesóa/pessoa); de informalidade (linha 2, pra/para;
linha 15, tar/está); de pontuação (ausência de vírgula antes de conjunção, linhas
2 e 3, “A s aude mental pra muitas pesoas é uma doença[,] mais pra quei entende
o siginificado [...]”; linhas 12 e 13, “[...] como toda pesoa tem um equilibro da
mente[,] mas niguem controla sua emocoes mental [...]”; linhas 14 a 16, “[...] as
pesóa tenta mostra que tar bem[,] mas sua saúde mental demostra con sua
esprecão de falar [...]”; e ausência de vírgula em adjunto adverbial longo, linhas 10
e 11, “[...] na maiorias das vezes[,] as pesos demostra sua salde mental como
alegre [...]”; e linhas 14 e 15, “[...] na maioria das vezes[,] as pesóa tenta mostra
que tar bem [...]”); de regência (linhas 3 e 4, “[...] quei entende o siginificado sabe
do [o] que seguinifica este assunto [...]”); e de concordância (linhas 10 e 11, “[...]
na maiorias das vezes as pesos demostra [demonstram] sua salde mental como
alegre cuando estra trite [tristes] [...]”; linhas 12 e 13, “[...] toda pesoa tem um
equilibro da mente mas niguem controla sua emocoes [emoção] mental [...]”;
linhas 14 e 15, “[...] na maioria das vezes as [a] pesóa tenta mostra que tar bem
[...]”).

Assim, por cumprir integralmente o descritor do nível 1, estrutura sintática


deficitária com muitos desvios, esse texto deverá ser avaliado nesse nível.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 81
4.3. NÍVEL 2 (NOTA 80)
NÍVEL 2

Estrutura sintática deficitária OU muitos desvios.

O Exemplo 88 corresponde a um texto que deve ser avaliado no nível 2 da


Competência I.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 82
Exemplo 88

Nesse exemplo, temos estrutura sintática deficitária devido às diversas falhas ao


longo de todo o texto, geradas principalmente por justaposição, já que o
participante elabora integralmente o seu texto sem ponto final (linhas 1 a 3, “A
nossa sociedade se priva muito de ter conhecimentos sobre doenças mentais que
pode surgir na própria pessoa ou alguém próximo, quando a pessoa está passando
por anciedade, depressão, transtorno bipolar [...]”; linhas 7 a 13, “[...] são
rôtulados como está é de “frescura”, alguém depressivo por exemplo, ele

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 83
demonstra sinais de comportamento, atitudes e também através de redes sociais
como desabafo, a depressão e outras doenças mentais já existiam, porém, não
tinha tantas pesquisas, profissionais qualificados, informações e casos registrados
como temos hoje, por causa dessa evolução é muito mais fácil procurar ajuda [...]”;
linhas 15 a 27, “[...] pedir ajuda de um profissional da área, a nossa sociedade sabe
que existe mais prefere tratar isso como algo banal, os seres humanos cuidam da
saúde fisica e esquece a saúde mental, sendo que se nosso cabeça não estiver
saúdavél o nosso corpo vai ser afetado também, temos que normalizar a terapia
[...] todos os seres humanos temos alguma frustação [...] mas nem sempre
conseguimos superar sozinhos, é importante ter psicologos [...] assim minimiza ter
algum transtorno no futuro, se a sociedade abrir mais a mente [...] podemos evitar
que pessoas se matem, ajudar o outro a superar ou procurar ajudar [...]”). Além
das justaposições, verificam-se falhas geradas por ausência de elemento sintático
(linhas 5 a 8, “[...] então a população acha que ficar doente, triste, não sair de casa,
não socializar, ficar no quarto, se isolar, surtar, tremer, ter crise de anciedade,
coração acelerado são rôtulados [?] como está é de ‘frescura’ [...]”; linhas 15 e 16,
“[...] a nossa sociedade sabe que existe [o quê?] mais prefere tratar isso como algo
banal [...]”); e por excesso de elemento sintático (linhas 8 e 9, “[...] alguém
depressivo por exemplo, ele demonstra [alguém depressivo, por exemplo,
demonstra] sinais de comportamento [...]”).

Dado o conjunto textual apresentado pelo participante, os desvios são alguns e


correspondem a problemas de concordância (linhas 1 e 2, “A nossa sociedade se
priva muito de ter conhecimentos sobre doenças mentais que pode [podem]
surgir na própria pessoa [...]”; linhas 2 a 5, “[...] quando a pessoa está passando
por anciedade, depressão, transtorno bipolar crises, não conseguem [consegue]
identificar os comportamentos que demonstre [demonstrem] algumas dessas
doenças [...]”; linhas 17 e 18, “[...] os seres humanos cuidam da saúde fisica e
esquece [esquecem] a saúde mental [...]”; linhas 21 a 23, “[...] todos os seres
humanos temos [têm] alguma frustação que vivemciamos [vivenciam] em alguma
parte de nossas [suas] vidas, mas sem sempre conseguimos [conseguem] superar
sozinhos [...]”; linha 24, “[...] observando o comportamentos [comportamento]
delas [...]”); de regência (linhas 1 e 2, “A nossa sociedade se priva muito de ter
conhecimentos sobre doenças mentais que pode surgir na própria pessoa ou [em]
alguém próximo [...]”); de grafia (linha 3, anciedade/ansiedade; linha 16,

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 84
mais/mas; linha 21, vivemciamos/vivenciamos; linha 29, frustações/frustrações);
de separação silábica (linha 5, doente); de acentuação (linha 7,
rôtulados/rotulados; linha 17, fisica/física; linha 18, saúdavél/saudável; linha 20,
psicológo/psicólogo; linha 21, os/nós); de pontuação (ausência de vírgula isolando
adjunto adverbial longo, linhas 12 e 13, “[...] por causa dessa evolução[,] é muito
mais fácil procurar ajuda [...]”; ausência de vírgula antes de conjunção, linhas 15 a
17, “[...] a nossa sociedade sabe que existe[,] mais prefere tratar isso como algo
banal [...]”; linhas 24 e 25, “[...] observando o comportamentos delas[,] assim
minimiza ter algum transtorno no futuro [...]”; linhas 28 e 29, “[...] incluir terapia
nas nossas vidas[,] para que podemos viver com nossas frustações [...]”); ausência
de vírgula isolando oração intercalada, linhas 17 a 19, “[...] os seres humanos
cuidam da saúde fisica e esquece a saúde mental, sendo que[,] se nosso cabeça
não estiver saúdavél[,] o nosso corpo vai ser afetado também [...]”); e de modo
verbal (linha 29, podemos/possamos).

Assim, por apresentar estrutura sintática deficitária, descritor que consta do nível
2, e alguns desvios, descritor que consta do nível 3, o texto deve ser avaliado no
nível inferior, isto é, no nível 2.
Apresentamos, no Exemplo 89, outro texto que deve ser avaliado no nível 2 da
Competência I.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 85
Exemplo 89

A estrutura sintática desse texto apresenta algumas falhas, as quais prejudicam a


fluidez da leitura e caracterizam a estrutura sintática como regular. Essas falhas
são geradas por justaposição (linhas 7 a 9 , “Hoje o Brasil olcupa um dos primeiros
lugares quando o assunto é depressão, um sorriso que esconde uma dor, um chora
[…]”, linhas 11 a 16, “Depressão não tem idade, sexo ou clase social, todos estão
vuneraveis a essa doença, pessoas que tiram a sua propria vida, são inguinoradas
pela sociedade muitas vezes o que eles precisava era um abraço [...]”; linhas 20 a
27, “A sociedade precisa deicha o preconceito de lado e ajuda quem precisa de

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 86
atenção e carinho, não descarte a pocibildidade de um amigo ou família ter
depresão ob iserve e ajude, essa Doença não e brincadeira eu já tive e hoje estou
curada graças a Deus e a familiares e amigos.”; e linhas 28 e 29, “Ajude não
critique, alguem do seu lado pode está pasando por isso”).

Os desvios são muitos e correspondem a problemas de acentuação (linha 1,


ultimos/últimos, vem/vêm; linha 12, vuneraveis/vulneráveis; linha 14,
propria/própria; linha 17, alguem/alguém; linha 25, e/é); de pontuação (ausência
de vírgula em adjunto adverbial longo, linhas 1 e 2, “Nos ultimos anos[,] as doenças
mentais vem se alastrando [...]”; ausência de vírgula em enumerações, linhas 15 a
17, “[...] muitas vezes o que eles precisava era um abraço[,] uma palavra de
carinho [...]”; linhas 22 a 24, “[...] não descarte a pocibilidade de um amigo ou
familia ter depresão[,] ob iserve e ajude [...]”; linhas 28 a 30, “Ajude[,] não critique,
alguem do seu lado pode está pasando por isso. Depressão não é frescura[,] é uma
Doença”); de grafia (linha 3, mas/mais; linha 4, transtono/transtorno; linha 6,
para/parar; linha 7, olcupa/ocupa; linha 9, chora/choro; linha 10,
ningém/ninguém, ver/vê; linha 12, clase/classe, vuneraveis/vulneráveis; linha 14,
inguinoradas/ignoradas; linha 18, comprendese/compreendesse,
ajudace/ajudasse, envrentar/enfrentar; linha 20, deicha/deixar; linha 21,
ajuda/ajudar; linha 22, pocibilidade/possibilidade; linha 23, familia/familiar,
depresão/depressão; linha 24, ob iserve/observe; linha 29, está/estar,
pasando/passando); de hífen (ausência de hífen na translineação, linha 3,
desenvolvendo); de separação silábica (linha 3, desenvolvendo; linha 10, pessoas;
linha 21, atenção); de concordância (linhas 13 a 18, “[...] pessoas que tiram a sua
propria vida são inguinoradas pela sociedade muitas vezes o que eles [elas]
precisava [precisavam] era um abraço uma palavra de carinho, alguem que a [as]
comprendese e que lhe [lhes] ajudace [...]”); de emprego de pronome (linhas 13
a 18, “[...] pessoas que tiram a sua propria vida são inguinoradas pela sociedade
muitas vezes o que eles precisava era um abraço uma palavra de carinho, alguem
que a comprendese e que lhe [as] ajudace a envrentar tudo isso”); de regência
(linhas 15 a 17, “[...] muitas vezes o que eles precisava era [de] um abraço uma
palavra de carinho [...]”); de paralelismo sintático (linhas 22 a 24, “[...] não
descarte a pocibilidade de um amigo ou [um] familia ter depresão [...]”); e de letra
inicial maiúscula indevida (linha 24, Doença/doença).

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 87
Assim, por apresentar uma característica do nível 2, muitos desvios, e uma do
nível 3, estrutura sintática regular, o texto deve ser avaliado no inferior, isto é, o
nível 2.

ATENÇÃO!
O que está escrito fora da área reservada para a redação não deve ser avaliado. Assim,
no Exemplo 89, devemos desconsiderar o que extravasou para as margens da folha e
penalizar a falta de hífen, na linha 3, por não haver indicação de translineação da
palavra “desenvolvendo”.

Outra redação que deve ser avaliada no nível 2 pode ser observada no Exemplo
90.

Exemplo 90

Nessa redação, a estrutura sintática deve ser avaliada como regular, pois
apresenta algumas falhas que prejudicam a fluidez da leitura. Essas falhas são
geradas por excesso de elemento sintático (linhas 1 e 2, “Na sociedade que
vivemos muitas pessoas que acreditam [muitas pessoas acreditam] que doenças
mentais são “frescuras” [...]”); por justaposição (linhas 1 a 5, “Na sociedade que
vivemos muitas pessoas que acreditam que doenças mentais são “frescuras”, Por

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 88
conta disso muitas pessoas cai em depressão pois elas não recebem ajuda e apoio
adequados, no Brasil as principais vitimas são as mulheres [...]”); e por duplicação
de elemento sintático (linhas 7 e 8, “Muitas pessoas pessoas na tentativa de se
encaixar nos padroes [...]”). Além de algumas falhas, que, diante do conjunto
textual apresentado pelo participante, tornam a estrutura sintática regular, o
texto apresenta predominância de parágrafos formados por período único
(primeiro e terceiro parágrafos), o que também caracteriza a regularidade da
estrutura sintática.

Os desvios, também tendo em vista o conjunto textual produzido, são muitos e


correspondem a problemas de regência (linha 1, “Na sociedade [em] que vivemos
[...]”); de pontuação (ausência de vírgula em adjunto adverbial longo, linha 1, “Na
sociedade que vivemos[,] muitas pessoas [...]”; linhas 2 e 3, “Por conta disso[,]
muitas pessoas cai em depressão [...]”; e linha 10, “Hoje em dia[,] tem muitos
meios [...]”; ausência de vírgula em oração intercalada, linhas 7 a 9, “Muitas
pessoas pessoas[,] na tentativa de se encaixar nos padroes da sociedade[,] acaba
se frustrando mais [...]” – reforçamos que, nesse caso, embora haja ausência de
duas vírgulas isolando a oração intercalada, devemos contabilizar um único
desvio); de letra inicial maiúscula indevida (linha 2, Por/por); de concordância
(linhas 2 e 3, “Por conta disso muitas pessoas cai [caem] em depressão [...]”; linhas
7 a 9, “Muitas pessoas pessoas na tentativa de se encaixar nos padroes da
sociedade acaba[m] se frustrando mais [...]”; linhas 10 e 11, “Hoje em dia tem
muitos meios para ser tratado [serem tratadas] essas doenças com psiquiatria.
existe [existem] tambem outros meios”); de acentuação (linha 4, vitimas/vítimas;
linha 6, pais/país; linha 7, America/América; linha 11, psíquiatria/psiquiatria,
tambem/também); de letra inicial minúscula indevida (linha 7, latina/Latina; linha
11, existe/Existe); e de grafia (linha 8, padroes/padrões; linha 9,
priorando/piorando).

Assim, por apresentar estrutura sintática regular (nível 3) e muitos desvios (nível
2), a redação deve ser avaliada no nível inferior: nível 2.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 89
4.4. NÍVEL 3 (NOTA 120)
NÍVEL 3

Estrutura sintática regular E alguns desvios.

O Exemplo 91 apresenta características que determinam sua avaliação no nível 3


da Competência I.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 90
Exemplo 91

Esse texto apresenta estrutura sintática regular, pois nele se verificam algumas
falhas, geradas por justaposição (linhas 5 a 8, “Isso acontece por uma falha dos
neurotransmissores, o desconhecimento e a falta de sensibelidade da população
dificulta a vida do deficiente”); por ausência de elemento sintático (linhas 10 a 11,
“O jovem sofre com o problema psicológico desda [a] infância […]”; linhas 21 e 22,
“Contudo pode[-se] levar o caso do Dileira como exemplo [...]”; linhas 25 e 26,
“[...] sem a ideia do deficeinte louco e encaminhando [a quem?] o tratamento”) e

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 91
por truncamento (linhas 25 a 27, “[...] sem a ideia do deficeinte louco e
encaminhando o tratamento. Tornando o Brasil uma nação mais acolhedora e
protetora a todos”).

Os desvios são alguns e dizem respeito a problemas de acentuação (linha 2,


Sindrome/Síndrome; linha 19, problêma/problema); de grafia (linha 4,
portardor/portador; linha 5, encontroláveis/incontroláveis; linha 7,
sensibelidade/sensibilidade; linha 11, desda/desde a; linha 12, toxado/tachado;
linha 18, oque/o que, conculminar/culminar; linha 20, suecídio/suicídio; linha 24,
tornar/torna, infomativo/informativo; linha 25, deficeinte/deficiente; linha 27,
acoledora/acolhedora); de concordância (linhas 6 a 8, “[...] o desconhecimento e
a falta de sensibelidade da população dificulta [dificultam] a vida do paciente”);
de pontuação (ausência de vírgula em adjunto adverbial longo, linhas 12 e 13, “Em
sua cidade[,] foi toxado de louco [...]”; e de regência (linhas 12 a 14, “Em sua
cidade foi toxado de louco por conta da sua condição, que acabou acarretando em
uma [acarretando uma] depressão”; linhas 18 a 20, “A falta de saber pode
conculminar em outros problêmas mentais ou até mesmo o [no] suecídio do
deficiente”).

Dessa forma, essa redação é avaliada no nível 3 (estrutura sintática regular e


alguns desvios).
Outro texto que deve ser avaliado no nível 3 da Competência I é reproduzido no
Exemplo 92.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 92
Exemplo 92

No Exemplo 92, observam-se algumas falhas, as quais prejudicam a fluidez da


leitura e caracterizam a estrutura sintática como regular. Essas falhas são geradas
por justaposição (linhas 1 e 2, “Casos de doenças mentais vêm crescendo com o
passar dos anos, muito se deve às pessoas se preocuparem [...]”; linhas 11 a 13,
“No Brasil doentes mentais com casos sérios são geralmente excluidos na
sociedade, poucos casos de inclusão destas pessoas acontecem [...]”; linhas 16 a
21, “[...] sem o acompanhamento de um cuidador, isso é muito bom [...] afim de
não gerar constrangimento e preconceito, essa atitude mostra o quão longe

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 93
estamos da exclusão da imagem atual [...]”); e por ausência de elemento sintático
(linhas 1 a 4, “Casos de doenças mentais vêm crescendo com os passar dos anos,
muito [disso] se deve às pessoas se preocuparem cada vez mais com sua saúde
mental, procurarem [algo] e serem diagnósticadas [...]”).

Os desvios são poucos e correspondem a problemas de acentuação (linha 4,


diagnósticadas/diagnosticadas; linha 12, excluidos/excluídos; linha 28,
possuí/possui); de pontuação (ausência de vírgula isolando adjunto adverbial
longo, linhas 4 e 5, “A exemplo da depressão, que[,] hoje em dia[,] grande parte
da população [...]”; ausência de vírgula em oração intercalada, linhas 14 a 16, “Mas
há casos de pessoas que[,] com o uso de alguns remédios, conseguem manter uma
vida normal [...]”); de concordância (linhas 5 a 7, “[...] grande parte da população
já consegue perceber o quanto é perigosa essa doença e procuram [procura] ajuda
[...]”; linhas 26 a 28, “[...] as pessoas com doenças mentais são cidadãos como
qualquer um, que possuí [possuem] direitos e deve ser tratada [devem ser
tratadas] com respeito); e de grafia (linha 19, afim/a fim).
Por apresentar características de dois níveis diferentes, poucos desvios (nível 4) e
estrutura sintática regular (nível 3), o texto deve ser avaliado no nível inferior;
portanto, sua avaliação recai sobre o nível 3.
Trazemos, no Exemplo 93, mais um texto que deve ser avaliado no nível 3 da
Competência I.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 94
Exemplo 93

Nessa redação, a estrutura sintática deve ser avaliada como boa por apresentar
apenas duas falhas, de modo que a fluidez da leitura está preservada na maior
parte do texto. A falhas são geradas por truncamento (linhas 14 a 17, “Uma das
formas de ajudar com os transtornos, é criar campanhas de apoio, buscando com
que as pessoas que tenham as tais, sintam-se seguras para falar, assim, amnizarem
o mal que sentem. Criar mais campanhas de amor à vida [...]) e por ausência de
elemento sintático (linhas 19 e 20, “E o mais importante [é] motivar praticar mais
a empatia e o respeito ao próximo”).

Os desvios são alguns e correspondem a problemas de concordância (linhas 1 e 2,


“Mais presente[s] do que imagina-se, os transtornos psicológicos estão presentes
[...]”; linhas 7 a 10, “Com tal situação, o número e a intensidade de transtornos
aumentou [aumentaram] muito, uma vez que, na necessidade de isolar-se em casa

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 95
as pessoas entram em um contato muito maior consigo mesma [mesmas] [...]”);
[...]”); de emprego de pronomes (linhas 1 e 2, “Mais presente do que imagina-se
[do que se imagina], os transtornos psicológicos estão presentes [...]”; linha 18,
“[...] uma vez que sabe-se [que se sabe] [...]”); de pontuação (vírgula separando
sujeito e predicado, linhas 2 e 3, “Cerca de 80%, tem algum tipo de abalo
emocional [...]”; linhas 15 e 16, “[...] buscando com que pessoas que tenham as
tais, sintam-se seguras [...]”; ausência de vírgula isolando oração intercalada,
linhas 7 a 9, “Com tal situação, o número e a intensidade de transtornos aumentou
muito, uma vez que, na necessidade de isolar-se em casa[,] as pessoas [...]”; vírgula
separando verbo e complemento, linha 10, “[...] aumentando assim, todas
emoções sentidas”; vírgula separando sujeito e predicativo, linhas 14 e 15, “Uma
das formas de ajudar com os transtornos, é criar campanhas [...]”; ausência de
parêntese, linhas 18 e 19, “[...] para evitar suícidios (uma vez que sabe-se que é
um problema diretamente ligado à depressão[)]”); de crase (linhas 3 e 4, “[...] seja
o mesmo de grau pequeno à [a] alto [...]”; de regência (linhas 4 a 6, “Um dos
fatores que propiciou muito esse fato é o cenário atual ao [no] qual se encontra o
pais, a pandemia”; linhas 15 e 16, “[...] buscando com que [buscando que] pessoas
que tenham as tais [...]”; linhas 19 e 20, “E o mais importante motivar [a] praticar
mais a empatia e o respeito ao próximo”); de grafia (linha 11,
anciedade/ansiedade; linha 12, psicólogo/psicológico; 16,
amnizarem/amenizarem); e de acentuação (linha 18, suícidios/suicídios).

Assim, por apresentar características de dois níveis diferentes, estrutura sintática


boa (nível 4) e alguns desvios (nível 3), a avaliação deve ficar no nível inferior:
nível 3.
Nos exemplos a seguir, apresentamos redações que devem ser avaliadas no nível
3 da Competência I porque os parágrafos são formados integral (Exemplo 94) ou
predominantemente (Exemplo 95) por período único.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 96
Exemplo 94

A estrutura sintática apresenta uma única falha, gerada por ausência de elemento
sintático (linhas 1 a 3, “Fala-se muito de depressão, mas a forma com que tentam
rotular [rotulá-la] ainda não trouxe nenhuma clareza a população [...]”). Contudo,
embora se verifique apenas uma falha, todos os parágrafos são compostos por
período único, o que caracteriza a estrutura sintática como regular.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 97
Os desvios são poucos e dizem respeito a problemas de crase (linhas 1 a 3, “[...] a
forma com que tentam rotular ainda não trouxe nenhuma clareza a [à] população
[...]”); de pontuação (ausência de vírgula isolando oração intercalada, linhas 1 a 5,
“[...] a forma com que tentam rotular ainda não trouxe nenhuma clareza a
população e[,] sem o devido conhecimento[,] não é possível ajudar [...]” –
reforçamos que, nesse caso, embora haja ausência de duas vírgulas, devemos
considerar um único desvio); de acentuação (linha 24, tem/têm); e de grafia (linha
19, absolve/absorve; linha 24, desiquilíbrio/desequilíbrio).
Dessa forma, já que se trata de um texto com características de dois níveis
diferentes, poucos desvios (nível 4) e estrutura sintática regular (nível 3) – por
apresentar integralmente parágrafos compostos por períodos únicos –, deve-se
avaliá-lo no nível inferior; portanto, sua avaliação recai sobre o nível 3.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 98
Exemplo 95

A estrutura sintática da redação presente no Exemplo 95 apresenta apenas duas


falhas, ocasionadas por truncamento (linhas 15 a 17, “[...] a doença mental não é
considerada apenas a depressão, como também ansíedade e transtorno bipolar.
Sendo assim em conjunto, um dos problemas de saúde [...]”); e por justaposição
(linhas 19 a 21, “Enfim, o artigo 196 da Constituição Federal é bem claro em
estabelecer que: ‘A saúde é um direito de todos e dever do estado...’, diante desse
cenário, seria eficaz [...]”). Contudo, embora se verifique apenas duas falhas (o que
possibilitaria avaliar essa estrutura sintática como boa), nesse texto há

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 99
predominância de parágrafos formados por período único (primeiro, segundo,
terceiro e quinto parágrafos), o que caracteriza a estrutura sintática como regular.

Os desvios são poucos e dizem respeito a problemas de acentuação (linha 1, ás/às;


linha 5, America/América; linha 11, possuí/possui; linha 16, ansíedade/ansiedade);
de grafia (linha 3, Oganizacao/Organização; linha 24, pscológica/psicológica); de
pontuação (vírgula separando verbo e complemento, linha 17, “Sendo assim em
conjunto, um dos problemas de saúde [...]”); e de letra inicial minúscula indevida
(linha 21, estado/Estado).
Como se verificam características de dois níveis diferentes, poucos desvios (nível
4) e estrutura sintática regular (nível 3) – por apresentar predominância de
parágrafos compostos por período único –, o texto deve ser avaliado no nível
inferior; portanto, sua avaliação recai sobre o nível 3.
Por fim, no Exemplo 96, também apresentamos uma redação que deve ser
avaliada no nível 3.

Exemplo 96

Nesse texto, observamos uma única falha, gerada por justaposição (linhas 1 a 3,
“Eu penso da seguinte maneira e levo a vida assim, a partir do momento que você
se preocupa muito [...]”). Contudo, a redação é composta de parágrafo formado
por período único, característica que torna a estrutura sintática regular.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 100


Os desvios, dado o conjunto textual apresentado pelo participante, são alguns e
correspondem a problemas de regência (linhas 2 e 3, “[...] a partir do momento
[em] que você se preocupa muito com a opinião dos outros [...]”); de pontuação
(ausência de vírgula isolando oração deslocada, linhas 2 a 5, “[...] a partir do
momento que você se preocupa muito com a opinião dos outros sobre a sua vida
e tenta ser igual a eles[,] você começa a desenvolver muitas frustrações [...]”); de
grafia (linha 5, frustações/frustrações); de concordância (linhas 6 e 7, “[...]
desenvolver doenças mentais tal [tais] como a depressão [...]”); de crase (linhas 7
a 9, “[...] por nunca conseguir ser alguém igual a [à] pessoa que a sociedade peça
que você seja”); e de modo verbal (linha 9, peça/pede).
Dessa forma, esse texto deve ser avaliado no nível 3 por cumprir integralmente o
descritor desse nível: alguns desvios e estrutura sintática regular – por
apresentar um único parágrafo, que é formado por período único.

4.5. NÍVEL 4 (NOTA 160)


NÍVEL 4

Estrutura sintática boa E poucos desvios.

O Exemplo 97 apresenta um caso de texto que deve ser avaliado no nível 4 da


Competência I.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 101


Exemplo 97

Dado o conjunto textual apresentado pelo participante, as falhas presentes no


texto caracterizam a estrutura sintática como boa. Verificam-se falhas geradas por
ausência de elemento sintático (linhas 7 a 10, “Nesse contexto, tendo em vista
que só no Brasil mais de 11,5 milhoes de pessoas enfrentam a depressão, de
acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde, [a depressão]
deve ser considerada umas das doenças mais severas da sociedade brasileira”); e
por truncamento (linhas 17 a 19, “[...] doença que priva do portador, a liberdade

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 102


de estar em um ambiente bem movimentado sem ter um ataque de modo
automático. Gerando também, o medo de ser julgado por agir de tal modo [...]”;
linhas 24 a 29, “Portanto, cabe ao Estado em conjunto ao Ministério da Saúde,
promover campanhas de divulgação dos príncipais traços de doenças mentais e
de como recorrer à ajuda. Por meio de melhoras nos hospitais psiquiátricos
públicos [...] executado tanto por psicológico quanto por psiquiatras. Com o efeito
de que assim o estigma sobre doenças mentais na sociedade seja algo [...]”).
Os desvios são poucos e dizem respeito a problemas de pontuação (vírgula
separando nome e complemento, linhas 4 e 5, “Logo, ao se deparar com algo fora,
do seu considerado “padrão” ou até “normal [...]”; vírgula separando verbo e
complemento, linha 17, “[...] doença que priva do portador, a liberdade [...]”; linha
19, “Gerando também, o medo de ser julgada por agir de tal modo [...]”; vírgula
separando pronome e substantivo, linhas 20 e 21, “[...] se sujeitar a ser filmada e
ter sua, crise exposta na internet”; vírgula separando sujeito e predicado, linha 24
e 25, “Portanto, cabe ao Estado em conjunto ao Ministério da Saúde, promover
campanhas [...]”; e ausência de vírgula isolando adjunto adverbial longo, linha 7,
“Nesse contexto, tendo em vista que[,] só no Brasil[,] mais de 11,5 milhoes [...]”;
linhas 11 a 13, “Dessa forma, pessoas que não estão mentalmente saudáveis se
cobram uma forma perfeição que[,] muitas das vezes[,] nem existe [...]” – nesses
casos, ressaltamos que, embora haja ausência de duas vírgulas, devemos
contabilizar apenas um desvio); de crase (linha 6, “[...] o qual é inaceitável perante
à [a] tantos avanços sociais”); de grafia (linha 7, milhoes/milhões); de regência
(linhas 11 a 13, “Dessa forma, pessoas que não estão mentalmente saudáveis se
cobram [de] uma forma perfeição que muitas das vezes nem existe [...]”; linha 17,
“[...] doença que priva do portador, a liberdade [o portador da liberdade] [...]”);
de acentuação (linha 25, príncipais/principais); de paralelismo sintático (linhas 26
a 28, “[...] palestras educacionais nas escolas e comunidades sobre como lidar
melhor com os desafios e [os] problemas da vida [...]”); e de concordância (linhas
26 a 28, “Por meio de melhoras nos hospitais psiquiátricos públicos, palestras
educacionais nas escolas e comunidades sobre como lidar melhor com os desafios
e problemas da vida, executado [executadas] tanto por psicológico quanto por
psiquiatras”).

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 103


Portanto, essa redação é avaliada no nível 4 (estrutura sintática boa e poucos
desvios).

O Exemplo 98, a seguir, também é avaliado no nível 4 da Competência I.

Exemplo 98

No que diz respeito à estrutura sintática desse texto, não verificamos falha,
característica que possibilitaria avaliarmos a estrutura sintática como excelente.
Contudo, embora não haja falhas, a estrutura sintática não é elaborada com a
complexidade esperada para ser avaliada como excelente, com subordinações e
orações intercaladas, o que torna a estrutura sintática boa. É importante termos
em mente que, além de não apresentar mais de uma falha, a estrutura sintática
deve demonstrar certa complexidade na elaboração dos períodos para que seja
avaliada como excelente.
Os desvios são poucos e correspondem a problemas de acentuação (linha 3,
varias/várias; linha 7, consequencias/consequências, linha 9, serias/sérias) e de
pontuação (ausência de vírgula isolando oração deslocada, linhas 11 e 12,
“Enquanto as pessoas não levarem isso a serio[,] vão ter medo de procurar ajuda
[...]”).
Sendo assim, essa redação é avaliada no nível 4 (estrutura sintática boa – sem
complexidade – e poucos desvios).

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 104


Com o Exemplo 99, ilustramos outra redação que deve ser avaliada no nível 4.

Exemplo 99

No Exemplo 99, verifica-se estrutura sintática excelente, sem qualquer falha. Além
da ausência de falhas, os períodos são construídos com a complexidade esperada
para que a estrutura sintática seja avaliada como excelente, com subordinações e
orações intercaladas, o que revela o domínio do participante na elaboração dos
períodos.
Os desvios, por sua vez, são poucos e correspondem a problemas de regência
(linhas 6 e 7, “[...] os estigmas contra tais pessoas também foram fomentados,

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 105


corroborando no [o] aprofundamento do quadro clínico delas”; linhas 10 e 11,
“Potencializadas pelas tecnologias de informações, a atualidade torna-se,
paulatinamente, na [a] era da ‘desinformação’ e do ‘parecer antes do ser’”; linhas
12 e 13, “Os estigmas que hoje assolam pessoas com ansiedade, por exemplo, são
modelados por uma sociedade brasileira negligentes a [com] tais indíviduos”); de
acentuação (linha 13, indíviduos/indivíduos); de concordância (linhas 21 a 23,
“Não só elas oferecem informação e sensibilização sobre tais assuntos ao público
geral, quebrando estigmas, como oferece [oferecem] conforto e identificação a
aqueles que realmente sofrem com tais doenças”); de crase (linha 23, “[...] oferece
conforto e identificação a aqueles [àqueles] que realmente sofrem com tais
doenças”); e de grafia (linha 28, esteriótipos/estereótipos).
Por apresentar características de dois níveis diferentes, poucos desvios (nível 4) e
estrutura sintática excelente (nível 5), o texto deve ser avaliado no nível inferior,
e, portanto, sua avaliação recai sobre o nível 4.

ATENÇÃO!
Uma questão importante que se observa no Exemplo 99 e de que já tratamos
anteriormente refere-se ao emprego de vírgulas antecedendo orações subordinadas
adjetivas. Não faremos distinção entre orações adjetivas explicativas e restritivas.
Desse modo, em trechos como o da linha 12 (“Os estigmas que hoje assolam pessoas
com ansiedade, por exemplo, são modelados […]”) e das linhas 24 a 25 (“Em suma, os
estigmas, que geram fragmentações na sociedade brasileira, são impulsionados por
um complexo […]”) não devem ser penalizadas, caso o avaliador entenda que o
primeiro trecho deveria ser uma oração adjetiva explicativa (isolada por vírgulas,
portanto) e que o segundo seria mais adequado sem as vírgulas (pois, no seu entender,
se trataria de uma oração adjetiva restritiva). Em muitos casos, não está claro se se
trata de uma restritiva ou explicativa e, portanto, optamos por não avaliarmos esse
tipo de vírgula, de modo a não gerar discrepâncias na avaliação.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 106


4.6. NÍVEL 5 (NOTA 200)
NÍVEL 5

Estrutura sintática excelente (no máximo, uma falha) E, no máximo, dois desvios.

O Exemplo 100 deve ser avaliado no nível 5 da Competência I.

Exemplo 100

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 107


A estrutura sintática dessa redação deve ser avaliada como excelente, pois, além
de não apresentar falhas, é elaborada com a complexidade esperada em uma
estrutura sintática de excelência, com subordinações e orações intercaladas,
demonstrando domínio da escrita no que diz respeito à organização dos períodos.

Nessa redação, verificam-se dois desvios: a grafia de “esquizofrenia” como


“esquisofrenia”, na linha 4, e a ausência de paralelismo sintático nas linhas 28 e
29, “[...] psicólogos atendentes nos postos de saúde e [nos] hospitais [...]”.

Assim, por cumprir integralmente o descritor do nível 5 (estrutura sintática


excelente (no máximo, uma falha) e, no máximo, dois desvios), esse texto deverá
ser avaliado nesse nível.

5. CONCLUSÃO
Apresentamos, neste capítulo, como é composta a Competência I e seus níveis,
com o intuito de facilitar a compreensão e a aplicação dos métodos de avaliação
da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.
Não podemos nos esquecer de que essa Competência é de suma importância, pois
ela avalia aquilo que está mais evidente na superfície textual. As ideias
apresentadas em torno de um tema, a maneira como essas ideias foram
construídas, como o participante as relacionou linguisticamente e como ele
propõe resolver o problema abordado são objeto de avaliação das outras
competências.
Entretanto, tudo isso se constrói por meio do léxico – das escolhas lexicais
pautadas pelo registro e das regras de combinação desse repertório lexical, que
devem observar aquilo que foi ensinado ao longo de anos de escolarização e
consolidado no término do Ensino Médio. Os exemplos apresentados aqui não
esgotam as possibilidades de tipos de textos com os quais podemos nos deparar.
De toda forma, os exemplos e apontamentos que os acompanham servem de
norte para o olhar que devemos ter sobre o texto no momento da avaliação da
Competência I.

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 108


É importante que não nos deixemos impressionar por uma caligrafia mais bonita,
atribuindo-lhe uma nota alta, e que nos esmeremos para corrigir um texto que
apresente uma caligrafia de difícil leitura, mas que quase não contenha desvios.
Esperamos que os exemplos apresentados e devidamente contextualizados em
redações reais de participantes do Enem 2020 tenham ajudado na compreensão
dos pontos de avaliação dessa Competência e criado uma familiaridade inicial com
os textos.

Agora que você terminou de ler o Material de Leitura do Módulo 3, é o momento


de tirar suas dúvidas com seu(sua) tutor(a), no fórum do módulo, e realizar os
exercícios obrigatórios.
Ótimos estudos!

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 109


EQUIPE TÉCNICA
Ana Laura Gonçalves Nakazoni
Cristiane Borges de Oliveira
Deni Yuzo Kasama
Giovana Dragone Rosseto Antonio
Hélio de Oliveira
Isabel Cristina Domingues Aguiar
Jully Liebl
Larissa Satico Ribeiro Higa
Mahara Hebling
Mariana Masotti Cesari
Natália Alexandrino Rocha
Rafael José Masotti
Regina Claudia Garcia Oliveira de Sousa
Rodrigo Alves do Nascimento
Sidnei Francisco Soprano

COORDENAÇÃO ACADÊMICA
Tânia Cristina Arantes Macedo de Azevedo

MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 110

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