Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ATENÇÃO!
O conteúdo presente neste material é sigiloso e não pode ser
divulgado, distribuído, impresso ou utilizado para qualquer
outra finalidade que não faça parte do objetivo específico do
curso de capacitação. No caso de quebra de sigilo, a Fundação
Getulio Vargas aplicará todas as medidas legais cabíveis e
desligará do processo a pessoa envolvida.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 5
1.1. MATRIZ DE REFERÊNCIA DA COMPETÊNCIA I.............................................. 8
1.2. GRADE ESPECÍFICA DA COMPETÊNCIA I ...................................................... 9
1.3. DINÂMICA DE AVALIAÇÃO DOS TEXTOS ................................................... 10
2. A ESTRUTURA SINTÁTICA ........................................................................... 13
2.1. PROBLEMAS COMUNS DE ESTRUTURA SINTÁTICA ................................... 16
2.1.1. Truncamento de períodos.................................................................. 16
2.1.2. Justaposição de orações e/ou períodos ............................................. 20
2.1.3. Excesso, ausência ou duplicação de elementos sintáticos ................. 22
3. OS DESVIOS ............................................................................................... 26
3.1. DESVIOS DE CONVENÇÕES DA ESCRITA .................................................... 27
3.1.1. Acentuação ........................................................................................ 27
3.1.2. Ortografia .......................................................................................... 29
3.1.3. Hífen .................................................................................................. 33
3.1.4. Separação silábica (translineação) ..................................................... 35
3.1.5. Maiúsculas/minúsculas ...................................................................... 35
3.2. DESVIOS GRAMATICAIS............................................................................. 37
3.2.1. Regência ............................................................................................ 38
3.2.2. Concordância ..................................................................................... 39
3.2.3. Tempos e modos verbais ................................................................... 43
3.2.4. Pontuação .......................................................................................... 44
3.2.5. Paralelismo sintático .......................................................................... 53
3.2.6. Emprego de pronomes ...................................................................... 54
3.2.7. Crase .................................................................................................. 56
3.3. DESVIOS DE ESCOLHA DE REGISTRO ......................................................... 58
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 3
3.3.1. Informalidade/marca de oralidade .................................................... 58
3.4. DESVIOS DE ESCOLHA VOCABULAR .......................................................... 60
3.4.1. Escolhas lexicais imprecisas ............................................................... 60
3.5. ORIENTAÇÕES GERAIS............................................................................... 62
3.5.1. Indicações de desvio .......................................................................... 63
3.5.2. Mais de um desvio em um mesmo vocábulo ..................................... 64
3.5.3. Mesmo desvio em palavras repetidas ou com mesmo radical ........... 65
3.5.4. Algumas considerações sobre o nível 5 .............................................. 68
3.5.5. Falha de estrutura sintática ou desvio de pontuação? ....................... 71
4. DESCRIÇÃO DOS NÍVEIS ............................................................................. 72
4.1. NÍVEL 0 (NOTA 0) ...................................................................................... 72
4.2. NÍVEL 1 (NOTA 40) .................................................................................... 75
4.3. NÍVEL 2 (NOTA 80) .................................................................................... 82
4.4. NÍVEL 3 (NOTA 120) .................................................................................. 90
4.5. NÍVEL 4 (NOTA 160) ................................................................................ 101
4.6. NÍVEL 5 (NOTA 200) ................................................................................ 107
5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 108
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 4
1. INTRODUÇÃO
A primeira Competência da Matriz de Referência do Enem avalia o domínio que os
participantes desse exame apresentam em seus textos quanto à modalidade
escrita formal da Língua Portuguesa. Essa avaliação é pautada pelo que dispõe a
norma-padrão e deve levar em consideração que o domínio dessa norma está
estratificado em níveis que contemplam aspectos de ordem léxico-gramatical e de
construção adequada de períodos e frases, garantindo a fluidez da leitura.
Assim, apresentaremos, neste módulo, como tais aspectos devem ser avaliados
bem como as estratégias que tornam essa avaliação eficaz, homogênea e objetiva,
de modo a garantir uma nota justa ao participante e uma segurança maior ao
avaliador, que poderá atribuir nota nessa Competência com base em critérios
devidamente preestabelecidos e acordados entre todos os atores desse processo.
Uma das primeiras questões que devem ser consideradas na avaliação da
Competência I é que a escrita formal da Língua Portuguesa pressupõe um conjunto
de regras e convenções firmadas e trabalhadas já nos primeiros anos de formação
escolar. É importante enfatizar que aqui estamos tratando da escrita formal, uma
vez que é a modalidade mais adequada a textos dissertativo-argumentativos, e
cuja exigência fica explícita para os participantes já na proposta de redação (grifo
nosso):
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos
ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “O estigma associado às doenças
mentais na sociedade brasileira”, apresentando proposta de intervenção que respeite
os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 5
avaliação não deve se orientar por aquilo que um avaliador considera mais
problemático do ponto de vista gramatical ou de incorreção quanto à norma
ortográfica, por exemplo, ou pelo estabelecimento de uma hierarquia, em que se
penaliza mais um determinado tipo de desvio de norma-padrão do que outro,
segundo o que cada um julga mais ou menos aceitável. Ao buscarmos uma
equidade nessa avaliação, eliminaremos a subjetividade, que é indesejável em
processos como o de correção de redações do Enem.
Dessa forma, para que iniciemos a sistematização da avaliação da Competência I,
destacamos que, ao analisar as redações nessa Competência, deveremos atentar
aos seguintes aspectos: a estrutura sintática e a presença de desvios.
Com relação à estrutura sintática, devemos observar de que forma o participante
constrói as orações e os períodos de seu texto, verificando se eles estão
completos, se contribuem para a fluidez da leitura, entre outras questões de
ordem sintática.
Já no que diz respeito aos desvios, estes são determinados pelo que preconiza a
gramática normativa. É preciso termos em conta que, muitas vezes, as regras
gramaticais oriundas da produção linguística real dos falantes, como aquelas
observadas nas gramáticas descritivas, não correspondem ao que se espera da
formalidade exigida para um texto escrito, menos ainda para um texto
dissertativo-argumentativo.
Por esse motivo, é fundamental que avaliemos os textos dos participantes do
Enem a partir do que se vem ensinando ao longo dos anos de formação escolar
dos estudantes, de acordo com as convenções estabelecidas pelos gramáticos
normativistas em termos de regras ortográficas e gramaticais e com a adequação
de escolha de registro e de escolha vocabular.
Por fim, é imprescindível ressaltarmos o caráter independente de avaliação das
competências. Em cada módulo deste curso, teremos a oportunidade de estudar
a fundo os aspectos nelas avaliados, de modo que a avaliação dos textos se dê de
maneira justa, sem que os participantes sejam penalizados duplamente. Tal
observação é fundamental, já que, por exemplo, a Competência I estabelece
diálogo estreito com a Competência IV, a qual avalia a coesão. A fim de evitar que
essa aproximação faça com que questões pertinentes a uma dessas competências
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 6
sejam avaliadas em outra, iremos explanar a diferença entre elas na seção “3.1.2.
Ortografia”.
Ao longo deste material de leitura, as seguintes indicações gráficas serão
empregadas:
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 7
1.1. MATRIZ DE REFERÊNCIA DA COMPETÊNCIA I
Apresentamos abaixo a Matriz de Referência para Redação da Competência I.
COMPETÊNCIA I
Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 8
Detalharemos, a seguir, como os textos podem ser avaliados segundo tais
critérios.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 9
Na avaliação dos textos, podemos encontrar quatro possibilidades de estrutura
sintática: a deficitária, a regular, a boa e a excelente; quanto aos desvios, eles
podem ser muitos, alguns, poucos ou, no máximo, dois. Há também um tipo
específico de texto, a saber, aquele que apresenta estrutura sintática inexistente.
Vejamos como esses tipos de estrutura sintática e as quantidades de desvios se
combinam nos seis níveis que compõem a avaliação da Competência I.
COMPETÊNCIA I
Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa
5 Estrutura sintática excelente (no máximo, uma falha) E, no máximo, dois desvios.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 10
Em casos assim, precisamos nos pautar por uma diretriz muito importante: textos
que tenham características de dois níveis diferentes da grade específica da
Competência I DEVEM SER AVALIADOS NO NÍVEL INFERIOR. Assim, na situação
hipotética apresentada no parágrafo anterior, o texto se enquadrará no nível 3,
pois apresenta “estrutura sintática regular”, ainda que ele tenha uma
característica de um nível superior (“poucos desvios”).
A nossa atenção sempre deverá ser maior para casos em que ou a estrutura
sintática é deficitária ou há muitos desvios, pois essas características aparecem em
dois níveis. Observemos:
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 11
Estrutura sintática deficitária e
{
alguns desvios
poucos desvios
no máximo dois desvios
OU
Nível 2
Estrutura sintática regular
Estrutura sintática boa
Estrutura sintática excelente } e muitos desvios
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 12
ser objetivamente metrificados, mas devem ser observados pelo avaliador, a fim
de determinar se um texto apresenta “muitos”, “alguns” ou “poucos” desvios.
Portanto, é importante que, com atenção, analisemos as redações exemplificadas
na seção 4, “Descrição dos níveis”, de modo que depreendamos o que se
consideram “muitos”, “alguns” e “poucos” diante de um conjunto textual menos
ou mais expressivo.
Antes de passarmos às próximas etapas, é crucial registrar que é impraticável
quantificar os desvios para definir a avaliação de uma redação em um dos níveis,
já que os muitos avaliadores se encontrarão, diariamente, diante de um número
significativo de textos muito heterogêneos entre si. No entanto, há uma exceção:
o nível 5, o qual admite, no máximo, uma falha de estrutura sintática e, no
máximo, dois desvios.
2. A ESTRUTURA SINTÁTICA
A estrutura sintática é objeto de avaliação da Competência I, juntamente com os
desvios, uma vez que esse aspecto também faz parte das regras da Língua
Portuguesa – aquelas que dizem respeito à sintaxe. Uma estrutura sintática
convencional pressupõe a existência de determinados elementos oracionais que
se organizam na frase e garantem a fluidez da leitura e a apresentação clara das
ideias do participante, organizadas em períodos bem estruturados e completos.
Os textos com falhas relacionadas à estrutura sintática geralmente apresentam
períodos truncados (por exemplo, quando há a presença de um ponto final
separando duas orações que deveriam constituir um mesmo período),
justaposição de palavras ou orações (como quando se coloca uma vírgula no lugar
de um ponto final que deveria indicar o fim da frase) e ausência de termos ou
excesso de palavras (elementos sintáticos). O que ajudará a definir o nível em que
uma redação deve ser avaliada é a frequência com que essas falhas ocorrem no
texto e o quanto elas prejudicam sua compreensão como um todo.
A estrutura sintática deve ser observada para a avaliação correta do texto: se ele
não possui uma sintaxe estruturada, é avaliado no nível 0, por conter estrutura
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 13
sintática inexistente, apresentando ou não desvios – ressaltamos que, nesses
textos, podemos observar momentos de estrutura sintática minimamente
preservada, em que se pode depreender algum sentido; contudo, a ausência de
uma estrutura sintática minimamente preservada na maior parte do texto
caracteriza a estrutura sintática como inexistente; se possui uma estrutura
sintática deficitária com muitos desvios, o texto deverá ser avaliado no nível 1.
No que diz respeito aos níveis 2, 3, 4 e 5, não podemos esquecer que um texto
avaliado em um desses níveis pode não apresentar o descritor exato da Grade
Específica. Nesse caso, ao apresentar características de dois níveis diferentes, deve
ser avaliado no inferior.
Dessa forma, não é suficiente apenas observar a estrutura sintática para atribuir
os níveis na Competência I. O fato de um texto apresentar uma “estrutura sintática
excelente” não garante que ele seja avaliado no nível 5, pois, se esse texto
apresentar mais de dois desvios, deverá ser avaliado no nível 4.
Nesse sentido, o que caracteriza uma estrutura sintática deficitária, regular, boa
ou excelente? Primeiramente, a estrutura sintática deficitária é claramente
identificável quando há diversas falhas de estrutura sintática (descritas na próxima
seção) que podem ou não interferir na fluidez da leitura do texto. Trata-se de
textos ao longo dos quais interrompemos a leitura em certa altura e retomamos
de um ponto precedente, porque a compreensão foi prejudicada por um ponto
final indevido ou pela falta dele, por exemplo. Atentemos para o fato de que não
estamos falando de um texto de letra de difícil compreensão, mas de questões
que se referem à maneira de escrever do participante, com muitas orações
justapostas ou com muitos truncamentos, isto é, os períodos estão incompletos
porque uma oração não foi expressa ou está indevidamente isolada em outro
período ou parágrafo. Igualmente, não devemos avaliar um texto como “estrutura
sintática deficitária” quando há falhas de estrutura sintática em momentos
pontuais, mas sim quando isso ocorre com frequência ao longo do texto, levando-
se sempre em consideração o conjunto textual.
A estrutura sintática regular ou boa será determinada por um texto em que,
embora haja fluidez de leitura, verificam-se algumas falhas (descritas na próxima
seção). A diferenciação entre estrutura sintática “regular” ou “boa” vai se dar,
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 14
assim, pela quantidade dessas falhas segundo o conjunto textual apresentado pelo
participante.
Aqui, temos uma diretriz importante: textos compostos integral ou
predominantemente por parágrafos formados por período único deverão ser
considerados textos de estrutura sintática regular (característica do nível 3).
Entretanto, se um texto é composto de tal forma, não significa que ele será
necessariamente avaliado no nível 3. Antes de atribuir o nível à redação,
precisaremos verificar se sua estrutura sintática não é “deficitária” (ou seja, se o
texto apresenta falhas de estrutura sintática que justifiquem a avaliação desta
como “deficitária”) e qual a avaliação dos desvios, pois, se eles forem “muitos”, a
avaliação do texto, então, deverá recair sobre os níveis 1 ou 2, a depender da
avaliação da estrutura sintática.
ATENÇÃO!
Se um texto apresentar metade dos parágrafos constituídos por um único período e a
outra metade corresponder a parágrafos com mais de um período (ou seja, a mesma
quantidade de cada tipo de parágrafo), a estrutura sintática do texto pode ser avaliada
como “boa” ou até mesmo como “excelente”, segundo, ainda, outras características
da construção dessa estrutura.
Uma outra questão importante que precisa ser esclarecida é quanto à excelência
da estrutura sintática esperada no nível 5. Uma estrutura sintática excelente
admite uma única falha e, além disso, é caracterizada por um texto com certa
complexidade na construção dos períodos, com orações intercaladas e
subordinações, que revelam bom domínio da escrita no que tange à organização
no interior dos períodos. Com isso, um texto formado apenas por períodos
construídos de maneira simplória não poderá ser avaliado como “estrutura
sintática excelente”, mas “boa” (característica do nível 4), ainda que não
apresente falhas de estrutura sintática, como as que apresentaremos adiante.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 15
especial atenção no momento de se estudar as redações apresentadas na seção
4, “Descrição dos níveis”.
Exemplo 1
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 16
que a sociedade brasileira vive pressionada pelo próprio homem. Fazendo com
que, grande parte da população desenvolvam doenças mentais.”, já que a oração
subordinada “Fazendo com que, grande parte da população desenvolvam doenças
mentais” foi separada da oração principal.
Outro caso de truncamento pode ser visto no Exemplo 2.
Exemplo 2
A oração subordinada “Além de criar planos de saúde gratuitos para todos aqueles
sujeitos a alguma doença mental, que possam ter acesso psícologo para os devidos
tratamentos” deveria constituir período com o que vinha se afirmando antes:
“Diante dos fatos apresentados, é cabivel aos governos decretar medidas
relacionadas a prevenção da saúde mental dos servidores atuantes na segurança
pública, propondo avaliações psicológicas frequentemente[, além de criar planos
de saúde gratuitos para todos aqueles […]”. Se começamos a leitura de “Além de
criar planos de saúde gratuitos para todos aqueles sujeitos […]” como um período
independente, notamos que há falta de uma outra oração, o que comprova se
tratar de um trecho que deveria compor período único com o que se encontra
anteriormente.
Observemos também o Exemplo 3, que apresenta um caso em que houve o
isolamento indevido de uma parte da oração.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 17
Exemplo 3
Nesse exemplo, ocorre uma separação indevida da oração “Que também gera
perdas economicas em todo o mundo […]”, a qual deveria fazer parte do período
anterior, “Dados apontam o crescimento de transtornos mentais, sabemos que
mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão, estatítica preocupante [que
também gera perdas econômicas em todo o mundo]”. Essa separação acaba
gerando um truncamento.
Exemplo 4
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 18
de lei, a ser entregue a Câmara dos Deputados, tendo em vista, a resolução das
doenças mentais na sociedade brasileira”.
Devem ser objeto de atenção também os casos em que o participante inicia
períodos com conjunções coordenativas ou subordinativas, uma vez que o
participante pode ter separado orações que deveriam constituir um período
único, como nos mostra o Exemplo 5.
Exemplo 5
Outro caso de separação indevida de orações por ponto final que caracteriza
truncamento pode ser visto no Exemplo 6.
Exemplo 6
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 19
precisam de ouvintes e pessoas para encoraja-lás a serem melhor”), a qual deveria
compor período único com o que vinha se afirmando anteriormente. A construção
sem essa falha, portanto, deveria ter sido: “A realização de campanhas
patrocinadas pelo Ministério da Saúde, Clinicas psiquicas vão ajudar a alcançar e
fornecer a ajuda necessária para esses indivíduos, pois precisam de ouvintes e
pessoas para encoraja-lás a serem melhor”.
Exemplo 7
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 20
O Exemplo 7 apresenta um texto em que temos justaposição de orações que
deveriam constituir novos períodos em mais de um momento. Os trechos com
falhas de justaposição poderiam ter sido assim escritos, de modo a eliminá-las: “as
doenças mentais atacam 322 milhões de brasileiros. Geralmente a pessoa
costuma a fica com confunsões mentais. A pessoa sofre de transtorno Emocional
e isso atrapalha seu dia a dia. Geralmente pessoas que sofre com isso, são pessoas
com traumas passadas. Muitas delas procura ajuda piscologicas, como uma
piscologa! que tratam desse tipos de traumas. Geralmente tem pessoas que te
oferecem ajuda e tem pessoas que costuma dizer é frescura”. É realmente vivemos
em um mund preconceituoso, que ao invéis de ajuda só pioram. Devido a isso a
pessoa sofre de depressão, ansiedade trantorno Bipolar, Etc. Acho que todos
deveriam respeita a cada fase das Emoções mentais de qualquer Brasileiro”.
Por não se verificar essa organização esperada de seus períodos, mas sim a
justaposição de orações em um único período, atribuem-se oito falhas de
estrutura sintática por justaposição a esse trecho. Ainda que haja outras falhas de
estrutura sintática, como o truncamento e o excesso de elemento sintático, o
Exemplo 7 propõe-se a ser ilustrativo da falha de justaposição.
Essa mesma falta de organização dos períodos, marcada por momentos de
justaposição, é verificada no Exemplo 8.
Exemplo 8
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 21
Quando não tratado, em alguns casos a vítima fere o próprio corpo ou tenta
suicídio”). Dessa forma, considera-se que há duas falhas de estrutura sintática.
Exemplo 9
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 22
Exemplo 10
Nesse exemplo, observamos que o pronome “se” é excedente, haja vista que o
trecho sem tal falha de estrutura sintática seria: “No entanto, vale mencionar, as
diversas doenças desenvolvidas […]”.
Há ainda casos como o do Exemplo 11, em que igualmente se verifica excesso de
elemento sintático, caracterizando falha de estrutura sintática.
Exemplo 11
O artigo “o” está em excesso, tendo em vista que na contração “ao” já há presença
do artigo definido “o”.
Reforçamos que é preciso cautela para não considerarmos falha de estrutura
sintática a presença ou a ausência indevida de preposição quando claramente se
trata de um problema de regência nominal ou verbal (que deve, portanto, ser
considerado desvio, e não falha de estrutura sintática). Vejamos o Exemplo 12.
Exemplo 12
Como se pode observar, a preposição “a” é excedente (o correto seria “Cabe a nós
não julgar quem possui algum tipo de sintomas”), mas não deve ser considerada
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 23
falha de estrutura sintática e sim um desvio de regência, conforme explicaremos
na seção 3.2.1, “Regência”, deste material.
Também não devem ser consideradas falhas de estrutura sintática por excesso de
elemento sintático construções que repitam uma mesma ideia, como “pessoas
com problemas mentais da cabeça”. O que se observa nesse caso é uma
redundância (não penalizável na Competência I) e não um excesso de elemento
sintático.
Quanto à ausência de elemento sintático, observemos o Exemplo 13.
Exemplo 13
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 24
Exemplo 14
Exemplo 15
Exemplo 16
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 25
A duplicação do elemento sintático “aponta” caracteriza uma falha de estrutura
sintática.
3. OS DESVIOS
Uma vez apresentadas as falhas de estrutura sintática e como as avaliamos,
trataremos, nesta seção, do outro elemento que compõe a Grade Específica da
Competência I, a saber, os desvios, com base nos problemas mais recorrentes, e
como eles devem ser avaliados.
Neste momento, é importante determinar, com mais detalhes, o que deve ser
avaliado na Competência I quanto aos desvios. Eles serão elencados a seguir, de
acordo com a categoria a que pertencem:
DE ESCOLHA
• escolhas lexicais imprecisas
VOCABULAR
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 26
Por outro lado, desvios gramaticais, como problemas de concordância, por
exemplo, podem não ser tão aparentes, exigindo uma análise mais aprofundada.
Já a avaliação da escolha de registro deve sempre levar em consideração que o
participante precisa escrever um texto dissertativo-argumentativo, que requer a
utilização de um registro formal. Assim, cabe ao avaliador observar se o registro
utilizado é adequado ao tipo textual e ao contexto de produção.
Por sua vez, os desvios de escolha vocabular dependem, muitas vezes, de uma
análise semântica, pois é preciso observar se um determinado vocábulo está
sendo empregado em seu sentido correto e adequado ao texto e às ideias
apresentadas.
Comentemos brevemente essas categorias de desvios, de modo a elucidar o que
deve ser avaliado.
3.1.1. Acentuação
Desvios de acentuação devem ser penalizados na Competência I. O Exemplo 17
ilustra um caso em que o participante comete desvio dessa natureza.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 27
Exemplo 17
Exemplo 18
No Exemplo 18, a palavra “a” não deveria receber acento e, por isso, corresponde
a um desvio. Como veremos na seção 3.5.3., “Mesmo desvio em palavras
repetidas ou com mesmo radical”, desvios de uma mesma subcategoria de
convenções da escrita (nesse caso, acentuação) em palavra repetida ao longo do
texto (nesse caso, “a”) deve ser contabilizado apenas uma vez. Por essa razão, a
segunda, terceira e quarta ocorrências de “á” não foram marcadas como desvio.
Ainda nesse exemplo, a ausência de acento na palavra “tem”, mesmo relacionada
a um problema de concordância, deve ser considerada desvio de acentuação, bem
como em casos afins, como “vem”/“vêm”. Essa decisão tem duas justificativas: (i)
a única diferença entre o singular e o plural desses verbos é a presença do acento
circunflexo marcando plural, o que faz com que essa ausência não nos permita
afirmar que o participante não saiba concordar o verbo com o sujeito,
necessariamente; (ii) como veremos adiante, no caso de desvio de convenções da
escrita, a penalização é feita uma única vez, ainda que o mesmo desvio se repita
na mesma palavra ou em palavra de mesmo radical; se a penalização para esse
caso fosse feita em desvios gramaticais (concordância), o participante seria
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 28
penalizado cada vez que escrevesse “têm” com um sujeito no singular ou “tem”
com um sujeito no plural.
Por fim, a falta de acento em palavra que deveria ser acentuada também deve ser
considerada desvio de acentuação, como no Exemplo 19.
Exemplo 19
3.1.2. Ortografia
Pressupõe-se, na modalidade formal escrita da Língua Portuguesa, que as palavras
estejam corretamente grafadas. Casos em que isso não ocorre são passíveis de
penalização, como ilustra o Exemplo 20.
Exemplo 20
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 29
Podemos verificar a existência de nove desvios de grafia no Exemplo 20: “pasando”
(passando), “díficio” (difícil), “perca” (perda), “picicológico” (psicológico), tanbém
(também), “noso” (nosso), “mem” (nem), “coloca” (colocar), “oquixigeninio”
(oxigênio) – ressaltamos que a segunda ocorrência da palavra “nem” grafada
incorretamente (“men”) não deve ser penalizada, pois um mesmo desvio de
convenções da escrita em palavra repetida deve ser penalizado apenas na sua
primeira ocorrência, conforme estudaremos adiante.
De igual modo, a troca de “há” por “a” (ou vice-versa) deverá ser considerada
desvio, como observamos no Exemplo 21.
Exemplo 21
Nesse caso, a troca da forma verbal “há” por “a” deverá ser contabilizada como
um único desvio, e não como um desvio de grafia e outro de acentuação. Da
mesma forma, se o participante tivesse feito o contrário (utilizado “há” quando o
correto seria “a”), contabilizaríamos apenas um desvio, como ocorre no Exemplo
22.
Exemplo 22
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 30
Exemplo 23
Nesse caso, o “onde” não está relacionado a um verbo que requer a preposição
“a”. Portanto, o correto seria “onde”, e não “aonde”. Ainda que a natureza desse
desvio esteja ligada à regência pedida por verbos que estão relacionados à ideia
de movimento, optamos por considerar esse um problema de grafia, pois, como
veremos adiante, desvios de natureza gramatical (como a regência) numa mesma
palavra devem ser penalizados em todas as ocorrências ao longo do texto; já os
desvios de convenções da escrita em uma mesma palavra, como a grafia, serão
penalizados apenas uma vez. Dessa maneira, ainda que haja mais de uma
ocorrência de “aonde” no lugar de “onde” (ou vice-versa) em um mesmo texto,
deve-se considerar apenas um desvio (como ocorre no Exemplo 23).
É importante que se faça aqui uma ressalva: o uso de “onde” sem função locativa,
como mostrado no Exemplo 24, deve ser penalizado na Competência IV, e não na
Competência I.
Exemplo 24
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 31
Exemplo 25, enquanto a adequação do elemento coesivo (isto é, se ele exerce, de
fato, a função que deveria exercer como coesivo) é avaliada na Competência IV,
como já apontado.
Exemplo 25
Nesse exemplo, “No entando”, ainda que se trate de um coesivo, deve ser
penalizado na Competência I, pois apresenta um desvio de grafia (a escrita correta
seria “No entanto”).
Por fim, caso o participante escreva, por exemplo, “O Brasil precisa cuidar melhor
de seus pacientes, haja visto que muitos recebem tratamento adequado nas
instituições psiquiátricas”, verificamos o emprego incorreto do coesivo “haja
vista”, pois não se verifica relação de causa e consequência entre a ideia de
necessidade de melhora no cuidado dos pacientes e a afirmação de que estes já
recebem um tratamento adequado, havendo, portanto penalização na
Competência IV (essas questões serão tratadas com mais profundidade no
Módulo 6); além disso, observamos a grafia incorreta de tal elemento coesivo
(oficialmente grafado “haja vista”), motivo pelo qual também ocorre penalização
na Competência I.
ATENÇÃO!
Palavras estrangeiras grafadas incorretamente não devem ser consideradas desvios. Assim, se
o participante grafar “bulling”, em vez de “bullying”, não devemos considerar desvio.
Também não devem ser avaliados como desvio os nomes próprios grafados incorretamente.
Registros como “Augusto Pullmam” (August Pullman) e “R. J. Palasio” (Palacio), ou casos como
“Heiguel” (Hegel), “Roussea” (Rousseau), “Sartré” (Sartre), “Nietszche” (Nietzsche) e similares
não devem ser penalizados. Por outro lado, como veremos adiante, nomes próprios grafados
com letra inicial minúscula devem ser considerados desvios.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 32
Tendo em vista o tema de 2020 (“O estigma associado às doenças mentais na sociedade
brasileira”), muitos nomes próprios que figuram em designações de transtornos e síndromes
(os epônimos) foram empregados e nem sempre esses estavam grafados corretamente. Esses
casos não foram penalizados como desvio. No Exemplo 26, há um caso que exemplifica tal
questão.
Exemplo 26
O nome próprio “Alzheimer” foi grafado “Alsaíme” e, como explicado acima, não foi
considerado desvio.
3.1.3. Hífen
O avaliador deve lembrar que a translineação pressupõe o uso do hífen ao final da
linha. Por essa razão, devem ser penalizados casos em que esse hífen não é usado
para indicar que uma palavra teve sua escrita interrompida ao final de uma linha
e continuará na próxima, como ocorre no Exemplo 27.
Exemplo 27
A palavra “agravando” foi separada em duas linhas, mas, como o participante não
indica a translineação com um hífen, temos um desvio.
A ausência do hífen em translineação só será aceita se o participante indicar a
translineação inserindo uma sublinha no lugar do hífen, como nos mostra o
Exemplo 28.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 33
Exemplo 28
De igual modo, não devem ser penalizados casos em que o participante marca
duplamente a translineação com um hífen iniciando a linha em que a palavra
continua, como mostrado no Exemplo 29.
Exemplo 29
Por outro lado, são passíveis de penalização casos em que o uso do hífen não foi
respeitado segundo o Novo Acordo Ortográfico. O Exemplo 30 ilustra um caso em
que o hífen deveria ter sido empregado, mas não foi, gerando um desvio.
Exemplo 30
Por não ter empregado o hífen em “bem estar” (quando o correto seria “bem-
estar”), o participante comete um desvio.
Do mesmo modo, a presença indevida de hífen em palavras ou composições que
não apresentam esse sinal deve ser penalizada, como no Exemplo 31.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 34
Exemplo 31
ATENÇÃO!
A avaliação da Competência I deve ser feita de modo que o participante não seja
prejudicado por sua caligrafia.
3.1.5. Maiúsculas/minúsculas
Dentre os desvios de convenções da escrita, encontram-se os usos indevidos de
letra maiúscula e minúscula. A fim de objetivar a avaliação desses usos,
elencamos, a seguir, as situações em que tal ocorrência será considerada desvio:
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 35
• i. períodos iniciados com letra minúscula;
• ii. nomes de pessoas grafados com letra inicial minúscula – em casos de
nome composto e/ou nome e sobrenome, considera-se um único desvio para o
nome como um todo;
• iii. nomes de países, continentes e outras áreas geográficas grafados com
letra inicial minúscula;
• iv. nomes de eventos e acontecimentos históricos grafados com letras
iniciais minúsculas (“Segunda Guerra Mundial”, “Proclamação da República”,
“Guerra de Canudos”, “Reforma Protestante”, “Idade Média” etc.) – nesses casos,
considera-se um único desvio para o nome como um todo. Ex: “segunda guerra
mundial” ou “Segunda guerra mundial” (apenas com inicial maiúscula na primeira
palavra) - 1 desvio;
• v. “Constituição” ou “Constituição da República Federativa do Brasil”
grafados com letras iniciais minúsculas – nesses casos, considera-se um único
desvio para o nome como um todo: “constituição da república federativa” – 1
desvio;
• vi. “Estado” como sinônimo de conjunto das instituições que controlam uma
nação grafado com letra inicial minúscula, como ilustrado no Exemplo 33;
Exemplo 33
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 36
Exemplo 34
ATENÇÃO!
Assim como acontece no Exemplo 34, muitas vezes é necessário que o avaliador
observe a caligrafia de determinadas partes do texto do participante para decidir se
uma palavra está de fato grafada corretamente. No caso do Exemplo 34,
especificamente, foi a ocorrência de uma letra inicial “e” minúscula que permitiu
determinar que “Encontro” e “E” foram grafadas indevidamente com inicial maiúscula.
Outros casos, além dos descritos, não devem ser considerados desvios no uso de
maiúscula e minúscula. Isso inclui nomes de ministérios e secretarias, que,
mesmo se forem grafados com inicial minúscula, não devem ser considerados
desvios. Ademais, se um participante usa letra maiúscula em todo o seu texto,
entendemos que essa é sua caligrafia.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 37
3.2.1. Regência
Conforme adiantamos na seção 2.1.3, “Excesso, ausência ou duplicação de
elementos sintáticos”, mais especificamente no Exemplo 12, devemos considerar
desvio de regência casos em que se verifica a ausência de uma preposição que é
regida por um nome ou um verbo, ou quando uma preposição é empregada
indevidamente, sendo regida por um nome ou um verbo que não exige aquela
preposição (ou qualquer outra preposição). O Exemplo 35 ilustra um caso em que
a preposição foi usada indevidamente.
Exemplo 35
Exemplo 36
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 38
ATENÇÃO!
Uma observação importante a ser feita é quanto à contração de preposição e artigo que
acompanham um sujeito. Não penalizaremos os casos em que é feita essa contração,
como mostrado no Exemplo 37.
Exemplo 37
No trecho “Já está mais que na hora dos governantes agir e realizar […]”, não
consideraremos desvio a contração em “dos governantes”, em que ocorre a contração
da preposição “de” e do artigo “os”, no lugar de “Já está mais que na hora de os
governantes agir e realizar [...]”.
3.2.2. Concordância
A concordância verbal e nominal deve ser avaliada nos casos em que ela é
obrigatória, segundo a norma-padrão da língua. É preciso atenção para casos em
que há sujeitos longos ou compostos, para que, na ausência de concordância, eles
não passem despercebidos. Também merecem atenção os casos de inversão de
verbo e sujeito, como ocorre no Exemplo 38.
Exemplo 38
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 39
divertidamentes”, entretanto o que queremos ilustrar com o Exemplo 38 é o
desvio comumente cometido pelos participantes quando o verbo é anteposto ao
seu sujeito.
O Exemplo 39 apresenta um caso de concordância indevida em uma locução
verbal.
Exemplo 39
Exemplo 40
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 40
No Exemplo 41, podemos observar um desvio de concordância com “ser
necessário”.
Exemplo 41
O correto, nesse caso, seria “Nesse ínterim, é necessária a liquidez […]”, de modo
que se verifique concordância adequada com “é necessário” + determinante.
É importante observar, no Exemplo 42, outra construção recorrente e similar ao
Exemplo 41, em que o desvio de concordância se dá com “fazer-se necessário”.
Exemplo 42
Nesse caso, a concordância correta seria: “Em suma, se faz necessária uma
mudança [...]”, uma vez que “mudança de comportamento” é introduzido por um
determinante: o artigo indefinido “uma”. Essa concordância indevida também
pode ser observada no Exemplo 43.
Exemplo 43
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 41
Como o sujeito de “torna-se necessário”, “uma mudança”, está acompanhado
pelo determinante “uma”, a concordância deve ser respeitada: “torna-se
necessária uma mudança”.
Ademais, caso o sujeito de “ser necessário” e “fazer-se necessário” seja uma
oração subordinada (introduzida por “que”) ou um verbo, deve-se usar a forma
neutra “é necessário” e “faz-se necessário”: “É necessário/Faz-se necessário que
o governo faça campanhas” e “É necessário/Faz-se necessário fazer campanhas”.
Por fim, com a expressão “ser preciso” (em que o adjetivo “preciso” tem sentido
de “necessário”), não se deve seguir o mesmo raciocínio empregado para a
expressão “ser/fazer-se necessário”, tendo em vista que “ser preciso” pode
manter-se invariável mesmo quando houver um determinante, como ocorre no
Exemplo 44.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 42
Exemplo 44
Exemplo 45
Por fim, não devemos considerar como desvio gramatical de tempos e modos
verbais casos em que o participante grafa incorretamente a forma verbal e esta
acaba coincidindo com um outro tempo ou modo verbal, como ocorre no Exemplo
46.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 43
Exemplo 46
3.2.4. Pontuação
O uso da vírgula deverá ser considerado desvio nos casos em que são separados:
• sujeito e predicado;
• verbo e objeto;
• conjunção subordinativa e oração subordinada;
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 44
Exemplo 47
Exemplo 48
Exemplo 49
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 45
Nesse exemplo, o participante comete um desvio ao separar a conjunção “que” da
oração subordinada por ela introduzida: “o Brasil pode-se melhorar em questão a
esse assunto”.
A ausência de vírgula, por sua vez, deverá ser considerada desvio quando o
participante não faz uso dela em:
• isolamento de apostos, de orações intercaladas/deslocadas e de adjuntos
adverbiais longos deslocados;
• enumerações.
ATENÇÃO!
Obrigatoriamente, exigiremos que adjuntos adverbiais com três ou mais palavras
(adjuntos adverbiais longos) estejam isolados por vírgulas quando deslocados do final
da oração, sua posição esperada.
Nos casos em que o participante deixa de isolar trechos que deveriam vir entre
vírgulas, consideraremos um único desvio, mesmo na ausência de duas vírgulas.
Já na enumeração, contabilizamos um desvio a cada ausência de vírgula entre
termos listados.
Observemos o Exemplo 50.
Exemplo 50
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 46
Nesse exemplo, temos adjuntos adverbiais longos (com três ou mais palavras)
não isolados por vírgulas: “ao longo das gerações”, “em sua tela ‘Noite
estrelada’” e “na sua ausência em algum momento da vida”. Nesses casos,
devemos considerar um único desvio por ausência de vírgula em cada trecho,
ainda que haja ausência de mais de uma vírgula. Assim, nesse exemplo, temos o
total de três desvios por ausência de vírgula. Também ressaltamos que, em
construções como “na sua ausência em algum momento da vida”, em que se
pode separar “na sua ausência” e “em algum momento da vida” (“[,] na sua
ausência[,] em algum momento da vida[,]”), devemos considerar um único
adjunto adverbial e, portanto, um único desvio por ausência de vírgula.
Exemplo 51
Exemplo 52
Nesse trecho, verificamos que o adjunto adverbial “no mínimo” está isolado por
vírgulas, o que não é considerado um desvio. Entretanto, caso não estivesse
isolado, também não deveríamos considerar um desvio essa ausência de vírgulas,
uma vez que não se trata de um adjunto adverbial longo. É importante estar claro
que apenas será considerada desvio a ausência de vírgulas isolando adjuntos
adverbiais com três ou mais palavras.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 47
Como apontado anteriormente, a vírgula faz-se necessária, também, quando se
está enumerando uma lista, e considera-se um desvio cada uma de suas
ocorrências, como no Exemplo 53.
Exemplo 53
Exemplo 54
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 48
Já em casos como o do Exemplo 55, em que o participante emprega uma vírgula
após uma conjunção ou locução conjuntiva, não consideraremos desvio.
Exemplo 55
Também não devem ser avaliadas como desvio construções como a do Exemplo
56 , em que se verifica a ausência de vírgula antes da conjunção “e” quando ocorre
troca de sujeito nas orações.
Exemplo 56
Assim, em “[…] pode-se afirmar que é um assunto cujo precisa ser pautado com a
devida importância[,] e isso se evidencia não só por ser um problema que afeta
[…]”, verifica-se que o participante não insere a vírgula na troca de sujeito na
oração, mas a ausência dessa vírgula não deve ser considerada um desvio.
Um último caso a que o avaliador deve estar atento e não deve considerar desvio
é o emprego ou não de vírgulas para isolar orações adjetivas (isoladas por vírgulas
no caso das explicativas; sem vírgulas no caso das restritivas). Para exemplificação
dessa situação, remetemos ao Exemplo 99 e à caixa de atenção após esse exemplo.
Além do uso das vírgulas, devemos atentar ao uso do ponto de interrogação pelo
participante. Sendo assim, quando houver ausência do ponto de interrogação em
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 49
uma frase claramente interrogativa, devemos considerar um desvio de pontuação,
como ocorre no Exemplo 57.
Exemplo 57
A frase “[…] por que não usar ferramentas digitais para o bem, e aconcelharem o
amor próprio, a aceitação, dar dicas de saúde e autocuidado [?]” é claramente
interrogativa, mas o participante usa ponto final no lugar do ponto de
interrogação, o que configura um desvio.
A seguir, trataremos do uso das aspas. Devemos considerar um desvio quando o
participante abre as aspas e não as fecha, assim como qualquer outro sinal de
pontuação que exija abertura e fechamento, como no Exemplo 58.
Exemplo 58
Nesse caso, o participante abre as aspas para fazer uma citação, mas não as fecha,
o que deve ser considerado desvio.
Por outro lado, os usos das aspas quando se quer, por exemplo, dar ênfase a uma
palavra ou empregá-la fora de seu contexto habitual não são considerados
desvios, como ocorre no Exemplo 59.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 50
Exemplo 59
ATENÇÃO!
Palavras escritas incorretamente e que foram colocadas entre aspas continuarão sendo
consideradas desvios, como ocorre no Exemplo 60.
Exemplo 60
A palavra “além” não foi acentuada dentro da citação que o participante faz, o que caracteriza
um desvio, mesmo que se encontre entre aspas na citação. Já “pré-conceito” foi grafado sem
o hífen, o que também caracteriza um desvio.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 51
Imprecisões lexicais ou informalidades também serão consideradas desvios mesmo quando
destacadas com aspas. Ainda que o participante demonstre conhecimento de que as aspas
servem para indicar que se trata de uma palavra escrita incorretamente, de uma imprecisão
ou de uma informalidade, vale lembrar que o texto dissertativo-argumentativo pressupõe o
emprego da norma-padrão, e não é esse o tipo textual mais adequado para demonstrar esse
tipo de conhecimento do uso das aspas. A exceção para essa regra se aplica para “frescura”
(grafada entre aspas ou não) que figura nos textos motivadores, e para expressões como
“abilolado”, “lelé” e “noia”, que, apenas se grafadas entre aspas, não serão consideradas
desvio dado o tema de 2020.
O Exemplo 61 ilustra um caso em que o participante emprega uma informalidade entre aspas.
Exemplo 61
Nesse caso, como explicamos anteriormente, o uso das aspas não torna a informalidade
aceitável. Temos, portanto, um desvio de informalidade pelo uso de “pra”.
Exemplo 62
No Exemplo 62, temos parágrafo iniciado por ponto final, o que não é objeto de
penalização na Competência I, mas pode ser na Competência II, pois são
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 52
considerados marcadores de tópicos. No próximo módulo, estudaremos como
avaliar esses casos.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 53
junto a “bipolares”). Além de preposição desacompanhada de artigo, também não
é necessário que se repita verbo em estruturas como “Construir relações
duradouras e laços saudáveis é um passo essencial para sair da depressão”, em
que não há razão para se repetir o verbo (“Construir relações duradouras e
construir laços saudáveis…”), já que “relações duradouras e laços saudáveis” é o
objeto de “construir”, dispensando-se sua repetição.
Nesse exemplo, espera-se que “fazer bem” tenha como complemento um objeto
indireto (a algo ou a alguém). No entanto, o participante emprega um pronome
que corresponde a um objeto direto, gerando um desvio. No trecho em questão,
o correto seria “[…] criando um ser humano receptivo a ações que não lhe faz bem
[…]” (o desvio de concordância em “fazer” não foi indicado, uma vez que o escopo
nesta seção é indicar o desvio no emprego do pronome).
O uso de pronome pessoal do caso reto no lugar do oblíquo utilizado como
complemento de verbos transitivos diretos também deve ser penalizado como
desvio.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 54
Exemplo 65
Exemplo 67
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 55
A presença do pronome relativo “que” faz com que o pronome “se” seja levado
para perto dele, o que não foi observado no Exemplo 67, em que o correto seria
“[...] situação em que se encontrava [...]”.
Não exigiremos que o participante observe o uso dos pronomes demonstrativos
“esse/a(s)”, “este/a(s)” e “isso”, “isto” em situações de anáfora e catáfora,
respectivamente – isto é, caso o participante escreva algo como “As relações
pessoais estão estremecidas nos dias de hoje e é preciso que estas [no lugar de
“essas”] sejam reavaliadas”, não há o que se penalizar nessa frase, uma vez que o
emprego desses pronomes não chega a ser consensual nem mesmo entre
gramáticos.
Também não consideraremos desvio caso o participante empregue um pronome
pessoal do caso oblíquo (tônico) como complemento de verbos transitivos
indiretos. Exemplo: “A sociedade muda, mas o homem dá a ela um caráter
imutável” (em vez de “A sociedade muda, mas o homem dá-lhe um caráter
imutável”).
Por fim, o emprego de verbos no infinitivo, ainda que na presença de elementos
que exigem a próclise, em locuções verbais ou com um só verbo, permite que se
faça a ênclise, como em “Na série, a mãe da garota não quis ajudá-la”. O avaliador
deve, portanto, estar atento para não penalizar o participante por não ter feito a
próclise com o advérbio de negação, já que há verbo no infinitivo.
3.2.7. Crase
Deve-se penalizar como desvio o emprego indevido do acento indicativo de crase
ou a falta desse acento quando é evidente a sua necessidade para indicar
contração de preposição “a” e artigo feminino singular ou plural, “a”/“as”, ou
pronome demonstrativo “aquele/a(s)”.
Exemplo 68
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 56
No Exemplo 68, verificamos um emprego inadequado do acento indicativo de
crase, uma vez que apenas a preposição “a” seria suficiente (“[...] a abrirem
programas de ajuda a pessoas [...]”). O participante poderia incluir o artigo
definido, mas ele deveria estar no plural (“[…] a abrirem programas de ajuda às
pessoas […]”) e, nesse caso, o emprego do acento indicativo de crase seria
necessário.
Exemplo 69
Nesse caso, temos alguns problemas que dizem respeito à crase. O primeiro deles
diz respeito ao emprego dessa contração diante de um pronome demonstrativo
(“[…] relacionadas à esta situação […]”); o segundo corresponde à ausência do
acento indicativo de crase (“[…] algo serio e prejudicial a saúde do indíviduo […]”),
em que a crase é obrigatória (substituindo-se “saúde do indivíduo” por “bem-estar
do indivíduo”, teríamos “prejudicial ao bem-estar do indivíduo”, o que nos garante
a obrigatoriedade da crase no feminino); o terceiro (“[…] violência contra à
mulher”) corresponde a um desvio porque não se emprega preposição em “contra
a” (não se diria “violência contra ao homem”); o quarto desvio está relacionado
ao emprego indevido de artigo (contraído na crase) diante de pronome pessoal
(“[…] sendo atribuídas à elas […]”, em que não se diria “atribuídos aos eles”).
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 57
Observa-se, no Exemplo 70, a ausência de acento indicativo de crase em uma
construção na qual seu emprego é obrigatório.
Exemplo 70
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 58
• O uso de diminutivos e aumentativos (ex.: “basiquinho”; “muitão”);
• Reduções (como “pra”, “pro”, “tá”, “tô”) e abreviaturas, como “p/” (no lugar
de “para”) ou “c/” (no lugar de “com”).
A exemplo do que ocorre com os desvios de convenções da escrita, será
considerada desvio apenas a primeira ocorrência de desvio de escolha de registro
em uma mesma palavra ou em palavra com o mesmo radical.
No Exemplo 71, podemos observar a supressão das letras “es” no início da forma
verbal do verbo “está” e a redução “pra” (no lugar de “para”), o que caracteriza
informalidade/marca de oralidade e, portanto, dois desvios:
Exemplo 71
Exemplo 72
Exemplo 73
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 59
Deve-se considerar marca de oralidade o emprego de “bem” ou “bom” para se
iniciar a exposição do assunto, como ocorre no Exemplo 73.
ATENÇÃO!
Diferentemente de palavras como “abilolado”, “lelé” e “noia”, que não serão
consideradas informalidades apenas se grafadas entre aspas, “doido”, “louco”,
“maluco” não devem ser consideradas informalidades (grafadas entre aspas ou não).
Essas expressões, devido ao tema de 2020, foram empregadas com frequência pelos
participantes, e os avaliadores devem estar atentos para não as considerarem um uso
informal da Língua Portuguesa.
Exemplo 74
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 60
com”) parece ser mais adequada à “parceria” (“em parceria com”). Não se
depreende ainda, do contexto como um todo, de que forma a parcimônia seria
necessária na atuação do MEC e das escolas, o que confirma se tratar de um desvio
de imprecisão vocabular.
abstinência x abstenção
afinidade x finalidade
burocracia x democracia
descriminalizar x discriminar
escultural x estrutural
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 61
ATENÇÃO!
Um desvio de grafia é bem mais frequente do que casos que aparentam ser desvios de
escolha vocabular. Assim, variações mínimas na grafia da palavra, ainda que gerem
palavras que também existam na língua, não devem ser consideradas desvios de
escolha vocabular, mas de grafia. Por exemplo, se o participante escreve “encima” (no
lugar de “em cima”), ainda que a forma verbal “encima” exista (do verbo de uso raro
“encimar”), trata-se de um problema de grafia, e não de escolha vocabular imprecisa.
Exemplo 75
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 62
É importante ressaltar que, apesar de os desvios estarem separados em quatro
categorias, a avaliação da Competência I não leva em consideração essa
classificação para que um determinado nível seja atribuído a um texto, uma vez
que consideraremos tudo como desvio. Contudo, essa classificação é necessária
para casos em que uma mesma palavra apresenta desvios de categorias
diferentes; em situações assim, ambos devem ser contabilizados, como será
explicado na seção 3.5.2, “Mais de um desvio em um mesmo vocábulo”.
Exemplo 76
Nesse caso, o avaliador deve, de fato, desconsiderar o que está destacado, não
avaliando a palavra ou o trecho anterior à inscrição “digo” como desvio de
qualquer ordem.
O participante também pode riscar um erro cometido e reforçar essa indicação
com parênteses, como se observa no Exemplo 77.
Exemplo 77
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 63
Como se observa, o participante utiliza os parênteses, risca a palavra e ainda indica
“nulo” sobre a rasura, redigindo corretamente fora dos parênteses o que
pretendia (“ser”). Indicações assim não devem ser penalizadas, como também
ocorre no Exemplo 78.
Exemplo 78
Exemplo 79
Nesse exemplo, quando se escreve “[…] nos possuimos limites mas quando são
estrapolado […]”, em “estrapolado”, temos a ocorrência de dois desvios de
categorias diferentes: um desvio de convenções da escrita, pela grafia incorreta, e
um desvio gramatical, devido à concordância incorreta (o correto seria “[…]
quando são extrapolados […]”).
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 64
Quanto aos desvios de subcategorias diferentes, observamos um caso assim no
Exemplo 80.
Exemplo 80
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 65
Exemplo 81
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 66
Exemplo 82
Exemplo 83
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 67
ocorrência da linha 8, o participante não fez a concordância com o artigo que
acompanha esse substantivo (“os trastono”), gerando um novo desvio de outra
categoria (desvios gramaticais).
ATENÇÃO!
Desvios de convenções da escrita, de escolha vocabular e de escolha de registro devem
ser contabilizados uma única vez para cada vocábulo com desvio que se repete. Assim,
se o participante escreve “brasil” com letra minúscula e repete o desvio em outro(s)
momento(s) do texto, devemos contar apenas um desvio. Entretanto, desvios
gramaticais devem ser considerados sempre que ocorrerem. Dessa forma, se o
participante escreve “questão à ser combatida” e, num outro momento, escreve
“problema à se discutir”, devem ser considerados dois desvios pelo emprego
inadequado do acento indicativo de crase.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 68
1) uma redação de nível 5 na Competência I não é necessariamente uma
redação nota 1000 – é importante que frisemos isso, pois um texto pode
apresentar um único desvio e nenhuma falha de estrutura sintática, ou seja, ser
nível 5 na Competência I, mas, por não ser bom o suficiente em outras
competências, o avaliador pode ficar com a sensação de estar dando uma nota
muito alta no que tange à escrita formal. Lembremo-nos sempre de que as
competências são avaliadas de maneira independente. Assim, ainda que o
participante alcance nota máxima na Competência I (200 pontos), ele precisará
também ter nota máxima nas demais competências para que alcance a nota 1000;
2) o fato de uma redação ser “melhor que a anterior” não é motivo para se
atribuir o nível 5 da Competência I – não podemos perder de vista o fato de que
as redações não são avaliadas comparativamente, mas segundo os critérios
estabelecidos. Certamente, durante o período de correção dos textos, em que
avaliamos em torno de 100 redações por dia, ficamos com a sensação de que um
texto que não era tão bom ficou no nível 5 da Competência I, e outro que parecia
melhor ficou no nível 4 apenas por apresentar mais de dois desvios. Contudo, é
imperativo estar claro que os critérios de correção não são pessoais, mas são
acordados entre os milhares de avaliadores. Assim, se nos ativermos aos critérios,
injustiças não serão cometidas, pois afastamos os julgamentos pessoais. Dessa
forma, garantimos justiça para todo o universo de textos avaliados. Daí a
importância de observarmos atentamente o que é exposto no curso, analisando
detidamente os exemplos apresentados;
3) uma redação escrita com letra bem pequena e que preenche toda a folha de
redação não deve ser necessariamente avaliada no nível 5 da Competência I –
esses textos exigirão do avaliador um olhar mais minucioso, pois a extensão do
texto, por vezes, pode fazê-lo parecer muito bem escrito. Lembremo-nos de que
o que se está avaliando aqui são a ortografia, a acentuação, a concordância, a
regência verbal e nominal, o uso do acento indicativo de crase etc., bem como a
excelente construção das orações e dos períodos. Nesse sentido, pode ser que
algo passe despercebido aos olhos do avaliador que está diante de um texto com
uma letra muito pequena, mas uma leitura atenta permitirá determinar se se
trata, de fato, de um texto ao qual se pode atribuir o nível 5 na Competência I;
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 69
4) uma redação com letra grande e espaçada pode ser avaliada no nível 5 da
Competência I – também precisamos estar atentos para não nos deixarmos levar
pela aparência do texto (letras grandes, espaçadas ou “feias”, por exemplo) e
acabarmos prejulgando-o como um texto que não pode ser avaliado no nível 5 da
Competência I. Se a redação cumpre o que se exige para esse nível – isto é, não
tem mais de dois desvios e apresenta estrutura sintática excelente –, devemos
atribuir-lhe o nível 5.
Por fim, para que um texto seja avaliado no nível 5, ele não pode se enquadrar em
qualquer uma das seguintes situações:
• nenhuma falha de estrutura sintática e três (ou mais) desvios;
XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX
XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX
XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX
XXXXXXXXXXXXX XXXX XXXX XXXXXXXXXXXXX XXXX XXXX XXXXXXXXXXXXX XXXX XXXX
XXXX XXXXX. XXXX XXXXX. XXXX XXXXX.
XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX
XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX XXXX. XXXXX XXXX XXXX XXX
XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX XXXXXXXX XXXX. XXXX XXXX
XXXXXXXXXXXXX XXXX XXX. XXXXXXXXXXXXX XXXX XXX. XXXXXXXXXXXXX XXXX XXX.
XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX XXXX XXXX. XXXXX XXX
XXXX. XXXXX XXXX XXXX. XXXX. XXXXX XXXX XXXX. XXXX. XXXXX XXXX XXXX.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 70
3.5.5. Falha de estrutura sintática ou desvio de pontuação?
A avaliação de algumas falhas de estrutura sintática, como a justaposição, e de
alguns desvios, como a separação indevida de sujeito e predicado por vírgula,
pode, por vezes, confundir o avaliador. Apresentamos abaixo um texto em que,
propositadamente, foram inseridas algumas falhas de estrutura sintática e alguns
desvios, para que a diferença entre uma questão e outra fique clara.
A realidade das pessoas com doença mental, exige 1 cada vez mais atenção no nosso país, isso 2
porque, infelizmente, com o crescimento do uso das redes sociais, tem aumentado o número de
pessoas que entram em depressão porque não possuem a mesma vida feliz que é retratada nas
postagens. Causando 3 na sociedade uma necessidade de felicidade momentânea apenas para se
registrar em foto ou vídeo. Isso está inclusive fazendo com que, pessoas 4 se coloquem em risco
em cima de prédios ou outros lugares perigosos para gravar e depois disponibilizar nas redes,
gerando visualizações e, consequentemente, curtidas. Esses comportamentos precisam ser
revistos a partir de 5 mais conscientização entre as pessoas poderemos voltar a ser felizes apenas
por vivermos o momento, sem a necessidade de registrá-los.
- Em (1), temos um desvio, uma vez que houve separação indevida de sujeito
(“A realidade das pessoas com doença mental”) e seu predicado (“exige cada vez
mais atenção no nosso país”);
- em (2), temos uma falha de estrutura sintática, uma vez que a ausência de
um ponto final indicando o fim do período gerou uma justaposição, encadeando
num único período duas ideias que deveriam ser organizadas em períodos
separados;
- em (3), temos outra falha de estrutura sintática, pois a oração iniciada por
gerúndio (“Causando na sociedade uma necessidade de felicidade momentânea
apenas para se registrar em foto ou vídeo”) não poderia constituir período
independente. Ao lermos a oração isoladamente, sem a anterior, percebemos que
ela acaba não fazendo sentido dessa forma, mas carece de uma outra oração;
- em (4), temos um desvio, tendo em vista que a vírgula separou o verbo
“fazer” de seu complemento;
- por fim, em (5), temos mais uma justaposição, que ocorre, dessa vez, sem
qualquer pontuação. Podemos perceber que o adjunto “a partir de mais
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 71
conscientização entre as pessoas” pode compor período com o que vem antes
(“Esses comportamentos precisam ser revistos a partir de mais conscientização
entre as pessoas”) ou com o que vem depois (“a partir de mais conscientização
entre as pessoas poderemos voltar a ser felizes”), havendo necessidade de um
ponto final em algum momento. Essa dupla possibilidade de leitura facilita a
identificação do problema como falha de estrutura sintática.
Conforme abordado nas situações que levam à nota zero, participantes que não
conseguirem, minimamente, formar letras ou palavras terão seus textos anulados
como “texto ilegível”. Por outro lado, se já se identificam palavras e/ou frases
isoladas, nas quais podemos observar estruturas sintáticas mínimas preservadas,
os textos deverão ser corrigidos normalmente e avaliados no nível 0 da
Competência I, desde que não apresentem qualquer outro motivo para serem
anulados.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 72
No Exemplo 84, reproduz-se texto que foi avaliado como nível 0 na Competência
I.
Exemplo 84
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 73
ajuda sua vida cuida”), os períodos são incompletos e predominam frases
ininteligíveis ao longo de todo o texto.
Como nos mostra essa redação, a quantidade de desvios não é fator determinante
para a atribuição do nível 0, uma vez que é a ausência de estrutura sintática que
determinará tal avaliação.
Para efeito de comparação, apresentamos a seguir uma redação que exemplifica
um caso em que há comprometimento da estrutura sintática em alguns
momentos, mas em que predomina uma estrutura sintática deficitária (fato
comprovado pelas diversas falhas de estrutura sintática indicadas com um X na
redação) e não uma estrutura sintática inexistente como ocorre no Exemplo 84.
Exemplo 85
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 74
comprometidos, pela ausência de elementos oracionais e pelos desvios
(provavelmente no lugar de “Maiores” seria “Maioria”): “Maiores [d]as pessoas
que tem doença mental e depressão [Isso] atinge Estados Unidos e no Brasil
também e França e Japão”.
Contudo, no Exemplo 85, diferentemente do que ocorre no Exemplo 84, avaliado
no nível 0, há estrutura sintática preservada na maior parte do texto, pois, ainda
que haja diversas falhas, os momentos em que não se identificam os elementos
oracionais não são predominantes.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 75
Exemplo 86a
Exemplo 86b
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 76
vida [...]") e por justaposição ao longo de todo o texto (linhas 2 a 12, "[...] muita
coisa como veotencia dometica e abuso cecual muitos não sabe que a depressao
e um doessa [...] muitos não porquera um medico e falta de concimento aquaba
pendedo a vida muitas pessoa que descobre que esse doessa tem tratamento coba
sim coidado muitos que não coesse acaba pedendo a sua vida poriso e bom
prucura ajuda logo muito que tem essa doessa fala que não tem muito familia
cofre porque a pessa que esta nuca adimite [...]").
Os desvios são muitos e correspondem a problemas de grafia (linha 1,
depressao/depressão, quasada/causada; linha 2, veotencia/violência; linha 3,
dometica/doméstica, cecual/sexual; linha 4, doessa/doença, cabe/sabe; linha 5,
porqueira/procura; linha 6, concimento/conhecimento, aquaba/acaba,
pendedo/perdendo; linha 8, coba/cobra, coidado/cuidado, coesse/conhece; linha
9, poriso/por isso; linha 10, falo/fala; linha 11, cofre/sofre, pessa/pessoa; linha 12,
nuca/nunca, adimite/admite; linha 13, medeco/médico); de acentuação (linha 1,
e/é; linha 2, veotencia/violência; linha 3, dometica/doméstica; linha 5,
medico/médico; linha 10, tem/têm; linha 11, familia/família; linha 12, esta/está);
de concordância (linha 1, "A depressao e quasada muito [muitos] fatores [...]";
linhas 3 e 4, “[...] muitos não sabe[m] que a depressao e um[a] doessa [...]”; linha
5, “[...] muitos não porquera [procuram] um medico [...]”; linhas 6 a 9, “[...] muitas
pessoa[s] que descobre[m] que esse [essa] doessa tem tratamento coba [cobram]
sim coidado muitos que não coesse [conhecem] acaba[m] pedendo a sua vida
[...]”; linhas 10 a 12, “[...] muito[s] que tem essa doessa fala[m] que não tem muito
[muita] familia cofre porque a pessa que esta nuca adimite [...]”); de pontuação
(ausência de vírgula antes de locução conjuntiva, linhas 8 a 10, “[...] muitos que
não coesse acaba pedendo a sua vida[,] poriso e bom prucura ajuda logo [...]”;
linhas 11 a 13, [...] a pessa que esta nuca adimite que esta com essa doeca[,] porico
não porcura um medeco”; e ausência de vírgula ao se enumerar orações, linhas 3
a 5, “[...] muitos não sabe que a depressao e um doessa[,] cabe que essa doessa
tem cura [...]”); e de separação silábica (linha 7, tratamento).
Relembramos que, com exceção dos desvios gramaticais, se uma mesma palavra
apresentar o mesmo desvio ou desvios diferentes de uma mesma subcategoria
(por exemplo, desvios de grafia), devemos contabilizar apenas um desvio. Assim,
nessa redação, devemos considerar apenas um desvio de grafia em cada uma
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 77
destas palavras: “depressão” (grafada incorretamente nas linhas 1 e 4); “doença”
(grafada como “doessa” nas linhas 4, 7, 10 e como “doeca” na linha 12); formas
do verbo “procurar” (linha 5, porquera/procuram; linha 9, prucura/procurar; linha
13, porcura/procura); “perdendo” (grafada como “pendedo” na linha 6 e como
“pedendo” na linha 9); e “por isso” (linha 9, “poriso”; linha 12, “porico”).
Contudo, é importante ter em mente que, de acordo com a seção 3.5.2, “Mais de
um desvio em um mesmo vocábulo”, quando se verificam desvios de categorias
ou subcategorias distintas em uma mesma palavra, devemos penalizar cada desvio
e cada ocorrência (se se tratar de desvio de outra ordem), como ocorre, por
exemplo, com a palavra “veotencia” (violência”) na linha 2 (desvio de grafia e de
acentuação), “porquera” (“procuram”) na linha 5 (desvio de grafia e de
concordância) e “médico”, grafada “medico” na linha 5 (desvio de acentuação) e
“medeco” na linha 13 (desvio de grafia).
Assim, por cumprir integralmente o descritor do nível 1, estrutura sintática
deficitária com muitos desvios, esse texto deverá ser avaliado nesse nível.
No Exemplo 87, também temos uma redação que deve ser avaliada no nível 1 da
Competência I.
Da mesma forma como fizemos com a redação anterior, apresentaremos o
Exemplo 87 sem as marcações, para facilitar a leitura (87a), e, posteriormente,
com as devidas marcações de desvios e de falhas de estrutura sintática (87b).
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 78
Exemplo 87a
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 79
Exemplo 87b
A estrutura sintática desse texto deve ser avaliada como deficitária, pois verificam-
se diversas falhas, as quais prejudicam a fluidez da leitura na maior parte do texto.
Essas falhas são geradas por justaposição (linhas 3 a 5, “[...] pra quei entende o
siginificado sabe do que seguinifica este asunto e muito importante pra todos”;
linhas 6 e 7, “A salde mental pode vim con vivencia famihia deariamente a mente
humana mudar [...]” – ressaltamos que “deariamente” pode compor período com
o que vem antes (“A salde mental pode vim con vivencia famihia deariamente”)
ou com o que vem depois (“deariamente a mente humana mudar”), de modo que
a justaposição gera uma dupla possibilidade de leitura; linhas 8 a 15, “[...] muis
vezes tem pesoas que não tem uma saude mentail muito boa na mairias das vezes
as pesos demostra sua salde mental como alegre cundo estra trite como toda
pesoa tem um equilibro da mente mas niguem controla sua emocoes mental na
maioria das vezes as pesóa tenta mostra que tar bem [...]”; por excesso de
elemento sintático (linhas 7 e 8, “deariamente a mente humana mudar pela as
emcoco esnoçoes de alegia tristreza [...]”; por duplicação de palavra (linhas 7 e 8,
“deariamente a mente humana mudar pela as emococo esmoçoes de alegia
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 80
tristreza [...]”; e por ausência de elemento sintático (linhas 15 e 16, “[...] mas sua
saude mental demostra[-se] con sua esprecão de falar”).
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 81
4.3. NÍVEL 2 (NOTA 80)
NÍVEL 2
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 82
Exemplo 88
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 83
demonstra sinais de comportamento, atitudes e também através de redes sociais
como desabafo, a depressão e outras doenças mentais já existiam, porém, não
tinha tantas pesquisas, profissionais qualificados, informações e casos registrados
como temos hoje, por causa dessa evolução é muito mais fácil procurar ajuda [...]”;
linhas 15 a 27, “[...] pedir ajuda de um profissional da área, a nossa sociedade sabe
que existe mais prefere tratar isso como algo banal, os seres humanos cuidam da
saúde fisica e esquece a saúde mental, sendo que se nosso cabeça não estiver
saúdavél o nosso corpo vai ser afetado também, temos que normalizar a terapia
[...] todos os seres humanos temos alguma frustação [...] mas nem sempre
conseguimos superar sozinhos, é importante ter psicologos [...] assim minimiza ter
algum transtorno no futuro, se a sociedade abrir mais a mente [...] podemos evitar
que pessoas se matem, ajudar o outro a superar ou procurar ajudar [...]”). Além
das justaposições, verificam-se falhas geradas por ausência de elemento sintático
(linhas 5 a 8, “[...] então a população acha que ficar doente, triste, não sair de casa,
não socializar, ficar no quarto, se isolar, surtar, tremer, ter crise de anciedade,
coração acelerado são rôtulados [?] como está é de ‘frescura’ [...]”; linhas 15 e 16,
“[...] a nossa sociedade sabe que existe [o quê?] mais prefere tratar isso como algo
banal [...]”); e por excesso de elemento sintático (linhas 8 e 9, “[...] alguém
depressivo por exemplo, ele demonstra [alguém depressivo, por exemplo,
demonstra] sinais de comportamento [...]”).
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 84
mais/mas; linha 21, vivemciamos/vivenciamos; linha 29, frustações/frustrações);
de separação silábica (linha 5, doente); de acentuação (linha 7,
rôtulados/rotulados; linha 17, fisica/física; linha 18, saúdavél/saudável; linha 20,
psicológo/psicólogo; linha 21, os/nós); de pontuação (ausência de vírgula isolando
adjunto adverbial longo, linhas 12 e 13, “[...] por causa dessa evolução[,] é muito
mais fácil procurar ajuda [...]”; ausência de vírgula antes de conjunção, linhas 15 a
17, “[...] a nossa sociedade sabe que existe[,] mais prefere tratar isso como algo
banal [...]”; linhas 24 e 25, “[...] observando o comportamentos delas[,] assim
minimiza ter algum transtorno no futuro [...]”; linhas 28 e 29, “[...] incluir terapia
nas nossas vidas[,] para que podemos viver com nossas frustações [...]”); ausência
de vírgula isolando oração intercalada, linhas 17 a 19, “[...] os seres humanos
cuidam da saúde fisica e esquece a saúde mental, sendo que[,] se nosso cabeça
não estiver saúdavél[,] o nosso corpo vai ser afetado também [...]”); e de modo
verbal (linha 29, podemos/possamos).
Assim, por apresentar estrutura sintática deficitária, descritor que consta do nível
2, e alguns desvios, descritor que consta do nível 3, o texto deve ser avaliado no
nível inferior, isto é, no nível 2.
Apresentamos, no Exemplo 89, outro texto que deve ser avaliado no nível 2 da
Competência I.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 85
Exemplo 89
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 86
atenção e carinho, não descarte a pocibildidade de um amigo ou família ter
depresão ob iserve e ajude, essa Doença não e brincadeira eu já tive e hoje estou
curada graças a Deus e a familiares e amigos.”; e linhas 28 e 29, “Ajude não
critique, alguem do seu lado pode está pasando por isso”).
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 87
Assim, por apresentar uma característica do nível 2, muitos desvios, e uma do
nível 3, estrutura sintática regular, o texto deve ser avaliado no inferior, isto é, o
nível 2.
ATENÇÃO!
O que está escrito fora da área reservada para a redação não deve ser avaliado. Assim,
no Exemplo 89, devemos desconsiderar o que extravasou para as margens da folha e
penalizar a falta de hífen, na linha 3, por não haver indicação de translineação da
palavra “desenvolvendo”.
Outra redação que deve ser avaliada no nível 2 pode ser observada no Exemplo
90.
Exemplo 90
Nessa redação, a estrutura sintática deve ser avaliada como regular, pois
apresenta algumas falhas que prejudicam a fluidez da leitura. Essas falhas são
geradas por excesso de elemento sintático (linhas 1 e 2, “Na sociedade que
vivemos muitas pessoas que acreditam [muitas pessoas acreditam] que doenças
mentais são “frescuras” [...]”); por justaposição (linhas 1 a 5, “Na sociedade que
vivemos muitas pessoas que acreditam que doenças mentais são “frescuras”, Por
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 88
conta disso muitas pessoas cai em depressão pois elas não recebem ajuda e apoio
adequados, no Brasil as principais vitimas são as mulheres [...]”); e por duplicação
de elemento sintático (linhas 7 e 8, “Muitas pessoas pessoas na tentativa de se
encaixar nos padroes [...]”). Além de algumas falhas, que, diante do conjunto
textual apresentado pelo participante, tornam a estrutura sintática regular, o
texto apresenta predominância de parágrafos formados por período único
(primeiro e terceiro parágrafos), o que também caracteriza a regularidade da
estrutura sintática.
Assim, por apresentar estrutura sintática regular (nível 3) e muitos desvios (nível
2), a redação deve ser avaliada no nível inferior: nível 2.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 89
4.4. NÍVEL 3 (NOTA 120)
NÍVEL 3
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 90
Exemplo 91
Esse texto apresenta estrutura sintática regular, pois nele se verificam algumas
falhas, geradas por justaposição (linhas 5 a 8, “Isso acontece por uma falha dos
neurotransmissores, o desconhecimento e a falta de sensibelidade da população
dificulta a vida do deficiente”); por ausência de elemento sintático (linhas 10 a 11,
“O jovem sofre com o problema psicológico desda [a] infância […]”; linhas 21 e 22,
“Contudo pode[-se] levar o caso do Dileira como exemplo [...]”; linhas 25 e 26,
“[...] sem a ideia do deficeinte louco e encaminhando [a quem?] o tratamento”) e
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 91
por truncamento (linhas 25 a 27, “[...] sem a ideia do deficeinte louco e
encaminhando o tratamento. Tornando o Brasil uma nação mais acolhedora e
protetora a todos”).
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 92
Exemplo 92
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 93
estamos da exclusão da imagem atual [...]”); e por ausência de elemento sintático
(linhas 1 a 4, “Casos de doenças mentais vêm crescendo com os passar dos anos,
muito [disso] se deve às pessoas se preocuparem cada vez mais com sua saúde
mental, procurarem [algo] e serem diagnósticadas [...]”).
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 94
Exemplo 93
Nessa redação, a estrutura sintática deve ser avaliada como boa por apresentar
apenas duas falhas, de modo que a fluidez da leitura está preservada na maior
parte do texto. A falhas são geradas por truncamento (linhas 14 a 17, “Uma das
formas de ajudar com os transtornos, é criar campanhas de apoio, buscando com
que as pessoas que tenham as tais, sintam-se seguras para falar, assim, amnizarem
o mal que sentem. Criar mais campanhas de amor à vida [...]) e por ausência de
elemento sintático (linhas 19 e 20, “E o mais importante [é] motivar praticar mais
a empatia e o respeito ao próximo”).
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 95
as pessoas entram em um contato muito maior consigo mesma [mesmas] [...]”);
[...]”); de emprego de pronomes (linhas 1 e 2, “Mais presente do que imagina-se
[do que se imagina], os transtornos psicológicos estão presentes [...]”; linha 18,
“[...] uma vez que sabe-se [que se sabe] [...]”); de pontuação (vírgula separando
sujeito e predicado, linhas 2 e 3, “Cerca de 80%, tem algum tipo de abalo
emocional [...]”; linhas 15 e 16, “[...] buscando com que pessoas que tenham as
tais, sintam-se seguras [...]”; ausência de vírgula isolando oração intercalada,
linhas 7 a 9, “Com tal situação, o número e a intensidade de transtornos aumentou
muito, uma vez que, na necessidade de isolar-se em casa[,] as pessoas [...]”; vírgula
separando verbo e complemento, linha 10, “[...] aumentando assim, todas
emoções sentidas”; vírgula separando sujeito e predicativo, linhas 14 e 15, “Uma
das formas de ajudar com os transtornos, é criar campanhas [...]”; ausência de
parêntese, linhas 18 e 19, “[...] para evitar suícidios (uma vez que sabe-se que é
um problema diretamente ligado à depressão[)]”); de crase (linhas 3 e 4, “[...] seja
o mesmo de grau pequeno à [a] alto [...]”; de regência (linhas 4 a 6, “Um dos
fatores que propiciou muito esse fato é o cenário atual ao [no] qual se encontra o
pais, a pandemia”; linhas 15 e 16, “[...] buscando com que [buscando que] pessoas
que tenham as tais [...]”; linhas 19 e 20, “E o mais importante motivar [a] praticar
mais a empatia e o respeito ao próximo”); de grafia (linha 11,
anciedade/ansiedade; linha 12, psicólogo/psicológico; 16,
amnizarem/amenizarem); e de acentuação (linha 18, suícidios/suicídios).
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 96
Exemplo 94
A estrutura sintática apresenta uma única falha, gerada por ausência de elemento
sintático (linhas 1 a 3, “Fala-se muito de depressão, mas a forma com que tentam
rotular [rotulá-la] ainda não trouxe nenhuma clareza a população [...]”). Contudo,
embora se verifique apenas uma falha, todos os parágrafos são compostos por
período único, o que caracteriza a estrutura sintática como regular.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 97
Os desvios são poucos e dizem respeito a problemas de crase (linhas 1 a 3, “[...] a
forma com que tentam rotular ainda não trouxe nenhuma clareza a [à] população
[...]”); de pontuação (ausência de vírgula isolando oração intercalada, linhas 1 a 5,
“[...] a forma com que tentam rotular ainda não trouxe nenhuma clareza a
população e[,] sem o devido conhecimento[,] não é possível ajudar [...]” –
reforçamos que, nesse caso, embora haja ausência de duas vírgulas, devemos
considerar um único desvio); de acentuação (linha 24, tem/têm); e de grafia (linha
19, absolve/absorve; linha 24, desiquilíbrio/desequilíbrio).
Dessa forma, já que se trata de um texto com características de dois níveis
diferentes, poucos desvios (nível 4) e estrutura sintática regular (nível 3) – por
apresentar integralmente parágrafos compostos por períodos únicos –, deve-se
avaliá-lo no nível inferior; portanto, sua avaliação recai sobre o nível 3.
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 98
Exemplo 95
MÓDULO 03 | COMPETÊNCIA I 99
predominância de parágrafos formados por período único (primeiro, segundo,
terceiro e quinto parágrafos), o que caracteriza a estrutura sintática como regular.
Exemplo 96
Nesse texto, observamos uma única falha, gerada por justaposição (linhas 1 a 3,
“Eu penso da seguinte maneira e levo a vida assim, a partir do momento que você
se preocupa muito [...]”). Contudo, a redação é composta de parágrafo formado
por período único, característica que torna a estrutura sintática regular.
Exemplo 98
No que diz respeito à estrutura sintática desse texto, não verificamos falha,
característica que possibilitaria avaliarmos a estrutura sintática como excelente.
Contudo, embora não haja falhas, a estrutura sintática não é elaborada com a
complexidade esperada para ser avaliada como excelente, com subordinações e
orações intercaladas, o que torna a estrutura sintática boa. É importante termos
em mente que, além de não apresentar mais de uma falha, a estrutura sintática
deve demonstrar certa complexidade na elaboração dos períodos para que seja
avaliada como excelente.
Os desvios são poucos e correspondem a problemas de acentuação (linha 3,
varias/várias; linha 7, consequencias/consequências, linha 9, serias/sérias) e de
pontuação (ausência de vírgula isolando oração deslocada, linhas 11 e 12,
“Enquanto as pessoas não levarem isso a serio[,] vão ter medo de procurar ajuda
[...]”).
Sendo assim, essa redação é avaliada no nível 4 (estrutura sintática boa – sem
complexidade – e poucos desvios).
Exemplo 99
No Exemplo 99, verifica-se estrutura sintática excelente, sem qualquer falha. Além
da ausência de falhas, os períodos são construídos com a complexidade esperada
para que a estrutura sintática seja avaliada como excelente, com subordinações e
orações intercaladas, o que revela o domínio do participante na elaboração dos
períodos.
Os desvios, por sua vez, são poucos e correspondem a problemas de regência
(linhas 6 e 7, “[...] os estigmas contra tais pessoas também foram fomentados,
ATENÇÃO!
Uma questão importante que se observa no Exemplo 99 e de que já tratamos
anteriormente refere-se ao emprego de vírgulas antecedendo orações subordinadas
adjetivas. Não faremos distinção entre orações adjetivas explicativas e restritivas.
Desse modo, em trechos como o da linha 12 (“Os estigmas que hoje assolam pessoas
com ansiedade, por exemplo, são modelados […]”) e das linhas 24 a 25 (“Em suma, os
estigmas, que geram fragmentações na sociedade brasileira, são impulsionados por
um complexo […]”) não devem ser penalizadas, caso o avaliador entenda que o
primeiro trecho deveria ser uma oração adjetiva explicativa (isolada por vírgulas,
portanto) e que o segundo seria mais adequado sem as vírgulas (pois, no seu entender,
se trataria de uma oração adjetiva restritiva). Em muitos casos, não está claro se se
trata de uma restritiva ou explicativa e, portanto, optamos por não avaliarmos esse
tipo de vírgula, de modo a não gerar discrepâncias na avaliação.
Estrutura sintática excelente (no máximo, uma falha) E, no máximo, dois desvios.
Exemplo 100
5. CONCLUSÃO
Apresentamos, neste capítulo, como é composta a Competência I e seus níveis,
com o intuito de facilitar a compreensão e a aplicação dos métodos de avaliação
da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.
Não podemos nos esquecer de que essa Competência é de suma importância, pois
ela avalia aquilo que está mais evidente na superfície textual. As ideias
apresentadas em torno de um tema, a maneira como essas ideias foram
construídas, como o participante as relacionou linguisticamente e como ele
propõe resolver o problema abordado são objeto de avaliação das outras
competências.
Entretanto, tudo isso se constrói por meio do léxico – das escolhas lexicais
pautadas pelo registro e das regras de combinação desse repertório lexical, que
devem observar aquilo que foi ensinado ao longo de anos de escolarização e
consolidado no término do Ensino Médio. Os exemplos apresentados aqui não
esgotam as possibilidades de tipos de textos com os quais podemos nos deparar.
De toda forma, os exemplos e apontamentos que os acompanham servem de
norte para o olhar que devemos ter sobre o texto no momento da avaliação da
Competência I.
COORDENAÇÃO ACADÊMICA
Tânia Cristina Arantes Macedo de Azevedo