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MÓDULO 7
COMPETÊNCIA v
Material de Leitura do Curso de
Capacitação a Distância
ATENÇÃO!
O conteúdo presente neste material é
SIGILOSO e não pode ser divulgado, distribuído,
impresso ou utilizado para qualquer outra
finalidade que não faça parte do objetivo
específico do curso de capacitação. No caso
de quebra de sigilo, a Fundação Getulio Vargas
aplicará todas as medidas legais cabíveis
e desligará do processo a pessoa envolvida.
6. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 74
7. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 75
COMPETÊNCIA V
Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado,
respeitando os direitos humanos
1. INTRODUÇÃO
A prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) diferencia-se das provas
de produção de texto dissertativo-argumentativo de outros exames porque exige a
elaboração de uma proposta de intervenção para o problema apresentado pelo tema,
considerando os direitos humanos. Essa proposição vai ao encontro do que promulgam a
Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) no que tange aos seguintes
objetivos da formação do estudante: o pleno desenvolvimento do educando e seu preparo
para o exercício da cidadania (BRASIL, 1988; 1996).
2. A AVALIAÇÃO DA COMPETÊNCIA V
A Matriz de Referência para Redação do Enem é o que pauta a avaliação das redações
desse processo e nos permite fundamentar critérios, como detalharemos na
apresentação da Grade Específica, para identificar o que compõe uma boa proposta de
intervenção para um participante nesta etapa de escolaridade − Ensino Médio completo.
Na Matriz, a divisão em seis níveis (de 0 a 5) considera, além da construção da proposta de
intervenção em si, a sua relação com o tema e com a discussão desenvolvida no texto.
Segue a descrição desses níveis pela Matriz de Referência para Redação do Enem:
3 3 elementos válidos
4 4 elementos válidos
5 5 elementos válidos
Para a avaliação das redações, são considerados os seguintes princípios norteadores dos
direitos humanos, pautados no Artigo 3º da Resolução nº 1, de 30 de maio de 2012, o qual
estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos:
→ Dignidade humana;
→ Igualdade de direitos;
→ Laicidade do Estado;
→ Democracia na educação;
→ Sustentabilidade socioambiental.
É importante ressaltar que, na avaliação das redações, o que se considera desrespeito aos
direitos humanos está fundamentado em princípios estabelecidos em documentos que
possuem força de lei. Portanto, ofender, exibir preconceitos ou fazer apologia à violência são
comportamentos que podem ser considerados crimes de acordo com o Código Penal Brasileiro.
Ao longo do processo de avaliação das redações, nós nos referimos aos casos de
desrespeito aos direitos humanos por meio da sigla DDH. Essa identificação nos auxilia a
distinguir propostas de intervenção que são nível 0 por DDH daquelas redações que não
Seguem alguns exemplos de desrespeito aos direitos humanos encontrados nas redações
produzidas pelos participantes. O trecho considerado DDH de cada um dos exemplos está
destacado pelas marcações em retângulo verde.
Exemplo 1
Exemplo 2
Exemplo 3
Exemplo 5
Essas redações receberam nível 0 por DDH na Competência V porque propõem soluções
que incitam a violência física (exemplos 1, 2 e 5), que incitam a violência simbólica contra
minorias (exemplo 4) e que sugerem a expulsão de pessoas sem registro civil de seu
próprio país (exemplo 3).
O entendimento do que é ou não DDH também é muito importante, para que nenhuma
injustiça seja cometida com o participante. Não é raro que algumas formulações possam
ser confundidas com DDH. Por esse motivo, elencamos a seguir alguns casos específicos
que não foram considerados DDH para a proposta de 2021. Em cada uma das propostas, o
trecho que pode causar dúvida está sublinhado em vermelho.
Nesse exemplo, o participante propõe uma espécie de regulamentação. Ele propõe uma
medida para a resolução do problema ("fechar suas fronteiras"), mas não está explícito que
é uma proposta permanente. Há o trecho "por um tempo", na linha 21, que possibilita
lermos a proposta como algo a ser adotado apenas para essa situação e não de forma
geral e para sempre. Desse modo, a proposta não foi considerada DDH.
Exemplo 7
Nesse caso, a limitação de circulação dos bebês não representa a intenção de restringir o
direito de ir e vir com impacto à dignidade humana. O participante propõe uma espécie de
regulamentação que ele elabora visando à diminuição dos casos de falta de registro.
Nesse sentido, a liberação dos bebês da maternidade está condicionada à emissão dos
documentos dos filhos. Assim, a proposta em questão traz apenas uma regulamentação
e, por isso, não foi avaliada como DDH.
Nesse exemplo, o participante também propõe uma espécie de regulamentação que ele
elabora visando à diminuição dos casos de falta de registro. Nesse sentido, a participação
em programas sociais está condicionada à emissão dos documentos dos filhos. Essa
regulamentação não consiste em interdição do direito aos serviços sociais essenciais e,
por isso, essa proposta não foi considerada DDH.
3. A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Propor uma intervenção para o problema apresentado pelo tema significa sugerir uma
iniciativa que busque, mesmo que minimamente, enfrentá-lo. É importante ressaltar que,
considerando que os temas de redação do Enem normalmente abordam problemas sociais
complexos, muitas vezes de difícil resolução, as mais diversas formas de intervenção
serão consideradas para a avaliação, desde uma sugestão de combate até uma solução
efetiva da questão em foco.
Nesse sentido, mesmo que o participante apresente muitas propostas de intervenção em seu
texto, nosso objetivo é avaliar, dentre elas, a mais completa a partir da presença desses
elementos. Por esse motivo, é de extrema importância que a Grade Específica seja
rigorosamente aplicada, com base na contabilização dos elementos, buscando garantir
objetividade para o processo e, desse modo, uniformidade ao trabalho dos avaliadores.
Outro aspecto que merece atenção são os casos em que o participante, ao invés de propor
uma ação a ser executada para resolução do problema, apenas menciona uma prática já
existente – como em “Hoje o governo brasileiro garante a gratuidade da expedição do R.G.”
– ou uma ação já realizada no passado – como em “Nas últimas décadas, secretarias
estaduais realizaram campanhas para divulgar amplamente locais para cadastro de registro
civil”. Nesses dois casos, há apenas constatações de práticas/ações em curso ou já
efetuadas e não propostas de intervenção do participante.
Exemplo 9
Exemplo 10
ATENÇÃO!
Um tipo de constatação comum nas redações e que costuma gerar dúvidas é a
“constatação de falta”, como ocorre em:
EXEMPLO
PREENCHIMENTO DO LEITOR
É necessário que haja mais interesse da parte das pessoas para se registrarem.
Construções como “É preciso que haja mais interesse” e “É necessário que haja mais
interesse” são propostas de intervenção porque já apontam para a solução de um
problema, ao contrário da “constatação de falta”.
Como já foi mencionado, os seis níveis na Competência V devem ser atribuídos em função
da qualidade do que é elaborado, avaliado pela contagem de ELEMENTOS, e não em
função da quantidade de propostas apresentadas em uma redação. Esses elementos são:
AÇÃO, AGENTE, MODO/MEIO, EFEITO e DETALHAMENTO.
AÇÃO
EFEITO DETALHAMENTO
Além disso, se uma mesma proposta apresentar algum elemento repetido, ele deve ser
contabilizado apenas uma vez (dois agentes ou dois efeitos, por exemplo). Vale ressaltar
que, em todos os níveis, os elementos podem assumir as mais diversas formas, dada a
heterogeneidade da língua. Isso não deve ser entendido como um problema em si, porém
demanda atenção do avaliador para que seja feita a correta identificação dos elementos
e sua justa contagem, conforme explicaremos ao longo deste Módulo. Para uma avaliação
da Competência V com uniformidade e isonomia, portanto, é importante conhecer melhor
cada um desses elementos e verificar como eles se materializam nos textos.
AÇÃO
Ação é o elemento que diz respeito à ação prática apontada pelo participante como
necessária para a solução do problema apresentado pelo tema. É a partir da ação que
reconhecemos a intenção do participante de propor uma intervenção para o problema
abordado e é a partir dela também que os demais elementos se organizam. A pergunta a
ser respondida a fim de identificar a ação é “O QUE DEVE SER FEITO?”.
1
Portanto, é imprescindível que o Estado crie, por meio de vídeos explicativos bem
objetivos e com linguagem simples, propagandas mais efetivas que promovam a
ação de registar, a fim de oficializar todos os cidadãos como legítimos do país.
2
Conclui-se que com a promoção de campanhas de conscientização que
alertassem a todos sobre a importância de conseguir a cidadania brasileira os
números de cidadão brasileiros cadastrados disparariam, beneficiando a todos.
4
Sendo assim, deveríamos organizar protestos nas ruas e praças para nos
posicionarmos contra políticas obsoletas em torno do acesso à cidadania.
Espero que os prefeitos tomem providências nessa área para que se possa
maximizar o acesso a documentação.
Assim, é urgente que as autoridades façam alguma coisa para resolver a questão.
Urge uma ação eficaz dos especialistas no caso para combater esse problema.
AÇÃO NA
4 NEGATIVA
Não podemos condenar as pessoas que não vão tirar o RG, pois elas podem ter
dificuldades financeiras e de deslocamento.
É preciso ficar atento, no entanto, a casos em que a ação nula é acompanhada de uma
estrutura que lhe atribui concretude, o que a torna, portanto, válida. Observe a análise
dos exemplos a seguir:
(i) É a partir do tema da redação que será definido o que deve ser considerado ação
válida e o que deve ser considerado ação nula; portanto, atualizações nesse aspecto
podem ocorrer quando um novo tema de redação for trabalhado. Assim, ações de
conscientização, que em anos anteriores já foram consideradas nulas, no Enem
2021, foram consideradas válidas, pois o tema “Invisibilidade e registro civil:
garantia de acesso à cidadania no Brasil” possibilitava uma discussão relativa à
esfera do comportamento humano, individual ou coletivo.
4
É imprescindível entendermos que sem documento não temos acesso a educação e
saúde.
(ii) O caráter de nulidade provocado por ideias vagas ou genéricas se aplica apenas à
ação. Em alguns casos, as mesmas formulações podem aparecer constituindo
outro elemento, como modo/meio, efeito ou detalhamento; porém, nessas
situações, tais formulações devem ser consideradas elementos válidos, pois o
caráter de nulidade não se aplica ao modo/meio, nem ao efeito, nem ao
detalhamento. Por exemplo, a formulação “providências cabíveis devem ser
tomadas” é considerada uma ação nula, mas, caso apareça na posição de
modo/meio (como em “Os órgãos públicos poderiam implementar postos de registro
civil em áreas remotas, como em áreas rurais ou do interior, tomando providências
cabíveis”) deve ser aceita como elemento válido.
AGENTE
Agente é o elemento que identifica o ator social apontado para executar a ação que se
propõe. Para determinar o agente, o participante deve considerar o problema abordado
pelo tema, sobre o qual se deseja intervir, e a ação apresentada. Apesar de os possíveis
atores sociais variarem em função do tema e do problema, eles se enquadram em
determinados níveis de ação: individual, familiar, comunitário, social, político,
governamental e mundial. A pergunta a ser respondida para identificar o agente da ação
proposta é “QUEM EXECUTA?”.
1
O governo, o ministério da saúde e educação e as prefeituras têm o papel de
instruir e incentivar a realização da certidão de nascimento.
2
O Brasil deve investir em políticas públicas de cadastramento para garantir que
todos sejam iguais como determina a Constituição.
3
Em suma, cabe à vara da infância e da juventude e ao governo, juntamente com o
Estado, abrir mais portas, para que essas pessoas ‘invisíveis’ sejam reconhecidas.
5
Diante do exposto, é essencial a atuação do governo para criar meios de dar acesso
ao registro de identidade a todos.
Quando o agente é expresso por termos que não permitem a precisa identificação do ator
social indicado para a execução da ação, ele deve ser considerado “elemento nulo”, o qual
não é contabilizado na contagem dos elementos válidos para a avaliação de nível da
Competência V.
* “VOCÊ” é nulo desde que não haja definição desse agente (em “Você, que não
tem registro civil, busque um cartório.”, por exemplo, o agente está definido,
portanto não pode ser considerado nulo).
** Desde que não haja vocativo ou qualquer outra formulação que identifique
o agente (em “Providencie mais postos de cadastramento, ministro!”, por
exemplo, o agente está definido) e com exceção do uso da 1ª pessoa do plural
(como em: “Façamos nossa parte!”, em que o “nós” oculto é agente válido).
AGENTE NULO
1
A
Considerar apenas o agente textualmente marcado, ainda que oculto. Quando o
agente não é marcado textualmente, significa que não há agente na proposta. Se
o participante escreve, por exemplo, “Dessa forma, com mais verbas destinadas
à área de assistência social, o problema do acesso à documentação obrigatória
será solucionado”, a proposta não apresenta agente. Não podemos determinar
que o agente é “o Estado” ou “órgãos responsáveis pela assistência social”
apenas por pressupor que são esses agentes que destinam verbas para a área
de assistência social.
IMPORTANTE!
Deve-se enviar ao supervisor, como ocorrência pedagógica, textos em que
as propostas de intervenção apresentem agentes absurdamente
incompatíveis com a ação, como “Mídias sociais devem emitir carteira de
identidade para quem não tem registro”. Na amostra analisada, não foram
encontradas propostas com esse tipo de ocorrência, mas, caso aconteça, é
importante que o supervisor seja consultado.
MODO/MEIO
Modo/meio é o elemento que diz respeito à maneira e/ou aos recursos pelos quais a ação
é realizada. Esse elemento dialoga com a exequibilidade, concretude e interventividade
da ação, características indispensáveis à proposta de intervenção. A pergunta a ser
respondida para identificar o modo/meio apontado é “COMO SE EXECUTA/POR MEIO DO
QUÊ?”.
1
Cabe ao Ministério da Economia investir em políticas públicas de assistencialismo à
população afetada pela invisibilidade social por meio da criação de Secretarias
especializadas em procurar identificar regiões e comunidades onde há maior
número de pessoas necessitadas de acolhimento, a fim de garantir o acesso pleno
à cidadania.
2
Portanto, cabe ao Governo Federal, a partir de um Plano Nacional de registro civil
para todos, promover projetos nas regiões brasileiras mais carentes, que fiscalizem
e garantam de fato a documentação dos indivíduos.
3
Para solucionar esse problema, um dos primeiros passos é admitir a sua existência e
informar a população, reforçando a importância do registro civil em campanhas
de conscientização.
4
Posto isso, é dever da mídia expor o tema, através de propagandas
socioeducativas exibidas em horário nobre da TV brasileira, para estimular os
debates e conscientizar a população sobre a importância da documentação.
EXEMPLO
EXEMPLO
Outro aspecto importante a ser observado é que não serão consideradas modo/ meio
construções que, embora expressem circunstância de modo, ainda não respondem à
pergunta “Como se executa/Por meio do quê?”. Por exemplo, em “As prefeituras
precisam construir mais cartórios de forma rápida”, a expressão “de forma rápida” ainda
EFEITO
Efeito é o elemento que corresponde aos resultados pretendidos ou alcançados pela ação
proposta. Ele pode vir expresso por meio de uma estrutura indicativa de finalidade,
consequência ou conclusão. A pergunta a ser respondida para identificar esse elemento é
“PARA QUÊ?”.
2
Uma maneira fácil de amenizar esse problema no país e garantir o acesso aos
direitos para toda população é haver mais propagandas do governo frisando
sempre a importância desses documentos.
Assim essa questão deveria ser verificada em cidades nas quais há hospitais e
maternidades, possibilitando que mães registrem seus filhos sem delongas.
Cabe, também, destacar que um mesmo efeito pode servir a várias propostas de
intervenção. O avaliador deve ficar atento, a fim de verificar se, mesmo estando
estruturalmente distante de uma determinada proposta (em outro período ou até em outro
parágrafo), o efeito pode estar semanticamente relacionado a ela, como ocorre no
exemplo seguinte:
EXEMPLO
DETALHAMENTO
Detalhamento é o elemento que acrescenta informações à ação, ao agente, ao
modo/meio ou ao efeito. Ele tem papel fundamental para uma formulação mais concreta
e mais elaborada da proposta de intervenção. Por esse motivo, damos ao detalhamento a
mesma relevância concedida aos demais elementos, pois todos cumprem o papel de
tornar a proposta de intervenção mais completa. A pergunta a ser respondida para
identificar o detalhamento é: “QUE OUTRA INFORMAÇÃO SOBRE ESSES ELEMENTOS FOI
ACRESCENTADA PELO PARTICIPANTE?”.
1 JUSTIFICATIVA
2 EXEMPLIFICAÇÃO
ATENÇÃO!
Nos anos anteriores, uma das dúvidas mais recorrentes sobre a Competência V
dizia respeito à análise de orações adjetivas na composição da proposta de
intervenção. Muitos questionamentos referem-se à identificação de orações
subordinadas adjetivas restritivas como parte da ação e de orações subordinadas
adjetivas explicativas como detalhamento.
Sabe-se que, mesmo recorrendo a explicações gramaticais, pode ser difícil fazer
uma distinção precisa entre esses tipos de oração. Uma maneira de observar essa
diferença seria pelo emprego da vírgula nas orações explicativas, porém, é preciso
considerar os diferentes níveis de domínio do uso da vírgula pelos participantes,
que, em alguns casos, não empregam esse tipo de pontuação corretamente.
Assim, entendemos que nos basearmos na distinção entre restritivas e
explicativas para definir se a oração consiste ou não em detalhamento seria
improdutivo.
EXEMPLO
EXEMPLO
Para que seja possível diminuir ou até mesmo extinguir esse problema, o
governo teria que passar por reorganização e utilizar equipamentos que
objetivem agilizar a demora na fabricação dos documentos.
Note que essa convenção serve exclusivamente para o elemento ação. Quando
a oração adjetiva (restritiva ou explicativa) aparece ligada a um agente ou a um
modo/meio, é necessário fazermos a pergunta “Que outra informação sobre
esses elementos foi acrescentada pelo participante?” para considerarmos a
existência de um detalhamento ou não.
1 EXPLICAÇÃO
Assim, canais da mídia de massa, tais como a Rede Globo, devem criar uma série
documental que retrate a vida real de pessoas sem documentação, a fim de reverter
a falta de informação sobre o acesso à cidadania no Brasil.
1 EXPLICAÇÃO
2 EXEMPLIFICAÇÃO
EXEMPLO
EXEMPLO
1
Com base nos delineamentos apresentados, é indubitável a importância da
cidadania no exercício das liberdades sociais e individuais. Assim, faz-se necessária
a mobilização do Estado para reconhecer os nascimentos dos não registrados,
através da identificação por testes de DNA. Desse modo, a visibilidade será
garantida a todos.
2
Considerada a problematização acima, o governo deveria disponibilizar
documentações provisórias, para as pessoas poderem solicitar outros documentos
importantes, amenizando grande parte do problema.
3
Diante do exposto, podemos considerar que os órgãos públicos precisam
estabelecer políticas para que haja organização do setor de registros e, com o
sucesso dessas ações, a desigualdade e a falta de acesso a benefícios sociais
serão cada vez mais minimizadas.
EXEMPLO
EXEMPLO
Ainda sobre o exemplo anterior, caso houvesse, no trecho, alguma outra expressão que
indicasse outra relação além da adição, poderíamos considerar a presença de um
EXEMPLO
ATENÇÃO!
Para a identificação de dois efeitos independentes, considera-se qualquer
conjunção ou expressão de adição, não apenas a conjunção “e”.
Assim, quando o participante utilizar apenas conjunções ou expressões aditivas
(“e”, “além de”, “também”, “não só... mas também”, entre outras) para relacionar
efeitos, devemos considerá-los dois efeitos independentes e não efeito e
detalhamento do efeito.
EXEMPLO
→ O que deve ser feito? “promover um movimento de registro da população sem certidão
de nascimento”. AÇÃO .
→ Para quê? “mudando este cenário triste da realidade atual do Brasil”. EFEITO .
→ Que outra informação sobre esses elementos foi acrescentada pelo participante?
NÃO HÁ.
EXEMPLO
→ Que outra informação sobre esses elementos foi acrescentada pelo participante?
NÃO HÁ.
O trecho destacado deve ser identificado como modo/meio, pois o uso do verbo “usar” no
gerúndio, nessa ocorrência, indica a forma de realizar a ação “conscientizar as pessoas”.
Ou seja, o trecho responde à pergunta “COMO será possível conscientizar as pessoas?” –
POR MEIO do uso das redes sociais.
EXEMPLO
Uma das formas de facilitar a retirada dos documentos seria o implante de cartório
de registro civil nas maternidades e hospitais que prestam serviço de obstetrícia,
diminuindo o mapa da invisibilidade dos sem registro.
→ Que outra informação sobre esses elementos foi acrescentada pelo participante?
“diminuindo o mapa da invisibilidade dos sem registro”. DETALHAMENTO DO EFEITO .
O trecho destacado deve ser identificado como detalhamento do efeito, pois o uso do
verbo “diminuir”, nessa ocorrência, acrescenta um desdobramento do efeito, uma
informação a mais sobre ele. Ou seja, o trecho responde à pergunta “QUE OUTRA
INFORMAÇÃO sobre o efeito foi acrescentada pelo participante?” – A facilitação da retirada
dos documentos (efeito) levará à diminuição do mapa da invisibilidade a que estão
submetidas as pessoas sem registro (um efeito decorrente de um primeiro efeito, ou seja,
um detalhamento).
Para finalizarmos esta seção, retomemos brevemente o passo a passo mais adequado
para se fazer a identificação e a contabilização dos elementos. É importante compreender
que a ação é o elemento essencial de uma proposta de intervenção e é a partir dela que
identificamos os outros elementos. Com isso, pretendemos explicitar que uma proposta
pode ter mais de um agente, mais de um modo/meio, mais de um efeito ou mais de um
detalhamento, mas nunca poderá ter mais de uma ação. Isso ocorre porque, justamente,
cada ação equivale a uma proposta de intervenção específica. Vejamos um trecho de uma
redação com abordagem completa do tema que apresenta mais de uma proposta de
intervenção:
Como há mais de uma ação no mesmo trecho, é possível que essas ações compartilhem
elementos, como o roteiro permitirá identificar com segurança.
Então, após definir quais são as ações, devemos identificar a presença dos elementos
agente, modo/meio e efeito. Primeiramente, podemos perceber que cada uma dessas
ações está ligada a um agente específico. Assim, temos:
EFEITOS “com o intuito de levar informação”; “com o intuito de [...] minimizar esse problema”
0 Ausência de
proposta
OU
Proposta de intervenção que
desrespeita os direitos humanos
OU
Proposta de intervenção não
relacionada sequer ao assunto
Exemplo 13
Se um texto for avaliado como “fuga ao tema”, é porque nem na proposta de intervenção
foi identificada a abordagem temática; portanto, ele não é avaliado em qualquer uma das
competências. No entanto, caso um texto avaliado na Competência II com abordagem
completa do tema, ou, pelo menos, como tangente, apresente uma proposta de
É importante lembrar que, caso o texto contenha outra proposta compatível, ela deve ser
avaliada normalmente, mesmo apresentando menos elementos, ou seja, não sendo a mais
completa.
IMPORTANTE!
Deve-se enviar ao supervisor, como ocorrência pedagógica, textos com proposta
de intervenção não relacionada sequer ao assunto, para uma verificação mais
detalhada.
Se um texto foi avaliado como tangente na Competência II, significa que a abordagem
completa do tema não foi identificada nem mesmo na proposta de intervenção; portanto,
ainda que apresente uma proposta com um ou mais elementos válidos, deve ser avaliado
no nível 1 na Competência V. Contudo, é preciso atenção, pois um texto tangente pode
ainda: não conter proposta de intervenção; apresentar proposta que desrespeite os
direitos humanos; ou apresentar apenas proposta não relacionada sequer ao assunto −
condições que levam à atribuição do nível 0 nesta Competência.
No exemplo a seguir, as propostas de intervenção, ainda que cada uma apresente dois
elementos válidos, encontram-se em um texto tangente; por isso, a redação se enquadra
no nível 1 da Competência V.
Exemplo 15
No Exemplo 15, o tema é abordado de forma completa, pois trata do registro civil já na linha
1 (“documentação pessoal”) e contempla o acesso à cidadania na linha 5, ao fazer referência
a direitos adquiridos a partir do registro civil, no caso, outros documentos (“E para possuir
Exemplo 16
4.3. Nível 2
2 2 elementos válidos !
Estruturas condicionais com 2 ou mais elementos
válidos não devem ultrapassar este nível
A proposta de intervenção construída a partir de uma oração condicional deve ter sua
avaliação limitada ao nível 2. Dessa forma, ainda que apresente mais de 2 elementos
válidos, essa proposta não pode ultrapassar esse nível. Vale destacar que, se tal proposta
atender apenas às condições de nível 1, deve, então, receber a nota correspondente e, se
desrespeitar os direitos humanos ou não for sequer relacionada ao assunto, deve ser
avaliada no nível 0.
Exemplo 18
O Exemplo 18 aborda o tema de forma completa, tratando do registro civil nas linhas 1 e 2
(“certidão de nascimento”) e do acesso à cidadania nas linhas 2 e 3 (“Documento esse, que é
muito importante para serem feitos outros documentos”). Há uma única proposta de
IMPORTANTE!
Para efeito de uniformização, são consideradas propostas construídas a partir de
orações condicionais aquelas que expressam, indubitavelmente, uma condição, por
meio das orações subordinadas adverbiais condicionais desenvolvidas, com as
conjunções próprias (“se”, “caso”, “desde que” etc.).
Além dessas construções, vale lembrar que apenas o uso de verbos no futuro do
pretérito do indicativo não é suficiente para configurar o que consideramos uma
estrutura condicional. Por exemplo, a proposta "As prefeituras deveriam fazer
checagem anual do registro civil dos alunos matriculados no ensino básico" deverá ser
avaliada normalmente. Nessa proposta temos 2 elementos válidos: o agente ("As
prefeituras") e a ação ("deveriam fazer checagem anual do registro civil dos alunos
matriculados no ensino básico").
É preciso ficarmos atentos também ao fato de que não são todas as orações
condicionais que apresentam uma proposta de intervenção. Para que seja
efetivamente uma proposta interventiva, é preciso que ela expresse o claro desejo do
participante de sugerir algo para enfrentar o problema abordado pelo tema. Isso
não acontece, por exemplo, em orações condicionais que se referem a situações do
passado: “Se os pais tivessem registrado seus filhos ao nascerem, eles teriam vaga na
escola primária".
3 3 elementos válidos
Exemplo 19
O Exemplo 19 aborda o tema de forma completa, pois o participante trata do registro civil
na linha 3 (“documentos”) e da falta do acesso à cidadania na linha 7 (“invisibilidade”). Há
duas propostas de intervenção de nível 3, entre as linhas 17 e 21. A primeira é constituída
Exemplo 20
4.5. Nível 4
4 4 elementos válidos
Exemplo 22
4.6. Nível 5
5 5 elementos válidos
Exemplo 24
Uma das falhas dessa redação quanto ao projeto de texto, avaliado pela Competência III,
diz respeito à falta de organização e de relação entre as ideias, já que há pouca articulação
entre sua argumentação e a proposta de intervenção. O participante propõe como solução
para o problema a criação de cartórios acessíveis aos moradores da zona rural. No
entanto, ele não havia considerado, em sua argumentação, que o acesso a cartórios por
parte de habitantes da zona rural ou a escassez de cartórios fossem um problema. Além
disso, ele não retoma de forma explícita a questão do contrato social ou da democracia,
que eram os pilares de seus parágrafos argumentativos. Já com relação ao
desenvolvimento das ideias, outro elemento avaliado pela Competência III, observa-se que
o participante ainda deixa algumas lacunas no desenvolvimento das ideias, o que também
compromete a autossuficiência do texto e exige do leitor o trabalho de interpretação.
Entre as linhas 17 e 18, por exemplo, quando o participante afirma que a falta de
documentação leva à exclusão e negligência das pessoas, espera-se que ele explique ou
fundamente ao leitor como esse processo ocorre.
No entanto, essas falhas e lacunas verificadas pela Competência III, que levaram o texto a
ser avaliado no nível 3, não devem ser penalizadas na avaliação da Competência V. Ao
Com o Exemplo 25, fica claro que cada uma das duas competências considera a proposta
de intervenção na avaliação de forma diferente. Na Competência III, a proposta deve ser
avaliada como uma das partes que compõem o projeto de texto e o desenvolvimento das
ideias, e, por isso, deve-se verificar como ela se relaciona às demais informações
apresentadas ao longo da redação. Já na Competência V, a proposta deve ser avaliada por
sua composição, ou seja, pela presença dos elementos que fazem parte de uma proposta
de intervenção, sem considerar a relação entre ela e o restante do texto.
Exemplo 26
6. CONCLUSÃO
Vale a pena retomar que a proposta de intervenção do texto deve ser avaliada por sua
composição a partir dos 5 elementos: AGENTE; AÇÃO; MODO/MEIO; EFEITO; e
DETALHAMENTO (que pode estar relacionado a qualquer um dos outros elementos).
FINALIZANDO…
ÓTIMOS ESTUDOS!
7. REFERÊNCIAS
ABREU, R. N. Exercício da cidadania e direitos humanos – as funções da Competência V na
redação do Enem. In: GARCEZ, L. H. C.; CORRÊA, V. R. (Orgs.) Textos dissertativo-
argumentativos: subsídios para qualificação de avaliadores. Brasília: Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2017.
Coordenação
ACADÊMICA
Tânia Cristina Arantes Macedo de Azevedo