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MÓDULO 3
COMPETÊNCIA I
Material de Leitura do Curso de
Capacitação a Distância
ATENÇÃO!
O conteúdo presente neste material é
SIGILOSO e não pode ser divulgado, distribuído,
impresso ou utilizado para qualquer outra
finalidade que não faça parte do objetivo
específico do curso de capacitação. No caso
de quebra de sigilo, a Fundação Getulio Vargas
aplicará todas as medidas legais cabíveis
e desligará do processo a pessoa envolvida.
3. OS DESVIOS ........................................................................................................................... 27
3.1. Desvios de convenções da escrita ......................................................................................... 28
3.1.1. Acentuação ...................................................................................................................... 29
3.1.2. Ortografia .........................................................................................................................31
3.1.3. Hífen ................................................................................................................................ 35
3.1.4. Separação silábica (translineação)................................................................................ 37
3.1.4. Maiúsculas/minúsculas .................................................................................................. 38
3.2. Desvios gramaticais ............................................................................................................... 41
3.2.1. Regência ......................................................................................................................... 41
3.2.2. Concordância ................................................................................................................. 43
3.2.3. Tempos e modos verbais............................................................................................... 46
3.2.4. Pontuação ...................................................................................................................... 47
3.2.5. Paralelismo sintático ..................................................................................................... 55
3.2.6. Emprego de pronomes .................................................................................................. 57
3.2.7. Crase ............................................................................................................................... 60
3.3. Desvios de escolha de registro ...............................................................................................61
3.3.1. Informalidade/marca de oralidade .................................................................................61
3.4. Desvios de escolha vocabular ................................................................................................ 62
COMPETÊNCIA I
Demonstrar domínio da modalidade escrita
formal da língua portuguesa
1. INTRODUÇÃO
A primeira Competência da Matriz de Referência do Enem avalia o domínio que os
participantes desse exame apresentam em seus textos quanto à modalidade escrita
formal da Língua Portuguesa. Essa avaliação é pautada pelo que dispõe a norma-padrão e
deve levar em consideração que o domínio dessa norma está estratificado em níveis que
contemplam aspectos de ordem léxico-gramatical e de construção adequada de períodos
e frases, garantindo a fluidez da leitura.
Assim, apresentaremos, neste módulo, como tais aspectos devem ser avaliados bem
como as estratégias que tornam essa avaliação eficaz, homogênea e objetiva, de modo a
garantir uma nota justa ao participante e uma segurança maior ao avaliador, que poderá
atribuir determinado nível nessa Competência com base em critérios devidamente
preestabelecidos e acordados entre todos os atores desse processo.
Uma das primeiras questões que devem ser consideradas na avaliação da Competência I
é que a escrita formal da Língua Portuguesa pressupõe um conjunto de regras e
convenções firmadas e trabalhadas já nos primeiros anos de formação escolar. É
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em
modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Invisibilidade e
registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”, apresentando proposta de
intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de
forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Assim, em conformidade com o que foi solicitado ao participante e com o contexto mais
amplo deste trabalho (a saber, a correção de textos em larga escala), a avaliação da
modalidade escrita deve ser pautada por critérios previamente sistematizados e bem
acordados entre todos os avaliadores. Isso significa que a avaliação não deve se orientar
por aquilo que um avaliador considera mais problemático do ponto de vista gramatical ou
de incorreção quanto à norma ortográfica, por exemplo, ou pelo estabelecimento de uma
hierarquia, em que se penaliza mais um determinado tipo de desvio de norma-padrão do
que outro, segundo o que cada um julga mais ou menos aceitável. Ao buscarmos uma
equidade nessa avaliação, eliminaremos a subjetividade, que é indesejável em processos
como o de correção de redações do Enem.
Já no que diz respeito aos desvios, estes são determinados pelo que preconiza a
gramática normativa. É preciso termos em conta que, muitas vezes, as regras
gramaticais oriundas da produção linguística real dos falantes, como aquelas observadas
nas gramáticas descritivas, não correspondem ao que se espera da formalidade exigida
para um texto escrito, menos ainda para um texto dissertativo-argumentativo.
Por esse motivo, é fundamental que avaliemos os textos dos participantes do Enem a
partir do que se vem ensinando ao longo dos anos de formação escolar dos estudantes, de
acordo com as convenções estabelecidas pelos gramáticos normativistas em termos de
regras ortográficas e gramaticais e com a adequação de escolha de registro e de escolha
vocabular.
Demonstra domínio insuficiente da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa, com muitos
2 desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita.
Detalharemos, a seguir, como os textos podem ser avaliados segundo tais critérios.
Já outro participante pode não ter facilidade para formar períodos, truncando-
os com ponto final ou justapondo-os com vírgulas (quando, na verdade, ele
B deveria ter usado ponto final), o que poderá comprometer a fluidez da leitura de
seu texto, embora consiga grafar as palavras e acentuá-las segundo as regras de
convenção da escrita.
Há também aquele que comete desvios bem pontuais e que demonstra destreza
C no emprego de subordinações e de orações intercaladas.
Ainda pode haver um participante que apresenta um texto que revela quase total
D desconhecimento das regras de convenção da escrita e das regras gramaticais,
bem como da organização dos componentes oracionais, por exemplo.
5 Estrutura sintática excelente (no máximo, uma falha) E, no máximo, dois desvios.
Para que um texto seja avaliado em determinado nível da grade específica da Competência
I, é preciso que ele cumpra integralmente o seu descritor – ou seja, um texto avaliado no
nível 4, por exemplo, deverá apresentar, simultaneamente, “estrutura sintática boa” e
“poucos desvios”. Todavia, dentro do universo de textos que serão avaliados, certamente
haverá aqueles que apresentarão características de dois níveis – por exemplo: um texto
pode apresentar “poucos desvios” (característica contemplada no descritor do nível 4),
mas “estrutura sintática regular” (que consta no descritor do nível 3).
Em casos assim, precisamos nos pautar por uma diretriz muito importante: textos que
tenham características de dois níveis diferentes da grade específica da Competência
I DEVEM SER AVALIADOS NO NÍVEL INFERIOR. Assim, na situação hipotética apresentada
no parágrafo anterior, o texto se enquadrará no nível 3, pois apresenta “estrutura sintática
regular”, ainda que ele tenha uma característica de um nível superior (“poucos desvios”).
A nossa atenção sempre deverá ser maior para casos em que ou a estrutura sintática é
deficitária ou há muitos desvios, pois essas características aparecem em dois níveis.
Observemos:
Assim, um texto que apresenta “estrutura sintática deficitária com muitos desvios” deverá
ser avaliado no nível 1 da Competência I, uma vez que atende perfeitamente ao descritor
desse nível. Entretanto, se um texto apresenta “estrutura sintática deficitária”, mas os
Esquematizamos a seguir todas as possibilidades para que um texto seja avaliado no nível 2.
ALGUNS DESVIOS
NÍVEL OU
NO MÁXIMO 2 DESVIOS
SINTÁTICA EXCELENTE E
2 ESTRUTURA SINTÁTICA REGULAR E
Notemos que a possibilidade “estrutura sintática deficitária com muitos desvios” não
ocorre, já que ela se refere ao nível 1.
Apresentaremos adiante como deve se dar a avaliação da estrutura sintática para que
saibamos avaliar corretamente um texto entre as quatro possibilidades que se
apresentam para esse aspecto. Em seguida, os desvios serão detalhados, de modo que
compreendamos o que se está avaliando nesse aspecto e como iremos determinar se
aquele conjunto de desvios deve ser caracterizado como “muitos”, “alguns” ou “poucos”.
Nesse sentido, sabemos que a diferença entre “alguns” e “poucos” desvios, por exemplo,
pode variar, a depender do olhar do avaliador, o que não é desejável em qualquer processo
A estrutura sintática deve ser observada para a avaliação correta do texto: se ele não
possui uma sintaxe estruturada, é avaliado no nível 0, por conter estrutura sintática
inexistente, apresentando ou não desvios – ressaltamos que, nesses textos, podemos
observar momentos de estrutura sintática mínima preservada, em que se pode
depreender algum sentido; contudo, a ausência de uma estrutura sintática minimamente
preservada na maior parte do texto caracteriza a estrutura sintática como inexistente;
se possui uma estrutura sintática deficitária com muitos desvios, o texto deverá ser
avaliado no nível 1.
Dessa forma, não é suficiente apenas observar a estrutura sintática para atribuir os níveis
na Competência I. O fato de um texto apresentar uma “estrutura sintática excelente” não
garante que ele seja avaliado no nível 5, pois, se esse texto apresentar mais de dois
desvios, deverá ser avaliado no nível 4.
Nesse sentido, o que caracteriza uma estrutura sintática deficitária, regular, boa ou
excelente? Primeiramente, a estrutura sintática deficitária é claramente identificável
quando há diversas falhas de estrutura sintática (descritas na próxima seção) que podem
ou não interferir na fluidez da leitura do texto. Trata-se de textos ao longo dos quais
interrompemos a leitura em certa altura e retomamos de um ponto precedente, porque a
compreensão foi prejudicada por um ponto final indevido ou pela falta dele, por exemplo.
Atentemos para o fato de que não estamos falando de um texto de letra de difícil
compreensão, mas de questões que se referem à maneira de escrever do participante,
com muitas orações justapostas ou com muitos truncamentos, isto é, os períodos estão
incompletos porque uma oração não foi expressa ou está indevidamente isolada em outro
período ou parágrafo. Igualmente, não devemos avaliar um texto como “estrutura sintática
deficitária” quando há falhas de estrutura sintática em momentos pontuais, mas sim
quando isso ocorre com frequência ao longo do texto, levando-se sempre em
consideração o conjunto textual.
A estrutura sintática regular ou boa será determinada por um texto em que, embora haja
fluidez de leitura, verificam-se algumas falhas (descritas na próxima seção). A
diferenciação entre estrutura sintática “regular” ou “boa” vai se dar, assim, pela quantidade
dessas falhas segundo o conjunto textual apresentado pelo participante.
ATENÇÃO!
Se um texto apresentar metade dos parágrafos constituídos por um único período
e a outra metade corresponder a parágrafos com mais de um período (ou seja, a
mesma quantidade de cada tipo de parágrafo), a estrutura sintática do texto pode
ser avaliada como “boa” ou até mesmo como “excelente”, a depender de outras
características da construção dessa estrutura.
Uma outra questão importante que precisa ser esclarecida é quanto à excelência da
estrutura sintática esperada no nível 5. Uma estrutura sintática excelente admite uma
única falha e, além disso, é caracterizada por um texto com certa complexidade na
construção dos períodos, com orações intercaladas e subordinações, que revelam bom
domínio da escrita no que tange à organização no interior dos períodos. Com isso, um texto
formado apenas por períodos construídos de maneira simplória não poderá ser avaliado
como “estrutura sintática excelente”, mas “boa” (característica do nível 4), ainda que não
apresente falhas de estrutura sintática, como as que apresentaremos adiante.
Há uma variedade de problemas que podem levar à falha na estrutura sintática. Elencamos
a seguir os mais comuns. Recordamos que as falhas de estrutura sintática estão indicadas
por um X, em roxo, conforme legenda constante da Introdução.
Exemplo 2
Exemplo 3
Nesse exemplo, ocorre uma separação indevida da oração “Que saem a procura para se
encaixar em um mundo novo para eles”, a qual deveria fazer parte do período anterior, “E
com isso transmitem para os mais velhos, por começarem a entender”. Essa separação
gera um truncamento.
Exemplo 4
O participante separa indevidamente por ponto final os trechos “sem violência com mais”
e “respeito a todos e a melhoria na educação, saúde, com a diminuição na violência”, os
quais deveriam constituir um único período com o que vinha se afirmando: “Nós cidadão
não temos apoio dos governantes, para nada, com o acesso ia ser um país, Melhor sem
violência porque não temos a oportunidade de nada, pra procurar fazer, um Brasil sem
violência com mais respeito a todos […]”.
Exemplo 5
Nesse exemplo, o truncamento não se verificaria caso o participante tivesse escrito “[…]
mesmo assim a população acaba sofrendo com isso porque muitos locais solicidando a
segunda via a mesma só teria validade […]”. No entanto, como houve a separação das duas
orações pelo uso do ponto final, configura-se uma falha de estrutura sintática.
Outro caso de separação indevida de orações por ponto final que caracteriza truncamento
pode ser visto no Exemplo 6.
Exemplo 6
Assim como no Exemplo 5, temos aqui um caso em que o participante isola indevidamente
uma oração iniciada por conjunção coordenativa (“Pois para trabalhar de carteira assinada
tem que ter documentos”), a qual deveria compor período único com o que vinha se
afirmando anteriormente. A construção sem essa falha, portanto, deveria ter sido: “[…]
Outra falha relacionada à estrutura sintática diz respeito a construções que deveriam ser
independentes, mas foram justapostas, formando longos períodos. Esse tipo de falha está
ilustrado no Exemplo 7, em que há justaposição em diversos momentos ao longo do texto.
Exemplo 7
Nesse exemplo, temos justaposição de orações que deveriam constituir novos períodos
em mais de um momento. Os trechos com falhas de justaposição poderiam ter sido assim
escritos, de modo a eliminá-las: “Os cidadões tem que ter o direito de ter acesso a
cidadania brasileira. Temos que uma nação de igualdade fazendo que todas pessoas
possam ter esse direito, seja rico ou pobre, negro ou branco. Muitas das vezes a periferia
saí em desvantages mais o nosso dever como cidadão é lutar para nossa igualdade. Temos
Por não se verificar essa organização esperada de seus períodos, mas sim a justaposição
de orações em um único período, atribuem-se cinco falhas de estrutura sintática por
justaposição a esse trecho. Ainda que haja outras falhas de estrutura sintática, como
ausência de elemento sintático (em “todas [as] pessoas” na l. 4 e, posteriormente, na l. 11),
o Exemplo 7 propõe-se a ser ilustrativo apenas da falha de justaposição.
Essa mesma falta de organização dos períodos, marcada por momentos de justaposição,
é verificada no Exemplo 8.
Exemplo 8
Exemplo 9
A repetição do artigo “o” em “pelo o Estado” caracteriza uma falha de estrutura sintática
por excesso, pois já existe um artigo na contração “pelo” (preposição “por” mais artigo “o”).
Um outro exemplo de excesso de elemento sintático pode ser observado no Exemplo 10.
Há ainda casos como o do Exemplo 11, em que igualmente se verifica excesso de elemento
sintático, caracterizando falha de estrutura sintática.
Exemplo 11
O pronome “se” está em excesso, tendo em vista que o verbo “precisar” não é pronominal
e que não há por que se indeterminar o sujeito, já que este está expresso (“soluções”).
Reforçamos que é preciso cautela para não considerarmos falha de estrutura sintática a
presença ou a ausência indevida de preposição quando claramente se trata de um
problema de regência nominal ou verbal (que deve, portanto, ser considerado desvio, e não
falha de estrutura sintática). Vejamos o Exemplo 12.
Exemplo 12
Também não devem ser consideradas falhas de estrutura sintática por excesso de
elemento sintático construções que repitam uma mesma ideia, como “pessoas com
problemas mentais da cabeça”. O que se observa nesse caso é uma redundância (não
penalizável na Competência I) e não um excesso de elemento sintático. Também não deve
ser considerada excesso de elemento sintático a construção “como por exemplo”,
ilustrada no Exemplo 13.
Exemplo 13
Exemplo 14
Exemplo 16
Não está expresso sintaticamente, no Exemplo 16, o que as pessoas em todo Brasil não
possuem, havendo, portanto, falha de estrutura sintática que poderia ser sanada da
seguinte maneira: “[…] inúmeras pessoas em todo Brasil não possuem [o registro civil]”.
Exemplo 17
Neste momento, é importante determinar, com mais detalhes, o que deve ser avaliado na
Competência I quanto aos desvios. Eles serão elencados a seguir, de acordo com a
categoria a que pertencem:
→ ACENTUAÇÃO
→ ORTOGRAFIA
DE CONVENÇÕES
→ HÍFEN
DA ESCRITA
→ SEPARAÇÃO SILÁBICA (TRANSLINEAÇÃO)
→ MAIÚSCULAS/MINÚSCULAS
DESVIOS
→ REGÊNCIA
→ CONCORDÂNCIA
→ TEMPOS E MODOS VERBAIS
GRAMATICAIS → PONTUAÇÃO
→ PARALELISMO SINTÁTICO
→ EMPREGO DE PRONOMES
→ CRASE
Por outro lado, desvios gramaticais, como problemas de concordância, podem não ser tão
aparentes, exigindo uma análise mais aprofundada.
Por sua vez, os desvios de escolha vocabular dependem, muitas vezes, de uma análise
semântica, pois é preciso observar se um determinado vocábulo está sendo empregado
em seu sentido correto e adequado ao texto e às ideias apresentadas.
Comentemos brevemente essas categorias de desvios, de modo a elucidar o que deve ser
avaliado.
Nesse sentido, cumpre determinarmos que a correta grafia das palavras, a acentuação e
o uso do hífen devem ser avaliados segundo o Acordo Ortográfico vigente (doravante Novo
Acordo Ortográfico), assinado em 1990 e obrigatório no Brasil desde 2016.
Elencaremos, nas próximas seções, alguns desvios comuns que são verificados nas
redações. Os exemplos que foram incluídos nesta seção podem apresentar mais desvios
além daqueles indicados, mas, para facilitar a identificação do que se quer apontar, não
inserimos a marcação em todos os desvios.
Exemplo 18
Exemplo 19
Por fim, no Exemplo 20, apresentamos mais alguns casos em que se verificam desvios de
acentuação.
As palavras “varias”, “existencia”, “desnecessario”, “e” e “Fisica” não foram acentuadas (deveriam
ser “várias”, “existência”, “desnecessário”, “é” e “Física”, respectivamente), enquanto
“ínrelevante” e “é” foram indevidamente acentuadas (o correto seria “irrelevante” e “e”,
respectivamente). Seja pela ausência do acento, seja pela presença indevida, esses são
exemplos de desvios de acentuação. Como apontamos anteriormente, quando há uma palavra
que não foi acentuada e essa mesma palavra ocorre com esse mesmo desvio, devemos
contabilizar apenas a primeira ocorrência (como é o caso de “é”, que deveria ser “e”); já no caso
de “desnecessario” e “nescessarío”, observamos também o mesmo desvio em palavras que não
são exatamente as mesmas, mas apresentam a mesma base (“necessário), caso para o qual
aplicaremos a mesma regra de se considerar desvio apenas a primeira ocorrência.
3.1.2. Ortografia
De igual modo, a troca de “há” por “a” (ou vice-versa) deverá ser considerada desvio de
grafia, como observamos no Exemplo 22.
Exemplo 22
Nesse caso, a troca da forma verbal “há” por “a” deverá ser contabilizada como um único
desvio, e não como um desvio de grafia e outro de acentuação. Da mesma forma, se o
participante tivesse feito o contrário (utilizado “há” quando o correto seria “a”),
contabilizaríamos apenas um desvio.
Também deve ser considerado desvio de grafia o uso de “aonde” no lugar de “onde” (ou
vice-versa), como ocorre no Exemplo 23.
Nesse caso, o “onde” não está relacionado a um verbo que requer a preposição “a”.
Portanto, o correto seria “onde”, e não “aonde”. Ainda que a natureza desse desvio esteja
ligada à regência pedida por verbos que estão relacionados à ideia de movimento,
optamos por considerar esse um problema de grafia, pois, como veremos adiante, desvios
de natureza gramatical (como a regência) numa mesma palavra devem ser penalizados em
todas as ocorrências ao longo do texto; já os desvios de convenções da escrita em uma
mesma palavra, como a grafia, serão penalizados apenas uma vez. Dessa maneira, ainda
que haja mais de uma ocorrência de “aonde” no lugar de “onde” (ou vice-versa) em um
mesmo texto, deve-se considerar apenas um desvio.
É importante que se faça aqui uma ressalva: o uso de “onde” sem função locativa, como
mostrado no Exemplo 24, deve ser penalizado na Competência IV, e não na Competência I.
Exemplo 24
Percebe-se que o “onde”, nesse exemplo, foi usado incorretamente como um elemento
coesivo, cuja alçada de avaliação é da Competência IV. Como o termo está grafado
corretamente, ele não será considerado desvio na Competência I.
Exemplo 25
Nesse exemplo, o termo “Toda via”, ainda que se trate de um coesivo, deve ser penalizado
na Competência I por apresentar um desvio de grafia (a escrita correta seria “Todavia”).
Exemplo 26
Finalmente, caso o participante grafe uma expressão fixa incorretamente, como “haja
visto” (em que o correto seria “haja vista”), tem-se um desvio de grafia. Caso houvesse um
emprego incorreto dessa expressão em uma frase como “A criança precisa de documento
para se matricular na escola, haja visto que muitas não têm documento algum”,
observaríamos – além da grafia incorreta, que deve ser penalizada na Competência I – o
emprego inadequado de “haja vista” como elemento coesivo, pois não se verifica relação
de causa e consequência entre as ideias por ele coordenadas, mas de oposição, gerando
também, portanto, penalização na Competência IV (essas questões serão tratadas com
mais profundidade no Módulo 6).
Também não devem ser avaliados como desvio os nomes próprios grafados
incorretamente. Registros como “Augusto Pullmam” (August Pullman) e “R. J.
Palasio” (Palacio), ou casos como “Heiguel” (Hegel), “Roussea” (Rousseau),
“Sartré” (Sartre), “Nietszche” (Nietzsche) e similares não devem ser
penalizados. Entretanto, como veremos adiante, nomes próprios grafados
com letra inicial minúscula devem ser considerados desvios.
3.1.3. Hífen
O avaliador deve lembrar que a translineação pressupõe o uso do hífen ao final da linha.
Por essa razão, devem ser penalizados casos em que esse hífen não é usado para indicar
que uma palavra teve sua escrita interrompida ao final de uma linha e continuará na
próxima, como ocorre no Exemplo 27.
Exemplo 27
A palavra “verdade” foi separada em duas linhas, mas, como o participante não indica a
translineação com um hífen, temos um desvio.
Exemplo 29
No caso ilustrado pelo Exemplo 29, o participante marca duplamente a translineação nas
palavras “iniciativa” e “indigêmcia”, o que não deve ser penalizado, mas avaliado como uso
adequado do hífen para se indicar a translineação.
Por outro lado, são passíveis de penalização ocorrências em que o uso do hífen não foi
respeitado segundo o Novo Acordo Ortográfico. O Exemplo 30 ilustra um caso em que o
hífen deveria ter sido empregado, mas não foi, gerando um desvio.
Por não ter empregado o hífen em “porta voz” (quando o correto seria “porta-
-voz”), o participante comete um desvio.
Por fim, a presença indevida de hífen em palavras ou composições que não apresentam
esse sinal deve ser penalizada, como no Exemplo 31.
Exemplo 31
A palavra “socioeducativas” deve ser grafada sem hífen; por isso, penalizam-se os casos
em que se grafa “socio-educativas”, como no Exemplo 31.
ATENÇÃO!
A avaliação da Competência I deve ser feita de modo que o participante
não seja prejudicado por sua caligrafia.
Como já antecipado, quando o participante faz uma translineação, ele deve marcá-la com
um hífen ao final da linha. Caso não o faça, um desvio deverá ser considerado.
Exemplo 32
A separação silábica em “ma-is” está incorreta, havendo, em casos como esse, portanto,
um desvio.
3.1.4. Maiúsculas/minúsculas
Nomes de pessoas grafados com letra inicial minúscula – em casos de nome composto e/ou
II nome e sobrenome, considera-se um único desvio para o nome como um todo
III Nomes de países, continentes e outras áreas geográficas grafados com letra inicial minúscula
VI Exemplo 33
Exemplo 34
VII
Note-se que a palavra “Brasileiros”, na linha 7, apresenta indevidamente letra inicial maiúscula.
É possível notar que o participante diferencia letra b maiúscula e minúscula, se observarmos
a mesma palavra na linha 4. Desse modo, entendemos que, na linha 7, não se trata da caligrafia
do participante que não diferencia maiúscula de minúscula (situação em que ele não seria
penalizado).
ATENÇÃO!
Assim como acontece no Exemplo 34, muitas vezes é necessário que o avaliador
observe a caligrafia de determinadas partes do texto do participante para decidir
se uma palavra está de fato grafada corretamente. No caso do Exemplo 34,
especificamente, foi a ocorrência de uma letra inicial b minúscula que permitiu
determinar que “Brasileiros” na linha 7 foi grafada indevidamente com inicial
maiúscula. Diferentemente, no Exemplo 35, observamos que o participante usa
sempre uma letra r maiúscula em início de palavra, caso em que não devemos
considerar desvio, pois essa é sua caligrafia para essa letra nessa posição
específica das palavras.
Outros casos, além dos descritos, não devem ser considerados desvios no uso de
maiúscula e minúscula. Isso inclui nomes de ministérios e secretarias, que, mesmo se
forem grafados com inicial minúscula, não devem ser considerados desvios. Da mesma
forma, a palavra “país”, se grafada em maiúscula, ainda que não se refira explicitamente
ao Brasil, não deve ser considerada desvio, como é o caso do Exemplo 36.
Exemplo 36
3.2.1. Regência
Exemplo 37
Exemplo 38
Nesse contexto, há ausência de uma preposição que estabeleça a correta relação entre
os verbos “conscientizar” e “retirar” (conscientizar as pessoas DE retirar o registro de
nascimento). Tal falta de uma preposição (“de”) caracteriza um desvio de regência.
ATENÇÃO!
Uma observação importante a ser feita é quanto à contração de preposição e artigo
que acompanham um sujeito. Não penalizaremos os casos em que é feita essa
contração, como mostrado no Exemplo 39.
Exemplo 39
No trecho “Pelo simples fato dos cidadãos ficarem distantes […]”, não
consideraremos desvio a contração em “dos cidadãos”, em que ocorre a
contração da preposição “de” e do artigo “os”, que determina o sujeito do verbo
“ficarem”, no lugar de “Pelo simples fato de os cidadãos ficarem distantes [...]”.
A concordância verbal e nominal deve ser avaliada nos casos em que ela é obrigatória,
segundo a norma-padrão da língua. É preciso atenção para casos em que há sujeitos
longos ou compostos, para que, na ausência de concordância, eles não passem
despercebidos. Também merecem atenção ocorrências como a do Exemplo 40.
Exemplo 40
Podemos observar, no Exemplo 40, que há uma concordância incorreta, já que “claro”
refere-se à “gratuidade”, e, portanto, deveria ter sido flexionado no feminino (“[…] deixem
clara a gratuidade do documento […]”).
Exemplo 41
O predicativo do sujeito, que está anteposto ao sujeito “as questões que assombram o
século XXI”, no Exemplo 41, estaria correto se fosse “São indiscutíveis as questões […]”,
havendo, portanto, um desvio de concordância no trecho.
Exemplo 42
Exemplo 43
Ademais, caso o sujeito de “ser necessário” e “fazer-se necessário” seja uma oração
subordinada (introduzida por “que”) ou um verbo, deve-se usar a forma neutra “é
necessário” e “faz-se necessário”: “É necessário/Faz-se necessário que o governo faça
campanhas” e “É necessário/Faz-se necessário fazer campanhas”.
NÃO É DESVIO
NÃO É DESVIO
NÃO É DESVIO
NÃO É DESVIO
Por fim, com a expressão “ser preciso” (em que o adjetivo “preciso” tem sentido de
“necessário”), não se deve seguir o mesmo raciocínio empregado para a expressão
“ser/fazer-se necessário”, tendo em vista que “ser preciso” pode manter-se invariável
mesmo quando houver um determinante, como ocorre no Exemplo 44.
Exemplo 44
Nesse exemplo, “ser preciso” é usado com o sentido de “ser necessário”, mas, ainda que
haja um determinante em “uma força tarefa”, não devemos considerar desvio a
manutenção no masculino de “é preciso”.
Os desvios referentes a tempos e modos verbais devem ser observados de modo que haja
penalização caso o participante empregue indevidamente um tempo ou um modo verbal
em um contexto em que claramente deveria ter feito uso de outro tempo ou modo verbal,
conforme o Exemplo 45.
Exemplo 45
É preciso enfatizar que só devem ser considerados desvios casos em que claramente foi
empregado um tempo ou um modo verbal não adequado ao contexto. Se existe a
possibilidade de uma leitura correta com o tempo ou o modo verbal empregado pelo
participante, não deverá haver penalização.
Exemplo 46
No Exemplo 46, observamos um caso em que se deve considerar “tira” como um desvio de
grafia (“tirar”) e não uma troca da forma infinitiva do verbo pela forma flexionada no
presente do indicativo ou no imperativo. Esses casos que devem ser considerados como
desvio de grafia ocorrem normalmente quando o participante elide o -r final do infinitivo
ou o -u final das formas do pretérito. Todos esses casos devem ser considerados desvios
de convenções da escrita (grafia) e não desvios gramaticais (tempos e modos verbais).
3.2.4. Pontuação
O uso da vírgula deverá ser considerado desvio nos casos em que são separados:
→ sujeito e predicado;
→ verbo e objeto;
→ conjunção subordinativa e oração subordinada;
→ locução conjuntiva e a oração subordinada que introduz;
→ nome e complemento, adjetivo e substantivo, advérbio e adjetivo,
determinante e determinado e outras separações incomuns (como a
separação de um verbo ou um nome e a preposição por ele regida, a separação
de um advérbio e o elemento que este modifica ou a separação de elementos
que compõem uma locução).
Exemplo 47
Exemplo 48
Exemplo 49
A ausência de vírgula, por sua vez, deverá ser considerada desvio quando o participante
não faz uso dela em:
ATENÇÃO!
Obrigatoriamente, exigiremos que adjuntos adverbiais com três ou mais
palavras (adjuntos adverbiais longos) estejam isolados por vírgulas quando
deslocados do final da oração, sua posição esperada.
Exemplo 50
Nesse exemplo, temos o adjunto adverbial longo (com três ou mais palavras) não isolado
por vírgulas: “para o fim da desigualdade na busca pela cidadania”. Em casos como esse,
Exemplo 51
No Exemplo 51, a ausência de vírgula para isolar o adjunto adverbial “hoje em dia” deve ser
considerada desvio (um único desvio, ainda que faltem duas vírgulas).
Devemos estar atentos, contudo, a casos como o do Exemplo 52, em que se verifica um
adjunto adverbial com menos de três palavras.
Exemplo 52
Nesse trecho, verificamos que o adjunto adverbial “Anos atrás” não está isolado por
vírgulas, o que não é considerado um desvio, uma vez que não se trata de um adjunto
adverbial longo (com três palavras ou mais). Da mesma forma, caso estivesse isolado,
também não deveríamos considerar um desvio tal presença de vírgula. É importante estar
claro que apenas será considerada desvio a ausência de vírgulas isolando adjuntos
adverbiais com três ou mais palavras.
Como se pode observar, há falta de vírgula em dois momentos da enumeração feita pelo
participante: “Os negros sempre foram os mais descriminados[,] os mais invisiveis[,] os
mais zoados independente […]”. Portanto, considera-se que há dois desvios por ausência
de vírgula nesse trecho.
Exemplo 54
Já em casos como o do Exemplo 55, em que o participante emprega uma vírgula após uma
conjunção ou locução conjuntiva, não consideraremos desvio. O mesmo ocorreria se ele
não tivesse colocado uma vírgula nesse caso.
Exemplo 55
Exemplo 56
Em “[…] visto que existe uma falta de informação por parte dos grupos desfavorecidos[,]
e a desigualdade reforça tal invisibilidade”, verifica-se que o participante não insere a
vírgula na troca de sujeito na oração, mas a ausência dessa vírgula não deve ser
considerada um desvio.
Um último caso a que o avaliador deve estar atento e não deve considerar desvio é o
emprego ou não de vírgulas para isolar orações adjetivas (isoladas por vírgulas no caso das
explicativas; sem vírgulas no caso das restritivas).
Além do uso das vírgulas, devemos atentar ao não emprego do ponto de interrogação
pelo participante, isto é, quando houver ausência do ponto de interrogação em uma frase
claramente interrogativa, devemos considerar um desvio de pontuação, como ocorre no
Exemplo 57.
Exemplo 57
Exemplo 58
Nesse caso, o participante abre as aspas para apresentar o nome da obra, mas não as
fecha, o que deve ser considerado desvio.
Já o uso de aspas quando se quer, por exemplo, dar ênfase a uma palavra (ou a um trecho)
ou empregá-la fora de seu contexto habitual não é considerado desvio, como ocorre no
Exemplo 59.
Exemplo 59
O uso das aspas em “bancos, lotéricas, lojas e etc…” não se justifica, mas o fato de o
participante ter equivocadamente utilizado as aspas nesse caso não o beneficia nem o
prejudica. Para a avaliação da Competência I, é como se as aspas não estivessem
presentes.
Exemplo 60
A palavra “obrigatorio” não foi acentuada e, mesmo estando entre aspas, deve ser
considerada desvio normalmente.
Exemplo 61
Nesse caso, como explicamos anteriormente, o uso das aspas não faz com que a
informalidade se torne aceitável, configurando, portanto, um desvio de informalidade
pelo uso de “virar uma bola de neve”, expressão de cunho informal.
No Exemplo 62, temos parágrafo iniciado por um hífen, o que não é objeto de penalização
na Competência I, mas pode ser na Competência II, pois são considerados marcadores de
tópicos. No próximo módulo, estudaremos como avaliar esses casos.
Além disso, essa redação ilustra um caso que não é muito frequente, mas pode acontecer
durante a correção efetiva das redações: note-se que há pontos finais em alguns
momentos do texto, como na linha 1, antes de “concerne”; na linha 2, antes de “de
identificação”; na linha 3, antes de “trasendo”; na linha 4, antes de “não”; e assim por diante.
Tais pontos devem ser considerados truncamentos e penalizados.
Exemplo: “Nos dias atuais, os estrangeiros e população pobre sofrem com a dificuldade
para se tirar documentação”. Nesse período, percebemos que os elementos que atuam
como sujeito, “os estrangeiros” e “população pobre”, não possuem paralelismo já que um
Observemos o Exemplo 63, para entendermos melhor como deve ser cobrado o desvio de
paralelismo sintático.
Exemplo 63
O emprego de pronome que funciona como objeto direto no lugar do objeto indireto
(ou vice-versa) é um problema que diz respeito ao uso de um pronome que não
corresponde à correta transitividade do verbo ao qual se refere.
Exemplo 64
Exemplo 65
Vemos, no Exemplo 65, que o participante usa, para complementar o verbo transitivo direto
“registrar”, um pronome pessoal do caso reto (“ela”) no lugar de um oblíquo (“a”),
cometendo, em função disso, um desvio (o trecho reescrito corretamente seria “[…] não a
registrar” ou "[…] não registrá-la").
Exemplo 66
Nesse caso, o correto seria o emprego do pronome após o verbo (ênclise): “Canta-se na
musica ‘Olhos coloridos’ [...]”.
Além disso, as palavras que indicam negação (“não”, “nem”, “nunca”, “ninguém” etc.), os
pronomes relativos ou as conjunções subordinativas (“que”, “quando” etc.), assim como os
advérbios que atuam sobre verbos, atraem para perto de si o pronome oblíquo átono
(próclise). Quando não se observa essa regra, devemos considerar um desvio, como no
Exemplo 67.
Por fim, o emprego de verbos no infinitivo, ainda que na presença de elementos que
exigem a próclise, em locuções verbais ou com um só verbo, permite que se faça a ênclise,
como em “Na série, a mãe da garota não quis ajudá-la”. O avaliador deve, portanto, estar
atento para não penalizar o participante por não ter feito a próclise com o advérbio de
negação, já que há verbo no infinitivo.
Exemplo 68
Exemplo 69
A ausência de acento indicativo de crase deve ser considerada desvio nesse exemplo, pois
a crase é necessária em “Cabe às autoridades competentes [...]”, já que se trata da
contração da preposição (realizar algo cabe a alguém) e do artigo definido feminino plural
(as autoridades).
→ Expressões coloquiais como “um monte”, “um bocado”, “é isso aí”, “né”, “tá
beleza”, ou formas usadas na Internet, como “blz”, “vc”, “eh”, “super” como
sinônimo de “muito” (e não como prefixo formador de palavra na Língua
Portuguesa);
→ o uso de diminutivos e aumentativos (ex.: “basiquinho”; “muitão”);
→ reduções (como “pra”, “pro”, “tá”, “tô”) e abreviaturas, como “p/” (no lugar de
“para”) ou “c/” (no lugar de “com”).
No Exemplo 70, podemos observar a supressão de es- no início da forma verbal “estar”, o
que caracteriza informalidade/marca de oralidade e, portanto, um desvio:
Exemplo 70
Exemplo 71
Os desvios de escolha vocabular dizem respeito à escolha lexical imprecisa de uma palavra
no contexto em que ela se encontra. Essa incorreção é gerada, muitas vezes, devido a
Os desvios de escolha vocabular são evidenciados pelo uso de uma determinada palavra
cujo sentido o participante desconhece ao escolher outra em seu lugar, de sentido
claramente diferente.
Exemplo 72
→ abstinência x abstenção
→ afinidade x finalidade
→ burocracia x democracia
→ descriminalizar x discriminar
Exemplo 73
Nesse excerto, em que o participante escreve “Assim, para que ocorra a irradicalização do
problema, medidas precisam ser tomadas”, é possível determinar, pelo contexto, que o
participante, na verdade, quis dizer “erradicação” em vez de “irradicalização”.
Muitas vezes, o participante, ao cometer um desvio em seu texto, usa riscos ou inscrições,
como “sem efeito”, “nulo” ou mesmo “digo”, para indicar que uma determinada palavra ou
O participante também pode riscar um erro cometido e reforçar essa indicação com
parênteses. Indicações assim não devem ser penalizadas, como ilustrado no Exemplo 74.
Exemplo 74
Exemplo 75
Quanto aos desvios de subcategorias diferentes, observamos um caso assim no Exemplo 76.
Exemplo 76
Por outro lado, com exceção dos desvios gramaticais, se uma única palavra (que aparece
uma única vez ou que se repete ao longo do texto) apresenta dois desvios de uma mesma
subcategoria, eles devem ser considerados apenas uma vez. Por exemplo: se um
participante escreve “essessão” em vez de “exceção”, ele comete desvio em duas sílabas
da palavra. No entanto, ambos são relacionados à grafia; por isso, considera-se apenas
um desvio, uma vez que o participante comete um desvio na grafia da palavra.
Exemplo 77
Entretanto, se há desvio em uma palavra e essa mesma palavra reaparece com problema
de outra subcategoria, consideram-se dois desvios, conforme o Exemplo 78.
Exemplo 78
Exemplo 79
ATENÇÃO!
Desvios de convenções da escrita, de escolha vocabular e de escolha de
registro devem ser contabilizados uma única vez para cada vocábulo com
desvio que se repete. Assim, se o participante escreve “brasil” com letra
minúscula e repete o desvio em outro(s) momento(s) do texto, devemos
contar apenas um desvio. Entretanto, desvios gramaticais devem ser
considerados sempre que ocorrerem. Dessa forma, se o participante
escreve “questão à ser combatida” e, num outro momento, escreve
“problema à se discutir”, devem ser considerados dois desvios pelo
emprego inadequado do acento indicativo de crase.
Não é demais frisarmos que cada competência de avaliação das redações do Enem se
ocupa de questões específicas e que a nota final de uma redação é a soma das notas
referentes aos níveis atribuídos em cada uma das competências.
Assim, não há um atrelamento de níveis entre as competências. Isso significa que, se
uma redação for avaliada no nível 3 da Competência I, ela não necessariamente deve
receber o nível 3 nas outras competências também. Será preciso avaliar cada
competência segundo os critérios estabelecidos em cada uma delas, independentemente
do nível em que a redação foi avaliada na Competência I.
Dito isso, é importante também deixar claro que, se uma redação não alcançou níveis altos
em algumas competências, não significa que ela não possa ser avaliada no nível 5 da
Competência I.
C UMA REDAÇÃO ESCRITA COM LETRA BEM PEQUENA E QUE PREENCHE TODA A FOLHA DE
REDAÇÃO NÃO DEVE SER NECESSARIAMENTE AVALIADA NO NÍVEL 5 DA COMPETÊNCIA I
— esses textos exigirão do avaliador um olhar mais minucioso, pois a extensão do texto, por
vezes, pode fazê-lo parecer muito bem escrito. Lembremo-nos de que o que se está
avaliando aqui são a ortografia, a acentuação, a concordância, a regência verbal e nominal,
o uso do acento indicativo de crase etc., bem como a excelente construção das orações e
períodos. Nesse sentido, pode ser que algo passe despercebido aos olhos do avaliador que
está diante de um texto com uma letra muito pequena, mas uma leitura atenta permitirá
determinar se se trata, de fato, de um texto ao qual se pode atribuir o nível 5 na
Competência I.
D UMA REDAÇÃO COM LETRA GRANDE E ESPAÇADA PODE SER AVALIADA NO NÍVEL 5 DA
COMPETÊNCIA I — também precisamos estar atentos para não nos deixarmos levar pela
aparência do texto (letras grandes, espaçadas ou “feias”, por exemplo) e acabarmos
prejulgando-o como um texto que não pode ser avaliado no nível 5 da Competência I. Se a
redação cumpre o que se exige para esse nível – isto é, não tem mais de dois desvios e
apresenta estrutura sintática excelente –, devemos atribuir-lhe o nível 5.
Por fim, para que um texto seja avaliado no nível 5, ele não pode se enquadrar em qualquer
uma das seguintes situações:
3 3 3
4 DESVIO 4 DESVIO 4 DESVIO
5 5 5
6 6 6
7 FALHA DE ES 7 DESVIO 7 FALHA DE ES
8 8 8
DESVIO(S) 2 DESVIO(S) 3 DESVIO(S) 1
FALHA(S) DE ES 1 FALHA(S) DE ES 0 FALHA(S) DE ES 2
NÍVEL 5 NÍVEL 4 NÍVEL 4
Em (1), temos um desvio, uma vez que houve separação indevida de sujeito (“A situação de pessoas
sem documentação”) e seu predicado (“tem gerado preocupação no Brasil”).
Em (2), temos uma falha de estrutura sintática, uma vez que a ausência de um ponto final
indicando o fim do período gerou uma justaposição, encadeando num único período duas ideias que
poderiam ser organizadas em períodos separados.
Em (3), temos outra falha de estrutura sintática por truncamento, pois a oração iniciada por “O
que” não poderia constituir período independente. Ao lermos a oração isoladamente, sem a
anterior, percebemos que ela acaba não fazendo sentido dessa forma, mas carece de uma outra
oração.
Em (4), temos um desvio, tendo em vista que a vírgula separou uma oração principal (“sendo
necessário que”) de sua subordinada (“medidas sejam tomadas”).
Em (5), temos mais uma justaposição, que ocorre, dessa vez, sem qualquer pontuação. Podemos
perceber que o adjunto “por meio de mutirões que tirem o documento dessas pessoas” pode
compor período com o que vem antes (“medidas sejam tomadas no sentido de mudar essa situação
que marginaliza seres humanos”) ou com o que vem depois (“conseguiremos zerar esse problema”),
havendo necessidade de um ponto final em algum momento. Essa dupla possibilidade de leitura
facilita a identificação do problema como falha de estrutura sintática.
4.1. Nível 0
Conforme abordado nas situações que levam à nota zero, participantes que não
conseguirem, minimamente, formar letras ou palavras terão seus textos anulados como
“texto ilegível”. Por outro lado, se já se identificam palavras e/ou frases isoladas, nas quais
podemos observar estruturas sintáticas mínimas preservadas, os textos deverão ser
corrigidos normalmente e avaliados no nível 0 da Competência I, desde que não
apresentem qualquer outro motivo para serem anulados.
Exemplo 80
Nessa redação, é possível identificar as palavras, as quais apresentam desvios que não
chegam a corresponder a um número expressivo, como a grafia em doumento/documento
(linha 2) e mascimento/nascimento (linha 11); a acentuação em onibus/ônibus (linha 1) e
Essa característica – estrutura sintática inexistente – já é motivo para que a redação seja
avaliada no nível 0, pois, de acordo com a Grade Específica, redações com estrutura
sintática inexistente devem ser avaliadas nesse nível, independentemente da
quantidade de desvios. Ainda que seja possível identificar raro momento com estrutura
sintática mínima preservada, em que se possa depreender algo (como na linha 15,
“Primeiro melhar importante documento [...]”), os períodos são incompletos e predominam
frases ininteligíveis ao longo de todo o texto.
Como nos mostra essa redação, a quantidade de desvios não é fator determinante para a
atribuição do nível 0, uma vez que é a ausência de estrutura sintática que determinará
tal avaliação.
Para efeito de comparação, apresentamos a seguir uma redação que exemplifica um caso
em que há comprometimento da estrutura sintática em alguns momentos, mas na qual
predomina uma estrutura sintática deficitária (fato comprovado pelas diversas falhas de
estrutura sintática indicadas com um X na redação), e não uma estrutura sintática
inexistente como ocorre no Exemplo 80.
4.2. Nível 1
O texto reproduzido no Exemplo 82 corresponde a uma redação que deve ser avaliada no
nível 1 da Competência I. Apresentamos o Exemplo 82 sem as marcações (82a), para
facilitar a leitura, e, posteriormente, a mesma redação com as devidas marcações de
desvios e de falhas de estrutura sintática (82b).
Exemplo 82a
Essa redação apresenta estrutura sintática deficitária, pois verificam-se diversas falhas,
as quais prejudicam a fluidez da leitura na maior parte do texto. Essas falhas são geradas
por ausência de elemento sintático (linhas 2 e 3, “[...] a populacão e esquecída porque
são probre é muítas [pessoas?] não tem regítro aguo [...]”; linhas 7 a 10, “[...] quem sofrem
com a inisíbílídada, [é] chamodo como, um zero á esquerdo as críaça não tem escola [e]
outras coísa maís essa pesossas [precisam de?] samíameto basíco casa [...]”); por
justaposição ao longo de todo o texto (linhas 2 a 11, “[...] a populacão e esquecída porque
são probre é muítas não tem regítro aguo elas passa por muita dífícudade fínasara é outras
coís maís não tem atedímeto medícor a maióría são anafabetos no estado do norte são 320
mil pesossa. esquecida quem sofrem com a inisíbílídada, chamodo como, um zero á
esquerdo as críaca não tem escola outras coísa maís essa pesossas samíameto basíco
casa portato essa famílha são esquecido pelos os govenates”); por truncamento (linhas 6
e 7, “[...] no estado do norte são 320 mil pesossa. esquecida quem sofrem com a
inisíbílídada [...]”); por excesso de elemento sintático (linhas 10 e 11, “[...] portato essa
famílha são esquecido pelos os [pelos] govenates”).
Exemplo 83a
A estrutura sintática desse texto deve ser avaliada como deficitária, pois verificam-se
diversas falhas, as quais prejudicam a fluidez da leitura na maior parte do texto. Essas
falhas são geradas por excesso de elemento sintático (linha 1, “Desde de nossa [Desde
nossa] existência [...]”; linhas 8 e 9, “em sequer, hipotise alguma [em hipótese alguma],
devemos ser desrespeitado [...]”; linhas 14 e 15, “[...] 90%, de pessoas em nosso pais
passam por o [pelo] cujo argumentativo [...]”; linhas 22 e 23, “[...] o poder é, comum em a
[na] sociedade, que vivemos [...]”); por justaposição ao longo de todo o texto (linhas 2 a 7,
Os desvios são muitos e dizem respeito a problemas de separação silábica (linha 1, entr-
amos; linha 5, vam-os; linha 8, hip-otise; linha 9, dev-emos; linha 11, d-ias; linha 21, e-stado;
linha 22, p-oder; linha 26, s-omos); de pontuação (ausência de vírgula isolando oração
intercalada nas linhas 2 e 3, “[...] e que[,] por onde, andarmos[,] devemos, respeitar a
todos [...]”; linhas 3 a 5, “[...] o nosso primeiro documento, para sermos cidadão[,] é
quando saímos, da maternidade [...]”; linhas 15 a 17, “[...] de desrespeito e[,] dada a,
questão de desrespeito ao proximo[,] esse tal caso [...]”; ausência de vírgula isolando
oração deslocada nas linhas 12 e 13, “[...] atuais, ao sermos, cidadão de bem[,] tem que se
cumprir com o papel respeitar [...]”; linhas 20 a 23, “[...] então[,] quando somos,
Exemplo 84
Assim, por apresentar estrutura sintática deficitária, descritor que consta do nível 2, e
alguns desvios, descritor que consta do nível 3, o texto deve ser avaliado no nível inferior,
isto é, no nível 2.
Apresentamos, no Exemplo 85, outro texto que deve ser avaliado no nível 2 da Competência I.
A estrutura sintática desse texto apresenta uma única falha, gerada por ausência de
elemento sintático (linhas 4 e 5, “Hoje em dia esses registros poderian ser feitos [tanto]
pela internet quanto por pessoas responsaveis [...]”). Contudo, há predominância de
parágrafos formados por período único (primeiro e segundo parágrafos), caracterizando
a estrutura sintática como regular.
Os desvios, por sua vez, são muitos e correspondem a problemas de acentuação (linha 1,
numeros/números; linha 2, miseria/miséria, alem/além; linha 3, facil/fácil; linha 5,
responsaveis/responsáveis; linha 6, dificio/difícil; linha 7, Bebes/Bebês; linha 10, Ja/Já;
linha 11, condiçoés/condições; linha 12, proprio/próprio); de concordância (linha 1, “Devido
ao grande numeros [número] de pessoas carentes [...]”; linha 8, “Assim aos poucos todos
terian o registros [registro] em maos [...]”; linhas 9 e 10, “[...] sem as brurocrasias que
divicultam a retirado [retirada] da certidão de nascimento [...]”; linhas 12 e 14, “[...]
diminuindo o numeros [número] de pessoas sem o registro” – reforçamos que, embora a
palavra “numeros” apresente desvio de acentuação e de concordância, devemos
Assim, por apresentar uma característica do nível 2, muitos desvios, e uma do nível 3,
estrutura sintática regular, o texto deve ser avaliado no nível inferior, isto é, no nível 2.
Outra redação que deve ser avaliada no nível 2 pode ser observada no Exemplo 86.
Nessa redação, a estrutura sintática deve ser avaliada como regular, pois apresenta
algumas falhas que prejudicam a fluidez da leitura. Essas falhas são geradas por
justaposição (linhas 1 a 5, “A documentacão e a certidão de nascimento são essencial para
a vida de um ser humano, sem a documentação você não pode resolver nada”; linhas 10 a
16, “Muitos pais não liga muito se a crianças tem ou não identidade, CPF ou até certidão de
nascimento, ai quanto elas cresce quelas vão atrás para fazer a ifesponsabilidade de
alguns pais são muito grande”); e por ausência de elemento sintático (linhas 6 a 9, “Muitos
pessoas mais velhas não tem certidão de nascimento ou estar errado ou [a] fez depois de
grande”; linhas 13 a 15, “[...] ai quanto elas cresce [é] quelas vão atrás para fazer [esses
documentos?] [...]”). Além de algumas falhas, que, diante do conjunto textual apresentado
pelo participante, tornam a estrutura sintática regular, o texto apresenta todos os
parágrafos formados por período único, o que também caracteriza a regularidade da
estrutura sintática.
Assim, por apresentar estrutura sintática regular (nível 3) e muitos desvios (nível 2), a
redação deve ser avaliada no nível inferior: nível 2.
4.4. Nível 3
Esse texto apresenta estrutura sintática regular, pois nele verificam-se algumas falhas,
geradas por ausência de elemento sintático (linhas 1 e 2, “Na Constituição de 1988, no
artigo 6º relata[-se] que todos têm o direito à segurança [...]”; linhas 5 a 7, “No entanto, na
prática não é tão simples, a falta de oportunidades e as diferenças sociais, influenciam
muito [algo]”; linhas 26 a 28, “Os jornais falarem [poderiam falar?] mais sobre a
importância da documentação. As cidades colocarem [poderiam colocar?] cartazes
Dessa forma, essa redação é avaliada no nível 3 (estrutura sintática regular e alguns
desvios).
Outro texto que deve ser avaliado no nível 3 da Competência I é reproduzido no Exemplo 88.
Nessa redação, a estrutura sintática deve ser avaliada como excelente, por apresentar
apenas uma falha e a complexidade esperada, com subordinações e orações intercaladas.
A falha verificada corresponde a uma justaposição (linhas 23 e 24, “É visível este problema
no país e a cada novo dia fica pior, o governo não pensa em como ajudar [...]”).
ATENÇÃO!
O que está escrito fora da área reservada para a redação não deve ser
avaliado. Por esse motivo, no Exemplo 88, devemos desconsiderar o que
extravasou para fora da margem direita da folha e penalizar a grafia “saen”, na
linha 13, por apresentar a letra n no lugar da letra m.
Nos exemplos a seguir, apresentamos redações que devem ser avaliadas como estrutura
sintática regular porque os parágrafos são formados integral (Exemplo 90) ou
predominantemente (Exemplo 91) por período único.
Exemplo 90
Dessa forma, essa redação deve ser avaliada no nível 3, pois cumpre integralmente o
descritor desse nível: estrutura sintática regular – por apresentar todos os parágrafos
compostos por períodos únicos – e alguns desvios.
A redação presente no Exemplo 91, ainda que também não apresente falhas de estrutura
sintática, é predominantemente formada por parágrafos de período único (segundo,
terceiro, quarto e quinto parágrafos), o que caracteriza a estrutura sintática como regular.
Por fim, reiteramos que pode haver redações que apresentam apenas um parágrafo, e
esse parágrafo ser formado por período único, característica que também leva a
estrutura sintática a ser avaliada como regular.
4.5. Nível 4
O Exemplo 92 apresenta um caso de texto que deve ser avaliado no nível 4 da Competência I.
Por apresentar apenas duas falhas, a estrutura sintática da redação presente no Exemplo
92 deve ser avaliada como boa. Essas falhas são geradas por justaposição (linhas 1 e 2,
“Observando o cenário nacional, é notório que há muitos problemas que envolvem os
direitos civis, entre eles, destaca-se o grande número de brasileiros [...]”) e por ausência
de elemento sintático (linhas 17 a 19, “Ter em posse estes documentos, confere a um
Os desvios são poucos e dizem respeito a problemas de regência (linha 5, “[...] uma falha
na garantia ao [do] acesso à cidadania a todos no Brasil”; linhas 19 e 20, “[...] extinguir o
sentimento de invisibílidade perante a sociedade e ao [o] Governo"); de crase (linha 7, “[...]
não está estritamente ligada a [à] dificuldade financeira dos indivíduos [...]”); de
pontuação (vírgula separando conjunção subordinativa e oração subordinada nas linhas 8
e 9, “[...] visto que, os motivos que levam um brasileiro a não dar início na documentação
pessoal podem variar [...]”; vírgula separando verbo auxiliar e verbo principal nas linhas 13
e 14, “[...] e serem assim, reconhecidas pelo Estado”; vírgula separando sujeito e predicado
nas linhas 17 e 18, “Ter em posse estes documentos, confere a um indivíduo [...]”); de
paralelismo sintático (linhas 11 e 12, “[...] possam obter a educação e [as] informações
necessárias [...]”; linhas 26 e 27, “[...] independentemente da [de] idade, raça ou gênero”);
e de acentuação (linha 19, invisibílidade/invisibilidade).
Portanto, essa redação é avaliada no nível 4 (estrutura sintática boa e poucos desvios).
A seguir, com o Exemplo 93, ilustramos outro exemplo de redação que deve ser avaliada
no nível 4.
No Exemplo 93, verifica-se estrutura sintática excelente, sem qualquer falha. Além da
ausência de falhas, os períodos são construídos com a complexidade esperada para que a
estrutura sintática seja avaliada como excelente, com subordinações e orações
intercaladas, o que revela o domínio do participante na elaboração dos períodos.
Assim, por apresentar características de dois níveis diferentes, poucos desvios (nível 4)
e estrutura sintática excelente (nível 5), o texto deve ser avaliado no nível inferior, e,
portanto, sua avaliação recai sobre o nível 4.
4.6. Nível 5
5 Estrutura sintática excelente (no máximo, uma falha) E, no máximo, dois desvios
Com relação aos desvios, constatamos a presença de um desvio de grafia na linha 21 (“con”
em vez de “com”) e um desvio de regência na linha 19 (“[...] pessoas com recursos limitados
não conseguem ter ciência sobre [de] seus direitos de cidadania [...]”) – característica que
também permite avaliar esse texto no nível 5, que admite, no máximo, dois desvios.
Portanto, por apresentar estrutura sintática excelente (no máximo, uma falha) e, no
máximo, dois desvios, esse texto também deve ser avaliado no nível máximo, isto é, no
nível 5.
ATENÇÃO!
Reforçamos que o fato de a estrutura sintática não revelar falhas ou
apresentar uma única falha não garante a sua excelência. Para que a
estrutura sintática seja avaliada como excelente, espera-se que o participante
demonstre certo domínio na elaboração dos períodos, com subordinações e
orações intercaladas. No Exemplo 95, a seguir, ilustramos um texto que,
embora apresente uma única falha (gerada por excesso de elemento sintático
nas linhas 3 a 6, “Um documento de fácil acesso para uns, e para outros [e
outros] nem imaginam da sua existéncia”), não apresenta a complexidade
esperada em uma estrutura sintática de excelência (com subordinações e
orações intercaladas), o que leva a estrutura sintática a ser avaliada como boa
por falta de complexidade.
Por fim, o Exemplo 96 ilustra uma redação que deve ser avaliada no nível 5 por apresentar,
além de, no máximo, dois desvios, estrutura sintática sem falhas e a complexidade
esperada em uma estrutura sintática de excelência.
5. CONCLUSÃO
Apresentamos, neste capítulo, como é composta a Competência I e seus níveis, com o
intuito de facilitar a compreensão e a aplicação dos métodos de avaliação da modalidade
escrita formal da Língua Portuguesa.
Não podemos nos esquecer de que essa Competência é de suma importância, pois ela
avalia aquilo que está mais evidente na superfície textual. As ideias apresentadas em torno
de um tema, a maneira como essas ideias foram construídas, como o participante as
relacionou linguisticamente e como ele propõe resolver o problema abordado são objeto
de avaliação das outras competências.
Entretanto, tudo isso se constrói por meio do léxico – das escolhas lexicais pautadas pelo
registro e das regras de combinação desse repertório lexical, que devem observar aquilo
que foi ensinado ao longo de anos de escolarização e consolidado no término do Ensino
Médio. Os exemplos apresentados aqui não esgotam as possibilidades de tipos de textos
É importante que não nos deixemos impressionar por uma caligrafia mais bonita,
atribuindo-lhe um nível alto, e que nos esmeremos para corrigir um texto que apresente
uma caligrafia de difícil leitura, mas que quase não contenha desvios.
FINALIZANDO…
ÓTIMOS ESTUDOS!
Coordenação
ACADÊMICA
Tânia Cristina Arantes Macedo de Azevedo