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ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM

CÁCERES-MT

Autoria: Juliana Vitória Vieira Mattiello da Silva, Ana Maria de Lima, Nilso Francio, Regina Maria da Costa

RESUMO
Este estudo objetiva investigar a trajetória da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de
Cáceres-MT desde sua autorização de funcionamento 1990 até o ano de 2013. A ZPE teve sua
permissão de funcionamento oficializada pelo decreto nº 99.043, 06/03/1990. Este artigo
configura-se como um estudo de caso, com aplicação de entrevistas com gestores e classe
empresarial. A ZPE não apresentou impacto algum ao desenvolvimento, as perspectivas dos
entrevistados são de que o início das atividades são promissoras, pois, se de fato ocorrer a
implantação da infraestrutura, a matéria-prima encontrada na região incentivará a instalação
de empresas nessa área.
1 INTRODUÇÃO
Com objetivo de atrair investimentos, gerar empregos, agregar valor à produção
nacional, aumentar as exportações e promover o desenvolvimento econômico e social do País,
por meio do desenvolvimento regional, o Governo Federal propôs as Zonas de Processamento
de Exportação (ZPE).
Inúmeras políticas de desenvolvimento regional foram planejadas, implantadas,
algumas não executadas. O estudo de Senra (2009) identificou, comparou e analisou as
principais iniciativas federais de desenvolvimento regional praticadas no Brasil em três
períodos: Pós-Guerra (1945/1964), Pós-Golpe Militar (1964/1988) e Pós-Constituição Federal
de 1988 (1988/2009).
As Zonas de Processamento de Exportação foram criadas e autorizadas após a
Constituição Federal de 1988. Segundo Lins e Amorim (2012), o interesse do Governo
Federal na autorização, criação e implantação das ZPEs foi estratégico e ocorreu em
macrorregiões nacionais, seja por conta das potencialidades seja pelas necessidades históricas
e estruturais, sendo esses os casos das Regiões Centro-Oeste e Nordeste.
Uma ZPE pode gerar maior desenvolvimento local a partir de ganhos econômicos,
sociais e tecnológicos, advindos das relações entre as organizações que estão inseridas em
localidade próxima.
Dessa forma, a ZPE de Cáceres-MT, foi a terceira área a ser autorizada e criada no
Brasil. A publicação do Decreto-Lei nº 99.043, de 6 de março de 1990, provocou uma
expectativa na população que há 20 anos ainda aguardava ser acordada do sonho que estava
no papel, de acordo com matéria do jornalista Wilson Kishi, de 23.01.2013.
Neste artigo, pretende-se apresentar a trajetória (ações empreendidas) da ZPE de
Cáceres desde a autorização (1990) até o ano de 2013. Mais especificamente, mostrar a
atual situação e as perspectivas futuras da área, bem como discutir as possíveis razões
do até então insucesso do projeto ZPE. Este estudo configura-se como um estudo de caso,
com aplicação de entrevistas com gestores atuais e com um representante da classe
empresarial com interesse na implantação da área, o qual acompanha a discussão desde a
criação do projeto. O estudo busca responder ao seguinte questionamento: Como foi a
trajetória da ZPE de Cáceres desde a sua autorização até 2013?
Este estudo está organizado em uma estrutura que apresenta o processo histórico das
Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) no Brasil. Na sequência, há a discussão sobre
ZPE e Distritos Industriais e, depois, a realidade das ZPEs quanto ao sucesso ou ao fracasso
desse programa. O método está disposto na terceira parte deste estudo; na quarta parte, a
discussão dos resultados e, finalmente, na quinta parte, as considerações finais.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Processo histórico das Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) no Brasil
As Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) no Brasil foram instituídas pelo
Decreto-Lei nº 2.452, de 29 de julho de 1988, durante o Governo Sarney. A caracterização de
ZPE, de acordo com o Decreto-Lei e leis posteriores, é definido “como áreas de livre
comércio com o exterior, destinadas à instalação de empresas voltadas para a produção de
bens a serem comercializados no exterior, sendo consideradas zonas primárias para efeito de
controle aduaneiro”.
Os objetivos principais à criação das ZPEs são: atrair investimentos estrangeiros;
reduzir desequilíbrios regionais; fortalecer o balanço de pagamentos; promover a difusão
tecnológica; criar empregos; promover o desenvolvimento econômico e social do país;
aumentar a competitividade das exportações brasileiras.
Conforme informações extraídas do site Ministério de Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, o Decreto-Lei nº 2.452, em 2007, foi revogado pela Lei nº 11.508/07,
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mantendo a competência do Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação
(CZPE) para definir normas, procedimentos e parâmetros do programa.
Assim, para garantir a fiscalização, acatar as determinações do Conselho Nacional das
Zonas de Processamento de Exportação (CZPE) e instrução da Secretaria da Receita Federal,
foi instituído pelo Decreto nº 846, de 25/06/1993, que regulamentou o DC nº 2.452, que
acrescentou no seu art. 1º, § 1º: “a área da ZPE será delimitada e fechada de forma a garantir
o seu isolamento e assegurar o controle fiscal das operações ali realizadas”.
O Figura 1 apresenta as ZPEs criadas até o ano de 1994 por ordem cronológica, como
segue:
Denominação da ZPE Município/Estado Decreto
ZPE de Ilhéus Ilhéus/Bahia Decreto n° 97.703, de 23/04/1989
ZPE de Araguaína Araguaína/Tocantins Decreto n° 98.123, de
06/09/1989.
ZPE de Cáceres Cáceres/Mato Grosso Decreto n° 99.043, de 06.03.1990
ZPE de São Luís São Luís/Maranhão Decreto n° 899, de 17/08/1993
ZPE de Barcarena Barcarena/Pará Decreto n° 898, de 17/08/1993
ZPE de Corumbá Corumbá/Mato Grosso do Sul Decreto n° 997, de 30/11/1993
ZPE de Rio Grande Rio Grande/Rio Grande do Sul Decreto n° 996, de 30/11/1993
ZPE de Imbituba Imbituba/Santa Catarina Decreto n° 1.122, de 28/04/1994
ZPE de Itaguaí Itaguaí/Rio de Janeiro Decreto nº 1.278, de 13/10/1994
ZPE de João Pessoa João Pessoa/Paraíba Decreto nº 1.275, de 13/10/1994
ZPE de Teófilo Otoni Teófilo Otoni/Minas Gerais Decreto nº 1.276, de 13/10/1994
ZPE de Vila Velha Vila Velha/Espírito Santo Decreto n° 1.118, de 22/04/1994
Figura 1: ZPEs criadas até 1994
Fonte: Elaborado pelos autores, com base MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Zona de Processamento de Exportação: informações básicas e legislação (atualizado até junho/2013), 2013.
Segundo Lins e Amorim (2012, p. 8), o primeiro lote de zonas tratou de autorizações
nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste, aprovado pelo Governo de Sarney, que incluiu a ZPE
de Cáceres, objeto de estudo deste artigo. O segundo lote de zonas, cobriu as Regiões Sudeste
e Sul e foi autorizado durante o governo Itamar Franco.
Após a primeira criação de ZPEs, ocorrida até 1994, foram autorizadas mais 12 ZPEs
no âmbito da Lei nº 11.508/2007, conforme Figura 2.

Denominação da ZPE Município/Estado Decreto


ZPE de Suape Jaboatão dos Guararapes/Pernambuco Decreto n° 27/01/2010
ZPE do Sertão Assú/Rio Grande do Norte. Decreto n° 10/06/2010
ZPE de Macaíba Macaíba/Rio Grande do Norte Decreto n° 10/06/2010
ZPE de Pecém São Gonçalo do Amarante/Ceará. Decreto n° 16/06/2010
ZPE de Bataguassu Bataguassu/Mato Grosso do Sul. Decreto n° 30/06/2010
ZPE de Boa Vista Boa Vista/Roraima Decreto n° 30/06/2010
ZPE de Parnaíba Parnaíba/Piauí Decreto n° 30/06/2010
ZPE de Aracruz Aracruz/Espírito Santo. Decreto n° 30/06/2010
ZPE de Barra dos Coqueiros Barra dos Coqueiros/Sergipe. Decreto n° 21/12/2010
ZPE de Fernandópolis, Fernandópolis/São Paulo. Decreto n° 08/07/2011
ZPE no Município de Senador Senador Guiomard/Acre. Decreto n° 15/03/2012
Guiomar
ZPE no Município de Uberaba Uberaba/Minas Gerais. Decreto n° 15/06/2012
Figura 2: ZPEs criadas até 2012
Fonte: Elaborado pelos autores, com base MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Zona de Processamento de Exportação: informações básicas e legislação (atualizado até junho/2013), 2013.
Dessa forma, até final do Governo Lula, estavam criadas e autorizadas para
funcionamento 24 ZPEs em todo território nacional.
O conceito apresentado sobre Zona de Processamento de Exportação-ZPE pelo
Decreto-Lei de criação dessas zonas limitava a comercialização dos bens produzidos no

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exterior. Com aprovação da Lei n° 11.508, de 20/07/2007, e posteriores alterações, abriu a
possibilidade para empresas instaladas nessas zonas realizarem até 20% de suas vendas no
mercado interno. Assim, buscando a implantação dessas zonas, o Governo tentou colocar em
prática o seu programa de desenvolvimento implantado há mais de 20 anos.
A discussão realizada por Geddes (2008) sobre as origens e a história de parcerias para
o desenvolvimento local e regional apresenta que o setor público (em seus muitos papéis
como planejador, regulador, provedor de recursos e fatores de produção, como a terra) sempre
trabalhou em estreita colaboração com os interesses do setor privado. Assim, o setor público
para proporcionar o desenvolvimento de determinadas regiões, criou programas de objetivos
diversos.
2.2 ZPE x Distritos Industriais
A ABRAZPE (Associação Brasileira de Zonas de Processamento de Exportação)
menciona que as ZPEs são distritos industriais incentivados. As empresas neles localizadas
operam com suspensão de impostos, liberdade cambial (podem manter no exterior,
permanentemente, as divisas obtidas nas exportações) e procedimentos administrativos
simplificados – com a condição de destinarem pelo menos 80% de sua produção ao mercado
externo.
O termo Distrito Industrial surgiu em 1920, pensado pelo economista Marshall.
Utilizando-se de suas ideias e fazendo uma releitura dos seus estudos, Becattini (1990)
atualizou a definição de Distrito Industrial como a presença de uma comunidade ativa de
pessoas e uma população marcada pela história ou pela natureza das firmas de uma
determinada região.
Distrito Industrial é definido por Markusen (1995, p. 15) como “uma área
espacialmente delimitada, com uma nova orientação de atividade econômica de exportação e
especialização definida, seja ela relacionada à base de recursos naturais, ou a certos tipos de
indústrias ou serviços”.
Markusen (1995, p. 14) define que um Distrito Industrial bem-sucedido deve cumprir
as seguintes condições:
1) A obtenção, na região, de taxas de crescimento na média ou acima da média
verificado para o conjuntos das áreas pesquisas; 2) A capacidade local de se evitar
falências e perdas de postos de trabalho decorrentes dos efeitos de oscilações de
curto e médio prazos, tanto dos ciclos de negócios, quanto dos gastos públicos; 3) A
oferta de bons empregos, a contenção das tendências à segmentação salarial e a
prevenção de excessiva concentração da renda e da propriedade; 4) A livre
organização dos trabalhadores e a sua participação nos processos decisórios das
empresas e 5) O incentivo à participação e à contestação política em âmbito
regional.
O trabalho realizado por Markusen (1995) apresenta condições de sucesso de um
distrito industrial, que culmina nas finalidades da implantação das ZPEs como programa de
desenvolvimento do Brasil.
Lazerson e Lorenzoni (2008) explicam que os distritos industriais desafiaram muitos
dos pressupostos dominantes da economia institucional e industrial, e que a produção em
massa, economias de escalas e hierarquias complexas definiam organizações modernas. O
funcionamento das empresas que estavam nos distritos industriais destacava-se como
economias de velocidade que adaptavam rapidamente os produtos e os processos para atender
a demanda cada vez mais volátil dos consumidores por bens mais diferenciados e
personalizados.
As empresas estabelecidas nos Distritos Industriais eram pequenas, com menos de dez
trabalhadores, a maioria composta por parentes; no entanto, demonstravam velocidade e
rapidez na adaptação de produtos e processos, de acordo com o estudo realizado por Brusco
(1982).

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Segundo Garcia (1996, p.14), podem-se definir os Distritos Industriais como:
[...] aglomerações de empresas de pequeno e médio porte de um mesmo setor ou
segmento industrial localizadas numa área geográfica limitada, configurando-se
ainda por características como: fortes relações interfirmas, que intensificam a
especialização em determinadas etapas do processo produtivo e possibilitam ações
coletivas; redução da rigidez e capacidade de resposta rápida e flexível às mudanças
da demanda; endogenização da capacidade tecnológica, que permite um processo
contínuo de inovação.
Os distritos industriais apresentam vantagens tributárias para o seu funcionamento; no
entanto, alguns, como o caso da Itália apresentado por Brusco (1982), nascem naturalmente.
A experiência internacional com distritos industriais está relacionada ao entrelaçamento de
relações entre as empresas, segundo Ferreira (2012). No Brasil, para Suzigan (1986): “a
discussão sobre a proteção (à atividade) é geralmente centrada na tarifa aduaneira ou nas
oscilações da taxa de câmbio”.
2.3 Realidade das ZPEs: uma história de sucesso ou de fracasso?
A crescente integração internacional de economias dos países em desenvolvimento
deu-se pela proliferação das zonas de processamento de exportação ou zonas de livre
comércio – ZLC (STEIN, 2008).
Historicamente, a primeira zona foi estabelecida em 1959 na Irlanda e o sucesso inicial
dessa experiência incentivou a ser um modelo a ser reproduzido em países em
desenvolvimento. Em 1965, a primeira zona estabelecida em um país em desenvolvimento foi
organizada na Índia. Em 1980, mais de 30 países estabeleceram zonas de processamento de
exportação. Dez anos depois, o número de países com zonas dobrou. As ZPEs tornaram-se
populares devido à experiência bem-sucedida de placas de rede no início do seu processo de
desenvolvimento (STEIN, 2008; FIAS, 2008).
Belloc e Di Maio (2011) mencionaram em seu trabalho que quase todos os países
latino-americanos criaram ZPEs com a única exceção do Chile. Todas com características
parecidas como benefícios fiscais, isenção de matérias-primas para produtos importados e se
instalam em locais designados pelo governo.
O estudo realizado na Argentina por Sirlin (1999) teve por objetivo analisar
empiricamente o Regime Industrial especializado em dupla dimensão: política de
reestruturação e de subsídios à exportação. Obteve resultados desanimadores para a política
estabelecida pelo impacto negativo na influência sobre as formas como os instrumentos de
política industrial foram elaborados e aplicados. Em particular, nada foi feito para garantir o
necessário reforço dos organismos públicos responsáveis pela formulação de políticas,
implementação, controle e avaliação, o que parece ser uma das principais razões pelas quais
as novas políticas industriais continuam a exibir os mesmos defeitos que os do período de
substituição de importações.
Belloc e Di Maio (2011) afirmam que existem resultados de ZPEs que são
decepcionantes, com algumas exceções. O estudo realizado por Jayanthakumaran (2003)
investigou o desempenho das Zonas de Processamento de Exportação na Malásia, Indonésia,
Coreia do Sul, Sri Lanka, China e Filipinas, avaliando o custo benefício dessas áreas. Os
resultados sugerem que, excetuando-se a ZPE das Filipinas – cujo resultado foi um valor
presente líquido negativo –, as outras são economicamente eficientes e geram retornos bem
acima do estimado.
O caso das ZPEs na China tem efeito positivo em termos de crescimento do produto,
das exportações, emprego e atração de IED, mas elas não foram distribuídas uniformemente
entre as áreas geográficas ou entre as empresas. As empresas que se beneficiaram foram, em
sua maioria, privadas, localizadas em regiões costeiras, que estão mais próximas aos mais
importantes mercados mundiais regionais, de acordo com estudo realizado por Ramachandran
e Cleetus (1999).
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No caso das ZPEs da África, relata-se a ZPE das Ilhas Mauricia, que é um dos poucos
casos de sucesso. Nesse país, a criação de ZPEs estimulou o boom do açúcar e receitas de
exportação na década de 1970, e causou um aumento no investimento em joint-ventures entre
investidores nacionais e estrangeiros nas zonas especiais, sendo a atração principal a isenção
fiscal e importações (BELLOC; DI MAIO, 2011).
A razão para o sucesso da experiência nas Ilhas Mauricia está no fato de que o
governo desse país foi capaz de criar um ambiente de negócios favorável. A partir da
promoção da oferta e da procura por trabalhadores qualificados, estimulou a inovação por
empresas nacionais, melhorando a difusão de informações e fornecendo várias instituições de
apoio (UNECA, 2011). Essa razão de sucesso na ZPE das Ilhas Mauricia pode ter sido um dos
motivos para o insucesso do não funcionamento até o momento das ZPEs brasileiras.
3 MÉTODO DA PESQUISA
O presente estudo apresenta os resultados da pesquisa realizada sobre a Zona de
Processamento de Exportação em Cáceres-MT. Caracteriza-se por uma abordagem descritiva,
pois busca descrever as ações empreendidas (trajetória) e perspectivas futuras da ZPE. A
pesquisa descritiva identifica em que situação, eventos, atitude ou opinião está ocorrendo em
determinada população e procura descrevê-la (GIL, 2010; COLLIS; HUSSEY, 2005).
A estratégia de pesquisa utilizada para este trabalho é o estudo de caso. O objetivo é
apresentar a trajetória (ações empreendidas) da Zona de Processamento de Exportação (ZPE)
de Cáceres desde sua autorização (1990) até o ano de 2013.Mais especificamente, demonstrar
a atual situação e as perspectivas futuras da área, bem como discutir as possíveis razões do até
então insucesso do projeto ZPE. O estudo de caso é mencionado por Eisenhardt (1989) como
um estudo de pesquisa que foca o entendimento da dinâmica presente dentro de um único
ambiente.
Como apresentado no subitem 2.1, existem 24 ZPEs autorizadas e criadas em todo
território nacional. Optou-se pela ZPE de Cáceres-MT por ter sido uma das primeiras criadas
e autorizadas no Brasil e que se encontra inativa até o presente momento.
A coleta de dados deu-se a partir de dados secundários e entrevistas semiestruturadas
com gestores atuais, líderes políticos e um representante empresarial. As entrevistas podem
ser utilizadas para entendimento de um indivíduo no grupo ou a perspectiva de um grupo.
Quanto ao tempo da duração da entrevista pode ser uma breve troca de informações, cinco
minutos no telefone, ou várias sessões com o entrevistado (FONTANA; FREY, 1994).
Foram realizadas cinco entrevistas, no período compreendido de 15 a 25 de janeiro de
2014, conforme Figura 3:
ORDEM FUNÇÃO
ENTREVISTADO 1 Ex-Presidente da AZPEC
ENTREVISTADO 2 Diretor Técnico da AZPEC – Gestão 2011/2016
ENTREVISTADO 3 Secretário Municipal de Indústria e Comércio
ENTREVISTADO 4 Diretor administrativo de uma empresa privada com interesse na
área.
ENTREVISTADO 5 Prefeito Municipal de Cáceres 2013/2016
Figura 3: Entrevistados
Fonte: elaborado pelos autores.
O entrevistado 4 foi relacionado por participar de quase todas as discussões até então
realizadas no município sobre o projeto ZPE, pela sua empresa ser uma exportadora de
produtos e ter interesse na área da ZPE. Por intermédio de seu posicionamento, pode-se
entender um pouco a visão geral de empresas sobre a área.
Como técnica de análise das entrevistas utilizou-se uma análise do conteúdo das
entrevistas. As entrevistas com foram todas gravadas e transcritas em sua integra. Algumas

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observações durante a entrevista também foram em um caderno de anotações do pesquisador.
Após a realização das entrevistas, as questões foram analisadas em seu conteúdo e feitas as
observações dos conteúdos para análise dos resultados.
Bardin (2009, p. 38) define a análise de conteúdo como “um conjunto de técnicas de
análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens”. Portanto, o pesquisador faz suas análises das mensagens
registradas através das entrevistas semiestruturadas e utiliza processos sistemáticos para
descrição dos conteúdos das entrevistas.
4 RESULTADOS
4.1 Trajetória da ZPE de Cáceres-MT
1992/1993 - Foi
Em Junho/1992 foi criada a ABRAZPE 1994 à 2007
Criada a ZPE de
criada a (Associação Governo Federal
Cáceres. DL n.
Administradora Brasileira de Zona PARALISOU o
99.043 de
da ZPE de
06/03/1990.
Cáceres - AZPEC
de Processamento processo;
de Exportação);

Março/ 2008 - 2008 - MP 418 de


Oficializada a 14/02/2008, altera a
Abril / 2009 -
retomada da ZPE de Lei
Assinada a
Cáceres, inserindo-se 11.508, recompõe o
regulamentação da
na Política de CZPE e recria sua
Lei das ZPEs.
Governo, sendo
prioridade para MT; secretaria.

Figura 4: Trajetória da ZPE de Cáceres-MT


Fonte: REIS, Adilson. Caderno de Desenvolvimento – Linha do tempo, 2010. Documento cedido pelo autor em
18/01/2014.
Como se pode observar, a ZPE de Cáceres-MT ficou pelo menos 17 anos inativa, com
o projeto engavetado. De acordo com os entrevistados, o principal motivo para o não
funcionamento da área foram as forças políticas que travaram/engavetaram o projeto. Essa
afirmação observa-se mediante as respostas dos entrevistados:
O Brasil demorou muito e esse tempo todo na verdade para reconhecer a importância de
instrumento de desenvolvimento regional, o Brasil criou esse programa a mais de 20 anos,
entretanto, só foi regulamentado já no final de 2010 toda a legislação que foi criada foi é....
foi desenvolvido mecanismos aí de aprimoramento né... (ENTREVISTADO 1).
A princípio essa paralisação desse longo tempo, não foi por que a ZPE não queria, não foi
por que os diretores da época não processaram direito, FOI GOVERNAMENTAL, FOI
TRAVADO, o Sarney autorizou e no governo do Fernando Henrique o José Serra travou,
engavetou por que ia prejudicar SÃO PAULO, então ela ficou por 18 anos bloqueada, esse
processo ninguém fez nada, nenhuma ZPE no Brasil deu um passo (ENTREVISTADO 2).
As forças POLITICAS não deixaram acontecer, os estados que estavam em franco
desenvolvimento industrial, (região sul e sudeste), utilizaram das suas forças políticas e
travaram o PROJETO. Esse instrumento de desenvolvimento tão importante para os demais
estados mais periféricos que é fomentar e dar condições para que as indústrias se tornassem
mais competitivas (ENTREVISTADO 3).
A questão levantada pelos entrevistados 2 e 3, também pode ser justificada pelo artigo
produzido por José Serra em 1988 (citado como governante contrário à implantação das
ZPEs). Nesse texto, Serra apresenta razões para “um dos maiores equívocos da política
econômica das últimas décadas do governo que são as Zonas de Processamento de Exportação
em todo Brasil”. As razões apresentadas por Serra (1988) são:
1) Piora líquida do balanço de pagamentos, devido às perdas (e não ganhos) de divisas de
exportações; 2) Aumento do déficit público, devido a queda de receita tributária e a
aumento de despesas públicas; 3) Fratura grave na já enfraquecida estrutura da indústria
brasileira, ferindo a tendência à verticalização e integração que permitiu ao país, com tanto
7
sacrifício, construir o maior parque industrial do Terceiro Mundo; 4) Generalização das
práticas de contrabando, de tráfico ilegal de divisas e corrupção, num estilo, digamos,
paraguaio; 5) Acirramento dos conflitos regionais no Brasil, hoje já bastante sérios, sem, o
que é pior, atenuar os desequilíbrios existentes, que também são sérios e 6) Perda de auto
respeito nacional, algo difícil de medir, quase impossível de recuperar em tempo hábil e de
custos imensos para o desenvolvimento do país e a afirmação do processo democrático.

Ainda assim, a origem e a história de parceiras para o desenvolvimento local e


regional tem o setor público com papel relevante (GEDDES, 2008). Nesse caso, a visão de
quem está no processo de organização da ZPE (Entrevistados 1, 2, 3) é de que o papel político
foi prejudicial ao andamento das atividades. No entanto para o entrevistado 4 (empresa
privada) compreende de outra maneira, como segue:
Acho que o que ficou amarrado foram um conjunto de fatores que ocasionaram o não
funcionamento, mas o que eu acho que é assim mais preponderante é a falta de decisão das
empresas em se instalarem por não terem certeza de tudo aquilo que elas teriam a frente,
por que então imagina se eu sei exatamente aquilo que pode eu ou outras empresas nós
vamos pressionar politicamente para que isso funcione mas se você fica na dúvida você não
faz nenhum esforço nesse sentido (ENTREVISTADO 4).
Nesse sentido, Geddes (2008) apresenta que a base de recursos de uma parceria
público/privada depende da quantidade de recursos disponíveis, financiamento da própria
sociedade local, relação entre financiadores e competência setorial. Na entrevista realizada
com Entrevistado 4 percebe-se a falta de participação ativa no processo decisório das ações de
implantação por parte da iniciativa privada. Outra questão é a utilização dos recursos do
programa para alavancagem inicial na implantação da ZPE para fortalecimento do
desenvolvimento econômico. O Entrevistado 5 relata que não houve regulamentação
adequada para propiciar a instalação da ZPE junto com iniciativa privada.
Um dos motivos foi a falta de definição por parte do governo federal com a leis claras,
dando quais são os tipos de incentivos que tinha na ZPE, por que falava de isenção mas não
estava regulamentado que isenção e como funcionar, e esta regulamentação aconteceu ai a
poucos anos atrás, enfim foi onde criou realmente condições para que o empresariado possa
saber, se ele se instala dentro da ZPE quais são as vantagens que eles tem. Está hoje em lei
e todo os constitucional regulamentado. Foi a morosidade da regulamentação da lei
(ENTREVISTADO 5).
Ainda assim, tem-se um contraponto por parte de uma possível empresa candidata a se instalar
na área pela falta de esclarecimento quanto aos custos operacionais dessa instalação. De fato, não há
ainda infraestrutura, mas, se houvesse melhor entendimento do funcionamento da área por parte
empresarial, poderia tornar uma força a mais para a busca da implementação e funcionamento da área.
4.2 Situação atual e perspectivas futuras da ZPE de Cáceres-MT
A situação atual foi um questionamento direcionado aos entrevistados, e o
entendimento é de que, no mês de janeiro/2014, foi realizada a licitação do projeto da
infraestrutura para a instalação da área. De acordo com as respostas citadas:
A ZPE de Cáceres atualmente se encontra com o processo de alfandegamento da área
aprovado, está na fase ainda de desenvolvimento dos projetos executivos isso é definido
pela Receita federal né e já se encontra em desenvolvimento, e até onde eu tenho
acompanhado está nessa fase hoje, aguardando projeto executivos obviamente na sequência
tem-se que trabalhar a situação equação financeira para se fazer as edificações
(ENTREVISTADO 1).
Documentalmente está tudo organizado, em Brasília já está autorizado no alfandegamento,
a documentação está tudo certa e somos a 3ª colocada no Brasil em parte de documentação.
Foi licitado no mês de Janeiro/2014 o projeto para estrutura física, a empresa ganhadora vai
fazer o projeto, em cima desse projeto que será determinado os custos operacionais para
levantar a obra essas coisas toda... para então entrar com a parte de recurso. O tempo que
levará é de 45 dias para entregar o projeto. Ela entregando o projeto nós já vamos reunir o

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pessoal que é acionista para fazer a alocação da verba de acordo com o projeto para
começar as obras (ENTREVISTADO 2).
A ZPE de Cáceres é terceira que está com processo adiantado para que realmente possa
começar a funcionar. Temos várias empresas interessadas e a parte da prefeitura é o papel
institucional, a prefeitura também é acionista da AZPEC tem cotas, tem as ações, assim
como a FIEMT também é acionista só que tem que fazer aporte. Existe um cronograma que
deve ser seguido e cumprido (ENTREVISTADO 3).
Nós estamos dependendo de uma licitação dos projetos arquitetônicos das obras de
infraestrutura da ZPE, bom o escritório da ZPE, a alfandega da Receita Federal, o armazém
para depósito de entrada e saída de mercadoria, a balança para que os caminhões possam
ser pesados para conferir se o peso condiz com o que está nas notas fiscais, parte da
infraestrutura restaurante, banheiros, lanchonete enfim toda essa parte para os motoristas, a
parte de infraestrutura de energia, água, esgoto, telefonia, internet, água pluviais e o
asfaltamento das avenidas lá, então esse projeto está para ser licitado (ENTREVISTADO
5).
O que se pode observar é que documentalmente a ZPE de Cáceres está bem ajustada,
prosseguindo para os próximos passos do cronograma, de acordo com o Entrevistado 3. Os
Entrevistados 1,2,3,4 e 5 concordam entre si sobre a situação atual da ZPE. Todos se
apresentam otimistas e citando prazos curtos para o funcionamento do programa. Os detalhes
que ainda faltam está no processo documental e de entrega de projeto para licitação da
construção da Receita Federal, que é parte importante para concretização da ZPE.
Apesar do engavetamento do projeto das ZPEs em todo Brasil, foram implementadas
ações para o seu funcionamento:
Então o passo a passo foi esse desde a criação obrigatória da administradora, obviamente
isso após a criação por decreto lei né, então foi criada a administradora depois toda essa
instrumentalização dessa administradora, o aporte de capital para se desenvolver todos os
estudos, viabilidade econômica e da importância desse instrumento, na sequência o plano
diretor da ZPE, os estudos de impacto ambiental e relatório de impacto do meio ambiente a
tramitação consequente de todos esses processos em nível de ministério em Brasília, mas
especificamente no Conselho Nacional de ZPE e também na secretaria de Estado de Meio
Ambiente, então o que veio a culminar com a aprovação do EIA/RIMA da ZPE,
obviamente como empreendimento desse porte passa por Licenciamento Ambiental,
Licença Prévia, Licença de Implantação e Licença de Operação, então elas está com a
Licença Prévia aprovada e revalidada, atualmente está tudo OK perante os órgãos ai de
ambiente, então os passos todos foram esse, na sequência veio a obrigatoriedade com prazo
legal inclusive que existia para se desenvolver o processo de alfandegamento da área junto
a Receita Federal (ENTREVISTADO 1).
As principais ações implementadas após a posse da nova diretoria foi REFORMULAÇÃO
E ATUALIZAÇÃO da documentação (ENTREVISTADO 2).
As ações da nossa gestão é de trabalhar junto ao governo de liberar os recursos para fazer
toda essa infraestrutura, onde nós cumprimos a primeira etapa até dezembro de 2012/2013,
agora em 2014 temos que concluir novas etapas de infraestrutura, já saiu a licitação para a
elaboração do projeto da área. Através de muitas ações, da prefeitura, da FIEMT e da
AZPEC. Essa que é a vontade política, é você ter que convencer o Secretário de Estado dos
Municípios que a ZPE do Estado de MT é importante para o Estado de MT e está sendo
instalada em Cáceres é viável e tem que acontecer e que ele tem que ajudar essa realização
(ENTREVISTADO 3).
Em muitas parcerias o papel da liderança dos governos locais e regionais são muitas
vezes contribuições primárias. Para Geddes (2008) o papel da autoridade local deve ser visto
como um ponto chave na realização das parcerias público-privadas. Por outro lado há
diferenças históricas de experiências com distritos industriais, que podem se manifestarem
como contrárias à realidade do Brasil. Isso porque, as experiências internacionais com
distritos industriais estão relacionadas ao entrelaçamento das relações entre as empresas
(FERREIRA, 2012). Já no Brasil, existem discussões políticas sobre a implantação e o
desenvolvimento de atividades regionais para crescimento de regiões menos favorecidas, mas
9
com potencial de crescimento em função da utilização de embarcações para escoamento da
produção local ou regional.
A reflexão que se pode fazer está na origem de uma ZPE. O questionamento central
diz respeito às vantagens ou desvantagens do envolvimento de atores políticos na condução
das atividades a serem desenvolvidas por atores privados, os quais têm seus próprios
interesses e muitas vezes não condizem com o planejamento dos atores público, que muitas
vezes não conseguem traçar metas convergentes entre si.
Houve uma modificação geral na lei das ZPEs em todo Brasil que foram criadas, ai
aumentou o percentual de internalização dos produtos eles tinham outra coisa que não podia
e que passou poder, por exemplo: no nosso caso (MT) nós não somos zona franca, somos
Amazônia legal então podemos entrar no projeto SUDAM, a ZPE de Cáceres tem essa
vantagem, quem está no MT tem essa vantagem, mas tinha um artigo da lei da ZPE que
quem já tinha benefício fiscal e desoneração/redução do imposto de renda não podia estar
dentro das zonas francas, então isso já pode. Me parece que agora mesmo você sendo
beneficiado pelo projeto SUDAM você pode estar dentro da área da ZPE e o aumento do
percentual para deixar dentro do mercado brasileiro produtos que você agrega ou que
produz lá dentro aumento, e tem um projeto de lei para aumentar um pouco mais
(ENTREVISTADO 4).
No conhecimento do entrevistado 4, as implementações realizadas foram para atrair as
empresas para área da ZPE.
Atualmente, não existe empresa alguma instalada na área, isso por conta da falta de
infraestrutura para receber esses empreendimentos. Depois da construção e dos ajustes na
infraestrutura, a Administradora da Zona de Processamento de Exportação de Cáceres –
AZPEC começará receber as propostas de empresas para lá se instalarem.
Com o não funcionamento da área, a classe empresarial desacreditou do projeto, pela
própria afirmação do entrevistado 2, como segue:
Pelo tempo que se passou criou um DESCRÉDITO por parte dos empresários por todo
tempo que ficou parado. O pessoal acha que a ZPE ficou parada o culpado são os diretores
antigos nada a ver, foi POLÍTICO FEDERAL, governamental FEDERAL não foi política
do estado, política municipal nada disso, o prefeito tanto o anterior quanto o atual estão
batalhando juntos, estão participando, estão tudo. O PROBLEMA MAIOR foi o descrédito
que teve por essa PARADA (ENTREVISTADO 2).
Forças políticas e vontade do empresário, e nós estamos no caminho certo, teve agora foi
aprovado a mudança de alguns diretores da AZPEC quem é o novo diretor da AZPEC é
representante da APROSOJA, então hoje nós estamos acreditando que a hidrovia e ZPE
caminham juntas então essa vontade empresarial da APROSOJA para fazer o escoamento
dessa soja pela hidrovia e vindo a APROSOJA participar da ZPE é uma força a mais com
vontade empresarial e com força política (ENTREVISTADO 3).
O descrédito até então percebido por parte dos diretores da AZPEC transformou-se em
esperança pela entrada da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato
Grosso (APROSOJA) no projeto. Acredita-se que essa participação representa um pouco a
mais de força política e vontade empresarial.
Outra questão levantada foi sobre o número de ZPEs autorizadas e criadas em todo o
País, se a abertura de tantas áreas, em um total de 24 até o momento, não prejudicaria a
implementação e o desenvolvimento desses projetos.
Não, não acredito nessa situação até pela vocação regional de cada uma, nacionalmente elas
são completares perante a necessidade do equilíbrio da balança comercial brasileira, então
cada uma tem uma vocação regional. Não vejo como concorrente não há concorrência entre
ZPEs e sim elas são complementares, a nossa em particular tem uma vocação muito forte
na parte de madeira, borracha, de alimentos, processamento de carnes etc. sem descartar
obviamente a área de tecnologia pela posição geográfica desta zona de processamento, no
coração da América do Sul (ENTREVISTADO 1).

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Não... são 24 estados que tem ZPE, 03 parece que estão parada, o pessoal não está
mexendo. O problema de logística é tão importante que o ACRE já está pronto, está tudo
prontinho, mas não consegue empresa pra entrar lá dentro.. por que é produto de
exportação e pro ACRE exportar para onde ele tem que exportar, via pacífico, tem que
competir com Venezuela, chile, peru com todo mundo. Nós temos a hidrovia. Nossa
exportação vai usando a hidrovia, para eles produzirem lá para exportar não tem logística.
O NÚMERO NÃO DIFICULTA, tem uma que vai ser em Cáceres (ENTREVISTADO 2).
ACREDITO que não por que cada ZPE tem suas particularidades tem produtos diferentes,
o que eu acredito mesmo foi na criação de instrumento e a ciumeira dos estados
desenvolvidos industrialmente (ENTREVISTADO 3).
Não, cada ZPE tem uma peculiaridade, uma particularidade, lá no Ceará, por exemplo, eles
estão com uma siderúrgica dentro da ZPE, então isso não vem nada ao encontro acredito
com os nossos anseios, acredito que a ZPE de Cáceres vai ser fortalecer, crescer, se
estruturar na borracha já que temos muita seringa aqui, então teremos indústria da borracha,
na parte moveleira já que nós temos muita plantação de teca, na parte de alimentos já que
nós temos frigoríficos na região, bovinos, suínos, aves, na parte de açúcar já que nós temos
usinas de álcool e açúcar na região, na parte de soja de grãos, de óleo, de óleo de soja,
farelo da soja e derivados da soja, de milho e derivados de milho enfim de toda essa parte
algodão já que temos muito algodão aqui no estado de MT, então nossa ZPE temos várias
frentes de indústrias que possam ser instaladas aqui e virem a funcionar por que temos a
matéria prima aqui no estado o que vai facilitar esse trabalho e a exportação
(ENTREVISTADO 5).
Para os entrevistados 1, 2 e 3, a abertura de tantas áreas não prejudica. No entanto, o
que pode embaraçar é logística, a concorrência de uma área com outra em relação à
proximidade com área de escoamento dos produtos. O entrevistado 4 acredita sim que essa
situação foi prejudicial, como segue:
Dificultou por que eu te falo, oohhh... a distância que nós estamos dos portos, uma
empresa que está instalada em São Paulo não vai vir se instalar em Cáceres, só vai se
instalar aqui as empresas que estão na região, quando muito Cuiabá, se não elas vão
procurar o que? Se instalar nas zonas de processamento que estão mais próximas dos portos
ou dos canais assim: São Paulo, Minas, Espírito Santo, Santa Catarina, Ceará. Então até
nisso, nós já pensamos, entendeu? Em vez de nós instalarmos em um determinado
momento aqui, instalar dentro de uma (zona) que esteja próxima do canal de escoamento, a
indústria aqui em Cáceres continua, faz os produtos semielaborados e vende ou manda para
essa empresa dentro da zona de processamento mais próxima dos portos.
(ENTREVISTADO 4).
Essa contribuição é relevante, a concorrência que pode ser gerada entre as áreas da
ZPE, como explica o entrevistado 4, pode ser um complicador para o funcionamento de áreas
com dificuldade de escoamento dos produtos. O planejamento e/ou estudos de custos em
relação ao frete pode ser avaliado em detrimento de áreas com proximidade dos portos.
O que pode viabilizar o funcionamento é a instalação de empresas com atividades e/ou
matérias-primas geradas na região como, por exemplo, a carne (pecuária), borracha, madeira,
assim como explicado pelos entrevistados:
Principalmente nessas áreas, por que existem mecanismos na ZPE que vão agregar muito
valor, nessa área da produção. Hoje, se produz muito, se exporta razoavelmente o MT como
um todo, esta região em particular nessas atividades que foram citadas (borracha, madeira,
carne) além dos grãos. Então na zona de processamento sem descartar a continuidade desse
processo que já estão instalado mas ela vai agregar a produção regional um lucro para os
grupos envolvidos para as empresas da ordem de até 30% em casos que foram estudados,
então é extremamente importante na medida só para exemplificar, se um empresa for
importar um equipamento e instalar fora da zona de processamento tem um valor, no caso
da borracha 1 só equipamento custa 2 milhões de dólares, se for dentro da zona de
processamento esse valor cai pela metade. (ENTREVISTADO 1).
Sim, acredito na busca de empresas que trabalhem com as atividades da região. A carne vai
ser um dos maiores indutores de exportação vai ser a Carne, o grupo sadia, perdigão, já tem
interesse e já estão fazendo o projeto inclusive. A Sadia faz parte do primeiro grupo. O que
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vai acontecer, eles vão abater em Mirassol, Quatro Marcos e Pontes Lacerda e processar
aqui para exportar o alimento pronto. Ao invés de mandar a carne para Holanda onde faz o
processamento já vai sair daqui processado. Em média é quase 3 mil cabeças dia. A JBS
arrendou a Tannery e já está processamento 2000 peles dia. O GRANDE NEGÓCIO
NOSSO vai ser CARNE, SOJA, MADEIRA e a borracha também. Que inclusive já estão
trabalhando nisso (ENTREVISTADO 2).
É pra isso que ela é criada para trabalharmos com a matéria prima da região. Mas também
não pode significar que aqui não pode se tornar um centro tecnológico, que venham aqui
empresas produzir computadores, periféricos e etc. mas ela é voltada para utilizar-se da
matéria prima da região. Não podemos dar tiro no escuro, a proposta inicial é que tenhamos
as empresas para que venham utilizar-se da nossa matéria prima, aqui temos a borracha,
temos boi, couro, temos o peixe, temos a madeira, temos a teca, então nós queremos sim,
agregar valor nos nossos produtos, agora está se fazendo querendo, não utilizando esse
nossos produtos mas que possam importar os produtos e depois mandar para fora
(ENTREVISTADO 3)
As ZPEs podem se mostrarem exitosas (BELOC, DI MAIO, 2011;
RAMACHANDRAN, CLEETUS, 1999) ou não exitosas (SIRLIN, 1999). Na experiência
analisada a percepção dos envolvidos é de que a ZPE pode possibilitar a agregação de valor
para as matérias-primas e produtos manufaturados de origem local e regional, deixando saldo
positivo para o desenvolvimento.
Os entrevistados concordam que com a implantação da ZPE haverá a geração de
empregos diretos e indiretos na região, bem como, a instalação de empresas que darão suporte
técnico para as empresas instaladas na ZPE.
As perspectivas futuras, enquanto posicionamento dos gestores da empresa
administradora AZPEC, é de funcionamento em breve, conforme os relatos abaixo:
A gente vê um cenário interessante, na medida em que o Brasil ainda está com a balança
em desiquilíbrio, e isso se acentuou nos últimos 2 ou 3 anos, o Brasil importou mais do que
exportou, o Brasil precisa melhorar os mecanismos de produção para exportação, e a zona
de processamento tem exatamente essa característica né, então essa regulamentação OK, a
classe empresarial OK, estamos na verdade aguardando o entorno das zonas de
processamento no quesito infraestrutura regional... elas foram pensadas, aliás, o cerne do
processo brasileiro da ZPE visa exatamente isto o desenvolvimento a partir do ponto de
apoio que é a ZPE mais tem desenvolver mecanismos de produção regional e mecanismos
infra estruturais e aqui particular começou há muito tempo com o quesito energia. O
entorno do distrito os mecanismos infra estruturais de acesso, o vai e vem dessas
mercadorias, por que as demais peças que eram grande obstáculo ai a falta da
regulamentação hoje num tem mais esse problema então, por isso que a gente vê que essa
perspectiva é altamente positiva nesse momento (ENTREVISTADO 1).
Uma coisa de cada vez. Estamos trabalhando no projeto. O projeto foi licitado em 60 dias
deve estar pronto. Depois vamos reunir para ver parte do investidor. O Governo do Estado
da área que lhe pertence vai investir 6 milhões, por isso precisamos do projeto. A Cemat já
está autorizada a mudar a rede para energia, para colocar uma subestação lá dentro. O
problema maior é água, telefonia, energia e saneamento dentro da área, as empresas não
podem se instalar. (ENTREVISTADO 2).
Enquanto gestores do município, a perspectiva é de movimentar, alavancar o
desenvolvimento de Cáceres, de acordo com a resposta do entrevistado 3:
A perspectiva do Prefeito é gerar emprego e renda, é alavancar o desenvolvimento sócio
econômico ambiental de Cáceres, e pra fazer isso precisamos buscar investidores,
precisamos trabalharmos unidos com a universidade, com os empresários é essa visão do
prefeito e da equipe do prefeito, que isoladamente não vamos chegar a lugar nenhum
sozinhos, então é utilizando de parcerias com as universidades com as instituições todas a
federações (ENTREVISTADO 3).
Enquanto empresa estabelecida no município e com interesse na área, a perspectiva é
da instalação de fato da área e com os devidos esclarecimentos para a classe empresarial:

12
Na verdade está todo mundo da expectativa, começa não começa, começa não começa,
assim!!! eu acredito como Cacerense gostaria que se instalasse, porém por todos os fatores
que te falei, a questão da logística, do custo operacional que ainda é uma incógnita, de não
ter muita vantagem tributária se você não importa produto para agregar sua produção
entendeu? Por exemplo, eu aqui fora, posso vender dentro do brasil 100% dos meus
produtos, que eu exporto e posso exportar 100%, lógico eu vendo no Brasil pago os
impostos, e vendo pra fora eu não tenho impostos (PIS, IPI, ICMS etc), dos produtos que
estão sendo produzido dentro da zona de processamento os que forem vendidos dentro do
mercado nacional tem que pagar todos os impostos normais, não que ele vai ser isento
(ENTREVISTADO 4).
Quanto à data para o real funcionamento da ZPE, os entrevistados foram otimistas,
acreditam que a ZPE de Cáceres é um processo irreversível, não tem como voltar e que agora
tem de ser colocado em prática:
Agora, essa gestão obviamente vai se desdobrando no convencimento da classe
empresarial, gerar mais credibilidade, para que os empresários se sintam mais à vontade,
mas segurança que já tem na legislação, mas segurança física na implantação aqui no
distrito industrial, então isso é um trabalho que precisa ser é digamos assim potencializado
para a gente poder antecipar prazo. Por exemplo numa perspectiva realista eu vejo que esse
trabalho que perpassa eleições e a cada dois anos temos uma eleição pelo meio e que se
distorce esse discurso, eu estou vendo ai mais ou menos uns 4 anos (ENTREVISTADO 1).
O processo é IRREVERSÍVEL. Dois anos. 2016 nós já temos empresa operando com
certeza (ENTREVISTADO 2).
Estou mais otimista, questão da Aprosoja vendo que a hidrovia é necessária e vindo pra
dentro da AZPEC, eu acredito que daqui uns 2 anos nós já estamos colhendo alguns frutos.
Por que a soja ou subproduto dela, eles estão tendo essa visão, por que é muito mais fácil
colocar a ZPE de Cáceres para funcionar do que criar uma ZPE do zero que já está bem
dizer tudo encaminhado a ZPE de Cáceres não perde mais o status de ZPE
(ENTREVISTADO 3).
De acordo com o posicionamento dos entrevistados, as perspectivas são promissoras,
acreditam na irreversibilidade do projeto, esperam que, com as parcerias firmadas (Azpec,
Fiemt, Governo do Estado, Governo Municipal e Aprosoja), torna-se fortalecido o projeto e
facilita o convencimento empresarial de que a instalação na área é vantajosa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo teve por objetivo investigar a trajetória da ZPE de Cáceres desde sua
autorização (1990) até o ano de 2013, especificamente demonstrar a atual situação e as
perspectiva futuras da área, bem como discutir as possíveis razões do até então o insucesso do
projeto ZPE.
Constatou-se que os entrevistados acreditam que o projeto ZPE de Cáceres é
irreversível, pela região ser rica em produtos e muito promissora. Quando a área da ZPE de
Cáceres for instalada, proporcionará para as empresas que trabalham com matéria-prima um
melhor escoamento desses produtos com algumas vantagens tributárias.
Pela classe empresarial, percebe-se um descontentamento quanto à real vantagem
tributária. Viabilizam se instalarem em áreas de ZPEs próximas a centros mais desenvolvidos
e com porto para escoamento do produto próximo.
Acredita-se que realmente a principal razão para o não funcionamento da ZPE de
Cáceres e de todo Brasil foram as forças políticas contrárias a implantação dessas áreas.
Ainda no município de Cáceres, a ZPE não apresentou impacto algum ao
desenvolvimento, especialmente no que tange à geração de empregos, falta que se justifica
pelo não funcionamento da área; no entanto, as perspectivas para o funcionamento são
promissoras, pois, se de fato ocorrer a implantação da infraestrutura, a matéria-prima
encontrada na região incentivará a instalação de empresas nessa área.

13
Possivelmente, a gestão das relações entre os atores – que podem constituir e
desenvolver uma ZPE – poderia contribuir para seu desenvolvimento, virando a página do
insucesso até então apresentado. Apesar da ZPE ser um empreendimento do poder público, a
iniciativa privada poderia perceber as vantagens oferecidas e, caso elas não sejam suficientes,
que se possam organizar-se para mostrar as reais necessidades locais para que haja o
desenvolvimento almejado.
A força política citada precisa ser diluída entre aqueles que necessitam das vantagens
que o programa pode oferecer e criar as próprias forças políticas que representem os
propósitos dos atores locais. Dessa forma, entende-se que a gestão das relações
interorganizacionais e o trabalho em rede poderia ser um mecanismo para o sucesso das ZPEs.
Este trabalho poderá ficar com base para o acompanhamento futuro da ZPE e à
realização de pesquisas. Como indicação de estudos futuros, sugere-se realizar um
levantamento de empresas que estão instaladas no município, com características e
possibilidades de instalação nessa área, até mesmo para viabilizar e colaborar com o projeto.
Outro tema que poderá ser desenvolvido é o levantamento de custos operacionais para
instalação de empresas dentro das áreas, se são viáveis ou não.

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