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MELIPONÁRIO
E
APIÁRIO SOUSA

CURSO DE MELIPONICULTURA:
Prática e manejos para criação de Abelhas Sem Ferrão

Meliponicultor: GLAICON NEI FERREIRA DE SOUSA

Piraúba – MG
2022
MELIPONÁRIO
E
APIÁRIO SOUSA
Meliponicultor: Glaicon Nei Ferreira de Sousa

Insc. Est. Produtor Rural:001665248.00-00


Piraúba - MG
Certif. SENAR:COB N°: 6234-10Ubá – MG
Participação no Centro de Educação
Ambiental Vale do Rio Pomba – CEAVARP

CURSO DE
MELIPONICULTURA:
Práticas e manejos para criação
de Abelhas Sem Ferrão (ASF)
Projeto: Gestão e Negócios para Agricultura Familiar e Urbana.

Meliponário Sousa
Dedicatória
Dedico este livro ao meu irmão Antenor Ferreira de Sousa
Filho, que durante toda a minha caminhada esteve presente,
e que sempre me fez uma pessoa melhor.
A minha esposa Rosaniê de Melo Sousa, aos meus filhos
Eduardo de Melo Sousa e Daniela de Melo Sousa, e aos
meus netos André e Alícia, agradeço por enriquecer minha
vida tornando-a uma família forte e grandiosa.
A todos meus amigos, em especial, Cleber Guimarães,
Marília Virgínia Barbosa Costa Duarte, José Ricardo Rosales
Rodriguez e Marcilene Moura de Oliveira, que ao longo de
minha caminhada foram primordiais em todos os momentos,
encorajando–me e ensinando-me com humildade e
sabedoria.
Também dedico meu trabalho com todo amor para minha
querida mãe, Iraci Edelzuita de Sousa.
Fiquem todos com meu eterno agradecimento e gratidão.
Meliponário Sousa
NOTA DO AUTOR

Procurei, neste pequeno livro, expor em forma


simples, quase coloquial, os fundamentos
relacionados às Técnicas de Meliponicultura,
associadas às práticas e aos manejos para a criação
de Abelhas sem Ferrão.

O pensamento do autor não tem preocupações


de originalidade, pois está baseado nos conteúdos
aprendidos em cursos, seminários, bem como, nos
livros relativos ao assunto estudados ao longo deste
período de aprendizagem sobre a Meliponicultura.

O trabalho contém, além dos conceitos e das


técnicas que estão disponíveis em diversas obras
literárias, consta também de anotações decorrentes
das observações e das práticas vivenciadas pelo
autor nestes quase 10 anos que desenvolve o mister
de Moliponicultor.

O autor, com esta obra, espera também estar


contribuindo para a divulgação da prática e do
manejo da Meliponicultura das Abelhas Sem Ferrão
(ASF).
Meliponário Sousa
ÍNDICE
A História das abelhas ................................................................. 06
Nossa Meliponicultura ................................................................ 09
Abelhas Trigonini......................................................................... 13
Abelhas Melíponas ...................................................................... 16
Qual será a atividade do seu Meliponário .................................... 23
Como escolher as abelhas para o seu Meliponário ....................... 23
Como instalar os enxames em seu Meliponário ........................... 28
Como montar seu Meliponário Urbano ....................................... 33
Como introduzir as abelhas no novo Meliponário ........................ 35
Produção de atrativos ................................................................. 36
Como capturar nossas abelhas .................................................... 37
1° Passo: Confeccionando uma isca ............................................. 38
Capturando na isca ...................................................................... 42
Enxamear .................................................................................... 45
Como transferir iscas enxameadas .............................................. 47
2° Passo: Outra forma de captura ................................................ 49
Por que criar abelhas sem ferrão ................................................. 51
As abelhas mais cobiçadas em território nacional ........................ 55
Criando Abelhas Nativas Sem Ferrão (ASF) .................................. 56
Como proceder nas divisões ........................................................ 60
Divisão de uma Trigonini ............................................................. 66
Divisão de uma Melípona ............................................................ 69
Divisão 1 x 1 ................................................................................ 70
Divisão 2 x 1 ................................................................................ 74
Divisão 3 x 1 ................................................................................ 75
Divisão Por Duplicidade................................................................ 75
Experiências de um Meliponicultor.............................................. 76
Manutenção das divisões ............................................................ 77
Xarope Invertido ......................................................................... 79
Alimentação Proteica.................................................................. 80
Predadores.................................................................................. 84
Pasto Melífero............................................................................. 89
Nascentes.................................................................................... 90
Como legalizar o Meliponário...................................................... 91
Adquirir GTA............................................................................... 91
Como transportar as colônias...................................................... 91
Resolução 496 – CONAMA........................................................... 93
Meliponicultura profissional ....................................................... 95

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A História das abelhas

As abelhas surgiram, provavelmente, há cerca de 125 milhões de


anos atrás, após o surgimento das primeiras plantas com flores, as
Angiospermas.

Estrutura da flor de uma angiosperma

Evidências indicam que elas evoluíram a partir de uma vespa


ancestral. Devido ao surgimento das novas formas de alimento oferecidas
pelas flores, o néctar e o pólen, esta vespa ancestral abandonou o seu
hábito predador e se tornou completamente “vegetariana”.
As abelhas estão presentes em toda história da humanidade. Há
indícios de coleta de mel desde a pré-história. Um exemplo são os
desenhos encontrados em cavernas na Espanha de um homem colhendo
mel usando uma escada de corda amarrada ao topo de um barranco.

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Humanos pré-históricos coletando mel. Fonte: Apostila Introdução ao Mundo das Abelhas

Há registros do uso de mel pelos Hindus desde 6.000 a.C. e pelos


Sumérios desde 5.000 a.C. Existem desenhos nas pirâmides do Egito
mostrando uma criação rudimentar de abelhas, em 2.400 a.C., sendo
considerados os primeiros apicultores. Nos papiros de Smith, de 1.700
a.C., estão descritos o uso de mel no tratamento de feridas e úlceras. Os
egípcios utilizavam própolis, mel e ervas na mumificação de seus faraós.
Os teutões, em 200 a.C., utilizavam o hidromel, uma bebida à base de mel,
na comemoração de seus casamentos. Também na Bíblia são encontradas
várias citações sobre o consumo de mel.
Os egípcios e os gregos desenvolveram as primeiras técnicas de
manejo, que foram mais tarde aperfeiçoadas por apicultores no final do
século XVIII.

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Criação de abelhas em potes de barro (pintura no túmulo do Faraó Pa-Bu-Sa – 630 a.C).
Fonte: Apostila Introdução ao Mundo das Abelhas

Nas Américas, antes de 1840, só existiam as abelhas nativas sem


ferrão, seu mel era o principal adoçante natural e fonte de energia para os
povos indígenas. Em todos os países latinos, com exceção do Chile,
existem evidências da relação dos indígenas com os produtos das abelhas,
principalmente de forma extrativista, mas em alguns casos também havia
técnicas rústicas de criação.
Essa relação entre os povos indígenas e as abelhas nativas sem ferrão
se reflete nos nomes populares utilizados até hoje, de origem guarani:
Uruçu (abelha grande), Mandaçaia (vigia bonito), Iraí (rio de mel), Borá
(que há de ter mel), Tataíra (abelha de fogo), Mirim (pequeno), entre
outros.
Na América Central, os Maias e os Astecas criavam espécies de
abelhas sem ferrão principalmente do gênero Melipona. Os Maias as
valorizavam muito, tanto que tinham um deus para proteger a sua criação.
O jesuíta José de Anchieta foi o primeiro a falar da abundância do
mel e das espécies de abelhas existentes no Brasil.

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Nossa Meliponicultura
O Brasil conta com aproximadamente 250 espécies de abelhas
pertencentes à tribo Meliponini, chamadas popularmente de abelhas sem
ferrão. Algumas destas espécies são criadas para a produção de mel, que
tem sido cada vez mais valorizado para fins gastronômicos.
Além disso, elas cumprem um papel muito importante na polinização
de plantas, cultivadas ou não, permitindo a produção de sementes de
várias espécies, muitas das quais fundamentais para a alimentação
humana. Sem a colaboração destas abelhas, muitas plantas deixam de
produzir frutos e sementes, podendo inclusive chegar à extinção.As
espécies mais conhecidas, como a jataí, a mandaçaia, a manduri, a
mandaguari e a uruçu, constroem geralmente seus ninhos em cavidades
existentes em troncos de árvores. Outras utilizam formigueiros e
cupinzeiros abandonados ou constroem ninhos aéreos presos a galhos ou
paredes.
Historicamente, muitas dessas abelhas sofreram uma exploração
predatória por meleiros, com a retirada do mel sem o manejo correto e
consequente destruição das colônias, o que contribuiu para a diminuição
das populações em algumas regiões.
No decorrer do tempo, a exploração predatória cedeu espaço para a
meliponicultura, que além de permitir a produção dos diversos tipos de
mel, ainda contribui para a conservação das diferentes espécies. No
Nordeste brasileiro, em especial nos estados do Maranhão, Rio Grande do
Norte e Pernambuco, há diversos polos bem sucedidos de meliponicultura
que exploram espécies locais como a tiúba, a jandaíra e a uruçu.
As abelhas sem ferrão ocupam grande parte das regiões de clima
tropical do planeta. Ocupam também algumas importantes regiões de
clima subtropical, como porções do Sul do Brasil e Argentina e o Norte do
México.Desde o século XIX, houve diversas tentativas de aclimatação de
abelhas indígenas sem ferrão em outras regiões do mundo. Em 1872, o
naturalista francês Louis Jacques Brunet enviou colônias para a região de
Bordeaux. Devido aos rigores do inverno europeu, as abelhas não
sobreviveram por muito tempo.
Nos anos 50, algumas colônias foram enviadas para localidades
norte-americanas no Arizona, Califórnia e Utah, entre outros. Algumas
sobreviveram até oito anos.

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Nossa Meliponicultura

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

1 – ABELHA RAINHA FISOGÁSTRICA2 -POTE DE MEL


3 – POTE DE PÓLEN 4 - CÉLULAS NOVAS
5 – CÉLULAS NOVAS VAZIAS 6 - INVÓLUCRO

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Nossa Meliponicultura

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

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Nossa Meliponicultura

Fonte: Curso realizado em Niterói – RJMeliponário Sousa

Nosso trabalho formando


Meliponicultores!
Niterói Verde!

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Abelhas Trigonini
Os Meliponíneos se dividem em dois grandes grupos. O primeiro é
caracterizado pela presença de célula real, que são os Trigonini, uma
célula de cria maior em altura e diâmetro das demais células e onde uma
princesa é criada. Esse grupo é o mais diverso em número de espécies e
inclui os gêneros Trigona, Tetragonisca, Scaptotrigona, Nannotrigona,
Oxytrigona, Cephalotrigona, Friesella, Frieseomelitta, Aparatrigona,
Schwarziana, Paratrigona e muitos outros. Algumas delas são muito
defensivas, como a Oxiotrigona tataíra (caga-fogo), que ao ser manejada
libera uma substância ácida que queima a pele.

ABELHA JATAÍ - TETRAGONISCA


ANGUSTULA

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Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

Suas multiplicações naturais


acontecem por realeiras.

Jataí forrageando
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MANDAGUARI AMARELA
SCAPTOTRIGONA XANTHOTRICHA

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

As abelhas Mandaguari Amarela é um tipo Scaptotrigona.


São encontradas nos Estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais,
Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.
São abelhas mais claras de cor amarela com o abdômen riscado e
asas amarronzadas.
Geralmente as abelhas Mandaguari são encontradas em ocos de
árvores grossas na natureza. A entrada do ninho é feita de cerume mais
claro em forma de funil. Seus discos de cria podem chegar a 16 cm de
diâmetro de forma helicoidal ou sobrepostos horizontalmente. Os potes
de alimento podem chegar de 2,5 cm até 3,0 cm de altura. A população da
colméia varia de 2.000 mil abelhas até 50.000 mil abelhas nos enxames
matrizes.

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Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

Assim como todos apídeos, as abelhas Mandaguari possuem uma


sociedade organizada dividida em: operários, zangões e rainha. O período
completo de uma Trigona é de aproximadamente 38 dias, sendo 5 dias de
desenvolvimento embrionário (ovo), 15 dias no estágio larval, 18 dias de
estágio pupa. Assim, após este período uma abelha vive entre 40 e 52
dias, de acordo com o pasto melífero.

Abelhas Melíponas
O segundo grupo é formado pelo gênero Melípona, caracterizado por
não apresentarem célula real. Todas as células de cria possuem mesmo
tamanho e contém similar volume de alimento larval. Assim, até 25% das
crias de um enxame podem nascer princesas e zangões. Algumas espécies
destas abelhas podem produzir aproximadamente 8 litros de mel.
Por isso esse grupo tem uma produção maior de mel.

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Ninho de uma abelha Melípona


Uruçu Amarela Mondury

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

Meliponário Sousa
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Ocorrência

A Uruçu-Amarela é encontrada na Bahia, no Espírito Santo, em Goiás, em Minas


Gerais, no Paraná, no Rio de Janeiro, em Santa Catarina e em São Paulo.

Morfologia
Essa espécie apresenta o tegumento com a coloração variando do negro
ao ferrugíneo, com o corpo coberto de pelos ferrugíneos/amarelados.
Ninho
As colôniasdaUruçu-Amarela podem chegar a uma população de 5 mil
abelhas. Esta espécie nidifica preferencialmente em ocos de árvores. A
entrada do ninho é localizada no centro de raias convergentes de barro e
permite que apenas uma abelha entre ou saia de cada vez. As células de
cria são horizontais ou helicoidais, não ocorrendo célulasreais. O invólucro
está presente e é constituído de várias membranas de cerume. Os potes
de alimento possuem cerca de 4 cm de altura.

Mel
Em áreas de boa florada, há grande capacidade produtiva da Uruçu-
Amarela, chegando facilmente na casa dos 10 kg de mel/ano. Além de ser
um mel bastante procurado, pois é muito saboroso.
Cadaespécie de abelha sem ferrão é composta de formas diferentes:
Observa-se tamanho diferente nas abelhas;
Quantidade de indivíduos diferentes nos enxames;
Cores variadas;
Diferenças nas cores e sabores dos méis;
Entradas dos enxames diferentes;
Comportamentos diversos;
Nidificam em lugares diferentes;
Voam distâncias e alturas diferentes;

As abelhas com seus comportamentos e tantas distinções conseguem


alcançar toda a nossa fauna e flora, polinizando plantas rasteiras,
arbustos, árvores de pequeno,médio porte e grandes portes, atendendo
assim toda a necessidade de multiplicação de biodiversidade na terra.
Responsáveis por não deixar ser extinta a vegetação do planeta.

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Tipos de entradas de algumas espécies:

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

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Flor da Pitaia

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

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Extrato de Própolis
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Pólen
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Palmeira Rabo de Peixe


Nome científico: CaryotaUrens

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

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Qual será a atividade do seu Meliponário?


Seu Meliponário terá atividade voltada
para:
 Multiplicações e vendas de enxames
Terá atividade direcionada somente para vendas de enxame
(comercial).

 Hobby
Terá atividade unicamente para proteção ambiental.

 Mel
Terá atividade unicamente para produção de mel (comercial) ou para
consumo familiar.

 Meliponicultura loja e acessórios


Terá a atividade voltada para produção e venda: caixas, cera,
uniformes, atrativos, iscas, fitas adesivas, ferramentas para a
meliponicultura, etc.

Como escolher as abelhas para o seu


Meliponário?
Vamos ter que observar quais abelhas estão presentes em nosso
bioma, pesquisando em nos lugares ao redor do nosso Meliponário.
Podemos também, visitar Meliponicultores vizinhos investigando
sobre quais espécies ele relata na sua região.
Existe uma tabela que poderá nos ajudar a encontrar essas espécies.
O mapa abaixo contém exemplos de espécies de abelhas sem ferrão
com maior potencial para criação em cada Estado brasileiro para auxiliar o
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Meliponicultor na escolha inicial das espécies para a exploração de


produtos.
O mapa não tem o objetivo de listar todas as espécies de abelhas
sem ferrão com distribuição conhecida em cada Estado, mas sim as
espécies que são mais comumente criadas pelos Meliponicultores.
Para tanto, foram usadas duas fontes principais: o artigo científico
“Bees for Development:
BrazilianSurveyRevealsHowtoOptimizeStinglessBeekeeping” e o livro
“Manual Tecnológico: Aproveitamento Integral dos Produtos das Abelhas
Nativas Sem Ferrão” e o Catálogo de Abelhas Moure.

Região:Sudeste
Estado: Minas Gerais

Nome científico Nome popular


Cephalotrigonacapitata Mombucão
Melipona bicolor guaraipo, guarupú
Meliponamarginata Manduri
Meliponamondury bugia, monduri, tujuba, uruçu-amarela
Meliponaquadrifasciata Mandaçaia
Meliponarufiventris tujuba, tujuva, uruçu-amarela
Nannotrigonatestaceicornis Irai
Scaptotrigonabipunctata tubuna, canudo
Scaptotrigonadepilis mandaguari, canudo, tubiba
Tetragoniscaangustula Jataí

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Região: Sudeste
Estado: São Paulo

Nome científico Nome popular


moça-branca, moça-preta, amarela, marmelada, mané-
Abelhas do gênero Frieseomelitta de-abreu
Abelhas do gênero Plebeia mirim, mosquito, jati, mosquitinho
Cephalotrigonacapitata Mombucão
Melipona bicolor guaraipo, guarupú
Meliponamarginata Manduri
Meliponamondury bugia, monduri, tujuba, uruçu-amarela
Meliponaquadrifasciata Mandaçaia
Meliponarufiventris tujuba, tujuva, uruçu-amarela
Nannotrigonatestaceicornis Irai
Scaptotrigonabipunctata tubuna, canudo
Scaptotrigonadepilis mandaguari, canudo, tubiba
Tetragoniscaangustula Jataí

Região: Sudeste
Estado: Rio de Janeiro

Nome científico Nome popular


Abelhas do gênero Plebeia mirim, mosquito, jati, mosquitinho
Melipona bicolor guaraipo, guarupú
Meliponamarginata Manduri
Meliponamondury bugia, monduri, tujuba, uruçu-amarela
Meliponaquadrifasciata Mandaçaia
Nannotrigonatestaceicornis Irai
Scaptotrigonabipunctata tubuna, canudo
Tetragoniscaangustula Jataí

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Região: Centro-Oeste
Estado: Distrito Federal

Nome científico Nome popular


Abelhas do gênero Scaptotrigona canudo, mandaguari, tubiba, tubi, tubuna
Frieseomelitta varia moça-branca, marmelada, mané-de-abreu
Tetragoniscaangustula Jataí
Tetragonaclavipes borá, vorá

Região: Centro-Oeste
Estado: Goiás

Nome científico Nome popular


Meliponaquadrifasciata Mandaçaia
Meliponarufiventris tujuba, tujuva, uruçu-amarela
Nannotrigonatestaceicornis Irai
Scaptotrigonapolysticta andorinha, benjoi
Tetragoniscaangustula Jataí

Região: Sudeste
Estado: Espírito Santo
Nome científico Nome popular
Cephalotrigonacapitata Mombucão
Melipona bicolor guaraipo, guarupú
Melipona capixaba uruçu-capixaba
Meliponamarginata Manduri
Meliponamondury bugia, monduri, tujuba, uruçu-amarela
Meliponaquadrifasciata Mandaçaia
Nannotrigonatestaceicornis Irai
Tetragoniscaangustula Jataí
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Região: Sul
Estado: Paraná
Nome científico Nome popular
Cephalotrigonacapitata Mombucão
Melipona bicolor guaraipo, guarupú
Meliponamondury bugia, monduri, tujuba, uruçu-amarela
Meliponaobscurior Manduri
Meliponaquadrifasciata Mandaçaia
Nannotrigonatestaceicornis Irai
Plebeia saiqui mirim-saiqui
Outras abelhas do gênero Plebeia mirim, mosquito, jati, mosquitinho
Scaptotrigonabipunctata tubuna, canudo
Scaptotrigonadepilis mandaguari, canudo, tubiba
Tetragoniscaangustula Jataí

Região: Nordeste
Estado: Bahia
Nome científico Nome popular
Meliponaasilvai monduri, rajada
Meliponamandacaia Mandaçaia
Meliponaquadrifasciata Mandaçaia
Meliponascutellaris uruçu, uruçu-nordestina, uruçu-verdadeira
Meliponasubnitida Jandaíra
Tetragoniscaangustula Jataí

Devemos observar todas as abelhas presente em nosso bioma, estas


poderão ser adquiridas e introduzidas em nosso novo Meliponário.
Cada espécie de abelha tem uma característica diferente da outra,
são completamente distintas.
Teremos que estudar a biografia de cada uma delas e observar.
Também vamos escolher qual o tipo de caixa queremos utilizar.
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Como instalar os enxames em seu Meliponário:


Abelhas Jataí (TetragoniscaAngustula)

Quantidade de indivíduos até 5.000


Caixa INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) tamanho
internotrês módulos de 12 x 12 x 5 cm altura, em alguns casos
dependendo da genética, poderão alcançar mais alguns módulos na
altura.
* Observar a altura da entrada em relação ao solo.
Os enxames dispostos em cavaletes, deverão ter uma altura
que, a tampa da caixa termine, pouco acima do nosso umbigo, isso
facilitará o nossa manejo sem prejudicar a nossa coluna (ergonomia).
* Luz artificial no Meliponário.
Devemos observar que naquele momento de 5 minutos em que
a tarde termina e começa a noite, neste momento, não devemos
acender as luzes no Meliponário, pois as abelhas irão para a luz.
Devemos neste período deixar o meliponário com a claridade
ambiente até que a noite chegue (por 5 minutos).
Depois já a noite poderá ser acesas as luzes para manutenção, e
serem desligadas no término do manejo.
* 100% na sombra.

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Padronização e Organização

* Sempre com suas entradas voltadas para o sol nascente.

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

Meliponário Sousa
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* Proteção de chuvas.
* Proteção com uma espuma no meio do cavalete,
entre a caixa e o chão (umedecer com óleo queimado,
terá uma validade de 42 dias para proteção de possíveis
predadores).

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

Meliponário Sousa
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* Caso o Meliponário for disposto em condomínios


deverá ser seguido às mesmas observações acima.
* As caixas deverão ter espessuras de acordo com a
espécie e lugar (regiões frias, caixas mais espessas).

Espessuras de caixas corretas

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

* Não deverá ter nenhum obstáculo em frente à saída das


caixas, pois as abelhas precisarão encontrar os raios
infravermelhos no horizonte de dentro da caixa.
* Nossos Meliponários deverão ser construídos perto de
água potável, como: nascentes, rios, lagos, etc. caso não os
tenham devera ser construído uma cascata com armazenamento
de água potável para as abelhas.
* Uma genética sobrevive em media 35 anos em cada lugar
nindificado, é necessário que sigamos corretamente, para que
nossas abelhas atinjam seu ciclo natural de vida.
* Em casos de condomínios, cada setor deverá ter os
mesmos enxames da mesma espécie (não podemos misturar) e

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mantermos o acesso aos enxames pelo centro da unidade, pois as


entradas das caixas não poderão ser obstruídas em nenhum
momento do manejo.

Parte interna da unidade

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

* Somente as Jataís não aceitam seus ninhos em


condomínios, deverão ser respeitados o espaço de 8 metros de
distância entre eles.
* Deverão ser também observado a disposição de pastos
melíferos existente no lugar, para a colocação de um determinado
número de enxames.

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* Também devemos lembrar que os Meliponários dispostos


de baixo de árvores, terão restrições:
Não poderá ser debaixo de árvores de frutos grandes,
exemplos:
Abacateiros, Mangas, Jacas, Coqueiros, Jenipapo e etc.
* Afinal, montar nosso Meliponário de forma correta
evitaremos desconfortos futuros (perdas de enxames, capital e
tempo).

Como instalar seu Meliponário


Urbano?

Meliponário Sousa
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Meliponicultura Urbana

Meliponicultura, é a criação racional de abelhas sem ferrão,


especialmente das tribos meliponini (Mandassaias) e trigonini (Jataís) –
espécie de abelhas da família Meliponidea.
Quando o fazemos na cidade, temos outro tipo de manejo, e outras
dificuldades e atenções a serem tomadas. Nesse contexto de criação na
cidade, denominamos o manejo de Meliponicultura Urbana.
A criação de abelhas sem ferrão em áreas urbanas, além de ser uma atividade
prazerosa, ajuda a preservar o meio ambiente e estimula crianças a entender a
importância desses insetos na produção de alimentos. A criação de abelhas em
ambiente urbano é necessária.
1 – Ter noção do ambiente para as abelhas. É necessário que se more próximo à
uma vegetação abundante, como perto de praças, hortos florestais, e pequenas
reservas de matas auxiliares.
2 – A criação deve começar com três ou quatro colmeias, e ir aumentando à
medida que as abelhas vão se desenvolvendo e o criador ganhe experiência;
3 – Manter em casa ou próximo dela, plantas ornamentais e frutíferas que são
fundamentais na alimentação desses pequenos animais, como jaboticabeira,
pitangueira, goiabeira e hortaliças em geral, como manjericão.
Com isso toda a comunidade será beneficiada com diversos tipos de frutas para
complementação de suas dietas, a arborização de forma responsável, também terá
grande relevância na condição térmica do lugar, e na ornamentação da cidade.
É preciso ter muito cuidado com o sol, pois as colméias não poderão ficar
diretamente expostas;
4 – Escolher as espécies que se adaptam ao meio urbano é importante. A que
mais se adapta é a Jataí, outras, conforme o bioma também são indicados para o
Meliponário urbano como a Marmelada e a Mandaguari;
5 – Jamais criar abelhas nativas de outras regiões, como por exemplo, uma
espécie do Nordeste, como a Tiúba, na região Sul”.

Meliponário Sousa
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Meliponário Urbano

Como introduzir as abelhas no novo meliponário?


Ao introduzirmos as abelhas no novo meliponário, estas deverão ser
colocadas em seus lugares definitivos, assim sendo, toda introdução deverá ser
planejada antecipadamente, para se evitar desconfortos no meliponário.

Fonte cedida pelo meliponicultor urbano Luiz Paulo, Rio de Janeiro.


As abelhas nativas sem ferrão devem possuir local fixo desde a introdução
da colmeia no meliponário. As abelhas memorizam os locais onde sua colmeia
está instalada. Caso exista alguma necessidade de troca de local,
algumas técnicas de como mudar colmeias de lugar devem ser utilizadas.
Para mudar uma colméia de lugar, devemos obedecer alguns critérios,
todo enxame poderá ser movido no máximo 20 cm por dia para qualquer lado
em qualquer direção, até chegar no lugar desejado, assim não perderá nenhum
indivíduo.
Meliponário Sousa
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A outra forma é levar o enxame para um lugar maior que o alcance de vôo
da abelha, exemplo:
 Alcance de vôo da abelha 500 metros, leve para 750 metros.
 É necessário levá-la 25 % a mais que seu alcance de voo.
 Fechar a caixa por alguns dias, passar produtos e limpar a caixa com
produtos naturais externamente não são formas 100 % eficazes.
Também precisamos observar alguns pontos críticos, ou seja, aqueles em
que estejam batendo sol em alguma hora do dia.

Produção de atrativo
O atrativo poderá ser adquirido em meliponários de nossa confiança
ou indicado por amigos meliponicultores que o conheça.
Também podemos produzir nosso próprio atrativo.

Receita de atrativo:
 1 litro de Álcool 92°
 0,500 Kg de própolis, cera, mel e pólen.
 Juntar tudo em um recipiente, agitar todos os dias por 5
minutos, durante 2 meses.
 Todo atrativo com data acima de 1 ano, terão maiores
resultados de sucesso.

Temos observado que ao produzir o atrativo ao passar algum


determinado tempo, o álcool absorve todas as características de cheiro do
material aplicado, nos levando à melhores resultados.
Existem várias formas e receitas de se fazer um atrativo usando
outros tipos de solventes e produtos, que também poderão produzir um
resultado satisfatórios.
Os estudos mostram que as abelhas entram nas iscas porque
entendem que ali morou um enxame, como elas podem viver até 35 anos
em um mesmo lugar, apossam da isca imediatamente, acreditando-se que
estarão seguras por mais 35 anos.
Meliponário Sousa
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Como capturar nossas abelhas?

Mãos às capturas!!!
Vamos aprender a confeccionar nossas iscas e armá-las de forma
adequada!!!
Utilizaremos vasilhas e utensílios recicláveis como: pets, galões,
caixas ninho e outros...
O tamanho da sua isca na maioria das vezes irá capturar abelhas de
acordo com o número de indivíduos, iscas pequenas enxames pequenos,
iscas médias enxames médios, iscas grandes enxames maiores.
Deverão ser observadas quais abelhas existem no bioma no qual
serão colocadas as iscas.
Será necessário armar as iscas com atrativos no interior e ceras nas
entradas, em árvores muito grossas, o ideal são árvores de DAP (Diâmetro
a Altura do Peito) maior que 1 metro, as iscas deverão ficar a uma altura
mínima de 40 cm e máxima 1,5 m. Com isso evitaremos a interrupção de
predadores (tamanduá, guaxinins, quatis, tatu, etc.)
Na instalação das iscas, lembrar que as entradas deverão sempre
estar voltadas para o sol nascente.

Meliponário Sousa
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1° Passo: Confeccionando uma isca.

Materiais necessários:
*Descartáveis

*Alicate

*Furadeira

*Broca 3mm

*Tesoura

*Pires

*Vela

*Maçarico

*Jornal

*Plástico

*Fita adesiva

*Isqueiro

Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

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Primeiros passos:

Foto 1: MeliponáriosousaFoto2: Meliponário Sousa

Foto 1: Garrafa Pet


Foto 2: Furando o fundo da Pet
Foto 3: Fundo perfurado.

Foto 3 Meliponário Sousa


Meliponário Sousa
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Ao montarmos nossas iscas serão necessárias algumas observações:


Estarem limpas, certificando-se de que não foi usada para armazenar
produtos químicos.
Depois de tudo limpo, furar em 5 lugares o fundo e 1 furo embaixo do
bico da isca, esses furos servirão para circulação de ar e saída de umidade.
Em seguida, com uma vela ou maçarico culinário, aqueceremos a parte
superior do Pet e com o alicate forçaremos o bico para cima 45°.

Foto: Meliponário Sousa

Agora vamos envolver a Pet no jornal, o jornal servirá para manter a


condição térmica da isca, logo em seguida vamos envolver com lona preta,
ela terá o papel de escurecer a isca, estes dois processos simulam o ninho
que elas buscam.
Seguir todos os passos conforme explicado no processo é muito
importante para obtermos uma boa captura.

Meliponário Sousa
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Foto: Meliponário Sousa Foto: Meliponário Sousa

Foto: Meliponário Sousa

Meliponário Sousa
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Capturando na isca
Conforme descrito na página 41, vamos armar nossas iscas de forma
correta para obtermos nossas capturas.

Fonte: Meliponário Sousa

 Colocando o atrativo na isca.

Quando armamos as iscas em árvores de um diâmetro maior, perto


de água e em reservas florestais, nosso trabalho terá bons resultados.
A isca sempre estando protegida da luz solar, em uma altura correta,
também é muito importante.
Vejamos a seguir a instalação da isca confeccionada.

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Capturando na isca

Foto: Meliponário Sousa

Meliponário Sousa
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As iscas possuem espaços limitados e as abelhas muitas vezes o


preenchem rapidamente, podendo assim impedir uma boa condição
térmica, assim temos de acordo com cada espécie uma média de tempo para
transferi-las a uma caixa racional.
Exemplo:Jataí (Tetragoniscaangustula) de 60 a 90 dias em média.
As jataís ao encontrar sua nova morada designam um número de abelhas
para começar a montar toda estrutura do ninho, que ao ficar pronto será
exatamente a hora que a princesa estará pronta para sair do seu ninho mãe, a
rainha determinará uma parte de suas abelhas para acompanhá-la e começar
um novo enxame.
Caso você transfira esse ninho para uma caixa racional sem a possível
presença de uma princesa você estará condenando o enxame capturado.
Portanto assim devemos portar nas transferências das iscas de acordo com
a necessidade de cada espécie em comportamento e número de abelhas.

Captura de uma Jataí (Tetragonisgaangustula)


Isca: Bambu Rochedo (Bambusaoldhamii)

Fonte: Fotografia Meliponário Sousa

Meliponário Sousa
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Enxamear
 As abelhas procuram e escolhem a nova moradia.
 Fechamento de frestas.
 Transporte de cerume, mel e pólen da colônia-mãe para a colônia-
filha
 Migração de operárias e da princesa para o novo local.
 Voo nupcial e fecundação da princesa.
 Nova rainha fisiogástrica (ou poedeira) estabelece atividade de
postura na colônia estabelecida.

A enxameagem é o processo pelo qual as colmeias de abelhas nativas


sem ferrão se reproduzem.
Geralmente ocorre por conta da superpopulação da colmeia, e está
associado a um contexto de generosa oferta de alimento (pólen e néctar)
no ambiente.
A enxameagem tem início quando algumas abelhas operárias deixam
a “colméia-mãe” e vão em busca de uma novo local para instalar uma
nova colmeia. O cerume, mel e pólen para iniciar a construção do ninho na
nova colmeia, ou colméia-filha, é retirado da colmeia-mãe.
Concluída a organização da nova moradia, parte das abelhas
operárias e uma rainha virgem migram para o local. A rainha virgem é
fecundada por um macho – geralmente de outra colmeia – em um ritual
conhecido como “vôo nupcial”.
Uma vez fecundada, a rainha – agora poedeira – retorna ao ninho,
estabelecendo a rotina biológica de uma colmeia estabelecida.
Mandaçaia MQA (Uruçuquadrifasceata)
As Mandaçaias MQA, ao nindificaremuma isca, deverão ser
transferidas em uma média de 60 dias, caso a isca possua um tamanho
menor que 2 litros, mas se a isca possuir um tamanho maior, talvez nem
precise ser transferida imediatamente neste prazo.
As Mandaçaias são melíponas abelhas maiores, o ninho não poderá
ser tão pequeno, pois em pouco tempo o enxame morrerá.

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Captura de MandaçaiaMQA (Uruçuquadrifasceata)


Isca: Pet de 3 litros

Fonte: Fotografia Luiz Paulo, Rio de Janeiro

Mandaguari Amarela (ScaptotrigonaXanthotricha)


Uma captura de Mandaguari amarela, enxames extremamente
defensivos, podendo chegar a um número de 50 mil indivíduos, é a abelha
nativa mais produtiva de mel, segundo estudos da USP. Pode chegar de 11
a 15 kg/ano, essas abelhas terão a necessidade de serem transferidas mais
rapidamente com o tempo limitado de acordo com o tamanho da isca que
as capturou.
Meliponário Sousa
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O Meliponário Sousa com suas capturas nos últimos anos orienta que
numa isca de 3 litros é necessário transferi-las para uma caixa racional
conforme a genética capturada.
É sempre bom lembrar que as scaptotrigonas em geral, assim como
nossa Mandaguari amarela(ScaptotrigonaXanthotricha) não poderão ser
transportadas nas iscas do lugar capturado para o meliponário, pois
morrerão asfixiadas em pouco tempo, caso a isca seja pequena.
Mandaguari Amarela (ScaptotrigonaXanthotricha)
Isca: 3 litros

Fonte: Foto do Meliponário Sousa

Como transferir iscas enxameadas?


Agora vamos transferir as abelhas das iscas enxameadas, e o primeiro
passo é importante que observemos a entrada da isca, pois deverá ser
exatamente o lugar da nova caixa racional, pois à noite as abelhas se
recolherão para dentro do enxame. Caso a isca tenha sido colocada no
lugar definitivo da caixa racional é só mantê-la neste local. Se a
transferência foi feita no lugar da captura, vamos fechá-la à noite e
direcioná-la para o meliponário.
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Em seguida, colocar a isca em um suporte fixo 100% em pé, na


mesma posição em que enxameou. Colocar o suporte com a isca ao lado e
posicionar a caixa racional exatamente no lugar da isca.
Com o estilete vamos com cuidado abrir a isca como se fosse uma
janela, retire o ninho com o invólucro e o coloque na caixa racional, caso o
primeiro disco esteja a posto colocar bolinhas de cera por baixo facilitando
a passagem para a manutenção das abelhas.
Os potes de alimentos mel e pólen não deverão acompanhar a
transferência (evitará a atração de predadores), será necessária a inclusão
de um pote de alimento com palitinhos (evita o afogamento das abelhas)
para alimentarmos o enxame até ser estabilizado.
Os méis retirados poderão ser recolhidos por um sugador ou uma
seringa, guardado em pote limpo e armazenado em temperatura
ambiente, depois servido para as próprias abelhas, poderá ser substituído
por xarope invertido (inversão sacarose para frutose, será fervida com
limão).
Também podemos lembrar que se possível colocar a mesma cera da
entrada da isca na entrada da caixa racional, caso a entrada não seja
constituída por cera, poderá ser substituída por um pequeno pedaço do
mesmo enxame.
Se a rainha estiver fora do ninho, ela deverá ser recolhida por uma
pequena folha de papel e recolocada no centro do ninho (cuidado, pois se
pegá-la com as mãos ou deixá-la cair a uma altura maior que 15 cm, esta
se tornará infértil e todo nosso trabalho estará perdido).
Sendo uma melípona, e a rainha ficar infértil por acidente, não
haverá nenhum problema, pois as campeiras farão outra rainha.
Caso por ventura entre forídeo, fechar a caixa por três dias
imediatamente colocar uma isca de vinagre de maçã no interior da caixa
soprando-a todos os dias a noite, passar também todos os dias em volta
da casa com um pano umedecido com álcool comum para remoção do
feromônio que o forídeo colocou, depois da ausência de forídeos no
interior da caixa retire a isca e mantenha fechada por mais um dia, se
possível instale o enxame em outro lugar. Obs.: esta ação deverá ser feita

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somente uma vez, pois o vinagre prejudica as abelhas e ao soprar


dissipará o feromônio da rainha e o enxame ficará desorientado.
Assim estaremos assumindo um papel de preservação, o
meliponicultor não estará derrubando árvores muitas vezes centenárias
para remoção de enxames, ação muito comum entre os meleiros que
vivem com extrativismo insustentável.
Comportando-se dessa forma nosso manejo se tornará eficaz, e o
resultado no nosso meliponário será sempre positivo, trazendo-nos
satisfação e sucesso.

2° Passo: Outra forma de captura


Não podemos nunca esquecer, transferir enxames do seu lugar
natural, poderá ser extremamente evasivo e predatório.
Isso é totalmente um ato irresponsável e contra os princípios da
Meliponicultura, sendo assim devemos fazer estes resgates com
responsabilidade.
Exemplo:
1. Árvores condenadas por ser preciso removê-la em casos de
construções diversas (currais, casas, pontes, estradas, redes elétricas,
represas, etc.)
2. Árvores mortas em estados de decomposição.
3. Árvores que sofreram danos ecológicos (tempestades, temporais
com rajadas de ventos, inundações, etc.)
Algumas situações como abelhas que nindificam em barrancos e
cupinzeiros, estes quando expostos, também poderão ser resgatados.
Sabemos também que essas transferências feitas no ambiente
natural das abelhas, são agressivas e na maioria das vezes os enxames
vêm a morrer. Algumas espécies com o percentual pequeno de êxito
(Borá, Mandaguari amarela, etc.)
Passos para salvar as abelhas em risco no ambiente natural:
Passo 1: Reunir o material necessário para transferir as abelhas

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Passo2: Com a motosserra faz-se a abertura do tronco, que deve ser


mantido na posição original. É preciso o máximo cuidado para não
prejudicar os discos de cria e, se possível, encontrar a rainha. A Caixa vazia
serve para a nova colônia, o formão para abrir as colméias, a fita adesiva
servepara vedar as frestas da caixa, torquês, caneta e caderno para anotar
informações, açúcar cristal ou melado para alimentação das colônias, água
limpa e pano limpo para limpeza local, faca de serra para uso geral.
Passo 3: Colocam-se os discos de cria nascente dentro do ninho da
caixa racional, e os discos com postura nova (mais claros) em cima dos
discos de cria nascente. Convém colocar bolinhas de cera, como se fossem
pilares, entre os discos. Assim, as abelhas podem sair das células e se
movimentar livremente.
Passo 4: A caixa racional deve ficar com a entrada voltada para a
mesma direção em que estava a entrada da colônia no tronco. Colocar um
pouco de cera do antigo ninho na abertura da caixa estimula a chegada
das abelhas, pois elas se sentirão atraídas pelo cheiro.
Passo 5: A rainha deve ser colocada no interior da caixa com muito
cuidado. No caso das melíponas, se ela morrer ou não for encontrada, não
tem problema. Em breve nascerá outra. Para as trigonas, é preciso que
haja uma realeira (célula de cria maior do que as outras) nos discos de cria
a serem transferidos, pois é dessa célula que nascerá uma princesa (rainha
virgem).
Passo 6: Com a ajuda de um “chupador”, transfere-se o maior
número possível de abelhas para a nova moradia. As abelhas novas, que
ainda não conseguem voar, serão importantes para o futuro
desenvolvimento da colônia. É fácil reconhecê-las, pois elas são mais
claras e lentas do que as adultas.
Passo 7: Depois de colocar as abelhas na caixa, esta deve ser vedada
para evitar ataques de inimigos naturais.
Passo 8: Para o transporte, a caixa deve ser fechada à noite, quando
as abelhas já se recolheram. No transporte, todo cuidado é pouco. A
entrada da caixa deve ser fechada com tela galvanizada ou de alumínio. O
transporte deve ser feito à noite, horário em que todas as abelhas estão

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na colônia. Se a viagem durar vários dias, a colônia deve ser alimentada


artificialmente antes de ser fechada.
Importante: - Cuidado para não virar ou balançar a caixa.
- Deve-se depositá-la em local definitivo.
- Não abrir a caixa imediatamente após o transporte, pois as abelhas
estarão agitadas e poderão brigar, matando umas às outras.
- A entrada da colônia deve ser aberta somente à noite para que as
abelhas se acostumem com o novo ambiente.
- Alguns criadores preferem fazer a transferência da colônia no
próprio meliponário. Neste caso, o tronco com o enxame na mata é
fechado a entrada à noite e só aberto em local definitivo. O tronco é
transportado sempre na posição em que estava na natureza. No
meliponário, a entrada da colméia deve ficar na mesma altura da caixa
racional. Os procedimentos de transferência são os mesmos da captura de
abelhas.

Por que criar abelhas sem ferrão?


Vamos começar observando o potencial de mercado que as nossas
abelhas nativas sem ferrão nos oferecem.
Vamos agregar valor a esta atividade, o primeiro produto das abelhas
sem ferrão obviamente é o mel, é um produto altamente interessante,
pois oferece um alto valor de mercado, tem um valor 10 vezes maior em
relação ao mel de abelha ApisMelífera.
Se compararmos a produção de uma abelha nativa sem ferrão com a
ApisMelífera vamos observar que a abelha sem ferrão oferece uma
produção maior. Exemplo: um enxame de ApisMelífera pode chegar até
150 mil indivíduos, enquanto nossas abelhas nativas sem ferrão variam
significativamente com seus enxames entre 600, 2.000, 6.000 indivíduos;
em alguns casos como a Mandaguari Amarela
(Scaptotrigonaxanthotricha), pode chegar a 50 mil indivíduos, tendo uma

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produção de até 11 kg de mel por ano, resultados também observados


segundo estudos na USP.
Se compararmos a produção final da maioria das abelhas sem ferrão
pela média de indivíduos, veremos que são altamente produtivas em
relação àsApisMelíferas.
As Tiúbas do Maranhão ‘’Uruçu Cinzenta’’ (MeliponaCompréssipes)
produzem em média 2,5 kg mel por ano podendo chegar a 6 kg,
dependendo do pasto melífero na região.
A Uruçu Nordestina (Scutelaris)produz em média 2,5 kg de mel por
anos.
A Bugia (Uruçu Amarela Mondury) produz em média 2,5 kg de mel
por ano.
A Jataí (TetragoniscaAngustula) produz em média 0,5 kg de mel por
ano.
Esta média anual poderá ser maior de acordo com o lugar onde será
instalado nosso Meliponário, esta relação poderá ser observada em todas
as espécies não citadas.
Também a produção de mel dependerá de outros fatores, como:
 A força do enxame;
 Genética;
 Manejo;
 Etc...
Os enxames mais fracos com manejo inadequado, problemas
genéticos de consangüinidade, terão suas produções comprometidas.
Esses são valores médios encontrados nas abelhas acima mais
criadas, citado nos Meliponários.
O que faz o produto ser altamente valorizado no mercado é a
diversidade deste mel com seus sabores, cores, nutrientes, enzimas,
carboidratos, proteínas, antifungicidas, antibacterianos, antibióticos, etc;
tudo isso agrega valor no mel produzido pelas abelhas nativas sem ferrão.

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Vamos obter méis de diversas variedades, méis dos cítricos


(laranjeira), cipó uva, café, eucalipto, méis silvestres, etc.
Os méis silvestres são produzidos por floradas variadas não tendo
assim uma flor única e específica.
Em nosso manejo teremos a opção de direcionar nossos enxames
para uma cultura específica, sendo assim o resultado do mel será de
acordo com o cultivo aplicado.
Um enxame poderá produzir méis diferentes de acordo com a florada
presente no lugar.
Podemos observar que nas abelhas nativas sem ferrão teremos uma
diversificação maior em espécies, tendo assim também um valor agregado
maior que a Apis Melífera, pois cada abelha sem ferrão produz um mel
específico. Estes méis terão aromas de diversos tipos, e serão de acordo
com as abelhas nativas.
É importante observarmos que quanto mais tempo os méis ficarem
nos enxames, mais terão seus sabores aguçados, ao coletarmos um mel
novo, este ainda terá diferença no sabor, um sabor floral e mais suave,
com o passar do tempo estes aromas serão atribuídosdependendo da
colônia.
Podemos comparar o armazenamento dos méis das ASF com a nossa
cachaça no barril de carvalho, assim a cachaça receberá com o tempo o
sabor e o aroma do carvalho, também podemos observar na fabricação
dos uísques e outras bebidas destiladas.
Também temos outros produtos das abelhas nativas sem ferrão que
não são explorados como o pólen,o própolis, etc.
Teremos a possibilidade de ornamentar nossos jardins, quintais,
condomínios, sítios, usando nossas abelhas nativas sem ferrão.
A outra forma de criá-las, e não utilizar as abelhas para renda familiar
é simplesmente por hobby ou preservação.
Todos esses valores são adquiridos na criação de abelhas nativas sem
ferrão, poderão ser comercializada de varias formas; na Austrália há
muitos anos as abelhas nativas sem ferrão são comercializadas em

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médiapor U$450,00 e são adquiridas por senhores, senhoras, pessoas de


idade média, por jovens e crianças, que tem o prazer de tê-las como um
animal de estimação, simplesmente pelo fato de amar o animal, como um
Pet (cachorro, gato, peixes, etc.).
Podemos hoje no Brasil observar o crescimento significativo no
mercado de criação das abelhas nativas sem ferrão, temos que aguardar
em uma fila de espera para obtermos nosso enxame, isso acontece no
mundo, pois a Meliponicultura cresce a cada dia e em breve nossa
legislação nos permitirá a comercialização dos produtos e dos enxames.

MeliponáriosUrbanos

Rosaniê - Fonte: Meliponário Sousa, Nossa Meliponicultura

Fonte: Fotos Meliponário urbano Marília, Alfenas - MG

Meliponário Sousa
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As abelhas mais cobiçadas em território


nacional
Todos os criadores de alguma forma têm uma admiração por algum tipo de
espécie de abelhas. É relevante lembrar que independente do tamanho, da cor, da
aparência, da produtividade de mel, pólen e própolis, e vários outros motivos
apaixonamos por uma determinada espécie.
Os Meliponicultores comerciais direcionados para venda de enxames procuram
criar abelhas mais cobiçadas. Entre nossas espécies de abelhas nativas sem ferrão
(ASF) temos uma abelha que é super cobiçada:

Uruçu Amarela Mondury


Esta abelha com seu aspecto encantam a muitos criadores e por vários motivos:
tem seus enxames numerosos alcançando até 6 mil indivíduos, com uma
movimentação perceptível extraordinária.
Também podemos ressaltar que a produção (mel, própolis e pólen) dessas
abelhas são incríveis.
Com sua cor entre o amarelo e o marrom do macaco bugio recebeu o nome
popular de “Bugia’’.
Seus pelos compõe sua anatomia, dando um visual mágico e encantador.
Hoje em nosso território nacional temos 10 espécies de Uruçu amarela
cadastradas, suas pigmentações se definem de acordo com o bioma natural de cada
uma, devido ao clima, matas e genéticas.
Está biodiversidade compõe uma característica que encantam os criadores.
São 10 espécies com nome popular Uruçu amarela:
1- Meliponarufiventris (BA, ES, GO, MG, MT, MS, PI, SP)
2- M. brachychaeta (AC, MT, RO)
3- M. captiosa (AC, AP, AM)
4- M. cramptoni (RR)
5- M. dubia (AC, AM, RO)
6- M. flavolineata (CE, MA, PA, TO)
7- M. fulva (AP, AM, PA, RR)
8- M. mondury(Bugia) (BA, ES, MG, PR, RS, RJ, SC, SP)
9- M. paraensis (AP, AM, PA)
10- M. puncticolis (AM, PA, MA)
Meliponário Sousa
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Uruçu Amarela Mondury (Bugia)

Criando Abelhas Nativas Sem Ferrão (ASF)


Abelhas Uruçu: Todas as informações sobre as principais espécies de
Abelhas Uruçu.
Abelhas Sem Ferrão, robustas e excelentes produtoras de mel.
Abelhas Uruçu são conhecidas por serem abelhas grandes, robustas e
ótimas produtoras de mel. Uruçu é uma palavra que vem do tupi “eirusu”,
que na linguagem indígena significa “abelha grande”. Portanto as
operárias medem de 10mm a 12mm de comprimento.
Nome Popular: Uruçu Nordestina, Uruçu Amarela, Uruçu Preta
(Capixaba), Uruçu Cinzenta, Tiúba, Uruçu Boca de Renda, etc.
Nomes científicos: MeliponaScutellaris,
MeliponaRufiventrisRufiventris, MeliponaMondury, MeliponaFlavolineata,
MeliponaPuncticollis, Melipona fuliginosa, Meliponafasciculata,
MeliponaSeminigra, MeliponaQuadrifasciata, MeliponaQuinquefasciata,
MeliponaCompréssipes, MeliponaBicolor, etc.
População: 4 mil a 6 mil abelhas.
Alcance de voo: 2,5 km a 10 km.
Tamanho de Caixa INPA: Porão ou lixeira, ninho, sobre ninho,
melgueira e tampa.Os tamanhos da caixa irão variar de acordo com o

Meliponário Sousa
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número de indivíduos, uma comum mede: 24 cm largura x 24 cm


comprimento x 7,5 cm de altura.
O Meliponário Sousa usa madeira de 3 cm de espessura, resinadas
ecologicamente por fora, ou queimadas com maçarico por dentro e por
fora quando as caixas são emergidas no óleo de soja virgem (estas caixas
são produzidas para regiões úmidas. O porão segue as mesmas medidas
com 3 cm de altura.
Disposição de enxames no Meliponário como condomínio, poderão
ser colocadas com espaçamento de 5 cm entre caixas, cada repartição
deverá conter a mesma espécie de abelhas, já em cavaletes poderão ser
distribuídas de acordo com situação geográfica do Meliponário.
O ninho de abelhas Uruçu tem uma entrada característica construída
com barro e resina formando sulcos radiais por vezes parecidos com uma
coroa, estas entradas são como digitais não se repetem, assim as abelhas
reconhecem a entrada de seus enxames, distâncias antes de entrarem,
desta forma não entrarão em enxames errados, evitando sua morte
imediata.
O caminho até o ninho é em média 12 mm de espessura passando
apenas duas abelhas, somente a entrada se reduz ao tamanho único de
uma abelha, onde ficará a guardiãque sempre será substituída por outra
do grupo.
O ninho é envolvido por um invólucro de cera, com a finalidade de
protegê-lo, devendo colocar muitas vezes potes de mel em volta para
manterem o ninho aquecido. Os discos de cria chegam a medir em média
18 cm de diâmetro. Os discos de cria são confeccionados na horizontal,
um sobre o outro separados por pilares que deixam espaço suficiente para
que as operárias possam fazer a limpeza e reparos necessários nos discos.
Os discos são formados por várias células de cria que medem 1cm de
altura por 0,5 cm de largura cada uma. Ao redor do ninho são construídos
os potes de pólen e mel feitos de cera, que medem de 4,5cm a 5cm de
altura por 1 a 3cm de diâmetro.
A população de um enxame de Uruçu varia o número de indivíduos
de acordo com sua espécie.

Meliponário Sousa
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AsUruçus são abelhas muito mansas. Alguns enxames fortes e


populosos podem se tornar defensivos, causando um pouco de receio em
quem não conhece a espécie, que mordem nos primeiros minutos de
manejo.
Assim como todos os apídeos, as abelhas Uruçu possuem uma
sociedade organizada dividida em: operárias, guardiãs, zangões, princesas,
filhotes e rainha.
O período completo da postura de uma Uruçu até a eclosão é de
aproximadamente 36 dias, sendo 3 dias de desenvolvimento
embrionário(ovo), 15 dias de estágio larval e 18 dias de estágio pupa.
Assim após este período uma abelha vive entre 42 a 60 dias.
Operárias: as abelhas uruçu operárias desempenham diversas
funções no enxame de acordo com a sua idade. Primeiramente as abelhas
mais novas que apresentam uma coloração mais clara ficam na região dos
discos aquecendo as crias. Um pouco mais velhas elas começam a
trabalhar na construção de células e na colocação de alimento larval. Com
um pouco mais de tempo passam a trabalhar na construção de invólucro e
potes de alimento
As abelhas produzem cera do décimo segundo dia ao vigésimo dia
em duas glândulas no abdome abaixo de suas asas, quanto maior o
consumo de mel, maior será a produção de cera.
Quando chegam a fase adulta as operárias irão forragear, que
significa, coletar néctar, pólen e água para a colmeia. Uma característica
de abelhas uruçu é de que as operárias tem seus ovários desenvolvidos, o
que significa que também podem fazer postura. Essa postura pode ocorrer
antes ou depois da postura da rainha. Os ovos das operárias postos antes
serão comidos pela rainha (grande fonte de proteína, vai ajudar a manter
a rainha sempre ativa).
Zangões: os machos de abelhas uruçu realizam algumas tarefas
dentro da colmeia como, por exemplo a desidratação do néctar e
aquecimento do enxame. Sua principal função é a fecundação da rainha
virgem durante o vôo nupcial.

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Rainha: Como as abelhas uruçu são do gênero Melípona, de cada 100


abelhas que nascemde 12 a 30 são princesas e zangões. Assim o enxame
escolhe uma para se tornar a rainha e esta faz o voo nupcial para ser
fecundada por um zangão, ela sairá para o acoplamento de 10 horas as 12
horas e retornará imediatamente após ser fecundada.
Princesas: as princesas de abelhas uruçu são eliminadas da colmeia,
pois não serão aceitas com a rainha existente. O enxame decidirá o
momento de fazer a troca da rainha por ela estar velha e fazendo pouca
postura, alguns cientistas acreditam também, na possibilidade da rainha
eleger uma princesa com uma genética apurada para substituí-la,e suicida-
se.
Podemos calcular a idade de uma rainha pelos desgastes de suas asas
e pelo seu zumbido:
Asas novas – rainha nova, asas surradas – rainha velha
Zumbido alto – rainha nova, zumbido baixo – rainha velha (o zumbido
da abelha rainha poderá ser escutado a noite, quando todas as abelhas
estão dentro do enxame, os zumbidos das operárias se misturam como
uma orquestra, e o zumbido da rainha é possível ser escutado unicamente
entre os outros, possibilitando assim a percepção de seu zumbido único.
Toda comunicação do enxame é feito com danças, batidas de asas e
zumbidos.
A prevenção contra forídeos, utilizando armadilhas internas ou
externas é muito importante para o desenvolvimento da colmeia, quando
são atacadas por este predador.
Abelhas Uruçu são susceptivasa forídeos, por isso é muito importante
ficar atendo ao enxame. Além disso, as divisões deverão ser feitas revisões
ao serem alimentadas com xarope, alimento protéico e cera mista, na
visualização do enxame durante esta manutenção já deverá ser feito
imediatamente a revisão e tomada as devidas medidas se necessárias
 Alimento: A tarde duas vezes por semana.
 Cera mista: Uma vez por semana ou quando necessário.
 Alimento protéico: De uma a duas vezes por mês.

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Como proceder nas divisões


Sempre com antecedência vamos estudar a abelha a ser dividida. Observar a
espécie e utilizar todos os materiais necessários, preparar a nova caixa, cera mista,
alimento (xarope invertido), mesa plástica (material leve), etc.
Preparar todo material antecipadamente evitará desconforto no momento da
divisão, pois acontecendo qualquer contra tempo deve-se ter ao alcance imediato
todas as ferramentas, nosso enxame ao ser dividido não poderá ficar exposto a luz e
aberto por muito tempo, sem ansiedade e com calma vamos executar nossa divisão
com segurança.
Assim vamos garantir com sucesso nosso trabalho, vejam os materiais
necessários para o procedimento de uma divisão.

Materiais Necessários
01 - Cera mista 12 - Álcool
02 – Xarope 13 - Pano limpo
03 - Caixa de madeira 14 - Caneta
04 - Acetato transparente 15 – Alicate
05 - Plástico preto 16 – Tesoura
06 - Fita crepe 17 – Palitos
07 – Trincha 18 -Mesa plástica
08 – Espátula 19 - Chapéu do Meliponicultor
09 - Pote para alimento 20 –Sugador de abelhas
10 - Faca com ponta fina 21 – Sugador de mel
11 - Maçarico culinário

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01 – Cera mista:
Vamos fazer todo invólucro nos módulos a serem usados, manter o
centro dos módulos adicionados sem cera, assim facilitará a construção do
ninho e de potes de alimento às abelhas.
O módulo vazio adicionado deverá estar sempre na parte superior da
divisão, somente vamos acrescentar outro quando este estiver
completamente cheio.
02 – Xarope:
Servir o xarope um dia depois da divisão, poderá ser feita na mesma
hora caso não houver a incidência de forídeos.
Nas divisões novas o xarope deverá ser servido de duas a três vezes
por semana sempre à tarde, de acordo com a oferta de alimentos
oferecidos na natureza.
03 – Caixa de madeira:
Separar a caixa adequada para a abelha dividida, pois estará apta a
receber o enxame por seu tamanho e número de indivíduos.
04 - Acetato transparente:
Será colocado no último módulo lacrando todo o enxame, e nos
possibilitando de acompanhar o crescimento sem ter que abrir, e assim
fazer com que o enxame não perca sua condição térmica.
05 - Plástico preto:
Este servirá para manter um enxame protegido da luz, que também é
um dos maiores inimigos de nossas abelhas, pois todas as condições
microbianas benéficas morrem exposta a luz, inclusive proteínas e
diversas enzimas que são necessárias para a saúde do enxame.
06 - Fita crepe:
Usaremos para a união entre o porão, módulos e acetato. Assim com
todas as frestas vedadas o enxame estará protegido do ataque de
predadores, e entrada de ventos prejudicando o aquecimento do ninho.

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Também não podemos esquecer que assim estaremos ajudando


nosso novo enxame, pois teriam que propolisar tudo imediatamente,
sendo assim ganham tempo com o uso da fita crepe.

07 – Trincha:
É muito importante o uso da trincha, pois facilitará toda a limpeza
estacionada em cima por sob as beiradas do módulo, sempre no sentido
de dentro para fora, evitando assim cair sujeira no enxame dividido.
08 – Espátula:
Auxiliarão na retirada de possíveis geoprópolis e sujeiras fixadas
entre os módulos, com esta remoção será possível colocar um módulo
novo perfeitamente sem mancar.
09 - Pote para alimento:
São necessários a introdução na parte superior do enxame, o lado em
que será colocado deverá ter a seguinte observação: vamos lembrar
sempre em qual será a posição que vamos servir o alimento a esse
enxame, não podemos servir alimento com o nosso corpo na frente dos
enxames, nas laterais ou por trás é o correto, portanto vamos colocar o
pote de alimento no lugar certo, pois as abelhas irão fixá-lo e não
poderemos mais removê-lo.
10 - Faca com ponta fina:
Este objeto deverá ter seu corte afiado e uma ponta aguda para que
nos possibilite com facilidade trabalhar na remoção de geoprópolis, na
separação dos módulos propolisados, etc.
11 - Maçarico culinário:
Vamos esterilizar por dentro das caixas novas a serem usadas, assim
vamos proteger nossa divisão de contaminações, pois ao fazermos nossas
divisões não poderemos estar fumando, nem usando perfumes e nenhum
outro produto que não seja orgânico.
12 – Álcool
Servirá para limpar nossas mãos antes das nossas divisões.

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13 - Pano limpo:
Vamos usá-lo para enxugar nossas mãos, limpar os módulos, caso
caia algum mel de potes que estouraram, para limpar ferramentas e,
também, nossa mesa.
14 – Caneta:
Utilizaremos para identificar nossa divisão, no ninho colocaremos as
letras iniciais do lugar onde veio a genética, em seguida colocaremos as
letras do nosso meliponário e por fim o número referente a divisão feita,
(deverão ser numerados, preferencialmente, por espécies, isso manterá
nosso trabalho atualizado e por espécie) podemos criar um programa em
nosso computador registrando a origem do enxame, genética, data da
divisão, número da divisão, nossa genética, se o enxame é caixa filha ou
caixa mãe e toda informação que assim você achar necessária.
Sempre que um mesmo cliente adquirir outro enxame em uma data
longínqua, será possível enviar uma genética diferente, o registro com um
acompanhamento e com todas as informações possíveis, nos impulsionará
a um resultado positivo.
Saberemos sempre com clareza a vida de todos os enxames,
facilitando e nos posicionando a toda situação do meliponário.
15 – Alicate
Poderá ser usada para remoção de grampos que geralmente unem os
módulos, e qualquer outro objeto preso a caixa.
16 – Tesoura:
Será utilizado para cortar o acetato, o plástico preto, o suporte
descartável para o xarope, etc.
17 – Palitos:
Deverão ser colocados dentro do suporte para xarope, para que as
abelhas não se afoguem.
18 – Mesa plástica
Altamente necessária, pois todo o processo de divisão será feito
sobre ela.

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19 – Chapéu de Meliponicultor
Nas divisões é necessário o uso do chapéu do meliponicultor, pois
vamos evitar que as abelhas ao se defenderem entrem nos ouvidos, nariz,
olhos e nos mordisquem no rosto, etc.
Principalmente nas divisões de Jataí e Scaptotrigonas.
20 – Sugador de abelhas
Com uma importância relevante, terá papel fundamental em sugar
todos os filhotes do enxame divididoe assim evitando percas de
indivíduos.
Este acessório é necessário ser a bateria ou a pilha, sempre que
possível para facilitar o nosso manejo, principalmente no meio da mata.

Sugador de abelha à bateria

21 – Sugador de Mel
Em caso de romper alguns potes de méis será possível sugá-lo sem
atrasar nossa divisão, e também manter o trabalho o mais limpo possível
para evitar atrair predadores.

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Sugador de mel à bateria

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Divisão de uma Trigonini


Nossas abelhas do grupo Trigonini (reprodução por célula real:
realeira) são capturadas com maior facilidade em relação às Melíponas, e
também perdemos muitas abelhas ao dividi-las, pois são abelhas menores
e muito numerosas, qualquer movimento irregular ou esbarrão matará
diversos indivíduos por isso a maioria dos Meliponicultores preferem
capturá-las em iscas.
Conforme citado no capítulo anterior, existem ferramentas
adequadas que nos facilitarão na divisão.
Primeiro vamos observar o enxame a ser dividido, este deverá estar
maduro e adulto, com uma quantidade máxima de abelhas, entrada
totalmente caracterizada e pronta (quando for o caso).
Vamos em seguida abrir o enxame achar o invólucro com uma
ferramenta de ponta aguda, vamos removendo o invólucro devagar até
alcançar os discos de cria, ao descobrir os discos que ficarão apostos no
sentido vertical, poderemos então observar a presença dasrealeiras.

Fonte: Meliponário Sousa


1 – Realeiras 2 – Rainha Fisogástrica

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Se observarmos a não presença de realeiras, a divisão deverá ser


abortada, pois sem realeira não haverá o nascimento de uma
princesa.Sem a princesa para se tornar uma rainha o enxame definhará
aos poucos até que todas as abelhas morram.
Como mostrado nas fotos da página anterior, neste enxame de Jataí
(TetragoniscaAngustula – Trigonini) foi encontrado duas células reais nos
discos maduros, a partir do meio até a parte superior do ninho.
Do meio até a parte inferior do ninho podemos observar a rainha
fazendo postura e manutenção de todas as células novas. Esta parte não
deverá ser removida, pois é o enxame mãe, que ficará com todo o
invólucro e os potes de alimentos, vamos fechar a caixa e levá-la para
longe em outro lugar.
A parte superior do ninho deverá ser colocada em uma caixa nova
preparada para receber um novo enxame caracterizando-se em caixa filha.
A caixa nova deverá estar com cera sobre o porão, várias bolinhas de
cera para sustentação do ninho, de forma a permitir que as abelhas
circulem por baixo do último disco, pois os outros já estarão com suas
colunas prontas, que foram feitas pelas próprias abelhas, é necessário que
esta parte do ninho esteja totalmente em um único bloco facilitando as
abelhas a reconstruí-lo, propolisando tudo e organizando um novo
enxame.
Esta caixa deverá ser adicionada um módulo vazio na parte superior,
pois ali vamos colocar potes de alimentos interno (opção também,
alimentador externo) disposição de blocos de cera sobre o módulo de
baixo, disposição de ceras aos arredores do módulo como se fosse um
invólucro deixando o meio vazio, para facilitar a construção do ninho pelas
abelhas, sempre que for servir a cera e a alimentação interna, faça nos
cantos do módulo para não atrapalhar as abelhas.
Esta caixa denominada enxame filha, ficará no lugar do enxame mãe,
possibilitando com que 80 % das abelhas permaneçam nela, que por sua
vez vão providenciar uma nova princesa das realeiras, escolhendo aquela
que se destacacom uma genética forte para comandá-las.
Assim, nossa divisão dará origem a um novo enxame.

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Divisão de Trigonini

Fonte: Foto de um enxame mãe, Meliponário Sousa

Fonte: Foto de um enxame filha, Meliponário Sousa

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Divisão de uma Melípona

Fonte: Foto Meliponário Sousa

O procedimento para divisão em abelhas nativas sem ferrão (ASF) do


grupo Melíponas, exige a observação de vários pontos importantes:
As abelhas com maior número de indivíduos deverão ser
multiplicadas por módulo, pois estaainda é a forma correta e mais
eficiente.
As divisões por discos deverão ser direcionadas aos enxames menos
numerosos e com o comportamento diferente, pois essas abelhas
(Mandaçaiaquadrifasceata, Guaraipo bicolor, Uruçu do chão
quinquefaciata, etc.) não têm o hábito de uma movimentação constante
durante todo o dia.

Há diversas formas de fazer uma divisão:

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Divisão 1 x 1:
Estas divisões são feitas com um único enxame (uma caixa), que
deverá estar adulto e maduro, com uma quantidade de indivíduos
máxima.

Fonte: Foto Meliponário Sousa


Vamos desconectar o ninho do sobre ninho levantando-o sem
separá-lo um do outro, neste momento vamos observar o interior do
enxame e dali identificar onde está nossa rainha.
Para sabermos aonde a rainha está, vamos observar se os discos do
módulo ninho estarão maduros ou verdes:
 Discos maduros: são quando as células de criaestão amarelas
cor de gema, estes discos estarão maduros e deles nascerão
abelhas todos os dias, ali não estará a rainha.

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Fonte: Foto Meliponário Sousa

 Discos Verdes: muitas vezes em estado larval ou já em pupas


novas estarão de cor cinzentas, ali estará a nossa rainha.

Fonte: Foto Meliponário Sousa

 A possibilidade da presença de uma rainha nos discos maduros


é imensamente pequena, mas poderá acontecer.
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Próximo passo para nossa divisão

Determinado que a rainha esteja com os discos novos no ninho,


adicionaremos um módulo e todo composto de cera mista, suporte de
alimentos com palitinhos, lacrado com acetato, colocaremos o plástico
preto e por final a tampa.

Será considerada esta a caixa mãe, que deverá ser levada para outro
lugar, caso seja poucos metros mantenha a caixa mãe fechada por 4 dias,
assim será evitado o retorno das campeiras para a caixa filha, que por sua
vez ocupara o antigo lugar da caixa mãe.
Os dois módulos restantes estarão com o sobre ninho cheio de discos
maduros nascentes e com sua melgueira cheia de alimentos, que serão
colocados em cima do porão, também será adicionado outro módulo
composto de cera,reserva de alimento com palito, o acetato da melgueira
será transferido para cima do modulo novo, depois de adicionado o
plástico preto e a tampa retornaremos a caixa filhapara o mesmo antigo
lugar da caixa mãe.
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Um cuidado muito especial que teremos de ter, é deixar uma média


de 25% de abelhas campeiras na caixa mãe e 75% de abelhas campeiras
na caixa filha.
Na caixa mãe em media de um ciclo nascerão os discos novos
deixados, e o enxame voltará ao normal.
A caixa filha, cujos discos são nascentes ficarão com 75% das
campeiras para determinarem uma nova princesa, no espaço também de
36 dias.
Caso alguma das duas partes da divisão fique com pouca abelha
campeira, será necessário a inversão de lugares, até que se complete a
quantidade de abelhas campeiras suficientes.
Caso você não marque a caixa e confunda trocando as genéticas de
lugar, a briga e o desconforto será imenso, os enxames perderão muitas
abelhas campeiras que poderão levar a divisão e a caixa invertida à
falência.

Fonte: Foto autorizada por uma aluna.


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Devemos lembrar também, que este lamentável episódio de desconforto e briga


é muito comum quando introduzimos uma abelha no Meliponário sem tomar os
devidos cuidados:
Sempre que formos introduzir uma abelha no meliponário em condomínios será
preciso fechar algumas caixas a esquerda e direita, acima e abaixo, deixando aberta
somente a nova caixa por um dia inteiro, para que esse enxame mapeie toda área e
evite entrar no enxame do lado. Nunca fecharemos ou abriremos nossos enxames
durante o dia e sim à noite, evitaremos, contudo confrontos diretos que exalara um
feromônio de guerra e farão com que todas as abelhas entrem em confronto, trazendo
percas catastróficas.
Portanto, a divisão 1 x 1é feita conforme a indicação de uma única caixa
(enxame).

Divisão 2 x 1
Nestas divisões vamos usar 2 enxames:
Enxame A: tiraremos os discos nascentes;
Enxame B:tiraremos as campeiras.
Em um porão vamos adicionar o ninho com várias colunas feitas com bolinha de
cera para serem colocados os discos, deverá ser composta com o fundo de cera e todo
um invólucro de cera mista.

Fonte: Foto Meliponário Sousa


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Depois do ninho colocado por sob o primeiro módulo adicionaremos


o segundo módulo como melgueira, conforme página 69, após o acetato o
plástico preto e a tampa, levaremos para o lugar da caixa doadora de
abelhas campeiras.
A caixa doadora de campeiras por sua vez será fechada e levada para
outro lugar.

Divisão 3 x 1
Teremos então 3 enxames para está divisão:
Enxame A: Doador de 3 discos bolachões;
Enxame B: Doador de mais 3 discos bolachões;
Enxame C: Doador de abelhas campeiras.
Também seguiremos os passos da divisão 2 x 1 acrescentando
somente mais 3 discos do terceiro enxame.
Em um ciclo (36 dias) teremos uma quantidade maior de abelhas que
nascerão, assim o enxame se tornará adulto e maduro mais cedo.

Divisão Por Duplicidade


Este é o novo e atual Método de Divisão de enxames, que vem
apresentando um alto índice de acerto em relação aos métodos descritos
acima, com um resultado surpreendente.
Este método é fruto das experiências relatadas, o qual recebeu o
nome de DIVISÃO POR DUPLICIDADE.
A Caixa filha permanecerá por até 45 dias ao lado da caixa mãe,
podendo ser “desmamada” após este período.
No começo, as abelhas campeiras visitarão as duas caixas, com o
tempo estas abelhas morrerão e as que nascerem já serão integrantes
fieis do novo enxame, e não visitarão a caixa ao lado.
Neste momento, com o desmame, teremos dois enxames novos e
distintos.

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Experiências de um Meliponicultor
Pessoal não se pode esquecer que nenhuma divisão ou manejo poderá ser feito
em tempo chuvoso e frio e nas estações Outono – Inverno. Nossas abelhas entram em
diapausa, este período também é notório pela pouca oferta de alimento na natureza, é
também o período em que as abelhas descansam, a rainha vai organizar o enxame por
6 meses, não o deixando morrer, sabemos que cada abelha tem em média 42 a 60 dias
de vida e este período se resume em 180 dias, tudo isso fará com que a rainha tenha
um controle em suas posturas de acordo com a oferta de alimento no lugar, tornando-
se para ela o maior desafio, pois um enxame que entra no Outono com 4 mil
indivíduos chegará no final do inverno com aproximadamente 1,8 mil indivíduos,
portanto dividir nossas abelhas neste período mesmo alimentando-as não será
correto.
Já no início da temporada, que irá perdurar por 6 meses (Primavera – Verão)
estaremos prontos para começar as multiplicações, sem poder esquecer que o ultimo
mês de Verão terá que ser guardado, pois no próximo mês quando o enxame ainda
muito novo estiver crescendo, o frio vai conter a divisão.
O Meliponário Sousa com alguns anos de trabalho aprendeu aoobservar outros
Meliponicultores amigos e junto com um deles no Espírito Santo, em uma aldeia
indígena– Tupiniquins, observamos que este índio apresentou uma forma nova de
procedimento nas divisões, ao dividir seus enxames no momento correto, ele não
fechava a caixa mãe e não a separava do enxame filha, simplesmente deixava as duas
caixas uma ao lado da outra e abertas, somente na Uruçu Amarela Mondury, isto é
possível, pois estas abelhas têm um comportamento peculiar, elas se ajudam mesmo
quando não são da mesma genética, podemos observar que durante o
desenvolvimento de uma colônia fraca as outras colônias mais velhas visitam-na, até
que o enxame se fortaleça e possa romper sozinho.
Este método está sendo testado em outras melíponas, porém, não ser tem um
resultado definitivo.
Nós aqui do Meliponário Sousa, muitas vezes utilizamos esse procedimento,
sempre foi muito satisfatório, pois observamos quando o enxame está realmente
maduro, as divisões têm o êxito de 98%.

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Fonte: Foto Meliponário Sousa

Manutenção das Divisões


Como sabemos, nossas divisões deverão ser observadas de acordo
com cada espécie de abelha, conforme citado em nosso trabalho.
Esses critérios deverão ser levados a sério, nossas abelhas não são
cobaias, são vidas de grande importância que merece todo nosso respeito,
dedicação e claro amor.
Dependendo do tipo de caixa a ser feita nossas divisões, caixa INPA,
caixa inteligente, caixa maria, etc. Seguiremos com as seguintes
observações:
 Alimentação para as ASF (xarope invertido);
O xarope devera ser servido de duas a três vezes por semana nas
divisões novas, diminuindo conforme o crescimento dos enxames.
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Esta alimentação poderá ser feita internamente ou


externamente como por exemplo nos alimentadores abaixo:

Fonte: Foto A e BMeliponário Sousa

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Alimentador Externo foto A


Para as abelhas este alimentador é excelente, tendo como
observação dois pontos de vista, o primeiro é ser muito rápido, em tirar
um reservatório (garrafinhas) e substituí-lo por outro, mas a segunda
observação, é que esta garrafinha ao ficar do lado de fora da caixa,
receberá luz durante todo o dia, e com o tempo se desenvolverão
bactérias e ficarão com bolinhas de lodo até mofar. Podemos
antecipadamente deixar de molho as garrafinhas recolhidas na água
sanitária, enxaguando-as e em seguida abastecê-las com xarope, e
substituindo tirando as garrafinhas vazias, todo este processo será
executado ao alimentar as abelhas.Usar o alimentador externo parece a
primeira vista ser prático, quando se tratade poucas caixas, mas quando
são muitas caixas requer um trabalho que custará mais tempo e custos
(mais garrafinhas, água sanitária, mão de obra, etc.)
Também não podemos deixar de lembrá-los, que alimentar nossas
abelhas externamente poderá atrair abelhas de outros enxames e alguns
predadores, como as formigas, forídeos etc.
Sabemos, contudo, que este alimentador é usado como labirinto e
assim acreditam proteger o enxame contra forídeos.
Alimentador interno, foto B
Este alimentador também é preferido pela maioria dos
Meliponicultores, que ao serem colocados no lugar correto, não quebrará
a condição térmica do enxame a ser alimentado, pois abriremos bem
pouco o suficiente para reabastecê-lo. Quando o Meliponário é provido de
um número maior de caixas, este processo será rápido e eficiente.
Como outras vantagens podem observar o alimentador interno como
uma vantagem incrível, pois não atraem predadores (formigas, forídeos
etc.)
O xarope é uma alimentação energética, cuja necessidade de suprir a
energia diária das abelhas. Está energia adquirida pelas abelhas servirão
para sustentá-las durante todo o trabalho diário.

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Xarope Invertido
Nossas abelhas sem ferrão produzem o mel com uma substância retirada nas
flores, chamada frutose, enquanto as Apis produzem seu mel com outra substância
chamada sacarose (açúcar).
Portanto, temos que inverter de sacarose para frutose, a frutose é doce, menos
densa e as ASF consomem como dieta diária.
As abelhas sem ferrão vão consumir o mel de Apis, caso não tenha opção do
xarope invertido em sua alimentação, por outro lado o mel de Apis, por ser orgânico e
natural oferecerá uma alimentação melhor às nossas abelhas.
Podemos encontrar diversas receitas de xaropes invertidos.
O xarope invertido é aquele feito com açúcar cristal (sacarose) que será invertido
para frutose, com o uso do limão.
Como preparar nosso xarope invertido?
Preparando o xarope:
Uma parte de água (um copo de 200 ml);
Duas partes de açúcar (dois copos 200 ml = 0.310 gr);
Uma pitada de sal (iodo);
20 gotas de limão;
Capim cidreira (capim santo).
Modo de preparar:
Misturar a água, o açúcar, o sal e o limão, ferver até virar um xarope menos
denso, desligue o fogo e adicione duas folhas de capim cidreira.
Ao esfriar em temperatura ambiente poderá ser adicionado mel de Apis para
enriquecer o xarope, caso o Meliponicultor julgue necessário.

Fonte: Meliponário Sousa

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Alimentação Protéica
Como preparar ração protéica?
 Soja protéica em pó;
 Mel;
 Pólen;
 Levedo de cerveja.
Misture 200 gr de soja protéica em pó com 50 gr de pólen (10%), 150
gr de levedo de cerveja (30%) adicione o mel até dar ponto para
confeccionar um bombom, ou um bife.
Depois de confeccionado o bombom, coloque-o na extremidade de
um palito de churrasco e em seguida emergir por duas vezes na cera mista
quente, quando esfriar já sem o palito encoste os bombons na cera para
vedar o furo do palito de churrasco.
Disponha-os em um recipiente limpo e servi aos seus enxames de
acordo com o consumo de cada um deles, pois só alimentarão da ração
protéica quando faltar pólen no bioma.
É muito comum ficar períodos sem pólen, algumas árvores produzem
somente pólen, outras produzem somente néctar e algumas pólen e
néctar, com essa diversidade podemos entender que: uma hora teremos
somente néctar, somente pólen, somente néctar.
Então nesses intervalos sem o pólen (alimento protéico) nossas
abelhas consumirão os bombons e bifes.
Observar os métodos de um manejo correto é fundamental para a
saúde do nosso Meliponário, nossas experiências enriquecerão e trarão
benefícios ao nosso trabalho.
Vamos desta forma encurtar caminhos e evitar desconfortos.

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Produtos para produção da alimentação proteica

Fonte: Foto Meliponário Sousa

O levedo de cerveja é um ingrediente


obtido no processo de fermentação do
açúcar a partir da levedura Saccharomyces
cerevisiae. Esse fungo unicelular é o
responsável por fermentar o açúcar de
cereais, como o trigo, o arroz, a cevada, o
malte e o lúpulo.

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Confeccionando Bombons de Pólen

Fonte: Fotos Meliponário Sousa

Depois de confeccionar os bombos servi-los às abelhas.

Como proceder nas alimentações:


Será servida de 15 em 15 dias de acordo com a necessidade e
tamanho do enxame, ocupando sempre um lugar nos cantos para que não

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atrapalhe a distribuição e organização dos potes de alimentos, invólucro e


células de cria. A alimentação proteica é necessária para o crescimento e
saúde das abelhas.
Durante as manutenções vamos observar o andamento de nossos
enxames:

 Movimentação na entrada do enxame (de acordo com a


espécie, pois algumas abelhas apresentam movimentações
intensa durante todo o dia, outras partes do dia), deverá estar
normal.
A observação pelo acetato será de grande valia, vamos observar o
crescimento do enxame, presença de predadores falta de cera mista,
ração proteica e xarope.
Vamos verificar também a cera do invólucro e dos potes de méis,
deverão estar úmidas e maleáveis, caso as ceras estiverem ressecadas o
enxame estará em processo de definhamento e morrendo.
Ao servir os bombons protéicos, e não percebermos que o bombom
colocado anteriormente tenha terminado totalmente e não estar com
sobra da última refeição, significará que o enxame estará ativo.
O alimento deverá ser consumido de acordo com a oferta conforme
explicado acima.
A ansiosidade para abrir o invólucro e procurar a futura rainha,
poderá ser fatal, pois se o enxame estiver no processo de acoplamento, e
por algum motivo for interrompido, a rainha não o fará, esta rainha tem o
processo de estar com o óvulo maduro e não poderá ser adiado, assim
poderemos perder uma princesa pronta, e o enxame terá que recomeçar
todo o processo tentando encontrar uma nova princesa.
Se nosso enxame estiver com todas as características citadas acima,
não será preciso mexer no invólucro, pois tudo acontecerá naturalmente,
até 26 dias será criado uma nova rainha.

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Enxames com poucas campeiras deverão ser trocados de lugares com


as suas caixas (Filha ou Mãe), pois faremos a introdução de mais abelhas
para o desenvolvimento da colmeia.
A observação das posturas deverão ser feitas quando possíveis, pois
se estiverem em espiral, o enxame virou uma zanganeira (a não presença
de rainha); neste caso vamos adicionar dois discos nascentes que deverão
ser retirados de dois enxames no momento de suas divisões, isso não
atrapalhará as multiplicações destes.
O sucesso do Meliponário será todo atribuído ao empenho da
manutenção do Meliponicultor. Isto será feito durante todo o tempo até
que o enxame se torne maduro e consiga viver por conta própria, vamos
ajudá-lo com manutenção devido à quantidade de abelhas armazenadas
em um único lugar.
Sabemos também que as adversidades poderão estar sempre
presentes, e cada uma de uma forma, de acordo com as espécies de
abelhas, biomas, climas etc. Essas adversidades deverão ser discutidas
com professores, biólogos e Meliponicultores experientes.
Com essas observações nosso trabalho terá resultados positivos, o
crescimento do trabalho como um todo no Meliponário.

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Fonte: Foto Meliponário Sousa

PREDADORES
Como prevenir nosso Meliponário:
Este ponto fundamental, que atormenta a vida de um Meliponicultor, deixando-
o seu trabalho comprometido, deverá ter uma atenção redobrada.
A prevenção deverá ser um dos mais importantes procedimentos.
Sabemos que os principais predadores matam nossas abelhas rapidamente por
isso antecipadamente teremos que tomar algumas precauções:
 Formigas

As formigas principalmente as doceiras, são as que mais perseguem e se instalam


em nossos Meliponários, para contê-las será preciso que seja colocado nos cavaletes,

Meliponário Sousa
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pequenos pedaços de espumas fixadas com arame e umedecidas com óleo diesel
queimado, abaixo do enxame.
Quando as caixas estiverem instaladas na parede,deverão ser instaladas por
braçadeiras em “L” (Mão francesa), a espuma deverá ser colocada entre a parede e a
prateleira e umedecida também com óleo diesel, assim impedirá a passagem das
formigas.
Existem outros produtos que são usados para matar as formigas e impedi-las no
Meliponário, mas devemos lembrar sempre que nossas abelhas também são insetos e
poderão também fazer mal e agredi-las.
Uma ação muito importante é deixar todas as caixas vazias abertas para evitar a
instalação de formigas, caixas de papelão, plásticas, entulhos, garrafas velhas e outros
objetos fechados com frestas, não poderão ficar no Meliponário, pois estes serão
futuras casas para as formigas, e oferecerão riscos aos enxames.
Todo o Meliponário deverá ser varrido e limpo periodicamente, deixando-o livre
desses predadores.

 Forídeos

São moscas da família Phoridae, pertencente à ordem Diptera


(insetos com apenas um par de asas denominado moscas) é um dos
principais inimigos naturais das abelhas. As fêmeas entram nas colônias
Meliponário Sousa
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atraídas pelo odor do pólen e depositam seus ovos em potes de pólen


expostos, células de cria danificadas ou na lixeira.
As larvas dos forídeos causam sérios danos à colônia. Caso o
meliponicultor não cuide, eliminando o parasita, ela morrerá após alguns
dias de infestação.
Ao invadirem um enxame, as fêmeas depositam seus ovos, que
podem chegar a 70 ovos por postura, nos potes de pólen abertos, nas
crias mais novas, principalmente rompidas ou amassadas em uma divisão
que esteja com alimento exposto e também na lixeira.
Então ao eclodir os ovos, cerca de 3 dias após a postura, as larvas se
alimentam do pólen estocado pelas abelhas. Em casos de grandes
infestações, as larvas consomem totalmente as células de crias verdes,
pois eles contem uma grande quantidade de alimento larval.
O ciclo de vida dos forídeos pode se dar em períodos muito curtos,
variando de 3 a 10 dias, dependendo das condições ambientais e a
disponibilidade de alimento.
O controle de forídeos no Meliponário é a melhor forma de como
evitar uma infestação. Os meliponicultores devem manter o Meliponário
sempre limpo, livre de materiais em decomposição e caixas antigas vazias.
Durante as revisões não se deve danificar os potes de pólen e as
crias.
Assim quando é feita a divisão de enxames, as novas colmeias
devem ficar muito populosas e sem potes de pólen. Em divisões que
alguns consigam entrarno enxame é recomendado colocar uma armadilha
(vinagre de maçã) dentro da caixa para capturar os que por ventura passar
pela frágil segurança de um novo enxame.
Caso seu enxame esteja com uma infestação, é recomendado que
seja feita a transferência do enxame para uma caixa nova limpa. Assim,
elimine todos os potes de pólen e discos de cria atacados pelas larvas.
Portanto nesta caixa nova deve-se colocar uma armadilha para
forídeos e alimentação. Contudo, caso não seja possível fazer a
transferência para uma nova caixa, deve ser retirado todos os potes de
pólen e discos de cria atacados. Então limpe toda a sujeira da lixeira,
remova todas as larvas e coloque uma armadilha. Nos primeiros dias após
a limpeza, monitore a colmeia diariamente.

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A confecção de armadilha para forídeos é bastante simples. Basta


fazer furos na lateral de um pote. Então esses furos devem ser de
tamanho suficiente para a entrada dos forídeos, porém não devem
permitir a entrada das abelhas, os furos deverão ser feito com uma broca
fina de até 3 mm.

Fonte: Fotos Meliponário Sousa

 Lagartixas

Os insetos fazem parte de uma dieta principal das lagartixas, seus hábitos de
visitar os enxames e predá-los são exatamente nos horários em que nós não
estaremos presentes, geralmente em algumas vezes ao chegarmos de surpresa
podemos deparar com este fato.
As caixas depostas nas paredes serão as mais prejudicadas, com este predador,
pois possuem habilidade em transitarem nesses ambientes.
Muitos Meliponicultores colam um plástico bem esticado na parede e em volta
das caixas, com uma largura maior que o animal, pois eles não conseguem transitar no
plástico e serão impedidos de alcançarem as caixas, não devemos predar nossas
lagartixas, têm um papel fundamental em nosso espaço (se alimentam de escorpiões,
baratas, pernilongos, mosquitos, etc.)

Meliponário Sousa
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Muitos Meliponicultores as capturam e soltam muito longe de suas


propriedades, acreditam assim estarem diminuindo a sua população na propriedade.
Estes são alguns dos principais predadores dos nossos enxames, podemos
manter sempre limpo e sem objetos desnecessários acumulados ao longo do
Meliponário.

Fonte: Foto Meliponário Sousa

Pasto Melífero
Flora melífera principal:
Constituída pelas plantas de maior fluxo nectarífero, normalmente
formam pastos densos, com floradas prolongadas. Exemplo: Eucalipto, Cítricos,
Uvaia, Jabuticaba, Lichia, Pitangueira, Jambo, Grumixama, Cabeludinha,

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Palmeiras (todas), Cipó Café, Cipó Uva, Amor Agarradinho, todos os


condimentos, Boldo, Resedá, Ype Mirim, Ingá, Astrapeia, Sibipiruna, Escova de
garrafa, Clúsia, Capixingui, Angico, Margaridão Branco, Canudo de Pito, Assa-
Peixe, Alecrim, Urucum e etc;
Essas plantas acima descritas são algumas das muitas relevantes, nossas
abelhas as visitam freneticamente, plantas que alimentam os enxames de forma
significativa produzindo pólen, néctar e resinas.
Existe uma diversidade dessas plantas em grandes quantidades, nos
biomas, que ainda se encontram preservados, florestas em recuperação,
pequenas matas primárias, jardins, praças, quintais, etc.
Devemos lembrar que antes de reflorestar nosso bioma, devemos ser
orientados por: Engenheiros Agrônomos, Engenheiros Florestais, Técnicos em
Meio Ambiente, Biólogos e outros responsáveis com ensino superior.
A importância deste trabalho impacta não só na produção de alimentos
para nossas abelhas, como também para os roedores, pássaros, mamíferos,
peixes e etc. Portanto, a responsabilidade de inserir árvores diversas em nossas
matas proporcionará alimento para toda fauna do presente lugar, pois temos
em cada tipo de região uma mata predominante em cada bioma (Mata
Atlântica, Cerrado, Amazônia, Caatinga, Pampa e Pantanal).
Devemos observar esses plantios com mais atenção nos jardins, quintais e
praças, pois cada árvore produz uma metragem quadrada de sombra, alturas
diferentes, algumas de troncos susceptíveis a ventos e temporais, assim
adicioná-las em lugares inadequados, poderão causar acidentes.
Estas plantas deverão ser adquiridas em viveiros de mudas ou semeadas
por nós em nossas casas.
Lembrando sempre que quando se tratar da introdução de frutas, não só
estaremos alimentando a fauna como poderão fazer parte também da nossa
própria dieta.

Nascentes
Nossas Nascentes:
Como descrito este título, “NOSSAS” quer dizer responsabilidade de todos,
cuidar de nossas águas também é cuidar da nossa saúde, assim os rios, os córregos, as

Meliponário Sousa
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minas de água, açudes, lagoas, represas, mares, mangues e etc. deverão estar
despoluídas.
As árvores do capitulo anterior tem o papel fundamental nesta ação, pois cada
nascente, cada APP e águas salinizadas, deverão ter suas devidas vegetações
conservadas.
Nossas abelhas sobrevivem somente em águas limpas e em uma diversidade de
árvores nativas.
As abelhas são distintas, e cada uma espécie, terá seu habitat natural, algumas
árvores serão visitadas por algumas espécies de abelhas, caso estas abelhas entrem
em extinção, estas árvores também entrarão.

Ar
Ar puro:
O resultado das nossas florestas, somado com nossas nascentes despoluídas,
consequentemente, nos presenteará com ar melhor, em alguns lugares onde
estiverem longe de indústrias e centros urbanos estarão com o ar 100% puro.
O planeta hoje está passando por mudanças climáticas, devido ao desrespeito
com nossas florestas, águas e o ar.
As abelhas como o início de todas as vidas nos levam a uma preservação
ambiental acirrada e saudável.
Podemos deixar de herança para nossos filhos e futuros habitantes da Terra, um
planeta limpo e saudável para todos.

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Como legalizar o Meliponário?


Procurar o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica
de direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao
Ministério do Meio Ambiente (MMA), conforme Art. 2º da Lei nº 7.735, de 22
de fevereiro de 1989).

Como adquirir a Guia para Transporte


Animal - GTA
Obter Guia de Trânsito Animal para trânsito de Abelhas, Bicho-da-seda e
outros invertebrados terrestres.
Solicitar a emissão da Guia de Trânsito Animal. O usuário solicitará
a GTA apresentando a documentação necessária na Unidade de Atendimento,
presencialmente ou por email. ...
Pagar a taxa. ...
Receber a Guia de Trânsito Animal.
A EMBRAPA da Amazônia Oriental ajudou na construção da nova
resolução que foi publicada pelo CONAMA, site que pode ser acessado para
orientação do novo Meliponicultor.

Como transportar nossascolônias?


A legislação ambiental brasileira é constituída de uma série de leis,
decretos, portarias, resoluções, instruções normativas e outros
instrumentos legais que favorecem a convivência harmônica entre
agricultura e polinizadores. A gestão da política da fauna nacional,
incluindo as abelhas, teve início no Brasil a partir da publicação da Lei
Federal nº 5.197/1967, que estabelece que a fauna silvestre é propriedade
do Estado, sendo proibida sua utilização, perseguição, destruição, caça ou
apanha, salvo mediante licença da autoridade competente. Com a
publicação da Lei nº 7.735/1989, coube ao Ibama a competência legal
para, entre outras ações, fiscalizar e controlar os recursos naturais. Com o
advento da Lei Complementar nº 140/2011, a responsabilidade, no âmbito
Meliponário Sousa
94

da gestão e da proteção ao meio ambiente, ficou dividida entre os entes


federativos (União, Estados e Municípios). Dessa forma, entende-se que a
conformidade legal de empreendimentos e atividades potencialmente
poluidoras ou utilizadoras de recursos naturais pode ser licenciada e
fiscalizada por quaisquer dos entes federativos, obviamente dentro da sua
área territorial, visto que a competência constitucional é comum.
No âmbito federal, os principais instrumentos legais que dispõem
sobre a criação, o comércio e o transporte de abelhas nativas, e que, de
certa maneira, norteiam as demais regulamentações estaduais, são a
Resolução Conama nº 346/2004 e a Instrução Normativa do Ibama nº
07/2015. Entretanto, sendo uma gestão compartilhada, os Estados e os
Municípios têm a liberdade de regulamentar as atividades inerentes à
meliponicultura, desde que não sobreponham a hierarquia dos atos
normativos. Nesse contexto, alguns Estados já publicaram suas normas,
enquanto outros estão com propostas de projetos de lei em tramitação,
os quais ainda precisam ser aprovados e sancionados pelos seus governos
(tabela 1). Muitos pesquisadores e criadores de abelhas nativas
questionam os instrumentos legais federais mencionados acima por não
atenderem às peculiaridades e às atividades inerentes à prática da
meliponicultura. A seguir, discutimos alguns pontos-chave dessa
discussão, que devem ser considerados na elaboração dosinstrumentos
legais para controle e fiscalização do manejo e do transporte das abelhas
nativas.
Tabela 1. Estados brasileiros que possuem instrumentos legais para o
manejo e o transporte de abelhas nativas.
ESTADO INSTRUMENTO LEGAL NÚMERO/ANO
Amazonas Lei Estadual 4.438/2017
Bahia Projeto de Lei 21.619/2015
Minas Gerais Projeto de Lei 4.943/2014
Paraná Projeto de Lei 225/2016
Rio Grande do Sul Instrução Normativa 03/2014
Sema 14.763/2015
Lei Estadual 3.465/2014
Lei Municipal de
Canela
Santa Catarina Lei Estadual 16.171/2013
Decreto Estadual 178/2015
São Paulo Projeto de Lei 1.286/2015

Meliponário Sousa
95

Os órgãos regulatórios governamentais desempenham um papel


importante na fiscalização e na regulamentação do transporte de
colmeias. Não obstante, muitos meliponicultores consideram
problemática a legislação atual sobre meliponicultura, bem como a
burocracia envolvida no cadastro de colmeias e na solicitação de licenças
de transporte e venda de produtos.
A simplificação desses processos irá seguramente incentivar os
meliponicultores a cadastrar suas colmeias e solicitar licenças de
transporte que estabeleçam áreas permitidas de movimentação de cada
espécie ou subespécie. Adicionalmente, incentivos econômicos podem
motivar os meliponicultores a criar e preservar abelhas locais. Uma
alternativa possível seria valorizar os produtos de abelhas locais, criando
uma denominação de origem controlada, como é feito com outros
produtos, como vinhos e queijos.

Resolução nº 496, de 19 de Agosto de 2020,


CONAMA:
Disciplina o uso e o manejo sustentáveis das abelhas nativas sem
ferrão em meliponicultura.
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das
competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, e
tendo em vista o disposto no seu Regimento Interno, resolve:
A lei é clara e ativa, organiza e protege o Meliponicultor, podendo ser
encontrada nos referidos artigos da resolução 496 citados abaixo, a
condição de podermos criar até 49 caixas sem registro, conforme a
regulamentação PNN (in Memoriam Paulo Nogueira Neto):
§3º São dispensados de autorização ambiental o uso e manejo sem
exploração econômica de até 49 (quarenta e nove) colônias.

Meliponário Sousa
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§4º A troca de colônias ou a permuta será permitida para o


melhoramento genético ou diversificação da espécie para atividade de
manutenção de colônias sem finalidade comercial ou econômica, para
produtores dentro de um mesmo bioma de até 49 colônias.

Paulo Nogueira Neto (in memoriam) / USP - Fonte: Fotosobtidas das redes sociais.

Meliponicultura Profissional
Conhecer conceitos sobre meliponicultura, tribos, espécies,
ambientes, raio de ação de trabalho das espécies, funções e arquitetura
dos ninhos, determinação da casta e do sexo. Aprender como se produz a
rainha de melíponas. Ter informações sobre segurança no meliponário,
custo Financeiro para montar um meliponário e fabricação de colméias e
caixas iscas.
Para se tornar um Meliponicultor Profissional, devemos nos atentar
aos primeiros princípios que são o respeito à vida animal, consciência de
manejo sustentável, manter laços com toda a classe agropecuária e
legislação existente, obedecer à construção física de todo o projeto com
saúde.
Levantar custos, mantendo-os em planilha com acompanhamento
técnico financeiro, fazer sua comercialização gerar lucros para alcançar
uma boa condição de renda familiar. Participar de cursos de
Meliponário Sousa
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Meliponicultura responsáveis, ler obras de professores ambientalistas,


buscar conhecimentos em órgãos responsáveis (SENAR, EMBRAPA,
Universidades, etc.)
Temos hoje uma diversidade de opções que nos dará a oportunidade
de tornar-se um Meliponicultor profissional:
 Produzir acessórios de Meliponicultor para comercialização
(Caixas de madeira, cera mista, atrativos para captura, chapéus
de Meliponicultor, ferramentas para facilitar o manejo, iscas
para forídeos, iscas para enxames, etc.)
 Produção de mel orgânico das abelhas nativas;
 Produção de Própolis;
 Produção de enxames;
 Se especializar para cursos e vistas técnicas a novos
Meliponicultores;
 Sugadores de méis;
 Sugadores de abelhas.
E outros produtos e serviços que não citamos, que poderão surgir no
futuro desempenho da Meliponicultura profissional.

Projetos na Meliponicultura
A cada um Meliponicultor, como pude observar durante a minha
caminhada na Meliponicultura, aprendi também que a criatividade e a
esperança de salvar o meio ambiente instala sobre cada um, de uma
forma mágica, forte e com o foco sustentável.
Particularmente, sou grato, aprendi e aprendo todos os dias que
cuidar do sistema ecológico, do nosso meio ambiente é poder tornar
nosso planeta melhor, e como herança deixá-lo saudável para nossas
futuras gerações.
Assim também adiciono meu conhecimento, voluntariamente nos
lugares onde sinto necessidade da Meliponicultura, e proteção ambiental
como um todo.
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Acredito nas crianças e na força jovem, pois são o nosso futuro, eles
nos substituirão, e eu acredito que este ensino no começo da vida, é super
eficaz, conscientizando-os desde crianças, mostrando-lhes a
responsabilidade que terão futuramente.
Nosso trabalho nas escolas:

Fonte: Fotos Meliponário Sousa

Meliponário Sousa

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