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caderno de teses 2023.

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Apresentação
Você tem em mãos o Caderno de Teses do XXVII Congresso Es-
tadual da APEOESP Prof. João Felício, que se realiza no momento
em que o Brasil passa por um processo de reconstrução, após seis
anos de governos originários do golpe de Estado de 2016.
Em São Paulo, vivemos a continuidade de um projeto de des-
truição do Estado, privatizações, retirada de direitos e mais con-
centração de renda e privilégios nas mãos de uma minoria. Esse
é o projeto do governo bolsonarista de Tarcísio de Freitas.
Por isso, esse Congresso se reveste de grande importância, para
definir a linha de ação e o plano de lutas da APEOESP e também,
centralmente, aprovar as alterações estatutárias necessárias para
que o nosso Sindicato possa enfrentar todos os desafios dessa
nova conjuntura.
Vamos, juntos, delegados e delegadas eleitos e eleitas para o
XXVII Congresso Estadual da APEOESP deliberar com responsa-
bilidade, unidade e combatividade, que nunca nos faltaram, para
que o maior Sindicato da América Latina continue a organizar
e liderar nossas grandes lutas em defesa dos nossos direitos, da
democracia e da Educação pública, gratuita, laica, de qualidade
para todas e todos.
Boa leitura e bom trabalho nos Encontros Regionais Prepara-
tórios.

Diretoria da APEOESP
Comissão Organizadora do
XXVII Congresso Estadual da APEOESP

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TESE 1 – Quando a categoria vem primeiro, uma direção se torna plural, na luta por

ÍNDICE
direitos e Educação Pública de Qualidade............................................................................   4

TESE 2 - Combater a Reforma Empresarial da Educação ......................................... 15


TESE 3 - Por uma APEOESP independente, democrática e socialista ........................ 24
TESE 4 - Mudar a APEOESP: Por uma APEOESP Democrática, Combativa,
Independente de qualquer Governo! ...................................................................................... 31

TESE 5 - Rejeitar a conciliação e aprovar a independência de classe .........................39


TESE 6 - Investir em educação pública para reconstruir o Brasil com justiça social .......46
TESE 7 - Nossa Classe Educação ...............................................................................55
TESE 8 - Oposição Unificada Combativa ....................................................................63
TESE 9 - Proletários da Educação .............................................................................. 70
TESE 10 - Corrente Sindical Marxista – Guillermo Lora .............................................. 74
TESE 11 - Avançar na Organização e Luta para revogar todas as contrarreformas
e construir uma nova Direção para a APEOESP ................................................................... 80

TESE 12 - Unificar os trabalhadores e enfrentar os ataques com independência


de classe! ........................................................................................................................... 90

TESE 13 - Unir e mobilizar os educadores contra o cerco da direita e pelas


reivindicações dos trabalhadores .......................................................................................100

TESE 14 - Movimento Luta de Classes – MLC ........................................................... 110


TESE 15 - CSD – Educação ...................................................................................... 119
TESE 16 - Unidade da categoria, na luta por salário e direitos ................................ 126
TESE 17 - Tese da Coluna Piqueteira ao Congresso da APEOESP .............................. 132
TESE 18 - Que Lula governe sem patrões! Junto com os Sindicatos e
Movimentos de luta da Classe Trabalhadora ......................................................................... 141

TESE 19 - Unidade e Ação em Defesa da Educação Pública e dos Direitos


da Categoria! Combater e derrotar a Extrema Direita! .......................................................... 148

Estatuto da APEOESP........................................................................................... 158

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tese
1 QUANDO A CATEGORIA VEM PRIMEIRO,
UMA DIREÇÃO SE TORNA PLURAL,
NA LUTA POR DIREITOS E EDUCAÇÃO
PÚBLICA DE QUALIDADE

grandes retrocessos que é preciso revogar, como


I - CONJUNTURA a reforma trabalhista, reforma da previdência,
1. A crise estrutural do capitalismo agrava reforma do ensino médio, o LC 173, que conge-
a desigualdade, desemprego, fome, miséria, lou o tempo de serviço dos servidores públicos
destruição do meio ambiente, crise climática, em 2020-2021, a privatização da Eletrobras e
conflitos armados e crescimento da extrema- tantos outros.
-direita no mundo. 6. A luta contra a desigualdade é o eixo orien-
tador do governo Lula e passa por políticas
Império em xeque sociais e pelo desenvolvimento sustentável para
a geração de emprego e renda e qualidade de
2. Em paralelo, há o fortalecimento do BRICS
vida para a população.
(Brasil, China, Índia, Rússia, África do Sul) e
sua política de construção de uma alternativa
ao dólar para as transações internacionais. As Derrotar a sabotagem da taxa de juros
reações estadunidenses fomentam conflitos
7. Para tanto é preciso derrotar política de
como o que ocorre entre a Ucrânia/EUA/Europa
sabotagem de Campos Neto no Banco Cen-
e Rússia, na Síria e outros.
tral, com a inaceitável taxa de juros de 13.75%.
Essa deve ser uma das bandeiras centrais de
O BRASIL DE VOLTA nossas mobilizações, sobretudo na manifes-
3. O Brasil voltou a ser protagonista. O Presi- tação nacional ocorrida em Brasília dia 9 de
dente Lula estabelece contatos bilaterais, atrai agosto.
investimentos, é o único presidente brasileiro
cinco vezes convidado para reuniões do G-7 Nenhum limite para os
e foi aclamado, em Paris, quando cobrou dos
países europeus que paguem sua dívida am-
investimentos sociais
biental e social com o planeta e ações contra a 8. A combinação entre o rombo fiscal e a
desigualdade. lei de corte de gastos do governo Temer (EC
4. A ampla frente democrática liderada por 95/16), que limitava os investimentos à inflação
Lula foi vitoriosa contra o projeto genocida de do ano anterior, levou o governo Lula a propor
Jair Bolsonaro, responsável por termos atingido a lei do Arcabouço Fiscal, que permite que o
700 mil mortes na pandemia de Covid 19, des- governo federal gaste até 70% do aumento da
truidor de direitos e líder da tentativa golpista receita. A meta do governo é chegar ao déficit
que culminou nos atos violentos de 8 de janeiro fiscal zero em 2027. Deixar o FUNDEB fora do
de 2023. Condenado pelo Tribunal Superior arcabouço fiscal é garantir mais investimentos
Eleitoral, está inelegível até 2030. para a educação.
5. Temer e Bolsonaro foram responsáveis por 9. Nossa luta permanente deve ser para que

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o governo atenda as demandas sociais, sem bilhões aos cofres públicos, apenas de ICMS.

tese
limitações da política fiscal. Esse montante de isenções corresponde a quase
10. Nesse quadro, a reforma tributária aprovada o dobro do orçamento para a Educação em
na Câmara dos Deputados tem viés progressista 2023. A reforma tributária prevê o fim da farra

1
na atual correlação de forças. Irá ao Senado e de isenções. Em São Paulo isso também precisa
poderá ser alterada. A extrema-direita se dividiu ocorrer, direcionando a ação do Estado para a
nessa questão. maioria da população.

O ATRASO PERSISTE EM SÃO PAULO II - POLÍTICA EDUCACIONAL


11. Alinhado com os interesses empresariais re-
16. A reforma do ensino médio buscou condicio-
presentados pelos governos tucanos anteriores,
nar a juventude à incapacidade do capitalismo
Tarcísio de Freitas abriu o processo de privatiza-
de lhes oferecer futuro melhor, assim como
ção da SABESP, Metrô e CPTM. É preciso barrar
a orientação legal pedagógica imposta pela
esses planos, porque impactarão a população
Base Nacional Comum Curricular do governo
mais pobre, com aumentos de tarifas e piora
Bolsonaro.
nos serviços.
17. Bolsonaro cortou verbas, perseguiu professo-
res e estudantes, fomentou a farsa da “escola sem
Não aceitaremos redução partido”, implementou escolas cívico-militares
das verbas da Educação (contra as quais a APEOESP já obteve diversas
decisões judiciais), retirou direitos. Tentou acabar
12. O governador anunciou que enviará projeto com o FUNDEB e com a vinculação constitucional
para reduzir de 30% para 25% as verbas des- de verbas para a educação, mas foi impedido
tinadas à Educação, sob pretexto de atender pela mobilização social, na qual a APEOESP teve
a área da Saúde. Não podemos permitir! Não papel fundamental.
aceitaremos oposição entre Saúde e Educação
18. Em 15/5/2019, em manifestação organizada e
pública, pois ambas as áreas necessitam de
coordenada pela APEOESP, mais de 30 mil pessoas,
investimentos. A redução percentual resultaria
professores(as), estudantes e militantes dos movi-
na perda de mais de R$ 9 bi.
mentos sociais, foram à Avenida Paulista contra o
corte de verbas. Repudiamos a atitude do governa-
Reajuste, carreira e valorização dor Tarciso em não acatar o fim das escolas cívico
13. No essencial, Tarcísio vem mantendo as militares, determinada pelo presidente Lula, que
políticas de Doria, que destruiu nossos di- encerrou oficialmente esse programa excludente
reitos e desmontou nossa carreira com a LC e de cunho fascista no dia 12 de junho deste ano.
1374/2022, entre outros ataques. Este governo A APEOESP tomará medidas judiciais contra essa
concedeu apenas 6% de reajuste para os pro- medida do governador.
fissionais da Educação e a maioria dos demais 19. Também foi a mobilização social, com parti-
servidores. Queremos a aplicação correta do cipação destacada da APEOESP, que conquistou
reajuste do piso nacional sobre o salário base, o FUNDEB permanente. Nosso sindicato fez par-
carreira e demais reivindicações para todos(as) te do Fórum Estadual pelo FUNDEB permanente
os(as) profissionais da educação (da ativa e na Assembleia Legislativa, iniciativa do mandato
aposentados(as)). da Deputada Professora Bebel e fez uma forte
campanha junto a deputados e senadores pela
aprovação da lei.
Não à reforma administrativa
14. O governo Tarcísio também prepara a portas
fechadas uma reforma administrativa que cer-
O impacto da pandemia
tamente irá tirar mais direitos dos servidores. 20. Durante a pandemia de Covid 19, a ausência
Vamos nos articular com todo o funcionalismo de medidas eficazes para assegurar o acesso da
para impedi-la. totalidade dos estudantes ao ensino remoto e a
falta de condições de trabalho aos professores,
submetidos a jornadas quase ininterruptas de
O Estado a serviço dos empresários trabalho online e sem disporem de equipa-
15. Tarcísio alardeia corte de gastos e Estado mentos adequados, fez despencar os índices
mínimo, porém continua a política de isenções de aprendizagem, que ainda hoje persistem,
fiscais para grupos empresariais nunca reve- pois não foram adotadas medidas corretas de
lados. Em 2023, a previsão é de menos R$ 83 recuperação.

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21. Na pandemia, a luta pela vida assumiu Educação afirmou que enviará projetos para que as

tese
contextos muito mais amplos, combinando a Atividades Pedagógicas Diversificadas (APD) sejam
defesa do direito à existência com a defesa cumpridas em local de livre escolha, que voltem
de direitos educacionais e profissionais. Com as faltas-aula e que seja suprimida a jornada de
muita luta (caminhadas, atos, abaixo-assinados

1
trabalho como fator para a atribuição de aulas.
e pressão sobre o governo estadual) a APEOESP 27. Em defesa da liberdade de cátedra, repudia-
conquistou prioridade na vacinação para os(as) mos a portaria da SEDUC que permite ao diretor,
profissionais da Educação, abrindo caminho para diretora ou coordenador(a) ingressar na sala
esse direito em nível nacional. para monitorar a aula do(a) professor(a). Essa
22. A volta do presidente Lula ao governo fe- medida fere o artigo 206 da Constituição de 88
deral significou a retomada da prioridade para e o artigo 3º da LDB, que garantem liberdade
a educação pública. Nessa perspectiva, estamos de ensinar e aprender e as prerrogativas do(a)
desenvolvendo a campanha Revoga Já a farsa do professor(a) na sala de aula, onde é a autorida-
“novo” ensino médio, juntamente com entidades de. A Constituição garante a livre manifestação
e movimentos de todo o país. Consideramos um de pensamento e a liberdade de consciência e
avanço importante que o MEC admita realizar assegura ainda que ninguém será privado de
mudanças substanciais no modelo e que tenha direitos por motivo de convicção filosófica ou
realizado uma consulta pública. política que é livre a expressão de atividade
intelectual e científica.
A escola da exclusão 28. Reivindicamos o envio imediato desses
23. Em São Paulo, nossa pressão levou Feder a projetos e a mesa permanente de negociação,
anunciar a ampliação de disciplinas da Formação para que possamos discutir a carreira aberta,
Geral, mas não estamos de acordo com o peso justa e atraente que queremos, assim como as
dado a “empreendedorismo”, “educação finan- questões salariais e demais reivindicações.
ceira” e “administração” na parte diversificada.
24. A continuidade do Programa de Tempo In-
tegral (PEI) não representou nenhuma melhoria
III - POLÍTICA SINDICAL
para estudantes e professores(as). Não há ganho 29. No dia 18 de janeiro deste ano, no Palácio
significativo de aprendizagem e contribuiu para do Planalto, as centrais sindicais entregaram ao
que cerca de 30% de jovens abandonassem presidente Lula a Pauta da Classe Trabalhadora,
forçadamente o ensino médio, uma vez que contendo as reivindicações mais importantes na
esse jovem, que ingressa cedo no mercado de atual conjuntura brasileira, entre elas a necessi-
trabalho, fica sem condições de trabalhar e fazer dade de regulamentação do direito de greve e
cursos. O PEI não oferece estrutura, nem mesmo negociação coletiva no setor público, combate
infraestrutura, para esse programa de período à pobreza e às práticas antissindicais por parte
integral. Além disso, provocou a transferência de empresas.
de estudantes para escolas distantes e causou 30. No estado de São Paulo, vimos combatendo
grandes prejuízos aos estudantes trabalhadores, essas práticas por parte do Estado. Reivindica-
também pelo fechamento dos cursos noturnos, mos o livre acesso do sindicato às escolas, a dis-
inclusive na Educação de Jovens e Adultos. Há
pensa de ponto para as atividades do sindicato,
mais violência nas escolas, os(as) professores(as)
bem como o direito de reposição das aulas não
são submetidos a jornadas estafantes, abusos
ministradas nas greves e paralisações, que vem
e assédio moral.
sendo sistematicamente negado.
25. Essa política educacional oferece aos filhos
e filhas da classe trabalhadora ensino de baixa
qualidade em escolas sem condições estru- Em defesa dos servidores
turais adequadas, com currículos rebaixados, e do serviço público
destinados apenas a assegurar aos estudantes
31. É preciso lutar para que avance a pauta
formação suficiente para as necessidades do
dos servidores públicos, como uma pauta de
mercado de trabalho, negando-lhes o acesso
ao conhecimento. interesse de toda a classe trabalhadora e da
população, porque a valorização dos servidores
significa mais qualidade nos serviços públicos
Exigimos direitos e carreira justa para aqueles que mais precisam. Neste sentido,
26. A Lei Complementar 1374/22 representa os 6% de reajuste que conseguimos obter são
a destruição da nossa carreira e exigimos sua insuficientes frente a nossas perdas acumuladas.
revogação. Com nossa pressão, o secretário da 32. Juntamente com a luta pela recuperação de

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nossa carreira, lutamos pela revogação da LC funcionários e seus dependentes à qualificação e

tese
173/2020, para que seja descongelado o tempo desenvolvimento profissional e a divulgação de
de serviço de 2020-2021. Para tanto, atuamos projetos culturais de professoras e professores,
junto ao governo federal e pressionamos o como livros, por exemplo, trabalho que deve ser

1
governo estadual a seguir o parecer do Tribunal ampliado na gestão que se inicia.
de Contas do Estado, que entendeu que esse
direito é assegurado estatutariamente e não
poderia ser retirado.
Em defesa dos aposentados, pela
devolução do confisco
Independência e unidade 39. No final de 2022, combinando ampla mobili-
zação com a atuação da nossa então presidenta
da classe trabalhadora e deputada estadual na Alesp, conseguimos
33. É imprescindível que mantenhamos inde- de forma inédita a aprovação unânime de um
pendência frente ao governo e a unidade da projeto da Casa que acabou com o confisco
classe trabalhadora nas greves, mobilizações e salarial imposto por Doria em 2020. Hoje nossa
no cotidiano de nossas lutas, ao mesmo tempo luta é pela devolução dos valores confiscados,
em que valorizamos e participamos de todos por meio de iniciativas jurídicas e políticas.
os espaços institucionais de formulação de 40. Para ampliar cada vez mais a defesa des-
políticas, que são também nossas conquistas. te segmento, a Secretaria para Assuntos do
34. A unidade que construímos na APEOESP Aposentado realiza anualmente o Encontro de
tem importância estratégica para o movimento Aposentados. Em 2022 o Encontro se combinou
sindical e pode inspirar iniciativas semelhantes com a Marcha dos Aposentados ao Palácio dos
em outras entidades. O Congresso Estadual da Bandeirantes, fundamental para conseguirmos
CUT (CECUT) e o Congresso Nacional da CUT o fim do confisco.
(CONCUT), são espaços oportunos e qualificados
para esse debate. Na luta pelos professores municipais
41. A Secretaria para Assuntos Municipais, rea-
IV - POLÍTICAS PERMANENTES lizou parceria com diversos coletivos no apoio
às lutas dos professores municipais. Orientamos
35. Embora o governo extremista de Jair Bolso- negociações coletivas, elaboração de planos de
naro tenha sido derrotado nas eleições de 2022, carreira, realizamos e participamos de encontros
persistem em uma parcela significativa da nossa sobre o FUNDEB e o piso salarial nacional. A
sociedade sentimentos de ódio, preconceito, perspectiva é de ampliar essa atuação visando
violência e discriminação contra as mulheres, representar e lutar junto com o magistério nos
negros, pobres, nordestinos, comunidade LGBT municípios, que se encontra muitas vezes de-
e um ataque constante aos movimentos sociais samparo em suas reivindicações.
e partidos políticos.
36. Neste cenário, a APEOESP tem sido parte Sempre presente nas
destacada do movimento que busca avançar na
conquista de direitos, denunciando e lutando lutas das mulheres
contra o machismo, a misoginia, o racismo, a 42. A Secretaria de Mulheres da APEOESP es-
LGBTfobia, a farsa da “ideologia de gênero” e teve presente em todas as lutas em defesa dos
todas as manifestações de intolerância. direitos das mulheres, mesmo durante a pan-
37. Nessa tese, apresentamos algumas das demia, período em que as mulheres foram mais
ações promovidas pela Diretoria do sindicato, prejudicadas, com o desemprego, a violência
por meio de suas secretarias temáticas, o que doméstica e o crescimento de feminicídios.
será complementado com documentos e emen- 43. Anualmente são realizadas as Conferências
das a serem submetidos ao Congresso. de Mulheres da APEOESP, ainda que virtuais
– voltando a ser presencial em 2023 - , assim
Atualização e aperfeiçoamento como participamos ativamente da organização
das atividades do Dia Internacional da Mulher.
profissional 44. Nossa perspectiva é desenvolver uma cam-
38. A Secretaria de Assuntos Educacionais e Cul- panha permanente de combate à violência
turais, juntamente com a Presidência, promoveu contra as mulheres, inclusive dentro das escolas;
convênios com universidades e outras institui- manter canais de denúncia com facilidade de
ções para proporcionar acesso dos professores, acesso em todas as subsedes; realizar pes-

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quisa para mapear em detalhes as condições Em defesa da dignidade profissional

tese
das mulheres professoras; defender a inclusão
do estudo de gênero no Currículo Paulista; 49. No ano de 2008, uma nova gestão da APEO-
participar da luta das mulheres com a CUT- ESP se iniciou com uma greve que conquistou
reajuste salarial e mais tarde a não utilização

1
-CNTE e movimentos de mulheres; participar
da organização e da Conferencia Pública de das notas das provinhas criadas pela então
Mulheres; participar da Marcha das Margaridas secretária Maria Helena Guimarães de Castro,
e das Mulheres Negras; realizar nas Subsedes resultando na sua própria exoneração.
pré-conferências para eleger as delegadas à
Conferência Estadual de Mulheres da APEOESP. Contra a precarização
do trabalho docente
Prioridade para a saúde 50. Em 2009, conseguimos a consolidação da
45. Neste Congresso, será institucionalizada a estabilidade dos professores da categoria F, ao
Secretaria para Assuntos Relativos à Saúde do mesmo tempo, nossa luta ao longo dos anos
Trabalhador, que atuará no levantamento de alterou diversos pontos da contratação dos
dados, pesquisas, incentivo às campanhas de professores da categoria O, embora continue
vacinação, estudos e na defesa de políticas que precária. Os contratos passaram de 1 para 3
assegurem condições de trabalho que possam anos; não há mais provinhas; a duzentena para
preservar a saúde dos professores e das pro- quarentena; as férias e outros direitos são anuais.
fessoras e pela humanização nas perícias. Hoje, lutamos pela extensão das condições de
46. Ao mesmo tempo, continuaremos trabalhan- estabilidade da categoria F aos professores da
do firmemente para que o Instituto de Assistência categoria O até que haja concursos.
Médica do Servidor Público Estadual – IASMPE 51. No final de 2022, com atuação decisiva
amplie e melhore a qualidade do atendimento da deputada estadual e então presidenta da
em todas as regiões do estado, ao mesmo tempo APEOESP, a Assembleia Legislativa votou um
em que seja criado um conselho administrativo projeto unânime que prorrogou os contratos
paritário e deliberativo, pelo qual os servidores, dos professores da categoria O de 2018 e 2019,
que sustentam o IAMSPE, possam geri-lo. Nossa preservando 50 mil postos de trabalho.
luta é também para que os professores tempo-
rários tenham acesso ao IAMSPE e que o Estado
destine à instituição sua cota-parte de recursos, Impactos políticos e sociais
como manda a lei. da greve de 2010
52. Em 2010, nossa greve de 32 dias expôs à so-
Direitos humanos e pessoas ciedade, em nível estadual e nacional, a natureza
com deficiência autoritária do governo de José Serra, o que influiu
em sua derrota na eleição presidencial daquele
47. Neste Congresso também institucionalizare- ano. Como reflexo dessa greve, o governador
mos as novas Secretarias de Direitos Humanos e Alckmin (que teve dificuldades para se eleger,
de Assuntos Relativos às Pessoas com Deficiência. no segundo turno), instituiu uma política salarial
Juntamente com a questão da Saúde, esses aspec- para quatro anos, com incorporação de abonos
tos da nossa atuação deixam de ser centralizados e gratificações. Também abriu negociações sobre
na Secretaria de Políticas Sociais, mas as novas a carreira, no âmbito da comissão paritária.
secretarias trabalham de forma articulada não
apenas com a Secretaria de Políticas Sociais, mas
de forma transversal, com a Presidência e todas Em 2013, conquistamos
as demais secretarias do nosso sindicato. o maior concurso
53. A greve de 2013, trouxe uma conquista
V - BALANÇO importantíssima, que foi a realização do maior
concurso da rede estadual de ensino, com 59
48. A APEOESP vem tendo papel de protago- mil vagas. Hoje, lutamos por concursos públicos
nista na defesa da democracia, dos direitos da com, no mínimo, 100 mil vagas e regras justas.
categoria, da educação pública e da cidadania,
em meio aos impactos de sucessivas crises glo-
bais e governos neoliberais sobre as condições
Greve histórica
de vida e trabalho do professorado paulista e a 54. No ano de 2015, realizamos a segunda mais
educação pública de forma geral. longa greve da categoria. Fomos pioneiros na

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cobrança do cumprimento da meta 17 do Plano descontados. Como explicitamos anteriormente

tese
Nacional de Educação – equiparação salarial (veja em Políticas Permanentes) ação judicial
com demais profissionais com nível superior. da APEOESP com essa finalidade está suspensa
Essa greve fortaleceu nossa entidade na cate- pela justiça estadual até que o Supremo Tribunal

1
goria e na sociedade. No mesmo ano, criamos Federal termine de julgar a questão.
o Grito pela Educação Pública de Qualidade 61. Também foi fundamental essa articulação
no Estado de São Paulo. Juntamente com es-
nas lutas contra a reforma da previdência es-
tudantes e movimentos sociais, derrotamos a
tadual, contra projetos de retirada de direitos
chamada “reorganização escolar”, que fecharia
– por exemplo as faltas abonadas; contra o PLC
92 escolas. O processo culminou na exoneração
1374/2022 (subsídio), por reajustes salariais e
do então secretário Herman Voorwald.
tantas outras. Em 2018, obtivemos 7% de rea-
juste, 10% em 2022 e, em 2023, 6% de reajuste
Democracia sempre salarial, e prosseguimos lutando por reajustes
55. A APEOESP teve destacada participação que reponham nossas perdas, que hoje estão
na luta contra o golpe que depôs a presidenta em torno de 41% em relação ao piso nacional.
Dilma Rousseff. No dia 13 de março de 2015, 62. Nunca deixamos também de recorrer ao
mesma data de uma assembleia com mais de poder judiciário pelos nossos direitos. Em 2017,
40 mil professores, articulamos com a CUT e por exemplo, ingressamos na justiça pela correta
movimentos sociais um grande ato na Avenida aplicação da lei do piso, com reajuste no salário
Paulista, e nos mantivemos sempre mobilizados, base e não abono. Vencemos em todas as ins-
na linha de frente da defesa da democracia. tâncias. Entretanto, o pagamento do reajuste de
56. Foi assim que tomamos a corajosa decisão 10.15% está suspenso devido a recurso extraor-
de transferir nossa assembleia da Avenida Pau- dinário do governo estadual. Ingressamos com
lista para a frente do Sindicato dos Metalúrgicos recurso contrário, que aguarda julgamento, pelo
do ABC, no dia 5 de abril de 2018, contra a ilegal qual estamos lutando. Entre 2008 e 2015, vence-
prisão do presidente Lula e organizamos comitês mos ações individuais que beneficiaram 53.870
pela sua libertação. professoras, professores e herdeiros, aos quais
57. Em defesa da democracia e dos nossos foram pagos R$ 435.718.591,57 (maio/2023).
direitos, nos posicionarmos do lado da candi-
datura de Fernando Haddad. Lamentavelmente,
a vitória foi de Jair Bolsonaro. Em São Paulo,
Por educação pública de qualidade
embora João Doria tenha sido eleito ao Go- 63. O ano de 2016 trouxe a conquista do Plano
verno Estadual, obtivemos uma grande vitória Estadual de Educação, construído no âmbito
ao eleger a Professora Bebel como deputada do Fórum Estadual de Educação. Na gestão de
estadual, com 87.269 votos, tendo sido reeleita Voorwald a SEDUC tentou impor outra proposta,
em 2022 com mais de 155 mil votos. mas a ação da então presidenta da APEOESP
58. Nosso sindicato foi parte importante da na Assembleia Legislativa e junto à nova gestão
resistência, participando das lutas contra todos da SEDUC obteve um substitutivo aprovado por
os ataques dos governos Bolsonaro e Doria e à unanimidade na ALESP. Hoje lutamos para que
escalada de preconceitos, discriminações e vio- seja implementado.
lência incentivados pelo governo de ultradireita. 64. Em 2017, impedimos a realização em São
Paulo da audiência pública que desfiguraria a
Fim do confisco e outras lutas Base Nacional Comum Curricular (BNCC), parte
da reforma do ensino médio imposto pelo go-
articuladas com mobilização e verno Temer. Neste momento a APEOESP está
atuação na justiça e na ALESP integrada ao movimento nacional Revoga Já a
59. A presença de uma deputada organica- Reforma do Ensino Médio, para que possamos
mente vinculada ao nosso sindicato tem sido ter um ensino médio que atenda aos interesses
fundamental para a defesa de nossos direitos. dos filhos e filhas da classe trabalhadora.
Além da referida prorrogação dos contratos da 65. Lutamos também contra a implementação
categoria O, essa atuação, juntamente com as do Programa de Ensino Integral (PEI), que exclui
bancadas de oposição e outros parlamentares, estudantes trabalhadores e amplia o assédio
foi decisiva para o projeto da casa aprovado moral contra professores, bem como contra as
por unanimidade que acabou com o confisco investidas do movimento escola sem partido e
de aposentados e pensionistas. contra as escolas cívico militares, derrotando-as
60. Lutamos agora pela devolução dos valores em diversos municípios.

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Defesa incondicional da vida reunião presencial do CER que definirá data da

tese
assembleia da APEOESP para setembro, após
66. Na luta em defesa da vida, durante a pan- o XXVII Congresso Estadual da APEOESP, na
demia, conseguimos adiar a volta às aulas pre- perspectiva da greve da nossa categoria por
senciais, preservando um número incalculável nossos direitos e reivindicações.

1
de vidas, fomos pioneiros na conquista da va-
Dias 25, 26 e 27 de agosto – XVI Congresso Estadual
cinação aos profissionais da educação, abrindo
da CUT – CECUT
caminho para essa conquista em nível nacional.
Também defendemos direitos de professores Dias 1, 2 e 3 de setembro – XXVII Congresso Estadual
e estudantes no processo de ensino remoto e da APEOESP
realizamos uma grande campanha de solida- Dia 5 de outubro – Marcha Nacional da Educação
riedade aos professores sem salários e outros – Brasília
segmentos vulneráveis. Nesse período difícil e Dias 19, 20, 21 e 22 de outubro – Congresso Nacional
complexo, inovamos no funcionamento virtual da CUT - CONCUT
das instâncias do sindicato e em nossas redes
de comunicação.
Principais eixos de luta
71.  Revogação do “novo” ensino médio e BNCC
Quando a categoria vem e ensino médio que atenda os interesses dos
primeiro, Uma se torna plural filhos da classe trabalhadora
67. O respeito à diversidade e o livre debate 72.  Contra a redução constitucional de verbas
de ideias pavimentam na APEOESP o caminho para a Educação de 30% para 25%
do aperfeiçoamento da democracia sindical, 73.  Revogação da LC 1374/22
exemplo para outros sindicatos e para as centrais 74.  Carreira aberta, justa e atraente
sindicais. Nesse caminho construímos a partici-
75.  Ampliar a organização e luta do magistério
pação proporcional e qualificada das diversas municipal construindo proposta de valori-
correntes nas instâncias do sindicato. zação da carreira.
68. Hoje temos na APEOESP uma Diretoria 76.  Revogação da LC 173/2020 – pelo desconge-
Estadual eleita com mais de 80% dos votos, lamento do tempo de serviço de 2020-2021
construída num processo de unidade entre
77.  Mesa permanente de negociação
quase 20 correntes que atuam na nossa enti-
dade, para continuarmos conduzindo lutas e 78.  Aplicação do reajuste do piso nacional no
campanhas em defesa dos direitos da categoria, salário base com repercussão na Carreira
da democracia e de educação pública, gratuita, 79.  Cumprimento da meta 17 do PNE/PEE
laica, de qualidade para todos e todas, conforme 80.  Aplicação correta da jornada do piso
o plano de lutas que aprovaremos neste XXVII 81.  Atividades Pedagógicas Diversificadas em
Congresso Estadual. local de livre escolha, falta-aula, faltas abo-
nadas e demais direitos
82.  Fim do ATPC remoto cumprido na escola
VI - PLANO DE LUTAS 83.  Classificação por tempo de serviço, cursos
69. A exemplo de momentos anteriores, a pro- e concursos e não por jornada
posta de Plano de Lutas será construída em
84.  Fim do fechamento de classes, contra salas
interlocução com outras forças políticas e apre-
superlotadas, por imediatos limites máximos
sentada diretamente ao Congresso.
de 25 estudantes no ensino fundamental I e
70. Neste momento, para debate nos Encontros 30 no ensino fundamental II e ensino médio,
Regionais Preparatórios, apresentamos: na perspectiva do máximo de 25 estudantes
Calendário: em todas as classes. Garantir a redução de
número de alunos em classes com estudante(s)
Dia 9 de agosto – Ato Nacional em Defesa da Edu- elegível(eis) à educação especial.
cação – Brasília
85.  Pela manutenção, ampliação e investimento
10 horas – Abraço no MEC no ensino noturno e EJA.
15 horas – Manifestação no estacionamento do 86.  Contra a terceirização.
anexo 2 da Câmara dos Deputados
87.  Concursos estadualizados, classificatórios,
De 1 a 19 de agosto – Encontros Regionais Prepara- com regras justas, a cada 2 anos, para to-
tórios ao XXVII Congresso Estadual da APEOESP das as vagas existentes – de imediato, no
Logo após os Encontros Regionais, será realizada mínimo, 100 mil vagas.

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88.  Concursos específicos para o ensino fun- 112.  Em defesa do meio ambiente, dos direitos

tese
damental. das mulheres, dos negros, da população
89.  Extensão das condições de estabilidade da LGBT e de todos os segmentos oprimidos
categoria F aos professores da categoria O 113.  Revogação das reformas trabalhista, da

1
até que haja concurso previdência e da Lei das Terceirizações
90.  Interrupção do Programa de Ensino Integral 114.  Por uma política fiscal que não penalize a
(PEI) e amplo debate sobre Educação inte- classe trabalhadora e tribute as grandes
gral na rede estadual de ensino fortunas e heranças
91.  Devolução dos valores descontados de
aposentados e pensionistas
92.  Ações políticas e jurídicas para combater VII - P ROPOSTAS DE
a reforma da previdência e o confisco no
âmbito dos municípios
ALTERAÇÕES ESTATUTÁRIAS
93.  Retomada da campanha contra o assédio ADITIVA
moral 115. Art. 3º - novo:
94.  Campanha em defesa da educação especial d) a possibilidade de reuniões, encontros, con-
e contra a precarização de seus profissionais ferências, congressos e assembleias de todas
95.  Campanha pelo direito dos professores à as instâncias do sindicato serem realizadas de
alimentação escolar modo remoto, a depender do entendimento da
própria instância ou da instância responsável
96.  Formação dos Conselheiros do FUNDEB
por sua convocação, sobre sua conveniência e
para fortalecer a atuação da APEOESP nos
necessidade.
Conselhos Municipais do FUNDEB
97.  Realizar ações e mobilizações contra a am-
ADITIVA
pliação da municipalização do ensino 116. Art. 3º - novo:
98.  Participar da campanha nacional pela redu- e) a existência de Conselho Político como instân-
ção da taxa de juros cia de garantia de governabilidade da entidade
e de resolução de problemas de ordem política
99.  Campanha permanente contra o racismo
interna, onde têm assento todas as forças que
100.  Exigir da SEDUC a implementação da Lei integram a Diretoria Estadual Colegiada que
10.639/03 assim o desejarem.
101.  Retorno dos(as) profissionais da Educação
ADITIVA
especialistas na Educação Especial
117. Art.10, § 3º:
102.  Em defesa de atendimento de qualidade
no IAMSPE Poderão, a juízo do Conselho Estadual de Repre-
sentantes, depois de parecer dado pela Diretoria
103.  Por um Conselho de Administração paritário
Executiva, que deverá analisar o impacto orça-
e deliberativo no IAMSPE
mentário e financeiro do deferimento, receber
104.  Lutar pelo direito dos(as) professores(as) descontos progressivos aqueles que cumprirem
da categoria O ao atendimento no IAMSPE cumulativamente os seguintes requisitos:
105.  Fortalecer a luta na CCM regional, municipal ADITIVA
e estadual com as entidades e somar na luta
118. Art. 10 - § 4º - última linha - após sindicato:
conjunta na Frente Parlamentar em Defesa
do IAMSPE “ou outro qualquer, a juízo da decisão do
Conselho Estadual de Representantes, tal qual
106.  Por uma política de inclusão da juventude
descrito no caput.”
107.  Pela criação do coletivo de escritores na
APEOESP SUBSTITUTIVA
108.  Pela criação da secretaria de combate ao 119. Art. 16 - inciso c – nova redação:
racismo na APEOESP Em data marcada pelo CER, com indicativo da
109.  Cobrar do Governo Estadual políticas espe- Diretoria Executiva, até no máximo 30 dias de-
cíficas para a população idosa pois da proclamação do resultado das eleições
gerais, para posse da nova Diretoria eleita.
110.  Incentivar a participação de professores(as)
jovens nas instâncias da APEOESP, assim ADITIVA
como nas organizações que as quais somos 120. Art. 22 – novo inciso:
filiados (CUT, CNTE, FETE). q) propor e implementar alterações estatutárias,
111.  Pela humanização das perícias médicas ad referendum do congresso da entidade, quan-

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do houver fato que o próprio CER reconheça SUBSTITUTIVA

tese
como fundamento para tanto, inclusive as que
125. Art. 26 - § 4º - alínea d:
promovam alterações em cargos da diretoria
executiva e suas atribuições, bem como no Substituir 34 (trinta e quatro) cargos por 39
número de diretores. (trinta e nove) cargos;

1
ADITIVA SUBSTITUTIVA
121. Art. 23 - § 10 126. Art. 26 - § 4º - alínea e – nova redação:
122. No intervalo entre a realização de dois Congressos Para a situação prevista na alínea “c”, a pro-
Estaduais da APEOESP, a Diretoria do sindicato porcionalidade será aplicada sobre 117 cargos,
convocará Plenária Intercongressual, ad referendo subtraindo-se o número de cargos já escolhidos
do Conselho Estadual de Representantes, ao qual pela chapa.
cabe fixar todas as normas a respeito. SUBSTITUTIVA
SUBSTITUTIVA 127. Art. 28 (caput) – nova redação:
123. Art. 24 (caput) – nova redação: Aos Presidentes, em cogestão, compete:
A Diretoria Estadual Colegiada é constituída de SUBSTITUTIVA
120 membros, dos quais 41 integram a Diretoria 128. Art. 28 - alínea g – nova redação:
Executiva, esta composta dos seguintes cargos:
Abrir, rubricar e encerrar os livros da entidade
1º Presidente, 2º Presidente, 1º Secretário Geral,
“APEOESP – Sindicato Estadual”, podendo de-
2º Secretário Geral, Secretário de Finanças,
legar tais atribuições aos Secretários Gerais;
vice Secretário de Finanças, Secretário de Ad-
ministração, vice Secretário de Administração, SUBSTITUTIVA
Secretário de Patrimônio, vice Secretário de 129. Art. 28 - alínea h – nova redação:
Patrimônio, Secretário de Assuntos Educacionais Movimentar, com os Secretários de Finanças,
e Culturais, vice Secretário de Assuntos Educa- as contas da entidade “APEOESP – Sindicato
cionais e Culturais, Secretário de Comunicações, Estadual”.
vice Secretário de Comunicações, Secretário de
Formação, vice Secretário de Formação, Secre- SUBSTITUTIVA
tário de Legislação e Defesa do Associado, vice 130. Art. 29 (caput) – nova redação:
Secretário de Legislação e Defesa do Associado, Aos Primeiro e Segundo Secretários Gerais, em
Secretário de Política Sindical, vice Secretário de cogestão, compete:
Política Sindical, Secretário de Políticas Sociais,
SUBSTITUTIVA
vice Secretário de Políticas Sociais, Secretário
para Assuntos de Aposentados, vice Secretá- 131. Art. 29 - alínea c – nova redação:
rio para Assuntos de Aposentados, Secretário Substituir os Presidentes em seus impedimentos
para Assuntos da Mulher, vice Secretário para ou ausências.
Assuntos da Mulher, Secretário para Assuntos SUPRESSIVA
Municipais, vice Secretário para Assuntos Mu-
132. Art. 32 – alínea b
-nicipais, Secretário de Direitos Humanos, vice
Secretário de Direitos Humanos, Secretário de ADITIVA
Assuntos Relativos à Saúde do Trabalhador, vice 133. Art. 33 - nova alínea:
Secretário de Assuntos Relativos à Saúde do e) superintender a gestão das Colônias de Férias
Trabalhador, Secretário de Assuntos Relativos dos Professores;
às Pessoas com Deficiência, vice Secretário de
Assuntos Relativo às Pessoas com Deficiência,
ADITIVA
Secretário Geral de Organização, Secretário 134. Novo Art. 42:
de Organização da Capital, Secretário de Or- Ao Secretário de Direitos Humanos, compete:
ganização para a Grande São Paulo e quatro a) articular, formular e acompanhar questões re-
cargos de Secretário de Organização para o lativas à política de direitos humanos da entidade,
Interior. com vistas a capacitar as instâncias do sindicato;
SUBSTITUTIVA b) organizar banco de dados sobre violação dos
124. Art. 26 - § 4º - alínea a – nova redação: direitos humanos, particularmente nas redes
Os cargos de 1º Presidente e 2º Presidente oficiais de ensino do Estado de São Paulo, e em
não serão submetidos à escolha e não serão um âmbito geral, em qualquer outro ambiente
computados para fins de aplicação da razão de social;
proporcionalidade, pertencendo naturalmente à c) organizar mecanismos de debates sobre os
chapa que computar o maior número de votos; direitos humanos nas instâncias sindicais;

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d) realizar a integração da secretaria com ins- ADITIVA

tese
tâncias congêneres de entidades da sociedade
141. Art. 50 - § 4º - última linha:
civil responsáveis pela política interna de direitos
humanos; Acrescentar, após “Colegiada”, “e das executivas
das subsedes”;

1
ADITIVA
SUBSTITUTIVA
135. Novo art. 43:
142. Art. 50 - § 5º - nova redação:
Ao Secretário de Assunto Relativos à Saúde do
Trabalhador, compete: Cada chapa poderá indicar um representante,
obrigatoriamente associado da entidade, para
a) articular, formular e acompanhar questões
fiscalizar os trabalhos das Comissões Eleitorais,
relativas à saúde do trabalhador das redes pú- Estadual ou Regionais, a depender da natureza
blicas de ensino do Estado de São Paulo, com da chapa, e as atividades de coleta e apuração
vistas a capacitar as instâncias do sindicato e dos votos.
aconselhar ao sindicato medidas administra-
tivas e judiciais que possibilitem melhoria nas ADITIVA
condições de trabalho visando diminuição de 143. Art. 50 - Incluir novos parágrafos:
problemas de saúde relacionados ao trabalho; § 6º - Os membros dos Conselhos Estadual e
b) organizar banco de dados sobre a saúde dos Regionais de Representantes poderão ser eleitos
trabalhadores das redes públicas e oficiais de individualmente ou através de chapas.
ensino do Estado de São Paulo; § 7º - A decisão sobre a modalidade de eleição
ADITIVA dos membros dos Conselhos Estadual e Regio-
136. Novo Art. 44: nais de Representantes, se individualmente ou
por chapas, caberá ao Conselho Estadual de
Ao Secretário de Assuntos Relativos às Pessoas
Representantes, antes de cada pleito.
com Deficiência, compete:
§ 8º - Caso a decisão do Conselho Estadual
a) articular, formular e acompanhar questões
de Representantes recaia sobre a eleição por
relativas aos trabalhadores com deficiência
chapas, cada chapa deverá apresentar, obri-
das redes públicas de ensino do Estado de São
gatoriamente, candidatos(as) de, no mínimo,
Paulo, com vistas a capacitar as instâncias do
50% das escolas na área de abrangência das
sindicato e aconselhar ao sindicato medidas
subsedes.
administrativas e judiciais que possibilitem me-
lhoria nas condições de trabalho dessas pessoas; ADITIVA
SUBSTITUTIVA 144. Art. 51 (caput) e § 1º:
137. Art. 45 – nova redação: Acrescentar, após “Eleitoral”, “Estadual”.
Aos Vice-Secretários de cada secretaria compete SUBSTITUTIVA
auxiliar o secretário titular em suas atribuições. 145. Art. 51 - § 2º - nova redação:
SUBSTITUTIVA A Comissão Eleitoral Estadual registrará em
138. Art. 46 (caput) – última linha: livro próprio as chapas concorrentes ao pleito
estadual até 30 dias antes das eleições.
Substituir “dentre os membros nela inscritos para
o pleito estadual” por “preferencialmente, dentre ADITIVA
os membros nela inscritos para o pleito esta- 146. Art. 52 e Art. 53:
dual, especialmente quando houver membros Acrescentar após “concorrentes”, “ao pleito
nessas condições, e quando não houver, dentre estadual”.
quaisquer membros do Conselho Estadual de
Representantes.” SUBSTITUTIVA
ADITIVA 147. Art. 54 (caput) – nova redação:

139. Art. 48 - § 3º - segunda linha: A Comissão Eleitoral Estadual expedirá normas


especificando modelos de cédulas e atas elei-
Após “Subsede/Regional” e antes de “esses
torais e condições de apuração dos votos para
membros”, acrescentar: “quando não houver
todas as instâncias.
eleição para o CER por chapas”.
ADITIVA
ADITIVAS
148. Art. 55 (caput):
140. Art. 50 - § 1º, § 2º, § 3º - no início de cada pa-
rágrafo, acrescentar: Acrescentar, após “Eleitoral”, “Estadual”.
“Considerando as eleições para a DEC”.... e segue SUBSTITUTIVA
o texto. 149. Art. 57 - § 1º - nova redação:

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Para efeito do disposto no capítulo deste artigo, SUBSTITUTIVA

tese
consideram-se suplentes dos representantes 154. Art. 62 (caput) e seu Parágrafo Único – nova
estaduais os Conselheiros Regionais não ocu- redação:
pantes de cargos no Conselho Estadual de
Haverá único pleito para a escolha dos represen-

1
Representantes.
tantes estaduais e regionais, considerando-se
SUBSTITUTIVA eleitos para o Conselho Estadual de Represen-
150. Art. 57 - § 2º - nova redação: tantes, aqueles que compuserem as chapas que
Consideram-se suplentes do Conselho Re- forem mais bem votadas ou pelos candidatos
gional de Representantes os candidatos que que foram mais bem votados, caso a eleição não
compunham a chapa que nomeou o conse- se dê por chapas, e que reunirem condições de
lheiro a ser substituído, caso as eleições para compor as executivas de cada subsede.
essa instância tenha ocorrido por chapa, que Parágrafo único- Aplicam-se às eleições regionais
não esteja, no momento da necessária subs- todas as regras do princípio da proporcionalida-
tituição, ocupando tal cargo, ou, no caso de de aplicadas às eleições para a Diretoria Estadual
eleição individual, o conselheiro regional com Colegiada, adaptadas para a eleição regional,
mais do que 5% dos votos, que não esteja quando as eleições ocorrerem por chapas.
ocupando esse cargo. SUBSTITUTIVA
SUBSTITUTIVA 155. Art. 63 - § 1º - último parágrafo
151. Art. 58 (caput) – nova redação: Substituir “pelo Secretário Geral” por “pelos
As eleições serão feitas pelo voto direto e Secretarios Gerais”.
secreto em chapas, constituídas em conven- SUBSTITUTIVA
ções regionais, cujas atas deverão ser depo- 156. Art. 70 (caput) – nova redação:
sitadas no momento da inscrição das chapas, Este Estatuto poderá ser alterado, no todo ou
e que terão executividade junto ao CER da em parte, apenas por deliberação da maioria ab-
entidade, naquilo que pertine aos acordos soluta dos participantes do Congresso Sindical,
políticos ali descritos, garantida a inscrição ou, em situações emergenciais, pelo Conselho
de chapas individuais, ou, pelo voto direto e Estadual de Representantes, “ad referendum”
secreto a candidatos inscritos para o pleito, do Congresso Sindical.
não agrupados em chapas.
SUBSTITUTIVA
ADITIVA 157. Art. 70 - § único:
152. Art. 59 - § 1º - acrescentar, no final do parágra-
As alterações estatutárias implementadas pelo
fo, após “eleito”: quando a eleição não ocorrer
CER serão levadas a registro em cartório, e
por chapa.
implementadas imediatamente, mas perderão
SUBSTITUTIVA eficácia caso não referendadas pelo Congresso
153. Art. 61 – nova redação: Sindical, situação essa que será regularizada
A inscrição das chapas ou dos candidatos que com novo registro em cartório da disposição
concorrerão às eleições aos Conselhos Estadual que deixar de ser aplicada.
e Regional de Representantes é feita na Reunião Assina esta tese:
de Representantes (RR) de sua região. ARTICULAÇÃO SINDICAL

14  JULHO/2023 - CADERNO DE TESES


caderno de teses 2023.indd 14 01/08/2023 00:10:19
tese
Tese da Corrente Sindical Nacional da LPS
– Luta Pelo Socialismo
Combater a Reforma Empresarial da
2
Educação

antirrussos na Ucrânia, e, assim, questões como a


I – CONJUNTURA da anexação da Criméia (onde se encontra a base
Internacional de Sebastopol, uma importante base naval para
a marinha russa no Mar Negro e um contingente
1. Desde 2008, de forma mais acentuada, o ca- significativo de populações russas) e das regiões
pitalismo se arrasta em crise e, em escala global, de Donetsk e Luhansk, que têm um contingente
como práxis comum do capital, ascenderam, na russo significativo, tornaram-se pretexto para que
última década, governos de extrema-direita, o imperialismo estadunidense fomentasse uma
com o intuito de retirar direitos dos trabalha- guerra cujo objetivo era impor sanções à Rússia e
dores e manter os lucros dos donos dos meios atingir seu principal parceiro no Oriente, a China.
de produção intactos. Figuras como Donald
4. A guerra na Ucrânia colocou na ordem do
Trump, nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro, no
dia a questão da multipolaridade geopolítica
Brasil, Marine Le Pen, na França, Boris Johnson,
a partir da demonstração de força bélica e
no Reino Unido, Giorgia Meloni, na Itália, Vo-
preparo diante das sanções que o governo
lodymyr Zelensky, na Ucrânia, e Fumio Kishida,
russo tem apresentado. A dissolução da OTAN
no Japão, conquistaram capilaridade eleitoral e,
e o direito da Rússia de defender seu território
em sua maioria, sendo eleitos, nesse período.
e sua economia são pontos que reforçam a
2. Em fevereiro de 2022, a Rússia, em reação contestação do domínio unipolar dos Estados
às tentativas da Organização do Tratado do Unidos e da subserviência da União Europeia
Atlântico Norte (OTAN), de cercar seu território, a esse domínio. O fim de um império agressivo
iniciou uma série de operações militares na e violento, que promove guerras e sanções
Ucrânia, um país do leste europeu que está em oprimindo e explorando populações de países
guerra civil desde 2014, quando se iniciaram os de todo o planeta é de interesse da classe
protestos denominados de Euromaidan (“praça trabalhadora. A resposta do governo russo ao
euro”) como parte da guerra híbrida preparada expansionismo da OTAN pode abrir brechas para
pelo imperialismo ocidental, que depuseram o a organização da luta contra o sistema, caso a
antigo presidente do País, Viktor Yanukovych, classe trabalhadora das potências imperialistas,
pró Rússia. Esses protestos contaram com re- lideradas pelos EUA, se levante contra o preço
cursos de organizações norte-americanas e da guerra, que recai sobre seus ombros. Ciente
europeias, e alinharam o governo ucraniano desse risco, a burguesia ocidental, há anos,
ao Ocidente. Desde o fim da União Soviética, a prepara a ascensão da extrema-direita e tenta
Rússia vem sendo ameaçada pela progressiva canalizar as revoltas populares para o campo
expansão da OTAN, o órgão oficial do imperia- dos nacionalismos nazifascistas, como fez na
lismo estadunidense, que tem tropas, bases e Ucrânia.É preciso debater as contradições de
mísseis ao redor do país. classe contidas nesta guerra e, assim, fortalecer
3. O financiamento estadunidense che- a ação revolucionária dos trabalhadores contra
gou às mãos de diversos grupos neonazistas e a burguesia que cria as guerras.

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5. O aprofundamento das relações entre China 9. Na Europa, a destruição do “Estado de Bem-

tese
e União Europeia através do “Novo Caminho -Estar Social” é a tônica. A aprovação da Reforma
da Seda”, ou seja, uma série de ligações in- da Previdência na França, pelo presidente Em-
fraestruturais que interligariam os mercados manuel Macron, levou a classe trabalhadora do
chineses e europeus é visto como ameaça aos país às greves e protestos e, por toda a Europa,

2
interesses econômicos dos Estados Unidos que, grupos de extrema direita, xenófobos e racistas,
apesar de ainda muito fortes, encontram na se fortalecem em torno de um chauvinismo
China um inimigo à altura. A Rússia se envolve que no passado levou o mundo a duas grandes
diretamente nessas questões à medida que a guerras de proporções catastróficas para o povo.
Europa é dependente do seu gás natural, princi- 10. Em uma tentativa de salvar o que lhe resta, o
palmente os países com baixo desenvolvimento velho imperialismo tenta apertar o cerco sobre
de tecnologia nuclear, como Itália e Alemanha. o continente africano. Porém, não é uma tarefa
No sentido militar, a aliança sino-russa é outra simples pois a China tem investido em diversos
forte ameaça. projetos na África, incluindo a construção de
6. A luta que se trava no território ucraniano infraestrutura, a partir de assistência financeira
entre os países da OTAN contra a Rússia e, e tecnológica para muitos países do continente.
por tabela, a China, pode ser fator decisivo de De acordo com dados da Conferência das Na-
aceleramento da desdolarização. Hoje, grande ções Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento
parte da economia mundial ainda está centra- (UNCTAD), em 2020, a China foi o maior parceiro
lizada no dólar, porém, tal hegemonia tende a comercial da África, respondendo por cerca de
ser superada e isso está diretamente ligado a 17% do comércio total do continente.
própria desagregação da economia imperialista
norte-americana. O dólar estadunidense, tido A América Latina e as lições do Chile
como moeda forte da economia mundial, uti-
11. A América Latina, tradicional quintal do
lizada internacionalmente, desde o pós-guerra,
imperialismo estadunidense, vive também uma
como referência nas transações do comércio
conturbada situação política, fruto das dispu-
de petróleo (PetroDóllar), principal fonte de
tas pela hegemonia econômica mundial. Em
energia do mundo, de commodities, comprado
2019, o mundo assistiu a revolta da população
para reservas cambiais e acordos comerciais
chilena contra os ataques neoliberais do então
bilaterais, vem sendo substituído.
presidente Sebastián Piñera. No entanto, sem
7. A força dessa moeda hegemônica é anco- uma orientação centralizada, os protestos, que
rada no poder bélico e financeiro dos Estados refluíram devido à violenta repressão e à chegada
Unidos, que elevou o país como principal po- da pandemia, embora tenham sido responsáveis
tência imperialista no pós-guerra, com uma por levar ao poder um governo de esquerda,
feroz capacidade de impor sanções, embargos não conseguiram barrar as intenções da direita
econômicos e destruição à países nas mais di- neoliberal que precisam do conservadorismo
versas regiões do mundo. Entre outras coisas, herdado do pinochetismo para se concretizarem.
o fim do uso do dólar como arma de opressão 12. A eleição de Gabriel Boric, representante de
imperialista contra os povos do chamado Sul uma aliança de esquerda, não conseguiu evitar
Global (todos os países cuja história de colo- a reorganização da direita que impediu, por
nialismo e ou neocolonialismo gera grande meio de um plebiscito realizado em setembro de
desigualdade social) pode estar mais próximo 2022, a adoção da nova Constituição elaborada
do que se imagina. com a participação de representantes de gru-
8. O fortalecimento e ampliação do bloco pos historicamente marginalizados pelo Estado
formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África chileno, que ganharam espaço na Assembleia
do Sul (BRICS) será importante nesse processo graças à participação do eleitorado jovem e
de superação da ordem unipolar controlada progressista nas eleições. A nova Carta Magna
pelos EUA. Há, de fato, um movimento de seria uma resposta ao clamor das manifestações
ampliação no uso de moedas emergentes em nas ruas.
pagamentos internacionais que pode ganhar 13. No processo para a formação de uma nova
impulso com a inclusão de mais países no BRICS Assembleia Constituinte, com a direita e a
e a ampliação do escopo das parcerias entre os extrema-direita mais organizadas para controlá-
poderes emergentes e os demais países do Sul -lo, utilizando-se, sobretudo, dos fracassos eco-
Global. Para o conjunto da classe trabalhadora nômicos e sociais do governo Boric, a extrema
mundial, é significativa a desagregação do país direita, representada pelo Partido Republicano
central do imperialismo, os donos da emissão (PR) de José Antonio Kast, saiu vitoriosa. No
do dólar, os EUA. entanto, a necessidade que a direita tradicional

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tem de se aliar com a extrema direita fascista Segunda Guerra, aprofundada pela pandemia da

tese
demonstra a crise sistêmica da burguesia, cujo Covid-19, com uma política genocida que colocou
projeto econômico foi rechaçado nos protes- o Brasil em segundo lugar no número de mortes
tos de 2019. O extremismo fascista é a solução no mundo. A rejeição popular a essa política se
encontrada pela burguesia para impor pela tornou instrumento de pressão para disciplinar

2
força, e com apoio de pautas moralistas, racis- Bolsonaro nos moldes da velha política de acordos
tas, machistas e homofóbicas, sua política de que quase garantiu sua reeleição em 2022.
exploração da classe trabalhadora. 19. A eleição, pela terceira vez, de Luiz Inácio
14. A dura lição para a esquerda é a de que as Lula da Silva e a volta do PT ao poder em 2023
pautas identitárias, que pregam o reconheci- só foram possíveis a partir da construção de
mento das diferenças, sem apontar o caminho uma Frente Amplíssima, que cobra um preço alto
para o fim da desigualdade econômica, não são na composição do novo governo. A operação
capazes de fazer frente à luta de classes que Lava Jato, como instrumento de lawfare, e o
mobiliza a direita em defesa de seu projeto de governo Bolsonaro cumpriram seu papel como
poder. A classe trabalhadora deve participar agentes da política imperialista estadunidense
da política institucional burguesa para ocupar ao destruir a economia nacional em favor das
espaços e disputar as tribunas em defesa dos corporações estrangeiras, num cenário em que
interesses populares, mas não pode nutrir ilu- o país perdeu quase metade de seu parque in-
sões nessa política. Somente a luta organizada dustrial nos últimos trinta anos, fruto da maior
estrategicamente para a derrubada do sistema lucratividade da exploração do minério e das
capitalista pode garantir avanços seguros em commodities do agronegócio.
direção à verdadeira democracia, controlada 20. Lula foi eleito em uma campanha impulsio-
pela maioria da população. nada por uma plural mobilização popular, for-
15. A ausência de um partido de esquerda forta- mação de comitês organizados por movimentos
lecido para nortear os debates e manter aqueles sociais , em todo o país. O movimento sindical
que são descentralizados firmes diante de uma foi unânime no apoio à candidatura Lula e de-
política tática para barrar o neoliberalismo, cisivo para a derrota do uso sem precedentes
evitou que as exigências da população nos pro- da máquina do Estado a favor da reeleição de
testos levassem o Chile a uma efetiva guinada à Bolsonaro.
esquerda. Pelo contrário, ao abandonar as ruas, 21. Eleito com a diferença de apenas 2,1 milhões
em nome da crença de que poderia controlar a de votos, Lula enfrenta, no plano interno, uma
criação de uma nova constituição, a esquerda composição predominantemente conservadora
chilena deu brechas para o recrudescimento da e neoliberal do Congresso Nacional; o apare-
extrema direita pinochetista, que se apresenta lhamento e apoio ideológico de parcelas ma-
como solução para as crises de poder no país. joritárias do aparato repressivo do Estado (das
Forças Armadas às polícias estaduais e guardas
Brasil municipais, passando pelas polícias sob jurisdição
do governo federal); a persistência de oposição
16. A chegada de Bolsonaro ao poder, em de extrema direita armada, mobilizada e finan-
2018, adicionou elementos fascistas à política ciada e a permanência das políticas neoliberais
de aprofundamento do neoliberalismo, iniciada aplicadas por Bolsonaro, como a autonomia do
por Michel Temer, após o golpe de 2016 que Banco Central que mantém a taxa de juros em
derrubou a presidenta Dilma Roussef, do PT. níveis que impedem o crescimento do país.
17. A função histórica do fascismo consiste em 22. No plano da política externa, o mundo ca-
alterar, pela força e a violência, as condições minha para a formação de blocos em torno das
de reprodução do capital em favor dos grupos potências que disputam a hegemonia econômi-
decisivos do capitalismo monopolista em crise. A ca, mais precisamente, Estados Unidos e China.
sanha persecutória ao Partido dos Trabalhadores Após anos de tensões diplomáticas e desprezos
exemplificou o caráter classista dos ataques mo- retóricos sobre a aliança Brasil e China, o novo
ralistas, afinal, mesmo as direções do PT tendo governo dá indícios de que será restaurada as
se adaptado à lógica da conciliação de classes, o cooperações estratégicas que vigoraram entre
partido precisou ser alijado do cenário de poder 2004 e 2016. Fato comprovado pela indicação
devido a sua base social e origem operária. da ex-presidente Dilma para a presidência do
18. Bolsonaro permaneceu no poder por meio Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), funda-
da “velha política” de acordos com o Congresso do pelos países do BRICS e que se pretende um
Nacional e com o poder judiciário e conseguiu banco de desenvolvimento em escala global, em
passar “ileso” pela pior crise mundial desde a contraponto à hegemonia do Fundo Monetário

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Internacional (FMI), um passo fundamental para mobilização e ganhar as ruas. Contra a política

tese
o multilateralismo. de ação direta utilizada pela burguesia é preciso
23. Por ser o único país ocidental entre os impor um conjunto de eixos à ação direta dos
BRICS e não tendo saídas militares e logísticas trabalhadores.
para as rotas comerciais eurasianas, o Brasil

2
ainda é frágil ao se opor aos jogos de poder
do Ocidente. As posições do governo Lula em II - POLÍTICA EDUCACIONAL
relação à guerra da Ucrânia demonstram sua 29. A escola pública e gratuita é uma conquista
dificuldade em se contrapor aos interesses da da classe trabalhadora. A educação básica e
OTAN, capitaneada pelos EUA. superior é uma das últimas áreas que, no Brasil,
24. Os fatos mostram que o direcionamento da ainda permanecem sendo majoritariamente
luta apenas para o terreno eleitoral não resolve públicas. Justamente por isso, é alvo constante
os problemas da classe trabalhadora. A política de ataques por parte dos interesses privatistas,
de conciliação de classes revela uma guerra suja ávidos por transformar esse setor em mais uma
que tem como alvos a classe trabalhadora e a fonte de lucros.
soberania nacional e deve ser enfrentada com os
métodos da luta de classes. Para se se consolidar
um projeto político de poder da classe traba- Novo Ensino Médio e a Base Nacional
lhadora os métodos da luta de classes devem Comum Curricular
ser compreendidos e adotados com disciplina e
30. O processo de “precarizar para privatizar” foi
rigor. Até lá, as táticas adotadas pelo governo Lula
acelerado na educação pública. Várias medidas
alcançam conquistas limitadas, como a Reforma
foram sequencialmente colocadas em prática e
Tributária, mas fundamentais ao criarem brechas
vão desde a defasagem educacional nas escolas
para a classe trabalhadora avançar.
públicas, até o corte de gastos no ensino básico
25. O governo Lula coloca em evidência a e superior.
pressão pelo fim dos projetos de privatizações
31. No governo Temer, o Conselho Nacional de
das estatais, bem como pela reestatização do
Educação (CNE) ficou sob o controle do Ministé-
que foi privatizado, como a Eletrobras. Também
rio da Educação, sendo impedida a participação
traz à tona o embate contra o retrocesso social,
das entidades representativas dos professores.
pautado no discurso conservador, patriarcal e
Assim, em 2017, foi aprovada a Base Nacional
repressor, que fez aumentar a violência contra
Comum Curricular (BNCC) do Ensino Fundamen-
os que já são mais oprimidos (o povo preto e
tal, cujo objetivo central é preparar alunos para
pobre das periferias e favelas, as mulheres, os
avaliações externas, através de um “catálogo”
indígenas, camponeses, sem-terra, quilombolas,
de competências e habilidades com caráter
LGBTQI+ etc.).
gerencialista para beneficiar o setor privatista.
26. A necessária reação aos ataques aos trabalha- Em 2018, o CNE aprovou a BNCC do Ensino
dores tornou-se a cada dia mais evidente e criou Médio, que vai além, pois dissolve disciplinas e
as condições para a superação da crise em que abre as portas para a educação à distância. A
se encontram as lideranças dos trabalhadores e Reforma do Ensino Médio é exemplo de política
do controle burocrático sobre a luta, sob pena educacional moldada para favorecer o setor
de se ver o retorno da extrema direita ao poder. privado que, através dos mais variados tipos
Não se deve ignorar a força com que a imprensa de parcerias, irá “abocanhar” fartos recursos
corporativa brasileira trabalha para criar um nome públicos sem melhorar, em nada, a qualidade
de direita para as próximas eleições. da Educação.
27. A luta pela revogação do Novo Ensino Médio 32. A BNCC e o Novo Ensino Médio flexibilizam
é um dos grandes desafios das organizações a estrutura funcional de professores e das dis-
sindicais que apoiam o governo, haja vista ciplinas a fim de excluir, ainda mais, os filhos da
que a equipe que se formou no Ministério da classe trabalhadora das escolas e precarizar o
Educação (MEC) é, em essência, representante trabalho docente. Isso significará evasão esco-
dos interesses dos reformadores empresariais lar e educação de péssima qualidade para os
de Educação Pública. É preciso atuar junto aos pobres, bem como o desemprego em massa
trabalhadores, nos locais de trabalho, moradia e para os docentes.
nas suas organizações de base para desenvolver
a luta contra todos os mecanismos políticos que
protegem a exploração capitalista. Mecanismos da privatização
28. É preciso unificar os movimentos combativos 33. A reforma empresarial da educação, cujos
da classe operária, organizar uma ampla objetivos são camuflados por um discurso tecno-

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crático que confunde qualidade com mercantili- no Médio, que destrói a possibilidade de os

tese
zação Ao fingir “socorrer” a Escola Pública, em- jovens da escola pública cursarem as melhores
presários bilionários sugam os cofres públicos, universidades, quanto as reformas trabalhista
sustentados pelo suor da classe trabalhadora. e da previdência, que os impedem de terem
emprego e vida dignos.

2
34. Para a burguesia em crise não é suficiente
atuar no setor de escolas privadas, no merca- 39. Em São Paulo, a terceirização da contratação
do editorial e de material didático. As verbas de gestores, por meio da parceria chamada
do MEC constituem um filão generoso a ser “Líderes Públicos, a começar pelos dirigentes
explorado pelas grandes corporações. de ensino, tem por objetivo alinhar gestores
35. A Fundação Lemann financia estudos de à política da reforma empresarial e aumentar
jovens em universidades de elite no exterior, os os mecanismos de controle sobre professores
Lemann fellows, para que se transformem em e estudantes, retirando do governo a respon-
políticos que interfiram nas políticas públicas sabilidade de garantir o bom desenvolvimento
de Educação, em favor dos interesses do setor da educação.
privado. O exemplo de destaque desta política
é a deputada Tábata Amaral. Arrocho salarial
36. Por trás dos projetos de parcerias não existe 40. A ausência, há 10 anos, de concurso público
nenhum interesse em promover uma educação para ingresso na carreira do magistério estadual
que vise a formação humana integral, verda- paulista, impôs a realidade do trabalho preca-
deiramente democrática. A propaganda dos rizado nas escolas, uma vez que, desde 2009,
projetos privatistas como os atuais modelos de os docentes são contratados pela Lei 1093 que
Escolas de Tempo Integral, vende a possibilidade criou a contratação sem os direitos históricos
de se melhorar o desempenho dos alunos nas conquistados pela categoria em suas lutas.
avaliações externas, através do apoio das funda-
41. A abertura de apenas 15 mil vagas fez do
ções privadas. Porém, o modelo gera exclusão
concurso protagonizado por Tarcísio de Freitas
ao fechar milhares de salas de aulas e turnos
mais um instrumento de opressão dos profes-
no País todo, ao mesmo tempo em que usa a
sores contratados, que já somam mais de 100
ideia de meritocracia para mascarar a realida-
mil na rede, algo perto de 50% da categoria.
de de desemprego causada pelas políticas de
Além disso, o governo usou o concurso para
austeridade. No Ceará, estado do atual Ministro
uma grande farsa midiática. A Secretaria de
da Educação, Camilo Santana, do PT, 38% dos
Educação e os meios de comunicação divul-
jovens em idade escolar estão fora das escolas.
garam cargos cujos salários variam de 5 a 13
37. Não são simplesmente os serviços de edu- mil reais, algo inexistente na carreira docente
cação e de ensino que estão sujeitos às formas paulista. O concurso admitirá profissionais para
de privatização, mas a própria política de edu- trabalhar sob a “nova carreira” instituída pela lei
cação – por meio de assessorias, consultorias, 1374, aprovada em março de 2022, que destruiu
pesquisas, avaliações e redes de influências. mais direitos da categoria.
Alegando falta de “produtividade” da escola, o
42. Para os contratados, a Lei 1374 prevalece
desempenho em avaliações nacionais é usado
desde o ano passado e um dos pontos perigosos
para justificar a necessidade de apoio vindo do
é a transformação de salários em subsídios, que
setor privado.
retira a proteção legal que a remuneração por
salário tem e pode representar consequências
São Paulo, privatização a galope futuras na retirada de mais direitos.
38. Em São Paulo, o governo de Tarcísio de 43. A Lei 1374 acabou com o direito das Aulas
Freitas, Republicanos, amplia os processos de de Trabalho Pedagógico em local de livre esco-
privatização já bastante avançados pelos go- lha (ATPL), criando as Atividades Pedagógicas
vernos tucanos que o antecederam. Mantém as Diversificadas (APDs), cumpridas obrigatoria-
escolas sucateadas, sem infraestrutura para o mente na escola. Os contratados, chamados
bom desenvolvimento das atividades docentes equivocadamente de Categoria O, são obriga-
enquanto despeja verbas milionárias nos cofres dos a cumprirem a jornada integralmente no
de organizações privadas, sem que isto repre- interior de escolas que não possuem sequer
sente melhoria nas condições de trabalho dos ambiente propício para a sua permanência.
docentes. Os mesmos empresários parasitas que Estafa, alimentação inadequada e desrespeito
inventam modismos hipócritas, como a oferta com as exigências da profissão estão causando
de uma disciplina voltada para construção de desestímulo e adoecimento.
“projeto de vida”, apoiam, tanto o Novo Ensi- 44. O edital do concurso apontou para outro

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problema: o resultado poderá ser utilizado na manter o programa, sob controle estadual. Hoje

tese
classificação dos professores para a atribuição existem mais de 200 escolas nesse modelo no
de aulas em caráter temporário. país, que submetem alunos e professores a uma
45. A chamada “nova carreira” é opcional para os brutal repressão. Além de favorecer uma corpo-
ração que não tem relação com a Educação, ao

2
efetivos e a adequação à lei obrigatória para os
contratados, que não têm carreira, ou seja, não colocar agentes despreparados para lidar com
têm direito a evoluções e tornaram-se obrigados o diálogo e sempre adeptos da repressão pela
a cumprir a jornada integralmente na escola, a força, as escolas cívico-militares eliminam a pos-
partir do início de 2023. O “atrativo” foi o salário sibilidade de debates que elevem o senso crítico
inicial acima do ganho real da maioria esmaga- dos alunos e contestem as ideias burguesas. Uma
dora da categoria, que se encontra com salários forma de repressão à pluralidade de pensamento
arrochados, abaixo do piso nacional, mesmo nas instituições de ensino.
tendo muitos anos de profissão. Na verdade,
o salário-base dos professores paulistas é 70% Arcabouço fiscal deixa Fundeb de fora,
do valor do piso.
mas ainda restringe gastos
46. A situação atual é que professores com qua-
se 20 anos de carreira, evoluções e aprovações 51. O novo arcabouço fiscal apresentado pelo
em avaliações de mérito estão com os salários governo Lula é justificado pela necessidade de
abaixo do piso nacional e recebendo abono se substituir o teto de gastos, Emenda Constitu-
para chegarem ao piso, que virou teto. Já os cional 95 (EC95), aprovada em 2016, que atacou
iniciantes contratados recebem pouco acima profundamente os gastos sociais. No entanto, a
do piso, mas se transformaram em escravos do atual proposta continua com a mesma base da
trabalho precarizado. anterior, ou seja, aumento de arrecadação para
aumentar gastos públicos, sem mexer nas taxações
47. Tarcísio e Feder aprofundam os mecanismos
das grandes fortunas e especulações de terras.
de precarização do trabalho docente, com vistas
à privatização, enquanto anunciam a farsa de 52. Fica cada vez mais claro que o governo
salários de até 13 mil como atrativo para a ade- Lula se esforça em manobras políticas locais e
são ao concurso e como propaganda política. internacionais para se contrapor à pressão do
centrão direitista, encastelados na Câmara e no
48. É preciso organizar a luta pela revogação da Senado, que defende os interesses do merca-
Lei 1374; por um concurso para 100 mil vagas do. Todo ajuste fiscal tem por objetivo reduzir
e estabilidade para os contratados com tempo gastos sociais e favorece o setor especulativo,
de serviço. prejudicando o setor produtivo e a classe traba-
lhadora. Trata-se de entrave ao desenvolvimento
Não à Escola sem Partido e à econômico em nome dos interesses das grandes
corporações financistas.
militarização das escolas
53. Os sindicatos devem fazer a luta avançar no
49. Projetos como o “Escola sem Partido”, Proje- sentido de não permitir que a classe trabalhado-
to de Lei 7180/14, conhecido pelos professores ra sustente o parasitismo do capital especulativo.
como “Lei da Mordaça”, que foi arquivado no Num país em que já falta infraestrutura básica
Congresso Nacional, sob forte pressão dos edu- em grande parte das escolas e que paga um
cadores, tiveram similares aprovados em várias salário medíocre aos professores, a luta pela
Câmaras Municipais pelo país. Trata-se da tenta- superação do legado ultraliberal dos últimos
tiva da direita de amordaçar e cercear o direito anos exigirá muita organização das entidades
dos professores à livre expressão e autonomia que representam a classe trabalhadora.
em seu papel de educadores. O que a extrema
54. Escola pública é um direito democrático da
direita quer com esses projetos é, de fato, calar
classe trabalhadora e como tal deve ser gratuita,
os que se manifestarem contra o desmonte da
laica, de qualidade e atender às necessidades
educação e dos serviços públicos no país. da população.

Militarização das escolas


50. Ainda que o governo Lula tenha tomado III – BALANÇO
a decisão de encerrar o Programa Nacional 55. A classe trabalhadora brasileira mostrou sua
da Escolas Cívico-Militares, PECIM, criado por capacidade de enfrentar a extrema direita nas
Bolsonaro em 2020, governos estaduais ligados eleições de 2022. Cabe a ela superar o estágio de
ao bolsonarismo, como o de Cláudio Castro, RJ, indecisão em que se encontra grande parte de suas
Ratinho Jr., PR, e Tarcísio de Freitas, SP, prometem direções, rejeitar o espontaneísmo e a demagogia

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que nutre falsas expectativas e ampliar, nas ruas, goria de professores do Brasil, deve liderar a

tese
a defesa intransigente dos seus direitos historica- organização das lutas contra o Novo Ensino
mente conquistados. A timidez das paralisações Médio e pela correta aplicação da Lei do Piso
nacionais dos últimos anos, principalmente no pós Nacional da Educação, em conjunto com a luta
pandemia, possibilitaram o avanço das medidas estudantil e com outros setores dos serviços

2
agressivas dos governos ultraliberais contra os públicos. A pressão popular deve ser nas ruas,
servidores e prejudicaram o processo de politiza- em mobilizações e manifestações que ajudem a
ção e organização da categoria, que só acontece organizar a ação direta das massas e a discussão
diante do ativismo das greves. da emancipação política dos trabalhadores. Cabe
56. A vitória de uma Frente Ampla progressista, aos sindicatos organizarem essa luta, começando
que levou Lula ao poder novamente, trouxe um pelas reivindicações urgentes das categorias.
grande alívio para os trabalhadores brasileiros. A
retomada dos investimentos na educação e dos
mecanismos de proteção aos direitos democrá- IV - POLÍTICA SINDICAL
ticos da população representam a esperança em 62. A derrota de Jair Bolsonaro nas urnas, no ano
dias melhores. No entanto, é fundamental não passado, demarcou um importante passo para a
perder o foco na luta de classes e entender que superação do neofacismo e para o enfrentamento
a burguesia imperialista, em crise, não facilitará ao avanço da extrema direita. No entanto, a he-
a vida dos trabalhadores. rança maldita desse governo, no que se refere à
57. No plano nacional, a revogação do Novo polarização ideológica que promove a violência,
Ensino Médio é uma exigência para barrar é apenas uma parte da luta histórica que pre-
os projetos privatistas e iniciar uma luta pela cisará ser assumida pela classe trabalhadora. A
verdadeira e necessária reforma educacional, imposição de políticas neoliberais por parte da
que atenda aos interesses dos filhos da classe burguesia mundial coloca outras tarefas para as
trabalhadora. organizações sociais, sindicais e populares, que
58. Para barrar a ofensiva que ocorre no mundo deverão atuar de forma conjunta e organizada
todo contra a classe trabalhadora, será preciso para pressionar o governo de Luiz Inácio Lula da
ir além das manifestações controladas por uma Silva a reverter a retirada de direitos e o desmonte
política reformista que visa preparar terreno para do estado brasileiro que, de forma acelerada,
futuras eleições. Em defesa da Educação Pública vem acontecendo desde o golpe contra Dilma
como direito de todos é imperativo organizar Rousseff, em 2016.
a resistência nas ruas junto a um programa de 63. Os trabalhadores terão que disputar o go-
greve geral, com ocupação dos locais de tra- verno com a parte da burguesia que acena para
balho e que paralise os serviços públicos. Lula com a intenção de mantê-lo sob controle.
59. Para além das eleições, o momento ainda As alianças com a burguesia que representa o
exige unidade na luta para fazer a agitação política grande capital cobram seu preço na disputa
entre os trabalhadores sem permitir que a direita palmo a palmo pelos recursos, nas políticas
golpista se infiltre por meio de pautas difusas. públicas, no controle econômico do país e na
60. A conscientização crescente dos trabalha- manutenção de privilégios. Isso significa que a
dores exerce pressão sobre as lideranças. Nesse classe trabalhadora precisará estar mais orga-
sentido, as Centrais Sindicais não podem res- nizada, para pressionar o governo à esquerda.
tringir a luta à pressão em parlamentares, uma 64. No campo da luta sindical será preciso tra-
vez que isso não se alicerça no real movimento var uma árdua batalha pela reestruturação das
das massas. Na democracia burguesa, os go- relações coletivas de trabalho, principalmente
vernos garantem a aprovação de seus projetos após a Reforma Trabalhista de 2017, que ata-
através de barganhas que colaboram para as cou diretamente as organizações, fragilizando
campanhas dos parlamentares em seus currais ainda mais as condições de trabalho e criando
eleitorais. O atual governo federal ainda está barreiras para aproximação dos trabalhadores
refém dessa política controlada por inimigos com os sindicatos.
do povo, capachos dos interesses imperialistas. 65. O novo governo atua na correlação de
Em São Paulo, os parlamentares que compõem forças entre as entidades de trabalhadores,
o bloco de oposição ao governo devem utilizar que apoiaram sua eleição, e as demandas do
o espaço que lhes foi dado na política eleito- projeto do capital, que continuam com força
ral para falar aos trabalhadores, denunciar os e poder no seu interior, assumindo ministérios
ataques e chamar a população a se organizar importantes política e financeiramente. O re-
contra tais ataques. sultado dessa correlação de forças será dado
61. A Apeoesp, que representa a maior cate- pela capacidade de mobilização das entidades

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e organizações sociais e sindicais nos bairros (a 72. É preciso defender formas de resistência a

tese
exemplo dos Comitês de Luta criados durante partir do que os trabalhadores têm em mãos.
a Campanha), nas ruas e nos diversos espaços Os sindicatos são, no momento, o espaço por
de luta dos trabalhadores. excelência de organização da luta. No caso dos
sindicatos dos trabalhadores em Educação, a

2
66. Não há conjuntura favorável aos trabalha-
dores no capitalismo, por isso, a organização e necessidade dessa luta é ainda mais evidente,
a luta sindical são fundamentais para mantê-los diante do avançado projeto de privatização
mobilizados e desfazer a ilusão na democracia da Educação. A situação de arrocho salarial
burguesa. e de destruição das condições de trabalho
67. A tarefa fundamental a ser assumida pelas dos servidores públicos é parte dos planos de
organizações sindicais e populares é a de forta- sucatear para privatizar. As lideranças precisam
lecer a organização coletiva, contra a ideologia fazer com que os trabalhadores se sintam
da meritocracia, que transfere para o indivíduo a seguros para ingressar nessa batalha. A unidade
responsabilidade pelo seu desempenho no mun- para lutar deve ser criada pela base, por meio
do marcado pela competitividade. A construção de um amplo trabalho de agitação nos locais
de articulações com os diversos setores da classe de trabalho, com boletins e imprensa operária,
trabalhadora, para avançar na construção de a fim de impulsionar o debate que permita à
pautas comuns, que visam enfrentar as mazelas categoria relacionar seus problemas cotidianos
do sistema e, por consequência, ampliar a ação com a situação política mais ampla.
coletiva das massas, é fator importante para a
sobrevivência das organizações e de suas lutas.
68. É preciso realizar um amplo trabalho de V - POLÍTICAS PERMANENTES
reorganização das lutas sindicais e populares, 73. Com o avanço da direita fascista, as mu-
visando a valorização e legitimação dessas lheres, negros, população LGBTQIA + (Lésbicas,
organizações frente aos trabalhadores. Para Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais ou Trans-
isso é preciso organizar o trabalho de base gêneros) e movimentos sociais, com destaque
e fomentar o debate sobre o papel que para os sem-terra, índios e quilombolas, por
sindicatos e movimentos populares exercem serem o elo mais fraco da classe operária, foram
ou podem exercer na organização das lutas, duramente atacados.
no enfrentamento às políticas neoliberais, que
74. O país retoma políticas de participação social
retiram direitos.
extintas no governo Bolsonaro, mas a população
69. Para fortalecer as organizações sindicais e ainda está penalizada com reformas como as
organizar os movimentos populares é preciso da Previdência e Trabalhista e com a violência
atuar onde estão as massas, realizar proces- fascista. É urgente a ampliação da luta por
sos de formação, propaganda e uma agitação direitos democráticos, que por mais limitados
sistemática, eficaz, perseverante e paciente que sejam, acolhem as diferenças, promovem da
exatamente nas instituições, associações e sin- igualdade e para a qual se impõe a necessidade
dicatos, fortalecendo espaços de organização de maior representatividade destas categorias
e mobilização. em todas as entidades.
70. O trabalho nos Sindicatos é de suma im- 75. A luta sindical deve incorporar o combate
portância na luta para ganhar influência sobre político e social irrestrito ao racismo, em suas
a classe operária. Toda organização e todo mais variadas formas e instâncias. Lutar em favor
esforço de organização precisam estar à frente
das bandeiras democráticas do povo negro,
dos anseios dos trabalhadores, organizá-los para
como política de cotas, demarcação de terras
atuar dentro e em consonância com as lutas da
quilombolas e denunciar constantemente o ge-
classe rumo ao socialismo.
nocídio do povo negro é tarefa das organizações
71. É preciso mobilizar a juventude da categoria, da classe trabalhadora brasileira, cuja história
especialmente a parte dela que se encontra está intrinsecamente relacionada ao passado
sem perspectivas de organização e luta. A escravista do país.
mobilização da juventude trabalhadora por
meio da articulação sindical requer uma nova
dinâmica de organização de trabalhadores Mulheres: professoras são as mais
terceirizados, uberizados, desempregados, prejudicadas com a Reforma da
informais. No caso da educação, a luta contra
a contratação precária criada pela Lei 1093/2009.
Previdência
O caminho é a formação e a organização pela 76. As reformas da previdência (tanto a do Regi-
via do mundo do trabalho. me Geral, que afeta os professores contratados,

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quanto a do SPPREV, que afeta os servidores nários. Um só sindicato para professores e

tese
efetivos e estáveis) precarizou ainda mais o tra- funcionários;
balho feminino ao desconsiderar as conquistas  Pela revogação da Reforma do Ensino Médio
que as mulheres alcançaram em suas lutas em e pela construção de um Ensino Médio que
reconhecimento à jornada tripla de trabalho e

2
atenda as demandas da juventude
à maternidade.  Pelo fim da contratação sem direitos. Trabalho
77. A opressão contra as mulheres faz parte igual, direitos iguais;
de uma política que visa atacar mais da meta-  Pela redução do número de alunos por sala;
de da população, mantendo esse importante
 Pela redução da jornada, sem redução de
setor da classe trabalhadora aterrorizado e
salários. Trabalhar menos para que todos
submisso. Ela extrapola o mercado de trabalho
trabalhem;
e se manifesta na violência doméstica e nas leis
repressivas como a criminalização do aborto.  Não à reforma empresarial da Educação;
Esse é o “modus operandi” do Estado burguês.  Não às escolas cívico-militares;
No espaço sindical, é preciso impulsionar a luta  Não ao fechamento de salas e turnos;
pelos direitos específicos das mulheres, como
 Por uma educação que atenda às necessida-
forma de garantia dos direitos democráticos da
des da comunidade: eleições quadripartites
classe trabalhadora.
(estudantes, professores, funcionários e pais)
78. As mulheres são a grande maioria da catego- para todos os cargos de gestão;
ria docente. É preciso implementar campanhas  Em defesa da liberdade de cátedra;
para defender suas reivindicações específicas,
 Pela implementação da meta 17 do Plano Na-
como:
cional de Educação que prevê a equiparação
 Creches para os filhos de professoras e alunas; dos salários dos professores da educação
 Refeitórios nos locais de trabalho; básica aos demais profissionais com curso
 Pleno direito aos cuidados com a saúde; superior
 Fim da contratação sem direitos da Categoria  Pela unidade na luta entre os estudantes e
O, que penaliza ainda mais as mulheres. a classe trabalhadora

VI – PLANO DE LUTAS VII – ESTATUTO


79. A Apeoesp deve convocar assembleias com 80.  É
 preciso democratizar os espaços de
ampla divulgação e ativismo na base da cate- participação dos professores nas tomadas
goria, nas escolas, para organizar a luta dos de decisão do Sindicato. As decisões votadas
professores contra todos os ataques, através em assembleia devem ser soberanas e os
de suas reivindicações urgentes: mandatos dos conselheiros revogáveis;
 Revogação das Reformas Trabalhista e da 81.  Q
ue as eleições gerais ocorram a cada dois
Previdência, da Lei da Terceirização irrestrita; anos;
 Revogação da Lei 1374/2022, que criou uma 82.  Ampliar a participação da categoria na to-
carreira artificial, desvalorizou o tempo de ser- mada de decisão da luta sindical;
viço; transformou salários em subsídios; acabou 83.  Q
ue todos os professores filiados tenham
com os ATPLs e com o direito às faltas parciais; direito a participação nos pré-congressos
 Garantia de concursos públicos para ingresso, que elegem os delegados ao Congresso, a
com vagas que atendam às necessidades partir da defesa das teses.
reais da rede, e estabilidade para os profes-
sores com tempo de trabalho no magistério; Assinam esta tese professores da rede estadual
 Pela aplicação correta da Lei do Piso Nacio- e municipal de Assis, Oeste paulista, e de outras
nal da Educação. Pela reposição de todas regiões do estado, militantes e simpatizantes da
as perdas salariais de professores e funcio- Corrente Sindical Nacional Luta Pelo Socialismo, LPS.

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tese
3 Por uma APEOESP independente,
democrática e socialista
Educadores pelo Socialismo

A educação pública e a Balanço, conjuntura e tarefas


convulsão política mundial nacionais da APEOESP
1. A conjuntura política internacional segue 10 anos das jornadas de junho e papel
sendo marcada pelos efeitos da crise econômica
mundial de 2008. Estes ainda não cessaram e são das direções sindicais na manutenção
a base para os terremotos políticos que temos do governo Bolsonaro
visto nos últimos anos. Podemos citar, frente
5. Em 2023, o coletivo Educadores pelo
aos mais recentes, a greve geral e nos protestos
Socialismo saúda os 10 anos das jornadas de junho
massivos em repúdio ao assassinato do jovem
enquanto período de salto qualitativo no Brasil,
Nahel na França, a vitória eleitoral de Gustavo
expressão do rechaço mundial da classe traba-
Petro na Colômbia ou mesmo a vitória e depois
lhadora, em especial da juventude às instituições.
o movimento contra o golpe sofrido por Pedro
Castillo no Peru, como expressões importantes 6. Lamentavelmente, o então governo Dilma
dessa conjuntura convulsiva na qual vivemos. fez o triste papel de defesa das instituições,
opondo-se à juventude que se chocava contra
2. Isso também atinge a consciência política
o estado burguês. Junto a isso, as direções
de diversas camadas da população que buscam
de forças políticas de esquerda em ascensão,
alternativas frente ao sistema político vigente,
como o PSOL, optaram engrossar as fileiras da
frente ao capitalismo. Estudo realizado pelo
“esquerda oficial”, como arauto das instituições
Institute of Economic Affairs no Reino Unido democrático-burguesas. Assim, o caminho ficou
demonstrou que 70% dos entrevistados entre os livre para que a extrema-direita se construísse
jovens de até 24 anos e pessoas de 24 a 40 anos como única e falsa alternativa antissistema.
gostariam de viver em uma sociedade socialista.
7. Bolsonaro foi a expressão nacional brasileira
Isso em um dos principais países imperialistas!
de uma extrema-direita que surfou nos movi-
3. Nos EUA, o centro do capitalismo mundial, mentos antissistema pelo mundo. O mesmo
começamos a ver movimentos em prol da que Trump conseguiu fazer nos EUA, com uma
sindicalização dos trabalhadores da Amazon pequena diferença: em 2016 Bernie Sanders
e da Starbucks. Uma pesquisa recente revelou havia conseguido apoio eleitoral massivo em
que 71% dos trabalhadores dos EUA apoiam os sua plataforma em favor de uma Revolução
sindicatos, maior nível desde 1960 e revela a contra os bilionários e só não derrotou Hillary
necessidade de organização que se desenvolve Clinton nas primárias do Partido Democrata por
junto aos trabalhadores. a direção deste partido burguês ter utilizado
4. O que marca a situação política mundial toda a sua bilionária estrutura em derrotar o
é a convulsão política e social, expressão do candidato que inspirava a mobilização contra
capitalismo em decadência, e a busca da classe o sistema. Após a derrota de Sanders, parte de
trabalhadora por uma alternativa de superação seus eleitores passaram a apoiar Trump! Isso ex-
desse sistema decadente em prol de suas ne- pressa claramente que existia uma disputa entre
cessidades. o eleitorado antissistema entre setores de direita

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e esquerda naquele momento. Infelizmente, no Por uma APEOESP independente do

tese
Brasil, a extrema-direita teve caminho livre.
8. Por meio do discurso de ser contra “tudo
governo Lula-Alckmin
o que está aí”, contra o “establishment”, Bol- 11. Com a vitória da chapa Lula-Alckmin, a pressão

3
sonaro sequestrou o sentimento rechaço de sobre as organizações ainda não explicitamente
parte das massas proletárias brasileiras que adaptadas ao PT e PCdoB aumentou qualitativa-
buscavam uma alternativa contra o sistema. mente. A direção do PT conseguiu a aproximação
Contudo, apesar de eleitoralmente vitorio- dos setores mais passíveis à adaptação de sua linha,
so em 2018, o ex-presidente foi incapaz de o que culminou na inédita adesão do PCB e das
implementar quaisquer projetos ditatoriais e correntes Resistência (PSOL), Primavera Socialista
muitos menos fascistas. Como defendemos no (PSOL), Revolução Socialista (PSOL) entre outras à
congresso de 2020, o governo Bolsonaro foi Articulação Sindical nas eleições de 2023. Contudo,
isso foi fruto de um processo de adaptação políti-
um governo de instabilidade do começo ao
ca. Ele se expressava na conivência desses setores
fim. Apesar de dirigido por um demagogo de
com táticas burocráticas da direção da APEOESP
extrema-direita, o governo anterior conseguiu
em greves até na convergência em análises como
desferir golpes importantes contra a classe
a caracterização do governo Bolsonaro como
trabalhadora: implementação da Reforma Tra-
fascista, o que é evidentemente um erro.
balhista, aprovação da Reforma da Previdência,
aumento da destruição do bioma amazônico, 12. Nós, do Educadores pelo Socialismo, nos
genocídio contra os povos Yanomami, a con- mantivemos na linha da independência de clas-
se, defendendo uma APEOESP independente em
dução assassina durante a pandemia, dentre
relação aos governos na chapa 2 e defendemos
outras medidas que pioraram as já precarárias
que o congresso da APEOESP aprove essa linha
condições de vida do proletariado brasileiro.
política para os próximos três anos. Só é possível
9. A continuidade do governo Bolsonaro, defender genuinamente os interesses da catego-
por quatro anos, foi resultado da política de ria desatrelados de qualquer compromisso com
conciliação de classes e de defesa das institui- os governos burgueses ou que são formados
ções burguesas da “esquerda oficial”. Isso foi em composição a classe inimiga.
simbólico na APEOESP: as direções sindicais
se recusaram a levantar a bandeira FORA
BOLSONARO durante todo o ano de 2019, Pela organização da luta pela
o que culminou na aprovação da Reforma revogação do NEM
da Previdência. Vale ressaltar que de 2019 a 13. Consequência da ligação direta entre o go-
2022, as mobilizações mais massivas contra verno federal e a direção da APEOESP, vemos
o governo Bolsonaro se deram justamente nossa entidade com medidas absolutamente
em 2019, quando um dos argumentos é que recuadas quanto à luta pela revogação do Novo
não havia força para derrotar Bolsonaro nas Ensino Médio (NEM). Isso se expressou, p. ex., pela
ruas. E para sacramentar esse período, em recusa em rechaçar a farsa da Consulta Pública
fevereiro de 2020, o Congresso da APEOESP organizada pelo MEC e em orientar a categoria
aprova a rejeição à luta pelo FORA BOLSO- a participar de tal artifício respondendo “critica-
NARO, defendendo que sua derrota deveria mente” de acordo com orientações da CNTE.
se dar somente nas urnas em 2022. 14. A APEOESP precisa agir de acordo com os inte-
10. Já em março daquele ano, toda a “esquerda resses da juventude e da classe trabalhadora. E uma
oficial” foi obrigada a fazer uso da palavra de das principais ações nesse sentido na atualidade
ordem FORA BOLSONARO pela pressão das é a impulsão da luta pela imediata revogação do
massas. Contudo, trabalhou para transformar NEM. Nesse sentido, o coletivo Educadores pelo
essa linha numa palavra de ordem eleitoral e Socialismo propõe um calendário de mobilização
ao fim de 2021 já não era possível mobilizar junto a outras entidades sindicais e estudantis
massivamente a juventude e a classe trabalha- rumo à greve geral da educação pela revogação
dora para derrotar Bolsonaro nas ruas. Assim, do NEM, projeto dos bilionários em prol da des-
a permanência de Bolsonaro durante os quatro truição da educação pública.
anos de governo e todas as tragédias disso
decorrentes são de responsabilidade direta das Não ao arcabouço fiscal e pelo fim do
direções proletárias e estudantis, em especial
da direção dos sindicatos ligados à CUT, como pagamento da dívida pública
a APEOESP que são os mais representativos da 15. No momento em que escrevemos esse texto,
classe trabalhadora brasileira. o governo Lula-Alckmin está na reta final para

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a aprovação do Novo Arcabouço Fiscal. O ob- abonos de pontos para reuniões de Representan-

tese
jetivo da proposta, de acordo com o site oficial, tes de Escola, Conselheiros Estaduais e mesmo
é “gerar superávits e garantir responsabilidade para Conferências e Congressos passaram a ser
fiscal”, em outras palavras: garantir o pagamento peremptoriamente negados. O Governo Tarcísio
da dívida pública, o maior assalto aos cofres não dá indícios de que fará diferente.

3
públicos brasileiros hoje. 22. Considerando o cenário atual, é preciso a luta
16. Conforme já demonstrado na CPI da dívida por eixos políticos que unifiquem a categoria:
pública de 2013, há uma lógica fraudulenta que
beneficia o capital financeiro quanto à dívida pú-
blica. O resultado é que quanto mais pagamos,
a) Construção de um de plano de
mais devemos. Em outras palavras, já pagamos carreira a partir da base da categoria
essa dívida várias vezes e hoje nosso débito é 23. O Novo Plano de Carreira retirou as abo-
ainda maior do que há 10 anos! nadas, diminuiu o número de faltas para exo-
17. De acordo com dados divulgados pela Agência neração, instituiu as APDs, eliminou o direito
Brasil, em 2013 a dívida pública federal interna era a quinquênios e sexta-parte ao criar a remu-
de R$2,028 trilhões. Hoje, de acordo com a Audito- neração por subsídio e permitiu a substituição
ria Cidadã da Dívida, devemos quase 8 trilhões de de grevistas por professores cat. O. Além disso,
reais!!! A dívida quadruplicou dentro dessa lógica estabelece uma trilha de evolução ainda sem
fraudulenta! Isso fora a dívida externa. regulação específica e que dá todos os indícios
18. A questão de fundo do arcabouço fiscal é o de resultar em uma ferramenta de controle
pagamento da dívida pública, que é um sistema de político-pedagógico: quem não obedecer será
saque das riquezas nacionais pelo capital financei- mal-avaliado e, portanto, não evoluirá.
ro. Riquezas estas produzidas predominantemente 24. O Plano antigo, por sua vez, também é uma
pela classe trabalhadora. Assim, a APEOESP deve tragédia. Apresenta interstício 5 ou 4 anos para
dizer não ao Arcabouço Fiscal do governo Lula- evolução por títulos e produção pedagógica e
-Alckmin e, junto a isso, levantar a bandeira pelo fim acadêmica (Evolução não-acadêmica e acadêmi-
do pagamento da Dívida Pública Interna e Externa. ca)! Reportagem da Folha de SP de julho de 2023
A maior responsabilidade fiscal que pode existir apresenta levantamento de que nenhum profes-
nesse momento é cessar a pilhagem das riquezas sor conseguiu chegar ao topo da carreira antiga,
nacionais pelo capital financeiro. aprovada em 2009. Tal medida de “valorização”
ainda prevê a Prova de Mérito como método de
evolução, que não é aplicada desde 2018. E antes
Eixos de luta contra o disso, o governo já havia ficado anos sem aplicar
tal procedimento de evolução funcional. Vale res-
governo Tarcísio saltar que a evolução por meio de provas nunca foi
19. No congresso da APEOESP de 2023, o defendida pela APEOESP. Assim, não faz sentido
coletivo Educadores pelo Socialismo acredita algum defender tal plano de carreira.
que a APEOESP precisa definir eixos de luta 25. Considerando a situação atual, devemos
fundamentais contra o governo estadual e que lutar pela elaboração de uma proposta de
unifiquem a categoria. plano de carreira junto à base da categoria,
20. O governo Tarcísio e seu Secretário da Edu- que contemple nossas reais necessidades, que
cação, Renato Feder, representam a continuidade serão aferidas em debates com o professorado.
da política de seus antecessores, respectivamente, Nenhum dos dois planos de carreira vigentes
Dória e Rossieli. Isso se expressa, p. ex., na conti- representam nossos interesses.
nuidade do Novo Plano de Carreira, estabelecido 26. O coletivo Educadores pelo Socialismo defende
pela Lei 1.374/2022 e também do Inova Educação. que a APEOESP estabeleça um fórum independente
Este governo, contudo, não é um governo fascista. da categoria para debate e criação de um novo
Assim como o anterior, trata-se de um gover- plano de carreira. Concomitantemente, devemos
no ultraliberal que buscará utilizar a educação continuar a luta imediata contra o Plano de Carreira
pública como meio de extração de riquezas às aprovado em 2022, mas sem qualquer compro-
classes dominantes. Isso continuará sendo feito, misso com o formato antigo.
fundamentalmente, por meio das isenções fiscais
bilionárias, privatizações e da inserção da iniciativa
privada nos espaços públicos.
b) Qual deveria ser o valor do salário-base
21. Junto a isso, o governo Tarcísio continuará a
dos professores do Estado de SP?
aplicação das políticas antissindicais, duramente 27. A bandeira da APEOESP deve ser a luta
atacadas durante o governo Dória: como sabemos pelo piso do magistério igual ao valor do piso

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do DIEESE, que em abril de 2023 constava no modificou ligeiramente durante o governo Dória,

tese
valor de R$ 6.676,11. Trata-se do valor mínimo que, com a diminuição da duração das aulas
necessário para sustento de uma família com de 50 para 45 minutos, a quantidade semanal
4 pessoas, garantindo o mínimo de alimenta- de horas trabalhadas com alunos segue ainda
ção, moradia e lazer. E tudo isso pago como em 24 horas, ainda 2 horas e meia acima de

3
vencimento, mantendo os direitos a vantagens outras redes municipais na região, como a rede
pecuniárias como quinquênio e sexta-parte. municipal de São Paulo - SP ou de Barueri - SP.
28. O estado de São Paulo é, de longe, o es- E mesmo esta jornada é ainda muito estafante.
tado com maior PIB no Brasil. O PIB de mais 33. O coletivo Educadores pelo Socialismo vis-
de 440 bilhões anuais corresponde a mais do lumbra um ambiente educacional de estímulo
que o dobro do produzido no estado do Rio constante ao ensino-aprendizagem, de maior
de Janeiro, o segundo colocado, para termos contato e relação com a comunidade escolar. De
uma ideia. Além disso, tem o 2º maior PIB per real planejamento e replanejamento, fomentan-
capita do país, somente atrás do Distrito Fede- do a educação pública que atenda aos interesses
ral. Contudo, o salário-base daqueles que não históricos e imediatos da classe trabalhadora.
aderiram à nova carreira no estado de SP é de Assim, defendemos que a APEOESP lute por
vergonhosos R$3.014,15, mais abono comple- uma jornada de 40 horas que consista em, no
mentar, alcançando o máximo de R$4.420,55. máximo, 16 horas com alunos por semana, assim
29. De acordo com levantamento da CUT, falando como é nos Institutos Federais. As outras 24
somente em redes estaduais, sem considerações horas devem ser dedicadas ao planejamento,
bonificações e gratificações, temos o seguinte acompanhamento dos estudantes e em contato
quadro: no estado do Ceará, o salário-base é com a comunidade escolar. Para um máximo de
de R$5.413,18 para 40h; em Mato Grosso são 16 horas, nos Institutos Federais são atribuídas
R$5.024,57 para 30 horas (o equivalente para 40h no máximo 19 aulas de 50 minutos ou 21 de
seria de R$ 6.699); em Roraima o valor é de 6103,14; 45 minutos. Esses devem ser os parâmetros
no Maranhão os professores recebem R$ 6.867,68; almejados pela APEOESP e a busca da categoria
em Mato Grosso do Sul o salário é de R$ 10.318,18. quanto à redução da jornada de trabalho.
30. Como vemos, em estados muito menos
abastados do que São Paulo a pauta de salário d) Máximo de 20 alunos por sala de aula!
mínimo igual do DIEESE já é uma realidade. E 34. A composição das salas de aula da rede
em outros, o valor segue maior do que o que estadual paulista de ensino segue sendo regida
é pago no estado mais rico do país. Trata-se de pela Resolução SE 2 de 8 de janeiro de 2016, que
uma pauta justa e plenamente possível. estabelece em seu art. 2º os seguintes limites
de alunos por sala para os anos e séries:
c) Retomada da luta pela redução da I - 30 alunos, para as classes dos anos iniciais
luta pelo cumprimento da lei do piso do ensino fundamental;
II - 35 alunos, para as classes dos anos/séries
31. Antes da Lei do Piso do Magistério (Lei
finais do ensino fundamental;
11.738/2008), a jornada de trabalho docente na
rede estadual paulista era regida pela Lei Com- III - 40 alunos, para as classes de ensino
plementar 836/1997. Esta estabelecia, para uma IV - 45 alunos, para as turmas de educação de
jornada de 40 horas semanais, 33 horas com jovens e adultos, nos níveis fundamental e médio.
alunos, mais 7 horas de trabalhos pedagógicos, 35. E em seu parágrafo 2º afirma ainda que
sendo 3 delas obrigatoriamente coletivas e 4 “Excepcionalmente, quando a demanda, devi-
em locais de livre escolha. damente justificada, assim o exigir, poderão ser
32. Com a aprovação da Lei do Piso, o governo acrescidos até 10% aos referenciais estabe-
estadual diminuiu a quantidade de horas com lecidos nos incisos de I ao IV deste artigo.”
alunos, de 33 para 26,6 horas. Contudo, dife- (grifo nosso)
rentemente do que é feito em diversas redes de 36. Façamos uma conta rápida: 45 minutos
ensino pelo país, o governo contabiliza as horas para 45 alunos de EJA, isso significa um tempo
e não as horas-aula na composição da jorna- de atenção suficiente para atender um aluno
da. Assim, ao invés de trabalhar 26 horas-aula por minuto! E isso pouco muda nos outros
(21,5 horas relógio), como é feito em diversas segmentos. Tal modelo é a fórmula do fracas-
prefeituras para recebermos por 40 horas-aula, so e considerando a realidade do capitalismo
precisamos trabalhar 32 horas aulas para ga- brasileiro, para efetivar uma educação pública
rantir 26,6 horas trabalhadas semanalmente que seja capaz de desenvolver os estudantes,
dentro de uma jornada integral. Essa situação se sem colocar a categoria em permanente estado

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de dissolução de suas faculdades mentais, é correto seria fechar uma turma e juntar as duas

tese
necessário uma drástica redução do número de em uma única turma de 44 alunos. Isso prejudica
alunos por sala. Além disso, a lógica do estado os estudantes, os professores e a comunidade.
na montagem das salas é absurda: lota-se uma Porém, para o governo isso implica uma vitória no
turma com quarenta alunos para só depois co- sentido de contenção de custos. Contenção esta

3
meçar a montar outra. Em nossa visão, a lógica que só existe para os trabalhadores e não para
de montagem das salas deveria ser a seguinte: a iniciativa privada que, como sabemos, recebe
I - Abertura da sala com 10 alunos e máximo anualmente bilhões em isenções fiscais
de 15, para as classes dos anos iniciais do ensino
fundamental; f) Pelo direito garantia do direito à
II - Abertura de sala com mínimo de 15 alunos e
máximo de 20 alunos, para as classes dos anos/
matrícula e à permanência dos
séries finais do ensino fundamental e Ensino Médio. estudantes adultos no EJA
III - Abertura de sala com mínimo de 15 alunos 41. De acordo com o IBGE, em 2019 havia cerca
e máximo de 25 alunos por sala para as turmas de 69,5 milhões de brasileiros que ainda não
de Educação de Jovens e Adultos, nos níveis haviam completado o Ensino Médio, mais de 50%
fundamental e médio. da população adulta (25 anos ou mais) do país.
37. A lógica é aumentar as condições para a Apesar dessa realidade, o que vemos é o incen-
potencialização do trabalho docente. Maior tivo à superlotação e fechamento das turmas de
tempo para atendimento individualizado, maior EJA na rede estadual paulista de ensino. Mais
atenção às demandas estudantis e, consequen- do que isso, há relatos de recusa da matrícula de
temente, atingir um nível educacional sem pre- estudantes adultos considerados “problemas”.
cedentes na educação brasileira. Evidentemente, 42. As ocupações de 2015 nos mostraram a
isso pode significar a construção de novas importância de pautas que conectem os pro-
escolas, o que deve ser também uma pauta da fessores à comunidade escolar. Inclusive, em
APEOESP. Cada centavo investido nos serviços algumas escolas os estudantes do EJA foram
públicos é um centavo a menos desviado para essenciais, como parte do movimento. Ao ga-
enriquecer as classes dominantes, que usufruem rantir o direito deles ao estudo nas escolas onde
da riqueza estatal, majoritariamente oriundo da queriam estudar, os estudantes secundaristas
classe trabalhadora, como se fossem deles. das turmas regulares e professores fortaleceram
38. Tal racionalismo colide frontalmente com a a luta aumentando as chances de vitória do
irracional lógica capitalista. Sob esse sistema a movimento, o que de fato aconteceu. Assim, é
lógica é a transformação do orçamento público essencial que a APEOESP tenha como bandei-
em apropriação do capital financeiro, por meio ra no próximo período a garantia do direito à
das isenções bilionárias e da dívida pública. O educação desses estudantes que, cabe ressaltar,
resultado é a precarização para quem trabalha são em sua maioria estudantes negros. Ou seja,
e utiliza os serviços públicos. É preciso enfrentar lutar pelo direito à matrícula e permanência dos
a lógica do modo de produção capitalista como estudantes do EJA é parte da luta efetiva contra
condição para o atendimento dos interesses o racismo em nossa sociedade.
mais básicos da educação pública.
g) Efetivação imediata dos professores
e) Contra o fechamento de turmas não estatutários, pelo fim das letras!
durante o ano letivo! 43. O coletivo Educadores pelo Socialismo
39. Prática que tem se tornado corriqueira na defende o fim das letras na categoria de pro-
rede estadual paulista de ensino é o fechamento fessores da rede estadual paulista de ensino. A
de turmas durante o ano letivo. Isso acarreta divisão em distintas categorias de contratação
grave prejuízo aos trabalhadores, que, muitas implica divisão política. E essa divisão política
vezes, têm que atribuir aulas em outras escolas, significa maior dificuldade em organizar os
mais distantes, desorganizando completamente professores em prol de suas demandas.
sua vida profissional e efetividade no trabalho. 44. Hoje contamos com mais de 100 mil profes-
40. Outro ponto, e mais importante, é que isso é sores cat. O na rede estadual paulista de ensino.
feito com base na lógica de contenção de custos. Um escândalo! E o concurso público irá con-
Pouco importa o docente ou os estudantes! Se templar apenas 15 mil desse montante. Assim,
duas turmas deveriam ter 40 alunos e, por conta muitos docentes ficarão de fora. E pior, alguns
da evasão escolar, elas se encontram com 22 alunos podem até ser aprovados, porém, tais docen-
em cada, a mentalidade capitalista conclui que o tes têm adquirido doenças físicas e psíquicas

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todos os dias, o que os farão serem barrados excludente. Nesse sentido, a APEOESP deve

tese
nos exames médicos ao tentarem tomar posse. manter uma política de denúncia do que ocorre
Servem em contratos precários, mas não como nessas escolas, incentivar pesquisas na área e
estatutários. É uma vergonha. fomentar uma análise mais apurada de suas
consequências de modelo de ensino integral

3
45. A APEOESP precisa desenvolver uma luta no
sentido da efetivação de todos os professores para a educação pública.
cat. O e F, pelo fim das letras, em defesa do
emprego e da vida desses trabalhadores.
Democratizar e ampliar a
h) Não à política de ensino técnico do estrutura da APEOESP, na
governo Tarcísio e Feder linha da liberdade e
46. Em junho de 2023, o governo Tarcísio anun-
ciou a nova proposta de ensino técnico que será
independência sindical
ofertada nas escolas regulares da rede estadual 50. A APEOESP necessita de uma revolução de-
paulista de ensino. De acordo com notícia publi- mocrática em seu interior. O revolucionário russo
cada na Gazeta SP, o governo estadual almeja que L. Trotsky, falando sobre o processo de burocra-
1,5 milhões de estudantes estejam matriculados tização da URSS, diz que a economia planificada
neste programa até o fim de seu mandato. Para necessitava de democracia, assim como um corpo
termos uma ideia do significado disso, a mesma precisa de oxigênio. Caso similar é o da APEOESP:
notícia revela que apenas 140 mil estudantes estão É preciso democratizar a estrutura do sindicato,
matriculados nas ETECs e 35 mil nas escolas que oxigenar nossas fileiras e isso implica uma série de
aderiram ao NOVOTEC. Ou seja, é um avanço sem mudanças práticas, para que a categoria volte a
precedentes na história da rede estadual paulista ter voz e peso dentro de nosso espaço, voltando
de ensino que, assim como o NEM, vai avançar a confiar neste instrumento de luta. Apontamos
sobre a carga horária das disciplinas de formação algumas medidas urgentes:
geral da maioria dos estudantes do Ensino Médio.     1. 
D emocracia sindical: que todos os mem-
47. Além de afetar as escolas regulares, o pró- bros da categoria tenham direito a falar nas
prio Conselho Estadual de Educação atentou ao assembleias. Todo associado, no mínimo,
risco que tal projeto pode gerar, precarizando deve ter direito de se dirigir à categoria.
as ETECs. Isso porque haverá uma clara divisão Porém, isso não ocorre. A direção aplica
orçamentária e privilégio ao novo programa um claro controle político, restringindo
de ensino técnico, o que colocará em risco a as falas aos Conselheiros, em especial
qualidade já aferida das ETECs, ao menos em de sua chapa, esmagando o debate e a
relação às escolas regulares. democracia dentro do sindicato;
    2. 
Transparência: A APEOESP, se quer voltar
i) Não ao modelo de ensino integral da a ser um sindicato poderoso a partir da
base, precisa ser transparente junto à
rede estadual paulista de ensino categoria, impulsionando-a a participar
48. Já é ponto pacífico na APEOESP ser contra de suas atividades políticas. Uma cartilha
o modelo de ensino integral aplicado na rede 60 dias antes de cada atividade, seria o
estadual paulista. Apesar disso, hoje é ainda suficiente e o mínimo para qualquer enti-
mais necessário sua denúncia, quando ele se dade que seja democrática impulsionar a
massificou na rede estadual paulista de ensino. participação nas atividades do sindicato.
49. Cerca de 44% das escolas da rede “aderiram” Conferências, congressos e eleições de-
a esse modelo. E os relatos são de aumento ex- vem envolver a categoria, não a afastar;
ponencial no assédio, desvio de função e demais     3. 
Facilitação no processo de filiação e desfi-
abusos sobre os trabalhadores da educação. Tal liação: a APEOESP precisa efetivar métodos
modelo, inspirado nas Charter Schools norte- mais simples de adesão ao nosso sindicato.
-americanas e aplicadas pela Fundação Lemann Qualquer streaming apresenta ferramentas
no estado do Ceará, é absolutamente privatista. de fácil acesso para adesão ou cancela-
Incentiva a parceria com o setor privado, o que mento. Da mesma forma deveria ocorrer
culmina em isenções fiscais significativas, além com a APEOESP. Durante as eleições nos
de uma mentalidade de exclusão dos perfis deparamos com centenas de professores
indesejados, tanto para docentes quanto para que afirmaram terem se associado, mas
discentes. Assim, é um ambiente de ideologia nunca terem visto o desconto. Isso precisa
capitalista na esfera pública, intrinsecamente ser corrigido imediatamente.

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Alterações no estatuto Políticas permanentes

tese 51. A CUT e a própria refundação da APEOESP


estão ligadas à luta pela liberdade e independência
sindical, contra os chamados “sindicatos CLT”. Os
56. Acreditamos que, muito além da política sin-
dical, a APEOESP deva apresentar perspectivas
gerais de luta, que também influem na escola,

3
pilares dessa forma sindical instituída na Ditadura tendo como bandeiras permanentes:
Vargas eram: A tutela do Estado sobre o sindicato 57. - Vagas para todos: A luta da APEOESP não
(É o Estado que “reconhece”, ou não, legalidade se restringe à educação básica. Enquanto
do sindicato outorgando a “Carta Sindical”); 2. O principal sindicato educacional do Brasil deve
princípio da colaboração de classe do sindicato ser exemplo e manter a luta para que todos os
com o Estado e os patrões em defesa do “Bem estudantes tenham garantia de continuidade
comum”; 3. O princípio da unicidade sindical; 4. dos estados no ensino superior público, uni-
Sindicato assistencialista; e o 5. Imposto Sindical. versal e gratuito.
52. A APEOESP fez parte da luta de sindicatos 58. - A luta contra as opressões: bandeira perma-
ligados a servidores públicos contra o Im- nente da APEOESP também deve ser a luta
posto Sindical e seu significado: a imposição contra toda desigualdade que exista em função
de taxas sobre não associados, implica, na do racismo, do machismo e da homofobia. Essas
prática, o abandono da luta pela liberdade e lutas só podem ser levadas de modo conse-
independência sindical. Significa retroceder quente, se conectadas à luta de classes, e pelo
em princípios fundamentais de nossa enti- poder da classe trabalhadora.
dade. Assim, como forma de corrigir isso, o 59. - Por uma política efetiva de inclusão dos pro-
coletivo Educadores pelo Socialismo propõe fessores com deficiência: a APEOESP precisa
a retirada da alínea a1 do art. 4º do estatuto de um levantamento do número de professo-
da APEOESP, que impõe a chamada taxa ne- res com deficiência. Além disso, é necessário
gocial aos não associados. levantar bandeiras desse setor da categorias,
53. A segunda alteração que propomos é quanto tais como: sala ambiente para as escolas com
ao âmbito de representação da APEOESP. Acre- professores com deficiência; auxiliar de classe;
ditamos que nossa luta deve se desenvolver de atribuição de aula somente em uma esco-
modo integrado com todos os servidores que la evitando deslocamento; flexibilização dos
atuam no chão da escola da rede estadual pau- horários desses professores; e maior número
lista de ensino, ampliando nossas fileiras. Porém, de faltas médicas e parciais a esses docentes,
isso tem sido constantemente negligenciado o que, inclusive deveria ser estendido a toda
por sindicatos e associações dos servidores a categoria. Para garantir a equidade desses
técnico-administrativos e especialistas, que não docentes, é necessário levantar esse debate e
mobilizam efetivamente e dificultam o trabalho essas pautas na APEOESP, de modo permanente
dos professores no interior das escolas. Isso até sua conquista.
representaria também um combate à alienação 60. - Pelo fim da PM: A Polícia Militar é a princi-
entre as categorias, fomentando nossa unifica- pal instituição repressiva em território nacio-
ção enquanto assalariados buscando condições nal. Boa parte dos nossos alunos são vítimas
dignas para exercer nossas funções enquanto dessa máquina de repressão. Sabemos que a
educadores. Assim, urge que a APEOESP dis- polícia, via de regra, existe para proteger as
pute esse espaço e abra a possibilidade de classes dominantes e açoitar as dominadas.
associação a todos os servidores do âmbito Assim, devemos não somente lutar contra sua
da secretaria de educação, possibilitando um presença nas escolas, mas exigir o fim da PM,
desenvolvimento de lutas unitárias em defesa que significa lutar pelo fim de um aparato de
da educação pública. Neste sentido, seguem as 423 mil homens e mulheres armados no Brasil
demais alterações propostas: e 100 mil no Estado de São Paulo e substituí-
-los por uma alternativa de segurança pública
54. Alteração 1:
construída a partir do debate com o conjunto
Art.1º - A APEOESP - Sindicato dos Servidores da classe trabalhadora.
do Ensino Oficial do Estado de São Paulo [...]
61. - Pelo socialismo: enquanto instrumento de
55. Alteração 2: luta e formação, a APEOESP deve ter sim um
Parágrafo único - A APEOESP – Sindicato dos posicionamento político socialista, pelo fim da
Servidores do Ensino Oficial do Estado de São exploração assalariada, e defender a superação
Paulo fará uso, para todos os fins e efeitos, do atual estado de coisas como condição para
internos ou externos, da expressão “APEOESP que a educação pública possa ser livre, demo-
– Sindicato Estadual”, como sigla oficial. crática, gratuita e universal.

30  JULHO/2023 - CADERNO DE TESES


caderno de teses 2023.indd 30 01/08/2023 00:10:20
tese
Mudar a Apeoesp: Por uma Apeoesp
Democrática, Combativa e Independente
de qualquer Governo!
Tese do Coletivo Educação em Combate – Construindo a
4
CSP/Conlutas e a Oposição Unificada Combativa.
O Educação em Combate, parte da central sindical CSP/Conlutas e da Oposição Unificada Combati-
va, apresenta a tese Mudar a Apeoesp: Por uma Apeoesp Democrática, Combativa e Independente
de qualquer Governo para o XXVII Congresso da nossa entidade. Esse Congresso acontece em um mo-
mento de grande importância para a educação e para a classe trabalhadora. Após a derrota eleitoral da
extrema direita representada por Bolsonaro, da qual a nossa categoria foi parte essencial, temos a tarefa
de seguir organizados para lutar por nossas pautas diante do governo de Frente Ampla de Lula/Alckmin
que segue a política de ajuste em cima da classe trabalhadora através do arcabouço fiscal e da reforma
tributária e exigir do governo a revogação do Novo Ensino Médio e da nova BNCC, além de mais verbas
para a educação. Além disso, é necessário organizar a categoria para lutar contra o governo privatista
de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e seu secretário Renato Feder que seguem a herança tucana de
destruição dos serviços públicos e atacam cotidianamente a educação. No primeiro semestre deste ano,
vimos a categoria de professores protagonizar importantes greves pelo país, como no RJ, DF, AM, RN, MA,
TO e AP. Por isso, defendemos uma verdadeira mudança na política que a Apeoesp tem levantado, para
unir e reerguer a categoria na luta por valorização do salário e contra o desmonte das nossas carreiras,
assim como construir uma direção classista, democrática, independente e de luta para o nosso sindicato.

fiscal, onde se enxuga e economiza as verbas


I. Conjuntura Nacional destinadas às áreas sociais e ao funcionalismo
1.1 No Governo Lula/Alckmin, o Ajuste público para garantir o pagamento fiel à dívida
pública interna e externa e encher o bolso dos
Contra os Trabalhadores Continua banqueiros que consome quase metade do or-
1. A derrota eleitoral de Jair Bolsonaro foi muito çamento federal. Na prática, é a mesma lógica
comemorada, afinal seu legado foi marcado do teto de gastos, com uma nova roupagem.
pelas mortes, fome, desemprego, destruição Não por acaso o arcabouço fiscal de Lula tem
ambiental, cortes nas áreas sociais e ódio às sido elogiado e aprovado por representantes
populações historicamente oprimidas em nos- da Bovespa, do mercado financeiro, da grande
sa sociedade. Porém, o novo governo de Lula mídia e pelo presidente do Banco Central –
e do PT, que construiu alianças com partidos Campos Neto.
de direita e dos empresários, tem por projeto 3. Arthur Lira, presidente da Câmara Federal
realizar um governo com e para a burguesia e que foi um dos principais articuladores da
as multinacionais, a serviço dos empresários e política bolsonarista, é um dos atores centrais
banqueiros. Os dois grandes projetos do gover- para garantir a aprovação deste projeto. Até
no Lula/Alckmin para a política econômica do mesmo o próprio PL de Jair Bolsonaro deu votos
país: o Arcabouço Fiscal e a Reforma Tributária favoráveis a esse projeto de ajuste do governo.
vêm nesse sentido. Para complementar a política de ajuste sobre
2. O chamado arcabouço fiscal nada mais é que os trabalhadores e privilegiar os mais ricos, o
um novo nome para a velha política de ajuste governo de Lula apresenta a Reforma Tributária

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que, pactuada com a burguesia e com setores nomes ligados a fundações empresariais. O caso

tese
de extrema direita, inclusive com a ajuda de Tar- mais emblemático é o de Kátia Schweickardt, que
císio de Freitas para redigir tal projeto, mantém ocupa posições no Movimento Pela Base, Todos
a mesma lógica de cobrar mais impostos sobre Pela Educação e Fundação Lemann, nomeada
a classe trabalhadora enquanto segue pegando para a Secretaria de Educação Básica do MEC.

4
leve com o setor empresarial. Segundo dados Schweickardt foi secretária de educação de
do ILAESE, o setor empresarial pagou somente Manaus entre 2015 e 2020, durante o governo
5% de impostos enquanto 69% dos impostos do PSDB, e chegou a criminalizar manifesta-
pagos cai sobre a classe trabalhadora. Nesse ções de profissionais da educação. Até mesmo
contexto, a esquerda, os sindicatos e os mo- bolsonaristas estão ocupando cargos, como a
vimentos sociais precisam se manter indepen- ex-presidente do FNDE e o ex-chefe de gabinete
dentes de qualquer governo para que possam da secretaria-executiva do MEC da gestão de
chamar uma jornada de lutas dos trabalhadores Weintraub, ministro ultraconservador, que ata-
e do povo para lutar por suas reivindicações e cou as universidades públicas e foi responsável
contra a política de austeridade que penaliza a pelo “apagão” educacional na pandemia.
nossa classe para seguir a lógica de privilegiar 7. Dessa forma, ficam nítidos os problemas e
a burguesia e banqueiros. as contradições do projeto de conciliação de
4. Nos últimos meses, diversas entidades do classes. Como será possível defender a educação
serviço públicos organizaram atos contra o ar- pública, gratuita e de qualidade em aliança com
cabouço fiscal. Esses atos têm que continuar e grupos privatistas, que respondem a um projeto
ganhar força, por isso defendemos a mobilização empresarial e buscam implementar os planos
para derrotar esse projeto dos ricos. É necessá- do FMI e do Banco Mundial para a educação?
rio também exigir do governo Lula/Alckmin a Como será possível revogar a Reforma do Ensino
revogação das reformas que tanto penalizam a Médio e a BNCC junto a setores que, desde o
classe trabalhadora, como a reforma da previ- início, estiveram à frente desses projetos e hoje
dência, trabalhista e do novo ensino médio. Por estão lucrando rios de dinheiro público com
isso, defendemos uma Apeoesp independente consultorias e elaboração de materiais didáti-
e combativa para encampar essas lutas. cos? Os efeitos disso já podem ser percebidos
na atual política do MEC, que fala em “revisão”
ou “correção” de aspectos da Reforma, mas não
1.2 Exigir do Governo Lula a Revogação na sua revogação. Diante do grande repúdio por
do Novo Ensino Médio e da BNCC e toda a comunidade escolar, O MEC lançou uma
“consulta pública” porém só de faixada pois as
mais verbas para a Educação Pública! respostas possíveis já estavam pré-estabelecidas
5. A composição do novo governo denota e sem opção de se colocar pela revogação por
uma política de pacto que envolve até partidos completo dessa reforma. Os trabalhadores em
ou parlamentares que sustentaram o governo educação e os estudantes deram a sua res-
Bolsonaro e que votaram a favor das contrar- posta nas ruas pela revogação total do NEM. É
reformas da previdência e pela privatização da vergonhoso o papel cumprido pela Apeoesp e
Eletrobrás e dos Correios. A escolha de Lula e pela CNTE de legitimar uma consulta fake e ao
Haddad em colocar um velho inimigo da edu- mesmo tempo, não impulsionar a luta até que
cação e dos professores de São Paulo para a o Novo Ensino Médio seja revogado.
vice-presidência é uma demonstração do caráter 8. O Novo Ensino Médio precisa ser revogado
de conciliação deste governo. O MEC também por completo porque sua essência atende a um
é exemplo disso. Desde a eleição de Lula/Al- projeto de precarização da educação dos futuros
ckmin, a equipe de transição para a educação trabalhadores, de retirada dos direitos trabalhis-
englobava diversos setores ligados direta ou tas e barateamento da força de trabalho, que
indiretamente a projetos empresariais para a aprofunda a desigualdade entre educação públi-
educação. Para citar dois exemplos, estavam ca e privada e amplia as desigualdades sociais. O
presentes Neca Setúbal, bilionária, herdeira e NEM tende a aprofundar a evasão escolar, uma
acionista do Banco Itaú, e Priscilla Cruz, presi- vez que o empobrecimento das disciplinas e da
dente do Todos Pela Educação. formação oferece ainda menos perspectivas de
6. Desde o início, portanto, o novo governo disputar uma vaga no ensino superior público
sinalizava que não enfrentaria o projeto privatista e no mercado de trabalho formal. Também não
de educação, ao contrário, manteria um estreito defendemos que a educação volte ao que era.
diálogo com ele. Essa lógica segue se intensi- Por isso, a defesa da educação pública passa
ficando: após a nomeação de Camilo Santana, por outra questão fundamental, que é o orça-
predominaram no segundo escalão do MEC mento. Qualquer projeto que se preocupe de

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verdade em “melhorar a qualidade” da educa- trito Federal. Bolsonaro, seus ex-ministros e

tese
ção, como diz o próprio MEC, precisa, antes de parlamentares precisam pagar por seus crimes,
tudo, de um aumento real de verbas. Sem isso, pelo genocídio Yanomami, pelas mais de 700
tal discurso vira apenas uma enganação. Será mil mortes por Covid-19, por seus esquemas
possível ampliar o orçamento para a educação de corrupção. Ainda que o STF tenha deferido

4
pública ao mesmo tempo em que se está aliado pela inelegibilidade de Bolsonaro, não podemos
a fundações empresariais e aos banqueiros e se aguardar a boa vontade do STF em colocar o
segue pagando a dívida pública, que consome criminoso Jair Bolsonaro e seus cumplices na
trilhões do orçamento? Em nossa opinião, não. cadeia porque sabemos do histórico desse
A verdadeira dívida que precisa ser paga é com poder contra os trabalhadores, bem como dos
a escola pública, historicamente desvalorizada. seus conchavos. Por isso, exigimos das direções
Por isso, exigimos do governo Lula/Alckmin da CUT, CTB, PT e PCdoB atos e mobilizações
o não pagamento da dívida e que se destine contra as ações golpistas.
recursos para os salários, planos de carreira e
formação inicial e continuada dos profissionais 1.4 Enfrentar o ajuste do Governo Lula/
de educação, concursos públicos para todas as
funções e fim das terceirizações, infraestrutura Alckmin e exigir o atendimento das
das escolas, desde o saneamento básico e co- pautas da classe trabalhadora!
bertura de quadras de esporte até laboratórios,
11. Defendemos que a Apeoesp, a CNTE, a CUT,
internet e equipamentos eletrônicos etc.
CTB e demais centrais sindicais e sindicatos
9. Por tudo isso, entendemos que essa con- sejam independentes do novo governo e or-
ciliação de classes ocasionará ataques à classe ganizem uma jornada de lutas contra o projeto
trabalhadora. Sob a falsa lógica de que “de- de ajuste, por salário, direitos, mais verbas para
vemos garantir a estabilidade política”, o go- os serviços públicos e para a educação básica.
verno de frente ampla reabilitará setores que Como propostas para a mobilização emergencial
foram parte do governo Bolsonaro, em vez de da classe trabalhadora, da juventude e setores
responsabilizá-los pela situação de caos que populares apresentamos as seguintes propostas:
vive o país. Lula governará aliado a Alckmin a) Não ao Arcabouço Fiscal, o Marco Temporal
(ex-PSDB), Kassab (PSD) e pactua pela gover- e a Reforma Tributária! Não ao pagamento
nabilidade com Arthur Lira (PP), os partidos da Dívida Pública! Por uma reforma tributária
do centrão e setores do grande empresariado que taxe as grandes fortunas e os lucros das
e do sistema financeiro. É fundamental que o grandes empresas e das multinacionais e a
movimento sindical, o movimento estudantil e redução de juros! Verbas para educação,
os movimentos sociais tenham independência saúde e demais áreas sociais!
política e conduzam as reivindicações populares
b) Revogação das contrarreformas e das pri-
sem blindagem ao novo governo. Somente com
vatizações! Reivindicamos a revogação das
independência e unidade para as mobilizações
contrarreformas da Previdência, Trabalhista
podemos reivindicar nossas pautas, como a
e do Ensino Médio! Arquivamento de todos
revogação da Reforma do Ensino Médio e o
os projetos que atacam os trabalhadores,
aumento das verbas para a educação pública.
como a Reforma Administrativa!
c) Punição de todos os golpistas já! Reivindica-
1.3 Punição para Bolsonaro e seus mos a prisão e confisco de bens, a começar
cúmplices! Inelegibilidade não é o pelo ex-presidente Bolsonaro, seus familiares,
a cúpula militar das forças armadas e empre-
suficiente! Fora Múcio e Campos Neto! sários golpistas. Fora Múcio, demissão dos
10. Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado nas urnas ministros bolsonaristas, exoneração de toda
e um novo governo da frente ampla assumiu, cúpula militar, o fim da PM e da PRF golpistas.
liderado por Lula e Alckmin. Somos parte dos Punição ao genocídio da Covid-19! Punição
que lutaram e fizeram campanha para derrotar para os assassinos dos povos indígenas! De-
a extrema direita e dos que agora repudiam nas marcação das terras indígenas e expulsão e
ruas as ações golpistas. No dia 8 de janeiro, a expropriação dos garimpeiros e mineradores!
extrema direita realizou uma intentona golpista d) Medidas urgentes contra o arrocho, desem-
para tentar acabar com as liberdades democrá- prego, fome e contra as opressões! Aumento
ticas. Para isso, contaram com a conivência e emergencial dos salários, revogação dos
o apoio da PRF, das PMs, da cúpula das Forças cortes de direitos nos acordos coletivos
Armadas, do Ministro da Defesa José Múcio e realizados no governo Bolsonaro e na pan-
do governo de Ibaneis Rocha (MDB), do Dis- demia; redução da jornada para que todos

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possam trabalhar, sem redução de salário ou país. No Brasil, a Apeoesp deve garantir o com-

tese
de direitos; redução do preço dos alimentos, bate aos imperialismos, apoiar as lutas da classe
combustíveis e tarifas, mais verbas para a trabalhadora e criticar as relações do governo
educação e saúde. brasileiro com os governos imperialistas.

4
II. Por uma Apeoesp Classista e III. Conjuntura Estadual
Internacionalista 3.1 O Governo Ultraliberal e Privatista de
12. É preciso lutar contra qualquer governo que Tarcísio deve ser Combatido!
ataque nossa classe e os setores populares, faça
o discurso que faça. A sociedade capitalista é 15. O estado mais rico do país carrega uma série
dividida em classes sociais e nossos sindicatos de contradições. Apesar de ter um PIB maior que
representam os explorados e oprimidos contra países como Bélgica e Irlanda, vemos a maior
os patrões nacionais, estrangeiros e contra a parte da população esmagada na pobreza,
exploração imperialista. A Apeoesp deve estar com condições precárias de vida. É impossível
em todas as trincheiras contra a extrema direita, não se chocar com o número gigantesco de
em unidade de ação nas lutas. Mas não se pode moradores de rua que circulam pela cidade.
utilizar essa necessária luta como desculpa Os serviços públicos do estado seguem dete-
para colocar os sindicatos num ilusório “campo riorados, com grandes filas para se conseguir
progressista” com banqueiros, empresários um atendimento médico; o transporte público
e países imperialistas. Vejamos: no campo continua sucateado e caro e na educação o
internacional o governo Lula/Alckmin mantém desmonte avança em passos largos. Tudo isso
profunda relação com o presidente imperialista é fruto direto de um legado de quase trinta
dos EUA Joe Biden, país que explora os povos anos de PSDB chefiando os rumos do estado,
do mundo e massacra o nosso continente, com sempre privilegiando os grandes empresários
Macron que massacra a classe trabalhadora em detrimento da população trabalhadora.
com a reforma da previdência. No plano latino- 16. O governo de extrema direita do ex-ministro
americano, Lula reconheceu o governo assassino de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos)
de Dina Boluarte no Peru, responsável por mais demonstra que seguirá e aprofundará o legado
de 60 mortes de manifestantes. de privatizações, desmonte e ataques à classe
13. Defendemos que nossos aliados são a clas- trabalhadora. Basta observar os secretários
se trabalhadora e os setores populares, não de algumas pastas do governo. Chefiando a
os patrões e os imperialistas. É preciso estar Secretaria de Segurança, temos o capitão Gui-
ao lado da classe trabalhadora, camponeses lherme Derrite que já declarou que policial
e estudantes que se levantam no Peru, bem bom é aquele que tem pelo menos três mor-
como da classe trabalhadora francesa, britâni- tes em seu currículo, explicitando assim sua
ca que protagoniza poderosas greves gerais; concepção de segurança pública que almeja
dos profissionais da educação de Portugal, assassinar jovens negros e de periferia. Não
que realizaram uma forte greve nacional; das à toa que o número de mortes cometidas por
mulheres e os povos em luta no Irã; do povo policiais tem um aumento de 15% no primeiro
palestino que sofre ataques constantes de Israel; semestre deste ano. Tarcísio também colocou
da classe trabalhadora Venezuelana que reco- uma bolsonarista “raiz” e declaradamente anti-
meça a lutar por salário e contra os ataques do feminista para liderar a Secretaria de Mulheres.
governo Maduro; dos presos e presas políticas Tarcísio visa fazer de seu governo uma grande
da Nicarágua; ao lado da resistência ucraniana vitrine de privatizações e arrocho em cima dos
que luta contra a invasão russa, batalhando trabalhadores e, assim, busca se postular como
pela retirada das tropas imperialistas e contra alternativa da extrema direita para disputar as
os ataques patronais do governo Zelensky. eleições presidenciais. A obsessão de Tarcísio é
14. A parceria com governos imperialistas é um fazer das estruturas estatais um banquete para
erro porque são eles que nos impõem o paga- as grandes corporações e empresas nacionais
mento ilegal e ilegítimo das dívidas externas e internacionais, e dessa forma, destruir com
e internas, submetem nosso país a tratados os serviços e o funcionalismo público. É nessa
econômicos e militares, exploram nossos miné- esteira que está colocado o vultoso projeto de
rios, águas e florestas, dentre outras formas de avançar na privatização da Sabesp. Quando um
dominação. No passado, essas relações levaram direito básico é colocado como mercadoria, o
o próprio governo Lula a liderar a ocupação objetivo não é outro a não ser de obter lucro as
militar do Haiti, violando a soberania daquele custas de uma tarifa mais cara e uma piora no

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fornecimento deste bem. Tarcísio também tem esteira que o governo retirou as faltas/aula

tese
intenções de entregar as linhas de trens e metrô para o conjunto dos professores e limitou as
para as mãos da iniciativa privada ao passo que faltas-médicas. Esse projeto também aumentou
não atende as demandas dos trabalhadores a carga horária docente presencial nas escolas
metroviários que fizeram uma importante greve, através das APDs que vem adoecendo o corpo

4
colocando o governo contra a parede. docente porque não existem condições míni-
17. Por isso, afirmamos que o governo Tarcísio mas estruturais nas escolas para dar conta do
é visivelmente inimigo da nossa classe e não trabalho que temos que desenvolver. A verdade
merece nenhum minuto de descanso. Nesse é que as salas de professores estão lotadas,
contexto, é um escândalo que a co-presidenta faltam computadores, notebooks e internet
do nosso sindicato e também parlamentar, Be- adequada, isso quando não falta uma estru-
bel, tenha votado favorável ao aumento salarial tura mínima com bebedouros, micro-ondas e
de 50% do governador e de seus secretários geladeiras. Na prática o que está acontecendo
e tenha apoiado o candidato de Tarcísio para é que além de passar mais tempo na unidade
presidir a Alesp, onde os principais projetos são escolar, o professor ainda volta para casa com
o mesmo trabalho que teoricamente deveria ser
tramitados. Não é dessa forma que construímos
feito nas escolas, pois o mesmo estado que está
o enfrentamento necessário a esse governo
obrigando professores a passarem o dia inteiro
inimigo dos trabalhadores. O pífio aumento
na escola, não garante as condições mínimas
para o serviço público de apenas 6%, que não
de trabalho. O objetivo do governo é acabar
cobre nem as perdas inflacionárias, foi come-
com os acúmulos e, ainda que não esteja na
morado como uma grande vitória pela direção
resolução, passar mais tempo na escola, em
da Apeoesp. Essa política de domesticação
muitos casos, significa deixar o professor mais
perante um governo privatista e de ultra direita
vulnerável e suscetível às pressões da gestão
não representa o conjunto de professores que
escolar de substituir professores ou fazer outras
não depositam um milímetro de confiança no
tarefas que não são da nossa obrigação!
governo de Tarcísio de Freitas.
20. A sanha do governo é tamanha que em uma
resolução em relação às APDs, deixa até mesmo
3.2 Tarcísio e Renato Feder são Inimigos a possibilidade das escolas do fundamental I
da Educação! ficarem abertas no período noturno somente
para o professor cumprir a APD! O professorado
18. Para chefiar a Secretaria de Educação, Tarcísio paulistano sabe bem o retrocesso que a Nova
de Freitas colocou um privatista de carteirinha, o Carreira representa e por isso tem tido uma ade-
empresário Renato Feder. Feder tem um histórico são mínima dos professores efetivos que podem
monstruoso de quando conduziu a Educação no fazer tal opção. Até outubro do ano passado
estado do Paraná. Implementou escolas cívico- somente cerca de 1% dos docentes fizeram a
-militares, retirou aulas de professores através escolha em aderir a esse novo regime. Por isso,
do ensino remoto e chegou ao absurdo de de- a luta contra a farsa da Nova Carreira e pelo
fender a extinção dos Ministérios da Educação e o fim da obrigatoriedade de cumprimento das
da Saúde em livro de sua autoria porque seriam APDs presencialmente nas escolas deve ser uma
um gasto desnecessário para o Estado. O nome prioridade do nosso sindicato. É completamente
de Feder é um insulto entre os nossos colegas absurdo que a Apeoesp tenha comemorado a
professores paranaenses. É com essa bagagem fala do secretário Feder que diz concordar com
que Renato Feder dá continuidade e busca as críticas às APDS, sem firmar qualquer compro-
aprofundar o projeto privatista e de desmonte misso sólido com a categoria de que irá revogar
da educação no estado de São Paulo. essa medida tão brutal! Esse tipo de postura só
19. Com objetivo de fazer do estado um exem- ajuda a confundir a categoria e coloca falsas
plo de implementação do nefasto Novo Ensino expectativas em cima de um governo que não
Médio, o governador Tarcísio e seu secretário para de nos atacar. Nesse sentido, afirmamos
Feder, seguindo o legado tucano de Dória, que a nossa confiança e o nosso compromisso
coloca uma série de medidas que vem deixan- deve ser com nossa força de mobilização e luta
do a educação cada vez mais mercadológica, e não em cima de declarações vazias que o
esvaziando as disciplinas essenciais do currí- governo faz quando lhes convém.
culo através das disciplinas Inova e Itinerários 21. As escolas de ensino integral, as chamadas
Formativos, enquanto a situação do professor PEI’s, também funcionam em confluência com
e demais profissionais da educação vêm sendo o desmonte dos serviços públicos e da carreira
atacada a largos passos. A implementação da docente. Essas escolas têm um caráter exclu-
Nova Carreira vem nesse sentido e foi nessa dente para os alunos porque diante de uma

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crise social brutal em que vive o país, muitos damental para uma educação de qualidade e

tese
alunos não conseguem estudar e trabalhar ao valorização desses profissionais.
mesmo tempo para garantir maior renda para
suas famílias. Para a nossa categoria, o trabalho
nessas escolas significa um aumento de funções IV. O
 rganização e Estatuto da

4
burocráticas, além de viverem sob constante
pressão e perseguição por parte dos gestores. Apeoesp
Não à toa, vemos muitos docentes retornarem
para as escolas regulares por não aguentarem
4.1. D
 efendemos uma Apeoesp
tamanho assédio, equiparável ao que acontece Independente dos governos,
nas escolas privadas. Combativa e Democrática
23. O grupo político que há décadas está à frente
3.3 A precarização estrutural através da gestão do nosso sindicato tem colocado a
dos temporários categoria “O” Apeoesp em uma paralisia tremenda frente a
tantos ataques advindos de quase trinta anos
22. Outro mecanismo nefasto de precarização
de governos tucanos e agora com o governo
da categoria acontece através da massiva con-
privatista de Tarcísio e Feder. É inacreditável
tratação temporária de professores: os categoria
que diante de tantos ataques que temos sofrido
“O”. É fundamental que o nosso sindicato não
com o avanço da implementação da Reforma do
abandone essa parcela importante da nossa
Ensino Médio, com a aprovação da desastrosa
categoria e organize esses professores para lu-
Nova Carreira com a obrigação de cumprimento
tarem para a sua efetivação! Depois de quase 10
das APDs nas unidades escolares, com a perda
anos sem que o estado chamasse um concurso
das abonadas e faltas/aula, com a atribuição de
público, mesmo diante da imensa demanda já
aula mais injusta que ocorreu durante este ano,
demonstrada pela própria Secretaria de Edu-
com nossos salários defasados e em um cenário
cação, um concurso finalmente foi convocado.
de abandono e fechamento de salas de aula, a
Contrariando a real demanda existente atual-
Apeoesp não tenha chamado sequer uma as-
mente na rede, o concurso para professores do
sembleia em 2023 para organizar um plano de
estado foi chamado para suprir apenas 15 mil
lutas da nossa categoria. Isso quando o primeiro
vagas quando a demanda ultrapassa o número
semestre deste ano foi tomado por greves da
de 90 mil professores contratados! Ou seja, na
educação em diferentes estados pelo país.
prática o professor contratado e extremamen-
te precarizado continuará a ser uma parcela 24. Uma categoria sem um sindicato forte e
significativa do corpo docente. Além disso, o atuante é terreno fértil para que governos e
concurso tem o pressuposto absurdo de usar a patrões façam todo tipo de ataque e coloque
classificação na atribuição de aulas, desrespei- cada vez mais condições difíceis para que cum-
tando completamente os anos de experiência pramos o papel social de nossa profissão. É o
do professor. Como dizem nas escolas, agora que tem acontecido na rede pública de São
temos que pagar a taxa de inscrição de um con- Paulo. Lamentavelmente, a gestão da Apeoesp
curso para ter participação nas atribuições. Isso não utiliza a força que o sindicato tem para que
acontece porque a contratação de professores esse seja uma ferramenta de luta da categoria.
temporários serve hoje como um verdadeiro Essa postura do nosso sindicato é fruto direto
substituto aos servidores concursados e é a prin- da falta de independência política ao governo
cipal forma de desvalorizar e retirar direitos de Lula e respinga em conchavos até mesmo com o
uma categoria. É a pura e simples precarização governo do bolsonarista Tarcísio. O que vemos
do serviço público. O categoria “O” está mais é um sindicato que aposta somente nas vias
vulnerável às imposições e perseguições por jurídicas e nas ações individuais como quando
parte das gestões. Por não serem concursados orientou aos professores categoria “O” a en-
com estabilidade, é uma forma que o governo trarem com ações jurídicas individuais contra a
tem de limitar até mesmo o direito desses pro- obrigação de aderir à nova carreira, sem apostar
fessores de fazerem greves e paralisações para na luta coletiva e unificada da nossa categoria.
lutarem por seus direitos. Não por acaso, os 25. Diante da injusta atribuição deste ano, em
governos do PSDB e agora o governador Tarcísio que centenas de professores com muitos anos
têm deixado os categoria “O” sem perspectiva de carreira ficaram sem aulas, um movimento
de efetivação por tanto tempo. Por esses mo- organizado pela base da categoria realizou
tivos, a luta pela efetivação dos categoria “O” e atos em frente a SEDUC para reivindicar aulas
demais profissionais da educação em contratos e transparência na atribuição. O nosso sindicato
temporários, como QAE’s em exercício, é fun- tinha a obrigação de fortalecer a luta de nossos

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colegas e organizar categoria para forjar, assim, tronal ou dos governos federal e estaduais

tese
um plano de lutas por nossas pautas. Não foi requer maior unidade da classe trabalhadora.
o que aconteceu. Pelo contrário, a postura do Neste sentido, é fundamental a organização
sindicato foi de abandono completo dos pro- dos trabalhadores em sindicatos, federações
fessores em luta, literalmente virando as costas e centrais sindicais que representem a luta de

4
e esvaziando os atos. Mais que isso, a direção nossa classe contra os governos e os patrões.
da Apeoesp ainda utilizou do seu aparato de As jornadas de atos nacionais que levaram às
imprensa para caluniar e acusar uma diretora da ruas milhares durante o ano 2021 demonstra-
oposição de golpista por levar a luta da catego- ram a disposição de luta da classe e a força da
ria adiante. Por esses motivos, uma verdadeira mobilização unificada. Infelizmente, as principais
mudança na Apeoesp é necessária! Defendemos centrais sindicais, CUT e CTB, abandonaram a
um sindicato independente e verdadeiramente unificação e a continuidade das ações nas ruas,
combativo, que construa a luta pela base e sem desviando as forças do movimento somente
conchavos com qualquer governo! Para isso, para o processo eleitoral de 2022, política que
propomos a periodicidade das instâncias de deu margem para extrema direita se reerguer
deliberação como os Conselhos Estaduais e e disputar as eleições nacionais, conseguindo,
Assembleias Gerais sempre presenciais. apesar de perder, um resultado apertado. Isto
também permitiu que o movimento de extrema
direita se organizasse numa marcha golpista
4.2 Manter a Proporcionalidade na no dia 8 de janeiro. E, atualmente, não existe
direção da Apeoesp estadual e por parte das principais centrais organização e
Subsedes regionais convocatórias para continuar lutando nas ruas
até derrotar definitivamente os setores golpistas.
26. A Apeoesp é o maior sindicato da América Do mesmo modo, essas centrais não têm posi-
Latina e representa milhares de professores por cionamento independente diante de um ajuste
todo o estado de São Paulo. Há uma pluralidade brutal que se avizinha através do Arcabouço
imensa de correntes, coletivos, organizações Fiscal e da Reforma Tributária do governo Lula/
políticas e ativistas independentes na catego- Alckmin e não chamam a classe trabalhadora
ria que opinam e intervém com propostas nos a lutar contra essa política que representa um
rumos políticos do sindicato. Nas eleições da golpe aos trabalhadores. Também silenciam so-
entidade, formam-se chapas que apresentam bre os processos de privatizações de empresas
para o conjunto da categoria diferentes progra- estatais e nada falam sobre lutar por aumentos
mas políticos e concepções de sindicato, além em setores básicos como saúde e educação.
de fiscalizarem o bom andamento do processo.
28. Essa política responde ao apoio à política de
No atual modelo de composição das direções,
conciliação de classes do governo Lula/Alckmin,
chamado “proporcionalidade”, após as eleições,
que se transforma em blindagem ao governo
a direção estadual e as direções das subsedes
frente a qualquer demanda ou reivindicação
regionais são formadas com base na proporção
da classe trabalhadora. Nesse contexto, reivin-
de votos que cada chapa obteve. Defendemos
dicamos a CSP-Conlutas, uma central que se
que esse modelo seja mantido em contraponto
posiciona independente de governos e patrões,
aos que defendem a “majoritariedade”, ou seja,
constrói a mobilização contra as políticas de
a chapa vencedora das eleições, dirigirá sozinha
ajuste, que combate permanentemente e de
o sindicato. Nesse sentido, defendemos a ma-
forma intransigente as traições das direções
nutenção também das proporcionalidades de
burocráticas e defende a unidade da classe
10% para a composição da Diretoria Estadual
para lutar por suas reivindicações respeitando
Colegiada e de 5% para os Conselhos Regionais
as decisões das bases em assembleias e demais
de Representantes, diferentemente de como
fóruns das categorias de forma democrática e
aconteceu no último pleito em que se passou
independente.
por cima do Estatuto da Apeoesp para impe-
dir uma maior participação da oposição. Essa
proposta é em sintonia coma base da Apeoesp 4.4 I mpulsionar uma Oposição
que é plural, com trabalhadores organizados Independente e de Luta na CNTE
em diferentes correntes políticas. Por isso, de-
fendemos a manutenção da proporcionalidade 29. A Apeoesp com o peso de representar um
tal como está definida em nosso estatuto. conjunto significativo de profissionais da edu-
cação do estado de São Paulo deve impulsionar
na Confederação Nacional dos Trabalhadores
4.3 Filiação à Central Sindical em Educação (CNTE) uma alternativa de inde-
27. A atual conjuntura de ajustes seja da pa- pendência da entidade frente ao governo Lula/

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Alckmin para construir e nacionalizar a luta e anteriores, essa entidade seguiu sem cumprir

tese
organização da nossa categoria para exigir o papel de unificar as lutas dos trabalhadores
nossas pautas. Infelizmente o que vemos por da educação básica. Por exemplo, em 2016,
parte da direção da CNTE é o papel de se tornar quando pipocaram ocupações secundaristas em
correia de transmissão das políticas do governo. todo o país contra a Reforma do Ensino Médio

4
Diante das greves da educação que ocorreram e a lei do Teto de Gastos do governo Temer
em diversos estados no primeiro semestre (MDB), o que fez a CNTE para unir estudantes
deste ano reivindicando o piso nacional e por e profissionais de educação? Nada. Diante da
melhores condições de trabalho, a CNTE nada aplicação da Reforma do Ensino Médio onde
fez para mobilizar e nacionalizar a luta da nossa as consequências já são largamente sentidas
categoria. pela comunidade escolar, o que faz a CNTE?
30. A postura de fazer das nossas entidades Constrói um calendário nacional de luta até a
estruturas de sustentação do governo, traz sua revogação? Não! Endossam a ladainha do
consequências para o conjunto de trabalha- governo da consulta pública quando esse já
dores porque, dessa forma, não se ajuda a declarou através do Ministro Camilo Santana
organizar a luta contra os ataques que vem que não revogará essa reforma tão nefasta para
sendo perpetrada pela frente ampla. Ao mesmo educadores e para a juventude.
tempo essas direções não são consequentes 31. Essa conduta vacilante acontece porque os
no enfrentamento contra os governadores que dirigentes da CNTE defendem a linha de que
aplicam ajustes, mesmo os da extrema direita. é preciso “disputar o governo” Lula/Alckmin
Vimos isso na greve da educação do DF e RJ e até escrevem artigos criticando o ministro
onde o centro dessas direções foi a todo mo- Camilo Santana e a composição do Ministério
mento enfraquecer o movimento paredista para da Educação. Mas, na lógica desses dirigentes,
evitar uma rebelião contra os novos aliados do “disputar” significa pressionar para que eles
governo Lula. Isso ocorre porque as direções também tenham cargos no MEC, o que não
das maiores centrais sindicais apoiam o gover- muda o caráter do MEC nem do governo.
no Lula-Alckmin, que tem como linha pactuar Nesse sentido, defendemos que a Apeoesp
com todos os governadores, incluindo os da exija da direção dessa entidade que convoque
extrema direita, como Ibaneis Rocha do DF, e organize pra já a luta nacional da educação,
Claúdio Castro do RJ, Tarcísio de Freitas de SP tendo como eixos o piso salarial e a revogação
e Romeu Zema de MG. Mesmo nos governos do NEM e da BNCC.

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tese
Tese da Corrente Proletária na Educação/POR
Rejeitar a conciliação e aprovar a
independência de classe
5
Realidade que se escancarou por ocasião das
I. Apresentação eleições do sindicato.
1. O XXVII Congresso deve responder aos gran- 3. Modificar esse caminho tortuoso dado ao
des problemas que atingem a maioria oprimida. Congresso é de extrema importância para ga-
Nos Congressos passados, as posições sobre as nhar os jovens professores, que já são 40% da
questões internacional e nacional eram expostas rede, para recuperar a APEOESP como sindicato
nas teses, unicamente para efeito de erudição. independente diante do Estado e do governo, e
É preciso modificar tal política da direção do como instrumento de luta pelas reivindicações
sindicato. A discussão da situação mundial e mais sentidas. Combater a política de concilia-
nacional deve estar na base das resoluções sobre ção de classes e de submissão ao parlamento e
as tarefas do movimento sindical, em particular judiciário é vital para retomar o terreno perdido.
da APEOESP. Modificar o curso dos Congressos A situação política, mais do que nunca, exige
corporativos, distracionistas e despolitizadores essas mudanças.
é fundamental para ganhar para a luta a nova
4. As correntes que se reivindicam da luta direta
parcela do professorado, que está nas escolas
contra os brutais ataques da burguesia e de seus
precarizadas e sob intensa pressão das direções.
governantes têm de enfrentar essas condições
É preciso dar um basta aos Congressos das
adversas impostas pela direção do sindicato,
cartas marcadas, dos compromissos de erguer
e aprovar nesse Congresso um programa de
os crachás, de comportamento de torcidas num
reivindicações que unifique o conjunto dos
campeonato, enfim, de todos os prejuízos que
trabalhadores, do qual faz parte os professores.
anulam o verdadeiro objetivo de um Congresso.
2. A Corrente Proletária na Educação, depois
de muitos anos intervindo nos Congressos, vem
percebendo que parte significativa do profes-
II. Resolução sobre a situação
sorado não tem interesse e não vê importância internacional e as tarefas do
em atuar nessa instância do sindicato. O que
tem modificado a composição nos Congressos,
movimento sindical
reunindo assim uma maioria de aposentados, 5. A maioria explorada vem sendo duramente
conselheiros e dirigentes das subsedes. Pesaram sacrificada. A manifestação da crise mundial do
também para a redução do número de partici- capitalismo de 2008-2009 não dá sinais de tré-
pantes a não eleição direta de delegados nas gua. Ao contrário, tomou a forma de escalada
escolas e a ação repressiva dos governos em militar por parte das potências imperialistas. A
extinguir o abono das atividades do sindicato. guerra na Ucrânia, promovida pelos Estados Uni-
No entanto, o que mais tem afastado o profes- dos e a aliança europeia, que fez da ex-república
sorado é o descrédito ao sindicato, que é con- soviética bucha de canhão da OTAN e escudo da
fundido com sua direção. O que tem significado burocracia russa, tem provocado consequências
a recusa dessa parcela jovem de professores desastrosas, tais como o aumento da fome,
de se filiar e se dispor a intervir na APEOESP. miséria e opressão nacional sobre os países

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semicoloniais. A guerra comercial entre Estados agora inclui a maioria das correntes do PSOL.

tese
Unidos e China, por outro lado, faz parte dessa A posição de que é preciso apoiar o governo
tendência bélica do capitalismo em desintegra- Lula/Alckmin para derrotar o bolsonarismo e
ção. O capitalismo na fase imperialista não é de defender a democracia, ou o chamado “Estado
reformas em favor dos explorados, é de guerras democrático de direito”, esconde a política de

5
e barbárie social. Isso porque se elevou ao grau colaboração de classes das direções sindicais.
máximo a contradição entre as potencialidades Oculta que o Estado é burguês e que o objetivo
das forças produtivas, as relações monopolistas do governo Lula é administrar esse Estado. E,
de produção e as fronteiras nacionais. E o sis- sobretudo, que a democracia em nosso país
tema econômico, para sobreviver, depende de semicolonial é oligárquica. Não se derrota
maior opressão nacional, saque de riquezas e as tendências fascistizantes do bolsonarismo
exploração de maior contingente da população. servindo aos interesses gerais dos capitalistas
6. Está aí por que é preciso que se aprove no e das potências imperialistas. Não se derrota,
Congresso as bandeiras que unificam a maioria também, a ultradireita no terreno da democra-
oprimida. Estamos obrigados a nos posicionar cia burguesa e de suas instituições (Congresso
diante da guerra na Ucrânia e do crescimento Nacional, Judiciário etc.). Somente é possível
da barbárie social, o que implica o combate para derrotar a ultradireita fascistizante com os
métodos próprios dos explorados, ou seja,
soterrar o capitalismo e edificar uma sociedade
pela luta de classes. Os trabalhadores devem
socialista, onde não há a exploração do homem
empunhar as bandeiras democráticas, como o
pelo homem.
direito de manifestação e expressão, o direito
7. A Corrente Proletária propõe que os sindicatos irrestrito de greve, fim da criminalização dos
e centrais organizem uma campanha, com pa- movimentos sociais e dos lutadores, revogação
ralisações e manifestações de rua: 1) pelo fim da de toda legislação repressiva e outras medidas
guerra na Ucrânia, por uma paz sem anexação que servem de sustentação do Estado burguês
e sem as imposições do imperialismo, e do seu e proteção à propriedade privada dos meios
braço armado, a OTAN; 2) pelo desmantelamento de produção.
da OTAN, revogação de todas as sanções impostas
10. O governo Lula está comprometido com o
à Rússia, autodeterminação, integridade territorial
grande capital. Eis por que aprovou o Marco
e retirada das tropas russas da Ucrânia; 3) unida-
Temporal, o Arcabouço Fiscal e a Reforma Tribu-
de mundial dos trabalhadores para combater a
tária. E se recusou a revogar as contrarreformas
escalada militar; 4) apoio efetivo aos movimentos
trabalhista, previdenciária e o Novo Ensino Médio,
e greves em favor do emprego, salário e direitos
que vêm esmagando a maioria oprimida. Qual-
trabalhistas, para enfrentar os ataques da bur-
quer apoio ao governo é se colocar por conter
guesia mundial à população pobre.
o descontentamento dos explorados contra as
demissões, desemprego, fechamento de fábricas,
salário mínimo de fome etc. É alimentar ilusões de
III. Resolução Nacional e a luta que é possível obter concessões desse governo
pela independência de classe supostamente “em disputa”.
11. A Corrente Proletária defende que se apro-
8. Estamos diante de um problema que é cru-
ve a bandeira de “oposição revolucionária ao
cial para o movimento sindical, que é a defesa governo Lula”, que tem como essência a luta
da independência política e organizativa dos pela independência política e organizativa dos
trabalhadores frente ao governo de Lula e aos sindicatos e centrais, e a defesa de um progra-
demais governos burgueses. Até o presente ma próprio de reivindicações, a ser conquistado
momento, as direções da APEOESP e da CUT pelos métodos próprios do proletariado. Que
estão se colocando pelo apoio à governabili- os delegados aprovem: 1) o rompimento dos
dade de Lula, sob o discurso de que se trata sindicatos e centrais, que inclui a APEOESP, a
de um governo “em disputa”. E que é preciso CNTE e CUT, com o governo Lula/Alckmin; 2)
utilizar os sindicatos para exercer a pressão aprovação de um programa de reivindicações,
sobre o governo, deslocando-o em favor das que unifique os trabalhadores da educação
reivindicações dos trabalhadores e, no caso da com os demais explorados; 3) rechaço ao Marco
APEOESP, de uma educação “de qualidade”. Temporal, Arcabouço Fiscal e Reforma Tributária;
Para isso, se apoiam no argumento de que o 4) revogação das contrarreformas de Temer e
bolsonarismo se mantém vivo e que Lula é a Bolsonaro - trabalhista, previdenciária e do Novo
expressão da democracia contra o fascismo. Ensino Médio; 5) defesa da estratégia própria de
9. A Corrente Proletária se coloca contra es- poder, ou seja, do governo operário e camponês,
sas formulações da direção da APEOESP, que resultado da revolução social.

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direção da APEOESP/PT, que, através do man-
IV. Resolução Estadual e
tese
dato da deputada Maria Izabel, votou favorável
o combate ao governo ao reajuste de 50% no salário de Tarcísio, que
aprovou a indicação do presidente da Assem-
direitista de Tarcísio bleia Legislativa e que se recusa a organizar a

5
12. O estado de São Paulo, governado por quase luta dos professores, pais e estudantes contra
3 décadas pelo PSDB, está agora nas mãos do as violentas medidas de destruição da educação
ultradireitista Tarcísio de Freitas. Durante os pública.
governos peessedebistas, os servidores públi- 16. Nesse sentido, é necessário que o Congresso
cos e, consequentemente, a população pobre, aprove: 1) a convocação de assembleias presen-
sofreram duros ataques. Foram inúmeras greves ciais, amplamente preparadas desde as escolas,
na educação por reajuste salarial, contra o fe- para aprovar a luta pelo emprego a todos os
chamento de escolas etc., destacando a enor- professores, pelas salas de aulas com o número
me repressão à greve de 2000, no governo de máximo de 25 alunos, pela efetivação de todos os
Mário Covas, que levou à exoneração de quatro professores contratados, pela estabilidade, pelo
professores, e a de 2015, no de Alckmin, contra fim da farsa da nova Carreira, pela devolução
o plano de fechamento de escolas. do tempo de trabalho durante a pandemia, pela
13. No entanto, a política das direções sindicais, reposição das perdas salariais, combate ao PEI,
de suposta pressão a deputados e de confiança Novo Ensino Médio e demais programas que
na Justiça, não resultou em conquista por par- expulsam estudantes e ampliam a jornada de
te dos trabalhadores. Com isso, os governos trabalho do professorado; 2) a luta contra a pri-
peessedebistas conseguiram impor a reforma vatização da Sabesp, Metrô, portos e estradas;
da previdência do funcionalismo, os cortes de 3) o combate à privatização da saúde e ao for-
recursos aos serviços essenciais (saúde e edu- talecimento do SUS e IAMSPE; 4) o programa de
cação) por meio do Teto dos Gastos, o PEI, o reivindicações que una a maioria oprimida para
Novo Plano de Carreira e Novo Ensino Médio. enfrentar o ultradireitista Tarcísio de Freitas.
Cabe destacar que foi no governo Alckmin que
foi criada a Universidade Virtual do Estado de
São Paulo (UNIVESP), primeira instituição de V. R esolução educacional
educação superior no Brasil totalmente voltada
para a excrescência da educação virtual. No
e a defesa do sistem
setor da saúde, apesar da campanha de Doria único de ensino voltado à
em favor do SUS, as condições são dramáticas
para a população pobre. Bastam esses exemplos produção social
para mostrar o quanto o PSDB foi nefasto para 17. O Congresso está diante de uma grande
os trabalhadores e a maioria oprimida. tarefa, que é a defesa da educação pública, gra-
14. O governador Tarcísio de Freitas - que tuita e científica. Tarefa essa que foi aos poucos
procura esconder sua raiz bolsonarista com sendo abandonada, dando lugar à defesa da
sua política de “morde e assopra”, está voltado farsa da regulamentação do ensino privado, sus-
a ganhar a simpatia da classe média e se po- pensão dos subsídios à rede particular e verbas
tenciar como futuro candidato à presidência da públicas unicamente para a educação pública.
República - assume a herança peessedebista e Fato que se agravou com a expansão do ensino
se coloca como abertamente privatista, entre- a distância (EaD), que foi naturalizado pelas di-
gando o que restou das estatais, como ocorre reções sindicais, em particular as da educação,
com a venda da Sabesp, o porto de Santos, como a CNTE. Muito se fala em qualidade da
ampliando a terceirização nos serviços públicos, educação, mas essas direções fecham os olhos
fechando mais salas de aulas/turnos, eliminando perante a situação em que boa parte do profes-
conquistas do magistério e mantendo o salário sorado conclui a graduação por meio do EaD.
miserável da maioria do funcionalismo. Há ainda Ocultam que as reformas e medidas que vêm
mais um agravante: como é um governo ultra- destruindo a educação presencial correspondem
direitista, objetiva fortalecer o Estado policial, a interesses econômicos dos capitalistas. E os
aumentando o poder repressivo da polícia nos governantes se aproveitam para se desfazer
bairros pobres, nas escolas e, particularmente, gradativamente da responsabilidade financeira
sobre a juventude negra. Está aí por que é de manutenção da educação pública.
preciso organizar a luta, desde as bases, para 18. Os delegados do Congresso estão, também,
enfrentar nas ruas o governo bolsonarista. diante de dois governos que não irão revogar os
15. A Corrente Proletária rechaça a conduta da violentos ataques à educação pública, entre eles

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o EaD. Apesar de discursos diferenciados, nem disciplinas absurdas e distracionistas. A “Nova

tese
Lula, nem Tarcísio irão revogar essa excrescência Carreira”, com as odiosas APDs (Atividades
do capitalismo, que é o EaD. Também não co- Pedagógicas Diversificadas), que aumentaram
locarão fim à farsa do Novo Ensino Médio, que significativamente a carga horária do profes-
visa, entre outros ataques, a expansão do EaD. sorado, precisa ser revogada. Na base e mes-

5
A Corrente Proletária vem mostrando que o EaD clado com todos esses elementos encontra-se
é a expressão mais acabada do divórcio entre o processo de mercantilização/privatização,
a escola e a produção social, entre a teoria e a revelando a impossibilidade de coexistência
prática, entre o trabalho intelectual e o manual. harmoniosa entre o público e o privado. A Edu-
19. A política educacional do governo Tarcísio cação, convertendo-se em mercadoria, precisa
está sob a orientação ditada pelo governo Lula, avançar e abocanhar fatias e setores do público,
desde o MEC e, mais acima deste, dos orga- seguindo a lógica expansionista do capital.
nismos internacionais, como o Banco Mundial 23. A Corrente Proletária defende: 1) o sistema
e outros mecanismos à serviço do imperialis- único de ensino público, gratuito, para todos e
mo. Aplica a linha determinada pelos grandes em todos os níveis, laico, vinculado à produção
monopólios do setor. Por isso, sua política está social e sob controle de quem estuda e trabalha;
voltada ao acirramento da precarização/destrui- 2) o combate à privatização e a precarização do
ção da Educação pública, dentro da lógica de ensino; 3) a estatização, sem indenização, de
enxugamento do orçamento estatal, tendo em toda a rede privada de ensino; 4) o fim do EaD,
vista a necessidade de preservar o parasitismo ensino de tempo integral e a terceirização; 5)
do capital financeiro, particularmente em relação a efetivação dos terceirizados pelo Estado; 6) a
à extorsiva dívida pública. revogação imediata e na íntegra do Novo Ensino
Médio/BNCC; 7) o rechaço à “Nova Carreira”,
20. Por essas razões, a Educação no estado
fim de todo tipo de discriminação/divisão entre
manifesta o estágio de decomposição do en-
os trabalhadores, trabalho igual, salário igual;
sino, reflexo da desagregação geral do sistema
8) a estabilidade a todos; 9) o fim dos concursos
capitalista. A crise educacional não é uma crise
excludentes; 10) nenhum fechamento de sala/
de modelo, de projeto ou de financiamento,
turno/escola, e reabertura das salas fechadas;
embora possamos encontrar na realidade traços
11) as salas de aula com o máximo de 25 alunos;
de cada um desses aspectos. Não! A raiz da
12) a melhoria das condições de trabalho e da
falência do ensino é mais profunda, encontra-
situação física das escolas; 13) que sejam ofere-
-se na separação entre teoria e prática, entre
cidas todas as condições e o apoio necessários
sujeito e objeto do conhecimento. A proprie-
para o atendimento aos alunos com deficiência;
dade privada dos meios de produção não pode
14) que o Estado financie integralmente a Edu-
permitir um genuíno entroncamento entre
cação, de acordo com um plano decidido pelos
ciência e produção social, pois isso potenciaria
que estudam e trabalham, em suas assembleias.
ainda mais as forças produtivas, num contexto
de crise de superprodução.
21. Formas concretas dessa decomposição do
ensino podem ser encontradas, por exemplo, na
VI. R esolução Sindical e a luta
ausência de condições para atender os alunos por recuperar os sindicatos
com deficiência; nos baixíssimos salários dos 24. Estamos diante de dois governos cujo conte-
professores e funcionários; na expansão do EaD; údo de classe é burguês, embora com distintas
no ensino de tempo integral, que prejudica aos formas de administrar o Estado. Lula comparece
trabalhadores da Educação, com o fechamento como um governo de conciliação entre capital
de salas e turnos, e aos estudantes, uma vez que e trabalho; e Tarcísio de Freitas como expressão
tal fechamento, especialmente na EJA, acaba da ultradireita bolsonarista. E estamos diante
levando à expulsão do aluno-trabalhador, que de direções sindicais que há muito tempo vem
depende do noturno; outra forma concreta submetendo os organismos dos trabalhadores
que expressa o fenômeno da decomposição à estratégia da democracia burguesa e à tática
é o avanço da terceirização, da militarização e da colaboração de classes. O que implicou
do controle ideológico (“Escola Sem Partido”), e implica a anulação dos princípios básicos
entre outras formas. do sindicalismo, que são a independência de
22. O Novo Ensino Médio e a Base Nacional classe diante do patronato e governantes, e a
Comum Curricular têm sido confrontados pelo democracia operária. As consequências têm sido
ódio instintivo do professorado e dos estudan- danosas, porque retira dos trabalhadores, em
tes. O aumento paulatino do peso dos chama- particular da classe operária, sua força coletiva
dos “itinerários formativos” leva à admissão de para a defesa das reivindicações vitais, como a

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defesa dos empregos, salários e direitos. Basta O governo de Tarcísio, não resta dúvida, terá de

tese
lembrar o que vem ocorrendo com o fecha- ser enfrentado com muita organização e luta.
mento de fábricas, a implantação generalizada O que depende de direções sindicais dispostas
da terceirização, a aceitação da flexibilização a enfrentá-lo com os métodos dos explorados.
capitalista do trabalho, o fechamento de salas de A direção petista da APEOESP já demonstrou

5
aula, a imposição do Novo Ensino Médio e Nova sua adaptação ao governo de Tarcísio, apesar
Carreira, e tantos outros ataques desfechados dos discursos oposicionistas.
pelos governos Temer, Doria, Alckmin, Bolsona- 28. A Corrente Proletária defende a recuperação
ro etc. E do que se passou com a polarização dos sindicatos para a luta. Para isso, trabalha
eleitoral entre Lula e Bolsonaro, momento em para constituir oposições sindicais classistas e
que as lutas ficaram para um segundo plano e independentes. Rechaça a política de conciliação
os sindicatos foram usados como instrumentos de classes e se coloca pelos métodos coletivos
para a eleição de Lula. de ação direta dos trabalhadores. Uma direção
25. Esse Congresso se dá nesse momento em sindical classista tem a obrigação de se colocar
que a política de contenção das lutas ganhou pela derrubada das reformas antitrabalhadoras,
força e a maioria dos trabalhadores se encontra com os métodos próprios dos explorados, com
atomizada, enquanto a ofensiva dos capitalistas as greves e ações unitárias nas ruas. Essa política,
não dá trégua. Agora, com a vitória de Lula, es- certamente, se choca com a de colaboração de
sas direções se sentem na obrigação de garantir classes, que procura a via dos acordos entre
a governabilidade. Utilizam o falso argumento governo, direções sindicais e capitalistas. O que
de que se trata de um “governo em disputa”, resulta em derrota para os trabalhadores.
composto por diversas forças políticas. Isso para 29. Faz parte da recuperação dos sindicatos
ocultar o caráter de classe do governo e sua a luta pela democracia sindical. As direções
composição com partidos burgueses oligárqui- sindicais vêm eliminando a democracia das
cos. Está aí por que abandonaram o discurso assembleias, onde a base não tem direito de
eleitoral de que Lula revogasse as reformas de se expressar. Bastam dois exemplos: nas as-
Temer e Bolsonaro, principalmente a trabalhista sembleias do Sindicato Metalúrgico do ABC
e, no caso da educação, o Novo Ensino Médio. só se manifestam os burocratas; na assembleia
Aceitaram compor o Conselho tripartite, para da APEOESP, o direito de fala é determinado
rever pontos da reforma trabalhista, e se con- pela direção, geralmente na reunião do CER.
tentaram como aceno de Camilo Santana de Chegou-se ao ponto do maior Sindicato Meta-
reconstituição do Fórum Nacional da Educação. lúrgico do ABC abolir as eleições diretas para a
26. Nesses mais de seis meses, o que temos visto escolha da direção do sindicato. Na APEOESP,
é um governo Lula cada vez mais servil aos par- a existência de cotas por chapa/correntes para
tidos oligárquicos que controlam o Congresso ter voz no Conselho Estadual sinaliza o tamanho
Nacional, tendo de se submeter às negociatas que alcançou a burocratização dos sindicatos.
em torno às milionárias emendas parlamentares 30. Esse Congresso, para ter algum significado
e à entrega de ministérios à direita bolsonarista, para o professorado, tem de se colocar por rejeitar
para aprovar o Marco Temporal, o Arcabouço todos os mecanismos que impedem a democra-
Fiscal, a Reforma Tributária e a CPI para crimi- cia sindical, entre eles o controle burocrático de
nalizar o MST. E um governo de costas para as participação no CER, assembleias e congressos, e
reais necessidades da maioria oprimida, como o corte de 20% nas eleições sindicais.
ocorreu com o decreto do salário mínimo, o 31. É preciso também combater a política cor-
miserável valor do Bolsa Família, a desocupação porativista das direções sindicais. Para isso, o
dos sem-terra e a suspensão temporária da Congresso deve aprovar as reivindicações que
privatista reforma do ensino médio. unificam os professores com os demais traba-
27. No entanto, as direções sindicais perma- lhadores. A unidade dos trabalhadores não se
necem caladas à espera de que Lula venha dá mediante a formação de chapas eleitorais ou
conceder alguma migalha aos trabalhadores, junção de correntes políticas em apoio à gover-
em particular, reaver um tipo de imposto sin- nabilidade de Lula. A unidade dos trabalhadores
dical, retirado pela reforma trabalhista, para se dá pelas reivindicações elementares, consti-
sustentar o enorme aparato criado pelos buro- tuindo uma frente única sindical em defesa dos
cratas dos sindicatos. No caso do governador interesses gerais dos explorados. Para enfrentar
Tarcísio, volta e meia as direções discursam os capitalistas e seus governantes, é necessário
contra as ações desse direitista, a exemplo da organizar a luta coletiva dos explorados, que só
ação repressiva da polícia nos bairros pobres e pode se dar com seus métodos próprios.
escolas, mas nada que vá além do palavreado. 32. A Corrente Proletária defende: 1) revogação

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das reformas trabalhista, previdenciária e da autoritarismo e afastamento em relação aos

tese
terceirização; 2) salário mínimo vital, que permita interesses dos trabalhadores. A grande maioria
ao trabalhador a manutenção de sua família, sequer sabe da existência da CNTE, revelando
calculado pelas assembleias de base; 3) emprego o seu distanciamento em relação às reais ne-
a todos, por meio da redução da jornada, sem cessidades dos trabalhadores. Daí a enorme

5
redução de salário - escala móvel das horas de importância em fortalecer a Oposição, que se
trabalho; 4) reposição das perdas salariais, to- expressou nas eleições como Chapa 2, objeti-
mando como base os cálculos do DIEESE, que em vando recuperar o sindicato para a luta.
junho/23 era de R$ 6.578,41; 5) saúde e educação 38. A conquista de subsedes importantes e a eleição
públicas; 6) eleições sindicais livres, presenciais e de conselheiros em várias regionais representou
democráticas; 7) fim dos “sindicatos-empresas”; uma importante vitória política para a Oposição
8) assembleias democráticas e soberanas, com Combativa, Chapa 2. É necessário seguir lutando
direito da base se expressar. no campo da independência de classe e em defesa
da democracia operária, para fortalecer o sindicato
VII. Balanço das eleições da APEOESP e erguer as reivindicações da categoria, contra os
ataques do Tarcísio, Lula e da burguesia.
-Venceu a chapa governista
33. Este Congresso se dá logo após a última dispu- VIII. Políticas permanentes – Combater
ta eleitoral no sindicato. É preciso que a categoria
faça um balanço rigoroso da gestão passada e, a raiz de todas as formas de
ao mesmo tempo, observe os primeiros passos e opressão, que é de classe
as perspectivas da atual Diretoria – o mesmo vale
39. Vivemos uma profunda crise econômica
para as direções regionais, das subsedes.
mundial, agravada pela guerra na Ucrânia, pela
34. As eleições da APEOESP ocorreram em uma guerra comercial entre a China e os Estados
situação de profundo ataque à Educação, às Unidos, e pelo avanço da escalada militar. As
condições de trabalho e de estudo. Medidas consequências têm sido dramáticas para a maio-
têm sido adotadas pelos governantes diante da ria oprimida de todo o mundo, com o avanço da
crise do capitalismo, cujo peso é descarregado fome, miséria, desemprego e doenças. E com o
sobre os ombros dos oprimidos em geral, e dos acirramento das discriminações sociais e raciais.
trabalhadores da educação, em particular.
40. Hoje, mais do que no passado, as diversas
35. Nessas condições, era e continua sendo formas de opressão têm sido evidenciadas e
necessário um sindicato forte, para defender os setores da própria burguesia se encarregaram
trabalhadores e a educação pública. É o papel de encontrar formas de amenizá-las. Mas, é no
histórico que cabe aos sindicatos como ferra- interior da classe média que se gestam movi-
menta política, de organização coletiva. Acon- mentos de denúncias, contestações e proposi-
tece que a APEOESP é dirigida desde 1981 pela ções dirigidas aos governantes e ao Congresso
mesma corrente política, a Articulação Sindical/ Nacional. As pressões sociais contrárias às discri-
PT (e aliados). É o que se passa também com a minações da mulher, dos pretos, dos indígenas
Confederação Nacional dos Trabalhadores da e dos homossexuais constituem um todo que
Educação (CNTE). Constituiu-se como uma bu- expressa a raiz de classe das distintas opres-
rocracia, completamente apartada dos interesses sões. No entanto, são tratadas isoladamente
dos trabalhadores. Hoje, situa-se como uma força umas das outras, de forma a se manifestarem
governista, isto é, que apoia o governo burguês corporativamente. Essa segmentação políti-
de frente ampla de Lula/Alckmin. ca, ideológica e organizativa se encarrega de
36. As eleições burguesas de 2022 e o início ocultar e mesmo contestar o caráter de classe
do governo Lula interferiram nas eleições do das opressões. Nisso reside a inconsistência, a
sindicato. Desde a pandemia, acentuou-se a limitação e a fraqueza das organizações espe-
política de unidade de setores que constituíam a cificamente voltadas a tratar dos conflitos em
Oposição, particularmente do PSOL, PCB e PCO, torno à opressão racial, étnica, sexual etc. Tais
com a burocracia da APEOESP. E a burocracia, “coletivos” ou organizações acreditam que a
fortalecida com o deslocamento dessas correntes aprovação de algumas leis, que formalmente
da Oposição e aproveitando a despolitização do penalizam os atos de discriminação e a violência
professorado, monopolizou a comissão eleitoral física, conduziria à superação das opressões.
e ditou os critérios para eleição. O resultado só 41. Na realidade, o pressuposto de que a crimi-
poderia ser a reeleição da direção. nalização, a penalização, a educação e as medi-
37. O magistério desconfia, com razão, dessa das limitadamente protetivas possibilitariam um
direção sindical, devido ao seu histórico de processo civilizatório de igualdade da mulher,

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dos negros, dos indígenas e dos homossexuais governo e aplicação da regra de “trabalho

tese
alcançou apenas o nível da denúncia, das con- igual, salário igual”. Estabilidade a todos;
denações e da ascensão social seletiva. Não se 48. 5. Pela revogação das reformas trabalhista,
pode avaliar que essa via de fato leva à elimi- previdenciária e da Lei da Terceirização;
nação das opressões. E o motivo se encontra

5
49. 6. Que as centrais, sindicatos, entidades estu-
na divisão de classes própria do capitalismo, dantis e movimentos convoquem um Dia
fonte de todo tipo de desigualdade social e, Nacional de Lutas, com paralisações e atos
portanto, de discriminação. Se não se comba- massivos de rua, em defesa das reivindica-
te a opressão histórica sobre a mulher, raça e ções dos oprimidos;
nacionalidade como parte da luta de classes
50. 7. Não ao Marco Temporal! Abaixo o Novo
do proletariado voltada à revolução social, se
Arcabouço Fiscal e a reforma tributária, que
alimenta a ilusão de que a burguesia é capaz
preservam os privilégios da burguesia e das
de promover o processo civilizatório capitalista
oligarquias! Não à CPI do MST, abaixo a
ao ponto de eliminar tais opressões. Essa falsa
repressão ao movimento camponês;
perspectiva é típica do reformismo arcaico e
contrarrevolucionário. 51. 8. Revogação integral do Novo Ensino Médio
e da BNCC (Base Nacional Comum Curricu-
42. O Congresso deve aprovar uma resolução lar), que eliminam disciplinas fundamentais,
que de fato impulsione a luta contra a opressão introduzem as perfumarias dos “itinerários”
de classe e as consequentes discriminações. A e avançam com o ensino a distância;
Corrente Proletária propõe: 1) unificar os movi-
52. 9. Fim da “Nova Carreira” imposta pelo gover-
mentos contrários às opressões em uma só força
no Doria e seguida por Tarcísio, que elimina
de combate às discriminações, tendo por base
conquistas históricas do magistério, institui
o programa da revolução social; 2) emprego a
as APDs, que aumentam a superexploração
toda a juventude, combinado com os estudos;
do professor, e introduz a excrescência do
3) trabalho igual, salário igual; 4) revogação da
subsídio e mais mecanismos meritocráticos
reforma trabalhista e previdenciária, que em-
para obter algum reajuste nos salários,
purra a juventude às relações de trabalho mais
ampliando assim o esfacelamento do ma-
precarizadas e mais opressivas; 5) proteção à
gistério;
maternidade, direito ao aborto garantido pelo
Estado, superação da dupla jornada de trabalho 53. 10. Fim da farsa da Escola de Tempo Integral
e condições que permitiam combinar o trabalho, – do PEI, que exclui o aluno-trabalhador;
a maternidade e os estudos. 54. 11. Abertura de todas as salas e turnos fechados.
Redução do número de alunos por sala, no
máximo 25 alunos. Em defesa da EJA;
IX. Plano de Lutas que unifica o 55. 12. Extinção do ensino a distância. A aprendiza-
professorado com os demais gem é um ato coletivo, portanto, depende
trabalhadores o ensino presencial;
56. 13. Dar uma resposta classista ao problema
43. A Corrente Proletária destacou em cada
da violência nas escolas, mobilizando os
ponto tratado nesta Tese a sua posição política
trabalhadores e a juventude em defesa de
e as tarefas colocadas aos sindicatos, centrais,
melhores condições de vida e de trabalho,
e em particular à APEOESP. Nesse sentido, o
contra todas as formas de precarização e
Plano de Lutas apresentado abaixo não se trata
sucateamento do ensino. Não ao recru-
de uma lista de reivindicações, mas é parte do
descimento das medidas repressivas, que
conjunto exposto na Tese. Eis:
só fortalecem o controle e a militarização
44. 1. Reposição das perdas salariais, para recu- das escolas;
perar o poder de compra dos salários, que 57. 14. Derrotar o reacionário movimento “Escola
sofreu enorme dilapidação nos governos do sem Partido” com a organização e a mobili-
PSDB, que inclui o de Alckmin; zação unitária dos professores, funcionários,
45. 2. Pelo salário mínimo vital, calculado pelas estudantes e suas famílias;
assembleias de base, necessário para sus- 58. 15. Por um sistema único de ensino público,
tentar a família trabalhadora; gratuito, para todos e em todos os níveis,
46. 3. Emprego a todos, por meio da redução da laico, financiado integralmente pelo Estado,
jornada sem redução dos salários – escala vinculado à produção social e sob controle
móvel das horas de trabalho; de quem estuda e trabalha;
47. 4. Extinção imediata da terceirização nas es- 59. 16. Pela estatização, sem indenização, de toda
colas. Contratação dos terceirizados pelo a rede privada de ensino.

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tese
6 Tese da CTB Educação para o XXVII Congresso
Estadual da Apeoesp
Investir em educação pública para
reconstruir o Brasil com justiça social

força necessária para trilharmos o caminho da


Introdução educação com respeito aos profissionais e aos
1. A CTB Educação Apeoesp reafirma o seu estudantes. Vamos juntos reconstruir o Brasil,
compromisso com a defesa intransigente da uni- resistir ao projeto privatista em São Paulo e
dade de todas as forças políticas que compõem construir o novo.
a Apeoesp para enfrentarmos com mais força os
desafios colocados pelo governador Tarcísio de O mundo
Freitas e seu secretário de Educação Renato Feder.
6. Com o fim da União Soviética, em 1991, a
2. Com a eleição do presidente Lula inicia-se
unipolaridade dominou o mundo com a pre-
um novo ciclo na vida brasileira com o projeto
valência do projeto neoliberal. Isso acarretou
de reconstrução nacional do governo de uni-
prejuízos enormes para a classe trabalhadora
dade eleito. Porque o país assistiu desolado
com o consequente enfraquecimento do mo-
a destruição do Estado e, principalmente das
vimento sindical.
políticas públicas de combate às desigualdades
em todos os níveis. 7. A ascensão da extrema-direita, essencialmente
na América Latina, acarretou enormes retrocessos
3. O governo Lula estabelece uma relação
e o recrudescimento da política do ódio e da vio-
republicana com o Congresso, restabelece a lência contra a diversidade humana. Nos Estados
democracia e aprova projetos fundamentais Unidos, Donald Trump irradiou a ignorância, o
para o futuro da nação, como as políticas de negacionismo, a anticultura, a anti-educação e
reindustrialização e de estabelecimento dos ensejou a política da guerra e da morte.
direitos sociais e individuais. Valoriza o trabalho,
8. Essas teses hediondas se espalharam pelo
a educação, a saúde, a cultura, enfim tudo o que
mundo e os EUA continuaram a sua trajetória de
pode melhorar a vida de quem trabalha.
insuflar golpes de Estado contra a democracia,
4. Já em São Paulo a realidade é outra porque inclusive no Brasil, atuando no golpe do impe-
temos um governo neoliberal e, portanto, con- achment contra a presidenta Dilma Rousseff,
tra os interesses da classe trabalhadora. Nesse em 2016.
contexto, a luta pelos direitos das professoras 9. E mesmo com a derrota de Trump, os EUA
e professores paulistas enseja grandes lutas continuam com sua política beligerante e de
para atingirmos o respeito que merecemos e intromissão nos Estados nacionais. A guerra da
a Apeoesp está, como sempre esteve à altura Ucrânia contra a Rússia se enquadra nessa disputa
dos desafios. geopolítica com a China e outros países que agem
5. São Paulo, o Brasil e a educação pública com independência. Por interesses de dominação
precisa de um sindicato cada vez mais forte, da água e de fontes energéticas. Desse modo, os
que represente as professoras e professores Estados Unidos, com seu poderio enfraquecido,
do ensino básico oficial do estado com toda a fomentam a discórdia no mundo.

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10. Hoje, a unipolaridade acabou e o mundo empresariais com vistas à privatização da edu-

tese
está multipolar. Mas o projeto neoliberal nau- cação pública.
fragou com os efeitos ainda sentidos da crise 17. Com amplo apoio midiático, Jair Bolsonaro
de 2008. E a multipolaridade e a crise capitalista foi eleito em 2018 e aprofundou a crise bra-
provocaram uma acirrada disputa geopolítica

6
sileira. O ex-presidente já inelegível por oito
no planeta. Por isso, defender a paz e autode- anos, inflamou o ódio, a violência, a política do
terminação dos povos é fundamental para os armamento e a corrupção. Com a sua falta de
interesses da classe trabalhadora. projeto de desenvolvimento, o Brasil andou para
11. Diante dessa conjuntura, o fortalecimento trás. Na pandemia do coronavírus, assistimos
do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África incrédulos a morte de quase 700 mil pessoas
do Sul) – criado em 2006 –, devido à vitória do pela falta de providência em comprar vacinas
presidente Lula e à nova política de relações no tempo propício e incentivar a não vacinação.
exteriores do Brasil, alterou esse quadro e in- 18. O presidente genocida aprovou uma reforma
comoda os países ricos, principalmente os EUA, da previdência que acabou com a aposenta-
e a União Europeia. doria. Atacou sistematicamente a educação
pública e as educadoras e os educadores como
O Brasil forma de minar toda a resistência ao seu projeto
autocrático e destruidor de direitos. Escolheu
12. A vitória épica do presidente Lula, nas elei- como inimiga a inteligência.
ções de 2022, coloca o Brasil no rumo do de-
19. Por isso, precisamos estar atentos e fortes
senvolvimento, com combate às desigualdades
porque a extrema-direita continua viva e atuante
novamente, e, com isso, a economia voltou a
nas redes sociais, influenciando milhares de pes-
crescer com valorização do trabalho decente
soas mal-informadas, o que torna necessário o
para proporcionar vida digna a todas e todos.
combate tenaz ao fascismo, propagador do ódio,
13. Além disso, vem retomando o seu protago- da discriminação e da violência. A começar pelo
nismo, no cenário mundial, com uma política intenso combate à gestão “independente” do
internacional independente, em defesa da paz, Banco Central que mantém a taxa Selic em 13,75%
dos direitos humanos e da democracia. O presi- com o único propósito de beneficiar o setor rentista
dente Lula trabalha pela reindustrialização como da economia, em total prejuízo à retomada do
uma das mais importantes formas de fomentar crescimento e à consequente criação de empregos.
a economia com criação de novos postos de
trabalho decente.
14. O governo Lula retomou as políticas de
O estado de São Paulo
incentivo à agricultura familiar e reforçou a fis- 20. Desde que assumiu o mandato em 1º de
calização do trabalho para combater o trabalho janeiro, o governador de São Paulo, Tarcísio
escravo e o trabalho infantil, que cresceram de Freitas afirmou não considerar a educação
muito nos últimos anos, na medida em que o pública como sua prioridade. E, para confirmar
governo anterior extinguiu o Ministério do Tra- esse intento, escolheu para secretário de Educa-
balho e, com isso, abandonou a tão importante ção o empresário Renato Feder, que apresentou
fiscalização sobre o mundo do trabalho; o que resultados desastrosos quando esteve à frente
significa que sempre esteve a favor do capital dessa mesma pasta no estado do Paraná.
financeiro, que não cria nenhum emprego. 21. Recentemente, Tarcísio anunciou o envio, à
15. Foi para barrar o processo de desenvolvimento Assembleia Legislativa, de um projeto de lei para
soberano que o golpe de Estado de 2016 contra reduzir em 5% o orçamento destinado à educação
a presidenta Dilma foi engendrado para barrar o pública no estado mais rico da nação. O orça-
ciclo de crescimento do Brasil, principalmente as mento da Secretaria de Educação (SE) estadual
políticas em favor da população mais vulnerável é de 30% – que já é pouco para a demanda –,
por meio das quais houvesse a promoção de e o governador quer reduzi-lo para 25%, índice
direitos e igualdade de oportunidades. mínimo determinado pela Constituição Federal.
16. O presidente golpista Michel Temer abriu 22. Para piorar, um levantamento feito pela
caminho para a extrema-direita aprovando a Apeoesp denuncia o fechamento de salas de
reforma trabalhista, que extinguiu inúmeras aula pela atual gestão. Com o argumento fala-
conquistas da classe trabalhadora. Além de cioso de diminuição de procura pela educação
atacar todas as conquistas sociais dos governos pública e para justificar o corte de verbas, o
populares de Lula e Dilma. Temer tirou toda a governador fecha classes e com isso aumenta
representatividade popular do Fórum Nacional o número de salas superlotadas em todos os
de Educação, mantendo apenas os interesses níveis de ensino. E nem mesmo em relação à

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questão da violência nas escolas, ele dá uma 29. Todas as pesquisas realizadas para aferir

tese
resposta razoável, preferindo falar sobre manter essa questão apontam as mesmas causas para
policiais armados dentro das escolas. tantos males, entre as quais, as principais são: a
23. Não é de hoje que a educação pública de sobrecarga de trabalho com salas superlotadas,
a falta de infraestrutura adequada das escolas

6
São Paulo sofre com o descaso do governo
estadual. Aliás poucas vezes tivemos governa- e a falta de apoio da Secretaria de Educação.
dores realmente preocupados com a qualidade 30. E também provocam esgotamento no corpo
do ensino ofertado para a maioria dos paulistas. docente o assédio moral sobre os profissionais
Nessa área, em São Paulo predomina uma ges- e a intensa pressão para o cumprimento de
tão totalmente autoritária. Tudo é decidido nos metas sem nenhum critério pedagógico, além
gabinetes com envolvimento apenas de setores dos baixos salários e das péssimas condições
empresariais, que recebem fatia importante do de trabalho. E podemos incluir ainda a total
orçamento público da educação para gerir esco- insegurança nas escolas com a falta de pessoal
las, que deveriam ter gestões públicas voltadas de apoio e até de professoras e professores.
ao interesse público. 31. Um plano de carreira decente, salários dig-
24. Para isso, defendemos a gestão democrática e nos, estruturação das escolas e a criação de um
paritária da educação fortalecendo a participação sistema de educação que propicie às professoras
da comunidade nos conselhos de educação, em e aos professores a dedicação exclusiva a uma
todas as esferas federativas, nos fóruns de educa- única escola e lhes dê condições de vida dig-
ção, bem como exigimos que haja fiscalização no nas, certamente farão melhorar a saúde desses
cumprimento dos planos decenais de educação profissionais da educação.
em acordo com as normas do Plano Nacional de
Educação (PNE) aprovado em 2014.
25. A gestão autoritária provoca o assédio
2 - Revogar o novo ensino médio
moral, que provoca mais adoecimentos, já nu- 32. O chamado “novo ensino médio”, instituído
merosos na rede de ensino oficial do estado. Os em 2017, acarretou enormes prejuízos às filhas e
profissionais adoecem pela falta de estrutura aos filhos da classe trabalhadora. Os itinerários
das escolas e, com isso, não conseguem os normativos estabelecidos privilegiaram uma
resultados almejados. visão tecnicista da educação em prejuízo aos
26. Somos cerca de 200 mil trabalhadoras e tra- valores humanos e dificultando inclusive um
balhadores da educação básica em São Paulo. E ensino profissionalizante de fato.
lutamos contra a precariedade das escolas, das 33. A imediata revogação do novo ensino médio,
relações de trabalho e de todo o processo edu- que já nasceu velho pelo retrocesso que repre-
cativo. Lutamos contra a elitização da educação senta para a educação brasileira, é importante
com o projeto de privatização, que retira, das para levar de volta para a escola os jovens que
filhas e dos filhos da classe trabalhadora, qualquer dela evadiram. Isso porque ele não dá conta de
possibilidade de mudança de vida pela educação. uma educação ampla, voltada para a vida e nem
27. Lutamos por respeito aos profissionais. Para de uma educação que garanta uma profissão
não adoecer, as professoras e os professores qualificada para os jovens; e com isso cria mão
precisam de uma rede de apoio e de material de obra barata e sem perspectivas de futuro para
suficiente e adequado às múltiplas linguagens. o mercado de trabalho. E beneficia os patrões
em detrimento de quem vive do trabalho.
34. O novo ensino médio também aprofunda
Plano de Lutas a exploração dos professores, obrigando-os a
dar aulas de “disciplinas” eletivas anticientíficas
1- Professoras e professores adoecem e fora de sua área de formação. Tudo isso tem
28. Uma questão muito importante, não levada causado enorme confusão na organização das
a sério pelos governantes do estado de São escolas públicas, gerando revolta nos estudantes,
Paulo, refere-se ao adoecimento das professoras que ficam completamente desamparados e des-
e dos professores. Um número muito grande preparados para um vestibular ou para o Enem.
deles se afasta do trabalho devido a problemas 35. Além disso, ele flexibilizou o conteúdo que
de saúde. E, entre as doenças que mais afetam será ensinado aos alunos, retirou a obrigatorieda-
esses profissionais da educação, encontram- de de disciplinas como Filosofia, Sociologia, Artes
-se a depressão, a ansiedade, o estresse, além e Educação Física, e deixou à “livre” escolha dos
de dores de cabeça frequentes, problemas na alunos a formação do currículo com obrigatorie-
garganta, alergias, entre outras que afetam pro- dade somente das aulas de Língua Portuguesa
fundamente o trabalho e a vida dos docentes. e Matemática. E criou cinco áreas de concentra-

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ção: linguagens e suas tecnologias; matemática tratada de forma prioritária nos âmbitos nacio-

tese
e suas tecnologias; ciências da natureza e suas nal, estadual e municipal.
tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas; 42. Observa-se que as baixas nos índices de
e formação técnica e profissional. qualidade de ensino refletem os locais que mais

6
36. O texto determina que 60% da carga ho- apresentam desigualdade econômica e social.
rária sejam ocupados obrigatoriamente por Ou seja, se não há oportunidade de ensino
conteúdos comuns da Base Nacional Comum básico e de graduação, as perspectivas tornam-
Curricular (BNCC), enquanto os demais 40% -se baixas, não há emprego, não há acesso à
serão optativos, conforme a oferta da escola cultura, ao lazer, ao esporte e há aumento da
e interesse do aluno, mas também seguindo o criminalidade. Mas, quando há um investimento
que for determinado pela BNCC. completo da rede de ensino, com escolas bem
37. Por isso, defendemos a revogação do “novo equipadas e profissionais valorizados, inicia-se
ensino médio”, que exclui a maioria dos jovens um futuro aberto para grandes oportunidades
da escola, na medida em que a evasão escolar de crescimento pessoal, intelectual e profissional.
aumentou drasticamente, principalmente entre 43. No Brasil tem-se observado um fenômeno
os jovens acima de 16 anos, e, por consequência, de grande prejuízo para a educação pública:
caiu o número de inscritos no Enem. aos poucos, o piso de referência torna-se o
teto do salário do magistério, ao passo que os
diferentes governos reajustam os salários dos
3 - Piso Salarial Nacional Profissional professores com formação em nível médio de
38. Queremos discutir uma verdadeira reforma acordo com a lei, enquanto o reajuste salarial
do ensino médio, que dê prioridade aos que dos professores com nível superior segue a
mais precisam da escola pública. A escola que negociação geral do funcionalismo.
queremos dever ser valorizada, bem estruturada,
com profissionais bem pagos e com perspectivas
de evolução na carreira com formação perma-
4 - Segurança nas escolas
nente; a começar pela imediata aplicação do 44. A falta de investimentos em educação pú-
Piso Salarial Nacional Profissional do magistério blica trouxe mais um agravante: a violência
em todo o território nacional. adentrou o âmbito escolar apavorando a comu-
39. Instituído em 2008, no segundo governo nidade escolar. Crianças e profissionais veem-
Lula, o Piso Salarial Nacional Profissional do ma- -se ao deus-dará em meio ao crescimento do
gistério foi criado para a necessária valorização armamento e do discurso do ódio.
do trabalho das professoras e dos professores. 45. O atual Ministério da Justiça e Segurança
Atualmente, o piso de R$ 4.420,55, para jornada Pública criou em abril a Operação Escola Se-
de 40 horas semanais, não é respeitado por gura com alguns resultados promissores, mas
grande parte dos governadores e prefeitos, muitos governos estaduais não adotaram me-
muito dos quais evitam “gastar” com educação didas competentes para garantir que alunas e
pública, priorizando outras áreas em detrimento alunos e profissionais da educação estejam em
das escolas. segurança no ambiente escolar.
40. Todos nós sabemos que o professor precisa 46. Mas os atentados ainda ocorrem. É impor-
ser valorizado e, para isso, torna-se necessário tante que os governantes, nos âmbitos federal,
investir em melhores condições de trabalho, estadual ou municipal, debatam com a socie-
formação continuada e qualidade de vida. O dade formas de acabar com a violência nas
profissional que forma todos os demais profis- escolas, venham de onde vier. Com certeza, a
sionais precisa ser bem pago para ter dedicação solução não passa pela integração de policiais
exclusiva a uma comunidade escolar, não como armados dentro das escolas, como querem os
acontece atualmente. O baixo salário os obriga a setores conservadores. É preciso valorizar a vida
trabalharem em duas e até três escolas, tirando e a inteligência para impedir novas tragédias,
o seu tempo para aprofundar os estudos e tam- onde jovens pagam com a vida pelo descaso
bém para prepara as aulas, elaborar as provas institucional com a educação pública.
e corrigi-las, entre outros requisitos extraclasse, 47. Embora algumas medidas tenham sido toma-
acarretando sobrecarga de trabalho. das, elas são insuficientes para acabar com esse
41. Não é possível alcançar educação de quali- tipo de crime. Como nos Estados Unidos, apenas
dade sem proporcionar uma estrutura adequa- pensar em policiamento e não atacar a raiz do
da, que engloba profissionais bem preparados problema acaba por não se avançar em políticas
e bem pagos. Esta sequer deveria ser uma para o desarmamento e para a cultura da paz. Há
discussão, uma vez que a educação deve ser necessidade da aprovação imediata do projeto

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de lei, conhecido como PL das Fake News, para 53. O sistema adotado no estado, sobretudo

tese
monitoramento contundente das redes sociais e no governo de João Doria, remonta ao siste-
responsabilização das chamadas big techs sobre ma empresarial com total desvalorização das
o conteúdo disseminado em suas plataformas. É trabalhadoras e trabalhadores, com clara inten-
preciso deixar claro que liberdade de expressão

6
ção privatista do sistema educacional público
não significa liberdade para matar. Portanto, toda estadual. E o atual governador e seu secretário
página disseminadora de ódio, propagadora de de Educação, Renato Feder, aprofundam esse
violência e discriminação deve ser imediatamente sistema, com o gerenciamento das escolas
tirada do ar e os seus autores responsabilizados sendo entregues a Organizações Sociais; o
juridicamente. Não é possível que organizações que significa o repasse de verbas públicas para
fascistas e nazistas ajam com tamanha liberdade entidades privadas.
e aliciem pessoas para o crime.
54. Esse sistema capitalista propicia o assédio
48. Aliado a isso, é necessário rever as políticas moral sobre as professoras e os professores,
de acesso às armas. Posse de arma não pode provocando adoecimentos na medida em que
ser encarada como segurança pública. Por isso, a pressão é muito grande contra os direitos
precisamos da criação de um Sistema Nacional trabalhistas e sociais. O fim do assédio moral
de Segurança Pública com base nos preceitos pressupõe um sistema democrático de respeito.
constitucionais de defesa da vida e dos direitos
humanos. Também é essencial a priorização da
educação pública com valorização do conheci- 6 - Educação Integral pra valer
mento e do respeito a todos os saberes, princi- 55. Iniciamos este item afirmando que o Pro-
palmente num país tão gigante como o Brasil. grama de Ensino Integral do governo de São
49. Já passa da hora de promovermos um am- Paulo não corresponde ao conceito verdadeiro
plo debate com toda a sociedade para acabar de educação integral, porque não condiz com
com a cultura da violência, do individualismo, as reais necessidades da comunidade escolar,
do se dar bem a qualquer custo e da violência muito menos dos estudantes e dos profissionais
contra crianças e adolescentes. Fundamental da educação. Isso porque educação integral
termos medidas de segurança, mas precisamos significa a promoção do desenvolvimento de
ter políticas públicas de respeito à escola com crianças e adolescentes em sua plenitude, tanto
envolvimento da comunidade escolar. intelectual, quanto física, social e culturalmente,
50. Valorizar a educação como um meio funda- pois é fundamental expandir a capacidade dos
mental para a melhoria de vida das crianças e estudantes de lidarem com suas emoções e
dos jovens. Respeitar a escola e os profissionais relações, sua atuação profissional e cidadã e sua
da educação deve ser a norma de conduta da identidade e repertório cultural, que devem ser
sociedade. Uma educação baseada no diálogo, expandidos.
na difusão do conhecimento sem tabus e no 56. A educação integral, portanto, deve ser um
respeito à diversidade humana. É preciso ampla projeto coletivo, compartilhado por todos os entes
informação sincera e honesta da cultura da paz, envolvidos e assim contribuir para a evolução da
do amor, do respeito a todas as pessoas. Dentro sociedade com base no conhecimento e na ciência.
e fora das escolas.
57. Por isso, lutamos por uma educação inte-
51. Em São Paulo, precisamos voltar com a figura gral para valer, com a estruturação adequada
do professor mediador, desarmado e muito mais
dos espaços físicos das escolas, que propiciem
preparado do que os policiais, para a solução de
as condições necessárias para que o processo
conflitos. E ressaltamos a necessidade de um amplo
formativo seja assumido por todas e todos,
debate, com toda a sociedade, sobre a violência e
porque a educação integral deve promover a
sobre uma política nacional de segurança pública
equidade com o reconhecimento do direito a
que atenda os anseios da sociedade. Precisamos
uma educação de qualidade a todas as crianças
de polícias controladas socialmente.
e todos os adolescentes. Somente assim eles
poderão ter acesso a todas as oportunidades
5 - Chega de assédio moral educativas diferenciadas e diversificadas a partir
52. Uma das principais reclamações do magistério da interação com múltiplas linguagens, múltiplos
paulista refere-se à pressão, exercida pela ges- recursos, espaços, saberes e agentes.
tão, sobre os profissionais para o cumprimento 58. A educação somente será integral para valer
de metas num sistema de educação totalmente se forem ofertadas diversas disciplinas aplicadas
“bancário”, onde prevalecem as metas do sistema por profissionais de cada área específica, contra-
muito mais que a qualidade do ensino em si. tados através de concurso público estatutário.

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7 - Concurso público cessários para a sua valorização e de construir

tese
o novo com democracia e diálogo.
59. Após dez anos sem concursos, o governo
66. Os desafios são grandes. Precisamos enten-
de São Paulo realizou um concurso para a con-
der as novas tecnologias e saber como defender
tratação de 15 mil professoras e professores.

6
a sua utilização sem prejuízo aos profissionais
Número muito longe da real necessidade da
da educação. E, além disso, intensificarmos as
rede oficial de ensino paulista, pois somen-
lutas contra o assédio moral e a pressão exercida
te o número de profissionais da Categoria O
sobre professoras e professores que provocam
(“temporários”) passa de 100 mil professoras e
adoecimentos.
professores, que atuam em condições precárias
e com pouquíssimos direitos trabalhistas. 67. Lutamos por uma gestão democrática e
paritária da educação para fortalecer a parti-
60. Queremos um concurso para a contratação
cipação nos conselhos de educação em todas
de pelo menos 100 mil professoras e professores
esferas federativas, nos fóruns de educação,
efetivos; e outros milhares para a admissão do
bem como exigir e fiscalizar o cumprimento dos
pessoal de apoio. Chega de terceirização que
planos decenais de educação em acordo com
tanto prejudica a qualidade do ensino!
as normas do Plano Nacional de Educação.
68. Além disso, lutamos por maiores inves-
8 - Valorização profissional timentos na educação pública para todas as
61. Toda qualidade de ensino passa pela valori- escolas terem a estrutura necessária para o
zação de seus profissionais. No entanto, em São desenvolvimento adequado do processo de
Paulo, não temos um plano de carreira decente e ensino-aprendizagem. Para isso ocorrer, é es-
os salários estão muito abaixo das necessidades sencial a valorização profissional com plano de
das professoras e dos professores. carreira decente, salários compatíveis com as
62. É fundamental a reposição de todas as per- responsabilidades dos docentes, concurso para
das salariais que tivemos ao longo dos anos e de a efetivação do número necessário de profes-
um plano de carreiras que propicie crescimento, soras e professores, salas de aula com menos
com o fortalecimento da formação continuada alunos, material pedagógico necessário e tudo
e com uma gestão democrática, que respeite os o que propicia um bom ensino.
nossos representantes sindicais e o diálogo seja
a norma do relacionamento com a Secretaria
da Educação do estado. Política educacional
69. Depois de seis anos de total desmonte, no
Brasil, a educação pública deve ser impulsionada
Política Sindical com políticas que reforcem a importância e a
63. A vitória da unidade da eleição da Apeoesp necessidade de termos uma educação voltada
tem um significado importante para a políti- aos que mais precisam. Poucas vezes, na história
ca sindical brasileira. E a unidade se faz com do país, ela se voltou para os interesses dos
respeito às diferentes forças que compõem o mais necessitados; na maioria das vezes esteve
sindicato. Isso mostra a necessidade de unir voltada para os interesses da elite.
a classe trabalhadora em torno dos seus in- 70. Alguns importantes avanços foram acon-
teresses; além de ser uma forma de colocar tecendo com a participação de Anísio Teixeira,
a educação pública no centro dos debates. O um dos principais educadores brasileiros, que,
protagonismo da Apeoesp avança a olhos vistos há décadas, difundiu a Escola Nova, tendo
com a importante presença do sindicato das como princípio enfatizar o desenvolvimento dos
professoras e dos professores do ensino oficial estudantes contra a escola da mera memoriza-
paulista em todos os campos dos movimentos ção. Já nas décadas de 1920 e 1930, defendeu
educacional e sindical. o ensino público, gratuito, laico e obrigatório,
64. As denúncias de utilização de verbas públi- como forma de valorizar a cidadania.
cas destinadas a Organizações Sociais, para gerir 71. Por isso, insistimos na luta pela valorização
as escolas, remontam à tese de privatização e da educação pública com os investimentos
elitização do ensino paulista, em total prejuízo necessários para atender os anseios e as neces-
às filhas e aos filhos da classe trabalhadora. sidades das crianças e dos jovens, e do país. A
65. Assim sendo, a Apeoesp torna-se uma luz educação pública deve ser encarada com prio-
para todos os representantes de trabalhadoras ridade absoluta. É preciso colocá-la no centro
e trabalhadores que entendem a importância do debate envolvendo toda a sociedade, que
de a educação pública ter os investimentos ne- deve dizer qual futuro deseja legar às futuras

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gerações, na medida em que a escola tem pa- 79. Lutamos para garantir ao menos 10% do PIB

tese
pel fundamental, com todo o seu potencial, de para a educação pública. A volta da destinação
elevar o patamar civilizacional. dos royalties do petróleo e do Fundo Social do
72. A ditadura fascista, implantada em 1964, motivada Pré-Sal para a saúde e para a educação, para a
universalização da educação infantil e básica.

6
por uma necessidade de mercado, expandiu o
acesso à educação, mas não garantiu qualidade e Nenhuma criança e nenhum jovem fora da escola.
muito menos uma escola democrática. Submeteu- 80. Embora a pandemia tenha evidenciado es-
-se a determinações dos Estados Unidos. sas desigualdades de longa data, ela também
73. Após o fim da ditadura, a Constituição de trouxe outros problemas. Os números da eva-
1988 universalizou o acesso à educação pública, são – antes já altos no Brasil – aumentaram,
gratuita, laica, de qualidade referenciada e in- principalmente por meio da exclusão digital,
clusiva. Os investimentos, porém, não estiveram também estrutural no país. Precisamos, além
à altura das necessidades do país nesse setor. disso, de políticas de inclusão digital e do
Apenas com os governos de Lula e Dilma teve ensino por multiplataformas com acesso à
início uma preocupação em ampliar os investi- internet, a livros, às culturas locais somadas
mentos em educação pública. a tudo o que acontece no Brasil e no mundo.
74. Com intensos debates e ampla participação 81. A ligação dessa exclusão digital à desigualda-
da sociedade, conseguimos aprovar, em 2014, de social manifesta-se nas dificuldades familiares
o Plano Nacional de Educação com a garantia dessas crianças e desses adolescentes que têm
de investimentos de 10% do Produto Interno problemas de subsistência, estão em situação de
Bruto (PIB), em dez anos. vulnerabilidade social e moram em condições pre-
cárias. A sensação de abandono social repercute
75. Mas a partir de 2019, a educação pública no abandono escolar. Por isso, é essencial resgatar
conheceu um retrocesso inominável com in- o projeto educacional democrático e buscar as
tensos cortes no orçamento do Ministério da crianças de volta à escola. Nenhuma criança ou
Educação (MEC). As professoras e os professores adolescente fora da escola é o nosso lema.
viram-se ameaçados como jamais ocorrera na
82. Outro problema evidenciado é a precariedade
história do país. A liberdade de cátedra sofreu
estrutural das escolas, sem as mínimas condições
ameaças constantes com a intromissão do MEC
de acolhimento. Escolas foram amplamente uti-
contra a autonomia das universidades federais.
lizadas em outros países para inúmeras funções
76. A violência adentrou o âmbito escolar com durante a pandemia, como garantir segurança
atentados armados e assassinatos de profes- alimentar das pessoas, acolhimento para isola-
soras, professores e crianças – fruto da difusão mento social e até atendimento médico.
do ódio ao conhecimento, à escola, e aos pro-
83. Além disso, o ensino superior não deve ser
fissionais da educação. Soma-se a isso o fato
esquecido. O Exame Nacional do Ensino Mé-
do incentivo e das facilidades criadas para se
dio (Enem) deve voltar ao seu caráter anterior,
ter armas. E a perseguição aos docentes como
criando a possibilidade de os mais pobres terem
forma de pressão para impedir uma educação
acesso às universidade. Para tanto, as cotas
salutar, com base no diálogo.
sociais e raciais são essenciais para a promoção
77. Com o governo Lula, o diálogo se instaurou da igualdade de direitos no futuro.
e o presidente não se cansa de afirmar que edu-
84. Portanto, a formulação de um novo PNE
cação é investimento, não gasto. E essa atitude
para vigorar durante os próximos dez anos é a
deve reforçar o processo de recuperação da
oportunidade de se avançar na direção de uma
educação pública.
educação pública e gratuita, com qualidade e
78. Acreditamos, porém, que, para fomentar a caráter científico, crítico e laico. A defesa da
valorização da educação pública, é fundamental educação pública, socialmente referenciada e
a retomada do Fórum Nacional de Educação e a de qualidade, com redes direta e gestão pública,
realização de uma nova e representativa Confe- é o norte de nossa luta. E também combater o
rência Nacional de Educação para elaborar um analfabetismo, a ignorância, a evasão escolar
novo Plano Nacional de Educação. E, para isso, os para haver um futuro com possibilidades de
debates devem ser iniciados o quanto antes em melhoria de vida a todas as pessoas. A educação
todo o país. Além disso, é preciso a elaboração pública é o melhor caminho para a democracia
de políticas de recuperação dos anos perdidos, e para o progresso humano.
no período da pandemia, nos quais muitos estu-
dantes não tiveram como acompanhar o ensino
remoto e muitos jovens e crianças abandonaram
Políticas permanentes
a escola pela necessidade de trabalhar. 85. A pandemia e o inconsequente governo an-

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terior agravaram a situação, pela falta de políticas e homens em mesmas funções e intensifica a

tese
capazes de dar conta das necessidades de iso- luta pelo respeito aos direitos humanos e de
lamento social para impedir a disseminação do incentivo à produção de alimentos saudáveis.
vírus. Assim, cresceu o desemprego, bem como 92. A aprovação da lei de igualdade salarial entre
o número de pessoas em situação de rua, o Brasil

6
mulheres e homens que exerçam as mesmas
voltou ao Mapa da Fome, a indústria perdeu fôlego funções representa um grande avanço na luta
e as agressões ao meio ambiente se intensificaram. pela igualdade de gênero no país, mas é só o
O desmatamento incontrolável, o garimpo ilegal, começo. Também a volta do Bolsa Família dá
as queimadas destruíram biomas importantíssimos alento a milhares de famílias com um mínimo de
para o Brasil e o mundo, como a Amazônia, o dignidade para superar as dificuldades financeiras
Cerrado, o Pantanal e a Mata Atlântica. e a fome; assim como o sonho da casa própria
86. Os conflitos no campo se intensificaram, e com retorna com o Minha Casa, Minha Vida, o Luz
isso cresceu a violência contra os povos originários, para Todos, entre outros importantes programas.
quilombolas, e também contra ambientalistas e li- 93. O combate à fome e o projeto de desenvol-
deranças sindicais. Agora se vislumbra uma política vimento nacional com valorização do trabalho
de reforma agrária que contemple o trabalhador trazem esperanças para o povo trabalhador de
do campo com toda a assistência necessária para termos um futuro com vida mais digna. A nossa
uma produção sustentável. luta em favor da educação pública faz parte
87. A cultura da violência e do ódio avançou desse contexto e tem igual importância na luta
com a morte de milhares de mulheres, LGBTs e pela valorização e aperfeiçoamento do SUS,
negros todos os anos, assim como o assusta- da proposta de reindustrialização é essencial
dor número de violência doméstica e de abuso para a criação de empregos com a garantia de
sexual e estupros, dentro de casa, de grande direitos e a valorização da agricultura familiar
número de meninas com menos de 13 anos. O e da reforma agrária possibilitam a produção
ódio vociferado cotidianamente por setores re- de alimentos saudáveis de modo sustentável.
ligiosos fundamentalistas e reacionários elevou 94. Para o país voltar a crescer com justiça
o grau de instabilidade e de medo, e, na mesma social, a sociedade precisa compreender que é
proporção, intensificaram-se as manifestações necessário o respeito à diversidade humana e
racistas e os ataques aos LGBTQIA+. que a sua participação nos destinos do país não
88. A luta antirracista cresce com o acirramento se restringe a votar de quatro em quatro anos.
de manifestações racistas nas redes e nas ruas. O Ou seja, o engajamento deve ser permanente
racismo estrutural evidencia-se diariamente em em favor dos direitos sociais e individuais.
todos os setores da vida brasileira. Amplificados
pelas redes sociais como nunca se viu. Com
isso, a violência aumenta contra a população
não branca no país.
Balanço de gestão
95. A Apeoesp se manteve firme na luta pela
89. O mercado de trabalho reflete o racismo
da educação pública e pelos direitos das pro-
estrutural, baseado na mentalidade escravocrata
fessoras e dos professores paulistas em todo o
que predomina em amplos setores da sociedade.
mandato anterior, como sempre fez em toda a
E o combate ao racismo se faz imperioso para a
sua existência. E cada vez com mais pujança.
transformação da sociedade e do país. Não há
Nem a pandemia e o isolamento social impedi-
democracia sem o tenaz combate ao racismo e
ram a Apeoesp de lutar contra o negacionismo,
a todas as formas de discriminação. A população
em defesa da vacina contra a covid e da saúde
negra, maioria no país, foi escravizada por quase
da categoria e de toda a população.
quatro séculos e depois da Abolição, marginali-
zada do mundo do trabalho e da vida. 96. Lutou intensamente contra o projeto de
90. Portanto, uma forma fundamental de combate desmonte da educação pública do governo
ao racismo é a instituição da política de cotas nas Doria, assim como continua lutando contra o
universidades federais, que está sendo reexamina- mesmo projeto e desmonte do governo Tarcísio.
da pelo Congresso, após dez anos de vigência. É As lutas em favor do Iamspe, de um projeto de
preciso aprofundar as cotas para a construção da carreira decente e de salários dignos fazem parte
igualdade de oportunidades para toda as pessoas. do itinerário da Apeoesp permanentemente.
91. Mas agora o governo Lula retomou as polí-
ticas públicas de respeito à diversidade, contra
a violência, pelo desarmamento e em defesa
Lutamos por:
da cultura da paz. Para tanto, já aprovou uma 97.  Salários compatíveis com as responsabilida-
lei que prevê a igualdade salarial para mulheres des das professoras e dos professores;

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98.  Plano de carreira de acordo com a realidade 115.  Pela recomposição do orçamento do Mi-

tese
e que possibilite o crescimento e o aprimora- nistério da Educação e mais investimentos pela
mento profissional com formação continuada Secretaria de Educação do estado de São Paulo;
e valorização; 116.  Formação inicial e continuada dos profis-

6
99.  Escolas com toda a estrutura adequada e sionais da educação com carreira estabelecida,
necessária ao bom desenvolvimento do ensino; jornada e piso salarial compatíveis com a for-
100.  Escolas abertas à comunidade escolar; mação, revisando todos os cursos de formação,
101.  Uma educação pública e gratuita voltada aos especialmente nas ofertas on-line;
interesses nacionais e populares, combatendo 117.  Realização de concursos públicos, que
os grandes grupos educacionais mercantis que contemplem as reais necessidades da educação
focam no lucro; pública paulista;
102.  Revogação do novo ensino médio e a am- 118.  Uma gestão democrática e paritária da edu-
pliação do debate sobre o tema; cação, fortalecendo a participação nos conse-
103.  Valorização do SUS lhos de educação em todas esferas federativas,
nos fóruns de educação, bem como exigir e
104.  Mais Médicos com mais enfermeiras/os fiscalizar o cumprimento dos planos decenais de
105.  Mais Cultura educação em acordo com as normas do Plano
106.  Mais Esporte Nacional de Educação;
107.  Revogação das reformas trabalhistas e da 119.  Pelo aumento de vagas nas universidades
previdência públicas, bem como o fortalecimento e efetiva-
108.  Revisão e alteração da legislação que per- ção do tripé Ensino, Pesquisa e Extensão;
mite o conveniamento e a gestão privada na 120.  Pela ampliação da luta contra a militarização
educação pública, e que, onde houver rede das escolas, entendendo que o projeto limita o
conveniada, mesmo por um período emergen- estímulo à autonomia do indivíduo e cerceia o
cial, fiquem0 assegurados aos seus profissionais pensamento crítico;
o piso do magistério, a carreira, a formação e 121.  Pela organização de frentes sindicais de
gradativamente sejam incluídos na rede direta debates e articulações com formação e asses-
por concurso de provas de títulos; sorias para a participação qualificada nas mesas
109.  Realização de uma Conferência Nacional de negociação com foco na valorização dos
de Educação (CONAE) em 2023, para, dentre trabalhadores e trabalhadoras em educação;
outros objetivos, produzir insumos para o Plano 122.  Pelo fortalecimento e financiamento da edu-
Nacional de Educação, a ser construído a partir cação do campo com formação inicial e continu-
de 2024; ada para que as escolas do campo contribuam
110.  Organização, com as entidades da educa- com a permanência dos jovens no campo;
ção, movimentos estudantis, centrais sindicais 123.  Pela garantia de maior implementação da
e movimentos sociais, da resistência e defesa Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
da educação pública, gratuita e de qualidade (LDB, nº 9.394/1996);
socialmente referenciada nos interesses nacio-
124.  Pelo reforço da necessidade de uma organi-
nais e populares;
zação didático-pedagógica própria, que atenda
111.  Reconstrução do Conselho Nacional de às necessidades e contextualize as propostas
Educação, com representação da sociedade educacionais, considerando as especificidades
civil organizada; das comunidades quilombolas, respeitando
112.  Continuar a luta pelo pagamento do Piso os princípios que regem a Educação Escolar
Nacional do Magistério; Quilombola, dentre eles o respeito e reconhe-
113.  Instrumentos de políticas públicas que cimento da história e da cultura afro-brasileira
garantam planos de retomada de aprendiza- como elementos estruturantes do processo
gens dos alunos e das alunas, considerando civilizatório nacional;
a precarização imposta à escola pública no 125.  Pela revogação imediata do novo ensino
período pandêmico, bem como o acolhimento médio, considerando as especificidades regio-
psicológico para alunos e alunas, professores nais, sobretudo em um país tão diverso como
e professoras, coordenadores e coordena- o Brasil;
doras, gestores e gestoras e funcionários e 126.  Desenvolver um amplo debate nacional,
funcionárias; envolvendo vários setores afins, para aprofundar
114.  Revogação de políticas que prejudicam a as várias possibilidades envolvidas na dinâmica
Política de Alfabetização na Educação de Jovens de mudanças estruturais históricas relacionadas
e Adultos; ao tema tecnologias aplicadas à educação.

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caderno de teses 2023.indd 54 01/08/2023 00:10:22
tese

7
Tese do Nossa Classe Educação para o
XXVII Congresso Estadual da APEOESP 2023

1. Somos professores, efetivos e contratados, e peza e da merenda. Somos todos educadores:


assinamos essa tese para contribuir com os de- igual trabalho, igual salário e direitos!
bates do XXVII Congresso Estadual da APEOESP.
Nós do Nossa Classe Educação fazemos parte
da construção da Oposição Unificada Comba- I - C onjuntura Internacional e
tiva dentro do nosso sindicato, e estamos na
coordenação da Subsede da Apeoesp em Santo Nacional
André, e atuamos em outras regiões e cidades 3. Estamos há 15 anos vivendo a crise capi-
de São Paulo, como Campinas, zona norte e talista mundial que se abriu com a queda do
zona oeste, onde elegemos pela chapa 2 um banco de investimentos Lehman Brothers em
importante número de conselheiros estaduais e 2008 nos Estados Unidos, um processo que tem
regionais. Acreditamos na força da mobilização inúmeros efeitos e que colocou em xeque a di-
dos professores para enfrentar a extrema direita nâmica capitalista no século XXI. Essa dinâmica
de Tarcísio e seus ataques, para lutar pela revo- une hiperfinanceirização e sobreacumulação
gação integral do novo ensino médio e todas de capitais com uma enorme precarização do
as reformas e privatizações e contra o Marco trabalho, com o objetivo de manter as altas
Temporal e o Arcabouço fiscal; e também para taxas de exploração da mais-valia e de fortale-
exigir que a APEOESP e as centrais sindicais, cer os grandes monopólios, enquanto a classe
como a CUT e CTB, organizem um plano de trabalhadora paga a conta com a terceirização,
lutas para que a nossa classe entre em cena de a uberização e o desemprego, processos que
forma unificada, aliada com as mulheres, negros, também reconfiguram a educação do ensino
indígenas e LGBTQIAP+ e que tenha indepen- básico ao superior e a nível mundial.
dência política do governo Lula-Alckmin. 4. Essa crise se aprofundou e ganhou novos
2. Levaremos como principal bandeira para o capítulos com a pandemia que se instalou em
congresso da Apeoesp a importância da orga- 2020, o que significou mundialmente quase
nização independente da nossa categoria e do 7 milhões de mortos, podendo chegar a 20
nosso sindicato a partir da base da categoria e milhões, e o agravamento da miséria social.
da construção de uma forte unidade entre pro- Mas, ao mesmo tempo, revelou que o mundo
fessores e trabalhadores da educação: efetivos, não funciona sem a classe trabalhadora que
contratados e terceirizados. A terceirização e os tudo produz. Com a guerra da Ucrânia, graças
contratos precários são fraturas que o Estado à ofensiva reacionária de Putin e a política da
e os governos impõem para dividir, precarizar Otan de transformar a Ucrânia num protetorado
e humilhar os trabalhadores, em especial ne- para avançar no Leste europeu, combinado à
gros e mulheres. É impreterível que qualquer política de rearmamento do imperialismo, a
sindicato coloque no centro da sua atuação a crise deu outro salto, atualizando as guerras
luta em defesa da unificação da nossa classe. interestatais do século anterior no centro do
Por isso, é preciso defender a efetivação, sem a continente europeu. Com isso, a única respos-
necessidade de concurso público, de todos os ta possível é levantar uma política de unidade
mais de 96 mil professores já contratados, dos internacional da classe trabalhadora pelo fim
agentes de organização escolar com contratos da guerra, defendendo a imediata retirada das
temporários e de todos os terceirizados da lim- tropas russas da Ucrânia, mas também repu-

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diando a ingerência dos EUA e da OTAN, com as reformas. Durante o governo Bolsonaro, foi

tese
a militarização do Leste europeu, assim como a aprovada a reforma da previdência, ocorreu a
política de armamento do imperialismo europeu. implementação a nível nacional da reforma do
Ou seja, uma política independente dos dois ensino médio e o avanço da precarização do
bandos reacionários que buscam avançar sua trabalho, como vimos com os casos de trabalho

7
própria política capitalista na guerra. análogo à escravidão, combinados também com
5. Mas todas essas expressões da crise capi- o aumento da violência policial. São mazelas
talista foram atravessadas pela luta de classes, sociais profundas que sentimos dentro das
desde os primeiros anos com a Primavera Árabe, nossas salas de aula.
o movimento Occupy Wall Street e o dos coletes 8. Diante disso, Bolsonaro foi derrotado nas
amarelos na França, as revoltas no Sudão e na urnas em 2022. E depois de ações golpistas de
Argélia, a Maré Verde na Argentina, a revolta sua base no 8 de janeiro, está inelegível pelos
no Chile, o Black Lives Matter. Dentre essas, próximos 8 anos pelas mãos do judiciário de
várias tiveram o protagonismo dos professores Alexandre de Moraes - ministro que, como
nos EUA, na Europa e na América Latina e, mais Secretário de Justiça de Alckmin, reprimiu a
recentemente, na luta massiva contra a reforma greve de professores e a forte ocupação das
da previdência de Macron que sacudiu a França escolas em 2015 e sancionou a eleição de Bol-
e na revolta peruana contra o golpe de Dina sonaro em 2018. Bolsonaro está inelegível, mas,
Boluarte. Os professores em Jujuy, na Argentina, por outro lado, todo seu legado de reformas
protagonizam uma dura resistência, em aliança e ataques segue vigente, inclusive dentro do
com os indígenas, se enfrentando contra os MEC. Ataques que agora são geridos por um
baixos salários e uma reforma autoritária que governo burguês eleito através de uma Frente
pretende entregar uma das maiores reservas de Ampla que envolveu o apoio de diversos setores
lítio do mundo - reforma proposta pela direita da direita e inclusive do capital financeiro. Esse
e pelo kirchnerismo. que ampliou ainda mais seus representantes na
6. No Brasil, os efeitos da crise econômica composição do governo, ao mesmo tempo que
também se expressaram em forma de revol- conta com a integração direta de organizações
ta popular. Estamos há 10 anos de junho de de massas como as burocracias sindicais (como
2013 e, diferente da propaganda petista que as direções da CUT e CTB) e partidos de esquer-
o demoniza, colocando a responsabilidade da da como o PSOL. É um governo com política
ascensão da extrema direita nesse processo, da conciliação de classes, e os anos de governo
é preciso dizer que milhares saíram às ruas e do PT já mostraram que isso fortalece a direita
questionaram os grandes problemas urbanos e extrema direita. Esse governo, que conta em
que são descarregados na população pobre e seus ministérios até mesmo com figuras da base
trabalhadora, enfrentaram a repressão que na- bolsonarista, já declarou que não vai revogar
quele momento foi desferida pelos governos de nenhuma reforma e liberou a venda de armas
Alckmin e Haddad e abriram uma crise profunda para reprimir o povo peruano. Não suficiente, o
na hegemonia burguesa após anos de governos PT liberou a base governista para votar a favor
do PT. O ausente foi uma resposta contundente do Marco Temporal e a base de seu governo
da classe trabalhadora, graças à sabotagem das deu mais de 100 votos para esse enorme ataque
grandes centrais sindicais, como a CUT, que não aos povos indígenas.
organizaram suas bases para isso, o que é uma 9. Com o arcabouço fiscal de Haddad, esse
questão estruturante do caminho de ofensiva governo começa a promover seus primeiros
da direita que vimos posteriormente com a ataques. É uma forma de manter e aperfeiçoar
farsa da operação Lava-Jato, a prisão arbitrária o teto de gastos aprovado por Temer, que na
de Lula e o golpe institucional de 2016, que prática significará um impedimento de investi-
colocou Michel Temer no poder e teve forte mentos sociais para seguir pagando a fraudulen-
protagonismo do autoritarismo judiciário. ta dívida pública aos banqueiros e empresários.
7. O golpe institucional abriu uma ofensiva A reforma tributária, por sua vez, não muda
burguesa contra os trabalhadores, quando já em nada a estrutura de tributação no país que
no governo Temer conseguiram aprovar im- favorece o grande capital em detrimento dos
portantes reformas neoliberais: a trabalhista e trabalhadores. Não por acaso, ela foi comemo-
a do novo ensino médio. O Bolsonarismo foi rada pela Fiesp, por Arthur Lira, pelas grandes
o auge desse processo, um governo que por mídias burguesas, pelas cúpulas das igrejas e até
4 anos desferiu ataques sem precedentes ao mesmo por governadores bolsonaristas como
meio ambiente, aos negros, às mulheres, às Tarcísio e Zema.
LGBTQIAP+ e que aprofundou a privatização e 10. Todos esses ataques, que colocam o Brasil

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no ranking do trabalho escravo, dos acidentes
II. A escola pública sob ataque
tese
de trabalho que matam, da uberização, da
terceirização e dos baixos salários, devem ser da extrema direita e do
enfrentados pelo único caminho possível: o
neoliberalismo e o papel

7
terreno da luta de classes, das manifestações,
paralisações e greves. Mas a burocracia sindical, dos professores contra os
que hoje compõe o governo e está à frente dos
sindicatos e das grandes centrais sindicais, é ataques
um obstáculo claro a isso. Em junho de 2013, 13. Em meio à crise econômica, foi e segue
frearam qualquer resposta operária à revolta que sendo fundamental para a classe dominante os
se abriu, com o golpe institucional, a prisão de ataques contra a educação pública como uma
Lula, a entrada de Bolsonaro e a aprovação de das formas de manter a sua hegemonia sob a
todas as reformas. Também não convocaram os classe trabalhadora e os mais oprimidos, como
trabalhadores a responder com seus métodos, os negros, as mulheres, LGBTQIAP+ e os povos
chegando até mesmo a trair e desmontar uma originários. No Brasil do golpe institucional e
greve geral em 2017 diante da reforma da pre- da extrema direita, vimos a combinação entre
vidência. Hoje estão ainda mais submissas ao os ataques reacionários do bolsonarismo com
governo da frente ampla, chegando inclusive a os ataques neoliberais dos reformadores da
defender ataques como o arcabouço fiscal, como educação. A escola pública está na mira dessa
o nosso próprio sindicato, um dos maiores da combinação e cabe aos educadores, aos estu-
América Latina. dantes e à comunidade escolar enfrentá-la.
11. Os professores vieram se mobilizando em 14. Mesmo com a derrota apertada nas urnas,
diversos estados para defender seus salários, o bolsonarismo segue vivo no país com sua
condições de trabalho e também para revogar ideologia de extrema direita, que somente será
o novo ensino médio, como vimos recente- derrotada no terreno da luta de classes. Prova
mente na importante greve do Rio de Janeiro. disso foram os ataques de conteúdo ultra re-
Para enfrentar esse cenário, é necessária a luta acionário nas escolas que ceifaram a vida de
para superar essas burocracias, exigindo que as professoras, jovens e até mesmo de crianças.
grandes centrais organizem um plano de luta Nossa luta hoje deve ser dedicada à professora
para retomar o caminho da mobilização dos Elizabeth Tenreiro e aos estudantes Enzo Barbo-
trabalhadores, que deve ser independente do sa, Larissa Toldo, Bernardo Machado, Bernardo
governo Lula-Alckmin. Pabst, Karoline Verri e Luan Augusto, mortos
dentro das escolas pela barbárie capitalista.
12. Esses anos de crise capitalista revelam a
15. O avanço da implementação do Novo En-
impossibilidade da política de conciliação de
sino Médio (NEM) tem gerado indignação dos
classes. A burguesia internacional veio desferin-
professores, da juventude e da sociedade. Tanto
do duros ataques aos explorados e oprimidos
que desde a vitória eleitoral de Lula-Alckmin,
em nome dos seus lucros, mas não sem fortes
essa reforma tem sido altamente questionada,
resistências e revoltas dos trabalhadores e do
obrigando Lula a declarar algumas vezes que
povo pobre. Mostrando que são eles ou nós que
não irá revogá-la. Trata-se de privilegiar os
vamos pagar pela crise. Esse cenário reatualiza
monopólios da educação, que foram os res-
no século XXI o que Lênin, grande revolucionário ponsáveis pela criação do NEM e agora também
que esteve à frente da tomada do poder pela encontraram seu lugar ao sol neste regime
classe trabalhadora na Rússia em 1917, definiu político, setores que com auxílio histórico das
como etapa imperialista de crises, guerras e políticas de transferência de dinheiro público
revoluções. Nossa perspectiva é anticapitalista nos governos petistas e ancorados no Conse-
e revolucionária, de luta para construir partidos lho Nacional de Educação, nunca deixaram de
revolucionários internacionais que, junto à classe lucrar. Tal conselho, aliás, tem sua composição
trabalhadora organizada, derrotem a burguesia eleita por esses mesmos monopólios e de for-
e ergam o socialismo. Uma batalha que tem ma totalmente antidemocrática, sem conexão
como objetivo conquistar uma sociedade co- com os problemas reais das escolas e com
munista, sem classes e sem Estado, e diferente os trabalhadores. Tem papel fundamental na
das deturpações stalinistas, seja levado à frente continuidade do NEM e promoveu audiências
pelas mãos da classe trabalhadora que produz públicas totalmente protocolares, onde não há
e mantém toda vida social. Acreditamos que os participação real dos professores, estudantes e
professores têm o potencial de estar à frente intelectuais da educação. Assim como a consul-
dessa perspectiva. ta, organizada também por burocracias sindicais

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como a da Apeoesp, que o governo está fazendo sar em uma educação integral, com igualdade

tese
nas escolas com o objetivo de “aprimorar”, não de direitos e plena em seu estado maior de
de ouvir os professores pela revogação. desenvolvimento humano. A educação dentro
16. Fundação Lemann, Bradesco, Itaú, Instituto desse sistema, que tem como base a exploração
da grande maioria trabalhadora, sempre estará

7
Ayrton Senna, Natura, entre outros setores em-
presariais e burgueses que são parte do “Todos alinhada com os interesses econômicos e po-
Pela Educação” - que tem como sócio-fundador líticos da classe dominante, essa é uma ideia
Fernando Haddad (PT) - lucram, precarizam e fundamental para superar uma perspectiva de
privatizam; e medidas como o NEM, que aligei- que apenas com o bom trabalho do professor é
ra a formação dos estudantes, têm o objetivo possível transformar a educação e a sociedade.
de reduzir drasticamente o investimento em 20. A localização dos professores enquanto
educação pública para destinar mais dinheiro intelectuais no interior da classe trabalhado-
para a arbitrária e fraudulenta dívida pública. ra - que sente e vive a realidade social dentro
Nisso vemos a ligação e também os interesses das escolas, se enfrentando com a fome, o
do governo federal em manter essa reforma, desemprego, o racismo, o machismo, a xeno-
juntamente com a trabalhista e previdenciária, fobia, a lgbtqiap+fobia e todos os problemas
uma vez que ele mesmo, pelas mãos de Haddad, psicológicos aprofundados por esse sistema,
aplica agora o ataque do Arcabouço Fiscal, o organicamente inseridos entre a juventude e
novo teto de gastos para garantir exatamente a seus familiares - leva a que tenhamos a poten-
continuidade do pagamento da dívida pública. cialidade de falar à juventude, falar à comuni-
17. Alguns atos e mobilizações contra o NEM dade escolar, falar aos mais pobres, explorados
foram chamados por sindicatos da educação, e oprimidos. Por isso sempre sofremos uma
pela CNTE (Conselho Nacional de Trabalhado- campanha difamatória por parte das grandes
res da Educação) e a UNE (União Nacional dos mídias e governos burgueses.
Estudantes), que em sua grande maioria são 21. Isso coloca a possibilidade de que os pro-
dirigidos pela CUT (PT) e CTB (PCdoB). Mas o fessores possam cumprir um papel central em
que vimos até agora foram sempre ações não buscar um caminho de confiança nas próprias
articuladas nas bases, com uma separação en- forças diante da crise capitalista. O que depen-
tre educadores e juventude, mesmo quando de da disputa entre a ideia de ser um agente
esses mostraram disposição para lutar, sendo da ordem e do ideário burguês ou, a partir da
que essa unidade poderia conformar uma força concepção de que a escola não é neutra, a ideia
real contra, não só o NEM, mas também contra de defender que a escola se transforme num
as outras reformas e ataques, trazendo outras espaço de luta de classes, se colocando ao lado
categorias para a luta. da juventude, dos trabalhadores e dos setores
18. Assim chegamos até aqui: reforma do ensino mais oprimidos, que inclusive dependem em
médio, que aprofunda a desigualdade social e grande parte das escolas públicas, como os
o esvaziamento de conteúdo da escola e que negros, as mulheres, LGBTQIAP+ e os povos ori-
é uma verdadeira reforma trabalhista para os ginários. Esse deveria ser o papel dos sindicatos
professores; terceirização dentro das escolas da educação, organizar os professores nessa
com trabalhadoras, em sua grande maioria mu- perspectiva de unidade e de carregar consigo
lheres negras, recebendo salários absurdamente as demandas da nossa classe.
baixos e atrasados; privatizações e aumento de
22. Os professores mostram há anos que estão
fundos patrimoniais da educação; aumento da
na vanguarda contra os ataques capitalistas.
violência policial dentro das escolas; aumento
Internacionalmente, em Minneapolis, nos EUA,
de ataques ultra reacionários; aumento da eva-
fizeram a maior greve em 50 anos, se ligando
são escolar e o crescimento do analfabetismo;
às reivindicações do Black Lives Matter. No
fragmentação da categoria de professores entre
Equador, contra Guilherme Lasso, os professo-
efetivos e contratados para dificultar ainda mais
res chegaram a fazer greve de fome exigindo
a organização; cortes nos investimentos para
o fim do ataque aos seus salários. Na França,
garantir o pagamento da fraudulenta e ilegítima
vimos greves e paralisações recentes contra as
dívida pública.
condições sanitárias da pandemia que chegaram
a organizar 75% dos professores primários e do
Os professores na vanguarda contra ensino fundamental. No Uruguai, professores
os ataques capitalistas: qual papel e estudantes protagonizaram mobilizações e
paralisações contra a reforma educacional de
podemos cumprir? Lacalle Pou, que busca avançar na privatização
19. Dentro do capitalismo, não podemos pen- do ensino, e abriu as portas para uma forte greve

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geral por salários. Em Jujuy, na Argentina, estão contra a juventude nas comunidades, o que

tese
ao lado da população indígena travando uma está de acordo com o aumento da violência
dura luta contra os baixos salários e o governo policial em todo o estado em seu governo. A
de Morales. polícia militar racista e ideologicamente ligada
ao bolsonarismo teve o seu prêmio dado pelo

7
23. No Brasil, os professores que já tinham
mostrado disposição para lutar contra o golpe governador: um aumento salarial de até 20%
institucional, Bolsonaro e todas as reformas e contra 6% apenas dos professores. São muitos
ataques, neste ano protagonizaram importantes os ataques psdbistas que Tarcísio já busca apro-
greves no Rio de Janeiro (RJ), Distrito Federal fundar: seguir com a implementação do NEM,
(DF) e Amazonas, além de inúmeras greves de avançar com privatizações e o desmonte da
educadores municipais - lutas que ficaram iso- educação e com projeto de escolas militarizadas,
ladas em seus estados, quando nacionalmente alinhar ainda mais o programa educacional do
a educação tem demandas em comum, como a estado com os interesses neoliberais, destruir
luta pela revogação integral do NEM - e foram direitos dos professores e seus salários, atacar
atacadas pelos governos e judiciário. O trabalho e derrotar a força em potencial que existe na
das direções sindicais, sobretudo da CUT e CTB, unidade entre a juventude e os trabalhadores
tem sido o de conter e desviar a revolta dos da educação.
educadores e da juventude para uma confian-
ça no governo e nas instituições desse Estado Novo Ensino Médio, Inova, PEI, Novotec
degradado. Mas são lutas que mostram o po-
tencial que os professores têm de estar à frente e a nova carreira em São Paulo: a
nas batalhas contra os ataques dos capitalistas, educação do trabalho precário
para que sejam eles que paguem pela crise.
26. São Paulo é o estado onde a implementação
do NEM está em seu estágio mais avançado, não
à toa, já que foi do governo Temer e no núcleo
III. A extrema direita de Tarcísio privatista tucano que surgiu esse projeto. Num
de Freitas e os ataques à país onde apenas 60,3% completam o ciclo
escolar até os 24 anos e entre os mais pobres,
educação em São Paulo o número dos que concluem o ensino médio é
24. Depois de décadas de governos sucessivos de 46% contra 94% dos estudantes mais ricos1, o
do PSDB, agora os ataques serão aprofunda- novo Ensino Médio resulta na diminuição e ali-
dos pela extrema direita de Tarcísio de Freitas geiramento da formação básica dos estudantes
(Republicanos), uma figura bolsonarista que com a eliminação de disciplinas regulares nos
colocou secretários liberais privatistas nas áreas últimos anos do ensino médio. Isso reflete no
econômicas e estruturais da cidade e bolsonaris- ataque ao conhecimento científico e no esva-
tas reacionários em pastas ligadas à educação, ziamento do sentido crítico da educação, com
mulheres e segurança pública; e que já promete a total ausência de disciplinas como história,
as privatizações do Metrô, da CPTM, da EMAE geografia, química, biologia, entre outras.
e da Sabesp, além de planejar um corte de 5% 27. Além disso, resulta no aumento da carga
dos recursos destinados à educação pública horária dos docentes. Hoje, no estado de São
em SP. Mais pragmático que Bolsonaro, Tarcísio Paulo, existem 66 componentes divididos em
também atuou pela Reforma Tributária, propos- 276 unidades curriculares2, todos ministrados
ta do governo Lula-Alckmin, para agradar os pelos mesmos professores. Por conta da elimi-
grandes industriais e empresários. nação das disciplinas regulares, os professores
25. Como forma de garantir os ataques contra são obrigados a assumir itinerários para os quais
a educação, o dono da Multilaser Renato Feder não são preparados, além de serem forçados a
assumiu a SEDUC, um dos nomes levantados no atribuir aulas em mais de uma escola e em mais
governo Bolsonaro para assumir o ministério da de um período. Em outras palavras, a reforma
educação em meio à pandemia, foi escolhido que supostamente visava modernizar a escola,
exatamente pela sua política privatista e inimiga sob a ideia do NEM, na verdade representa um
da educação pública. Diante dos ataques nas retrocesso profundo. O atual sistema é uma
escolas, Tarcísio e Feder responderam com tragédia social, com ênfase nos itinerários for-
maior repressão policial dentro das escolas e mativos que fragmentam e estratificam o ensino

1  FIRJAN – FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. SESI. Combate à evasão no Ensino Médio: desafios e oportunidades. 2023.
2 Entrevista com Fernando Cássio para o Esquerda Diário. disponível no link: https://www.esquerdadiario.com.br/Entrevista-com-Fernando-Cassio-O-unico-
-caminho-possivel-para-a-Reforma-do-Ensino-Medio-e-o (Acesso em: 11/07/2023)

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e revelam o quanto esse projeto está atrelado para aqueles que possuem uma carga horária

tese
à uma perspectiva mercadológica, a outra face de 44 horas e até 13 horas a mais de trabalho
da reforma trabalhista e da uberização. na escola, além de mecanismos de controle de
28. As escolas com o Programa de Escola In- horário, como a retirada da falta-aula, que está
levando à demissão de professores categoria O.

7
tegral (PEI) também são parte do projeto do
NEM, já que antecipam a mesma lógica no seu Todas essas condições adversas são apresenta-
currículo e aprofundam a exclusão dos jovens das como meios para melhorar o desempenho
trabalhadores3 da escola, criando verdadeiras dos estudantes, colocando a responsabilidade
escolas-empresas, com metas e avaliações apenas no professor e mais uma vez eximindo
permanentes aos professores e estudantes. Só o Estado e as condições materiais da escola, da
durante os últimos anos de gestão do PSDB, educação e da vida social.
foram 2050 escolas implementadas com esse 31. O novo ensino médio, o projeto Inova, O
programa3, muitas vezes de forma totalmen- PEI, o Novotec e a nova carreira com a imposi-
te autoritária. Mais um caminho aberto para ção de jornadas exaustivas, a falta de estrutura
a entrada da iniciativa privada na educação adequada nas escolas e a diminuição dos di-
pública são as propostas de ensino técnico e reitos são sintomas de um sistema que busca
profissionalizante para o Ensino Médio, como o desvalorizar e precarizar o trabalho docente em
NOVOTEC e o EJATEC, que buscam aprofundar o nome de uma escola cada vez mais empresarial.
itinerário de formação técnica e profissional nas Os estudantes treinam para o trabalho precário
escolas a partir da contratação de fundações e e os professores são meros executores de ta-
empresas privadas que vão fazer contratações refas, com suas horas de trabalho controladas
de professores conforme suas diretrizes. Isso para que não se tornem sujeitos políticos na
aprofunda ainda mais a divisão entre os pro- comunidade escolar e não sejam sujeitos da
fessores no interior da escola pública e faz com educação que constroem todos os dias, mas
que o currículo escolar seja um treinamento sim reprodutores de uma concepção de ensino
direto para o trabalho precário da juventude, já e um conhecimento controlados pelo Estado.
que a maioria dos curso oferecidos são cursos
profissionalizantes de curta duração e baixa
qualidade. IV. R eorganizar a Oposição para
29. Em São Paulo, o NEM ainda contou com
uma prévia, que foi o projeto Inova, que com as retomar um dos maiores
disciplinas Projeto de Vida, Eletiva e Tecnologia
trouxe alguns componentes do NEM para o
sindicato da América
ensino fundamental, reivindicando o desenvol- Latina para as mãos dos
vimento das “competências socioemocionais”.
Muitas delas são ligadas ao empreendedorismo professores
e ao individualismo, com competências como 32. A Apeoesp é um dos maiores sindicatos
“tolerância ao estresse e resiliência”, onde cada da América Latina com cerca de 180 mil sócios
estudante é colocado como “protagonista” para e representa os professores do estado de SP.
supostamente alcançar suas metas e sonhos. Há décadas nosso sindicato é dirigido pelos
30. Com ataques sem precedentes ao currículo mesmos setores do PT e PCdoB e filiado à CUT,
escolar, à juventude e ao trabalho docente, o Es- assim conformando uma verdadeira burocracia
tado ainda buscou atacar a jornada de trabalho sindical, uma polícia política da burguesia que
dos professores com a chamada Nova Carreira, busca impedir que os trabalhadores se orga-
que teve início durante o governo de João Do- nizem, tomem decisões e utilizem o sindicato
ria e está sendo continuada pelo governo de como uma ferramenta de luta contra os patrões
Tarcísio de Freitas, agora com a inclusão de um e os governos. Com Maria Izabel Noronha, a
concurso público vinculado a esse novo modelo Bebel, à frente do sindicato por mais de duas
que terá apenas 15 mil vagas para 96 mil profes- décadas e agora também deputada estadual em
sores já contratados e que já conta com quase SP, temos um sindicato que substitui os métodos
300 mil inscritos. Essa reformulação abrange tradicionais da nossa classe - reuniões nos lo-
toda a trajetória profissional dos professores, cais de trabalho, reuniões de representantes de
limitando as opções de jornada de trabalho a escola, assembleias, paralisações e greves - pela
apenas duas, sendo que 2/3 dessas horas são confiança em instituições como a ALESP, ligada
destinadas ao contato direto com os alunos, a uma política de conciliação de classes. Isso,
o que pode resultar em até 36 aulas semanais para construir mandatos parlamentares, como

3 Programa ensino integral, Governo do Estado de São Paulo - https://www.educacao.sp.gov.br/pei/ (Acesso em: 13/07/2023)

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o de Bebel, que apoiou o PL para presidência
Propomos neste XXVII
tese
da Câmara e votou pelo aumento salarial de
Tarcísio. Congresso Estadual da
33. Quando queremos paralisar contra o NEM,
APEOESP:

7
o sindicato chama dias de mobilização sem
paralisação; quando são marcadas manifesta-
ções, não decidimos se elas serão junto com os
Nacional e Internacional
estudantes ou não, e elas são sempre separadas. 35. 1. Por um sindicato combativo, democrático
Quando sofremos assédio moral, violência ou e com independência política do governo
descontos indevidos nas escolas, nos orientam Lula-Alckmin.
a entrar com processos individuais na justiça. 36. 2. Lutar pela revogação integral de todas as re-
Ou seja, a direção da APEOESP quer nos fazer formas, ataques e privatizações! Revogação
confiar mais nos parlamentares reacionários e imediata e integral do Novo Ensino Médio.
na justiça burguesa do que na força da mobili- 37. 3. Que as centrais sindicais, como a CUT e a
zação coletiva dos milhares de professores do
CTB, rompam com a paralisia e organizem
Estado de SP. Agora, como reflexo também da
um plano de lutas contra o NEM, o arca-
frente ampla e sua política de conciliação de
bouço fiscal e o marco temporal!
classes, essa direção burocrática do nosso sin-
dicato ganhou um complemento com setores 38. 4. Taxação das grandes fortunas e não paga-
que eram da oposição, como correntes ligadas mento da dívida pública!
ao PSOL e o PCB que conformavam o “Fórum 39. 5. Defender a luta por educação sexual nas
das Oposições”, estando lado a lado com Bebel escolas, contraceptivos a todes e aborto
nas eleições sindicais - que teve uma fraude legal, seguro e gratuito!
histórica - e dentro da diretoria, ou com grupos 40. 6. Unidade internacional da classe trabalha-
como a Unidade Popular (UP) junto com a bu- dora pelo fim da guerra na Ucrânia! Pela
rocracia em subsedes do estado. Tudo isso para retirada imediata das tropas russas! Mas,
submeter o sindicato ao governo Lula-Alckmin também, repúdio à ingerência dos EUA e da
e seus ataques. OTAN, assim como a política de armamento
34. Frente a isso, nós do Nossa Classe Educação do imperialismo europeu.
que estivemos junto aos companheiros na Opo- 41. 7. Solidariedade internacional a todas as lu-
sição Unificada Combativa nas eleições sindicais tas da nossa classe contra os patrões e os
debatendo com milhares de professores no chão ataques dos governos!
das escolas, diante do Congresso da Apeoesp
42. 8. Impulsionar o “Manifesto contra a terceiriza-
chamamos a reorganização da oposição an-
ção e a precarização do trabalho”, impulsio-
tiburocrática no nosso sindicato. Queremos
nado pelo Sintusp, Ricardo Antunes e Jorge
articular todos aqueles professores que veem
Luiz Souto Maior, já assinado por mais de
a necessidade de superar essa burocracia e
avançar com a nossa organização coletiva em 100 entidades e por milhares de pessoas.
meio a tantos ataques, exigindo um plano de 43. 9. C ontra as privatizações do bolsonarista
lutas real e na base contra o NEM, o arcabouço Tarcísio de Freitas da Sabesp, do Metrô e
fiscal e o Marco Temporal. As subsedes e conse- da CPTM!
lheiros conquistados pela oposição devem estar Educação
à serviço dessa reorganização para fortalecer 44. 10. Unidade da nossa classe: por efetivação,
um polo antiburocrático de professores, é essa sem a necessidade de concurso público,
perspectiva que nos colocamos na subsede de de todos professores já contratados, assim
Santo André. A barbárie capitalista impõe a como de todos os terceirizados da limpeza,
necessidade de uma resposta à altura do que merenda e cuidadoras.
os patrões e governos estão descarregando nas
costas de todos os trabalhadores e é preciso 45. 11. Lutar pela redução da jornada de trabalho,
enfrentar os obstáculos que impedem que a sendo 50% de sala de aula e 50% de for-
nossa classe possa confiar na sua própria força. mação pedagógica. Limite de 25 alunos por
sala de aula.
46. 12. Abaixo a militarização das escolas! Por me-
didas de segurança auto-organizadas pela
comunidade escolar.
47. 13. Pela revogação da nova carreira! Por um
plano de carreira construído e debatido por
e com os professores.

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48. 14. Por escolas públicas e 100% estatais, sem mente na comunidade escolar que tenham

tese
nenhuma ingerência de empresas ou funda- poder de decisão no cotidiano escolar.
ções privadas, geridas pelos trabalhadores 55. 21. Pelo fim do vestibular e estatização das
da educação, estudantes e comunidades universidades privadas: a juventude tem
escolares, laicas e abertas à população.

7
direito de estudar! Universidade à serviço
49. 15. Por escolas que combatam a opressão, com dos trabalhadores e do povo pobre!
debates contra o racismo, machismo, xeno- Sindicato e organização dos trabalhadores
fobia e LGBTQIAP+fobia e com direito ao
nome social dos estudantes e professores. 56. 22. Basta de assédios do Estado e das dire-
ções! Garantia do direito à organização dos
50. 16. B asta de assédio moral, perseguição e
trabalhadores, a paralisação e greve, com
opressão contra os trabalhadores da edu-
direito à reposição e sem desconto salarial.
cação. Exaustão e assédio moral adoecem
os profissionais da educação. 57. 23. Por assembleias, reuniões de representantes
(REs) e do Conselho Estadual de Repre-
51. 17. Professores de educação especial concursa-
sentantes (CER) presenciais e construídos
dos conforme a demanda para educação de
na base e com direito a voz e voto dos
qualidade dos estudantes com deficiência,
com AEE de fato nas escolas e acessibilidade. professores.
52. 18. Por contratação de psicólogos e assistentes 58. 24. Rotatividade dos diretores sindicais libera-
sociais. Basta de fechamento de salas de dos, aplicada a cada ano. Em caso de per-
aula: materiais pedagógicos, espaços com seguição política sobre esses diretores, ou
infraestrutura necessária para alimentação, por outros fundamentos, uma assembleia
convivência social, cultura, esporte, biblio- pode aprovar exceções.
tecas, laboratórios e aulas. 59. 25. Defendemos a proporcionalidade na di-
53. 19. Contra o autoritário PEI! Que qualquer am- retoria do sindicato! Cada chapa que se
pliação da carga horária seja parte de um apresentar nas eleições deve ter membros
projeto político pedagógico aprovado de- na diretoria em número proporcional aos
mocraticamente com estudantes, professo- votos que obtiver.
res e comunidade escolar. Defesa do ensino 60. Chamamos todos os educadores que comparti-
noturno, dos ejas e bolsas aos estudantes lham dessa perspectiva a estar conosco no XXVII
contra a exclusão dos jovens trabalhadores. Congresso Estadual da APEOESP batalhando
54. 20. Conselhos de escola eleitos democratica- por essas ideias.

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caderno de teses 2023.indd 62 01/08/2023 00:10:22
tese
TESE DA OPOSIÇÃO UNIFICADA COMBATIVA
AO XXVII CONGRESSO DA APEOESP 8
sições para reafirmar nossas bandeiras históricas
APRESENTAÇÃO e defender nossa categoria com independência
1. A Oposição Unificada Combativa saúda a de classe frente a qualquer governo e contra a
todos os professores, delegadas e delegados retirada de seus direitos. Nosso lema era, e con-
do XXVII CONGRESSO DA APEOESP. tinua a ser: “Oposição Unificada Para Derrotar a
Pelegada”. Mas, lamentavelmente, as principais
Quem somos? lideranças do “Fórum das Oposições”, além de
2. Somos uma FRENTE SINDICAL constituída coletivos que chegaram a compor a Oposição
de vários coletivos e organizações de diferentes Combativa, como FOS e a Unidos Pra Lutar,
concepções e matizes ideológicas, além de vários jogaram no lixo seu caráter oposicionista e se
professores e professoras independentes que há aliaram ao campo majoritário da burocracia, a
quatro anos vem construindo este novo campo Artsind, virando as costas para a batalha por
oposicionista, por uma APEOESP com indepen- um sindicato combativo, democrático e com
dência política para lutar, principalmente, após a independência política para lutar.
adesão e capitulação gradativa do campo majori-
tário das oposições, que se consolidou no último
processo eleitoral, a Frente Ampla dos antigos “Unidade para combater a extrema
burocratas da Chapa 1 sob a direção de Maria direita em SP”: uma falácia para
Izabel Noronha, que segue entregando nossos
direitos e deixando passar os ataques sem luta.
ampliar cargos e privilégios
6. A principal justificativa desses setores, que se
diziam oposição até poucos meses atrás, foi a de
O que está em jogo é a defesa do “Unidade” com a Chapa 1 para combater a ex-
movimento oposicionista na Apeoesp. trema direita do bolsonarismo em SP. Nada mais
3. A história da construção da APEOESP, por hipócrita que esse discurso falacioso para garantir
mais de 40 anos, vem sendo marcada pela os acordos através da ampliação de cargos e
existência de uma importante oposição antibu- privilégios. Assim, tais setores não titubearam
rocrática que busca retomar o sindicato para os para ocupar os novos espaços burocráticos.
professores e para a luta. 7. A verdadeira unidade se faz na luta política.
4. Todos reconhecem, até mesmo os que Luta de classes contra os inimigos dos traba-
pensam diferente, a enorme contribuição que lhadores/as, como sempre fizemos ao longo
o campo oposicionista tem oferecido a nossa dessas décadas ao enfrentarmos os sucessivos
entidade, ou seja, tornamo-nos um patrimônio governos. As nossas diferenças políticas nunca foi
imprescindível na fiscalização e na maturidade um impeditivo para estarmos unificados contra
da democracia do sindicato ao fazer respeitar os inimigos da nossa classe. Portanto, é uma
essa diversidade que está no seio da categoria, grande desonestidade política usar deste discurso
independentemente do credo, sexualidade, mentiroso para tentar enganar a categoria.
ideologia política etc. 8. Diante dessa traição histórica das corren-
5. Diante desse legado, e dos novos desafios tes e coletivos, tais como a TLS/MES/Meob,
que estão postos, a Oposição Unificada Com- Na Escola e na Luta, Resistência, Conspiração
bativa fez vários chamados à unidade das opo- Socialista, FOS, Unidos Pra Lutar, PCB, dentre

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outros satélites, fazemos um chamado a todos 14. A vitória eleitoral de Lula, com velhos al-

tese
os delegados e delegadas deste XXVII Congresso gozes dos trabalhadores, como Alckmin e os
da nossa entidade para reafirmar nosso legado, defensores das reformas ultra neoliberais que
com nossas bandeiras de luta e princípios que massacram o povo, não é uma saída para os
norteiam o campo oposicionista na APEOESP trabalhadores, já que esse governo de Frente

8
para, juntos, recuperarmos o sindicato das mãos Ampla vai manter todas as reformas, como as
da burocracia e fortalecê-lo enquanto instru- do Ensino Médio, trabalhista e da previdência.
mento de luta dos trabalhadores. Ousando lutar Além disso, o governo Lula/Alckmin da conti-
e resistindo, Venceremos! nuidade nos ataques aos trabalhadores, como
mostra a aprovação do novo teto de gastos, o
VAMOS JUNTOS CONSTRUIR A OPOSIÇÃO Arcabouço Fiscal.
UNIFICADA COMBATIVA! 15. Assim, diante de um cenário de manutenção
dos ataques contra a classe trabalhadora, que
enfrenta a cada dia mais precarização e empo-
CONJUNTURA MUNDIAL brecimento, vimos importantes processos de
construção de luta pela base, como os “breques”
E NACIONAL dos motoristas de aplicativos e as greves pelo Piso
9. O capitalismo aprofunda sua crise com aumen- Nacional do Magistério que se deram em diver-
to da exploração, concentração capitais em poucas sos estados e municípios, como a forte greve do
mãos, ampliação da miséria entre os trabalhadores Rio de Janeiro, além das mobilizações nacionais
e disputas Inter burguesas com guerras, ascensão pela revogação do Novo Ensino Médio, contra o
de governos de extrema direita, xenofobia, liqui- Marco Temporal e o Arcabouço Fiscal. Mas para
que a luta tenha maior eficácia é necessário exigir
dação de direitos, repressão às lutas etc.
que as grandes direções sindicais rompam sua
10. No Brasil, desafios fundamentais estão co- paralisa e composição com o governo, unificando
locados para o conjunto dos trabalhadores e toda a classe trabalhadora através dos sindicatos,
para a esquerda combativa: derrotar a extrema movimentos sociais, estudantil, povos oprimidos
direita e o bolsonarismo através da luta direta; (como os indígenas), construindo a unidade na
enfrentar e derrotar os ataques e reformas con- luta para defender nossos direitos independente-
tra os trabalhadores, com total independência mente do governo de plantão. Pois entendemos
de classe frente a qualquer governo. Organizar que as centrais sindicais, como toda estrutura
para avançar nestas lutas, exigindo das direções do movimento sindical, devem estar a serviço
sindicais e populares para que rompam com a de construir, avançar e unificar as lutas da classe
paralisia e alianças com governos e patrões. trabalhadora, e não de alianças com governos e
11. A derrota eleitoral de Bolsonaro no último patrões. Por isso, a Oposição Combativa defende:
pleito, e mais recentemente a sua inelegibilidade 16. a) Unidade da classe trabalhadora pela re-
até 2030 pelas mãos do judiciário autoritário, não vogação/derrubada das reformas trabalhista,
coloca fim ao movimento bolsonarista que se previdência, Ensino Médio, Lei das Terceiriza-
consolidou como força política reacionária com ções, bem como pela estatização de todas as
base na sociedade, e que elegeu como principal empresas que foram privatizadas.
inimigo os professores e a classe trabalhadora.
17. b) Abaixo ao Arcabouço Fiscal, política fiscal
12. Para tentar acabar com as liberdades de- subordinada aos interesses do rentismo, penali-
mocráticas a extrema-direita realizou uma ação zando demandas sociais para atender interesses
golpista, contando com a conivência e apoio da de banqueiros e super-ricos.
cúpula das Forças Armadas, da PRF, das PMs, do
18. c) Taxar das grandes fortunas e não pagamento
atual Ministro da Defesa José Múcio e do governo
da dívida pública! Abaixo à Reforma Tributária,
de Ibaneis Rocha (MDB) do Distrito Federal.
que mantém os privilégios fiscais dos capitalistas
13. Bolsonaro, seus ex-ministros e parlamen- e aumenta o peso dos impostos sobre o consu-
tares, e todo regime político, precisam pagar mo da classe trabalhadora e os setores médios.
por seus crimes, pelo genocídio Yanomami,
19. d) Não ao Marco Temporal! Em defesa dos
pelas mais de 700 mil mortes por Covid-19 e
territórios indígenas, quilombolas e dos povos
por seus esquemas de corrupção. Mas para isso
tradicionais.
será necessário que as direções das centrais
sindicais, movimentos sociais e partidos políticos 20. e) Luta em defesa dos serviços e servidores
construam atos e mobilizações por nenhuma públicos. Contra toda forma de privatização!
anistia a Bolsonaro, às cúpulas golpistas civis e 21. f) Fortalecimento da representatividade sindical,
militares e se coloquem contra todo o conjunto incluindo trabalhadores informais nas novas for-
de reformas. mas de trabalho. Sindicatos livres, sem controle

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estatal! Que as centrais sindicais organizem sacram o povo pobre, intensificando a retirada

tese
planos de luta na base contra todos os ataques! de direitos essenciais. Nessa última década, os
22. g) Pelos direitos sexuais e reprodutivos das mu- servidores públicos, em especial o magistério
lheres. Pela legalização do aborto! Por políticas paulista, tornaram-se alvo dos inimigos da edu-
cação pública, pois na era Alckimin/Doria/Rossieli

8
educacionais, de emprego e renda direcionadas
às mulheres. Não à violência política de gênero. foram implementadas políticas que retiraram
direitos fundamentais e que foram devastadoras
23. h) Combater o racismo em todas as suas mani-
para os trabalhadores da educação.
festações e lutar pelo direito à vida da juventude
negra. Pelo fim da Guerra às Drogas, verdadeira 28. Desde a imposição da Reforma do Novo En-
guerra contra pobres negros e negras. sino Médio, passando pela destruição da nossa
carreira, o suposto Novo Plano de Carreira, a
24. i) Em defesa dos direitos dos LGBTTQIA+;
Lei 1374, trouxe desdobramentos nefastos até
mesmo para quem não fez adesão a essa nova
forma de subsídio que jogou na lata do lixo
CONJUNTURA EDUCACIONAL. nosso tempo de serviço e estabeleceu como
Pela Revogação imediata da Reforma critério para a atribuição a maior jornada entre
os docentes. Como não bastasse esse acinte,
do Ensino Médio e BNCC. transformou a falta-aula em falta-dia, além de
25. O projeto de destruição dos direitos dos obrigar o professor Cat.0 cumprir APD’s (antigos
trabalhadores teve seu aprofundamento na ATPL’s) no local de trabalho, o que fez aumen-
Reforma Trabalhista com a precarização e per- tar sua jornada de trabalho. Também foi neste
da de inúmeros direitos da nossa classe. Na governo que o assédio moral, a perseguição e
esteira desta reforma, o governo Temer impôs a punição dos que lutam pela educação pública
a Reforma do Ensino Médio e a nova BNCC, aumentaram e se tornou uma prática aplicada
implantados em seguida por Bolsonaro. Por ser desde as direções de escola até os dirigentes
um entulho dos governos da extrema direita, de ensino.
esperava-se que a revogação fosse uma das 29. O novo governo Tarcísio/Feder, bolsonarista
primeiras medidas do governo Lula através do da extrema direita, não somente deu conti-
MEC. Mas, lamentavelmente, até o momento, nuidade à era Alckimin/Doria/Rossieli, como
mesmo diante das mobilizações e rechaço da aprofundou esse processo de aniquilação dos
comunidade escolar, Lula se limita a uma sim- direitos para o desmonte da carreira docente
ples consulta e se recusa a revogar a reforma, e educação pública.
cedendo aos interesses dos grandes empresários 30. É lamentável e vergonhoso que a presidenta
da educação privada que ditam regras ao MEC, do nosso sindicato - sim, presidenta, já que a
como o “Todos pela Educação” e as fundações cena da eleição de vice ou segunda presidente
Lehman, Itaú, Instituto Ayrton Senna, dentre não passou de um golpe na categoria - que
tantas outras. Por isso, a APEOESP, juntamente acumula com o seu mandato parlamentar, ao
com a CNTE, deveria sair do colaboracionismo invés de fazer um duro enfrentamento contra
governamental para organizar a luta pela revo- todos os ataques da extrema direita, Bebel
gação imediata dessa reforma. e seu partido fizeram uma aliança pontual
26. Os filhos da classe trabalhadora têm direito esdrúxula com o governo Tarcísio na ALESP,
à educação científica e de qualidade, mas estão votando e ajudando eleger o novo presidente
impedidos pelo Novo Ensino Médio que acabou da casa indicado pelo partido e pelo governador
com as disciplinas e empurrou goela abaixo os Tarcísio. Não bastasse essa política de se aliar
“Itinerários Formativos”, gerando formação pre- com a extrema direita, novamente em outra ação
carizada, insuficiente e uma ilusão de formação parlamentar no início deste ano, a presidenta
profissional aos estudantes. Na contramão do da nossa entidade votou favorável ao aumento
Novo Ensino Médio, defendemos um Currículo salarial de 50% para o governador e 37% de
Autônomo, Democrático e Participativo, que aumento para os parlamentares.
reflita os reais interesses dos filhos da classe 31. Enquanto isso, recentemente foi publicado
trabalhadora e da comunidade escolar. um reajuste de apenas 6% de em cima de um piso
estadual infinitamente abaixo do piso nacional
Enfrentar e derrotar os inimigos da e da necessidade de recomposição salarial, mas
sendo anunciado como vitória esta vergonha sem
educação pública em São Paulo. ao menos dar qualquer batalha com a catego-
27. Há décadas o Estado de São Paulo se tornou ria. Assim, sentenciamos: a chapa 1, composta
laboratório das políticas neoliberais que mas- pela Articulação e todos que a ela se aliaram,

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é cúmplice dessa política! Por isso a Oposição 44. 13 – Pela reabertura de escolas e turnos e, ime-

tese
Combativa se posiciona categoricamente: diatamente, de todas as mais de 300 salas de
32. 1 – Contra Tarcísio/Feder, inimigos dos servidores aula fechadas neste ano.
e dos serviços públicos! 45. 14 - Contra o fechamento das salas e períodos

8
33. 2 – Contra os projetos privatistas, que rifam os de aulas. Pela ampliação das salas da EJA e
recursos públicos para atender os interesses contra as escolas polos.
dos favorecidos políticos da iniciativa privada. 46. 15 – Por equipes gestora e de Coordenadores
34. 3 – Contra a privatização do Metrô de São Paulo! pedagógicos concursados, avaliados e eleitos
pelos pares e assembleias da comunidade escolar.
35. 4 - Contra a privatização da SABESP e pela
revitalização dos rios Tietê, Tamanduateí e Pi- 47. 16 – Pela escola pública de qualidade, desde a
nheiros. Pelo direito à água e sua despoluição creche ao Ensino Superior, para todos os filhos
em rios e mares. e filhas da classe trabalhadora. Pelo retorno
36. 5 – Pela revogação integral da reforma do Ensino das disciplinas no currículo escolar: geografia,
Médio. Abaixo o entulho dos Itinerários Forma- história, filosofia, artes etc.
tivos! Unidade de luta e ação dos trabalhadores, 48. 17 – Por salas de leitura para todas as escolas,
estudantes e comunidade na construção de um com professor eleito por seus pares através
currículo que atenda aos interesses da classe do Conselho de Escola, tendo por objetivo um
trabalhadora. projeto interdisciplinar pedagógico permanente.
37. 6 – Pelo fim dos desvios de recursos da Educa- 49. 18 - Em defesa da organização estudantil inde-
ção Pública para a iniciativa privada! Verba da pendente de Estado e diretores. Autonomia aos
educação somente para a Rede Pública, com grêmios, Unidade entre estudantes, professores
controle dos recursos financeiros e sua efetiva e comunidade em defesa da educação pública!
aplicação pela comunidade escolar; 50. 19 – Pelo fim da iniciativa privada na educação
38. 7 – Pela defesa da escola científica, 100% pública pública, ampliada com o NOVOTEC! Parceria
e estatal, laica e controlada pela comunidade entre escolas e universidades públicas, com
escolar. unidade entre seus trabalhadores e em defesa
39. 8 – Pela revogação da Nova carreira, já! (Fim das da educação pública.
APD’s, pela atribuição por pontuação, retorno 51. 20 – Para pôr abaixo o projeto de avanço dos
da falta-aula, falta-médica, abonada e demais cursos profissionalizantes e desmonte das ETECs,
direitos retirados). Por um plano de carreira garantindo escolas regulares para os filhos e
digno para todas e todos, com valorização filhas da classe trabalhadora.
salarial e direitos, construído e aprovado de- 52. 21 – Pela não redução do mínimo de 30% de
mocraticamente pela categoria, investimento na educação ou qualquer corte
40. 9 – pela garantia de emprego, fim da quarentena de verbas. Por mais investimentos na educação,
e estabilidade/efetivação imediata de todos os com melhores estrutura e condições de trabalho.
professores/as categoria O e V que trabalham 53. 22 – Pelo combate ao machismo, racismo, lgb-
hoje na Rede Pública com todos os direitos, tfobia e xenofobia nas escolas e no sindicato!
seguido de abertura de Concurso Público para Combate a todo tipo de preconceito religioso,
efetivação e com vagas para atingir a demanda especialmente em relação às religiões de matriz
necessária. africana.
41. 10 – Pela redução da jornada de trabalho sem 54. 22 - Por uma pedagogia latino-americana, a
redução salarial, com 50% da jornada a ser cum- começar pelo ensino obrigatório da língua
prida fora da sala de aula, visando a formação espanhola em nossas escolas, ministrada por
do professo(a). Pagamento do piso nacional no professor concursado, tendo por perspectiva a
salário e na carreira para todos os trabalhadores integração dos povos.
da educação, incluindo aposentados! Basta de 55. 23 – Pela introdução de aulas de músicas e
confisco! Piso não é teto! Valorização salarial projetos culturais, como maneira de ampliar o
com carreira digna e garantia do salário vital horizonte cultural da juventude.
apontado pelo Dieese.
42. 11 – Por mais funcionários nas escolas. Efetivação
imediata dos funcionários precarizados pelo Esta- Por uma APEOESP que enfrente os
do como merendeiras e funcionárias da limpeza, desmandos das gestões escolares
QAE e QSE. Abaixo à terceirização! Concurso autoritárias e pela defesa da
público para completar o quadro escolar.
43. 12 – Pela redução do número de alunos por
democracia nas escolas!
séries. (Máximo 25 alunos). 56. Nos últimos anos, para garantir a implanta-

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ção da falsa “Nova Carreira”, escolas PEI’s e Novo PEI que expulsa o aluno trabalhador e confina

tese
Ensino Médio, as gestões escolares, insufladas e a juventude mais tempo em escolas sem infra-
acobertadas pelas Diretorias de Ensino/Seduc, estruturas e métodos pedagógicos adequados.
têm aumentado o assédio moral e perseguição Ela também acaba com a autonomia pedagó-
as/os trabalhadoras/es, tanto com os efetivos, gica e aumenta os casos de assédio moral e

8
como, sobretudo com as/os professoras/es adoecimento dos profissionais da educação.
categoria O e V. Os maus tratos se dirigem prin- Por isso defendemos que as/os professoras/
cipalmente contra as mulheres, negras e jovens. es que hoje estão nas PEI tenham garantia de
Nas escolas regulares, processos administrativos emprego, estabilidade, salário digno e direito
foram abertos contra professoras e professores à organização sindical.
e, nas PEI’s, muitos colegas são “demitidos com 64. 28 - O debate sobre a formação integral dos
uma canetada” quando enfrentam o autorita- jovens deve se dar a partir dos próprios pro-
rismo dos gestores. fessores, estudantes, funcionários e famílias,
57. Sabemos que apesar das boas intenções cabendo ao Estado garantir pleno acesso, dando
que possam alentar esta ideia, não é possível estrutura e recursos para isso.
falar em “gestão democrática” num sistema
escolar baseado em nomeações para cargos Combater a violência nas escolas
de confiança pelo critério do compadrio e lo-
teamento por políticos patronais sem nenhuma através da Educação/cultura e da
transparência e nem participação democrática nossa auto-organização e não da
das/os Trabalhadoras/es da Educação. A luta por
uma verdadeira gestão democrática passa por
Militarização!
retomarmos as bandeiras de Eleição Direta de 65. A Apeoesp deve ser contra a militarização das
Diretores, Vices e Coordenadores, e Assembleias escolas como resposta ao problema da violência e
da Comunidade Escolar para decidir sobre as dos atentados de grupos neonazistas e similares.
questões mais importantes da escola. Assim, Colocar a polícia e seguranças privados dentro
58. 24 - Defendemos que os casos de assédio moral das escolas, como quer o bolsonarista Tarcísio
nas escolas devam ser expostos e denunciados de Freitas, não é a solução, pois sabemos que a
violência policial não trará paz nas escolas.
pelo sindicato para que os colegas nãos se
sintam sozinhos e tenham força ao enfrentar 66. 29 - Defendemos que psicólogos e profissionais
esses lacaios do Estado. gabaritados atendam presencialmente estudan-
tes, professores e a comunidade escolar. Que
59. 25 - Abaixo o controle burocrático e autoritário
sejam contratados e efetivados mais inspetores
imposto pelas Diretorias de Ensino!
e profissionais auxiliares da Educação!
60. 26 - Por uma verdadeira Gestão Democrática
67. 30 - Que sejam formadas comissões de estu-
das escolas: Assembleias da comunidade escolar
dantes, trabalhadoras/es da Educação e fami-
para eleição de gestores e para decidir as prin-
liares para acompanhar casos de indisciplina e
cipais questões da escola; fortalecimento dos
violência nas escolas, organizando a discussão
Conselhos Escolares e eleição de Coordenadores
e solução dos problemas de forma democrática,
Pedagógicos pelas/os professoras/es.
pedagógica e participativa.
61. 27 - Formação de Comissões de Professoras/
es de base, com representação da Categoria O
e Eventuais nas subsedes para impulsionar a CONJUNTURA SINDICAL: resgatar a
organização e a defesa dos setores mais preca- APEOESP para à categoria!
rizados. Pela unificação das lutas, com garantia
68. Vivemos um processo de reorganização
de recursos para sua atuação.
do movimento sindical brasileiro e assistimos
ao processo de degeneração das centrais ma-
Por uma APEOESP que lute contra joritárias que se adaptam a ordem burguesa e
o autoritarismo e a exclusão, jogam no lixo princípios e bandeiras históricas
da nossa classe, fazendo hoje, diretamente,
materializados no projeto de PEI parte do governo de Frente Ampla.
62. As escolas PEI (Programa Ensino Integral) 69. Nos somamos aos lutadores e lutadoras
têm sido marcadas pelo autoritarismo, preca- de todo o Brasil que constroem a luta com
rização e controle burocrático sobre o trabalho independência de classe frente a qualquer
das/os professores, sendo, na prática, o avanço governo, patrões e seus partidos, e na defesa
da Escola da Mordaça. incondicional dos direitos da nossa classe.
63. Somos contra o injusto e excludente modelo 70. No maior sindicato do país, a APEOESP,

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estamos na construção de uma FRENTE SINDI- decisões das assembleias durante as greves.

tese
CAL com unidade na diversidade, constituída Assembleias e REs construídos na base!
por vários coletivos, organizações e professo- 78. 7 – Por um sindicato que unifique pais, alunos,
res independentes, a OPOSIÇÃO UNIFICADA professores, comunidade e trabalhadores no
COMBATIVA, que se soma na trincheira das

8
geral em defesa da escola pública, gratuita e
lutas, reafirmando seus princípios estruturantes de qualidade.
da autonomia e independência política frente a
79. 8 – Combater toda exploração, opressão, as-
qualquer governo, a defesa da unidade da nossa
sédio, discriminação, machismo, lgbtifobia,
classe como valor estratégico para o acúmulo de
racismo etc., a partir da luta de classes.
forças na luta contra o capital e da democracia
operária radicalizada em nosso cotidiano como 80. 9 - Proporcionalidade direta, qualificada, e sem
tarefa imediata para defender todos os direitos. cortes, em todas as instâncias da entidade. Que
todos os associados organizados que atuam no
71. Há décadas nosso sindicato vem sendo
interior da APEOESP possam se expressar na
dirigido pela mesma força política, a Articula-
imprensa da entidade.
ção, sob a direção da Bebel. O personalismo,
o carreirismo e o autoritarismo, representam a 81. 10 - Fim das terceirizações dos funcionários da
síntese de uma concepção e uma prática sindical entidade; funcionário contratado com direitos
que se naturalizou dentro do nosso sindicato. E trabalhistas defendidos pelos trabalhadores e
foi com essa prática sindical que o Fórum das com comissão permanente e independente,
Oposições (Resistência, MES/TLS, XV de Outu- criadas por eles próprios para lutar por seus
bro, Na Escola e na Luta, PCB) e, pasmem, FOS e direitos. Não empregar parentes de diretores
Unidos Pra Lutar resolveram se unir ao compor na entidade para não cultivar o nepotismo em
a Chapa 1, utilizando-se da retórica e da bravata nosso meio.
da unidade, mas escolhendo o carreirismo, o 82. 11 - Que nenhum diretor tenha regalias, como
personalismo, o gangsterismo e o autoritarismo convênios privados de saúde, pagos com a
como prática sindical. E, principalmente, a polí- contribuição dos sócios.
tica de Frente Ampla com setores dos governos, 83. 12- Garantia de creches nas atividades, reuniões
enquanto aliados nas eleições e para estarem gerais e nas subsedes, para facilitar a partici-
juntos nos próximos 3 anos na diretoria do pação das trabalhadoras e trabalhadores que
sindicato. Diante desse cenário defendemos:
necessitem.
72. 1 – Aplicação do método da democracia operária
84. 13 – Que todas as causas ganhas pelos sócios
em todas as instâncias da entidade. Todo o poder
decorrentes de processos sejam depositadas
à Assembleia da categoria! Que todas as questões
diretamente na conta dos mesmos. Jamais
mais importantes sejam discutidas e deliberadas
admitir abertura de contas pela entidade sem
em Assembleias da categoria, convocadas com
consultar seus sócios.
a antecedência para a construção necessária da
mobilização das professoras e professores nas 85. 14 - Democratização da imprensa do sindicato
escolas, e com ampla liberdade de manifestação com espaço para manifestação das organizações
e de fala aos trabalhadores da base. de oposição no site e nos boletins, com combate
ao personalismo e à promoção pessoal.
73. 2 – Total independência de classe frente aos go-
vernos (Lula e Tarciso), patrões e seus partidos.
74. 3 - Unificação das lutas em uma greve nacional
dos trabalhadores em educação, e greve geral
ESTATUTO (Propostas de
dos trabalhadores construida pelas assembleias Mudanças estatutárias).
de base e unitária para derrubar as reformas e
86. O Estatuto do nosso sindicato deve repre-
enfrentar os ataques a nossa classe.
sentar a radicalidade da concepção e da prática
75. 4 – Por um sindicato que esteja a serviço da luta da democracia operária. Por isso, o estatuto não
contra a exploração de classe e em defesa do pode, em hipótese nenhuma, assumir caráter
socialismo, através da luta direta, da organização antidemocrático, de conveniência e manobras
e mobilização permanente dos trabalhadores da para os oportunistas de plantão, e muito menos
educação, com assembleias de base e retomada ser autoritário. Neste sentido, as propostas de
dos comandos de base nas escolas. alteração aqui vão no sentido de revogar to-
76. 5 – Em defesa da unidade dos trabalhadores, por dos os entulhos antidemocráticos que foram
um sindicato unificado da educação: Trabalha- postos pelo campo majoritário da chapa 1 da
dores da Educação pública estadual e municipal. nossa entidade, sendo que, para nós, o forta-
77. 6 – Que em nossas lutas sejam eleitos comandos lecimento do sindicato deverá vir do avanço na
de base de negociação para fazer cumprir as consciência política e participação da base que,

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caderno de teses 2023.indd 68 01/08/2023 00:10:23
à medida que o reconhece e nele confia, como        Este congresso estabelece o rodízio dos di-

tese
ferramenta de luta, sindicaliza-se e participa retores liberados, devendo os mesmos voltarem
ativamente, inclusive no financiamento através ao chão da escola após fim do mandato.
das mensalidades para garantir a independência 92. *Artigo 26 (Emenda Substitutiva). Substituir a
financeira e política.

8
redação do artigo 26 pelo seguinte conteúdo*
87. *Artigo 4, suprimir o conteúdo da alínea a1.*        A eleição geral para a diretoria estadual
        A taxa negocial, aprovada em 2016, como bem como, o CER/CRR e demais situações,
imposição de cobrança aos não-sindicalizados, deverá aplicar a proporcionalidade direta sem
rompe com o princípio de liberdade e indepen- nenhuma exclusão (corre) em todas as instâncias
dência sindical. da entidade.
88. *Artigo 16, 2° Parágrafo (Emenda aditiva)* 93. *Artigo 26: Suprimir os conteúdos das letras, A,
       Garantir a todos os professores e professoras B, C e D, do 1° Parágrafo*.
da base o direito de expressar suas posições em 94. *Artigo 35 – (Emenda aditiva)*.
todas as instâncias da entidade, sobretudo, nas 95. Alínea c
assembleias da categoria.
       “c) Garantir nos boletins, nos informes, site
89. *Artigo 23 (Emenda Substitutiva)* e páginas das redes sociais da entidade espaço
        Onde se lê: “será realizado a cada 3 (três) para manifestação de todas as organizações
anos”. Substituir pela seguinte redação: “será que constroem a entidade, combatendo o
realizado anualmente”. personalismo e a promoção pessoal, limitando
90. *Artigo 23, Parágrafo 2°(Emenda Substitutiva)* as aparições para que outros membros possam
utilizar os órgãos de imprensa da categoria
        Os Delegados para Congresso, eleitos nas
através da democratização do seu espaço.
escolas e referendados nos encontros regionais.
Que os encontros sejam espaços de formação
e debates. ASSINA ESSA TESE:
91. *Artigo 24. Parágrafo 3°(Emenda aditiva)*. OPOSIÇÃO UNIFICADA COMBATIVA

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tese
9 PROPOSTA DE TESE PARA O XXVII
CONGRESSO DA APEOESP
PROLETÁRIOS DA EDUCAÇÃO

ce as disputas Inter burguesas, escapando do


Conjuntura política limite da democracia e o espalhar das guerras
Economia Mundial enfrenta pelo globo. Também desenvolvem, com toda
visibilidade a possibilidade de um terceiro con-
crescimento baixo e inflação flito global deixando as catástrofes da segunda
persistente, diz relatório guerra como acontecimentos menor.
17 Maio 2023 - Desenvolvimento econômico 2. Com a decadência do modo de produção
(ONU News) capitalista e as necessidades de maior explora-
ção da força de trabalho e de todas as fontes
Departamento de Assuntos Econômicos e
de riqueza (mais valia direta e indireta, capital
Sociais das Nações Unidas aponta crescimento
produtivo, improdutivo, serviços públicos agora
global de apenas 2,3% este ano; previsão para o
privados, riquezas naturais etc.), com a contradi-
Brasil é de aumento de 1% do Produto Interno
ção e estreiteza do modo de produção que não
Bruto; dificuldade de crédito e financiamento ge-
se harmoniza e não concilia o desenvolvimento
ram estagnação em países em desenvolvimento.
dos meios de produção com a força de trabalho,
O relatório “Situação Econômica e Perspectivas pelo contrário, concentra mais riqueza e expan-
Mundiais”, do primeiro semestre de 2023, aponta de mais pobreza, instigando o surgimento das
que o mundo deve passar por um longo período tendências fascistas e Nazifascistas.
de baixo crescimento. A projeção para o Brasil é de
3. Podemos também dizer que como resul-
que o Produto Interno Bruto, PIB, aumentará apenas
tante da estreiteza do modo de produção
1% este ano.
capitalista, do nível tecnológico alcançado em
Os dados reunidos pelo Departamento de As- contradição com as bases estruturais desta So-
suntos Econômicos e Sociais, Desa, apontam uma ciedade assentada na propriedade privada dos
inflação persistente, aumento das taxas de juros e meios de produção, acaba por apresentar um
maiores incertezas, além do impacto cada vez pior antagonismo em que o mais elevado grau de
das mudanças climáticas. desenvolvimento das forças produtivas (meios
1. A situação econômica, política e geopolítica de produção) contradita com a parte central
global está demarcada pela crise estrutural do das forças produtivas, a força de trabalho, ou
modo de produção capitalista, da estreiteza seja: o auto desenvolvimento dos meios de
do regime da propriedade privada dos meios produção e das técnicas em geral introduz uma
de produção em relação ao monumental de- globalização econômica e financeira em que, a
senvolvimento tecnológico impulsionado pelo concentração de capitais vai assumindo grau
grande capital. A décadas a economia mundial insuportável à vida em todos os sentidos (maior
patina, hora crescimento do PIB pífio, hora o concentração de capitais, maior expansão da
processo inflacionário sai do controle, hora pobreza, aumento da crise de superprodução e
estoura crise aqui e acola, quebrando bancos, mesmo, a destruição do equilíbrio físico e quí-
empresas, estourando as bolsas e sistema imo- mico do planeta). Como parte deste fenômeno
biliário. Podemos dizer que concomitantemente entre em cena a barbarização das relações de
com a crise econômica e financeira em caráter trabalho, o aumento do desemprego, do exér-
permanente e como resultado desta, compare- cito de reserva e a informalidade, fragilizando

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ainda mais a luta do proletariado, facilitando as mundial, queremos nos assenhorar dos meios

tese
imposições das necessidades do grande capital de produção e libertá-los para a vida humana e
(capital financeiro, imperialismo) e de seus re- para todos os seres vivos, única possibilidade de
presentantes governamentais e parlamentares manter o equilíbrio físico e químico do planeta
de achatamento salarial, desregulamentação e terra.

9
precarização das relações de trabalho, privati- Proletários de todos os países, uni-vos!
zações, terceirizações e a retirada de direitos
históricos dos trabalhadores
4. O impressionante desenvolvimento dos Ações no movimento Sindical
meios de produção e das técnicas em geral
10. Necessitamos de uma Apeoesp realmente
comparece introduzindo e agravando a barbárie
protagonista, que represente de fato, os inte-
do nosso tempo, barbárie capitalista combinada
resses dos professores e que esteja à altura de
com o Nazifascismo.
enfrentar a política burguesa global atual, o
5. O fenômeno retratado acima, do estágio governo de Tarcísio e a gestão de Feder, que
capitalista atual, tornou realidade em vista têm tripudiado diuturnamente em cima de toda
das traições, burocratização, derrotas da luta a categoria. É uma verdadeira violência para
do proletariado internacional. O fenômeno todos nós: APD’s e ATPC’s que apenas tomam
retratado acima, do estágio capitalista atual, o nosso tempo com burocracias inúteis, rebai-
tornou realidade em vista da crise de direção xamento dos salários, assedio diário, inclusive
do proletariado internacional. nos horários de descanso, todos sabemos, a
lista de reivindicações não é pequena.
Já passou da hora do maior Sindicato da
O Sindicalismo do nosso tempo. América Latina mostrar sua força na defesa
6. O Movimento Sindical de nossos dias neces- da Educação Pública, laica e de Qualidade!
sita de giro de 90 graus, ou seja: ir na contramão 11. Já passou da hora de fazer valer as energias
da burocratização, do atraso político, da política dos professores, da Comunidade Escolar e dos
de conciliação de classes (frentes populares), oprimidos em geral para lutar concretamente
do isolamento, dos intermináveis acordos com pela melhoria das condições de trabalho, salarial
governo e patrões e do sindicalismo parlamentar e da Educação Pública, em contraposição às
e reformista. Também necessita de combinar a brigas internas e no desperdiçar das energias
luta econômica, social, discriminatória/racial, nas eternas lutas eleitorais e burocráticas!
de gêneros, e etc. na luta e ação direta e na
constituição dos organismos de base do pro-
letariado em geral, unificado pelos Sindicatos e Nossas bandeiras:
Centrais Sindicais independente da burguesia e
12.  
Por uma Apeoesp que funcione com a
seu Estado, como ponte para a construção da
mais ampla democracia operária, em uma
classe para si, do ponto de vista dos interesses
frente única de luta direta e organização
históricos do proletariado moderno.
independente!
7. Os pressupostos acima são condicionantes
13.  
Por uma APEOESP que seja protagonista,
para alinhar o fio do prumo do combate e resis-
esteja na dianteira das lutas de forma direta
tência às medidas e imposições do regime capi-
e de agitação, conquistando autoridade
talista decadente, seus governos e parlamento,
para se impor aos desmandos, escravidão,
bem como, para equilibrar a superestrutura (po-
opressão e humilhação aos professores!
der político, mídia, organização independente,
consciência de classe e a construção do Partido 14.  
Por uma APEOESP que seja capaz de se opor
Revolucionário ou Partido Operário Marxista) da e barrar a destruição da educação pública e à
classe trabalhadora para contrapor ao grande precarização total do ensino/aprendizagem!
poder político e midiático (superestruturas) 15.  
Revogação da nova carreira, já! (Fim das
construídas pela burguesia mundial. APD’s, atribuição por pontuação, retorno das
8. Não queremos somente o equilíbrio su- faltas-aula, faltas abonadas e faltas médicas);
perestrutural dos oprimidos com a burguesia 16.  
Guerra por reajustes inflacionários automá-
mundial, queremos nos assenhorar dos meios ticos e reais de salários;
de produção e libertá-los, socializá-los para a 17.  
Guerra por concurso público para preencher
vida digna em abundância para todos. todas as vagas necessárias de professores;
9. Não queremos somente o equilíbrio su- 18.  
Guerra pela revogação imediata da BNCC
perestrutural dos oprimidos com a burguesia privatista, preconizadora da destruição da

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educação e do ensino-aprendizagem; ao Ensino Básico tanto do Fundamental ou

tese
19.  
Guerra pela revogação imediata do tal novo Médio; Não ao Ensino Técnico Temporá-
Ensino Médio; rio, para o atendimento momentâneo da
burguesia e sua produção de mercadorias
20.  
G uerra pela revogação imediata da Lei
em substituição e maior precarização do

9
Complementar 1374/2022 e do Decreto
Nº 66.793, de 30 de maio de 2022 (nova Ensino Básico.
carreira); 35.  
Pela ampliação do Ensino Técnico das Etecs
21.  
Por um Plano de Carreira que respeite e ou construção de novas Escolas para esta
valorize os professores, que defenda a edu- finalidade, sem violentar ainda mais nosso
cação pública, laica e de qualidade! Ensino regular e básico)! Portanto, escolas
profissionalizantes com rede própria!
22.  
Guerra pela redução da jornada de trabalho
do professor, com o piso do Salário Mínimo 36.  
Pelo Ensino Básico, tanto no Fundamental
Real de R$ 7000,00 (abaixo o salário base como no Médio para preparar a juventude
de R$ 2600,00 por 40 aulas!): para a vida e ao Ensino Superior!
23.  
Salário igual para PEBI e PEBII! 37.  
Pela liberdade de cátedra dos professores!
24.  
Abaixo os governos ladrões, que roubam 38.  
Nenhuma Escola sem representantes!
nossos salários e tentam tirar nossa dig- 39.  
Aprimorar as reuniões de representantes
nidade! de Escolas;
25.  
Jornada Básica de Tr a b a - 40.  
Participação efetiva e com deliberações
lho Docente, composta por: políticas da base no CER;
a) 25 (vinte e cinco) aulas em atividades 41.  
Formação Educacional e política;
com alunos; 42.  
C onstituição de um espaço permanente
26. b) 5 (cinco) aulas de trabalho pedagógico, (fórum):
das quais 2 (duas) na escola, em atividades co- para debate da Conjuntura política global; e
letivas, e 3 (três) em local de livre escolha pelo
para discussões das questões Educacionais (em ca-
docente;
ráter de urgência, a discussão da BNCC e Novo
27.  
Abaixo as divisões da categoria e as sopas Ensino Médio como forma de propor alternativas
de letrinhas: todos professores efetivos concretas a estes estorvos);
(concursados);
43.  
Intercâmbio com a comunidade escolar no
28.  
Máximo 25 alunos por sala;
seu conjunto (construção de organismos
29.  
Não à miséria das escolas PEIs e às novas e de base intercategorias e sem burocracia);
velhas mentiras!
44.  
A melhoria na educação do Brasil e, prin-
30.  
Pela implementação da disciplina de psi- cipalmente em São Paulo, passa por ouvir
cologia no Ensino Médio e Fundamental - concretamente os professores e a comuni-
para não apenas ensinar a psicologia, mas dade escolar;
principalmente, para aferir o emocional/
45.  
Auxílio na luta por Grêmios combativos,
psicológico das crianças e jovens (suas
independentes da Gestão e do Estado;
origens e consequências, como forma de
encaminhamentos para resoluções dos pro- 46.  
Transformar os Conselhos de Escolas em
blemas e de evitar ações violentas); realidades para discussão, deliberação e
encaminhamentos de toda vida escolar;
31.  
Pela abertura de pelo menos uma sala de
reforço de alfabetização em cada escola (te- 47.  
Informativo mensal para os professores e
mos, em média, 10% de alunos por sala com comunidade Escolar;
sérios problemas de alfabetização nos anos 48.  
Unificação das lutas e dos lutadores;
finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. 49.  
Luta por construir os embriões de Conselhos
32.  
Não aos assédios e repressão por exigências (Sovietes) como alternativa de classe e ao
de tarefas impossíveis de serem cumpridas nazifascismo em marcha;
pela ausência de regularidade da internet 50. Conclamamos aos professores e professo-
ou mesmo pela sobrecarga de trabalho que ras para a construção de um Sindicalismo de
isto acarreta: Não à prioridade da burocracia resistência concreta as imposições do governo
interminável, em detrimento do ensino/ e por melhores condições salariais, de trabalho
aprendizagem! e de ensino;
33.  
Por melhores condições de trabalho; 51. Por uma Apeoesp que represente os interes-
34.  
Não à farsa do novo Projeto do Ensino Pro- ses concretos dos professores e do proletariado
fissionalizante do Governo, em substituição moderno.

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52. Que a APEOESP devolva imediatamente Assinam:

tese
o dinheiro (Imposto Sindical) arrecadado Davi Moreira Costa Boni
por decisão do Supremo Tribunal Federal
Ivanildo Basílio de Araújo
(STF);
Jaqueline Oliveira Araújo

9
53. Que os Encontros Regionais de 1 a
19/8/2023 para eleição de delegados ao José Sebastião dos Santos
XXVII Congresso Estadual da APEOESP e o Karla Juliana Fernandes FragosoManoel Boni
Congresso discuta e aprove data para de-
cretação de Greve Geral da Categoria por Contatos:
tempo indeterminado com solicitação de
assomornucloeste@uol.com.br
apoio e solidariedade de classe para com
a CNTE, CUT, CONLUTAS, demais Centrais 1199878 3034 (Ivanildo),
Sindicais e Movimentos e Entidades dos 11975353976 (Boni),
Oprimidos a partir de 11 de setembro de 11 98847 4059 (Davi)
2023 por nossa reivindicações.
54. Em defesa da estratégia e luta pelo So-
cialismo Científico.

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caderno de teses 2023.indd 73 01/08/2023 00:10:23
tese
10 Tese da Corrente Sindical Marxista –
Guillermo Lora ao XXVII Congresso
da APEOESP
Não ao congresso governista! Por um congresso que organize a luta
pelas reivindicações! Por um sindicato de luta e democrático, com
real independência de classe!

petróleo, mas que, durante vários anos, afetou


CONJUNTURA INTERNACIONAL diversas partes do planeta (México, Tigres Asi-
1. A conjuntura internacional está marcada áticos, Japão, América Latina, etc.). A crise de
pela disputa, aberta ou por meio de terceiros, 2008 revelou que o capitalismo mundial já não
entre as economias das potências imperialistas, podia crescer além do vegetativo. Retomaram-se
tendo os EUA à frente, e aquelas nacionalizadas as tendências recessivas e de guerras da década
pelas revoluções proletárias, em especial China e de 1930.
Rússia. Esse conflito, que se manifesta quase que 4. Os Estados Unidos, Europa e Japão, as po-
diariamente por meio da guerra comercial, está tências imperialistas, percorreram a trajetória
também por trás de disputas eleitorais, guerras dos exportadores de capitais que são. Foram
civis (Sudão e Sérvia), golpes militares, disputas desindustrializando suas economias, investindo
territoriais (Taiwan e todo o sul do Pacífico), e nas possibilidades abertas na Rússia (com-
guerras entre países, como a na Ucrânia. Expres- pra de setores estatais na década de 1990), e
sa o ponto mais elevado da decomposição do principalmente na China (instalação de novos
modo de produção capitalista, que se manifesta parques industriais, aproveitando da então
nas sucessivas e contínuas crises desde 2008. barata força de trabalho). Esse mecanismo, que
2. O capitalismo, ao se elevar à fase impe- serviu de alívio para suas economias durante
rialista, passou à contagem regressiva de seu os anos de superprodução de valores dos anos
final histórico. As duas guerras mundiais o ex- de 1980/1990, acabaram servindo de base fértil
pressaram, com a mortandade, o genocídio e a para uma reviravolta de seus opositores, que
ampla destruição de forças produtivas. Em 1938, passaram dialeticamente de válvula de escape
previu-se que o capitalismo estava num beco a maior problema para as potências.
sem saída. Não se supunha que a gigantesca 5. EUA, Europa e Japão passaram a retroceder
destruição pudesse abrir caminho para uma sua parcela na produção industrial e agrícola
retomada das forças produtivas mundiais, e que mundial. No mesmo ritmo e alcance em que
seria possível ao capitalismo mundial crescer a a China se projetava e a Rússia se recuperava.
taxas médias de 6% por décadas. Os Estados Após os anos pandêmicos, a China emergiu com
Unidos, potência imperialista que não registrou quase um terço da produção mundial, enquanto
tal destruição, saiu da 2ª Guerra com 42% da os EUA amargavam 15%, Europa, menos de 20%,
produção mundial, e uma preponderância nos e Japão, míseros 5%.
negócios e política mundiais sem precedentes. 6. A ascensão de Trump ao governo ianque,
3. Mas as leis da História são mais poderosas em 2015, já expressava a necessidade de fazer
que as suposições burguesas. O esgotamento da com que se recuperasse a produção interna
retomada econômica começou a se manifestar, estadunidense, trazendo de volta as indústrias
desde o final da década de 1970, com a crise do exportadas, e dando um salto na guerra co-

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mercial. A eleição de Biden não mudou essas métodos burocrático militares. Mas faz toda

tese
tendências e necessidades gerais. a diferença para o proletariado mundial se o
7. Colocou-se como necessidade imperiosa imperialismo vence ou é derrotado, e se a na-
deter a China e repartir a Rússia. A destruição cionalização na Rússia e China são preservados
ou destruídos. Por isso nossa posição deve ser a

10
dessas forças produtivas poderia abrir caminho
para uma nova retomada capitalista mundial, de DERROTA MILITAR DA OTAN NA UCRÂNIA!
semelhante à ocorrida após a 2ª guerra. Para 10. Se na França ou em outro país imperialista
tal, coloca-se como necessidade destruir os as massas se levantam contra seus governos,
estados operários degenerados, controlados devemos ligar essa luta à derrota militar da
pelas burocracias ditatoriais e restauracionistas, OTAN na Ucrânia. São centenas de bilhões de
que expropriaram o poder político e econômi- dólares queimados em armamentos contra a
co das massas que realizaram as revoluções Rússia, enquanto as massas enfrentam cortes
proletárias. Mostrou-se impossível realizar essa em serviços sociais e alta inflacionária. A vitória
ampla destruição por meio de uma transição das massas está na mesma proporção da derrota
gradual dos estados operários em burgueses. As de seus países na guerra, e na saída da OTAN
burocracias dirigentes defendem a propriedade imperialista.
nacionalizada porque é sua fonte de poder e
ganhos. Mas são incapazes de levar adiante
a luta pela revolução socialista mundial. Esta CONJUNTURA NACIONAL
depende de aqueles que foram expropriados
pela burocracia lhe tomem o poder de volta: o Erguer uma oposição revolucionária ao
proletariado e as massas. governo burguês de frente ampla de
8. Isso explica por que a burocracia tentou por
dois anos entrar em acordo com as potências
Lula/Alckmin
da OTAN, para que esta não levasse suas ins- 11. A eleição de 2022 expressou no Brasil mu-
talações militares até a Ucrânia, fechando um danças que ocorreram no cenário internacional
cerco iniciado há 3 décadas sobre a Rússia. E e também no nacional. A derrota eleitoral de
explica também por que essa burocracia russa Donald Trump, nos EUA, e a vitória apertada
teve de avançar suas fronteiras sobre o Leste de Biden significaram uma mudança de forma
ucraniano, regiões de maioria russa e que es- no governo da maior potência imperialista.
tavam há nove anos em guerra civil por sua Isto porque se mantiveram as tendências e
separação da Ucrânia dirigida pelo governo necessidades gerais da burguesia ianque dian-
burguês fascistizante de Zelensky. Mas não pode te da crise mundial do capitalismo. A política
ir até o fim contra as potências imperialistas, a de guerra comercial declarada de Trump teve
partir de seus métodos militares burocráticos e origem na necessidade de colocar um freio à
autoritários. Vai procurar sempre pelo acordo desindustrialização do país, e a perda sistemática
com o imperialismo, o que vai abrir caminho de posições na produção mundial para a China,
para uma nova situação de guerra no futuro. e foi mantida em sua essência. A tentativa de
Somente o proletariado no poder pode levar a contenção da imigração foi preservada. E o for-
guerra revolucionária contra as potências impe- talecimento geral das forças mais reacionárias
rialistas, apoiando-se nas massas oprimidas de se mede pela proibição do aborto em grande
cada país, fortalecendo suas lutas e avançando parte do país.
para a tomada do poder em cada um deles, em 12. O governo Biden pressionou pela libertação
direção à revolução socialista mundial. de Lula e sua candidatura à Presidência. Setores
9. Agora, diante da guerra da OTAN contra a da burguesia nacional mais elevada se perfilaram
Rússia, cabe se colocar ao lado da defesa da junto a Lula, sob a aliança com Alckmin, um
conquista revolucionária da propriedade nacio- serviçal provado e aprovado pelas frações bur-
nalizada da indústria e agricultura, bem como guesas dominantes. A chamada Frente Ampla
aquela da maioria dos bancos, infraestrutura, acomodou vários setores da burguesia nacional
transporte, energia, indústria militar estatais; mais direitista, e mais as esquerdas como aju-
contra o imperialismo, que pretende destruí-los, dantes de ordens. Bolsonaro contou com apoio
assim como as da China, para artificialmente de madeireiros, garimpo ilegal, agronegócio
criar condições para uma retomada das forças mais envolvido com agrotóxicos e práticas ile-
produtivas, como ocorreu no pós 2ª guerra gais, como o desmatamento e invasão de terras
mundial. Isso não quer dizer apoiar o governo indígenas, e setores do comércio.
da burocracia totalitária que expropriou o poder 13. Encerrada a disputa eleitoral, vários setores
político e econômico do proletariado, nem seus antes bolsonaristas passaram a integrar a base

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de apoio e assumir inclusive ministérios no de fato democráticas, com os métodos próprios

tese
governo. A Frente Ampla cresceu. Aumentou da luta de classes, e sob a estratégia da revo-
a centralização política do governo burguês, e lução social e do governo próprio das massas,
também seu poder de arrastar as organizações um governo operário e camponês.
de massas para debaixo de sua sombra. Imedia-

10
tamente, apresentou-se a essência da política
econômica do governo: sustentar a todo custo SINDICAL
o parasitismo financeiro, criando mecanismos
de garantia ao capital financeiro internacional O sindicato está controlado por uma
e grande capital nacional de sua rentabilidade, burocracia governista, que deve ser
à custa de estrangular a capacidade de inves-
timento estatal e cortar gastos nos serviços
derrubada, e a democracia sindical, a
sociais públicos e no sustento dos salários do defesa da luta pelas reivindicações e a
funcionalismo. A essa política econômica, se deu real independência de classe
o nome de Arcabouço Fiscal. Um novo teto de
gastos, já chamado de PEC do fim do mundo, 17. O sindicato é o instrumento da ação unitária
só que agora ainda mais rebaixado, diante das e coletiva da classe para lutar pelas reivindica-
condições concretas de estagnação econô- ções. No entanto, a quase totalidade deles foi
mica. E que foi complementado agora, com transformada em escritórios de burocratas que
a aprovação de uma Reforma Tributária, que negociam os ataques dos governos e patrões
vai desonerar a burguesia diretamente ligada contra as massas. Utilizam de assistencialismo
e judicialização para arrebanhar seguidores.
à produção, à custa de taxar mais o comércio,
Usam-no de trampolim eleitoral, para galgar
reconcentrar as riquezas nas mãos dos estados
postos nas instituições da democracia burguesa.
mais desenvolvidos, e aumentar o custo de vida.
Tudo para centralizar ainda mais os recursos nas 18. A Apeoesp é uma das expressões mais
mãos do governo federal, e com isso oferecer elevadas de tudo isso. A direção burocrática
mais uma garantia de sustento do parasitismo de décadas (PT/PCdoB) ganhou a companhia
financeiro. da maior parte do PSOL e outras correntes que
antes compunham a oposição. O resultado das
14. Com o novo governo burguês, e sob o
recentes eleições foi o fortalecimento da direção
pretexto de combater a extrema direita, as or-
burocrática, que retomou a maior parte das
ganizações de massa passaram a servir de canal
subsedes da capital e interior, que servirão agora
para a defesa da política do governo junto às
como instrumentos da conciliação de classes,
massas. Nada de levantar as reivindicações como leia-se, política de derrotas para os trabalhado-
elas são sentidas pelas massas, mas defender res. Pouco restou do trabalho de oposição, que
apenas o que o governo “pode” dar. Nada de durante décadas conseguiu conquistar direção
organizar lutas, greves, que podem afetar o de subsedes e vitórias nas urnas da capital e
funcionamento e as relações do governo com grande São Paulo.
a base parlamentar. Esse movimento levou ao
19. Este Congresso é realizado numa situação
estancamento dos movimentos, sua fragmen-
em que a atividade sindical está praticamente
tação, divisão, anulação e desmonte. Mesmo
proibida nas escolas, com o fim das faltas abo-
aquelas direções que debandaram do apoio
nadas, em que se precarizam as condições de
ao governo, fazem em suas bases os mesmos
vida e trabalho dos professores em geral, e de
acordos de destruição de empregos e direitos
mais de 96 mil professores da categoria O em
que aquelas abertamente governistas.
particular, com um concurso criado para demitir
15. A real defesa das reivindicações das massas parte deles, com uma nova carreira (lei 1374/22),
se choca com o apoio ao governo burguês. Ou que piora em todos os sentidos a vida funcional
se defende um, ou outro. Hoje, a maioria das do professor, com a imposição das escola de
direções está por defender o governo e se opor tempo integral e do novo ensino médio, projetos
às reais reivindicações, rebaixando-as. interligados que visam à expulsão do estudante
16. Não se trata de organizar apenas uma opo- trabalhador e mais exploração do trabalho do-
sição de esquerda ao governo, que vai preparar cente, com retrocesso na educação em geral.
um terreno eleitoral de disputa sindical ou de Não faltam motivos para lutar. No entanto, a
cargos no executivo e legislativo. É necessá- direção não convoca a assembleia geral pre-
rio erguer uma oposição revolucionária, que sencial, não faz das subsedes impulsionadoras
apoiada nas reais reivindicações das massas, da mobilização, enfim, não organiza a luta.
impulsione a unidade na luta, com organização 20. É preciso construir uma oposição revolucio-
independente, a partir das assembleias de base nária também no sindicato. Que se apoie nas

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reais necessidades dos professores e defenda 24. 1) A disputa pelos cargos nas executivas deste

tese
a unidade na luta. Que combata a estatização ano foi feita por chapas, num regimento que
do sindicato e sua subordinação às instituições quebrou os estatutos. Defendemos que a
burguesas (o parlamento é o cemitério das eleição por chapa é a que é mais adequada
reivindicações). Que defenda a real democracia à democracia sindical, que pressupõe a ação

10
sindical e a real independência de classe. Não e organização coletivas, ao redor de progra-
se trata de trocar uma direção burocrática por mas que expressem as diferentes formas de
outra, menos pelega. Mas de transformar com- pensamento no interior da categoria. Que os
pletamente o sindicato, para ele seja de fato estatutos expressem formalmente essa forma
uma organização geral dos professores para de eleição em todas as instâncias sindicais,
lutar pelas reivindicações. resguardando os direitos de minoria de esse
expressar por elas.
   Proposta:
ESTATUTOS    
a) 
supressão do parágrafo 1º do Art. 59; que
deve ser substituído por “A eleição para a
Por abaixo os desvios burocráticos que executiva será feita a partir da inscrição de
anulam a democracia sindical chapas, com um mínimo de 3 integrantes”
21. A discussão para modificação dos estatutos    a
 ) 
o parágrafo 2º do Art. 59 deve incluir, como
deveria ser precedida de um amplo debate adendo, após “Conselho Fiscal Regional”,
nas bases. O mais correto seria a apresentação “eleitos de forma proporcional entre as
integral de novas versões dos estatutos, que chapas que disputaram a eleição,”
expressassem as diferentes concepções sindicais 25. 4) A existência de dívidas de professores demi-
que existem entre os professores. Como isso não tidos com o sindicato, pelo fato de não esta-
será possível neste congresso, apresentaremos rem mais recebendo salários, expressa uma
apenas alguns pontos que representam os maio- visão deformada da organização sindical, vol-
res obstáculos à prática da democracia sindical. tada para o assistencialismo e judicialização.
22. 1) A democracia sindical prevê a proporcionali- Cada um e todos os professores são parte
dade na composição de todas as instâncias de da categoria, estejam empregados ou demi-
direção. A existência de filtros a essa propor- tidos por força do estado patrão. As dívidas
cionalidade na verdade representa sua anula- de professores com o sindicato, referentes
ção, e a impossibilidade de que correntes de a períodos em que esteve desempregado,
pensamentos minoritárias ganhem posições devem ser anuladas e o Congresso deve
no sindicato, reforçando apenas as já majori- votar pela isenção desses professores, que
tárias. Por isso, propomos que sejam extintos permanecem sócios do sindicato, garantidos
os critérios de 20% ou 10% para compor a todos os seus direitos políticos e sindicais,
direção, em todos os níveis de direção. E que e voltarão a contribuir quando estiverem
a composição seja sempre proporcional, de novamente empregados.
forma se garanta que a maioria e a minoria    Proposta: adicionar no parágrafo 4 do artigo
estejam sempre representadas, e sujeitas à 8°, depois da palavra “associado”: “enquanto
avaliação das bases em seus papéis na dire- estiver sem aula atribuída, sem que nessa si-
ção em toda instância sindical. tuação tenha de pagar a mensalidade. Quem
   Proposta: Supressão dos seguintes pontos: tiver dívidas com o sindicato referentes a esta
itens a, b e c do parágrafo 1º, e b, c, d e e do situação, está anistiado.” – supressão de “por
parágrafo 4º, do Art. 26; um período de até 12 meses”.
23. 2) A democracia sindical pressupõe que a repre-
sentação para uma tarefa sindical seja sempre
a partir de eleição pela base. A existência PLANO DE LUTAS
de delegados natos para o congresso, ou
de membros natos para eleição de coorde-
nações nas regionais, viola esse princípio,
Romper como Governismo Erguer a
impondo diretores/delegados biônicos no Luta Com Independência de Classes
interior de instâncias sindicais. Propomos 26. O Plano de Lutas de um sindicato deve partir
a eleição de diretores e delegados sempre, de um balanço crítico da direção, ele é impor-
pelas bases e o fim dos biônicos (natos). tante para avaliar seu próprio curso na luta de
   Proposta: Suprimir o parágrafo 8 do artigo classes. Por isso, nosso Plano de Lutas partirá da
23 e suprimir o parágrafo 1º, item j, do Art. 27 crítica que fazemos à direção majoritária, antes

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Articulação Sindical/CTB, agora, além destes, existem hoje na rede estadual 98 mil professores

tese
conta também com as correntes de esquerda com contratos precarizados. O mais absurdo
ligadas ao PSOL que compuseram a chapa dessa nessa história é o sindicato e as correntes de
direção na última eleição, num ato de traição e esquerda defenderem esse concurso. Sabemos
negação de sua própria história no interior do que se trata de uma farsa, o concurso servirá

10
sindicato. para, de um lado, efetivar já na nova carreira
27. A direção do sindicato, há muitos anos, uma mínima parte dos professores; de outro,
vinha solapando as lutas, através da negação criará cadastro de reserva para a contratação
da democracia operária, arrastando a luta dos da esmagadora maioria dos professores. Assim,
professores para a pressão parlamentar, su- os professores com maior tempo de serviços
bordinando a ela as greves e paralisações. A ficarão mais uma vez na fila da humilhação.
conciliação mudou sua forma, e deu um salto 31. Este ano, o magistério teve 15% de reajuste,
nessa negação, quando a presidente do sindica- pela lei nacional do piso, e míseros 6% de reajuste
to se elegeu em 2018, como deputada estadual. pelo governo de Tarcísio de Freitas. Esses dois
Logo em seguida, veio a Pandemia e a bandeira reajustes passam longe de ao menos repor as
burguesa do “fique em casa”, e a direção do perdas salariais do magistério, que viu o poder
sindicato, seguidista desta, desarmou o Dia de compra dos seus salários reduzidos drastica-
Nacional de Lutas, que seria em 18 de Março de mente, de acordo com o DIEESE. No último ato
2019, juntamente com a CUT e demais organiza- na frente da Secretaria estadual de Educação,
ções; fechou a central e as subsedes, deixando o no dia 29 de maio, a segunda presidente do
governo Dória agir à vontade na imposição do sindicato deu evidências de que tal reajuste foi
ensino remoto, na ampliação a toque de caixa fruto de negociações nos bastidores do poder.
da escolas em tempo integral, na imposição 32. Como podemos ver, nos últimos anos, os
da nova grade curricular, com o currículo São ataques foram profundos e imensos, e a direção
Paulo e, em seguida, com a imposição do Novo do sindicato ampliou sua política eleitoreira e
Ensino Médio, com o Ejatec e com Pronatec. No de colaboração de classes, indo mais fundo
âmbito da perda dos direitos, o governo impôs, no enterro do método da ação direta, substi-
ainda em 2019, antes da Pandemia, a reforma da tuindo-o pela pressão jurídico/parlamentar. As
Previdência; em seguida; vieram novos ataques, assembleias praticamente deixaram de existir,
como a reforma administrativa e a farsa da nova são chamadas somente nos dias em que são
carreira. No apagar das luzes, Dória/Rossiele dei- votados os ataques mais profundos contra a
xou uma nova resolução de atribuição de aulas, categoria. Esse artifício é usado pela burocracia
que deu amplos poderes para que os diretores, para depois dizer que queria fazer a luta, mas a
junto com as diretorias de ensino, atribuam as categoria não compareceu. Assim se constrói o
aulas sem qualquer critério. Essa resolução foi falso discurso de que a categoria não quer lutar
pensada para excluir os professores com mais e se a culpabiliza pelas derrotas.
tempo de serviço e ampliar as jornadas.
33. Este ano, os ataques não param, em nível
28. É possível perceber que o sindicato co- federal, já temos o chamado Arcabouço Fiscal,
laborou com o governo quando, ao invés de que objetivamente busca garantir a arrecadação
chamar a luta unitária do funcionalismo contra do governo para pagar o parasitismo financeiro
os ataques que atingiam a todos, se negou a sobre o país. Já tivemos a reforma tributária,
fazê-lo, chamou apenas os “atos simbólicos”, que faz parte do conjunto mais geral das con-
usando como pano de fundo a Pandemia, para trarreformas que visam a despejar a crise sobre
não construir a luta. os explorados. É importante mostrar que essa
29. A luta erguida pela oposição, junto aos reforma vem no sentido de isentar o patronado,
professores da categoria O, no começo do ano, ela traz em seu bojo os incentivos e subsídios
contra a atribuição cheia de erros, também foi que os governos antes davam via decreto, agora
abafada pela direção e parte da oposição que, o dos capitalistas está garantido, enquanto os
naquela altura, já se havia juntado à burocracia explorados continuarão vítimas de uma pesadís-
venal. A forma com que a burocracia desarmou sima taxação, da fome, pobreza e miséria que
essa luta junto com os burocratas de esquerda é só faz crescer; porém, as esquerdas e a mídia
mais uma amostra de um sindicato que, não só burguesa constroem a narrativa contrária mos-
deixa de lado as lutas, como também as sufoca, trando o crescimento das exportações, a baixa
em detrimento dos acordos com o governo. momentânea do dólar,, e apresenta o governo
30. Ainda como parte dos ataques, o governo de frente ampla burguesa como um salvador.
anunciou concurso público para apenas 15 mil 34. O governo Lula/Alckimin deve ser caracteri-
vagas, um completo absurdo, uma vez que zado como um governo burguês pró-imperialis-

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ta, que busca combinar o assistencialismo, com que enfrentar. Por isso, temos de também

tese
os programas de governo que tentam assistir caracterizar a atual direção, como a direção
os explorados com migalhas, de um lado e, das derrotas. A tarefa de erguer uma oposição
de outro, continua o curso dos ataques aos sindical que seja capaz de derrotar essa direção
explorados em favor do grande capital. Não juntamente com as correntes de esquerda que

10
tocou, nem tocará em nenhuma linha das con- se bandearam para o lado dos governistas é o
trarreformas impostas por Temer e Bolsonaro. ponto de partida dessa tarefa. Está claro que
A greve dos metroviários em Belo Horizonte essa direção está completamente aprodrecida,
mostrou na prática a impotência do governo e se tornou uma tarefeira dos governos, será
Lula. Bolsonaro concluiu a privatização dessa incapaz de organizar o magistério para lutar
companhia em dezembro do ano passado, e o pelas suas reivindicações mais elementares.
caudilho fingiu-se de morto aos apelos dos gre- 37. 1) Pela estabilidade e efetivação de todos os
vistas. Chegou a acenar a tentativa de reverter professores da categoria O. Abaixo o con-
a privatização da Eletrobras, mas as pressões curso público de Tarcísio/Feder, este servirá
imperialistas o frearam antes de qualquer passo. para ampliar a jornada de uma parcela dos
Está comprando a peso de ouro, através das
professores e demitir a outra. Unificar as
emendas parlamentares, os votos do congresso
lutas entre os professores efetivos estáveis
nacional, para votar seus projetos; o Arcabouço
junto aos professores da categoria O.
Fiscal é o melhor exemplo dessa política.
38. 2) Pela contratação de novos professores
para que tenhamos no máximo 25 alunos
Um Plano de Lutas pautado na por sala
democracia operária e nos métodos da 39. 3) Pela reabertura de todos os turnos e salas
ação direta. Partindo das necessidades de aula fechados pelo governo
40. 4) Reposição de todas as perdas salariais. Er-
imediatas dos professores, alunos e guer a luta dos professores para lutar pela
demais trabalhadores das escolas. revogação da nova carreira, pela revogação
35. Como podemos ver, os ataques ao magis- da resolução 85/2022
tério e demais explorados continuam a vir de 41. 5) Reajuste automático dos salários de acordo
todos os lados. Um Plano de Lutas que esteja com a inflação medida pelos trabalhadores
verdadeiramente comprometido em defender 42. 6) Fim da nova carreira
os explorados deve pautar-se de forma intransi-
43. 7) Abaixo o novo ensino médio!
gente na democracia operária, que é alicerçada
nos métodos da ação direta (greves, ocupações, 44. 8) Fim das escolas de tempo integral
piquetes, etc.). 45. 9) Nenhum fechamento de EJA e abertura de
36. Um plano de lutas consequente de um vagas em todas as escolas
sindicato deve partir das necessidades mais 46. 10) Abaixo a Reforma Administrativa
sentidas de sua categoria. Nesse momento 47. 11) Abaixo as contrarreformas de Temer, Bol-
histórico da ampliação do desemprego, dos sonaro e Lula – Trabalhista, da Previdência,
salários rebaixados, de custo de vida alto, de Arcabouço Fiscal e Reforma Tributária
jornadas estafantes, de condições de trabalho
48. 12) Abaixo o Marco Temporal
completamente insalubres, da perda da auto-
nomia do trabalho docente, da pressão pela 49. 13) Lutar pela reestatização completa da Pe-
melhora dos “índices”, com o aumento das trobrás, pela imediata reestatização da
demissões dos professores contratados, etc. O Eletrobrás e de todas as empresas estatais
plano de lutas que não parta do enfrentamen- que já foram privatizadas, erguer a luta
to destes problemas é letra morta. Não existe contra as privatizações.
plano de lutas que tenha como base a pressão 50. 14) Defesa da livre e democrática atividade
parlamentar, quando se coloca no terreno da sindical – volta dos abonos nas faltas por
própria burguesia que nos ataca diuturnamente. atuação sindical; liberdade para entrada nas
Partindo desse terreno governista, o fracasso escolas e discussão com os professores; fim
e as derrotas é o cenário mais real que temos de toda perseguição política.

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tese
11 AVANÇAR NA ORGANIZAÇÃO E LUTA
PARA REVOGAR TODAS AS
CONTRARREFORMAS E CONSTRUIR
UMA NOVA DIREÇÃO PARA A APEOESP
“TESE DA UNIDOS PRA LUTAR, FRENTE DE OPOSIÇÃO
SOCIALISTA - FOS e INDEPENDENTES”

1. Nossas homenagens à todas as vítimas do história, uma crise sistêmica, maior do que
capitalismo que sucumbiram na pandemia da todas as crises anteriores. Crises econômicas,
covid19. No Brasil às mais de 700 mil vidas per- políticas, socioecológicas, sanitárias, e de domi-
didas pela política genocida de gestão da crise nação imperialista. Combinam-se e alimentam
sanitária, realizada pelo governo Bolsonaro- uma crise civilizacional, sem saída possível para
-Mourão e sua tropa de genocidas de ultra- a classe explorada e oprimida, por dentro do
direita. Também prestamos homenagem aos sistema capitalista. A única solução possível para
combatentes do nosso próprio sindicato que o futuro da humanidade e do planeta é a ruptura
tombaram pela Covid-19, reafirmamos nosso total, e a destruição do sistema capitalista e do
compromisso em seguir a luta revolucionária Estado burguês e a simultânea construção de um
contra o sistema capitalista que se impôs no sistema político-econômico-social-ambiental
mundo. O grande responsável pela crise climáti- fundamentado na vida coletiva, no respeito e
ca que ameaça a existência humana e toda vida integração de toda a diversidade humana e vida
no planeta. Nesse congresso defendemos um existente no planeta, ou seja, o socialismo com
sindicato rebelde, independente, democrático, democracia operária.
de luta e radicalmente posicionado contra a 3. A crise econômica global, iniciada em 2008,
política de conciliação de classes! Entendemos é a maior desde a Grande Depressão de 1930. A
como tarefa central a construção de uma opo- economia mundial ainda não tinha conseguido
sição que dispute a política e a direção contra se recuperar quando a pandemia da Covid-19
o setor majoritário petista e aliados que atuam paralisou e aprofundou ainda mais a crise, dando
cotidianamente para submeter a categoria, outro salto com a guerra na Ucrânia. Não há
através de uma política de colaboração com recuperação à vista. O FMI, a OMC e a OCDE
o governo da frente ampla de Lula-Alckmin. O preveem uma nova recessão global, ou algo
sindicato só cumpre sua função se for indepen- muito próximo, provavelmente ainda em 2023.
dente aos governos e patrões, ou serão correias Como a raiz da crise está na tendência à queda
de transmissão da institucionalidade burguesa, da taxa de lucro, o capitalismo não tem saída,
contra a luta por direitos e condições de trabalho a não ser aumentar a exploração humana e a
e de vida da classe explorada e oprimida. destruição ambiental.
4. Essa é a explicação do motivo para os go-
vernos capitalistas aplicarem uma contrarrevo-
01- Conjuntura Internacional: lução econômica permanente contra a classe
2. O capitalismo está na pior crise de sua trabalhadora e a destruição avassaladora do

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meio ambiente, acelerando a crise climática, “progressistas” ou “nacionalistas” acabaram

tese
inclusive chegando ao ponto de não retorno. aplicando as mesmas receitas de ajustes que
Os capitalistas não tem plano B sobre a crise, os governos neoliberais. Grandes projetos de
é por isso que, onde não conseguem aplicar esquerda, como o Syriza na Grécia e o Podemos
seus planos de austeridade e ajustes, usam a no Estado espanhol, ou figuras radicais, como

11
repressão e tentam disciplinar os setores que Gabriel Boric no Chile e Pedro Castillo no Peru,
se mobilizam e lutam. também se tornaram administradores dos ajus-
5. “Ecossocialismo ou barbárie” é a tes quando chegaram ao governo.
palavra de ordem que melhor representa o mo- 9. Não só é impossível implementar grandes
mento atual com o sistema capitalista destruindo mudanças a favor das maiorias dentro do ca-
tudo num ritmo tão acelerado e sem freios. O pitalismo, como nem mesmo as medidas mais
aquecimento global só cresce e provoca desastres moderadas são toleradas por um sistema que
ambientais que tiram vidas da classe trabalhadora aprofunda a superexploração, ajustes e repressão.
e do povo pobre, expulsos dos centros e obrigados Não há espaço para qualquer política econômica
a morar nas margens das cidades, sem a condição Keynesiana, como alguns analisaram durante a
estrutural mínima de vida. O agronegócio e a in- pandemia, ou para concessões reformistas.
dústria extrativa avançam sobre as florestas, sobre 10. Assim, governos frenteamplistas, ou de
os rios, montanhas e oceanos, poluindo, matando conciliação de classe, como o de Lula-Alckmin,
e depredando tudo para garantir a produção de chegam ao poder acompanhados de apoio
bens que enriquecem o 1% da população mundial social, gerando expectativas nas massas, mas
e deixam sem futuro os outros 99%. rapidamente as ilusões se desfazem. Essa frus-
6. A matriz produtiva do capitalismo, além de tração abre espaço para a extrema direita que
destruir nosso planeta, produz a desigualdade, a se apresenta e ganha base social para sua
pobreza e a fome. Para extrair e acumular ouro ideologia política bárbara. Pela mesma razão,
e outros metais ou pedras preciosas, um bem ataque aos direitos básicos da população para
com quase nenhuma utilidade social, contamina garantir a taxa de lucro, os projetos da direita
rios e reservas de água, condenando populações e da extrema direita quando chegam ao poder
inteiras a doenças e morte. Hoje, a criação de também fracassam e caem em descrédito.
gado e a produção de trigo é a maior da histó-
11. Discordamos da teoria da “onda fascista ou
ria, mas a fome no mundo só cresce! Os povos
reacionária” que responsabiliza a consciência das
indígenas da Amazônia defendem a floresta das
massas pelo avanço da ultra direita. A responsabi-
máquinas que desmatam em tempo recorde,
lidade está na política de conciliação e adaptação
enquanto garimpeiros assassinos atacam os
ao regime democrático burguês das direções que
povos originários dia após dia.
não acreditam na força e na disposição de luta da
7. Uma possibilidade real para a crise ambiental classe trabalhadora, e vivem das benesses advindas
em nível mundial é a defesa do “decrescimento dos aparatos políticos ou sindicais.
econômico” como mecanismo real de redistri-
12. Existe uma rebelião em curso da classe traba-
buição de renda, visto que com as políticas ne-
lhadora contra essas direções que traem a luta,
oliberais ocorreu uma acentuada concentração
e, segue o enfrentamento às medidas neoliberais
de renda entre os países do centro do capital
implementadas, na França foram 7 greves gerais
(imperialistas) e grandes bilionários. O descres-
contra a reforma da previdência de Macron que
cimento econômico pode ser um caminho viável
aumentou para 64 anos a idade mínima de apo-
para a rediscussão do que significa o capitalismo
sentadoria. E agora a juventude, particularmente
em nível mundial e uma porta aberta para a
adolescentes, estão desestabilizando o governo
discussão de um novo modelo societário que
com uma fúria incendiária contra o racismo estru-
possa produzir o fim da exploração de classe.
tural que assassinou o jovem Nahel. A imparável
intifada palestina enfrenta o poder de ocupação
Os progressistas não impedem o sionista do corrupto Netanyahu em sua nova
crescimento da extrema direita e do incursão assassina nos campos de refugiados em
Jenin, Faixa de Gaza, nos territórios palestinos
neofascismo. invadidos pelo sionismo desde a Nakba em 1948.
8. Todo projeto que propôs radicalizar a demo- Jujuy na Argentina é outro exemplo de enfren-
cracia, de frear o neoliberalismo, de redistribuir tamento às tentativas dos governos capitalistas
a riqueza ou, de alguma forma, melhorar as de reduzir a já combalida democracia burguesa
condições de vida para as massas, sem des- para criminalizar, derrotar e submeter a classe
truir o capitalismo, terminou com um amargo trabalhadora a uma vida sob a barbárie capita-
fracasso. Todos os governos autodenominados lista. O capitalismo precisa estabelecer regimes

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tipo fascistas como regime político “normal” sociais, a Despesa Primária, permite uma peque-

tese
para sufocar as lutas e naturalizar a barbárie que na margem de crescimento, entre 0,6% e 2,5%
produz e reproduz no mundo. ao ano em relação às despesas primárias do ano
13. Por isso, o combate às políticas reformistas anterior, mas no essencial não mexe, mantém
os gastos com a dívida pública, responsável

11
de Estado, com governos de frente ampla, são
necessárias. Infelizmente temos nas direções sin- pelo imenso rombo das contas, permanecendo
dicais uma política majoritária que flerta muito essa dívida fraudulenta fora do novo teto, sem
com tais políticas reformistas, se acomodando qualquer limite ou controle. Também foi incluída
com as “quirelas” caídas dos grandes acordos do cláusula gatilho que permite proibir concursos
capital e, ao mesmo tempo, “vendendo vitórias” públicos e aumento salarial para servidores a fim
às massas trabalhadoras. de garantir o cumprimento da nova regra fiscal.
Fica evidente que quem se beneficia com a nova
regra fiscal são os mesmos, os ricos e explora-
02 – Conjuntura Nacional dores. A direita e extrema direita se beneficiam
com o arcabouço, já que são representantes dos
Governo de Frente Ampla e seu projeto patrões no governo e no parlamento. Não há
negociação ou conciliação possível: se os ricos
capitalista para o Brasil. ganham, o povo trabalhador e pobre perde.
14. A derrota eleitoral de Bolsonaro significou Essa nova política de austeridade e ajustes é
uma vitória popular importante, mas parcial. Isso um ataque ao povo trabalhador e pobre. O
porque Bolsonaro além de representar o grande governo Lula-Alckmin decidiu atender as de-
capital, a especulação financeira, o agronegócio mandas dos ricos. A Apeoesp deve mobilizar a
e os reformistas neoliberais, tentou emplacar um categoria para derrotar o arcabouço fiscal com a
conjunto de ideia/ideologias moralistas e reacio- força da nossa luta, a única forma de fazer valer
nárias para o conjunto da população brasileira. nossas demandas e defender nossas conquistas.
Significou um período de muito atraso na consci- As centrais sindicais, frentes sociais, e toda a
ência, sobretudo de trabalhadores/as com o seu esquerda independente devem unir forças e
“lixo” moralista, religioso e atrasado. A derrota mobilizar o povo para enfrentar e derrotar o
pela via eleitoral, e não pela mobilização, a torna Arcabouço Fiscal nas ruas! Também defendemos
menos contundente para acabar de vez com a a mobilização junto aos povos indígenas, contra
extrema-direita e seu projeto. É por isso que nós, o Marco Temporal que atende os interesses
que assinamos essa tese, impulsionamos a mobi- do agronegócio, das mineradoras e garimpos,
lização pelo Fora Bolsonaro-Mourão. Enquanto aumenta o ataque ambiental, o desmatamento
alertamos do perigo que significava a política do da Amazônia e outros biomas e escancara a
PT e Lula, de desarticular a mobilização nas ruas política de genocídio dos povos originários e
para canalizar a raiva contra a extrema-direita tradicionais. A Apeoesp deve se colocar na linha
exclusivamente pela via eleitoral em 2022. de frente contra essa necropolítica de destruição
15. Lula à frente da presidência defende uma ilu- de vidas e do planeta.
são: reformar o capitalismo conciliando interesses
entre as classes. O capitalismo oferece miséria e Derrotar a sanha privatista de TARCÍSIO
destruição para à humanidade. A ilusão de fazer
“o que é possível”, dentro das margens da ordem DE FREITAS: inimigo dos trabalhadores
do capital, significa abandonar a tarefa de defen- e da população, não atua sozinho!
der os interesses das maiorias em prol de atender
17. No apagar das luzes do governo Dória/
as demandas do mercado e da burguesia que o
Rodrigo Garcia, um acordão entre os partidos,
controla. É por isso que o governo Lula-Alckmin
PSDB, Republicanos do atual governador Tarcí-
já demonstrou quais interesses defende. E não
sio, PL, PT e outros reajustou em 50% o salário
podemos vacilar em estabelecer como tarefa da
do governador, do vice e do seu secretariado.
categoria derrotar os planos de ajuste e revogar
Vergonhosamente, 7 dos 10 deputados petis-
todas as contra reformas. Tarefas que a APEOESP
tas votaram favoráveis ao projeto, incluindo a
deve mobilizar e impulsionar:
deputada e ex-presidente da Apeoesp Bebel.
O PSOL, com toda sua bancada parlamentar,
Derrotar o Arcabouço Fiscal e o denunciou e votou contra o projeto.
Marco Temporal dos Banqueiros e 18. Em março Tarcísio de Freitas anunciou a
intenção de entregar aos empresários 15 proje-
Agronegócio! tos, entre eles: Privatização de Linhas da CPTM,
16. A nova regra fiscal mantém o teto dos gastos concessão das linhas 10, 11, 12, 13 e 14, do TIC

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Sorocaba (Sistema de Trens intercidades) e das período noturno. Promove o aumento do as-

tese
linhas atualmente operadas e em estudo para sédio moral, as direções em geral autoritárias
implantação e/ou expansão pelo Metrô; Auto- utilizam dos pressupostos do Programa para
rização da privatização da SABESP; projeto de assediar professoras e professores com amea-
Adequação e Manutenção de Escolas, entregan- ças de perderem suas alocações ao Programa,

11
do à iniciativa privada; mais privatização com além do processo de seleção subjetiva feita por
o Projeto Campos Elíseos, prevê execução de perfil, e, permanência mediante avaliação. Caso
obras e prestação de serviços de manutenção o/a profissional não atenda as expectativas, o
predial, com vistas à implantação de um polo mesmo e direcionado por uma atribuição pelas
administrativo na região central da cidade de Diretorias de Ensino de cada região para escolas
São Paulo, no bairro de Campos Elíseos; Entrega regulares que tenham aulas para constituir sua
do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guima- carga horária de trabalho semanal, correndo
rães; Casarão Franco de Mello; Estrada de Ferro risco de ficar com aulas atribuídas em diversas
Campos do Jordão; privatização dos Serviços unidades escolares. Com isso, o chamado “efeito
Públicos de Loterias; Transporte Intermunicipal dominó” e prejudicando vários professores(as)
Rodoviário de Passageiros; Concessões de No- no processo de atribuição de aulas.
vos lotes de Rodovias Estaduais. E não para o 22. Nas unidades escolares que aderiram ao
apetite privatista do bolsonarista Tarcísio. PEI, professoras e professores estão vinculados
a uma carga de trabalho extremamente can-
TARCÍSIO PROPÕE REDUÇÃO DE GASTOS sativa em que muitas das vezes ultrapassam
as 40 horas de trabalho semanal. Ocorrendo
OBRIGATÓRIOS COM EDUCAÇÃO E aumento da carga horária de trabalho sem um
REFORMA ADMINISTRATIVA PARA aumento proporcional de salário. Em grande
SERVIDORES PÚBLICOS! parte das unidades que aderiram ao PEI, não há
condições estruturais e pedagógicas adequadas
19. O governo Tarcísio de Freitas-Felício Ra-
para o desenvolvimento do aprendizado dos
muth estuda enviar um “pacote de gestão” à
estudantes.
Assembleia Legislativa onde propõe redução em
5% no percentual mínimo que a Constituição 23. Nas escolas PEI ocorre um intenso aumento
paulista exige para gastos com a educação, no de atividades burocráticas, relatórios e muita
caso, 30% das receitas. cobrança e pressão, ao passo que se reduz
direitos, expondo a saúde física e mental do
20. A reforma administrativa que teria a inten-
professorado. Não por acaso, as escolas PEIs
ção de reduzir parte dos cargos comissionados;
em muitos casos têm encontrado dificuldade
está de fato mirando os servidores de carreira
de completar seus quadros docentes, de modo
com a criação de um novo Estatuto do Servidor
que as Diretorias de Ensino, frequentemente,
Público, uma vez que na educação, o governo
precisam realizar várias sessões de alocações
em conluio com a maioria dos deputados, já
para completar o quadro das unidades do
aprovaram a lei complementar 1374 de março
programa.
de 2022, um verdadeiro desmonte do magistério
com a implantação da nova carreira obrigatória 24. Como dito anteriormente, um problema
para os temporários e novos concursados. corriqueiro que passam as escolas que aderi-
ram ao Programa de Ensino Integral - PEIs é a
falta de estrutura, pois não há qualquer refor-
03 – Conjuntura Educacional: ma ou melhora estrutural significativa. Muitas
encontram-se em graves condições de desgaste
ESCOLAS DE TEMPO INTEGRAL, UMA e falta de recursos técnicos e humanos, o que
torna a situação ainda pior para o cotidiano
FALÁCIA PARA DESTRUIR A EDUCAÇÃO dessas unidades escolares. Com isso, a apren-
PÚBLICA GRATUITA E DE QUALIDADE! dizagem é comprometida quando estudantes
21. O Programa de Ensino Integral – PEI, ini- ficam tempo excessivamente ocioso dentro da
ciado em 2012, atualmente conta com 2314 escola. Não por acaso, o índice de transferência
escolas PEI, representando 44% da rede de de estudantes das escolas do programa para
ensino pública estadual. Esse modelo precariza as escolas regulares é alto, há relatos de que
a condição de trabalho, reduz o número de existem estudantes chorando, escondidos pelos
professores à metade, promove um inchaço nas corredores, devido a depressão gerada pelo
salas de aula das escolas de ensino regular em confinamento escolar.
torno das escolas que aderiram ao Programa, 25. Além de todos essas características, o mode-
fechamento de muitas turmas e de imediato o lo de escola PEI, mesmo que públicas, significa

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um projeto privatista de escola estadual, dentro era investir dinheiro público na compra de

tese
da rede estadual. Pesquisas indicam a mudança pacotes educacionais das empresas privadas
de perfil de estudante das escolas PEIs e da es- como Instituto Ayrton Senna, Fundação Leman,
cola regular do Estado de São Paulo. Portanto entre outros. Já no ensino médio a proposta era
além de segregação socioespacial, as escolas esvaziar o conteúdo das disciplinas regulares,

11
PEI produz uma divisão estrutural entre escolas principalmente das humanidades para imple-
de uma mesma rede. mentação das chamadas “novas disciplinas”. O
estado de São Paulo foi pioneiro nessa política
de esvaziamento, precarização, liquidação do
As escolas de Tempo Integral atacam ensino médio, com o falacioso argumento de
direitos de docentes, estudantes e profissionalização. Uma fake news das mais
comunidade em geral. cínicas e demolidoras, já que compromete o
futuro do país.
26. Mais de 50% de estudantes que não con-
cluem o Ensino Médio, também estão sem tra-
balho, um dos principais problemas da educação Greve Nacional da Educação para
pública na atualidade. Os chamados “Nem Nem” derrotar o Novo Ensino Médio!
(nem estudam, nem trabalham) só aumentaram
29. O Novo Ensino Médio reduziu aulas das
com o incremento de políticas como Escola PEI,
disciplinas tradicionais no currículo de todo
Novotec, NOVO ENSINO MÉDIO, fechamento do
território nacional, e no lugar colocou uma série
período noturno e da EJA, projetos que tentam
de ações, chamados de Itinerários Formativos,
maquiar e agravam os problemas da Educação
que não servem para o conjunto dos estudantes,
Pública paulista. Não são perspectivas para a
não são cobradas nas provas oficiais, nem nos
juventude promessas de profissionalização que
vestibulares de ingresso às universidades. Pro-
não forma profissionais, precariza a formação
vocou o desemprego de vários professores(as)
global e anula a possibilidade de ingresso nas
que foram substituídos por profissionais liberais,
universidades públicas como o Novo Ensino
sem formação pedagógica, prejudicando ainda
Médio - NEM. Nós, denunciamos esses projetos
mais a qualidade da educação pública. O Novo
e chamamos a toda comunidade escolar a de-
Ensino Médio aumenta o fosso entre os alunos
fender a Educação Pública da sanha privatista.
das escolas públicas e particulares.
27. Importante também diferenciar uma con-
30. Defendemos que a Confederação Nacional
cepção de educação integral, presente já no
dos Trabalhadores em Educação - CNTE e os
“Manifesto dos pioneiros da educação nova” de
todos sindicatos ligados à educação organizem
1932, onde a defesa de uma educação com base
uma greve nacional pela Revogação do Novo
científica, cultural e integral está consolidada,
Ensino Médio. A Vitória será plena se toda co-
com o modelo de escola PEI (aliada ao Novo
munidade escolar irem às ruas e exigir do atual
Ensino Médio) significa uma formação precari-
governo a revogação, pois o NEM só aprofunda
zada, cujo currículo empreendedor se constitui
ainda mais a desigualdade educacional entre os
na principal armadilha para uma formação não
filhos dos trabalhadores e os filhos dos ricos.
significativa e que nada tem a ver com a vida
real dos/as estudantes.
As questões que envolvem os
A EDUCAÇÃO PAULISTA FOI COBAIA DO professores(as) contratados(as):
NOVO ENSINO MÉDIO - NEM Trabalho igual, Salário e direitos iguais!
28. Em 2019 o governo de SP, João Dória/Ros- 31. Um dos maiores ataques ao conjunto da
siele Soares anunciou mudanças no currículo categoria é a política de fragmentação entre
do ensino básico e em 2020 do ensino médio, contratados, estáveis e efetivos. Os trabalha-
no básico a introdução de três novas disciplinas dores da educação recebem o menor salário
tecnologia, projeto de vida e eletivas, cinco aulas entre os funcionários públicos estaduais, e, no
a mais, reduzindo a carga horária das disciplinas interior da categoria de professores, os mais
regulares e um aumento na jornada diária, em precarizados estão os contratados pela Lei
sala de aula, de 15 minutos para o turno da ma- 1093/09, o chamado categoria “O” e “V” que
nhã e tarde. Nenhuma previsão de investimento tem deveres iguais, mas não mesmo direitos!
na infraestrutura foi anunciada. A secretaria de Os professores(as) contratado pela Lei 1093/09
educação, à época, sugeriu que as disciplinas veem com muita dificuldade e luta para no míni-
poderiam ser ministradas utilizando garrafas pet mo garantir suas jornadas de trabalho semanal.
e material reciclado. Mas o verdadeiro projeto 32. Precisamos avançar na garantia de todos

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os direitos à toda categoria e no combate ao o governo não somos prioridade.

tese
assédio moral da gestão escolar e dirigentes 38. - Que o governo aumente a sua contribuição
regionais, um dos principais motivos de adoe- ao IAMSP.
cimento do professorado. Nos meses de junho
39. - A luta pelo IAMSPE deve ser prioridade
e dezembro, particularmente, a manobra gover-

11
para a APEOESP.
namental fica evidente com o cancelamento das
licenças saúde, deixando professores sem salário
nos meses de agosto e fevereiro e depois sem GOVERNADOR TARCÍSIO DE FREITAS
aulas. É necessário inserir na pauta de reivin- PAGUE O MÍNIMO AOS EDUCADORES!
dicação o pagamento dos salários de agosto e
fevereiro a todos os contratados que lecionarem 40. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Re-
mais de 2/3 do semestre. Exigir concurso públi- publicanos), encaminhou à ALESP o Projeto de Lei
co classificatório, direitos, estabilidade e fim do (PL) nº 102/2023, publicado nesta quinta-feira (22)
assédio moral e da precarização do trabalho. no DOE, que prevê reajuste dos vencimentos em
6% para a Educação. O Piso nacional da educação
está em R$ 4.420,55 para 40h de trabalho. Com
Em defesa do IAMSPE os 6% que o Tarcísio está propondo de aumento
33. Em se tratando de saúde, os mais de duzen- o nosso salário passará a ser R$ 3.014,22. Ou seja,
tos mil professores paulistas estão condenados o governo está pagando R$ 1.406,33 a menos
ao abandono. O IAMSPE que deveria ser o único que o mínimo previsto por lei. Para além disso
convênio médico para atender os professores os Efetivos e Estáveis por receber abono comple-
e os funcionários públicos, sob mãos do PSDB, mentar para igualar o salário ao piso nacional do
corre o risco de ser transformado em mais Magistério terão 0% de aumento. Defendemos
uma Organização Social administrada por um que o governador pague o piso nacional salarial
empresário, amigo dos tucanos. Tarcísio (Re- da educação para toda a categoria e dessa forma
publicanos) planeja, via OS, impor ao IAMSPE sejam incorporados aos vencimentos, evoluções,
o mesmo modelo privatizante imposto hoje à quinquênios e Sexta Parte.
maioria dos hospitais públicos paulistas.
34. Enquanto Iamspe devemos dar total apoio TARCÍSIO PROPÕE REDUÇÃO DE GASTOS
ao movimento da AFIAMSPE e SINDSAÚDE que
nos representam no dia a dia.
OBRIGATÓRIOS COM EDUCAÇÃO E
35. O governador Tarcísio de Freitas deu 6% REFORMA ADMINISTRATIVA PARA
de aumento salarial e este aumento vai refletir SERVIDORES PÚBLICOS!
no desconto IAMSPE, um pequeno impacto a
41. O governo Tarcísio de Freitas-Felício Ra-
partir de agosto, mês que sempre começa a
muth estuda enviar um “pacote de gestão” à
faltar dinheiro. Também que o governo abriu
Assembleia Legislativa onde propõe redução em
concurso para 15.000 professores, o que é ir-
5% no percentual mínimo que a Constituição
risório para suprir a demanda, porém, vai ter
Paulista exige para gastos com a educação, no
impacto porque passarão a usar o IAMSPE.
caso, 30% das receitas.
36. Enquanto agrava a saúde do professor e
42. A reforma administrativa que teria a inten-
o IAMSPE não oferece alternativas reais de
ção de reduzir parte dos cargos comissionados;
atendimento, a APEOESP, equivocadamente,
está de fato mirando os servidores de carreira
como se não fosse um sindicato de agentes
com a criação de um novo Estatuto do Servidor
públicos, gasta energias em convênios com
Público, uma vez que na educação, o governo
grupos de saúde privada, os mesmos que, a
em conluio com a maioria dos deputados, já
toda hora, recebem da justiça reprimendas
aprovaram a lei complementar 1374 de março
legais por atitudes lesivas aos seus associados.
de 2022, um verdadeiro desmonte do magistério
A APEOESP precisa colocar a luta pelo IAMSPE
com a implantação da nova carreira obrigatória
como prioritária, tal como a luta por melhores
para os temporários e novos concursados.
salários e melhores condições de trabalho.
37. A nossa bandeira de luta permanece: con-
trapartida do governo na mesma proporção
que a nossa, conselho administrativo e fiscal
04 - SINDICAL
paritário. Não adianta colocar a categoria O RETOMAR AS INSTANCIAS DE BASE!
aqui dentro se não tivermos implantado as
nossas reivindicações. O rumo é mobilização,
EXIGIR DE TARCÍSIO O ABONO DE PONTO!
fazer pressão na ALESP, nas ruas, porque para 43. No último período a Apeoesp sofreu um

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caderno de teses 2023.indd 85 01/08/2023 00:10:24
golpe muito grande em sua organização. Ainda organizado a categoria para enfrentar nas esco-

tese
sobre o comando de Dória/Rossielli (PSDB) o las e nas ruas os ataques dos governos do PSDB
governo do estado cortou os abonos de ponto nos últimos 26 anos. A ilusão de que Marcio
referente as reuniões de R.E. e C.E.R. Também França-PSB poderia atender as reivindicações
várias são as paralizações que a categoria reali- da categoria, sem mobilização, é parte dessa

11
zou e não conseguimos realizar a reposição ou acomodação à institucionalidade e adaptação
quando conseguimos não retirou as faltas dos aos calendários eleitorais burgueses.
prontuários. Tarcísio de Freitas (Republicanos) 47. Entendemos que somente a pressão da
segue a mesma política de governo anteriores, categoria organizada em uma oposição coe-
ao não permitir a reposição de dias de para- rente, democrática e de luta avançaremos nas
lização da categoria. O ataque aos direitos de vitórias contra os ataques e garantir os direitos
organização sindical é tamanho que no processo e os reajustes dos salários, inclusive aqueles
eleitoral da Apeoesp, conseguimos a liberação ganhos na justiça burguesa que até o momento
do ponto apenas a uma parte dos ativistas não obtivemos. A ilusão de que a justiça ou o
da categoria para serem mesários e fiscais do governo atenderão nossas reivindicações, sem
processo eleitoral. luta, foi uma política desastrosa e desorganiza-
44. Nesse congresso defendemos a mobilização dora. Também atrelar as lutas da categoria aos
como forma de retomar nosso direito consti- interesses partidários, priorizar a judicialização e
tucional de organização sindical. Que veio ao desmobilizando as paralisações e a construção
longo dos últimos governos sofrendo ataques, de greves, afundando as campanhas salariais. A
e o recuo da direção majoritária burocrática despolitização e corporativismo como política
da Apeoesp, facilitou o avanço dos governos em detrimento das lutas unificadas e nacionais
aos ataques aos direitos de organização. Não contra as Reformas previdenciária, trabalhista e
devemos aceitar nenhum recuo quanto ao di- administrativa (PEC32), impediram a unificação
reito de organização sindical dos trabalhadoras contra esses ataques. As perdas acumuladas
e trabalhadores. pela categoria como o fim das abonadas, a nova
carreira, defasagem salarial, fragmentação da
BALANÇO SINDICAL categoria em concursados e contratados, muita
precarização das condições de trabalho e assé-
45. A CUT perdeu sua capacidade de aglutinar
dio moral são ataques proporcionais à política
diversos setores da esquerda sindical porque
recuada, desmobilizadora, superestrutural, de
passou a atuar como braço dos governos pe-
judicialização adotadas pela direção petista,
tistas e uma camada de dirigentes foram en-
majoritária.
golidos pela máquina governamental, passando
a gerenciar fundos de pensão ou conselho de 48. Correntes como a UNIDOS PRA LUTAR e
estatais, isso impulsionou rupturas de diversos a FRENTE DE OPOSIÇÃO SOCIALISTA – FOS,
sindicatos e explica, o surgimento de centrais compuseram a chapa 1 na última eleição para
combativas como CSP Conlutas, as Intersindicais. a diretoria da APEOESP por entender que a
O reconhecimento pelo Estado das centrais oposição, infelizmente, não esteve a altura de
sindicais serviu para que o governo cooptasse compor uma chapa unitária, seja por políticas
o sindicalismo pelego e, por consequência, o de auto construção seja por entender que nessa
direito de arrecadação de parte do imposto sin- conjuntura de avanço das reformas neoliberais,
dical, aumentou o número de centrais e o grau conjuntamente com o avanço de concepções
de fragmentação e divisão, retrocedeu a política moralistas e reacionárias, e tendo o estado
de independência de classe, e aumentaram os de São Paulo eleito um representante de tais
ataques à liberdade e autonomia sindical. Não políticas, a unidade em nosso sindicato se faria
avançamos rumo a Conveção 87 da OIT que necessária. A posição de correntes políticas em
estabelece o direito de organização sindical. uma eleição sindical é fruto de uma tática e não
O Imposto Sindical era uma farra do boi com significa, necessariamente, uma ruptura progra-
quase R$4 bilhões e foi reduzido para pouco mática. Nesse sentido se impôs essa unidade,
mais de R$500 mil, vários setores que antes mas isso não significa que tenhamos acordos
eram contra o Imposto Sindical adaptaram-se mais profundos com setores que dirigem o
ao mesmo, condicionando as lutas ao financia- sindicato há anos.
mento compulsório. 49. Seguiremos com uma política de oposição à dire-
46. Na Apeoesp ocorreu um processo de aco- ção majoritária da APEOESP, sempre que não reflita
modação política de setores da oposição. Há em suas ações, às necessidades da nossa categoria.
tempos a direção majoritária da entidade, tem Atuaremos para que a estrutura organizativa reflita
apostado nas mesas de negociações e pouco o trabalho de base, com democracia, onde as sub-

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sedes aglutinem e organizem de forma unificada as pelos(as) professores(as) das escolas públicas,

tese
lutas, formem lideranças sindicais nas escolas, coe- priorizando o seu saber teórico/prático;
rentes, democráticas, não burocráticas, classistas. O 57. 5) Que os cursos, seminários e congressos
que exige um SINDICALISMO INDEPENDENTE DE das entidades dos trabalhadores sejam
QUALQUER GOVERNO e intransigente na defesa

11
utilizados para progressão funcional;
dos interesses da categoria e não dos governos.
58. 6) Carreira aberta: sistema que permite a as-
50. A tarefa para democratizar o sindicato, além censão salarial, até os últimos níveis salariais
de organizar os ativistas nos locais de trabalho, do magistério, sem sair da sala de aula;
implica no funcionamento das instâncias RE, 59. 7) O piso salarial do Dieese, por 20 horas, para
CER, Assembleias, Conferências/Congressos e os trabalhadores do magistério público em
a presença dos dirigentes sindicais nas escolas. São Paulo, com reajuste de acordo com a
Isso permitirá integrar a base às instâncias de inflação e aumento real;
decisão da entidade. Uma direção democrática
60. 8) A destinação de 50% das horas de trabalho
escuta sua base, acompanha seus problemas
para atividade fora da sala de aula (prepa-
nas escolas, pensa com ela as alternativas de
ração de aulas, correção de atividades etc);
superação dos problemas e instrumentalizar
suas lutas. 61. 9) O reconhecimento das doenças decorrentes
do exercício do magistério como doenças
51. A política burocrática, desastrosa que forta-
profissionais, com os benefícios que advêm
leceu a aplicação dos planos neoliberais e afas-
deste reconhecimento;
tou dirigentes sindicais de suas bases, foram as
cooptações baseadas nas regalias e afastamento 62. 10) A aposentadoria aos 25 anos de serviço,
das salas de aula por longos ou definitivos pe- sem exigência de idade.
ríodos. Priorizar as mesas de enrolação “mesas 63. 11) Ascensão salarial (na carreira) por tempo de
de conversas” em detrimento da luta direta, serviço, cursos e títulos. Fim da meritocracia
atacar à democracia da classe, manipulando e das avaliações de desempenho e de mérito
resultados de assembleias contra a vontade da para progressão salarial;
categoria. Não encaminhar o calendário de lutas 64. 12) Concurso Público Estadualizado e classificatório
e boicotar as greves nacionais. É preciso com- para provimento de todos os cargos públicos;
bater e derrotar a política de federalização da 65. 13) O reconhecimento dos professores (as) que
categoria que converge para que cada aparato já atuam há pelo menos uma década na rede
sindical (subsedes) se torne um feudo à parte. pública de ensino, como estáveis.
52. A APEOESP deve organizar uma forte campanha
de denúncias e mobilizar pela revogação das re-
formas que privatizam a educação pública como
INOVA, NEM, “Nova Carreira”, o arrocho salarial,
05 – PLANO DE LUTAS
a precariedade das condições de trabalho, o 66. A Apeoesp necessita organizar as profes-
adoecimento da categoria e a falta de concursos soras e professores para que avancemos em
públicos. Deve se juntar a todas as entidades nossas conquistas e direitos, assim propomos:
sindicais, comitês de mobilização que tenham 67.  Construir a Greve Geral organizada pela base
como objetivo central organizar a mobilização por tempo indeterminado! Por Emprego e
para derrotar e revogar todas as contra reformas salário, contra a retirada de direitos!
que retiram direitos da população. 68.  Contra a Terceirização e as Reformas da
Previdência e Trabalhista!
Plano de Carreira e propostas: 69.  Não ao projeto Escola sem Partido!
53. 1) A redução, imediata, no número de alunos 70.  Não às demissões e ao desemprego! Gatilho
por sala, no máximo 15 a 20 alunos para o salarial! Redução da jornada, sem redução
ensino básico e Médio, tendo como critério de salário!
que, quanto menor a idade, menor o nú- 71.  Extensão do seguro desemprego para um ano!
mero de alunos por sala; 72.  Não a carestia, controle e congelamento
54. 2) O afastamento remunerado e regular para dos preços da cesta básica e tarifas públicas!
professores (as) que queiram se qualificar; 73.  Auditoria e não pagamento da Dívida Pú-
55. 3) A abertura de cursos de Especialização, blica!
Mestrado e Doutorado em universidades 74.  Prisão e confisco dos bens de todos os cor-
públicas destinadas aos professores da ruptos e corruptores!
rede pública; 75.  Reforma agrária sob o controle dos traba-
56. 4) O incentivo à publicação de textos produzidos lhadores!

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76.  Plano geral de obras públicas para constru- 104.  Combater e denunciar todas as formas de

tese
ção de moradia popular, hospitais, creches assédio moral e sexual!
e escolas! 105.  Contra a obrigatoriedade de exames gine-
77.  Por um governo verdadeiramente dos Tra- cológicos para admissão!

11
balhadores, Socialista, com democracia 106.  Direito a licença amamentação!
operária, sem patrões, sem corruptos e 107.  C ampanha permanente de educação e
burocratas sindicais! orientação sexual nas escolas!
78.  Revogação da Lei Complementar 173, do 108.  Política de formação sobre o tema opressão
governo Bolsonaro, que congelou a carreira, e superexploração de negros/as, mulheres e
evoluções e direitos dos servidores públi- LGBT!
cos, cujo tempo de serviço só voltou a ser
109.  Por Conferências de mulheres realizadas
computado em janeiro de 2022.
em dias de semana com abono de ponto!
79.  Mais democracia no sindicato! 110.  Por Encontros de mulheres, nas subsedes,
80.  Trabalho igual direito igual! para garantir que a base ajude na elaboração
81.  Combater todas as formas de precarização da pauta! E incluir na pauta da campanha
na Educação! salarial temas das lutas das mulheres!
82.  Piso do Dieese por 20h/aula! 111.  Pelo fim da criminalização e a legalização
83.  Chamada imediata de todos aprovados no do aborto!
último concurso dos Professores e Diretores! 112.  Ampliação da licença maternidade de seis
84.  Eleição direta para direção de escola! meses para todas as mulheres. Ampliação
da Licença Paternidade para seis meses!
85.  10% do PIB já para a Educação pública
Estatal! 113.  F im do genocídio à população negra e
desmilitarização da PM.
86.  Verbas públicas somente para as escolas públi-
114.  Estender à comunidade LGBTQIA+ todos os
cas-estatais! Pela estatização de todo o ensino!
direitos civis como: casamento civil, inclusão
87.  Conselhos de educação sem presença de de companheiro/a em planos de saúde e
patrões, governos e seus representantes! previdência, possibilidade de adoção para
88.  C onselhos de escola democraticamente casais de mesmo sexo etc.
eleitos! 115.  Direito a alteração dos nomes civis para os
89.  Fim das avaliações externas! nomes sociais em documentos oficiais a
90.  Jornada 50% em sala de aula, 25% de tra- travestis e transexuais.
balho pedagógico e 25% em local de livre 116.  Criminalização da homofobia e do Assédio
escolha! Moral.
91.  Aplicação imediata de 1/3 da jornada fora 117.  Distribuição gratuita de materiais educacio-
da sala de aula, rumo ao 50%! nais Antihomofobia.
92.  Fim da meritocracia! 118.  Imediata aprovação da PLC 122 em seu
93.  Campanha contra as perseguições políticas! texto original.
94.  Quadras cobertas em todas as escolas! 119.  Por secretaria de combate a homofobia na
Apeoesp.
95.  Máximo 20 alunos por sala!
120.  Trabalho igual! Salário e direitos iguais!
96.  Contra a privatização, 2% do orçamento
estadual para o Iamspe! 121.  Revogação imediata da Lei nº 1093/09 e
todo o entulho que a regulamenta;
97.  Reconhecimento das doenças do trabalho!
122.  Prisão e confisco dos bens do genocida
98.  Ampliar os convênios com hospitais pú-
Bolsonaro e toda sua tropa golpista!
blicos!
99.  Ampliação das CEAMAS em todo o estado!
06 – ESTATUTO
100.  Ampliar a distribuição de remédios em todo
estado! 123. Propostas de mudanças estatutárias:
101.  Contra a política de cessação das readap- CAPÍTULO I - DA ]DENOMINAÇÃO,
tações!
SEDE, FINALIDADES, PRINCÍPIOS
102.  Creche em toda as atividades do sindicato
para criança de até 12 anos! ORGANIZATIVOS E PATRIMÔNIO
103.  Contra a cultura do estupro! Delegacias da 124. Art.5º - s disponibilidades monetárias da
Mulher 24 horas! entidade deverão ser.....

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125. § 4º - As Subsedes/Regionais receberão um 129. PROPOSTA - § 4º - Caberá a cada subsede

tese
reforço de caixa, composto de 20% sobre o uma cota proporcional de delegados, calcula-
valor da consignação bruta, descontada da da com base no número de associados a ela
folha de pagamento dos associados, ficando vinculados, observada a proporção de 1 (um)
a Subsede/Regional com a responsabilidade delegado para cada 50 (setenta) associados

11
administrativa e financeira sobre o trabalho à APEOESP – Sindicato Estadual.
sindical dos seus conselheiros.
126. PROPOSTA - § 4º - As Subsedes/Regionais CAPÍTULO V - DAS ELEIÇÕES
receberão um reforço de caixa, composto de 130. Art. 60 - O Conselho Estadual de Repre-
30% sobre o valor da consignação bruta,.... sentantes será constituído na proporção de um
conselheiro estadual para cada 200 (duzentos)
CAPÍTULO III - DOS ÓRGÃOS DELIBERATIVOS associados vinculados à Subsede, assegurada
127. Art.23 - O Congresso Estadual (Sindical) é uma representação mínima de 3 (três) represen-
a instância máxima de deliberação da entidade tantes por Subsede.
“APEOESP – Sindicato Estadual” e será realizado 131. PROPOSTA - Art. 60 - O Conselho Estadual
a cada 3 (três) anos em conjunto com a Confe- de Representantes será constituído na propor-
rência Educacional,....... ção de um conselheiro estadual para cada 150
128. § 4º - Caberá a cada subsede uma cota (cento e cinquenta) associados vinculados
proporcional de delegados, calculada com base à Subsede, assegurada uma representação
mínima de 3 (três) representantes por Subsede.
no número de associados a ela vinculados,
observada a proporção de 1 (um) delegado
para cada 70 (setenta) associados à APEOESP TESE DA UNIDOS PRA LUTAR, FRENTE DE
– Sindicato Estadual. OPOSIÇÃO SOCIALISTA - FOS e INDEPENDENTES

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tese
12 TESE - Unificar os trabalhadores e
enfrentar os ataques com independência
de classe! - COLETIVO REVIRAVOLTA DA
EDUCAÇÃO - CONSTRUINDO A OPOSIÇÃO
UNIFICADA COMBATIVA

4. Todo esse cenário tem como pano de fundo


CONJUNTURA INTERNACIONAL: o indício de uma nova recessão, principalmen-
UNIR A LUTA DA CLASSE te a partir da crise de vários bancos de médio
porte dos EUA que estão, também, refletindo
TRABALHADORA EM TODO O em importantes bancos europeus, o que pode-
MUNDO, CONTRA OS ATAQUES rá impactar centralmente os países da América
Latina, levando a dívida pública dos países latino-
DO IMPERIALISMO E DO -americanos a 79% do PIB (LA REPUBLICA, 2023).
CAPITAL! 5. A crise global provoca o aumento de refu-
giados, forçados a atravessar o Mediterrâneo
1. Em 2020 e 2021, segundo dados da OMS para fugirem da guerra e fome promovidas
(2022), foram registradas aproximadamente 14,9 pela burguesia europeia nos países africanos.
milhões de mortes pela pandemia e falta de pro- Quando chegam ao continente europeu, en-
teção à vida. O desastre sanitário veio combinado frentam ainda as medidas xenófobas que vão
com medidas de austeridade e endurecimento dos desde encarceramento até restrição de direitos.
regimes. Os capitalistas buscaram impor à classe
6. Apesar do avanço tecnológico da chamada
trabalhadora uma série de derrotas, mas também
Quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0,
obtiveram respostas, como manifestações nas ruas
como o desenvolvimento da robótica, internet
exigindo direitos em vários países.
e mecanismos de Inteligência Artificial, sob o
2. Os EUA, após o assassinato de George Floyd capitalismo nada disso é usado para a melhorar
pela polícia, enfrentou uma série de protestos, a vida da classe trabalhadora. Hoje toda indús-
em meio a pandemia, que elevaram o clima tria tecnológica é concentrada nas mãos de um
político do país questionando não só o racismo punhado de capitalistas, enquanto o resto da
como também o governo Trump, que meses humanidade é jogado à própria sorte. Há uma
depois perderia a eleição presidencial. Mesmo redefinição da localização dos países na divisão
sob o governo Biden, a classe trabalhadora internacional do trabalho e um crescimento do
estadunidense segue sofrendo ataques, desde parasitismo mundial do imperialismo, que busca
a anulação do aborto legal até a retirada das se apossar ainda mais da riqueza produzida
políticas afirmativas nas universidades. pelos trabalhadores em todo o mundo, destruir
3. Na França, após o brutal assassinato do os direitos da classe trabalhadora mundial e
jovem Nahel de 17 anos, pela polícia, traba- submeter países, como o caso do Brasil e de-
lhadores franceses e imigrantes tomaram as mais países latino-americanos, a um processo
ruas por justice, denunciando as leis racistas e de desindustrialização e recolonização, que só
xenófobas; combinado ao rechaço massivo da pode ser derrotado com a luta unificada de toda
Reforma Previdenciária de Macron, com atos e a classe trabalhadora e o povo pobre em todo
greves se alastrando pelo país. o mundo, contra o capitalismo mundial.

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Todo apoio à resistência ucraniana até alívio a muitos trabalhadores que, com razão,

tese
não suportavam mais o genocida na presi-
a derrota de Putin! dência. Mas apesar de sua derrota eleitoral, a
7. A invasão russa à Ucrânia já se tornou extrema-direita continuou nas ruas e inclusive
organizou uma tentativa de golpe em 8 de ja-

12
no principal acontecimento do mundo, ultra-
passando 500 dias, revelando a natureza do neiro. O combate ao bolsonarismo deve partir
conflito. Não é uma guerra contra a OTAN ou da punição exemplar, sem nenhuma anistia para
contra o nazismo, como tentam argumentar os golpistas.
aqueles que defendem Putin diretamente ou 11. Não basta ficar inelegível, Bolsonaro deve
disfarçadamente. É uma guerra contra o povo pagar pelos crimes que cometeu! Mas essa ta-
ucraniano. Trata-se de uma invasão a mando refa não será cumprida pelo governo Lula, que
de Putin, apoiado por mercenários do Grupo deu as mãos com a burguesia para governar
Wagner, que recentemente realizaram um motim através de uma frente amplíssima que abarca
contra Moscou, na tentativa de pilhar e colonizar inclusive setores da direita e da extrema-direita.
o país vizinho. Mas a segunda maior potência O governo Lula iniciou seu terceiro mandato
militar do planeta vem enfrentando um grande com bolsonaristas em seu ministério, como no
obstáculo: a resistência ucraniana, formada em caso da Ministra do Turismo, Daniela Carneiro,
sua maioria por operários/as e trabalhadores ligada à milícia, e o Ministro da Defesa, José
que se organizam para expulsarem os invasores. Múcio Monteiro, que elogiava Bolsonaro e os
acampamentos golpistas.
EM CUBA, FRANÇA, ARGENTINA, E TODO 12. A recente aprovação da inelegibilidade de
Bolsonaro vem fortalecendo a exigência de
O MUNDO: BASTA DE REPRESSÃO AOS punição e prisão ao ex-presidente por seus
QUE LUTAM! ataques às liberdades democráticas e pelos cri-
8. Governos dos mais diversas matizes utilizam mes cometidas durante a pandemia resultando
receitas bem parecidas na tentativa de deter a em quase um milhão de mortes que poderiam
mobilização dos trabalhadores e impor ataques terem sido evitadas. Porém, a prioridade de Lula
de todo o tipo. Na província de Jujuy, Argenti- é seguir as negociações com os mais diversos
na, professores, população indígena e demais partidos e aprovar uma política econômica que
trabalhadores enfrentam a repressão brutal e segue favorecendo a burguesia, como vimos
no apoio de Tarcísio, da Fiesp e da Febraban à
as prisões a mando do governo de Gerardo
reforma Tributária. O governo chegou a liberar
Morales, por defenderem os direitos indígenas
um montante bilionário em emenda parlamen-
e melhores condições de trabalho e por lutarem
tar, principalmente aos partidos bolsonaristas,
contra as mudanças constitucionais e os ajustes
para aprovar a Reforma.
exigidos pelo FMI.
13. O Arcabouço Fiscal de Lula e Haddad foi
9. Em Cuba, o regime ditatorial de Díaz-Canel
elogiado por Lira e Paulo Guedes, porque se
mantém o modus operandi de perseguir e
trata de um novo teto de gastos que mais
prender opositores políticos. Como aconteceu
uma vez penaliza os mais pobres para garantir
com a professora e intelectual marxista cubana
os interesses dos mais ricos. Ainda que tenha
Alina Bárbara López Hernández, que atuou na
tirado o Fundeb, segue mantendo sob o teto a
luta pela libertação dos presos políticos cuba-
saúde e demais áreas sociais. Já o pagamento
nos em 11 de julho de 2021 e foi presa em 14
da dívida pública, que abocanha quase metade
de junho de 2023, assim como tantos outros
do orçamento do país, segue fora do arcabouço,
ativistas e lutadores que questionam o regime
garantindo os interesses dos banqueiros.
cubano. Basta de perseguição! Liberdade aos
presos políticos cubanos! 14. O Marco Temporal, é outro grande ataque ao
nosso povo, pois expõe ainda mais a população
indígena ao extermínio e à violência, ao mes-
CONJUNTURA NACIONAL: Derrotar mo tempo em que legaliza o roubo de terras,
favorecendo o agronegócio, as madeireiras e o
o Arcabouço Fiscal, o Marco garimpo ilegal, que ameaçam a vida e destroem
o meio ambiente. Apesar da resistência e luta
Temporal e o Novo Ensino Médio! dos povos originários e movimentos, o PT não
Nenhuma confiança no governo combateu a medida e chegou a liberar sua ban-
cada para votar no Marco Temporal, colocando
Lula/Alckmin! em jogo a vida da população indígena.
10. A derrota de Bolsonaro nas urnas trouxe 15. O comprometimento do governo Lula com os

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interesses da burguesia, pode ser visto também ma do Ensino Médio, que se iniciou ainda no

tese
em sua política educacional. Apesar dos protes- governo Dilma, em 2013, decretada por Temer
tos, o governo já disse que não vai revogar o (2016) e implantada por Bolsonaro e governos
Novo Ensino Médio (NEM), e lançou uma Con- estaduais principalmente a partir de 2022. Lon-
sulta Pública fake, para ganhar tempo e conter ge de resolver os problemas de defasagem do

12
o movimento, enquanto segue negociando com ensino, a reforma flexibilizou e empobreceu o
os empresários e fundações privadas pequenos currículo e a formação dos estudantes, esva-
ajustes na reforma. ziando as disciplinas e gerando desemprego e
16. É por isso que para derrotar as reformas sobretrabalho aos professores.
neoliberais e demais ataques do capitalismo à 20. Grupos empresariais como a Fundação
classe trabalhadora, os sindicatos e centrais pre- Lemann, o Instituto Unibanco, a Fundação
cisam ser independentes e enfrentar os gover- Itaú, o Instituto Natura, o Todos Pela Educa-
nos de plantão. Ao manterem seu vínculo com ção, participaram diretamente da formulação
o governo Lula, abrem mão da independência e implantação do Novo Ensino Médio. Sob o
de classe, desmobilizam os trabalhadores para argumento de resolver a “crise da educação”, os
proteger o governo (e de quebra os interesses governos implantaram a reforma de acordo com
da burguesia) e deixam a classe refém dos as orientações de organizações imperialistas,
ataques, inclusive da extrema-direita. como o Banco Mundial, que ajudou a financiar
17. Os trabalhadores e trabalhadoras não po- o projeto.
dem defender ou confiar em nenhum governo 21. A flexibilização do currículo colocada em
que governe para e com a burguesia. É preciso prática com a reforma visa adaptar o futuro tra-
construir um campo de oposição de esquerda, balhador para o trabalho flexível e precário, que
classista, para enfrentar os ataques dos gover- se agravou após a reforma trabalhista de 2017. O
nos e a extrema-direita. E precisamos ir além. “projeto de vida” que o capitalismo tem para a
Somente um governo socialista dos trabalha- juventude pobre, negra e periférica, é transformá-
dores é capaz de enfrentar a fundo a opressão -la nesse novo trabalhador cada vez mais sem
e a exploração capitalista e apontar saídas para direitos, e prepará-la para ser uma juventude
os problemas mais sentidos da nossa classe, sem trabalho e resiliente à sua condição.
como a fome, o desemprego, a violência racista,
22. Desde o início da elaboração da Reforma,
machista e lgbtfóbica, e a destruição do meio
estudantes, professores, sindicatos e organiza-
ambiente.
ções protagonizaram, em todo o país, grandes
mobilizações contra o projeto. A luta pela re-
vogação ganhou novo impulso sob o governo
Política Educacional – REVOGAR Lula, mas ao invés de unificar e incentivar a
O NOVO ENSINO MÉDIO E mobilização, a CNTE, a CUT e sindicatos como
a APEOESP fizeram o contrário e chamaram a
REVERTER O SUCATEAMENTO classe a confiar na Consulta Pública do MEC.
E AS PRIVATIZAÇÕES COM Numa jogada ensaiada, o MEC divulgou à
imprensa a suspensão do Novo Ensino Médio,
INDEPENDÊNCIA FRENTE AOS quando na verdade apenas suspendia apenas
o calendário, sem alterar o funcionamento dos
GOVERNOS TARCÍSIO E LULA! itinerários formativos.
18. Frente à decadência do capitalismo, se 23. A prova de que, apesar da consulta, as
acelera o processo de privatização e destruição “mudanças” estavam sendo negociadas a portas
para adaptar a escola pública ao projeto de fechadas, apareceu na fala do presidente do
recolonização do país. A ingerência do setor Conselho Nacional de Secretários de Educação
privado, afeta desde a elaboração das políti- (Consed), Vitor de Ângelo, que confessou que a
cas educacionais e materiais pedagógicos até proposta do Consed era “similar ao que o go-
a contratação de professores e funcionários, verno pretende anunciar após a consulta pública
deixando estudantes e trabalhadores reféns da sobre o novo modelo educacional”, evidencian-
lógica e dos interesses empresariais. A pressão do que os ajustes já eram conhecidos por ele
por “resultados” e o assédio se transformaram antes mesmo da finalização da consulta. Essa
em método de gestão, aprofundando o adoeci- reforma tem o objetivo de privatizar e destruir
mento dos trabalhadores da educação por um a educação pública, por isso não tem como ser
lado, e por outro, negando as condições mais “melhorada”. É preciso revogar integralmente o
básicas de aprendizagem aos estudantes. Novo Ensino Médio, sem nenhum acordo com
19. Este é o contexto de elaboração da Refor- o governo ou os empresários.

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EM SP, COMBATER AS PRIVATIZAÇÕES E 2 milhões de jovens que abandonaram a escola

tese
entre 2020 e 2022, 48% o fizeram porque pre-
OS ATAQUES DO GOVERNO TARCÍSIO À cisaram trabalhar. Fechar salas para superlotar
EDUCAÇÃO! outras, como têm feito sucessivos governos, é
um atentado contra o direito à educação!

12
24. No caso da educação paulista, as mudanças
das práticas pedagógicas e de gestão atuais já
estavam sendo experimentadas em programas O projeto de Tarcísio é cortar custos!
anteriores, como o Programa Ensino Integral 29. Apesar do discurso de que o Provão Paulista
(PEI), iniciado em 2012 na gestão Alckmin, e
vai colocar o jovem dentro das Universidades, na
o Programa Inova Educação, formulado em
prática, o governo Tarcísio caminha no sentido
2018 em parceria com o Instituto Ayrton Senna
contrário. Sua proposta de reduzir o percentual
(IAS). Na gestão Doria/Rossieli a rede iniciou
mínimo na educação (de 30 para 25%) tem im-
antecipadamente a aplicação do NEM, dando
pacto direto no sucateamento das universidades
continuidade à reorganização privatista.
e reduz as condições de acesso na medida em
25. A gestão bolsonarista de Tarcísio/Feder que precariza ainda mais o ensino nas escolas,
aprofunda esses ataques. O atual secretário da deixando a maior parte dos estudantes mais
Educação já lucrava com a rede paulista mesmo distantes da universidade. Longe de servir para
antes de chegar ao cargo. Em 2021 sua empresa melhorar a qualidade, as avaliações externas
Multilaser faturou R$ 181 milhões com a venda servem como instrumentos de pressão e cerce-
de equipamentos para a SEDUC. É com essa amento da autonomia escolar. Ao contrário, é
mesma lógica que quer transformar os cursos preciso mais investimentos, ampliação das vagas
profissionalizantes em vitrine de sua gestão e condições de permanência para acabar com
privatista. a barreira que é o vestibular, possibilitando que
os filhos da classe trabalhadora tenham acesso
Curso profissionalizante de Feder/ à educação científica, crítica e de qualidade, da
educação infantil até o ensino superior!
Tarcísio é mais privatização! 30. DERROTAR AS ESCOLAS CÍVICO MI-
26. Pra piorar, o curso profissionalizante (que LITARES E O ENTULHO AUTORITÁRIO E
sequer é curso técnico) vai enxugar ainda mais OBSCURANTISTA DA EXTREMA-DIREITA!
a parte básica do currículo: 1/3 da grade fica Lula anunciou que acabaria com as escolas mi-
para essa formação “profissionalizante” precária litares, mas apenas publicou um “ofício circular”
e aligeirada. É um NOVOTEC piorado. Ao invés que se limita a retirar pessoal e desmontar aos
de investir e ampliar o Centro Paula Souza, que poucos o projeto federal. Ao mesmo tempo,
tem condições de oferecer um ensino técnico autoriza que as redes estaduais e municipais
de qualidade, Feder prefere baratear os custos mantenham programas próprios. Tanto é assim,
com contratação precária de professores. que logo que foi divulgado o ofício, mais de
27. Nos cursos regulares a SEDUC vai promover treze governadores disseram que vão ampliar
alterações no currículo com essa mesma lógica as escolas cívico-militares. Tarcísio afirmou que
empresarial, trocando parte dos itinerários por fará um projeto próprio, estendendo as escolas
“disciplinas” de Oratória, Liderança, Empreende- cívico-militares por todo o estado. Desta forma
dorismo e Educação Financeira, em detrimento Lula garante o discurso para sua base eleitoral e
da educação básica. o espaço para que o bolsonarista Tarcísio faça o
mesmo, enquanto na prática a educação segue
sob ataques estruturais e ideológicos.
Não ao fechamento de salas,
noturno e EJA! Combater o assédio moral, a exclusão e
28. Tarcísio e Feder começaram sua gestão
fechando cerca de 400 salas de aula e muitos
a lógica meritocrática das escolas PEI
professores da Categoria O, mesmo com déca- 31. Sempre defendemos o ensino integral com
das de dedicação à rede, não conseguiram aulas qualidade, com investimento e acessível a to-
ou permanecem com suas jornadas incompletas. dos os estudantes, voltado para a formação
Este enxugamento que já vem dos governos integral do aluno, nas dimensões intelectual,
anteriores, afeta principalmente o noturno e física, cultural e social. Mas não é disso que
o EJA e prejudica os estudantes que precisam se trata o Programa de Ensino Integral (PEI).
trabalhar, principalmente a juventude negra e A seleção daqueles que têm o “perfil” da PEI
periférica, que acaba sendo empurrada para cria uma maquiagem de escola de qualidade
fora da escola. Segundo dados da Unicef, dos nos índices de avaliações, mas gera exclusão e

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desigualdade educacional. Segundo a REPU, a uma formação crítica, científica e de qualidade

tese
oferta de vagas foi reduzida em média em 48% é preciso construir pelas mãos da classe traba-
nas escolas que aderiram ao projeto até 2019. lhadora, uma sociedade socialista que supere
Além disso, segundo a REPU, nas instituições a contradição da sociedade atual, na qual o
que aderiram ao programa, a oferta de trabalho trabalho da maioria alimenta o lucro de uma

12
docente foi reduzida em 27%. minoria exploradora.
32. É um modelo empresarial de gestão por resulta-
dos, que enfraquece a estabilidade no emprego.
O professor tem passar pela “seleção” perma- POLITICA SINDICAL
nente do diretor da escola e pode ser desligado
a qualquer momento. As denúncias de assédio ABAIXO A FALSA CARREIRA, AS APD’S
moral têm crescido assustadoramente e cada E O ASSÉDIO MORAL! EM DEFESA DA
diz fica mais difícil trabalhar nas PEI’s, dificultan-
do até mesmo a participação sindical. Diante
VALORIZAÇÃO SALARIAL, RESTITUIÇÃO
da dificuldade em conseguir aulas nas escolas DOS DIREITOS RETIRADOS E MELHORES
regulares, muitos professores da Categoria O se CONDIÇÕES DE TRABALHO!
viram obrigados a ir para a PEI, se submetendo
ainda mais ao assédio e desmandos da direção. 36. Há quase três décadas nossa carreira e di-
reitos vêm sendo destruídos pelo PSDB em São
Paulo. A divisão em letrinhas pela LC 1093/09
COMBATER A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS provocou o enfraquecimento político da catego-
33. A precarização da educação e a falta de ria. A política da direção do sindicato de substi-
perspectivas para a juventude neste aprofun- tuir cada vez mais a luta direta e a organização
damento da opressão e exploração capitalista, da base pela individualização, judicialização e
tornam as escolas verdadeiras panelas de pres- alianças parlamentares, que se acentuou om
são. A crescente onda de violência nas escolas a entrada de Bebel na ALESP, aprofundou o
reflete casos de racismo, machismo, lgbtfobia acúmulo de derrotas. Assim foram aprovados
incentivados pelo sistemático ataque ideológico ataques históricos como a reforma da pre-
promovido pela extrema-direita. O governo vidência (que destruiu as aposentadorias), a
Tarcísio tentou responder à essa questão com reforma administrativa e a lei da falsa carreira
uma política ainda mais autoritária, sem dialogar (LC 1374/2022), que atacou direitos como as
com as comunidades escolas. Em muitos lugar abonadas, a falta-aula e licenças médicas, criou
a comunidade se organizou e debateu o tema as Atividades Pedagógicas Diversificadas (APD’s),
e o governo foi derrotado em sua política de aumentando a jornada em até 14 horas, trocou
colocar pessoal armado dentro das escolas. salários por subsídios e alterou as regras da atri-
Medidas urgentes como a contratação de mais buição. Ao mesmo tempo, estrangula a carreira
funcionários, a redução do número de alunos antiga para forçar a adesão. Somente com nossa
por sala, a auto-organização da comunidade, organização e ação direta será possível reverter
e uma educação que combata o racismo, o esses ataques, restituir os direitos retirados e
machismo, a lgbtifobia e todo tipo de violência conquistar melhores condições de trabalho!
se torna cada vez mais urgente.
EM DEFESA DOS EMPREGOS: CONCURSO
A ESCOLA QUE NÓS QUEREMOS: JUSTO E EFETIVAÇÃO DA CATEGORIA O!
34. Só com a participação ativa dos Conselhos de 37. Tarcísio mantém essa política de desmon-
Escola, o respeito à autonomia e o controle efetivo te da carreira, de achatamento do salário, de
da comunidade e dos trabalhadores nas tomadas aumento da jornada de trabalho, assim como
de decisões, na construção da política educacional manteve a desastrosa política de atribuição que
e inclusive no controle dos investimentos, pode- resultou em milhares de professores desempre-
remos reverter de fato essa situação. É preciso gados ou subempregados. Lançou um concurso
reverter as privatizações e estatizar os grandes público fake, já na nova carreira, que exclui o PEB
grupos empresariais, acabando com o dualismo I, exige envio de vídeo-aula e mantém a política
de “escola para rico” e “escola para pobre”. de contratação temporária para a maioria. O
35. Ao longo da história, o ensino sempre último concurso de PEB I foi em 2014 e 60% da
esteve ligado às necessidades do trabalho, e categoria no segmento continuou não sendo
por isso controlado pelos interesses do capi- efetivo mesmo após esse concurso. Com as
talismo, cada vez mais decadente e em crise. mudanças na atribuição, professoras PEB I com
Para que as crianças e jovens tenham acesso a mais de 30 anos de contribuição ao estado fica-

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ram desempregadas! Não dá mais para esperar! lançou a campanha do Plano Emergencial Pela

tese
A APEOSP precisa assumir a luta intransigente Vida, defendendo um programa emergencial
em defesa dos empregos, do concurso justo e para enfrentar a pandemia e a “Greve sanitária
da efetivação da categoria O! nacional em defesa da vida”. A APEOESP, com
o peso que tem, poderia ter cumprido um

12
papel muito importante propondo e exigindo
PISO NÃO É TETO! PAGAMENTO DO PISO das demais centrais sindicais e da CNTE a uni-
NO SALÁRIO E CARREIRA DIGNA JÁ! ficação das lutas e a greve geral sanitária pela
38. Doria não cumpriu a lei do Piso e Tarcísio fez o vida. Porém permaneceu na linha de manter as
mesmo! Ao invés de pagarem os 33% e 14,95% reivindicações no campo parlamentar e jurídi-
dos respectivos reajustes, aplicaram “abono com- co, deixando as lutas pela vida e pelo sustento
plementar” para quem recebe menos, nivelando diante da conjuntura sob responsabilidade
os salários por baixo. A reforma da Previdência individual de cada um.
significou um assalto aos aposentados e precisa 41. Ainda assim milhares de trabalhadores brasi-
imediatamente ser revogada! Depois se ter o leiros passaram 2021 reagindo à guerra social im-
próprio salário aumentado em 50%, com ajuda posta pelos governos e pelos patrões, com lutas
de deputados como Bebel, Tarcísio reajustou importantes como as manifestações antifascistas,
o salário dos professores em apenas 6%, bem antirracistas e pelas liberdades democráticas, o
abaixo do piso nacional. A falsa carreira retirou “breque dos apps”, a luta contra os despejos, por
direitos mínimos e piorou nossa condição, divi- EPIs, a greve dos trabalhadores dos Correios, da
dindo ainda mais a categoria. o Coletivo Revira- Renault e do Metrô. A educação também travou
volta defendeu desde o início a luta categórica importantes lutas como a manutenção do Fun-
pela revogação integral da falsa carreira, por deb, adiamento do Enem e contra o retorno às
uma carreira que valorize o tempo de serviço e aulas presenciais se segurança.
a formação, com salário justo. É preciso também 42. Assim, a tarefa central das direções era
reconstruir o sindicato e lutar pela revogação construir o fortalecimento e a unidade nacio-
da LC 1374/2022, por uma carreira e um salário nal destas lutas. Porém optaram por preparar
dignos e mais investimento na educação! atos apenas para enfraquecer Bolsonaro até as
eleições, às custas da miséria e morte dos tra-
balhadores e povo pobre. Opinamos que esse
CHEGA DE APD’S E SOBRECARGA DE caminho foi um erro. Durante todo o mandato
TRABALHO! de Bolsonaro, deveríamos ter fortalecido uma
39. Desde a pandemia, os professores estão saída de lutas para impor a queda do governo,
tendo que trabalhar cada vez mais e em piores mas também fortalecer um projeto classista e
condições. Com a redução das disciplinas pelo socialista para nossa classe.
NEM, a maioria se viu obrigada a ensinar muitas 43. As principais direções dos movimentos, PT,
matérias diferentes, sem formação específica. O PCdoB, PSOL, CUT, CTB, ao invés de uma disputa
que tem agravado os problemas de estresse e estratégica de projeto de poder, investiram em
adoecimento. As novas “disciplinas” não seguem iludir mais uma vez a classe trabalhadora com
nenhum parâmetro e na prática o professor a conciliação de classes, agora em uma frente
fica refém das apostilas. AS APD`S aumentam amplíssima, onde coube até o ex-governador
até 14 horas de trabalho, principalmente para Alckmin, protagonista de ataques duríssimos a
a Categoria O que foi arbitrariamente incluída nossa categoria.
na nova carreira. Feder está enrolando desde o 44. A mudança na atribuição de aulas trazida
início do ano para resolver as APD`s. As conver- pela falsa carreira de Doria e mantida por Tarcí-
sas amigáveis e negociações com o Secretário sio/Feder acarretou no desemprego de milhares
não vão resolver! É preciso organizar Assembleia de professoras, impulsionando uma forte mobi-
e mobilizar a categoria de forma unificada para lização iniciada pela base em 27 de dezembro
lutar por nossos direitos! e adentrando por todo mês de janeiro, em
frente à Seduc e também à sede da APEOESP,
cobrando apoio da direção. O Reviravolta na
BALANÇO: CHEGA DE BUROCRACIA, Educação participou ativamente da construção
PARALISIA E GOVERNISMO! POR UMA desta luta, inclusive organizando plenárias e
APEOESP COMBATIVA, COM DEMOCRACIA comandos de base. Diante da necessidade e
disposição de luta seria possível unificar com os
OPERÁRIA E ORGANIZADA PELA BASE demais segmentos da categoria para enterrar de
40. Em dezembro de 2020, a CSP Conlutas vez esta falsa carreira com todos seus entulhos,

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desde as APDs até o desemprego e o desmonte DA COMBATIVA, com a professora Flávia como

tese
da carreira docente. Por isso foi lamentável o candidata a presidente, cumpriu um importante
papel de boicote da direção majoritária, desde papel na defesa das lutas de nossa categoria,
travar a disposição de transporte para subsedes de um programa de independência de classe e
do interior até deslegitimar a luta, desincenti- independência política de todos os governos, e

12
vando a participação e ajudando o Secretário a contra a burocratização sindical.
ganhar tempo para consolidar tal atribuição que 49. Cumprimos a ousada tarefa de sermos oposi-
mantem até hoje professoras desempregadas ção diante da unificação da turma da Bebel com
ou subempregadas, porém resultando em um a ex-oposição, que unificou setores do PT, PSOL,
processo que levantou uma vanguarda com PCO e PCB, para defenderem a continuidade da
disposição para novas lutas. Bebel agora como segunda presidente e de seu
45. Da mesma forma professores em diversos programa de priorizar a defesa do projeto de
estados puxam fortes lutas pelo Piso Nacional conciliação de classes. Nessa eleição também
e revogação do NEM, como as greves do RJ, PE, surgiu uma “nova chapa”, dirigida pela UP, que
DF. Mas a CNTE e seus sindicatos não tiveram teve nome de Oposição, mas atuou defendendo
a política de unificar essas lutas e cercar de a chapa 1 nas regiões onde não organizaram a
solidariedade ativa as greves e mobilizações, a chapa 3. O que demonstra que infelizmente esse
fim de defender o piso e a valorização salarial. novo setor, não veio para renovar mas manter
Consideramos que nesse momento, era neces- as coisas como estão.
sário que a Apeoesp tivesse jogado todo seu 50. O emblocamento de ex setores de oposição
esforço para unificar as mobilizações estudantis, na Chapa 1 tem um significado importante nos
com as lutas dos professores que começaram a rumos de nossa entidade. Demonstrou a uni-
surgir em diferentes estados. ficação não apenas de um projeto político, de
46. A juventude voltou a protagonizar atos e ma- defesa da conciliação de classes, mas também
nifestações, e a campanha #RevogaNEM voltou de um abandono do combate à burocratização
às ruas no dia 15 de março de 2023. Porém as em nosso sindicato.
novas datas de mobilização, 22 de março e 26 de 51. Essa política resultou em não sair do pri-
abril, foram indicadas pela CNTE como dias de meiro CER pós eleição, uma posição sequer de
luta e de greve nacional Educação, mas na prática colocar na pauta da Apeoesp na luta contra
não foram construídas na base pelas entidades. o Arcabouço fiscal e o Marco Temporal. Pois
Em São Paulo, a APEOESP chegou a desmarcar bem, o debate não era que esse novo governo
o dia 22 como dia de paralisação da categoria, está em disputa? O centrão vem demonstrando
desmobilizando aqueles que já estavam orga- que disputa mesmo esse governo. Mas onde
nizando a adesão em suas escolas e deixando está a disputa para defender os interesses dos
os que pararam sem o direito de negociar a trabalhadores?
reposição. A insatisfação dos professores com 52. Assim segue a política de alianças que rifam
essa política desastrosa fez com que no dia 26 nossas lutas, como a tal mesa de negociação
de abril a maioria, desconfiada do sindicato, já permanente com Feder, que, como demonstrou
não quisesse mais aderir à mobilização. a audiência na Comissão de Educação, serve
47. Mais uma vez, as principais direções repetem para enrolar a categoria enquanto o governo
o mesmo erro. E se limitam a agitar a propagan- segue sua política de desmonte da educação
da de que a suspensão do NEM foi uma grande e da carreira docente. A saída é unificar e reor-
vitória das mobilizações. Enquanto o próprio ganizar a luta dos trabalhadores e construir um
Lula declara que não revogou, mas suspendeu programa com independência de classe, que
para discussão. Nós opinamos que, diante da enfrente os interesses da elite burguesa, não que
força e da repercussão das lutas contra o NEM, se alie com eles, . Só assim podemos enfrentar
as direções tanto dos sindicatos da educação as privatizações, defender os direitos e serviços
como a Apeoesp, como a UNE e UEE deveriam públicos e derrotar quem lucra com a miséria
estar dando peso total a continuidade do mo- do povo e com a exploração e a opressão da
vimento para impor a revogação Já. Isso seria nossa classe.
para nós, um importante exemplo do que é atuar
com independência política dos governos.
48. E foi nesse novo cenário, que nesse primei- Politicas Permanentes:
ro semestre ocorreu a eleição da Apeoesp. O 53. 1. Com o aprofundamento da crise do ca-
Reviravolta participou da única chapa que se pital, os capitalistas também aprofundam dia-
propôs a unificar os setores que se mantiveram riamente seus níveis de ataques às condições
na oposição. A CHAPA 2 - OPOSIÇÃO UNIFICA- de trabalho e às condições de vida da classe

96  JULHO/2023 - CADERNO DE TESES


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trabalhadora. A importância sobre o debate
PLANO DE LUTAS
tese
e as lutas contra a semi- escravização impos-
ta a nossa classe e em especial aos setores O Coletivo Reviravolta na
prioritários dos ataques como os negros(as),
a população lgbti, as mulheres e os imigran- Educação defende:

12
tes se faz urgente no sentido da unidade da Educacional:
classe trabalhadora para lutar. Para o Capital a 58. Consulta fake é enganação! Lutar pela RE-
união de exploração e opressão rende lucros VOGAÇÃO INTEGRAL DO NOVO ENSINO MÉ-
formidáveis ao dividir a classe. DIO E DA BNCC! NENHUMA CONFIANÇA NOS
54. 2. Por isso não podemos menosprezar a GOVERNOS!
manifestação das opressões e trata-las apenas 59. OS FILHOS DA CLASSE TRABALHADORA
com superficialidade e formalidade, pois a des- TÊM DIREITO À EDUCAÇÃO CRÍTICA, CIEN-
truição do capitalismo e a luta pelo socialismo TÍFICA, 100% PÚBLICA E ESTATAL, LAICA E DE
estão vinculadas à luta contra as opressões. QUALIDADE!
55. 3. Em nossa categoria, majoritariamente 60. 1. Lutar contra todas as políticas neoliberais
feminina, a questão das opressões precisa ter
e imperialistas e privatistas que atacam
a devida importância no calendário de lutas e
a educação pública. Contra a ingerência
formulação das políticas do sindicato. O des-
de empresários e banqueiros nas políticas
monte e precarização já caracterizados neste
educacionais.
documento atingem de forma mais severa os
setores mais oprimidos pois, não por coinci- 61. 2. Abaixo a privatização e terceirização nas
dência são os mais precarizados. O aumento escolas! Não aos cursos profissionalizantes e
da jornada de trabalho e a reforma da pre- privatistas de Feder e Tarcísio e ao desmonte
vidência que exaurem toda a classe têm um do Centro de Paula Souza. Revogação dos
efeito mais perverso sobre as mulheres que, itinerários formativos e retorno das disci-
em uma sociedade machista, ficam sujeitas plinas da base!
a dupla e tripla jornada, com os tarefas do- 62. 3. Reabertura das salas de aula fechadas! Re-
mésticas. Semelhantemente negras e negros, dução para 25 alunos por sala! Garantia de
LGBTIs, imigrantes são mais severamente atin- noturno e EJA em todas as escolas
gidos pela precarização do trabalho ja que a 63. 4. Por mais investimento, estrutura e condições
opressão combinada à exploração capitalista de trabalho! Garantia de todos os recursos
já lhes destina os postos mais precarizados. constitucionais, contra qualquer corte e
56. 5. Diante de tudo isso é necessário superar- redução dos percentuais, como quer o
mos o obstáculo que é a total paralisia da dire- governo Tarcísio.
ção da APEOESP para tratar de forma concreta 64. 5. Contra os desvios de recursos da Educa-
a luta contra as opressões. Embora haja uma ção Pública para a iniciativa privada e a
secretaria de mulheres no interior do Sindicato, política de fundos de financiamento! Envio
as ideias que orientam as trabalhadoras(es) do do dinheiro público direto para a Escola
grupo muitas vezes se desvinculam das pautas Pública com controle e efetiva aplicação
defendidas nas ruas pelo conjunto de mulheres, pela comunidade escolar.
como ocorreu em anos anteriores com a cam- 65. 6. Abaixo o controle burocrático e autoritário
panha pela adoção enquanto o movimento de imposto pela SEDUC/ Diretorias de Ensino.
mulheres debatiam e se enfrentavam com os Diretoria colegiada com eleições democráti-
governos em diversas partes do mundo pela cas para coordenação e direção nas escolas.
questão do direito ao aborto. A formalidade
66. 7. Luta coletiva, intransigente e sistemática
com que são tratados os temas de opressão,
contra o assédio moral e todo tipo de per-
precisa ser superada, dando lugar a um progra-
seguição política.
ma combinado a uma política de combate às
opressões que seja classista e internacionalista 67. 8. Combater o autoritarismo, a exclusão e a
e que esteja de acordo com as necessidades e lógica meritocrática das escolas PEI.
demandas do setor em especial e, também com 68. 0. Contra o programa de escolas Cívico-mili-
o conjunto da classe trabalhadora. tares e a militarização das escolas.
57. 6. Precisamos fazer uma reviravolta na forma 69. 10. Debate com a comunidade escolar sobre
como combatemos as opressões na luta sindical a violência das escolas, com formação de
uma vez que os mecanismos de exploração comissões para avançar na discussão e busca
também são combatidos quando lutamos contra por soluções efetivas de forma democrática,
as opressões da nossa classe. pedagógica e participativa

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70. 11. Combate ao machismo, racismo, lgbtifobia, vagas para atingir a demanda necessária.

tese
xenofobia e todo o tipo de violência nas 82. 23. Redução da jornada de trabalho, sem re-
escolas! dução de salário, e pagamento do piso
71. 12. Combate ao preconceito religioso, especial- nacional no salário e na carreira para todos

12
mente às religiões de matriz africana. os trabalhadores da educação, incluindo
72. 13. Educação indígena e quilombola, que re- aposentados! Basta de confisco! Piso não
conheça e respeite a importância de sua é teto! Valorização salarial com carreira
cultura para nossa sociedade. digna, e garantia do salário vital do Dieese.
50% da jornada para atividade extraclasse
73. 14. Nenhum estudante fora da escola! Combater
e formação.
a evasão escolar com mais investimento para
prover bolsas de estudo, projetos científi- 83. 24. Mais funcionários nas escolas. Efetivação
cos e condições para as famílias, para que imediata dos funcionários precarizados pelo
nenhum estudante tenha que abandonar a Estado, como merendeiras e funcionárias
escola para trabalhar! da limpeza, QAE e QSE. Abaixo à terceiri-
zação! Concurso público para completar o
74. 15. Grêmios livres – sem controle burocrático
quadro escolar.
das direções, diretorias de ensino ou SEDUC.
84. 25. Defesa do direito de greve, reposição e
75. 16. Escola pública desde a creche até o Ensino
organização sindical.
Superior para todos os filhos e filhas da
classe trabalhadora. Estatização da rede 85. 26. Por um sindicato combativo que esteja a
privada e fim dos vestibulares. serviço das lutas da categoria, com inde-
pendência política e democracia interna.
76. 17. Defesa das cotas raciais nas universidades,
Abaixo à burocratização da APEOESP.
como medida emergencial de combate ao
racismo e inclusão da juventude negra, com Nacional
garantias de condições de permanência 86. 1. Unidade da classe trabalhadora pela revoga-
(bolsas de estudo, moradia, alimentação e ção da Reforma Trabalhista, da Previdência,
transporte) do Ensino Médio, a Lei das terceirizações,
77. 18. Exigir das direções da APEOESP e CNTE bem como pela reestatização de todas as
a construção de um calendário nacional empresas que foram privatizadas.
unificado de greves e mobilizações, pelo 87. 2. Abaixo ao Arcabouço Fiscal, Uma politi-
#RevogaNEM, piso nacional e demais de- ca fiscal que penaliza as demandas sociais
mandas da educação pública. para atender os interesses dos banqueiros
SINDICAL e super-ricos.
78. 19. Organizar a luta com independência po- 88. 3. Taxação das grandes fortunas e o não paga-
lítica frente aos governos (Lula e Tarcísio), mento da dívida pública! Abaixo à Reforma
priorizando a luta direta e organização de Tributária, que mantém e aprofunda a lógica
base, sem esperanças na justiça burguesa de penalizar os trabalhadores para manter
e nenhuma confiança em consultas fake e os privilégios fiscais dos capitalistas.
mesas de negociação com os que atacam 89. 4. Não ao Marco Temporal! Em defesa dos ter-
nossa classe. ritórios indígenas, quilombolas e dos povos
79. 20. Nenhum direito a menos! Revogação das tradicionais.
Reformas administrativa e previdenciária 90. 5. defender uma política de aumento real do sa-
de Doria! Não à nova reforma de Tarcísio! lario mínimo, rumo ao salario vital do DIEESE.
80. 21. Garantia de plano de carreira digno a todos 91. 6. Reestatização sem indenização das empresas
e todas trabalhadores/as da educação, com privatizadas, contra as privatizações.
valorização salarial, direitos e construção 92. 7. Defesa da valorização do serviço público e
democrática e aprovação pela categoria. dos servidores, com concursos públicos e
Revogação da nova carreira, já! (Fim das estabilidade para servidores federais, esta-
APD’s, atribuição por pontuação, retorno da duais e municipais.
falta-aula, falta médica, abonada e todos os
93. 8. Não à criminalização das lutas e dos luta-
direitos retirados).
dores!
81. 22. Garantia de emprego, fim da quarentena e
Estatuto
estabilidade/efetivação imediata de todos
os professores/as categoria O e V que es- 94. A força que precisamos para enfrentar os
tão trabalhando hoje na rede pública, com ataques dos governos e defender nossa clas-
todos os direitos, seguido de abertura de se com independência política vem da mais
Concurso Público, para efetivação, com ampla participação da base, não apenas nas

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lutas, mas ativamente na construção e nas 96. 2. Abaixo as regalias e dispositivos de perpe-

tese
decisões do nosso sindicato como ferramenta tuação no poder
de organização e luta da categoria. Desta 97. 3. Rodízio dos diretores liberados durante o
forma nosso estatuto deve radicalizar a de- mandato, retornando ao chão da escola nos

12
mocracia operária em todas as instâncias da intervalos do rodízio.
entidade e não funcionar como instrumento 98. 4. Nenhuma regalia para os diretores que os
antidemocrático de perpetuação de poder. coloquem em condição diferente da catego-
Para isso é preciso revogar todas as altera- ria, como plano de saúde, altos salários ou
ções que retiraram direitos democráticos, sem emprego de parentes na entidade.
permitir nenhum retrocesso. E avançar para 99. 5. Lisura nas eleições e condições para avançar
ampliar a participação da categoria. no debate democrático e expressar a opinião
95. 1. Democracia interna: garantir espaço para da categoria
auto-organização, expressão das oposições 100. 6. Sindicato é ferramenta de luta: é preciso
e ampla participação da base expressar este caráter em nosso estatuto.

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tese
13 TESE PARA XXVII Congresso da APEOESP
EDUCADORES EM LUTA
Unir e mobilizar os educadores
contra o cerco da direita e pelas
reivindicações dos trabalhadores
Propostas dos Professores da Corrente Sindical Nacional
Causa Operária/PCO

4. Ao invés de atos demonstrativos, é neces-


1 Conjuntura Nacional sário convocar a efetiva mobilização nas ruas;
Romper a paralisia e tomar substituir as reuniões minúsculas e on line, por
plenárias e assembleias de verdade, em que
o caminho das ruas sejam convocados todos os trabalhadores.
Para lutar contra o cerco da direita 5. Os trabalhadores devem impulsionar um pro-
e defender as reivindicações dos grama próprio diante da crise. Diante disso, entre
trabalhadores os principais pontos, aprovados na Conferência,
1. A III Conferência Nacional dos Comitês de que precisam ser debatidos amplamente em todo
Luta, realizada de 9 a 11 de junho, com partici- o movimento sindical e na esquerda, destacamos:
pação e apoio de nosso Sindicato, contou com  
1. Plebiscito Revogatório: para que o povo
a participação de mais 2 mil pessoas desde os decida sobre a revogação de de todas as
encontros municipais e estaduais, entre os quais “reformas” e medidas golpistas dos gover-
dezenas de dirigentes e militantes da APEOESP, nos Temer e Bolsonaro (“revogaço”).
e apontou uma perspectiva de luta diante dos 2. 
Fim do Banco Central independente, redução
ataques da direita contra o governo Lula e contra imediata da taxa de juros. Fora Campos Neto!
todo o povo trabalhador.
3. 
D esconhecimento da dívida pública já!
2. Se opôs na prática à política de compasso de Nenhum teto para os gastos sociais!
espera que boa parte do movimento operário
4. 
Redução da jornada de trabalho para 35
se colocou depois da importante vitória dos
horas semanais e reajuste emergencial do
trabalhadores com a eleição de Lula.
salário mínimo em 100% e luta pelo salário
3. Para enfrentar a enorme crise econômica e mínimo vital.
social que atravessa nosso País e todo o Mun-
5. 
Cancelamento de todas as privatizações. Re-
do, resultado da situação de crise histórica do
estatização da Eletrobrás, Petrobrás, Vale etc.
capitalismo, é vital se opor ao cerco da direita e
à sabotagem de setores de dentro do governo. 6. 
N acionalizar e explorar nosso petróleo;
Para isso, é preciso impulsionar a mobilização Petrobrás 100% estatal; garantir recursos do
popular rompendo com a paralisia que domina petróleo para a Educação, Saúde e demais
a a situação sindical. necessidades populares.

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7. 
Mobilizar os trabalhadores e a juventude pela 10. É uma posição de princípio, no interior de um

tese
revogação da reforma do ensino médio e a regime capitalista, que vale tanto para nossos
destruição do ensino público; fim do vesti- aliados da esquerda, como para nossos inimigos
bular, livre acesso às universidades públicas da direita. Defendemos a posição tradicional
da esquerda revolucionária, como assinalou a

13
8. 
Fim da tutela militar sobre o regime político
e a imediata reforma das forças armadas. grande revolucionária Rosa Luxemburgo:
9. 
Reforma agrária e urbana sob o controle 11. “Liberdade somente para os partidários
das organizações dos trabalhadores. do governo, somente para os membros de
um partido – por mais numerosos que sejam
10. 
Fim dos processos e perseguição contra o
–, não é liberdade. Liberdade é sempre a
MST, Libertação do companheiro Zé Rainha,
liberdade de quem pensa de modo diferente”.
demais lideranças sem terra e indígenas e
todos que lutam pela terra. 12. A cassação da liberdade de expressão, até
mesmo de certos direitistas, reforça o poder
11. 
Abaixo a política golpista da direita contra
repressor do Estado reacionário e direitista.
o governo Lula e os trabalhadores. Fora os
ministros sabotadores do governo. 13. Esse método foi sempre usado nos regimes
capitalistas, usado pela direita e extrema direita.
Nunca foi o método da esquerda, das organiza-
2. Cassar deputado, não! Lutar para ções de luta e populares. E por um motivo muito
melhorar a vida do professor simples: a classe operária e os setores populares
não possuem qualquer controle sobre os aparatos
6. A declaração reacionária e ofensiva, do
fundamentais do regime político. Não controlam os
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP),
militares, a polícia, os juízes, a imprensa burguesa,
de que “não tem diferença de um professor
o congresso etc.. Aliás, as massas oprimidas da
doutrinador para um traficante de drogas” deu
população são os alvos fundamentais das institu-
lugar a uma série de declarações demagógi-
ições repressivas e do aparato de propaganda e
cas e está sendo usada por alguns setores da
desinformação da burguesia.
esquerda para defender todo tipo de processo
contra o parlamentar ultra direitista. 14. Critiquemos e desmascaremos para todo
o povo o pensamento reacionário de Bolso-
7. O PSOL entrou com representação na PGR e
naro e toda a corja direitista e, principalmente,
no Conselho de Ética (do covil) da Câmara dos
organizemos a luta real (não só de palavras)
Deputados e o ministro da Justiça, Flávio Dino
para mudar as condições de vida e de trabalho
(PSB), mandou a PF investigar o deputado, em
dos professores, inclusive, contra os cínicos da
uma clara operação repressiva.
direita que não falam como Bolsonaro (“escon-
8. Ao mesmo tempo, seis deputadas da es- dem o jogo”), mas fazem pior: fecham escolas,
querda (do PT e do PSOL), entre outros, tam- rebaixam salários, retiram direitos, impõe cargas
bém são alvos de processos de cassação na abusivas de trabalho, ordenam a repressão con-
Câmara dos Deputados, onde o presidente tra as mobilizações da nossa categoria, impõem
Arthur Lira (PP-AL), aceitou o pedido de abertura a reforma do ensino médio etc. mas de modo
de processo do PL, a pretexto de discursos e algum apoiemos a cassação da liberdade de
manifestações com críticas a parlamentares da expressão, seja de quem for.
direita. Como diz o ditado popular “pau que
bate em Chico, também bate em Francisco”, ou
seja, defender e apoiar o ataque à liberdade II Conjuntura Internacional
de expressão, no regime capitalista, se voltará
contra o maior inimigo da burguesia e do seu
1.Do lado da Rússia, contra
Estado, os trabalhadores e suas organizações os EUA e os nazistas
de luta, como sindicatos, partidos e até contra
O lugar dos trabalhadores, da CUT
nós, professores.
e dos Sindicatos é na luta contra o
9. Reafirmamos nossa posição contrária que imperialismo
um deputado, seja ele quem for (eleito para
“Toda a nossa ação é um berro de guerra
defender suas ideias, mesmo que reacionárias),
contra o imperialismo e um clamor pela
bem como qualquer outro cidadão, possa ser
unidade dos povos contra o grande inimigo
punido por expressar sua opinião, sobre seja
do gênero humano: os Estados Unidos da
lá o que for, quando a Constituição Federal
América do Norte”.
estabelece no seu artigo 5º, parágrafo IV que:
“é livre a manifestação do pensamento, sendo [Che Guevara, na Assembleia Geral da ONU, 1969]
vedado o anonimato”. 15. Mesmo com a falsificação de toda

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a imprensa capitalista no Brasil e no exterior mais retrógrados, como é o caso dos nazistas

tese
e com a censura imposta a várias redes de ucranianos.
informações russas, fica cada vez mais claro 22. Os explorados de todo o mundo precisam
que o que realmente está em jogo no conflito tomar posição diante do conflito. É preciso
na Ucrânia que ameaça se transformar em

13
defender seus próprios interesses de classe, os
uma nova guerra mundial. interesses da imensa maioria da humanidade
16. O que temos é, nada mais nada menos do contra o reduzido grupo de abutres capitalis-
que a devida e combativa reação do governo tas que se alimenta da ruína e da desgraça de
russo contra a ofensiva do imperialismo norte- bilhões de seres humanos.
-americano, os maiores genocidas do Mundo, 23. A APEOESP, a CUT, os sindicatos classistas,
que chefiam a OTAN (Organização do Tratado as organizações dos explorados em geral e toda
do Atlântico Norte) e que querem intensificar sua a esquerda devem se posicionar pela vitória da
política de colonização e dominação dos países Rússia contra o imperialismo.
do Leste Europeu e de aprofundar a submissão
24. Para esclarecer amplamente o povo tra-
da Europa.
balhador, é preciso realizar um amplo debate
17. Os abutres imperialistas declararam seu no interior dessas organizações, nas escolas e
apoio ao governo dos nazistas ucranianos (e demais locais de trabalho, estudo e moradia
também a suas milícias fascistas). Seus governos sobre esses acontecimentos de alcance mundial.
armaram os nazistas, que deram o golpe de Mais importante ainda, é preciso adotar uma
Estado na Ucrânia em 2014, fecharam os olhos posição de luta, mobilizando os trabalhadores e
(e incentivaram, de fato) os massacres políticos e a juventude brasileira em apoio à luta do povo
raciais realizados pelos nazistas de carne e osso russo contra os maiores inimigos dos povos
contra trabalhadores e a população em geral da explorados de todo o mundo: o imperialismo
região do Donbass, como quando os bandos norte-americano e seus aliados de direita - como
nazistas atearam fogo na sede dos sindicatos os nazistas ucranianos - ou de equerda, onde
e mataram 42 pessoas, em Odessa. quer que eles estejam.
18. Esses falsos “pacifistas” estão enviando Viva a unidade dos trabalhadores de todo o
mais armas para os bandos fascistas (incluindo
mundo.
as de destruição massiva como as bombas de
fragmentação), contratando mercenários es- Fora o imperialismo da Ucrânia.
trangeiros (inclusive do Brasil) para lutar contra Pela vitória da Federação Russa e pela derrota
os russos, como também anunciaram pesadas da OTAN e dos EUA.
medidas de ataques ao povo russo em diversas
áreas, que vão da economia, passando pela 2. Fim do bloqueio contra Cuba
tecnologia, ciência, cultura, esportes, entre
várias outras. Fora o imperialismo da América Latina
19. A burguesia imperialista usa contra a Rússia 25. Em todo o mundo, avança a crise histórica
as armas que vêm usando há décadas contra do capitalismo, marcada pela superprodução
inúmeros povos que - pelos mais variados moti- capitalista em uma sociedade em que a con-
vos - tiveram a coragem e ousadia de defender centração das riquezas nas mãos de menos
sua independência e defender seus interesses, de 1% dos mais ricos, impede a maioria de ter
desafiando a vontade dos “donos do mundo”. acesso ao consumo da produção social, até
20. A ação da Rússia na Ucrânia é uma luta de mesmo dos produtos vitais à sobrevivência e
libertação nacional, como são todas as guer- desenvolvimento da humanidade.
ras contra o imperialismo ou países por eles 26. Diante da crise, o imperialismo comprovou
controlados. Isso porque o governo da Ucrânia nos últimos anos que não tem outra política
não é mais do que um capacho da OTAN e do que não seja intensificar a fome, a destruição e
governo dos Estados Unidos. Um aríete do im- miséria da imensa maioria, o que só pode ser
perialismo para atacar não só a Rússia como a feito por meio de regimes de força, de golpes
imensa maioria do povo ucraniano. de Estado, como se dá em todo o mundo.
21. Como em todos os conflitos do imperialismo 27. A política imperialista de destruição das
com países pobres e oprimidos, o que temos é condições de vida das centenas de milhões de
a selvagem ação das forças mais reacionárias de pessoas em nosso continente, em favor dos
toda a história da humanidade, que procuram interesses de um punhado de grandes capita-
se disfarçar de “democratas” e “defensores da listas, envolve a política de golpes de Estados,
paz”, mas que buscam submeter e aniquilar pelas mais diversas vias: a intervenção externa,
seus adversários em uma aliança com os setores deposição parlamentar de governos eleitos

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por meio de processos fraudulentos, eleições 42.  Incorporação imediata de todas as gratifica-

tese
fraudulentas, etc. Produzindo um profundo ções, abonos e bônus aos salários; inclusive
retrocesso em áreas fundamentais como Edu- para os aposentados.
cação, Saúde e emprego. 43.  C umprimento imediato da Meta 17, do

13
28. Contra essa ofensiva, é preciso levar adiante PNE, com equiparação dos salários dos
uma luta contra a intervenção imperialista em professores aos dos demais profissionais
nosso continente em defesa da soberania dos com ensino superior.
povos latinos americanos, reafirmando posições 44.  Piso Salarial suficiente para atender às ne-
como as que foram aprovadas pelo Foro de São cessidades do professor e de sua família, que
Paulo, em Brasília/2023. hoje não poderia ser de menos de R$8 mil
29. 
  
Fim do bloqueio criminoso contra Cuba 45.  Fim da destruição da carreira do professor,
30. 
 F
 ora as bases militares do EUA e Reino volta da evolução integral por tempo de
Unido na América Latina serviço para toda categoria.
31.  N
  ão à intervenção imperialista na Ve- 46.  Revogação da farsa “nova carreira”: salário
nezuela, Nicarágua e Cuba igual para trabalho igual e as mesmas condi-
32. 
  
Apoio à mobilização popular pela der- ções de trabalho para todos os professores.
rota do golpe no Peru Fim do pagamento por subsídio.
33. 
  
Unidade dos trabalhadores latino-ame- 47.  pagamento do que nos foi roubado na
ricanos contra o imperialismo pandemia: quinquênios, licença prêmio etc.
34. É preciso se posicionar contra as agressões 48.  Aposentadoria igual ao salário da ativa.
imperialistas em todo o planeta, se solidarizando 49.  Concurso público para as 100 mil vagas.
com as lutas dos povos atrasados contra as 50.  Estabilidade para toda Categoria O
agressões imperialistas: 51.  Pagamento de jornada mínima de 25 horas
35. 
  Em defesa dos povos palestinos. Abaixo para professor Categoria O e eventual, que
o Estado sionista de Israel fiquem à disposição nas Escolas
36. 
  
Não às agressões imperialistas contra 52.  Efetivação de professores substitutos (como
o Irã, Síria, etc. Fora o imperialismo do os professores módulo da Prefeitura São
Oriente Médio. Paulo) com jornada mínima de 25 horas.
53.  Pagamento das “janelas” e todos os horários
que os professores estejam à disposição da
III Política Educacional escola.
1. Abaixo o roubo dos salários 54.  Fim imediato das APDs.

37. O Estado mais rico da federação paga aos


professores um dos salário-base mais baixo de 2. Fim da superlotação: máximo de 25
todo o País, abaixo até mesmo do Piso Sala- alunos por sala de aula
rial Profissional Nacional, estabelecido em lei
55. O governo do Estado de São Paulo, sob o
federal.
comando do governador bolsonarista Tarcísio, dá
38. O salário-base do PEB I (séries iniciais do continuidade à política do PSDB de cortar gastos
ciclo I) de R$2233,02 equivale a pouco mais de na educação, um dos métodos utilizados é o fe-
55% do piso nacional. No caso dos PEB II (séries chamento e a superlotação de salas de aula, tanto
finais do ciclo I e ensino médio) o salário-base no período regular, quanto no noturno. Esta po-
de R$2.585, equivale a pouco mais de 70% do lítica visa reduzir o quadro de professores e aulas,
piso. Ou seja, o governo continua roubando os inviabilizando o ensino dos estudantes. Com
professores e descumprindo a Lei. salas superlotadas(que passam de 50 alunos),
39. Parte do reajuste devido aos professores vem o processo de ensino-aprendizagem não pode
sendo pago como abono, sem ser incorporado se dar. Para um efetivo exercício educacional é
ao salário. O governo propôs reajustar os salá- necessário estabelecer o limite máximo de alunos
rios em apenas 6%, quando o reajuste do piso e maior oferta possível de matrícula, retornando
nacional foi de 14,95%. Ao invés de aumento, o ensino noturno em toda sua extensão, que está
o que temos é um roubo! sendo destruído pelo governo.
40. Contra o esta política preparar uma grande 56. 
  
Máximo de 25 alunos por sala de aula
mobilização, com uma greve da categoria no 57. 
 R
 eabertura dos turnos da noite em todas
segundo semestre. as escolas (independente da quantidade
41.  Reposição integral das perdas salariais. de alunos).

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3. Voltar às ruas e tomar Brasília pela trabalhistas recuperados e ampliados, algo

tese
fundamental para o funcionamento das escolas.
revogação da reforma do NEM 64. Que exista uma verdadeira infraestrutura,
Retomar as manifestações e organizar uma com computadores, bibliotecas, laboratórios,

13
grande marcha à Brasília para colocar etc. e uma escola democrática, o fim das “esco-
abaixo a política dos tubarões do ensino las-depósitos”, onde os alunos são amontoados
pago de destruição do ensino público. e que mais se assemelham a presídios.
58. Depois de importantes mobilizações de 65. Contra a política paralisante de esperar pela
estudantes e professores no começo do pri- iniciativa do MEC, sob forte influência de grupos
meiro semestre, o governo Lula determinou a privados, as organizações dos trabalhadores
suspensão da implementação de novas medidas (CUT, CNTE, sindicatos etc.) e dos estudantes
relativas à famigerada reforma do ensino médio, (UBES, UNE) devem organizar mobilizações em
mesmo com seguidas declarações contrárias do todo o país, um dia nacional de paralisação,
ministro da educação, Camilo Santana, que se com uma grande marcha à Brasília pela revo-
opôs à revogação da “reforma”. gação do NEM e pelas demais reivindicações
59. Sem ouvir os sindicatos, a Confederação dos educadores (como o piso salarial nacional
dos Trabalhadores da Educação (CNTE), as or- e reposição das perdas) e dos estudantes.
ganizações estudantis, as universidades públicas
e organizações dos trabalhadores, cujos filhos
estudam em escolas públicas - o ministério
4 Abaixo a ditadura nas Escolas
realizou uma consulta via internet sobre o as- Colocar as escolas sob o controle da
sunto, isto é, lançou mão de um tradicional Comunidade Escolar
método dos governos neoliberais, que não 66. É preciso pôr fim ao regime de fortalecimento
querem negociar com as organizações dos das gestão nas escolas, contra a existência de
trabalhadores, favorecendo o esquema de lob- uma escola democrática em que os educadores,
bies de poderosos grupos privados, junto com estudantes e pais tenham voz.
campanhas da imprensa golpista e do governos 67. O Estado, os governos e partidos golpistas
estaduais, que fizeram campanha para influen- devem ser responsabilizados pela situação de
ciar um resultado satisfatório para os setores retrocesso e violência que se impôs nas escolas.
capitalistas, favoráveis às medidas adotadas É preciso mobilizar para impedir que a política
pelos governos golpistas. reacionária de aumento a repressão no interior
60. Ficou evidente que o regime golpista queria das mesmas.
apenas ampliar os ataques contra o já camba- 68. Dentre outras medidas, defendemos:
leante ensino básico e contra os professores.
Liberdade irrestrita de cátedra
 
Por conta de tais ataques, as redes públicas já
registram índices de evasão de até 30%. Não à ditadura nas escolas: Controle das
 
escolas por professores, funcionários, pais
61. Milhões de jovens estão incluídos entre os
e alunos. Eleição direta de diretores, vices e
chamados “nem-nem”: nem estudam, nem tra-
balham e nem procuram emprego. De acordo coordenadores
com estudo do Departamento Intersindical de Escola pública laica, gratuita e de qualidade.
 
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Abaixo o Ensino religioso nas Escolas
cerca de 15% dos jovens de 15 a 29 anos — o Fora a PM das Escolas!
 
equivalente a 7,6 milhões de brasileiros — eram Contratação de milhares funcionários, con-
 
“nem-nem-nem” em 2021. trole da comunidade
62. O Novo Ensino Médio é então uma violên- Abaixo as escolas cívico-militares do bolso-
 
cia contra a classe operária, uma maneira de narista Tarcísio e em todos os Estados
perpetuar as desigualdades. Daí a necessidade
de que seja integralmente revogado e que se
promovam mudanças profundas, ouvindo os 5 Fim do Assédio: abaixo a “avaliação”
estudantes e os trabalhadores por meio de suas dos professores pelos gestores e a
organizações de luta.
ditadura nas PEI’s
63. É necessário defender um ensino de verdade,
em primeiro lugar público, onde os alunos, 69. Os professores vivenciam uma situação de
funcionários e a comunidade estudantil tenham intenso assédio e pressão
voz na discussão e elaboração do currículo escolar, 70. Após provocar uma verdadeira política de
para que este seja democrático. É necessário terra arrasada na educação paulista, durante
também que os professores tenham seus direitos os 20 anos que esteve à frente do governo

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estadual, o governo tucano-bolsonarista 78.  Estabilidade no emprego para todos os pro-

tese
agora quer impor um verdadeiro regime de fessores temporários
vigilância e terrorismo contra os professores 79.  Revogação da lei que restringe o número de
da rede pública. faltas médicas.

13
71. Como parte do programa chamado “Inova 80.  Atendimento de todos pelo IAMSPE
Educação”, o governo Dória introduziu e o de
Tarcísio mantém um monitoramento sistemático
das aulas dos professores, o qual deverá ser feito 8. Livre acesso à Universidade
pelos supervisores de Ensino, Diretores de Escola para garantir a evolução
e Coordenadores Pedagógicos. Estes poderão
atribuir notas aos professores, de acordo com
profissional e pessoal
sua própria avaliação. Trata-se de um verda- 81. Para atacar o professor, o Estado faz per-
deiro sistema de terrorismo e perseguição manentemente uma campanha procurando
contra os docentes, os quais serão “avaliados” apresentar o professor como incompetente,
por profissionais que, em sua maioria, foram mal preparado. As dificuldades enfrentadas pelo
transformados em capitães-do-mato contra os professor não são outra coisa que não seja o
professores escravizados, desde que deixaram resultado de uma política consciente do Estado
de ser eleitos pelo Conselho de Escola e pas- burguês de rebaixar a patamares nunca vistos
saram a ser indicados pelos gestores. Esses o ensino de todos os níveis, como o ensino
setores também são alvo de um intenso assédio superior, transformado em uma máquina de
da parte da cúpula da SEE. fazer diplomas e gerar gordos lucros para os
72. É preciso mobilizar professores e estudantes donos das faculdades particulares.
contra a política de destruição dos direitos e de 82. Para assegurar o livre acesso do professor
perseguição imposta pelos governos golpistas aos cursos de graduação, pós-graduação e com-
e reacionários. plementação em nível superior é preciso ir além
Fora Tarcísio e todos os golpistas! de um piso salarial que atenda às necessidades
do professor, a conquista do livre acesso às uni-
versidades com o fim do vestibular e do ENEM
6. Fim do SARESP, da Prova Paulista e (Exame Nacional do Ensino Médio), verdadeiro
demais avaliações externas funil que serve para eliminar das universidades
públicas os trabalhadores e seus filhos.
73. Produzidas sem participação da Comunida-
de escolar e com o claro objetivo de mascarar 83. O tempo gasto pelo professor no aprimo-
resultados e responsabilizar os professores pelo ramento profissional deve ser pago pelo Estado
fracasso escolar produzido pela política (anti) como hora de trabalho, dando condições reais
educacional dos governos, essas avaliações para que o professor possa se dedicar à sua
de nada servem para o desenvolvimento do evolução e de seus alunos.
processo de ensino-aprendizagem.
74. São instrumentos de chantagem e pressão
sobre professores e alunos e precisam ser revo-
IV Concepções educacionais
gadas por meio de uma intensa mobilização dos 1. Para a luta contra a opressão
estudantes e educadores e de suas organizações
de luta. capitalista, pela revolução e o
socialismo
7. Abaixo a escravidão do professor Educar para a luta de classes
categoria O: salário e direitos iguais 84. A educação no sistema capitalista tem como
para todos os professores objetivo central, principalmente no que diz
respeito ao ensino público, a formação de
75. É preciso colocar abaixo o regime de mão-de-obra para o mercado de trabalho e
apartheid que o governo tucano impôs à nossa a “domesticação” dos filhos dos operários e
categoria. demais trabalhadores no sentido que o status
76.  Fim do regime “ categoria O”. Salários e di- quo vigente (de riqueza de poucos às custas da
reitos iguais para todos os professores exploração e miséria da grande maioria) deve
77.  Redução da jornada de trabalho para o ser mantido.
máximo de 30h-aulas semanais (20 em sala 85. Em um momento de crise histórica do
de aula): trabalhar menos, para que trabalhar capitalismo, de retrocesso das forças produti-
melhor e para que todos trabalhem vas, de avanço do golpismo, a “formação” de

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milhões de jovens anualmente para o mercado pais, juntos com os demais segmentos reais da

tese
de trabalho é vista como mais um excedente, escola, -os professores, funcionários e alunos-,
desnecessário, e que, portanto, o capitalismo administrem a escola, por meio de uma verda-
deseja reduzir drasticamente. Daí a ofensiva deira gestão tripartite.
predatória contra o ensino público, acentuada

13
96. Defender o governo tripartite para a escola
com o golpe de Estado. significa, não só denunciar o regime ditato-
86. A decadência capitalista arrasta consigo to- rial vigente na maioria das escolas, mas criar
dos os setores da atividade humana e o ensino também uma arma importante na luta contra
não constitui uma exceção. A decadência capi- a destruição do ensino público uma vez que,
talista é, portanto, a decadência da Educação. estando os pais engajados nos problemas do
87. Está colocada a necessidade de colocar a ensino estarão também na luta pela melhoria
Educação à serviço da luta de classes para pôr do mesmo.
fim ao regime político e ao Estado burguês que 97. A reivindicação de imediata eleição de di-
destrói a educação de milhões em favor dos retores, vice e coordenadores de escolas deve
interesses privados de uma ínfima minoria de ser um passo transitório no sentido de uma
exploradores. verdadeira gestão democrática nas escolas, o
88. A educação necessária passa pela luta contra que só é possível com o controle das mesmas
a opressão capitalista que ameaça a existência pela comunidade escolar.
do sistema público de ensino. 98. Defendemos também autonomia total para
89. O papel do professor é evidenciar que as escolas.
sem luta, com a vitória do golpe e da direita, 99.  Autonomia financeira para decidir onde
haverá um colossal retrocesso nas condições e quando aplicar as verbas e também realizar
educacionais e cada vez mais o ensino será gastos necessários ao processo educativo.
transformado num privilégio. Sem luta 100.  Autonomia didática e educacional para
sequer estará assegurada a existência do decidir como ensinar e o que ensinar, incluindo
ensino público no futuro próximo. disciplinas que a comunidade ache necessária,
90. A tarefa dos que desejam transformar a além de se colocar à disposição dos alunos a
situação atual é colocar a escola a serviço chamada “ base comum”.
da luta contra o regime político e o Estado 101.  Autonomia administrativa para decidir
burguês que atuam no sentido da destruição sobre o funcionamento geral da escola, con-
do ensino público e são um entrave ao desen- tratação de pessoal, etc.
volvimento social e cultural da maioria. Isso só
pode ser realizado através da mobilização dos
setores mais oprimidos e mais dinâmicos da
comunidade escolar: a juventude estudantil, os
V Política Sindical
professores e funcionários. 1. Independência da burguesia golpista
91. Melhorar a redação para explicar que não
Fora os ministros sabotadores.
somos o ensino público
Nenhuma subordinação da CUT à
92. Reverter todas as mudanças feitas pelos política dos pelegos
governo Temer e Bolsonaro
102. A experiência recente, do período golpista,
93. O professor deve atuar como formador de comprovou o beco sem saída que representa a
jovens que sejam capazes de lutar para mudar política de “unidade” com setores golpistas e
a realidade… e não como meros “reprodutores”, defensores dos interesses patronais a pretexto
“escravos” do sistema atual. de que seria preciso “unir todo mundo”. Na
“hora H”, como se viu nas greves (claramen-
2. Gestão democrática te sabotada pelos pelegos da UGT e Força
Sindical, por exemplo) e mobilizações, bem
Eleição direta para diretores e como nas votações decisivas no Congresso etc.
coordenadores, gestão tripartite e (quando os “progressistas” do PSDB, PSB, PDT
autonomia total para a escola SDS, deram os votos necessários para esfolar
94. Na maioria das escolas impera uma ver- os trabalhadores) esses setores se curvam aos
dadeira ditadura contra alunos, professores e interesses do grande capital contra a maioria
funcionários. da população.
95. Por isso propomos que a comunidade par- 103. De modo algum se pode tomar isoladamen-
ticipe do dia-a-dia da escola não para fazer te defesa das principais conquistas e reivindica-
reformas, consertos, etc.. Defendemos que os ções dos profissionais da Educação, que estão

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definitivamente ligadas ao combate mais geral lutas da classe operária brasileira ocorridas a

tese
da política que vem sendo encaminhada pelo partir do início dos anos 80.
regime golpista. Essas só podem ser efetivamen- 110. Embora a CUT só tenha sido criada em 1983,
te defendidas com a luta direta e unificada dos já na década anterior, os principais líderes que
trabalhadores, onde a mobilização, assembleias

13
estiveram à frente das greves operárias que
unitárias, greve unificada e geral são os instru- impulsionaram o fim da ditadura, como o atual
mentos fundamentais, como na luta contra o presidente Lula, estiveram à frente da criação da
fechamento das escolas, em 2015, e nas greves Central, em oposição ao peleguismo, marca do
de nossa categoria. sindicalismo nos anos de chumbo da ditadura.
104. Nosso Sindicato, o primeiro a tomar as ruas 111. Apesar dos anos de refluxo do movimento
contra o golpe de Estado, um dos mais ativos
operário, principalmente como resultado da
na luta contra o golpe, sendo o primeiro a sair
política neoliberal imposta pelo imperialismo em
às ruas contra o golpe (2015), se posicionando
todo o mundo, a CUT ainda assim manteve seu
pela anulação do impeachment da presidenta
papel de destaque na luta dos trabalhadores,
Dilma, contra a prisão do ex-presidente Lula e
particularmente diante do golpe de 2016, com
contra os ataques da direita.
a derrubada da presidenta Dilma Rousseff e
105. A mobilização popular e a liderança de posteriormente contra os governos Temer e
Lula, garantiram uma vitória de Lula, mas o Bolsonaro e na arrancada final que levou à vitória
governo está repleto de sabotadores que se de Lula nas eleições de 2022.
opõem diretamente à política do presidente e
112. Na atual etapa, que coincide com a realiza-
que foi base da sua vitória com amplo apoio
ção dos congressos e em um momento em que
da esquerda, como é o caso da “reforma” do
ensino médio que Camilo Santana quer manter; a crise política que atinge o governo Lula assume
da sabotagem de Marina Silva, contra a explo- contornos cada vez mais graves, a CUT tem que
ração do petróleo; da oposição à reestatização se colocar à altura da sua responsabilidade.
da Eletrobrás, por parte do ministro das Minas 113. É nesse sentido que a Central não pode
e Energia, Alexandre Silveira etc. ter um papel de espectador, de apoiadora das
106. A CUT, a APEOESP e todos os sindicatos de- medidas tímidas apresentadas até o momento
vem ter uma política independente e, denunciar pelo governo Lula.
a sabotagem e exigir a saída dos ministros 114. A CUT deve aproveitar a tendência à mobi-
golpistas e sabotadores e se opor à entrega lização presente no movimento operário, nas
de espaço dos governo - eleito pelos trabalha- greves dos professores em diversos estados da
dores - para as máfias do centrão, bolsonaristas federação e nos metalúrgicos do ABC; nas ruas
e outros inimigos do povo. contra a taxa de juros, por exemplo, e usar os
107. Como parte dessa luta, devemos reivin- congressos como momento de discussão das
dicar da CUT, maior organização de luta da necessidades fundamentais dos trabalhadores,
classe trabalhadora brasileira, com mais de 4 entre elas a luta por um plebiscito revogatório
mil sindicatos filiados, se coloque na situação de todas as medidas tomadas pelos golpistas
com uma política própria, que nada tem a ver (“revogaço”); a luta por uma efetiva política
com a política das demais “centrais” aliadas dos contra o desemprego e pela recomposição do
patrões (como a Força Sindical e a UGT) que salário mínimo; a luta pela reforma agrária, entre
atuam contra qualquer mobilização real, depois outras medidas.
de terem apoiado o golpe de Estado e ajudado
a eleger os carrascos dos trabalhadores.
3. Unidade com o funcionalismo: um só
patrão uma só local de trabalho, uma
2. Congressos da CUT devem convocar
a mobilização só categoria e um só sindicato
115. Por um sindicato Único dos trabalhadores
108. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), à
da Educação.
qual a APEOESP está filiada, é um dos principais
pilares, completa 40 anos e realiza seu congresso 116. Campanhas salariais e greves unificadas, for-
nacional, em outubro, depois de congressos talecendo a luta de professores e funcionários.
estaduais em todo o País. 117. Fim da escravidão dos fucnionários: piso
109. São eventos da maior importância porque salarial dos funcionários de pelo menos um
trata-se da maior central sindical da América salário mínimo vital.
Latina e uma das maiores do mundo, com mais 118. Fim das terceirizações. Concurso público
de 4 mil sindicatos filiados e responsável pelas para contratação de 50 mil funcionários.

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125.  Campanha imediata de creches para todas
VI Políticas Permanentes
tese
os filhos das professoras e professores, como
Abaixo a política identitária da direita, parte da luta por creche para todos
unir todos os explorados na luta contra o 126.  Que o Estado garanta às mães e pais pro-

13
capitalismo fessores o pagamento de auxílio creche,
enquanto não garantir o atendimento dos
1. A luta por Creches e a defesa das nossos filhos em creches públicas
reivindicações das Mulheres 127.  Contra a criminalização do aborto. Li-
Mobilizar pelas reivindicações das berdade de decisão para as mulheres e sua
professoras e demais mulheres realização pela rede pública em condições
adequadas. Que a mulher decida livremente
119. A dominação da direita golpista significa um
sobre seu corpo
ataque aos direitos das mulheres em larga esca-
la. É por um lado, prender e reprimir as mulheres
que fazem a aborto, negar o direito da mulher 2. Mobilizar pelas reivindicações
sobre seu próprio corpo; e por outro lado, não
dar nenhuma condição para que as mulheres,
dos negros contra o regime
em especial as trabalhadoras, possam criar seus golpista e racista
filhos. O programa da direita é o programa ne- 128. A luta dos negros contra o racismo e a
oliberal, de miséria; de liquidação dos direitos opressão se dá diante de sua organização para
trabalhistas, de privatização e devastação da que se resolva o problema de maneira coletiva.
economia nacional e de fim dos gastos sociais Não será por meio da censura ou por mais leis
do governo. Isso significa deixar as mulheres que reforcem a repressão, a luta do povo negro
trabalhadores à sua própria sorte, sem creches se dá no combate direto ao sistema opressivo
e escolas para seus filhos, sem saúde pública e e explorador de sua classe.
sem assistência de nenhum tipo.
129. - Salários iguais para funções iguais.
120. Essa é a verdadeira situação de opressão
130. - Direito de acesso igual para os negros em
da mulher. Não podemos deixar de lado es-
todas as funções públicas.
sas questões fundamentais para se dedicarem
a problemas de forma, como a aprovação da 131. - Dissolução das PM’s - máquina de guerra
lei que pune a pessoa que falar determinadas contra o povo negro e pobre - e de todo aparato
coisas contra as mulheres. É preciso lutar contra repressivo.
o golpe e as instituições dominadas pela direita, 132. - Não a redução da maioridade penal.
que não vão defender o direito das mulheres, 133. - Pela garantia do direito à educação à po-
dos oprimidos e explorados, mas atacá-los. pulação negra: fim do vestibular; livre ingresso
121. As mulheres precisam se organizar para lutar na universidade pública
por seus direitos e contra a sua opressão. Essa 134. - Liberdade de expressão nas escolas, Ne-
situação não pode ser efetivamente mudada nhuma censura
de maneira isolada do resto da sociedade, ou
seja, sem promover uma transformação geral
da sociedade em que vivemos hoje, o que só
pode ser feito pela mobilização revolucionária
VI Plano de Lutas
da classe operária e demais explorados e suas Mobilizar pelo salário e demais
organizações de luta.
reivindicações da categoria
122. Por isso, a luta das mulheres deve estar
intimamente ligada à luta contra o capitalismo 135.  Pagamento imediato e integral do Piso
e pelo socialismo. Ou seja, à luta pela tomada Salarial Nacional dos Professores como
do poder do Estado pelos trabalhadores. salário-base, inclusive para os aposentados;
123. A luta que está colocada de imediato para 136.  C umprimento imediato da Meta 17, do
as mulheres é a luta contra a direita, contra a PNE, com equiparação dos salários dos
ofensiva golpista, , e da direita que tem como professores e aos demais profissionais com
principal alvo as mulheres. ensino superior;
124. É a luta contra o aprofundamento do golpe, 137.  Piso Salarial suficiente para atender às ne-
que teve como um dos seus pontos centrais cessidades do professor e de sua família, que
a deposição ilegal da primeira mulher eleita hoje não poderia ser de menos de R$8 mil;
presidenta da República, a companheira Dilma 138.  Revogação do NEM e de todas as medidas
Rousseff. dos governos golpistas contra a Educação;

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139.  Reposição integral das perdas salariais; etapa anterior e organizar a partir das escolas a

tese
140.  Salário Igual para trabalho Igual. isonomia luta por um conjunto de medidas que visem o
salarial já. Abaixo a política de bônus, rea- fortalecimento do Sindicato, o estabelecimento
justes diferenciados etc.; de um controle da base sobre as decisões do
Sindicato.

13
141.  Aposentadoria Integral, igual aos salários
dos ativos; 157. Dentre as quais destacamos:
142.  Pagamento aos aposentados de todos os 158. 1) Transformação da diretoria da APEOESP em
direitos garantidos aos professores da ativa. uma diretoria executiva, encaminhadora das
Garantido-se os direitos para os aposenta- decisões do CER. O Conselho Estadual de Re-
dos com paridade e sem paridade; presentantes deve gerir tudo que diz respeito
ao sindicato.
143.  Redução do número de alunos por sala
de aula: máximo de 25 alunos por sala no 159. 2) Os membros do Conselho Estadual de Repre-
ensino Médio e no II Ciclo do EF: Máximo sentantes, assim como os Conselheiros Regio-
de 15 alunos no I Ciclo do EF; nais, devem ser eleitos diretamente nas escolas,
pondo fim a todo tipo de “filtros” que imponham
144.  Fim da escravidào dos professores tempo-
restrições à participação da base da categoria;
rários e de todos os educadores - Salários
e direitos iguais para todos os professores; 160. 3) Os mandatos dos Conselheiros devem ser
revogáveis, por aqueles que os elegeram;
145.  Jornada máxima de 30 horas/aula semanais
(20 em sala de aula e 10 horas livres) 161. 4) As coordenações e direções das subsedes
devem ser eleitas nas escolas, também com
146.  Estabilidade para todos os professores e
mandatos revogáveis e para fins específicos.
funcionários.
162. 5) Realização de conferências da Educação e
147.  Fim de todas as terceirizações.
congressos anuais massivos, com delegados
148.  Mais verbas para a Educação. Verbas públicas eleitos nas escolas na proporção de 1 para cada
somente para as Escolas pública; 10 professores filiados e também os delegados
149.  Mais verbas diretamente para as Escolas, para congresso do sindicato.
garantirem todas as suas necessidades, sob 163. 6) Soberana das assembleias gerais da categoria
o controle da Comunidade. para a deliberação de questões vitais que di-
150.  Para impulsionar a luta por essas reivindi- zem respeito ao conjunto dos professores, com
cações: direito de intervenção para os professores da
151.  G rande Ato de mobilização, junto com base da categoria;
outros setores, durante o Cobgresso da 164. 7) Nenhum privilégio, por menor que seja, para
APEOESP os diretores ou membros dos Conselhos de
152.  Assembléia na categoria na primeira quin- Representantes.
zena de setembro, amplamente convocada 165. 8) Proporcionalidade direta e qualificada na
nas escolas formação da direção. Fim da antidemocrática
153.  Realizar uma grande campanha para realizar “cláusula de barreira” (hoje de 10%) que impede
uma forte greve da categoria no segundo a representação na diretoria de setores que têm
semestre uma destacada participação na luta da categoria
e apoio de milhares de professores.

V Estatutos
Abrir o Sindicato para o ativismo,
EDUCADORES EM LUTA
democratizar para fortalecer nossa luta @educadoresemluta.pco
154. Democratizar a APEOESP para fortalecer a Professores da Corrente Sindical
luta contra a direita golpista. É preciso deixar Nacional Causa Operária
para trás esta política de “fechamento” e controle
Contatos com a Coordenação: Professores
burocrático que promoveram uma limitação
Antônio Carlos Silva (11) 98344-0068,
para a necessária luta de nossa categoria.
Lilian Miranda (14) 99728-0289, Caio Túlio
155. Nessas condições é preciso ampliar e facilitar (11)949236076, Marina Madeira (19) 98121-4234,
a participação e o controle da categoria sobre Flávia Prates (16) 997811768, Anderson Geraldo
o Sindicato, permitindo uma ampla renovação (11)974317667,, Edmar Oga (14) 997582992,
de sua base militante e de suas lideranças. Joana Darc (14)997946136, Felipe Rodrigues
156. É necessário discutir a situação, o balanço da (11)992758346, Riva (19) 99313-8588

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tese
14 TESES DO MOVIMENTO LUTA DE CLASSES
AO XXVII CONGRESSO DA APEOESP

1. Este documento é uma colaboração coletiva mudanças estruturantes na produção capita-


dos militantes do MLC, seja na direção de sin- lista internacional e no mundo do trabalho, o
dicatos, oposições e núcleos de base. Os textos avanço de tecnologias da informação e da mi-
e formulações seguem abertos às atualizações croeletrônica nas áreas de indústria e serviços,
necessárias dada a dinâmica social do sistema que são utilizadas pelo Grande Capital para
capitalista em que estamos inseridos, bem como impor redução na remuneração dos trabalha-
as lutas e reivindicações impostas da categoria dores e aumento da jornada de trabalho a nível
dos professores. internacional. Este fato redundou em ondas
2. Consideramos motivo de grande honra apre- de demissões e ampliação de um já imenso
sentar nossas ideias diante de uma entidade de contingente de pessoas sem emprego e com a
tamanha importância na luta histórica de nossa incerteza cotidiana da remuneração necessária
classe trabalhadora brasileira. Para o MLC, os para sobreviver. Um exemplo recente é o das
sindicatos são instrumentos de organização dos Big Techs, grandes empresas de tecnologia que
interesses atuais e futuros da classe trabalhadora cresceram exponencialmente na pandemia e
nos quais exercemos nossa construção coletiva pareciam inalcançáveis frente a uma crise, e que
e ensaiamos a sociedade na qual projetamos o realizaram mais de 60 mil demissões em todo
fim da exploração de classe e, portanto, homens o mundo, entre novembro/2022 e março/2023.
e mulheres livres. 6. Conforme demonstram os estudos seculares
de Karl Marx em O Capital: 1) nas relações entre
capital e trabalho, lucros e salários ficam na razão
1. CONJUNTURA INTERNACIONAL inversa um do outro; e 2) o desemprego é um
instrumento do capital para pressionar o rebai-
E NACIONAL xamento geral dos salários. Fato agora também
3. O ano de 2023 chega à metade confirmando registrado nas chamadas empresas do futuro.
a tendência à queda das taxas de crescimento e 7. A imensa concentração (capital gerado na
estagnação econômica a nível mundial. Devido produção de novos capitais) e a centralização
principalmente, mas não só, ao alto custo da (fusões, aquisições e a realocação de capitais)
energia, à dificuldade na oferta de semicondu- internacional nos países imperialistas faz a
tores, ampliada pela tensão EUA-China-Taiwan, burguesia internacional alocar grande parte
e à guerra na Ucrânia, que impacta preços de do capital no setor financeiro, priorizando a
alimentos e energia. (Relatório Fundo Monetário especulação. Somado ao quadro exposto acima,
Internacional, 13/11/2022). vemos o quadro de extrema desigualdade no
4. Isso se percebe mesmo após um breve qual vive a humanidade, diretamente relacio-
período de recuperação em 2022, devido à nado ao vertiginoso crescimento de fome e
retomada da demanda produtiva e de consumo miséria mundial.
represada na pandemia de COVID-19, ainda que 8. Não é por acaso que o 1% mais rico do
este crescimento tenha ocorrido com grandes mundo ficou com quase 2/3 de toda riqueza
taxas de inflação dos preços, em especial nos gerada desde 2020, cerca de US$ 42 trilhões,
itens de consumo da classe trabalhadora. seis vezes mais dinheiro que 90% da população
5. Mas existe um fator de longa data que global (7 bilhões de pessoas) conseguiu no
impacta o ciclo econômico atual. Trata-se das mesmo período. Na última década, esse mesmo

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1% ficou com cerca de metade de toda riqueza 14. Não é por acaso que a crise iniciada em 2008

tese
criada. (Oxfam). gerou fortes mobilizações a nível internacional,
9. Esta situação tem origem no poder econô- como o movimento Ocupe Wall Street, greves
mico da burguesia a nível internacional, mas a internacionais e levantes. A expressão disso no
Brasil foram as jornadas de junho de 2013 con-

14
principal sustentação é o poder político e estatal
desta classe na sociedade. Passados mais de tra o aumento das passagens, custo de vida e
30 anos desde o fim da primeira experiência em repúdio a violência policial. Porém, quando
em grande escala de sociedade dirigida por uma alternativa popular não se consolida numa
trabalhadoras e trabalhadores, a União das revolta, pode-se então abrir espaço para o
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), os Fascismo, que é a Ditadura Terrorista do Capital
países imperialistas implementaram com força Financeiro, um instrumento da Burguesia para
total a política econômica neoliberal pregada manter seu poder. Aproveitando-se da crise e
pelos “especialistas técnicos burgueses”, pois temor social generalizado, o regime capitalista
não tinham a frente um adversário à altura para usa do senso comum permeado de preconceitos
resistir ao movimento da chamada Nova Ordem e de relações sociais atrasadas para capturar
Mundial. parte da revolta de setores da população. Ao
mesmo tempo, implementar uma política de
10. O resultado foi a onda de privatizações dos
ataque às liberdades democráticas e à organi-
patrimônios públicos e estratégicos, mais ainda
zação popular. (Ler: Unidade Operária contra
em países dependentes como o Brasil. Direitos
o Fascismo – George Dimitrov - 1935).
sociais foram atacados ou entregues à “livre
iniciativa de mercado”, reforçando uma tragédia 15. Na última década, vimos no mundo a ascen-
social que teve um salto significativo com a crise são de governos, golpes, movimentos e lideran-
econômica de 2008 nos EUA e Europa. ças fascistas na esteira da decepção popular e da
revolta contra a crise, alimentados por racismo,
11. Um aspecto fundamental da crise do capital
xenofobia, machismo, fundamentalismo religio-
é que ela tem fortes impactos ambientais. O
so, negacionismo científico e disseminação de
maior exemplo foi a calamidade social vivida a
mentiras. Tudo isso serviu para que a burguesia
partir de 2020 com a pandemia de COVID-19,
retirasse as contradições essenciais do sistema
na qual os impactos ambientais da exploração
do foco das discussões sociais, desmobilizando
capitalista e governos a serviço do lucro e pri-
a luta social da classe trabalhadora.
vilégios de poucos impuseram um genocídio a
nível internacional. 16. Frente a isso, o movimento popular e demo-
crático em todo o mundo segue reagindo em
12. Além da superexploração do trabalho, misé-
luta, como pode ser visto na histórica derrota
ria crescente e destruição ambiental, o capita- de Trump nos EUA (2020), com o protagonismo
lismo busca solucionar suas crises com guerras. do movimento negro nas ruas. Ou ainda, nas
Iniciamos 2023 com a notícia de que EUA, recentes mobilizações de milhões no Chile, Peru,
Alemanha e Inglaterra ampliam os arsenais de Equador, Bolívia, Colômbia contra o fascismo e o
armas, soldados e blindados para a guerra entre neoliberalismo, que resultaram em vitórias eleito-
Rússia e Ucrânia. A manutenção deste conflito rais de candidaturas progressistas. E também na
atende a interesses das elites econômicas destes eleição de Lula e derrota do fascista Bolsonaro
países, com a ampliação de venda de armas e em 2022, fruto de um amplo movimento de mas-
domínio sobre matérias primas estratégicas, a sas. O Movimento Luta de Classes compreende
campanha contra a continuidade da guerra é que enquanto persistir o Capitalismo segue vivo
dever internacional da classe trabalhadora. o Fascismo. Como mostra a história, foi o socia-
lismo da URSS o principal responsável pelo fim
Somente o Socialismo pode derrotar do Nazifascismo na Segunda Guerra Mundial.
Outras experiências históricas evidenciam que a
definitivamente o Fascismo luta socialista pela superação do capitalismo, a
13. O cenário de crise econômica e social leva nível internacional, é o caminho para derrotar o
as grandes massas de trabalhadores e setores fascismo. Por sua vez, os avanços tecnológicos e
médios a indignação e revolta social, pela piora produtivos demonstram a possibilidade concreta
de suas condições de vida. As lutas se intensi- de que o ser humano trabalhe menos tempo e
ficam, o espaço para propostas de ruptura ou produza mais e que todas e todos possam ter
reformas cresce. A história do capitalismo nos trabalho. Além disso, existe alimento suficiente
séculos XX e XXI mostra que, nestes momentos, no mundo para que não se passe fome, casas
alternativas revolucionárias de sociedade, com a suficientes para que não se viva nas ruas. Ou
direção dos explorados e oprimidos, conseguem seja, as condições estão dadas para um regime
crescer ou serem vitoriosas na sociedade. sem desigualdades sociais.

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17. Mas não nos basta a constatação, somente defesa da democracia brasileira, 500 mil pessoas

tese
a ação consciente do povo trabalhador pode estiveram em Brasília para celebrar a posse de
mudar a realidade. Neste sentido o movimento Lula e a derrota eleitoral do fascismo.
sindical está no centro da construção da revolu-
ção social, pois vive a contradição Capital X Tra-

14
balho, a chamada Luta de Classes, logo devemos
O povo organizado resiste
avançar na luta por conquistas e direitos, em um aos golpistas.
processo que eduque politicamente gerações 22. O dia 01 de janeiro de 2023 entrou para a
de nossa classe demonstrando os limites do história com um grande ato em defesa da de-
sistema em que vivemos e apresentando a real mocracia brasileira, 500 mil pessoas estiveram
possibilidade de construção do socialismo. em Brasília para celebrar a posse de Lula e a
derrota eleitoral do fascismo. A APEOESP cor-
Vitória eleitoral popular e retamente se mobilizou para este importante
evento que serviu a luta contra o golpismo.
mobilização nas Ruas no Brasil 23. Inconformados com o resultado das urnas,
18. O povo trabalhador brasileiro elegeu Lula, golpistas financiados por grandes empresários,
impondo uma grande derrota nas urnas ao go- bloquearam estradas, acamparam em frente a
verno fascista e negacionista de Jair Bolsonaro. quartéis e promoveram atos antidemocráticos
Mesmo com apoio de grandes empresários, de desde o final de 2022. No dia 08 de janeiro uma
militares traidores da Constituição, do “Centrão” tentativa de golpe foi executada no país. Grupos
e o uso criminoso da máquina pública, com bolsonaristas fascistas se deslocaram ao Distrito
gastos às vésperas da eleição (foram mais R$140 Federal em caravanas financiadas por empresários
bilhões em benefícios com data limite de 2022) do agronegócio, grandes transportadoras e polí-
o governo anti-povo não conseguiu a reeleição, ticos de extrema direita. Houve franca conivência
fato inédito na história do país. do Governo do DF, sinalizado pelas exonerações
19. Contribuiu decisivamente para esta vitória no comando da segurança pública na semana
um amplo movimento de massas pela democra- anterior e pela ausência premeditada do Secre-
cia e por direitos sociais, em uma grande jornada tário de Segurança em um dia que sabidamente
de atos e campanha de rua durante o segundo contaria com forte contingente de bolsonaristas
turno, mas principalmente, o acúmulo de lutas golpistas em Brasília. Anderson Torres, ex-ministro
heróicas como o Tsunami da Educação (2019), de Bolsonaro, é um agitador golpista de longa
a mobilização contra a Reforma da Previdência data, não por acaso no dia 12 de janeiro, uma
(2019), as jornadas de 2020, manifestações de operação da Polícia Federal encontrou minuta
2021 (iniciada pela articulação Povo na Rua de decreto para tentar legitimar o golpe.
Fora Bolsonaro) contra a política de governo 24. A conspiração golpista possivelmente con-
diante da pandemia, inúmeras greves, como na tou com oficiais do alto-comando das Forças
área da enfermagem pelo piso salarial ou dos Armadas. Infiltrados nos órgãos de inteligência
trabalhadores de aplicativo por direitos. como GSI, Abin ou agindo diretamente de suas
20. No primeiro turno de 2022 a candidatura posições de comando das Forças, estes oficiais
de esquerda de Leonardo Péricles, da Unidade atuam contra a constituição em nome de garan-
Popular, apresentou o programa histórico de tir seus privilégios e impedir a culpabilização por
nossa classe, trazendo pautas como auditoria seus crimes e de seus governantes do executivo.
da Dívida Pública, reforma agrária, estatização 25. O vandalismo dos fascistas em Brasília é
dos setores estratégicos, e infundiu o espírito estimado em mais de R$122 milhões e tinha
de campanha de rua em importantes setores o objetivo de estimular uma insurreição pró-
da classe. Trazendo para o debate eleitoral um -ditadura fascista em todo país. Em suas redes
contraponto em um terreno dominado pela sociais, Bolsonaro tirava sarro da democracia,
política mais ou menos liberal. relativizando o maior atentado às instituições
21. No segundo turno, a maioria do povo tra- democráticas desde o próprio golpe de 1964.
balhador comparou suas condições de vida e 26. Ainda na noite de domingo, Lula decretou in-
luta durante os governos de antes do golpe de tervenção na segurança pública do DF, fato que
2016 (gestões Lula e Dilma) e a gestão do fascista deu autoridade ao poder executivo de comandar
em 2022. O resultado foi a grande votação de a PMDF e a Força Nacional parabéns retirada
Lula com 60 milhões de brasileiros afirmando dos golpistas dos prédios dos poderes públicos.
a rejeição ao fascismo. O povo organizado re- Medidas seguintes tomadas no STF e Congresso
siste aos golpistas. O dia 01 de janeiro de 2023 Nacional (com votos contrários de deputados de
entrou para a história com um grande ato em extrema direita) garantiram afastamento do Go-

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vernador Ibaneis Rocha do DF e encaminharam ses neoliberais terem hegemonia na condução

tese
pedido de prisão de Anderson Torres. de propostas e pressionar para que a classe
27. Ao mesmo tempo, partidos de esquerda, trabalhadora não tenha avanços. Exemplo disso
movimentos sociais e centrais sindicais convo- foram as declarações de membros do governo
eleito, desconsiderando a reversão, mesmo que

14
caram ampla mobilização de massas nas ruas
no dia seguinte (09/01) à tentativa de golpe, às parcial, de reformas antipovo, como a Trabalhista
18h em diversas cidades do Brasil. Nas horas e da Previdência.
seguintes, uma verdadeira rede de vigilân- 30. No caso da educação, o grande capital
cia popular e democrática nas mídias digitais do ensino privado pressiona para dar linha de
monitorou as ações golpistas previstas para a aplicação do governo. Enquanto fascistas tra-
manhã seguinte, que envolviam sabotagem de mam golpismo, setores do mercado financeiro
refinarias e fechamento de vias. Isso permitiu sabotam as iniciativas do Estado Brasileiro que
que denúncias fossem feitas a governos locais coloquem recursos prioritários para os direitos
e ao próprio governo federal. A mobilização de sociais ou que fortaleçam o crescimento eco-
milhares no dia 09 de janeiro levantou a bandeira nômico interno. Caso da política de juros do
de punição a Bolsonaro e seus cúmplices. Por Banco Central, hoje legalmente autônomo, mas,
isso, o golpe foi derrotado. na prática, subordinado aos bancos e fundos de
investimento.
31. Os juros altos são uma pequena peça no
Ditadura nunca mais! Punição aos esquema de sequestro do orçamento, o Sistema
golpistas de ontem e hoje! da Dívida Pública brasileiro, que é denunciado
28. Aqueles que tramam por um golpe querem pela campanha da Auditoria Cidadã (audito-
uma Ditadura Militar no Brasil. Como sabemos o riacidada.org.br). Em 2023, 49% dos gastos da
regime de 1964 fechou o congresso, caçou sin- União serão com juros e amortizações de uma
dicatos e entidades estudantis, arrochou salários, dívida que foi contraída sem contrapartidas e
assassinou e torturou milhares de brasileiros, sem debate com a população e que contêm
diversas ilegalidades. Importante dado econô-
alavancou a dívida externa em 3000% entre
mico é que R$1,7 trilhão estão imobilizados na
1964 e 1984. Quem ousou exigir direitos sociais
chamada Conta Única do Tesouro, unicamente
era considerado inimigo do país. O terrorismo
como forma de lastrear a Dívida Pública. Este
visto no dia 08 de janeiro é parte da tradição
recurso poderia, ao menos parcialmente, susten-
do golpismo dos generais traidores da pátria
tar a política de valorização do salário-mínimo,
no Brasil, ainda na ditadura com bombas em
que ainda espera um reajuste acima da inflação
quartéis para culpar organizações de esquerda
em 2023, conforme promessa da campanha do
e já na redemocratização, como é de registro
atual governo.
histórico o atentado no Rio Centro. Por isso,
devemos fortalecer a luta pela prisão e confisco 32. Vencemos uma batalha nas urnas, mas de-
dos bens de todos os envolvidos na tentativa vemos nos organizar para derrotar os fascistas
de golpe de 08 de janeiro de 2023 e imediata nas ruas, além de pressionar por nossas pautas
mudança no alto comando das forças armadas e programa histórico. Não podemos terceirizar
e estruturas de vigilância de Estado. Além disso, para as instituições do Estado burguês (STF, TSE,
só derrotamos os fascistas em amplas mobili- parlamento) a tarefa de enfrentar um inimigo
zações populares nas ruas no próximo período que conta com forte poder econômico na socie-
dade. Para isso é fundamental que o conjunto
e organizando as lutas da classe trabalhadora.
do povo trabalhador, incluindo nossa categoria
Mas é necessário lembrar que a anistia da rea-
dos professores e professoras, se organize para
bertura democrática isentou os criminosos de
a mobilização de massa nas ruas, para avançar
Estado nas forças de segurança e fortalece a
nos nossos direitos, fortalecendo a ação da
postura genocida de polícias país afora contra
APEOESP. O MLC defende conjuntamente com
a população pobre e negra nas favelas e bairros
o partido Unidade Popular um programa para
pobres. É urgente a abertura dos arquivos da
superar a crise brasileira, algumas das principais
Ditadura e processos de prisão para torturadores
propostas são:
e assassinos daquele período, para que não se
esqueça para que nunca mais aconteça    Auditoria da dívida pública;
   Revogação do Novo Ensino Médio
Mobilizar o povo trabalhador    Taxação das grandes fortunas;

 Reforma tributária que taxe os bilionários e
por suas pautas! isente a classe trabalhadora (piso de R$ 5mil
29. No atual governo vemos os setores burgue- no IR);

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 Reestatização de setores estratégicos; la; 2) aumento da desigualdade social, pois não

tese

 Reforma Urbana e Agrária; democratiza o saber notório; 3) precarização
nas condições de trabalho dos professores.

 Redução da Jornada de Trabalho e garantia
emprego; 37. Vale aprofundar o último ponto: os pro-

14
fessores e professoras estão sendo obriga-

 Reversão das Reformas Trabalhista, Previden-
dos a deixarem de lecionar as disciplinas em
ciária, Teto de Gastos, Novo Ensino Médio e
que foram graduados, para atribuir aulas dos
Arcabouço fiscal;
Itinerários Formativos (IF), que muitas vezes

 Valorização dos serviços públicos com con- não abordam os conteúdos orientados pelo
cursos e recomposição orçamentária. currículo na graduação. Muitos professores da

 Aumento real de 100% do salário mínimo, rede estão atribuindo apenas aulas de IF, pois
acima da inflação. Visando o salário mínimo houve a redução de carga horária das disciplinas
calculado pelo Departamento de Estudos da BNCC. Se cada IF tiver 2 aulas na semana,
Intersindicais (DIEESE) significa que o professor pode ter atribuídos
18 itinerários formativos. Ou seja, o educador
precisa planejar, elaborar, formular e corrigir
2. REVOGA NEM conteúdos muito diferentes. A conta não fecha.
33. Proposto através de uma Medida Provisória 38. Embora haja a suspensão da implementação
pelo governo golpista de Michel Temer, o NEM do NEM, conquistado através da luta dos estu-
é um pacote de maldades contra a juventude e dantes e trabalhadores da educação por meio
os trabalhadores da educação. A implementação dos grandes atos no primeiro semestre, não é o
ficou por conta de Bolsonaro, inimigo declarado suficiente. É necessária a imediata revogação! O
da educação pública, sem qualquer diálogo com currículo deve ser elaborado pela comunidade
a comunidade escolar. Seu foco é restringir o escolar, professores e estudantes, para que esse
currículo, e abrir espaço para a lógica de uma sim esteja a serviço dos interesses da classe
educação ainda mais mercadológica, atendendo trabalhadora.
as demandas dos bilionários setores da educa- 39. Mas, para além da revogação do Novo
ção privada. Ensino Médio, é preciso aprofundar o debate
34. A pandemia e a tragédia do funcionamento sobre as questões econômicas do nosso país.
do MEC nos quatro anos de governo do fas- A educação não deve ser tratada como moe-
cista Bolsonaro (mudança de vários ministros, da de troca, uma mercadoria, e sim como um
denúncias de corrupção com barras de ouro, investimento em busca da soberania nacional.
interferências no ENEM, entre tantos outros Nesse sentido, é impossível a democratização
absurdos) pioraram a situação. Cercearam ainda do saber sem a destinação de recursos públicos
mais qualquer espaço de debate ou participa- voltados para a área da educação. Somente em
ção de profissionais da educação, estudantes, 2022, foram pagos mais de R$1,879 trilhão para
familiares e da própria sociedade na discussão os donos dos títulos da dívida pública, a grande
da implementação. maioria bancos e especuladores, segundo a “Au-
35. A proposta, na verdade, precariza ainda ditoria Cidadã da Dívida”. Sem dúvida, o povo
mais a educação no nosso país restringindo o viveria melhor se o dinheiro fosse investido em
acesso a uma educação pública de qualidade. saúde, moradia, segurança e educação. É preciso
O NEM carrega a ideologia das classes domi- acabar com a sangria do pagamento de juros e
nantes, que possuem interesses em construir amortizações da dívida pública, a qual sugam
uma escola acrítica e mercadológica. Isso se 46,3% do orçamento brasileiro e não resolve os
evidencia nos principais interessados na im- problemas básicos das área sociais. Enquanto
plementação da reforma: os grandes tubarões isso, a educação recebe apenas 2,7%. Por isso,
de ensino, como a Fundação Lemann (de Jorge defender mais verbas para a educação e silenciar
Lemann, o segundo maior bilionário do nosso sobre o pagamento de juros aos banqueiros é
país), Fundação Ayrton Senna, Estácio de Sá e pura demagogia.
Kroton. De acordo com o Plano Nacional de 40. A APEOESP precisa lutar por um orçamento
Educação (PNE), os recursos públicos podem ser que assegure investimentos nas áreas sociais.
investidos nas áreas privadas, abrindo caminho A lei dos 10% do PIB para a educação deve ser
para a iniciativa privada e fortalecendo ainda cumprida! Para isso, a defesa da auditoria da
mais a lógica da privatização. dívida deve ser uma bandeira do sindicato.
36. As consequências são várias, dentre essas: 41. A luta pela educação também é a luta
1) aumento da evasão escolar. Cerca de apenas contra o Arcabouço Fiscal, um novo Teto de
15% da juventude acima de 16 anos está na esco- Gastos, que limita os investimentos sociais e

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garante imensos recursos financeiros para a elite 45. Na prática, a privatização explora ainda mais

tese
gananciosa, exploradora e antidemocrática. Os os trabalhadores com cargas horárias excessivas,
gastos com saúde, educação, moradia popular baixos salários, poucos ou quase nenhum direito
e reforma agrária não podem, em hipótese trabalhista. Indicado por Tarcisio, Renato Feder
nenhuma, ultrapassar o teto fixado entre 0,6% assume a secretaria de educação do estado, um

14
e 2,5% da despesa primária do ano anterior. empresário privatista, que durante sua gestão no
Não queremos teto nos gastos, queremos mais Paraná aumentou o número de escolas cívico-
investimentos! Elaborado pelos “sábios” dos -militares e possibilitou a privatização da gestão
Ministérios da Fazenda e do Planejamento em ao menos 27 escolas. Vale lembrar que Fe-
com a colaboração de vários representantes der foi cogitado para ser ministro da educação
dos endinheirados, além de diversas consultas durante o governo Bolsonaro, demonstrando
à Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), qual o caráter da gestão do atual governo.
esse vergonhoso e humilhante Arcabouço Fiscal 46. Em novembro de 2022, completou-se 9 anos
é mais uma evidência de que, sai governo, entra desde o último concurso público do Estado de
governo, e a grande burguesia, a classe que é São Paulo para contração de professores, o
dona dos meios de produção, dos bancos e da que temos hoje na rede estadual é a lógica da
terra, segue mandando e desmandando no país. terceirização, colocando diversas categorias que
É necessário responsabilidade e coragem para separam os professores em efetivos, contrata-
acabar de vez com a farra dos ricos! dos, eventuais, etc. Dentro do quadro geral,
60% dos professores e professoras existentes
na rede hoje fazem parte da chamada categoria
3. CONJUNTURA ESTADUAL “O”, ou seja, mais da metade são contratados e
42. Concentrando a maior população do Brasil, automaticamente estão na nova carreira definida
o estado de São Paulo tem cerca de 44.420.459 pelo estado sem nenhum diálogo com a cate-
habitantes, segundo o Censo do Instituto Bra- goria, oferecendo uma carga horária exaustiva
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma e praticamente nenhum direito.
enorme massa de trabalhadores e trabalhado- 47. A cada ano toda a categoria vem sofrendo
ras que fornece ao estado o título de uma das mais com as condições do estado na atribuição
maiores economias do mundo, mas o estado de aulas, não possuindo estabilidade ou certeza
não reflete todo esse valor em qualidade de se vai receber salário no mês seguinte caso não
vida e benefícios para sua grande população. consiga atribuir a quantidade de aulas exigidas.
43. A população sofre na pele todos os dias com Esse ano foi aberto o concurso com somente 15
a falta de investimento público no transporte mil vagas efetivas, tendo mais de 289 mil inscri-
pagando valores altos na passagem do trans- ções. Definitivamente, não contempla o déficit
porte coletivo, que em sua maioria está sempre de vagas da rede que hoje são ocupadas pela
lotado nos horários que há mais demanda de categoria “O” (cerca de 100 mil), muito menos
locomoção para a ida e volta do trabalho, na novos professores. Além deste novo concurso
educação com falta de vagas em creches e es- exigir coisas absurdas como a gravação de uma
colas, na saúde com hospitais e UPAs lotadas, vídeo-aula que comprove a “capacidade” do
farmácias sem medicamentos e demora no professor.
agendamento de exames/consultas, e mesmo 48. Tarcísio, seguindo a mesma cartilha de
sendo um estado tão rico, SP possui mais de Bolsonaro, representa um governo anti-povo,
86 mil pessoas dormindo nas ruas, dentre elas interessado em garantir as vontades da bur-
idosos e crianças. guesia do estado. É necessário que o sindicato
44. Sob o governo fascista de Tarcísio de Freitas mobilize a categoria e se some às lutas por
(Republicanos), bolsonarista e aliado do inelegí- melhores condições de vida da classe tra-
vel ex-capitão, o então governador reproduz no balhadora no nosso estado. O diálogo com
estado a política da privatização, terceirização e a comunidade escolar é fundamental para
sucateamento dos serviços públicos, inclusive, barrar esses retrocessos: realizar assembléias,
querendo liquidar para a iniciativa privada a participar das audiências públicas, construir
educação pública, que mesmo com a falta de os atos de rua contra a privatização da EMAE,
investimentos cumpre um papel fundamental SABESP, CPTM e Metrô.
para a formação dos brasileiros. Já está na mira 49. Foi anunciado também, pelo governador,
de Tarcísio, a privatização da EMAE, CPTM e uma nova proposta para reforma administra-
SABESP, empresas essenciais na vida cotidiana tiva. A justificativa é acabar com os privilégios
do trabalhador paulista. Além disso, também dos cargos comissionados, mas o foco está na
está na agenda de privatizações o Metrô. alteração do Estatuto do Servidor Público Es-

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tadual. Ou seja, irá mexer na gestão dos cargos lideranças são majoritariamente homens. Isso

tese
públicos, podendo incluir revisão de cargos e indica que o espaço sindical ainda é um espaço
salários, reestruturação e remanejamento pes- machista e sem a presença das mulheres em
soal. Como de regra, isso ainda não foi discutido posições de decisão.
com nenhum servidor efetivo e os sindicatos

14
55. A igualdade das condições materiais do
não estão inseridos nas discussões. É preciso trabalho de homens e mulheres passa, tam-
muita atenção e combatividade do sindicato, bém pela direção das mulheres nos rumos
mobilizado junto a categoria, para mais um da luta, porém, no espaço sindical, ainda é
enfrentamento contra a retirada de direitos dos colocado às mulheres apenas tarefas menores
servidores públicos estaduais. ou mecânicas. Mesmo as mulheres estando na
linha de frente contra as opressões do siste-
ma capitalista, a organização das mulheres e
4. A LUTA DAS MULHERES mães trabalhadoras fica no campo das ideias
e na prática, caso busquem se organizar,
TRABALHADORAS precisam aceitar a sobrecarga de mais uma
50. O acúmulo do trabalho reprodutivo com jornada de tarefas.
o trabalho produtivo capitalista marcou a 56. A formulação das mulheres nos rumos da
necessidade da participação das mulheres na luta tem sido fundamental para o avanço da
libertação da classe trabalhadora e fez com classe trabalhadora. Por isso, não é possível mais
que a luta contra o capitalismo ganhasse mais pensar na direção sindical de um dos maiores
força. É nesse momento de maior exploração sindicatos da América Latina onde não haja
da classe trabalhadora que tem origem o movi- paridade entre mulheres e homens na direção
mento feminista. Dentro do sistema capitalista executiva, na diretoria colegiada e também nos
a mulher passou a ter dupla (ou até mesmo conselhos das subsedes. A participação sindical
tripla) jornada de trabalho. Hoje sua jornada das mulheres organizadas dentro das subsedes
de trabalho é 13% maior do que a dos homens precisa ser uma realidade concreta, é necessário
e o salário ainda é 20% menor comparando implementar coletivos de mulheres em todas as
mesmo com o perfil de escolaridade e categoria regiões e criar as condições para as mulheres
de ocupação. mães trabalhadoras se organizarem, ter ativida-
51. Na sociedade de exploração do homem des de formação não apenas de fortalecimento
pelo homem, fica para a mulher as funções de das mulheres, mas contra o machismo presente
cuidado, sendo notado inclusive nos postos nesses espaços.
de trabalho que ocupam. Não é atoa que as 57. É preciso realizar o enfrentamento e o
categorias de educação e saúde são compos- desligamento de dirigentes sindicais que
tas majoritariamente por mulheres, vejamos a ataquem mulheres, que são contra a presença
educação básica brasileira que é composta 80% de mulheres nos espaços sindicais de direção.
por professoras. Secundarizar o papel da mulher nos processos
de mudanças sociais é colocar em risco a luta
As mulheres nas instâncias sindicais pela emancipação da classe trabalhadora.

52. O aumento da participação da mulher no


trabalho também resultou no aumento da par- A pauta das professoras
ticipação da mulher nas lutas e nos espaços 58. A maior parte da categoria a nível nacional
sindicais. Contudo, mesmo tendo aumentado é composta por mulheres. Neste sentido as
a participação das mulheres no mercado de contradições gerais do machismo na socieda-
trabalho, as direções sindicais e as posições de se expressam de forma específica em nossa
de tomada de decisões ainda têm a presença categoria.
majoritariamente masculina. 59. Devemos avançar na luta por mais vagas nas
53. Não causa mais estranhamento seções, creches próximas aos locais de trabalho, para
grupos ou estudos que se debrucem sobre a que as mulheres tenham redução do impacto em
presença das mulheres dentro dos sindicatos, sua tripla jornada laboral. O combate a violência
porém a promoção das mulheres a posições de física, verbal ou psicológica deve estar na ordem
destaque e de tomada de decisões ainda é um do dia, fortalecendo espaços de acolhimento de
ponto a ser construído. denúncia destas questões nas subsedes, como
54. É nessa contradição que se encontra a ouvidorias ou setores de amparo psicossocial.
categoria que têm a maioria da sua força de 60. O Movimento Luta de Classes luta nos am-
trabalho composta por mulheres, porém as suas bientes de trabalho, ao lado do Movimento de

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Mulheres Olga Benario, pelo fim da violência 66. Há uma divisão de níveis para o valor dos

tese
contra as mulheres. vencimentos. De acordo com dados da Secre-
taria Estadual de Educação, mais de 110 mil
professores encontram-se nos primeiros níveis
5. A LUTA DA CATEGORIA POR MELHORES de carreira e na última etapa, apenas 200.

14
CONDIÇÕES DE TRABALHO 67. Anteriormente, a passagem de um nível
61. Não é difícil entrar numa sala de professo- inferior para superior, se dava através do tem-
res e ouvir, pelo menos em algum momento, po de trabalho, das faltas e titulação em nível
que a situação de trabalho está cada dia mais superior. Agora, a proposta da “Nova Carreira”
difícil. As condições em que os professores quer condicionar o desenvolvimento a diversas
do estado de São Paulo trabalham estão atividades meritocráticas.
muito aquém da tarefa cotidiana que esses 68. O resultado dessa dificuldade é que a grande
profissionais exercem. maioria dos professores que possuem carga
62. Foram quase 30 anos que o estado pau- horária de 40h, recebem um salário base de
lista pena na mão da gestão do PSDB e as R$4 mil, enquanto o salário mínimo deveria
consequências disso são: falta de concursos, ser R$6,5 mil, segundo cálculo do DIEESE. O
números absurdos de licenças por transtornos governo atual anunciou o pagamento do piso
psicológicos, redução de docentes e desva- nacional do magistério, mas a verdade é que o
lorização da profissão. Com a aprovação da pagamento dos professores está sendo incor-
reforma administrativa e o novo plano de porado no salário e sim como uma espécie de
carreira, perdemos direitos importantes con- gratificação. Isso significa que nos vencimentos,
quistados através de muita luta da categoria, não acrescenta os valores de quinquênios, sexta
como falta aula e abonadas, e hoje temos me- parte e evoluções, e muito menos será acrescido
nos dias para licença médica, apenas 2 horas na aposentadoria.
para passar em consulta médica computando 69. A educação foi declarada como inimiga
também o translado, aumento da jornada de número um daqueles que querem manter os
trabalho dentro as escolas. A perspectiva é seus privilégios. Nos últimos 4 anos, Bolsonaro e
que, no atual governo, as condições de tra- seus cúmplices fascistas, destruíram a educação
balho piorem se não houver união e luta da em nosso país, cortando verba e sucateando os
categoria. serviços. Inspirados nos planos do fascista para
63. Completou-se 9 anos sem concurso público nosso país, Tarcísio e Feder, planejam entregar
para os professores da rede estadual, o resulta- a educação pública do Estado de São Paulo
do é a maioria dos profissionais exercendo sua para iniciativa privada aumentando ainda mais
profissão por meio de contrato que se encerra a a exploração dos professores.
cada 3 anos e não possuem os mesmo direitos 70. Devemos transformar as nossas escolas
que os profissionais concursados, gerando uma em trincheiras de luta e união contra o go-
divisão na categoria. Esses professores temporá- verno Tarcísio, contra o fascismo e em defesa
rios, por muitas vezes, atribuem aulas em mais de uma educação transformadora e de qua-
de uma escola para completar a carga horária, lidade! Nós, do Movimento Luta de Classes
dificultando a organização profissional e pessoal defendemos:
do educador. Além disso, esses professores não  
 Revogação do Novo Plano de Carreira. O
possuem acesso ao IAMSPE. plano de carreira deve ser construído junto
64. Só entre janeiro e outubro de 2019, foram aos professores;
27 mil professores afastados por transtornos  
 Redução para 25 alunos por sala;
mentais e comportamentais. Não seria diferen-  
 Pagamento do piso nacional do magistério,
te já que as salas de aulas são abarrotadas de incorporado no salário real e não por sub-
alunos, os salários são baixos e há sobrecarga sídio;
das horas trabalhadas.

 Cumprimento de ⅔ de horas trabalhadas em
65. Estima-se que além da carga horária sala de aula e ⅓ para preparação das aulas
dentro da sala de aula o professor dedica 13 em local de livre escolha;
horas de suas semanas para terminar seus

 Concurso público para 100 mil vagas, que
serviços. Apesar de dedicar boa parte do seu
supra todo o déficit da categoria
tempo criando e formulando maneiras para
que o conhecimento chegue até os alunos,  
 Trabalhos iguais, direitos iguais. Valorização
não há a devida valorização. Quando se fala do professor categoria V e O.
da progressão da carreira e do salário do  
 Fim das diversas categorias dentro dos cargos
professor, a situação é crítica. de professores

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composta pelo critério da proporcionalidade, de
6. ESTATUTO
tese
acordo com os votos obtidos por cada chapa
CAPÍTULO II na eleição, atendidas as seguintes condições:
75. § 1º- a Diretoria Estadual Colegiada da “APEOESP-
DO QUADRO SOCIAL: DIREITOS E DEVERES

14
Sindicato Estadual”:
DOS ASSOCIADOS E REGIME DISCIPLINAR
76. a) será composta, quando houver duas chapas
71. Art.8º:
concorrendo ao pleito, por aquelas que obti-
§ 4º - Caso o professor ou especialista em verem, no mínimo, 10 % (dez por cento) dos
educação venha a perder, involuntariamente, votos.
o vínculo com as redes estadual e municipais
77. b) será composta, quando houver mais do que
de ensino do Estado de São Paulo, poderá
duas chapas concorrendo ao pleito, por aque-
continuar associado por um período de até 24
las que obtiverem, no mínimo, 5 % (cinco por
meses.
cento) dos votos.
72. Art.12 - São direitos dos associados:
78. c) contará com a participação de chapas mi-
d) ser votado: noritárias, quando houver mais de duas cha-
1. Nas eleições gerais desde que seja professor pas, somente se a soma dos votos das chapas
habilitado ou aluno regularmente matriculado minoritárias atingir, no mínimo, 10% (dez por
em curso de licenciatura, que esteja vinculado cento) do total dos votos.
à Rede, professor ou especialista que tenha 79. d) será composta, no caso de haver chapa única
perdido involuntariamente, o vínculo com concorrendo ao pleito, sem que haja neces-
as redes estadual e municipais de ensino sidade de obtenção de qualquer percentual
do Estado de São Paulo, por um período de mínimo de votos necessários para composição
até 12 meses anteriores à data da eleição, da diretoria.
ou aposentado da Rede Pública, quando tiver
no mínimo 3 (três) meses de associação;
2. Nas eleições de subsedes e regionais, quando
CAPÍTULO V
tiver no mínimo 3 (três) meses de associação; DAS ELEIÇÕES
80. Art. 54 - A Comissão Eleitoral deverá solicitar
CAPÍTULO III a cessão ao TRE-SP, no mínimo 1600 urnas
eletrônicas, com, ao menos, 60 dias antes
DOS ÓRGÃOS DELIBERATIVOS da realização da eleição. Caso o juiz negue
73. Art. 14 - A reunião regional bimestral de Re- a cessão, então a comissão eleitoral expedirá
presentantes de Escola e de Representantes de normas especificando modelos de cédulas e atas
Aposentados, ora denominada simplesmente eleitorais e condições de apuração dos votos
Reunião de Representantes, é aberta a todos por meio eletrônico que evite o aconteci-
os professores com direito à voz. Apenas os mento de fraudes.
representantes eleitos por escola e entre os 81. Parágrafo único - O Conselho Estadual de Re-
aposentados, além dos membros dos Conselhos presentantes determinará quais escolas terão
Regionais de Representantes e do Conselho urnas eletrônicas, se não for possível o CER
Estadual de Representantes da região têm di- determinará, a cada eleição, se as urnas serão
reito a voto. fixas e/ou volantes.

CAPÍTULO IV
DOS ÓRGÃOS EXECUTIVOS
74. Art. 26 - A Diretoria Estadual Colegiada será

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tese
TESE DE CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE DA
CSD-EDUCAÇÃO (CUT SOCIALISTA E
DEMOCRÁTICA EDUCAÇÃO) PARA O
XXVII CONGRESSO DA APEOESP
15
6. De acordo com dados do FMI, nos últimos
CONJUNTURA INTERNACIONAL anos, não só as cadeias globais desaceleraram
1. “Cenário é a crise estrutural do sistema como também as medidas de restrição comercial
capitalista; iniciada na década de 1970, com explodiram. Segundo a diretora geral do FMI:
breve crescimento em 2000, e mergulhando em “as tensões comerciais entre as duas maiores
crise em 2008, estende-se aos nossos dias em economias do mundo [EUA e China] cresceram
uma longa onda depressiva descendente. Sem em meio à escalada global de novas restrições
solução no médio prazo. comerciais. Enquanto isso, a guerra da Ucrânia
2. Crise de superprodução e de sua não rea- causou não apenas sofrimento humano, mas
lização (compra) Importante destacar que a também grandes interrupções nos fluxos finan-
mudança para a sociedade pós-industrial ceiros, de alimentos e de energia em todo o
tem início na década de 1970-1980 com planeta. Todo esse cenário, junto às implicações
a crescente introdução da tecnologia da da pandemia, transformou-se em choques nos
informação e robótica, acelerando até os preços a nível global. As projeções continuam
nossos dias. a expressar e reforçar o estado depressivo no
3. Automação e Inovações tecnológico tipo qual se encontra o imperialismo atualmente.
indústria 4.0, que substituem o trabalho vivo, Com elevadas e persistentes contradições, o
e a financeirização do capital - especulativo e sistema imperialista tem atingido, na média,
fictício – apenas agravam essa crise. baixo crescimento econômico nos últimos anos
4. À queda na taxa de lucro global dos capitalistas, e apresentado constantes crises, que agravam
aumenta-se a exploração dos trabalhadores e ainda mais as contradições anteriores”. As ondas
trabalhadoras; e formas autoritárias e fascistas longas de Kondrathiev e Mandel nos esclarecem
em governos neoliberais e de extrema direita nos como as crises do capital se faz e refaz, e que
países para a sua viabilização. O estado mínimo, não significa sua derrocada mecânica. Isso só
iniciada com Thatcher, mote maior do capitalismo acontecerá com a consciência de classe e sua
neoliberal, tende a perdurar. “ ação unitária para conquista de outro sistema
5. O atual estado depressivo do imperialismo econômico, o Socialismo Democrático.
significa hoje para as trabalhadoras e trabalha- 7. Para 2023, a carestia de vida continua alta.
dores desemprego e fome, piores empregos Não à toa, o Fórum Econômico Mundial colocou
e salários, reformas que retiram conquistas da a carestia como maior risco mundial a curto
luta de muitos anos. A ofensiva da burguesia prazo. O reforço da desaceleração de 2023
faz ressurgir forças políticas e ideologias mais significa mais desemprego ou piora nos em-
reacionárias, fascistas e racistas, torna gover- pregos. Como diz a OIT: “o desemprego global
nos e estados mais violentos e repressivos. Ou deverá aumentar ligeiramente em 2023, cerca de
seja, a crise e a ofensiva burguesa têm criado, 3 milhões, para 208 milhões. […] isso significaria
em todo o globo, um patamar mais elevado que o desemprego global permanecerá cerca
de exploração e opressão para o conjunto dos de 16 milhões acima do seu valor de referência
trabalhadores e trabalhadoras. pré-crise. ”

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profissional, respeito e dignidade no trabalho e
CONJUNTURA ESTADUAL
tese
na vida. A violência contra mulher precisa ser
8. Na disputa eleitoral, as 4 (quatro) vitórias do combatida por todas e todos. Não basta não
campo popular, com Lula e Dilma, simbolizaram ser machista, precisamos ser antimachistas.
a rejeição ao projeto capitalista neoliberal a nível

15
12. No Brasil, no governo Bolsonaro vivenciamos
nacional; e do seu mentor político, o PSDB. O o desmonte das políticas para as mulheres, a
golpe de estado de que se inicia com a jornada começar pela extinção da Secretaria Nacional
de junho de 2013, e com a derrota de Aécio de Mulheres. Os efeitos foram sentidos na se-
Neves em 2014 se encerra com a deposição de quência: o feminicídio, teve crescimento nos
Dilma em 2016 foi a tentativa de interromper a últimos anos, e, em 2022, o número de vítimas
consolidação e avanço desse processo. O apoio cresceu 5% no último ano - mostra levanta-
inicial dos neoliberais –e apoio permanente do mento do Monitor da Violência. Foram 1,4 mil
capital especulativo- ao neofascista Bolsonaro mortes motivadas pelo gênero. Este número é
objetivava, literalmente, a destruição física das o maior registrado no país desde que a lei de
forças populares e de esquerda. feminicídio entrou em vigor, em 2015. (Monitor
9. A 3ª eleição de Lula à presidência marca da violência). O feminicídio é a maior violação
uma inflexão nessa tentativa. Entretanto, se dos direitos humanos pois ataca o direto à vida
a nível nacional, se avança esse processo de e não pode ser tolerado em uma democracia.
derrota do capitalismo neoliberal, subsistem 13. A vitória de Lula abriu um processo de
bastiões estaduais como em SP. Em 2022, após reconstrução do Brasil, e com ele a criação do
quase 30 anos de domínio neoliberal do PSDB, Ministério das Mulheres, e, dentre as medidas,
elegeu-se o bolsonarista Tarcísio de Freitas. Na a retomada da garantia da “Lei Maria da Penha”
crise do “mestre” põe-se um bufão. O mote do e uma outra extremamente importante que foi
estado mínimo do capitalismo neoliberal terá garantir a lei de “salário igual para homens e
continuidade com Tarcísio? Com certeza, a ex- mulheres”, demonstra o empenho do Governo
trema direita brasileira não é portadora de um Lula com a pauta das mulheres.
projeto de nação. Na sua ausência, segue, na 14. Na Apeoesp as mulheres são maioria, mas
macropolítica, o que se opõe ao projeto pro- não gozam das mesmas condições que os ho-
gressista. Sua característica nos 4 (quatro) anos mens, especialmente as mulheres negras. No
de Bolsonaro foi a política de destruição e do local de trabalho ou no sindicato, as dificuldades
balcão de negócios vulgar. Não à toa, Tarcísio em relação a participação na militância sindical e
trouxe Paulo Guedes. política são múltiplas. Do cuidado com os filhos
10. O governo Tarcísio desconhecedor da rea- e familiares, na divisão do trabalho doméstico,
lidade educacional do Estado de São Paulo já à falta de acesso a espaços de decisão. Além
se posiciona com ações autoritárias e técnicas, disso, o assédio moral e sexual, sofrido pelas
como a prova paulista, meramente aplicada para mulheres devem ser combatidos, e para isso, é
fins estatísticos, como ferramenta de apoio ao necessário o fortalecimento da secretaria de mu-
fechamento de salas de aulas e apuração de lheres da Apeoesp, e a construção de política de
índices de evasão escolar. O olhar é instrumen- acompanhamento jurídico, psicológico e social
tal, o aluno é um número, não há intervenção de casos levantados, bem como o engajamento
pedagógica para melhoria da qualidade do nas lutas por políticas públicas de cuidados.
processo de ensino e aprendizagem, é uma
política fria e desumana que não trata ou se PAUTA LGBT
mantém indiferente a real problemática social
15. A homofobia é uma atitude hostil contra as/
aprofundada por políticas governistas pós golpe
os homossexuais, portanto, homens e mulheres.
em Dilma Rousseff.
Tais casos de desvalorização e preconceitos tem
crescido na sociedade em geral e não por acaso se
adentra aos espaços escolares, atingindo não só a
POLITICAS ESPECIFICAS alunos, mas também os docentes. De modo que
é necessário construir projetos que busquem uma
QUESTÃO DE GENERO reflexão crítica e necessária para superar a lógica da
11. A opressão das mulheres na sociedade intolerância que se faz em diferentes momentos e
capitalista é estrutural e no neoliberalismo em contextos. A prática da violência contra a comunida-
crise e o casamento com ideologias de extrema de LGBT tem que ser constante e necessita de ações
direita agravam o quadro das violências na vida institucionalizadas de enfrentamento contra toda
e no trabalho. O movimento sindical precisa forma de humilhação, não se pode admitir numa
incorporar as lutas das mulheres por valorização sociedade multicultural como é o caso do Brasil, que

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haja cumplicidade jurídica, cultural, institucional e e Juan Francisco Manzano (1797 - 1856), respec-

tese
até científica de apoio ao preconceito homofóbico. tivamente. A emergência do fenômeno teórico
Essa tarefa exige muito de todos nós, de modo que antirracista em diáspora se dá também, nos
a luta não é em âmbito individual, mas, necessita, Estados Unidos, com Frederick Douglass (1818
do máximo da força coletiva. - 1895), Martin Delany (1821 - 1885) e Edward

15
Blyden (1832 - 1912) e, no Brasil, com Maria
Firmina dos Reis (1822 - 1917) e Luís Gonzaga
QUESTÃO RACIAL Pinto da Gama (1830 - 1882), cujas obras, ao lado
16. Com vistas à correta implementação dos da produção do estadunidense Edward Blyden,
arts. 26-A, 79-A e 79-B, da Lei n° 9.394, de 20 ambos nascidos na década de 1830, conectam
de dezembro de 1996 (LDB - Lei de Diretrizes e esses autores mais à classe de questões enfren-
Bases da Educação Nacional), que estabelece a tadas na segunda metade do século XIX do que
obrigatoriedade da temática “História e Cultura às do final do século anterior. O resgate das
Afro-Brasileira e Indígena” no currículo oficial autorias pretas que lutam historicamente contra
das redes de ensino, a educação de perspecti- a violência racial é fundamental e urgente para
va antirracista deve necessariamente oferecer a compreensão do processo histórico e reposicio-
conhecimento sobre o processo histórico inter- namento do lugar da pessoa preta na história.
nacional das produções antirracistas buscando A escola pública, por sua vez, constitui os lócus
gerar compreensão sobre os seus impactos para ideal para efetivação das práticas pedagógicas
a edificação e efetividade da legislação edu- que podem levar à consecução desse propósito.
cacional brasileira orientada à erradicação do Em todo esse trabalho de resgate das autorias
racismo dentro e fora do ambiente escolar, ou contra-hegemônicas, capazes de oferecer uma
seja, em toda a sociedade. Há vinte anos, no dia perspectiva africana sobre o processo histórico
9 de janeiro de 2003, o governo Lula sancionou a do antirracismo teórico, devemos reconhecer a
primeira lei que obrigou as escolas brasileiras a presença constante e quase absoluta do ponto de
incluírem em seus currículos práticas educacio- vista masculino, tal como observa criticamente
nais de aprendizagem orientadas à reeducação Oyèronké Oyěwùmíen. Portanto, uma educação
das relações étnico-raciais, alterando a LDB verdadeiramente antirracista e antidiscrimina-
precisamente nos artigos supracitados. Apesar tória (não apenas com respeito à raça, mas a
dos relativos avanços feitos nesse sentido, existe gênero), deve gerar um salto qualitativo de escala
muito trabalho a ser realizado ainda para erradi- pautando escritos e aportes legados pela figura
carmos o racismo em todos os níveis da educação da mulher preta, cuja produção é exuberante e
oficial. Entretanto, o simples cumprimento das precursora na sociedade brasileira.
leis vigentes, por mais imperfeitas que sejam, 19.   Nas palavras de GRADA KILOMBA em sua
nos levaria a um cenário diametralmente oposto obra “Memórias da Plantação” o racismo é uma
ao daquele atendimento meramente formal das realidade violenta. E essa violência é caso recor-
leis atuais (SILO, 2004), no qual muitas escolas rente no cotidiano dos brasileiros e estranhamen-
reduzem, no plano prático, tais dispositivos à te e ou perversamente não tão debatida na mídia
chamada “pedagogia do evento”. Esta pedagogia golpista ou se ornado caso de preocupação das
consiste em ornamentar os recintos escolares elites colonialistas, que ignoram tal ferida, até
com imagens, jogos, textos e algumas práticas porque contribuem com ela. Para Silvio Almeida
pontuais isoladas anualmente a cada dia 20 de o racismo é uma forma sistemática de discrimi-
novembro (Dia Nacional da Consciência Negra).
nação que tem a raça como fundamento, e que
17.   Cumprir seriamente a legislação educacional se manifesta por meio de práticas conscientes ou
antirracista vigente não se resume a fazer rodas inconscientes que culminam em desvantagens ou
de capoeira, bonecas pretas e murais na referida privilégios para indivíduos, a depender do grupo
data, mas deve incluir a observância dos aspectos racial ao qual pertençam. E ainda para Silvio
intangíveis que levaram à falsificação racista da Almeida, há o problema do racismo estrutural
história do negro, seja no Brasil ou mundo. As teorias “Uma educação que não questiona o racismo vai
antirracistas, fundamentais para essa reeducação, reproduzir o racismo estrutural”. Nesse contexto
não são um fenômeno recente, não nascem com de insustentabilidade de convivência social, a
os nomes domesticáveis promovidos e preferidos escola acaba por reproduzir estereótipos difun-
pela mídia racista, golpista e negrofóbica. didos no meio social, então, uma educação com
18.   Entre o final da década de 1790 e a primeira perspectivas reais de valorização cidadã, precisa
metade do século XIX surgem os primeiros es- incluir em seus projetos educacionais medidas
critos afro-diaspóricos antirracistas produzidos que causem mudanças positivas de novas postu-
no Novo Mundo; no Haiti e em Cuba, com Louis ras e condutas adotadas por todos, mecanismos
Félix Mathurin Boisrond-Tonnerre (1776 - 1806) de poder dever ser usados para uma proposta

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nacional de valorização da diversidade e das educação, acaba com a educação infantil a

tese
raízes brasileiras, visto que as sociedades não construção de creches e escolas de educação
são homogêneas. infantil aprova o desmonte da carreira dos
profissionais de educação não cumpre as metas
estabelecidas na conae, no ensino superior o

15
CONJUNTURA EDUCACIONAL corte de verbas o desmonte de hospitais das
universidades federais A falta de investimentos
20. A educação nacional passou por um período
em materiais, equipamentos e em pessoal, leva
de grande retrocesso, tanto no que diz respeito
as universidades a um colapso, inclusive na
ao ensino aprendizagem na educação básica, na
diminuição de matrículas e vagas para os estu-
composição do conselho nacional de educação,
dantes, o acesso e permanência a estudantes de
na valorização dos profissionais da educação,
baixa renda, o bandejão e todas essas políticas
na formação de professores, e na educação
sociais deixam de existir, e faz com que vários
superior o desmonte das universidades federais
estudantes deixem de continuar a sua formação.
e dos Institutos federais, com cortes de verbas,
falta de contratações e diminuição das vagas, 24. Essa política de desmonte da educação conti-
esse período inicia com o golpe que retira Dilma nua de maneira mais aprofundada com Bolsonaro
da Presidência da República e coloca Michel quando nega a ciência nega a tecnologia que
Temer, e retira Lula das eleições de 2018, que persegue professores criminaliza a educação laica
se aprofunda com a eleição de Bolsonaro, po- gratuita crítica E ainda mais em plena pandemia
demos chamar de momento da escuridão na da COVID-19 onde todos tiveram que se rein-
educação, ciência e tecnologia brasileira. ventar e usar de todas as tecnologias disponíveis
21. Com a polarização nas eleições de 2014 para compra que os alunos não tivessem não
entre PT e PSDB (Dilma e Aécio) e a eleição de tivessem prejuízos De aprendizagem Mesmo com
um parlamento com forte bancada de centro todo esse esforço os profissionais da educação
direita ( PMDB, PSDB, PSD e PP), a vitória de ele congela durante um ano e oito meses toda e
Dilma apenas não foi suficiente para dar con- qualquer evolução quinquênio e gratificações que
tinuidade às políticas econômicas e sociais de os professores pudessem acrescentar durante a
seu primeiro mandato, com forte atuação do sua carreira profissional.
congresso em sabotar o governo Dilma, travam 25. Com as eleições de Lula para seu terceiro
as pautas sociais e o orçamento do governo governo o Brasil da esperança está de volta, e
para inviabilizar sua execução, até que o então buscamos desfazer as mazelas deixadas, não
presidente da Câmara Eduardo Cunha coloca será fácil dentro de um governo de amplíssima
em pauta o impeachment, que é aprovado e coalisão, por isso a necessidade da unidade para
Temer assume a presidência com a ponte para garantir a mobilização e pressão sobre o Governo
o futuro, e inicia as políticas neoliberais e de e o Congresso, esse mais do que os outros é um
desmonte do papel indutor do Estado, e com governo em disputa, pois temos uma extrema
isso também as políticas sociais. direita, mentirosa e odiosa na sociedade.
22. Na educação já começa desmontando o 26. No estado de São Paulo nossos desafios são
CNE Conselho Nacional de Educação, retirando grandes temos um governo que vem de uma
a sociedade civil e entidades representativas de experiência de Extrema direita, hoje aplica um
classe, e colocando em seu lugar os empresários desmonte das políticas da educação em con-
da educação, ONGs e outros. Que iniciam a tinuidade as deixadas pelo governo de João
política de construção de um novo modelo de Dória que acabou com a carreira do magistério
educação, com aprovação de uma nova base co- Paulista, fez a reforma administrativa que mexe
mum curricular que não dialoga com o conceito com a vida do funcionalismo público no estado
de educação para a classe trabalhadora, aprova de São Paulo, a reforma da previdência estadual,
o novo ensino médio que destrói conjunto de e todas essas características mexeu com a vida
conhecimentos necessário para a formação do funcionalismo público de maneira geral, e em
do jovem para a educação superior, para o especial da educação, então temos que derrubar
trabalho e para exercer sua cidadania, criando a lei 1374, temos que lutar para que se cumpra
partes diversificadas Chamadas de itinerários o piso salarial nacional de forma correta na
formativos que nada mais é do que o esvazia- carreira, jornada e salário, buscar uma carreira
mento do conceito de educação emancipadora aberta e atraente, com atribuições de aulas que
voltado apenas para uma educação tecnicista valorize a experiência e títulos para classificação,
com intuito de formar mão de obra com baixa derrubar este formato de PEI com legislação
qualificação para o mercado de trabalho. a parte do estatuto do magistério, lutar para
23. Ainda na educação básica corta verbas da que o plano estadual de educação tenha suas

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metas com o máximo de cumprimento possível superior de deliberação colegiada, criado no ano

tese
até 2024, e a partir do próximo decênio que se de 1999 com a função de acompanhar e avaliar
cumpra no mínimo 90% das metas. o desenvolvimento de uma política nacional
27. Para completar traz como Secretário de Edu- para inclusão da pessoa com deficiência.

15
cação um empresário que até pouco tempo era 31.   No mesmo ano, Bolsonaro tentou flexibilizar
CEO da Multilaser empresa de tecnologia com um a lei do cumprimento de cotas para pessoas com
contrato milionário com o Governo de SP, tam- deficiência no mercado de trabalho.
bém ocupou a Secretaria da Educação do Paraná, 32.   Em cumprimento ao artigo 93 da lei
deixando a Educação Paranaense em frangalhos, 8.213/91, as empresas com 100 ou mais fun-
contestada por professores, estudantes e pais, cionários são obrigadas a ofertarem de 2% a
cujo a plataformização do processo de ensino 5% das vagas para pessoas com deficiência. Por
aprendizagem e a substituição de professores meio do projeto de lei 6159/2019, tentou-se
por vídeo aulas levou a um rebaixamento do uma flexibilização para que as empresas pu-
conhecimento da juventude estudantil, o mesmo dessem ter apenas uma pessoa com deficiência
quer fazer em São Paulo, equipando as escolas no quadro geral de funcionários e funcionárias,
com equipamentos de tecnologia, não como tentando acabar com uma conquista histórica
complemento ao processo de ensino aprendi- em relação à inclusão. Embora a lei não seja
zagem, mas como um mecanismo substituição e suficiente para garantir salário digno e inclusão
controle, sobre estudantes e professores, a isso pelas burlas das empresas, a flexibilização seria
temos que rechaçar e combater. o extermínio da política PCDs.
28. Uma delas diz respeito a meta 18.5 que 33.   Nesse mesmo projeto de lei, Bolsonaro se
determina concurso público para efetivação dedicou bastante, e o mesmo tentou aprová-lo
do trabalho docente, caso que demonstra total várias vezes. Em setembro de 2020, o então
descompromisso de Tarcísio de Freitas com ministro da educação Milton Ribeiro fez, mais
a educação a partir de lançar um edital para uma atitude desprezível desse governo, que
apenas 15 mil vagas, enquanto temos aproxi- por meio do decreto 10.502/2020, tentou criar
madamente 100 mil professores contratados de escolas “especializadas” para pcd’s, restringindo
forma precária (categoria O) na rede estadual. a convivência das crianças que possuem algum
No entanto temos quase 200 mil candida- tipo de deficiência, quase aos moldes de um
tos inscritos, além de critérios subjetivos para campo de concentração para pcd’s.
classificação dos aprovados, essa mesma sub- 34.   Se fala tanto da inclusão, mas nossas escolas
jetividade continua após a assunção do cargo, não estão preparadas para receber o público
com o estágio probatório com provinhas sem surdo mudo pessoas com dificuldade de loco-
critérios definidos, e o caráter de um ensino moção, se criou tanta tecnologia, porém nossas
tecnicista e profissionalizante, ante o ensino escolas têm sala de informática, mas não tem
crítico e emancipador. rampas, nem elevadores para cadeirantes muito
29. É necessário uma política de Combate ao menos placas braile.
assédio moral e sexual nas unidades escolares, 35.   Temos que ser proativos sempre nestes
diretorias de ensino e seduc, bem como a temas. Inclusive com formações específicas no
estruturação do atendimento do DPME, e sindicato. Não diria que este seja um proble-
da saúde do servidor público com retomada ma somente do Estado de São Paulo, mas a
da abertura de edital para contratação de nível mundial, com o crescimento de grupos
funcionários direto, e a contratação de clinicas, nazifascistas, além de grupos religiosos fun-
até que se construa equipamentos regionais de damentalistas que tem como pauta o retorno
saúde do servidor. de antigos conceitos, podemos identificar que
estes grupos não caminham separadamente,
GOVERNO BOLSONARO E O DESMONTE mas caminham unidos defendendo pautas ide-
ológicas que propõem o extermínio de grupos e
DAS POLITICAS DE PCD populações que não estão dentro dos padrões
30.   O desmonte às políticas direcionada e desti- destes grupos, por isso esses grupos defendem
nadas à população pcd’s começa no quarto mês o Homeschooling e o fim de disciplinas que cri-
de governo quando, em abril de 2019, Bolsonaro ticam essa visão de mundo como as disciplinas
por meio de um decreto extinguiu os conselhos da área de humanas.
sociais que integravam a política nacional de 36. Isto tudo ainda traz ideias que pretendem colo-
participação social (PNPS), sendo um desses o car as margens da sociedade pessoas que para eles
conselho nacional dos direitos da pessoa com são consideradas inferiores, como os deficientes e
deficiência (Conade). O Conade foi um órgão autistas, propõem políticas de segregação, defen-

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dendo que essas pessoas devam estar separadas representação na entidade;

tese
em outros espaços em escolas que eles chamam 43. b) documentar fatos relativos à entidade, bus-
de especiais, como se esses indivíduos fossem cando a construção permanente de sua memória
ficar para sempre isolados da sociedade, o que histórica;
precisamos é uma educação humanizada e critica

15
44. c) estabelecer convênios ou acordos com entida-
com escolas públicas de qualidade e estrutura para
des sindicais e centros especializados que pos-
receber todos os cidadãos, sem discriminação e
sam contribuir com as atividades da entidade.
respeitando sua cultura e sua regionalização, não
precisamos de escolas padronizadas e sim escolas 45. d) Buscar construir em conjunto com outras enti-
acolhedoras, que respeitem o ciclo de aprendiza- dades e confederações de classe um modelo de
gem de cada indivíduo. formação de professores(as) que contenha um
currículo de combate ao individualismo e a edu-
cação mercadológica, e proponha uma educação
SINDICAL solidaria e emancipadora, de conceito classista.
46. Alterar Art. 39 - Ao Secretário de Políticas
37. Os sindicatos no Brasil passaram por Sociais e “saúde do trabalhador” compete:
grandes ataques nos últimos anos no Brasil,
47. a) contribuir para a elaboração das políticas
principalmente no governo Bolsonaro, onde
sociais da entidade, compreendendo saúde,
a perseguição política e a destilação de ódio
previdência, meio ambiente e ecologia, movi-
contra as entidades de classe, levaram parte da
mentos sociais;
sociedade a classe trabalhadora a se afastar de
quem os possas defender, a reforma trabalhis- 48. b) coordenar a execução das políticas sociais
ta e previdenciária levaram a uma diminuição da entidade;
muito grande de processos judiciais, já que os 49. c) estabelecer e coordenar a relação da entidade
trabalhadores correm o risco de ter que pagar com as organizações e entidades do movimento
os honorários advocatícios e pericias caso ne- popular e da sociedade civil;
cessário. A esse conjunto de coisas temos que 50. d) promover intercâmbio e atividades conjuntas
lutar e retomar direitos que foram perdidos, e com entidades e organizações que tratem das
conquistar as garantias que os trabalhadores questões sociais.
possam voltar a serem assistidos por seus sin-
51. Acrescentar item “E e F” com a seguinte redação:
dicatos e por fim ao acordo “individual entre
patrão e empregado”. 52. E- Acompanhar e elaborar relatórios sobre a
saúde dos trabalhadores/as, sobre as condições
38. No serviço público é necessário garantir a
psicológicas, emocionais, de assédio moral e
data base e que essa de fato seja respeitada, e
sexual, bem como as pericias medicas negadas
com a garantia de no mínimo a reposição da
total ou parcialmente.
inflação mais 2% para que o poder de compra
se mantenha. 53. F- Organizar um coletivo de 20 membros para
ajudar a realizar esses levantamentos nas regiões
39. No Estado de São Paulo, é necessário que a
do estado, sendo 14 do interior, 3 da capital e
Apeoesp realize todos os esforços para garantir
3 da grande SP.
a organização nos locais de trabalho, bem como
a garantia do abono de ponto em suas reuni- 54. Art. 48 Suprimir § 3º- Apenas no caso em que
ões, deve denunciar o Governo na OIT, MPT e não seja possível a escolha dos cargos referidos
outros para que a organização da categoria em no § 1º, por haver empate nas votações feitas
busca de seus direitos e de uma educação de pelos membros da executiva da Subsede/Re-
qualidade possam estar no centro do debate. gional, esses membros se declararão agrupados
entre si, de modo que os votos individualmente
40. É necessário organizar a categoria para esse
obtidos em suas eleições serão revertidos para
próximo período contra o governo de Tarcísio de
esses agrupamentos, e passarão a ser compu-
Freitas, que se mostrou ao que veio, com a sede
tados coletivamente, de modo que o agrupa-
de privatização e desmonte das áreas sociais, só
mento com o maior número de votos indicará
na educação o corte de 17% do orçamento da
livremente os ocupantes dos cargos a que se
educação e acabar ainda com o Centro Paula
refere o § 1º do presente artigo.
Souza, é crime e contra ele temos que lutar.

ESTATUTO PLANO DE LUTAS


41. Ao Secretário de Formação compete: 55. 1. Fortalecer a organização no local de tra-
42. a) desenvolver atividades de formação aos balho, garantindo o abono de ponto a ao
associados que venham a exercer funções de menos 2 REs sendo 1 por turno, e que ga-

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ranta para membros da executiva regional todas as suas formas, a exemplo de forma-

tese
ou a coordenação, 3 abonos por mês, sendo ção em pedagogia dar aula de sociologia e
1 por período para que os conselheiros pos- filosofia, que a licenciatura curta se limite no
sam dar plantões e dialogar com os pares, máximo ao ensino fundamental 1 e possível
realizar um processo de levantamento de

15
eventualidade em substituições temporárias.
propostas para Res e conjunto da categoria.
71. 17. Lutar pela garantia da Liberdade de cátedra
56. 2. Buscar junto ao Governo do Estado uma Po- e combater o controle sobre nós e nosso
lítica Habitacional para professores dentro
trabalho.
do CDHU e/ou outras formas de aquisição
de habitação. 72. 18. Lutar contra a terceirização e precarização
da categoria, e lutar para garantir direitos
57. 3. Aplicação imediata de maneira correta do Piso
Salarial Nacional na jornada, carreira e salario. aos readaptados.
58. 4. Lutar por ampliação dos Ceamas regionais 73. 19. Concurso Público Classificatório para 100 mil.
sendo um deles no ABC paulista e nas ma- 74. 20. 
O rg a n i z a r e n c o n t ro e s t a d u a l d a s
crorregiões que ainda não possuem. trabalhadoras(es) PCDs.
59. 5. Fortalecer o IAMSPE enquanto assistência 75. 21. Acessibilidade em todas as escolas já!
à saúde do funcionalismo, e credenciar cli- 76. 22. Psicopedagogos nas escolas para acompa-
nicas, hospitais e laboratórios de imagens
nhar estudantes com deficiência do espectro
e analise clinicas até que se amplie a rede
autista e outras deficiências intelectuais.
própria com metas a serem cumpridas e
apresentadas pela CCM-IAMSPE (Comissão
60. 6. Consultiva Mista Iamspe) para atender o ASSINAM ESTE DOCUMENTO
funcionalismo estadual. JAILTON FARIAS CONSELHEIRO ESTADUAL DIADEMA SP

61. 7. Realizar um levantamento sobre as Perícias GILNAIR ALVES PEREIRA CONSELHEIRA REGIONAL DIADEMA
médicas negadas, e entrar no MP, OIT, OMS SILVIO ALEXANDRE DOS SANTOS EE JOÃO DE MELO DIADEMA
e CRM para que haja a devida responsabi- NELSON DOTTO EE HOMERO SILVA DIADEMA
lização sobre as negativas. BÁRBARA PEREIRA GARCIA EE JOAO DE MELO DIADEMA
62. 8. Atribuições com transparência, com res- EDURDO MORAES JR EE DIADEMA
peito à classificação por tempo de serviço GEANE GOMES DOS SANTOS EE ADONIAS FILHO
e centralizada. LUIZ ABREU EE DELCIO DE SOUZA CUNHA DIADEMA
63. 9. L utar pelo retorno das Abonadas, Falta LUIS SILVA EE ANA CONSUELO G. MURAD DIADEMA
médica e falta aula, até que se derrube a
MARIA AP. AUGUSTO EE DELCIO DE SOUZA CUNHA DIADEMA
LEI 1074/22 na integra.
MARIA AP. PESTANA EE ANTONIO BRANCO DIADEMA
64. 10. Lutar para aplicação de um Currículo que
MARCONDES DA SILVA SANTOS EE FABIO EDUARDO DIADEMA
garanta a formação para prosseguimento
ANGELICA ABREU DIADEMA
ao ensino superior, técnico-tecnológico, e
formação para a cidadania. PAULA CANDIDO DE OLIVEIRA EE OLIVEIRA JORDÃO DIADEMA
SERGIO FERREIRA PICASSO EE ORIGINES LESSA DIADEMA
65. 11. Lutar para que as Atpcs sejam e formação
coletiva com no máximo 3 aulas, e as demais IARA MARIANO EE MARIE NADER CALFAT

sejam Atpls. ALINE VENÂNCIO ARTEN EE HOMERO SILVA

66. 12. Lutar por uma carreira aberta com possibli- ROSILENE TAVARES EE MÉRCIA ARTIMÓS MARON

dade de evolução por via acadêmica e não CAPITAL:


acadêmica, por projetos e participações nos LUCIANO ALVARES FERRREIRA EE LAURO P. TRAVASSOS SUL 1
conselhos de escola e APMs, bem como em GEANE GOMES DOS SANTOS EE DR ERNESTO FAGIAN SUL 1
congressos e encontros educacionais. JUNDIAÍ:
67. 13. Reforçar o Enem como política de acesso à ARCILEI CELIO GABRIEL CONSELHEIRO ESTADUAL JUNDIAÍ
universidade e ao ensino superior. EDIMILSON MARQUES CONSELHEIRO REGIONAL
68. 14. Investir na formação educacional, sindical e EE ADIB MIGUEL HADDAD JUNDIAÍ
política da categoria de forma a combater ALEXANDRE BAIETE EE JOSÉ FELICIANO DE
o individualismo e a meritocracia. OLIVEIRA CONSELHO REGIONAL JUNDIAÍ
69. 15.  Combater a Avaliação externa ao nosso AVARÉ:
trabalho e planejamento de forma causar SEBASTIÃO ARCANJO CONSELHEIRO REGIONAL AVARÉ
competição e ranqueamento entre as es- WALDIR RODRIGUES FILHO EE PEI DR PAULO
colas e redes de ensino. ARAÚJO NOVAES IARAS/AVARÉ
70. 16. Combater o Desmonte da educação em RONALDO DE SOUZA EE DR AVELINO RIBEIRO IARAS/AVARÉ

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caderno de teses 2023.indd 125 01/08/2023 00:10:26
tese
16 CONTRIBUIÇÃO/TESE AO XXVII CONGRESSO ESTADUAL
DA APEOESP PROFESSOR JOÃO FELÍCIO
UNIDADE DA CATEGORIA,
NA LUTA POR SALÁRIO E DIREITOS

5. Na América Latina e no Brasil sentimos os


1. CONJUNTURA INTERNACIONAL efeitos dessa guerra na desorganização do
1.   NÃO À GUERRA! – A crise que assola o mercado mundial, aumentando a instabilidade
mundo e ataca os direitos, é antes de tudo a da situação.
crise do sistema capitalista, que sobrevive à 6. Para os governos progressistas da região,
custa da destruição, do ataque às conquistas e há duas alternativas a seguir: a submissão aos
a redução do custo do trabalho. interesses do imperialismo, como infelizmente
2. Ao invadir a Ucrânia, Putin embarcou em opera Boric no Chile. Ou o caminho da resis-
uma aventura criminosa. O governo dos EUA, tência, apoiando-se nas massas, como Petro na
à frente da Organização do Tratado do Atlân- Colômbia, que busca pôr em prática as medidas
tico Norte (OTAN), por sua vez, não defende para as quais foi eleito.
o povo ucraniano. Mas, sim os interesses dos 7. A luta contra a destruição de direitos, me-
monopólios que querem apoderar-se das rique- lhores salários, condições de trabalho e de vida,
zas russas. A guerra na Ucrânia é mais uma a pode unir os povos. Se em cada país as lutas têm
alimentar a poderosa indústria de armamentos particularidades, sobre todos os povos pesam os
liderada pelos EUA. Aproximadamente há dois efeitos da crise do capitalismo. A independência
meses, as ameaças de golpe do Grupo Vagner de classe e a solidariedade entre os povos é a
deixaram evidente que, as organizações de única via para uma saída positiva.
mercenários deram um passo adiante. Coloca-
-se em questão, um governo que detém armas
atômicas, mostrando que se pode facilmente 1.2 CONJUNTURA NACIONAL
chegar a uma situação de total descontrole. 8. Elegemos Lula. Agora vamos à luta para
3. Para fazer a guerra, inúmeras são as decisões recuperar os direitos e defender a soberania
desumanas e absurdas. Os governos impõem nacional.
aumentos de orçamentos militares e cortes em 9. O fato mais relevante da história recente do
outros gastos públicos, como: saúde, educação, país foi à eleição de Lula de 2022. Uma vitória
previdência etc. extraordinária, apesar das instituições, do derra-
4. Saudamos a recusa do Presidente da Repú- me de dinheiro, das isenções fiscais eleitoreiras
blica (Lula) em não fornecer armamentos para aprovadas no Congresso, da pressão empresarial
o governo ucraniano a pedido dos governos da aos trabalhadores (as), nunca vista na nossa
Alemanha e da França. Reafirmamos, que a fala história e inúmeras trapaças organizadas dentro
do nosso presidente prega a paz. “É preciso pa- e fora do Estado.
rar com a guerra!”, assim afirma o Presidente em 10. A tentativa frustrada de golpe em 8 de ja-
todos os seus compromissos oficiais bem como neiro, mostrou o quanto a tutela militar ainda
a última reunião do MERCOSUL. Um cessar-fogo pesa sobre a nação. Mas, passados mais de 6
e o fim da guerra tonam-se emergentes. meses da invasão dos 3 poderes da República,

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nenhum militar ou grande financiador foi preso. Nacional de Escolas Cívico-Militares (PECIM),

tese
A palavra de ordem “sem anistia” dá o conteúdo criado pelo ex-presidente genocida Bolsonaro,
à necessidade de desbolsonarizar o Estado e de mas os governadores bolsonaristas, afirmaram
pôr fim à tutela militar das Forças Armadas. que vão continuar com o programa.

16
11. Nesses primeiros meses, Lula tomou várias 17. Acertadamente as entidades como CNTE,
medidas justas: o reajuste do piso nacional do APEOESP, SINPRO/SP, CUT e o Presidente Lula
magistério em 14,95%, o aumento real do salário repudiaram a fala de Eduardo Bolsonaro.
mínimo, a elevação da faixa de isenção do IRPF, 18. De imediato seguem vigentes as reivindica-
o aumento das bolsas estudantis, a reposição ções relativas aos crimes eleitorais:
de 9% para os servidores federais do Executivo,  Apuração e punição de todos os responsáveis
e acabou com o Programa Nacional de Escolas por crimes políticos e eleitorais!
Cívico-Militares (PECIM). A suspensão da im-
plementação da reforma do Novo Ensino Médio  Punição aos empresários que coagiram os
(NEM) foi um alento para os que exigem sua trabalhadores (as) nas eleições e que em 7
revogação. de novembro promoveram locaute – que
também é crime – em alguns pontos do
12. Há por outro lado, problemas na relação do país. Foram mais de 2 mil denúncias feitas
governo com a base social. A crise, a miséria por trabalhadores (as) e sindicatos. Ao lado
e o desemprego rondam a vida das famílias. disso, se colocam as demandas acumuladas
A eleição de Lula por si só não acabou com a em 6 anos de governos golpistas;
fome. É preciso seguir a luta. Há muito a ser
 Revogação do Novo Ensino Médio (NEM);
feito, visto que a situação do povo é dramática.
 Revogação das reformas trabalhista e da
13. O crescimento das denúncias de trabalho
previdência;
análogo à escravidão mostra os resultados da
reforma trabalhista de Temer. A terceirização da  Não às privatizações, em defesa das estatais
atividade-fim, que combinada com a explosão e serviços públicos;
da informalidade e a certeza de impunidade, de-  Reestatização das empresas privatizadas.
ram sinal verde para a ampliação dessa prática.
De imediato, é preciso reaparelhar a fiscalização,
contratar novos fiscais, e transformar em lei a
1.3 CONJUNTURA ESTADUAL
expropriação de propriedades urbanas e rurais 19. No Estado de São Paulo o bolsonarismo
onde forem localizadas formas de exploração elegeu o ex-ministro Tarcísio Freitas para Go-
análogas à escravidão. vernador. Como integrante do corpo de en-
14. É preciso pôr abaixo a reforma trabalhista e genharia do Exército Brasileiro, fez parte da
gerar empregos com direitos para atender aos criminosa ocupação do Haiti pela ONU, cuja
milhões desempregados (as) e informais. Mas, lista de denúncias de crimes e atrocidades é
isso é incompatível com a chamada “indepen- imensa. Massacres de favelas, estupros e até a
dência” do Banco Central, a serviço da especu- disseminação do vírus da cólera no Haiti estão
lação financeira. Nem tampouco é compatível ligados a essa ocupação do território haitiano.
o compromisso de fazer superávit primário 20. Tarcísio como ministro da infraestrutura de
para pagar a dívida exigida pelo “mercado” em Bolsonaro foi alvo de 228 denúncias de irregu-
detrimento da população que elegeu Lula para laridades e superfaturamento de obras.
sair do sufoco. 21. O principal articulador de Tarcísio é seu
15. O Bolsonaro ficou inelegível por 8 anos, mas secretário de relações institucionais Gilberto
o bolsonarismo está vivo. Estamos vendo as Kassab (PSD). Quando prefeito da cidade de
reações como: a manifestação do movimento São Paulo militarizou as subprefeituras distri-
pró-armas, dia 9 de julho em Brasília e o en- buindo cargos para coronéis da PM em quase
cerramento do Programa Nacional de Escolas todas as regiões. Foi também a gestão onde
Cívico-Militares (PECIM). Eduardo Bolsonaro mais incêndios e mortes ocorreram nas favelas
(PL) deputado federal por São Paulo disse: “Não da cidade.
tem diferença de um professor doutrinador para 22. Governador Tarcísio pretende desenvolver
um traficante de drogas que tenta sequestrar e um plano amplo de distribuição do patrimônio
levar os nossos filhos para o mundo do crime. público do Estado de São Paulo, para seus alia-
Talvez até o professor doutrinador seja ainda dos e apoiadores. Quer deixar como marca a
pior porque ele vai causar discórdia dentro de privatização de tudo que puder. O Estado de São
sua casa, enxergando opressão em todo o tipo Paulo será colocado à venda pelo bolsonarismo
de relação”. paulista.
16. O Presidente Lula encerrou o Programa 23. No interior de São Paulo, Tarcísio distribui

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terras públicas ocupadas ilegalmente por lati- as suas subsedes comitês contra a privatização

tese
fundiários do agronegócio. da SABESP.
24. Entre as privatizações de Tarcísio estão em-
presas estratégicas como a CPTM e a SABESP.
2. POLÍTICA SINDICAL

16
A CPTM já teve parte de suas linhas entregues
para empresas privadas. 30. Ao assumir o cargo de governador Tarcísio
25. O Sindicato dos Metroviários denuncia a de Freitas aumentou seu próprio salário e de
situação dos transportes que são administrados seus secretários em 50%. E agora em julho
pelo Grupo Companhia de Concessões Rodovi- reajustou o salário do funcionalismo em 6%.
árias (CCR). “Em janeiro deste ano o consórcio
31. É necessário tirarmos todas as lições das
Via Mobilidade (controlado pela CCR) assumiu
últimas campanhas salariais. Os 6% deste ano
a gestão das Linhas 8 e 9 da CPTM. O efeito
não é exatamente uma conquista nossa, pois
imediato dessa privatização é a enorme queda
pouco fizemos para lutar por mais.
na qualidade do atendimento à população. Já
ocorreram várias falhas, acidentes e a morte 32. É urgente recuperar os salários. É preciso
de um trabalhador que fazia a manutenção que tenhamos uma pauta salarial clara e factível.
na Linha 9-Esmeralda. Ele foi eletrocutado na 33. Consideramos que é necessário um índice
estação Pinheiros. No dia 1º/2 aconteceu um que seja crível para a categoria reaprender a se
acidente nas obras de construção da Linha mobilizar com força em greves.
6-Laranja do metrô, que também é privatizada.” 34. De nada adianta usar a justa reivindicação
(Metroviários, 3.5.2023). de isonomia com os salários das demais car-
26. Já a SABESP, maior empresa de forneci- reiras de nível superior, mas se isso foi incapaz
mento de água e saneamento básico do país, de sensibilizar e atrair para a luta a massa do
é a galinha dos ovos de ouro para privatização professorado nas escolas.
bolsonarista de Tarcísio. Trata-se de um serviço 35. Desde as últimas grandes greves, é preciso
essencialmente público e, como tal, deveria ser agora reconquistar a categoria para os métodos
mantido. da luta de classes, aproveitando-se da unidade
27. Hoje recebemos da Sabesp um serviço de inédita na composição da diretoria da APEOESP.
excelência em nossas casas com água de qua- 36. Não podemos nos contentar em repetir
lidade. Em todas as cidades, estados e países, listas imensas de reivindicações nas campanhas
onde a água e o esgoto foram privatizados salariais. É preciso ter uma pauta curta e voltada
houve aumento do preço da conta dos cida- às reivindicações para unir a categoria em cada
dãos e a piora na qualidade dos serviços. A escola, e assim possibilitar a capacidade de
privatização da SABESP pode ser um fator de realizamos paralisações massivas da categoria.
aumento de problemas de saúde com a redução
37. É preciso:
dos investimentos em saneamento básico.
38.  Eleger REs em todas as unidades escolares
28. Segundo o SINTAEMA-SP, sindicato dos
para garantir a representatividade sindical e
trabalhadores da SABESP: “Graças ao empenho
organizar as lutas no chão das escolas, assim
dos trabalhadores e trabalhadoras, a SABESP
como preparar no segundo semestre uma forte
figura como referência no quesito saneamento
e atende cerca de 30 milhões de pessoas (70% campanha salarial para 2024.
da população do Estado) em 375 municípios 39.  A APEOESP deve fazer uma ampla cam-
paulistas, dos quais 242 têm até 20 mil ha- panha de filiação, viabilizando como outros
bitantes e 54 têm de 20 a 50 mil habitantes. sindicatos uma fácil filiação online, facilitando
Lembrando que, na sua área de atuação, mais para a categoria se associar e contribuir para o
de 20% da população está em situação de alta Sindicato. Precisa acabar com a burocratização
vulnerabilidade (...). É uma empresa que dá do pagamento das mensalidades dos sócios
lucro e ainda repassa altos volumes de recursos (as), principalmente os professores categoria O.
para o governo que são investidos em outros 40.  Buscar uma solução para o pagamento
serviços. A SABESP obteve, em 2022, um lucro da contribuição sindical dos professores (as),
de R$ 3,12 bilhões, 35,4% superior aos R$ 2,3 que estão em atrasos com as contribuições há
milhões registrados em 2022. ” mais de 6 meses e oportunizar a regularização
29. Por isso, a APEOESP deve participar ati- da situação financeira, com um sistema de
vamente da luta contra as privatizações que cobrança mais eficiente (desconto em folha,
prejudicam a vida das (dos) trabalhadoras (os), cartão de crédito, pagamento por PIX). Temos
e de toda a população de nossa cidade. E com aproximadamente, 180 mil sócios (as), e somente
esse compromisso apoiar e articular em todas 110.799 pagantes.

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41.  O sindicato deve lançar uma ampla campa- 49. A questão é que as Escolas PEIs não pos-

tese
nha de atualização cadastral dos seus sócios suem os recursos necessários para viabilizar
(as), tendo em vista que seu banco de dados um ensino integral. Longe disso acaba-se tor-
é desatualizado e desestruturado. É preciso nando na definição dos estudantes: “prisões”
ou “depósitos de alunos”. Nos últimos anos

16
investir em novas tecnologias ou atualizar as já
existentes para melhorar o banco de dados de têm aumentado os protestos de estudantes
filiados (as) separando-os por subsede. contra as escolas PEIs.
42.  É necessário retomar o funcionamento pleno 50. As equipes gestoras são sistematicamente
presencial das instâncias sindicais, a começar pressionadas pela supervisão de ensino para
pelas reuniões de REs nas subsedes. que atinjam metas inatingíveis. O adoecimento
43.  Garantir a impressão dos boletins “INFORME dos docentes nas escolas PEIs é um proble-
ma endêmico. Os professores (as) trabalham
URGENTE DA APEOESP” nas subsedes e colocar
doentes, com medo de perderem suas desig-
nos murais de todas as escolas.
nações. Há relatos absurdos de acidentes de
trabalho (fraturas). Mesmo assim, continuam
lecionando quando deveriam estar afastados
3. POLÍTICA EDUCACIONAL para recuperação da saúde.
NOVO ENSINO MÉDIO 51. A carga horária é exaustiva tanto para pro-
fessores (as) quanto para alunos (as). A avaliação
44. Sem repetir tudo que a APEOESP já elabo- 360º é um método excludente, autoritário e
rou em conjunto com a CNTE sobre o “Novo inaceitável. Excluí os docentes e discentes.
Ensino Médio” (NEM). Todo professor (a) já vê
52. A implementação de escolas PEIs provoca
a realidade: que há uma piora generalizada no
o fechamento do período noturno, forçando
ensino e aprendizagem.
os estudantes que trabalham a desistirem dos
45. O NEM precisa ser revogado. A SEDUC/SP, já estudos.
anunciou que pretende rever em parte o NEM
53. Para um verdadeiro ensino integral é preciso
em São Paulo, pois seus resultados já indicam
de recursos e investimentos. É indispensável
retrocessos. Mas, na proposta da SEDUC/SP se
uma escola PEI com gestão democrática, com
mantém os itinerários formativos, ainda que em
boas práticas pedagógicas e acolhedoras, sem
número menor.
altos índices de evasão. É necessário exigir do
46. Temos de exigir junto com a CNTE e todos governo auxílio financeiro para as famílias dos
os sindicatos da educação do Brasil a revoga- alunos que precisam.
ção do Novo Ensino Médio, por parte do MEC,
54. Entre as ações que a APEOESP deve desenvolver:
assim como exigir os recursos necessários para
uma melhora escolar. O abandono escolar dos  depoimentos sobre o assédio moral e as
estudantes é culpa da escola fragmentada questões de saúde dos docentes das escolas
PEIs.
pelo atual modelo da BNCC. É necessário um
currículo nacional que garanta à aprendizagem  Desenvolver uma parceria com instituições
em todo o país e pôr fim a farsa dos itinerários de saúde do trabalhador na defesa de boas
formativos. condições de trabalho. Realizar uma pes-
quisa sobre a realidade do projeto PEI e
apontar uma saída para os problemas dos
CONDIÇÕES DAS ESCOLAS PEI profissionais da Educação.
47. Nos últimos anos o recuo antissindical dos  Exigir a atribuição centralizada de aulas nas
(das) professores (as) contratados (as) das es- escolas PEIs.
colas PEIs, leva ao afastamento das atividades  Pôr fim ao sistema de avaliação 360º
sindicais por causa do assédio moral, que é usado para perseguir professores (as) e
praticado por estas instituições (escolas PEIs). funcionários (as).
48. O sindicato defende escola integral: inclusi-  Garantir bolsa de estudo para os estudantes
va, democrática, libertadora e de acordo com os de escolas PEIs e regulares para reduzir o
moldes do Plano Nacional da Educação (PNE), abandono escolar.
conforme a LEI 13.005/2014. Nesses termos,
entendemos que Educação Integral é Formação
Integral. A escola de tempo integral em parte é CONDIÇÕES PARA ENSINO INCLUSIVO
uma “ajuda” para tirar os estudantes das ruas. 55. Outro desafio urgente em toda rede é a
Entretanto é fundamental o funcionamento do questão do ensino inclusivo dos estudantes
período noturno. com déficit de aprendizagem, transtornos e

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pessoas com deficiências (PCDs). A inclusão MAIS FUNCIONÁRIOS (AS) NAS ESCOLAS,

tese
educacional nas escolas públicas é uma con-
quista social. DESTERCEIRIZAÇÃO DA LIMPEZA E
56. Aprender com qualidade é direito de to- ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

16
dos os alunos. No entanto, é necessário que o 66. O funcionamento efetivo nas escolas exige
Estado forneça aos professores (as) condições mais funcionários (as). O déficit de agentes de
de trabalho e capacitação para lidarem com as organização escolar já é um problema para os
demandas dos estudantes com deficiência. docentes e aumenta a violência nas escolas.
57.  Toda escola deve ter sala de recursos pe- Poderíamos citar inúmeros casos e fatos do
dagógicos com profissionais especializados, cotidiano escolar. Apenas relatando a última
exigindo apoio no contraturno dos estudantes tragédia que ocorreu na EE Thomazia Montoro,
com déficit de aprendizagem como transtornos sendo que naquele não havia nenhum agente
de aprendizagem e PCDs que precisem de su- de organização escolar.
porte especializado. 67. É necessário pôr fim as terceirizações nos
58.  Exigimos professor Coordenador Pedagógico serviços de limpeza e alimentação escolar, e
exclusivo, para o acompanhamento das crianças valorizar esses profissionais, oferecendo-os
com laudos. condições dignas de trabalho.
59.  As turmas de estudantes com laudos que 68. Devemos lutar por um concurso público
indiquem déficit, transtornos ou PCDs devem ter para Agentes de Organização Escolar. Exigimos
professor assistente para dar apoio aos alunos. um agente de organização escolar para cada
70 alunos no pátio.
APDs, FALTA AULA E ATRIBUIÇÃO 69. Todas as escolas devem alocar professores
(as) especializados (as) em mediação de con-
60. As negociações da APEOESP com a SEDUC/ flitos, para todos os períodos.
SP são importantes. Na última audiência pública,
o Secretário de Educação se comprometeu a
rever as APDs que escravizam professores (as),
prendendo-os nas escolas.
4. ESTATUTO
61. Queremos atribuição de classes/aulas de 70. 1) Suprimir o parágrafo 6° do artigo 16°. Nova
acordo com o tempo de serviço e não por redação: Assembleia com credenciamento dos
jornadas. sócios e votação com crachás.
62. É preciso acabar de vez com a evasão escolar, 71. 2) Que todas as subsedes tenham acessibilidade.
aprovação automática, violência nas escolas e
fechamento de salas de aula.
63. A política educacional de Tarcísio/Feder é
5. POLÍTICA PERMANENTE
simplesmente a chamada em tempo real, para 72.  Pela aplicação integral da Lei do Piso Sala-
avançar no fechamento de salas de aula e re- rial do Magistério com 1/3 da jornada para
dução de professores (as). trabalho extraclasse;
64. A violência nas escolas continua, assim 73.  Revogação da Nova Carreira (1374/22);
como a sobrecarga de trabalho dos docentes se 74.  Campanha para pôr fim ao assédio moral
aprofundam, principalmente com a exigência de nas escolas;
sistemas virtuais de controle de chamadas, que 75.  Atribuição de classes/aulas centralizada e
não funcionam adequadamente. Não é monito- presencial;
rando o aluno em tempo real com a chamada
76.  Atribuição de acordo com o tempo de tra-
que se garante resultados. Algumas escolas não
balho no magistério;
possuem computadores, nem acesso adequado
à internet. Os docentes são obrigados a usarem 77.  Concurso público classificatório;
seus equipamentos e internet pessoais. 78.  Estender a estabilidade da categoria “F”,
65. Para mudar essa realidade é urgente: para toda a categoria “O”;
 Fim das APDs nas escolas. 79.  Acesso para toda categoria O ao IAMSPE.
 Retorno do direito a falta aula. A falta aula 80.  Ampliação da rede de atendimento do IAMS-
penaliza os docentes e discentes. PE. Criação de unidades diretas do IAMSPE
em todas as macrorregiões de São Paulo.
 Reabertura das salas de aulas fechadas pela
SEDUC/SP e redução do número de estu- 81.  Retorno do direito a faltas abonadas;
dantes por sala. 82.  Aumentar o valor do ticket alimentação;

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83.  Revogação da LC 173/2020, que congelou Daniele Aparecida de Melo - EE Amadeu Odorico de Sousa;

tese
Raimundo Nonato Chaves - EE Padre Anchieta; Katia Henrique
o tempo de serviços;
Barboza - EE Olga Fonseca; Edson Barbosa dos Santos Jr - EE
84.  Revogação da lei 1354/20 (Reforma da Pre- Olga Fonseca; Maycon Rosa de Carvalho – EE Sylvia Ramos
vidência de São Paulo). Esquivel; Caroline da Silva - EE Jorge Ferreira; Carlos Henrique

16
Gonçalves dos Santos - EE Soldado José Iamamoto; Natércia
Vanderlei de Andrade - EE Frade Monte; Aline Graciano de

6. PLANO DE LUTAS Souza - EE Sérgio Buarque de Holanda; Marcelo Alves Ferreira


- EE Marie Nader Calfat; Ana Maria Bezerra da Silva - EE Antônio
85.  Construir um calendário de lutas. Branco Rodrigues Jr; Fátima Vianete Vidal - EE Osvaldo Giacoia;
Alessandra Galdino dos Santos – EE Vila Socialista; Tiago Alves
86.  Exigir a revogação da “Nova Carreira” em Monteiro - EE Arco Iris; Maria Neuza Borges - EE José Mauro
São Paulo (Lei 1374/2022). de Vasconcelos; Eleaze da Araújo Oliveira – EE José Fernando
Abbud; Daniel Carlos Pereira - EE José Fernando Abbud; Mário
87.  Apresentar a categoria uma pauta com as
Garcia Palma - EE José Fernando Abbud; Luiza Maria de Oliveira
principais reivindicações: Aplicação da Lei do – EE Arlindo Bétio; Antônio Bispo da Silva – EE José Marcato;
Piso, reajuste salarial, revogação do “Novo Eliane Rosa da Silva – EE Jornalista Rodrigues Soares Jr; Luci da
Ensino Médio” (Lei 13.415/2017). Fátima Vieira - EE Eça de Queiroz; Daniel Modesto Sorpilli; EE
88.  Aprovar uma assembleia no segundo semes- Evandro Caiafa Esquivel e Adriana Souza – Sem aula; Neusa
Ângela da Silva – Aposentada; Maria Lucia Ramos – Aposentada e
tre, para decidir quais os rumos tomaremos
Maria Eni do Carmo – Aposentada.
na preparação de uma greve maciça.
89.  Levar para o COCUT em outubro, proposta Subsede Ribeirão Preto
de uma marcha à Brasília, em defesa de Lula. Aureni Faustino de Menezes do CER; Rosilene Tomé Santana – EE
90.  Organizar uma mobilização unificada para Professora Glete de Alcântara; Vitória Cristina dos Santos – EE
Professor Walter Paiva; Márcia Rosseti da Silva – EE Professor
que Lula cumpra o seu mandato e reafirme
Walter Paiva; Julinaldo Santana de Oliveira – EE Professor Walter
os compromissos de campanha eleitoral de Paiva; Evandro Marcelo de Castro – EE Professor Edgar Cajado;
2022, e, para dar um basta no CENTRÃO do Karilei de Morais da Costa – EE Jardim Diva Tarlá de Carvalho;
Arthur Lira. Eliane Bezerra Araújo – EE Dom Alberto José Gonçalves; Adriana
91.  O maior sindicato da América Latina, filiado a Bernardes dos Reis – EE Jenny de Toledo Piza Schroeder; Pedro da
Silva Farias – EE Miguel Jorge.
CUT e a CNTE deve sair do XXVII Congresso
da APEOESP com um plano de lutas para a
classe trabalhadora, e mobilização popular Subsede Sudoeste Centro

unificada com as organizações dos traba- Alexandre Linares, RE da EE Lourival Gomes Machado.
lhadores (as), dos estudantes e dos movi-
mentos populares, e pôr fim ao conchavo Subsede - Sudeste Centro

parlamentar. Nome: Gilson Souza Nascimento – Maria Augusta Saraiva Dr e


Elda Maria Pires de Carvalho - Maria Augusta Saraiva Dra.

Assinam: Subsede São Roque


Subsede Diadema Márcio José Palharini – Aposentado
José Reinaldo Matos Lima - Diretor da DEC e Coordenador da
subsede de Diadema; José Arimateia Ribeiro do CER; Marina Subsede Salto
Inês do Nascimento do CER; Luís Antônio de Lima do CER; Sônia
Creuza Maria de Jesus - EE Dolores Antunes da Silva.
Aparecida Prates Leal 1ª suplente do CR; Rafael Santana da Silva
2º suplente do CRR; Frank Menezes Rodrigues 6º suplente do
CRR; Roque Bispo da Silva - EE Amadeu Odorico de Souza; Subsede Indaiatuba
Olinalda Aparecida Gomes - EE Amadeu Odorico de Sousa; Anderson Lima – EE General Mascarenhas de Moraes.

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caderno de teses 2023.indd 131 01/08/2023 00:10:27
tese
17 TESE DA COLUNA PIQUETEIRA AO CONGRESSO DA APEOESP
CONSTRUINDO A OPOSIÇÃO UNIFICADA
COMBATIVA

1. Nós da Coluna Piqueteira, trabalhadores maneira informal, flexíveis, precarizados, em que


em educação, temos como objetivo expor as a remuneração é ainda mais baixa em relação
transformações que ocorrem no sistema esco- aos antigos empregos formais, sem contudo ter
lar brasileiro à luz das mudanças ocorridas no qualquer vínculo com o empregador.
cenário político e econômico e seus reflexos 4. O paradoxo do trabalho sem emprego que
no Brasil atual. Cientes de que este exercício domina o cenário político e econômico do Bra-
reflexivo exigem serem pensadas no cenário sil atual é resultado histórico de um processo
das transformações ocorridas em escala global de mudança estrutural no modo pelo qual o
com a “nova organização do trabalho” no modo sistema capitalista organiza a produção das
de produção capitalista, avaliamos pertinente mercadorias e a contratação da força de tra-
começarmos por esta temática. balho. O processo de “globalização” pode ser
2. É urgente a tarefa de construir uma sindicato pensado justamente pela ótica do deslocamento
combativo, com independência de classe e ação da produção das empresas transnacionais para
direta. Por isso, a Coluna Piqueteira constrói a os países “subdesenvolvidos” (chamados outrora
Oposição Unificada Combativa e acredita que de “terceiro mundo”), mediante um processo
apenas construindo um polo organizativo que de separação entre a produção de mercado-
poderemos dar um salto frente a difícil con- rias e as marcas das mercadorias. Naomi Klein,
juntura em que vivemos. em “Sem Logo”, ilustra o processo que ocorre
desde a década de 1990 quando a Nike decide
investir todo seu capital em marketing, tercei-
CONJUNTURA INTERNACIONAL rizando assim toda a produção dos produtos.
“A Adidas seguiu uma trajetória similar”, afirma
As mudanças no mundo do trabalho Klein, “entregando suas operações em 1993
O neoliberalismo não é apenas uma doutrina a Robert Louis-Dreyfus, ex-diretor executivo
econômica que defende o “Estado mínimo”, da gigante de publicidade Saatchi Et Saatchi.
mas uma “Doutrina de Choque” política e Anunciando que queria cativar o coração dos
econômica, que utiliza a tortura em massa “adolescentes globais”, Louis-Dreyfus imedia-
e a guerra psicológica para instalar o pânico tamente fechou as fábricas de propriedade da
na sociedade e fazer a população aceitar o empresa na Alemanha e transferiu a produção
empobrecimento em massa, o desemprego e para empresas contratadas na Ásia. Livre dos
os trabalhos (bicos) muito mal pagos, análo- grilhões da produção, a empresa teve tempo e
gos à escravidão. dinheiro renovados para criar uma imagem de
3. No atual momento histórico em que vi- marca ao estilo Nike. “Fechamos tudo”, disse
vemos, o trabalho, a atividade remunerada, orgulhosamente o porta-voz da Adidas, Peter
deixou de ser sinônimo de emprego, atividade Csanadi. “Mantivemos apenas uma pequena
remunerada mediante um contrato de traba- fábrica que é nosso centro de tecnologia global
lho. Se, por um lado, há uma diminuição da e é responsável por cerca de 1 por cento da
quantidade de postos de trabalhos com carteira produção total”.
assinada (empregos) em nossa sociedade, há, 5. A luta de classes se intensificou. E como
por outro, trabalhadores sendo arregimentados vivemos num mesmo sistema, a revolta do povo
para executar os mesmos trabalhos; mas de argentino (em 2001) fez soar os alarmes de in-

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cêndio em toda a América Latina. O povo tomou dos governos petistas (que conciliou uma po-

tese
as ruas, expulsou os banqueiros do país, derru- lítica de assistência social com uma política de
bou 7 presidentes em duas semanas, ocupou extermínio, uma vez que patrocinou as invasões
fábricas, recuperou as empresas que decretaram imperialistas da ONU no Haiti e nas Favelas do
falência sob controle dos trabalhadores, fizeram Rio de Janeiro) conheceu seu fim com as revol-

17
restaurantes populares e escolas livres. Com a tas protagonizadas pelo povo pobre em junho
revolta do povo argentino, os “chicago’s boys” de 2013, na luta contra o aumento da tarifa de
(nome dado aos teóricos do neoliberalismo que ônibus, que foi apenas o gatilho da convulsão
fazem parte da escola econômica de Chicago/ social vivida pelo país atualmente. Por ironia do
EUA) tiveram que mudar seus métodos de im- destino, o governo do Partido dos Trabalhado-
plementação do neoliberalismo: patrocinaram res foi o encarregado de despejar centenas de
os “governos progressistas” de Lula e Kirchner milhares de pessoas de suas casas para realizar
(Argentina), em contraponto ao governo de os novos empreendimentos: as aberturas de
Hugo Chávez na Venezuela. Concederam al- avenidas (a avenida que cortou o Jardim São
gumas demandas da classe trabalhadora como Luís, que recebeu o nome do petista “Luiz
a diminuição da população que vive abaixo da Gushiken ”) foi apenas um exemplo dos milhares
linha da miséria, o sistema de cotas para negrxs, de despejos e de pessoas que ficaram sem teto
indígenas e estudantes das escolas públicas, e para o governo realizar seus empreendimentos
um sistema de crédito que alavancou o consumo financeiros e imobiliários: construção de estradas,
interno de carros, eletrodomésticos e imóveis estádios, aeroportos, usinas, são exemplos dessa
(casas, terrenos e apartamentos). dupla política de bate e assopra que manteve
o pacto da conciliação de classes em pé, mas
que conheceu seu fim com as revoltas contra os
CONJUTURA NACIONAL governos em 2013, 2014 e 2015.
6. Não é de hoje que o Estado brasileiro está 9. O último ano dos governos petistas abriu
pondo em prática as políticas neoliberais. O caminho para o retorno do neoliberalismo
governo Collor e o governo do Fernando Hen- “clássico” com a legalização da terceirização do
rique Cardoso implementaram o neoliberalismo trabalho e a implementação da lei antiterrorista
na sua forma “clássica”, vendendo os bancos que transformou a ação política em terrorismo.
estatais, privatizando a Petrobras, as empresas Ambas as leis foram sancionadas pela Presidenta
de energia, mineração e telefonia, aprofundan- Dilma Rousseff. Isso fez com que o Estado brasi-
do o fosso social e a concentração da riqueza. leiro pudesse usar a “Lei da Garantia da lei e da
O empobrecimento da população resultou na Ordem” para impor o Estado de Sítio (suspen-
migração de milhares de pessoas do campo são da Constituição) perseguindo, prendendo
para a cidade, e da cidade para outros países. e torturando os militantes. Esse serviço sujo
Não à toa, as ocupações de terra e das fábricas realizado pelo governo Petista abriu caminho
se espalharam pelo Brasil na década de 1990. para os milicos/milicianos chegarem novamente
7. Porém, os Governos do Partido dos Traba- à a Presidência da República.
lhadores (Lula e Dilma) tiveram como principais 10. Após a derrocada em 2016 de treze anos do
fontes de sustentação o latifúndio e seu “agro- PT na presidência, aponta-se o fim de um perío-
negócio” que envenenou toda a população do em que a “esquerda” se via no paraíso. Daí em
brasileira, os solos e as águas; as empreiteiras diante tivemos uma grande escalada de apoio
que construíram estradas, rodovias, aeroportos a candidatos de direita frente ao imobilismo de
e estádios de futebol “padrão fifa” também uma falsa esquerda que depositou nos últimos
foram responsáveis pela construção da usina tempos, como única meta, sua participação no
de Belo Monte, que, além de despejar milhares parlamento, nas ações jurídicas, nos conchavos
de povos tradicionais da região amazônica, com a classe dominante e que optou por esse
desmataram uma imensa área de floresta para lodaçal criado pela burguesia para a manuten-
fazer a represa da usina, deslocando milhares ção da ordem vigente, a tal “democracia”.
de trabalhadores para a região amazônica, mo- 11. Como em outros lugares do mundo que
rando e trabalhando em condições análogas à obedeceram à política econômica neoliberal,
escravidão. Em 2011, os trabalhadores de Belo no Brasil essa receita copiada se mostrou ine-
Monte protagonizaram uma das maiores greves ficiente, como logo veríamos. No sistema capi-
desde o fim da ditadura civil-empresarial-militar, talista, que tem como sua grande contradição
foram mais de 170 mil trabalhadores de braços a desigualdade, quanto mais se aumenta a
cruzados. riqueza produzida, menos se consegue dimi-
8. O novo modus operandi do neoliberalismo nuir a miséria, ou melhor, o neoliberalismo até

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trabalha para criar mais miséria. Miséria esta autogestão e ação direta para o avanço das lutas

tese
que, de tempos em tempos, é mascarada com dos trabalhadores brasileiros na construção da
artifícios econômicos, ideológicos, religiosos e revolução socialista e libertária no Brasil.
repressivos e que faz com que a crise seja cada 13. Imbuído do racismo estrutural e do medo da
vez mais aprofundada

17
revolução negra com o avanço das organizações
quilombolas, as classes dominantes brasileiras
no final do século XIX acabaram com seu direito
A CRISE DO SINDICATO DE de escravizar e iniciaram um processo de em-
branquecimento da população brasileira, que
ESTADO E A NECESSIDADE era formada (e ainda é) em sua ampla maioria
DE ORGANIZAÇÃO DA CLASSE por africanos e afrodescendentes. Essa proposta
de embranquecimento da população foi sendo
TRABALHADORA implementada pelo Estado brasileiro por polí-
“A adesão [do sindicalista ao sindicato de ticas de incentivo às migrações dos povos do
Estado] é uma manifestação localizada da sul da Europa, em especial italianos, espanhóis
ideologia populista, [cabe a ela] o papel e germânicos. No fim do século XIX a Europa
fundamental na reprodução do sindicato de enfrentava grandes lutas populares e as classes
Estado e no funcionamento eficaz dos seus trabalhadoras estavam em processo de unifica-
mecanismos de desorganização da luta ção ao formar seus próprios instrumentos de
sindical. A ideologia populista (…) é o defesa, que eram as associações ou sociedades
“cimento” do edifício da estrutura sindical. É de resistências por local e ramo de trabalho. A
essa ideologia, e não a repressão gover- criação da Associação Internacional dos Tra-
namental, que torna possível o controle balhadores (AIT) conferiu um grande poder ao
da cúpula do Estado sobre os sindicatos” movimento operário que internacionalizou as
(Boito Jr., “O Sindicalismo de Estado no Bra- lutas, unificando assim as milhares organizações
sil”, p. 18). que surgiam das lutas dos trabalhadores.
14. Na bagagem dos trabalhadores imigrantes
I - Breve histórico da organização dos vieram as organizações que eles participavam
em seus locais de trabalho. Assim a AIT chega
trabalhadores no Brasil ao Brasil juntamente com Aliança Democrática
12. Historicamente, a classe trabalhadora criar Socialista (ADS), organização anarquista fundada
muitas formas de sociedades ou associações por Bakunin que se expandiu para centenas de
de defesa e resistência. No período colonial seções da 1ª Internacional. O comunismo – en-
da escravidão, os trabalhadores organizavam tendido ideologia que propões a coletivização/
fugas, sabotagens, expedições de libertações socialização dos meios de produção – chega ao
de companheir@s que ainda se encontravam Brasil trazido pelos trabalhadores anarquistas
cativo, sendo o Quilombo a principal orga- italianos, espanhóis e alemães. O movimento
nização popular que tornou possível todas anarquista teve fundamental papel na luta
as táticas de defesa ao longo de todo país. e organização dos operários nas nascentes
Os quilombos formavam repúblicas negras e metrópoles/fábricas brasileiras, Rio de Janeiro
indígenas que ameaçavam constantemente a e São Paulo são os marcos das organizações
ordem e a manutenção do domínio dos brancos operárias a partir da formação dos sindicatos
latifundiários, comandados pelos banqueiros revolucionários totalmente independentes do
europeus. O fim na letra da lei da escravidão Estado, que tinham como princípio a autonomia
não representou necessariamente a libertação e a independência dos trabalhadores. Esses gru-
dos cativos, mas recolocou os trabalhadores pos de imigrantes organizados que vieram ao
sob uma nova servidão, a miséria e o extermínio Brasil fundaram o primeiro organismo sindical
patrocinado pelas capitanias hereditárias que se nacional dos trabalhadores, a Confederação
mantiveram após a instauração da república. Operária Brasileira (COB) em 1906.
Assim, a luta de classes no Brasil é sobretudo 15. A fundação de um organismo nacional não
uma dominação baseada na supremacia branca, se dá com a sua proclamação, assim diversos
onde a casa grande não abre mão da espoliação historiadores admitem que os comitês e socieda-
e da exploração dos corpos negros, indígenas e des de resistências começam a ser organizados
mestiços nas novas senzalas que são as periferias há anos, antes da fundação oficial. Na primeira
das cidades. Ao contrário de grande parte dos tiragem do jornal “A Voz do Trabalhador”, a
marxistas e historiadores, acreditamos que as COB defende a estratégia do sindicalismo
organizações quilombolas contém modelos de revolucionário, orientada a dualidade orga-

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nizacional, ou seja, que os trabalhadores unam várias organizações de massas criadas na luta

tese
em seus locais de trabalho e moradia na forma popular e o partido político anarquista, que
de sindicatos ou associações de resistência (or- será responsável por reunir os revolucionários e
ganizações de massas), e em paralelo a isso os construir a tomada e a coletivização dos meios
setores revolucionários do movimento devem de produção. Foi dentro desta estratégia que

17
se organizaram em partido político (ou Aliança) se produziram as greves gerais que assolaram
anarquistas, que construíram as bases para o a primeira República brasileira, em especial a
processo revolucionário e a tomada dos meios Greve de 1917 que é um marco da luta sindical
de produção. Foi o próprio Bakunin quem expôs no Brasil, nesta greve os operárixs obtiveram vi-
as diferenças e limites dessas duas organiza- tórias em suas reivindicações, ao mesmo tempo
ções: “A quem nos pergunte que motivo tem a em que sofrem ferrenha repressão do Estado.
existência da Aliança uma vez que já existe a Centenas de trabalhadorxs presxs, deportadas,
Internacional, respondemos: a Internacional é, levadas para o campo de concentração/Colônia
desde já, uma magnífica instituição; é, inegavel- Penal em Clevelândia (Oiapoque). Poucos sabem
mente, a mais bela, a mais útil, a mais bem feita que tivemos nossa Sibéria no meio da Amazônia.
criação de nosso século. Foi criada a base da A partir do avanço das lutas populares e das
solidariedade dos trabalhadores de todo o organizações dos trabalhadorxs com a criação
mundo. Foi-lhes dado um princípio de organi- do Partido Comunista-Anarquista Brasileiro em
zação através de todos os Estados e à margem (1917), sua dissolução e recriação sob a égide
do mundo dos exploradores privilegiados. E bolchevista em 1921, e a repressão e persegui-
fez mais ainda: hoje ela já contém os primeiros ção do Estado na luta sindical se intensificou
germes da futura organização da unidade, e ao durante as décadas seguintes. A ironia histórica
mesmo tempo ela deu ao proletariado de todo é que as conquistas das melhores condições de
o mundo a percepção do seu próprio poder. (…) trabalho tornaram-se lei a partir de 1934 com o
A Internacional prepara os componentes da golpe de Estado de Getúlio Vargas. Para o geó-
organização revolucionária, mas não a orga- grafo Amir ElHakim de Paula, a legalização dos
nização revolucionária em si. Ela os prepara sindicatos e a criação de um aparelho sindical
para a luta pública e legal dos trabalhadores que fosse parte da estrutura do Estado só foi
solidários de todos os países contra os explo- possível por dois fatores: o primeiro foi a brutal
radores do trabalho – capitalistas, proprietários repressão sofrida pelos trabalhadores afiliados
e empresários industriais – mas nunca vai mais aos organismos combativos e revolucionários, e
além. A única coisa que faz fora esta obra, por si o segundo foi a determinação de uma legislação
só tão útil, é a propaganda teórica das ideias so- trabalhista que só poderia ser acessada caso
cialistas entre as massas. Em poucas palavras, a os trabalhadores se afiliassem aos sindicatos
Internacional é um espaço sumamente favorável corporativos criados pelo Estado brasileiro.
e necessário para a organização revolucionária, 17. Amir ElHakim cita o caso da “União dos
mas não é a organização revolucionária em si. A Trabalhadores da Ligth” que era filiada a FOSP e
Internacional admite em seu seio, sem distinção fazia uma importante oposição política ao regi-
de crenças políticas ou religiosas, todos os tra- me. A “União” não aceitou o Decreto-lei 19.700
balhadores honrados com a única condição de que instituiu o sindicato de estado dizendo
que aceitem, com todas as suas consequências, que “Repetidas vezes a Federação Operária
a solidariedade da luta dos trabalhadores contra tem declarado não estar de acordo com a
o capital burguês, explorador do trabalho. Esta fascistazação dos sindicatos [...] os agentes do
é uma condição suficiente para separar o Ministério do Trabalho em vez de cumprirem sua
mundo dos trabalhadores do mundo dos missão se aliaram aos reacionários para impe-
privilegiados, mas insuficiente para dar ao direm que os trabalhadores estejam dentro das
primeiro destes mundos uma orientação suas organizações de classe e prevalecendo-se
revolucionária”. Neste sentido, “a Aliança é o de seus cargos fazem a maior propaganda con-
necessário complemento da Internacional: uma tra as organizações de classe que não aceitam
tem a missão de agrupar as massas operárias, os o controle do Ministério, ou seja, que não se
milhões de trabalhadores, através dos diferentes submetem dos caprichos e fiscalização dos
países e nações, através das fronteiras de todos patrões”. Por sua vez, o próprio Ministério do
os Estados; a outra, a Aliança, tem a missão de Trabalho responde num documento que “em
dar a estas massas uma orientação realmente parceria com os industriais, fundaram uma
revolucionária”. Federação do Trabalho do Estado de São
16. Portanto, os sindicalistas revolucionários tem Paulo [...] com o fim de impedir o desenvol-
como estratégia a construção de dois níveis de vimento das organizações revolucionárias,
organização dos trabalhadores, o sindicato e as cremos ser o nosso dever chamar atenção do

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proletariado consciente para que não poupe por este aparelho faz os sindicalistas adotarem

tese
esforços em fazer fracassar os intentos dos posições de apego às estruturas do sindicato de
inimigos da classe produtora” ( O Trabalhador estado, fechando os horizontes para qualquer
da Light apud ANTUNES, 1982, p.96-97) . outra forma de organização sindical.

17
18. É fundamental destacar que foi este pro- 21. Em 19 de março de 1931, o Governo Var-
cesso e forma de luta sindical que emparedou gas assinou o decreto-lei 19.770 que instituiu
os patrões e seu governo e estes como saída o Sindicato Oficial de Estado. Mas foi com a
impuseram o sindicato de estado. Cabe agora aprovação da CLT (Consolidação das Leis do
analisar a estrutura do Sindicalismo de Estado e Trabalho), em 1943, que a estrutura do Sindicato
a ideologia que este aparelho produz em seus de Estado ganhou sua face definitiva até que a
agentes, os sindicalistas e toda corja de buro- reforma trabalhista aprovada em 2017 alterasse
cratas mantidas por esse Aparelho Ideológico um dos principais pontos da estrutura sindical, o
de Estado. imposto sindical. Vejamos agora como funciona
o Sindicato de Estado no Brasil para em seguida
analisar a ideologia produzida por esta pratica
II - O SINDICATO DE ESTADO sindical.
NO BRASIL
19. Para abordar a forma que Estado brasileiro
Como funciona o aparelho
encontrou para frear a intensificação da luta de sindical no Brasil
classes e seus desdobramentos revolucionários, 22. Há duas estruturas básicas para o reconhe-
precisamos ter em mente que o Sindicato de
cimento e a existência dos “sindicatos oficiais”, a
Estado foi concebido no interior do grupo polí-
unicidade sindical (o monopólio da representa-
tico tomou o poder político do país através de
ção sindical) e o imposto sindical: 1) A unicidade
um Golpe de Estado, encabeçado por Getúlio
sindical é a estrutura que garante o monopólio
Vargas e seu partido fascista, que contava com
de fato, que exista apenas um sindicato oficial por
intelectuais desta escória como Oliveira Vianna
ramo ou categoria numa determinada região,
e Miguel Reale. O projeto de um Estado Integral
que pode ser no nível municipal, estadual ou
Fascista se oponha ao Estado Liberal, uma vez
federal (os trabalhadores que são empregados
que sua proposta era que o Estado brasileiro
pelo governo federal têm um sindicato que os
fosse ampliado de tal forma que abarcasse to-
representa nacionalmente). Este monopólio é do
das as esferas da sociedade, e assim as relações
Estado que repassa a uma associação o poder de
sociais seriam todas mediadas pelo Estado. O
sindicato tinha um papel fundamental dentro do representar os trabalhadores de uma determi-
Estado Integral Fascista. Para Oliveira Vianna, o nada categoria e região. 2) O imposto sindical
Estado Integral só teria sucesso na implementa- é retirado direto do salário de cada trabalhador
ção de sua política econômica nacional caso o e garante a manutenção e a existência de toda a
governo consiga “fazer chegar essa orientação estrutura do aparelho sindical, que vai desde o
às categorias de produção interessada – o que “sindicato oficial” eleito pelos trabalhadores, às
seria possível com o sindicato integrado no centrais e as federações sindicais, ao aparelho
Estado, controlado por êle, partilhando da burocrático repressivo, a justiça do trabalho
autoridade deste para os efeitos da duração o Ministério do Trabalho, com seus milhares
e disciplina interna da própria categoria” de burocratas vivendo às custas dos impostos
(VIANNA, O., 1943, p.13.) descontados de maneira compulsória da folha
de pagamento dos trabalhadores. Pode ser
20. Esta proposta de integrar o sindicato ao
que o “sindicato oficial” opte por não recolher
Estado não nasceu da cabecinha deste ser, mas
foi criado por Mussolini na Itália fascista. Se- o imposto sindical como é o caso da APEOESP.
gundo Mussolini, o Estado Fascista se diferencia 23. Mediante o esquema acima podemos notar
do Estado Liberal justamente pelo fato de que que apenas uma pequena parte do APARELHO
organiza as relações sociais mediante a criação SINDICAL pode ser eleito pelos trabalhado-
de aparelhos sindicais que canalizaram a luta res, que é a direção do “sindicato oficial” (por
política para o âmbito institucional, ao mesmo exemplo, a APEOESP). Ao eleger a direção, esta
tempo em que ameniza os tensionamentos buscará eleger as direções das Confederações,
sociais. Desse modo, a transformação dos sin- que são articulações nacionais do ramo do sin-
dicatos em instituições assistenciais ameniza dicado oficial (por exemplo, a CNTE). A direção
o caráter das lutas e canaliza para a estrutura do sindicato oficial também irá filiá-lo a alguma
estatal o conflito que se desenvolvia fora dela. Central Sindical (exemplo, CUT). Esses três apa-
Veremos a seguir que a ideologia produzida relhos (sindicato oficial, confederação sindical e

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Central Sindical) dividirão uma parte do imposto 26. Para que possamos compreender a força e

tese
sindical que será recolhido de todos os traba- a maneira pela qual o sindicalismo de estado
lhadores que possuem carteira assinada, todo contribui para a manutenção da ordem, Boito
o resto é direcionado para manter o APARELHO usa o exemplo das Ligas Camponesas. Segundo
REPRESSIVO DO SINDICATO DE ESTADO, isto é, Boito, “na década de 50, quando o Ministério

17
o Ministério do Trabalho (com seus milhares de do Trabalho ainda se negava a conceder cartas
burocratas e cargos de confiança) e a Justiça do sindicais para a criação de sindicatos oficiais
Trabalho (Juízes, promotores, oficiais de justiça, no campo, surgiram, a partir da iniciativa dos
imóveis, todo o serviço prestado em seu interior, camponeses nordestinos, as Ligas Camponesas”,
etc). que passaram a articular os trabalhadores na
24. Pode-se notar então que a função do Sin- ausência do sindicato oficial. Com o golpe de
dicato Oficial de Estado é desorganizar a classe 1964, o panorama mudou racialmente. Ao in-
trabalhadora, não à toa que os brasileiros em sua vés de negar a concessão das cartas sindicais,
imensa maioria vivam em condições precárias, a ditadura incentivou a criação de milhares de
e aqueles que conseguem uma remuneração sindicatos oficiais no campo, ao mesmo tempo
do salário mínimo recebem um valor inferior em que perseguia e dissolvia as Ligas Campone-
a países como Paraguai e Equador. O Brasil sas: em 1957, havia apenas 3 sindicatos oficiais;
lidera os números de acidentes de trabalho. já em 1963, esse número saltou para 300.
Desse modo, a função do sindicato de estado
consiste, segundo Boito Jr., em desorganizar
os trabalhadores, que “significa organizá-los
O que mudou no sindicalismo de
sob a direção política da burguesia”. Há dessa estado com a Reforma Trabalhista
forma ao menos dois efeitos produzidos pela 27. Em conformidade com o imobilismo do
política sindical no movimento operário quando movimento sindical, a reforma trabalhista foi
está organizado pela burguesia: de um lado, aprovada em julho de 2017, conforme esta-
implica em “subordinar a luta sindical reivindi- belecido pela Lei nº 13.467/17. Por meio desta
cativa ao interesse político geral da burguesia reforma, foram alterados uma série de direitos
(manutenção da propriedade privada dos meios do trabalhador brasileiro, bem como os deveres
de produção e da exploração do trabalho). Dito
das empresas. A ideia é que as relações de tra-
de outro modo, implica separar a luta sin-
balho se tornem mais flexíveis. A reforma altera
dical reivindicativa da luta revolucionária.
diversos pontos da CLT como jornada de traba-
De outro lado, a direção política da burguesia
lho, férias, compensação de horas, pagamento
sobre o movimento sindical tem implicado
de horas extras e salários Outra mudança é a
a fragilidade e ineficácia da própria luta
inclusão de duas novas modalidades de traba-
reivindicativa” (BOITO JR 1991: 225).
lho: trabalho remoto e trabalho intermitente
25. Tendo esse quadro em vista, pode-se notar — que possibilita que a empresa contrate um
que a natureza do sindicato oficial não pode colaborador para realizar trabalhos esporádicos
ser mudada com a substituição das diretorias de acordo com a sua demanda, aprofundando
“pelegas” por diretorias “combativas”, pois, a precarização do trabalho que se tornou lei
a diretoria sindical é uma pequena parte do com a aprovação da terceirização das atividades
aparelho sindical que se mantém mesmo que afins pelo Governo Dilma Roussef, em 2016.
mude as diretorias. Assim sendo, são poucas as
28. O Sindicato de Estado tem como função
mudanças da prática do sindicato de Estado, sua
função é ser um instrumento de controle dos de desorganizar a luta dos trabalhadores, or-
trabalhadores, amortecendo o conflito de clas- ganizando-os sob a direção da burguesia que
ses. Segundo Armando Boito, em “Sindicalismo domina o Estado. Esta estrutura estatal separa
de Estado no Brasil”, “não é correto dizer que o os trabalhadores em categorias conforme sua
sindicato, no Brasil, é subordinado ao Estado, já data-base para manter a relação de subordina-
que o aparelho sindical é parte do Estado. O que ção do movimento sindical aos seus interesses
se deve dizer é que, enquanto ramo subalterno corporativos e econômicos da burguesia. O
do aparelho de Estado, o sindicato oficial está sindicato oficial é uma pessoa jurídica de direito
subordinado à cúpula da burocracia estatal” (p. privado e sem fins lucrativos. Por sua natureza,
26). Nesse sentido, a sua existência depende dos representam órgãos de subordinação ao poder
interesses dessa burocracia, na medida em que estatal.
ela tem o poder (isto é, o direito) de destituir as 29. Antes da reforma trabalhista, havia uma
direções, intervir no “sindicato oficial”, garantir contribuição obrigatória, o imposto sindical,
as eleições, impõem estatutos padrões, controla que seria sempre descontada anualmente, es-
suas finanças. pecificamente no mês de março, compondo

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um dia de salário. Porém, a reforma trabalhista “Ora um governo antipopular num país onde

tese
alterou o artigo 578 da CLT, considerando esse não existia sindicato de Estado, como foi o caso
tipo de contribuição como facultativa. Dessa do Brasil antes da década de 1930, pode ocu-
forma, o desconto só passa a valer desde que par militarmente as sedes dos sindicatos (não
o colaborador manifeste o interesse de contri- oficiais), perseguir e prender sindicalistas, mas

17
buir, mas a nova redação da CLT permite que não pode destituí-los de seus cargos de direção
a patronal (privada ou pública) não desconte a e nomear interventores para tomar-lhes o lugar.
contribuição dos afiliados do sindicato por meio Considerando uma outra situação, a ditadura
da folha salarial dos trabalhadores. Em 2023, o militar no Brasil cassou o mandato de centenas
STF decidiu pela constitucionalidade da contri- de dirigentes sindicais e colocou interventores
buição compulsória ao sindicato de Estado. Em nomeados para substituí-los. Porque, apenas
claro flagrante oportunista, a direção da APEO- quando o poder de um sindicato ou de uma
ESP solicitou que tod@s professor@s sejam organização qualquer é outorgado pelo Esta-
cobrados a contribuição compulsória (antigo do, este pode destituir e nomear os dirigentes
imposto sindical). A APEOESP SE MANTEVE 40 que exercem esse poder delegado. O Estado
ANOS SEM O IMPOSTO SINDICAL, mas como não pode tomar ou conceder algo que não
o sonho da burocracia sindical é um sindicato lhe pertença. A representatividade e o poder
rico e sem militantes, a Apeoesp decidiu cobrar das Ligas Camponesas eram resultado da luta
d@s professor@s não filiados o imposto para e da organização dos camponeses, e não uma
manter os privilégios da burocracia sindical e outorga do Estado (p. 41).
seus investimentos capitalistas (planos de saúde,
colônia de férias, investimentos em fundos de Os desafios da classe trabalhadora
pensão, repasse de dinheiro às candidaturas
parlamentares). 32. Tecemos uma análise crítica sobre o Sindica-
lismo de Estado sua constituição e seus limites.
30. Assim sendo, essa estrutura de organização
Reconhecemos que as organizações sindicais
estatal dos trabalhadores envelheceu e não
se deparam com um grande desafio: a própria
serve mais aos interesses da burguesia, embora
sobrevivência diante do atual contexto de crise.
manter-se-á por um período de tempo. Cabe
Tal crise, resultante do projeto neoliberal de
as classes trabalhadoras se organizarem com
submissão a disciplina fiscal dos organismos in-
independência de classe, ação direta, horizon-
ternacionais, implementado desde os anos 1990,
talidade, com o socialismo com ideologia, para
tem seus efeitos nefastos com: a precarização
que se construa as bases e o cimento das novas
dos serviços públicos, impactando nas condi-
formas de organização do movimento sindical.
ções de vida dos trabalhadores – desemprego
alto, inflação e desmonte dos direitos sociais.
Efeitos estes de uma opção dos governos em
III) Nossa defesa do garantir o lucro dos empresários. A emenda 95,
sindicalismo revolucionário conhecida como a PEC da Morte e a Reforma
Trabalhista aprovadas em 2017, além da pro-
e nosso programa para ação posta de Reforma Administrativa, em pauta, são
sindical e para o avanço da exemplos desta opção na agenda neoliberal, e
representam derrotas e retrocessos para a classe
organização das classes trabalhadora.
33. A redução das bases do sindicato é um fato
trabalhadoras. incontestável com o avanço da terceirização e
31. Primeiro que precisamos ter em mente é que suas diferentes formas de contrato. As estruturas
a nossa situação difere em gênero, número e sindicais não comportam as atuais demandas
grau da conjuntura política do início do século da classe trabalhadora. As bandeiras sindicais
em que se desenvolveu o Sindicalismo Revolu- para a maioria da classe que já perdeu direitos,
cionário, que organizou inúmeros greves locais e notadamente para a massa de “desocupados”
e geral, piquetes, e até insurreições como a de e “desalentados” perderam o sentido. Desta
1917 em várias cidades do Brasil. Mas, como lá forma, a fragilidade do sindicato vem tomando
trás, temos a necessidade de construir um or- consistência. Os desafios da classe trabalhadora
ganismo de base que atue no sindicato embora são históricos. Para além de ações de resistência
não seja parte dele, visa construir um espaço aos ataques que sofremos neste atual cenário
no qual o Estado não pode intervir. Novamente de crise, na ordem do dia se coloca a tarefa da
Boito nos ajuda a pensar sobre a importância construção de organizações dos trabalhado-
desses organismos na luta dos trabalhadores: res – formais, informais, precarizados, desem-

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pregados, subempregados, “desocupados”, os cursos mediante um sistema modular. Peque-

tese
“desalentados”. Que estes sejam protagonistas nos espaços, com alta rotatividade de pessoas
e tomem as rédeas da história, na perspectiva e flexibilidade de horário.
da Revolução Socialista. 36. Temos na educação um paradoxo semelhan-

17
34. Na resolução sobre os Sindicatos do Con- te ao apresentado no “mercado de trabalho”: a
gresso de Genebra (06.09.1866) da AIT, Marx partir de agora teremos uma escola sem ensino
disse que o capital tem um poder concentrado e/ou uma escola sem escola. O papel da escola
e que os trabalhadores tem apenas um poder, o se desloca e passa a ser realizado por outros
poder numérico. Este poder numérico encontra- aparelhos como o celular e os aplicativos.
-se anulado pela desunião que sustentam os 37. Desse modo, a nova escola neoliberal está
trabalhadores entre si. O papel da AIT seria em compasso com a lógica econômica que rege
então o de organizar os sindicatos e ao menos o mundo do trabalho. Em “A escola não é uma
diminuir a exploração, do qual os trabalhadores empresa”, Christian Laval afirma que o ideal de
se encontravam. Marx também dizia que as referência da escola neoliberal é o “trabalhador
lutas por questões imediatas (salário, melhores flexível”. Nesse sentido, o empregador não es-
condições de trabalho, etc.) não eram somente
pera mais uma atitude passiva que constituía a
justificadas, mas necessárias. Assim ele conclui:
marca da pedagogia clássica que Paulo Freire
“se os sindicatos já são indispensáveis para
denominou por “educação bancária”, mas, do-
guerra de guerrilha travada entre capital e
ravante, deve forjar no estudante habilidades
trabalho, são eles tanto mais importantes
que serão requisitadas pelas competências
enquanto força organizada para a elimina-
profissionais exigidas pelos gestores e admi-
ção do próprio sistema de trabalho assa-
nistradores de empresa, produzindo assim a
lariado”. Com esses dizeres de Marx compre-
emergência de um novo “sujeito empresarial” (o
endemos, que só há uma maneira para que o
trabalhador que constitui sua própria empresa
trabalho assalariado seja abolido e essa é uma
tendo sua força de trabalho como única e ex-
revolução.
clusiva propriedade). O imperativo categórico
desse novo sujeito consiste em trabalhar como
se fosse uma empresa disciplinando-se a si
CENÁRIO EDUCACIONAL mesmo, adaptando-se às conjunturas perma-
A Reforma do Ensino Médio nentes de crises econômicas e sociais, a fim de
[auto]explorar suas capacidades laborais com
35. A reforma do Ensino Médio aprovada em objetivo de aumentar a produtividade e reduzir
2017 pelo Presidente Michel Temer e a Base os custos de produção.
Nacional Comum Curricular devem ser pen-
38. Para Laval, a pedagogia da competência
sadas levando em consideração essas trans-
“justifica, antes de tudo uma avaliação perma-
formações, muito embora o Brasil atual possui
nente no quadro de uma relação não igualitária
especificidades em relação aos outros países.
entre empregador e empregado”, de tal modo
Um dos pontos específicos das mudanças no
que a avaliação profissional deixa de ser uma
sistema educacional brasileiro pode ser visto
atribuição das instituições escolares, para dora-
pela forma com que o ensino superior privado
vante ser um sistema atrelado às gerência das
(as faculdades privadas) foi transformado em
empresas. Assim sendo, “o mercado se torna,
instituições bancárias, em que, juntamente com
no lugar do estado, a instância mediadora
o diploma, os estudantes adquirem uma dívida
a ser paga por anos. Aliado a privatização do vista como responsável por fixar valores pro-
ensino superior, as faculdades têm incentivado fissionais dos indivíduos” (p. 57). Dentro deste
os estudantes a realizarem o curso à distância, novo cenário da escola neoliberal, a pedagogia
de maneira que a figura do professor é progres- da competência articula “a gestão dos fluxos
sivamente deixada de lado para ser substituída escolares com a gestão dos recursos humanos
pelo “tutor”, que orienta centenas de estudantes nas empresas”.
através da internet. O sistema de apostilamento 39. O processo de privatização da educação em
e as aulas onlines estão fazendo com a função curso consiste em criar um “mercado de traba-
do professor seja cada vez menos utilizada, ou lho informal da educação”, ao mesmo tempo
seja, a tendência é que a contratação dele dimi- em que subordina as instituições escolares ao
nua, pelos sistemas de ensino. As faculdades já modelo de educação determinado pela ideo-
não estão mais instaladas em prédios enormes logia neoliberal. Neste sentido, Carolina Catini
com centenas de estudantes, mas oferecem afirma que “a educação bancária” deixou de ser
seus produtos em sobrelojas em centenas de uma metáfora para se converter em mecanismo
bairros de São Paulo, e os estudantes realizam de gestão do aparelho escolar e das diversas

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instâncias que o mercado educacional abarca 42. Se observarmos os embates mais aguerridos

tese
através da prestação de servições realizados dos explorados contra os exploradores, nos pa-
pelas organizações não-governamentais: for- rece que o caminho da classe trabalhadora da
mação de professores, formulações de políticas periferia, que resiste aos ataques do capital, não
públicas, financiamentos de projetos sociais é o parlamento, e sim a efervescência das ruas.

17
através de editais, financiamento de projetos Colocar as ruas em movimento se faz necessário
que funcionam nas escolas através de “parce- para derrubar os burocratas e os aparelhos de
rias” entre estado e sociedade civil. Portanto, Estado que garantem a dominação de classe.
segundo Catini, “a função que a organização
composta por Bancos e empresas privadas
estão cumprindo não é mais do que comandar BANDEIRAS DE LUTA:
uma completa reconfiguração da educação
43. ABAIXO OS/AS BUROCRATAS DO SINDI-
dos trabalhadoras”, em conformidade com as
CATO;
demandas e necessidades da gestão e admi-
nistração das empresas. 44. POR UMA APEOESP D@S PROFESSORES;
40. Ao fim e ao cabo, o novo paradigma trans- 45. PELO FIM DO SINDICALISMO DE ESTADO E
forma as escolas em aparelhos vocacionais, que O IMPOSTO SINDICAL;
ao invés de ensinar conhecimentos, buscar-se- 46. PELA REVOGAÇÃO DA REFORMA DO EN-
-á “inculcar uma habilidade”, na medida em SINO MÉDIO;
que o exercício da profissão (trabalho flexível, 47. PELA CONSTRUÇÃO DAS ESCOLAS COMO
intermitente), que tem se tornado a regra para ESPAÇOS DE ORGANIZAÇÃO POPUL AR
grande parte da população, não exige mais um QUE COMBATA À FOME. QUE TODA A CO-
conhecimento acumulado e transmitido pelas MUNIDADE ESCOLAR POSSA ALIMEN-
instituições escolares, mas sim o aprendizado de TAR-SE NA ESCOLA;
valores econômicos que permitem aos trabalha-
48. PELA REVOGAÇÃO IMEDIATA DO ENSINO
dores adaptar-se à situação de crise permanente
MÉDIO;
em que estão sujeitos nesse novo formato de
gestão da vida e da sociedade neoliberal. 49. PELO AUMENTO SALARIAL SEM REDUÇÃO
DE JORNADA;
50. PELA REVOGAÇÃO DA NOVA CARREIRA (LC
CONSIDERAÇÕES FINAIS nº 1.374, de 30 de março de 2022) EM
DEFESA DO SINDICALISMO REVOLUCIONÁ-
41. Diante desse contexto, temos que realizar RIO;
a socialização da riqueza para fazer com que
51. PELA REVOLUÇÃO SOCIALISTA E LIBER-
os frutos do trabalho sejam aproveitados igual-
TÁRIA.
mente por aqueles que trabalham, ampliando
a consciência de classe dos trabalhadores para
a única via real de sua libertação: a revolução Tese assinada pela Coluna Piqueteira –
socialista e libertária. Construindo a Oposição Unificada Combativa

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tese
Tese das/os Trabalhadoras/es da Educação do GOI
(Grupo Operário Internacionalista)/ jornal Palavra
Operária ao XXVII Congresso da Apeoesp 18
QUE LULA GOVERNE SEM PATRÕES!
JUNTO COM OS SINDICATOS E MOVIMENTOS
DE LUTA DA CLASSE TRABALHADORA

O Brexit e a guerra na Ucrânia puseram fim aos


Conjuntura Internacional sonhos de uma “união europeia democrática”
e Nacional sob a égide do imperialismo franco-alemão.
A única “união europeia” possível é a aliança
1. A crise econômica de 2008/2009, detonada militar em torno da OTAN, sob a tutela do im-
em Wall Street, coração do capitalismo finan- perialismo ianque. As pretensões imperialistas
ceiro, marca o início da maior crise do sistema da China despertam o militarismo do imperia-
imperialista-capitalista desde o pós-IIª Guerra lismo japonês de sua longa hibernação sob a
Mundial. Desde então, a economia capitalista “proteção” dos Estados Unidos.
não logrou se recuperar, vacilando entre a
4. Butter or guns? A escalada da produção
estagnação crônica e os picos de recessão,
industrial armamentista e dos gastos militares
dançando à beira do abismo de uma crise geral
nos últimos meses expõe de forma nítida que
da produção e da circulação de mercadorias.
as principais economias imperialistas se enca-
2. A “globalização”, quer dizer, a expansão minham para a clássica solução das crises capi-
“pacífica” do imperialismo ianque, europeu e talistas: substituir a produção de “manteiga por
japonês sobre as economias dos países semico- canhões”. A expansão das forças destrutivas é a
loniais e sobre os estados operários burocráticos saída para a estagnação das forças produtivas do
em que o capitalismo foi restaurado (China, capital. Paralelamente, a “globalização” da fome
URSS, Leste Europeu, Cuba etc.), que abriu uma e da miséria se espalha por todos os continen-
saída para a superação da crise capitalista dos tes, e os famintos e sem-teto se amontoam até
anos 1970, hoje cede lugar ao nacionalismo nas principais avenidas e praças de Nova York,
econômico e à disputa de mercados, na qual o Londres, Paris e Berlim. Milhões de migrantes
que vale é a força bruta do capital das grandes esfomeados e maltrapilhos seguem cruzando
corporações, protegidas por seus estados na- oceanos e continentes em direção às mecas do
cionais imperialistas. capitalismo mundial.
3. A “pax americana” e a “convivência pacífica” 5. A pandemia da Covid19 expos de forma cruel
entre as nações, irmanadas na ONU, sob a luz as consequências da destruição dos biomas e
da Declaração Universal dos Direitos Humanos e florestas e lançou uma réstia de luz sobre as
a supervisão das instituições multilaterais (FMI, sombras da produção de armas químicas e
OMC etc.) vai sendo substituída a passos firmes biológicas nos laboratórios secretos das grandes
pela linguagem da guerra, pelas alianças mili- potências militares. Os milhões de contagiados,
tares e pelo trovejar dos canhões e dos mísseis. mortos e sequelados pelo coronavírus mostra-

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caderno de teses 2023.indd 141 01/08/2023 00:10:28
ram a falência dos sistemas de saúde e vigilância histórias contadas pelos mais velhos, tal qual

tese
sanitária em todos os países, revelando o mar- um conto de fadas, perdido nas brumas do
tírio cotidiano da população trabalhadora, cuja tempo. A juventude proletária nada conhece
saúde física e mental é drenada pela máquina além do desemprego, do trabalho precário e das
de exploração e opressão do capital. jornadas estafantes, sob o chicote das chefias.

18
6. Doenças, Fome, Guerra e Morte: a agonia Daí vem a tão falada “falta de perspectivas” e
mortal do capitalismo eleva a níveis insuportá- o “abandono dos empregos” por parte das/
veis o sofrimento das massas trabalhadoras e os jovens, ao que a propaganda e a educação
dos povos oprimidos. burguesa e pequeno burguesa respondem com
7. A miséria salarial dá um salto com a inflação o doutrinamento das ideias de meritocracia,
mundial causada pela emissão trilionária de resiliência, empreendedorismo e todo o lixo
dólares e euros pelos estados imperialistas para ideológico do “empoderamento individual”,
socorrer os bancos e corporações. O desmonte vomitado a cada segundo nos meios de comu-
das legislações trabalhistas, previdenciárias e de nicação, nas escolas e nas empresas.
segurança no trabalho completam este quadro 12. A burguesia e seus meios e instituições ide-
de extorsão da força de trabalho. As jornadas ológicos se esforçam para manter o proletariado
de trabalho estafantes e alienantes combinam a como uma “classe em si”, ou seja, como mera
extração da mais valia absoluta e da mais valia massa para a extração de mais valia. Porém,
relativa, através da extensão ilimitada das horas as condições objetivas da vida, cada vez mais
de trabalho e da imposição de ritmos maquinais miserável e sem perspectivas sob o capitalismo
de trabalho. É preciso quebrar todos os limites em decomposição, empurram o proletariado em
à exploração da força de trabalho para garantir direção à consciência de “classe para si”. Como
a elevação da taxa de lucro do 1% de burgueses dizia Lenin, “a vida ensina”.
parasitas. 13. As lutas da classe trabalhadora e dos povos
8. Ao desemprego crônico de milhões de pro- oprimidos explodem todo os dia aqui e acolá.
letários se soma o subemprego de outros mi- Hoje em Jujuy e Paris, ontem em Londres e
lhões causado pela contratação precária e pelo Santiago. Aqui próximo no Peru e na Colômbia,
falso empreendedorismo das Amazon, iFood, acolá em Hong Kong e Mianmar. Na Palestina,
Uber etc. Outros milhões de seres humanos são todos os dias são de resistência contra o Estado
empurrados para a “economia informal”, nome racista de Israel. A guerra de defesa nacional da
pomposo que esconde a dura labuta cotidiana Ucrânia levantou todo um povo em armas para
por um teto e um prato de comida, travada pelas/ expulsar o invasor russo. As lutas do proletariado
os trabalhadoras/es ambulantes, camelôs etc. tingem o mapa-múndi de vermelho vivo. Na
9. A fome insaciável de lucros dos capita- primeira linha destas lutas vamos sempre en-
listas invade as terras, florestas, rios e mares contrar justamente aquelas/es mais explorados
expulsando os povos originários, os pequenos e oprimidos: a juventude proletária, as mulheres,
camponeses, pescadores, ribeirinhos e quilom- as/os não brancos de todas as etnias e povos.
bolas de suas comunidades tradicionais ainda 14. Contudo, essas lutas heroicas das massas
remanescentes. As novas tecnologias com as exploradas e oprimidas raramente triunfa, e
quais os capitalistas pretendem inaugurar um sua força se esvai pelos ralos das eleições
novo ciclo de retomada da taxa de lucro, como parlamentares (Estados Unidos, Brasil), consti-
a produção de carros elétricos, anunciada pela tuintes (Chile) e outros mecanismos enganosos
propaganda burguesa como a “transição verde”, da democracia burguesa. Ou são afogadas
esconde a invasão e tomada das terras, a des- em sangue, como na guerra civil na Síria e em
truição das comunidades e do meio ambiente Mianmar e na Palestina.
para a extração da bauxita/alumínio (Quênia), do 15. A situação da luta de classes no mundo e
lítio (povo Diaguita, da Argentina), numa nova em cada país segue determinada pela crise de
“corrida do ouro” em todos os continentes. direção revolucionária do proletariado. A falên-
10. Os mais explorados e oprimidos são as/os cia completa das direções reformistas e buro-
jovens, as mulheres, as negras e negros (todas as cráticas, a sua degeneração burguesa, tanto das
etnias e povos não brancos e seus descenden- que têm origem na velha socialdemocracia (PT)
tes), os povos originários e povos das florestas, e no estalinismo (PCdoB), quanto das novas di-
os camponeses, as pessoas LGBTQIA+ e todas reções que surgem da decomposição dos velhos
e todos as/os discriminados e humilhados pela aparatos (correntes reformistas do PSOL, Boulos
sociedade do capital. etc.) é a principal responsável pela situação das
11. Para as novas gerações de proletários os lutas do proletariado mundial, que, apesar de
direitos trabalhistas e de aposentadoria são grandes mobilizações, não conseguem avançar

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de forma consciente e permanente na direção da “democráticos” dos países imperialistas. Na ra-

tese
revolução socialista. As velhas e novas direções beira deste bloco do imperialismo “democrático”
contrarrevolucionárias, apesar de sua decadên- se arrastam os partidos e dirigentes reformistas
cia histórica, ainda seguem controlando as prin- ou “bonapartistas sui generis” que falam em
cipais organizações de massas e manipulando nome da classe trabalhadora, a começar por

18
as lutas da classe trabalhadora e dos povos e Lula (PT) e Boulos (PSOL), no Brasil, o “jovem
setores oprimidos em direção a becos sem sa- presidente socialista” Gabriel Boric (Chile), o
ída. As lutas do proletariado ora avançam, ora “velho guerrilheiro” José Mujica (Uruguai), Evo
estancam ou retrocedem, em diferentes países, Morales (Bolívia), Gustavo Petro (Colômbia)
encontrando sempre na traição dos aparatos e e a peronista Cristina Kirchner (Argentina),
na ausência de direções revolucionárias com entre outros. Este bloco, que une os partidos
influência de massas os limites dos processos burgueses “democráticos” com os partidos
revolucionários. Os governos de frente popular operários-burgueses reformistas, as burocra-
são o coroamento da política destas direções cias dos sindicatos e movimentos populares
de salvação do estado burguês e do sistema e camponeses e uma miríade de “mandatos
capitalista-imperialista. parlamentares de esquerda”, se apresenta como
16. Sobre este terremoto econômico e social, “o defensor da democracia contra o fascismo”,
os regimes políticos burgueses vivem uma crise e seu programa burguês está recheado com
crônica em todo os países, sejam “democráticos” promessas de “políticas públicas” para o povo
ou bonapartistas. A burguesia imperialista e seus pobre e trabalhador e de “empoderamento” das
capachos nos países semicoloniais se dividem mulheres, negros, indígenas e LGBTQIA+.
cada vez mais em dois grandes blocos políticos 19. Ambos os blocos burgueses têm como
em nível mundial, que denominaremos, a princí- objetivo desmobilizar, paralisar e derrotar a
pio, como o bloco bonapartista-fascista, e o blo- luta do proletariado e dos povos oprimidos;
co democrático frente-populista. O que divide o primeiro, pela força das armas, defendendo,
estes dois blocos não é a “política econômica”, se preparando ou empregando diretamente,
pois ambos defendem, com discursos diversos, quando são governos, métodos de guerra civil
o aumento da exploração do proletariado e a contra o proletariado e suas organizações; o se-
submissão colonialista dos povos oprimidos, gundo, através do engano e da manipulação das
como saída para a crise do imperialismo e das massas trabalhadoras e da vanguarda ativista
economias nacionais. O que os divide é a política através de alianças e pactos de colaboração de
para derrotar a luta de classes do proletariado classes para desviar a luta direta para a via morta
mundial e dos povos e setores oprimidos. das eleições, dos parlamentos e “constituintes”
17. O bloco bonapartista-fascista tem à frente burguesas.
o magnata Donald Trump, com um séquito de 20. O prognóstico histórico do trotsquismo
partidos, governantes e aspirantes a “Führer” nunca foi tão atual: “Sem a revolução socialista
que se espalha pelo mundo, desde Marine no próximo período histórico, toda a civilização
Le Pen (França), passando por Wladimir Putin humana está ameaçada por uma catástrofe.
(Rússia), o carniceiro Bashar al-Assad (Síria), Tudo depende do proletariado, isto é, em pri-
o primeiro-ministro Narendra Modi (Índia), o meiro lugar, de sua vanguarda revolucionária.
presidente Nayib Bukele (El Salvador), até o A crise histórica da humanidade reduz-se à
“Messias” brasileiro. Esta fração da burguesia crise da direção revolucionária.(...) A orientação
mundial, diante da crise do regime demo- das massas se determina, por um lado, pelas
crático burguês, não busca salvá-lo, mas age condições objetivas do capitalismo em putrefa-
conscientemente para terminar de derrubá-lo, ção; por outro, pela política traidora das velhas
substituindo-o por regimes bonapartistas ou organizações operárias. Desses dois fatores, sem
fascistas que esmaguem as organizações e a dúvida, o primeiro é decisivo: as leis da história
luta do proletariado, eliminando as liberdades são mais fortes que os aparelhos burocráticos.”
democráticas duramente conquistadas, abrindo
caminho para a exploração sem limites da classe
trabalhadora.
Ao lado da Ucrânia! Pela derrota e
18. O bloco democrático-frentepopulista é en-
expulsão das tropas invasoras de Putin!
cabeçado pelo letárgico Joe Biden, presidente 21. Mais de um ano depois de iniciada a inva-
dos Estados Unidos (e a cúpula do Partido De- são da Ucrânia pelas tropas russas, em 24 de
mocrata, com Barack Obama à frente), e por Em- fevereiro de 2022, a Rússia não consegue obter
manuel Macrón (França), a ex-chanceler Ângela resultados significativos na guerra. Os planos
Merkel (Alemanha), entre outros personagens iniciais de Putin eram anexar todo o leste do

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território ucraniano, numa faixa que ligaria as Barbárie e o POR/CERQUI, que escondem sua

tese
regiões de Donetsk e Luhansk até a Criméia e política centrista por detrás da caracterização
a cidade portuária de Odessa, e de entrar com equivocada de que se trata de uma “guerra inte-
suas tropas na capital Kiev para impor um pro- rimperialista” ou de uma “guerra por procuração”
tetorado russo. A tomada de Kiev fracassou logo (guerra proxy) e não de uma guerra de defesa

18
nas primeiras semanas do conflito, por conta da nacional da Ucrânia, e de uma visão derrotista
colossal reação do povo ucraniano, que tomou de que a “paz” é a única solução possível, na
armas e formou milícias de combate, junto ao medida em que a Ucrânia não teria condições
exército regular, para barrar o avanço das tropas de expulsar as tropas russas. Da mesma forma,
russas. Hoje, o controle russo de áreas a leste é condenada também a política de “derrotismo
e ao norte da Ucrânia se encontra ameaçado revolucionário”, uma adaptação equivocada da
pela contraofensiva das tropas ucranianas. política de Lenin, adotada por outras organiza-
22. O fracasso na condução da guerra abriu ções. A realidade mostra o oposto: a vitória da
uma crise entre os comandantes das Forças Ucrânia é possível e a consigna de “paz” nada
Armadas russas. Sobre quem será jogada a mais é do que uma capitulação ao imperialismo
responsabilidade da derrota? A crise se torna e ao regime de Putin.
mais aguda pela existência da milícia Wagner, 26. O quadro da guerra e a crise na Rússia mos-
um verdadeiro exército paralelo com ampla tram também a essência contrarrevolucionária
autonomia para ações militares na guerra da da política do reformismo (Lula, PT, Boulos,
Ucrânia (e noutras partes do mundo). PSOL etc.) e dos restos do estalinismo (PCdoB,
PCB, UP etc.) que, também por trás da palavra
23. Até onde Putin está no controle da situação?
de ordem de “paz”, sustentam “pela esquer-
Esta dúvida está assombrando não apenas a
da” a agressão imperialista russa e o regime
burguesia mafiosa da Rússia, que sustenta o
bonapartista de Putin. As relações entre Putin
regime ditatorial de Putin, como também o im-
e Prigozhin na milícia mercenária Wagner, de
perialismo ianque e europeu. A reação das po-
inspiração fascista, assim como as atrocidades
tências imperialistas ocidentais à rebelião deixou
nazistas praticadas por estes mercenários na
nítido que, apesar de seus enfrentamentos com
Ucrânia, são mais do que suficientes para de-
Putin devido à sua política militar expansionista,
monstrar que o regime de Putin nada tem de
preferem uma Rússia estável (quer dizer, com
progressista nem de antimperialista.
as massas proletárias sob controle) governada
por ele, a uma crise de consequências imprevi- 27. A associação entre os reformistas, estali-
síveis. Biden e seus consortes europeus exigem nistas e centristas tem bloqueado, até agora, a
de Zelemski, presidente da Ucrânia, que não solidariedade do proletariado mundial à heroica
se aproveite da crise do regime de Putin para resistência do povo ucraniano.
avançar na contraofensiva militar. Esta política 28. A dinâmica da guerra, por outro lado, mostra
de Biden de “contenção de danos” em relação o acerto da política das organizações socialistas
à crise na Rússia revela qual é a verdadeira po- que se colocam na trincheira da Ucrânia, e que
lítica do imperialismo para a guerra na Ucrânia: caracterizam corretamente o conflito com uma
caminhar em direção a uma paz negociada, em guerra de defesa nacional da Ucrânia contra a
que o governo da Ucrânia aceite a ocupação agressão imperialista da Rússia de Putin.
russa das regiões de Donetsk, Luhansk e da 29. Pela vitória da resistência do povo ucra-
Criméia. Tal posição, se aceita por Zelemski niano e derrota e expulsão das tropas russas,
neste momento em que é possível avançar na chamando a solidariedade internacional com a
retomada de territórios e na expulsão das tropas causa ucraniana.
invasoras, seria uma grande traição à resistência 30. Neste marco, é preciso denunciar e lutar
do povo ucraniano. Podemos diagnosticar que, contra o governo pró-imperialista de Zelensky,
quanto mais avance a crise do regime de Putin, defendendo o armamento da classe trabalha-
mais se acentuarão as pressões do imperialismo dora e do povo, e a unidade de ação militar de
ianque e europeu para que Zelemski aceite as todos os que lutam pela expulsão e derrota das
anexações em troca do fim da guerra. tropas invasoras.
24. Todo este quadro da guerra coloca à prova 31. A derrota de Putin na Ucrânia será o prenún-
a política das organizações e correntes que se cio do fim do seu regime ditatorial na Rússia.
reivindicam marxistas revolucionárias. 32. A vitória da luta nacional na Ucrânia será
25. Mostra a falácia da política de “paz sem um incentivo para as lutas das nacionalidades
anexações”, levantada por correntes como a oprimidas, como o povo palestino, o povo curdo,
Resistência/PSOL, o MRT- Movimento Revo- os povos basco e catalão, os povos originários
lucionário dos Trabalhadores, o Socialismo ou da América e tantos outros. A derrota de Putin

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na Ucrânia vai acelerar a crise do seu regime 38. A nova diretoria formada pela Chapa UMA

tese
ditatorial na Rússia, abrindo as portas para a coloca como única tarefa do sindicato o en-
ação revolucionária da classe trabalhadora russa. frentamento ao governo de Tarcísio de Freitas
33. A vitória da Ucrânia na guerra, mesmo (Republicanos). Sem dúvida, o bolsonarista
Tarcísio planeja avançar com os projetos de

18
que num primeiro momento seja capitalizada
politicamente pelo regime pró-imperialista de privatização de serviços públicos e de ataques
Zelemski, será sobretudo a vitória da resistên- aos direitos trabalhistas e democráticos, e é
cia armada do povo ucraniano, a qual vai abrir uma grave ameaça à classe trabalhadora, em
caminho para fortalecer a classe trabalhadora particular às/aos trabalhadoras/es da Educa-
na luta por uma Ucrânia livre, independente e ção e ao conjunto do funcionalismo público.
socialista. Contudo, é preciso levar em conta que quem
governa hoje o país é Lula e o PT, em coalizão
com Alckmin e vários partidos da burguesia
As/os Trabalhadoras/es da Educação (entre eles os partidos de Temer e Kassab e
diante do governo Tarcísio e até bolsonaristas “arrependidos”), sendo hoje
do governo Lula-Alckmin o principal gestor do capitalismo semicolonial
e decadente no Brasil.
34. A tarefa principal que a Apeoesp e todos os
39. Ao colocar como único inimigo o gover-
sindicatos de Trabalhadoras/es da Educação no
país têm na conjuntura é organizar a luta na- nador Tarcísio e se calar sobre o governo Lula-
cional contra a “reforma” do Ensino Médio, de -Alckmin, a frente burocrática da chapa 1 mente
forma unificada com os estudantes, e organizar para as/os trabalhadoras/es e busca servir de
pela base a luta da categoria contra as jornadas para-choque do governo de Lula-Alckmin contra
estafantes, os baixos salários, a precarização as lutas da categoria. Este papel não é novo para
e monitoramento do trabalho e os cortes de Bebel, a CUT e o PT, mas, agora, eles contam
direitos. É preciso batalhar pela unificação das também com as correntes da antiga oposição
lutas que estão ocorrendo em vários estados para imobilizar e trair as lutas da categoria.
(como a greve no Rio de Janeiro) e municípios. 40. A volta de Lula e do PT à presidência do país
Nas escolas cresce a indignação e disposição é fruto de uma grande mobilização eleitoral
de luta, mas falta uma direção combativa, tarefa da classe trabalhadora e do povo oprimido
que precisa ser tomada pela vanguarda ativista. para derrotar Bolsonaro. Toda a classe traba-
35. A direção da Apeoesp (CUT/PT) se recusa lhadora, em particular as/os Trabalhadoras/
a organizar as lutas pela base nas escolas, se- es da Educação e a juventude estudantil, têm
guindo com a velha prática (consolidada durante grandes expectativas de que este governo vai
a pandemia) de “baixar calendários” de “dias reverter os ataques feitos por Temer, Bolsonaro
de luta” ou “paralisações” que não levam em e o Congresso corrupto, entre eles o Novo
conta a efetiva organização e mobilização das/ Ensino Médio e a nova BNCC. Estão fazendo
os Trabalhadoras/es da Educação nas escolas, sua experiência com este novo governo de
principalmente das/os professoras/es categoria frente popular, que se propõe a resolver os
O e eventuais, setor precarizado que hoje com- graves problemas nacionais e melhorar a vida
põe cerca de 50% da categoria, e que é decisivo do povo trabalhador com a política de colabo-
para a unidade da categoria para enfrentar o ração de classes e de aliança com os partidos
governo. da burguesia, sob a mediação das instituições
36. Isso ficou demonstrado na desmobilização do Estado burguês.
da luta contra o NEM/BNCC, em que a buro- 41. Contudo, Lula e seu ministro da Educação,
cracia da Apeoesp e a burocracia estudantil da o petista Camilo Santana, já deixaram nítido
UNE/UBES se recusaram a unificar a luta, fazendo que não vão revogar o NEM/BNCC. Isto ocorre
apenas pequenas manifestações separadas no porque o novo governo está comprometido
início do ano, e direcionando-a para a consulta com a burguesia, em particular com os setores
online feita pelo Ministério da Educação. vinculados à Educação privada (Instituto Ayrton
37. É preciso que a Apeoesp tenha uma política Senna, Fundação Lemann etc.), que não acei-
que vá no sentido de organizar e unificar a tam voltar atrás em seus objetivos econômicos
luta pela base nas escolas: Organizar Comitês e políticos: a privatização da escola pública, a
de Luta contra a “reforma” do Ensino Médio domesticação da juventude com a doutrinação
nas escolas, unificando Trabalhadoras/es da de “itinerários” e “projetos de vida” que inculcam
Educação, estudantes e familiares; Organizar a “meritocracia”, a “resiliência”, a “empatia”, o
Fóruns de Luta contra a “reforma” nas subsedes “empreendedorismo” e outros artifícios ideo-
da Apeoesp. lógicos burgueses. A revogação do reacionário

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NEM/BNCC só pode ser feita através de uma Socialista, Conspiração Socialista, entre outras).

tese
dura luta contra os setores burgueses que o O que leva estas correntes à capitulação?
impulsionam. 46. Primeiro, a pressão da Frente Ampla de Lula
42. As jornadas de trabalho exaustivas (APDs e do PT que, sob o argumento do combate ao

18
etc.) e a falta de direitos das/os professoras/ bolsonarismo e da retomada das “políticas pú-
es com contrato temporário (categoria O, que blicas”, conseguiu aglutinar o apoio da grande
hoje compõe cerca de metade da categoria), maioria das correntes da “esquerda socialista”
avançaram muito após o desmonte da CLT e ao governo Lula-Alckmin. Desde o apoio es-
da legislação de proteção à classe trabalhadora. cancarado das correntes majoritárias do PSOL
Por isso, a conquista de direitos para os pre- (Boulos, Primavera Socialista) até o apoio “crí-
carizados e a defesa dos direitos ameaçados tico” de correntes como a Resistência e a MES/
dos efetivos da Rede Estadual de Educação só TLS. A capitulação sindical destas correntes na
pode avançar no marco da luta do conjunto Apeoesp é tão somente uma consequência de
da classe trabalhadora pela revogação da sua capitulação política ao PT e à frente popular.
reforma Trabalhista e Previdenciária e da Lei
47. Segundo, há um elemento mais estrutural
das Terceirizações de Temer e Bolsonaro e pelo
que tem levado à adaptação destas correntes
restabelecimento dos direitos trabalhistas e
oposicionistas à direção majoritária da Apeo-
sociais da Constituição de 1988.
esp: a burocratização. Enquanto ao longo dos
43. Porém, Lula e o PT, que na campanha eleito- anos se consolidava a burocracia cutista na
ral falavam em “revisar” estas reformas, após seis direção central do sindicato, avançava também
meses de governo nem tocam mais no assunto, a burocratização das correntes oposicionistas,
o que abre caminho para novos ataques, como sobretudo daquelas que têm assento na diretoria
a troca do salário pelo subsídio, que o prefeito estadual e que dirigem subsedes da Apeoesp.
de São Paulo, Ricardo Nunes (PMDB) tentou A proporcionalidade na composição da direto-
impor às/aos trabalhadoras/es da Educação do ria, uma importante conquista da democracia
município. Os ataques ao funcionalismo público sindical, transformou-se no seu oposto, ao ser
se estendem a muitos municípios, a exemplo do manejada habilmente por Bebel/PT/CUT como
governo de Taboão da Serra, do prefeito Aprígio instrumento de cooptação e acomodamento
(Podemos), que é apoiado por Lula, Guilherme burocrático dos dirigentes oposicionistas. O
Boulos e o PT, anuncia a terceirização das Au- mesmo ocorre com a estrutura das subsedes:
xiliares de Classe, uma importante categoria do
de forma democrática de organização do sindi-
Quadro de Apoio do Magistério.
cato, acabaram se transformando em pequenos
44. É preciso, portanto, que as/os Trabalhadores/ aparatos sindicais manejados por correntes
es da Educação e a juventude estudantil que oposicionistas cujas práticas pouco diferem da
apoiam Lula e o PT exijam deles que rompam burocracia central: aparatismo, seguidismo dos
com a burguesia, que expulsem dos ministérios “calendários de luta” baixados pela “central”, falta
os representantes do capital, que Lula governe de organização das lutas regionais, abandono
sem patrões, apoiado na mobilização da classe do trabalho de base, convivência pacífica com
trabalhadora, da juventude e do povo oprimido. a burocracia escolar das Diretorias de Ensino e
Só avançando rumo a um Governo da Classe Escolas etc. Ao se unirem com a burocracia da
Trabalhadora, sem patrões será possível aplicar CUT/PT estas correntes oposicionistas colocaram
um Programa de Medidas Socialistas de defesa em primeiro plano a preservação de seus cargos
das condições de vida e de trabalho destruídas e poder no aparato da Apeoesp, em detrimento
pela crise do capitalismo. das necessidades da base nas escolas.
48. As trabalhadoras e trabalhadores da Educa-
ção são cada vez mais excluídos das decisões
CONJUNTURA SINDICAL na Apeoesp. Exemplo disso são as assembleias
UMA nova burocracia na da categoria, que ocorrem cada vez mais ra-
ramente, sendo substituídas pelas decisões
direção da Apeoesp senatoriais do “Conselho de Representantes”,
45. Pela primeira vez na história da Apeoesp, mero carimbador dos decretos e acordos cos-
as maiores correntes de oposição se uniram turados pela situação e oposição na Diretoria
à burocracia sindical de Bebel/CUT/PT/CTB/ Executiva. Quando ocorrem, as assembleias são
PCdoB, o que é uma grave capitulação des- dominadas pelo “Condomínio das Correntes”: o
tas ex-correntes oposicionistas (Resistência, tempo de falas é distribuído entre as correntes
Apeoesp na Escola e na Luta, TLS/MES, Unidos (garantida, obviamente, a parte do leão para
pra Lutar, MEOB, Unidos pra Lutar/Revolução Bebel/CUT/PT e seus aliados). As trabalhadoras

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e trabalhadores de base, que se encontram se enfraquecendo e perdendo associados e não

tese
no chão da assembleia, não conseguem falar, consegue filiar a nova geração, principalmente
limitando-se a levantar os braços para votar os de profs precarizados categoria O. Contudo, a
encaminhamentos e propostas das “direções” visita às escolas evidenciou um clima diferente
em cima do carro de som. Isto não passa de na categoria. Ao contrário de anos atrás, em

18
uma paródia de democracia sindical. Por tudo que a categoria rechaçava o sindicato e poucos
isso, a Apeoesp perde cada vez mais seu caráter queriam ouvir o que tínhamos a dizer, nesta
democrático e de luta. campanha conseguimos conversar com muitas/
49. Há outro processo que corre paralelamente os profs, com grande interesse em discutir os
à burocratização da entidade, mas que converge problemas da categoria e do sindicato, inclusive
no mesmo sentido. Nos últimos anos, muitos/ com muitos querendo se filiar, principalmente
as dirigentes e lideranças reconhecidas da por parte da nova geração de profs categoria
Apeoesp, da situação e da oposição, passaram O, na sua grande maioria jovens e mulheres,
a fazer parte da burocracia escolar da Secretaria uma nova composição social e geracional. Os
de Educação, seja como diretores/as, vice-di- resultados da chapa da Oposição Combativa
retores/as, supervisores/as ou coordenadores/ estadual e nas subsedes em que conseguiu se
as, o que tem acentuado a perda de indepen- apresentar nas eleições expressam essa nova
dência do sindicato em relação ao Estado. Esta realidade, e nosso desafio é seguir na construção
cooptação para a burocracia escolar em geral da Oposição Combativa para seguir na luta por
é justificada pela ideia de que estes dirigentes uma nova direção para a Apeoesp, democrática,
vindos da Apeoesp implementariam uma “ges- organizada nas escolas e independente de todos
tão democrática” nas escolas. Porém, sabemos os governos.
que, apesar das boas intenções, não é possível 51. A luta contra a burocracia do sindicato re-
falar em “gestão democrática” num sistema quer as seguintes medidas:
escolar baseado em nomeações para cargos de 52. Todo o poder à Assembleia da categoria!
confiança pelo critério do compadrio e do lote- Que todas as questões mais importantes da
amento por políticos patronais, sem nenhuma categoria sejam discutidas e deliberadas em
transparência nem participação democrática Assembleias da categoria, convocadas com a
das/os Trabalhadoras/es da Educação e da co- antecedência e o tempo necessários para a mo-
munidade escolar. Essa verdadeira simbiose da bilização das Trabalhadoras/es da Educação nas
Apeoesp com a burocracia escolar tem levado escolas, e com ampla liberdade de manifestação
a uma política de convivência pacífica com as e de fala para a base.
Diretorias de Ensino e as “equipes gestoras” das 53. Formação de Comandos de Base nas sub-
escolas, muitas vezes o sindicato não fazendo sedes para organizar as lutas nas regiões.
a defesa de professoras/es que sofrem assédio
54. Garantia de creches nas atividades e reuni-
de direções autoritárias. A burocratização dos
ões nas subsedes, para facilitar a participação
sindicatos é consequência de sua aproximação
das trabalhadoras da Educação.
e subordinação política ao estado burguês. A
ascensão de antigos dirigentes da Apeoesp a 55. Formação de Comissões de Professoras/
cargos na burocracia escolar estatal contribui es Categoria O e Eventuais nas subsedes para
também para a perda da independência do impulsionar a organização, a defesa e as lutas
sindicato frente ao governo. do setor precarizado, com garantia de recursos
para sua atuação.
50. As eleições de maio revelaram aspectos
importantes da situação da Apeoesp. Os 50.980
votantes (diante de 58.859 votantes na eleição Assina: Trabalhadoras/es da Educação do
anterior de 2017) mostram que a Apeoesp segue GOI/Palavra Operária (17/07/2023)

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caderno de teses 2023.indd 147 01/08/2023 00:10:28
tese
19 Tese do Fórum – Chapa 1
Unidade e Ação em Defesa da Educação
Pública e dos Direitos da Categoria!
Combater e derrotar a Extrema Direita!
Em defesa da Escola Pública, Estatal, Laica, de Qualidade Social,
dos Direitos dos Professores e Professoras ! Democratizar e
fortalecer a APEOESP para nossas lutas e derrotar Tarcísio e a
Extrema Direita! Em defesa das Liberdades Democráticas e de
um programa que atenda a classe trabalhadora!

1. Esta tese é composta pelas organizações


e coletivos Apeoesp Na escola e na Luta,
CONJUNTURA INTERNACIONAL
Conspiração Socialista, MEOB, Resistência, 3. O mundo do pensamento único, surgido
Trabalhadoras e Trabalhadores na Luta com o desaparecimento da União Soviética e
Socialista, Quinze de Outubro, Enfrente, hegemonizado pelos EUA, é desconstruído ra-
Unidade Classista, Caravana da Educação pidamente. A decadência econômica e política
e Independentes de SBC que, além de de- do país do Tio Sam, corresponde o prolongado
fenderem a escola pública estatal, os direitos crescimento da economia chinesa e expansão
dos professores e professoras, as condições de sua influência na Ásia, África, América Latina
de trabalho e o salário, entendem a necessi- e sua aliança política, econômica e militar com
dade de lutar pela unidade, para fortalecer a a Rússia.
APEOESP e as organizações dos trabalhadores 4. Em 2008, a crise do mercado imobiliário nos
e trabalhadoras para derrotar definitivamente EUA, e a consequente crise da dívida no sul da
a extrema direita e avançar num programa que Europa, trouxe novos impasses à reprodução do
atenda as necessidades da classe trabalhadora. capital porque exauriram importantes reservas
2. Tratam - se de coletivos políticos que não de valorização especulativa. Ela abre uma nova
se omitiram na defesa das liberdades demo- temporalidade histórico-social do capitalismo
cráticas, sejam individuais ou coletivas e que mundial e revela a dimensão estrutural dos
combateram os ataques e a criminalização das obstáculos que se impõem à reprodução do
organizações da classe trabalhadora sobretudo, capital.
no último governo Bolsonaro. 5. A existência dessa crise econômica e social no
“Na luta é que a gente se encontra mundo, se combina com redução das possibili-
Salve os caboclos de julho! dades do capitalismo a dar as devidas garantias
Quem foi de aço nos anos de chumbo de melhores condições de vida. Ou seja, vemos
Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, mais desamparo, fome, miséria, arrocho salarial
Marielles, Malês.” e desemprego. As guerras provocam as ondas
Samba Enredo da Mangueira migratórias e a crise social provocada pela

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pandemia de Covid-19 mostraram a todos uma Europa; reorganização econômica e financeira

tese
das maiores tragédias humanas já produzidas com transações por fora do sistema dólar;
pelo mundo contemporâneo. e intensificação de novas alianças políticas e
6. Para além da crise sanitária e social, marca- econômicas, a exemplo dos BRICS.

19
das pelo dois anos de crise pandêmica, o que 11. Neste sentido se faz, mais do que nunca,
se observou foi a intensificação de tendências necessária nossa reivindicação pelo fim da
de concentração de riqueza e precarização guerra nos posicionando também pelo fim da
do trabalho, na mesma medida do avanço de OTAN e sua saída da Ucrânia, pela saída da
diversas tecnologias. Ou seja, não bastando o Rússia e Putin do país e a defesa incondicional
custo de milhões de vidas por negligência dos à autodeterminação dos povos. Neste mesmo
governos, a intensificação da desigualdade do sentido é fundamental nos solidarizarmos com
sistema escancara o risco ao qual o capitalismo as lutas anticoloniais, que tem seu exemplo
expõe a humanidade. maior em Jenin, na Palestina, onde uma jovem
7. O mundo passa por uma crise ambiental resistência enfrenta de forma heróica o massacre
e sistêmica, com a destruição acelerada das do exército sionista do Estado de Israel.
fontes naturais da vida, colocando em risco 12. Os conflitos no continente africano também
a existência do planeta, essa crise ambiental fizeram com que se intensificassem os deslo-
sem precedentes que culminou na maior onda camentos forçados e colocassem boa parte da
de calor da nossa história recente no verão do população em situação de refúgio, dos princi-
hemisfério norte e, em particular, nos povos pais países africanos como Costa do Marfim,
racializados que sofrem com mais intensidade República Centro Africana, Líbia, Mali, Nigéria,
os impactos das mudanças climáticas pelo ra- República Democrática do Congo, Sudão do Sul
cismo ambiental, que se demonstra de forma e Burundi. O relatório anual da ONU “Tendências
categórica em várias partes do mundo. Globais sobre Deslocamento Forçado” constatou
8. Além disso, com a reestruturação produtiva, que até o final de 2022 o número de pessoas
começam a se extinguir milhões de postos de forçadas a migrar passou os 110 milhões. Se
emprego, provocando um fenômeno do qual por um lado essa crise humanitária escancara
as levas de refugiados da periferia do capitalis- os efeitos perversos das guerras, declínio eco-
mo para a Europa Ocidental e para os Estados nômico, a face mais cruel do capitalismo, por
Unidos, são apenas a ponta do iceberg e dão outro ela se tornou um dos principais discursos
base aos discursos xenófobos e racistas para a da extrema direita ao redor do globo.
nova extrema direita na Europa e nos EUA, e em 13. Na América Latina, a chamada “onda rosa”
menor medida também nos países da periferia. levou aos governos do Chile, Colômbia, Bolí-
9. As diversas guerras têm se desenvolvido via e Brasil o campo da esquerda, derrotando
no mundo com ânsia de ganhos pela indústria eleitoralmente nas urnas a extrema direita nes-
bélica e necessidade de reorganização e acu- ses países e expressando, no terreno eleitoral,
mulação do sistema. Dentre elas, aquela que importantes movimentos de resistência, como
ganhou maior notoriedade pelos impactos a o levante social que derrotou a constituição pi-
nível global é a guerra na Ucrânia. O conflito nochetista no Chile, em 2019, as diversas greves
na região que perdura há mais de uma década gerais na Colômbia e as resistências aos golpes
parte de um acirramento de tensões desde a na Bolívia e Brasil.
anexação da região da Crimeia pelos russos e 14. No entanto, essa mesma extrema direita
o avanço da OTAN na região da ex-URSS, ga- continua mobilizada e na ocorrência de qualquer
nhando novos contornos com a invasão russa revés nos governos de frente ampla ou frente
na Ucrânia a partir da decisão do governo popular, ainda fortalecidas, podem retornar
ucraniano de aderir à Organização do Tratado novamente ao centro do poder ou mesmo fo-
do Atlântico Norte (OTAN). mentar outros movimentos golpistas. No atual
10. As consequências dessa guerra a nível mun- cenário, ocupando espaços no poder legislativo,
dial são inúmeras, para além das baixas diretas fomentam ações fascistas, tentativas de golpis-
no fronte de batalha, podemos numerar: a mo, como foi o caso do capitólio brasileiro de
crise energética com o boicote do ocidente 8 de janeiro. Portanto, é necessário repudiar as
aos hidrocarbonetos russos; agravamento da ações antidemocráticas da extrema direita, sem
fome com os problemas de abastecimento nenhuma anistia.
ocasionados pelos embargos de cereais destes 15. Se faz necessário reafirmar a solidariedade
grandes produtores da Europa; a intensificação revolucionária dos trabalhadores brasileiros com
de migrantes forçados da Ucrânia que seguem os irmãos latino-americanos contra as investidas
aos milhões como refugiados de guerra para a do imperialismo e do fascismo. Nesse sentido,

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repudiamos veementemente, o golpe da extre- 21. Todos esses processos interligados signifi-

tese
ma direita no Peru. Também vale destacar que cam que a luta dos trabalhadores e trabalhado-
condenamos modelos autocratas que atacam ras da educação não pode ter um viés apenas
diretamente a oposição de esquerda e traba- economicista, pois os ataques à educação pú-
lhadores como o governo de Daniel Ortega na blica são parte de um projeto de país e somente

19
Nicarágua. Além de expressar nossa solidarie- com a unidade entre a categoria, estudantes e
dade ao povo cubano, diante da persistência a comunidade escolar teremos condições de
do criminoso bloqueio econômico imposto pelo avançar na construção de uma saída anticapi-
imperialismo estadunidense há décadas, como talista que coloque a educação pública estatal,
forma de estrangular as conquistas da revolução gratuita e de qualidade para as filhas e filhos
cubana. da classe trabalhadora como algo central.
16. Por isso, é fundamental aprender com as 22. E isso passa também pela luta política e
vitórias e experiências regionais para construir ideológica contra nossos inimigos históricos, o
essa alternativa global que é tão urgente: uma fascismo bolsonarista e toda extrema direita, a
saída socialista. direita liderada pelo Arthur Lira e os governa-
dores ultraliberais, como o governador de SP,
Tarcísio Freitas, além de Zema (MG) e Claudio
CONJUNTURA NACIONAL: A Castro (RJ), que buscam se postular como her-
deiros políticos do bolsonarismo.
ELEIÇÃO DE LULA INTERROMPEU
UM CICLO DE DERROTAS ! A mobilização popular deve
17. A eleição de Lula foi a primeira grande pautar o governo Lula para
vitória dos movimentos populares após um atender a classe trabalhadora
ciclo de derrotas.Ainda sim entendemos que
23. A vitória eleitoral de Lula, e a consequente
não irá se abrir um ciclo somente de vitórias,
derrota de Bolsonaro em outubro, não significou
pelo contrário, a situação ainda é muito difícil
a derrota da extrema direita e do bolsonarismo
para a classe trabalhadora brasileira e a nossa
no cenário político brasileiro, pois seguem com
capacidade de mobilização vai definir o futuro
um importante peso de massas, representação
da luta de classes no próximo período.
parlamentar e penetração, inclusive, em setores
18. Bolsonaro no poder significou uma aliança do proletariado, principalmente através das
de setores neoliberais e reacionários de extrema células neopentecostais. As mobilizações em
direita com tendências neofascistas que se de- frente aos quartéis, bloqueios de rodovias e,
senvolveu e ganhou alcance de massas em apoio posteriormente, a intentona golpista no “ca-
ao bolsonarismo, com a participação ativa de pitólio brasileiro” em 8 de janeiro foram de-
empresários da cadeia do agronegócio e outras monstrações da capacidade de mobilização da
comodities, frações das forças armadas e das extrema direita brasileira e sua disposição em
polícias, como também pastores e dirigentes construir um cenário de caos para desestabilizar
de igrejas com posições fundamentalistas para o governo Lula.
atacar a democracia e a classe trabalhadora. 24. Principalmente, após a onda de ataques
19. Além dos retrocessos nos direitos econô- dos grupos neonazistas contra as escolas, que
micos e sociais observados ao longo da gestão trouxeram um clima de terror para a categoria,
de Bolsonaro, a condução do genocida durante estudantes e famílias, as organizações da classe,
a pandemia, os cortes e ataques ao SUS, sua os partidos de esquerda, não podem hesitar em
sistemática campanha através de fake news, manter a luta contra a extrema direita como
fizeram com que o país visse retomar doenças uma das suas tarefas e isso passa por construir
anteriormente erradicadas e o crescimento do mobilizações exigindo a punição exemplar aos
movimento antivacina. golpistas e seus financiadores. Nenhuma anistia
20. A desigualdade social e a concentração de e liberdade aos inimigos da liberdade.
renda avançaram. O país voltou para o mapa 25. Por outro lado, não podemos deixar de
da fome, com mais de 70,3 milhões de pessoas compreender a natureza do governo Lula, pois
convivendo com a situação de insegurança ali- esse elemento da realidade tem muita relevân-
mentar, de acordo com ONU, sendo 20,1 milhões cia para que não se repitam os erros do ciclo
em situação de insegurança alimentar grave. anterior de governos de frente popular.
Do outro lado, 1% dos mais ricos passaram a 26. O governo Lula é um governo de contra-
controlar metade de toda riqueza produzida dições, como todo governo de conciliação de
pelo povo brasileiro. classes, que por sua natureza, tenta fazer con-

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cessões aos trabalhadores e suas organizações, aprovação de propostas que atendam às neces-

tese
ao mesmo tempo em que busca não enfrentar sidades da classe trabalhadora, as mulheres, a
até as últimas consequências os interesses do população LGBTQIAPN+ e o povo negro, seja
capital, numa perspectiva do que muitos deno- para atacar as organizações sociais e a esquerda,
minaram a política do “ganha-ganha”.

19
como na atual CPI contra o MST e nas tentativas
27. Por um lado, Lula retoma o Minha Casa de cassação de mandatos parlamentares do PT
Minha Vida, Farmácia Popular, Mais Médicos, e do PSOL.
Ciências sem fronteiras, ou ainda aumenta o 32. Apesar da inelegibilidade de Bolsonaro, a
Bolsa Família, o valor do salário mínimo e o extrema direita bolsonarista segue tentando
orçamento para garantir mais recursos para a manter sua influência no cenário político com
compra de merenda para estudantes da rede ataques sistemáticos à pauta dos movimentos
pública, reprime o garimpo ilegal nos territórios LGBTQIAPN+, à educação, como a recente
indígenas ou mesmo retoma ou cria ministérios fala de Eduardo Bolsonaro contra professores,
que representam pautas importantes de setores ou mesmo tentando impedir a punição dos
atacados pelos governos Temer e Bolsonaro ( envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro,
MinC, Ministério dos Povos Indígenas e etc), por em particular, os mentores intelectuais daquele
outro lado, propõe o arcabouço fiscal, que trava episódio, como o clã Bolsonaro, os militares e os
investimentos para um desenvolvimento social financiadores ligados ao agronegócio e outros
efetivo do país cedendo às pressões do capital setores da burguesia.
financeiro,segue apostando em governar com 33. Frente ao cerco da direita, extrema direita
aliança e acordos com o Centrão e Lyra. no Congresso, a pressão da burguesia e os
seus meios de comunicação, Lula precisa seguir
“Há perigo na esquina” o exemplo de Gustavo Petro da Colômbia e
apostar na mobilização do povo para atender
28. O pacto de governabilidade com Lira mos-
a pauta dos explorados e oprimidos.
trou que não é o melhor caminho para atender
as reivindicações da classe trabalhadora. Lira e
o Centrão avançaram com o Marco Temporal,
pioraram o arcabouço fiscal, com punições
EDUCACIONAL
severas aos servidores públicos, e agora nos É NAS RUAS QUE IREMOS DERROTAR
debates sobre a Reforma Tributária, foram os
porta-vozes dos interesses dos setores do ca- O PROJETO DE PRIVATIZAÇÃO COMO O
pital contemplados no texto final. NOVO ENSINO MÉDIO, A BNCC E A FARSA
29. Apesar dos pontos positivos que também DA NOVA CARREIRA
constaram no texto aprovado, ainda que par-
ciais, como o fim da cobrança de impostos em “Quando o homem compreende a sua
produtos da cesta básica, as embarcações e realidade, pode levantar hipóteses sobre o
aeronaves passam a pagar IPVA; se amplia a desafio dessa realidade e procurar soluções.
possibilidade de aumentar progressivamente a Assim, pode transformá-la e o seu trabalho
alíquota dos impostos sobre grandes heranças. pode criar um mundo próprio, seu Eu e as
suas circunstâncias.”.
(Paulo Freire)
O cerco de Lira e do Centrão
34. Travamos no Brasil uma luta de morte contra
ao governo Lula! a destruição dos direitos da classe trabalhadora
30. Eles foram avalistas de Bolsonaro du- pelo projeto político fascista que produziu o
rante toda a sua gestão e representam no genocídio pandêmico e o desmonte dos serviços
Congresso Nacional os interesses do capital públicos. Nesse contexto, a difusão de campa-
financeiro,setores como o agronegócio,das nhas como “escola sem partido”, “ideologia de
oligarquias regionais, e, consequentemente, gênero” e homeschooling (ensino domiciliar) se
impedem o avanço de pautas fundamentais converteram em bandeiras dos bolsonaristas
para melhorar a vida da classe trabalhadora e o por todo país, em um ataque sem precedentes
enfrentamento aos interesses dos grandes pro- à educação e à escola pública. Na verdade, todas
prietários e setores do capital, que sustentaram estas campanhas tinham como objetivo central
os retrocessos impostos nesses últimos anos. o desmonte da educação pública brasileira para
31. De seu lado, a extrema direita tem aproveita- colocar os recursos públicos a serviço dos gru-
do seu peso parlamentar e nas instituições como pos privados de ensino.
oposição ao governo Lula, seja para impedir a 35. O projeto ultraliberal conservador tem cons-

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ciência ideológica do seu papel no contexto vendida como “novo ensino médio”, a BNCC e

tese
econômico, social e político. Nessa perspectiva, a “Nova Carreira” (LC 1374 em São Paulo), entre
a educação deve ser instrumentalizada institu- outros, são conceitos incorporados à legislação
cionalmente para defender os seus interesses a para dominarem o discurso oficial, no sentido de
partir de uma dupla função: a primeira se cons- serem transformados e naturalizados, buscando

19
tituir em um meio de reprodução do sistema, tornar absoluta a ideologia liberal, levando ao
que desenvolva a educação na perspectiva da controle de cada vez maiores contingentes dos
defesa das políticas da classe dominante, con- recursos educacionais.
vencendo os dominados a incorporarem estas
posições, ou seja, defenderem a ideologia da
classe oposta à sua.
EXIGIMOS A REVOGAÇÃO IMEDIATA
36. A segunda função é controlar os recursos DA PRIVATIZAÇÃO DO ENSINO
educacionais para transformá-los em lucros e MÉDIO (CHAMADA DE NOVO ENSINO
a educação em mercadoria, o que fica expresso
nas diversas políticas de transferência das verbas
MÉDIO) E DA BNCC
públicas para os grupos educacionais priva- 40. O governo ilegítimo Temer aprovou em 2017
dos, as chamadas fundações privadas, como a contrarreforma do ensino médio, chamada
Todos pela educação, Instituto Ayrton Sena, “novo ensino médio” e implementada grada-
Itaú Cultural, Fundação Lemann, entre outras. tivamente pelos governos estaduais, com total
Esta visão é totalmente oposta a concepção apoio do governo Bolsonaro durante o período
de investimento em educação. Para os ideários de política educacional autoritária e privatizante.
deste programa os dispêndios com os diversos 41. Em São Paulo, a reforma entrou em vigor
níveis educacionais por parte do Estado, são para valer este ano com a introdução de mais
gastos que devem ser reduzidos, racionalizados de 200 itinerários formativos, muitos dos quais
ou potencializados, o que só é possível através se converteram em memes, por alunos e pro-
do gerenciamento privado das redes escolares. fessores em virtude da falta de objetividade, de
37. Estes instrumentos da burguesia não apenas conteúdo e de sintonia com o aprofundamento
combatem as organizações da classe trabalha- curricular. Por outro lado, em um claro des-
dora que resistem e impedem a implementação respeito às comunidades escolares, disciplinas
de tal proposta, para os porta-vozes do sistema historicamente reconhecidas estão simples-
capitalista. Sindicatos, Confederações, Centrais mente sendo excluídas do currículo a exemplo
Sindicais de Trabalhadores e Partidos de Esquer- de disciplinas da Formação Geral Básica como
da defensores da educação pública, devem ser Geografia, História, Física, Química, Biologia,
enfraquecidos e destruídos, com objetivo de Filosofia, Sociologia, Artes e mesmo Matemática
garantir que o desmonte da educação pública e Português. A formação dos discentes foi em-
possa ser operacionalizado em um cenário pobrecida com os tais “itinerários formativos”,
sem resistência organizada a este projeto de dificultando o acesso aos saberes essenciais
privatização. com vistas à ascensão aos níveis superiores de
38. Tais propostas são propagandeadas de for- ensino e até mesmo ao mundo do trabalho e à
ma sutil com uma certa roupagem de “moder- plenitude da vida em sociedade.
nidade”, chamadas de “reformas educacionais”. 42. Em flagrante ataque à profissão docente, as
Esta prática dos teóricos e do establishment na professoras e professores foram transformados
educação, se configura como uma estratégia em meros/as operadores de manuais e carti-
para obscurecer os verdadeiros propósitos de lhas, reproduzindo conceitos vagos, muitos dos
dominação dos empresários sobre os recursos quais sequer constam da formação dos cursos
educacionais públicos. Essa estratégia é definida de licenciatura. Uma descabida e flagrante
por Savianni como “objetivos proclamados”, que bizarrice conceitual e desrespeito total pela
visam esconder “os objetivos reais” (Savianni, profissão docente. A luta de todos e todas é
in A Nova Lei da Educação - trajetória, limites e para a revogação do entulho autoritário do
perspectivas, págs. 190 e 191). O autor enfatiza Temer: a BNCC. Uma base curricular tecnicista,
que esta é a ideologia típica da sociedade ca- concebida por tecnocratas a serviço das escolas
pitalista: a ideologia liberal, baseada no fetiche privadas, contra todos os valores e princípios
da mercadoria. humanísticos e que apontem na perspectiva da
39. Nessa estratégia, os projetos são combina- transformação social.
dos com a redução dos recursos educacionais, 43. Diante deste gigantesco desmonte da edu-
precarizando salários e condições de trabalho. cação, as entidades nacionais dos profissionais
Nessa direção a reforma do ensino médio, da educação, desencadearam uma grande cam-

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panha pela revogação do “novo ensino médio”, democrática, condições de trabalho e para

tese
com participação determinante da Apeoesp e o processo ensino-aprendizagem, estrutura,
sob a coordenação da CNTE através das entida- valorização dos profissionais da Educação e
des regionais no demais estados e municípios. garantia de acesso dos estudantes a todo o
conhecimento necessário para sua formação.

19
44. O Ministro da Educação, Camilo Santana, e
a Secretária Executiva do Ministério, Izolda Cela,  Limitação do número de alunos a 25 nas
que não representam a comunidade escolar e salas de aulas regulares e 15 nas salas de
nem a CNTE, atendendo às determinação do aulas que tenham alunos com deficiência;
Conselho Nacional de Secretários de Educa-  Quadra poliesportiva, laboratório, sala de
ção (CONSED), se limitaram a promover uma informática, sala de áudio-visual em todas
consulta pública praticamente controlada por as escolas
estes gestores educacionais, com uma ínfima  Remoção já para todos;
participação, apenas para justificar e referendar
 Atribuição de aulas presencial, transparente
“readequações” propostas por este segmento
e justa respeitando o tempo do magistério;
representante das fundações educacionais pri-
vadas e defensor das políticas oficiais.  Reabertura de todas as salas fechadas: re-
gulares, período noturno e EJA;
45. Neste contexto é preciso intensificar a cam-
panha nacional pela revogação imediata do  Combate sem trégua ao assédio moral;
novo ensino e a aprovação de novas diretrizes  Em defesa da democratização da gestão das
curriculares nacionais debatidas e aprovadas escolas públicas através da eleição livre dos
por professores, estudantes e comunidades conselhos de escola e dos grêmios estudantís
escolares de todo país. Diante desta política livres;
contrária à educação pública estatal e aos profis-  Em respeito ao nosso direito de organização:
sionais de educação como a não revogação do restabelecimento dos afastamentos previstos
“novo ensino médio” e da BNCC defendemos em lei para a participação nas atividades
uma campanha nacional pela retirada das sindicais (reuniões de representantes, CER,
fundações privadas na educação pública Congressos e Conferências);
estatal do MEC; bem como, fora os gestores  Fim da divisão das férias impostas durante
alinhados com os grupos privatizantes na o governo Alckmin;
educação pública do país. Que a Apeoesp e
 Pagamento de auxílio alimentação no valor
a CNTE assumam esta campanha.
de 20 UFESPs (unidade fiscal do estado de
46. Diante do aprofundamento dos ataques é con- São Paulo), para todos os professores e
senso entre os professores a necessidade de professoras;
um combate sem trégua a este desmonte da  Fim do projeto de escolas cívico militares
educação pública. Uma campanha com eixos e repúdio ao anúncio da ampliação deste
objetivos como: projeto anunciado por Tarcísio;
 Pagamento do Piso do Magistério como
salário base;
 Revogação do Novo Ensino Medio; BALANÇO
 Revogação de todo entulho de Dória/Rossieli; 47. As eleições da APEOESP sintetizaram as
 Revogação da Lei Complementar 1374; características da situação política que marcam
 Por um Plano de Cargos e Salários que atenda a realidade do país e as tarefas da esquerda, ou
às reivindicações da categoria com aplicação seja, uma conjuntura marcada por contradições
da jornada do piso 1/3 – rumo a 50% – e profundas.
salário médio equivalente aos profissionais 48. Participaram do processo eleitoral mais de
com escolarização semelhante. 51 mil associados e associadas distribuídos nas
 Retorno das faltas aula, das seis abonadas 94 subsedes, que organizam as mais de 5 mil
e das faltas médicas; escolas estaduais e outras milhares de escolas
das redes municipais em todo o Estado de São
 APDs em local de livre escolha;
Paulo. A Chapa 1 - Uma Apeoesp Unida obteve
 Concurso Público estadualizado, classificató- 82,75 % dos votos (mais de 42 mil) contra 6280
rio e com regras justas para 100 mil cargos, votos da Chapa 2 e 1446 votos da Chapa 3.
imediato;
49. Uma votação que expressou o sentimento
 Estabilidade da categoria F para a categoria O da categoria da necessária unidade do sindicato
 PELO FIM DESTE MODELO DE PEI, que é exclu- para lutar contra o governo de extrema direita
dente. Por uma educação integral com gestão de Tarcísio Freitas e reverter o quadro de perdas

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da categoria, que se aprofundou desde o golpe de filiação, transformar as subsedes em espaços

tese
jurídico parlamentar de 2016 e os efeitos da de resistência e organização nas mais diversas
pandemia na organização das escolas e da ca- formas possíveis que possa assumir, desenvolver
tegoria, utilizados pelo governo Dória/Rossiele uma política de comunicação conectadas às
para “passar a boiada” contra nossos direitos. características do século XXI.

19
50. A expressiva votação da Chapa 1 - Uma
Apeoesp Unida também expressou o acerto da Mulheres unidas contra a extrema
política de unidade da maioria das correntes que
atuam no sindicato, apesar das diferenças de direita, em defesa do Socialismo.
concepção que seguem existindo, e dialogou 55. A opressão às mulheres está relacionada
com o sentimento da categoria diante de um go- à exploração de classe no modo de produção
verno de extrema direita que, apesar dos poucos capitalista. No Brasil, as reformas trabalhistas
meses a frente do estado, demonstra que dará e da previdência, o desmonte da seguridade
continuidade aos ataques contra nossos direitos, social e a terceirização prejudicam ainda mais
como a proposta de corte no investimento na as mulheres. Durante a pandemia se revelou o
educação em 5% e a nova reforma administra- aprofundamento da violência, na divisão sexual
tiva, que atacará os direitos de 1,2 milhões de do trabalho doméstico, a exemplo da sobrecarga
servidores públicos estaduais, já anunciados pelo de trabalho com limpeza da casa, no cuidado
governador bolsonarista na imprensa. com os filhos, no trabalho remoto, além dos
51. Expressou a compreensão da categoria de cuidados com os pais e mães idosos. O confi-
que precisaremos fortalecer o sindicato como namento deixou as mulheres esgotadas, estres-
um instrumento de frente única para enfrentar sadas e sobrecarregadas, tendo que dar conta
os retrocessos que se avizinham e muita unidade do trabalho doméstico, que aumentou muito
para construir nacionalmente as mobilizações durante a pandemia, e do trabalho remoto que,
para enfrentar as pressões da direita. principalmente para as professoras, se intensifi-
52. A APEOESP e a Chapa 1 – UMA APEOESP cou tomando praticamente todo o tempo.
UNIDA foi vanguarda na luta pela vacinação 56. O aumento do neofascismo intensificou essa
contra o negacionismo de Bolsonaro, garantiu violência e reforçou o machismo, contudo as
a inclusão da categoria nas faixas prioritárias de mulheres foram à luta na Espanha, na Argen-
imunização nacional e combateu a volta açoda- tina, no Sudão e no Brasil, protestando contra
da das aulas presenciais em meio ao momento a violência e o machismo e defendendo seus
mais grave da pandemia e também pela revo- direitos. Os movimentos “#EleNão”, “Marcha das
gação de todo o entulho ultraliberal aprovado Mulheres Negras” e “Marcha das Margaridas”
por Bolsonaro e Temer, como o Novo Ensino fortaleceram a luta feminista e o número de
Médio, as Reformas Previdenciária e Trabalhista, mulheres de esquerda eleitas no Brasil dobrou
elementos que formam a base programática em relação ao pleito anterior.
que sustentou a construção desta chapa de 57. As mulheres foram parte do esforço em
unidade entre a maioria histórica do sindicato construir a Frente Única contra a extrema direita
e os principais agrupamentos de oposição. e juntos suplantamos o projeto neofacista nas
53. Há muito o que avançar para retomar a eleições de 2022. Exemplo de que essa unidade
confiança da categoria em nossa entidade. É foi acertada é a votação do PL 1085/2023 que
fundamental aprofundar a democracia sindical reforçou a igualdade de salário entre mulheres
em nossas instâncias (CER, DEC, Executiva) ga- e homens na mesma profissão. Isso não seria
rantindo o funcionamento regular das instân- possível num governo Bolsonaro.
cias para fortalecer a militância, a construção 58. Sabemos que a misoginia é parte estru-
coletiva de nossas respostas e como incentivar turante da violência que temos visto hoje na
o professorado a participar destes espaços e sociedade, incentivada por políticas públicas
qualificar as respostas do sindicato sobre os de segurança punitiva e de constrangimento da
desafios da categoria e a organização de nossa classe trabalhadora pobre e periférica, atingindo
luta. Além disso, buscar o fortalecimento da a escola pública como primeiro alvo.
organização por local de trabalho, fortalecer o 59. Por uma organização das mulheres profes-
trabalho de base e sempre garantir a autonomia soras da APEOESP que lute pelo fim da discrimi-
da entidade diante do parlamento,dos partidos nação salarial, pela aposentadoria, pelo direito a
e independência em relação aos governos. um melhor atendimento à saúde, mais recursos,
54. Esses são alguns dos desafios e, para além menor jornada de trabalho e salário digno para
destes desafios mais gerais, será fundamental todas as professoras: negras, brancas, LGBTs,
desenvolvermos sistematicamente campanhas indígenas, ribeirinhos, jovens e idosas.

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Reivindicamos: ção, proteção, saúde mental, acompanhamento

tese
social à comunidade escolar, funcionários nas
60.  Que as deliberações aprovadas nas Con- escolas e fortalecimento dos núcleos de debates
ferências de Mulheres/Apeoesp sejam refe- através das instâncias democráticas da escola;
rendadas, a depender do contexto ou caráter,

19
71.  Campanha e política de combate aos as-
imediatamente no 1°CER pós sua realização e/
sédios.
ou no Congresso Estadual da Categoria, quando
tratar de estatuto e a pauta específica de Mu- 72.  Redução da jornada de trabalho, sem redu-
lheres fará parte da mesa de reivindicações da ção de salário, para as professoras com filhos
entidade, nas negociações com o governo. Por autistas, para acompanhamento médico ou
Conferência Estadual de Mulheres da APEOESP tratamento dos filhos.
deliberativa e com abono de ponto; 73.  A Apeoesp representa uma categoria com-
61.  Secretaria da Mulher: Embora já aprovada, posta por sua maioria de Mulheres, portanto
esse congresso deve intensificar a luta pela sua nosso sindicato deve construir progressivamente
implantação em todas as subsedes. Fortalecer essa representatividade em todos os seus fóruns,
a Secretaria de mulheres nas subsedes visando que esse elemento seja considerado em todas
incentivar comissões de mulheres nas escolas as instâncias.
para defender o interesse das trabalhadoras e 74.  Que as mulheres decidam sobre seu corpo.
dos estudantes da escola pública; Contra a criminalização do aborto – aborto le-
62.  A Secretaria Geral de Mulheres da Apeo- gal e seguro. Garantia de saúde pública para as
esp deve ter uma agenda, programação e mulheres, principalmente em idade fértil. Contra
calendário votados nas instâncias, de trabalho o projeto 352/2019 – Câmara Municipal – que
com as Secretarias de Mulheres das subsedes, dificulta os abortos autorizados no âmbito jurídico.
que considere as pautas políticas, sociais e de 75.  As Subsedes devem debater e buscar junto
formação para balanço e encaminhamentos na aos órgãos públicos de saúde dos municípios
Conferência Estadual. de suas jurisdições apoio no atendimento digno
63.  Publicação de cadernos de formação: que aos professores categoria O;
a Apeoesp publique cadernos de textos com 76.  Lutar por atendimento digno às professoras
referências às feministas históricas (Clara Zetkin, transexuais, nos locais de trabalho, nos serviços
Rosa Luxemburgo, Angela Davis, entre outras) e de saúde e em toda a sociedade;
também artigos e contribuições de professoras 77.  Pela abertura de todas as Delegacias da Mu-
feministas classistas escritoras da entidade). lher em período de 24 horas e 7 dias na semana;
64.  Por creche para filhos/filhas com idade até 78.  Liberação para professores participarem da
12 anos, das professoras/es que participam das reunião de pais, mães e mestres de seus filhos,
atividades estaduais e das subsedes. nos moldes da CLT;
65.  Luta por Creche nos locais de trabalho, onde 79.  Por instituição de CIPA nas unidades es-
haja mínimo de 30% de mulheres em idade colares;
fértil – nas escolas públicas. 80.  Por um Coletivo de Mulheres da APEOESP
66.  Luta por política por direitos: igualdade de com participação de todas as forças;
gênero, integração e produção social, libertação 81.  Que a APEOESP realize uma pesquisa na
no trabalho privado familiar com creche para categoria/professoras, nos moldes da que resul-
todas as trabalhadoras; tou em “Retratos das desigualdades de Gênero
67.  Por lavanderias e restaurantes públicos. e Raça de 2017”, incluindo as especificidades da
68.  Pela revogação da Lei 1.374/22 no seu artigo educação.
70º onde impede tratamento médico de toda
a categoria como: Câncer, Hemodiálise, entre
outros. Impede brutalmente tratamento de LGBTQIA+
fertilização, acompanhamento. Impede prin-
82. A eleição de um governo democrático ,
cipalmente o PRÉ-NATAL DURANTE OS NOVE
contudo, não significou o fim das hostilidades
MESES, prejudicando a vida não só da profes-
contra às pessoas LGBTQIA+. Discursos lgbtfó-
sora como de seu futuro bebê. Este artigo fere
bicos são discursos de ódio. Discurso de ódio
a CF/88 assim como desrespeita a Lei 9.263/96,
gera violência, morte e extermínio de pessoas
portaria 569 do Ministério da Saúde;
LGBTQIA+. E nesse contexto que a Apeoesp tem
69.  Direito real de licença para cuidado de por tarefa inadiável fazer o enfrentamento da
familiares; LGBTFobia que tanto violenta e mata pessoas
70.  Segurança nas escolas: programa de aten- LGBTQIA+.

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90. DEFENDEMOS
NEGROS E NEGRAS
tese
91.  Paridade salarial entre aposentados (as) e os
83. O Brasil é o resultado de um processo de (as) que se encontram em sala de aula, uma vez
escravização dos povos negros por quase 400 que anos e anos em sala de aula não podem
anos e, após 135 anos da “abolição”, como maio-

19
resultar em rebaixamento salarial.
ria da população, os descendentes dos homens
e mulheres escravizados seguem sendo vítimas
do racismo estrutural que se traduz na sistemá-
tica violência estatal contra essa maioria social
PLANO DE LUTAS
e sua presença nas camadas mais exploradas e 92. Revogação das Reformas da Previdência e
oprimidas de nossa sociedade em todos os indi- Trabalhista.
cadores sociais existentes. E mesmo nos números 93.  Não ao projeto Escola sem Partido.Não
da pandemia, figurou entre as principais vítimas às demissões e ao desemprego. Redução da
da pandemia e do negacionismo do governo jornada sem redução salário.Não à carestia,
Bolsonaro. No que tange ao estudo formal, controle e congelamento dos preços da cesta
parte significativa do abandono da escola ocorre básica e tarifas públicas.
dentro da população negra, pois os jovens, pela 94.  Reestatização das empresas públicas Privati-
sua origem de classe, têm que adentrar, de forma zadas. Reforma agrária e urbana sob o controle
cada vez mais precoce e precária no mercado dos trabalhadores e trabalhadoras.
de trabalho e, ademais, uma parcela ínfima dos
95.  Plano geral de obras públicas para cons-
que conseguem concluir o ensino médio tem
trução de moradia popular, hospitais, creches
acesso às universidades públicas.
e escolas
96.  Por um governo dos Trabalhadores, sem
DEFENDEMOS patrões.
84.  Implementação de fato das leis 10639/03 97.  Trabalho igual, direito igual.
e 11645/08 98.  Combater todas as formas de precarização
85.  Acesso à universidade. Somos favoráveis à na Educação.
política de cotas para a entrada e permanência 99.  Piso do Dieese por 20h/a.
nas universidades.
100.  Concurso público classificatório estaduali-
86.  Campanha educacional de combate ao zado para 100 mil vagas e estabilidade para os
racismo! categoria O.
87.  Vagas para Todos: Universalização do ensino 101.  10% do PIB já para a Educação pública-
superior público e gratuito para atendimento -estatal! Rumo aos 15% do PIB.
de toda a população negra.
102.  Verbas públicas somente para as escolas
públicas-estatais.

POLÍTICA PARA O (A) PROFESSOR 103.  Eleição direta para direção de escola.
104.  Conselhos de educação sem presença de
(A) APOSENTADO (A) governos e seus representantes.
88. Sabemos que os governos têm sido nefastos 105.  Conselhos de escola democraticamente
no que tange à política para aposentados(as). eleitos.
Basta verificarmos as reformas da previdên- 106.  Fim das avaliações externas.
cia levadas pelos governos de FHC, Lula e
107.  Jornada de 50% em sala de aula, 25% de
Bolsonaro. Foi uma sequência de retirada de
trabalho pedagógico e 25% em local de livre
direitos, combinando tempo e idade para a
escolha.
aposentadoria e rebaixando a qualidade de
vida a cada ano. 108.  Aplicação imediata de 1/3 da jornada fora
da sala de aula, rumo ao 50%.
89. Ao se combinar com a ausência de uma
política real de valorização por parte das se- 109.  Fim da meritocracia.
guidas gestões tucanas, que ao longo dos 110.  Campanha contra as perseguições políticas.
últimos anos aprofundou a lógica dos abonos 111.  Quadras cobertas em todas as escolas.
complementares e bônus, faz com que essas 112.  Máximo 25 alunos por sala.
parcela da categoria, que tanta energia e de-
113.  Contra a privatização do Iamspe.
dicação deu à educação pública, se vêem com
as aposentadorias desvalorizadas e confiscadas, 114.  2% do orçamento para o Iamspe.
o que pode os empurrar ao endividamento. 115.  Descentralização do atendimento do Iamspe.

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116.  Reconhecimento das doenças do trabalho. 133.  Incentivar a implementação das secretarias

tese
117.  Ampliar os convênios com hospitais públicos. de mulheres nas subsedes.
118.  Ampliação das CEAMAS em todo o Estado. 134.  Ampliação da licença maternidade de seis
meses para todas as mulheres.
119.  Ampliar a distribuição de remédios em todo

19
Estado. 135.  Basta de genocídio à população negra.
Desmilitarização da PM.
120.  Contra a política de cessação das readaptações.
136.  Estender à comunidade LGBTQI+ todos os
121.  Contra a cultura do estupro.
direitos civis como: casamento civil, inclusão
122.  Delegacias da Mulher 24 horas. de companheiro/a em planos de saúde e pre-
123.  Combater e denunciar todas as formas de vidência, possibilidade de adoção para casais
assédio moral e sexual. de mesmo sexo, etc.
124.  Contra a obrigatoriedade de exames gine- 137.  Direito à alteração dos nomes civis para os
cológicos para admissão. nomes sociais em documentos oficiais a travestis
125.  Direito à licença amamentação. e transexuais.
126.  Campanha permanente de educação e 138.  Criminalização da homofobia.
orientação sexual nas escolas. 139.  Distribuição gratuita de materiais educacio-
127.  Política de formação sobre o tema de: Opres- nais Anti-homofobia.
são e superexploração de negros/as, mulheres 140.  Contra a criminalização política dos movi-
e LGBT. mentos sociais e dos seus dirigentes
128.  Por Conferências de mulheres realizadas em 141.  Contra a criminalização política do MST
dias de semana com abono de ponto. 142.  Contra a criminalização dos mandatos par-
129.  Por Encontros de mulheres, nas subsedes, lamentares
para garantir que a base ajude na elaboração 143.  Por secretaria de combate à homofobia na
da pauta. APEOESP.
130.  Contemplar na pauta da campanha salarial 144.  Não pagamento da Dívida Pública.
temas das lutas das mulheres. 145.  Sem anistia aos golpistas.Investigação,cadeia
131.  Lutar pela descriminalização e legalização aos financiadores aos golpistas.
do aborto. 146.  Prisão e confisco dos bens de todos os cor-
132.  Criar dia de luta por creche. ruptos e corruptores

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gança Paulista; Braúna; Brejo Alegre; Brodowski;
CAPÍTULO I Brotas; Buri; Buritama; Buritizal; Cabreúva; Caconde;
DA DENOMINAÇÃO, SEDE, FINALIDADES, Cafelândia; Caiabu; Caieiras; Caiuá; Cajamar; Cajati;
Cajobi; Cajuru; Campina do Monte Alegre; Cam-
PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS E pinas; Campo Limpo Paulista; Campos do Jordão;
PATRIMÔNIO Cananéia; Canas; Cândido Rodrigues; Capão Bonito;
Capivari; Carapicuíba; Cardoso; Casa Branca; Cássia
Art.1º - A APEOESP - Sindicato dos Professores
dos Coqueiros; Castilho; Catanduva; Catiguá; Ce-
do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, fundado
dral; Charqueada; Clementina; Colômbia; Conchal;
na cidade de São Carlos (SP) em treze de janeiro
Conchas; Cordeirópolis; Coroados; Coronel Mace-
de mil novecentos e quarenta e cinco, sob a deno-
do; Corumbataí; Cosmópolis; Cosmorama; Cotia;
minação de Associação dos Professores do Ensino
Cravinhos; Cristais Paulista; Descalvado; Diadema;
Secundário e Normal do Estado de São Paulo (APES-
Dirce Reis; Divinolândia; Dobrada; Dois Córregos;
NOESP), posteriormente denominado Associação
Dolcinópolis; Dourado; Dracena; Dumont; Eldora-
dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
do; Elias Fausto; Elisiário; Embaúba; Emilianópolis;
Paulo (APEOESP), organizado sem fins lucrativos,
Engenheiro Coelho; Espírito Santo do Pinhal; Estiva
sem discriminação de raça, credo religioso, gênero
Gerbi; Estrela d`Oeste; Estrela do Norte; Euclides
ou convicção política ou ideológica é uma entidade
da Cunha Paulista; Fernando Prestes; Fernandó-
de caráter sindical, assentada nos princípios inser-
polis; Ferraz de Vasconcelos; Flora Rica; Floreal;
tos no artigo 8º da Constituição da República, cuja
Flórida Paulista; Franca; Franco da Rocha; Gabriel
base territorial compreende os limites geográficos
Monteiro; Gália; Gastão Vidigal; Gavião Peixoto;
oficiais do Estado de São Paulo, com duração por
General Salgado; Glicério; Guaira; Guapiaçu; Gua-
prazo indeterminado, com sede e foro na Capital
piara; Guará; Guaraçaí; Guaraci; Guarani d`Oeste;
do referido estado da Federação e integrada por
Guararapes; Guararema; Guareí; Guariba; Guarulhos;
docentes e especialistas em educação das redes
Guatapará; Guzolândia; Holambra; Hortolândia;
estadual e municipais do Estado de São Paulo.
Iacanga; Ibaté; Ibirá; Icem; Igarapava; Ilha Com-
Parágrafo único - A APEOESP – Sindicato dos prida; Itanhaém; Ilha Solteira; Indaiatuba; Indiana;
Professores do Ensino Oficial do Estado de São Indiaporã; I núbia Paulista; Ipeúna; Ipiguá; Iporanga;
Paulo fará uso, para todos os fins e efeitos, internos Ipuã;     Iracemápolis; Irapuã; Irapuru; Itaberá; I taí;
ou externos, da expressão “APEOESP – Sindicato Itajobi; Itaju; Itaóca; Itapetininga; Itapeva; Itapevi;
Estadual”, como sigla oficial. Itapira; Itapirapuã Paulista; Itaporanga; Itapura;
Art.2º - A entidade “APEOESP – Sindicato Es- Itaquaquecetuba; Itararé; I tirapuã; Itobi; Itupeva;
tadual”, que não possui fins lucrativos e que, por- Ituverava; Jaborandi; Jaboticabal; Jacareí;Jaci; Ja-
tanto, não distribui lucros, propõe-se a organizar e cupiranga; Jaguariúna; Jales; Jandira; Jardinópolis;
representar os docentes e especialistas em educa- Jarinu; Jaú; Jeriquara; Joanópolis; José Bonifácio;
ção das redes estadual e municipais, membros da Jumirim; Jundiaí; Junqueirópolis; Lagoinha; Laranjal
categoria diferenciada dos trabalhadores docentes Paulista; Lavínia; Lavrinhas; Leme; Limeira; Lindóia;
e especialistas em educação das redes públicas Lorena; Lourdes; Louveira; Lucélia; Luís Antônio;
oficiais, com abrangência estadual e base no terri- Luiziânia; Lupércio; Macaubal; Macedônia; Magda;
tório de São Paulo, e a categoria diferenciada dos Mairiporã; Marabá Paulista; Marapoama; Mariápolis;
ESTATUTO DA APEOESP

trabalhadores docentes e especialistas em educação Marinópolis; Martinópolis; Matão; Mauá; Mendonça;


das redes públicas oficiais dos municípios do Estado Meridiano; Mesópolis; Miguelópolis; Mira Estrela;
de São Paulo, nas cidades de Adamantina; Adolfo; Mirandópolis; Mirante do Paranapanema; Mirassol;
Aguaí; Águas da Prata; Águas de Lindóia; Águas Mirassolândia; Mococa; Monganguá;Mogi das Cru-
de São Pedro; Alambari; Alfredo Marcondes; Altair; zes; Mogi Guaçu;   Mogi-Mirim; Monteiro lobato;
Altinópolis; Alto Alegre; Álvares Florence; Álvares Mombuca; Monções; Monte Alegre do Sul; Monte
Machado; Americana; Américo Brasiliense; Américo Alto; Monte Aprazível; Monte Castelo; Monte Mor;
de Campos; Amparo; Analândia; Andradina; An- Morro Agudo; Morungaba; Motuca; Murutinga
gatuba; Anhembi; Anhumas;   Aparecida d`Oeste; do Sul; Natividade da Serra; Narandiba; Nazaré
Apiaí; Araçatuba; Aramina; Araraquara; Araras; Paulista; Neves Paulista; Nhandeara; Nipoã; Nova
Ariranha; Artur Nogueira; Arujá; Aspásia; Atibaia; Aliança; Nova Campina; Nova Canaã Paulista; Nova
Auriflama; Avanhandava; Bady Bassitt; Bálsamo; Castilho; Nova Europa; Nova Granada; Nova Gua-
Barão de Antonina; Barbosa;Bananal; Boracéia; Barra taporanga; Nova Independência; Nova Luzitânia;
do Chapéu; Barra do Turvo; Barretos; Barrinha; Ba- Novais; Novo Horizonte; Nuporanga; Onda Verde;
rueri; Bastos; Batatais; Bento de Abreu; Bilac; Birigui; Orindiúva; Orlândia; Osasco; Osvaldo Cruz; Ouro
Biritiba-Mirim;   Boa Esperança do Sul;   Bocaina;   Verde; Ouroeste; Pacaembu; Palestina; Palmares
Bofete; Bom Jesus dos Perdões; Paulista; Palmeira d`Oeste; Panorama; Paraibuna;
Bom Sucesso de Itararé; Borá; Borborema; Bra- Piquete; Potim; Paraíso; Paranapuã; Parapuã;

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Parisi; Patrocínio Paulista; Paulicéia; Paulínia; Pau- conjuntos visando à unidade e à unificação
listânia; Paulo de Faria; Pederneiras; Pedra Bela; de todas as entidades representativas dos
Pedranópolis; Pedregulho; Pedreira; Penápolis; trabalhadores em Educação, no âmbito do
Pereira Barreto; Pereiras; Piacatu; Piedade; Pilar do Ensino Público;
Sul; Pindorama; Pinhalzinho; Piquerobi;   Piracaia;   c) lutar, juntamente com outros setores da popu-
Piracicaba; Pirangi;   Pirapora do Bom Jesus;   Pi- lação, pela melhoria do ensino, em particular
rapozinho; Pirassununga;   Pitangueiras;   Planalto; pelo ensino público e gratuito, em todos os
Poá; Poloni; Pontal;   Pontalinda; Pontes Gestal; níveis;
Populina; Porangaba; Porto Ferreira; Potirendaba;
d) m anter intercâmbio e convênios com or-
Pracinha;   Pradópolis; Presidente Bernardes; Pre-
ganizações de caráter sindical, educacional
sidente Epitácio; Presidente Prudente; Presidente
ou cultural, nacionais e estrangeiras, sobre
Venceslau; Promissão; Quadra; Rafard; Redenção
assuntos de interesse da categoria;
da Serra; Regente Feijó; Restinga; Ribeira; Ribeirão
Bonito; Ribeirão Branco; Ribeirão Corrente; Ribei- e) lutar, ao lado de outros trabalhadores, por
rão dos Índios; Ribeirão Grande; Ribeirão Preto; liberdade de organização, manifestação e
Rifaina; Rincão; Rinópolis; Rio Claro; Rio das Pedras; expressão para todos os trabalhadores;
Rio Grande da Serra; Riolândia; Riversul; Rosana; f) lutar pela proteção do patrimônio artístico,
Rubiácea; Rubinéia; Sabino; Sagres; Sales; Sales histórico e cultural em sua base de atuação
Oliveira; Salmourão; Saltinho; Salto de Pirapora; territorial, inclusive quando esta ação for
Sandovalina; Santa Adélia; Santa Albertina; Santa complementar às demais finalidades tratadas
Clara d`Oeste; Santa Cruz da Conceição; Santa nas alíneas “a” até “e” do presente artigo.
Cruz da Esperança; Santa Cruz das Palmeiras; Santa Art.3º - São princípios organizativos da entidade
Ernestina; Santa Fé do Sul; Santa Gertrudes; Santa “APEOESP – Sindicato Estadual”:
Lúcia; Santa Maria da Serra; Santa Mercedes; Santa
a) independência e autonomia face às orga-
Rita d`Oeste; Santa Rita do Passa Quatro; Santa
nizações e partidos políticos, organizações
Rosa do Viterbo; Santa Salete; Santana da Ponte
religiosas, entidades patronais e ao Estado;
Pensa; Santana de Parnaíba; Santo Anastácio; Santo
André; Santo Antônio da Alegria; Santo Antônio de b) revogabilidade dos mandatos individuais e
Posse; Santo Antônio do Aracanguá; Santo Antônio coletivos;
do Jardim; Santo Expedito; Santópolis do Aguapeí; c) respeito à unidade e à democracia de base do
São Bernardo do Campo; São Caetano do Sul; São movimento, expressa na organização das Subse-
Carlos; São Francisco; São João da Boa Vista; São des/Regionais e sua representação no Conselho
João das Duas Pontes; São João de Iracema; São Regional de Representantes (CRR), no Conselho
João do Pau d`Alho; São Joaquim da Barra; São José Estadual de Representantes (CER), bem como
da Bela Vista; São José do Rio Pardo; São José do nas Assembleias Gerais e no Congresso Estadual
Rio Preto; Santa Branca; Santa Isabel; Santo Antonio como instâncias superiores de deliberação.
do Pinhal; Santos; São Bento do Sapucai; São José Art.4º - Constituem o patrimônio da entidade
dos Campos; São Luiz do Paraitinga; São Vicente; “APEOESP – Sindicato Estadual”:
São Miguel Arcanjo; São Pedro; São Sebastião da
a) as mensalidades ou anuidades e outras con-
Grama; São Simão; Sarapuí; Sebastianópolis do Sul;
ESTATUTO DA APEOESP
tribuições devidas pelos associados e demais
Serra Azul; Serra Negra; Serrana; Sertãozinho; Sete
integrantes da categoria profissional;
Barras; Severínia; Silveiras; Socorro; Sud Mennucci;
Sumaré; Suzanápolis; Suzano; Tabapuã; Tabatinga; a1) a
 lém das mensalidades ou anuidades e
Taciba; Taiaçu; Taiúva; Tambaú; Tanabi; Tapiraí; Ta- outras contribuições aludidas na alínea a,
piratiba; Taquaral; Taquaritinga; Taquarivaí; Tarabai; inclui-se contribuição ou taxa negocial a
Taubaté; Tremembé; Teodoro Sampaio; Terra Roxa; ser paga pelos não associados, sempre que
Torre de Pedra; Torrinha; Trabiju; Três Fronteiras; houver benefícios à categoria, ad referen-
Tuiuti; Tupã; Tupi Paulista; Turiúba; Turmalina; Ubara- dum da assembleia geral, não podendo
na; Uchoa; União Paulista; Urânia; Urupês; Valentim exceder a alíquota de 1,4% aplicada aos
Gentil; Valinhos; Valparaíso; Vargem; Vargem Grande associados;
do Sul; Várzea Paulista; Vinhedo; Viradouro; Vista b) as subvenções ou donativos de qualquer outra
Alegre do Alto; Vitória Brasil; Votuporanga; Zacarias; natureza que lhes forem destinadas;
e tem por finalidade: c) os valores depositados e/ou aplicados em
a) defender os interesses e direitos, individuais estabelecimento financeiro, bem como os
e coletivos da categoria profissional que re- rendimentos daí resultantes;
presenta, inclusive nas instâncias judiciais e d) os bens móveis e imóveis que possua ou venha
administrativas competentes; a possuir, bem como as receitas provenientes
b) desenvolver e organizar encaminhamentos desses bens.

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Art.5º - As disponibilidades monetárias da enti- assim considerados se estes próprios não puderem
dade deverão ser empregadas em títulos garantidos se filiar ao sindicato. Em caso contrário, estes, para
pelo Poder Público ou outros que mereçam notória que possam fazer uso dos benefícios do sindicato,
credibilidade, ou bens imóveis, a juízo da diretoria. deverão se filiar.
§ 1º - A entidade não contrairá dívida que exce- § 4º - Caso o professor ou especialista em edu-
da a receita, nem fará despesas para fins que não cação venha a perder, involuntariamente, o vínculo
essenciais aos seus objetivos. com as redes estadual e municipais de ensino do
§ 2º - Os associados não respondem pelas obri- Estado de São Paulo, poderá continuar associado
gações sociais. por um período de até 12 meses.
§ 3º - A entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” Art.9º - Os associados serão excluídos da
contará com um fundo permanente de solidariedade, entidade:
constituído de cinco por cento da arrecadação das a) p or manifestação de vontade própria do
contribuições dos associados. associado junto à Diretoria Estadual;
§ 4º - As Subsedes/Regionais receberão um re- b) por aplicação de sanção de expulsão, depois
forço de caixa, composto de 20% sobre o valor da de processo regular, instruído pela Comissão
consignação bruta, descontada da folha de paga- de Ética, julgado pelo Conselho Estadual de
mento dos associados, ficando a Subsede/Regional Representantes e referendado por Assembleia
com a responsabilidade administrativa e financeira Geral, assegurado amplo direito de defesa
sobre o trabalho sindical dos seus conselheiros. nos termos e nos prazos estabelecidos no
§ 5º - A entidade manterá, também, um fundo Regimento da Comissão de Ética.
de solidariedade permanente em cada Subsede/ Art. 10 - Os associados são classificados nas
Regional movimentado pela própria Subsede/Re- seguintes categorias:
gional. Esse fundo será constituído inicialmente de
a) efetivos: os que preenchem os requisitos
uma parcela da verba da Subsede/Regional (a critério
fixados no artigo 8º deste Estatuto;
desta) e, a partir daí, sua movimentação constante
deverá se dar através de festas, bônus, shows ou b) honorários: os cidadãos que hajam prestado
outras formas de arrecadação. relevantes serviços à entidade ou tenham se
distinguido em atividades ligadas à Educação,
Art.6º - O patrimônio social proverá a manuten-
de acordo com decisão de Assembleia Geral;
ção das finalidades da entidade.
c) beneméritos: os cidadãos ou entidades que
Art.7º - No caso de dissolução, o que se dará
fizeram donativos consideráveis à APEOESP,
por decisão da Assembleia Geral, especialmente
de acordo com decisão da Assembleia Geral;
convocada para este fim, o patrimônio da entidade
“APEOESP – Sindicato Estadual” será destinado a § 1º - Os associados honorários e beneméritos
uma organização congênere. não possuem o direito de votar ou serem votados
para os cargos eletivos previstos neste Estatuto.
§ 2º - Os associados efetivos são contribuintes.
CAPÍTULO II § 3º - Poderão receber descontos progressivos
aqueles que cumprirem cumulativamente os se-
DO QUADRO SOCIAL: DIREITOS E
ESTATUTO DA APEOESP

guintes requisitos:
DEVERES DOS ASSOCIADOS E REGIME I ser aposentado;
DISCIPLINAR II ter contribuído durante pelo menos vinte anos;
Art.8º - Têm direito a se associar a entidade III contar com pelo menos 65 (sessenta e cinco)
“APEOESP – Sindicato Estadual” todos os trabalha- anos de idade;
dores vinculados ao Quadro do Magistério, ativos IV comunicar por escrito à Diretoria da entidade
e aposentados, das redes estadual e municipais do a intenção de fazer uso deste benefício.
Estado de São Paulo. § 4º - Os descontos a que se refere o parágrafo
§ 1º - São dependentes dos associados, para fins anterior são os seguintes: 25% sobre o valor da
de benefícios sociais e assistenciais oferecidos pela mensalidade no período de até 5 (cinco) anos após
entidade, o cônjuge ou companheiro(a), indepen- o início da vigência do benefício; 50% sobre o valor
dentemente de diversidade sexual, os pais e filhos da mensalidade no período entre 5 (cinco) e 10 (dez)
menores e os demais dependentes legais. anos após o início da vigência do benefício. 75%
§ 2º - Os dependentes de associados falecidos sobre o valor da mensalidade após 15 (quinze) anos
continuarão gozando dos benefícios sociais e assis- após o início da vigência do benefício, limitado ao
tenciais desde que contribuam com as mensalidades. valor do piso de contribuição do sindicato;
§ 3º - “ Os dependentes dos associados só serão Art.11 - A contribuição dos associados será fixada

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pela Diretoria e aprovada pelo Conselho Estadual desconto em conta-corrente ou através do
de Representantes. pagamento por carnê;
Art.12 - São direitos dos associados: f) cumprir e fazer cumprir o regimento discipli-
a) a defesa coletiva e/ou individual de seus di- nar estabelecido pelo Conselho Estadual de
reitos; Representantes.
b) tomar parte e votar nas Assembleias Gerais e g) cumprir e fazer cumprir os regimentos internos
Assembleias Regionais; da entidade (CER/CRR/Subsedes etc.)
c) votar nas eleições gerais desde que tenha se
associado um mês antes da data das eleições
gerais para a Diretoria; CAPÍTULO III
d) ser votado:
DOS ÓRGÃOS DELIBERATIVOS
1. Nas eleições gerais desde que seja professor
habilitado ou aluno regularmente matricu- Art. 14 - A reunião regional trimestral de Repre-
lado em curso de licenciatura, que esteja sentantes de Escola e de Representantes de Apo-
vinculado à Rede, ou aposentado da Rede sentados, ora denominada simplesmente Reunião
Pública, quando tiver no mínimo 6 (seis) de Representantes, é aberta a todos os professores
meses de associação; com direito à voz. Apenas os representantes eleitos
por escola e entre os aposentados, além dos mem-
2. N as eleições de subsedes e regionais,
bros dos Conselhos Regionais de Representantes e
quando tiver no mínimo 6 (seis) meses de
do Conselho Estadual de Representantes da região
associação;
têm direito a voto.
3. Nas eleições de Representantes de Escola
§ 1º - Representante de Escola é o associado
( RE ).
da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”, eleito
4. Nas eleições de Representante de Aposen- pelos professores da escola, até um representante
tados (RA), desde que aposentado. por período, que tem por funções representar os
e) requerer a convocação da Assembleia Geral, professores da escola junto à direção da unidade
na forma determinada por este Estatuto; escolar e à Regional ou Subsede da entidade “APEO-
f) propor a revogação de mandatos de acordo ESP – Sindicato Estadual”; manter os professores
com este Estatuto; informados dos encaminhamentos e das atividades
g) solicitar perante a Assembleia Geral o exame desenvolvidas pela entidade “APEOESP – Sindicato
de livros e documentos da entidade “APEOESP Estadual” (sede central e pela Regional/Subsede);
– Sindicato Estadual”; realizar reunião dos professores de sua escola, antes
de cada reunião de Representantes de Escola.
h) utilizar todos os serviços da entidade “APEO-
ESP – Sindicato Estadual”; § 2º-Representante de aposentado é o associado
i) votar ou ser votado como delegado para os da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”, eleito
Congressos realizados pela entidade, nos pelos professores aposentados vinculados à subsede,
termos do artigo 23, § 1º. na proporção de 1 (um) para cada 10 (dez), que tem
por funções representar os professores aposentados ESTATUTO DA APEOESP
Parágrafo único - O gozo pleno dos direitos
regionalmente junto às instâncias sindicais, manter
está vinculado ao cumprimento dos deveres dos
seus pares informados dos encaminhamentos e das
associados.
atividades desenvolvidas pela entidade “APEOESP –
Art.13 - São deveres dos associados: Sindicato Estadual” (sede central e pela Subsede/
a) velar pela aplicação do presente Estatuto, Regional); realizar reunião dos aposentados de sua
cumprindo-o na sua integralidade; região antes de cada reunião de representantes.
b) acatar e colocar em prática todas as decisões § 3º- As reuniões ordinárias de Representantes
tomadas pela entidade “APEOESP – Sindicato antecedem as reuniões do Conselho Estadual de
Estadual”: Representantes e dela participam, com direito a voz
c) denunciar à entidade todos os casos de não e voto, os Conselheiros Regionais e Estaduais da
cumprimento dos direitos dos trabalhadores respectiva Subsede, e têm por função deliberar sobre
em educação, dos quais tenha conhecimento; os assuntos que lhes digam respeito sem prejuízo da
d) exercer vigilância crítica sobre órgãos da en- unidade da entidade “APEOESP- Sindicato Estadual”,
tidade “APEOESP – Sindicato Estadual”; respeitadas as deliberações das instâncias superiores.
e) pagar as mensalidades de acordo com o es- § 4º- As reuniões dos Representantes serão
tabelecido pelas instâncias competentes da convocadas pela executiva do Conselho Regional
entidade, que serão atualizadas anualmen- de Representantes, salvo quando solicitadas por:
te, quando a contribuição se der mediante a) dez por cento do número de votantes nas

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últimas Eleições para os Conselhos Regional Representantes (CER), que fixará os procedimentos
e Estadual de Representantes; cabíveis.
b) trinta por cento dos representantes de escola; § 7º – Os filiados que eventualmente não puderem
c) pelo Conselho Estadual de Representantes; efetuar o credenciamento prévio nas subsedes, nos
termos do parágrafo anterior, serão credenciados in
d) pela Diretoria da entidade;
loco, na forma e segundo procedimentos estabele-
e) por Assembleia Regional; cidos pelo CER.
f) por Assembleia Geral. Art.17 - As Assembleias Regionais e as Assem-
§ 5º - O quorum das Reuniões de Representantes bleias Gerais serão convocadas até 24 horas após
(RR) será de 15% (quinze por cento) das escolas da o recebimento da solicitação, e instaladas no dia,
região e de 25 % (vinte e cinco por cento) do número hora e local previsto pelos solicitantes, observado
de RA da Subsede/Regional. o intervalo mínimo de 5 (cinco) dias entre a convo-
Art.15 - A Assembleia Regional é a Assembleia cação e a instalação das mesmas.
dos associados da entidade “APEOESP – Sindicato Art.18 - Serão convocadas Assembleias Regionais
Estadual” por Regional ou Subsede, convocado e Assembleias Gerais em regime de urgência a juízo
para as finalidades previstas no artigo 18 (dezoito) da Diretoria, de Assembleia Geral ou do Conselho
e/ou durante processos de grande mobilização e/ Estadual de Representantes, respeitado o intervalo
ou antecedendo grandes eventos. mínimo de 48 (quarenta e oito) horas entre a con-
Parágrafo único - O quorum das Assembleias vocação e a instalação das mesmas.
Regionais será o dobro do previsto para as Reuniões Parágrafo único - As Assembleias convocadas
de Representantes (RR) conforme parágrafo 4º do em regime de urgência deverão convocar AGE
artigo anterior. para referendar suas deliberações, de acordo com
Art.16 - A Assembleia Geral é a Assembleia o artigo 16, sem prejuízo do encaminhamento de
de todos os associados contribuintes da entidade suas deliberações.
“APEOESP – Sindicato Estadual”: Art.19 - As Assembleias terão suas convocatórias
§ 1º- Compete à Assembleia Geral decidir so- publicadas em jornais não oficiais de grande circula-
beranamente sobre todos os assuntos que dizem ção e afixadas em lugar visível na sede da entidade
respeito à entidade desde que não contrariem este e Subsedes/Regionais e através de todos os meios
Estatuto e as deliberações dos Congressos Estaduais. de comunicação ao alcance da entidade.
§ 2º - Haverá Assembleias Gerais Ordinárias Art.20 - Todas as solicitações deverão mencio-
(AGOs) e Assembleias Extraordinárias (AGEs). nar a pauta dos trabalhos a serem desenvolvidos
pelas Assembleias os quais deverão constar das
§ 3º - As AGOs serão convocadas:
convocatórias.
a) para deliberar sobre a campanha salarial;
Art.21 - As Assembleias só poderão manifestar-
b) dois meses antes do término da gestão de -se sobre os pontos de pauta, salvo a decisão da
uma Diretoria para prestação geral de contas maioria absoluta dos associados presentes e nos
e instalação oficial do processo eleitoral; casos que não contrariem expressamente este
c) até no máximo dia 30 de junho para posse da Estatuto.
ESTATUTO DA APEOESP

nova Diretoria eleita. Art.22 - O Conselho Estadual de Representantes


§ 4º - As AGEs serão convocadas pela Presidên- é a reunião dos representantes de Subsedes/Regio-
cia da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”, nais e a Diretoria.
salvo exceções previstas neste Estatuto, ou quando § 1º - Compete ao Conselho Estadual de Re-
solicitadas: presentantes deliberar sobre todos os assuntos de
a) por 5% (cinco por cento) dos associados; interesse da entidade “APEOESP– Sindicato Estadual”
b) pelo Conselho Estadual de Representantes; na forma que determinar este Estatuto, respeitadas
c) pela Diretoria; as deliberações dos Congressos Estaduais e das
Assembleias Gerais, dentre eles:
d) pela Assembleia Geral.
1. propostas indicativas às Assembleias Gerais;
§ 5º - O quorum da AGO e da AGE será o dobro
2. ou comissões de Trabalho;
do número dos presentes à reunião do Conselho
Estadual de Representantes que a antecedeu, respei- 3. c asos omissos de interpretação deste Esta-
tado o mínimo de 1% (um por cento) dos associados. tuto;
§ 6º - As assembleias gerais poderão ocorrer me- 4. c onvocação de Assembleia Geral, Regionais
diante credenciamento prévio nas subsedes, através e reuniões extraordinárias do Conselho Es-
de cartão para votação, sempre que necessário e tadual Representantes;
desde que autorizado pelo Conselho Estadual de 5. decidir sobre o melhor momento para a

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realização da Assembleia que irá deliberar ordinárias consecutivas, respectivamente, do Con-
sobre a campanha salarial; selho Estadual de Representantes ou do Conselho
6. a
 provação em primeira instância do projeto Regional de Representantes, sem causa justificada,
de orçamento anual da Diretoria; sujeitará o faltante a processo junto à Comissão de
7. a
 provação em primeira instância dos re- Ética da entidade, que, após ouvi-lo, aplicando suas
gimentos internos da entidade “APEOESP regras regimentais e conferindo àquele amplo direito
– Sindicato Estadual”; à defesa e ao contraditório, sugerirá medidas ao
Conselho Estadual de Representantes, que poderá
8. a
 provação em primeira instância da criação
acatá-las ou não.
de novas Subsedes/Regionais;
§ 7º - O não encaminhamento das propostas
9. d
 efinir a área de abrangência de cada Sub-
aprovadas nas instâncias da entidade, sujeitará o
sede/Regional;
Conselheiro a processo junto à Comissão de Ética
10. eleger cinco de seus membros para fiscalizar da entidade, que, após ouvi-lo, aplicando suas re-
a vida contábil da entidade; gras regimentais e conferindo àquele amplo direito
11. elaborar o regimento das eleições dos Re- à defesa e ao contraditório, sugerirá medidas ao
presentantes de Escola, dos Representantes Conselho Estadual de Representantes, que poderá
de Aposentados, da subsede, dos Conselhos acatá-las ou não.
Regionais de Representantes e do Conselho § 8º - O Conselheiro deixará de compor o CER/
Estadual de Representantes; CRR quando perder sua condição de associado.
12. eleger cinco de seus membros para integrar § 9º - As reuniões do Conselho Estadual de
a Comissão de Ética; Representantes serão convocadas pelo presidente
13. estabelecer as atribuições e o regimento in- da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” e será
terno da comissão aludida na alínea anterior respeitado o prazo mínimo de 5 (cinco) dias entre
bem como definir o regime disciplinar a que a convocação e a instalação das mesmas.
estão sujeitos os associados da entidade,
§ 10 - Haverá reuniões ordinárias do Conselho
assim entendidas as infrações éticas e as
Estadual de Representantes trimestralmente com
penalidades aplicáveis, assegurada a ampla
pauta indicada pela Diretoria da entidade “APEOESP
defesa e o contraditório;
– Sindicato Estadual”.
14. aprovar a indicação de membro da diretoria
§ 11 - Haverá reuniões extraordinárias do Conselho
para ocupar uma das Secretarias da Diretoria
Estadual de Representantes tantas vezes quantas
em caso de vacância;
se fizerem necessárias, desde que solicitadas por:
15. aprovar a formalização das alterações esta-
a) 1/3 (um terço) dos seus membros;
tutárias decididas no Congresso Estadual.
b) pela Diretoria da entidade;
16. eleger delegados e representantes da entida-
de junto a organizações sindicais e similares, c) pela Assembleia Geral;
nacionais ou internacionais. d) pelo Conselho Estadual de Representantes.
§ 2º - O voto nas reuniões do Conselho Estadual § 12 - As reuniões extraordinárias do Conselho
de Representantes é individual e as decisões, salvo Estadual de Representantes serão convocadas até ESTATUTO DA APEOESP
exceção explícita, serão tomadas por maioria simples. vinte e quatro horas após o recebimento da soli-
§ 3º - O conselheiro representante estadual terá citação, no dia e hora previstos pelos solicitantes,
seu voto garantido na reunião do Conselho de Re- respeitados os prazos previstos no parágrafo 6º
presentantes Estadual desde que tenha comparecido deste artigo, com pauta definida pelos solicitantes.
à reunião regional dos Representantes de Escola. § 13 - As pautas das reuniões constarão das con-
§ 4º- O membro do Conselho Estadual de Re- vocatórias e poderão ser modificadas por decisão
presentantes perderá o direito de voto, caso não da maioria absoluta dos membros presentes.
tenha participado da Reunião de Representantes § 14 - O quorum será de 1/3 (um terço) dos
(RR) da sua região. Neste caso, o suplente participará membros do Conselho Estadual Representantes,
com direito a voto, desde que presente à Reunião desde que estejam representadas cinquenta por
de Representantes (RR), seguindo-se a ordem de cento mais um das Subsedes/Regionais.
suplência. § 15 - Cada Subsede/Regional deverá estar pre-
§ 5º- Qualquer membro do Conselho de Repre- sente às reuniões ordinárias do Conselho Estadual
sentantes poderá solicitar vista da ata que comprove de Representantes, com pelo menos vinte por cento
a realização da Assembleia Regional e da Reunião dos seus representantes. A Subsede/Regional que
de Representantes (RR) não preencher esse requisito por três reuniões
§ 6º - O não comparecimento do conselheiro es- consecutivas perderá o direito a voto no Conselho,
tadual ou do representante regional a duas reuniões facultando, inclusive, nova eleição de Conselheiros

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Estaduais para região, conforme os critérios previs- de 1 (um) delegado para cada 70 (setenta) associados
tos pelo artigo catorze, parágrafo terceiro, alíneas à APEOESP – Sindicato Estadual.
“a”, “b”, “c”, “d”, “e” e “f”, a menos que o plenário do § 5º - A proporção aludida no parágrafo anterior
Conselho Estadual de Representantes concorde com não constitui quórum do Congresso Estadual, que
a justificativa apresentada. ocorrerá conjuntamente com a Conferência, e deve
§ 16 - No caso de remoção ou ingresso, o repre- ser considerada exclusivamente para a fixação das
sentante, quando membro efetivo, participará do cotas de delegados.
Conselho Estadual de Representantes e do Conselho § 6º - Os delegados ao Congresso Estadual, que
Regional de Representantes, com direito a voz e voto, ocorrerá conjuntamente com a Conferência Edu-
o mesmo ocorrendo na Reunião de Representantes cacional, a partir de pré-indicações tomadas nos
(RR), ressalvado que: moldes descritos nos parágrafos anteriores, serão
a) o conselheiro que se enquadrar na situação eleitos no âmbito de cada Subsede/Regional em
do “caput” deste artigo será considerado, para Encontros Regionais, Reunião de Representantes (RR)
efeito de organização, membro da Subsede ou Plenárias, sendo que os delegados ao Congresso
pela qual foi eleito; serão também delegados à Conferência.
b) o conselheiro que se enquadrar na situação do § 7º - Respeitado o disposto neste artigo, o
“caput” deste artigo deverá fazer, por escrito, número de delegados do Congresso Estadual, que
opção de militância entre a Subsede pela qual ocorrerá conjuntamente com a Conferência Educa-
foi eleito e aquela onde ingressou ou para cional e os critérios de distribuição das cotas pro-
onde foi removido; porcionais às serão fixados pelo Conselho Estadual
c) o conselheiro não será substituído por suplen- de Representantes.
tes, isto é, a composição das executivas não § 8º- São delegados natos ao Congresso, que
sofrerá alteração; ocorrerá conjuntamente com a Conferência, exclu-
d) tal situação, temporária, será permitida até sivamente os membros da Diretoria Executiva.
que ocorra nova eleição. § 9º - No Congresso, que ocorrerá conjuntamente
Art.23 - O Congresso Estadual (Sindical) é a ins- com a Conferência, e em qualquer outro evento
tância máxima de deliberação da entidade “APEOESP promovido pela APEOESP em que seja ofertada
– Sindicato Estadual” e será realizado a cada 3 (três) creche aos filhos dos participantes, a idade máxima
anos em conjunto com a Conferência Educacional, de atendimento às crianças será de 12 anos.
que terá como objetivo, fixar as diretrizes da entidade
no campo educacional, cultural e outros eventos.
§ 1º - O Congresso Estadual, que ocorrerá conjun-
CAPÍTULO IV
tamente com a Conferência Estadual, será convocado DOS ÓRGÃOS EXECUTIVOS
pela Presidência da entidade “APEOESP – Sindicato
Estadual”, e organizado exclusivamente pelo Con- Art. 24- A Diretoria Estadual Colegiada é cons-
selho Estadual de Representantes, que definirá o tituída de 120 membros, dos quais 35 integram a
temário geral, a dinâmica, o regimento e os critérios Diretoria Executiva, esta composta dos seguintes
de participação, respeitado o disposto neste Estatuto. cargos: Presidente, Vice-Presidente, Secretário Geral,
Secretário Geral Adjunto, Secretário de Finanças,
ESTATUTO DA APEOESP

§ 2º - Desde que associados, os pré-delegados


Secretário de Finanças Adjunto, Secretário de Ad-
ao Congresso Estadual, que ocorrerá conjuntamente
ministração, Secretário de Administração Adjunto,
com a Conferência Educacional da APEOESP – Sin-
Secretário de Patrimônio, Secretário de Patrimônio
dicato Estadual, serão escolhidos nas unidades es-
Adjunto, Secretário de Assuntos Educacionais e
colares na proporção de 1 (um) para cada 10 (dez)
Culturais, Secretário de Assuntos Educacionais e
associados da respectiva unidade escolar, sendo
Culturais Adjunto, Secretário de Comunicações,
que o pré-delegado ao congresso é também pré-
Secretário de Comunicações Adjunto, Secretário
-delegado à conferência.
de Formação, Secretário de Formação Adjunto,
§ 3º - Haverá escolha de pré-delegados também Secretário de Legislação e Defesa do Associado,
entre os associados aposentados e os enquadra- Secretário de Legislação e Defesa do Associado
dos na situação tratada no § 3º do artigo 8º, que Adjunto, Secretário de Política Sindical, Secretário
serão escolhidos entre seus pares na proporção de de Política Sindical Adjunto, Secretário de Políticas
1 (um) para cada 10 (dez) filiados, sendo que o pré- Sociais, Sindicato de Políticas Sociais Adjunto, Se-
-delegado ao Congresso, será também pré-delegado cretario para Assuntos de Aposentados, Secretário
à Conferência. para Assuntos de Aposentados Adjunto, Secretário
§ 4º - Caberá a cada subsede uma cota proporcio- para Assuntos da Mulher, Secretário para Assuntos
nal de delegados, calculada com base no número de da Mulher Adjunto, Secretário para Assuntos Muni-
associados a ela vinculados, observada a proporção cipais, Secretário para Assuntos Municipais Adjunto,

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Secretário Geral de Organização, Secretário de Orga- § 3º - A razão de proporcionalidade de que cuida
nização da Capital, Secretário de Organização para este artigo será apurada dividindo-se o número de
a Grande São Paulo e quatro cargos de Secretário votos obtidos pelas chapas em condições de compor
de Organização para o Interior. a Diretoria Estadual Colegiada pelo número total de
§ 1º - Os demais membros da Diretoria Estadual votos válidos, assim considerando-se aquele obtido
Colegiada exercerão o cargo de Diretor Estadual. nos termos do parágrafo anterior, multiplicando-se
§ 2º - O Regimento Interno da Diretoria Estadual esse quociente por 100 (cem).
Colegiada regulará a participação dos seus mem- § 4º - Definidas as chapas em condições de
bros nas diferentes secretarias, bem como fixará as compor a diretoria estadual colegiada e a razão de
atribuições dos diretores estaduais, garantindo-se proporcionalidade, as chapas passarão a escolher os
a sua ação colegiada. cargos da diretoria executiva que desejam ocupar,
§ 3º - A Diretoria do sindicato exercerá suas da seguinte forma:
funções gratuitamente. a) O cargo de Presidente não será submetido
Art. 25 - Na hipótese de uma das chapas con- à escolha e não será computado para fins
correntes às eleições para composição da Diretoria de aplicação da razão de proporcionalidade,
Estadual Colegiada, composta por menos de 120 pertencendo naturalmente à chapa que com-
nomes, desde que atendida a condição do Art. 47, putar o maior número de votos;
em seu parágrafo 3º, obtiver mais do que 80% (oi- b) a chapa com o maior número de votos esco-
tenta por cento) dos votos, serão preenchidos apenas lherá os cargos a que faz jus, e assim sucessiva-
os cargos correspondentes ao número de inscritos. mente, até que todas as chapas em condições
Parágrafo único – no caso previsto no “caput”, de compor a Diretoria Estadual Colegiada,
os cargos da Diretoria Executiva deverão ser preen- pela ordem decrescente de número de votos
chidos preferencialmente em relação aos demais. obtidos, procedam da mesma maneira.
Art. 26 - A Diretoria Estadual Colegiada será c) os cargos da Diretoria Estadual serão preen-
composta pelo critério da proporcionalidade, de chidos pelos candidatos inscritos, mediante
acordo com os votos obtidos por cada chapa na indicação das chapas em condições de compor
eleição, atendidas as seguintes condições: a Diretoria Estadual Colegiada, obedecida a
§ 1º- a Diretoria Estadual Colegiada da “APEOESP- razão de proporcionalidade de que trata o §
Sindicato Estadual”: 3º deste artigo.
a) será composta, quando houver duas chapas d) para as situações previstas na alínea “b”, a
concorrendo ao pleito, por aquelas que ob- proporcionalidade será aplicada sobre 34
tiverem, no mínimo, 20 % (vinte por cento) (trinta e quatro) cargos;
dos votos. e) para a situação prevista na alínea “c”, a pro-
b) será composta, quando houver mais do que porcionalidade será aplicada sobre 119 cargos,
duas chapas concorrendo ao pleito, por aque- subtraindo-se o número de cargos já escolhi-
las que obtiverem, no mínimo, 10 % (dez por dos pela chapa.
cento) dos votos. § 5º - havendo necessidade de arredondamento
para que seja possível se concretizarem as operações
c) contará com a participação de chapas mino-
ESTATUTO DA APEOESP
ritárias, quando houver mais de duas chapas, descritas no parágrafo anterior, este ocorrerá de
somente se a soma dos votos das chapas forma que seja considerada tão somente a primeira
minoritárias atingir, no mínimo, 20% (vinte casa decimal do número que se pretenda arredon-
por cento) do total dos votos. dado, sendo certo que no caso do número da pri-
d) será composta, no caso de haver chapa única meira casa decimal ser maior ou igual a 5 (cinco), o
concorrendo ao pleito, sem que haja neces- algarismo da unidade eleva-se em 1 (um) e no caso
sidade de obtenção de qualquer percentual do número da primeira casa decimal ser inferior a 5
mínimo de votos necessários para composição (cinco), mantém-se o algarismo da unidade.
da diretoria. § 6º- em qualquer hipótese, se uma chapa ob-
§ 2º - Para fins de composição proporcional tiver um número de votos igual ou superior a 50%
da Diretoria Estadual Colegiada, do total de vo- (cinquenta por cento) não poderá ficar com menos
tos colhidos no pleito, não serão considerados os da metade dos cargos da Diretoria Executiva e da
nulos, brancos e os destinados às chapas que não Diretoria Estadual.
obtiveram os percentuais mínimos definidos no § 7º- quando a diferença entre o número de
parágrafo anterior, servindo esse resultado para o cargos da diretoria executiva e da diretoria estadual
cálculo final da proporcionalidade cabente a cada relativos a duas chapas mais próximas do empate
uma das chapas em condições de compor a Diretoria for de apenas uma unidade inteira do número, e a
Estadual Colegiada. chapa mais votada estiver ameaçada de perder sua

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maioria pelo critério do decimal maior, esta deverá ou Regionais, bem como de reuniões dos
ficar com o cargo em disputa, desde que a diferença Conselhos Regionais de Representantes e do
entre as porcentagens das duas seja igual ou superior Conselho Estadual de Representantes.
a 30% (trinta por cento). § 1º- compete exclusivamente à Diretoria Executi-
§ 8º- no caso de haver empate entre chapas va integrar o Conselho Estadual de Representantes,
disputantes do pleito, para a fixação da ordem de como membros natos, e participar dos Congressos
escolha dos cargos da Diretoria Executiva, será Estaduais na qualidade de delegados natos.
efetuado sorteio, de acordo com regras que serão § 2º- os membros da Diretoria Estadual têm di-
definidas pela comissão eleitoral. reito à voz no Conselho Estadual de Representantes.
§ 9º- as regras de arredondamento previstas Art. 28 - Ao Presidente compete:
nesse artigo não se aplicam para os casos descritos
a) representar a entidade “APEOESP – Sindicato
no § 1º deste mesmo artigo.
Estadual” em juízo ou fora dele;
Art. 27 – À Diretoria coletivamente compete:
b) convocar e presidir as reuniões da Diretoria;
a) c umprir e fazer cumprir este Estatuto, os
c) convocar e instalar a reunião do Conselho
regulamentos e as normas administrativas
Estadual de Representantes;
da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”,
assim como as decisões dos Congressos, As- d) convocar e instalar a Assembleia Geral;
sembleias Gerais e do Conselho Estadual de e) convocar as eleições da Diretoria;
Representantes; f) convocar e instalar os congressos da entidade;
b) organizar os serviços administrativos da en- g) abrir, rubricar e encerrar os livros da entidade
tidade “APEOESP – Sindicato Estadual”; “APEOESP – Sindicato Estadual”, podendo
c) elaborar o projeto de orçamento anual reme- delegar tais atribuições ao vice-presidente
tendo-o ao Conselho Estadual de Represen- ou ao Secretário Geral;
tantes que deverá aprová-lo em sua primeira h) movimentar, com o Secretário de Finanças,
reunião anual; as contas da entidade “APEOESP – Sindicato
d) reunir-se em sessão ordinária pelo menos 6 Estadual”.
(seis) vezes ao ano (aproximadamente a cada Art. 29 - Ao Vice-Presidente compete:
período de dois meses) e em sessão extraor- a) auxiliar o Presidente no desempenho das
dinária sempre que for necessário; atribuições da Presidência;
e) criar comissões de trabalho, desde que fixadas b) substituir o Presidente em suas ausências e
as devidas competências e seus membros impedimentos;
responsáveis;
c) assinar, com o Presidente e com o Secretário
f) assegurar o bom andamento das diversas de Finanças, os cheques emitidos pela APEO-
comissões de trabalho, secretarias e depar- ESP- Sindicato Estadual.
tamentos, tendo o direito de veto desde que
Art. 30 - Ao Secretário Geral compete:
os trabalhos firam normas estatutárias, pro-
gramáticas, decisões do Conselho Estadual a) zelar pelo enquadramento da entidade “APEO-
de Representantes, Assembleias Gerais e de ESP – Sindicato Estadual” nas exigências legais
ESTATUTO DA APEOESP

Congressos, cabendo ao Conselho Estadual e fiscais, assim como tratar de seus registros
de Representantes decidir sobre eventuais nas repartições competentes;
impasses decorrentes do estabelecido neste b) lavrar e subscrever as atas das reuniões da Di-
artigo. retoria, Assembleias Gerais e Conselho Estadual
g) contratar e dispensar funcionários; de Representantes, bem como promover os
registros destas junto aos cartórios competentes;
h) responsabilizar-se pelas publicações oficiais
da entidade, excetuadas as editadas pelas c) Substituir o Presidente em seus impedimentos
subsedes ou regionais. ou ausências, quando tal substituição não pu-
der ser desempenhada pelo Vice-Presidente.
i) as publicações editadas pelas subsedes ou
regionais não poderão ostentar qualquer Art. 31 - Ao Secretário de Finanças compete:
logomarca que não a da APEOESP, que não a) superintender toda a arrecadação e guarda
poderá ser adulterada, e das organizações de de todos os valores pertencentes à entidade;
trabalhadores e de centrais sindicais em que a b) cuidar da escrituração dos livros contábeis
APEOESP se mantém filiada, sob pena de ser e mantê-los rigorosamente em ordem, bem
aplicada à subsede infratora, a suspensão dos como a respectiva documentação sob a res-
repasses a que faz jus. ponsabilidade de um contador legalmente
j) solicitar convocação de Assembleias Gerais habilitado;

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c) m ovimentar, com o Presidente e o Vice- que possam contribuir com as atividades da
-Presidente, as contas da entidade “APEOESP entidade.
– Sindicato Estadual”; Art. 37 - Ao Secretário de Política Sindical com-
d) elaborar o balancete anual e o balanço geral pete:
no fim de cada exercício, assim como o orça- a) elaborar e contribuir com estudos e projetos
mento, a tempo de serem apresentados aos em relação às questões de política sindical;
órgãos competentes. b) promover a integração da entidade com
Art. 32 - Ao Secretário de Administração com- outras organizações de caráter sindical.
pete: Art. 38 - Ao Secretário de Legislação e Defesa
a) zelar pela administração geral da entidade; dos Associados compete organizar e zelar pelo fun-
b) superintender a gestão das Colônias de Férias cionamento da Assessoria Jurídica e da Assessoria
dos Professores; de Defesa dos Associados.
c) administrar os recursos humanos da entidade; Art. 39 - Ao Secretário de Políticas Sociais com-
d) supervisionar o setor de informática da enti- pete:
dade; a) contribuir para a elaboração das políticas
sociais da entidade, compreendendo saúde,
e) administrar os convênios firmados pela enti-
previdência, meio ambiente e ecologia, mo-
dade;
vimentos sociais;
Art. 33- Ao Secretário de Patrimônio compete:
b) coordenar a execução das políticas sociais da
a) zelar pelo patrimônio mobiliário e imobiliário entidade;
da entidade;
c) estabelecer e coordenar a relação da enti-
b) promover inventário dos bens da entidade, dade com as organizações e entidades do
mantendo o mesmo atualizado; movimento popular e da sociedade civil;
c) adotar todas as providências necessárias à d) promover intercâmbio e atividades conjuntas
regular conservação dos bens da entidade, com entidades e organizações que tratem das
bem como desenvolver políticas de ampliação questões sociais.
do patrimônio da entidade;
Art. 40 - Ao Secretário para Assuntos do Aposen-
d) diligenciar no sentido de manter atualizados tado compete coordenar e desenvolver as atividades
e em perfeita ordem a documentação e os pertinentes ao interesse específico dos associados
registros escriturais, inclusive os fiscais, rela- aposentados, analisando e propondo medidas ne-
cionados com o patrimônio da entidade. cessárias para o melhor desempenho da entidade
Art. 34 - Ao Secretário de Assuntos Educacionais no setor.
e Culturais compete: § 1º – O Secretário para Assuntos do Aposentado
a) organizar a Secretaria de Assuntos Educacio- constituirá “Coletivo de Aposentados”, que atuará
nais e Culturais da entidade “APEOESP – Sindicato em regime de colaboração direta e terá natureza
Estadual”: consultiva;
b) propor e organizar a realização de simpósios, § 2º – O Coletivo de Aposentados será composto ESTATUTO DA APEOESP
seminários e cursos, congressos e outras atividades por 20 (vinte) membros, sendo 16 (dezesseis) das
culturais e educacionais; subsedes do interior, 02 (dois) da Capital e 02 (dois)
Art. 35 - Ao Secretário de Comunicações: da Grande São Paulo.
a) organizar a Secretaria de Imprensa da enti- Art. 41- Ao Secretário para Assuntos da Mulher
compete:
dade “APEOESP – Sindicato Estadual”;
a) Coordenar e desenvolver as atividades per-
b) responsabilizar-se pelo contato e divulgação
tinentes às relações de gênero dos trabalha-
das atividades da entidade junto a todos os
dores em educação no âmbito da APEOESP;
órgãos de comunicação.
b) subsidiar as instâncias, formulando políticas e
Art. 36 - Ao Secretário de Formação compete:
coordenar campanhas que visem o incentivo,
a) desenvolver atividades de formação aos as- a organização e participação das trabalhado-
sociados que venham a exercer funções de ras em educação, nas instâncias do sindicato e
representação na entidade; nos movimentos dos trabalhadores em geral;
b) documentar fatos relativos à entidade, bus- c) coordenar ações políticas, com a colaboração
cando a construção permanente de sua me- das demais secretarias e da Diretoria como
mória histórica; um todo, que visem: inserir plenamente a
c) estabelecer convênios ou acordos com en- mulher no mundo da política e do trabalho;
tidades sindicais e centros especializados combater o preconceito pela questão do gê-

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nero; assegurar à mulher condições sociais Art. 45 - Aos Secretários Adjuntos de cada
iguais as dos homens; buscar soluções para secretaria compete auxiliar o secretário titular em
o aprimoramento dos órgãos públicos de suas atribuições.
atendimento à mulher, especialmente àquela Art. 46 - No caso de vacância para os cargos
que é vítima de violência; da Diretoria Estadual Colegiada haverá substituição
d) apontar, nas escolas e nos órgãos de trabalho do membro faltante, que será indicado pela chapa
das filiadas do sindicato, problemas relaciona- que originalmente havia indicado o diretor a ser
dos à questão exclusiva da mulher, inclusive substituído, dentre os membros nela inscritos para
os relacionados com a sua saúde, bem como o pleito estadual.
apontar soluções passíveis de serem execu- Parágrafo único - Haverá vacância somente nos
tadas pelo Poder Público, especialmente as casos em que qualquer cargo da Diretoria Estadual
relacionadas à trabalhadora gestante e àquela Colegiada restar vago:
que amamente. a) por eventos involuntários;
Art. 42- Ao Secretário para Assuntos Municipais b) por desistência ou renúncia do diretor;
compete:
c) ou quando houver solicitação do cargo ocu-
a) articular, formular e acompanhar questões pado por um diretor; pela chapa que no
relativas à organização dos filiados das redes processo descrito no Artigo 26, § 4º deste
municipais de educação, com vistas a capacitar Estatuto, originalmente, escolheu o cargo
suas intervenções nas instâncias do sindicato; em questão, desde que a Chapa comprove
b) organizar banco de dados sobre as redes a existência de convenção de seus membros
municipais de educação, coletando dados neste sentido, e após ouvida a DEC.
que sejam significativos para a organização Art. 47 - Haverá substituição, nos mesmos mol-
destes trabalhadores, especialmente aqueles des descritos no “caput” do artigo anterior, quando
relacionados aos seus planos de carreira, o afastamento do membro da diretoria estadual
vencimentos, municipalização e jornadas de colegiada ocorrer em virtude de participação da-
trabalho; quele em qualquer eleição fiscalizada por qualquer
c) organizar mecanismos de integração dos dos tribunais regionais eleitorais, ou pelo tribunal
professores e especialistas vinculados às re- superior eleitoral, enquanto perdurar a necessidade
des municipais com o sindicato, propondo às do afastamento.
instâncias métodos para simplificar o acesso Art. 48 - A executiva de cada Subsede/Regional é
destes ao sindicato e o cumprimento, por composta pelos representantes regionais no Conse-
aqueles, de suas obrigações estatutárias; lho Estadual de Representantes e Conselho Regional
d) organizar os professores e especialistas que de Representantes, eleitos na forma deste Estatuto e
trabalhem na educação infantil no âmbito dos pelos membros da Diretoria Executiva cujas unidades
municípios, propondo às instâncias mecanis- escolares ou postos de trabalho acham-se classifica-
mos que facilitem sua organização dentro do dos na região. Os suplentes participam apenas com
sindicato, visando sua intensa participação e direito à voz. No caso de ausência dos membros
filiação. efetivos, os suplentes participam também com direito
ESTATUTO DA APEOESP

e) Constituirá Coletivo de Municipais, que atu- a voto, observada a ordem de votação nas eleições
do Conselho Regional de Representantes.
ará em regime de colaboração direta e terá
natureza consultiva; § 1º - Dentre os membros da executiva da Sub-
sede/Regional haverá pelo menos um coordenador,
f) O Coletivo de Municipais será composto por
um secretário e um tesoureiro.
20 (vinte) membros, sendo 16 (dezesseis) das
subsedes do interior, 02 (dois) da Capital e 02 § 2º - Os cargos referidos no parágrafo anterior
(dois) da Grande São Paulo. poderão ser preenchidos pelos conselheiros eleitos
na região, excetuando-se os suplentes, e por mem-
Art.43 - Ao Secretário Geral de Organização,
bros da Diretoria Executiva da “APEOESP-Sindicato
compete:
Estadual”, ainda que estes não tenham participado
a) coordenar a Secretaria de Organização; das eleições para o Conselho Regional de Represen-
b) promover a coordenação geral das atividades tantes, podendo votar e ser votados nas eleições para
de organização das Subsedes/Regionais da a escolha dos ocupantes dos cargos da executiva
entidade. de suas respectivas subsedes, mediante escolha a
Art.44 - Aos Secretários de Organização para a ser feita pelos seus pares.
Capital, para a Grande São Paulo e para o Interior § 3º- Apenas no caso em que não seja possível
compete organizar a Secretaria de Subsedes/Regio- a escolha dos cargos referidos no § 1º, por haver
nais da Capital, Grande São Paulo e Interior. empate nas votações feitas pelos membros da

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executiva da Subsede/Regional, esses membros se § 1º - a Comissão Eleitoral será formada por cinco
declararão agrupados entre si, de modo que os vo- associados efetivos, dentre os quais, um presidente;
tos individualmente obtidos em suas eleições serão § 2º - a Comissão Eleitoral registrará em livro
revertidos para esses agrupamentos, e passarão próprio as chapas concorrentes até 30 dias antes
a ser computados coletivamente, de modo que o das eleições.
agrupamento com o maior número de votos indicará
Art. 52 - O Conselho Estadual de Representantes
livremente os ocupantes dos cargos a que se refere
dividirá igualmente entre as chapas concorrentes os
o § 1º do presente artigo.
recursos disponíveis para fins eleitorais.
§ 4º - As Subsedes/Regionais, bem como as Exe-
Art. 53 - Será garantido o livre acesso das chapas
cutivas Regionais, funcionarão com um Regimento
concorrentes a todos os meios de divulgação da
Interno, elaborado pelo CER, o qual poderá receber
entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”.
acréscimos não contraditórios com este Estatuto,
desde que tais acréscimos sejam aprovados em Art. 54 - A Comissão Eleitoral expedirá normas
Assembleias Regionais ou nas Reuniões de Repre- especificando modelos de cédulas e atas eleitorais
sentantes (RR).CAPÍTULO V e condições de apuração dos votos.
Parágrafo único - O Conselho Estadual de Repre-
sentantes determinará, a cada eleição, se as urnas
DAS ELEIÇÕES serão fixas e/ou volantes.
Art. 49 - A cada 3 (três) anos, durante o bimes- Art. 55 - Os conflitos surgidos na Comissão
tre de maio/junho, haverá eleições gerais para a Eleitoral serão resolvidos pelo Conselho Estadual
diretoria da entidade. de Representantes.
Parágrafo único - O CER poderá estabelecer Art. 56 – Observado o prazo de duração dos
que as eleições ocorrerão em período diverso do respectivos mandatos, as eleições para o Conse-
previsto no caput em virtude de motivos de força lho Estadual de Representantes e para o Conselho
maior caracterizados por pandemias, guerras ou Regional de Representantes ocorrerão na mesma
outro motivo relevante. data em que ocorrerem as eleições para a Diretoria
Art. 50 - Os membros da Diretoria serão eleitos Estadual Colegiada.
em chapas, observado o disposto no artigo 26 deste § 1º - não há impedimento a candidatura simultâ-
Estatuto, por votação direta e secreta dos associados nea à Diretoria e aos Conselhos de Representantes,
efetivos. ficando, entretanto, proibida a acumulação de votos
§ 1º- os cargos a serem escolhidos pelas chapas, de diretor da “APEOESP – Sindicato Estadual” e de
em razão do princípio da proporcionalidade, po- conselheiro, devendo neste caso ser convocado o
dem ser ocupados por qualquer de seus membros, suplente para ocupar a vaga no Conselho de Repre-
mediante indicação das chapas que estiverem em sentantes Estaduais ou Regionais, conforme o caso,
condições de compor a Diretoria Estadual Colegia- em caráter definitivo.
da, sendo vedada, aos diretores, a acumulação de Art. 57 - Nas eleições para representantes es-
cargos na Diretoria Estadual Colegiada; taduais e regionais serão eleitos suplentes em igual
§ 2º - dentre os componentes da chapa, pelo número ao de representantes. ESTATUTO DA APEOESP
menos 11 (onze) devem ser do interior; § 1º - para efeito do disposto no capítulo deste
§ 3º - só serão registradas chapas completas, artigo, consideram-se suplentes dos representan-
entendendo-se por completas as chapas que sejam tes estaduais os membros eleitos para o Conselho
compostas por, no mínimo, 58 (cinquenta e oito) Regional de Representantes não eleitos para o
membros e, no máximo, 120 (cento e vinte); Conselho Estadual de Representantes, obedecida a
§ 4º - cada chapa deverá reservar, obrigatoria- ordem decrescente de votação.
mente, uma cota mínima de 30% de seus membros, § 2º - Consideram-se suplentes do Conselho
para cada gênero, proporção essa que será neces- Regional de Representantes os candidatos não elei-
sariamente observada por ocasião da composição tos nos termos deste Estatuto, respeitada a ordem
da Diretoria Estadual Colegiada; decrescente de votação.
§ 5º - cada chapa poderá indicar um represen- Art. 58 - As eleições serão feitas pelo voto
tante, obrigatoriamente associado da entidade, para direto e secreto, ficando a critério da reunião de
fiscalizar os trabalhos da Comissão Eleitoral e as representantes de escola a deliberação acerca de
atividades de coleta e apuração dos votos. urnas fixas e/ou volantes. O número de votados
Art. 51 - Até 60 (sessenta) dias antes das eleições, será igual até 30% dos inscritos, arredondadas as
o Conselho Estadual de Representantes marcará a frações para mais.
data das mesmas, assim como designará a Comissão Parágrafo único - A responsabilidade pelas elei-
Eleitoral. ções de representantes regionais e estaduais caberá

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à Executiva da Subsede ou Regional, e onde não posse da Diretoria Estadual Colegiada, através de ato
houver, o Conselho Estadual de Representantes meramente formal declarado pelo Secretário Geral.
designará responsáveis. Art. 64 - Por decisão soberana da Assembleia
Art. 59 - O Conselho Regional de Representantes Regional a Executiva poderá ser destituída no todo
também denominado Executiva da Subsede, é o ou em parte, desde que a Assembleia:
órgão de direção local da entidade e será formado a) seja solicitada por um número de associados
por representantes eleitos na proporção de um para da Subsede/Regional pelo menos igual a 10%
cada 50 (cinquenta) votantes ou fração superior a (dez por cento) do número de associados
25 (vinte e cinco) conforme a tabela seguinte: vinculados à Subsede;
 até 24 votantes: nenhum representante; b) seja convocada com antecedência mínima de
 de 25 a 74 votantes: 1 representante; dez dias;
 p
ara cada 50 (cinquenta) votantes subsequen- c) tenha quorum correspondente a 10% (dez por
tes: mais um representante de acordo com o cento) do número de associados vinculados
critério para eleição do 1º representante. à Subsede;
§ 1º - O candidato deverá obter no mínimo 5% d) a decisão seja tomada por maioria absoluta.
do total de votos para considerar-se eleito. Parágrafo único - Se a Executiva não convocar a
§ 2º- O Conselho a que se refere o “caput” de- Assembleia num prazo de 24 horas após receber a
verá eleger três membros titulares e três membros solicitação para a hora e local determinados pelos
suplentes para comporem o Conselho Fiscal Regio- solicitantes, estes poderão fazê-lo.
nal, que fiscalizará a vida contábil da subsede nos Art. 65 - Por decisão soberana da maioria ab-
mesmos moldes fixados no regimento do Conselho soluta, a mesma Assembleia de destituição elegerá
Fiscal Estadual. um Conselho Executivo de 3 (três) membros que se
§ 3º – O Conselho Regional de Representantes responsabilizará pela gestão da Subsede até a posse
que não constituir o Conselho Fiscal Regional, refe- dos integrantes da Executiva da Subsede eleitos nos
rido no parágrafo anterior, terá suspenso o repasse termos deste Estatuto.
de 20% (vinte por cento) previsto no § 4º, art. 5º, Parágrafo único - Nos casos de destituição de
até que seja totalmente regularizada tal pendência. que cuida este artigo, serão convocadas eleições
§ 4º – Cada Conselho Fiscal Regional funcionará para a Executiva da Subsede no prazo máximo de
com regimento interno, elaborado pelo Conselho 120 (cento e vinte) dias, cabendo à própria Assem-
Estadual de Representantes. bleia Regional ou, por delegação desta, à primeira
Reunião de Representantes (RR), imediatamente
Art. 60 - O Conselho Estadual de Representantes
posterior, definir a data.
será constituído na proporção de um conselheiro
estadual para cada 200 (duzentos) associados vin- Art. 66 - Por decisão soberana da Assembleia
culados à Subsede, assegurada uma representação Geral a Diretoria poderá ser destituída, no todo ou
em parte, desde que a Assembleia Geral tenha:
mínima de 3 (três) representantes por Subsede.
a) sido convocada especialmente para este fim
Art. 61 – A inscrição do candidato para o cargo
pelo Conselho Estadual de Representantes ou
de representante, regional ou estadual, é feita na
por 10% do número de associados;
Reunião de Representantes (RR) de sua região.
ESTATUTO DA APEOESP

b) tenha sido convocada por, pelo menos, 50%


Art. 62 - Haverá único pleito para a escolha dos
(cinquenta por cento) mais um do número total
representantes estaduais e regionais, considerando-
de membros do Conselho de Representantes
-se eleitos para o Conselho Estadual de Representan-
Estaduais;
tes, aqueles que, eleitos para o Conselho Regional
de Representantes, obtiverem o maior número de c) tenha sido convocada com antecedência mí-
votos e observado o limite de representantes da nima de 20 dias;
Subsede fixado nos artigos 59 e 60 deste Estatuto. d) tenha quorum mínimo de 10% do número de
Art. 63 - Respeitada a ordem decrescente de associados;
votação, os eleitos para o Conselho Regional de a decisão seja tomada por maioria absoluta.
Representantes, mas não classificados para o Conse- Parágrafo único – Não se aplicam as regras do
lho Estadual de Representantes serão suplentes em presente artigo ao caso descrito na alínea “c”, do
número não superior ao de conselheiros estaduais. Parágrafo único do Artigo 46, do presente Estatuto.
§ 1º: - Os eleitos para o Conselho Estadual de Art. 67 - No caso de destituição, a Assembleia
Representantes, observado o disposto neste Esta- Geral elegerá, por maioria absoluta, um Conselho
tuto, cumprirão mandato com a mesma duração Executivo que se responsabilizará pela gestão da
do mandato da diretoria, coincidindo sua eleição, entidade até a posse da nova diretoria a ser eleita
ocorrendo a posse dos eleitos conjuntamente com a nos termos deste Estatuto.

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Parágrafo único - No caso de destituição de que Art.71 - Este Estatuto entrará em vigor na
cuida este artigo, deverão ser realizadas eleições data de sua aprovação pelo Congresso Estadual,
gerais para a Diretoria da entidade dentro de prazo cabendo à Diretoria registrá-lo no prazo máximo
mínimo de 60 e máximo de 120 (cento e vinte) dias, de 30 (trinta) dias no Cartório de Registros de
cabendo à própria Assembleia, ou por delegação Pessoas Jurídicas.
desta ao Conselho Estadual de Representantes
definir a data.
Art. 68 - O Presidente convocará a Assembleia CAPÍTULO VIII
Geral para destituição da Diretoria até 24 horas
após receber solicitação, em local e hora aprovados DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
pelos solicitantes. Art. 1º - Ficam ratificados e referendados todos
Parágrafo único - Caso o Presidente não cumpra, os atos praticados pela Diretoria e pelo Conselho
no todo ou em parte, o que está previsto neste Estadual de Representantes visando o registro e a
artigo, o Conselho Estadual de Representantes investidura da entidade “APEOESP – Sindicato Es-
deverá fazê-lo. tadual” como Sindicato dos Professores do Ensino
Oficial do Estado de São Paulo.
Art. 2º - Em caráter excepcional fica delegado ao
CAPÍTULO VI Conselho Estadual de Representantes competência
para promover as mudanças no presente Estatuto
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Social, necessárias à sua adaptação à legislação
Art. 69 - A APEOESP garantirá, na escolha das pertinente às entidades sindicais.
representações de que trata a alínea “p” do parágrafo Parágrafo único - Caberá à Diretoria adotar as
1º, Art. 22 do presente Estatuto, uma cota mínima providências cabíveis à adequação dos registros
de 30% para cada gênero. patrimoniais da entidade à nova razão social.
São Paulo, 18 de abril de 2020.

CAPÍTULO VII   
Maria Izabel Azevedo Noronha
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Presidenta
Art. 70 - Este Estatuto poderá ser alterado, no
todo ou em parte, apenas por deliberação da maioria Cesar Rodrigues Pimentel
absoluta dos participantes do Congresso Sindical. OAB/SP 134.301

ESTATUTO DA APEOESP

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EXPEDIENTE
DIRETORIA DA APEOESP
TRIÊNIO 2023-2026
DIRETORIA EXECUTIVA: Primeiro Presidente: Fábio Santos de Moraes; Segunda Presidenta:
Maria Izabel Azevedo Noronha; Primeira Secretária Geral: Zenaide Honório; Segundo Secretário
Geral: Sérgio Martins da Cunha; Secretário de Finanças: Roberto Guido; Vice-Secretário de
Finanças: Miguel Noel Meirelles; Secretário de Administração: Odimar Silva; Vice-Secretário de
Administração: Edivaldo Máximo; Secretária de Patrimônio: Tereza Cristina Moreira da Silva; Vice-
Secretária de Patrimônio: Maria José Cunha Carretero; Secretária de Assuntos Educacionais
e Culturais: Francisca Pereira da Rocha Seixas; Vice-Secretário de Assuntos Educacionais
e Culturais: Paulo José das Neves; Secretário de Comunicações: Francisco de Assis Ferreira;
Vice-Secretário de Comunicações: Rui Carlos Lopes de Alencar; Secretário de Formação:
Flaudio Azevedo Limas; Vice-Secretária de Formação: Eliane Martiniano de Souza; Secretária
de Política Sindical: Poliana Fé do Nascimento; Vice-Secretário de Política Sindical: Luciano
Delgado; Secretário de Legislação e Defesa dos Associados: Walmir Siqueira; Vice-Secretária de
Legislação e Defesa dos Associados: Ozani Martiniano de Souza; Secretária de Políticas Sociais:
Rita de Cássia Cardoso; Vice-Secretário de Políticas Sociais: Richard Araújo; Secretária para
Assuntos do Aposentado: Floripes Ingracia Borioli Godinho; Vice-Secretário para Assuntos do
Aposentado: Maurício Cavalcante dos Santos; Secretária para Assuntos da Mulher: Suely Fátima
de Oliveira; Vice-Secretária para Assuntos da Mulher: Eliana Nunes dos Santos; Secretário para
Assuntos Municipais: Douglas Martins Izzo; Vice-Secretária para Assuntos Municipais: Paula
Cristina Oliveira Penha; Secretária de Direitos Humanos: Mônica Antonio da Silva Fernandes; Vice-
Secretário de Direitos Humanos: Jesse Pereira Felipe; Secretária de Assuntos relativos à Saúde
do Trabalhador: Solange Aparecida Benedeti Penha; Vice-Secretário de Assuntos relativos à
Saúde do Trabalhador: Josafá Rehem Nascimento Vieira; Secretário de Assuntos relativos às
Pessoas com Deficiência: Rodolfo Alves de Souza; Vice-Secretária de Assuntos relativos às
Pessoas com Deficiência: Maria Regina de Souza Sena; Secretário Geral de Organização: Leandro
Alves Oliveira; Secretária de Organização para a Capital: Ana Paula dos Santos Lima; Secretário
de Organização para a Grande São Paulo: Fábio Santos Silva; Secretária de Organização para
o Interior: Andréia Oliveira de Souza Soares; Secretária de Organização para o Interior: Cilene
Maria Obici; Secretária de Organização para o Interior: Eliane Aparecida Garcia; Secretária de
Organização para o Interior: Sonia Maria Maciel.
DIRETORIA ESTADUAL COLEGIADA: Ademar de Assis Camelo; Aldo Josias dos Santos; Alexandre
Tardelli Genesi; Alfredo Andrade da Silva; Ana Amália Pedroso Curtarelli; Ana Claudia dos Santos;
Ana Lúcia Santos Cugler; Anita Aparecida Rodrigues Marson; Antonio Carlos Silva; Antonio Gandini
Junior; Benedita Lúcia da Silva; Benedito Jesus dos Santos Chagas; Carlos Alberto Rezende Lopes;
Carlos Roberto dos Santos; Carmen Luiza Urquiza de Souza; Claudio Juhrs Rodrigues; Claudio Marta
de Carvalho; Cléofas Teixeira Barbosa; Cloves Soares Lauton; Dagmar Aparecida Rodrigues Silveira;
Déborah Cristina Nunes; Denise Alves Moreira; Dorival Aparecido da Silva; Edivaldo de Marchi;
Evaristo Balbino da Silva; Fábio Henrique Granados Sardinha; Fátima Aparecida Rodrigues dos
Santos de Campos; Geraldo Cesar Martins de Oliveira; Gilmar Ribeiro; Hamed Mauch Bittar; Jefferson
de Albuquerque Cypriano Rosa; João Luís Dias Zafalão; Joaquim Soares da Silva Neto; Jorge Leonardo
Paz; José Bonfim Ferreira do Prado; José Carlos Brito Silva; José de Jesus Costa; José Geraldo Corrêa
Junior; José Reinaldo de Matos Lima; Joselei Francisco de Souza; Jovina Maria da Silva; Juvenal
Aguiar Penteado Neto; Karen Aparecida Silveira ; Leonor Penteado dos Santos Peres; Luci Ferreira da
Silva;Luís Antonio Nunes da Horta; Luzelena Feitosa Vieira; Marcio de Oliveira Santos; Marcos Rogério
Jesus Chagas; Maria Carlota Niero Rocha; Maria Consoladora da Silva; Maria de Lourdes Cavichiole;
Maria de Lourdes Mantovani Pavam; Maria Helena de Carvalho; Maria José Blondel Enrione; Maria
Lícia Ambrosio Orlandi; Matheus Corrêa Siqueira; Mauricio Avancini; Moacyr Américo da Silva; Nilson
Silva; Orivaldo Felício; Pedro Alberto Vicente de Oliveira; Regina Célia de Oliveira; Ricardo Augusto
Botaro; Rita Leite Diniz; Roberto Fernandes Tofoli; Roberto Mendes; Rodolfo Vieira Saraiva; Ronaldi
Torelli; Ronaldo Nascimento Mota; Rosa Maria de Araújo Fiorentin; Rosane de Matos; Silvio Carlos
da Silva Prado; Suzi da Silva; Uilder Cácio de Freitas; Vânia Pereira da Silva; Willian Hugo Correa dos
Santos; Wilson Augusto Fiuza Frazão; Yara Aparecida Bernardi Antonialli.

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Coração Civil
Milton Nascimento

Quero a utopia, quero tudo e mais


Quero a felicidade dos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país
Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ser amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver
São José da Costa Rica, coração civil
Me inspire no meu sonho de amor Brasil
Se o poeta é o que sonha o que vai ser real
Bom sonhar coisas boas que o homem faz
E esperar pelos frutos no quintal
Sem polícia, nem a milícia, nem feitiço, cadê poder?
Viva a preguiça, viva a malícia que só a gente é que sabe ter
Assim dizendo a minha utopia eu vou levando a vida
Eu viver bem melhor
Doido pra ver o meu sonho teimoso, um dia se realizar!

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