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E quando pessoas se associam e cooperam?

COOPERAÇÃO
CAMINHO PARA O
DESENVOLVIMENTO
UM LIVRO COM REFLEXÕES ACADÊMICAS

CARLOS FIGUEIREDO E ANDRÉ GUEDES

ORGANIZADORES
Cooperação: caminho para o
desenvolvimento

Carlos Alberto Figueiredo da Silva e André Luís Azevedo Guedes (Organizadores)

Niterói
2023
COPYRIGHT:

ISBN: 978-65-00-73289-4

Editor
Carlos Alberto Figueiredo da Silva

CONSELHO EDITORIAL
Dr. Tiago Ribeiro (Universidade de Lisboa, Portugal)
Dr. Jose Pedro Sarmento (Universidade do Porto, Portugal)
Drª Grit Kirstin Koeltzsch (Universidad Nacional de Jujuy, Argentina)
Dr. Leonardo Mataruna dos Santos (Canadian University of Dubai, UEA)
Drª Carla Isabel Rocha Araújo (Universidade Federal do Pará)

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SUMÁRIO

Apresentação......................................................................................................................................... 4

Uma nova cultura de trabalho e emancipação dos trabalhadores: desafios na sociedade do


capital..................................................................................................................................................... 7

A economia solidária como alternativa para redução do desemprego e exclusão social.......... 12

O impacto da lei 5764/71 no desenvolvimento do cooperativismo: aspectos positivos,


desafios e a relação entre associativismo e cooperativismo......................................................... 16

Autogestão - um caminho para emancipação dos trabalhadores através de cooperativas...... 26

Superation et emancipation: elevar-se ou libertar-se completamente - caminhos do


cooperativismo para enfrentar a precarização do trabalho......................................................... 32

Os princípios do cooperativismo na era da indústria 4.0: estratégias para a sobrevivência e


prosperidade...................................................................................................................................... 37

Economia solidária e cooperativismo: caminhos para uma nova realidade trabalhista após a
pandemia............................................................................................................................................ 40

Cooperativa de trabalho em face da autogestão e precarização do trabalho............................ 44

Cooperativas e seus impactos econômicos na sociedade............................................................ 55

Reflexos do sistema participativo de garantia efetuado pela rede Maniva na vida da


população rural do Amazonas......................................................................................................... 66

Modelos de hélices e suas contribuições para o associativismo cooperativo: uma perspectiva


em geração de renda e desenvolvimento local............................................................................ 71

Autores.......................................................................................................................................... 69

Índice remissivo............................................................................................................................ 75

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APRESENTAÇÃO

Este livro apresenta estudos realizados no programa de pós-graduação em Desenvolvimento


Local do Centro Universitário Augusto Motta. Os trabalhos discutem as possibilidades e dificuldades do
associativismo e do cooperativismo no Brasil.

Em UMA NOVA CULTURA DE TRABALHO E EMANCIPAÇÃO DOS


TRABALHADORES: DESAFIOS NA SOCIEDADE DO CAPITAL, Arlete Gomes Guimarães
Moraes, Christina Mofati Andrade de Oliveira e Eliete de Castro Cordeiro realizam uma investigação que
objetiva analisar a força de trabalho dentro de uma nova cultura diante da economia criativa, que emerge
de grupos subalternos, devido ao desemprego, propiciado por grupos hegemônicos em grande escala.
Nesse sentido, o trabalho ganha nova dinâmica, de forma insegura, integrado por uma nova estrutura de
economia como alternativa de superação. Para execução da pesquisa foi realizado um levantamento
bibliográfico, qualitativo e exploratório no qual se evidenciou que, embora seja desafiador, é possível
avançar rumo a uma nova cultura de trabalho e emancipação dos trabalhadores, mesmo dentro dos
limites da sociedade do capital. Porém, urge a necessidade de promover mudanças nas políticas públicas,
e concomitante a isso, esforços individuais e coletivos para a formação de uma sociedade justa e
equitativa, onde os trabalhadores sejam verdadeiramente empoderados e valorizados.

Em A ECONOMIA SOLIDÁRIA COMO ALTERNATIVA PARA REDUÇÃO DO


DESEMPREGO E EXCLUSÃO SOCIAL, Thaís Avelino de Almeida Ferreira, Vanessa Abreu de Ávila
Acquaviva, Vanessa da Silva Paranaguá e Kátia Eliane Santos Avelar analisam a economia solidária como
uma alternativa ao modelo preponderante e vigente das relações de trabalho no mundo contemporâneo,
especialmente nos momentos em que o Estado demonstra certa incapacidade de lidar com crises e
oferecer condições dignas de trabalho humano em comparação com o modelo capitalista tradicional. Foi
utilizada a pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, com abordagem qualitativa, com levantamento
de estudos realizados no contexto nacional e em língua portuguesa, que contemplassem os objetivos da
pesquisa. Os achados apontam que a economia solidária, por meio da autogestão dos trabalhadores,
surge como uma resposta necessária às precárias relações de trabalho e à exclusão social, promovendo
maior inclusão social e o bem-estar coletivo. No entanto, é importante ressaltar que a economia solidária
não se apresenta como uma substituição completa ao modelo capitalista, mas sim como uma alternativa
viável para garantir maior inclusão e condições dignas de trabalho.

Em O IMPACTO DA LEI 5764/71 NO DESENVOLVIMENTO DO COOPERATIVISMO:


ASPECTOS POSITIVOS, DESAFIOS E A RELAÇÃO ENTRE ASSOCIATIVISMO E
COOPERATIVISMO, Maria da Saúde dos Santos Lima, Marília Mendes Ferraz, Mario Marcos Valente
Rodrigues, Oswaldo Borges Peres e Carlos Alberto Figueiredo da Silva discorrem sobre a Lei 5764/71,
conhecida como a Lei Geral do Cooperativismo; é uma legislação brasileira que regulamenta a
organização, funcionamento e fiscalização das cooperativas no país. Os autores buscam analisar o
impacto da lei no desenvolvimento do cooperativismo, abordando seus aspectos positivos, desafios
enfrentados ao longo dos anos, bem como convergências e divergências entre associativismo e
cooperativismo.

Em AUTOGESTÃO - UM CAMINHO PARA EMANCIPAÇÃO DOS TRABALHADORES


ATRAVÉS DE COOPERATIVAS, Rodrigo Carvalho Gama Silva, Simone Pereira de Siqueira, Stella
Maris Monteiro, Kátia Eliane Santos Avelar e Eduardo Winter discorrem sobre autogestão e
emancipação por meio das cooperativas. Por meio do cooperativismo, os indivíduos desenvolvem
habilidades empreendedoras e de gestão, tornando-se mais autônomos e capazes de tomar decisões
informadas e responsáveis sobre seu futuro. Além disso, muitas cooperativas são criadas em regiões em
que há poucas oportunidades de trabalho ou em que a economia é precária, funcionando como um
instrumento de desenvolvimento local e regional.

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Em SUPERATION ET EMANCIPATION: ELEVAR-SE OU LIBERTAR-SE
COMPLETAMENTE - CAMINHOS DO COOPERATIVISMO PARA ENFRENTAR A
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO, Geíssa Martha Antunes Pereira, Gilmar Jophilis dos Santos,
Hernani Barbosa Lopes, Humberto Negrão Teixeira Fernandes, João Marcelo Ribeiro de Souza e
Agnaldo José Lopes buscam evidenciar os benefícios do cooperativismo, caracterizando-se por ser
alternativa promissora para promover a justiça e a liberdade dos trabalhadores. No cenário atual do
trabalho, marcado pela crescente precariedade das relações de trabalho, as cooperativas são um método
inovador e transformador em um ambiente em que os direitos dos trabalhadores são frequentemente
ignorados e com condições de trabalho perigosas.

Em OS PRINCÍPIOS DO COOPERATIVISMO NA ERA DA INDÚSTRIA 4.0:


ESTRATÉGIAS PARA A SOBREVIVÊNCIA E PROSPERIDADE, Brayan Lima Cordeiro, Davi
Souza de Paula, Denis Domingos Soares, Denise Ferreira de Oliveira, exploram a interseção entre os
princípios do cooperativismo e a indústria 4.0, destacando a importância da aplicação desses princípios
para a sobrevivência e prosperidade das cooperativas no contexto das rápidas transformações
tecnológicas. A indústria 4.0, caracterizada pela adoção de tecnologias avançadas, como internet das
coisas, automação e inteligência artificial, tem o potencial de revolucionar o setor industrial, e as
cooperativas precisam se adaptar para acompanhar esse cenário em constante evolução. O teto discute
como os princípios do cooperativismo podem ser aplicados na indústria 4.0, abordando estratégias para
enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades oferecidas pela era digital.

Em ECONOMIA SOLIDÁRIA E COOPERATIVISMO: CAMINHOS PARA UMA NOVA


REALIDADE TRABALHÍSTICA PÓS PANDEMIA, Elisangela Rodrigues da Silva Farias, Erica
Ferreira Mendes, Edson de Souza Pereira e Lucio Fabio Cassiano Nascimento, trazem uma reflexão
sobre a economia solidária, onde se pode considerar como uma maneira de produzir, consumir e
distribuir o capital, ou seja, atividades econômicas onde o ser humano é valorizado e não o dinheiro. A
compreensão de que a economia solidária é uma resposta às desigualdades sociais, buscando promover a
justiça social e a igualdade de oportunidades para todos, por meio do desenvolvimento de um sistema
econômico que privilegie a cooperação e a participação de todos na produção e ampliação do trabalho e
renda dos agentes envolvidos.

Em COOPERATIVA DE TRABALHO EM FACE DA AUTOGESTÃO E


PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO, Erika Monteiro Tavares, Julio Cezar Oliveira Cavalcante,Marco
José Andrade Cruz e Kátia Eliane Santos Avelar realizam uma revisão narrativa e demonstram a
precarização do trabalho do cooperado em muitos casos. Considerando que o modelo idealizador do
cooperativismo é justamente a união, propõe-se a educação transformadora e a economia solidária como
alternativas para dignificar o trabalho.

Em COOPERATIVAS E SEUS IMPACTOS ECONÔMICOS NA SOCIEDADE, Leonardo


de Oliveira Luna, Júlio Sérgio Brito dos Santos, Marcos Felipe Amorim Ramos e Luciana Santos de
Carvalho. O capítulo retrata a importância das cooperativas na economia brasileira, explorando os
diferentes tipos de atuação, sua presença em diversos setores e seus impactos na sociedade. São
abordados seus princípios fundamentais, sua origem e organização. O estudo apresenta dados sobre o
número de cooperativas por estado brasileiro e o papel do cooperativismo no desenvolvimento
sustentável e na promoção da igualdade social e econômica. As considerações finais sintetizam os
principais pontos discutidos, ressaltando a importância das cooperativas para o desenvolvimento
sustentável e sua contribuição para a construção de uma economia coesa e alinhada aos objetivos da
Agenda 2030.

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Em REFLEXOS DO SISTEMA PARTICIPATIVO DE GARANTIA EFETUADO PELA
REDE MANIVA NA VIDA DA POPULAÇÃO RURAL DO AMAZONAS, Larissa Greven de
Souza, Robério Leite de Macedo, Roberto Ferreira Prudêncio da Silva e Samara Moreira Barbosa
identificam as consequências da certificação efetuada pela Rede Maniva na renda e produtividade de
insumos dos agricultores vinculados à fábrica de chocolate Na’kau. Foi realizado estudo exploratório-
descritivo com base em fonte documental, sendo utilizado para análise estatística o software Manitab e
para produção de mapa, o programa Datastudio aponta uma alternativa à melhoria de qualidade de vida
por meio de práticas sustentáveis de produção agrícola no interior do estado do Amazonas, a partir da
certificação do Sistema Participativo de Garantia efetuado pela Rede Maniva junto aos agricultores da
fábrica de chocolate Na’kau, onde os mesmos indicam meios que permitem a sobrevivência de pessoas
por meio da agricultura orgânica.

Em MODELOS DE HÉLICES E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ASSOCIATIVISMO


COOPERATIVO: UMA PERSPECTIVA EM GERAÇÃO DE RENDA E DESENVOLVIMENTO
LOCAL, Wanaline Reinaldo do Nascimento, Carlos Alberto Figueiredo da Silva e Kátia Eliane Santos
Avelar, referem-se aos modelos de hélices como oportunizadores na obtenção de fundamentos para
propiciar a construção de um ambiente favorável para a inovação e desenvolvimento socioeconômico.
Investigam como esses modelos podem contribuir para o fomento do associativismo e do cooperativo,
tendo como perspectiva norteadora a geração de renda e desenvolvimento local sustentável.

Carlos Alberto Figueiredo da Silva


André Luís Azevedo Guedes

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UMA NOVA CULTURA DE TRABALHO E EMANCIPAÇÃO DOS
TRABALHADORES: DESAFIOS NA SOCIEDADE DO CAPITAL

Arlete Gomes Guimarães Moraes


Ellaine Christina Mofati Andrade de Oliveira
Eliete de Castro Cordeiro

O trabalho sob o capitalismo é caracterizado por uma relação entre os trabalhadores e


proprietários dos meios de produção, em que a força de trabalho é vendida em troca de salário; sendo
assim, o capitalismo busca maximizar o lucro, e os trabalhadores fomentar a geração dessa riqueza
(CARVALHO, 2012).
Nesse sistema, os trabalhadores geralmente não possuem controle sobre os meios de produção,
estão sujeitos às decisões dos proprietários, a horários definidos, tarefas específicas e são
supervisionados para garantir a eficiência e a produtividade, visando à rentabilidade dos bens de serviço
(TEIXEIRA; DE SOUZA, 1985).
A exploração da força de trabalho, a falta de direitos trabalhistas, o desemprego e a crescente
demanda da informalidade ainda são uma realidade da maioria dos trabalhadores brasileiros (RIBEIRO,
2022). Diante da precariedade no setor trabalhista, são necessárias alternativas para proporcionar além
do empoderamento social a inclusão econômica.
Com base no contexto, a economia solidária refere-se a organizações de atores sociais que têm
como proposta a solidariedade e autogestão, em situações de crise contra o sistema capitalista a fim de
promover inclusão social e econômica, para a população em situação de vulnerabilidade (COELHO,
2003; SINGER, 2003; LAVILLE; GAIGER, 2009; CARVALHO, 2012; SINGER, 2018). Um exemplo
é a Associação Nacional de Trabalhadores e Empresas de Autogestão (ANTEAG), uma associação
política-pedagógica brasileira que representa, fortalece, articula e promove a economia solidária no país,
possui um modelo econômico baseado na autogestão, cooperação, solidariedade e valorização do
trabalho humano (ANTEAG, 2004).
A ANTEAG surgiu em 1991, com a proposta de desenvolvimento econômico:

Um dos sujeitos coletivos que preconiza a autogestão como forma de acesso e


permanência dos trabalhadores no processo produtivo. A recuperação de empresa
pelos trabalhadores foi concebida como uma eficaz resposta para a crise, determinando
a configuração dos objetivos e ações da ANTEAG que representa e assessora empresas
de autogestão, organiza e orienta a recuperação de empresas em situação falimentar e
grupos que pretendem constituir uma empresa autogestionária em diferentes setores da
economia (CARVALHO, 2012, p. 15).

Nesse sentido, a economia solidária busca superar as lógicas capitalistas tradicionais, valorizando
o trabalho coletivo, a igualdade de direitos e a solidariedade entre os participantes. Na verdade, é uma
alternativa econômica que visa construir relações mais justas e sustentáveis, buscando o bem-estar social
e a qualidade de vida dos envolvidos no processo (CARVALHO, 2012).
No entanto, a reorganização do modo de produção é passível de inúmeras dificuldades, pois os
trabalhadores se encontram em uma posição de gestor a fim de restabelecer uma empresa com a
eminência de falência ou em período falimentar com fechamento de postos de trabalhos. Nesse
contexto, dívidas acumuladas, falta de oportunidades de crédito, cultura de carteira assinada, bem como
a baixa escolaridade, pouca qualificação e a relação de subordinação dos trabalhadores em questão, são
as contrariedades encontradas nessa nova circunstância de trabalho (CARVALHO, 2012).
Kawamura (2005) declara em suas análises de pesquisas que atualmente o foco está na
capacidade de produção do novo, em se tratando de moda, e desenvolvendo uma imagem atrativa para

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os consumidores. O criador necessita da técnica e da estética, da capacidade de criar e inovar na
produção de moda, e, por fim, da capacidade de construir e de sustentar a sua imagem pessoal e a de sua
marca.
Os desafios abarcados por modelos autogestionários de organização do trabalho, não superam a
necessidade de mudança em momentos de crise onde o trabalhador, já marginalizado, luta por uma
oportunidade, por meios de relações mais solidárias, de inclusão econômica.
Neste contexto, este trabalho teve como objetivo explorar a possibilidade de uma nova cultura
de trabalho que promova a emancipação dentro dos limites dessa sociedade a partir de uma revisão de
literatura. Embasados nos desafios enfrentados, as oportunidades existentes e as estratégias que podem
ser adotadas para avançar em direção a uma maior autonomia, empoderamento dos trabalhadores e
inclusão econômica.

Caminhos metodológicos

O presente estudo é caracterizado como uma revisão bibliográfica, de abordagem qualitativa e


exploratória, realizada em maio de 2023 sobre a temática norteadora “economia solidária” e “nova
cultura de trabalho”. Para a execução da pesquisa, foi feito um levantamento bibliográfico nas bases de
dados online dos Periódicos CAPES, SciELO, e Google Acadêmico, no qual foi realizada uma busca
avançada, com as seguintes palavras-chave, recorrendo-se ao uso de aspas em palavras compostas:
“economia solidária”, desemprego, “nova cultura de trabalho”, “sociedade do capital” e autogestão.
Vale salientar que, de acordo com Minayo (2020), a abordagem qualitativa é uma ferramenta
valiosa para investigar e compreender a complexidade dos fenômenos sociais, valorizando a ética e o
cuidado com os participantes.

Resultados e discussão

A economia solidária ocorre quando os atores envolvidos estabelecem uma relação de


reciprocidade abarcando interesses solidários, autonomia e cooperativismo (LAVILLE; GAIGER, 2009;
CARVALHO, 2012; SINGER, 2018). Assim a base desse modelo de gestão é a associação entre iguais, o
que contrapõe os contratos capitalistas desiguais (SINGER, 2018).
Nesse contexto, a agricultura familiar atende os princípios da economia solidária, uma vez que é
um empreendimento econômico e possui associações com grande potencial social que promove o
desenvolvimento rural e cultural além de participar ativamente na busca da segurança alimentar do país
(HERBELÊ et al., 2017).
Segundo o Censo Agropecuário de 2017, mais de 75% dos proprietários rurais do Brasil, estão
alocados na categoria de agricultura familiar. Esse setor então é responsável por grande parte das
receitas, tanto pela agropecuária e extrativismo vegetal quanto pela horticultura (BRASIL, 2017). Além
disso, é importante salientar que no Nordeste a implantação da agricultura familiar é um agente
protagonista na questão de segurança alimentar bem como na vulnerabilidade social e econômica das
mulheres (BRANDÃO; BARBOSA; BERGAMASCO, 2022). A agricultura familiar então passa a ser
uma opção viável, no ambiente rural, tanto economicamente quanto social.
Nessa temática, o progresso da economia solidária independe da ação do Estado ou de
instituições privadas, e sim de uma sociedade em crise capaz de movimentar comunidades gerando
economia local a fim de alcançar a autoemancipação, bem como a inclusão econômica (SINGER, 2018).
Vale ressaltar, o Brasil, mediante a pandemia do corona vírus, se viu em uma crise de grande
impacto econômico e social com alto índice de desemprego, seja por fechamento de empresas, por
instabilidade ou pelo risco de contaminação pelo vírus (FERREIRA, 2022). Na literatura inúmeros
autores relatam os impactos econômicos relacionados à pandemia do coronavírus, como Lima e Freitas
(2020), que faz um panorama geral sobre a crise. Kano et al. (2020) analisam, em grandes empresas,
mudanças e adaptações de tecnologia da informação durante o período da crise, já Dweck et al. (2020)

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retratam os danos macroeconômicos, e Carvalho et al. (2020) os impactos referentes a empregabilidade
em micro e pequenas empresas.
Nesse contexto, conforme dados do IBGE em seus indicadores de empresas (2020), na
pandemia, um pouco mais de 500 mil empresas tiveram suas atividades encerradas, sendo que mais de 1
milhão delas, tiveram impactos negativos no quadro de funcionários ou na redução ou suspensão de
salários. Portanto, a população brasileira estava diante de um caos socioeconômico pandêmico.
Cenário este, ideal para a aplicabilidade da economia solidária, para que em tempos de crise a
sociedade se reorganize para alçar uma força econômica de modo equivalente, buscando o
associativismo, a autogestão, mudança cultural além da igualdade e satisfação coletiva (DE SOUZA;
JÚNIOR, 2020). Essa nova cultura precisa considerar a sustentabilidade e a responsabilidade social
como prioridades, ou seja, promover práticas sustentáveis e éticas pensando no bem-estar das
comunidades (CARVALHO, 2012).
A implementação de uma nova cultura de trabalho e a consequente emancipação dos
trabalhadores é algo desafiador, diante das estruturas e interesses envolvidos e limitações políticas e
econômicas (CARVALHO, 2012). No entanto, a busca por alternativas que valorizem o trabalho
humano e promovam a emancipação dos trabalhadores são de extrema importância para a construção de
uma sociedade mais justa e sustentável.

Considerações finais

A sociedade do capital apresenta uma série de desafios para a emancipação dos trabalhadores,
mas, ainda assim, é possível buscar uma nova cultura de trabalho que promova a sua emancipação
dentro dos limites desse sistema. Podemos elencar algumas limitações e desafios na sociedade do capital:
estruturas hierárquicas e relações de poder desiguais; exploração econômica e desigualdades salariais e
foco no lucro.
Nesse contexto, como alternativas de mudança para alçar nova cultura e inclusão econômica
estão: equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, promoção da participação e do diálogo no ambiente
de trabalho e valorização do bem-estar dos trabalhadores. Nesse diapasão, a agricultura familiar é uma
alternativa pertinente em relação aos princípios da economia solidária.
Nessa linha de pensamento, além de ser protagonista na busca da segurança alimentar do Brasil,
a agricultura familiar tem um destaque importante em relação a promover o desenvolvimento da região
rural do país no tocante à vulnerabilidade feminina no Nordeste brasileiro.
Concomitante a isso, é importante refletir diante dessa situação de debilidade econômica, a crise
pandêmica da COVID 19, que culminou com o fechamento de muitas empresas, potencializando o
surgimento de uma nova categoria de trabalho, levando a substituição e transformação do trabalho
concreto, em trabalho abstrato.
Embora seja desafiador avançar em direção a uma nova cultura de trabalho e emancipação dos
trabalhadores, mesmo dentro dos limites da sociedade do capital, é necessário promover mudanças e
uma reformulação nas políticas públicas, isso depende de esforços individuais e coletivos para a
formação de uma sociedade justa e equitativa, onde os trabalhadores sejam verdadeiramente
empoderados e valorizados.

Referências

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9
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A ECONOMIA SOLIDÁRIA COMO ALTERNATIVA PARA A REDUÇÃO DO
DESEMPREGO E EXCLUSÃO SOCIAL

Thaís Avelino de Almeida Ferreira


Vanessa Abreu de Ávila Acquaviva
Vanessa da Silva Paranaguá
Kátia Eliane Santos Avelar

O presente estudo analisa a possibilidade de uma nova cultura para o trabalho centralizada na
autogestão dos trabalhadores nas associações e cooperativas. Na década de 1990, o conceito de
economia solidária foi amplamente difundido no Brasil, tendo em vista a incapacidade do Estado em
promover políticas públicas que criassem condições propícias para a redução dos índices de desemprego.
Nesse contexto, a narrativa da economia solidária aparece como uma excelente possibilidade para a
melhoria das relações precárias de trabalho e aos expressivos níveis de desemprego da época
(CARVALHO, 2012).
Como uma alternativa aos meios de produção e distribuição do modelo capitalista, a economia
solidária é criada pela autogestão dos próprios trabalhadores, que se organizam de forma coletiva e
democrática, onde cada membro tem direito a um voto (SINGER, 2008). Assim, a organização da
economia solidária se baseia nos princípios relacionados ao associativismo, com a posse coletiva dos
meios produtivos, gestão democrática e destinação das sobras entres os seus integrantes (CARVALHO,
2012).
O trabalho autogestionário, mediante a ajuda mútua, a solidariedade e a igualdade surgem como
uma resposta viável às precárias relações de trabalho e ao desemprego estabelecidas. Acredita-se que o
associativismo e o corporativismo sejam importantes alternativas ao modelo de produção vigente,
principalmente nos momentos em que o Estado demonstra uma certa incapacidade ao atender as
condições dignas de trabalho humano. No entanto, essa alternativa não seria uma substituição completa
ao capitalismo, mas apenas uma alternativa ao atender às necessidades da sociedade quando ocorrer esta
falha no papel Estado.
Para tanto este estudo tem por objetivo identificar a possibilidade de uma nova cultura para o
trabalho, centralizada no modelo de autogestão dos trabalhadores e sua viabilidade na sociedade, como
uma alternativa aos modelos tradicionais de trabalho que muitas vezes geram a exclusão, individualização
e competição, característicos de uma sociedade eminentemente capitalista. Além disso, serão
apresentados os conceitos de economia solidária e sua relação com a autogestão dos empreendimentos
pelos trabalhadores, bem como as vantagens e desvantagens da autogestão em comparação com o
modelo capitalista tradicional.

Justificativa

Este estudo se justifica por apresentar alternativas aos meios de produção e distribuição do
modelo capitalista, desenvolvendo argumentos que possam auxiliar pessoas que se encontram
marginalizadas no mercado de trabalho, a construírem meios de produção, mediante a ajuda mútua, a
solidariedade e a igualdade.
Deste modo, o cooperativismo e associativismo se apresentam como alternativas para superar as
crises do capitalismo, promovendo maior inclusão social, através da geração de emprego e renda.
Assim, a autogestão dos trabalhadores, caracterizada pela igualdade no seu modo de produção,
surge como uma alternativa ao modelo preponderante e vigente das relações de trabalho do mundo
contemporâneo.

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Apresentando-se como uma alternativa aos princípios de exclusão, individualização e competição
característicos de uma sociedade eminentemente capitalista, este estudo visa apresentar os seguintes
objetivos:

Metodologia

Trata-se de uma breve revisão narrativa de literatura, de caráter exploratório, por meio de uma
abordagem qualitativa, sobre a possibilidade de uma nova cultura do trabalho, baseada na autogestão dos
trabalhadores dentro das associações e cooperativas. Compuseram o referencial teórico e a base de
consulta os seguintes materiais: A dissertação e mestrado de Carvalho (2021), intitulada ‘Autogestão,
economia solidária e cooperativismo: uma análise da experiência política da Associação Nacional de
Trabalhadores e Empresas de Autogestão’; o artigo de Leal e De Sá Rodrigues (2018), intitulado
‘Economia Solidária: conceitos e princípios norteadores’; o artigo de Paul Singer (2008), intitulado
‘Economia solidária’; e um documento da prefeitura de São Carlos, São Paulo, intitulado ‘A Economia
Solidária e o Programa de Fomento à Economia Solidária’.

Conceitos de economia solidária

A economia solidária demonstra a solidariedade como característica fundamental da sua atividade


econômica. Na prática, a economia solidária é demonstrada pela atividade de cooperativas de trabalho,
associações, redes de troca e outras organizações coletivas, em que a solidariedade, a igualdade, ajuda
mútua e autogestão se apresentam como os traços comuns (SINGER, 2002). Deste modo, a economia
colaborativa demonstra a cooperação e colaboração em detrimento da competição e da busca pelo lucro
individual, característicos de outros modelos econômicos. Ou seja, é uma forma de produção, consumo
e distribuição de riqueza, e suas características são:
• cooperação: reconhece propriedade comum, divisão de responsabilidades e de resultados;
• autogestão: protagonismo dos participantes na gestão do empreendimento;
• dimensão econômica: é o que move os esforços e congrega os interesses;
• solidariedade: é perceptível na distribuição igualitária de resultados, na produção de
oportunidades para a melhoria da qualidade de vida dos envolvidos.
O criador do termo economia solidária, o escritor, professor e economista Paul Singer, iniciou a
sua defesa com a premissa de ‘implantes socialistas’. Segundo o saudoso autor, “o programa da
economia solidária se fundamenta na tese de que as contradições do capitalismo criam oportunidades de
desenvolvimento de organizações econômicas cuja lógica é oposta à do modo de produção dominante”
(SINGER, 2002, p. 112).
Importante ressaltar que o tema tomou tal importância no mundo jurídico e econômico que foi
criado o Conselho Nacional de Economia Solidária - CNES. O conselho é um órgão colegiado de
caráter consultivo e propositivo, integrante da estrutura do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
(IPEA, 2023). Foi instituído pela Lei n. 10.683/03 (Revogada pela Medida Provisória nº 782, de
31/5/2017, convertida na Lei nº 13.502, de 1/11/2017, com produção de efeitos nos termos do art. 81
da referida Lei) e regulamentado pelo decreto no 5.811/06 (BRASIL, 2006).

Vantagens e desvantagens da economia solidária em relação ao modelo capitalista


tradicional

A economia solidária pode ser organizada em cooperativas, associações e fóruns. Ela foi
incorporada como política pública em centenas de municípios, onde se implantou medidas para o
fomento e desenvolvimento local, emprego e construção de uma sociedade civil com seus valores
comerciais próprios e abraçados pelo Estado, tornando-se, inclusive, objeto de estudo em diversas
universidades em todo o país.

13
A título de exemplo podemos citar o Município de São Carlos em São Paulo. Segundo consta no
próprio site da prefeitura:
Trata-se de um modelo de desenvolvimento econômico, de caráter sustentável e emancipatório,
tendo como público-alvo, grande parcela da população historicamente excluída dos processos
produtivos, dos bens e serviços públicos e dos processos de tomada de decisão. Esse modelo promove
uma distribuição mais equitativa das riquezas geradas, por meio de ajuda mútua e benefícios coletivos,
com preocupação ambiental e inclusão social. Nesse sentido, com o objetivo de enfrentar a realidade de
exclusão social que vive parcela importante dos munícipes de São Carlos, a Prefeitura Municipal busca
articular políticas públicas municipais para romper com o ciclo estrutural de pobreza.
Como parte estratégica da implementação de políticas de geração de trabalho e renda, destaca-se
o “Programa de Fomento a Economia Solidária”, uma política de desenvolvimento e de caráter
transversal, implementada em São Carlos a partir de 2001 e, desenvolvida de forma integrada, pela
Secretaria Municipal de Trabalho, Emprego e Renda em parceria com várias outras Secretarias e
Fundações Municipais.
Por meio deste Programa, a Prefeitura apoia e assessora trabalhadores(as) organizados(as) em
‘Empreendimentos Solidários’ no município, buscando fomentar iniciativas associativas e
autogestionárias solidárias (cooperativas, associações, dentre outras) em redes de cooperação e cadeias
produtivas.
No programa da prefeitura citada, podemos ver os seguintes temas:
a) Cadeia de Resíduos Sólidos
b) Cadeia de Alimentos e gastronomia
c) Finanças Solidárias - Apoio à estruturação do Banco Comunitário Nascente.
d) Artesanato - Feira da Praça da XV
No modelo prático, conforme se espera da economia solidária, a iniciativa foi difundida de
diversas formas, bem como a sua divulgação com o objetivo de atrair diversas pessoas econômica e
socialmente excluídas do tão oponente sistema capitalista.
Torna-se fundamental que a economia solidária, seja na forma associativa ou cooperativista,
busque estratégias atrativas para a inserção das pessoas excluídas e quando não invisíveis do sistema
atual. E esse público alcançado precisa conhecer a colaboração, solidariedade e participação como um
ato político, inclusive, para que eles vivenciem o resultado como alternativa ao mercado capitalista,
conferindo a eles uma identidade própria dos seus negócios e forma de trabalho. O seu intuito deve ser
formar uma sociedade mais justa.

Conclusão

Foi possível concluir que a economia solidária se apresenta como uma alternativa viável ao
modelo econômico vigente, estabelecendo novas relações de trabalho. Por meio da autogestão dos
trabalhadores, com base nos princípios norteadores do associativismo, os trabalhadores encontram uma
forma de organização que lhes permitem ter controle sobre os meios produtivos, gestão democrática,
propondo uma destinação justa dos lucros decorrentes da produção entre os seus integrantes.
Os resultados deste estudo indicam que a economia solidária é capaz de produzir benefícios
econômicos e sociais para os envolvidos, incluindo a geração de emprego e renda, distribuição mais
equitativa das riquezas geradas, promoção da sustentabilidade ambiental, inclusão social e emancipação
dos trabalhadores.
Também foi evidenciado que a economia solidária pode ser organizada em cooperativas,
associações e fóruns, bem como política pública em centenas de municípios, contribuindo para o
fomento e desenvolvimento local, geração de emprego, para a construção de uma sociedade civil mais
justa.
No entanto, é importante salientar que a economia solidária não se apresenta como uma
substituição completa ao capitalismo, mas sim como uma alternativa viável, para garantir maior inclusão
e novas possibilidades de trabalho.

14
Por fim, a economia solidária, por meio da autogestão dos trabalhadores, surge como uma
resposta necessária às precárias relações de trabalho e à exclusão social, promovendo maior inclusão
social e o bem-estar coletivo. Porém ainda é preciso buscar estratégias atrativas para a inserção das
pessoas mais excluídas do sistema atual. Assim, cabe à sociedade e aos governantes promoverem
políticas públicas que fortaleçam e incentivem a economia solidária, visando sempre ao bem-estar
coletivo e à justiça social.

Referências

BRASIL. Câmara dos Deputados. Centro de Documentação e Informação. Lei nº 10.683, de 28 de


maio de 2003 (Revogada pela Medida Provisória nº 782, de 31/5/2017, convertida na Lei nº 13.502, de
1/11/2017. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2003/lei-10683-28-maio-2003-
496772-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 26 jun. 2023.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Decreto no 5.811 de 21 de junho de 2006. Dispõe
sobre a composição, estruturação, competência e funcionamento do Conselho Nacional de Economia
Solidária - CNES. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/d5811.htm. Acesso em: 26 jun.
2023.

CARVALHO, M. C. Autogestão, economia solidária e cooperativismo: uma análise da experiência


política da Associação Nacional de Trabalhadores e Empresas de Autogestão. 119 f. Dissertação
(Mestrado em Serviço Social) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2012.

IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Conselho Nacional de Economia Solidária.


Disponível em: https://ipea.gov.br/participacao/conselhos/conselho-nacional-de-combate-a-
discriminacao-lgbt/142-conselho-nacional-de-economia-solidaria/278-conselho-nacional-de-economia-
solidaria. Acesso em: 26 jun. 2023.

LEAL, K. S.; DE SÁ RODRIGUES, M. Economia Solidária: conceitos e princípios norteadores.


Humanidades & Inovação, v. 5, n. 11, p. 209-219, 2018.

SINGER, P. Economia solidária. Estudos avançados, v. 22, n. 62, p. 289-314, 2008.


Prefeitura de São Carlos, São Paulo. A Economia Solidária e o Programa de Fomento à Economia Solidária.
Disponível em: <http://www.saocarlos.sp.gov.br/index.php/trabalho- emprego/163445-a-economia-solidaria-e-
o-programa-de-fomento-a-economia-solidaria.html>. Acesso em: 23 abr. 2023.

15
O IMPACTO DA LEI 5764/71 NO DESENVOLVIMENTO DO
COOPERATIVISMO: ASPECTOS POSITIVOS, DESAFIOS E A RELAÇÃO
ENTRE ASSOCIATIVISMO E COOPERATIVISMO

Maria da Saude dos Santos Lima


Marília Mendes Ferraz
Mario Marcos Valente
Oswaldo Borges Peres
André Luis Azevedo Guedes
Carlos Alberto Figueiredo da Silva

Diante da atual ordem capitalista e para fazer frente ao desemprego e à exclusão social e
econômica, é necessário buscar novos caminhos de superação da crise através da economia solidária e da
autogestão, cujo objetivo é o foco nas pessoas e não no lucro. Conforme afirma Carvalho (2012, p. 54),
“os princípios da economia solidária, o direito à liberdade individual, são o contrário das do capitalismo
que é a extrair o máximo de lucro possível”.
Assim, é de suma importância o papel do Estado como incentivador desse movimento de
economia solidária e de autogestão, o que é feito através da Lei 5764/71, que define a Política Nacional
de Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas. De acordo com Art.1°, do
capítulo I, desta lei compreende-se como “Política Nacional de Cooperativismo a atividade decorrente
de iniciativas ligadas ao sistema cooperativo, originárias de setor público ou privado, isoladas ou
coordenadas entre si, desde que reconhecido seu interesse público.” Tal lei permite que as pessoas físicas
ou jurídicas se organizem entre si com o mesmo objetivo econômico para formarem cooperativas.
Nesta perspectiva, como forma de buscar uma emancipação social e econômica e fazer frente ao
sistema atual, as cooperativas tornam-se uma alternativa muito importante diante da crise do capitalismo.
No entanto, para garantir a finalidade e o funcionamento de forma séria dessas cooperativas, é
necessário haver mais políticas públicas, no que diz respeito à fiscalização de suas normas, assim como
deve haver maiores investimentos econômicos.

Justificativa

A economia contemporânea, está fortemente ancorada em um modelo econômico tradicional.


Incontestavelmente verifica-se um crescimento econômico avassalador, mas, de outro lado, o
crescimento social e sustentável tem sido relegado a segundo plano, comprometendo o tecido social e
econômico, visto, como consequência, o surgimento de muitos desafios relacionados à exclusão social e
econômica. Por conta disso, é importantíssimo fomentar uma discussão visando alternativas factíveis a
esta crise crescente. É necessário buscar soluções inovadoras sobre possíveis caminhos a seguir.

Relevância

As cooperativas têm demonstrado ser uma alternativa viável e sustentável economicamente em


muitos setores. Para tanto, evidenciar que as cooperativas promovem não só a criação e distribuição de
riquezas, bem como a estabilidade e resiliência econômica, principalmente, para comunidades locais,
fomentando assim a redução das desigualdades e a promoção da inclusão econômica.

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Objetivos

As cooperativas são uma forma concreta de implementar a economia solidária. Elas podem
abranger diversos setores, tais como: agricultura, indústria, comércio, serviços, entre outros. Os objetivos
do presente artigo são: (i) evidenciar o impacto da globalização e do avanço tecnológico no crescimento
econômico, além de analisar as consequências relacionadas à empregabilidade (ii) discutir os principais
pontos e disposições dessa legislação, discutindo seu contexto histórico, propósito e impacto nas áreas
afetadas (iii) identificar a convergências e divergências entre associativismo e cooperativismo

Método

Tendo como critérios de inclusão publicações que pudessem ser localizadas na íntegra e de
forma gratuita e a partir do método de pesquisa bibliográfica, para fins de demonstrar a relevância da
investigação aqui proposta, foi realizada uma revisão teórica qualitativa tendo como base a busca por
publicações e livros que contemplassem a temática de cooperativismo. As bases de referência de dados
foram Scientific Electronic Library Online – SciELO Brasil (https://www.scielo.br/), Google
Acadêmico (https://scholar.google.com.br/schhp?hl=pt-PT) e no portal de Periódicos da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes (http://periodicos.capes.gov.br/),
combinando as palavras-chave: Cooperativismo, Globalização, Tecnologia e Objetivos de
Desenvolvimento Sustentáveis no intervalo de 2018 a 2023. Também foram realizadas pesquisas na
Internet na página da Organização das Nações Unidas (https://brasil.un.org/pt-br) e no livro
Globalização e desemprego: diagnóstico e alternativas de Paul Singer (1999).

Cooperativas: Alternativa para os desafios da globalização e dos avanços tecnológicos


Indubitavelmente a globalização e os avanços tecnológicos mudaram sensivelmente as relações
econômicas no mundo contemporâneo. Em um primeiro momento, proporcionam acesso a mercados
globais, impulsionam a eficiência produtiva, estimulam a inovação e a criação de empregos, reduzem as
barreiras comerciais, facilitam a transferência de conhecimento e melhores práticas, contribuindo assim
para o crescimento econômico, o comércio internacional e o desenvolvimento sustentável. Entretanto, a
reboque, constata-se também o aprofundamento das desigualdades sociais e econômicas, perda de
empregos devido à automação, dependência tecnológica com vulnerabilidades, dentre outros problemas.
Verifica-se que, a partir da Terceira Revolução Industrial, que acelerou bastante o processo de
globalização devido ao período de avanço tecnológico que uniu ciência e indústria, ocorreu um aumento
acelerado na produtividade do trabalho, principalmente nos setores de coleta, processamento,
transmissão e arquivamento de informações, mas também a substituição do trabalho humano por
computadores, uma crescente transferência das operações para os próprios usuários, através do
autoatendimento facilitado pelo uso generalizado de microcomputadores e muitos outros efeitos
(SINGER, 1999).
Observa-se, dentre outras mudanças significativas proporcionadas pela tecnologia, o surgimento
de novas profissões e a automação de tarefas antes desempenhadas por seres humanos, resultando assim
em empregos mais precários e menos estáveis, como contratos temporários, trabalho por tarefa, ou
empregos informais. Percebe-se que as pessoas não têm tempo suficiente para se atualizarem ou não
possuem a formação necessária para acompanhar as mudanças. Detecta-se também que o processo de
globalização estimula as empresas a buscar mão de obra em países com menores custos, o que pode
levar à exploração de trabalhadores e à falta de proteção legal adequada.
Neste novo cenário, contempla-se o crescimento do desemprego, que cria um contingente de
mão de obra excluída economicamente e pela lógica mercadológica, onde empresas são clientes e mão de
obra produto, o cliente sempre tem razão. Vale lembrar que o excesso de oferta, demanda em queda dos
preços, que no caso são os salários.

17
Não é à toa que a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), que abarcam 169 metas, como parte da Agenda 2030 (ONU,
2015), dos quais podemos destacar o ODS 8, que tem como objetivo promover o crescimento
econômico sustentável, inclusivo e sustentado, o emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para
todos.
Embora não seja tão simples equacionar uma solução, uma das alternativas ao modelo capitalista
tradicional para empresas são as cooperativas. Enquanto no modelo capitalista as empresas são
geralmente de propriedade privada e têm como objetivo principal a maximização dos lucros para os
acionistas, uma cooperativa é uma forma de organização econômica baseada na propriedade coletiva e
no controle democrático dos membros. É importante destacar que os governos desempenham um papel
crucial na criação de um ambiente favorável para o crescimento e fortalecimento das cooperativas, por
meio de políticas e programas específicos. O ODS 8 destaca a importância de políticas orientadas para o
desenvolvimento que apoiem as atividades produtivas, o empreendedorismo e o acesso a serviços
financeiros. Nesse sentido, os governos são encorajados a adotar medidas que incentivem e facilitem o
estabelecimento e a operação de cooperativas.
Neste sentido, o Brasil já vinha avançando na implementação de leis para apoiar a cooperativa.
Dentre estas, temos a lei 5764/71, que define o conceito de cooperativa como uma associação autônoma
de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas necessidades e aspirações econômicas,
sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente
controlada. Ela estabelece que as cooperativas devam ser constituídas como sociedades de pessoas, com
a participação e responsabilidade de todos os cooperados na gestão e nos resultados da cooperativa. Esta
também estabelece normas sobre os direitos e deveres dos cooperados, a organização e funcionamento
das assembleias e órgãos de deliberação, as formas de admissão e exclusão de associados, a distribuição
das sobras ou excedentes, a responsabilidade dos cooperados, entre outros aspectos relacionados à
gestão e operação das cooperativas. Ademais, também define as diretrizes para a fiscalização e controle
das cooperativas, estabelecendo, por exemplo, a obrigatoriedade de registro dos atos constitutivos das
cooperativas em órgãos competentes, como a Junta Comercial, e a fiscalização das atividades das
cooperativas por órgãos específicos.

Alguns aspectos históricos do cooperativismo no Brasil

Inegavelmente o final do século XIX foi de intensas e drásticas mudanças no cenário político,
econômico e principalmente social no Brasil. Essas transformações aconteceram principalmente pelos
dois grandes acontecimentos ocorridos à época, os quais ainda seriam dos mais importantes de nossa
história: a abolição dos escravizados e a proclamação da república (COSTA, 1988).
Mudanças tão abruptas em uma sociedade ainda em desenvolvimento trazem consigo uma série
de inovações nas quais os indivíduos à época não estavam adaptados. Fato é que tão logo ocorrerá a
abolição, assim como a mudança na forma de Estado passando de uma monarquia para uma república,
diversos problemas sociais são desencadeados, entre eles, a escassez de mão de obra.
Este fator acaba gerando outro grande evento no período pós-abolição, qual seja, a migração
europeia massiva para o Brasil. Todavia, as experiências desses povos no que tange às organizações de
trabalho no sentido de unirem-se para busca de um bem comum estavam à frente dos ideais vivenciados
e experimentados pela sociedade brasileira naquele momento.
Dessa forma, trouxeram consigo, ainda que empiricamente, valores como a liberdade de atuação
e de aglutinação dos trabalhadores no sentido de adquirirem melhores condições e poderio de
negociação junto ao empregador buscando melhores condições ao exercício de suas atividades,
princípios estes, advindos dos ideais de sindicalização já sentidos pelos europeus em ocasiões bem
anteriores à própria migração para o Brasil.
Logo, a ideia de agrupamentos para reforçar a luta em prol da defesa dos interesses comuns
ganha força no cenário nacional o qual acabara de sofrer as mudanças expostas, de tal maneira que a

18
população começasse entender que de maneira coletiva seria mais plausível e viável, além de menos
custoso, alcançar objetivos, assim como aumentar os meios de produção e consequentemente ter
melhores condições de comercialização de seus produtos que por fim, potencializa os ganhos.
Com base nesses princípios e valores, surgem então no Brasil as primeiras formas organizadas de
cooperativismo, possivelmente com a organização de funcionamento no ano de 1891 da Associação
Cooperativa dos Empregados de Limeira, no estado de São Paulo, figurando assim, como primeiro
registro histórico de uma cooperativa regularmente constituída (OCB, 1996).
Posteriormente, cerca de três anos após o surgimento desse embrionário modelo de cooperativa,
os registros apontam para o ano de 1894, com a fundação e funcionamento da Cooperativa de Consumo
de Camaragibe, no Estado de Pernambuco (OCB, 1996).
Seguindo um modelo evolutivo, já entrando no século XX, mais precisamente 1902, surgem as
primeiras experiências daquilo que hoje conhecemos como “cooperativas de crédito” com o surgimento
das caixas rurais do modelo Raiffeisen, no Rio Grande do Sul e, em 1907, são criadas as primeiras
cooperativas agropecuárias no Estado de Minas Gerais (OCB, 1996).
Como se pode observar, o cooperativismo no Brasil, ainda que tenha surgido em momento bem
posterior à idealização do modelo na Europa, logo que introduzido em solo brasileiro foi se
incorporando rapidamente nas mais diversas regiões e segmentos socioeconômicos, o que se denota
com a criação das primeiras cooperativas em distintos estados e regiões brasileiras.
Contudo, como veremos, por ser ainda um movimento primitivo, em evolução e desconhecido
da sociedade naquele momento da história, ainda não possuía nenhum tipo de regulamentação
normativa, ou seja, carecia de regras para que fosse fomentado, subsidiado e, sobretudo, protegido pelo
Estado para que pudesse crescer a alcançar sua finalidade, o que viria ocorrer somente depois de várias
décadas, com a criação da lei 5.764 de 1971, a qual consagrou as políticas públicas voltadas para o
cooperativismo e que será abordada de modo mais preciso no decorrer desse trabalho (BRASIL, 1971).

Associativismo e cooperativismo no Brasil: algumas convergências

Pretende-se neste momento trazer alguns elementos básicos que possam conceituar de forma
clara e objetiva o cooperativismo, com objetivo de que este não seja confundido com outro importante
movimento social, qual seja: o associativismo. Todavia, em que pese a distinção a ser feita, indubitável
que em diversos pontos ambos se assemelham, especialmente no que concerne à finalidade social a que
se destinam, de modo a aferir se existem eventuais pontos de convergência entre os institutos abordados.
Partindo de alguns conceitos históricos, conforme se abordou anteriormente, e para que fique
devidamente enfatizado, cooperativismo é um movimento social que tem como premissa maior a noção
de trabalho conjunto, de relações sociais de trabalho (FRANTZ, 2012).
Por sua vez, o associativismo, que se diga também figura como movimento social, está ligado ao
conceito de associação, podendo ser esta considerada como uma pessoa jurídica de natureza privada sem
fins lucrativos, em que vários indivíduos se organizam de forma democrática em defesa de seus
interesses (RAMÍREZ, 1983).
Com fincas nessa definição, é possível entender que o objetivo central de uma associação
consiste na prestação de serviços sem visar lucros com base na dupla identidade dos associados, que são,
ao mesmo tempo, donos e usuários de seus serviços (RAMÍREZ, 1983).
Em uma sucinta análise das definições básicas apresentadas é possível perceber, partindo de
conceitos básicos, ainda que superficiais, que o grande ponto em comum existente entre o associativismo
e o cooperativismo reside na função social que ambos deverão atingir, razão pela qual suas atividades e
ações devem se pautar no alcance coletivo, ou seja, na busca do bem comum como elemento
componente de uma sociedade, desapegando-se dos interesses individuais.
Aliás, segundo o ordenamento jurídico brasileiro, toda pessoa jurídica que exerça atividade
empresarial deverá cumprir uma função social, preceito implícito no Artigo 170, III da Constituição
Federal (BRASIL, 1988), em analogia a função social da propriedade, o que ao seu turno, aplica-se tanto
às cooperativas quanto às associações enquanto entidades civis de direito. É o que preconiza inclusive o

19
Código Civil Brasileiro em seu artigo 44 que atribui a condição de pessoa jurídica de direito privado às
associações e sociedades (BRASIL, 2002).
Nesse sentido, resta indubitável que um dos grandes pontos de harmonia entre cooperativas e
associações reside no cumprimento de sua função social, logo, apesar de suas finalidades possuírem
distinções que serão tratadas no transcurso dessa explanação, não se pode negar que esta é sua grande
confluência, ou seja, melhorar as condições de vida da coletividade envolvida, contribuindo de forma
significativa para o desenvolvimento local e regional.
Atrelada à função social, tem-se um conjunto de objetivos e metas que devem ser alcançadas por
ambas as instituições para garantirem não só o cumprimento da famigerada função social, mas também
seus próprios propósitos, no sentido de proporcionar desenvolvimento social, econômico, cultural e
ambiental.
Dentre esse somatório de objetivos que acabam por associar cooperativismo e associativismo,
ainda é possível destacar a criação de empregos, geração de renda, contribuição para o desenvolvimento
econômico, social e cultural do entorno, adoção de práticas sustentáveis e respeito aos direitos
fundamentais (RAMIREZ, 2023).
Importante ainda destacar que do ponto de vista legal, no que se refere a sua criação, formação,
funcionamento e registro, também existem elementos que aparelham os institutos cooperativos e
associativos.
Isso por que para que surjam como entidades civis detentoras de direitos (BRASIL, 2002), ambas
precisam cumprir solenemente com as exigências legais estando sujeitas ao cumprimento do
ordenamento jurídico, devendo para tal, criar seus atos constitutivos com respectiva aprovação e registro
nos órgãos públicos, além da necessidade de obter, junto ao poder público, as respectivas autorizações
de funcionamento, tudo com base na finalidade a que se propõe.
Para além desses aspectos confluentes, existem também os que se aglutinam em face ao seu
surgimento, partindo de um contrato ajustado por conjunto de pessoas dispostas a organizar esforços
para a realização de uma finalidade comum, e que, quando se constituem plenamente dentro dos
requisitos legais, são pessoas jurídicas distintas das pessoas físicas dos seus associados (RAMIREZ,
2023).
Por fim, consigna-se ainda que todas se caracterizem como pessoas jurídicas, e, portanto, gozam
dos atributos de denominação, capacidade jurídica, domicílio, patrimônio e nacionalidade (RAMIREZ,
2023).
Destarte, apesar de todos os aspectos em comum até aqui observados, importante ressaltar que
as instituições não se confundem, principalmente quando se leva em consideração o fator econômico
lastreado na lucratividade das cooperativas, sendo este preponderante na convergência entre ambos.

Associativismo e cooperativismo no Brasil: algumas divergências

Nessa parte do estudo, não se pretende criar um paradoxo entre cooperativas e associações, de
maneira que não será analisado se uma irá se sobrepuser a outra, ou ainda, se um modelo é mais
vantajoso que o outro. Dessa forma, buscar-se-á demonstrar de fato que os modelos, apesar de
possuírem diversas semelhanças, inclusive como demonstrado no que tenha pertinência à finalidade
social a que se destinam, não podem ser confundidos, eis que algumas elementares básicas existentes em
cada uma irá se encarregar de realizar tal diferenciação, o que é o foco da abordagem neste momento.
Nesse sentido, o cerne da questão encontra-se justamente no escopo por elas proposto, sendo
que enquanto as cooperativas possuem finalidade estritamente econômica e comercial, visando aumento
da produção e lucratividade dos cooperados e da região envolvida, ao seu turno as associações não têm
finalidade comercial, volvendo-se para ações sociais que vão desde a defesa dos interesses de classe e de
seus associados, passando por atividades que promovam cultura, assistência social, representação política
e mesmo ações filantrópicas (PAES, 2018).

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Na concepção de regulamentação legislativa também reside um fator que merece destaque e que
faz com que as diretrizes normativas em favor das cooperativas sejam mais densas do que as que tutelam
as associações.
Significa dizer que apesar dos dois modelos de instituição estarem devidamente protegidos pela
legislação brasileira, no que se refere a sua constituição, organização, funcionamento, garantias, direitos e
deveres, não se pode olvidar que as cooperativas possuem um arcabouço legislativo mais completo que
as associações, inclusive com suas políticas públicas sendo criadas e definidas por lei federal (BRASIL,
1971).
Nesse sentido, temos em 16 de dezembro de 1971 a sanção da lei 5.467, a qual instituiu as
políticas públicas nacionais do cooperativismo e o regime jurídico das cooperativas (BRASIL, 1971),
bem como ainda podemos encontrar demais diplomas legais regulamentadores das cooperativas, a rigor
da Constituição Federal em seu artigo 5º, incisos XVII a XXI e artigo 174, §2º (BRASIL, 1988) bem com
em diversas disposições do Código Civil (BRASIL, 2002).
Entretanto, não significa que o legislador somente se preocupou em regulamentar as
cooperativas, eis que também possuem anteparo jurídico, direitos, deveres e garantias e orientam sua
existência e funcionamento, contendo regras na Constituição Federal em seu artigo 5º, incisos XVII a
XXI e artigo 174, §2º (BRASIL, 1988), e ainda, também regrada no Código Civil (BRASIL, 2002), assim
como as cooperativas.
No aspecto legal, é possível a constatação de que houve a preocupação do Estado em criar
normas cogentes que fomentam e permitem a regular constituição de ambos os institutos, porém, não se
pode negar que as cooperativas possuem maior salvaguarda em função de possuírem legislação própria
que as orientem e organizem distintamente das associações cuja normativa não se encontra presente em
legislação específica, mas não deixa de ser protegida pelo ordenamento.
Ademais, não menos importante é o fato de que nas associações, o patrimônio, assim como o
capital auferido não pertence aos associados, mas deverão ser destinados à sociedade, logo, havendo
percepção de ganhos além do capital inicial, esses não retornam aos membros, de modo que eventuais
“sobras” de recursos não lhes são retornadas (CREFITO, 2010).
Entretanto, nas cooperativas, ocorrendo tal situação, os valores serão rateados aos seus pares na
proporção de sua participação, de modo que o lucro obtido em sua finalidade econômica e comercial
venha atingir a todos os cooperados (CREFITO, 2010).
Não obstante a reflexão realizada até ser de suma importância para melhor compreensão do
problema ventilado, oportuno ainda tecer algumas considerações sobre o marco legal das políticas
públicas voltadas para o cooperativismo, o que passaremos a expor no tocante a esse trabalho.

Considerações acerca das políticas nacionais de cooperativismo

Como se pode perceber, os ideais cooperativistas no Brasil tem seu nascedouro ainda nos idos
do final do século XIX, ganhando forma já na parte inicial do século XX, advindo das concepções
europeias sobre a organização de grupos para atuação em conjunto na defesa de seus interesses (ALVES,
2003).
Porém, por se tratar de acontecimento totalmente inovador na sociedade brasileira, foi sendo
moldado e aperfeiçoado por décadas ainda sem a devida regulamentação normativa, isto é, sem regras
que tivessem como função garantir proteção e efetividade ao cooperativismo no Brasil.
Somente na década de 70, precisamente em 16 de dezembro de 1971, entra em vigor a lei nº
5.764, sancionada pelo então presidente Emílio Garrastazú Médici, qual tem como finalidade instituir as
políticas nacionais de cooperativismo e também o regime jurídico das cooperativas, no que tenha
pertinência a sua formação, organização e funcionalidade (BRASIL, 1971).
Desde então a temática é tutelada pelo Estado, de modo que as diretrizes nacionais básicas
relativas à própria existência das cooperativas encontram-se estabelecidas neste diploma legal. Por tais
razões, convém destacar alguns dos principais pontos dessa legislação, permitindo melhor compreensão

21
sobre o tema e ainda, de modo a proporcionar uma análise mais completa sobre a sua eficácia no intuito
de reger a organização cooperativa no Brasil.
Em cognição sumária, a lei outorga como dever do Estado “a coordenação e o estímulo às
atividades de cooperativismo no território nacional” (BRASIL, 1971), sendo, pois, o radical da norma,
ou seja, a razão que levou o legislador a criar tal legislação, considerando não somente a criação de
critérios para formação de cooperativas, mas, também impondo o dever ao poder público de ser
motivador das práticas cooperativistas.
De grande relevância também o estabelecimento da natureza jurídica das cooperativas, como
sendo pessoas jurídicas na forma de instituições civis, detentoras de direitos na forma do artigo 1° do
Código Civil (BRASIL, 2002). Assim sendo, deverão ter seus estatutos sociais e atos sociais registrados
em Cartório (ALMEIDA, 2006).
Mais adiante, imperioso destacar, como grande cerne da legislação ora exposta, os princípios
implícitos apresentados no rol do artigo 4º do diploma exposto, eis que, além de destacar a principiologia
em que deve se basear o cooperativismo no Brasil em seu aspecto organizacional e funcional, também
traz importante distinção, o que já foi esposado neste estudo, entre cooperativa e outras formas de
associação.
Neste diapasão, merece destaque, a garantia da liberdade assegurada pela lei, no sentido de que a
adesão seja livre, impondo a liberdade positiva, bem como também o cooperado é livre para realizar a
desfiliação, incorrendo na chamada liberdade negativa (BULGARELLI, 2000).
Ainda nesse contexto, importante livre adesão levará a observância de dois outros valiosos
paradigmas que são encontrados no modelo cooperativista, sendo nos dizeres de BULGARELLI (2000,
p. 13) “a voluntariedade pelo qual ninguém pode ser coagido a ingressar em uma cooperativa ou dela
não pôde sair, e o da porta-aberta, cuja função é permitir o livre ingresso na cooperativa, desde que
atendida as exigências estatutárias”.
A legislação ainda inova ao aspirar nas normas cooperativistas os ideais democráticos,
assegurando aos seus membros o direito de participação direta garantindo a cada associado o direito a
voto, valorizando as decisões colegiadas e fomentando a inclusão em caráter igualitário de todos, zelando
ainda para que os filiados possam participar também do pleito de escolha dos cargos de gestão
(BULGARELLI, 2000).
Outro ponto de destaque colacionado pela sanção da lei, o qual foi objeto de discussão em
relação às distinções entre associação e cooperativa, reside na chamada “distribuição do excedente pro
rata das transações dos membros”(BULGARELLI, 2000); de modo que cada qual possa obter retorno
na medida de sua quota participativa do produto das atividades econômicas exercidas, premissa essencial
para garantir o fortalecimento da cooperativa ante eventuais adversidades do mercado.
Com fito de velar pela não discriminação e pelo tratamento isonômico e igualitário, com ênfase
claramente na liberdade de associação, a lei tratou de assegurar a neutralidade política e religiosa, de
modo a compelir qualquer atuação de cunho político, a bem da ordem e bom funcionamento do grupo
cooperado, evitando ainda, diversidades de caráter religioso que também coloque em risco a harmonia
essencial para os bons resultados almejados (BULGARELLI, 2000).
Por derradeiro, mas não menos importante, tem-se o princípio basilar, também norteador da lei,
consistente no desenvolvimento da educação. Já se sabe que a cooperativa precisa atingir sua finalidade
social enquanto instituição que exerce atividade empresarial, logo, deve voltar para a sociedade de forma
retributiva algo que vem gerar desenvolvimento, nesse sentido, a educação figura como um destinatário
importante na recepção de benefícios, inclusive da iniciativa privada, para que se torne a base de uma
sociedade desenvolvida.
Convém ainda enaltecer que esse aspecto destaca BULGARELLI, (2000, p. 13):

Permite ao homem a aquisição de conhecimentos indispensáveis e formação necessária


para a atuação no movimento cooperativista como consequência direta do ideal
cooperativo, o qual tem como meta básica o aperfeiçoamento do ser humano.

22
Por fim, é preciso entender que a sociedade é dinâmica, logo, mudanças no panorama social
ocorrem a todo o momento, surgidas de diversos fatores, principalmente do campo da pesquisa,
especialmente com inovações tecnológicas e novas técnicas que sempre aperfeiçoarão métodos que
possibilitem aos indivíduos melhores condições para alcançar os resultados esperados.
Assim, as mudanças na sociedade contemporânea ensejam consequentemente alterações em
diversos segmentos, inclusive no âmbito legislativo, de modo que as leis sejam capazes de alcançar de
modo eficaz essa evolução social e resguardar os interesses e necessidades surgidas com tais
aprimoramentos.
Por isso, os novos modelos de cooperativas carecem de novos aportes na legislação existente,
contudo, não se pode negar o fato de que sua edição figura como marco histórico e fundamental ao
desenvolvimento do cooperativismo no Brasil.

Conclusão

Conclui-se que a lei 5764/71, proporcionou as diretrizes da economia solidária, a fim de


viabilizar o exercício dos direitos dos trabalhadores associados às cooperativas. Através da atividade da
economia solidária, amparada por lei, implementada por constitucionalização oferecida pelo Estado, foi
possível o reconhecimento e a diferenciação do trabalho associado em relação ao trabalho formal.
É importante ressaltar, que a legislação não deve permanecer engessada dentro de si mesma,
visto que, a sociedade está em constante mutação e as cooperativas espelham as necessidades de cada
sociedade e de onde ela se localiza.
As leis, portanto, passam por diversas transformações ao longo do tempo e sempre buscam
atender da melhor forma as evoluções sociais.
Verifica-se que a atividade da economia solidária, também fomenta a igualdade econômica e
social, fundamentais na inclusão das pessoas e das comunidades, gerando crescimento econômico e
diminuindo a pobreza e a exclusão social consequentemente.
Referências

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Quartier Latin, 2006.

ALVES, F. A.; MILANI, I. A. Sociedades Cooperativas: regime jurídico e procedimentos legais para
constituição e funcionamento. Ed. 2º. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003.

BULGARELLI, W. As Sociedades Cooperativas e a sua Disciplina Jurídica. São Paulo: Renovar, 2000.

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seção 1, Brasília, DF, ano 139, n.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n° 5.764, de 16 de
dezembro de 1971. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12773.htm>. Acesso em: 25 mai.
2023.

CARVALHO, M. C. Autogestão, Economia Solidária e Cooperativismo: Uma análise de Experiência


Política da Associação Nacional de Trabalhadores e Empresas de Autogestão. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal de Juiz de Fora. 2012.

23
COSTA, E. V. A Abolição. Col. História Popular, coordenação de Jaime Pinsky. São Paulo:
Global Editora, 1988.

CREFITO. Diferenças entre cooperativismo e associativismo. 2010. Disponível em:


https://www.crefito8.gov.br/pr/index.php/associacoes-e-cooperativas/129- servicos/associacoes-e-
cooperativas/477-diferencas-associacoes-e-cooperativas. Acesso em 27 de mai. 2023.

FRANTZ, W. Associativismo, cooperativismo e economia solidária. Ijuí: Ed. Unijuí, 2012.

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PAES, J. E. S. Fundações, associações e entidades de interesse social: aspectos jurídicos, administrativos,


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11, 1983.

SINGER, P. Globalização e desemprego: diagnóstico e alternativas. São Paulo: Contexto, 1999.

24
AUTOGESTÃO - UM CAMINHO PARA A EMANCIPAÇÃO DOS
TRABALHADORES POR MEIO DE COOPERATIVAS

Rodrigo Carvalho Gama


Simone Pereira de Siqueira
Stella Maris Monteiro
Kátia Eliane Santos Avelar
Eduardo Winter

Analistas, como Pochmann (2001), destacam que o Brasil passava, nos anos 1990, pela mais
grave crise do emprego de toda sua história, superando até mesmo a transição do trabalho escravo para
o assalariado e a depressão econômica de 1929. O movimento de desestruturação do mercado de
trabalho revelava a natureza e a dimensão da crise. Os principais componentes dessa desestruturação
eram a presença do desemprego em praticamente todos os segmentos e em larga escala; a regressão dos
postos formais de trabalho e a destruição dos postos de trabalho de melhor qualidade, não tendo a
mesma contrapartida em relação aos empregos criados. Em concomitância ao crescente desemprego e
precarização do trabalho, novas formas de inserção no mercado, visando a geração de trabalho e a busca
pela renda, passaram a ser criadas.
Diante da situação de precariedade do trabalho e do desemprego, os trabalhadores procuram
criar alternativas que os levem à inserção no trabalho. Uma das modalidades tem sido a economia
solidária que, para Singer (2003), constitui-se como uma forma de acesso aos trabalhadores
marginalizados do mercado de trabalho, unindo o princípio de posse e uso dos meios de produção e
distribuição, com o princípio da socialização desses meios, gestão democrática, repartição da receita
líquida entre os integrantes (cooperados) e destinação do excedente anual (sobras).
Avançando nas reflexões, procuramos qualificar o que seria a autogestão praticada nestas
unidades, para perceber quais as características que a afastariam da heterogestão, a praticada em
empresas capitalistas. Em Albuquerque (2003, p. 20), encontramos:

Por autogestão, em sentido lato, entende-se o conjunto de práticas sociais que se


caracteriza pela natureza democrática das tomadas de decisão, que propicia a autonomia
de um “coletivo”. É um exercício de poder compartilhado, que qualifica as relações
sociais de cooperação entre pessoas e/ou grupos, independentemente do tipo das
estruturas organizativas ou das atividades, por expressarem intencionalmente relações
sociais mais horizontais.

A autogestão é a administração de uma organização pelos seus participantes, em regime de


democracia direta, pode ser representado por uma gerência, direção ou conselho gestor, sendo de grande
valia em muitas empresas, trazendo mudanças nas relações de trabalho, permite ao trabalhador a
capacidade de tomada de decisão de suas atividades, é um modelo de gestão que valoriza o trabalho em
equipe e a criatividade. Significa gestão pelos próprios trabalhadores das suas reivindicações e das suas
lutas, tomando consciência nesse processo de que podem gerir empresas e a sociedade.
Um modelo de gestão poderia ser definido como um conjunto de princípios e definições que
decorrem de crenças específicas e traduzem o conjunto de ideais, crenças e valores dos principais
executivos, impactando assim todos os demais subsistemas empresariais; é, em síntese, um grande
modelo de controle, pois nele são definidas as diretrizes de como os gestores vão ser avaliados, e os
princípios de como a empresa vai ser administrada (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 1997).
Segundo a Organização das Cooperativas do Brasil (Sistema OCB), Cooperativismo trata-se de
uma filosofia de vida na qual o objetivo primordial é a união dos desenvolvimentos econômico e social.

25
Assim, caminha-se para a transformação do mundo, com forte atuação local, mas também contribuindo
para o global.
Na prática, estamos falando da união de forças de trabalhadores ou consumidores. Cada vez
mais, o cooperativismo aponta para o coletivismo aliando produtividade e sustentabilidade, nos mais
diversos ramos de atuação.
O presente trabalho tem como objetivo criticar as relações tradicionais de trabalho, as quais
alienam as forças de produção, e vem despertar nova consciência sobre a necessidade de uma nova
perspectiva nos meios de trabalho, colocando o trabalhador como protagonista da gestão, no formato
coletivo, em processo de autogestão, colaborativo, participação social, economia solidária e
cooperativismo, tendo como finalidade maior sua autonomia social e emancipação.

Metodologia

Trata-se de um estudo realizado por meio de pesquisas descritivas. A coleta de dados foi
realizada com base em consulta a livros físicos, bem como utilização da base de dados Scielo, LexML
Brasil, pela leitura de artigos publicados no período dentre 2012 e 2023. As palavras-chave utilizadas
foram as seguintes: “Economia solidária”, capitalismo, autogestão e cooperativismo.
A amostra apresentada reuniu as publicações dos artigos e livros que foram selecionados a partir
de uma leitura prévia dos títulos e resumos. Os critérios de inclusão foram: 1) Ano da publicação (foram
utilizados artigos selecionados a partir de 2012, quando se iniciaram as pesquisas e pautas ambientais
ligadas a agenda 2030), 2) modelo de produção científica (foram selecionados livros e artigos científicos),
3) Tema da publicação (os artigos têm temas compatíveis com o objetivo deste trabalho), os critérios de
exclusão adotados foram: 1) Artigos que destoavam da temática, 2) Artigos não contemporâneos ao
trabalho, que foram publicados antes do período que interesse a pesquisa.

Relações trabalhistas

As relações trabalhistas no Brasil sofrem grandes mutações desde a sua instituição, foram
perpassados períodos da instituição da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), posteriormente foram
sofridas mudanças significativas nos governos Collor e Fernando Henrique Cardoso, até, por fim,
chegarmos ao período atual, onde recentemente vivemos duas grandes reformas que impactaram nas
relações de trabalho e na qualidade de vida do empregador, a reforma trabalhista em 2017 (lei nº
13.467/2017) e a reforma previdenciária Emenda Constitucional 103 de 2019.
Almeida (1988 p. 37) narra que:

O sistema de regulação do trabalho no Brasil é um capítulo central na própria história


das instituições políticas do país. Seu nascedouro acompanha as correntes ideológicas,
as disputas e as lutas políticas e policiais, e a atividade legislativa que puseram em
debate os preceitos do liberalismo econômico e da intervenção estatal desde final do
século XIX até início dos anos de 1930, quando Vargas assume o comando do Estado.
A política de substituição de importações, planejada e implementada sob a égide de um
Estado forte e centralizador, fez incorporar, especialmente depois de 1945, o padrão
produtivo e tecnológico dominante nos países mais industrializados, facilitando a
acumulação capitalista no país pelo controle e a integração limitada da classe operária.

A CLT consolidava um conjunto de leis arbitrando o uso do trabalho na indústria nascente e


restringindo a liberdade de contratação das empresas: limitação da jornada de trabalho em 48 horas,
proibição do trabalho de menores de 14 anos, regulamentação do trabalho feminino, remuneração
obrigatória da hora extra, descanso e férias remuneradas, condições de salubridade e proteção contra
acidentes de trabalho, elevada indenização por dispensa imotivada, o que regulava a estabilidade no
emprego para indivíduos com mais de dez anos de trabalho, entre outros.

26
Nos anos 1990 com o crescimento das políticas neoliberais se iniciou a precarização do trabalho,
a agenda econômica trazia consigo diversos planos de desestatização de empresas públicas e sociedades
de economia mista e até mesmo planos de demissão voluntária para empegados.
Castro (1995, p.115) destaca que:

[...] no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, editou-se um pacote de


medidas legislativas que alterava regras trabalhistas básicas, como o vínculo contratual,
a jornada e o salário. Assim, o contrato de trabalho por tempo determinado, o trabalho
em tempo parcial, a suspensão temporária do contrato de trabalho por motivos
econômicos, o banco de horas, a participação nos lucros e resultados das empresas, a
redução do salário com redução da jornada, entre outros, passaram a fazer parte do rol
de possibilidades legais de mudança nos contratos de trabalho. Em seu conjunto, essas
medidas representaram um verdadeiro desmonte dos direitos de proteção ao trabalho e
um retrocesso no espaço recentemente conquistado pelo movimento sindical.

O cenário atual é ainda mais precário para as relações de trabalho, visto que, como foi destacado
no início deste estudo, a qualidade de trabalho e qualidade de vida do empregador contemporâneo foi
afetada ainda pelas recentes reformas trabalhista e previdenciária.
Hoje há uma crescente celeuma para o empregador moderno, que se trata da ‘uberização’ do
trabalho, Este tipo de utilização da força de trabalho pode ser compreendido como a consolidação do
trabalhador como um ‘trabalhador just-in-time’ (ABILIO, 2017, 2018, 2019; DE STEFANO, 2016), ou
seja, o empregador encontra-se a disposição da empresa, no entanto sem nenhum tipo de garantia.
O atual cenário é preocupante, a derrocada dos direitos trabalhistas e instabilidade das relações
do trabalho têm sido cada vez maiores, portanto, têm surgido cada vez mais modelos de autogestões e
métodos de economia participativa, a fim de que se mitiguem os efeitos deletérios das reformas
trabalhistas e previdenciária.
As cooperativas de trabalho têm como definição, segundo Pinho (1984) que, são organizações de
pessoas físicas, reunidas para o exercício profissional comum, em regime de autogestão democrática e de
livre-adesão, tendo como base primordial o retorno ao cooperado do resultado de sua atividade
laborativa, deduzidos exclusivamente os custos administrativos, a reserva técnica e os fundos sociais.
No século XX, muitas empresas, após passar por uma crise financeira, fecharam suas portas
causando um alto índice de desemprego, outras empresas conversaram com seus funcionários para que
assumissem a direção e a dívida das empresas. Assim surgiu a proposta da autogestão, os trabalhadores
não poderão assumir essas dívidas, mas encontraram uma solução que foi fundar cooperativas de
trabalhos, que começaram a ser demandadas pelas entidades interessadas a terceirizar, onde os trabalhos
eram distribuídos e executados pelos cooperados.
Embora o conceito de autogestão tenha várias interpretações, está muito ligada à autonomia e
democracia nas relações sociais de trabalho. Onde a gestão é feita pelos próprios trabalhadores tomando
consciência nesse processo de que podem gerir a empresa e a sociedade.
É a administração de uma organização pelos seus participantes, em regime de democracia direta,
podendo ser representados por uma gerência, direção ou conselho gestor, sendo de grande valia em
muitas empresas, trazendo mudanças nas relações de trabalho, permite ao trabalhador a capacidade de
tomada de decisão de suas atividades, é um modelo de gestão que valoriza o trabalho em equipe e a
criatividade.
Com menos hierarquias e mais democracia nas tomadas de decisão, há uma maior participação e
engajamento dos trabalhadores, que passam a se sentir donos do negócio e protagonistas do próprio
trabalho sendo imprescindível que haja confiança, transparência e uma boa comunicação entre as partes
envolvidas.
As decisões das cooperativas são feitas por assembleia geral, primando a decisão da maioria, ou
seja, todos participam e todos decidem, os cooperados são solidários não havendo competição e nem o
termo que ninguém é melhor que ninguém. A prática da autogestão traz um desafio que permanece até
os dias atuais, pois em muitas se tem a hierarquia próprias das empresas capitalistas. Essas comparações

27
surgem, pois, algumas cooperativas são fundadas e organizadas por empresas que falam em terceirizar o
trabalho pensando na diminuição de custos, com isso ocasiona a precarização de trabalho, pois
cooperativa está nas mãos de empresários capitalistas sem a participação dos cooperados.
Oliveira (2001) fala sobre o modelo de gestão básico para cooperativas:

A educação cooperativista, consolidada pela perfeita interação cooperado X


cooperativa; a cultura cooperativista, consolidada pela vontade de trabalhar em
conjunto; a democracia cooperativista, consolidada pela igualdade de direitos e deveres
de todos os cooperados; e o empreendimento cooperativista, consolidado pela verdade
de que, se a competição é inevitável, a cooperação é essencial (OLIVEIRA, 2001, p.
34).

Assim, seguindo esse modelo, as cooperativas conseguiram criar uma autogestão entre seus
cooperados, pois a autogestão é gerir meios de produção e organização social de maneira justa e igual
com a participação de todos.
Revisando a teoria de Amartya Sen acerca da sua obra Desenvolvimento para a Liberdade,
refuta-se ainda mais a ideia da necessidade das novas formas de trabalho para o alcance da liberdade do
trabalhador pela autonomia, autogestão e, consequentemente, emancipação.
Amartya Sen, um importante economista e filósofo indiano, defende a liberdade individual como
um dos principais objetivos do desenvolvimento humano. Para ele, a liberdade é um valor intrínseco da
vida humana e deve ser protegida e promovida por todas as sociedades (SEN, 2018).
No entanto, Sen destaca que a liberdade não deve ser vista apenas em termos políticos ou civis,
mas também em termos econômicos e sociais. Ele argumenta que a pobreza, a desigualdade e a exclusão
social são grandes obstáculos para o exercício da liberdade individual, pois limitam as oportunidades das
pessoas de alcançarem seus objetivos e desenvolverem suas capacidades.
Assim, para Sen, o desenvolvimento humano não deve ser medido apenas pela renda ou pelo
crescimento econômico, mas também pela ampliação das liberdades e capacidades das pessoas. Ele
defende uma abordagem holística do desenvolvimento, que considere não apenas os aspectos
econômicos, mas também os sociais, políticos e culturais.
Em resumo, para Amartya Sen, a liberdade do indivíduo é um valor fundamental que deve ser
protegido e promovido por todas as sociedades, mas para que isso ocorra, é preciso combater a pobreza,
a desigualdade e as injustiças sociais que limitam as oportunidades das pessoas e restringem seu potencial
de desenvolvimento humano. E uma das estratégias para o alcance dessas liberdades, é a formação
cooperativa dos trabalhadores (SEN, 2018).
O cooperativismo é um modelo socioeconômico baseado na cooperação, solidariedade e
autogestão dos membros. Através dele, os indivíduos se organizam em uma estrutura coletiva que lhes
permite acessar recursos e serviços que, individualmente, seriam inacessíveis.
Dessa forma, o cooperativismo tem a capacidade de emancipar os indivíduos ao permitir que eles
tenham maior controle sobre suas vidas e sobre os recursos que os cercam. Ao serem donos e gestores
do próprio negócio, os membros de uma cooperativa podem tomar decisões coletivas que beneficiam a
todos, aumentando o poder de barganha e reduzindo a dependência de intermediários.

Conclusão

Desde o início da origem do ser humano existe o trabalho, o homem começou a produzir suas
próprias ferramentas para conseguir alimento. Assim a cada década o trabalho vai se modernizando de
acordo com as necessidades e inovações do tempo. No século XX surgem as cooperativas que são
sociedades formadas por pessoas e geridas de forma democrática e participativa, com objetivos
econômicos e sociais em comuns.

28
A autogestão nas cooperativas é uma forma de democracia e igualdade entre todos, é a gestão
pelos próprios trabalhadores tendo a consciência de que podem gerir a cooperativa e a relação de
trabalho.
Por meio do cooperativismo, os indivíduos desenvolvem habilidades empreendedoras e de
gestão, se tornando mais autônomos e capazes de tomarem decisões informadas e responsáveis sobre
seu futuro. Além disso, muitas cooperativas são criadas em regiões em que há poucas oportunidades de
trabalho ou em que a economia é precária, funcionando como um instrumento de desenvolvimento local
e regional.
Portanto, a emancipação dos trabalhadores por meio do cooperativismo se dá pela sua
capacidade de permitir que indivíduos se unam em um esforço coletivo, gerando benefícios econômicos,
sociais e culturais a todos os envolvidos.

Referências

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ODonnell e F. W. Reis (orgs.). A democracia no Brasil, dilemas e perspectivas, São Paulo, Vértice, 1988.

CASTRO, N. Reestruturação produtiva, novas institucionalidades e negociação da


flexibilidade. São Paulo em Perspectiva, 11 (1), jan.-mar, 1977.

DE STEFANO, V. The rise of the just-in-time workforce: On-demand work, crowdwork and . 2016. Disponível
em: <https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_protect/---protrav/---travail/documents/
publication/wcms_443267.pdf>. Acesso em: 27 mai. 2023.

SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Editora Companhia das letras, 2018.

GONÇALVES, C. S.; RANGEL, L. H. V.; DE ARAÚJO, R. B. Gestão e autogestão


cooperativista: Um Estudo de Caso na Cooperativa de Trabalho COOMSER. Encontro Internacional de
Gestão, Desenvolvimento e Inovação (EIGEDIN), v. 2, n. 1, 13 dez. 2018.

CARVALHO, Mariana Costa. Autogestão, Economia solidária e Cooperativismo: uma análise da


experiência política da Associação Nacional de Trabalhadores e Empresas de Autogestão. 2012. 116 f. Juiz de Fora,
MG. Dissertação de mestrado em Serviço Social do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da
Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, 2012.

29
SUPERATION ET EMANCIPATION: ELEVAR-SE OU LIBERTAR-SE
COMPLETAMENTE - CAMINHOS DO COOPERATIVISMO PARA
ENFRENTAR A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO

Geíssa Martha Antunes Pereira


Gilmar Jophilis dos Santos
Hernani Barbosa Lopes
Humberto Negrão Teixeira Fernandes
João Marcelo Ribeiro de Souza
Agnaldo José Lopes

A precarização do trabalho é uma realidade preocupante em diversos setores da economia.


Trabalhadores enfrentam baixos salários, falta de benefícios sociais e condições de trabalho
desfavoráveis. A busca incessante por redução de custos e maximização dos lucros reforça o
comportamento das empresas a adotarem práticas que exploram e desvalorizam os trabalhadores,
comprometendo sua qualidade de vida e seu bem-estar. Nesse sentido, as cooperativas representam a
superação do trabalhador que almeja trabalhar e atingir o bem/estar social.
A pesquisa busca justificar a importância de analisar não apenas o papel das cooperativas na
promoção de um sistema justo de trabalho, mas também as medidas legais e os mecanismos de controle
para evitar abusos fiscais, através do potencial das cooperativas em enfrentar a precarização do trabalho.
Dessa forma, essa pesquisa busca valorizar a participação ativa dos trabalhadores no intuito de alcançar
condições dignas de trabalho, bem como refletir sobre o uso indevido das cooperativas por algumas
empresas para reduzir custos e sonegar impostos.
É fundamental analisar não apenas a importância das cooperativas na promoção de um sistema
justo de trabalho, mas também as medidas legais e os mecanismos de controle que visam evitar abusos
fiscais nesse contexto. O Brasil possui uma legislação específica para regular o funcionamento das
cooperativas e garantir a sua transparência e conformidade com as leis vigentes. Essas medidas, aliadas a
uma fiscalização efetiva, são essenciais para fortalecer o cooperativismo e garantir que ele cumpra seu
propósito de enfrentar a precarização do trabalho e promover relações mais justas e igualitárias.

Objetivos

No atual cenário de trabalho, marcado pela crescente precarização das relações laborais, o
cooperativismo surge como uma alternativa promissora para promover a justiça e a emancipação dos
trabalhadores. Diante de um contexto em que os direitos trabalhistas são frequentemente desrespeitados
e os trabalhadores enfrentam condições de trabalho precárias, as cooperativas representam uma
abordagem inovadora e transformadora. O nosso objetivo é observar, a partir da literatura, a visão do
trabalhador sobre o quanto as cooperativas podem contribuir para solução dos problemas relacionados à
precarização do trabalho, de forma a alcançar a superação que trará dignidade e prosperidade.

Questões a investigar

● Quais são as condições de trabalho das cooperativas brasileiras?


● Quais direitos trabalhistas são assegurados aos trabalhadores de cooperativa?
● Como é colocado em prática o associativismo e o cooperativismo no Brasil?

30
Hipóteses

● As cooperativas surgem como uma alternativa para enfrentar a precarização do trabalho e


promover uma abordagem mais justa e igualitária.
● Ao adotarem o princípio da autogestão, as cooperativas valorizam a participação ativa dos
trabalhadores nas decisões, estimulam o senso de coletividade e buscam garantir condições
dignas de trabalho.
● Uso indevido das cooperativas por parte de algumas empresas para reduzir custos, sonegar
impostos e burlar obrigações trabalhistas, bem como elisão fiscal e precarização disfarçada.

Método

Trata-se de uma breve revisão narrativa de literatura. A pesquisa foi realizada em plataforma
online, ferramentas como Google Acadêmico, Bing e Scielo, utilizando as seguintes palavras-chave:
“cooperativismo”, “cooperativa de trabalho”, autogestão, “cooperativa de mão de obra”, “precarização
do trabalho”, “economia solidária” e “educação”. Após esta etapa, foi realizada a leitura de artigos cujo
conteúdo correspondia à proposta do presente estudo.

Resultados e discussão

Nos documentos pesquisados pela Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), calcula-se
que uma em cada sete pessoas no mundo pertencem a uma cooperativa. No mundo o número de
cooperativados chega a um bilhão. Em nosso país, o número de famílias agrícolas no campo ultrapassa 1
milhão, que compõem os 15 milhões de brasileiros cooperativados. As cooperativas movimentam cerca
R$ 600 bilhões.
O modelo cooperativo se baseia na autogestão e na participação democrática, colocando os
trabalhadores como protagonistas de suas próprias atividades econômicas. Por meio da cooperação e
solidariedade, as cooperativas visam combater a exploração e garantir melhores condições de trabalho,
assegurando a dignidade e a justiça para os seus membros. Além disso, elas têm o potencial de gerar
benefícios sociais, estimulando o desenvolvimento local e a inclusão econômica (GIONGO, 2015).
Ao adotar uma abordagem colaborativa, em contraste com o modelo tradicional de hierarquia e
exploração, as cooperativas proporcionam uma alternativa sustentável e humanizada para o mundo do
trabalho. Ao valorizar a participação ativa dos trabalhadores na tomada de decisões e na gestão dos
empreendimentos, elas contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa
(GIONGO, 2015).
No entanto, é importante reconhecer que as cooperativas também enfrentam desafios e podem
ser alvo de abusos e distorções. Algumas empresas, buscando reduzir custos e se aproveitar de brechas
legais, utilizam o formato cooperativo de forma indevida, comprometendo a integridade do modelo.
Essas práticas prejudicam não apenas os trabalhadores, mas também a sociedade como um todo, ao
permitirem a sonegação de impostos e a evasão fiscal.
Nesse contexto, as cooperativas surgem como uma alternativa para enfrentar a precarização do
trabalho e promover uma abordagem mais justa e igualitária. Ao adotarem o princípio da autogestão, as
cooperativas valorizam a participação ativa dos trabalhadores nas decisões, estimulam o senso de
coletividade e buscam garantir condições dignas de trabalho. Essa forma de organização promove a
inclusão, a solidariedade e a equidade, permitindo que os trabalhadores se emancipem e sejam agentes de
mudança em suas próprias vidas.

31
No entanto, apesar de seu potencial transformador, o modelo cooperativo enfrenta desafios
significativos. Uma questão preocupante é o uso indevido das cooperativas por parte de algumas
empresas. Essas empresas podem se aproveitar do formato cooperativo para reduzir custos, sonegar
impostos e burlar obrigações trabalhistas. Ao fazerem isso, elas distorcem o propósito original das
cooperativas, transformando-as em meros instrumentos de elisão fiscal e precarização disfarçada.
Essas práticas ilegítimas não apenas prejudicam os trabalhadores que são aliciados e inseridos em
cooperativas fraudulentas, mas também geram distorções no mercado, prejudicando empresas que agem
de forma ética e comprometida com o bem-estar de seus colaboradores. Além disso, a sonegação de
impostos promovida por meio do uso indevido das cooperativas afeta diretamente a arrecadação do país,
impactando negativamente a capacidade do Estado de investir em serviços públicos e promover o
desenvolvimento social e econômico.
Diante desse problema, é necessário adotar medidas efetivas para combater os abusos e garantir
a integridade do modelo cooperativo. Isso requer um esforço conjunto dos órgãos governamentais, dos
trabalhadores, das cooperativas e da sociedade como um todo. Ações como a fiscalização rigorosa das
atividades cooperativas, a aplicação de punições adequadas para empresas infratoras e a conscientização
sobre os princípios e benefícios do cooperativismo são fundamentais para enfrentar esse desafio e
assegurar que as cooperativas cumpram o seu papel de promover relações de trabalho justas e
equilibradas (ALCÂNTARA, 2014).
Para garantir a eficácia do cooperativismo como instrumento de superação da precarização do
trabalho e evitar abusos fiscais, o Brasil possui uma legislação específica. A Lei nº 5.764/1971 estabelece
as bases para a constituição e o funcionamento das cooperativas no país, visando à transparência, à
participação democrática e à distribuição justa dos resultados. Essa legislação estabelece requisitos claros
para a formação e o registro das cooperativas, além de definir direitos e responsabilidades dos
cooperados.
Além da legislação, é fundamental que haja uma fiscalização efetiva por parte dos órgãos
competentes. É necessário monitorar as atividades das cooperativas, assegurando que estejam em
conformidade com a legislação e que não estejam sendo utilizadas indevidamente para fins de evasão
fiscal ou precarização disfarçada. Os órgãos fiscalizadores devem ter recursos adequados e profissionais
capacitados para identificar e combater as práticas abusivas, garantindo a integridade do modelo
cooperativo (ALCÂNTARA, 2014).
Ademais, é essencial promover a conscientização e a educação sobre os princípios do
cooperativismo, tanto entre os trabalhadores quanto nas empresas. Os trabalhadores devem ser
informados sobre seus direitos, as vantagens de se associarem a uma cooperativa e como identificar
possíveis abusos. Por sua vez, as empresas precisam compreender que as cooperativas não devem ser
utilizadas como uma forma de reduzir custos ou burlar obrigações trabalhistas e fiscais. A disseminação
do conhecimento sobre o cooperativismo contribui para fortalecer a cultura cooperativista e prevenir
práticas inadequadas.
Além das ações educativas, é importante promover a cooperação e o diálogo entre os diferentes
atores envolvidos. O estabelecimento de parcerias entre cooperativas, sindicatos, entidades
governamentais e outras organizações pode fortalecer o sistema cooperativo e ampliar sua capacidade de
enfrentar a precarização do trabalho. A troca de experiências, a capacitação conjunta e a criação de redes
de apoio fortalecem o setor cooperativista, ampliam a conscientização e promovem melhores práticas.
Por fim, é fundamental enfatizar que o sucesso do cooperativismo como uma solução para a
precarização do trabalho não depende apenas das medidas legais e das ações governamentais. A
conscientização e a mobilização dos trabalhadores são cruciais para combater abusos e fortalecer as
cooperativas como espaços de emancipação. Os próprios trabalhadores devem se engajar, denunciar
práticas irregulares e participar ativamente da gestão e do desenvolvimento de suas cooperativas,
assegurando que elas cumpram o seu papel de proporcionar condições dignas de trabalho e de contribuir
para uma sociedade mais justa e equitativa.

32
Conclusão

Podemos afirmar que o cooperativismo é a desejada superação que traz dignidade com ênfase
em prosperidade para os cooperados. O cooperativismo surge como uma alternativa promissora diante
da crescente precarização do trabalho, oferecendo um modelo baseado na autogestão, na participação
democrática e na solidariedade. Ao empoderar os trabalhadores e valorizar sua participação ativa nas
decisões e na gestão dos empreendimentos, as cooperativas buscam mitigar as desigualdades e promover
relações de trabalho mais justas e equitativas.
No entanto, para que as cooperativas cumpram seu propósito de superar a precarização do
trabalho, é necessário enfrentar os desafios que envolvem seu uso indevido e abusos fiscais. A legislação
brasileira estabelece parâmetros e requisitos para o funcionamento das cooperativas, garantindo sua
transparência e conformidade com as leis vigentes. Além disso, a fiscalização efetiva por parte dos
órgãos competentes é fundamental para evitar práticas ilegítimas e assegurar a integridade do modelo
cooperativo.
Torna-se fundamental a conscientização sobre os princípios do cooperativismo, tanto entre os
trabalhadores quanto nas empresas. A disseminação do conhecimento e a educação sobre as vantagens e
os propósitos das cooperativas fortalecem a cultura cooperativista e contribuem para prevenir práticas
inadequadas. Além disso, o estabelecimento de parcerias e redes de apoio entre cooperativas, sindicatos,
entidades governamentais e outras organizações fortalece o setor cooperativista, amplia a
conscientização e promove melhores práticas.
É importante ressaltar que o sucesso do cooperativismo na superação da precarização do
trabalho depende do engajamento ativo dos trabalhadores. Eles devem se envolver e denunciar práticas
abusivas, participar da gestão e do desenvolvimento de suas cooperativas, tornando-as espaços de
emancipação e garantindo condições dignas de trabalho. Ao trabalhar em conjunto, os órgãos
governamentais, os trabalhadores, as cooperativas e a sociedade podem fortalecer o cooperativismo
como um caminho viável para a construção de uma sociedade mais justa, equitativa e solidária.
Dessa forma, ao valorizar a participação, a cooperação e a solidariedade, o cooperativismo se
apresenta como uma alternativa eficaz para enfrentar a precarização do trabalho e promover relações
laborais mais humanizadas. Com medidas legais adequadas, fiscalização efetiva, conscientização e
engajamento dos trabalhadores, pode-se construir um futuro em que as cooperativas desempenhem um
papel fundamental na promoção da justiça social, da igualdade e do bem-estar dos trabalhadores.
Frente a isso, observamos que a terceira hipótese acontece de maneira tímida, visto o sucesso
comprovado com os resultados do modelo supracitado, ressaltado pelo sucesso de seus indicadores e
crescimento no mundo e suas medidas reguladoras.

Referências

ALCÂNTARA, F. H. C. O Cooperativismo segundo o Direito e a Sociologia do Trabalho.


Organizações & Sociedade, v. 21, n. 68, p. 937–956, jan. 2014.

BRASIL. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Dispõe sobre o cooperativismo e dá outras


providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 dez. 1971. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5764.htm. Acesso em: 27 mai. 2023.

GIONGO, C. R.; MONTEIRO, J. K. Trabalho Cooperado na Suinocultura: Emancipação ou


Precarização? Psicologia: Ciência e Profissão, v. 35, n. 4, p. 1206–1222, out. 2015.

33
OS PRINCÍPIOS DO COOPERATIVISMO NA ERA DA INDÚSTRIA 4.0:
ESTRATÉGIAS PARA A SOBREVIVÊNCIA E PROSPERIDADE

Brayan Lima Cordeiro


Davi Souza de Paula
Denis Domingos Soares
Denise Ferreira de Oliveira

Os princípios do cooperativismo são baseados na cooperação, participação democrática,


autonomia, igualdade, solidariedade e preocupação com a comunidade. Esses princípios têm sido
aplicados em diversas áreas, incluindo o setor industrial, onde as cooperativas desempenham um papel
importante. A indústria 4.0 refere-se à quarta revolução industrial, caracterizada pelo uso de tecnologias
avançadas, como internet das coisas (IoT), inteligência artificial, big data e automação, para melhorar os
processos de produção e o desempenho das empresas. Então, como os princípios do cooperativismo
podem ser aplicados na indústria 4.0 para garantir a sobrevivência das cooperativas? Os princípios são
pontos chaves para alinhar essa evolução da indústria 4.0 ao qual exige cada vez mais conhecimentos
amplos com dispositivos inteligentes e inovadores. Um novo modelo econômico com essa revolução da
indústria 4.0 são problemas básicos e que podem causar dificuldades de sobrevivência humana.
O presente trabalho tem como objetivo: analisar a relação entre os princípios do cooperativismo
e a indústria 4.0, visando identificar estratégias para a sobrevivência e prosperidade das cooperativas
nesse contexto tecnológico em constante evolução.
O presente estudo está ancorado na obra de Benato Azolin (2002), intitulada O ABC do
Cooperativismo. Foi realizada uma revisão neste livro, de forma a buscar argumentos que pudessem balizar
as ideias desenvolvidas ao longo do texto.
De acordo com as pesquisas identificamos que o cooperativismo surgiu na pré-história tendo
como base a sobrevivência das pessoas que viviam em tribos e dividiam suas tarefas para sua
alimentação através da caça, colheita e pesca. Estrategicamente demonstra que a cooperação tem sido
constante na vida do ser humano no decorrer da sua origem até os tempos atuais, quando identificamos
que os homens se agrupam para defenderem seus interesses em comum e para sociedade local.
O cooperativismo possui uma rica história que remonta no século XIX que a idealização do
Cooperativismo nasceu, em 1844, em Manchester, na Inglaterra. Ao qual existem vários aspectos
históricos do cooperativismo que são destacados com relevância na nossa sociedade atual.
No Brasil, segundo Benato, (2002, p. 64):

O início do Cooperativismo foi em 1847, quando o médico francês Jean Maurice


Faivre, adepto das ideias reformadoras de Charles Fourier, fundou, com um grupo de
europeus, no sertão do Paraná, a Colônia Tereza Cristina organizada em bases
cooperativas. Essa organização, apesar de sua breve existência, contribuiu na memória
coletiva como elemento formador do florescente cooperativismo no País.

Desde 2017, o Ministério Nacional do Desenvolvimento Indústria e Comércio instituiu o Grupo


de Trabalho da Indústria 4.0 com um intuito para discutir temas pertinentes à implantação da quarta
revolução industrial no país ao qual integrou mais de 50 instituições de diversas denominações.
Com o objetivo de destacar as cooperativas, que estão nessa transição que é reaprender na
indústria 4.0 que pode ser favorecida na visão cooperação, trabalhando o esforço conjunto de homens,
máquinas e o desenvolvimento inteligente, sendo assim, segue algumas considerações importantes:
Cooperação e colaboração. As cooperativas podem aproveitar a interconectividade
proporcionada pela indústria 4.0 para estabelecer parcerias e colaborações com outras organizações. Isso

34
pode incluir o compartilhamento de recursos, conhecimentos e tecnologias, beneficiando todos os
membros envolvidos.
Participação democrática. Tomadas de decisões participativas e democráticas são fundamentais
nas cooperativas. Na indústria 4.0, é importante envolver todos os membros na definição de estratégias e
na implementação de tecnologias. Isso cria um senso de propriedade e responsabilidade compartilhada,
fortalecendo a cooperação interna.
Autonomia. As cooperativas devem buscar manter sua autonomia e independência na era da
indústria 4.0. Isso significa aproveitar as tecnologias disponíveis para melhorar sua eficiência,
produtividade e competitividade, mantendo-se fiéis aos seus valores e princípios cooperativistas.
Igualdade e solidariedade. Na indústria 4.0, é essencial garantir que todos os membros da
cooperativa se beneficiem das oportunidades e avanços tecnológicos. Isso inclui oferecer treinamentos e
capacitações para todos, de forma a reduzir a lacuna de habilidades digitais e promover a igualdade de
acesso às novas tecnologias.
Preocupação com a comunidade. As cooperativas devem continuar sendo ativas e engajadas em
suas comunidades, mesmo na era da indústria 4.0. Isso pode ser feito através de programas de
responsabilidade social, apoio a iniciativas locais e promoção do desenvolvimento sustentável.
A situação-problema que norteou este trabalho foi: princípios do cooperativismo e a indústria
4.0: como sobreviver?”. A título de conclusão, a obra de Benato Azolin aduz que a aplicação dos
princípios do cooperativismo na indústria 4.0 é essencial para a sobrevivência e prosperidade das
cooperativas, permitindo que elas enfrentem os desafios e aproveitem as oportunidades oferecidas pela
transformação digital. Partindo da premissa de que os princípios do cooperativismo, como cooperação,
participação democrática, autonomia, igualdade e solidariedade, são fundamentais para o sucesso das
cooperativas, independentemente do contexto em que estão inseridas.

REFERÊNCIA

BENATO AZOLIN, J. V. O ABC do Cooperativismo. São Paulo: OCESP – SESCOOP, 2002.

35
ECONOMIA SOLIDÁRIA E COOPERATIVISMO: CAMINHOS PARA
UMA NOVA REALIDADE TRABALHÍSTICA PÓS PANDEMIA

Elisangela Rodrigues da Silva Farias


Erica Ferreira Mendes
Edson de Souza Pereira
Lucio Fabio Cassiano Nascimento

A economia solidária como um modo de produção que se caracteriza pela igualdade de direitos,
com os meios de produção de posse coletiva dos que trabalham. A autogestão envolve os
empreendimentos de economia solidária, pois são geridos pelos próprios trabalhadores coletivamente de
forma inteiramente democrática, quer dizer, cada sócio, cada membro do empreendimento tem direito a
um voto (SINGER; SOUZA, 2002).
Em 1996, o economista Paul Singer, socialista democrático que se tornou uma das maiores
referências em nível mundial para a economia social e solidária, escreveu um pequeno artigo
denominado ‘Economia solidária contra o desemprego’ — num momento em que o desemprego
constituía um enorme flagelo para trabalhadores do Brasil e do mundo. Neste quase um quarto de século
desde então, a economia solidária acumulou experiências econômicas e políticas e passou a integrar os
programas locais e de organismos internacionais sobre alternativas para o futuro da humanidade
(MOLINA et al., 2020).
A emergência desta nova onda histórica do associativismo, do cooperativismo e do
comunitarismo econômico foi uma resposta das pessoas diante da crise que se abateu com a ascensão do
neoliberalismo e da financeirização da economia. Mas também é parte da nova onda de mobilização
social alternativa iniciada nos anos de 1960 e ampliada nos movimentos democráticos de base, na década
de 1980, em contraposição ao socialismo real burocrático, a perda de legitimidade da burocrática social-
democracia europeia e ao autoritarismo militar na América Latina e África. Podendo-se afirmar que a
economia solidária foi uma resposta democrática dos movimentos sociais à crise provocada pela
acumulação capitalista e ao modelo societário do socialismo real.
No Brasil, sua base social é popular composta principalmente por camponeses, agricultores
familiares, produtores agroecológicos, catadores de materiais recicláveis e produtores artesanais e
coletivos culturais. A forma de organização é: associativa, cooperativa, comunitária, participativa e
autogestionária. Sua articulação ocorre por meio da formação de redes de cooperação e práticas
federativas ou confederativas.
É necessário reconhecer que a economia solidária ainda permanece inviável para a sociedade em
geral e para as estatísticas econômicas. Um esforço para superar este desafio foi realizado pela Secretaria
Nacional de Economia Solidária - SENAES, criada em 2003 e extinta em 2016, com a realização de dois
mapeamentos nacionais dos empreendimentos econômicos solidários. Foi possível registrar a existência
de mais de 30 mil experiências envolvendo diretamente mais de dois milhões de pessoas (CARVALHO,
2012).
É notória a contribuição deste tipo de organização econômica para incluir pessoas em situação
de vulnerabilidade, promover processos de recuperação de empresas falidas, promover o
desenvolvimento sustentável e a democratização da economia. Inúmeros exemplos podem demonstrar
tal contribuição. Associações e cooperativas de usuários da saúde mental, cooperativas e redes de
reciclagem de materiais organizadas e geridas por catadores, complexos cooperativos que recuperaram
empresas por meio da autogestão.
As consequências da pandemia da COVID-19 têm suscitado questionamentos sobre a
experimentação conduzida no campo da economia solidária nas últimas décadas, no sentido de

36
estabelecer práticas produtivas mais alinhadas à justiça social e à preservação do meio ambiente vindo ao
encontro da Agenda 2030 e aos seus 17 objetivos.

Objetivo geral
Verificar na literatura corrente os movimentos democráticos sociais voltados para forma de
organização com funções sociais que possam contribuir para o desenvolvimento do trabalho, geração de
renda e preservação do meio ambiente.

Objetivos específicos
● Realizar um levantamento bibliográfico sobre as formas de cooperação social e organizacional;
● Analisar junto ao IBGE dados estatísticos que possa corroborar na melhoria da qualidade de
vida.

Método

O presente estudo é caracterizado como revisão de literatura de âmbito qualitativo. A coleta de


dados foi realizada utilizando as seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO),
IBGE; e Google Acadêmico, em artigos publicados considerando a proximidade entre o período pré e
pós pandemia.
Os critérios de inclusão foram: trabalhos nacionais, com textos completos e disponíveis em
português. Os critérios de exclusão foram: trabalhos que não contemplassem o objetivo proposto da
pesquisa e indisponíveis no momento da coleta.
Mediante a adoção dos descritores do estudo, a busca inicial resultou em um total de 16 artigos.
Em seguida, foi feita uma triagem para encontrar duplicados, ocasionando a exclusão de 6 artigos. Dos
10 artigos restantes para análise mais criteriosa, 3 foram excluídos por não apresentarem o texto na
íntegra. Ao realizar a leitura de todos os títulos e dos resumos, respeitando o tema central do presente
trabalho, restaram 7 estudos.

Resultados e discussões

No estudo em questão, existe um direcionamento para um possível caminho que aponta a


economia solidária como uma ferramenta de sobrevivência, uma estratégia que busca a autogestão e o
trabalho coletivo firmado: na solidariedade mútua, na democracia, na inclusão social e na valorização de
ideias que buscam não apenas o bem-estar individual, no entanto do coletivo como um todo.
De acordo com o IBGE, atualmente existem registradas no Brasil cerca de 291 mil associações e
fundações existentes, distribuído como demonstrado na tabela 1:

Tabela 1. Associações e Fundações no Brasil

Associações e/ou Fundações


IBGE Educação
2020 Assistência Meio
Habitação Saúde Cultura e Defesa de direitos
social ambiente
Pesquisa

Taxa percentual - % 0,10 2,1 12,7 6,1 10,5 0,8 14,6

Quantidade - Unid. 292 6.029 36.921 17.664 30.414 2.242 42.463

Fonte: elaborado pelos autores (2023)

37
Em relação as OSCs cerca de 781.921 são formais, ou seja, com Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica (CNPJ), em atividade no Brasil. Essas organizações também são conhecidas popularmente como
organizações não governamentais (ONGs). Dessas, 1.114 são OSs e 7.046 são OSCIPs e 5.314
cooperativas que buscam promover mudanças e evolução para sociedade.
O movimento cooperativista tem ganhado cada vez mais força em todo mundo, incluindo no
Brasil. O Sistema capitalista percebe a força que essas novas formas de organizações socioeconômicas, e
procurará formas de gerar e aumentar as suas rendas a partir das cooperativas, cabendo as mesmas
estarem sempre se reinventando e se qualificando para não perderem a sua essência.

Conclusão

Conclui-se que a economia solidária possibilita não só um novo caminho, mais uma nova forma
onde os sujeitos envolvidos não buscam apenas a obtenção de renda, mas a melhoria de vida atrelada a
uma educação ambiental, que vai além da teoria das políticas públicas, e que seja verdadeiramente
vivenciada na prática.

Referências

BRASIL. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística.


https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/outras-estatisticas-economicas/9023-as-fundacoes-
privadas-e-associacoes-sem-fins-lucrativos-no-brasil.html

CARVALHO, M. C. Autogestão, Economia solidária e Cooperativismo: uma análise da experiência


política da Associação Nacional de Trabalhadores e Empresas de Autogestão. 2012. 116 f. Juiz de Fora,
MG. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado em serviço social no Programa de Pós
Graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, 2012.

DOWBOR, L.O que é poder local? Imperatriz – MA: Ética, 2016.

FERREIRA, P. R.; SOUSA, D. N. Economia solidária: outro caminho é possível?. Revista do


Desenvolvimento Regional – FACCAT. Taquara-RS. V.15, n.1. jan/jun. 2018. Disponivel em:
https:/www.https://revista.ibict.br/p2p/article/view/5405

MOLINA, W. S. L.; SANTOS, A. M.; CARVALHO, A. M. R.; ALMEIDA, N. M. C.;


SCHIOCHET, V. A Economia Solidária no Brasil frente ao contexto de crise COVID-19: trajetória,
crise e resistência nos territórios. Otra Economia Revista Latinoamericana de Economía Social y Solidaria, v. 13,
p. 170-189, 2020.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Introdução à proposta do grupo de trabalho


aberto para objetivos de desenvolvimento sustentável. Nova Iorque, ONU, 2014. (Documento Final). Disponível
em: <https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/ 4518SDGs_FINAL>. Acesso em:
08. abril. 2023.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Transformando nosso mundo: a agenda 2030
para o desenvolvimento sustentável. 2016. Disponível em: <https://sustainabledevelopment.un.org/>. Acesso
em: 10. abril. 2023.

OLIVEIRA, F. Os sentidos do cooperativismo: entre a autogestão e a precarização do trabalho. São


Paulo: LTr. 2014

38
SINGER, P.; SOUZA, A. R. (Org.). A economia solidária no Brasil: a autogestão como resposta ao
desemprego. São Paulo, Contexto, 2000.

SOUZA, A. R.; JÚNIOR, F. A. A economia solidária como resposta à crise pandêmica e fator de outro tipo
de desenvolvimento. v. 7 (2020): Edição Especial A pandemia por COVID-19: desafios e oportunidades.
Disponível em: <https://doi.org/10.21721/p2p.2020v7n1.p8-25>. Acesso em: 25 de abr. 2023.

39
COOPERATIVA DE TRABALHO EM FACE DA AUTOGESTÃO E
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO

Erika Monteiro Tavares


Julio Cezar Oliveira Cavalcante
Marco José Andrade Cruz
Kátia Eliane Santos Avelar

No final do século XIX, com intuito de driblar o desemprego, a perda dos direitos sociais e o
enfraquecimento do movimento sindical, os movimentos operários se organizaram na criação das
cooperativas, com o fim de recuperar fábricas em situação de falência e garantir os empregos (BUENO
FISCHER; TIRIBA, 2009; LIMA, 2004; TIRIBA, 2005). O principal objetivo desses trabalhadores era a
sobrevivência diante de uma crise, não havendo necessariamente uma preocupação com o aumento, nem
ao menos com a manutenção de direitos trabalhistas (TIRIBA, 2005).
O desemprego, inerente ao sistema capitalista, independe da formação do indivíduo ou da sua
aptidão empreendedora; portanto, não está restrito a períodos de recessão, de retração econômica ou
instabilidade política (BENINI; FIGUEIREDO NETO, 2007; TIRIBA, 2005). Sendo assim, temos o
desemprego como resultado das condições impostas pelo modelo de acumulação calcado no tripé das
políticas neoliberais: globalização da economia, reestruturação produtiva e flexibilização das relações
entre capital e trabalho (TIRIBA, 2005).
O movimento operário e socialista de contestação ao capital, elaborado como alternativa ao
modelo de produção já estabelecido, o cooperativismo foi apropriado por propostas reformistas através
da criação de ‘falsas cooperativas’ ou ‘cooperativas pragmáticas’, que passaram a oferecer parceiras
terceirizadas de força de trabalho de baixo custo (LIMA, 2004). Estas conformações afastam-se da
proposta de ‘cooperativas verdadeiras’ ou ‘cooperativas defensivas’, fundamentadas em propiciar a
continuidade do serviço dos cooperados, visando uma melhora econômica desta classe. Neste cenário,
quais relações podem ser problematizadas quando se alia autogestão à precarização do trabalho? A
cooperativa consegue ser uma modalidade que rompe com a exploração da mão de obra? Quais as
alternativas viáveis para tornar o trabalho mais digno?
A presente revisão narrativa teve como questão norteadora: quais relações podem ser
problematizadas quando aliamos a autogestão à precarização do trabalho? O trabalho se justifica pela
importância da contribuição social das cooperativas como as estruturas que deveriam dar suporte e apoio
aos cooperados.
O objetivo desta pesquisa foi verificar na literatura as percepções de autores sobre a precarização
do trabalho do cooperado diante de uma economia que preza por uma visão individualista, propondo
alternativas para subverter o sistema. Considerando que o modelo idealizador do cooperativismo é
justamente a união, propõe-se a educação transformadora e a economia solidária como alternativas para
ressignificar o trabalho. Para tanto, foram pesquisadas algumas organizações de cooperativas por meio
de revisão bibliográfica, demonstrando suas diferenças, além de uma abordagem legal sobre o tema.

Referencial teórico

Somente a partir da segunda metade da década de 1980 as cooperativas de trabalho e produção


começaram a surgir no Brasil, após a crise econômica decorrente do período militar (LIMA, 2004). Em
seguida, em 1990, as políticas neoliberais implementadas durante o governo do Presidente Fernando
Collor transformaram o parque industrial brasileiro, com intuito de enfrentar a competição internacional,
resultando no fechamento de fábricas, desnacionalização de setores, privatização de empresas públicas,
dentre outras mudanças que elevaram os níveis de desemprego (LIMA, 2004). O processo de

40
globalização da economia permitiu a transferência de quantidades cada vez maiores de postos de
trabalho para países de baixos salários e de frágeis direitos sociais (SINGER, 2004).
Diante deste cenário, como o Brasil se posicionava em uma situação intermediária de salários, ou
seja, menores do que no países de Primeiro Mundo, porém, maiores do que em países do Extremo
Oriente, houve uma abertura do mercado brasileiro às importações que, como consequência, resultou no
enfraquecimento da indústria nacional, obrigando-a a rever os custos de produção, o que foi refletido na
redução de gastos com os trabalhadores (SINGER, 2004; LIMA, 2004).
A prática empresarial de obtenção de lucros e menor dispêndio com os trabalhadores, está
intimamente relacionado ao aumento do lucro por meio dos investimentos nos meios de produção, com
foco em novas tecnologias e equipamentos. Nesta situação há a substituição da mão-de-obra
regularmente assalariada por prestadores de serviços, mantendo assim, um ciclo que permite a
acumulação de capital, sob novas formas de exploração, com a flexibilização dos direitos trabalhistas
(BENINI; FIGUEIREDO NETO, 2007; LIMA, 2004; TIRIBA, 2005). Com a precarização dos
empregos, somado ao aumento do desemprego, desencadeou-se a atual onda de associativismo de
trabalho e produção no país, com a multiplicação de cooperativas de trabalho (LIMA, 2004).
Este momento foi marcado pelo aumento de cooperativas defensivas, que visam a recuperação
de empresas, seguido da perpetuação de cooperativas pragmáticas, pois as empresas passaram a
terceirizar suas atividades por meio da organização de cooperativas para seus trabalhadores, buscando a
redução de custos, via menores encargos trabalhistas (LIMA, 2004). Entretanto, em 1997, diversas
cooperativas foram denunciadas por manterem uma má gestão de trabalho assalariado, pois, a partir do
momento que uma cooperativa trabalha exclusivamente para uma única empresa, seu poder de barganha
se torna limitado, e a empresa passa a controlar todo o processo produtivo (LIMA, 2004). Portanto, no
sistema de cooperativas, o ideal é que elas sejam organizadas a fim de firmar uma diversidade de
contratos, para evitar esse tipo de dependência decorrente da exclusividade com um contratante.
Dessa maneira, por mais que a fundamentação do movimento cooperativista seja ampliar a
qualidade do trabalho, observa-se uma pressão que a desvirtua ao encontro da lógica capitalista. Sendo
assim, se faz necessária a construção de um movimento anticíclico, que questione as atuais relações de
trabalho, a fim de combater a sua precarização.

Cooperativas e a autogestão: precarização do trabalho

Segundo o artigo 4º da Lei nº 5.764/71:

As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de


natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados,
distinguindo-se das demais sociedades (BRASIL, 1971).

As cooperativas atuam, de acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB, o


cooperativismo está organizado atualmente em sete (07) ramos, a saber: agropecuário; consumo; crédito;
infraestrutura; saúde; trabalho produção de bens e serviços; e transporte, que visem o pleno
desenvolvimento dos cooperados, aqui ainda entendido como trabalhadores, considerando ainda as
relações de trabalhos produzidas e suas demandas coletivas e individuais.
Se por um lado o intuito inicial da criação das cooperativas envolve a promoção de vantagens
aos trabalhadores, diversos pontos contraditórios devem ser considerados para evitar a ocorrência da
precarização do trabalho (LIMA, 2004; SINGER, 2004; TAULIE; RODRIGUES, 2005; TIRIBA, 2005):
- Tentativa de recuperação de empreendimentos próximos à falência, muitas vezes munidos de
equipamentos já obsoletos;
- Cooperados que nem sempre dispõe de verba suficiente ou conhecimento formal em gestão e
finanças para manter, ou até mesmo restabelecer, um negócio em crise;
- Dificuldade em conseguir créditos junto aos grandes bancos;

41
- Confronto entre a conciliação do papel de trabalhador e patrão dos cooperados, resultando
em problemas de disciplina e hierarquia devido ao conflito entre a autogestão e a responsabilização;
- Pouca participação ou manifestação em assembleias, muitas vezes pela falta de costume em
declarar suas posições ou até mesmo a ocorrência de assembleias usadas apenas para legitimar decisões
predefinidas por ocupantes de cargos de direção;
- Manutenção de uma produção taylorizada e fortemente hierarquizada, com a onipresença de
uma empresa que mantém o controle do processo de trabalho através de seus funcionários que
“supervisionam” o serviço;
- Inexistência dos direitos trabalhistas de uma empresa convencional, como licenças, férias
remuneradas dentre outros benefícios;
- A necessidade de formação de fundos de reservas, o que pode comprometer a repartição dos
resultados líquidos aos cooperados;
- A transformação em uma empresa capitalista tradicional a longo prazo, comprometendo a
organização autogestionária solidária de perspectiva emancipatória aos trabalhadores;
- Redução do número de trabalhadores que aceitam continuar após a empresa ser transformada
em cooperativa, principalmente àqueles ocupantes de cargos mais qualificados, por muitas vezes não
aderirem às propostas apresentadas; e
- Grande rotatividade dos cooperados e as dificuldades diante da adesão de novos membros
assalariados, considerando que estes teriam mais direitos trabalhistas que os próprios cooperados, ou
novos associados que não participaram dos movimentos de transformação das empresas em
cooperativas e que, portanto, não teriam vivenciado a experiência da busca pela autogestão.
Dessa maneira, a fim de garantir a redução de desigualdades sociais propostas pelas
cooperativas, valorizar o capital humano a fim de promover uma melhor qualidade de vida, respeitando
as diferenças e usando a união em busca do fortalecimento da classe trabalhadora, além dos
atendimentos aos preceitos básicos de autogestão, é necessário pensar na formação continuada desses
cooperados, baseada em preceitos da economia solidária que fundamenta a organização. Portanto, a
acessibilidade do projeto das cooperativas deve ir além de interesses pessoais, focando na comunidade
com vistas a garantir a participação o mais democrática e inclusiva o possível, com ênfase não apenas no
desenvolvimento econômico, mas também, no social.

Alternativas para driblar a precarização da mão de obra: economia solidária e educação


popular

Mesmo diante da redução de trabalho formal e do avanço das técnicas produtivas, aumentando o
lucro das empresas, a criação de cooperativas não resultou, em sua maioria, na melhora de salários que
permitiriam a redução da desigualdade social, no aumento de direitos aos trabalhadores ou, ao menos, na
redução na carga horária de trabalho.
A cooperativa seria uma alternativa para enfrentar o sistema capitalista, uma sociedade baseada
em trabalhadores livremente associados, cujos benefícios da educação, ciência e da tecnologia
pertenceriam de maneira igualitária a toda sociedade. Contudo, mesmo em empreendimentos
autogestionários, podem ser observadas condições precárias de trabalho, pois as imposições da lógica do
capital permanecem atuantes (TIRIBA, 2005). Ao manter como meta principal a geração de trabalho e
renda, as cooperativas perpetuam a ideologia competitiva capitalista, podendo assim reproduzir as
restrições e precarização do trabalho em prol dos lucros (BENINI; FIGUEIREDO NETO, 2007).
Nessa dinâmica do sistema capitalista que resulta no aumento do desemprego, os trabalhadores, a fim de
garantirem seus empregos, identificam a autogestão como solução; entretanto, mantendo os conceitos
preestabelecidos pelo capital, dão continuidade à precarização do trabalho.
Esta constatação representa a dicotomia entre o papel emancipatório das cooperativas e suas
características de flexibilização de direitos e amparo ao capital:

42
[...] permanece a polêmica sobre a possibilidade efetiva de as cooperativas se
constituírem em avanço na direção da maior democratização do trabalho, pela
autogestão e posse coletiva dos meios de produção, superando assim a subordinação ao
capital. As cooperativas são percebidas também como uma forma alternativa de
empresa capitalista, na qual o trabalho autogestionário termina por ser funcional pela
flexibilidade que possibilita no uso da força de trabalho, permitindo a redução de custos
e aumentando a competitividade das empresas” (LIMA, 2004, p. 45-46).

Essa discussão representou uma clara necessidade de reestruturação do modelo das cooperativas.
Para tanto, uma sugestão é o resgate do conceito de ‘economia solidária’. A partir dessa ideia,
movimentos sociais buscam alternativas para organizar o trabalho e fomentar a geração de renda
partindo da criação de formas não capitalistas de trabalho (BENINI; FIGUEIREDO NETO, 2007).
Segundo Singer (2000), a economia solidária representa organizações de produtores em forma de
autogestão baseada na igualdade de direitos e distribuição igualitária aos membros, contrapondo-se ao
individualismo competitivo predominante na sociedade capitalista:

A economia solidária surge como modo de produção e distribuição alternativo ao


capitalismo, criado e recriado periodicamente pelos que se encontram (ou temem ficar)
marginalizados do mercado de trabalho. A economia solidária casa o princípio da
unidade entre posse e uso de dos meios de produção e distribuição (da produção
simples de mercadorias) com o princípio da socialização destes meios (do capitalismo).
Sob o capitalismo, os meios de produção são socializados na medida em que o
progresso técnico cria sistema que só podem ser operados por grande número de
pessoas, agindo coordenadamente, ou seja, cooperando entre si (SINGER, 2000, p.13).

Além da economia solidária, é necessária uma autogestão que fomente a educação voltada para a
‘pedagogia da produção associada’, definida assim por Tiriba (2007) como o caminho ideal à autogestão
por parte de produtores livres associados, com projetos educativos de e para os trabalhadores, e não
apenas com vistas a atender a lógica do capital focada em gerar mão de obra. Portanto, é necessária a
formação humana além do mercado de trabalho, sendo articulada de forma que permita contribuir para
que trabalhadores associados possam estabelecer um projeto de desenvolvimento econômico baseado na
“hegemonia do trabalho sobre o capital” (TIRIBA, 2007, p. 88). Portanto, a pedagogia da produção
associada tem como referência a articulação entre trabalho, economia popular e educação popular.
Segundo a autora:

[...] o objetivo da educação popular não é que os trabalhadores associados apenas


assimilem, de forma abstrata, os pressupostos filosóficos e políticos de uma nova
cultura do trabalho ou de uma economia que se pretenda solidária. [...] não se trata de
“ensinar os pescadores a pescar”, substituindo o saber popular por um saber “superior”
e, tampouco, de transferir para a escola sua responsabilidade em relação às organizações
econômicas populares. Ao contrário, trata-se de repensar a escola e de ampliar os
espaços educativos que promovam novos saberes e novas práticas sociais. Para isso, um
dos pontos de partida da pedagogia da produção associada é compreender as iniciativas
populares como instâncias educativas, aprendendo com os trabalhadores as formas
como vêm tentando administrar seus empreendimentos. (TIRIBA, 2007, p.88).

Portanto, há de se fortalecer os vínculos sociais a fim de evitar a precarização do trabalho,


permitindo que ações sejam desenvolvidas a partir de atos voluntários que visem a inserção social, a
autogestão, a igualdade de direitos e o compartilhamento de saberes. Sendo assim, como seres sociais,
temos que compreender que ações individuais só geram segregação. Por consequência, somente ações
pensadas no coletivo podem ser justas e conferir um trabalho digno.

43
Metodologia

A partir de uma revisão narrativa teórica, fundamentada sob uma abordagem qualitativa, utilizou-
se uma análise exploratória baseada em artigos científicos. Para a seleção dos artigos, ocorrida em maio
de 2023, foi realizada uma pesquisa online nas plataformas Google Acadêmico e Scielo, utilizando as
palavras-chave: cooperativismo, “cooperativa de trabalho”, autogestão, “cooperativa de mão de obra”,
“precarização do trabalho”, “economia solidária” e educação. Após esta etapa, foi realizada a leitura de
artigos cuja temática correspondia à proposta do presente estudo.
Foram excluídos os que não tinham relação com o tema, que estivessem indisponíveis na íntegra
de forma online e gratuita, que não estivessem na língua portuguesa. Foram selecionados 6 artigos para
análise que responderam à questão norteadora.
Por fim, na etapa de resultados e discussões, foi realizada a análise do conteúdo obtido, seguindo
a interpretação dos dados, produzindo assim a redação final.

Resultados e discussões

Partindo da proposta do presente trabalho, baseando-se nos artigos selecionados na seção


anterior, pode-se constatar que há base legal que garante a continuidade das cooperativas dentro de seus
preceitos originais. Portanto, identificou-se que a fragilidade observada na condução da autogestão sobre
a precarização do trabalho sustenta-se na conduta dos próprios cooperativados por não terem
entendimento das normas legais estabelecidas ou não possuírem formação administrativa e fiscal para
assumirem os desafios gerenciais. A seguir, serão desenvolvidos os conteúdos resultantes da pesquisa
realizada, tanto sobre a égide legal quanto a diferenciação entre modelos de cooperativa que conseguem
transmitir de diferentes níveis de autogestão e dignidade do trabalho.

Pesquisas científicas e a legislação

Com a finalidade de promover uma maior compreensão sobre a questão norteadora: Quais
relações podem ser problematizadas quando aliamos a Autogestão à Precarização do Trabalho? Buscou-
se fundamentos nas pesquisas de Carelli (2002), Lima (2004), Singer (2004), Oliveira (2007), e Albani
Barros (2018), fazendo um contraponto com a legislação de regência e os entendimentos dos tribunais
pátrios.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 174, § 2º, posiciona o Estado Brasileiro como agente
normativo e regulador da atividade econômica, estabelecendo que a lei apoiará e estimulará o
cooperativismo e outras formas de associativismo.
Por sua vez, a Lei 12.690/2012 (BRASIL, 2012) dispõe sobre a organização e o funcionamento
das cooperativas de trabalho, conceituando no art. 2º Cooperativa de Trabalho como sendo a sociedade
constituída por trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas ou profissionais, destacando
que deve haver proveito comum, autonomia e autogestão. A Lei deixa claro que esses pressupostos
conceituais são para obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e condições gerais de
trabalho.
Importante observar que as cooperativas de trabalhos convivem no capitalismo tendo como
vertente a visão contrária sobre a concentração de riquezas nas mãos do detentor do capital, a
concentração de poder ou a busca de lucros a qualquer custo. A cooperativa volta-se para o trabalhador,
que organizados e sobre a égide da autogestão, divide os poderes entre os sócios, respeitando a decisão
das Assembleias, o resultado de sua produção transformada em pecúnia, não é visto como lucro, e sim,
como sobras a serem partilhadas entre os cooperados.
A mencionada Lei das cooperativas de trabalho, em seu art. 2º, § 2º, conceitua a autogestão como
o processo democrático no qual a assembleia geral define as diretrizes para o funcionamento e as
operações da cooperativa, e os sócios decidem sobre a forma de execução dos trabalhos, nos termos da
lei.

44
Embora o cooperativismo de mão de obra seja um modelo que busca promover a participação e
a solidariedade entre os trabalhadores, existem algumas críticas e desafios associados a essa forma de
organização.
Em jurisprudência do Tribunal Regional do Trabalho, 2ª Região (TRT-2, 2008) prevalece o
entendimento de que o cooperativismo é atividade importante, merecedora de respeito e estímulo.
Contudo, não se pode fechar os olhos para a realidade, que mostra uma proliferação indevida de
empresas de colocação de mão de obra disfarçadas de cooperativa.
Sem ter a intenção de macular o primoroso e louvável trabalho realizado pelas cooperativas que
respeitam os princípios, ideais e a legislação, que segundo a vontade da lei deve buscar melhor
qualificação, renda, situação socioeconômica e condições gerais de trabalho, sendo uma alternativa eficaz
para as constantes mudanças no mercado causadoras de desemprego, Carelli (2002), Lima (2004), Singer
(2004), Oliveira (2007) e Albani Barros (2018) apresentam críticas às cooperativas de mão de obra e a
necessidade crescente de criação de critérios para identificar as cooperativas que efetivamente ferem a
legislação trabalhista.
Em suas pesquisas, Oliveira (2007) aponta a existência de proliferação que Cooperativas,
representando respostas de diferentes setores sociais às transformações que vivemos na economia e na
sociedade. O pesquisador indica como motivadores, da parte das empresas, a busca de diminuição dos
custos da aplicação do trabalho humano, da parte dos trabalhadores, iniciativas de luta contra o
desemprego e busca pela sobrevivência. O autor provoca a reflexão de que, sob alguns aspectos, para os
cooperados de mão de obra existe mais precariedade do que para aqueles regidos pela CLT.
Albani Barros (2018) entende que, o processo precarização do trabalho tem suas bases
propulsoras postas em movimento por meio de diferentes fenômenos, dentre as quais menciona a
existência de uma massa de trabalhadores desempregados ou em subempregos existentes em escala
global. Para o autor existe uma massa mundial de trabalhadores sobrantes, e este fato cria as condições
para que todo tipo de arranjo contratual se multiplique, que a todo instante sejam gerados novos
formatos de compra e consumo de força de trabalho.
Em termos jurídicos a precarização do trabalho significa conjunto de alterações relacionadas com
o mercado de trabalho e com os trabalhadores, especialmente com a perda e/ou não garantia dos
direitos trabalhistas e previdenciários estabelecidos pela lei, resultando numa piora das condições,
qualificações e direitos do trabalhador.
As pesquisas dos mencionados autores apontam que existem empresas de de colocação de mão-
de-obra disfarçadas de cooperativas, tal prática pode problematizar a relação entre autogestão e
precarização do trabalho. Nesse contexto, os usurpadores da boa-fé cooperativa, utilizam a autogestão
como uma fachada para disfarçar a relação de emprego, levando à precarização das condições de
trabalho e à negação dos direitos trabalhistas.
Considerando a celeuma provocada pela autogestão como uma forma de disfarçar a precarização
do trabalho e a negação dos direitos trabalhistas, verificamos que, no Brasil, não faltam Leis para coibir
tais práticas lesivas aos trabalhadores, o que pode faltar são denúncias, talvez, pela submissão consciente
daqueles que têm na cooperativa a única fonte de renda para subsistência aliado ao medo do
desemprego.
No entanto, tais situações podem ser problematizadas com base na Lei nº 12.690/2012, bem
como nas disposições da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT relacionadas à caracterização do
vínculo de emprego. Essas leis visam proteger os direitos dos trabalhadores e evitar práticas que
explorem ou prejudiquem os trabalhadores sob o pretexto de autogestão cooperativa.
Não pensem as fraudadoras que ficarão imunes ao braço forte da Lei, o art. 9º da CLT prevê
que, serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a
aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
Oliveira (2007) destaca que, para o Ministério Público-MP a “venda” de mão de obra pelas
cooperativas de trabalho caracteriza burla à legislação trabalhista, pois a relação estabelecida com o
“comprador” equivale à relação de assalariamento. Mediante denúncias o MP e as fiscalizações buscam
distinguir entre cooperativas de trabalho e cooperativas que chamam de mão de obra. As cooperativas de

45
trabalho seriam as que vendem o produto do trabalho dos membros, desde que seja feito com meios
próprios de produção e em recinto da cooperativa.
Ao problematizar a contratação de uma cooperativa de mão de obra contextualizando a relação
entre autogestão e precarização do trabalho, levando em consideração que a autogestão geralmente
implica na participação dos trabalhadores nas decisões e no controle do processo produtivo,
considerando ainda a partilha das sobras segundo as suas cotas, considerando também a prática de
“pagamento de salários”, muitas das vezes não corresponder ao que estabelece o art. 7º, I, da Lei nº
12.690/2012, a saber, a garantia aos sócios de retiradas não inferiores ao piso da categoria profissional,
percebe-se, em alguns casos, que a autogestão pode estar sendo utilizada como um meio para precarizar
as condições de trabalho e diminuir os direitos dos trabalhadores.
Nos tribunais trabalhistas encontramos diversos exemplos de empresas que contratam
cooperativas de mão de obra como forma de evitar a aplicação das leis trabalhistas e reduzir custos.
Nesses casos, os trabalhadores são enquadrados como cooperados, mas, na prática, atuam como
empregados, sem os benefícios e garantias previstos na legislação trabalhista. Assim sendo, as sentenças
são favoráveis aos empregados que recebem todas as verbas rescisórias.

A autogestão para além da precarização da mão de obra: a emancipação dos sujeitos


cooperados

Retomando o conceito das cooperativas como sociedades de pessoas, precisa-se considerar as


relações que os sujeitos estabelecem entre si e a natureza - individual ou coletiva - que essas relações
assumem na construção dos códigos éticos que nortearão a tomada de decisão.
Compreende-se que os movimentos baseados nos princípios do cooperativismo, alinham-se com
ações de emancipação dos trabalhadores, do rompimento com as relações arbitrárias e desiguais que
consolidam a estrutura formal do trabalho em nosso país.
Diante dessa realidade, é eficaz investir na formação dos sujeitos, para que através do
conhecimento específico, dos saberes informais e adquiridos nos territórios culturais, as experiências
façam sentido para todos e sejam aproveitados ao longo do processo de identificação dos pontos fortes
e fracos da cooperativa, considerando todos os debates para a reflexão das decisões a serem
implementadas.
É importante salientar que, para se alcançar o pleno desenvolvimento das atividades de uma
organização, a gestão e os caminhos percorridos pelos seus gestores assumem um papel relevante e
indispensável para a compreensão fidedigna das demandas do mercado e o impacto que a execução das
ações planejadas pela empresa, assumirão para minimizar seus prejuízos e otimizar sua produção e/ou
oferta de serviços.
Para Gonçalves, Rangel e Araújo (2018),

O modelo de gestão está ligado ao tipo de gestor e como este vê e percebe o


andamento das atividades da organização em todos os níveis, desse modo, a forma de
direcionar as coisas no ambiente da empresa também terá relação direta com o alcance
dos objetivos e metas traçadas (GONÇALVES, RANGEL; ARAÚJO, 2018, p. 5).

Introduz-se neste ponto do nosso estudo, o conceito de autogestão, que se pauta nas bases da
gestão democrática e solidária, com a participação de todos e principalmente do envolvimento dos
sujeitos nas questões políticas, econômicas, éticas e culturais da organização, que partem da escuta ativa
dos envolvidos na tomada de decisões.
Ainda segundo Gonçalves, Rangel e Araújo (2018),

A autogestão nas cooperativas é caracterizada por conter uma estrutura decisória


mínima, formada de assembleia geral, conselho administrativo, conselho fiscal,
coordenações e coordenadores, prevalecendo à lógica comunitária, diferente da
mercantil, pois os membros da cooperativa são solidários e não competitivos e pela

46
precisão de que tenham noção sobre o processo produtivo e administrativo da
entidade. Desta forma, está se revela oposta ao modelo tradicional, pois são mais
democráticas e solidárias (GONÇALVES; RANGEL; ARAÚJO, 2018, p. 7).
.
A estrutura decisória é liderada por sujeitos que, segundo seus pares, possuem maiores
habilidades para a tomada de decisão. Essa conceituação leva a um ciclo vicioso, baseado nas correntes
capitalistas, que introduz nas cooperativas os interesses pessoais dos que lideram as sociedades,
aproximando as cooperativas das bases tradicionais da administração, desprezando a lógica comunitária e
focando na ampliação dos lucros, que estão distantes dos aspectos democráticos e solidários, alinhando a
autogestão ao modelo tradicional observado nas demais empresas e organizações.
Essa realidade produz um movimento contrário ao sentimento solidário que permeia no campo
da teoria as ações cooperativas, explorando a mão de obra através da concentração das decisões na figura
de um indivíduo que comunga aos interesses das grandes organizações. Esse cenário é capaz de gerar a
precarização do trabalho, pois as relações passam a assumir os dogmas das comunidades capitalistas, que
visam o lucro acima dos direitos, descaracterizando o sentido central da construção do movimento
cooperativista.
Aspectos como a jornada de trabalho ampliada, o barateamento da mão de obra, a ausência de
formação e a burla da legislação vigente, são características que se entrelaçam nas relações, minando o
processo de desenvolvimento da autogestão, quando esta não possui seus aspectos políticos definidos.
Segundo Vergara (2017),

Do ponto de vista político, para as relações mútuas internas a uma organização


autogestionária, um dos princípios é a participação dos implicados nas decisões pelos
métodos da democracia na gestão, seja a democracia direta ou a representativa. O
método tem o objetivo de extinguir a hierarquização e burocratização das relações. Para
as relações políticas com as instituições externas, o princípio é o da autonomia. Assim,
uma organização autogestionária deve ter autonomia política em relação ao Estado, às
burocracias, aos sindicatos, às instituições religiosas, dentre outros (VERGARA, 2017,
p. 2).

Na prática vê-se uma participação mínima dos implicados as decisões por ausência, em geral, de
conhecimentos específicos que os auxiliem no debate, questionamento e sugestão de melhorias das
propostas apresentadas. Vemos se repetirem nessas relações, as práticas elitistas se proliferarem, gerando
uma dependência dos que detém a força intelectual, ou seja, dos que têm maior autonomia cognitiva.
O movimento cooperativista ganha força nas camadas populares da sociedade que detém uma
baixa escolaridade, tendo somente os saberes que derivam da sua prática laboral, não havendo uma
sistematização das bases que garantem as condições para a superação da exploração que a autogestão
implementa diante da ausência de participação ativa dos implicados.
A busca pela validação de uma cooperativa como modalidade que visa a emancipação, só será
possível a partir de uma educação cooperativista. Para Oliveira (2001),

A educação cooperativista, consolidada pela perfeita interação cooperado x


cooperativa; a cultura cooperativista, consolidada pela vontade de trabalhar em
conjunto; a democracia cooperativista, consolidada pela igualdade de direitos e deveres
de todos os cooperados; e o empreendimento cooperativista, consolidado pela verdade
de que, se a competição é inevitável, a cooperação é essencial (OLIVEIRA, 2001, p.
34).

A ausência nas discussões e debates fragiliza, por desconhecimento dos aspectos que regem a
economia do mercado, não por uma omissão direta dos seus envolvidos. Essa prática concentra a
decisão na mão daqueles que conhecem o ritmo e são capazes de intervir na concorrência gerada pelas
empresas nas relações econômicas efetivadas no mercado, que os levam a pender para os interesses

47
individuais ou de um pequeno grupo de cooperados que são beneficiados pelo conhecimento econômico
e de mercado.
Diante dessa realidade, a cooperativa possui dificuldades em se constituir como uma modalidade
que rompe com a exploração da mão de obra, devido à dependência que os cooperados possuem com
relação aos que dirigem as cooperativas. Essa prática legitima o status quo vigente, onde o presidente da
cooperativa, geralmente, assume o lugar de detentor de capital (material ou da mão de obra),
introduzindo no seio do trabalho democrático, os princípios individualistas do capitalismo presente nas
relações dos ramos cooperativistas.
Somente através da educação o movimento cooperativista assumirá seu caráter emancipatório e
conseguirá romper com a exploração da mão de obra. Esse rompimento se torna possível, pois os
cooperados passarão a legitimar suas opiniões através dos debates pautados nos aspectos legais que
norteiam a construção e manutenção das cooperativas, livrando-se da cegueira e dos interesses pessoais
impostos por gestores que trabalham em benefício próprio.

Considerações finais

As cooperativas assumem um papel de reconstrução da dignidade dos trabalhadores através de


práticas solidárias, democráticas e emancipadoras. Observou-se, ao longo da nossa pesquisa, os aspectos
que causam o processo de precarização da mão de obra, considerando a influência do capitalismo, que
confere caráter opositor ao que demanda as cooperativas e reforçando a ideia da concentração de
riquezas nas mãos do detentor do capital, a concentração de poder ou a busca de lucros a qualquer
custo.
Buscou-se demonstrar a precarização do trabalho do cooperado, acentuada através do processo
de autogestão alinhada as bases mais tradicionais da economia que prega as práticas individualista,
pautadas na apropriação de posturas elitistas, inerentes do capitalismo, que buscam, a todo custo,
otimizar os lucros a partir da exploração da mão de obra, justificada em ações pseudodemocráticas.
A autogestão busca disfarçar a precarização do trabalho e a negação dos direitos trabalhistas,
utilizando de práticas lesivas aos trabalhadores, que desconhecem a interpretação das leis e acabam
sendo usurpados em seus direitos e acatam as decisões verticais, por incompreensão dos princípios que
norteiam a construção das cooperativas.
Por meio de um sistema eficaz de educação cooperativista, seja ela de caráter inicial ou
continuada, os cooperados alcançarão um nível de conhecimento que o permitirá alcançar a
emancipação preconizada nas entrelinhas da base cooperativista, combatendo as armadilhas que a
autogestão, impregnada de ideologias tradicionais da administração, implementam nos movimentos
cooperativistas, que buscam se estabelecer na sociedade como uma alternativa viável para mitigar a
precarização da mão de obra.
Conclui-se que a precarização da mão de obra, acentuada pela prática da autogestão capitalista
pode ser mitigada pela educação. O processo de formação formal dos sujeitos, pode ser a ferramenta
necessária para uma mudança de paradigma e perspectivas.

Referências

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48
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50
COOPERATIVAS E SEUS IMPACTOS ECONÔMICO NA SOCIEDADE

Leonardo de Oliveira Luna


Júlio Sérgio Brito dos Santos
Marcos Felipe Amorim Ramos
Luciana Santos de Carvalho

As cooperativas são associações autônomas de indivíduos que se unem voluntariamente para


atender às suas necessidades econômicas, sociais e culturais por meio de uma empresa de propriedade
conjunta e democraticamente controlada (ALIANÇA COOPERATIVA INTERNACIONAL, 2021;
REISDORFER, 2014). No Brasil, elas surgiram no final do século XIX como uma forma de organização
dos trabalhadores rurais contra a exploração de atravessadores e grandes proprietários de terras. Desde
então, têm desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento social e econômico de diversas
regiões do país (REISDORFER, 2014)
Diante disso, o estudo sobre cooperativas se faz relevante devido ao seu impacto na economia
brasileira e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. Elas promovem a participação e a
justiça social, a geração de emprego e renda, e fortalecem os vínculos comunitários. Além disso, o
cooperativismo possibilita o acesso a serviços e produtos que normalmente seriam restritos a
determinados grupos sociais ou geográficos.
Entende-se que compreender o papel das cooperativas na economia é essencial para identificar
as oportunidades e os desafios desse setor, bem como para explorar seu potencial como alternativa para
a redução da desigualdade social e econômica. Isso posto, o objetivo deste trabalho é analisar a
importância das cooperativas na economia brasileira, explorando seus tipos, sua atuação em diferentes
setores e os empregos gerados.
O artigo está estruturado da seguinte forma: inicialmente, é realizada uma definição de
cooperativas, abordando seus princípios fundamentais, sua origem e sua organização autônoma e
independente, além de apresentar os diferentes tipos de cooperativas, como as agropecuárias, de crédito,
de consumo, de trabalho, de saúde e habitacionais, entre outras.
Em seguida, são destacados dados que revelam a relevância das cooperativas no cenário nacional,
como o número de cooperativas em cada estado brasileiro e o impacto na geração de empregos,
conforme registrado no Anuário Coop 2022, do Sistema OCB.
Além disso, discute-se a importância do cooperativismo para o desenvolvimento sustentável e
sua contribuição para a construção de uma economia coesa e alinhada aos objetivos da Agenda 2030.
Por fim, o artigo encerra com considerações finais que sintetizam os principais pontos discutidos no
estudo.
Desta forma, aplica-se durante a realização deste artigo, um estudo exploratório, com uma
metodologia qualiquantitativa, utilizando-se de referências bibliográficas nacionais, disponíveis em sites
de referências acadêmicas, Google Academic, Scielo e conteúdos disponíveis na literatura brasileira.
De acordo com a Aliança Cooperativa Internacional (2021), uma cooperativa é uma associação
autônoma de indivíduos unidos voluntariamente para atender às suas necessidades e aspirações
econômicas, sociais e culturais comuns por meio de uma empresa de propriedade conjunta e
democraticamente controlada.
As cooperativas no Brasil surgiram no final do século XIX para organizar os trabalhadores rurais
contra a exploração de atravessadores e grandes proprietários de terras. A primeira cooperativa brasileira
foi criada no estado de Santa Catarina em 1894 para fornecer crédito aos produtores rurais.
Dessa forma, unem as pessoas em torno de objetivos comuns como princípio fundamental,
alicerçados na cooperação, na democracia, na solidariedade e na autogestão. Além disso, as cooperativas

51
são organizadas de forma autônoma e independente, buscando sempre o equilíbrio entre os interesses
individuais e coletivos.
As cooperativas podem ser classificadas de acordo com diversos critérios, como ramo de
atividade, natureza jurídica e estrutura organizacional. Seguem alguns dos principais tipos de
cooperativas:
● Cooperativas agropecuárias: concentram-se na produção, beneficiamento e
comercialização de produtos agrícolas como leite, carne, grãos e frutas. Podem ser
agricultores, pecuaristas e outros do setor.
● Cooperativas de Crédito: fornecem serviços financeiros a seus membros, como
empréstimos, investimentos, cartões de crédito e seguros. Eles são um grupo de pessoas
com objetivos financeiros comuns que se unem para obter melhores taxas e prazos.
● Cooperativas de consumo: Também conhecidas como cooperativas de supermercados, os
consumidores se unem para comprar produtos em conjunto, a fim de obter preços mais
baixos e maior qualidade.
● Cooperativas de trabalho: reúnem trabalhadores autônomos ou empregados de uma
mesma área para prestação conjunta de serviços ou produção de bens. Os membros são
proprietários da cooperativa e dividem os lucros com base em sua participação no
trabalho.
● Cooperativas de saúde: Prestam serviços de assistência médica e outros benefícios
relacionados à saúde aos seus associados. Por exemplo, podem ser constituídos por
trabalhadores do mesmo setor ou região.
● Cooperativas habitacionais: visam fornecer moradia ou terra aos seus associados a preços
acessíveis de forma auto gestionária. Os membros da cooperativa constroem suas próprias
casas, muitas vezes com a ajuda e orientação da organização.

Para além destas tipologias, existem várias outras cooperativas, como transportes, energias
renováveis, turismo, cultura, etc. A escolha do tipo de cooperativa dependerá dos objetivos dos
associados e das necessidades do mercado local.
As cooperativas têm grande importância na economia brasileira, sendo essas organizações
responsáveis por promover o desenvolvimento social e econômico em diversas regiões do país.
Conforme as últimas atualizações do Anuário Coop 2022, do Sistema OCB (Organização das
Cooperativas Brasileiras; 2022), em 2021 foram abertas 388 novas cooperativas no Brasil, chegando a
4.880 unidades em atividade no Brasil, com ativo total de R$ 784,3 bilhões, chegando à marca de 18,8
milhões de pessoas cooperadas, o que representava no período, 8% da população nacional. As
cooperativas foram responsáveis por 493,277 empregos diretos, o setor que mais se destacou no ano, era
o agropecuário, com um total de 1.170 cooperativas e 239.628 funcionários. Fato no qual, fez com que
das 100 maiores empresas nacionais, 27 fossem cooperativas.
Conforme o apresentado na tabela 1 a seguir, podemos observar que o estado que mais possui
cooperativas em atividade, no ano de 2021 é o de Minas Gerais = 770, seguido de São Paulo = 619; do
Rio Grande do Sul = 421, Rio de Janeiro = 417, Santa Catarina = 251.

52
Tabela 1 - Ranking comparativo de 2021 e 2020 de cooperativas no Brasil.

Posição Número de cooperativas em Posição Número de cooperativas em Comparativo


Estado
2021 2021 2020 2020 2021 x 2020

Minas Gerais (MG) 1° 770 1° 756 14

São Paulo (SP) 2° 619 2° 614 5

Rio Grande do Sul (RS) 3° 421 3° 434 -13

Rio de Janeiro (RJ) 4° 417 4° 414 3

Santa Catarina (SC) 5° 251 5° 252 -1

Goiás (GO) 6° 249 6° 232 17

Pará (PA) 7° 237 7° 232 5

Paraná (PR) 8° 216 8° 223 -7

Bahia (BA) 9° 185 9° 200 -15

Mato Grosso (MT) 10° 168 10° 162 6

Pernambuco (PE) 11° 132 11° 157 -25

Ceará (CE) 12° 121 13° 111 10

Espírito Santo (ES) 13° 105 14° 106 -1

Piauí (PI) 14° 94 16° 90 4

Rio Grande do Norte 15° 93 12° 127 -34


(RN)

Paraíba (PB) 16° 88 15° 101 -13

Distrito Federal (DF) 17° 87 19° 73 14

53
Amazonas (AM) 18° 83 17° 75 8

Alagoas (AL) 19° 77 22° 66 11

Amapá (AP) 20° 74 18° 73 1

Acre (AC) 21° 73 23° 62 11

Mato Grosso do Sul 22° 71 20° 68 3


(MS)

Rondônia (RO) 23° 69 21° 67 2

Maranhão (MA) 24° 58 24° 55 3

Roraima (RR) 25° 50 25° 49 1

Sergipe (SE) 26° 42 26° 40 2

Tocantins (TO) 27° 30 27° 29 1

Total: 4.880 Total: 4868 388

Fonte: Elaborado pelos autores com base no Anuário Coop 2022 (OCB 2022).

O Anuário Coop 2022, do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras; 2022),
apresenta também que:

Antes mesmo da crise econômica causada pela pandemia, mais de 70%


das empresas do país fechavam as portas com menos de dez anos de
atividade. Já no cooperativismo, a solidez e a sustentabilidade caracterizam
o movimento, que conta com 2.535 cooperativas com mais de 20 anos de
atuação no mercado. (ANUÁRIO COOP 2022, OCB 2022)

Podemos observar também na tabela 1, esta estabilidade econômica do cooperativismo, durante a


pandemia do covid-19, através da análise de dados comparativos dos anos de 2020 e 2021. Visualizando
então que somente 2,23% das cooperativas existentes em 2020 e registradas na OCB (Organização das
Cooperativas Brasileiras; 2022), acabaram finalizando suas atividades, tendo os maiores índices de
fechamento nos estados Rio Grande do Norte (34), Pernambuco (25) e Bahia (15). Podendo ser
observado também que foi registrado uma abertura de 2,18 % de novas cooperativas em território
nacional, neste período.
No gráfico 1, podemos visualizar que a maioria das cooperativas, possuem de 21 a 40 anos de
atuação no mercado.

54
Gráfico 1 - Cooperativas no Brasil por tempo de atuação (anos).

até 5

6 a 10

10 a 15

16 a 20

21 a 40

Mais de 40

0 500 1000 1500 2000 2500


Fonte: Elaborado pelos autores com base no Anuário Coop 2022 (OCB 2022).

Através da análise da tabela 2, podemos observar que o segmento atingiu a marca de 4.292.234
novos cooperados em 2021 e que em relação ao ano anterior, 75.600 membros optaram por se desligar
do setor. Chegando ao montante de 18.887.168 cooperados, no ano de 2021, no Brasil e os estados com
mais cooperados são: Santa Catarina (3.491.559), Rio Grande do Sul (3.254.093), São Paulo (2.896.804),
Paraná (2.707.755) e Minas Gerais (2.345.532).

Tabela 2 - Ranking comparativo de 2021 e 2020 de cooperados no Brasil.

Número de Número de
Comparativo
Estado Posição 2021 cooperados em Posição 2020 cooperados em
2021 x 2020
2021 2020
Santa Catarina (SC) 1° 3.491.559 2° 3.032.344 459.215
Rio Grande do Sul (RS) 2° 3.254.093 1° 3.295.177 41.084
São Paulo (SP) 3° 2.896.804 3° 2.912.800 15.996
Paraná (PR) 4° 2.707.755 4° 2.452,995 2.705.302
Minas Gerais (MG) 5° 2.345.532 5° 2.074.886 270.646
Mato Grosso (MT) 6° 940.273 6° 679.919 260.354
Espírito Santo (ES) 7° 604.928 7° 498.108 106.820
Rondônia (RO) 8° 552.791 10° 262.929 289.862
Goiás (GO) 9° 382.787 9° 301.108 81.679
Mato Grosso do Sul (MS) 10° 368.836 8° 324.337 44.499
Bahia (BA) 11° 271.208 11° 258.453 12.755
Distrito Federal (DF) 12° 236.486 12° 227.233 9.253
Rio de Janeiro (RJ) 13° 180.296 13° 184.989 -4.693
Pernambuco (PE) 14° 158.703 14° 159.309 -606
Ceará (CE) 15° 114.642 16° 91.771 22.871
Pará (PA) 16° 109.152 15° 100.723 8.429
Paraíba (PB) 17° 67.949 18° 64.684 3.265
Rio Grande do Norte (RN) 18° 57.814 17° 68.896 -11.082
Alagoas (AL) 19° 33.462 20° 31.229 2.233
Maranhão (MA) 20° 31.473 19° 33.424 -1.951
Sergipe (SE) 21° 19.412 21° 14.495 4.917
Acre (AC) 22° 15.550 22° 12.420 3.130
Tocantins (TO) 23° 13.450 23° 11.816 1.634
Amazonas (AM) 24° 12.858 25° 9.603 3.255
Piauí (PI) 25° 10.977 24° 11.165 -188
Roraima (RR) 26° 4.740 26° 3.808 932
Amapá (AP) 27° 3.638 27° 2.455 1.183
Total: 18.887.168 Total: 14.670.534 4.216.634

Fonte: Elaborado pelos autores com base no Anuário Coop 2022 (OCB 2022).

55
Conforme podemos analisar no gráfico 2, 60% do público cooperado são homens e 40% são
mulheres, tanto em 2020, quanto em 2021, fator no qual demonstra estabilidade no quadro de usuários.

Gráfico 2 - Gênero dos cooperados em 2020 e 2021.


70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
2020 2021

Homens Mulheres
Fonte: Elaborado pelos autores com base no Anuário Coop 2022 (OCB 2022).

Já no gráfico 3 podemos visualizar que 87% dos usuários do cooperativismo no Brasil, são pessoas
físicas e somente 13%, são do quadro de empresas.

Gráfico 3 - Classificação dos cooperados em 2020 e 2021.


100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2021

Pessoa Física Pessoa Jurídica


Fonte: Elaborado pelos autores com base no Anuário Coop 2022 (OCB 2022).

Sobre os empregos, gerados pelas cooperativas, observa-se na tabela 3, que os maiores índices de
emprego em 2021 estão mais concentrados nos seguintes estados: Paraná (129.427), Santa Catarina
(82.619), Rio Grande do Sul (66.575), São Paulo (66.541) e Minas Gerais (50.896). Pode-se verificar
também que o estado que mais reduziu seus índices de empregabilidade em comparativo com o ano de

56
2020, foi o de Alagoas (-1.835), seguido do Paraíba (-308) e Espírito Santo (-187). Porém, em
comparação entre os dois períodos apresentados, os demais estados, expandiram seu núcleo de
funcionários, destacando um maior desenvolvimento neste aspecto para o Paraná (11.505), Santa
Catarina (8.594) e Rio Grande do Sul (3.910).

Tabela 3 - Ranking comparativo de 2021 e 2020 de empregos em cooperativas no Brasil.

Número de
Número de Comparativo
Estado Posição 2021 Empregados em 2021 Posição 2020
Empregados em 2020 2021 x 2020
Paraná (PR) 1° 129.427 1° 117.922 11.505
Santa Catarina (SC) 2° 82.619 2° 74.025 8.594
Rio Grande do Sul 3° 66.575 4° 62.665 3.910
(RS)
São Paulo (SP) 4° 66.541 3° 65.595 946
Minas Gerais (MG) 5° 50.896 5° 46.689 4.207
Goiás (GO) 6° 14.186 6° 12.843 1.343
Mato Grosso (MT) 7° 12.006 7° 9.723 2.283
Rio de Janeiro (RJ) 8° 10.654 9° 9.612 1.042
Ceará (CE) 9° 9.733 10° 9.058 675
Espírito Santo (ES) 10° 9.432 8° 9.619 -187
Pernambuco (PE) 11° 7.598 11° 6.218 1.380
Mato Grosso do Sul 12° 5.956 12° 5.243 713
(MS)
Rondônia (RO) 13° 4.480 13° 4.177 303
Bahia (BA) 14° 3.373 17° 2.881 492
Pará (PA) 15° 3.767 14° 3.414 353
Rio Grande do Norte 16° 3.022 19° 2.100 922
(RN)
Paraíba (PB) 17° 2.822 16° 3.130 -308
Distrito Federal (DF) 18° 2.702 18° 2.252 450
Tocantins (TO) 19° 1.727 20° 963 764
Alagoas (AL) 20° 1.337 15° 3.172 -1.835
Amazonas (AM) 21° 968 22° 829 139
Maranhão (MA) 22° 937 21° 836 101
Sergipe (SE) 23° 808 23° 731 77
Piauí (PI) 24° 625 24° 591 34
Acre (AC) 25° 582 25° 578 4
Amapá (AP) 26° 392 27° 94 298
Roraima 27° 112 26° 135 -23

Total: 493.277 Total: 455.095 38.182

Fonte: Elaborado pelos autores com base no Anuário Coop 2022 (OCB 2022).

Do índice total de empregos observado no gráfico 4, ao analisar o gráfico 8, observa-se que em


2021, obteve-se uma maior participação de mulheres no quadro de colaboradores, sendo estas
representadas por 49% de funcionários das cooperativas no Brasil. Fato, que demonstra um crescimento
de 10% em relação ao ano anterior.

Gráfico 4 - Empregados por gênero em 2020 e 2021.

70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2020 2021

Homens Mulheres

Fonte: Elaborado pelos autores com base no Anuário Coop 2022 (OCB 2022)

57
Considerações finais

Por meio deste trabalho, demonstra-se que o cooperativismo é uma forma organizacional cujo
objetivo principal é promover uma economia solidária baseada no trabalho colaborativo e na cooperação
entre seus membros. Esta forma de organização tem sido cada vez mais utilizada em vários setores da
economia, pois tem demonstrado contribuir para o desenvolvimento das comunidades, regiões e países.
A importância do cooperativismo para o desenvolvimento de uma economia solidária está
relacionada a vários fatores como incentivo à participação social, promoção da justiça social, geração de
emprego e renda, fortalecimento de vínculos comunitários, etc.
Uma das principais vantagens do cooperativismo é que as limitações individuais podem ser
superadas por meio da associação dos membros, permitindo atividades e projetos que de outra forma
não seriam possíveis. Além disso, o cooperativismo estimula a democracia e a descentralização no
processo decisório, pois permite que cada membro tenha voz e voto nas decisões coletivas.
Outro ponto importante é que possibilita o acesso a serviços e produtos normalmente restritos a
grupos sociais ou geográficos específicos. Por meio de aquisições conjuntas, os cooperados podem obter
melhores condições de compra e venda, além de negociar diretamente com os fornecedores.
Por fim, o cooperativismo pode ser uma alternativa para o enfrentamento da desigualdade social
e econômica, pois gera novos negócios, gera emprego e renda e facilita a transformação social. Podendo
ser uma ferramenta importante para a construção de uma economia coesa, sustentável e alinhado aos
objetivos previstos na Agenda 2030, em especial no objetivo 8 onde visa a geração de trabalho decente e
crescimento econômico tendo o cooperativismo índices relevantes apresentados neste artigo; Atendendo
também o item 9 que almeja a indústria, inovação e infraestrutura.

Referências

ALIANÇA COOPERATIVA INTERNACIONAL. (2021). O que é uma cooperativa. Disponível


em: https://www.ica.coop/pt/o-que-e-uma-cooperativa.

SEBRAE. Cooperativismo tem tradição forte no Brasil. Disponível em:


https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/cooperativismo-tem-tradicao-forte-no-
brasil,b6663c89ce962810VgnVCM100000d701210aRCRD.

SILVA, R. A. et al. Cooperativas e associações: uma panorâmica geral. Embrapa, 2010.

SINGER, P. Introdução à economia solidária. Ed. Fundação Perseu Abramo, 2002.

SISTEMA OCB. Anuário COOP 2022. Disponível em: https://anuario.coop.br/

REISDORFER, V. K. Introdução ao Cooperativismo. Santa Maria - RS: Colégio Politécnico UFSM,


2014.

ROCHA, D. S. Modelos de gestão para cooperativas. São Paulo: Atlas, 2009.

58
REFLEXOS DO SISTEMA PARTICIPATIVO DE GARANTIA EFETUADO
PELA REDE MANIVA NA VIDA DA POPULAÇÃO RURAL DO AMAZONAS

Larissa Greven de Souza


Robério Leite de Macedo
Roberto Ferreira Prudêncio da Silva
Samara Moreira Barbosa

Fortalecer a consciência pública sobre a proteção ambiental impulsionou a demanda e a oferta


de produtos orgânicos. Porém, a população passou a se deparar com a problemática para distinguir
produtos orgânicos de produtos convencionais. Na Europa, na primeira metade do século XX, foram
desenvolvidos mecanismos de garantia de forma privada para atestar os produtos orgânicos.
Ao longo dos anos, o sistema de certificação foi obtendo novos requisitos e para alguns
produtores tornou-se complicado e inacessível se vincular ao programa de avaliação de produtos. Nesse
contexto, verificamos os mercados dos países subdesenvolvidos, onde milhares de pequenos
agricultores que não podem pagar o custo do modelo de autenticação existente.
O sistema de participação de garantias (SPG) envolve a certificação de produtos orgânicos bem
como a interação e a participação ativa dos diferentes membros da cadeia produtiva que gera Controle
Social e Responsabilidade Solidária.
O SPG veio preencher essa lacuna porque busca facilitar a confiança, a troca de experiências e o
processo de formação contínua de participantes (MEIRELLES, 2007). Esse instrumento serve como
alternativa a uma abordagem participativa e visa incluir os agricultores que ainda estão à margem do
desenvolvimento do mercado de produtos orgânicos.
No Brasil, o sistema de participação de garantias (SPG) é regulamentado pelo decreto nº 6.323
de 2007 e portaria normativa nº 19 de 2009 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -
MAPA (BRASIL, 2007; BRASIL, 2009), que garante a conformidade dos produtos com a legislação.
10.831 (BRASIL, 2003), processos ou serviços em atendimento ao Regulamento Técnico da Produção
Orgânica.
No norte do país, é imperativa a busca pelo aumento de dados a respeito da produção orgânica
e de sistemas de extração em conformidade a sistematização agrícola. Ao se implementar o Sistema
Participativo de Garantia (SPG) se estabelece boas práticas, além de gerar estratégias de colaboração
com a formação, gestão do conhecimento e sensibilização dos atores da cadeia de abastecimento.
Nesse contexto, se apresenta a Rede Maniva de agroecologia no estado do Amazonas e que
vem promovendo produção agroecológica e orgânica de acordo com as normas brasileiras, agregando
valor Conhecimentos tradicionais e populares e tomada de decisão participativa, através da formação
técnicos e agricultores que comunicam, organizam eventos e exposições, apoiam formalização e acesso
a políticas públicas, apoio à pesquisa e engajamento no grupo temático estratégico (MENEZES, 2016;
WANDELLI et al., 2015).

Problematização

Quais são os reflexos do processo de certificação orgânica da Rede Maniva na renda e


produtividade agrícola dos comunitários ligados a fábrica de chocolate Na’kau?

Objetivo

Identificar as consequências da certificação efetuada pela Rede Maniva na renda e produtividade


de insumos dos agricultores vinculados a fábrica de chocolate Na’kau.

59
Hipótese

As comunidades ao adotarem o sistema participativo de garantias como meio de certificação


passam a deter uma ferramenta para melhoria de sua qualidade através de inserção de técnicas agrícolas
adequadas e ligadas a sua realidade, além de tornarem cada envolvido como ator engajado no processo.

Justificativa

A Amazônia brasileira possui uma superfície estimada em 5.217.423 quilômetros quadrados, o


que corresponde a 61% do território brasileiro. Dessa área, um terço (1,6 milhões de quilômetros
quadrados) pertencem ao Amazonas. O estado é distribuindo entre 62 municípios, sendo o maior deles
Barcelos com 122.476,12 km² e Iranduba com 2.214,25 km² é a menor das cidades. Outra composição
territorial do Amazonas é estabelecida em 04 mesorregiões: Centro, Sudoeste, Norte e Sul.
Em descompasso ao seu território, o estado apresenta a segunda menor densidade populacional
Brasil, sendo aproximadamente 2 habitantes por quilômetro quadrado (IBGE 2016). A população
amazonense é dispersa em um vasto território, banhado pela maior bacia de água doce do mundo. Os
recursos aquíferos presentes no estado correspondem 73,6% do total do país e 20% da água doce do
planeta (ANA, 2016) e conta mais de sete mil afluentes e com alto potencial de navegação.
Esta paisagem grandiosa também impõe peculiaridades a seus habitantes quanto a qualidade de
vida e os distinguem das outras regiões brasileiras. O tronco ancestral do amazonense tem por base os
indígenas e nordestinos (GAMA et.al., 2018) que vivem em sua maioria das atividades do primeiro
setor da economia. Portanto, no momento atual os programas de subsídios sociais do governo são
relevantes para a sobrevivência de grande parcela das comunidades do interior que detêm dificuldades
de acesso aos serviços públicos essenciais.
No interior amazonense há o cultivo de produtos primários, caraterizados por múltiplas
culturas de pequena e média escala onde se destacam as produções de frutas como abacaxi, banana,
laranja, mamão e melancia. A mandioca é o gênero base da agricultura do estado. Na pecuária se
sobressaem os rebanhos bovinos, suínos e a piscicultura, além das atividades extrativistas, como a
exploração de recursos florestais madeiros da silvicultura e a pesca comercial de espécies regionais
(IBGE, 2017).
O Amazonas é um território de conflitos entre a preservação de suas riquezas naturais e o
processo de urbanização de seus municípios. Por essa razão, a questão da sustentabilidade é vital para
seu progresso. Ao longo da História, o Estado do Amazonas tem sido celeiro de recursos naturais e
estes constituem sua riqueza essencial para sobrevivência de sua população. Todavia, no contexto
capitalista as práticas exploratórias, desprovidas de critérios técnicos e o gerenciamento inadequado
desses bens vêm perturbando os habitats, provocando a diminuição da variedade biológica e colocando
em risco a existência destes bens para as gerações vindouras (VASQUEZ, 1997).

Metodologia

Este artigo se ancora em um estudo exploratório-descritivo. Exploratório porque pretende


ampliar os dados sobre o problema em questão (RICHARDSON, 2014) e descritivo em razão de
indicar detalhes de uma população buscando com isso a identificação da relação de suas variáveis (GIL,
2017).
Os elementos coletados foram, então, organizados e tabulados em planilha eletrônica
utilizando-se o software Datastudio.
Dessa forma, foi possível caracterizar a distribuição de renda e produção pelos diferentes
integrantes da fábrica de chocolate Na’kau no estado do Amazonas e analisar a relação com a
certificação efetuada pela REDE MANIVA.

60
Resultados e discussão

Após 5 anos de muita pesquisa e acompanhamento a fábrica de chocolate Na’kau composta por
agricultores do interior do Amazona, recebeu um certificação da Rede Maniva de Agroecologia,
passando assim se inserir no Sistema Participativo de Garantias.
São 36 famílias participantes e que vive exclusivamente do extrativismo vegetal. Esta pesquisa
identificou 13 comunitários que estão descritos no site de divulgação do projeto e elencou os seguintes
dados contido na tabela 1.

Tabela 1 - Dados gerais sobre as condições dos comunitários da Na’kau

Fonte: Dados produzidos pelos autores a partir do site da Na’kau

Identificamos que todos os comunitários possuem 50% de sua renda oriunda da produção de
cacau e que é destinada à confecção do chocolate, apesar de terem outras culturas agrícolas em seus
terrenos.
Visualizamos também que independentemente do número de árvores, os produtores
conseguem estabelecer uma safra elevada. O que nós remete a uma das questões do Sistema
Participativo de Garantia que é a responsabilidade e colaboração de todos atores para produção.
Os comunitários em sua maioria são moradores da cidade Borba e Manicoré, conforme a tabela
2. Não se identificou outras cidades da região metropolitana de Manaus.

Tabela 2 - Distribuição dos comunitários da Na’kau

Fonte: Dados produzidos pelos autores a partir do site Na’kau.

A distribuição do elevado quantitativo de mudas de cacau pelas áreas em conjunto com outras
culturas amazônicas inibi a estas famílias a introdução de monoculturas exógenas e que não são
adequadas a questão da sustentabilidade da floresta amazônica.
Por identificarmos que todos os comunitários elencados nessa pesquisa dependem do cacau
para subsistência, nos alerta para condição de colaboradores do Sistema Participativo de Garantias, ou
61
seja, consumidores, organizações, técnicos, organizações públicas ou privadas, ONG parceiras e
organizações de representação de classe devem auxiliar estes fornecedores na manutenção d relações
justas que impactam positivamente em sua qualidade de vida e na preservação da parte desse bioma
amazônico.

Considerações finais

Este artigo buscou identificar as consequências da certificação efetuada pela Rede Maniva na
renda e produtividade de insumos dos agricultores vinculados à fábrica de chocolate Na’kau. O estudo
permitiu verificar que as práticas sustentáveis de produção agrícola no interior do estado do Amazonas,
a partir da certificação do Sistema Participativo de Garantia efetuado pela Rede Maniva junto aos
agricultores da fábrica de chocolate Na’kau, indicam uma alternativa a melhoria de qualidade de vida.
Essas práticas permitem a sobrevivência de pessoas por meio da agricultura orgânica, além de
apresentar estratégias de autogestão, inclusão social e a valorização das ideias na busca do bem estar
coletivo.

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63
MODELOS DE HÉLICES E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O
ASSOCIATIVISMO E COOPERATIVISMO: UMA PERSPECTIVA EM
GERAÇÃO DE RENDA E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Wanaline Reinaldo do Nascimento


Carlos Alberto Figueiredo da Silva
Kátia Eliane Santos Avelar

A prosperidade das nações é uma pauta de importância dentre os 5P´s, a saber: pessoas,
planeta, parcerias, paz e prosperidade; abordados na agenda de desenvolvimento sustentável da ONU. A
adoção de uma nova política global estabelecida a partir de setembro de 2015, por meio da Assembleia
Geral das Nações Unidas, culminou na elaboração do documento denominado ‘Transformando nosso
mundo: Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável’. O documento configurou-se em um guia
para as ações internacionais nos próximos anos, estabelecendo uma nova fase para o desenvolvimento
dos países.
A agenda abarca um conjunto de premissas organizadas para que faça com que os países se
engajem e ambicionem este desenvolvimento de forma cooperativa, envolvendo todos os atores da
sociedade e toda a comunidade internacional sob o lema de ‘não deixar ninguém para trás’. O diferencial
do uso de metas, que são integradas e indivisíveis aos objetivos do desenvolvimento sustentável, forma
um processo sistêmico e interconexo onde a execução de um objetivo gera reflexo no cumprimento de
outro e desta forma o desdobramento das ações que mesclam as três dimensões da sustentabilidade, qual
seja o âmbito social, econômico e ambiental busquem priorizar pessoas, planeta, parcerias, paz e
prosperidade (IPEA, 2020).
O crescimento econômico é um dos desafios para promoção do desenvolvimento de um país,
embora seja notório que não há desenvolvimento sustentável a menos que as interações conservem o
meio ambiente, crie empregos e contribua para mitigar a pobreza e as desigualdades sociais. Com isso,
justifica-se a importância deste estudo considerando sua contribuição para avaliar a integração de novos
arranjos no associativismo bem como a incorporar novas articulações em modelos de hélices como
meios de cooperar para o alcance da agenda 2030 da ONU.
Diante destas proposições o presente trabalho visa a investigar como os modelos de Hélices
podem contribuir para o fomento do associativismo (cooperativismo) tendo como perspectiva
norteadora a geração de renda e desenvolvimentos local sustentável. Buscou-se investigar as principais
teorias relacionadas ao modelo de hélices bem como as suas funcionalidades e características, buscando
verificar sua aplicabilidade para concepção de organizações intermediárias enquanto lócus de inovação.
A averiguação gerou a hipótese de que a sobreposição de hélices pode favorecer interações inovadoras,
funcionando como força motora para alavancar a economia, dentro do espectro da valorização do
capital social tendo como foco a produção de riqueza socioeconômica e a sustentabilidade.
Este artigo está organizado em 5 (cinco) seções sendo a introdução que busca contextualizar a
temática, em um segundo momento buscou-se a descrição da seleção das fontes bibliográficas enquanto
resultados da pesquisa. Em seguida a fundamentação teórica para embasar a proposta estudada. Por fim
demonstrou-se o caminho metodológico e a conclusão deste estudo bem como suas limitações e
projeções para aprofundamento ao tema.

Metodologia

Este estudo possui caráter exploratório realizado a partir de revisão bibliográfica do tipo revisão
narrativa e análise qualitativa (CRESWELL, 2007). A ação metodológica utilizada compreendeu a coleta e análise
de dados. Na primeira etapa foi realizada coleta de dados secundários, com a obtenção de artigos científicos,

64
ensaios bibliográficos, anais de eventos realizados no Brasil, acervo de dissertações, teses e livros através de
plataformas institucionais e abertas que disponibilizam bases de dados de forma gratuita e online tais como:
Google Scholar, Scielo Brasil, revistas científicas, site governamentais, eventos acadêmicos, anais de eventos,
jornais on line.
A análise de dados foi realizada a partir da seleção dos materiais bibliográficos sendo que o critério de
inclusão do conteúdo bibliográfico utilizado para fundamentação deste artigo foi a correlação e relevância junto a
temática investigada. Foi utilizado como filtro seletivo o recorte temporal dos últimos 5 (cinco) anos, em
contagem retroativa de 2023 a 2018 considerando a proximidade entre o período pré e pós pandemia tendo em
vista as transformações socioeconômicas apontadas no cenário pandêmico que se configurou em um divisor
temporal de cenários.
A pesquisa foi conduzida por meio do uso de palavras-chave utilizadas de forma aberta, sem
delimitação de aspas e sem descritores a fim de ampliar a captação de literaturas. Foi adicionado o uso de
conectivos junto as palavras-chave as quais foram inseridas de forma individual e combinada: hélices e
modelos, cooperativismo, associativismo, geração de renda, sustentabilidade e inovação

Resultados

Os resultados obtidos denotam que as revisões dos modelos culminaram em extensões que
demonstram uma multiplicidade de arranjos influenciados pela dinâmica da cultura local, bem como
pelos ecossistemas de inovação (AP DA COSTA MINEIRO, 2018). A investigação foi amparada pela
revisão sistemática intitulada “Da hélice tríplice a quíntupla: uma revisão sistemática”. A busca guiada em
plataformas de pesquisa viabilizou a seleção de mais três (3) artigos com as temáticas de acordo com as
palavras-chave em sustentabilidade (IPEA, 2020), Cooperativismo (OLIVEIRA, 2014). O estudo foi
aprofundado a partir de um texto referência e três contíguos. Destes quatro artigos, foi obtido um total
de 25 fontes bibliográficas. A aplicação do critério de correlação com a temática excluiu duas fontes, já
aplicação do mesmo critério incluiu 19 fontes. Estas últimas fontes apontadas foram obtidas através de
acesso as referências bibliográficas dos artigos contíguos e de referência. Por fim, as 23 fontes
mencionadas no rol de referências bibliográficas deste artigo foram as resultantes da pesquisa de
literatura que contribuiu para a narrativa do trabalho.

Modelos de hélices e inovação: caminhos para a associação cooperativa

Os estudos dos modelos de hélices oportunizam a obtenção de fundamentos para propiciar a


construção de um ambiente favorável para a inovação e desenvolvimento socioeconômico. A visão de
Schumpeter (1989), analisada em Ap da Costa Mineiro et al (2018) demonstra que a inovação pode ser
traduzida como a necessidade de criar caminhos e estratégias distintas dos habituais com a finalidade de
alcançar os objetivos propostos a partir de uma problemática diagnosticada.
No contexto das necessidades humanas percebe-se que ao longo do tempo as sociedades foram
se desenvolvendo em processos de adaptação e evolução, denotando um fluxo dinâmico e contínuo que
engloba demandas enquanto necessidades e ofertas enquanto soluções, o que remonta a ideia de uma
ascensão em espiral que se repete infinitamente, promovendo assim uma similaridade ao movimento em
hélices (LEYDESDORFF, 2014). Com isso diversos países têm utilizado o conceito de hélice tríplice
como estratégia operacional para o desenvolvimento regional, através do apelo colaborativo baseado nas
divisões institucionais, entendendo que a medida que haja a consciência de que os papéis do parceiros
nas colaborações não são mais fixos em uma economia baseada no conhecimento (DA FONSECA
NETO, 2016)
A chamada sociedade do conhecimento traz consigo as transformações tecnológicas, que
representam um dos principais fenômenos decorrentes da globalização onde a internet reflete em uma
nova maneira na forma como os indivíduos lidam com suas demandas, estabelecendo assim um novo
modelo de desenvolvimento e governança colaborativa, abrangendo todas as partes interessadas nesse
ambiente arrojado e inovador (CASTILHOS; SILVA, 2020).

65
Por outro lado, este movimento de globalização foi acompanhado não somente pelas inovações
tecnológicas, mas também pela precarização do trabalho e do desemprego crônico, cujo cenário tem
apontado para crescentes desigualdades sociais e econômicas, com desdobramentos importantes para o
campo ambiental. Este construto decorre do predominante modelo de desenvolvimento produtivo de
corte neoliberal capitalista (NETO et al., 2016), que remontam os aspectos macroeconômicos dos
modelos iniciais de tríplices hélices, reproduzindo um cenário de abismo entre as camadas sociais de
maior vulnerabilidade socioeconômica, por via de regra devido a individualização e concentração de
lucros.
No escopo das teorias em desenvolvimento sob o prisma da inovação, observa-se que os
primeiros modelos de hélices focavam na dualidade da relação Universidade-Indústria. Para
Wolffenbüttel (2001) a análise mais detalhada da relação entre universidade e empresa permite verificar
que as empresas recebem conhecimento e recursos humanos da universidade. Enquanto as universidades
recebem das empresas, dados, experiências, insights e demandas que contribuirão para a evolução e o
desenvolvimento desse conhecimento, demonstrando interações de parcerias em função da proposição
de cada ente envolvido (TERRA et al., 2007).
Este dualismo proporcionou o embasamento para identificação de interações que se estendem
para além da universidade e empresa. Partindo da classificação proposta por Rothwell (1994), destaca-se
que os principais modelos que enfatizam o caráter sistêmico do processo de inovação podem ser
representados pelos seguintes: Triângulo de Sábato, Sistema Nacional de Inovação (SNI), Arranjos
Produtivos Locais (APLs) e Hélice Tríplice.
Atendo-se ao modelo de Hélice Tríplice cuja característica ampla abarcando os governos,
indústrias e universidades, nota-se que vem propiciando uma diversidade de investigações empíricas e
teóricas levando a impulsionar discussões e debates para obtenção de novos métodos para a criação de
conhecimento (CHUNG; PARK, 2014). A partir deste modelo Lombardi et al. (2012) apresentou um
modelo de HT revisado denominado de Hélice Quádrupla, onde, além da universidade-indústria-
governo, inclui-se a sociedade civil.
Nesta quádrupla hélice deve-se reconhecer o importante papel da sociedade para a obtenção das
metas e objetivos no campo do desenvolvimento sustentável em contrapartida os demais atores nas
outras três hélices seriam passiveis de apoiar os cidadãos nas atividades de inovação, ou seja, fornecer
ferramentas, informações para que se envolvam como usuários, líderes, co-desenvolvedores e co-
criadores (MINEIRO, 2018). Desta forma, a Hélice Quádrupla envolve outros geradores de valor como
organizações ou associações da sociedade civil (ARNKIL et al., 2010) que fortalecerão o ecossistema.
Soares Silva et al. (2017) ressaltam que a economia está ligada ao ambiente natural, fazendo com
que as práticas de sustentabilidade estejam cada vez mais endossadas na gestão de inovação e na
produção de conhecimento, com isso surge o conceito de Hélices Múltiplas em uma ótica prospectiva,
como um ecossistema para competitividade sustentável de inovação. Essa nomenclatura inclui a Hélice
Quádrupla e destaca mais um elemento, o ambiente natural, representando o novo papel sustentável dos
Sistemas de Inovação englobando a Hélice Quíntupla.
Trazendo à tona as sobreposições das hélices supracitadas destaca-se o protagonismo da
sociedade civil e a economia ligada ao ambiente natural, bem como a perspectiva da sustentabilidade
tendo como guia a agenda 2030 da ONU. É nesta lacuna que se identifica uma janela de oportunidade
por meio do crescente impacto das associações cooperativas no cenário da economia Brasileira. Pois
enquanto país periférico encontra-se na linha de urgência por melhores taxas de indicadores de
desenvolvimento humano (IDH) e geração de renda e qualidade de vida para as populações.
Oliveira (2014) ressalta que o fomento ao cooperativismo e à economia solidária tem sido
apresentado nos últimos anos como parte de propostas de intervenção social sobre a pobreza e o
desemprego, como alternativa de sobrevivência para aqueles que se situam nas margens do sistema
econômico vigente. A Aliança Cooperativa Internacional (2021) define que as “cooperativas são
associações autônomas de indivíduos que se unem voluntariamente para atender às suas necessidades
econômicas, sociais e culturais por meio de uma empresa de propriedade conjunta e democraticamente
controlada” (ALIANÇA COOPERATIVA INTERNACIONAL, 2021)

66
Segundo Singer (2002), a democracia e a igualdade são valores atribuídos ao cooperativismo. A
autogestão corrobora a rejeição ao assalariamento. Desta forma a modalidade econômica por meio do
cooperativismo comporta uma figura jurídica, sendo regida pela Lei n. 5.764 de 1971 e a primeira
legislação sobre a matéria data de 1932, a Lei n. 22.239. Dentro dos moldes da legalidade o empreender
nesta modalidade passa a estar credenciado a participar do mercado formal, ladeado ao trabalho
assalariado e ao trabalho autônomo, o trabalho associado figura como uma das modalidades socialmente
reconhecidas de utilização do trabalho humano.
Singer (2018) ressalta que na ausência de empregos, essa figura jurídica acaba acenando aos
trabalhadores organizados possibilitando a geração de renda. Outra oportunidade através deste respaldo
jurídico está na flexibilização nas relações de trabalho junto as empresas. As cooperativas foram
descobertas como uma rota para a terceirização da mão de obra, onde as empresas estimulam seus
funcionários a formarem cooperativas, as quais passam a prestar serviços a elas.
O ponto central do movimento cooperativo é a adesão voluntária, a ajuda mútua e igualdade de
direitos e deveres, notabilizando-o ao longo dos tempos como um instrumento eficiente de geração de
desenvolvimento, enfrentamento de crises e pela sua elevada capacidade de adaptação e evolução. O
cooperativismo pode ser compreendido como um conjunto de preceitos econômicos e sociais, baseados
nas pessoas, na solidariedade, igualdade, liberdade, democracia e racionalidade (SESCOOP/RS, 2021).
Retomando ao processo auto emancipatório viabilizado pelo protagonismo da sociedade civil e
consolidado pela garantia das liberdades e dos direitos sociais, como preconizado pela teoria de Amartya
Sem, retoma-se também o cenário pandêmico onde o Brasil e o mundo se viu em uma crise
multicêntrica devido ao novo coronavírus que ocasionou impactos econômicos e sociais e ambientais
com altos índices de desemprego ora por fechamento de empresas, por instabilidade ou pelo risco de
contaminação pelo vírus (FERREIRA, 2022).
O mundo passou por uma transformação significativa, de aceleração nas mudanças sociais,
econômicas, mercadológicas e tecnológicas diante das adversidades enfrentadas na pandemia da
COVID-19. Novas formas de produção foram potencializadas, impulsionando a transformação digital
da economia e dos negócios. Oliveira (2014) descreve oportunidades de cooperativas de plataforma
como alternativas sociais, coletivas e econômicas decorrentes das necessidades humanas presenciadas
pela pandemia. Em seu estudo buscou mapear iniciativas de cooperativas de plataforma levando em
consideração as estruturas e segmentos no movimento da economia compartilhada como premissas.
Ratificou conforme Rios (2007) que esse tipo de empreendimento substitui lucro e intermediários por
propósito de cooperação com resultados para os seus associados. Paré (2009) argumenta que as
organizações cooperativas possuem cunho social (sociedade de pessoas) e econômico (empresa e ou
organizações de capital).
Uma vez tendo verificado que em função da conjuntura da crise sanitária da Covid-19 os
coletivos e cooperativas, por meio de plataformas, proporcionaram alternativas de trabalho, renda e
empreendedorismo para muitos. Verifica-se que esta nova modalidade tem sido crescente tal como tem
ocorrido com a expansão das cooperativas no Brasil visto que as últimas atualizações do Anuário Coop
2022, do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras; 2022), demonstrou que o Brasil
chegou a marca de 18,8 milhões de pessoas cooperadas, o que representava no período, 8% da
população nacional no ano de 2021.
Verifica-se ainda que as cooperativas de plataforma têm adquirido representatividade através de
coletivos, associações e movimentos cooperativistas representados pela união de entregadores de
aplicativos, profissionais de serviço, profissionais especializados no desejo de promover sua emancipação
da condição de trabalho precarizado, contra o modelo tradicional capitalista. Portanto, as cooperativas
de plataforma surgem como potenciais alternativas para os negócios que podem inspirar a ação coletiva,
compartilhada e colaborativa para uma mudança social com foco no desenvolvimento econômico
sustentável Pós-Covid-19 (SILVA, 2020).

67
Conclusão

Diante do exposto é possível concluir que as revisões dos modelos de Hélice Tríplice
culminaram em extensões que demonstram uma multiplicidade de arranjos influenciados pela dinâmica
da cultura local, bem como pelos ecossistemas de inovação. O cenário pós-pandemia reconfigurou as
interações entre os atores sociais e econômicos onde o avanço tecnológico ampliou os horizontes das
populações e demonstrou o protagonismo da sociedade civil; com isso, constatou-se que a internet
propiciou um espaço democrático com potencial autoemancipatório, onde as cooperativas de plataforma
se apresentam como janela de oportunidade para formação de organizações intermediarias para
alavancar a economia local assim como as cooperativas tradicionais.
Neste caso observa-se que as organizações intermediárias podem ser percebidas como motores
sociais, provenientes dos arranjos e das sobreposições de hélices e podem viabilizar a mobilização social
de forma ascendente de individuais e grupos de indivíduos organizados de forma cooperativa em um
espaço democrático, pois emergem de suas próprias realidades.
Com isso conclui-se que o cenário pandêmico foi um marco temporal, cujos modelos de hélices
tornam-se multifacetados e suas sobreposições podem fornecer subsídios para geração de renda com
base nas interações entre parceiros gerando prosperidade para comunidade local. O estudo possui
limitações como, por exemplo, a avaliação das populações em vulnerabilidade, quanto aos níveis de
exclusão digital no seu sentido mais amplo, o que pode ser um fator limitante ao cooperativismo de
plataforma, e que surge como uma demanda para aprofundamentos a este tema.

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UNISINOS (ufrgs.br) >. Acesso em: 29 mai. 2023.

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Autores

Agnaldo José Lopes. Possui mestrado em Medicina pela Universidade Federal Fluminense
(2000) e doutorado em Ciências Médicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2007). É
pesquisador 2 e assessor ad hoc do CNPq. É Cientista do Nosso Estado (CNE) da FAPERJ.
Coordenador da Disciplina de Pneumologia e Tisiologia da UERJ. Professor Adjunto de Pneumologia
da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ, e Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências
Médicas da UERJ. Professor Titular e Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências da
Reabilitação e do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Local da UNISUAM. Membro
efetivo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e da Sociedade de Pneumologia e
Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro.

André Luis Azevedo Guedes. Doutor em Engenharia Civil, na área de concentração em


Gestão, Produção e Meio-Ambiente com foco em Inovação e Smart Cities. Realizou pós-doutorado
em Administração de Empresas pela Universidade Federal Fluminense (UFF/PPGAd) na linha de
Sistemas da Informação com foco em Indústria 4.0 e Smart Cities. Professor Coordenador dos cursos
de Tecnologia da Informação e Professor do Programa Profissional de Pós-graduação em
Desenvolvimento Local (PPGDL) no Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM. Professor
no Mestrado em Engenharia Civil na Universidade Federal Fluminense - UFF. Professor convidado
dos cursos de Pós-graduação em Administração na UFF. Professor convidado do curso de
Administração de Empresas na UNILASALLE6; B.S. - Informática - Universidade Estácio de Sá –
2004.

Arlete Gomes Guimaraes Moraes. Atualmente realiza o doutorado no Programa de Pós-


graduação em Desenvolvimento Local, Centro Universitário Augusto Motta. Exerce a função de
médica Assistente no Serviço da Divisão de Saúde (DS) e também atua nos serviços de Vigilância em
Saúde e Perícias Médicas do Departamento de Atenção à Saúde do Trabalhador (DAST), da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Na Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias,
exerce a função de Gastroenterologista e Clinica Médica, no posto de Saúde de Pilar.

Brayan Lima Cordeiro. Atualmente subsecretário municipal de saúde da Prefeitura Municipal


de Belford Roxo e professor-tutor do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM). Possui
graduação em Administração pela Universidade do Grande Rio (2013). Especialista em
Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas - FGV (2017). Mestrando em
Desenvolvimento Local pelo Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM. Tem experiência na
área de Administração publica, com ênfase na gestão de programas, projetos e convênios e na
comunicação e gestão de pessoas.

Carlos Alberto Figueiredo da Silva. Possui graduação em Direito pela Universidade Federal
Fluminense (1993), licenciatura plena em Educação Física pela Universidade Gama Filho (1979),
mestrado e doutorado Educação Física e Cultura pela Universidade Gama Filho (1997 e 2002), pós-
doutoramento realizado na Universidade do Porto, Portugal. É avaliador de instituições de ensino
superior do Ministério da Educação, consultor ad hoc da CAPES, professor titular da Universidade
Salgado de Oliveira, professor adjunto do Centro Universitário Augusto Motta, professor convidado
da Universidade do Porto, Portugal.

Christina Mofati Andrade de Oliveira. Possui graduação em Ciências Biológicas pela


Universidade Federal do Espírito Santo (2005), Curso de pós-graduação e latu Senso em Educação
Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade Gama Filho (2009), Especialização em
Estratégias Inovadoras em Ensino e Aprendizagem pelo Centro Universitário Unifacig, e Mestranda

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em Desenvolvimento local no Centro Universitário Augusto Motta. Atualmente é professora no
Colégio Losango Manhuaçu. Tem experiência na área de Biologia Geral, com ênfase em Ecologia.

Davi Souza de Paula. Atualmente é Tecnologista em Saúde Pública Engenheiro Civil na


Fundação Oswaldo Cruz. Tem experiência na área de Engenharia Sanitária, com ênfase em Drenagem
de Águas Residuárias e manutenção predial. Mestrando em Desenvolvimento Local pelo Centro
Universitário Augusto Motta - UNISUAM.

Denis Domingos Soares. Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em


Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ.
Bacharel em Administração pela Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium -
UniSALESIANO, Lins-SP. Professor da Etec Profª Helcy Moreira Martins Aguiar da cidade de
Cafelândia/SP. Coordenandor dos Cursos da área de Gestão da Etec Profª Helcy Moreira Martins
Aguiar da cidade de Cafelândia/SP.

Denise Ferreira de Oliveira. Graduação em Gestão de Recursos Humanos (Universidade


Estácio de Sá) e segunda graduação em Bacharel de Administração (UniBF), Mestranda em
Desenvolvimento Local (Unisuam), MBA Gestão Estratégica de Negócios (Unigranrio) e Pessoas e
Pós-Graduação Lato Sensu em Direito do Trabalho e Previdenciário (Candido Mendes).

Edson de Souza Pereira. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento


Local - PPGDL, pelo Centro Universitário Augusto Motta(UNISUAM). Possui graduação em
LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA pelo Centro Universitário Augusto Motta (2004);
Pós-graduação Latu-sensu em Orientação Educacional - FIJ(2007) e Pós-Graduação em Ensino da
Matemática - UFRRJ(2011). Pós-Graduação em Gastronomia, Cultura e Gestão(2014). Pós-
Graduação Lato-Sensu - MBA Gestão Empreendedora (2017). Graduando em Gastronomia pela
UNICESUMAR. Especializando em Matemática e suas Tecnologias pela UERJ. Atualmente é
docente-l - Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro - SEEDUC. e Instrutor(docente) para
disciplinas profissionalizante da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro –
FAETEC.

Eduardo Winter. Graduado em Química Industrial pela Pontifícia Universidade Católica do


Paraná (2001), mestrado e doutorado em Química Analítica pela Universidade Estadual de Campinas
(2003 e 2007). Atua na área de pesquisa relacionada com a Propriedade Intelectual, Inovação e
Desenvolvimento, com foco em Prospecção tecnológica, Indicadores de Ciência, Tecnologia e
Inovação, relação Universidade Empresa e desenvolvimento local. Atualmente é coordenador de
avaliação da área interdisciplinar da CAPES e professor permanente do Mestrado e Doutorado
Profissionais em Propriedade Intelectual e Inovação/INPI e Mestrado e Doutorado Profissionais em
Desenvolvimento Local/UNISUAM.

Eliete de Castro Cordeiro. Eliete de Castro Cordeiro. Doutoranda em Desenvolvimento


Local (UNISUAM); Mestra em Planejamento e Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará
- UECE/CE; pós-graduada em História e Sociologia pela Universidade Regional do Cariri (URCA-
CE) / Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica (FJN/ UNIJUAZEIRO) e Graduada em História
(URCA). Atualmente, coordenadora pedagógica na EEMTI Figueiredo Correia, em Juazeiro do
Norte-CE. Atua principalmente com os seguintes temas: história, cultura, ensino de história, educação,
patrimônio histórico e políticas públicas.

Elisangela Rodrigues da Silva Farias. Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em


Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ.

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Ellaine Christina Mofati Andrade de Oliveira. Atualmente realiza o mestrado no Programa
de Pós-graduação em Desenvolvimento Local, Centro Universitário Augusto Motta. Possui graduação
em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (2005), Curso de pós-graduação e
latu Senso em Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade Gama Filho
(2009), Especialização em Estratégias Inovadoras em Ensino e Aprendizagem pelo Centro
Universitário Unifacig, e Mestranda em Desenvolvimento local no Centro Universitário Augusto
Motta. Atualmente é professora no Colégio Losango Manhuaçu.

Érica Ferreira Mendes. Possui graduação em Farmácia pelo Centro Universitário Newton
Paiva (2005). Atualmente é supervisor de estágio da UNIVÉTIX . Tem experiência na área de
Farmácia, com ênfase em Manipulação. Responsável Técnica da empresa Hidromineração Divina
Pureza LTDA Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local pelo Centro
Universitário Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ.

Erika Monteiro Tavares. Doutoranda no Centro Universitário Augusto Motta. Possui


especialização em Gestão Pública pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional
(IPPUR) da UFRJ (2022). Mestre em Ciência Animal (Nutrição e Produção de Ruminantes) pela
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2012); graduada em Zootecnia pela
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (2008) e licenciada em Ciências Biológicas
pela Universidade Salgado de Oliveira (2011). Desde 2014, atua no Departamento de Genética da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) como Técnica Administrativa em Educação, tendo
como áreas de interesse gestão pública, planejamento, governança e ensino público superior.

Geíssa Martha Antunes Pereira. Mestranda em Desenvolvimento Local(Unisuam).


Graduada em Psicologia pela Faculdade da FAF(Faculdade do Futuro), Manhuaçu/MG, Graduanda
em Pedagogia pela UFOP(CEAD-Caratinga). Já atuou como estagiária na Escola do Futuro e
estagiária na Secretaria de Saúde de Manhuaçu-MG, atualmente professora do Colégio Genoma em
Manhuaçu. Interessa-se por Psicologia Escolar, Políticas Públicas e Desenvolvimento Humano.
Atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores, educação especial e saúde
mental.

Gilmar Jophilis dos Santos. Cursa Mestrado Profissional em Desenvolvimento Local com a
linha de pesquisa em Estado, Sociedade e Desenvolvimento, pelo Centro Universitário Augusto Motta
(UNISUAM) - RJ. Possui graduação em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pelo Centro
Universitário Carioca (2016) e Licenciatura em Educação Física pela Universidade Faveni (2022). É
pós-graduado em MBA Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade Cândido
Mendes - UCAM (2018), pós-graduado em Segurança Pública pela Universidade Faveni (2020) e pós-
graduação em Planejamento e Gestão de Policiamento Municipal pela UNICESDH

Hernani Barbosa Lopes. Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento


Local do Centro Universitário Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ. Possui graduação em
Administração de empresas pelo Centro unicaniversitário Augusto Motta (2000). Tem experiência na
área de Segurança Pública, com ênfase em comando e controle de militares, com ênfase operações de
inteligência e combate, bem como instrutor de armamento e tiro e combate com faca e corpo a corpo.
Especialista em Educação a distância e docência do ensino superior Facimig. MBA em Gestão de
Projetos Facimig, Especialista em Codigo do consumidor e novas tecnologias Facimig, Especialista em
direito penal e processo penal militar Facimig. Aluno do curso de Bacharel em Direito, Centro
Universitário Augusto Motta.

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Humberto Negrão Teixeira Fernandes. Possui graduação em Psicologia pelo Centro
Universitário Augusto Motta (2020). Mestrando em Desenvolvimento Local pelo Centro Universitário
Augusto Motta. Pós-Graduação em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo instituto Faculminas.

João Marcelo Ribeiro de Souza. Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em


Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ,
especialização em Gestão e Planejamento em Obras da Construção Civil na UFRJ, graduado pelo
Centro Universitário Augusto Motta em Dezembro de 2015, na cadeira de Engenharia Civil.
Atualmente pós graduado em Planejamento, gestão e controle de obras Civis - UFRJ.

Julio Cezar Oliveira Cavalcante. Doutorando em Desenvolvimento Local pela UNISUAM


(2022), Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação pela MUST University/USA - Reconhecido
pela UNICID - Universidade Cidade de São Paulo (2022), Licenciado em Ciências da Religião pela
Universidade Estadual Vale do Acaraú (2007); Licenciado em Química pelo Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE (2014), Licenciado em Pedagogia pelo Centro
Universitário de Maringá - UniCesumar (2021), Licenciado em Ciências Sociais pela Faculdade Única -
(2021), Licenciado em Geografia pela Faculdade Única - (2021). Especialista em Gestão Escolar pela
Faculdade Kúrios - FAK (2010), Especialista em Gestão Pública com ênfase na Educação pela
Faculdade Educacional da Lapa - FAEL (2021); Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional
- FAVENI (2023). Servidor Púbico efetivo no cargo de professor no Município de Iguatu/CE e
professor nos cursos de Graduação e Pós-Graduação na Faculdade Centro Sul - FACS e na Faculdade
do Sertão Central - FASEC.

Julio Sergio Brito dos Santos. Possui graduação em Enfermagem - Faculdades Integradas
Bezerra de Araújo (2004). Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem em
Saúde do Adulto e do Idoso. Pós-graduação em Enfermagem Obstétrica pela Faculdade Serra Geral
(2022), Enfermagem Pediátrica e Neonatal Facuminas (2022), Enfermagem Intensiva de Alta
Complexidade Facuminas (2022), Enfermagem em Urgência e Emergência Facuminas (2022),
Enfermagem do Trabalho e Gestão em Segurança do Trabalho Facuminas (2022), Mestrando em
desenvolvimento local Unisuam (2022). Atuando como Enfermeiro assistencialista na emergência
pediatria do Hospital Municipal São Francisco Xavier, Itaguaí - Rj (2022).

Kátia Eliane Santos Avelar. Doutora em Ciências pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro, UFRJ. Coordenadora do Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose da Fundação
Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ. Bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e
Extensão Inovadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Pesquisadora e Docente do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Local do Centro
Universitário Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ.

Larissa Greven de Souza. Mestranda em Desenvolvimento Local Centro Universitário


Augusto Mota (UNISUAM).

Leonardo de Oliveira Luna. Possui Bacharelado em Administração pela Faculdade Ágora -


Administração, Educação e Cultura (2022), Licenciatura em Matemática pelo Centro Universitário
Venda Nova do Imigrante (2021), graduação em Marketing pelo Instituto de Desenvolvimento
Educacional do Alto Uruguai (2015), Especialização em Gestão de Pessoas, Conhecimento e Inovação
pelo Centro Universitário UniDomBosco (2017), Especialização em Docência no Ensino Superior
pelo Instituto Mineiro de Educação Superior ( 2023), MBA em Gestão Pública pela Faculdade Ágora (
2022), onde concluiu também a Pós - Graduação em Gestão Escolar (Orientação, Supervisão e
Inspeção) e a Pós em Metodologia e Prática do Ensino de Ciências Exatas e da Natureza, neste
mesmo ano. Atualmente é acadêmico do curso de Mestrado em Desenvolvimento Local pelo Centro

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Universitário Augusto Motta, atuante como professor na Secretaria de Educação do Estado do Rio
Grande do Sul (Seduc) e tutor universitário ead do Centro Educacional Maria Montessori.

Luciana Santos de Carvalho. Mestranda em Desenvolvimento Local no PPDGL promovido


pelo Centro Universitário Augusto Mota (UNISUAM). Possui graduação em Pedagogia pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1997). Atualmente é PII - Secretaria Municipal de
Educação do Rio de Janeiro.

Lucio Fabio Cassiano Nascimento. Oficial Superior da ativa do Exército Brasileiro,


engenheiro militar. Possui graduação em Engenharia Metalúrgica pelo Instituto Militar de Engenharia,
pós-graduação em ciências militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, mestrado em
Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutorado em Ciência dos
Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia na área de materiais cerâmicos e poliméricos. Possui
experiência nas áreas de fibras naturais, materiais compósitos e proteção balística. Professor nomeado
e coordenador de graduação do curso de Engenharia de Materiais do IME. Professor do Programa de
Pós-Graduação em Desenvolvimento Local da UNISUAM. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do
CNPq - PQ2. Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE) - FAPERJ.

Marco José Andrade Cruz. Doutorando em Desenvolvimento Local pelo Centro


Universitário Augusto Motta - UNISUAM (2023). Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Urbano pela Universidade da Amazônia - UNAMA (2013). Advogado. Bacharel em Direito -
UNAMA (2010). Escritor. Palestrante. Formação específica em Gestão de Órgãos Públicos pela-
UNAMA (2002). Pós-graduado em Direito Processual: Civil, Constitucional, Penal e Trabalhista pela
Uninassau (2015). Pós-graduado em Sindicância e Processo Administrativo Disciplinar pela UNIBF
(2021). Atualmente é técnico administrativo em educação da Universidade Federal do Pará-UFPA.
Coordenador do Núcleo de Avaliação e Procedimento Disciplinar, Funcional e Ético da Secretaria
Municipal de Saúde - SESMA/PMB. Membro da Comissão de Ética em Enfermagem
COREN/HUJBB. Foi professor da graduação em Direito na Faculdade Paraense de Ensino- FAPEN
e na Faculdade PAN Amazonica - FAPAN.

Marcos Felipe Amorim Ramos. Possui graduação em Administração pelo Centro de Ensino
Superior de Valença (2018). MBA em gestão de pessoas e liderança pela Faculdade São Luís (2021).
Mestrando em desenvolvimento local (UNISUAM). Atualmente é gerente administrativo - Cevo
Centro de Estudos e consultor de gestão de pessoas pela M.F administração. Possui experiência na
área de Administração, com ênfase em Estratégia, inovação e gestão de pessoas, atuando
principalmente nos seguintes temas: empreendedorismo e inovação, comportamento do consumidor,
estratégias empresariais, grupos estratégicos, redes de relacionamento e comportamento
organizacional.

Maria da Saúde dos Santos Lima. Atualmente realiza o mestrado no Programa de Pós-
graduação em Desenvolvimento Local, Centro Universitário Augusto Motta.

Marília Mendes Ferraz Cavadas. Atualmente realiza o mestrado no Programa de Pós-


graduação em Desenvolvimento Local, Centro Universitário Augusto Motta. Possui graduação em
Enfermagem pelo Centro Universitário São Camilo(1983). Atualmente é Enfermeira da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Enfermagem.

Mario Marcos Valente Rodrigues. Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em


Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro, RJ. Bacharel em
Direito graduado pelo Centro Universitário Unifaminas - FAMINAS e especialista em Direito Penal
com habilitação para Docência do Ensino Superior pelo Centro Educacional Damásio/SP. Professor

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e Coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário Univértix Matipó/MG. Procurador do
Município de Vieiras - MG. Atua também na Advocacia e Consultoria Jurídica de pessoas físicas e
jurídicas, na seara cível, trabalhista e criminal, inscrito na OAB/MG.

Oswaldo Borges Peres. Doutorando pela Univercidad Nacional del Rosário em Ciências da
Educação(2017), Mestrando pelo Programa de Pós-grduação em Desenvolvimento Local do Centro
Universitário Augusto Motta(2023) - UNISUAM, Pós-graduação Lato Sensu Docência em Educação
Profissional e Tecnológica do Instituto Federal do Espírito Santo(2021) - Ifes, Pós-graduado em
Docência Superior em Informática pelo Centro Universitário da Cidade - UniverCidade (1997) e
Graduado em Tecnólogo em Processamento de Dados - Faculdades Reunidas Nuno Lisboa (1993).
Exerci a função de professor de graduação e pós-graduação da Universidade Estácio de Sá (EAD e
Presencial/2001-2017), professor universitário do Centro Universitário da Cidade(Presencial 1994-
2013), militar especialista do Ministério da Aeronáutica, estando na reserva remunerada lotado
Controle Rio - GBDS (Gerência de Banco de Dados/1986-2015), tutor à distância do CEDERJ-
UniRio(2020-2021), FUNENSEG(2019-2022) e do ensino médio da FAETEC JK (2019-2021).
Atualmente sou professor de graduação presencial da Unisuam(2022), professor de graduação EAD
da Unicarioca(2018), Unigranrio(2018), Falculdade Descomplica(2021) e Jala University(2023). Possuo
experiência de 37 anos na área de desenvolvimento de Sistemas desktop, WEB e Mobile, além de
lecionar disciplinas relacionadas a esses temas a 29 anos. Também ministro disciplinas nas áreas de
Banco de Dados, UML, Mineração de Dados e Inovações Tecnológicas e desenvolvimento de Jogos
digitais. Participei na implementação dos sistemas CCAM (Centro de Comutação Automático de
Mensagens), RACAM (Rede Administrativa de Comutação Automático de Mensagens) no DPV-GL
(Aeroporto Internacional do Galeão) e SAGITARIO(Sistema Avançado de Gerenciamento de
Informações de Tráfego Aéreo e Relatório de Interesse Operacional) no DETCEA-GL.

Robério Leite de Macedo. Mestre em Gestão de Negócios Turísticos - MPGNT (UECE);


especialista em História do Brasil pela Universidade Potiguar; especialista em Docência no Ensino
Superior pela Universidade Potiguar; Graduado em História pela Universidade Federal do Rio Grande
do Norte; estudante do grupo de pesquisa Turismo, Economia e Sustentabilidade - GTES, da
Universidade Estadual do Ceará. Atualmente é professor lotado na Secretaria da Educação do Estado
do Ceará.

Roberto Ferreira Prudencio da Silva. Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em


Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ. ?
Graduação em Administração pelo Centro Universitário Carioca - Unicarioca (2016). ? Graduado em
Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Do Grande Rio Professor José De Souza Herdy ?
Unigranrio (2016). ? Pós-Graduado em Gestão Pública na faculdade Unyleya (2022). ? Pós-Graduado
Gestão Materiais e Logística na faculdade Unyleya (2022).

Rodrigo Carvalho Gama Silva. Advogado, inscrito nos quadros da OAB RJ desde 2015,
pós-graduado em Direito Tributário, mestrando em Desenvolvimento Local desde agosto de 2022,
com vasta experiência na área do contencioso em geral (cível, administrativo, trabalhista, tributário,
empresarial, ambiental e previdenciário). Atuação como Procurador Jurídico Municipal
predominantemente na área do contencioso (cível, tributário, administrativo e previdenciário),
experiência também nas áreas de licitação na elaboração de pareceres, revisão e análise de contratos
administrativos e em processos administrativos em matéria de servidor, também analisando, revisando
e promovendo pareceres.

Samara Moreira Barbosa. Doutoranda do Programa de Desenvolvimento Local pelo Centro


Universitário Augusto Motta (2022);Mestra em Ciências e Meio Ambiente pela Universidade Federal
do Pará (2018); Especialista em Segurança Pública e Direitos Humanos pela Faculdade Metropolitana

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de Manaus(2012); Graduada em Química pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Amazonas (2014): Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Amazonas (2011) ;
Graduada em Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas (2005).

Simone Pereira de Siqueira. Possui graduação em Biologia pela Universidade Estadual Vale
do Acaraú (2008) e graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Anhanguera - Uniderp (2017).
Pós graduação em auditoria e controladoria pela Faculdade de Juazeiro do Norte. Mestrando pelo
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta,
UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ. É gerente administrativo - SABÃO JUÁ INDUSTRIA E
COMERCIO LTDA.

Stella Maris Sá Monteiro. Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em


Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ.

Thais Avelino de Almeida Ferreira. Atualmente realiza o mestrado no Programa de Pós-


graduação em Desenvolvimento Local, Centro Universitário Augusto Motta. Possui graduação em
Sistema de Informação pela Fundação Armando Álvares Penteado(2013). Tem experiência na área de
Desenho Industrial, com ênfase em UX Design. Realiza projetos de educação, arte e tecnologia. Tem
como propósito de vida transformar ambientes e pessoas por meio da colaboração e da criatividade.

Vanessa Abreu de Ávila Acquaviva. Atualmente realiza o mestrado no Programa de Pós-


graduação em Desenvolvimento Local, Centro Universitário Augusto Motta.

Vanessa da Silva Paranagua. Advogada. Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em


Desenvolvimento Local do Centro Universitário Augusto Motta, UNISUAM, Rio de Janeiro, RJ.
Profissional com 16 anos de formação, atuando há 12 anos com Direito Público, com ampla
experiência em Governança Institucional, contencioso e consultivo nas áreas de Licitações e seus
eventuais recursos, Contratos, orientação e consultoria Jurídica Empresarial, Ações Trabalhistas,
Família, Criminal e Tribunais Superiores. Atuei em Ações Constitucionais, PAD, Instrumentação
Cartorária, Elaboração de Notas Técnicas, Normas e Políticas Institucionais, realização de auditorias,
condução de Investigações criminais e sindicâncias, inclusive Gestão de Processos e Pessoas no
âmbito civil e no âmbito público, bem como assessoramento jurídico multidisciplinar prestado ao alto
escalão das Forças Armadas (Almirantes), na Marinha do Brasil. Fui Militar Temporária até 2018.
Experiência com Implantação do Departamento Jurídico do Centro de Instrução Almirante
Wandenkolk, na Marinha, alinhado com o Planejamento de gestão de demandas e organização do
Funcionamento da área, inclusive Work in Progress, garantindo que todas ações estivessem em
conformidade com as leis e com a organização do Funcionamento da área. Atuando de forma
estratégica no crescimento de diversos setores.

Wanaline Reinaldo do Nascimento. Possui graduação em Economia Doméstica pela


Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2008). Especialização em Administração de serviços em
Alimentação. Atualmente é técnico administrativo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e
Mestranda em Desenvolvimento Local no Programa de Desenvolvimento Local pelo Centro
Universitário Augusto Motta (Unisuam).

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Índice remissivo

Associativismo – 12, 37, 67


Autogestão – 13, 25,27
Capitalismo – 7, 16, 42, 49
Cooperativismo – 16, 18, 32, 35
Economia solidária – 7, 12, 44
Emancipação – 8, 28, 34, 47
Globalização – 17, 41, 68
Hélice quádrupla – 69
Hélice quíntupla – 73
Hélice tríplice – 68,70
Precarização do trabalho – 27, 31, 42, 46
Sistema participativo de garantia – 61, 62, 65

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