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Final Alternativo
Final Alternativo
Ter Luke por perto, a abraçando e consolando foi um conforto que ela não
sentia a semanas. Depois de mais duas horas Anna não tinha mais de onde
tirar lágrimas para chorar. Já havia pedido notícias na recepção dezenas de
vezes e simplesmente era a mesma coisa. "Ele está em sala de cirurgia
ainda".
Só depois de mais uma hora e meia é que Jasper surgiu na sala de espera
do hospital, com um largo sorriso no rosto e roupas de cirurgia que Anna
finalmente recebeu a notícia.
— Eu não entendo. Minha irmã recebeu uma ligação sua dizendo que Niall
teve uma parada cardíaca e mais cedo ainda não tínhamos nenhum
doador. — Anna respirou fundo, tentando parar com a tremedeira do
corpo. — O que aconteceu durante essas horas?
— Está tudo bem. — Jasper puxa Anna para um abraço. — As famílias das
vítimas já foram notificadas. Eu sinto muito que conseguimos salvar a vida
de Niall sob a circunstância deste acidente, mas pelo menos conseguimos
salvar mais três pessoas. A morte daquele homem não foi em vão.
Anna assentiu, recebendo o abraço se Jasper com amor. Ela era a mulher
responsável por salvar a vida de Niall, do amor da sua vida e mesmo que
ambas estivessem um passado com ele, Jasper sempre teria um lugar
especial no coração de Anna por conseguir manter o homem que amava na
sua vida por mais longos anos.
— E quando eu posso ir até ele? — perguntou Anna, se separando de
Jasper.
— É melhor vocês irem pra casa, não sabemos quando Niall irá acordar,
pode demorar horas ou dias. — Jasper dá um sorriso carinhoso para Luke e
Anna. — Eu prometo ligar a cada hora para passar notícias e assim que ele
acordar ligarei imediatamente.
— Sim?
— Eu sei. Mas sei que você também o ama e faria de tudo por ele.
Luke ficou vendo Jasper se afastar e sentindo pena por ela tanto quanto
sentia por si mesmo. Não conhecia Jasper e era a primeira vez que a via,
mas conseguiu ver em seus olhos que ela amava alguém que já não
retribuía mais os seus sentimentos. Ele direcionou seu olhar pra Anna.
Ambos estavam condenados a amar pessoas com as quais não poderiam
ficar juntos e isso era muito triste.
***
| 1 mês depois |
— Eu estou tão empolgada que finalmente vamos juntos para casa! — Anna
abriu um largo sorriso. — O pessoal vai ficar tão feliz em te ver. Harry e
Louis estão preparando um banquete para o almoço. Até convidaram Zayn
e Liam.
Niall passou a camisa azul limpa pela cabeça e pelos braços e sorriu de
volta para Anna. Ainda doía quando levantava demais os braços ou quando
fazia certos movimentos, mas já se sentia muito melhor comparado a
primeira semana depois que acordou.
— Vai ser bom ver o pessoal reunido. Sinto saudades deles. — Niall se
colocou de pé, experimentando a firmeza das pernas e calçou os chinelos
que Anna havia trazido para ele.
— Não é?! Tirando Harry e Louis eu não encontrei nenhum deles tirando os
dias de visita aqui do hospital.
Niall passou a mão pelos cabelos agora grandes devido à falta de corte e
respirou fundo, apreciando as batidas do seu coração agora forte e
saudável. Quando acordou a três semanas atrás, estava confuso,
desnorteado e com muita dor. Jasper foi o primeiro rosto familiar que viu e
foi a que lhe contou tudo que aconteceu. Horas depois Anna, Anne e Celiny
já estavam no quarto chorando e sorrindo por Niall ter acordado. Os
primeiros dias foram difíceis e tristes, saber que estava vivo só por que
outra pessoa havia morrido não lhe trazia conforto. Com o passar dos dias
Jasper já havia conversado com ele o suficiente para que entendesse que a
vida é assim, pessoas vivem e outras morrem e se lamentar por isso pra
sempre pode corroer você. Tudo que pode fazer e aceitar a dor, o
sofrimento e a tristeza e lidar com ela.
Foi um dia difícil e no decorrer da semana Niall tinha a sensação que não
merecia sua vida, não merecia ser feliz quando a família de Reid sofria
tanto pelo filho morto.
Foi Celiny que o fez mudar de ideia. Anna a trazia sempre quando vinha
visitar Niall todos os dias. Saber que se tivesse morrido não poderia nunca
mais pegar a filha nos braços, sentir seu cheiro suave de leite e sentir suas
pequenas mãos segurarem seus dedos, era ainda mais doloroso do que
pensar na família de Reid. Celiny estava quase completando dois meses
agora e ela já dava sorrisos para o pai sempre que ele a pegava nos braços.
Esses momentos eram tão preciosos que iluminavam até a mais densa
escuridão em seu coração.
— Celiny vai ficar eufórica quando te ver. — Anna ajeita a bolsa com as
coisas de Niall no ombro direito. — Ela e Anne estão esperando no carro.
— Então acho que podemos ir. — o loiro se aproxima de Anna, segurando
seu rosto em suas mãos e depositando um beijo amoroso em sua têmpora.
— Estou muito feliz de ir para nossa casa.
Anna e Niall fazem uma última verificação para garantir não estarem
esquecendo nada no quarto do hospital e seguem para fora. Ao descer o
elevador e chegar ao pátio do hospital, Niall vê Jasper no balcão da
recepção preenchendo algo em sua prancheta. Ela ainda não o viu e ele
conseguiria ir embora sem que ela percebesse.
Anna assente e Niall se afasta. Nesse último mês em que esteve no hospital
Jasper era a pessoa mais presente em seus dias. Anna o visitava todos os
dias e ficava cada segundo do horário de visitas, mas Jasper ia em seu
quarto a cada hora para ver como ele estava, almoçava e jantava com ele e
conversavam durante horas quando ela não estava ocupada. Jasper ainda
carregava muito o peso do luto pela sua filha e achava que ela se agarrava
aos momentos com Niall para não se afundar. Ele estava preocupado agora
que não estaria mais aqui, a quem Jasper recorreria sempre que se sentisse
prestes a desabar?
— Oi Jas. — ele cumprimenta e ela se vira para ele surpresa.
Ela tinha planejado não estar presente quando ele fosse embora, seria mais
fácil assim. Ela odiava dizer adeus.
— Preciso sim. — Niall pegou a mão direta dela e acariciou. — Ainda não te
agradeci por ter salvado minha vida.
— Jas. — Niall chamou suavemente. Odiava saber que ele era um dos
motivos para que Jasper se sentisse tão triste. Ele sabia que ela ainda o
amava e apesar de não ter dado esperanças esse não é um sentimento que
se dissipa facilmente. Ele ainda amava Jasper, não da mesma maneira, mas
ela sempre seria uma parte de sua vida. Uma parte muito importante e
especial. — Quero que saiba que é um privilégio ter você em minha vida.
Tudo o que vivemos foi magnifico e tudo o que você fez e faz por mim eu
jamais conseguirei agradecer o suficiente.
— Você sempre será parte de mim e quero que não se esqueça de que eu
amo você. Não da mesma maneira, mas amo você e estarei aqui sempre
que precisar. — os ombros de Jasper começam a tremer pelo choro e Niall
gentilmente leva a mão em seu queixo, levantando o seu olhar e encarando
seus olhos molhados. — Você é uma mulher indescritivelmente incrível,
forte e maravilhosa. Qualquer um consegue ver isso e a pessoa que você
escolher para compartilhar a vida será de muita sorte.
— Você sabe que eu sinto muito pelo que aconteceu com sua filha e se eu
pudesse faria de tudo para que você a tivesse de volta. — Jasper soluça e
Niall usa a mão livre para limpar as lágrimas. — Eu ter minha família agora
não significa que não pode contar comigo. Não quero que você se isole e se
afunde em tristeza e luto.
— Pare de dizer essas coisas! — Jasper diz entre a respiração acelerada. Ela
odiava chorar daquele jeito em frente as pessoas. — Olha, eu realmente
gosto da Anna, ela é uma boa pessoa. Consigo entender por que se
apaixonou por ela. E Celiny é o segundo bebe mais lindo do mundo, por
que a primeira sempre será minha filha, mesmo ela não estando mais aqui.
Apesar de tudo eu fico muito feliz e aliviada que você tenha pessoas ao seu
redor que te dão muito amor. É bom ver que você conquistou a família que
tanto queria. — Jasper sorri para ele. — Daqui pra frente você terá uma vida
na qual eu não faço mais parte e tudo bem. Tive bastante tempo pra me
acostumar com isso e com tudo que aconteceu nesse ultimo mês... — ela
limpa as ultimas lagrimas, não deixando que nenhuma outra caia. — É
muito melhor ter você vivo, mas não ao meu lado do que não ter você de
nenhuma maneira. Portanto, eu desejo toda felicidade do mundo a vocês.
Jasper se vira e sai para dentro dos corredores do hospital, deixando Niall
para trás.
Ele fecha as mãos em punhos pensando se deve ir atrás dela, mas ele é uma
parte do motivo dela estar assim e talvez se afastar seja realmente o
melhor a se fazer. Niall toma alguns segundos para acalmar a respiração e
depois volta para junto de Anna.
— Você está bem? — ela pergunta assim que ele retorna em silencia e cruza
os seus braços.
— É melhor irmos, Anne e Celiny estão esperando. — ele guia Anna para
fora do hospital.
***
| 5 anos depois |
— É mesmo? — Niall sorri para a filha e olha o doce que suas mãos agarram.
— E de qual país é?
— Lili, Lili. — Percy aparece correndo na sala e vem para se juntar aos dois.
— Meu pai me deu mais um, olha! — Percy estende os dois brigadeiros para
Celiny ver e ela arregala os olhos e abre a boca.
Há três anos Harry e Louis adotaram Percy, um menino de pele morena e
cabelos cacheados e olhos verdes. Hoje era o aniversário de oito anos dele
e seus pais estavam organizando uma festa para comemorar.
— Primeiro acabe de comer o que você está segurando sua gulosa. — Niall
se levanta do sofá e passa a mão pelos cabelos loiros da filha. — Além disso
sua mãe vai ficar muito brava se você se encher de doce antes da festa.
— Isso é muito gentil da sua parte Percy, mas não alimente demais essa
formiguinha com doces. — Niall bagunça os cabelos cacheados de Percy e
ele segue os meninos para fora da casa.
— Eles são crianças e esses doces são para as crianças. — Harry repõe o
doce roubado por Niall e fica satisfeito ao ver que terminou.
— Eu acho que vai sobrar lembrancinhas. — Anna se aproxima com uma
caixa cheia de caxinhas verdes – cor escolhida por Percy – com balas
dentro. — Já coloquei uma em cada mesa, mas ainda vai sobrar algumas.
Anna havia mudado bastante nos últimos anos, seu cabelo que sempre foi
longo agora era curto, bem acima dos ombros e seu vestido floral azul era
salientado pela barriga de cinco meses da nova gravidez. Niall ainda sentia
seu coração saltitar sempre que olhava para a esposa e se sentia o cara
mais sortudo do mundo por tê-la.
— Deixe que eu carrego isso. — Niall pega a caixa das mãos de Anna e lhe da
um beijo na bochecha. Ele leva a caixa para a cozinha e escuta Anna vir
atras.
— Eu sei, mas alguém tinha que distrair Harry e Louis. — diz e ela sorri.
— Isso é bom, você não gostou de nenhuma das sugestões que eu dei.
— Reid. — ela diz e Niall fica em silêncio. — Se você quiser é claro, podemos
pensar em outra coisa caso não goste.
— Mesmo. — Niall junta seus lábios novamente, desta vez um beijo mais
profundo, cheio de paixão e intensidade. — Eu amo você.
— Bear já chegou junto com o tio Liam, podemos ir brincar no pula pula. —
Percy comenta sorrindo, passando a mão na cabeça de Max.
Bear o filho de Liam e Cheryl era alguns meses mais velho que Celiny, mas
seus pais eram muito mais protetores em relação ao o que o filho podia
fazer ou comer.
Percy volta a correr para fora e Max corre trás dele. Celiny vai ate a mãe e
abraça sua cintura, que era ate onde alcançava e beija a barriga onde seu
irmão estava se formando.
— Não fica chateado por não poder ir também, prometo que quando você
nascer eu vou brincar muito com você. — Celiny diz para a barriga da mãe,
o que faz Anna e Niall sorrirem de alegria.
— Eu vou correndo contar isso para o Percy e pro Bear. — Celiny sair
correndo da cozinha para o quintal, deixando Anna rindo para trás.
— Eu acho que ela gostou. — Niall comenta e Anna assente. — Ela disse que
os convidados também estão chegando. É melhor irmos para fora ajudar
Harry e Louis.
— Minha irmã disse que vai chegar mais tarde por que Calum vai precisar
receber algumas encomendas na cafeteria de Luke e ela não vai chegar
sem o namorado. — Anna informa enquanto Niall os conduz para fora.
Anne e Calum começaram a namorar a quase três anos e foi uma surpresa
para todo mundo, principalmente por que nunca tinham visto os dois
juntos, mas Anna suspeitava que eles tivessem se aproximado depois que
Luke abriu a cafeteria e Calum e Anne começaram a trabalhar lá para
ajudá-lo. Calum como cozinheiro e Anne como administradora de finanças.
— Se Luke for atrasar também lá na cafeteria é capaz que Jasper também
se atrase. — Niall comenta.
— Ela disse que vai vir junto com o Luke? — Anna pergunta surpresa.
— Ela falou que o Luke está com o carro dele na oficina e se ofereceu pra
dar uma carona.
— Não vejo a hora deles ficarem juntos logo. — Anna suspira feliz.
— É melhor não ficarmos apressando, eles estão indo com calma e pelo que
Jasper me contou não rolou nada ainda.
— Luke é sempre tão letárgico. — Anna reclama e Niall ri. — Você sabe que
ele demorou anos pra dizer que gostava de mim na época. Se Jasper não
fizer nada a respeito ela vai ter que esperar décadas.
— E eu dou na Jasper.
— Combinado.
Anna sorri ao sentir o braço de Niall a sua volta, enquanto conversava com
os amigos. É uma sensação agradável, reconfortante que aquece seu
coração. Os primeiros anos de Celiny foram tão complicados, Niall ainda se
recuperava do transplante e Anna precisou enfrentar todas as dificuldades
de ser uma mãe cega. Harry e Louis precisaram acompanhar durante os
dois primeiros anos para ajudar Anna. Foi difícil aprender cuidar de Celiny,
principalmente quando ela aprendeu a andar, ela passou noites sem
dormir direito de preocupação. Depois que Niall se recuperou
completamente Anna conseguiu relaxar um pouco mais, sabendo que ele
jamais deixaria nada de ruim acontecer com Celiny. Niall se adequou para
trabalhar de casa e Anna pediu para que contratassem uma babá, assim
Celiny poderia ser bem cuidada e Niall poderia trabalhar mais
tranquilamente. A babá (Isabel) estava de ferias a uma semana, e não
compareceria ao aniversário, mas Celiny e Percy a amavam,
principalmente por que quando Celiny não estava na casa dos tios, Percy
estava na casa de Niall e Anna.
Com o passar dos anos as coisas foram ficando mais fáceis. Anna estava
muito orgulhosa por Celiny ser uma garotinha muito esperta e obediente,
que entendia as dificuldades da mãe e ajudava em tudo que podia. E hoje
estar reunida com as pessoas que amava era uma sensação tão
privilegiada, quase como uma realidade que não pudesse existir. Anna
tinha medo que acordasse a qualquer momento e descobrisse que nada
daquilo era real, então se apegava a sua família com todas as forças que
podia e lhes dava todo o amor. Orava para que seus dias sejam sempre
assim, repletos de sorriso, felicidades e muito amor. Que esses momentos
felizes se gravem nos corações de cada um, como ficavam gravados no
dela.