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Gabriela Cornelius Pandolfo

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DA BALNEABILIDADE DO RIO BURICÁ NO


TRECHO DO BALNEÁRIO CASCATINHA NO MUNICÍPIO DE ALEGRIA - RS

Horizontina-RS
2024
Gabriela Cornelius Pandolfo

DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DA BALNEABILIDADE DO RIO BURICÁ NO


TRECHO DO BALNEÁRIO CASCATINHA NO MUNICÍPIO DE ALEGRIA - RS

Projeto do Trabalho Final de Curso apresentado


como requisito parcial para a o Trabalho Final de
Curso na Engenharia Química da Faculdade
Horizontina, sob a orientação do Prof. Draº Lais
Coelho Teixeira Bins

Horizontina-RS
2024
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 4
1.1 TEMA 4
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA 4
1.3 PROBLEMA DE PESQUISA 4
1.5 OBJETIVOS 6
1.5.1 Objetivo geral 6
1.5.2 Objetivos específicos 6
1.6 JUSTIFICATIVA 6
2 REFERENCIAL TEÓRICO 7
2.1 Contaminação de águas recreacionais 7
2.2 Parâmetros de qualidade da água 9
2.3 Parâmetros de Balneabilidade 11
2.3.1 Análises Físico-Químicas 12
2.2.3 Condições Microbiológicas 14
3 METODOLOGIA 14
4 RECURSOS NECESSÁRIOS 18
5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO 19
REFERÊNCIAS 20
ANEXOS 21
4

1. INTRODUÇÃO

TENTE ABORDAR O CONTEXTO ATUAL DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE RIOS EM GERAL NO BRASIL PRINCIPALMENTE AS ÁGUAS
DE USO PARA RECREAÇÃO (BALNEÁRIOS);

FALAR SOBRE AS PRINCIPAIS FONTES DE POLUIÇÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS (RIOS, LAGOS, RESERVATÓRIOS...)

FALAR DA IMPORTÂNCIA DOS ÍNDICES DE BALNEABILIDADE, PORQUE SÃO MONITORADOS...

COLOCAR AQUI UM POUCO DO QUE VOCÊ ESCREVEU NA JUSTIFICATIVA, POREM NÃO COM AS MESMAS PALAVRAS...

LEMBRE QUE NA INTRODUÇÃO DEVE CONTER O TEMA, PROBLEMA, JUTIFICATIVA E OBJETIVO!!!

A água desempenha um papel importante na economia e manutenção da


saúde da população. O uso de recursos hídricos vem aumentando nos últimos anos,
estimulada pela demanda de atividades fora do ambiente urbano, pelo clima e pela
abundância desse recurso no país (LOPES, 2015).
A avaliação da qualidade da água vai além da simples determinação de sua
pureza, abrangendo suas propriedades desejadas para uma variedade de
propósitos. Tanto os aspectos físico-químicos quanto os biológicos da água são
suscetíveis a mudanças. Geralmente, essas mudanças são provocadas pela
poluição, que pode ter origens diversas (BILICH; LACERDA, 2005).
No contexto atual de crescente preocupação com a sustentabilidade
ambiental e a saúde da população, o diagnóstico ambiental dos rios assume um
papel fundamental. A deterioração da qualidade da água devido à urbanização,
descarga de efluentes industriais e domésticos, além de outros fatores
antropogênicos, representa um desafio significativo para as autoridades ambientais
(HENKES, 2014). Outros fatores como regime de chuvas, geologia, escoamento
superficial, e cobertura vegetal também estão relacionados com a qualidade da água
superficial (ANA, 2017; PIAZZA et al., 2018).
As águas utilizadas para recreação, geralmente contém uma mistura de
microrganismos patogênicos e não patogênicos e outros compostos químicos que
são derivados de diversas atividades. O ocasionamento de doenças como infecções
gastrointestinais e respiratórias pelo uso dessas águas, provém do contato primário
5

direto e prolongado, onde pode ocorrer ingestão acidental (FRANCENER et al,


2011).
A análise de balneabilidade é um aspecto importante para a preservação da
saúde pública e a conservação dos recursos hídricos. Este processo envolve a
avaliação da qualidade da água em relação aos padrões estabelecidos para a
segurança do contato humano, considerando a presença de contaminantes
microbiológicos, químicos e físicos (LOPES, 2009).
Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e da
Agência Nacional de Águas (ANA), o índice de balneabilidade se refere à qualidade
das águas destinadas à recreação de contato primário. Este termo também é
elucidado na Resolução nº 274 do Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA), de 29 de novembro de 2000, como um contato direto do usuário com os
corpos d ' água.
No Brasil, as condições de balneabilidade em águas doces, salobras e salinas
são avaliadas como próprias ou impróprias, e classificadas como excelente, muito
boa ou satisfatória, a partir do monitoramento da concentração de bactérias
indicadoras de contaminação fecal (coliformes termotolerantes - Escherichia coli e
enterococos) (BRASIL, 2001).
A análise da balneabilidade de um rio abrange uma variedade de métodos e
técnicas, incluindo análises microbiológicas para detectar a presença de coliformes
fecais e outros patógenos, bem como testes químicos para identificar a
concentração de substâncias como metais pesados, pesticidas e poluentes
orgânicos. Além disso, aspectos físicos, como turbidez e temperatura, também são
considerados na avaliação da qualidade da água (BRASIL, 2001).
Considerando o impacto ambiental da balneabilidade no Rio Buricá, os
estudos e pesquisas realizadas podem contribuir para a melhoria da qualidade da
água e da preservação ambiental do local. O objetivo é avaliar a qualidade da água
através de análises físico- químicas (pH, turbidez, sólidos totais dissolvidos, oxigênio
dissolvido, DBO, fósforo total e temperatura), além de análises microbiológicas de
coliformes termotolerantes e Escherichia coli, para enquadramento da condição de
balneabilidade do local.
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1.1 TEMA

Análise da qualidade da água e da balneabilidade do Rio Buricá.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Diagnóstico e análise de balneabilidade do Rio Buricá, no Balneário


Cascatinha localizado no município de Alegria - RS, no período de junho a novembro
de 2024.

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA

Às margens de rios e lajeados é comum haver instalação de diversas


comunidades que se aproveitavam dessas águas. Devido à atividade humana nas
redondezas, tem-se o aumento da poluição. Idealmente, a infraestrutura dos
serviços de saneamento básico e de saúde pública desses locais deveria ser capaz
de absorver os impactos do aumento populacional (HENKES, 2014).
Neste sentido, o Balneário Castatinha é considerado um ponto turístico da
região noroeste do Rio Grande do Sul, sendo muito utilizado para lazer durante o
verão, além de possuir diversas residências. Porém, desde o ano de 2011 não há
registros na base de dados da FEPAM sobre análises de água, de qualquer
natureza, nesta região, o que deixa o local totalmente sem fiscalização dos órgãos
ambientais, trazendo preocupação a população utilizadora.
A quantidade e proximidade de residências ao rio também gera um ponto de
alerta, já que o local não possui tratamento de esgoto, e os resíduos gerados são
destinados a fossas sépticas individuais, deixando a insegurança da possibilidade
dos dejetos estarem contaminando diretamente o rio.
Considerando a importância desse estudo, surge a necessidade da seguinte
investigação: Qual é o impacto das atividades humanas nas condições de
balneabilidade do rio?
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1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

A pesquisa tem como objetivo geral realizar um diagnóstico das fontes


de poluição hídrica e analisar as condições de balneabilidade do Rio Buricá,
no trecho conhecido como Balneário Cascatinha.

1.4.2 Objetivos específicos

- Coletar amostras de água superficial em três pontos distintos no trecho de


estudo;
- Analisar os parâmetros físicos, químicos e microbiológicos das amostras
coletas no rio;
- Investigar os principais problemas ambientais do local do estudo;
- Verificar se os padrões de balneabilidade da água do rio estabelecidos na
legislação vigente estão sendo atendidos.

1.5 JUSTIFICATIVA

No Brasil, as concentrações de indicadores de contaminação é muito superior


aos valores de referência adotados pelas principais agências ambientais no mundo,
devido à poluição advinda da pecuária e esgotos domésticos, conforme estudos de
Esteves (1998), Vasconcelos et al (2006) e Lopes e Magalhães Jr (2010).
Apesar da crescente demanda pelo uso recreacional de rios, e dos riscos
decorrentes do contato primário, nota-se na região noroeste do estado do Rio
Grande do Sul uma carência de estudos e programas de monitoramento que
avaliem as condições de balneabilidade. Segundo Lopes, Magalhães e Sperling
(2013), a responsabilidade sobre uso de águas recreacionais é das agências locais
e nacionais, assim, deve ser assegurado a segurança do local, com a qualidade
requerida segundo as normas ambientais.
O local conhecido como Balneário Cascatinha é localizado numa faixa de
terra logo acima do Rio Buricá, no local há diversas casas que formam um vilarejo,
onde poucas pessoas efetivamente residem, porém nos feriados, fins de semana e
férias de verão a população do local aumenta cerca de dez vezes. Os municípios de
8

Independência e Alegria, aos quais o rio faz a divisa, não possuem nenhum
programa que monitore os balneários e as áreas de recreação aquática dos
municípios.
Como a grande maioria dos prédios do local foram construídos informalmente,
não há registros sobre o sistema de esgoto utilizado pelos mesmos. Há informações
de residentes que o sistema foi construído com fossa séptica do tipo sumidouro.
Dessa forma, considera-se o risco de parte desse esgoto ser despejado diretamente
no rio.
Diante do exposto, observou-se a necessidade da realização de um estudo
sobre a atual situação da qualidade da água nesse trecho do Rio Buricá, para
verificar se atende aos padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA nº
274/2000 e Resolução CONAMA nº 357/2005. A execução desse projeto torna-se
significativamente importante para a comunidade local que utiliza o rio para
recreação, bem como para os órgãos responsáveis pelo saneamento local e saúde
pública.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS RECREACIONAIS

Conforme definido pela Organização Mundial da Saúde, a saúde representa


um estado completo de bem-estar físico, mental e social, indo além da mera
ausência de doença. No entanto, a manifestação e a evolução das doenças no
corpo variam de pessoa para pessoa, influenciadas por características individuais,
atributos ou hábitos que podem promover ou impedir danos à saúde. Estes são
conhecidos como fatores de risco ou de proteção (PEREIRA, 2008).
O uso da água para fins de recreação pode ser classificado de acordo com o
tipo de contato entre o usuário e a água. O contato primário é destinado a atividades
como natação, mergulho ou surfe, já o contato secundário associa-se a atividades
de pesca e navegação (CETESB, 2024).
O constante declínio dos ecossistemas aquáticos coincide com o aumento do
turismo em destinos de balneários no Brasil, o que tem trazido vantagens
econômicas para as comunidades locais, como a criação de empregos e o aumento
da renda. De acordo com Spinacé (2013), muitos desses destinos turísticos do Brasil
9

estão perdendo atrativo devido à má qualidade da água, que não atende aos
padrões necessários para os usos desejados pela sociedade.
Quando ocorre contato primário, são necessárias condições mais rigorosas
em relação à qualidade, devido ao perigo que representa para a saúde humana a
exposição direta e prolongada a possíveis organismos patogênicos, metais pesados
e resíduos de óleos e graxas. A falta de monitoramento e de informações para os
frequentadores pode resultar em contato com águas contaminadas, aumentando
significativamente o risco de contrair várias doenças, especialmente para idosos,
pessoas com baixa imunidade e crianças (LOPES, MAGALHÃES e SPERLING,
2013).
A contaminação de águas recreacionais pode ser oriunda de diversas fontes
poluidoras, como efluentes domésticos, agrícolas e industriais, sendo o primeiro o
mais comum. A poluição por material fecal advindo dos banhistas que frequentam o
local também é uma grande fonte de degradação (LOPES, MAGALHÃES e
SPERLING, 2013).
As fontes de poluição pontuais são possíveis de ser identificadas, permitindo o
controle da qualidade, frequência e quantidade dos efluentes lançados. Por outro
lado, as fontes difusas não possuem pontos de lançamento e frequências definidas,
tornando seu controle mais desafiador. Os poluentes de origem difusa alcançam os
cursos d'água através do escoamento superficial, que é gerado durante eventos de
chuvas intensas e/ou prolongadas. Portanto, durante os períodos chuvosos,
especialmente nas primeiras chuvas, há uma significativa contribuição de poluição
difusa nos corpos de água (COELHO et al., 2017).
As fontes de poluição de origem difusa podem incluir indústrias que despejam
seus efluentes na rede coletora pluvial ou de esgoto, dificultando a identificação do
local e da origem dos poluentes, bem como atividades agrícolas e esgotamento
sanitário, especialmente as conexões clandestinas (LOPES, MAGALHÃES e
SPERLING, 2013).

2.2 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA


A qualidade da água superficial é influenciada por diversos fatores naturais,
como o regime de chuvas, geologia, escoamento superficial e cobertura florestal.
Além disso, as atividades humanas também exercem um papel significativo,
10

incluindo o lançamento de efluentes, práticas de manejo do solo, entre outros (ANA,


2017).
O enquadramento, um dos instrumentos da Política Nacional de Recursos
Hídricos (PNRH), é fundamental para garantir a qualidade adequada dos recursos
hídricos para diversos usos. A Resolução CONAMA nº 357/2005 estabelece a
classificação dos corpos de água em três categorias: doce, salgada e salobra. No
caso dos corpos hídricos de água doce, eles são classificados em cinco categorias
(Quadro 1), sendo a classe especial aquela que apresenta a melhor qualidade de
água e os usos mais restritivos. Em ordem decrescente de qualidade, as classes vão
da 1 à 4.
Já as águas salobras, com salinidade entre 0,5 e 30%, são divididas em quatro
categorias, com a classe especial indicando a melhor qualidade e a classe 3 a pior.
O mesmo princípio se aplica às águas salinas, com salinidade igual ou superior a
30%, também divididas em quatro classes (CONAMA, 2005; ANA, 2013).
Quadro 1 - Classificação de águas doces

CLASSE DESTINAÇÃO DE USO

Classe especial abastecimento humano e preservação do equilíbrio


natural

Classe 1 abastecimento humano, proteção das comunidades


aquáticas, recreação de contato primário e irrigação
de hortaliças

Classe 2 abastecimento humano, proteção das comunidades


aquáticas, recreação de contato primário, irrigação de
hortaliças e pesca

Classe 3 abastecimento humano, irrigação de culturas


arbóreas, pesca, recreação de contato secundário e
dessedentação de animais

Classe 4 navegação e harmonia paisagística

Fonte: Adaptado de CONAMA (2005)

Além das condicionantes básicas para a qualidade da água, existem


parâmetros específicos com valores limites. As classes 1 e 2 de água doce
compartilham uma lista de parâmetros (Quadro 2), adicionando uma lista extra para
águas utilizadas na pesca ou no cultivo de organismos para consumo intensivo. A
11

classe 3 de água doce possui uma tabela própria de padrões, com limites mais
flexíveis. Por fim, a classe 4 de água doce observa apenas algumas condições e
padrões (CONAMA, 2005).
Quadro 2 - Padrões de qualidade de água classe 1 e classe 2* - águas doces

PARÂMETROS VALOR MÁXIMO

Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L

DBO 3 mg/L O2 (a 20º C)

OD < 6 mg/L O2 (a 20º C)

Turbidez 40 UNT

pH 6,0 e 9,0

Cor nível de cor natural em mg Pt/L

Fósforo Total* 0,050 mg/ L

Coliformes termotolerantes* para recreação de contato primário,


obedecendo a Resolução CONAMA nº 274/00

Cor* 75 mg Pt/L

Turbidez* 100 UNT

DBO* 5 mg/L O2 (a 20º C)

OD* 5 mg/L O2 (a 20º C)


Fonte: Adaptado de CONAMA (2005).

Além dos parâmetros acima, as águas de classe 1 não devem apresentar efeito
tóxico a organismos, materiais flutuantes, óleos e graxas, substâncias que tenham
gosto ou odor, corantes de qualquer espécie, resíduos sólidos objetáveis e
coliformes termotolerantes seguindo a Resolução nº 274 de 2000 (CONAMA, 2005).
As águas de classe 2 também não permitem corantes que não possam ser
removidos por coagulação, sedimentação e filtração, além dos coliformes
termotolerantes seguindo a Resolução nº 274 de 2000 (CONAMA, 2005).

2.2.1 PARÂMETROS DE QUALIDADE PARA BALNEABILIDADE


Em 1968, o National Technical Advisory Committee (NTAC) estabeleceu as
primeiras diretrizes para os critérios e valores de referência visando garantir
condições adequadas durante a prática de atividades recreativas. Em todo o mundo,
12

vários países ainda baseiam sua classificação de balneabilidade na detecção de


coliformes termotolerantes e totais. Por outro lado, outros países têm adotado
indicadores como Enterococcus e/ou E.coli, seguindo recomendações provenientes
de estudos epidemiológicos e da subsequente publicação dos critérios para águas
recreacionais pela USEPA (2012) e pela WHO (2003).
No Brasil, atualmente, a avaliação da qualidade das águas de rios, lagoas e
mares para atividades que envolvem contato direto, como a balneabilidade, deve
obedecer aos padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 274, de 29 de
novembro de 2000, conforme indicado na própria Resolução CONAMA nº 357 de
2005. Segundo esta resolução, as condições de balneabilidade das águas doces
são classificadas em categorias, determinadas pelos níveis de coliformes fecais
(termotolerantes) ou Escherichia coli.
A classificação de águas doces se enquadra quando há salinidade igual ou
inferior a 0,50º/00. Já quando se refere a águas destinadas à balneabilidade, são
classificadas como próprias e impróprias, como mostrado no quadro 3.

Quadro 3 - Condição de caracterização de águas destinadas a balneabilidade

Fonte: Adaptado de CONAMA (2000).

As águas serão consideradas como impróprias para a balneabilidade quando


não houver o atendimento aos critérios estabelecidos para águas próprias; o valor
da última amostragem for maior a 2500 coliformes fecais/ 100 mL ou 2000
Escherichia coli/100 mL; houver na região doenças transmissíveis por via hídrica;
houver presença de residuos, solidos ou liquidos capazes de oferecer riscos à
saúde; o pH estiver menor que 6,0 ou maior que 9,0; floração de algas ou outros
13

organismos, até que se comprove que não são perigosos; e outros fatores que
impeça a utilização para recreação (CONAMA, 2000).
Se a má qualidade das águas dos balneários for identificada, o órgão ambiental
competente (municipal, estadual ou federal) tem autoridade para interditá-los. Além
disso, outros eventos que podem justificar a interdição incluem derramamento de
óleo, vazamento de esgoto, presença de toxicidade ou formação de nata devido à
floração de algas ou outros organismos, e a presença de moluscos que possam
transmitir doenças como esquistossomose e outras enfermidades de veiculação
hídrica (CONAMA, 2000).

2.2.1 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS


O termo pH (potencial hidrogeniônico) varia de 0 a 14 e indica a intensidade de
acidez, neutralidade e alcalinidade de uma solução aquosa. O pH influencia
diretamente os ecossistemas aquáticos e tem efeitos sobre a fisiologia de espécies,
e também pode contribuir para a precipitação de elementos químicos como metais
pesados (EMBRAPA, 2011).
O pH é um parâmetro crucial para atividades recreativas, sendo inclusive um
dos critérios de classificação de balneabilidade em países como Brasil, Austrália e
Canadá, devido ao risco de irritação nos olhos e na pele causados pela exposição a
águas com pH extremo. Os valores de pH estão ligados a fatores naturais, como a
dissolução de rochas, a absorção de gases atmosféricos, a oxidação da matéria
orgânica e a fotossíntese, assim como a fatores antropogênicos, como o despejo de
esgotos domésticos e industriais (VON SPERLING, 2005).
Em situações em que os valores de pH são elevados (>10), o contato
prolongado com as águas desses ambientes aquáticos pode resultar em sérias
irritações na pele. Um dos fatores que intensificam o aumento do Ph em corpos
hídricos é a floração de algas (VON SPERLING e VON SPERLING, 2010).
O oxigênio dissolvido (OD) é essencial para o metabolismo dos
microrganismos aeróbios, principalmente aos peixes, que não resistem a
concentrações inferiores a 4,0 mg/L. O OD pode ser intensificado pelo O2 produzido
pelas plantas, e pelo aumento da temperatura das águas (EMBRAPA, 2011).
Os sólidos totais dissolvidos (STD) é a soma de todos os constituintes químicos
dissolvidos na água, pode conter íons orgânicos e íons inorgânicos que em
concentrações elevadas podem ser prejudiciais à vida aquática (EMBRAPA, 2011).
14

A turbidez é uma propriedade óptica que faz com que a luz seja espalhada e
não transmitida em linha reta. É causada por matérias em suspensão como argila,
matéria orgânica e inorgânica, compostos orgânicos solúveis coloridos, plânctons e
outros organismos (EMBRAPA, 2011).
Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) é utilizada para identificar a presença
de matéria orgânica na água. Assim, indica o consumo de oxigênio necessário para
estabilizar a matéria orgânica presente na água (EMBRAPA, 2011).
O fósforo é essencial para o desenvolvimento dos organismos, podendo ser o
nutriente que limita a produtividade de um corpo de água (PIVELI; KATO, 2005). A
presença de fósforo na água pode ser relacionada a processos naturais como
dissolução de rochas, carreamento do solo e decomposição de matéria orgânica,
além de processos antropogênicos, mas a principal fonte em águas residuais são
provenientes de detergentes de uso doméstico (EMBRAPA, 2011).

2.2.2 CONDIÇÕES MICROBIOLÓGICAS


Os coliformes fecais (termotolerantes) são bactérias que fazem parte do grupo
de coliformes totais, onde há a presença da enzima galactosidase, esta que tem
capaci dade de fermentação da lactose, produzindo gás à temperatura de 44-45º em
meios onde há a presença de sais biliares ou outros agentes tensoativos. São
gram-negativas em forma de bacilos oxidase-negativas. Elas são encontradas em
fezes de humanos e animais, mas também onde há matéria orgânica (Fundação
Nacional de Saúde, 2013).
A bactéria Escherichia coli contém as enzimas galactosidase e glicuronidase,
também cresce a 44-45º e fermenta lactose e manitol, produzindo ácido e gás. Ela é
encontrada em locais onde houve contaminação fecal recente (Fundação Nacional
de Saúde, 2013).
Os enterococos são bactérias com alta tolerância de crescimento, podendo se
desenvolver na presença de 6,5% de cloreto de sódio, pH 9,6 e temperaturas entre
10º e 45º. A grande maioria dessa bactéria é de origem fecal humana, mas podem
ser isoladas de fezes de animais (CONAMA, 2000).
15

3 METODOLOGIA

As ciências são definidas pela aplicação de métodos científicos, porém nem


todas as áreas de estudo que utilizam esses métodos são consideradas ciências.
Embora o uso de métodos científicos não seja exclusivo da ciência, é essencial para
o exercício da mesma (LAKATOS, 2021).

Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve impor aos
diferentes processos necessários para atingir um certo fim dado ou um
resultado desejado. Nas ciências, entende-se por método o conjunto de
processos empregado na investigação e na demonstração da verdade
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2014, p. 27).

Utilizando do método de abordagem mista, do tipo qualitativa e quantitativa, o


presente trabalho utilizou-se do método de pesquisa descritiva-exploratória, tendo
como referência as Resoluções CONAMA 274/2000 e 357/2005. Com base nisto, os
procedimentos foram de pesquisa bibliográfica e experimental, utilizando-se de
análises físico-químicas e microbiológicas com base em diferentes métodos
analíticos.

3.1 Área de estudo


A seguinte pesquisa foi desenvolvida no Rio Buricá, na extensão localizada
no Balneário Cascatinha, no interior do município de Alegria, no Noroeste do Estado
do Rio Grande do Sul.
O Rio Búrica pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Turvo, sua nascente está
localizada na localidade de As Brancas, interior do município de Chiapetta e seu
principal afluente é o Rio Inhacorá. O monitoramento realizado abrangeu cerca de
350 metros de extensão do rio. A comunidade do Balneário Cascatinha conta com
cerca de 100 casas, das quais poucas são habitadas o ano todo.
As áreas próximas ao rio são majoritariamente ocupadas pela prática da
agricultura, onde ocorre o plantio de culturas de soja, milho e trigo. Além disso,
existem áreas utilizadas para criação de animais.
16

Figura 1 - Mapa da localização do Balneário Cascatinha

Fonte: Autor (2024).

3.2 Coleta de amostras de água


O monitoramento da água do Balneário Cascatinha foi realizado no período
de junho a novembro de 2024, a partir de amostragens mensais de água, realizadas
preferencialmente em dias com pouca incidência de chuvas.
Foram definidos três pontos de amostragem, escolhidos estrategicamente
levando em consideração os locais onde há maior índice de pessoas. O ponto de
coleta 1 (P1) se localiza no início da área urbanizada, o ponto 2 (P2) esta situação
logo abaixo da principal cascata, por último, o ponto 3 (P3) está no final da área
urbanizada.
No quadro 4, podem ser observadas as coordenadas geográficas dos pontos
de amostragem.
Quadro 4 - Coordenadas geográficas dos pontos de amostragem

P1 P2 P3

Latitude, Longitude Latitude, Longitude Latitude, Longitude

-27.837275, -54.145194 -27.836683, -54.144295 -27.835587, -54.142800

Fonte: Autor (2024).


17

O procedimento de coleta para as análises físico-químicas seguiu os


protocolos descritos em Embrapa (2011). Os coletores de água superficial utilizados
foram garrafas de polietileno (PE) (1 L), que foi posicionada contra a correnteza,
cerca de 15 cm a 30 cm abaixo da superfície da água. Tomou-se cuidado para não
ser coletado amostras em áreas estagnadas ou próximas às margens. Para
determinação de oxigênio dissolvido, foram utilizados frascos do tipo DBO.
As amostras foram refrigeradas a 4º C e mantidas em ambiente escuro para
evitar degradação e ação de microrganismos.
A coleta de amostras para análise microbiológica seguiu os procedimentos de
Funasa (2011), evitando qualquer contaminação. Os frascos utilizados foram de
polietileno (PE) (1 L), previamente esterilizados. Da mesma forma da coleta para
análises físico-químicas, o frasco foi posicionado contra a correnteza, cerca de 15
cm a 30 cm abaixo da superfície da água.

3.3 Análises físico-químicas


Todas as análises foram realizadas no laboratório de Química Orgânica da
Faculdade Horizontina (FAHOR). Os procedimentos padrão para as análises foram
baseados no Standart Methods for the Examination of Water and Wastewater
(BAIRD, EATON e RICE, 2017).
O método potenciométrico é o mais utilizado na determinação de pH. As
análises de pH de todas as amostras foram realizadas no equipamento
PHOX-P1000, onde o mesmo foi previamente calibrado com soluções tampão 4,00 e
9,00. Para a determinação da turbidez da água, foi utilizado um turbidímetro
ASKO-TULOG, o qual foi calibrado com suspensões de turbidez (0, 10 e 500 NTU)
antes de ser utilizado.
A cor foi determinada pelo método de comparação visual, onde foram
preparados padrões de cor na faixa de 5 a 50 unidades de cor que foram colocadas
em tubos de Nessler, onde a cor da amostra de água foi comparada visualmente.
A determinação da concentração de oxigênio dissolvido na água, foi feita a
partir do equipamento HANNA-5421, assim como a DBO. A DBO foi colocada em
estufa com variação de temperatura entre 21 ºC e 22 ºC durante 5 dias; a
temperatura foi controlada com um termômetro digital. Os sólidos totais dissolvidos
foram estimados utilizando cadinhos, que foram previamente lavados, secos e
pesados. Foi colocado 100 mL da amostra para filtrar em um papel filtro, e o filtrado
18

foi colocado no cadinho e seco em uma chapa de aquecimento, após, foi levado a
estufa em 105 ºC por 1 hora. A seguinte equação foi utilizada para obter o peso final.
6
(𝑃2 − 𝑃1)(𝑔)𝑋10
𝑆𝑇 (𝑚𝑔/𝐿) = 𝑉 (𝑚𝐿)
(1)

3.4 Análises microbiológicas


Seguindo o procedimento descrito no Standard Methods for the Examination
of Water and Wastewater (BAIRD, EATON e RICE, 2017). Foi utilizado o método dos
tubos múltiplos (MTM) para análise de Coliformes totais. Para a primeira parte da
análise, é feito o teste presuntivo, onde uma bateria de 15 tubos de ensaio foi
separada com distribuição de 5 em 5. Nos primeiros 5 tubos, continha caldo
lactosado de concentração dupla, onde foi inoculado 10 mL de amostra de água,
com uma diluição 1:1. Nos 10 tubos de ensaio restantes da bateria, que continha
caldo lactosado de concentração simples, em 5 foi inoculado 1 mL de amostra, com
diluição 1:10, e nos outros 5, inoculado 0,1 mL de amostra, com diluição 1:100.
Todos os tubos foram incubados a 35 ºC durante 24/48 horas.
Para o teste confirmativo, foram selecionados os tubos que apresentaram
formação de gás das três diluições anteriores. A mesma quantidade de tubos foi
preparada com o meio verde brilhante Bile a 2%. Foi realizada uma repicagem e
identificação dos tubos. Uma nova incubação de 24/48 horas a 35 ºC. Os resultados
foram analisados em tabela do Número Mais Provável (NMP).
O mesmo procedimento foi utilizado para a análise de coliformes
termotolerantes. Com o método dos tubos múltiplos (MTM), foi realizado o teste
presuntivo, todos os tubos positivos e negativos em que houve crescimento após 48
horas, nas 3 diluições foram utilizados. Foi transferido uma porção de cada um dos
tubos para outros contendo o meio EC, após, foram colocados em banho maria a
44,5 ºC durante 24 horas. Os resultados foram analisados em tabela do Número
Mais Provável (NMP).

3.4 Análise dos resultados


Os resultados das análises de qualidade da água encontrados para cada
parâmetro foram comparados de acordo com a resolução n° 357/2005 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) (BRASIL, 2005).
19

4 RECURSOS NECESSÁRIOS

- Vidrarias de laboratório;
- Balança analitica;
- pHmetro;
- Garrafas de polietileno 1 L;
- Frascos DBO;
- Estufa aquecimento;
- Medidor de OD e DBO;
- Meios de cultura;
20

5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Nesta seção, indica-se o tempo necessário para o desenvolvimento de cada etapa da pesquisa. O cronograma deve ser
claro e definir o prazo de cada etapa bem como, os momentos de interposição entre as etapas. Na Figura 3 apresenta-se um
modelo de cronograma.

Figura 2 – Cronograma de atividades


ANO
ETAPAS
ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGO SET OUT NOV
Elaboração do Projeto X
Escolha do tema/objetivos X
Escolha do orientador X

Revisão de Literatura X
X
Planejamento da pesquisa

Coleta das amostras X X X X X

Análise das amostras X X X X X


X X
Elaboração dos resultados

Discussão dos resultados X X

Primeira revisão do TFC X

Segunda revisão do TFC X


Entrega das 3 cópias encadernadas
21

X
Defesa - banca examinadora

Revisão final do TFC e postagem no portal (disciplina) X


22

REFERÊNCIAS

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23

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ANEXOS

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