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RESUMO
A sub bacia do rio Marinho vem sofrendo diversas alterações em sua morfologia, devido ao
crescimento urbano nas últimas décadas. Um dos impactos ambientais é o lançamento de
efluentes, que contribuiu para a contaminação das águas superficiais e assoreamento no local.
Mediante esta problemática, o objetivo deste artigo foi de avaliar no formato de pesquisa
documental exploratória descritiva a qualidade das águas do rio Marinho, localizado no
município de Vila Velha/ES, durante os anos de 2007 a 2020. A avaliação contempla os dados
dos nove parâmetros que compõem o Índice de Qualidade das Águas (IQA), tais como,
coliformes termotolerantes, demanda bioquímica de oxigênio, fósforo total, nitrogênio total,
oxigênio dissolvido, potencial hidrogeniônico, sólido total, temperatura da água e turbidez.
Inclusive, os valores de IQA são apresentados através de gráficos e analisados em função da
classificação da CETESB. Os dados são disponibilizados pelo banco de dados eletrônicos da
AGERH. Após as considerações nos resultados, as águas do rio Marinho apresentam faixa de
IQA entre aceitável e péssima e se enquadram na classe 4 da Resolução CONAMA 357/2005,
além da necessidade de recuperação ambiental e paisagística.
ABSTRACT
The Watershed basin of the Marinho river has undergone several changes in its morphology,
where it has experienced several interventions over the years. One of the environmental impacts
is the discharge of effluents, which contributed to the contamination of the surface waters and
silting up the site. The scenario has been evidenced by urban growth for decades. By means of
this issue, the objective of this article was to assess the quality of the waters of the Marinho
river, in the format of exploratory and descriptive documentary research, located in the city of
Vila Velha, Espirito Santo, Brazil, during the years of 2007 to 2020. The Evaluation
contemplates the data of the nine parameters that make up the Water Quality Index (WQI), such
as thermotolerant coliforms, biochemical oxygen demand, total phosphorus, total nitrogen,
dissolved oxygen, hydrogen potential, total solid, water temperature and turbidity. In Fact, the
WQI values are presented trough graphs and analyzed according to the CETESB classification.
The data was available by AGERH’s electronic database. After considering the results, the
water of the Marinho river has a WQI range between acceptable and very bad and falls into
class 4 of CONAMA Resolution 357/2005, besides the need for environmental and landscape
recovery.
INTRODUÇÃO
Em uma era de crescente necessidade de água, os corpos hídricos sofrem cada vez mais com
lançamento ilegal de efluentes industriais, esgoto sanitário, além da supressão de suas matas
ciliares, acarretando na contaminação da qualidade destas águas e em problemas à saúde
pública.
De modo a identificar o produto da ação antrópica sob os corpos d’água, demonstrando suas
características físicas, químicas e microbiológicas, são aplicados indicadores para avaliação de
variáveis. Valiosas para analisar a qualidade das águas, essas variáveis evidenciam níveis de
deterioração do corpo hídrico quando constatada a existência de valores superiores aos
convencionados para cada uso.
O rio Marinho, que divide os municípios de Cariacica e Vila Velha, encontra-se como um dos
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mais poluídos do estado do Espírito Santo. No decorrer de sua subsistência, o rio sofreu diversas
intervenções antrópicas, o que gerou a degradação da qualidade da água e, consequentemente,
a alteração de seu enquadramento a partir da CONAMA 357/2005.
Visando entender e discutir os impactos antrópicos, este artigo teve como objetivo a elaboração
de um estudo de revisão de literatura, no formato de pesquisa documental exploratória
descritiva, do Índice de Qualidade das Águas (IQA), indicador composto por nove parâmetros
que se dispõem entre físicos, químicos e microbiológicos para a caracterização hídrica do rio
Marinho/ES durante os anos de 2007 a 2020, interpretando os resultados obtidos sob a
perspectiva da Resolução CONAMA 357/2005 e pelos documentos disponibilizados pela
Agência Estadual de Recursos Hídricos.
REVISÃO DA LITERATURA
O rio Formate originalmente era um afluente do rio Jucu. Todavia, conforme bem pontuado por
Bitencourt (1987, apud D’AVILA, 2017, p.72), os jesuítas, em 1740, elaboraram um canal
ligando o rio Formate a um pequeno rio que desaguava na baía de Vitória, e que por sua vez
ficou conhecido como rio Marinho. Durante a década de 70, o rio perdeu seu caráter de
escoamento de produção, fonte de alimentos e recreação. Assim, atualmente com um
baixíssimo fluxo de água, assoreamento, poluição e pouquíssimos peixes sobreviventes, seu
único uso é a drenagem de águas pluviais e residuárias de sua bacia hidrográfica.
A bacia do rio Formate-Marinho abrange parcialmente três municípios: Viana, Cariacica e Vila
Velha em seu curso principal. Trata-se de um curso da água de 4ª ordem, com nascente na
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Reserva Biológica de Duas Bocas, em que percorre 37,5 quilômetros até a baía de Vitória, onde
deságua. Em seu baixo curso, especificamente, passa a se chamar rio Marinho, com 9
quilômetros de extensão (D’AVILA, 2017, p.74).
De acordo com Sartório (2015, p.31), a bacia do rio Marinho é localizada em região de
prevalecentes planícies e extensão territorial de 35,64 km², o rio Marinho compreende parte dos
municípios de Vila Velha e Cariacica, apresentando, na devida ordem, 11,34 km² e 24,29 km²
desta área. Através do Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Vitória
(INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES, 2010, p.13) a bacia do rio Marinho, com toda a
sua extensão, incorpora 21 bairros, dentre esse espaço, possui parte de seu leito canalizada,
recebe carga de poluição doméstica e industrial via rio Formate e, efluentes dos bairros no
entorno, apresentando mais de 80% de ocupação residencial e industrial em sua bacia
hidrográfica, além de ter suas condições pioradas pelo periódico represamento de suas águas
pela maré na baía de Vitória.
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A água pura é um fluido incolor, inodoro e insípido. Entretanto, por ser um excelente solvente,
nunca é encontrada em seu estado de absoluta pureza. Dos elementos químicos conhecidos, a
maioria é encontrada de uma forma ou outra nas águas naturais, designando assim, as
impurezas. As propriedades desejáveis de uma água dependem de sua utilização (RICHTER,
C.; NETTO, J., 1991, p.24-25).
A água pode ser um veículo de contaminação e disseminação de doenças entre os seres vivos,
quando em sua composição está contaminada por patógenos ou substâncias químicas e
radioativas, além de ser um excelente criadouro para larvas de mosquitos e outros vetores
(CARVALHO, A.; OLIVEIRA, M., 2010, p.75).
Assim, de acordo com art. 17 do CONAMA 357 (BRASIL, 2005), as águas doces de classe 4
possuirão as seguintes condições e medidas para os parâmetros de interesse: Oxigênio
dissolvido superior a 2,0 mg/L O2 e pH entre 6,0 a 9,0.
Segundo norma NBR 9896 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1993),
monitoramento é a medição contínua, discreta ou repetitiva, ou estudo sistemática da qualidade
ambiental da água, ar e solo.
De acordo com a Fundação Estadual do Meio Ambiente – Fundação João Pinheiro (1998, apud
JUNIOR, 2000, p.113), a definição de monitoramento das águas pode ser como
acompanhamento contínuo dos fatores qualitativos e/ou quantitativos das águas, envolvendo
uma série de fatores de interesse, tais como, dados quantitativos, as fontes e elementos
impactantes e a avaliação da qualidade do ambiente em geral.
Conforme a Agência Estadual de Recursos Hídricos (2015, p.24) no Espírito Santo utiliza-se o
Índice de Qualidade das Águas (IQA), composto por nove parâmetros relevantes para a
avaliação da qualidade da água, que são indicadores de degradação do corpo d’água pelo
lançamento de efluentes.
Segundo Valle (2012, p.63-64) a contaminação da água seja por caráter físico, químico,
bioquímico ou biológico pode proceder de vários modos, como:
• Poluição orgânica, definida pelo alto consumo de oxigênio dissolvido pelas bactérias
que degradam matéria orgânica;
• Presença de nutrientes, como nitratos e fosfatos, consomem grande quantidade de
oxigênio dissolvido para se decompor e contribuem para a eutrofização do corpo
hídrico;
• Produtos tóxicos industriais, como metais pesados, ácidos e solventes, além de
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pesticidas e herbicidas;
• Poluição térmica, acolhimento de águas em temperatura superior à do corpo d’água
receptor, proporcionando um aumento significativo na microbiota.
De acordo com Boschilia (2010, p.454) inúmeros poluentes são lançados em rios, mares e lagos,
mantendo-se na cadeia alimentar o que não se degrada. Os nutrientes excedentes não tratados
provocam a eutrofização do corpo hídrico, fenômeno que impede a fotossíntese nas camadas
mais profundas por conta do grande crescimento de algas planctônicas na superfície.
A concentração média de um poluente, pode ser quantificada por meio da medição de episódios
divergentes em duração, dependendo ainda de variáveis ambientais como uso e ocupação dos
solos, dados de precipitação, dentre outros (LARENTIS, 2014, p.31).
Conforme a Agência Estadual de Recursos Hídricos (2019, p.35) o Índice de Qualidade das
Águas (IQA) foi criado em 1970, nos Estados Unidos, pela National Sanitation Foundation, o
IQA foi adaptado e começou a ser utilizado em 1975, pela Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo (CETESB), difundindo a utilização do mesmo para a avaliação da qualidade das
águas no Brasil, sendo hoje o principal índice de qualidade das águas utilizado no país.
Nas palavras de Braga (2005, p.103) este índice surge como uma alternativa de avaliação de
qualidade da água, dada a grande quantidade de parâmetros e suas diferentes características, de
forma que, manifesta-se a complexidade de como incorporar em um único índice, uma
informação consolidada acerca de todas essas variáveis relativas aos problemas de um
determinado corpo hídrico.
principal utilização deste índice, é analisar a qualidade das águas considerando seus aspectos
relativos, tendo como produto final o abastecimento público. O cálculo do IQA é realizado pelo
produtório ponderado das respectivas qualidades dos 9 parâmetros que integram o índice, como
é descrito na seguinte fórmula (1):
𝑛
𝑤𝑖
𝐼𝑄𝐴 = ∏ 𝑞𝑖 (1)
𝑖=1
Onde:
𝐼𝑄𝐴: Índice de Qualidade das Águas, um número entre 0 e 100;
𝑞𝑖 : qualidade do i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 100, obtido da respectiva “curva
média de variação de qualidade” (Figura 2), em função de sua concentração ou medida;
𝑤𝑖 : peso correspondente ao i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 1, atribuído em função da
sua importância para a conformação global de qualidade, demostrado na fórmula (2):
𝑛
∑ 𝑤𝑖 = 1 (2)
𝑖=1
Em que:
𝑛: número de variáveis que entram no cálculo do IQA.
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De acordo com a Agência Nacional das Águas (2005, p.16) os respectivos pesos (wi) dos
parâmetros que compõem o IQA, foram fixados para retratar a sua importância na formação
qualitativa da água e para cada um foi atribuído um peso de qualidade (wi), cujos os valores
variam de 0 a 1, conforme pode ser verificado na Tabela 1:
No entanto, ainda de acordo com Agência Nacional das Águas (2005, p.18) os valores do IQA
foram classificados em faixas, que variam com os estados brasileiros. A classificação da
qualidade da água segundo o IQA no Espírito Santo foi realizada de acordo com a Tabela 2.
Cabe ressaltar que mudanças climáticas, tais como variações prolongadas no regime de chuvas
e no escoamento superficial, também têm o potencial de afetar a evolução do indicador tanto
para melhor ou quanto para pior (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2018, p.25).
De acordo com Silva et al. (2017, p.118), o grupo dos coliformes termotolerantes, comumente
chamados de coliformes fecais, é um subgrupo dos coliformes totais, restrito aos membros
capazes de fermentar a lactose a 44,5-45,5 oC com produção de gás. Essa definição objetivou,
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3.2.3 pH
De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (2014, p.89) O pH é um fator crucial nos
processos de coagulação, desinfecção, abrandamento das águas, no controle da corrosão e no
tratamento dos esgotos e efluentes industriais. O tratamento de desinfecção das águas sucede-
se melhor em pH ácido e geralmente em águas alcalinas o consumo de cloro é maior.
Segundo RICHTER, C.; NETTO, J. (1991, p. 35) a maioria dos compostos orgânicos são
instáveis e podem ser oxidados biologicamente ou quimicamente, formando assim, compostos
finais mais estáveis. A matéria orgânica tem uma certa necessidade de oxigênio que pode ser
denominado por duas categorias:
• Demanda bioquímica de oxigênio (DBO): é a medida de qualidade de oxigênio necessária
para a realização do metabolismo das bactérias aeróbias que destroem a matéria orgânica.
• Demanda química de oxigênio (DQO): permite a avaliação da carga de poluição de esgotos
industriais ou domésticos em termos de quantidade de oxigênio necessário para a sua total
oxidação em dióxido de carbono e água.
3.2.5 Temperatura
Medição da intensidade de calor. A temperatura da água tem importância por sua influência
sobre outras propriedades, pois, a elevação da temperatura pode aumentar a taxa das reações
químicas, físicas e biológicas e a transferência de gases, por outro lado, pode diminuir a
solubilidade do oxigênio na água (VON SPERLING, 2005, p.28).
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O nitrogênio pode ser encontrado na água como nitrogênio orgânico, amoniacal, nitrito e
nitrato. As fontes de nitrogênio nas águas naturais são diversas. Os esgotos sanitários consistem,
geralmente, a principal fonte, atribuindo nas águas, nitrogênio orgânico, devido à presença de
proteínas, e nitrogênio amoniacal através da hidrolise de ureia nas águas. Pela legislação federal
em vigor, o nitrogênio amoniacal é padrão de classificação das águas naturais e padrão de
emissão de esgotos. A amônia é uma substância prejudicial à vida dos peixes, e pode provocar
o consumo de oxigênio dissolvido das águas naturais, diminuindo a oxidação das águas
(COMPANHIA DE TECNOLOGIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2017,
p.30).
De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (2014, p.23) o fósforo é, devido a sua baixa
disponibilidade em regiões de clima tropical, o elemento mais importante para o crescimento
de plantas aquáticas. Quando o fósforo está em excesso no meio ocorre um fenômeno conhecido
como eutrofização. O fosforo pode se apresentar nas águas em várias formas:
• Orgânico: solúvel (matéria orgânica dissolvidas) ou particulado (biomassa de micro-
organismo).
• Inorgânico: solúvel (sais de fósforo) ou particulado (compostos minerais).
3.2.8 Turbidez
A turbidez demonstra o grau de interferência com a passagem da luz através da água, conferindo
uma aparência turva à mesma. (VON SPERLING, 2005, p.28). Segundo Richter e Netto (1991,
p.26), A presença dessas partículas suspensas na água, gera a dispersão e a absorção da luz,
dando à água uma aparência nebulosa, esteticamente indesejável e potencialmente perigosa.
Segunda a Fundação Nacional de Saúde (2014, p.20) os sólidos presentes na água podem ser
distribuídos nas seguintes categorias: em suspensão (sedimentáveis e não sedimentáveis) e
dissolvidos (voláteis e fixos). Sólidos em suspensão são classificados como as partículas
passiveis de retenção por processos de filtração. Sólidos dissolvidos são formados por partículas
de diâmetros inferior a 10-3 μm e que permanecem no solvente mesmo após a filtração. A
passagem dos sólidos na água pode ocorrer por meio de fontes naturais, tais como, processos
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METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para a realização da pesquisa, foram utilizados dados referentes aos anos de 2007 a 2020. A
avaliação dos dados foi aplicada para 2 pontos localizados ao longo do rio Marinho, o ponto 1
(Figura 3), situado na ponte sobre o rio próximo ao bairro Rio Marinho com latitude e longitude,
respectivamente (-20.354757/ -40.358234), e o segundo ponto (Figura 4) sob a ponte do camelo
em São Torquato (-20.332685/ -40.354542).
14
De acordo com Silva (2017, p. 80-92), o entorno da ponte do camelo possuía grande manguezal
e o rio serpeante, aterrados para instalar atividades da Vale e a Desportiva Ferroviária, o que
culminou em alto estágio de degradação. O autor acentua ainda, a recente ocupação no bairro
Rio Marinho, já expondo alta urbanização e lançamento de efluentes domésticos sem nenhum
tratamento na rede de águas pluviais, que desaguam no rio Marinho.
Para a região hidrográfica específica do rio Jucu, existe uma sazonalidade que define que o
ciclo de vazões altas que se situa de novembro a abril (período úmido) e o período de vazões
baixas, de maio a outubro (período seco) (AGÊNCIA ESTADUAL DE RECURSOS
HÍDRICO, 2015, p.177). Vale destacar, que a região Formate-Marinho e costeira apresenta alta
instabilidade às inundações, pois, se trata de uma área com influência do oceano. (AGÊNCIA
ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS, 2016, p.38).
Mediante ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Jucu, 2017, que aprova o enquadramento de
corpos de água superficiais em classes de qualidade, segundo os usos preponderantes, declara
que o enquadramento do rio Marinho do limite de água doce às nascentes (foz rio Formate) é
de classe 4 e da foz até o limite de água doce é classe superior a 3 salobra.
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(Continuação) Tabela 3
Data da Chuva OD Coli pH DBO Temp Am NT PT Turb ST
Coleta 24 horas
10/08/2011 Não 1 160000 7.1 39 25.9 0 0.458 39 190
24/05/2011 Não 1.9 3500000 7.4 141 24.3 5.198 0.09 41 160
03/11/2010 Sim 0.8 14000000 7 14 25.1 2.915 0.172 57 220
01/09/2010 Sim 0 920000 6.34 32.6 23.6 0.591 16.136 54 250
26/05/2010 Não 3.3 610000 6.66 42.2 23.4 0 8.211 74 390
07/04/2010 Sim 0.5 700000 6.22 18.4 25.8 1.494 6.672 122 240
09/11/2009 Não 0.2 1300000 6.72 ** 29.9 4.081 1.34 57 230
12/08/2009 Não 0.2 6800000 6.96 220 22.8 12.866 3.2 33 850
16/07/2009 Sim 1.4 17000000 6.6 13 23.3 7.266 0.69 93 210
02/04/2009 Sim 0 2400000 6.71 14.7 26.5 0.729 2.34 51 560
06/11/2008 Sim ** *** 7 55.5 28.1 0 2.71 69 330
14/08/2008 Não ** 3600000 7.02 306 24 0 2.2 41 220
05/06/2008 Não 0.2 2000000 6.93 81.6 23 0 1.474 58 160
13/03/2008 Não ** 32000000 6.93 13.2 27.7 0 0.536 56 220
13/11/2007 0 0 5400000 7.34 50 29 1.79 2.34 84 235
09/08/2007 0 0.1 1300000 6.64 16 24.4 0.73 1.44 61 223
13/03/2007 0 0.2 2100000 7.12 16.5 23.4 0.37 0.99 68 230
Chuva 24 horas: Ocorrência de chuva nas 24 horas antecedentes à coleta; Coli: Coliformes Termotolerantes (NPM/100mL);
OD: Oxigênio Dissolvido (mgO2/L); pH: Potencial Hidrogeniônico (adimensional);
DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio (mgO2/L); PT: Fósforo Total (mg/L);
Temp Am: Temperatura da Amostra (oC); Turb: Turbidez (UNT);
NT: Nitrogênio Total (mg/L); ST: Sólidos Totais (mg/L).
(Continuação) Tabela 4
Data da Chuva OD Coli pH DBO Temp Am NT PT Turb ST
Coleta 24 horas
14/03/2012 Não 0.8 78000 7 31.2 28 5.32 0.48 14 700
10/08/2011 Não 3.1 160000 7.3 50 25 0 0.323 31 14470
24/05/2011 Não 0.6 1700000 7.2 232 23.1 5.664 0.07 35 220
03/11/2010 Sim 0.9 1400000 7 90 24.2 6.86 0.317 46 1440
01/09/2010 Sim 0 2600000 6.63 31.7 23.2 0.511 9.881 58 2700
26/05/2010 Não 0.3 2600000 6.78 27.9 23.8 0 5.894 132 610
07/04/2010 Sim 0.3 1400000 6.7 18.2 26 0.916 6.01 147 390
09/11/2009 Não 0.6 580000 6.35 ** 28.2 2.827 0.56 38 220
12/08/2009 Não 0 8200000 6.83 190 22.1 13.444 1.2 36 2430
16/07/2009 Sim 1.6 14000000 6.63 38 22.8 5.651 1.8 69 290
02/04/2009 Sim 2.7 220000 6.69 10 26 0.53 0.68 50 230
06/11/2008 Sim ** 1300000 7.21 164 26.9 0 0.811 58 440
14/08/2008 Não 0.5 21000000 7.34 95.8 24 0 0.96 49 560
05/06/2008 Não 0.6 210000000 6.97 31.9 23 0 1.151 63 840
13/03/2008 Não 0.2 6000000 6.99 12 25.2 0 0.01 39 350
13/11/2007 0 1.4 6800000 7.28 54 27.9 1.26 1.124 61 327
09/08/2007 0 0 3300000 6.96 30 23.1 1.22 1.433 73 465
13/03/2007 0 0.2 1400000 6.7 16.5 22.1 0.12 0.481 62 243
Chuva 24 horas: Ocorrência de chuva nas 24 horas antecedentes à coleta; Coli: Coliformes Termotolerantes (NPM/100mL);
OD: Oxigênio Dissolvido (mgO2/L); pH: Potencial Hidrogeniônico (adimensional);
DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio (mgO2/L); PT: Fósforo Total (mg/L);
Temp Am: Temperatura da Amostra (oC); Turb: Turbidez (UNT);
NT: Nitrogênio Total (mg/L); ST: Sólidos Totais (mg/L).
As concentrações de DBO também se mostraram altas nas Tabelas 3 e 4, dentre a maior parte
dos valores registrados, entretanto, as concentrações mais altas foram observadas durante o
período seco com média de 53,44 mgO2/L. Além disso, a menor concentração de DBO nos
períodos úmidos pode ser fundamentada na hipótese de que o aumento na precipitação resulta
em maior escoamento de base, derivando na diluição dos poluentes e diminuição da matéria
orgânica presente na amostra.
Dada alta concentração de DBO durante todos os anos, pode-se inferir o grande aporte de
matéria orgânica recebida pelo rio, pois, segundo a Agência Estadual de Recursos Hídricos
(2016, p.151), a região hidrográfica Formate-Marinho e Costeira e Baixo Jucu recebem, juntas
de DBO, mais de 90% da carga pontual gerada, e também contribuições de cerca de metade da
população do município de Cariacica, da maior parte da carga gerada em Viana, além de um
percentual do esgoto de Vila Velha, considerando as ETE’s existentes destas cidades.
Para a Tabelas 3, identificou-se que o nitrogênio total obteve uma média mais alta no período
úmido e para Tabela 4, no período seco. Além de ter seus índices aumentados com o decorrer
dos anos, fato que pode ter sucedido devido à grande disponibilidade de nutrientes pelo maior
lançamento de cargas difusas próximas aos pontos de amostragem ao longo dos anos e sua baixa
assimilação. Situação similar aconteceu com o oxigênio dissolvido, cujos valores sofreram
aumento gradual, mesmo com algumas oscilações. É bom ressaltar que na Tabela 3, data
13/01/2020, obteve-se um valor bem discrepante em relação aos outros, com um valor de 14792
21
mg/L e devido a esse valor influenciou muito da média do nitrogênio para o Ponto 1, com isso
a média maior ficou no período úmido ao invés do seco.
Os elevados teores de sólidos totais podem ter induzido ao aumento da turbidez por causa dos
sólidos em suspensão, reduzindo a capacidade fotossintetizante do corpo hídrico.
Entre as duas tabelas, as variáveis coliformes termotolerantes, DBO, fósforo total e sólidos
totais, apresentaram grande diferença entre as médias, com valores bem maiores no período
seco. Para os outros parâmetros das águas do rio Marinho analisados não foi observada
variância significativa entre os pontos nos períodos seco e úmido.
Para cada gráfico de IQA, há uma demonstração dos resultados obtidos pela fórmula do IQA
acoplados a uma classificação da CETESB entre ótima e péssima, segundo as Figuras 5 e 6:
Em ambos os pontos analisados, os valores de IQA são bastante afetados pelo lançamento de
efluentes domésticos oriundos da área urbana. Para Lopes (p. 11), altos valores de coliformes
termotolerantes e de oxigênio dissolvido constituem grande peso para o cálculo do IQA.
De acordo com as Figuras 5 e 6, fica evidente a baixa qualidade da água nos pontos de interesse,
com médias de IQA igual a 23,61 e 22,63, respectivamente. A maior parte das amostras está
enquadrada com IQA entre a faixa ruim ou péssima.
Bonnet e outros (2008, p.317) afirmam que o IQA é sensível às variações sazonais em função
da adsorção da matéria orgânica nos corpos hídricos, associado ao uso e ocupação dos solos,
onde o escoamento superficial durante as estações úmidas pode ser determinante para as
variações de qualidade da água.
A média do IQA no período úmido para o gráfico temporal de IQA referente ao ponto1(Figura
5) ficou em 22,93 e no período seco ficou em 24,29. No gráfico temporal de IQA referente ao
Ponto 2 (Figura 6), as médias foram 23,28 e 21,98 para os períodos úmido e seco,
23
respectivamente. As melhores faixas de IQA durante o período úmido já eram esperadas devido
ao peso dos parâmetros coliformes termotolerantes, OD, DBO e fósforo total, visto que, todos
apresentaram valores mais baixos no período úmido.
CONCLUSÕES
O rio Marinho está severamente impactado pela ação antrópica. As águas do rio Marinho se
enquadram na classe 4 da Resolução CONAMA 357/2005 e através da aplicação do IQA
mostrou que ao longo destes treze anos de coleta, a maior parte das classificações das águas da
bacia do rio Marinho se enquadram em classes que vão de péssima a ruim, devido ao fato de
que o rio tem sido usado como receptor de efluentes variados, por meio da ocupação urbana
desordenada e inadequada.
As principais variáveis que interferiram nos resultados de IQA foram: sólidos totais, coliformes
termotolerantes, fósforo total, nitrogênio total e demanda bioquímica de oxigênio. E essas
alterações nos parâmetros citados tem mais relação com impactos decorrentes de área urbana,
bem como os eventos hidrológicos que ocorreram na região. O IQA apresentou-se eficiente
para avaliar a qualidade das águas do rio Marinho, ao invés de se estudar isoladamente cada
parâmetro. Todavia, ocorreu ligeira redução na qualidade das águas durante a época seca.
REFERÊNCIAS
BONNET, B. R. P. et al. Reações entre qualidade da água e uso do solo em Goiás: uma
análise à escala da bacia hidrográfica. Sociedade de Investigações Florestais. v.32, n.2, p.311-
322, 2008.
BRASIL. Agência Nacional de Águas. Conjura dos recursos hídricos no Brasil 2018:
informe anual/ Agência Nacional de Águas. Brasília: ANA, 2018.
BOSCHILIA, Cleuza. Manual compacto de biologia. 1 ed. – São Paulo: Rideel, 2010.
INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES – IJSN. Elaboração dos estudos para
desassoreamento e regularização dos leitos e margens dos rios Jucu, Formate e Marinho
na região metropolitana da grande Vitória. Vitória. 2008.
VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade ambiental: ISO 14000. 12 ed. – São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2012.