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All content following this page was uploaded by Jorge Eduardo Lins Oliveira on 20 November 2022.
.
(2016). Segundo a Comissão Europeia
geração de valor, devendo estar conectado pação na gestão é fundamental. Para que
Circularidade da economia, no sentido (2021), se a economia azul global fosse um
ao território onde é desenvolvido (NICOLET- o modelo seja bem-sucedido, é necessário
da transformação de modelos lineares de país, seria a sétima maior do mundo, e o
TI; SCALETSKY; FRANZATO, 2018). que a região consiga definir três fatores:
produção para modelos circulares, desafio oceano, como entidade econômica, seria
O Design de Negócios Azuis (DNA) tem visão sobre o futuro desejável; estabelecer
que é transversal a todos os setores e espe- membro do G7, assegurando 4,5 milhões
sua matriz no design estratégico, contudo, um elenco de prioridades e implementar as
cialmente ao setor pesqueiro (conservação de postos de trabalho diretos com o cresci-
está atrelado aos ODS1 (Objetivos do De- ações mais adequadas.
e transformação) e das indústrias navais; mento de setores inovadores, como: ener-
senvolvimento Sustentável), principalmente
. Transição digital, desafio transversal a to- gia marítima renovável; bioeconomia azul;
biotecnologia e dessalinização (COMISSÃO
aos que têm grande aderência aos temas li-
gados às zonas costeiras e regiões oceânicas
3.1. Metodologia para aplicação do
design
dos os setores, estabelecidos e emergentes; EUROPEIA, 2021).
adjacentes, eliminação da pobreza e gera-
ção de renda. Sua definição é a proposição O Design de Negócios Azuis possui sua
3. Design de Negócios Azuis (DNA) de um conjunto de atividades econômicas origem em Barros (2007) e contém 4 (qua-
viáveis e emancipadoras, para os diversos tro) fases na sua execução, possuindo um
A dificuldade da gestão integrada dos fragilidades econômicas das relações entre espaços marinhos e costeiros, através caráter interdisciplinar através de um diálo-
espaços costeiros tem como base a dificul- os sistemas continental e oceânico adjacen- de um design de negócios inovador e go de saberes entre os diversos atores: aca-
dade dos órgãos governamentais, em suas tes, o que causam múltiplos conflitos sobre instigante, observando características dêmicos, governamentais e da sociedade
diferentes escalas, de articular, sistema- as dimensões econômicas, sociais, ambien- locais, o papel da política, inovação e o civil em um contexto de grupo focal. A me-
tizar e gerenciar informações que permi- tais e políticas nas estratégias nacionais meio ambiente, voltado, principalmente, todologia parte da análise histórico-espacial,
tam o conhecimento das potencialidades e de desenvolvimento. Sendo assim, foram para geração de emprego e renda. Uma considerando seus usos e conflitos de modo
.
bem de uso comum do povo, fundando tureza; A Escala; os Objetos e as Dinâmicas ou seja, aqueles que sentem os efeitos da neamento dos espaços costeiros deverão:
uma nova titularidade, fora da esfera do (Quadro 1). nova forma de usos de espaços. Para isso, é
Ter delimitação da área de atuação do
.
direito público e privado, que é o direito da Na prática dos conflitos, as classes do- importante um ordenamento do território
planejamento;
coletividade. Existe uma grande dificulda- minantes estabelecem suas estratégias de que avaliem esses usos, e um exemplo é o
Possuir o conhecimento da realidade so-
de em entender que a titularidade de uma ação, que, segundo Bourdieu (2004), ten- zoneamento ecológico-econômico.
cioeconômica e cultural da área de planeja-
.
das partes do conflito é a coletividade. O dem a reforçar a crença na legitimidade de
mento;
titular sempre é o grupo, e não as pessoas sua dominação, tanto dentro de sua classe 3.1.3. Fase III – Zoneamento ecológico-
Criar um diagnóstico dos fatores que po-
individualmente, embora umas possam se como fora dela. Os processos de apropriação econômico (ZEE)
dem facilitar e dificultar o desenvolvimento
Quadro 1: Modelo de identificação dos conflitos de usos
Elementos de Descrição do conceito
Segundo Salim e Melo (2004), o ZEE
é um instrumento político e técnico de
.
local;
Estabelecer um prognóstico que busca
antecipar os possíveis desdobramentos fu-
planejamento cujo objetivo é otimizar o
análise turos da realidade atual, que terá por obje-
uso do espaço e as políticas públicas. É,
Os atores
tivo identificar as oportunidades que a re-
Indivíduos, grupos, organizações ou o Poder Público sem dúvida, uma ferramenta de gestão
envolvidos no são movidos por interesses, valores e percepções próprias gião poderá oferecer no futuro e os fatores
.
para organizar as informações sobre o
conflito a cada um. exógenos que poderão constituir ameaças;
território, necessárias ao planejamento da
Selecionar as ações convergentes e articula-
Os que têm naturezas diferentes (campos do poder) ocupação racional e ao uso sustentável dos
A natureza das capazes de transformar a realidade atual.
econômica; política; socioambiental. recursos naturais. É um instrumento políti-
co para aumentar a eficácia das decisões O que Buarque (2002) propõe está bem
A escala Lugar, regional e global. políticas e da intervenção pública na gestão alinhado aos caminhos que a DNA percor-
do território e para criar canais de nego- re para propostas estratégicas de atividades
Os objetos Podem ser bens ou símbolos (material ou simbólica); ciação entre as várias esferas de governo e compatíveis com a Zona Costeira. Dessa
público ou privado; profana ou sagrado. a sociedade civil. O fator limitante desses forma, a próxima fase contempla as etapas
zoneamento ecológico-econômico são os finais, em que deverão ser apresentados
As dinâmicas As dinâmicas trazem em si as componentes históricas do
aspectos legais, os seja, deve-se compati- planos e projetos estratégicos de atividades
processo de apropriação e usos dos espaços; dos danos e
impactos ambientais.
bilizar as legislações gerais e específicas de econômicas alinhadas a um zoneamento
ordenamento territorial de modo a se evi- ecológico-econômico costeiro, bem como
Fonte: baseado nos modelos de Theodoro (2005) tar conflitos jurisdicionais. a mitigação dos conflitos de usos.
Áreas de Proteção e conservação (APC); Obs.: estas áreas deverão estar relacionadas à classificação Fonte: Elaborado pelos autores
pela CONAMA nº 357, que estabelece para essas atividades a classe 1 para águas salinas e salobras.
P – Fatores Políticos locais que po- regulamentação ambiental; gestão de re-
Áreas de uso econômico exclusivo (AUEE) Obs.: estas áreas deverão estar relacionadas à classificação
dem influenciar os negócios, são eles: síduos e efluentes; sustentabilidade; ade-
pela CONAMA nº 357, que estabelece para essas atividades a classe 2 para águas salinas e salobras.
mudança de governo; políticas gover- rência aos protocolos ou acordos para
Áreas de uso econômico intensivo (AUEI) Obs.: estas áreas deverão estar relacionadas à classificação
namentais; conflitos internos; relação redução de emissão de carbono; certi-
pela CONAMA nº 357, que estabelece para essas atividades a classe 1 para águas salinas e salobras.
público e privado etc. ficações visando à gestão sustentável.
Fonte: Barros (2007)
E – Fatores Econômicos que influen- L – Fatores Legais (regulatórios): Planos
ciam os negócios: geração de renda; Diretores, Zoneamentos Territoriais, Lei
4 - Plano estratégico para atividades econômicas compatíveis com a taxa de juros; câmbio; índices de preço; Trabalhista; Proteção do Consumidor;
zona costeira e oceânicas adjacentes sazonalidade de produção; economia Regulamentação e Normas do segmen-
local; índices de confiança; relações co- to específico; Órgãos regulatórios; Legis-
Um plano estratégico deverá alinhar e compatibilizar programas com objetivos merciais; nível de mão de obra; taxa de lação atual e tendências de mudança.
seu foco em ações futuras que gerem va- e metas, procurando otimizar projetos desemprego etc.
lor para o território, permitindo conciliar onde serão gerados os produtos de todo S – Fatores Sociais que influenciam os Importante esclarecer que os fatores aci-
metas de desenvolvimento econômico o planejamento. Os Projetos estratégicos negócios: expectativa de vida; cresci- ma são exemplificações, podendo entrar na
e de minimização às desigualdades so- (Design de Negócios Azul) deverão seguir mento populacional; taxa de natalida- análise de cada fator outros argumentos re-
ciais, aliado à conservação dos espaços o roteiro abaixo (Quadro 3): de; padrões de consumo; papéis sociais lacionados ao tema. As propostas das ativi-
naturais. Para se estabelecer um plano Os projetos estratégicos, alinhados por idade e gênero; cultura local. dades econômicas mais viáveis deverão ser
estratégico, os municípios costeiros de- em atividades econômicas, serão pro- T – Fatores Tecnológicos que influenciam transformadas em projetos estratégicos para
verão instituir o seu Plano Municipal de postos a partir dos impactos provocados os negócios: legislação em relação à tec- sua viabilidade ou aumento de sua poten-
Gerenciamento Costeiro, observadas as pelos fatores do acrônimo PESTAL, são nologia; maturidade tecnológica; tecno- cialidade naquele referido território costeiro
normas e diretrizes do Plano Nacional de eles: POLÍTICO, ECONÔMICO, SOCIAL, logias emergentes; pesquisa e inovação. conforme sua análise a partir da PESTAL.
Gerenciamento Costeiro, bem como seu TECNOLÓGICO, AMBIENTAL E LEGAL, A – Fatores Ambientais que influenciam Como exemplo, podemos citar o esta-
Plano Diretor. Ao plano cabe sistematizar exemplificados abaixo: os negócios: gestão de sustentabilidade; do do Rio de Janeiro, que aprovou a Lei nº
TECNOLÓGICO
mia do Mar, como estratégia de desenvolvi- avaliação de um grupo focal. Esta avaliação
ECONÔMICO
ECONÔMICO
AMBIENTAL
AMBIENTAL
mento socioeconômico do estado. Esta lei parte de uma análise qualitativa, em que o
TECNOLÓGICO
SETOR
SETOR ATIVIDADE
ATIVIDADE
POLITICO
ECONÔMICO
POLITICO
AMBIENTAL
estabelece uma lista com as principais ati- 0 (zero) representa que o fator é neutro, e
SOCIAL
SOCIAL
SETOR ATIVIDADE
LEGAL
TOTAL
TOTAL
LEGAL
POLITICO
vidades relacionadas à Economia do Mar e não tem relevância com a atividade propos-
SOCIAL
TOTAL
LEGAL
que foi a base para a matriz de avaliação do ta, até o valor 5 (cinco), onde o fator tem Captura ee processamento
Captura processamentodedepescado
pescadoe frutos
e frutos
DNA. Nesse contexto, o modelo DNA avalia total relevância (benéfica), ou até -5 (menos setor
setorde
depesca
pescae do
do mar
mar
Captura e processamento de pescado e frutos 0 3 3 0 -3 0 3
e aquicultura
aquicultura Atividades deaquicultura
aquicultura
as atividades econômicas fazendo um cruza- cinco), onde o fator tem total relevância ne- setor de pesca
Atividades
do mar de 30 33 3
3 30 -3 3
0 0 15
3
Comercialização
Comercialização depescado
de pescadoe frutos
e frutos
dodo mar;
mar; 03 33 33 03 00 0 6
mento com a PESTAL, de modo que o ges- gativa (adversa). Abaixo encontra-se o qua- e aquicultura Atividades de aquicultura 3 15
Atividades
Atividades de
de apoio
apoio à àextração
extração dede óleo
óleo e
e gásgás
tor possa ter um elenco de atividades que dro de análise qualitativa (Quadro 4). Comercialização de pescado e frutos do mar;
offshore 0 3 3 0 0 0 6
offshore de apoio à extração de óleo e gás
Atividades 0 5 1 -3 -5 0 -2
Exploraçãoeeextração
Exploração
offshore extraçãodedeóleo
óleoe gás
e gás natural
natural
Quadro 4: Avaliação qualitativa dos impactos offshore; 0 5 1 -3 -5 0 -2
offshore; e extração de óleo e gás natural
Exploração 5 5 1 -3 -5 0 3
setor
setor de
de óleo
óleo&& gás
gás
Atividades de
Atividades
offshore; de escoamento,
escoamento, transporte,
transporte,
5 5 1 -3 -5 0 3
5 IMPACTA MUITO POSITIVAMENTE setor de óleo & gás distribuição
distribuiçãode
Atividades ee processamento
natural offshore;
processamentode degás
escoamento, transporte,
gásnatural