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ECONOMIA AZUL Design de Negócios Azuis (DNA)

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Sergio Ricardo da silveira Barros Jorge Eduardo Lins Oliveira


Universidade Federal Fluminense Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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DESIGN DE NEGÓCIOS AZUIS (DNA):


UMA METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO DE SETORES DE
NEGÓCIOS PARA OS MUNICÍPIOS COSTEIROS BRASILEIROS

Sergio Ricardo da Silveira Barros


Paschoal Prearo Junior
Jorge Eduardo Lins Oliveira
Aldo Aloísio Dantas da Silva

1. Definindo os territórios costeiros e marítimo adjacentes no Brasil e


sua importância socioeconômica

A definição de zona costeira é demasia- Por ser um espaço geográfico de extre-


damente discutida na atualidade, poden- ma importância para o Estado, foi inserida
do ser considerada a interface entre terra, na Constituição Federal Brasileira (1988)
atmosfera e o oceano, ou o espaço onde como área de patrimônio nacional. De acor-
acaba a influência do mar e começa a influ- do com o Plano Nacional de Gerenciamen-
ência da terra, ou vice-versa. Sendo um es- to Costeiro I e II (Lei 7.661 de 1988; CIRM/
paço intermédio entre litosfera, atmosfera PNGC II, 1997), a zona costeira é conside-
e hidrosfera, seus limites são muito difíceis rada como um espaço geográfico de intera-
de estabelecer. Não existindo um sistema ção do ar, do mar e da terra, incluindo seus
rígido de definição de zona costeira que recursos renováveis ou não, abrangendo
deva ser seguido internacionalmente, cada uma faixa marítima e outra terrestre.
país adapta o seu sistema e a sua definição, As relações atuais da sociedade na zona
dependendo das condições, das suas capa- costeira estabeleceram um conceito de
cidades e dos seus objetivos na abordagem valor crematístico, ou seja, o valor desses
do tema. A zona costeira pode ser consi- espaços é formado por um mercado imo-
derada um macro sistema geoambiental biliário, em face da escassez e da disponi-
formado na área de interação direta entre bilidade para usos futuros. Segundo Mo-
o domínio oceânico e o domínio terrestre. raes (1999), seus espaços são qualificados
Composta por diferentes paisagens, abriga como raros, de localização privilegiada,
uma diversidade de ecossistemas de alta finitos e relativamente escassos, dotados
fragilidade (BARROS, 2007). de especificidades e vantagens locacionais.

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Dessa forma, são marcados atualmente priação e os seus usos (MORAES, 1999). É seu potencial de expansão ainda não foi Outro vetor de ocupação da zona cos-
por uma apropriação sociocultural que os interessante notar que esta lógica da valo- explorado devidamente, principalmente no teira que atualmente encontra-se em evi-
identifica como local de veraneio e lazer rização e apropriação está relacionada aos contexto da cabotagem e no transporte de dência é o turismo, considerado a vocação
por excelência, quando bem preservados. espaços horizontais assim como aos verti- águas interiores, contudo, a recente publi- de muitos municípios costeiros. Segundo
As dimensões das áreas utilizadas pelos cais, ou seja, quanto mais ampla é a mi- cação da legislação – Lei nº 14.301, de 7 de Moraes (2004), são as funções turísticas
empreendimentos na zona costeira estão rada para o litoral, maior será o seu valor. janeiro de 2022 – institui o Programa de Es- as principais responsáveis pela dinâmica
diretamente relacionadas ao seu retorno, Sendo assim, é importante destacar que tímulo ao Transporte por Cabotagem (BR do hoje vivenciada em tais espaços. Esta ativi-
vide exemplo, os complexos portuários e o objetivo do capítulo é propor um modelo Mar) como nova forma de estímulo ao setor. dade vem explorando os ambientes litorâ-
turísticos. Submetidos a uma lógica mer- para identificar setores e atividades econô- O principal problema relacionado à in- neos num processo bastante desordenado.
cantil, o valor dos espaços costeiros é bem micas mais compatíveis aos territórios dos dustrialização na zona costeira é a degrada- Multiplicam-se os complexos hoteleiros,
mais elevado do que os da hinterlândia, municípios costeiros, denominado Design ção ambiental provocada pelos lançamen- os balneários e as marinas, criando um
o que acaba por condicionar a sua apro- de Negócios Azuis. tos de rejeitos e efluentes carreados pelos mercado imobiliário com insuficiente visão
rios e pela atmosfera. Entretanto, algumas de ordenamento espacial, estabelecendo
outras formas de poluição são lançadas empreendimento sem infraestrutura de sa-
2. Da Economia do Mar à Economia Azul diretamente nos oceanos, como podemos neamento e apropriando-se ilegalmente de
citar: as tubulações de efluentes industriais áreas públicas (QUADROS; FILHO, 1998).
A formação da Economia do Mar flo- A atividade industrial tem-se intensi- e urbanos, emissários submarinos, rejeitos A falta de ação política na zona costeira
resce em pequenos agrupamentos huma- ficado na zona costeira com a criação de das operações da indústria petroquímica e permitiu que municípios sem infraestrutura
nos através do uso do mar nas atividades diversos polos e distritos industriais, sobre- das plataformas de petróleo e, finalmente, turística deixassem construir enclaves, re-
de transporte e comércio marítimo, junta- tudo os relacionados à produção de ener- das atividades marítimo-portuária, através dutos isolados, em seus territórios. Os ho-
mente com a atividade pesqueira devido gia através da produção de petróleo e gás, de lavagens de porões e resíduos de bar- téis tipo resorts contribuem, sem dúvida,
à abundância de alimentos e à rica biodi- e atualmente, das renováveis conforme caças. No que se refere ao gerenciamen- com arrecadação de impostos municipais e
versidade disponível nas águas costeiras. o Decreto nº 10.946 de 25 de janeiro de to costeiro, é importante uma política que estaduais, contudo, para a economia local
Muitos dos aglomerados urbanos e cidades 2022, que trata da cessão de uso de espa- integre as metas dos setores industriais a pouco contribuem, geram grandes exter-
costeiras do mundo possuem uma cultura ços físicos e o aproveitamento dos recursos maior eficiência ambiental das atividades, nalidades socioambientais, alterando ecos-
e um modo de vida associado ao mar, com naturais em águas interiores de domínio da principalmente as do setor do petróleo e as sistemas, bem como a cultura local, geran-
áreas de elevado potencial econômico para União, no mar territorial, na zona econô- do setor marítimo-portuário. do, consequentemente, uma desagregação
a nossa sociedade moderna. A produtivi- mica exclusiva e na plataforma continental A urbanização é o principal vetor de ocu- social das comunidades tradicionais onde
dade das lagoas costeiras, manguezais e para a geração de energia elétrica a partir pação da zona costeira, que, desde o pe- se instalaram. Atualmente novas formas
estuários têm um importante papel a de- de empreendimento offshore, o que pode- ríodo colonial, o país apresenta um modelo de turismo se apresentam, como aponta
sempenhar na produção alimentar, através rá gerar sérios impactos socioambientais econômico voltado para a exportação. Um Weeden (2001), seguindo os princípios da
da manutenção da pesca e da aquicultura, se não forem gerenciados com a partici- fenômeno que caracteriza a urbanização na sustentabilidade, e que estão relacionados
bem como na preservação da cultura e da pação da sociedade nos lugares onde se zona costeira é o descontrole do ordena- com a equidade social, econômica e am-
biodiversidade (BARROS, 2003). encontram instalados esses empreendi- mento espacial, que tem sua matriz história biental. Acrescenta ainda que existem dife-
Segundo Carvalho e Rizzo (1994) e mentos. A industrialização foi responsável vinculada às dinâmicas dos ciclos econômi- rentes formas de turismo sustentável, como
Quadros e Filho (1998), os vetores de ocu- pelo processo de urbanização, induzindo cos ali implantados. Este processo tem ge- o turismo comunitário, turismo responsável
pação da costa brasileira, bem como o de- a população brasileira para uma nova or- rado um inchaço das grandes cidades cos- e ecoturismo, contudo, cada tipologia tem
senvolvimento de uma economia do mar denação espacial. O crescimento industrial teiras, cabendo destacar, segundo Moraes seu próprio ponto de vista ético.
foram: (1) a industrialização, que está li- brasileiro centralizou-se principalmente no (1999), que cinco das nove regiões metro- Gostaríamos de salientar que quando
gada diretamente ao segundo vetor, (2) a eixo Rio-São Paulo, onde estão localizados politanas do país se localizam nessa faixa, tratamos de economia do mar remete-se
urbanização. Por sua vez, esta última está os maiores portos e terminais do país, o agregando 15% da população. No estado à ideia de uma economia tradicional, já
ligada ao terceiro vetor, (3) o de transportes de Santos, o do Rio de Janeiro e o de Ita- do Rio de Janeiro, este número aumenta consolidada em designs economicamente
e, finalmente o quarto, (4) o turismo. guaí. O setor de transporte marítimo com para 65% da população (BARROS, 2007). lucrativos, mas que trazem externalidades

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negativas marcantes no território, como . Pesquisas do meio marinho, a produção mobilizados pesquisadores com diferentes metodologia replicável que sirva de base
mencionado nos parágrafos anteriores. Já e integração de informação e de geração formações para sistematizar uma escolha para avaliar e propor atividades econômi-
a Economia Azul se diz sustentável, com de novos conhecimentos; de modelo de negócios que contemple for- cas para a Zona Costeira que tenha interface
aportes de novos negócios e inovação, mais
alinhada às necessidades do século XXI. Po-
. Aumento do investimento empresarial mas de arranjos produtivos locais específi-
cos para cada uma das Zonas Costeiras e
com a Política Nacional de Ordenamento Ter-
ritorial (PNOT), o Plano Nacional de Geren-
em atividades da economia do mar.
de-se definir esta Economia Azul como uma suas regiões oceânicas adjacentes. ciamento Costeiro (PNGC), o Planejamento
A Economia Azul, na qual setores eco-
“economia do mar sustentável, resultante O conceito de design deixa de conce- Espacial Marinho (PEM) e ao Plano Setorial
nômicos já consolidados estão sendo trans-
do equilíbrio entre a atividade econômica e ber somente produtos e passa a incluir para os Recursos do Mar (PSRM – CIRM).
formados em um crescente alinhamento
a capacidade a longo prazo dos ecossistemas processos, sistemas e organizações, assu- O Design de Negócios Azuis (DNA) de-
potencial futuro, desenvolve-se na União
oceânicos para suportar atividades que não mindo uma posição estratégica que auxi- verá ser atrelado ao conceito da Especializa-
Europeia através das atividades de aquicul-
afetem os serviços prestados por esses ecos- lia na tomada de decisão de empreende- ção Inteligente, cuja estrutura se dá numa
tura, do turismo costeiro, da biotecnologia
sistemas, permanecendo, assim, resilientes dores (NICOLETTI; SCALETSK; FRANZATO, seleção de atividades consideradas estraté-
marinha, da energia renovável oceânica.
e saudáveis” (ECONOMIA AZUL, s/d). Cabe 2018). O design estratégico de negócios gicas para o desenvolvimento e a mudança
Esta é uma importante visão da Comuni-
destacar que a Economia Azul necessita en- é uma metodologia de administração, ges- da estrutura social de uma região (PINTO
dade Europeia, que traz novos designs de
frentar um conjunto de desafios e oportuni- tão e governança, que mantém seu foco na et al., 2019). Refere-se à estruturação so-
negócios para os ambientes costeiros e ma-
dades relevantes, conforme destaca o Fórum sustentabilidade, promovendo o bem-estar cioeconômica de uma região buscando
rítimos, um conceito ainda emergente para
Desafios do Mar 2030, Fórum Oceano/PWC entre os atores, stakeholders e investidores alcançar uma rede de domínio científico,
muitos países, mas tem grande potencial
.
(FÓRUM OCEANO, s/d), são eles: diretos ou indiretos na interface das ativida- tecnológicos e de inovação, destacando-se
para valor econômico e criação de empre-
Descarbonização e transição energética, des e tarefas do negócio como um todo. O das demais para o desenvolvimento. Essa
gos, bem como para valoração dos serviços
que afeta evidentemente todos os setores design estratégico é capaz de considerar to- rede tem o papel de catalisar esses domí-
ecossistêmicos. A economia do mar mun-
da economia do Mar e especialmente os dos os aspectos no desenvolvimento de um nios para uma mudança estrutural de uma
dial foi avaliada de forma conservadora em
setores das indústrias navais, dos trans- modelo de negócio, contemplando as rela- região. O modelo pressupõe a participação
cerca de US$ 1,5 trilhão por ano em 2010
portes marítimos e das energias renová- ções entre organização, mercado e usuários, de instituições de ensino e pesquisa, em-
(equivalente a 2,5% do PIB) pela OCDE
veis marinhas; bem como desenvolvimento de produto, presas, governo e sociedade, cuja partici-

.
(2016). Segundo a Comissão Europeia
geração de valor, devendo estar conectado pação na gestão é fundamental. Para que
Circularidade da economia, no sentido (2021), se a economia azul global fosse um
ao território onde é desenvolvido (NICOLET- o modelo seja bem-sucedido, é necessário
da transformação de modelos lineares de país, seria a sétima maior do mundo, e o
TI; SCALETSKY; FRANZATO, 2018). que a região consiga definir três fatores:
produção para modelos circulares, desafio oceano, como entidade econômica, seria
O Design de Negócios Azuis (DNA) tem visão sobre o futuro desejável; estabelecer
que é transversal a todos os setores e espe- membro do G7, assegurando 4,5 milhões
sua matriz no design estratégico, contudo, um elenco de prioridades e implementar as
cialmente ao setor pesqueiro (conservação de postos de trabalho diretos com o cresci-
está atrelado aos ODS1 (Objetivos do De- ações mais adequadas.
e transformação) e das indústrias navais; mento de setores inovadores, como: ener-
senvolvimento Sustentável), principalmente
. Transição digital, desafio transversal a to- gia marítima renovável; bioeconomia azul;
biotecnologia e dessalinização (COMISSÃO
aos que têm grande aderência aos temas li-
gados às zonas costeiras e regiões oceânicas
3.1. Metodologia para aplicação do
design
dos os setores, estabelecidos e emergentes; EUROPEIA, 2021).
adjacentes, eliminação da pobreza e gera-
ção de renda. Sua definição é a proposição O Design de Negócios Azuis possui sua
3. Design de Negócios Azuis (DNA) de um conjunto de atividades econômicas origem em Barros (2007) e contém 4 (qua-
viáveis e emancipadoras, para os diversos tro) fases na sua execução, possuindo um
A dificuldade da gestão integrada dos fragilidades econômicas das relações entre espaços marinhos e costeiros, através caráter interdisciplinar através de um diálo-
espaços costeiros tem como base a dificul- os sistemas continental e oceânico adjacen- de um design de negócios inovador e go de saberes entre os diversos atores: aca-
dade dos órgãos governamentais, em suas tes, o que causam múltiplos conflitos sobre instigante, observando características dêmicos, governamentais e da sociedade
diferentes escalas, de articular, sistema- as dimensões econômicas, sociais, ambien- locais, o papel da política, inovação e o civil em um contexto de grupo focal. A me-
tizar e gerenciar informações que permi- tais e políticas nas estratégias nacionais meio ambiente, voltado, principalmente, todologia parte da análise histórico-espacial,
tam o conhecimento das potencialidades e de desenvolvimento. Sendo assim, foram para geração de emprego e renda. Uma considerando seus usos e conflitos de modo

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a compatibilizá-los ao desenvolvimento de micas nos espaços costeiros. É importante 3.1.1. Fase I – Definição da área de recursos costeiros e oceânicos adjacentes?
atividades sustentáveis. Esta metodolo-
gia se amplia com a visão da Especializa-
salientar que a interdisciplinaridade e a par-
ticipação social promovem um alargamen-
estudo e elaboração do diagnóstico
. De que maneira se verifica o cumpri-
ção Inteligente (RIS3) (PINTO et al., 2019), to do campo de visão da ciência clássica, A primeira fase do DNA sugere: (1) a de- mento desses requisitos legais pelos atores
envolvidos?
. Quem são os atores sociais envolvidos e
cuja estrutura está calcada numa estrutura em decorrência da complexidade. Segundo finição da área de estudo da zona costeira
econômica baseada na seleção de conheci- Morin (2004, p. 13), a abordagem interdis- e oceânica adjacente; (2) a elaboração de
mentos estratégicos para o desenvolvimen- ciplinar se faz cada vez mais necessária. um diagnóstico físico, biológico, socioes- os responsáveis pelos problemas da área de
to de determinada região, que, no nosso pacial, socioeconômico; (3) levantamento estudos? Quais são seus interesses, limita-
Torna-se cada vez mais evidente a ina-
caso, é a costeira. dos aspectos legais; (4) Plano Estratégico a ções e potencialidades?
dequação entre os saberes formais (dis-
O Design de Negócios Azuis, doravante partir do DNA.
ciplinares), face às suas fragmentações
nominado DNA, é uma proposta de ativi- Uma questão muito relevante será a de- 3.1.2. Fase II – Definição dos conflitos
e compartimentações, principalmente,
dades compatíveis aos princípios da susten- finição prévia da área de estudo, ou seja, de usos
quando se defrontam com problemas
tabilidade forte que, segundo Leff (2003), um espaço geográfico onde serão realiza-
cada vez mais poli disciplinares, multidi-
promove a construção de uma nova racio- dos os estudos de base, área que será obje- Os conflitos de usos são, na verdade,
mensionais e em escala planetária.
nalidade produtiva, fundada nos limites to de coleta de dados primários ou secun- “conflitos gerados” pela incompatibili-
das leis da natureza, assim como nas po- Em resumo, o DNA procura estabelecer dários. Os estudos de base são os pilares dade entre valores culturais de diferentes
tencialidades ecológicas e na criatividade um terreno comum para uma política de no processo de elaboração de um DNA, grupos humanos, que, ao estabelecerem
humana. É aliado também a um arcabouço consenso, capaz de integrar os diferentes e em torno deles gira a organização dos contato, exercem diferentes relações de
interdisciplinar, que procura apontar ca- interesses locais que moldam o campo con- trabalhos de campo e de levantamento de uso do território, podendo exercer efeitos
minhos para problemas complexos, como flitivo através da apropriação dos espaços informações, assim como a estruturação desintegrantes sobre suas culturas (AZE-
é a gestão de múltiplas atividades econô- costeiros (Figura 1). do próprio diagnóstico. Os resultados dos VEDO, 1977). Os conflitos relacionados às
estudos de base mostram uma análise da populações tradicionais na zona costeira
situação atual da área de estudo feita por ocasionam, em última análise, a absorção
Figura 1. Metodologia para a construção do
meio de levantamentos dos componentes de novos valores trazidos por uma nova
Design de Negócios Azuis do meio físico, biológico, socioespacial, cultura, uma nova relação com o meio am-
socioeconômico, seus riscos ambientais e biente e o abandono do seu grupo de ori-
FASE I - DEFINIÇÀO DOS LIMITES DA ÁREA DE
do levantamento dos requisitos legais, con- gem. Este fenômeno muito observado com
ESTUDO E ELABORAÇÀO DE UM DIAGNÓSTICO templando as suas interações. os pescadores e os pequenos agricultores,
O diagnóstico da área de estudo deverá que abandonam sua atividade tradicional
responder a questões-chave abaixo elenca- por trabalhos de apoio ao veraneio como:
FASE II - DEFINIÇÃO DOS CONFLITOS DE USOS das, e são elas: caseiros, pedreiros, serventes de obras etc.,

. Quais são as características do território,


passando a pesca e a agricultura a ser sua
segunda ocupação (CALSJ, 2000).
da paisagem, das atividades econômicas, Entende-se por conflitos ambientais
FASE III - ZONEAMENTO ECOLÓGICO - ECONÔMICO do perfil da população, dos aspectos legais
(PRESENTE) aqueles envolvendo grupos sociais com
e dos ecossistemas locais?
. Qual é a importância da área de estu-
modos diferenciados de apropriação, uso e
significação do território, tendo sua origem
do para as partes interessadas? E quais são quando pelo menos um dos grupos tem
PLANO ESTRATÉGICO PARA ATIVIDADES sua forma vida ameaçada. A apropriação
ECONÔMICAS COMPATÍVEIS COM A ZONA os bens, serviços e usos associados a esses
ecossistemas/espaços urbanos? se dará pelos impactos indesejáveis – trans-

. Existem dispositivos legais adequados/


COSTEIRA E ÁREAS OCEÂNICAS ADJACENTES mitidos pelo solo, ar, água, ou sistemas
vivos decorrentes do exercício das práticas
Fonte: Elaborado pelos autores dos outros grupos (ACSELRAD, 2004).
eficazes para a proteção e conservação dos

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Os conflitos, segundo Bourdieu (2004), beneficiar diretamente mais do que outras. dos espaços são as fontes dessas crises, os A metodologia empregada por Barros
se impõem no campo de produção simbóli- O marco característico desse novo direito problemas gerados nessas apropriações são (2007) foi composta por Diegues (2001),
ca como um microcosmo de luta simbólica é, segundo Marques (2005), a indetermi- de natureza socioambiental, econômica, Quadros e Filho (1998) e pela Legislação
entre as classes, que Viégas (2009) apre- nação dos titulares. cultural e política. Os conflitos se instalam Estadual do Rio Grande do Norte, referente
senta como um processo que se reproduz O modelo utilizado para identificação gerando problemas de toda ordem, diante ao Zoneamento Ecológico-Econômico Cos-
nas sociedades através do confronto dos dos conflitos, segundo Theodoro (2005), das diferentes e conflitantes racionalidades teiro (ZEEC). A seguir é apresentada a me-
diferentes projetos de uso e significação valida as relações desiguais de poderes defendidas, pelos dois lados do conflito, para todologia empregada criando as seguintes
dos seus recursos ambientais e territoriais, (companhias petrolíferas x comunidades o uso dos bens coletivos ou de uso comum. áreas de zoneamento (Quadro 2).
o que significa admitir que a “questão am- tradicionais; latifundiários x agricultores O modelo de identificação do conflito a O ZEE deve atentar para os Planos Dire-
biental é intrinsecamente conflitiva, embo- sem-terra; índios x garimpeiros; comunida- seguir sugere que, a partir do conhecimen- tores, vulnerabilidades socioambientais e eco-
ra isso não seja reconhecido”. des de remanescentes de quilombos x em- to dos campos de poder, o gestor possa, lógicas e a participação dos atores sociais e
Não se pode furtar da discussão dos presas) que são as geradoras dos conflitos de alguma forma, mediar as ações no terri- partes interessadas, visando aos princípios do
conflitos de usos os direitos difusos. Nos- de base territorial. Dentro dessa lógica os tório de modo a torná-los compatíveis en- desenvolvimento local e da sustentabilidade.
sa Constituição Federal (1988) estabelece, conflitos poderão ser analisados segundo tre os grupos mais poderosos, no sentido Desta forma, conforme cita Buarque (2002),
por exemplo, que o meio ambiente é um os Elementos de Análise: Os Atores; A na- econômico, e os grupos mais fragilizados, para serem empregadas as propostas de zo-

.
bem de uso comum do povo, fundando tureza; A Escala; os Objetos e as Dinâmicas ou seja, aqueles que sentem os efeitos da neamento dos espaços costeiros deverão:
uma nova titularidade, fora da esfera do (Quadro 1). nova forma de usos de espaços. Para isso, é
Ter delimitação da área de atuação do

.
direito público e privado, que é o direito da Na prática dos conflitos, as classes do- importante um ordenamento do território
planejamento;
coletividade. Existe uma grande dificulda- minantes estabelecem suas estratégias de que avaliem esses usos, e um exemplo é o
Possuir o conhecimento da realidade so-
de em entender que a titularidade de uma ação, que, segundo Bourdieu (2004), ten- zoneamento ecológico-econômico.
cioeconômica e cultural da área de planeja-

.
das partes do conflito é a coletividade. O dem a reforçar a crença na legitimidade de
mento;
titular sempre é o grupo, e não as pessoas sua dominação, tanto dentro de sua classe 3.1.3. Fase III – Zoneamento ecológico-
Criar um diagnóstico dos fatores que po-
individualmente, embora umas possam se como fora dela. Os processos de apropriação econômico (ZEE)
dem facilitar e dificultar o desenvolvimento
Quadro 1: Modelo de identificação dos conflitos de usos
Elementos de Descrição do conceito
Segundo Salim e Melo (2004), o ZEE
é um instrumento político e técnico de
.
local;
Estabelecer um prognóstico que busca
antecipar os possíveis desdobramentos fu-
planejamento cujo objetivo é otimizar o
análise turos da realidade atual, que terá por obje-
uso do espaço e as políticas públicas. É,
Os atores
tivo identificar as oportunidades que a re-
Indivíduos, grupos, organizações ou o Poder Público  sem dúvida, uma ferramenta de gestão
envolvidos no são movidos por interesses, valores e percepções próprias gião poderá oferecer no futuro e os fatores

.
para organizar as informações sobre o
conflito a cada um. exógenos que poderão constituir ameaças;
território, necessárias ao planejamento da
Selecionar as ações convergentes e articula-
Os que têm naturezas diferentes (campos do poder) ocupação racional e ao uso sustentável dos
A natureza das capazes de transformar a realidade atual.
econômica; política; socioambiental. recursos naturais. É um instrumento políti-
co para aumentar a eficácia das decisões O que Buarque (2002) propõe está bem
A escala Lugar, regional e global. políticas e da intervenção pública na gestão alinhado aos caminhos que a DNA percor-
do território e para criar canais de nego- re para propostas estratégicas de atividades
Os objetos Podem ser bens ou símbolos (material ou simbólica); ciação entre as várias esferas de governo e compatíveis com a Zona Costeira. Dessa
público ou privado; profana ou sagrado. a sociedade civil. O fator limitante desses forma, a próxima fase contempla as etapas
zoneamento ecológico-econômico são os finais, em que deverão ser apresentados
As dinâmicas As dinâmicas trazem em si as componentes históricas do
aspectos legais, os seja, deve-se compati- planos e projetos estratégicos de atividades
processo de apropriação e usos dos espaços; dos danos e
impactos ambientais.
bilizar as legislações gerais e específicas de econômicas alinhadas a um zoneamento
ordenamento territorial de modo a se evi- ecológico-econômico costeiro, bem como
Fonte: baseado nos modelos de Theodoro (2005) tar conflitos jurisdicionais. a mitigação dos conflitos de usos.

612 ECONOMIA AZUL Design de Negócios Azuis (DNA) 613


Quadro 2: Modelo de Zoneamento Ecológico-Econômico Quadro 3: Roteiro do Plano Estratégico do Design de Negócios Azuis

a. Pesca tradicional e PLANO ESTRATÉGICO PARA AS ATIVIDADES ECONÔMICAS DA ZONA


a. Manguezal em toda a sua Áreas de uso
econômico artesanal COSTEIRA
extensão; b. Ecoturismo e turismo
Áreas de b. Mata Atlântica; intensivo (AUEI) responsável Vulnerabilidades
Proteção e Mata Ciliar. Faixa mínima de c. Esporte de contato primário Levantamento das atividades econômicas presentes, ou seja,
conservação preservação de 50 (cinquenta) socioambientais
respeitando os respectivos zoneamentos existentes e outros
(APC); metros, a partir do leito mais São áreas associadas a e ecológicas
sazonal, medida horizontalmente. aspectos legais nas três esferas de poder
ecossistemas que vem sofrendo
d. Restingas, Dunas e Praias forte degradação na zona
e. Costões Rochosos costeira.
Áreas de
a. Ecossistemas costeiros
Potencial Risco adjacentes à área urbana
a. Áreas de lazer náutico e reparos; Ambiental b. Ecoturismo e turismo Plano Estratégico para Atividades Econômicas Interação com
Áreas de uso (APRA)
b. Porto e Estaleiros responsável Projeção 5 anos e 10 anos partes interessadas
econômico
exclusivo c. Petrolíífera c. Ecossistemas pressionados
d. Turismo por atividades econômicas
(AUEE)
e. Pesca Industrial não compatíveis
Os Planos Estratégicos irão sugerir atividades
Áreas Urbanizadas São os núcleos urbanos econômicas através de um mapeamento estratégico de
e de Expansão localizados na Zona Costeira áreas conforme o método escolhido para Zoneamento
Urbana (ZC) e demais sedes municipais.
(AUEU) Ecológico para a Zona Costeira

Áreas de Proteção e conservação (APC); Obs.: estas áreas deverão estar relacionadas à classificação Fonte: Elaborado pelos autores
pela CONAMA nº 357, que estabelece para essas atividades a classe 1 para águas salinas e salobras.
P – Fatores Políticos locais que po- regulamentação ambiental; gestão de re-
Áreas de uso econômico exclusivo (AUEE) Obs.: estas áreas deverão estar relacionadas à classificação
dem influenciar os negócios, são eles: síduos e efluentes; sustentabilidade; ade-
pela CONAMA nº 357, que estabelece para essas atividades a classe 2 para águas salinas e salobras.
mudança de governo; políticas gover- rência aos protocolos ou acordos para
Áreas de uso econômico intensivo (AUEI) Obs.: estas áreas deverão estar relacionadas à classificação
namentais; conflitos internos; relação redução de emissão de carbono; certi-
pela CONAMA nº 357, que estabelece para essas atividades a classe 1 para águas salinas e salobras.
público e privado etc. ficações visando à gestão sustentável.
Fonte: Barros (2007)
E – Fatores Econômicos que influen- L – Fatores Legais (regulatórios): Planos
ciam os negócios: geração de renda; Diretores, Zoneamentos Territoriais, Lei
4 - Plano estratégico para atividades econômicas compatíveis com a taxa de juros; câmbio; índices de preço; Trabalhista; Proteção do Consumidor;
zona costeira e oceânicas adjacentes sazonalidade de produção; economia Regulamentação e Normas do segmen-
local; índices de confiança; relações co- to específico; Órgãos regulatórios; Legis-
Um plano estratégico deverá alinhar e compatibilizar programas com objetivos merciais; nível de mão de obra; taxa de lação atual e tendências de mudança.
seu foco em ações futuras que gerem va- e metas, procurando otimizar projetos desemprego etc.
lor para o território, permitindo conciliar onde serão gerados os produtos de todo S – Fatores Sociais que influenciam os Importante esclarecer que os fatores aci-
metas de desenvolvimento econômico o planejamento. Os Projetos estratégicos negócios: expectativa de vida; cresci- ma são exemplificações, podendo entrar na
e de minimização às desigualdades so- (Design de Negócios Azul) deverão seguir mento populacional; taxa de natalida- análise de cada fator outros argumentos re-
ciais, aliado à conservação dos espaços o roteiro abaixo (Quadro 3): de; padrões de consumo; papéis sociais lacionados ao tema. As propostas das ativi-
naturais. Para se estabelecer um plano Os projetos estratégicos, alinhados por idade e gênero; cultura local. dades econômicas mais viáveis deverão ser
estratégico, os municípios costeiros de- em atividades econômicas, serão pro- T – Fatores Tecnológicos que influenciam transformadas em projetos estratégicos para
verão instituir o seu Plano Municipal de postos a partir dos impactos provocados os negócios: legislação em relação à tec- sua viabilidade ou aumento de sua poten-
Gerenciamento Costeiro, observadas as pelos fatores do acrônimo PESTAL, são nologia; maturidade tecnológica; tecno- cialidade naquele referido território costeiro
normas e diretrizes do Plano Nacional de eles: POLÍTICO, ECONÔMICO, SOCIAL, logias emergentes; pesquisa e inovação. conforme sua análise a partir da PESTAL.
Gerenciamento Costeiro, bem como seu TECNOLÓGICO, AMBIENTAL E LEGAL, A – Fatores Ambientais que influenciam Como exemplo, podemos citar o esta-
Plano Diretor. Ao plano cabe sistematizar exemplificados abaixo: os negócios: gestão de sustentabilidade; do do Rio de Janeiro, que aprovou a Lei nº

614 ECONOMIA AZUL Design de Negócios Azuis (DNA) 615


9.466, de 25 de novembro de 2021, que poderão ser implementadas ou potenciali- Quadro 5: DNA – Matriz de Qualificação do Design de Negócios Azuis
cria a Política Estadual de Incentivo à Econo- zadas em seu município costeiro a partir da

TECNOLÓGICO
mia do Mar, como estratégia de desenvolvi- avaliação de um grupo focal. Esta avaliação

ECONÔMICO
ECONÔMICO

AMBIENTAL
AMBIENTAL
mento socioeconômico do estado. Esta lei parte de uma análise qualitativa, em que o

TECNOLÓGICO
SETOR
SETOR ATIVIDADE
ATIVIDADE

POLITICO
ECONÔMICO
POLITICO

AMBIENTAL
estabelece uma lista com as principais ati- 0 (zero) representa que o fator é neutro, e

SOCIAL
SOCIAL
SETOR ATIVIDADE

LEGAL

TOTAL
TOTAL
LEGAL
POLITICO
vidades relacionadas à Economia do Mar e não tem relevância com a atividade propos-

SOCIAL

TOTAL
LEGAL
que foi a base para a matriz de avaliação do ta, até o valor 5 (cinco), onde o fator tem Captura ee processamento
Captura processamentodedepescado
pescadoe frutos
e frutos
DNA. Nesse contexto, o modelo DNA avalia total relevância (benéfica), ou até -5 (menos setor
setorde
depesca
pescae do
do mar
mar
Captura e processamento de pescado e frutos 0 3 3 0 -3 0 3
e aquicultura
aquicultura Atividades deaquicultura
aquicultura
as atividades econômicas fazendo um cruza- cinco), onde o fator tem total relevância ne- setor de pesca
Atividades
do mar de 30 33 3
3 30 -3 3
0 0 15
3
Comercialização
Comercialização depescado
de pescadoe frutos
e frutos
dodo mar;
mar; 03 33 33 03 00 0 6
mento com a PESTAL, de modo que o ges- gativa (adversa). Abaixo encontra-se o qua- e aquicultura Atividades de aquicultura 3 15
Atividades
Atividades de
de apoio
apoio à àextração
extração dede óleo
óleo e
e gásgás
tor possa ter um elenco de atividades que dro de análise qualitativa (Quadro 4). Comercialização de pescado e frutos do mar;
offshore 0 3 3 0 0 0 6
offshore de apoio à extração de óleo e gás
Atividades 0 5 1 -3 -5 0 -2
Exploraçãoeeextração
Exploração
offshore extraçãodedeóleo
óleoe gás
e gás natural
natural
Quadro 4: Avaliação qualitativa dos impactos offshore; 0 5 1 -3 -5 0 -2
offshore; e extração de óleo e gás natural
Exploração 5 5 1 -3 -5 0 3
setor
setor de
de óleo
óleo&& gás
gás
Atividades de
Atividades
offshore; de escoamento,
escoamento, transporte,
transporte,
5 5 1 -3 -5 0 3
5 IMPACTA MUITO POSITIVAMENTE setor de óleo & gás distribuição
distribuiçãode
Atividades ee processamento
natural offshore;
processamentode degás
escoamento, transporte,
gásnatural

offshore; e processamento de gás


distribuição 5 5 -3 -3 -5 0 -1
3 IMPACTA POSITIVAMENTE Refinarias
Refinarias
natural ee petroquímicas;
petroquímicas;
offshore; -35 55 -3 -3 -5 0 -9
-3 -3 -5 0 -1
Indústria militar
Indústria militarnaval;
naval; -3 35 -3 -3 -5 00 -11
0 NEUTRO setor
setor de
deconstrução
construçãoe
Refinarias e petroquímicas; -3 -3 -3 -5 -9
e reparos
reparosnavias
navias
Indústria militar naval; -3 3 -3 -3 -5 0 -11
-3 IMPACTA NEGATIVAMENTE setor de construção Construção,reparação,
Construção, reparação,descofmissionamento
desmantelamento de
descomissionamento e e

e reparos navias desmantelamento


Construção, deembarcações
reparação,embarcações e plataformas
e plataformas
descofmissionamento e -3 3 -5 -3 -5 0 -13
-5 IMPACTA MUITO NEGATIVAMENTE Exploraçãoeeextração
Exploração
desmantelamentoextração mineraloceânica
mineral
de embarcações oceânica ee
e plataformas
-3 3 -5 -3 -5 0 -13
setor
setor de
de mineração
mineração offshore;
offshore; e extração mineral oceânica e
Exploração -3 3 -3 -3 -5 0 -11
Fonte: Elaborado pelos autores Extraçãoeerefino
Extração
offshore; refino de
desal
salmarinho
marinhoeesal-gema;
sal-gema; -3 33 -3 -3 -5 00 -11
setor de mineração -3 -3 -3 -5 -11
Turismo costeiro
costeiro ee marítimo;
-35 53 -35 -33 -3 00 15
Turismo marítimo;
Para validação da metodologia desen- ecoturismo, turismo de aventura, turismo Extração e refino de sal marinho e sal-gema; -5 -11
setor
setor de
de turismo
turismo Mergulhocosteiro
Mergulho recreativo,
recreativo, científico ee profissional;
científico profissional; 55 55 55 33 -3 00 15
Turismo e marítimo; -3 15
volvida, o modelo foi aplicado fazendo-se esportivo etc. Contudo, o Relatório de Dis- setor de turismo Marinas
Marinas ee clubes
clubes náuticos
náuticos
Mergulho recreativo, científico e profissional; 55 55 55 33 -3
-3 00 15
15
uma simulação no município costeiro de tribuição das Rendas Petrolíferas entre os Desenvolvimento
Desenvolvimento ee manutenção
manutenção de de
Marinas e clubes náuticos
equipamentos de navegação e busca 5 5 5 3 -3 0 15
equipamentos de navegação e busca 5 3 5 3 0 3 19
Saquarema, no litoral do Rio de Janeiro, na Municípios Fluminenses, do CENPE MPRJ Desenvolvimento e manutenção de
Pesquisa, Desenvolvimento
Pesquisa,
equipamentosDesenvolvimento
de navegaçãoeeInovação
eInovação (PD&I)
busca (PD&I) no
região denominada Baixada Litorânea, per- (2019), relata que o município depende de setor
setor de
de P&D
P&D ambiente marinho; 5 3 5 3 0 3 19
no ambiente
Pesquisa, marinho;
Desenvolvimento e Inovação (PD&I) no 5 3 5 3 0 3 19
tencente ao macrocompartimento do litoral aproximadamente 30% de suas receitas setor de P&D Biotecnologia
Biotecnologia
ambiente marinha;
marfinha;
marinho; 55 33 55 33 00 33 19
19
dos Cordões Litorâneos (BARROS, 2003). O proveniente dos royalties do petróleo, o que Difusão
Difusão ee popularização
popularização dasCiências
marfinha; das CiênciasdodoMar
Mar;
; 55 33 55 33 00 33 19
Biotecnologia 19
Atividade portuária;
Atividade portuária; -55 33 -55 -33 -50 -33 -18
município encontra-se em uma região pla- faz da atividade uma fonte de grande rele- Difusão e popularização das Ciências do Mar; 19
Transporteportuária;
Transporte marítimo de
marítimo de alto
alto mar;
mar; -5 33 -5 -3 -5 -3 -18
na, com pequenas elevações, apresentando vância para gestão municipal. Todas estas Atividade -5 -5 -3 -5 -3 -18
Transporte
Transporte marítimo
marítimo de
de cabotagem;
cabotagem; -5 3 -5 -3 -5 -3 -18
Transporte marítimo de alto mar; -5 3 -5 -3 -5 -3 -18
uma formação de dunas nas proximidades atividades necessitam de planos que as tor- setor
setor portos
portos ee navegação
navegação Infraestrutura
Infraestrutura
Transporte tecnológica para as
tecnológica para
marítimo as atividades
de cabotagem; atividades
-5 3 -5 -3 -5 -3 -18
portuárias e de navegação;
da faixa litorânea, onde predominam praias nem mais sustentáveis nos aspectos sociais, portuárias e detecnológica
setor portos e navegação Infraestrutura navegação;para as atividades -5 3 -5 -3 -5 -3 -18
Aluguel de
Aluguel deetransporte
portuárias transporte marítimo;
marítimo;
de navegação; -5 33 -5 -3 -5 -3 -18
oceânicas de grande extensão e um impor- ambientais e econômicos, principalmente -5 -5 -3 -5 -3 -18
Dragagem;
Dragagem; -5 33 -5 -3 -5 -3 -18
tante sistema lagunar (BARROS et al., 2006). através de mecanismos de geração de em- Aluguel de transporte marítimo; -5 -5 -3 -5 -3 -18
setor de energia
setor de renovável Dragagem;
energia renovável -5 3 -5 -3 -5 -3 -18
O Município de Saquarema faz limites com prego e renda. O crescimento econômico e Energiasrenováveis
Energias renováveisoceânicas
oceânicas e offshore;
e offshore; 5 5 5 5 0 -3 17
setor de energia renovável Implantação
Implantação ou reforço
ou de estrutura
reforço de estrutura logística,
logística,
o município de Rio Bonito ao norte, com o o aumento das receitas são fundamentais Energias renováveis oceânicas e offshore;
física e de recursos humanos em unidades de 5 5 5 5 0 -3 17
física e de recursos humanos em unidades de
município de Araruama a leste, a oeste com para melhora dos indicadores sociais, que setor
setorde
demeio ambientee Implantação
meioambiente ou reforço de estrutura logística,
conservação marinhas;
e saneamento
saneamento conservação
física e de marinhas;
recursos humanos em unidades de 3 5 5 3 5 5 26
os municípios de Maricá e Itaboraí e ao sul revertem em uma melhor qualidade de vida setor de meio ambiente Aperfeiçoamento
Aperfeiçoamento
conservação dos sistemas
dos
marinhas; sistemasdedesaneamento
saneamento
e saneamento 3 5 5 3 5 5 26
com o Oceano Atlântico (CALSJ, 2000). da população residente. A seguir encontra- relacionados aos ambientes marinhos;
relacionados aos ambientes
Aperfeiçoamento marinhos;
dos sistemas de saneamento 3 5 5 3 5 5 26
-se uma avaliação das vocações do municí- Setor de serviços
serviços Serviços de negócios marinhos; 33 35 35 33 35 35 18
Saquarema é vocacionada para as ativi- relacionados aos ambientes marinhos;
26
Segurança pública
Segurança pública Defesa, segurança e vigilância do mar; 03 03 03 03 03 03 180
dades de turismo e lazer, em suas diversas pio de Saquarema baseada no método do Setor de serviços Serviços de negócios marinhos;
Segurança pública Defesa, segurança e vigilância do mar; 0
Fonte: 0Elaborado
0 0 pelos
0 0autores
0
derivações, a saber: turismo responsável, Design de Negócios Azuis (Quadro 5).

616 ECONOMIA AZUL Design de Negócios Azuis (DNA) 617


A partir do exemplo acima pode-se avaliar o caso acima demonstra a vocação turística Referências
potencialidades e fragilidades no município de Saquarema, que é de fato algo muito es-
citado, sendo este o instrumento final para tratégico, mas que deverá estar alinhada a ACSELRAD, Henri (org.). Conflitos am- BRASIL. Lei nº. 7.661, de 16 de maio de
elaboração de projeto estratégicos alinhados conservação do Patrimônio Cultural e Eco- bientais no Brasil. Rio de Janeiro: Relume 1988. Institui o Plano Nacional de Geren-
a vocação atual e futura, lembrando sem- lógico, bem como mantendo-se, mesmo Dumará/ Fundação Heinrich Böll, 2004. ciamento Costeiro e dá outras providên-
pre que esses projetos estratégicos deverão não sendo sua vocação, a possibilidade de 294 p. cias. Brasília, DF: Presidência da República.
ser implantados com base nos ordenamen- atividades consideradas impactantes como AZEVEDO, Fernando. Dicionário de So- Disponível em: http://www.planalto.gov.
tos territoriais previstos em lei, juntamente o setor de Óleo & Gás pelo forte aporte ciologia. 7. ed. Porto Alegre: Editora Glo- br/ccivil_03/LEIS/L7661.htm. Acesso em: 6
com o ZEEC. Só a título de exemplificação, financeiro que promove em toda a região. bo, 1977. 377 p. dez. 2021.
BARROS, Sergio Ricardo da Silveira. A BRASIL. Resolução nº 005, de 3 de de-
inserção da zona costeira nas territo- zembro de 1997. Aprova o Plano Nacio-
5. Considerações finais
rialidades da bacia hidrográfica do Rio nal de Gerenciamento Costeiro II – PNGC
São João – RJ: inter-relações, trocas e II. 9p., Comissão Interministerial para os
O Design de Negócios Azuis é uma matriz os atores; a natureza; a escala; os
conflitos. 2007. Tese (Doutorado em Geo- Recursos do Mar. Brasília, DF. Brasil. Dis-
proposta que pretende ser aplicada nos objetos e as dinâmicas deles. Não há go-
grafia) – Programa de pós-graduação em ponível em: http://www.mma.gov.br/es-
municípios costeiros, ou em um conjunto vernança efetiva sem uma mediação séria
Geografia, Universidade Federal Fluminen- truturas/orla/_arquivos/pngc2.pdf. Acesso
de municípios consorciados, como uma dos conflitos. A identificação dos conflitos
se, Niterói, 2007. em: 6 dez. 2021.
ferramenta de apoio a tomada de deci- sugere que, a partir do conhecimento dos
BARROS. Sérgio Ricardo da Silveira; KER- BUARQUE, Sergio C. Construindo o
são na gestão territorial no que se refere campos de poder, o gestor possa, de algu-
SANACH, Mônica Wallner; WASSERMAN, desenvolvimento local sustentável:
a vantagens comparativas entre atividades ma forma, mediar as ações no território de
Júlio César Alvin. Proposta de um plano metodologia de planejamento. Rio de
econômicas. Este design foi desenvolvido modo a se ter o entendimento dos objeti-
de ação para o gerenciamento integrado Janeiro: Garamond, 2002. 177 p.
em quatro etapas, que contemplarão um vos dos grupos mais poderosos, no sentido
da zona costeira no município de Saqua- CALSJ – Consórcio Intermunicipal para
diagnóstico nos meios físico, biológico, econômico, e os grupos mais fragilizados,
rema-RJ. Revista de Gestão Costeira Gestão Ambiental das Bacias Hidrográ-
socioespacial, socioeconômico e dos seus ou seja, aqueles que sentem os efeitos da
Integrada. n. 5, ano 4 – 2006. Disponível ficas da Região dos Lagos, Rio São João
requisitos legais. Em um segundo momen- nova forma de usos de espaços.
em: https://www.aprh.pt/rgci/issue5.html. e Zona Costeira. Panorama geral do
to, a partir do conhecimento das caracterís- Destaca-se a importância do DNA no
Acesso em: 1 dez. 2021. município de Saquarema. In: encontro
ticas da área de estudo, deverão ser elenca- sentido de avaliar qualitativamente, a
BARROS, Sergio Ricardo da Silveira. Pro- das lagoas de Saquarema, Jaconé e bacia
dos seus conflitos de usos e de governança, partir da PESTAL, com o apoio de gru-
posta de um plano de ação para o hidrográfica contribuinte. 2000, Saquare-
de modo que se possa propor um ZEEC, no pos focais, as atividades econômicas mais
gerenciamento integrado da zona cos- ma. Anais [...] Saquarema: CALSJ, 2000.
intuito de um ordenamento territorial, para compatíveis aos territórios costeiros. Sen-
teira no município de Saquarema-RJ/. 30 p. p 3-5.
que, a partir desses levantamentos, se pos- do assim, é uma técnica rápida, de baixo
2003. Dissertação (Mestrado em Ciência CARVALHO, Vitor Celso; RIZZO, Hidely
sam propor planos estratégicos de negó- custo para avaliação e obtenção de dados,
Ambiental) – Programa de pós-graduação Grassi. A zona costeira: subsídios para
cios voltados ao desenvolvimento sustenta- fornecendo aos gestores dos projetos uma
em Ciência Ambiental, Universidade Fede- uma avaliação ambiental. MMA. Brasília:
do dos municípios costeiros. grande riqueza de informações qualitati-
ral Fluminense, Niterói, 2003. MMA, 1994.
O modelo busca elencar os conflitos de vas sobre os potenciais dos impactos das
BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. 7. CENPE MPRJ – Centro de Pesquisas do
usos e de governança quando aborda na atividades propostas.
ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. Ministério Público do Rio de Janeiro. Dis-
322 p. tribuição das Rendas Petrolíferas entre
Agradecimentos BRASIL. [Constituição (1988)]. Constitui- os Municípios Fluminenses: Impactos
ção da República Federativa do Brasil nos Orçamentos Municipais com a Even-
Ao Ministério do Desenvolvimento Regio- dade Federal Fluminense (UFF), por colaborar de 1988. Brasília, DF: Presidência da Repú- tual Mudança nas Regras de Distribuição.
nal (MDR) pelo financiamento da pesquisa; à com seus pesquisadores, e a todos os técni- blica. Disponível em: http://www.planalto. MPRJ. Rio de Janeiro: MPRJ, 2019, 19 p.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte cos e pesquisadores que de alguma forma gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao. COMISSÃO EUROPEIA. Relativa a uma
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618 ECONOMIA AZUL Design de Negócios Azuis (DNA) 619


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620 ECONOMIA AZUL Design de Negócios Azuis (DNA) 621

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