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INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
Bons estudos!
Capítulo 2 Estrutura e Ligações Atômicas 21
No início dos anos 1900, Max Planck15, um cientista alemão, descobriu que os átomos e as moléculas
emitem energia somente em certas quantidades discretas, denominadas quanta. Até então, os cientistas
acreditavam que a energia, em qualquer quantidade (contínua), podia ser emitida de um átomo. A teoria
quântica de Max Planck mudou os rumos da ciência. A fim de entender essa descoberta, deve-se partir
primeiro da natureza das ondas.
Há muitos tipos diferentes de onda, como, por exemplo, ondas na água, ondas sonoras e ondas de
luz. Em 1873, James Clerk Maxwell16 sugeriu que a luz visível é, na verdade, radiação eletromagnética.
Na radiação eletromagnética, energia é liberada e transmitida sob a forma de ondas eletromagnéticas,
que se propagam à velocidade da luz, c, igual a 3,00 108 m/s (186.000 milhas/h) no vácuo.
ELEMENTOS
DO GRUPO
PRINCIPAL
Tabela Periódica dos Elementos ELEMENTOS
DO GRUPO PRINCIPAL
Metais (grupo principal)
IA Metais (transição) VIIIA
(1) Metais (transição interna) (18)
1 Metaloides 2
1 H IIA Não metais IIIA IVA VA VIA VIIA He
1,008 (2) (13) (14) (15) (16) (17) 4,003
3 4 5 6 7 8 9 10
2 Li Be B C N O F Ne
6,941 9,012 10,81 12,01 14,01 16,00 19,00 20,18
11 12 ELEMENTOS DE TRANSIÇÃO 13 14 15 16 17 18
3 Na Mg IIIB IVB VB VIB VIIB VIIIB IB IIB Al Si P S Cl Ar
22,99 24,31 (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) 26,98 28,09 30,97 32,07 35,45 39,95
19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
4 K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
Período
39,10 40,08 44,96 47,88 50,94 52,00 54,94 55,85 58,93 58,69 63,55 65,39 69,72 72,61 74,92 78,96 79,90 83,80
37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54
5 Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Ag Cd In Sn Sb Te I Xe
85,47 87,62 88,91 91,22 92,91 95,94 (98) 101,1 102,9 106,4 107,9 112,4 114,8 118,7 121,8 127,6 126,9 131,3
55 56 57 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86
6 Cs Ba La Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg Tl Pb Bi Po At Rn
132,9 137,3 138,9 178,5 180,9 183,9 186,2 190,2 192,2 195,1 197,0 200,6 204,4 207,2 209,0 (209) (210) (222)
87 88 89 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117
118
7 Fr Ra Ac Rf Db Sg Bh Hs Mt Uun Uuu Uub Uug Uuh 118
Uuo
(223) (226) (227) (261) (262) (266) (262) (265) (266) (269) (272) (277) (285) (289)
Figura 2.3
Tabela periódica atualizada mostrando os sete períodos, oito grupos principais de elementos, elementos de transição e elementos de transição
interna. Observar que a maioria dos elementos é classificada como metais ou metaloides.
Como em qualquer outra forma de onda, as características importantes que definem ondas eletro-
magnéticas são o comprimento de onda (normalmente dado em nm ou 10–9 m), frequência (s–1 ou Hz)
e velocidade (m/s). A velocidade da onda, c, se relaciona à sua frequência, ν, e ao seu comprimento de
onda, λ, por
c
v (2.1)
l
Vários tipos de ondas eletromagnéticas, incluindo-se ondas de rádio, micro-ondas, infraver-
melho, visível, ultravioleta, raios X e raios gama são apresentados na Figura 2.4. Estas ondas
diferem entre si pelos seus comprimentos de onda e frequências. Por exemplo, uma antena de
rádio gera grandes comprimentos de onda (1012 nm ~ 1 km) e baixa frequência (106 Hz); um forno
(do tipo micro-ondas) produz micro-ondas com comprimentos de cerca de 107 nm (muito meno-
res do que aquelas das ondas de rádio) e frequências de 1011 Hz (muito maiores). À medida que
o comprimento de onda diminui e a frequência aumenta, chega-se à faixa do infravermelho com
comprimento de onda de 103 nm e frequência de 1014 Hz (as lâmpadas incandescentes operam
Capítulo 2 Estrutura e Ligações Atômicas 23
Visível
Raios Raios X Ultra- Infravermelho Micro-ondas Ondas de rádio
gama violeta
Tipo de radiação
3
1
9 8 7
# 0
*
(b)
Figura 2.4
O espectro eletromagnético que se estende dos raios gama, com pequeno comprimento de onda e alta frequência, às ondas de rádio, com
grandes comprimentos de onda e baixa frequência. (a) Espectro completo. (b) Espectro visível.
nesta faixa). Quando o comprimento de onda estiver na faixa de 700 nm (luz vermelha) a 400 nm
(violeta), a radiação resultante torna-se visível (faixa do visível). Os raios ultravioleta (10 nm), os
raios X (0,1 nm) e os raios gama (0,001 nm) recaem novamente na faixa do não visível.
Quando, por exemplo, um filamento de tungstênio é aquecido, seus átomos emitem energia sob a for-
ma de radiação eletromagnética que vemos como luz visível branca. Planck sugeriu que os átomos que
emitem esta radiação o fazem em quantidades discretas (quanta). A energia contida em um único quan-
tum de energia é dada pela seguinte equação, na qual h é a constante de Planck igual a 6,63 10–34 J.s
(Joules.segundo) ehn é a frequência de radiação (Hz).
E hn (2.2)
Mais precisamente, segundo Planck, energia é sempre emitida em múltiplos inteiros de hν (1 hν,
2 hν, 3 hν, ...) e nunca em múltiplos não inteiros, por exemplo, 1,34 hν. A Equação 2.2 também impli-
ca que, à medida que a frequência da radiação aumenta, sua energia também aumenta. Desse modo,
referindo-se ao espectro eletromagnético, os raios gama têm mais energia do que os raios X; os raios X,
mais energia do que os raios ultravioleta, e assim por diante.
Inserindo a Equação 2.1 na Equação 2.2, a energia associada a uma dada forma de radiação pode ser
calculada em termos do seu comprimento de onda:
hc
E (2.3)
l
24 Fundamentos de Engenharia e Ciência dos Materiais
onde f e i representam os estados final e inicial do elétron, respectivamente. Por exemplo, a energia as-
sociada à transição de n = 2 a n = 1 seria ΔE = E2 – E1 = –13,6 (1/22 – 1/12) = 13,6 0,75 = 10,2 eV.
O elétron emite um fóton de 10,2 eV ao descer para n = 1 (energia é liberada). O comprimento de onda
deste fóton é determinado por λ = hc/E = (6,63 10–34 J ⋅ s) (3,00 108 m/s)/10,2 eV (1,6 10–19 J/eV)
= 1,2 10–7 m ou 120 nm. Na Figura 2.4, este comprimento de onda corresponde à faixa do ultravioleta.
Várias transições possíveis do elétron de hidrogênio ou do espectro de emissão do hidrogênio são
apresentadas na Figura 2.6. Nesta figura, cada linha horizontal representa um nível aceitável de ener-
17Neils Henrik Davis Bohr (1885-1962). Físico dinamarquês e ganhador do prêmio Nobel (1922).
Capítulo 2 Estrutura e Ligações Atômicas 25
E n2 3,4 eV
Balmer
Figura 2.6
Diagrama de níveis de energia do espectro de linhas
do hidrogênio.
(De F.M. Miller, Chemistry: Structure and Dynamics, McGraw-Hill, Estado fundamental
1984, p. 141. Reproduzido com permissão de The McGraw-Hill n1 13,6 eV
Companies.) Lyman
Seja um átomo de hidrogênio com elétron no estado n = 3. O elétron sofre uma transição para o estado exemplo
n = 2. Pede-se (a) calcular a energia do fóton correspondente, (b) sua frequência e (c) seu comprimento de 2.3
onda. Pede-se ainda dizer (d) se a energia é absorvida ou emitida e (e) a qual série ela pertence, e qual tipo
específico de emissão ela representa.
Solução
a. A energia do fóton emitido é
13,6 eV
E
n2
¢E E3 E2 (2.3)
13,6 13,6
2
1,89 eV
3 22
19
1,60 10 J 19
1,89 eV 3,02 10 J
eV
b. A frequência do fóton é
¢E hn
19
¢E 3,02 10 J
n
h 6,63 10 34
J #s
4,55 10 14 s 1
4,55 10 14 Hz
7
6,59 10 m
7 1 nm
6,59 10 m 9
659 nm
10 m
d. A energia é liberada, pois o sinal é positivo e, consequentemente, o elétron está efetuando uma transição
de uma órbita mais alta para uma órbita mais baixa.
e. A emissão se enquadra na série de Balmer (Figura 2.6) e corresponde à luz visível vermelha (Figura 2.4).
exemplo Se, de acordo com Broglie, todas as partículas possuem propriedades características tanto de ondas como de
2.4 partículas, comparar o comprimento de onda de um elétron se movendo a 16,67% da velocidade da luz com o
comprimento de onda de uma bola de beisebol com uma massa de 0,142 kg e com velocidade de 96,00 milhas
por hora (42,91 m/s). Qual é a sua conclusão?
Solução
De acordo com a Equação 2.6, são necessárias a massa e a velocidade da partícula para se determinar o seu
comprimento de onda. Assim sendo,
34
h 6,62 10 kg m2/s
lelétron
mv 19,11 10 31
kg210,1667 3,0 10 8 m/s2
1,5 10 10 m 0,15 nm
(observar que o diâmetro do átomo é cerca de 0,1 nm)
34
6,62 10 kg m2/s 34
lbeisebol 1,08 10 m
10,142 kg2 142,91 m/s2
1,08 10 25 nm
18Louis Victor Pierre Raymond de Broglie (1892-1987). Físico francês e ganhador do prêmio Nobel (1929).
19Werner Karl Heisenberg (1901-1976). Físico alemão e ganhador do prêmio Nobel (1932).
Capítulo 2 Estrutura e Ligações Atômicas 27
O comprimento de onda da bola de beisebol é 1024 vezes menor do que aquele do elétron (pequeno demais
para ser observado). Em geral, partículas com tamanhos usuais têm comprimentos de onda imensuravelmente
pequenos e não se podem determinar suas propriedades ondulatórias.
No exemplo anterior, se a incerteza associada à medida da velocidade da bola de beisebol for (a) 1% e (b) 2%, exemplo
quais são as incertezas correspondentes na posição da bola de beisebol? Qual é a sua conclusão? 2.5
Solução
De acordo com a Equação 2.7, o valor de incerteza na medida da velocidade é (0,01 42,91 m/s) = 0,43 para
a parte (a) e (0,02 42,91) = 0,86 m/s para a parte (b).
À medida que a incerteza na medida da velocidade aumenta, a incerteza na medida da posição diminui.
O raciocínio de Heisenberg se baseou no fato de que qualquer tentativa de medida alteraria a velo-
cidade e a posição do elétron. Heisenberg também rejeitou o conceito de Bohr de uma “órbita” de raio
fixo para o elétron; ele afirmou que o melhor que se pode fazer é trabalhar com a probabilidade de se
encontrar um elétron com uma dada energia em uma determinada região do espaço.
Chegou-se ao entendimento quase completo quando Erwin Schrodinger20 usou a equação da onda
para explicar o comportamento dos elétrons. A solução da equação da onda foi dada em termos da fun-
ção de onda, ψ (psi). O quadrado da função de onda, ψ2, representa a probabilidade de se encontrar um
elétron com um dado nível de energia em uma dada região do espaço. Essa probabilidade é denominada
densidade eletrônica e pode ser expressa graficamente por uma matriz de pontos (chamada nuvem ele-
trônica), na qual cada ponto expressa a posição possível para um elétron com um dado nível de energia.
Por exemplo, a distribuição de densidade eletrônica na Figura 2.7a se refere ao átomo de hidrogênio
no estado fundamental. Embora o formato geral seja esférico (conforme sugerido por Bohr), o que este
modelo deixa claro é que o elétron pode se situar em qualquer posição ao redor do núcleo. Mais ainda,
a probabilidade máxima de se encontrar um elétron no estado fundamental ocorre em uma região muito
próxima ao núcleo (onde a densidade de pontos é máxima). Ao se distanciar do núcleo, a probabilidade
de se encontrar um elétron diminui.
Ao se resolver a equação da onda, diferentes funções e, portanto, diferentes gráficos de densidade
eletrônica, serão obtidos. Essas funções de onda são chamadas de orbitais. É importante distinguir
imediatamente o termo “orbital” aqui citado do termo “órbita” empregado por Bohr. Esses termos re-
presentam dois conceitos distintos e não devem ser usados indistintamente. Um orbital tem distribuição,
bem como nível de energia, característico de densidade eletrônica.
Outra maneira de representar probabilisticamente a posição de um elétron com um dado nível de
energia é pelo traçado da fronteira no interior da qual se tem 90% de chances de se encontrar esse
elétron. No estado fundamental, há 90% de probabilidade de se encontrar um elétron no interior de uma
esfera de raio igual a 100 pm. A esfera na Figura 2.7b é uma alternativa ao diagrama de densidade ele-
20Erwin Rudolf Josef Schrodinger (1887-1961). Físico austríaco e ganhador do prêmio Nobel (1933).
28 Fundamentos de Engenharia e Ciência dos Materiais
A mecânica quântica moderna proposta por Schrodinger e outros requer um conjunto de quatro números
inteiros, chamados números quânticos, para a identificação da energia e da forma da fronteira do espaço,
(nuvem eletrônica), e a rotação de qualquer elétron no átomo. Essa descrição não se limita ao átomo de
hidrogênio. Os primeiros números quânticos são n, ,, m, e ms.
O número quântico principal, n: principais níveis ou camadas de energia O número quântico
principal, n, é o mais importante para a identificação do nível de energia de um elétron. Ele assume so-
mente valores inteiros iguais à unidade ou maiores, isto é, n = 1, 2, 3, ... . Cada um dos principais níveis
de energia é também chamado de camada e representa um conjunto de subcamadas e orbitais com o
mesmo número principal n. À medida que n aumenta, também aumenta a energia do elétron em ques-
tão, que está menos firmemente preso ao núcleo (mais fácil de ser ionizado). Finalmente, à medida que
n aumenta, também aumenta a probabilidade de se encontrar um elétron distante do núcleo.
O número quântico de momento angular ou azimutal, ,: subcamadas No interior de cada camada
principal, n, existem subcamadas. Quando n = 1 há apenas um tipo de subcamada possível, semelhante
àquela apresentada na Figura 2.7. Entretanto, quando n = 2, duas subcamadas diferentes são possíveis; três
subcamadas diferentes são possíveis quando n = 3; e assim por diante. As subcamadas são representadas
pelo número quântico orbital, ,, também chamado de número quântico de momento angular ou azimu-
tal. A forma da nuvem eletrônica da fronteira do espaço orbital é determinada por este número. O número
quântico , pode ser representado por um inteiro variando de zero a n – 1, ou ainda por letras.
Designação numérica , = 0, 1, 2, 3, ..., n – 1
Designação alfabética , = s, p, d, f, ...
Capítulo 2 Estrutura e Ligações Atômicas 29
(a)
1s
2s
3s
(b) z z z
x y x y x y
(c) z z z z z
x y x y x y x y x y
Figura 2.8
Diagrama esquemático dos orbitais (a) s, (b) p, e (c) d.
30 Fundamentos de Engenharia e Ciência dos Materiais
Tabela 2.2
Valores permitidos para os números quânticos dos elétrons.
O número quântico de spin, ms: spin do elétron No átomo de hélio (Z = 2), ambos os elétrons ocu-
pam a primeira camada principal (n = 1), a mesma subcamada (, = 0 ou s) e possuem o mesmo número
quântico magnético (m, = 0). Possuem estes dois elétrons números quânticos idênticos? A fim de des-
crever completamente qualquer elétron em um átomo, além de n, ,, m,, devemos identificar também o
seu número quântico de spin, ms. O número quântico de spin pode assumir o valor + 12 ou – 12 . O elétron
pode ter somente duas direções de spin, não sendo permitida nenhuma outra posição. Além disso, pelo
princípio da exclusão de Pauli, no máximo dois elétrons podem ocupar o mesmo orbital do átomo e
estes devem ter spins opostos. Em outras palavras, dois elétrons não podem ter jamais o mesmo conjun-
to de números quânticos. Por exemplo, no átomo de He, o que difere um elétron de outro, do ponto de
vista da mecânica quântica, é o número quântico de spin: ms = 12 para um e ms = – 12 para o outro. Um resumo
dos valores permitidos para os números quânticos é apresentado na Tabela 2.2.
Uma vez que somente dois elétrons podem ocupar um mesmo orbital e que cada nível de energia
principal ou superfície n permite n2 orbitais, uma regra geral pode ser enunciada segundo o seguinte pre-
ceito: cada nível principal de energia pode acomodar um número máximo de 2n2 elétrons (Tabela 2.3).
Por exemplo, o nível de energia principal n = 2 pode acomodar um máximo de 2(2)2 = 8 elétrons, dois
na sua subcamada s e seis na sua subcamada p, a qual contém três orbitais.
Até o momento, a maior parte da discussão se concentrou no átomo de hidrogênio, que possui apenas um
único elétron; e este pode ser energizado em diferentes níveis principais de energia e, independentemente
do número quântico azimutal (subcamada), seu nível de energia será aquele da camada principal na qual
ele existe. Entretanto, quando houver mais de um elétron, os efeitos da atração eletrostática entre o elétron
e o núcleo, bem como os efeitos de repulsão entre os próprios elétrons, levarão a estados de energia mais
complexos ou à divisão dos níveis de energia. Deste modo, a energia de um orbital em um átomo multiele-
trônico depende não somente do seu valor de n (tamanho), mas também do seu valor de , (forma).
Por exemplo, seja o elétron único em um átomo
Tabela 2.3
Número máximo de elétrons em cada camada atômica principal.
de H e o elétron único em um átomo de He ionizado
(He+). Ambos os elétrons encontram-se no orbital 1s.
Número da Número máximo Número máximo Todavia, deve-se lembrar que o núcleo do átomo de
camada, n de elétrons em de elétrons He possui dois prótons contra um próton no núcleo
(número quântico cada camada (2n2) nos orbitais
principal) de H. As energias orbitais são –1.311 kJ/mol para o
elétron do H e –5.250 kJ/mol para o elétron do He+.
1 2
2(1 ) = 2 s 2
É mais difícil remover o elétron do He+ porque este
2 2(22) = 8 s2p6
possui uma atração maior ao seu núcleo de dois pró-
tons. Em outras palavras, quanto maior a carga do nú-
3 2(32) = 18 s2p6d 10 cleo, maior a força de atração sobre o elétron e mais
4 2(42) = 32 s2p6d 10f 14 baixa a energia deste (sistema mais estável); este fe-
nômeno é denominado efeito da carga do núcleo.
5 2(52) = 50 s2p6d 10f 14... Agora, comparando o átomo de He e o íon He+,
6 2(62) = 72 s2p6... ambos possuem a mesma carga no núcleo, mas dife-
rem no número de elétrons. A energia orbital 1s do elé-
7 2(72) = 98 s2... tron de He é –2.372 kJ/mol, enquanto aquela do He+
Capítulo 2 Estrutura e Ligações Atômicas 31
é –5.250 kJ/mol. É bem mais fácil remover um dos dois elétrons do átomo de He do que remover o elétron
único do He+. Isso se dá principalmente porque os dois elétrons no átomo de He se repelem mutuamente,
o que se opõe à força de atração do núcleo. É quase como se os elétrons se protegessem um ao outro da
força total do núcleo; este fenômeno é denominado efeito de blindagem.
Em seguida, façamos uma comparação entre o átomo de Li (Z = 3) no seu estado fundamental e o primei-
ro estado excitado do íon Li2+. Deve-se observar que ambos têm uma carga no núcleo de +3; o Li tem dois
elétrons 1s e um elétron 2s, enquanto o Li2+ possui um elétron excitado para o seu nível 2s (primeiro estado
excitado). A energia orbital do elétron 2s do Li é –520 kJ/mol, enquanto aquela do Li2+ é –2.954 kJ/mol.
É mais fácil remover o elétron 2s, do átomo de Li porque o par de elétrons 1s na camada mais interna
protege o elétron 2s do núcleo (na maior parte do tempo). O elétron 2s do Li2+ não conta com a proteção
do par de elétrons 1s e é, portanto, mais fortemente atraído pelo núcleo. Vê-se, então, que os elétrons mais
internos protegem os elétrons mais externos e o fazem de maneira mais eficaz do que os elétrons no mes-
mo subnível (comparar os níveis de energia do orbital com aqueles no parágrafo precedente).
Finalmente, vamos analisar uma comparação entre o átomo de Li no seu estado fundamental e o átomo
de Li excitado até o seu primeiro nível. O átomo de Li no estado fundamental tem o seu elétron mais exter-
no no orbital 2s, enquanto o átomo excitado de Li tem o seu elétron mais externo no orbital 2p. A energia
orbital do elétron 2s é –520 kJ/mol, ao passo que aquela do elétron 2p é –341 kJ/mol.
Logo, o orbital 2p possui um estado mais elevado de energia do que o orbital 2s. Isso
ocorre porque o elétron 2s passa um tempo relativamente maior penetrando em direção ao 6d
5f
núcleo (muito mais do que o elétron 2p), sofrendo assim uma atração maior por ele, o que 7s
6p
o coloca em um estado de menos energia e mais estável. É possível generalizar ainda mais 5d
4f
se afirmando que para átomos multieletrônicos, em uma dada camada principal, n, quanto 6s
5p
mais baixo o valor de ,, mais baixa a energia da subcamada (isto é, s < p < d < f). 4d
5s
O raciocínio acima mostrou que, devido a vários efeitos eletrostáticos, os princi-
4p
pais níveis de energia, n, se subdividem em vários níveis de subenergia, ,, conforme 3d
apresentado na Figura 2.9. Essa figura mostra a ordem dos vários níveis principais e de 4s
subenergia existentes uns em relação aos outros. Por exemplo, os elétrons no interior da
subcamada 3p têm energia mais alta do que aqueles da subcamada 3s e, por outro lado, 3p
energia mais baixa do que aqueles na subcamada 3d. Observar nessa figura que a subca-
mada 4s possui energia mais alta do que a subcamada 3d.
3s