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Sliding beyond limits

manual
W-Slalom
Slalom em cadeira-de-rodas
2018

Boosting social inclusion of children with


motor disabilities through the practice of
Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

Índice

I Introdução ao slalom em cadeira-de-rodas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3


II Sessão de Formação de Treinadores de slalom em cadeira-de-rodas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1. Características dos Participantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2. Classificação Funcional Médica e Desportiva (Sumário). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3. Cadeira-de-rodas e Faixas de Imobilização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4. Regras para aplicação nas fases de iniciação ao slalom em CR como atividade física
que incrementa as competências motoras (Sumário das regras). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
5. Aquecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6. Condição física durante as provas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
7. Técnica e Táctica – Princípios Metodológicos e sua aplicação no desporto de
slalom em CR. Metodologia Geral de Treino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7.1 Metodologia Específica para reconhecimento do circuito e material de slalom
em CR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7.2 Metodologia de Competição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
7.3 Competências ao nível do Movimento para o slalom em CR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
7.4 Como mover a cadeira-de-rodas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
8. Warm down/alongamentos pós-treino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
9. Exemplo de uma sessão de treino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
III Materiais necessários para o slalom em CR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
IV O jogo como catalisador para atividades de aprendizagem e/ou treino. . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
V Melhoria da condição física geral através do desporto de slalom em CR . . . . . . . . . . . . . . . . 35
VI Benefícios na utilização da Cadeira-de-rodas através do slalom em CR e como os
transpor para a vida quotidiana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
VII Prática do slalom em CR como elemento básico para promover e facilitar a inclusão
social e educacional, no caso de atividades em idade escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
VIII Saúde e Segurança na atividade Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

2 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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I. Introdução
com as diferentes competências e aptidões do
ao slalom em slalom em CR, bem como apresentar as regras
cadeira-de-rodas básicas a serem utilizadas nas fases iniciais
da implementação do desporto. Em caso de
(slalom em CR) dúvida, devem prevalecer as regras oficiais da
CPISRA (federação internacional que tutela a
modalidade).
Slalom em CR, em si mesmo, é um desporto
relativamente recente, que foi desenvolvido Principais objetivos:
particularmente para pessoas com
deficiência motora, utilizadoras de cadeiras- • 
Promover competências motoras básicas
de-rodas. Existem várias categorias e níveis que permitam aos participantes realizar
de competição, dependendo do grau de diferentes circuitos com o menor nº
deficiência motora do(s) participante(s); assim, possível de erros.
é extremamente inclusivo. • 
Demonstrar diferentes técnicas aos
É amplamente reconhecido que o desporto participantes com que possam ultrapassar
pode ser uma ferramenta poderosa para cada um dos diferentes obstáculos com
transformar as atitudes comunitárias e que se depararão durante o circuito.
empoderar os indivíduos através da aquisição • 
Utilizar materiais adequados para
de novas competências físicas e sociais, desenvolver o slalom em CR e as suas
independentemente do estado físico ou competências básicas (voltas, acelerar, travar,
mental dos indivíduos. É igualmente importante etc.).
relembrar que as pessoas com deficiência não
constituem um grupo homogéneo e, como • 
Melhorar a capacidade e competências dos
tal, apresentam diferentes necessidades e participantes com as suas cadeiras-de-rodas
competências. Nesse aspeto, o slalom em CR e a gestão de cada um dos obstáculos dos
empodera as pessoas com deficiências motoras circuitos.
que, de outro modo, não poderiam praticar • 
Enfrentar cada obstáculo de forma correta
outro tipo de desportos. e o mais depressa possível, enquanto se
Baseia-se num circuito com diferentes tipos de mantém uma visão geral e um plano sobre
obstáculos, que os jogadores devem ultrapassar todo o circuito.
sem erros e realizando-o o mais depressa • Identificar a ordem associada às cores e ao
possível. tipo de obstáculo em todos os circuitos.
O principal propósito deste manual é fornecer • Familiarizar-se com as regras através da
um primeiro guia para começar a trabalhar prática desportiva.

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II. Sessão de
5. Aquecimento
Formação de
– Ativação da capacidade cardiovascular
Treinadores através de jogos
de slalom em Condição física durante as provas
6. 
cadeira-de- Técnica e Táctica – Princípios
7. 
rodas de slalom Metodológicos e sua aplicação no desporto
em cadeira-de- de slalom em CR (Metodologia geral de
Treino)
rodas
Treino do Circuito
8. 
– Praticar o circuito trabalhando sobretudo
a velocidade
Uma sessão de formação para treinadores de
slalom em CR deve incluir os seguintes tópicos: – Praticar o circuito trabalhando sobretudo
as penalizações
1. Características dos Participantes
Warm down/alongamentos pós-treino
9. 
Classificação Funcional Médica e
2. 
Desportiva (Sumário) 10. Exemplo de uma sessão de treino

Cadeira-de-rodas e faixas de imobilização


3.  11. Planear exemplos

Regras para aplicação nas fases de iniciação


4.  As seguintes ideias podem ser identificadas
ao slalom em CR como atividade física como os principais tópicos a serem
que incrementa as competências motoras apresentados e desenvolvidos em cada um
(Sumário das regras) destes domínios.

4 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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1 Características dos Participantes

Os atletas de slalom em CR devem ser cadeira-de-rodas manual.


utilizadores de careira-de-rodas; no entanto,
PATOLOGIAS: Paralisia cerebral infantil,
atletas com pernas severamente afetadas,
lesão cerebral, distrofia, lesão medular, doença
habitualmente utilizadores de muletas, também
degenerativa, espinha bífida, etc.
podem praticar slalom em CR com uma

2 Classificação Funcional Médica e Desportiva (Sumário)

Os grupos funcionais abaixo mencionados atletas apresenta dificuldade em mover


serão submetidos a classificação desportiva, rapidamente a cadeira-de-rodas. O seu
de acordo com o que está estabelecido nas corpo não consegue executar curvas. Os
regras de slalom em CR, onde se distinguem as seus movimentos são lentos e apresentam
seguintes classes (CPISRA, 2009): dificuldade em começar e parar rapidamente.
– W
 S Elétrica: Atletas que usam cadeira-de- – W
 S Manual B: Atletas que usam cadeira-
rodas elétrica. de-rodas manual.
ELEGIBILIDADE: Atletas que não  LEGIBILIDADE: Atletas que se
E
conseguem mover a sua cadeira-de-rodas conseguem mover rapidamente utilizando
com as mãos e pés. a sua cadeira-de-rodas. O seu corpo está
envolvido na execução de movimentos. São
– W
 S Manual A: Atletas que usam cadeira-
capazes de começar e parar rapidamente.
de-rodas manual.
Nos próximos capítulos, serão propostos

ELEGIBILIDADE: Atletas que podem
diferentes exercícios devidamente adaptados
mover a sua cadeira-de-rodas com as
para estes grupos funcionais específicos.
mãos ou com os pés. Este grupo de

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3 Cadeira-de-rodas e faixas de imobilização

Cadeira-de-rodas Faixas de imobilização


Para melhorar a execução no slalom em CR, É importante determinar que partes do corpo
é necessário fazer algumas adaptações e não estão envolvidas no movimento da cadeira-
modificações às cadeiras-de-rodas. de-rodas e fixá-las; um fisioterapeuta deve ser
consultado para garantir que tais adaptações
Estes são vários tipos de cadeiras-de-rodas
não magoam a criança.
elétricas. Na cadeira-de-rodas à esquerda, será
melhor mudar as rodas dianteiras. O segundo A utilização de luvas é recomendada para
tipo de cadeira-de-rodas apresenta vantagens garantir melhor aderência aos arcos das rodas.
adicionais porque pode rolar no mesmo eixo.

As rodas
dianteiras
devem ser o
mais pequenas
possível.

FIGURA 1. Ajustes às cadeiras-de-rodas para slalom em CR.

FIGURA 2. Luvas e fixação de movimentos.

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Regras para aplicação nas fases de iniciação ao slalom em CR como


4 atividade física que incrementa as competências motoras (Sumário
das regras)

A descrição seguinte reporta-se a regras – Rampa: A madeira é o material mais


básicas a serem utilizadas nas fases iniciais adequado para a rampa. A rampa abaixo
da implementação do desporto. Em caso de apresentada está dividida em 3 peças (fig. 3).
dúvida, devem prevalecer as regras oficiais da Para facilitar o seu transporte, pode ser
CPISRA (FEDPC, 2015 – CPISRA, 2009). montada em 6 partes e uma dobradiça
(fig. 4). Note-se que a rampa na figura está
configurada como um “L”, e as peças estão
Faixas etárias para a prática de slalom
dispostas em linha reta.
em CR:
É igualmente importante que tenha
Dos 6 aos 12 anos. Este grupo etário
– 
pegas que permitam mover a rampa mais
participa nos jogos.
facilmente (fig. 5). A rampa pode ser coberta
Dos 13 aos 18 anos. Este grupo etário
–  com borracha antiderrapante para evitar que
participa tanto nos jogos como nas as cadeiras-de-rodas escorreguem (fig. 6).
atividades iniciais progressivas.
Nos pontos em que a rampa assenta no
chão (no início e fila do obstáculo), devemos
Equipamento ter cuidado para garantir que a madeira
é tão lisa e alinhada com o chão quanto
– Cilindros: Vermelhos e brancos. Podem ser
possível. Não deve haver dificuldade para
feitos manualmente por carpinteiros, mas
as rodas da cadeira-de-rodas subirem ou
se tal não for uma opção pode começar-se
descerem da rampa.
por utilizar garrafas de água grandes cheias
de areia e pintadas de vermelho e branco. Após a montagem da rampa, deve garantir-
Os cilindros utilizados durante a competição se que todas as partes estão montadas
deverão ser de madeira, devidamente e fixadas de forma segura. Tal revela-se
pintados, com um diâmetro de 10 cm, e especialmente importante no que se reporta
pesar entre 1.500 e 2.000 gramas. às cadeiras-de-rodas elétricas, uma vez que
são pesadas e sobem a rampa com mais
– Fita: A fita deve ter 5 cm de largura.
velocidade.

FIGURA 4. Dobradiça.

FIGURA 6. Cobertura de
FIGURA 3. Rampa em 3 peças. FIGURA 5. Pega. borracha.

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Como marcar os obstáculos Tipo de Provas


Materiales: A Circuito Cronometrado
2 moldes de madeira de 75 x 75 cm e um
•  Trata-se de uma corrida de obstáculos em
molde de madeira de 10 x 10 cm (para o circuito, com mudanças de direção. São
zig-zag e para contornar o cilindro) marcadas penalizações pelos erros cometidos.
Fita métrica (5 m)
•  O circuito cronometrado é uma corrida
Fita
•  individual com 6 obstáculos, em sistema
de contra-relógio (figura em 8 ou zig-zag;
Onde começar a marcar o circuito: Quadrado de 180 º; Cilindro para contornar;
Utilizar a esquina da sala como referência e Porta de inversão; Rampa; Quadrado de 360 º).
medir 5m a partir de ambas as paredes. A
partir destes pontos, medir 5 m para o interior OBSTÁCULOS PARA O CIRCUITO
da sala. Começar por marcar o cilindro a CRONOMETRADO
contornar e prosseguir com a marcação do
resto do circuito. 1. Figura em 8 ou Zig-Zag
A fita métrica deve ser colocada no centro do  os 6 aos 12 anos. Os atletas fazem um
– D
obstáculo. zig-zag.
 os 13 aos 18 anos. Os atletas completam
– D
um zig-zag em frente, contornam, e
completam outro zig-zag na direção oposta
(uma figura de 8 completa).

2. Quadrado de 180 º
Os atletas devem entrar no quadrado por
entre os dois cilindros brancos. Se entrarem no
quadrado pela frente, devem sair pela parte de
trás. Inversamente, se entrarem no quadrado
pela parte de trás (típico nos atletas que se
movem com os pés), devem sair do quadrado
FIGURA 7. Marcação do primeiro obstáculo. pela frente.

3. Cilindro para contornar


Os atletas devem manobrar a cadeira-de-rodas
em torno do cilindro numa volta completa.

4. Porta de inversão
Os atletas aproximam-se do obstáculo e
entram entre os cilindros em posição inversa
ao sentido de deslocação inicial.

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5. Rampa B Circuito individual


 os 6 aos 12 anos. Os atletas não sobem a
– D A eliminatória individual consiste em
• 
rampa. Devem contornar a rampa, pelo lado dois competidores realizarem circuitos
que preferirem. equivalentes e paralelos, em simultâneo, na
tentativa de alcançar primeiro a linha de
 os 13 aos 18 anos. Os atletas utilizam
– D chegada.
a rampa, subindo por um lado e descendo
pelo outro. As penalizações podem ser atribuídas sob a
• 
forma a forma de somatórios ao tempo final
realizado.
6. Quadrado de 360 º
Vence o atleta cujo tempo final, incluindo os
• 
Os atletas entram de frente no quadrado, tempos de penalização, for mais reduzido
vindos da rampa, e movem-se dentro do
quadrado. Uma vez dentro dos seus limites,
devem completar uma volta completa dentro OBSTÁCULOS PARA O CIRCUITO
do quadrado (360 º), saindo na mesma direção INDIVIDUAL
por onde entraram.
1. Zig-zag
PENALIZAÇÕES PARA O CIRCUITO Os atletas apenas completam um zig-zag. Não
CRONOMETRADO completam uma figura de oito.
S erá adicionado 1 segundo ao tempo Importante: O resto dos obstáculos são
realizado, nas seguintes penalizações: idênticos aos do circuito cronometrado.
• T
 ocar ou pisar em qualquer cilindro ou
PENALIZAÇÕES PARA O CIRCUITO
linha com qualquer parte da cadeira-de-
INDIVIDUAL
rodas, exceto quando o atleta entra ou sai
do obstáculo. As penalizações são as mesmas às
• 
aplicadas no circuito cronometrado, com
Importante: Atletas da classe WS Manual
uma excepção: se os atletas se enganarem
A podem tocar as linhas e os cilindros
na sequência, os juízes não os deterão
com os pés sem incorrerem em nenhuma
e será aplicada uma penalização de 20
penalização.
segundos.
Serão adicionados 2 segundos ao tempo
• 
realizado, cada vez que o(a) atleta derruba
um cilindro.
Serão adicionados 5 segundos ao tempo
• 
realizado, por cada obstáculo realizado
incorretamente.
Serão adicionados 10 segundos ao tempo,
• 
cada vez que o(a) atleta muda a sequência
do percurso.
Se o atleta falha um obstáculo na
• 
sequência, o juiz conduzirá o atleta ao
ponto em que cometeu o erro para
completar a sequência a partir desse
ponto.

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Os atletas 1 e 3 iniciam o percurso no


• 
C Estafetas
obstáculo 1;
Segue um esquema idêntico ao da eliminação
Os atletas 2 e 4 iniciam o percurso no
• 
individual, embora seja realizado por meio de
obstáculo 6.;
um sistema de corrida de estafetas, onde 4
atletas por equipa realizam o mesmo circuito Os atletas que esperam para tomar o lugar
• 
em simultâneo. dos companheiros de equipa só podem
começar o percurso depois do atleta que
Opcionalmente, e se as dimensões do espaço
vão render entrar na zona de tranferência.
o permitirem, podem ser dispostos mais de
dois circuitos em paralelo para que mais
participantes compitam ao mesmo tempo. Composição da Equipa
Neste circuito, há uma área de As equipas serão compostas por um
• 
transferência que define o local em máximo de 6 e um mínimo de 4 elementos,
que os atletas trocam de lugar com o sendo dois deles suplentes;
próximo colega de equipa a competir.
Apenas um atleta da categoria WS Manual B
• 
Nas estafetas devem ser considerados os pode fazer parte da equipa;
seguintes pontos:
Cada equipa pode ter o máximo de dois
• 
Participam quatro atletas por equipa,
•  atletas da categoria WS elétrica;
numerados de 1 a 4.
É obrigatório cada equipa ter uma atleta
• 
As linhas de partida e de chegada serão
•  feminina.;
as mesmas; quando um atleta conclui o
percurso, o próximo atleta está nesse ponto,
pronto para começar a competir;

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5 Aquecimento

Primeiramente, antes de iniciar a prática de


atividade física, os atletas devem fazer alguns
exercícios de modo a prepararem o corpo e
evitarem potenciais lesões.

Exercício de Flexibilidade

Figura 8. Exercício n.º 1


Sentado com as costas direitas, mover a cabeça
para um lado, virar a cara para a frente, e virar
a cabeça para o outro lado.los lados, al frente y
atrás (fig. 8).

Figura 9. Exercício n.º 2


Sentado com as costas direitas, com os pulsos
paralelos aos braços da cadeira, alternando
entre movimentar os pulsos num sentido
ascendente e descendente (fig. 9).

Figura 10. Exercício n.º 3


Sentado com as costas direitas, com o pescoço
alinhado, alternar entre inclinar o pescoço para
a frente e para trás (fig. 10).

Figura 11. Exercício n.º 4


Sentado com as costas direitas, com os ombros
relaxados, alternar entre empurrar os ombros
para cima e para baixo (fig. 11).

11 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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Exercício de Flexibilidade
Figura 12. Exercício n.º 5
Sentado com as costas direitas, com os braços
estendidos e as mãos sobrepostas, alternar
entre relaxar os pulsos e movê-los na direção
do corpo (fig. 12).

Figura 13. Exercício n.º 6


Para atletas que usam os pés: Sentados com as
costas direitas, com os joelhos fletidos, alternar
entre a extensão da perna esquerda e da perna
direita (fig. 13).

Figura 14. Exercício n.º 7


Começando sentado de costas direitas, dobrar
o tronco para tocar nos dedos dos pés e voltar
à posição inicial para descansar (fig. 14).

Figura 15. Exercício n.º 8


Sentado com as costas direitas, começar uma
série de alongamentos ao agarrar o assento da
cadeira e mover a cabeça de um lado para o
outro. Levantar os braços de forma a que cada
mão agarre o antebraço do braço oposto e
rodar o tronco para um lado e para o outro.
Voltar a colocar as mãos no assento da cadeira,
e alternar entre estender o braço esquerdo e o
braço direito até ao chão (fig. 15).

Figura 16. Exercício n.º 9


Sentado com as costas direitas, com os braços
esticados acima da cabeça segurando uma
banda elástica, alternar entre puxar para
esticar a banda e regressar a uma posição de
relaxamento (fig. 16).

12 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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Aquecimento através de Corridas: Aquecimento através de Jogos:


• “Macaquinho do Chinês”: un jugador se • Jogo das Cores: Os jogadores estão num
coloca frente a la pared, el restum jogador círculo com os olhos fechados. O treinador
posiciona-se virado para a parede, com dispõe vários cones de cores diferentes.
os outros jogadores atrás dele. O jogador Quando o treinador grita o nome de uma
vira-se três vezes para a parede e depois das cores, todos os jogadores localizam um
vira-se para os jogadores. Enquanto o cone dessa cor, contornam-no e regressam à
primeiro jogador está virado para a parede, posição inicial tão depressa quanto possível.
os restantes jogadores atrás de si podem
• Grupos: Os jogadores movem-se
apressar-se para o alcançar.
aleatoriamente pelo campo. Quando o
Quando o primeiro jogador se vira, todos treinador diz um número, os jogadores
devem parar rapidamente. Tal continua até formam grupos desse número o mais
alguém alcançar o jogador encostado à depressa possível (Rios Hernández & Blanco
parede; Rodríguez, 2006)
• Estafetas; • Jogo do Stop: Essencialmente, um jogo de
apanhada. Um jogador designado deve tentar
Fazer uma corrida em que o treinador grita
• 
apanhar um dos outros em campo. Quando
“Stop!” periodicamente, dando sinal para
um jogador é apanhado, tem de parar. Os
que os jogadores parem rapidamente onde
outros jogadores podem tentar tocar neste
estiverem;
jogador, permitindo-lhe mover-se novamente,
Marcar uma linha no chão; à medida que os
•  mas se falharem, também eles podem ser
jogadores avançam na corrida, devem parar apanhados.
cuidadosamente antes da linha para praticar
• Jogos com música: O treinador coloca
evitar as várias linhas de obstáculos;
música, e quando a música para, os jogadores
• Fazer uma corrida com a linha de partida em devem parar as suas cadeiras-de-rodas, ou
 várias posições ao longo da sequência. completar um círculo e parar (ficando ao
critério do treinador).
 orrida Progressiva: começar a corrida
• C
lentamente e completar cada obstáculo
subsequente a uma velocidade ascendente.

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• Cortar a fita: Todos os jogadores são


distribuídos pelo campo. Há um jogador que
tem de apanhar o resto dos jogadores. O
jogo começa quando o jogador que tem de
apanhar os restantes escolhe outro jogador,
gritando o seu nome, e tenta apanhá-lo.
O objetivo é apanhar apenas este jogador,
imaginando que existe uma fita entre o
objetivo e quem está a apanhar. Se outro
jogador se meter entre estes dois, tocando
na fita que os une, torna-se automaticamente
o alvo a ser perseguido e o jogador que está
a apanhar tem de o perseguir a ele.
• Bola Maluca: O jogo começa com uma
bola pendurada no meio de um círculo de
jogadores dispostos à volta dela. O jogo tem
início quando o treinador balançar a bola.
Depois, todos os jogadores têm de lançar a
bola para outro companheiro para acrescer
as penalizações dos restantes jogadores. Os
jogadores recebem penalizações se a bola
lhes tocar no corpo. Os jogadores apenas
podem tocar na bola e bater-lhe com as
mãos; podem mover-se para a trás, para a
frente, para a esquerda ou para a direita de
modo a desviarem-se da bola. No final do
tempo, ganham os jogadores com menor
número de penalizações.
 arra do Lenço: Duas equipas em lados
• B
opostos do campo competirão para trazer o
lenço para a zona do campo da sua equipa.
Quando um dos jogadores apanha o lenço,
pode ser apanhado por outro jogador; isto
continua até que o último jogador chegue
à zona de segurança. Serão atribuídos
pontos sempre que uma equipa consiga
levar o lenço até à sua zona ou quando uma
equipa apanhar um dos jogadores da equipa
adversária antes dele chegar à zona da sua
equipa (Rios Hernández & Blanco Rodríguez,
2006).
• Reconhecimento do Circuito: Marcar
o circuito completo com fita e manter os
cilindros numa caixa. Os atletas devem levar
os cilindros e colocá-los na posição certa no
circuito.

14 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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6 Condição física durante as provas

Força
Os exercícios sugeridos de seguida permitirão
aos atletas melhorar a força.
Até aos 12 anos
Rampas
• 
Figura 17. Exercício de Força.
Propulsões: Trabalhar com o peso do corpo
• 
(fig. 17).
A partir dos 12 anos:
Trabalhar com uma bola medicinal – 1 kg
• 
Lançamento frontal (fig. 19).
• 

Figura 18. Exercícios com uma bola medicinal.


Posicionar dois atletas um em frente do
• 
outro. Ambos devem estar virados para
a mesma direção. O atleta de trás deve
empurrar a cadeira do outro. Alternam
posições.
Trabalhar com elásticos de borracha: tanto
• 
os braços como as pernas (fig. 20).
Rampas
• 
Figura 19. Lançamento frontal.
Propulsões (levantar o tronco para fora da
• 
cadeira com os braços)
Correr com resistência atrás; correr com
• 
resistência à frente.
Exercícios com halteres (fig. 21).
• 

Figura 20. Exercícios com elásticos de borracha. Figura 21. Halteres.

15 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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Técnica e Táctica – Princípios Metodológicos e sua aplicação no


7 desporto de slalom em CR. Metodologia geral de Treino

Estes são os principais passos a tomar em


Metodologia Específica para
consideração no que se refere à metodologia
7.1 reconhecimento do circuito e
geral de treino:
material de slalom em CR
a. Trabalhar a tomada de decisão: Gerar
Estes podem ser identificados como
situações de treino onde tenha de decidir
os principais passos numa metodologia
sobre uma situação específica, por exemplo:
específica desenvolvida em como trabalhar o
posição na linha de partida.
reconhecimento do circuito de slalom em CR e
b. Regulação da intensidade da performance o material necessário, nomeadamente:
desportiva durante a competição.
a. Representação gráfica/modelo;
c. Autonomia Emocional: Desenvolver
b. Completar o Circuito;
estratégias para aumentar e promover
segurança, autoestima, motivação. c. Sequência do circuito:
d. Gravar e visualizar os circuitos feitos • 1ª Fase: Primeiro obstáculo
como recursos para a análise, reflexão e
 ª Fase: Obstáculo 1 + zona entre
• 2
aperfeiçoamento da concretização dos
obstáculos e 2º obstáculo
obstáculos e/ou do circuito.
• 3ª Fase: Acrescentar o 3º obstáculo
e. Registar o tempo oficial: Seguir a evolução
e deteção dos pontos fortes e fracos na
distribuição de intensidade. 7.2 Metodologia de Competição
Os seguintes passos podem ser considerados
como etapas fundamentais para completar o
circuito de forma adequada:
a. Visualizar o circuito;
b. Regulação emocional: serenidade, gestão dos
nervos, ajuste de expectativas;
c. Capacidade de detetar e resolver o erro
(detetar e retificar).
d. Filmar o circuito por forma a analisar erros.

16 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

CIRCUITO CRONOMETRADO: 4 metros entre obstáculos

17 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

CIRCUITO INDIVIDUAL: 4 metros entre obstáculos

18 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

CIRCUITO DE ESTAFETAS:

19 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

Competências ao nível do
7.3 Movimento para o slalom em Partida
CR
1. Velocidade de Reação;
No slalom em CR, os movimentos e voltas
2. Posição inicial.
são básicos. Assim, completar corretamente o
circuito e os seus obstáculos implicará encarar
como essenciais algumas competências ao nível C. Como marcar os obstáculos
do movimento.
Zig-zag
A. Deslocações e Voltas
Diferentes tópicos/sugestões que podem ajudar
Primeiramente, é importante procurar a melhorar a execução do zig-zag:
desenvolver capacidades de fazer mudanças
de direção e velocidade e de parar a cadeira 1. Conhecimento e identificação de
quando se aproxima de um obstáculo. As penalizações.
competências podem ser promovidas com os 2. Requisitos para ultrapassar cada obstáculo:
seguintes exercícios:
Lateralidade: Entrada no obstáculo por
• 
• Fazer uma corrida e assinalar que tem de relação com o lado motor predominante.
parar subitamente;
Amplitude de voltas entre pinos e
• 
• Fazer uma corrida, fazer sinal de inversão e conclusão (considerar a linha imaginária
terminar a corrida em sentido inverso; que delimita o começo e o final de cada
• Agrupar em pares, trios, grupos de pessoas obstáculo).
de acordo com as indicações do treinador; O cilindro como referência.
• 
• Estafetas. Organização espacial.
• 
Coordinación.
• 
B. Entre obstáculos
Controlo da velocidade de execução no
• 
Em segundo lugar, é vital assegurar o controlo
obstáculo.
da velocidade entre obstáculos, bem como
o controlo na entrada e saída de cada
obstáculo. Para o garantir, devem tomar-se em
consideração as seguintes sugestões:
1. Regulação da intensidade do esforço em
diferentes secções, mantendo em mente
tanto o obstáculo seguinte como a execução
completa do circuito;
2. Lateralidade;
3. Coordenação.

20 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

Como?
• Representação gráfica. Desenhar no chão a configuração correta.
• Repetições e diversidade na prática. Diferentes medidas e número de
cilindros.
• Jogos com mudanças de direção, velocidade e execução de
movimentos.

Exemplo:
Para preparar o obstáculo zig-zag, utilizar 3 cones, colocando o cone do
meio a distância significativa dos outros. Esta distância será encurtada
para a distância real exigida à medida do aperfeiçoamento gradual do
atleta até ao momento em que se atinja a distância oficial. (fig. 22).

Figura 22. Zig-zag

Variação:
Começar com cones com uma base mais larga, e, nos exercícios
seguintes, a base dos cones pode ser reduzida. No final, o atleta estará
pronto para trabalhar com os cilindros.
Nas fases iniciais de treino, a distância entre cones e cilindros pode ser
maior do que a medida oficial, e, progressivamente, a distância pode ser
ajustada de forma a que, mais para diante, o atleta possa trabalhar com
as medidas oficiais.

21 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

Quadrados cadeira-de-rodas poder estar:

Diferentes tópicos/sugestões que podem ajudar – No centro do quadrado;


a melhorar a execução dos quadrados:
– Num lado.
• Execução: posição inicial, referências
(cilindros/linhas), lateralidade e
coordenação.
• Saída: entre cilindros e na direção correta.
– Sem tocar ou provocar a queda de
qualquer cilindro;
– Assegurando-se que as rodas da frente
da cadeira-de-rodas saem primeiro no
Figura 23. Quadrados quadrado de 360 º, e as rodas traseiras no
quadrado de 180 º.

1. Conhecimento e identificação de 4. Requisitos para ultrapassar cada obstáculo:


penalizações. Lateralidade: Entrada no obstáculo por
• 
2. Conhecimento e posicionamento dentro do relação com o lado predominante mente
obstáculo baseado no eixo de rotação do motor.
próprio atleta. O cilindro como referência.
• 
3. Exercícios para a execução correta do Organização espacial.
• 
obstáculo:
Coordenação.
• 
• Entrada: entre cilindros, posição dentro
do obstáculo. Esta posição depende da Controlo da velocidade de execução no
• 
obstáculo.

Como?
VOLTA DE 180º • Representação gráfica. Desenhar no chão a
configuração correta.
• Repetições e diversidade na prática.
Diferentes medidas e número de cilindros.
• Jogos com mudanças de direção, velocidade e
execução de movimentos.
VOLTA DE 360º
Examplo:
Trabalhar com círculos, para treinar as voltas.
Marcar um círculo de 1, 50 m de diâmetro no
chão e fazer a volta sem tocar na linha.
Variação:
Figura 24. Exercícios práticos das voltas. Diferentes medidas dos círculos.

22 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

Contornar o cilindro obstáculo, tal como descrito no exemplo


seguinte:
Diferentes tópicos/sugestões que podem ajudar
a melhorar a execução do contorno do cilindro.
CIRCUITO CRONOMETRADO

Figura 25. Contornar o cilindro.

1. Conhecimento e identificação de A amplitude da volta deve ser tomada


b. 
penalizações. em consideração tomando o cilindro
2. Forma correta de executar o obstáculo: como referência, e atendendo a que
o atleta tem de executar a conclusão
 a. O obstáculo seguinte deve ser utilizado perfeita do movimento (considerar a linha
como referência para começar o com imaginária que delimita o início e final da
o obstáculo atual. O atleta terá de figura). O movimento deve começar e
encarar o cilindro do mesmo lado em ser concluído no mesmo ponto.
que, a seguir, prosseguirá para o próximo
3. Requisitos para ultrapassar cada obstáculo:
a. Organização especial;
b. Coordenação;
Controlo da velocidade de execução no
c. 
obstáculo.

Como?
A cadeira-de-rodas • Representação gráfica. Desenhar no chão a
deve fazer as voltas o
mais perto possível do configuração correta.
cilindro sem lhe tocar.
• Repetições e diversidade na prática.
Diferentes medidas e número de cilindros.
• Jogos com mudanças de direção, velocidade e
execução de movimentos.

A execução
adequada requer
concretizar um círculo
fechado em torno do
cilindro.

23 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

Porta de inversão Como?


Diferentes tópicos/sugestões a serem • Representação gráfica. Desenhar no chão a
considerados para melhorar a técnica e o configuração correta.
tempo de execução da porta de inversão.
• Repetições e diversidade na prática.
Diferentes medidas e número de cilindros.
• Jogos com mudanças de direção, velocidade e
tempo de execução.

Figura 26. Porta de Inversão • Trabalhar na abordagem ao obstáculo,


tentando fazer a volta sem parar de todo.

1. Conhecimento e identificação de • Jogos para trabalhar as voltas e o regressar


penalizações. com a cadeira-de-rodas.

2. Conhecimento e posicionamento dentro do


obstáculo baseado no eixo de rotação do
próprio atleta.
3. Exercícios para a execução correta do
obstáculo:
• Entrada: entre cilindros, posição lateral.
• Execução: posição inicial, referências
(cilindros/linhas), lateralidade e
coordenação.
• Saída: entre cilindros e na direção correta.
4. Requisitos para ultrapassar cada obstáculo:
As 3 fases devem ser contínuas: entrada,
• 
execução e saída.
Abordagem ao obstáculo.
• 
Lateralidade: Entrada no obstáculo por
• 
relação com o lado motor predominante.
Apenas um cilindro, para ter uma
• 
referência.
Organização espacial.
• 
Coordenação
• 
• Controlo da velocidade de execução no
obstáculo.

24 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

Rampa roda, e empurrando para a frente até o braço


ficar alinhado com as coxas. A vantagem deste
movimento é a flexão dos músculos no braço,
o que permite a aplicação de força significativa.
Idealmente, o utilizador fará girar as rodas
de forma alternada; enquanto um braço
está alinhado com as coxas numa roda,
completando uma rotação, o outro braço deve
ser estendido atrás do tronco, alcançando a
roda oposta. O movimento dos braços deve
ser acompanhado pela respetiva adução e
abdução dos ombros e rotação do tronco.
Ao girar a roda propriamente dita, o utilizador
deve inclinar o tronco; isto imprimirá mais força
ao movimento. Para completar a rotação, o
Figura 27. Rampa.
utilizador deve agarrar a roda no seu ponto
Como? mais alto e empurrá-la para baixo com a maior
rapidez e força possíveis.
• Trabalhar o impulso para subir a rampa, sem
travar. No que se refere à posição do corpo na
cadeira, os utilizadores devem ter o máximo de
• Controlo da velocidade no momento de pontos de suporte para estabilizar a postura e
descer a rampa. melhorar o controlo de movimentos.
• Trabalho de confiança e segurança. É importante que a pélvis esteja numa posição
• Condição física: força. neutra, sem inclinação nem anterior nem
posterior, por forma a otimizar um movimento
desobstruído das ancas e tronco.
7.4 Como mover a cadeira-de- O utilizador também deve ter uma base estável
rodas ao nível dos pés. Os descansos dos braços
devem ser retirados, se possível, para assegurar
O movimento ótimo da cadeira-de-rodas é
máxima mobilidade dos membros superiores.
alcançado mais facilmente quando o utilizador
possui uma vasta amplitude de movimento Note-se que a posição das ancas do utilizador
no tronco, ombros, pulsos, cotovelos e dedos. na cadeira, especificamente o ângulo em que
Em face disto, o utilizador deve começar por abrem, dependerá das características funcionais
estender o braço atrás do tronco, agarrando a de cada atleta.

25 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

8 Warm down/alongamentos pós-treino

• Alongamento
• Respirações
• Movimentos Suaves

9 Exemplo de uma Sessão de Treino

• Flexibilidade – Com elásticos de borracha


• Aquecimento através de corridas: – Halteres
– Diferentes tipos de corridas • Técnica e tática dos diferentes obstáculos
– Jogos • Warm down
• Exercícios de Força Física:
– Com o corpo

26 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

qualquer atividade:
III. Materiais
necessários para 1. Saúde
o slalom em CR Assegurar-se de que os atletas estão em
condições de saúde adequadas para a prática
desportiva. Idealmente, os atletas devem fazer
check-ups médicos regulares e apresentar um
Este capítulo é dedicado ao equipamento atestado médico.
essencial necessário para praticar slalom em
cadeira-de-rodas e para desenvolver uma 2. Capacete
competição da modalidade.
À semelhança de qualquer outro desporto,
por vezes perde-se a noção de velocidade e
Para Atletas (incluindo regulamentação podem acontecer acidentes. Por esse motivo,
das cadeiras-de-rodas) é obrigatória a utilização de capacetes pelos
atletas.
SEGURANÇA EM PRIMEIRO LUGAR!
Pode utilizar-se qualquer capacete de bicicleta.
Devemos ter em conta que é expectável É necessário assegurar-se que o capacete tem
criar um ambiente seguro para que o tamanho adequado para o atleta e que está
as crianças desenvolvam atividades corretamente ajustado e apertado.
desportivas.
3. Outros dispositivos de proteção
É igualmente recomendada a utilização de luvas
para proteger os dedos e as mãos dos atletas
de lesões.

Aqui está uma lista de medidas de segurança Cotoveleiras e joelheiras também se têm
que devem ser tomadas antes de dar início a revelado úteis

Figura 28. Capacetes.

Figura 29. Luvas, e proteções de joelhos e cotovelos

27 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

4. Objetos não permitidos na Os atletas devem ser adequadamente sentados


prática de slalom em CR e fixados à sua cadeira-de-rodas. Cintos e faixas
de imobilização serão o suficiente! (fig. 31).
As joias podem embelezar, mas no desporto
podem revelar-se perigosas se ficarem presas 6. Equipamento Médico
no sítio errado.
Equipamentos médicos, tais como botijas
Os atletas devem remover ou tapar todo o de oxigénio, são permitidos, mas devem ser
tipo de joias, tais como relógios, pulseiras e fixados adequadamente às cadeiras-de-rodas
braceletes, colares, etc. (fig. 30). dos participantes.

5. Fixação Deve ter-se sempre em mente a necessidade


de garantir a segurança dos atletas.
É muito importante que os atletas estejam
corretamente sentados nas suas cadeiras-de-
rodas de competição. É igualmente importante
evitar que se desloquem na cadeira e, pior
ainda, que venham a cair da cadeira-de-rodas.

Figura 30. Deve evitar-se o uso de joias ou estas serem cobertas para prevenir lesões.

Figura 31. Os atletas devem ser fixados à cadeira-de-rodas.

28 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

7. Cadeiras-de-rodas Segurança na utilização da cadeira-de-


rodas
São permitidas cadeiras-de-rodas manuais
e elétricas tanto com motores nas rodas Não existe um limite de velocidade e é
dianteiras como nas traseiras (fig. 32). obrigatória a existência de um dispositivo anti-
queda. Os treinadores são responsáveis por
garantir que os atletas têm as suas cadeiras-de-
rodas devidamente programadas.
Deve verificar-se se os pneus deixam marcas
no piso e assegurar-se de que a cadeira-de-
rodas não possui elementos afiados (fig. 33).

Figura 32. Cadeiras-de-rodas.

Figura 33. Recomendações de segurança para cadeiras-de-rodas.

29 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

Para Árbitros e Juízes Equipamento de Competição


Árbitros e juízes representam a organização Serão necessários materiais adicionais para
e garantem o funcionamento harmonioso dinamizar uma competição de slalom em CR,
da competição. São essenciais em todas as nomeadamente:
modalidades desportivas.
• Fita para marcar os obstáculos do circuito;
Para o slalom em cadeira-de-rodas, o kit básico
22 conjuntos de 12 cones de cores
• 
de um árbitro deve conter:
diferentes;
• 2 bandeiras: uma vermelha e uma branca
Rampas de madeira (140 cm x 200 cm) e
• 
• 1 apito uma plataforma (140 cm x 140 cm x 20 cm).
• 1 relógio para registo manual do tempo
• Uniformes

Figura 34. Kit básico de Árbitro. Figura 35. Cones e Fita

30 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

IV. O jogo como


é necessária para o desenvolvimento e
catalisador para manutenção de forma muscular normal,
atividades de flexibilidade, controlo postural e outras
competências motoras que podem retardar a
aprendizagem deterioração da funcionalidade de movimentos
e/ou treino nessa população e potenciar a sua autonomia
(Durstine et al., 2000).
Os benefícios para a saúde do exercício físico
A atividade física regular, assente na cinesiologia dependem do tipo, intensidade e volume da
(estudo do movimento do corpo humano), atividade física selecionada. A investigação
contribui indubitavelmente para um nível de longitudinal sobre o impacto do exercício
saúde mais elevado de pessoas de diferentes físico na saúde global de pessoas de diferentes
idades. A atividade física adequada de crianças idades conduziu ao conhecimento do efeito
e jovens traz benefícios a curto e longo prazo. específico de várias atividades físicas nas
A atividade física regular fornece a base para componentes básicas da saúde física. Atividade
um crescimento e desenvolvimento adequados física adequada pode afetar beneficamente
(Ciliga et al., 2014). as componentes morfológicas, musculares,
motoras, cardiovasculares e metabólicas da
No entanto, crianças e jovens com saúde física de um indivíduo, o que, sem dúvida,
perturbações desenvolvimentais ou de se refletirá no seu estado geral de saúde
comportamento apresentam uma menor (Heimer e Mišigoj-Duraković, 1999).
probabilidade de decidir sobre as suas
atividades físicas do que os seus pares. À A atividade básica de cada criança é o
medida que crescem, a tendência mantém- jogo: este permite à criança uma melhor
se, e o número de adultos com deficiências compreensão e integração no mundo, o que
envolvidos em atividades físicas diminui. lhe confere a possibilidade de experimentar
Peritos de várias áreas, médicos, cinesiologistas, alegria, enriquecendo o seu conhecimento
pedagogos sociais, terapeutas, psicólogos, sobre si própria e sobre o que a rodeia. O jogo
e outros que trabalham quotidianamente é a atividade que melhora a função motora
com crianças e jovens com perturbação e intelectual de cada criança e estabelece
desenvolvimental ou comportamental, bem o comportamento social, ou seja, forma a
como pessoas com deficiência, ou que estão personalidade (Aranitović, 2014).
em contacto com os seus familiares próximos Cada criança tem uma vida distinta, mas
deverão promover a importância da prática de as necessidades das crianças são muito
atividade física em tais populações (Durstine et semelhantes e os seus direitos fundamentais
al., 2000). são os mesmos. Cada criança tem o direito à
O principal objetivo de aumentar o nível sua especificidade e diversidade, a uma vida
de atividade física de crianças e jovens preenchida que a faça feliz, a jogos e a socializar
com perturbações desenvolvimentais e com os seus pares, pelo que limitações mentais
comportamentais é travar o decréscimo e físicas não devem condicionar a criança de
das suas capacidades aeróbicas devido à participar plenamente na vida.
imobilização, contribuindo para a otimização Uma criança com deficiência tem menos
das suas competências físicas, e melhoria do oportunidades e maior necessidade do jogo.
bem-estar geral. A atividade física regular Crianças e jovens com deficiências ao nível

31 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

do desenvolvimento e comportamento maior dependência dos outros na vida


apresentam maiores limitações nas suas quotidiana (Murphy e Carbone, 2008).
atividades físicas e uma saúde mais debilitada
Acima de tudo, um envolvimento regular de
(dificuldades não associadas diretamente à
crianças e jovens com deficiência em atividade
sua deficiência) (Murphy e Carbone, 2008).
física pode reduzir ou retardar a emergência
Eles travam conhecimento com o mundo que
de complicações de saúde adicionais. A
as rodeia através de escassas experiências.
participação em atividades físicas melhora
Numerosos estudos clínicos e epidemiológicos
o bem-estar psicológico das crianças com
suportam a importância da prática regular
deficiência, fornecendo-lhes oportunidades para
de exercício físico na prevenção de doenças
criar novas amizades, expressar criatividade,
crónicas e na melhoria do estado geral de
desenvolver a sua própria identidade, e
saúde de crianças e adultos (Beets et al.,
encontrar significado adicional na vida (Dykens
2009). Em crianças com paralisia cerebral,
et al., 1998).
o jogo deve estar em harmonia com as
competências mentais e motoras da criança e Daí ser importante, desde uma fase precoce,
ser seguro, interessante, útil e estimulante. O encorajar o desenvolvimento das crianças com
seu desenvolvimento motor carateriza-se por paralisia cerebral através de várias atividades e
um desfasamento, dado que o desenvolvimento jogos que sejam interessantes e estimulantes
não flui de forma equilibrada e harmoniosa em para elas. Esforços internacionais mais sérios
todas as áreas de desenvolvimento. Na idade têm sido promovidos para desenvolver o
pré-escolar, a vida das crianças com paralisia bem-estar social e emocional das crianças com
cerebral tem frequentemente lugar fora do deficiência através da participação em diversas
contexto familiar – em terapias, reabilitação e atividades físicas, desde exercícios reabilitativos
tratamento –, constituindo-se grupos de pares a recreação desportiva até à competição
que se desenvolvem sobretudo entre crianças desportiva, iniciada mais recentemente (Ciliga
com especificidades semelhantes. et al., 2014).
Em face da especificidade do percurso de O slalom em cadeira-de-rodas é um
desenvolvimento, as oportunidades de que dos desportos que pode ajudar ao
beneficiam as crianças com paralisia cerebral desenvolvimento físico e mental de crianças
são limitadas, sendo difícil um desenvolvimento com deficiência.
saudável de autoconsciência e a qualidade
Sabemos que uma criança se familiariza
de vida é afetada (Kraguljac et al., 2018).
com o seu corpo através do movimento.
Crianças com paralisia cerebral apresentam
Para uma criança com paralisia cerebral, tal
níveis de força significativamente inferiores
experiência mediante o jogo desempenha
por comparação com os seus pares saudáveis,
sendo necessário realizar com elas exercícios
para o desenvolvimento da força muscular
(Rimmer, 2001). Adicionalmente, raparigas
com paralisia cerebral apresentam um nível
inferior de autoestima durante a adolescência
em relação aos seus pares sem deficiência
nos domínios da aparência física, aceitação
social, competências desportivas e sucesso
escolar (Shields et al., 2006). Além disso, as
consequências psicossociais da inatividade
incluem um nível mais baixo de autoestima,
reduzida aceitação social, e, em última análise,

32 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

um papel ainda mais importante no Muitas crianças com deficiências motoras


desenvolvimento psicofísico. O slalom em têm experiências de movimento limitadas. É
CR desafia as competências motoras e o importante encorajá-las a explorar o mundo à
sentido de integração da criança. Provoca um sua volta de forma a que não fiquem privadas
sentimento de satisfação e torna mais fácil a de novas experiências que afetem o seu
crianças e jovens estabelecerem ligações, se desenvolvimento global: desenvolver confiança
descentrarem de si mesmas, e mudar situações nas suas próprias oportunidades, ganhar
de acordo com os seus próprios sentimentos confiança no contexto físico e social, ganhar
e necessidades, estimulando impulsos noção e experiência do seu próprio impacto
momentâneos. no contexto, adquirir independência na ação e
construir a sua própria identidade (Horvat et
Uma criança ao interagir com o seu contexto
al., 2012).
físico e social pode reconhecer as suas
capacidades e limitações, construir as bases Os jogos que podem ajudar a desenvolver as
para a sua independência ou abstinência, competências necessárias para praticar slalom
observar os seus limites, ganhar experiência em CR são simples, divertidos e aplicáveis
quanto à sua própria influência sobre em todas as condições, como vimos. Um dos
o contexto e os acontecimentos que o jogos que pode ser implementado reporta-
compõem, construir a sua própria identidade, se à observação de cores: o jogo é muito
desenvolver autoconsciência e autoconfiança simples e apenas requer a utilização de cones
(Horvat et al., 2012). coloridos. O jogo é disputado de tal forma que
as crianças em cadeira-de-rodas se desloquem
Conhecendo as suas características individuais,
livremente pelo campo onde estão distribuídos
tais como a possibilidade de movimento, o grau
cones das diferentes cores. Quando o treinador
de desenvolvimento e outras competências
nomeia uma cor, as crianças devem distinguir o
motoras (coordenação corporal, velocidade de
mais depressa possível qual o cone dessa cor
desempenho de tarefas motoras, precisão do
e deslocarem-se rapidamente para junto dele.
movimento, resistência da performance), abre-se
Este jogo reforça a perceção visual das crianças
a possibilidade da prática do slalom em CR. Esta
e a velocidade de reação à tarefa proposta.
modalidade apresenta numerosos benefícios
Desta forma, as crianças aprendem a diferenciar
para a saúde mental. O movimento estimula
as cores importantes para o slalom em CR em
o desenvolvimento cognitivo, as experiências
que prevalecem duas cores, cada uma das quais
sensoriais relaxam, e a experiência de jogar
com o seu próprio significado.
com outras crianças estimula o sentido de
pertença social. Outro jogo que pode ser implementado é o
jogo da reação rápida: o treinador coloca-se
O melhor atributo do jogo no desenvolvimento
de frente para a parede e as crianças estão
da criança com deficiência motora é visível na
dispostas alinhadas atrás dele a uma distância
interação com outras crianças, neste caso da
mínima de 20 metros. O treinador conta até
prática de slalom em CR. O envolvimento de
três e vira-se. Durante o período de tempo
uma criança com dificuldades desenvolvimentais
em que o treinador está virado para a parede,
pode complementar a socialização familiar e
as crianças têm de se mover na sua direção,
fornecer à criança conteúdos de socialização,
parando e ficando imóveis assim que ele se vira.
encorajando-a a iniciar interações com
As crianças que ele vir a mexer voltam ao início.
adultos e pares que possam ser estimulantes e
Ganha aquele que primeiro conseguir tocar no
representem uma experiência desenvolvimental
treinador. Este jogo promove a resposta rápida
positiva. Adicionalmente, durante o tempo
e coloca o enfoque nas crianças, bem como na
que pratica slalom em CR, a criança pode
sua capacidade de pararem rapidamente no
aprender várias atividades, jogos, estratégias e
ponto em que estão.
desenvolver contactos produtivos.

33 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

O jogo com palmas melhora a audição, o mencionado, as crianças devem agrupar-se num
raciocínio e a capacidade de resposta rápida à conjunto equivalente a esse número.
tarefa proposta. O slalom em CR tem quatro
Há muitos jogos que podem ser utilizados
tipos de obstáculos: a inversão, o zig-zag, a
como preparação e treino de slalom em
volta de 360º e a deslocação em frente. O
CR, que são interessantes e adaptáveis a
jogo é disputado de forma a que a cada palma
crianças em cadeira -de-rodas. Todas as
corresponde um tipo de obstáculo. Uma palma
crianças merecem as melhores condições
significa ir em frente, duas palmas inverter a
possíveis de crescimento e desenvolvimento
marcha, três palmas zig-zag, e quatro palmas
e, independentemente das suas necessidades,
a volta de 360º. As crianças precisam de se
devem ser incentivadas a explorar e reconhecer
movimentar livremente e, dependendo do
novas formas de jogos; de outro modo, serão
número de palmas, a criança deve desenvolver
privadas de novas e importantes experiências
um determinado tipo de ação.
que afetarão o seu desenvolvimento.
Outro jogo que pode ser enquadrado no
treino habitual é jogado de forma a que as Aprender através do jogo é um dos
elementos-chave para um desenvolvimento
crianças se movimentem livremente. Durante
adequado da criança, pelo que o jogo deve
esse tempo, o treinador diz-lhes números ter lugar diariamente.
de dois a quatro e, dependendo do número

34 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

V. Melhoria da
treinos regulares pode, deste modo, ajudar
condição física a planear o seu conteúdo adequadamente,
geral através adaptado às oportunidades e interesses dos
participantes, definindo objetivos a curto-prazo,
do desporto de e acompanhando regularmente o progresso
slalom em CR dos treinos.
Embora exista um número alargado de
atividades físicas adaptadas para crianças e
A inclusão de crianças e jovens com jovens com perturbações desenvolvimentais
perturbações do desenvolvimento ou do e comportamentais e para adultos com
comportamento, bem como pessoas mais deficiência, a sua inclusão em sistemas
velhas com deficiência em geral, em atividades padronizados de exercícios em conjunto com
físicas promove o seu bem-estar físico, os seus pares sem deficiência, contribui para
emocional e social. A escolha de uma atividade reduzir as barreiras sociais, assegurando maior
física adequada e o seu conteúdo baseia-se inclusão social das pessoas com deficiência. As
primeiramente na saúde global do praticante, pessoas assumem muitas vezes erroneamente
nos seus interesses individuais por atividades que crianças e jovens com deficiência se
específicas, medidas de segurança, bem como lesionam mais do que os seus pares sem
dos recursos e apoios disponíveis. deficiência. No entanto, atletas com deficiência
têm uma incidência muito semelhantes de
Constrangimentos pessoais, familiares, lesões à dos atletas sem deficiência, pelo que
financeiros e sociais ao enquadramento de o receio de lesões não deve constituir uma
crianças e jovens com deficiência em atividades barreira adicional à prática de atividade física
físicas devem ser atempadamente identificados (Ciliga et al., 2014).
em atividades físicas individuais e resolvidos ao
nível familiar, local ou estatal. As condicionantes Existe um leque diversificado de atividades
mais frequentemente referidas ao lidar com físicas elaboradas para crianças e jovens
atividade física em jovens com deficiência com perturbações desenvolvimentais
prendem-se com as capacidades funcionais e comportamentais, bem como para
reais do indivíduo com deficiência, o elevado adultos com deficiência. Estão igualmente
custo e a ausência de objetos próximos e disponíveis linhas de orientação para escolher
programas específicos de atividade física atividades adequadas em face da vontade
(Murphy e Carbone, 2008). e oportunidades de futuros praticantes. O
propósito é, em suma, integrar as crianças e
Assim que as crianças e jovens com jovens com deficiências de desenvolvimento
deficiência e desafios desenvolvimentais e e outras deficiências em atividades físicas
comportamentais se envolvem numa atividade adequadas, ao invés de os desmotivar.
física específica, é necessário promover a sua
motivação inicial para prosseguirem e assegurar Instalações cinesiologicamente adequadas
a continuidade da sua assiduidade. Afirma-se para crianças e adultos com deficiência devem
a extrema importância desta prática regular visar o desenvolvimento de competências
dado que acarretará efeitos significativos na aeróbicas, flexibilidade, equilíbrio, controlo
sua saúde psicofísica. Só o exercício regular postural, agilidade, força muscular e resistência.
assegura o desenvolvimento e manutenção das Devem igualmente incluir objetos que potencie
competências motoras essenciais à melhoria ao máximo os níveis de disponibilidade e
da saúde das pessoas com deficiência. Manter de segurança nos exercícios. Em geral, no

35 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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Sliding beyond limits

trabalho com pessoas com deficiência, são No desenvolvimento de crianças com PC,
recomendadas atividades físicas de maior em que a deficiência está em crescimento,
duração, elevada frequência e baixa intensidade assume grande importância antecipar as
do que aquelas que são planeadas com a necessidades desenvolvimentais da criança
população-padrão (Durstine et al., 2000). Antes e responder atempadamente ao conjunto
de começar uma atividade, é necessário ter de prioridades, objetivos e conteúdos de
em consideração o estado de saúde atual do programas de reabilitação adequados em que
futuro praticante, o nível de competição na a criança será envolvida. Estudos demonstram
atividade escolhida, a especificidade do papel que a pessoas com PC devem manter níveis
no desporto selecionado, a disponibilidade mais elevados de preparação física do que
de equipamento de proteção, bem com a população geral, por forma a adiarem o
a possibilidade de adaptação da atividade declínio das competências funcionais do corpo
específica no sentido de um exercício mais associadas aos processos de envelhecimento
profissional (American Academy of Pediatrics, e às consequências de danos primários ao
Sports Medicine and Fitness, 2001). corpo. Da perspetiva psicossocial, deve ser
enfatizado que as dificuldades de comunicação,
A Paralisia Cerebral (PC) é uma das deficiências
socialização e competências da vida quotidiana
mais comuns em crianças e a causa mais
são, por vezes, mais importantes para o
comum de perturbação motora severa infantil.
funcionamento da criança com PC do que os
Estudos demonstram que crianças com PC têm
problemas motores em si mesmos e a falta de
um consumo mais elevado de energia, bem
mobilidade (Klaić et al., 2007). As crianças com
como níveis mais reduzidos de força muscular
PC apresentam deficiências nas competências
e resistência, alcançando a fadiga muscular
sensoriais, cognitivas e psicossociais, que afetam
mais cedo do que os seus pares. Embora
as suas oportunidades em termos de educação,
sejam escassas e contenham com amostras
autonomia e socialização. A ciência médica, a
de dimensão reduzida, as investigações sobre
cinesiologia e a reabilitação contemporâneas
os efeitos do treino de força e resistência em
oferecem hoje oportunidades de conceitos,
pacientes com PC demonstraram que podem
programas e procedimentos escolhidos para
aumentar a força muscular e a resistência sem
atuar na prevenção, preservação ou melhoria
efeitos negativos (Ćosić, 2012).
da saúde física de crianças e adultos com PC
(Ćosić, 2012).
Mesmo em crianças com formas mais ligeiras
de PC, uma fraqueza muscular significativa
continua presente em comparação com os
seus pares saudáveis. A fraqueza muscular
é considerada como um fator altamente
limitador para alcançar a funcionalidade na
vida quotidiana face à espasticidade muscular
em si mesma. Essa fraqueza contribui para
um nível reduzido de atividade corporal, um
funcionamento muscular central reduzido
devido à lesão no sistema nervoso central,
alterações nas propriedades elásticas
musculares e nas suas propriedades histológicas,
mudanças no mecanismo de inervação
recíproca, nível aumentado do reflexo de
extensão, i.e., espasticidade muscular. A única

36 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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Sliding beyond limits

medida eficaz para alcançar a força muscular força absoluta. Devido à especificidade do jogo
reside nos programas de carga muscular direta ou a categoria de exercícios para a deficiência,
através de atividades e exercícios específicos. apenas é utilizada a força das extremidades e
A investigação moderna demonstra que os do corpo, especialmente o desenvolvimento
programas de fortalecimento aumentam dos músculos nas faixas dos braços e ombros.
a capacidade de produzir força muscular, As crianças que praticam slalom em CR
melhoram a capacidade de locomoção, de sentam-se com muito poucas inclinações
manobrar a cadeira-de-rodas, e outros tipos do corpo, mas ainda pode ser considerado
de performance motora. Existem estudos que exercício porque, durante a prova, o peso
rejeitam até o argumento mais forte contra a total do corpo desloca-se na cadeira-de-rodas.
aplicação de programas de resistência, que é O exercício também ajuda na coordenação;
a consequência de um aumento anormal do o corpo aprende a processar a informação
tónus muscular (Klaić et al., 2007). mais depressa. O slalom em CR incrementa o
exercício e as competências de condução, bem
Como parte da componente motora da
como ajuda a evitar obstáculos e colisões com
saúde física de crianças com PC, a falta
obstáculos.
ou baixa qualidade de reações posturais
automáticas normais, i.e., a resposta de Cada treino e competição também tem efeito
equilibrium (Klaić et al., 2007) é identificada na socialização, fomentando independência,
como uma das principais características das autoconfiança, disciplina, trabalho de equipa,
suas perturbações de postura e movimento. pensamento estratégico em desportos
O desenvolvimento de capacidades motoras coletivos, experiência de vitória e de derrota.
é de grande importância para o crescimento
No que se refere à competência intelectual
e desenvolvimento da criança. As capacidades
para praticar slalom em CR, é seguro afirmar
motoras são determinadas, em primeiro
que pode afetar o desenvolvimento da
lugar, por fatores hereditários, mas também
perceção visual. A perceção visual permite-
dependem largamente do meio em que a
nos notar um conjunto de qualidades visuais
criança se desenvolve e cresce.
tais como movimento, profundidade, relações
Ao trabalhar com crianças com paralisia espaciais, expressão facial e identidade
cerebral, deve dedicar-se especial atenção do objeto. Adicionalmente, desenvolvem-
ao desenvolvimento da motricidade fina, se as noções de tempo e espaço. A
especialmente no movimento da mão, e mão e componente intelectual mais impor tante é
dedos. Os padrões de desenvolvimento motor o desenvolvimento de uma atitude positiva
fino não seguem a lógica do desenvolvimento para com a atividade física e outras atividades
global da criança. Nesse sentido, acompanhando da vida quotidiana, bem como experimentar
a sequência desenvolvimental da criança, pode prazer em par ticipar em atividades em
detetar-se um conjunto de possíveis, e por que possamos demonstrar o ambiente
vezes graves, lesões. Para atletas em cadeira-de- em que vivemos e o desenvolvimento de
rodas, a força relativa é mais importante que a autocontrolo.

37 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

VI. Benefícios na
– Melhoria das capacidades físicas e
utilização da funcionais.
Cadeira-de- Uma das grandes vantagens do slalom em CR
rodas através é o facto de que são apresentados obstáculos
do slalom em no circuito de slalom que estimulam situações
da vida quotidiana, desta forma, preparando as
CR e como os crianças e jovens para superar tais dificuldades.
transpor para a
vida quotidiana Ejemplos específicos:

• Porta de Inversão
O slalom em CR, como qualquer outro
desporto, é uma atividade motivante para
crianças e jovens com funcionalidade motora
diversa, resultando em benefícios significativos
nas três dimensões da pessoa (física, psicológica
e social), contribuindo para o desenvolvimento
integral dos indivíduos.
Nas próximas páginas, tentaremos sublinhar
as principais vantagens deste desporto,
destacando, nomeadamente, os benefícios
específicos de alguns dos obstáculos
apresentados.

Beneficios físicos
A prática regular de slalom em CR pode
aumentar:
Força muscular;
• 
Coordenação de movimentos;
• 
Autonomia na vida diária;
•  Figura 36. Porta de Inversão e sua aplicação na vida diária.

Ativação de músculos e articulações, que


•  Em face de um pequeno obstáculo, que é
permite prevenir retrações musculares e melhor abordar com as rodas traseiras do que
deformidades das articulações, que causam com as rodas pequenas, estamos perante o
frequentemente comprometimento motor; mesmo gesto que é feito para ultrapassar uma
Benefícios das funções fisiológicas circulatória
•  porta de inversão num circuito de slalom em
e respiratória, melhorando o estado de CR. A entrada para um elevador é também
saúde. simulada pela porta de inversão.
– Melhoria na aquisição de uma maior
capacidade de utilização da cadeira-de-
rodas;

38 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

• Voltas • Rampa
As voltas são também um exercício muito Para crianças utilizadoras de cadeiras-de-
positivo quando é necessário movermo-nos rodas manuais, a rampa é um elemento que
pela casa: dar a volta no quadrado vai levar a ajudará na melhoria da sua capacidade física
que pessoa em cadeira-de-rodas aprenda a ter para superar este obstáculo, que simula uma
noção das dimensões da cadeira, apresentando, subida e uma descida. Adicionalmente, ajuda os
simultaneamente, mais segurança ao aceder a utilizadores de cadeiras-de-rodas elétricas nas
espaços pequenos. seguintes atividades:
Um bom controlo das voltas ajudará na Atravessar a rua;
• 
circulação em vias públicas, onde nos
Aceder à rampa dos carros;
• 
deparamos com mais elementos de
coexistência (pessoas, crianças, animais, Entrar nos edifícios pelas rampas de acesso.
• 
carrinhos de bebé, etc.). (fig. 37).

Figura 37. Vários elementos de coexistência na vida quotidiana.

Figura 38. Rampa vs. Obstáculos na vida diária

39 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

Benefícios Psicológicos Adquirir um sentido de pertença a um


• 
grupo;
De um ponto de vista psicológico, a prática
de slalom em CR pode conduzir a melhorias Melhorar relações pessoais e interações;
• 
significativas nas seguintes funções neurológicas,
Aumentar e melhorar a qualidade da
• 
designadamente:
comunicação;
Planeamento;
• 
Assegurar confiança adicional no momento
• 
Organização de tarefas;
•  de enfrentar situações;

Orientação espacial;
•  Em conclusão, torna-se claro que o slalom
em CR promove todos estes benefícios
Autorregulação emocional.
• 
terapêuticos, mas as crianças e jovens
Adicionalmente, crianças e jovens podem experimentam-no numa perspetiva recreativo-
experimentar sentimentos positivos tais desportiva, o que faz acrescer um fator
como serem capazes de alcançar os seus motivacional muito mais forte.
objetivos, aumento da autoestima e espírito de
Deve enfatizar-se que a aprendizagem motora
superação.
tem lugar se o contexto for significativo e
estiver associado a emoções positivas; é aqui
Benefícios Sociais que reside a importância da prática de slalom
No domínio social, a prática de slalom em CR em CR por crianças com diversidade funcional.
ajuda a:
Melhorar os contactos sociais estabelecidos
• 
por crianças e jovens;

40 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

VII. Prática do
slalom em CR
como elemento e valores inclusivos, e a escola constitui um
dos contextos primordiais na missão suprema
básico para de promover a inclusão escolar e social de
promover crianças e jovens com necessidades educativas
especiais, assegurando iguais oportunidades
e facilitar a de participação e acesso a um vasto leque de
inclusão social atividades, incluindo desportos.

e educacional, Efetivamente, nos seus aspetos recreativos,


no caso de terapêuticos e competitivos, o desporto
emerge como um meio de fomentar a
atividades em interação social e melhorar o funcionamento
idade escolar físico, social e psicológico global do indivíduo
(Wegener, 1996; cit. in Yazicioglu, Yavuz, Goktepe
& Tan, 2012).
Na verdade, é um facto que as pessoas com
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas deficiência que desenvolvem atividade física
com Deficiência (Organização das Nações têm uma melhor qualidade de vida e uma
Unidas, 2006), definiu como princípios: maior satisfação pessoal do que indivíduos
– «O respeito pela dignidade inerente, com deficiência que não estão envolvidos em
autonomia individual, incluindo a liberdade qualquer atividade desportiva (Wegener, 1996;
de fazerem as suas próprias escolhas, e cit. in Yazicioglu, Yavuz, Goktepe & Tan, 2012).
independência das pessoas; Verifica-se que indivíduos com deficiência que
praticam desporto têm mais confiança nas suas
– Não discriminação; capacidades, mantêm relações mais próximas
– Participação e inclusão plena e efectiva na de amizade e apresentam níveis mais reduzidos
sociedade; de solidão (Shapiro & Martin, 2014).

– Respeito pela diferença e aceitação das Assim sendo, a prática desportiva pode ser
pessoas com deficiência como parte da uma ferramenta facilitadora da inclusão social
diversidade humana e humanidade; e escolar, além de ser uma prática prazerosa,
libertadora e ativa para crianças e jovens
– Igualdade de oportunidades; (Rodrigues, 2003). No caso da população com
– Acessibilidade; deficiência motora, o slalom em CR demonstra
ser outra oferta desportiva de excelência,
– Igualdade entre homens e mulheres; praticada em autonomia e promotora de
– Respeito pelas capacidades de competências que favorecem o processo
desenvolvimento das crianças com inclusivo. Tal deve-se, sobretudo, ao facto de
deficiência e respeito pelo direito das que as melhorias funcionais na população com
crianças com deficiência a preservarem as deficiência permitem aos indivíduos uma maior
suas identidades. [sic].» predisposição para a interação social e para
participação efetiva na sociedade (Souza, 1994;
É nas crianças e jovens em idade escolar que Costa & Duarte, 2006; cit. in Martin, Alves &
deve começar a transmissão dos princípios Duarte, 2012).

41 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


through the practice of Wheelchair slalom “W-Slalom”
Sliding beyond limits

Como tal, em crianças e jovens em idade devem considerar o indivíduo (e.g. idade,
escolar, o slalom em CR, ao proporcionar tipologia do corpo, género, níveis de
benefícios significativos na promoção motivação), a tarefa (e.g. requisitos de
da funcionalidade, confere-lhes elevadas competências motoras) e o envolvimento (e.g.
melhorias psicossociais, que se refletem numa variações do espaço, tais como iluminação,
participação social mais ativa em atividades temperatura e piso) (Newell, 1986; cit. in Davis,
conjuntas com os seus pares, favorecendo a 2011). Incluem-se, igualmente, equipamento,
inclusão social e escolar. regras, padrões organizacionais, e variações
no nível de instrução como elementos-chave
É importante que crianças e jovens com
(Kasser & Lytle, 2006; Morris & Stiehl, 1999, cit.
deficiência tenham acesso à prática desportiva
in Davis, 2011).
independentemente da sua funcionalidade,
sendo fundamental a restruturação física e Nestas adaptações, o papel do professor/
profissional de entidades para promover o treinador é muito importante: este/a deve
processo inclusivo (Martin, Alves & Duarte, procurar conhecer a funcionalidade do
2012), que permitam que todas as pessoas, sem indivíduo e desenvolver metodologias de
exceção, tenham oportunidades para (Moniz trabalho inclusivas (Carmo, 2002, cit. in Martin,
Pereira & Rosado, 2016): Alves & Duarte, 2012). Podem sugerir-se
algumas estratégias gerais para promover
– «Participar regularmente em atividade física/
esta aprendizagem (Martin, 2006; Fulton,
desporto;
2004; Bataglion, Zuchetto & Nasser, 2014):
– Capacidade de alcançar, manter e/ou
atividades estruturadas num ambiente
melhorar a sua condição física;
inclusivo; o papel ativo da criança na aquisição
– Demonstrar comportamento pessoal e
de competências; discutir com o indivíduo
social de respeito por si e pelos outros;
estratégias para superar as dificuldades;
– Demonstrar capacidades motoras e domínio
perguntar aos indivíduos o que sentem;
de padrões de movimento para a execução
promover motivação e exploração ativa
de uma variedade de atividades físicas/
com o objetivo de desenvolver autonomia e
desportivas;
independência; proporcionar demonstração,
– Demonstrar compreensão de conceitos de
variedade de experiências, repetição da prática
movimento, princípios, estratégias, e táticas
para aprendizagem, mais tempo para executar
aplicadas à aprendizagem e execução de
tarefas e feedback constante; procurar possíveis
atividades físicas/desportivas;
adaptações de movimentos e/ou material, se
– Valorizar atividade física/desportiva como
necessário.
um meio para saúde, divertimento, desafio,
expressão pessoal e interação social [sic]. »
Para tal, é necessário considerar a necessidade
de adaptações individuais de acordo com
a condição física e psicológica do indivíduo,
salvaguardando aspetos médicos (Pedrinelli &
Verenguer, 2005; cit. in Martin, Alves & Duarte,
2012). Tais adaptações podem incluir ajustes
ao nível de complexidade da tarefa e contexto,
com o objetivo de proporcionar ao indivíduo a
possibilidade de ótima participação e execução
independente (Rodriguez, 2006, cit. in Martin,
Alves & Duarte, 2012).
Deste modo, os modelos de intervenção Figura 39. Treino de slalom em CR

42 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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Num contexto pessoal, é necessário que as transversais a toda a população e o slalom em


crianças com deficiência se tornem mais ativas: CR também desenvolve o seu papel social
serem capazes de perceber a importância dos ao permitir às pessoas sem deficiência que se
benefícios gerais do exercício e interpretar a coloquem no lugar dos outros e desenvolvam
atividade física como promotora do bem-estar uma plena consciencialização social da inclusão,
físico e psicológico. e exerçam o seu papel como cidadãos de uma
comunidade que valoriza a diversidade de
Além disso, crê-se que a primazia de um
população.
modelo de inclusão inversa pode acrescentar
valor ao processo de inclusão. Este modelo visa Torna-se evidente o contributo da prática
a participação de indivíduos sem deficiência de atividade física, em geral, e do slalom em
em atividades estruturadas e preparadas para CR em particular, quer seja recreativo ou
indivíduos com deficiências, como é o caso competitivo para a inclusão de crianças e
da modalidade de slalom em CR, ao invés de jovens com deficiência. No entanto, ainda
adaptações nas atividades direcionadas para existe um elevado nível de ignorância sobre
indivíduos sem deficiência, aumentando, desta este desporto, e a sua desmistificação é
essencial para clarificar o potencial psicossocial
forma, o recrutamento para atividades
e inclusivo da modalidade para toda a
desportivas de ambos os lados (Schoger, 2006;
comunidade.
Schlein Green & Stone, 1999; cit. in Hutzler,
Chacham-Guber & Reiter, 2012), o que é Nesse sentido, é necessário desenvolver ações
essencial na promoção do desporto para na comunidade, incluindo, por exemplo:
pessoas com deficiência.
O desenvolvimento de ações que tenham
• 
No processo de inclusão, seja este de um forte impacto na comunidade, com
forma direta ou inversa, é necessário adotar demonstrações em diversos contextos (e.g.
uma visão holística sobre a criança/jovem, escolas, eventos municipais, etc.) e com a
sendo fundamental ter em conta não só as experimentação da modalidade por parte de
caraterísticas, interesses e necessidades da todos;
criança ou jovem, mas também o envolvimento
Desenvolvimento de ações de treino para
• 
da escola, comunidade e família (Koldoff &
diferentes grupos-alvo: técnicos desportivos,
Holtzclaw, 2015).
treinadores, professores, assistentes,
Por outro lado, é importante destacar que voluntários, etc.;
os benefícios da inclusão social e escolar são

Figura 40. Slalom em CR para pessoas sem deficiência Figura 41. Sessão de Formação de slalom em CR.

43 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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Assessoria e follow-up inicial aos técnicos


• 
desportivos quando implementam e
desenvolvem a modalidade numa escola,
comunidade, no contexto institucional e/ou
num clube.
Investimento de recursos em materiais e
• 
equipamentos necessários para a prática do
slalom em CR;
Desenvolvimento de reuniões aos níveis
• 
regional e nacional, englobando diferentes Figura 42. Demonstração de Slalom em CR
aspetos: experimentação, recreação, escola,
competição.
É, por isso, importante sublinhar o papel que a
comunidade pode desempenhar na promoção
da participação individual através da criação de
oportunidades diferenciadas; no investimento
em desporto que envolva pessoas com e
sem deficiência; no aumento da sensibilização
entre treinadores/professores e a comunidade
como um todo (Verschuren, Wiart, Hermans
& Ketelaar, 2012); bem como a existência de
um contexto mais acessível que será benéfico
para todos os cidadãos, assumindo-se, mesmo, Figura 43. Recursos necessários para slalom em CR
como um investimento para responder
às necessidades de uma população em
O slalom em CR emerge como uma atividade
crescimento (Rimmer et al., 2004).
física necessária para promover a funcionalidade
Em suma, não existem receitas mágicas para a de pessoas com deficiência motora, que
inclusão, existem desafios ao desenvolvimento permite a diversificação de oportunidades,
de boas práticas inclusivas, em detrimento de promove a participação e igualdade de
atitudes de passividade, conformismo e procura oportunidades, contribui para a melhoria da
constante para justificar a não participação. qualidade de vida das crianças e jovens com
A articulação entre todos os atores (e.g., deficiência, sensibiliza os cidadãos para se
escola, família, comunidade) é fundamental no colocarem no lugar do outro, e que permite,
desenvolvimento de meios para promover a independentemente da funcionalidade,
inclusão. desenvolver atividades num ambiente inclusivo.

44 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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VIII. Saúde e
de tratamento para pessoas que sofrem de
Segurança na depressão (Mather, Rodriguez, Moyra, McHarg,
atividade Física Reid, McMurdo, 2002).
Atualmente, os benefícios da atividade física
têm sido enfatizados pelo seu contributo para
a melhoria da qualidade de vida e controlo do
Existe uma estreita ligação entre saúde
stress. Nesse sentido, os profissionais de saúde
e atividade física, bem como entre saúde
têm proclamado a necessidade de uma dieta
e qualidade de vida. A recomendação da
equilibrada, uma vida familiar e social feliz e uma
Organização Mundial de Saúde (OMS),
prática regular de atividade desportiva.
nomeadamente para adultos, é de um
mínimo de 150 minutos de atividade física de “Padrões contínuos de exercício regular
intensidade moderada ao longo da semana. reduzem o risco de desenvolver doença
As pessoas insuficientemente ativas de acordo cardiovascular, diabetes, cancro do colon e
com este critério, têm um risco 20% a 30% cancro da mama numa idade mais avançada.”
mais elevado de mortalidade por causas (OMS, 2006)
diversas. Por esse motivo, é correto concluir a
De facto, têm sido desenvolvidos estudos para
ligação entre atividade física e qualidade de vida,
comparar os níveis de stress entre pessoas com
uma vez que aquela permite aos indivíduos
e sem hábitos de prática regular de atividade
manter um peso saudável, contribuindo
desportiva, demonstrando que o exercício
para a sua saúde óssea e muscular, bem
físico reveste um impacto direto na saúde física
como melhorar o seu bem-estar psicológico,
e humor e um efeito multiplicador na vida
reduzindo o risco de certas doenças, incluindo
social (Nunomura, Teixeira, & Caruso, 2004).
cancros, doença cardíaca e diabetes.
Num estudo desenvolvido no Brasil (Caruso,
Várias investigações científicas demonstraram 1997), estabelecendo a comparação entre
que um número significativo de doenças sedentários e praticantes desportivos regulares,
está associado a hábitos e estilos de vida foram avaliados os seus sintomas de stress e
desadequados (Nunomura, Teixeira, & Caruso, qualidade de vida. Os dados obtidos mostram
2004) e a Associação Americana de Cardiologia claramente que os sintomas de stress, incluindo
chegou a considerar o estilo de vida sedentário os mais severos, eram significativamente mais
como um fator de risco independente para frequentes em indivíduos sedentários por
desenvolver doença arterial coronária. comparação com os praticantes desportivos
regulares. Com base neste estudo, foi possível
Por outro lado, estudos desenvolvidos por
inferir que a prática desportiva regular constitui
King e colegas (1993, cit. in Nunomura, Teixeira,
uma estratégia de sucesso para reduzir o stress
& Caruso, 2004) demonstraram indicadores
e melhorar a qualidade de vida, provavelmente
positivos relativamente ao exercício aeróbico
devido à redução de stress.
na redução dos níveis de ansiedade, depressão
e stress. Samulski e Lustosa (1996, cit. in idem) Adicionalmente, outros estudos revelaram que
reportaram a eficiência da aeróbica no stress, considerar fatores psicológicos é essencial para
humor e autoconceito. De acordo com desenvolver atividade física, independentemente
literatura recente sobre exercício e depressão, da sua natureza preventiva ou terapêutica.
que incide sobre jovens adultos, a relação De acordo com Samulski e Lustosa (1996), à
é uniformemente positiva, o que torna o semelhança com o que acontece no aspeto
exercício como uma excelente recomendação físico, o bem-estar psicológico pode variar

45 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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de acordo com o tipo de exercício e outros Beneficios de la actividad física para


fatores que essa prática envolve, tais como individuos con discapacidad
o seu contexto, instrutores e a pessoa em si
mesmo. Se a atividade física é essencial para garantir
qualidade de vida e melhoria do estado de
De acordo com a OMS (2016), o exercício saúde para as pessoas em geral, assume maior
não só é importante para o desenvolvimento relevância para indivíduos com deficiência,
saudável de crianças e jovens, como os hábitos uma vez que acarreta vantagens metabólicas
regulares de exercício devem ser desenvolvidos adicionais.
numa fase inicial da vida (pelo menos uma
hora ou mais de atividade física de intensidade Nesses casos, a atividade física pode melhorar
moderada em 5 ou mais dias por semana). No as competências cognitivas, emocionais e sociais
entanto, estima-se que apenas um terço dos de praticantes infantis e juvenis, ao conferir-
adolescentes desenvolvem hábitos adequados lhes uma auto-percepção mais positiva e um
de exercício. sentido de auto-valorização, reduzindo, desta
forma, a estigmatização e os estereótipos
No entanto, face à preocupação de que apenas negativos habitualmente associados a pessoas
um terço dos adolescentes atinja este objetivo, com deficiência. Como vimos, reduz elevados
receia-se que os indivíduos possam estar em níveis de stress, dor e depressão, o que, por sua
risco de efeitos adversos na saúde numa fase vez, leva a que as atividades da vida diária sejam
posterior por não desenvolverem hábitos de percecionadas como mais fáceis.
exercício adequadas na infância e jovem adultez
(Currie et al., 2006, cit. in Maltby, Wood, Vlaev, Por outro lado, a este nível social, desenvolver
Taylor & Brown, 2012). atividades desportivas, tais como o slalom em
CR, confere a crianças e jovens um ambiente
A atividade física ganha ainda mais importância seguro em que podem estabelecer laços, fazer
como um elemento de vida saudável novos amigos e, nesse sentido, aumentar a sua
para pessoas com limitações funcionais, integração social. É igualmente reconhecido
designadamente, adultos mais velhos e que o seu status social melhora com a prática
pessoas com deficiência. Nestas populações desportiva, uma vez que as pessoas sem
específicas, a atividade física ajuda a reduzir o deficiência tendem a representar os indivíduos
declínio funcional (Goggin & Morrow, 2001, com deficiência mais favoravelmente do que as
cit. in Cardenas, Henderson, & Wilson, 2009). pessoas não ativas.
Além disso, a prática de slalom em CR, dadas
as suas caraterísticas específicas, permite De acordo com o Centro de Controlo de
aos praticantes desenvolver o seu leque de Doenças Americano (DCD, 2018), todos os
movimentos, melhorar a coordenação de prestadores de saúde devem recomendar
movimentos e desenvolver força muscular. regularmente opções de atividade física aos
seus pacientes com deficiência. No entanto,
Adultos mais velhos fisicamente ativos podem a iniciação à prática desportiva deve ser
reduzir ou prevenir declínios funcionais adequadamente aconselhada por especialistas
associados à deficiência ou ao envelhecimento em atividade física e tomar em consideração
pela melhoria do funcionamento cardiovascular, aspetos importantes, tais como:
redução do risco de quedas e redução da
perda muscular e de força. A necessidade de assegurar que cada
• 
potencial praticante desportivo se dedica
à quantidade e tipo de atividade física
adequada a si;

46 Boosting social inclusion of children with motor disabilities


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Promover oportunidades para que


•  planeamento e implementação de atividades
progressivamente aumentam a sua atividade desportivas.
física regular de formas que respondam às
Uma das chaves para uma atividade física
suas necessidades e capacidades;
saudável e segura é programar tais atividades
Promover um início lento e consistente da
•  e implementá-las sob a supervisão de um
atividade física, baseado nas suas capacidades treinador qualificado ou de um professor de
e nível de preparação física; Educação Física.
Incluir exercícios aeróbicos, essenciais para
•  Para garantir tais requisitos de segurança,
atingir certos benefícios de saúde (e.g., podem ser seguidas algumas recomendações
reduzir o risco de doença cardíaca, AVC ou básicas, como as seguintes (Ophea, 2018):
diabetes) ao elevar a frequência respiratória
Crianças e jovens praticantes devem ser
• 
e a frequência cardíaca.
adequadamente supervisionados, e os
seus colegas de equipa devem comunicar
Segurança na Prática Desportiva expectativas de segurança e promover
Apesar dos seus inegáveis benefícios, a atividade sempre práticas desportivas seguras;
física envolve sempre riscos que podem ser
Os procedimentos de segurança a serem
• 
minimizados adotando um conjunto de regras
implementados devem procurar assegurar
simples para garantir medidas básicas de
o mais elevado nível de segurança possível,
segurança, que devem ser tidas em conta no
permitindo, simultaneamente, que crianças e
jovens experimentem um leque alargado de

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Sliding beyond limits

atividades, desafiando progressivamente os e psicologicamente confortáveis a todo o


seus próprios limites; momento;
Crianças e jovens praticantes devem ser
•  Treinadores e gestores de competição
• 
informados das regras de segurança e da devem estar informados dos antecedentes
importância de uma prática desportiva de saúde e das limitações físicas dos atletas,
segura, identificando riscos potenciais e que possam afetar a sua performance por
procedimentos que podem contribuir para forma a poderem ir ao encontro das suas
prevenir lesões ou acidentes; competências específicas;
Antes iniciar a prática de slalom em
•  As regras de slalom em CR devem ser
• 
CR, deve ser elaborado um resumo de dadas a conhecer a todos os participantes,
procedimentos e regras para uma prática particularmente crianças, sendo
segura, demonstrando aos praticantes como implementadas, garantindo a adequação da
minimizar possíveis riscos da atividade; prática desportiva à idade e capacidades
físicas, emocionais, sociais e intelectuais dos
As crianças devem ser aconselhadas a
• 
participantes;
utilizar vestuário adequado para a prática
desportiva, evitando usar casacos ou Antes de experimentar slalom em CR pela
• 
carapuços com cordões soltos, cachecóis, ou primeira vez, deve ser explicado às crianças e
mochilas presas às cadeiras-de-rodas; demonstradas as capacidades de movimento
necessárias para desenvolver a atividade;
Conforme previamente mencionado,
• 
uma cuidadosa verificação do estado do A superfície dos espaços onde terão lugar
• 
equipamento e da sua adequação para os circuitos de slalom em CR também deve
prática desportiva deve ser realizada antes ser inspecionada para garantir que fornece
de dar início à atividade (verificar se as tração segura. Os obstáculos utilizados,
crianças estão bem ajustadas à cadeira-de- nomeadamente a rampa, devem ser planos
rodas, se estão seguras, se estão a utilizar e firmemente presos ao chão de forma a
todos os equipamentos de proteção que não constituam um perigo de tropeçar.
necessários, se o seu vestuário é adequado a Devem ser igualmente eliminados obstáculos
liberdade de movimentos, etc.); não pretendidos (e.g., remover mobiliário e
equipamento não relevante para a atividade);
As crianças devem ser ensinadas quanto
• 
à utilização adequada do equipamento, Ao marcar circuitos de slalom em CR, os
• 
particularmente quando estão a limites exteriores da atividade devem ser
experimentar o slalom em CR pela primeira definidos a uma distância segura de paredes
vez; e obstáculos.
Cada pavilhão ou recinto de treino deve
• 
ter um plano de emergência, em caso de
acidentes, e uma mala de primeiros-socorros
acessível, sempre que necessário;
O slalom em CR, como qualquer atividade
• 
desportiva, deve ter um impacto social
positivo nos seus praticantes. Deve procurar-
se que crianças e jovens estejam emocional

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Sliding beyond limits

Conclusões e Recomendações É igualmente importante garantir que todos os


sobre a Prática Desportiva e seus praticantes aquecem antes de se exercitarem,
Benefícios e alongam depois, criando este hábito desde
cedo.
Como sublinhado pelo Instituto Nacional de
Envelhecimento - NIH (2017), praticamente Para prevenir lesões em prestações de slalom
qualquer pessoa, em qualquer idade, pode em CR, todos os praticantes devem, por um
praticar exercício de forma segura e obter lado, seguir todas as regras e aplicá-las de
benefícios significativos, independentemente forma justa, e, por outro lado, garantir-se que
das suas limitações físicas. No entanto, é utilizam vestuário e equipamento de proteção,
essencial garantir que os praticantes se verificando regularmente se está em boas
mantenham seguros enquanto fazem exercício, condições de funcionamento.
particularmente quando estão a iniciar uma De acordo com recomendações da
nova atividade ou não têm sido ativos há muito Universidade de Harvard, alguns princípios
tempo. básicos para treinadores podem ser
Uma vez que o excesso de exercício considerados dicas importantes, tais como:
físico pode não só causar lesões como, Garantir que cada praticante aquece sempre
• 
consequentemente, levar também à desistência, antes do exercício (pelo menos 10 minutos)
é recomendado um ritmo consistente de e alonga depois;
progresso como melhor abordagem a qualquer
desporto, o que é particularmente verdadeiro O aquecimento deve incluir alongamentos
– 
para o slalom em CR. completos ajustados à amplitude do atleta,
evitando alongamentos excessivos;
Em conclusão, para garantir uma prática segura
e saudável de slalom em CR, devem ser dados Ajustar o plano de treino ao perfil físico
• 
a conhecer à criança ou jovem as regras do do atleta, evitando as desvantagens do
desporto e os requisitos de movimento, bem treino excessivo mediante a aplicação do
como inclui-los na classe/grupo corretos, princípio de saturação. Treinar demasiado
de acordo com as suas possibilidades e intensamente ou com demasiada frequência
limitações físicas. Antes de começar qualquer pode causar lesões de esforço como
atividade desportiva, cada criança ou jovem fraturas de stress e inflamações de tendões e
deve aconselhar-se com o seu médico, ligamentos, causadas pelo desgaste repetitivo
particularmente se não são ativos e querem de certas partes do corpo;
começar um programa de exercícios vigoroso Recomendar descanso suficiente,
• 
ou aumentar significativamente a sua atividade particularmente depois de momentos de
física. O médico deve igualmente fornecer ao atividade desportiva de alto nível, bem
potencial praticante desportivo uma descrição como beber água suficiente para evitar
precisa do seu potencial e limitações físicas, que desidratação e repor fluidos durante a
o treinador irá utilizar para ajustar o programa prática desportiva;
de exercícios nas fases de iniciação ao slalom
em CR. Aconselhar e verificar se os praticantes
• 
utilizam sempre o vestuário adequado para a
A sua iniciação ao slalom em CR deve ser atividade de slalom em CR;
progressiva: devem começar lentamente com
um programa de exercícios que contenha Assegurar que cada praticante está
• 
exercícios de baixa intensidade, e aumentar convenientemente sentado e ajustado à
gradualmente a intensidade física e exigência, cadeira-de-rodas, prendendo partes do
melhorando a sua resistência ao reforçar corpo suscetíveis a lesões, se necessário;
gradualmente o seu nível de atividade.

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Demonstrar como empregar a técnica


•  Em última análise, torna-se claro que alguma
correta em todos os momentos para cada atividade física é melhor que nenhuma, pelo
movimento requerido da cadeira-de-rodas; que todas as crianças e jovens devem ser
continuamente encorajadas a evitar serem
fisicamente inativas.

O slalom em CR é, indubitavelmente, um desporto dinâmico e atrativo que pode


garantir os benefícios de saúde associados à atividade física e, ao mesmo tempo,
promover o desenvolvimento social, psicológico e físico da criança.

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