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Ovaldir Nardin
Superintendente Corporativo do Sistema FIEP
apoio:
TRANSMISSÃO
CONVENCIONAL
Adaptação técnica
JOACIR GOMES
© 2004. SENAI - DEPARTAMENTO REGIONAL DO PARANÁ
SENAI/DR
CAEPE - Coordenadoria de Alianças Estratégicas e Projetos Especiais
CEMEQ
Centre d’Élaboration des Moyens d’Enseignement du Québec
C394m CEMEQ
Transmissão Convencional / CEMEQ; Gomes, Joacir
(Adapt.) Senai-PR, 2004.
CDU: 62-12
Este material foi elaborado por uma equipe, cujos nomes encontam-se relacionados
na folha de créditos.
Direitos reservados:
Um bom estudo.
sumário
aula 2 ROLAMENTOS
Categoria de rolamentos............................................|23
Rolamentos de esferaS..........................................................|24
Rolamento de esferas rígido..................................................|24
Rolamento de esferas com contato oblíquo............................|25
Rolamento de rótula..............................................................|26
Rolamentos de rolos.............................................................|26
Rolamentos de agulhas.........................................................|28
Rolamento de batente...........................................................|30
aula 11 SINCRONIZAÇÃO
Introdução .............................................................. |131
Sincronizadores . ..................................................... |131
Engrenagem louca . ........................................................... |132
Cubo ................................................................................ |132
Luva Deslizante . ................................................................ |132
Lamelas ............................................................................ |132
Molas de lamelas .............................................................. |133
Anel sincronizador ............................................................. |133
Funcionamento do sincronizador .............................. |133
Pré-acoplamento................................................................ |133
Sincronização .................................................................... |134
Acoplamento ..................................................................... |134
Anexo i
Glossário................................................................. |193
Modos de Transmissão| 13
Antes de aprender a analisar o funcionamento dos componentes da
transmissão, é necessário conhecer a função e a posição de cada um
deles na cadeia cinemática (quando falamos de cinemática, estamos
nos referindo apenas ao movimento, sem citar quem o gerou). Os
componentes de transmissão compreendem vários dispositivos em comum,
como : rolamentos, eixos, engrenagens, embreagem e o acoplamento
viscoso, que estudaremos ao longo das aulas. Nesta aula você conhecerá
a cadeia cinemática por meio do movimento, da potência e do torque, e
também da disposição dos componentes e da transmissão integral.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 14
Modos de Transmissão | 15
MODOS DE TRANSMISSÃO
CADEIA CINEMÁTICA
A cadeia cinemática de um veículo é constituída pelo conjunto dos componentes que transmitem
a energia do motor para as rodas motrizes.
Torque
Na seqüência deste guia, utilizaremos as expressões torque, torque do motor e torque resistente.
É muito importante, então, antes de continuarmos os estudos, entendermos as definições
precisas para que não haja confusão, freqüentemente associada a este conceito.
O aperto de uma porca com ajuda de um torquímetro pode ser outro exemplo concreto
de torque (figura 1). Neste caso, é possível medi-lo, já que um quadro de referências indica
diretamente o momento (valor) do torque. O momento de um torque de forças é igual ao
produto de umas dessas forças pela distância que as separa.
Com o passar dos anos, diferentes disposições dos componentes foram adotadas pelos
fabricantes de automóveis. Durante várias décadas, a propulsão nas rodas traseiras e a
disposição do motor montado longitudinalmente na dianteira foi o arranjo adotado na
maioria dos veículos.
Modos de Transmissão| 17
Essa disposição de componentes na cadeia cinemática consiste em: embreagem e caixa
de marchas fixadas ao motor dianteiro ligando-os, por um eixo cardã, (figura 3). Hoje, esta
maneira de transmissão é encontrada nos seguintes veículos: grandes, esportivos de luxo ou
em utilitários.
embreagem motor
O aumento do preço do combustível impôs uma nova tendência, observável no fim dos
anos 70: esses componentes foram instalados na dianteira dos veículos. Isto é traduzido por
veículos com tração dianteira com um motor disposto longitudinalmente ou transversalmente
acoplado em um conjunto, denominado PowerTrain Grupo Moto Propulsor - GMP, sendo o
motor composto da caixa de marchas e do diferencial. Para a grande maioria dos veículos
com tração dianteira, o motor situa-se antes das rodas motrizes (figura 4).
embreagem
Motor transversalSeris
rodas motrizes
caixa de motor
marchas
embreagem motor
figura 4 - Veículos com tração dianteira: motor transversal e motor longitudinal (OLF)
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 18
Além dessas duas categorias, existem outras disposições em uma menor escala de veículos, com
a totalidade do conjunto na traseira (figura 5). É ainda possível subdividir este tipo de disposição
em duas outras: motor atrás das rodas motrizes e motor antes das rodas motrizes. Neste último
caso, o chamado “motor central” também designa esta disposição (Toyota MR2).
motor embreagem
rodas
diretrizes
caixa de
rodas marchas embreagem
motor à frente das rodas motrizes motrizes
diferencial motor
Para garantir uma distribuição favorável de massas, alguns veículos com tração traseira que
possuem características esportivas apresentam disposições diferentes dessas já descritas.
Para estes veículos, o motor é montado na dianteira e a caixa de marchas na traseira (figura
6). Novamente, tal disposição não representa uma norma, uma vez que em certos casos, a
embreagem é fixada ao motor na dianteira (Porsche 928), e, em outros, na caixa de marchas
na traseira (Corvette 1997).
caixa de marchas
diferencial eixo de propulsão
embreagem motor
caixa de
marchas eixo de
diferencial propulsão
embreagem motor
figura 6 - Veículos com tração traseira com caixas de marchas na traseira (OLF)
Modos de Transmissão| 19
Transmissão integral
O deslocamento dos veículos apresentados até agora é o de duas rodas motrizes. Em todo
caso, para conhecer a totalidade das opções, é importante que seja mencionada a “transmissão
integral”. A popularidade desta categoria de veículos, na qual as rodas dianteiras e traseiras
são motrizes, tem-se difundido muito. A expressão “transmissão integral” envolve as duas
categorias de transmissão seguintes: temporária e permanente.
transmissão caixa de
automática transferência
eixo
dianteiro
árvore de
árvore de transmissão transmissão traseira
dianteira
O tipo de caixa em estudo não possui qualquer mecanismo tolerante a diferenças de velocidade
entre as rodas dianteiras e as traseiras; o uso da função “quatro rodas motrizes” é limitado aos
pavimentos escorregadios. Em pavimentos secos, todos os elementos do rodado de comando,
em curvas, são submetidos a esforços de torção importantes. Esses esforços de torção resultam
da diferença entre a distância percorrida pelas rodas dianteiras e pelas traseiras.
Pontos-chave
CATEGORIA DE ROLAMENTOS
de esferas;
de roletes;
de agulhas.
CONSTRUÇÃO
ROLAMENTOS DE ESFERAS
Habitualmente, os rolamentos de esferas convêm aos regimes elevados, com cargas impostas
uniformes e não muito importantes. Para satisfazer tais necessidades, os fabricantes de rolamento
propõem diferentes disposições, as principais são mostradas na figura 11:
O rolamento de esferas com contato oblíquo suporta, ao mesmo tempo, cargas axiais
moderadas em uma única direção e cargas radiais. O ângulo de contato oblíquo, obtido
pela inserção de esferas entre o apoio da pista interna e o da pista externa, oferece uma
grande resistência às cargas axiais. Para suportar cargas axiais em ambas as direções, esses
rolamentos são habitualmente montados dorso a dorso, frente a frente ou paralelos, como
mostra na figura 14. Se a montagem possuir apenas um rolamento, este suportará apenas
cargas axiais aplicadas em uma única direção e necessitará de um dispositivo de regulagem
da folga axial.
dorso a dorso
Rolamento de rótula
cilíndricos;
convexos;
cônicos;
de agulhas.
danificar-se rapidamente.
ROLAMENTOS DE AGULHAS
Este rolamento representa uma modificação do rolamento de rolos cilíndricos. Ele possui um pista
interna e uma pista externa, com a diferença apenas no comprimento dos elementos rolantes.
Rolamento de batente
batente à agulhas
Além dessas causas, é muito possível que a fadiga a que o metal é submetido desgaste um
rolamento bem montado e bem lubrificado. Essa fadiga é causada por esforços de desgaste
diretamente aplicados pelos elementos rolantes sobre a área de carga. Um exame aprofundado
nas impressões deixadas pelos elementos rolantes sobre as pistas dos anéis revela índices que
facilitam a identificação das causas do problema. Substituir um rolamento sem conhecer nem
eliminar as causas de seu desgaste prematuro não ajuda em nada; o trabalho deverá, sem
duvida, ser refeito em breve. As figuras 27 e 28 mostram os traços deixados pelos elementos
rolantes em diferentes condições normais e anormais.
zona sob pressão zona sob pressão zona sob pressão com
com uma carga axial com cargas uma pré-carga interna
excessiva. É a única radiais e axiais anormal adicionada
situação na qual uma normais aplicadas a uma carga radial.
impressão é visível na simultaneamente A deformação do
totalidade dos anéis alojamento pode causar
uma impressão deste tipo
figura 27 - Traços deixados pelos elementos rolantes sobre os anéis de rolamentos de esferas (Ford)
Rolamentos | 33
a) DESGASTE b) DESGASTE DA c) DESGASTE DA EXTREMIDADE
Minúsculas partículas abrasivas CARCAÇA DOS ROLOS
misturadas com o lubrificante Quando o desgaste Uma má lubrificação causa o
provocam o desgaste atinge um estado mais desgaste de todos os componentes
excessivo dos componentes avançado, marcas de um rolamento. Em todo caso,
do rolamento. A superfície dos aparecem na carcaça. as primeiras zonas atingidas são as
elementos rolantes e da pista mais submetidas à fricção, como os
externa apresentam um aspecto apoios dos caminhos de rolamento
regularmente fosco. e as extremidades dos rolos.
As esferas dos rolamentos de esferas rígidas ajustam-se com precisão nos apoios de cada
um dos anéis.
Com dimensões iguais, os rolamentos de rolos suportam uma carga maior que os rolamentos
de esferas.
O bom funcionamento dos rolamentos de rolos cônicos exige uma pré-carga, também
denominada carga inicial.
As três categorias de rolamentos de agulhas são as seguintes: livres, com pista externa
e não separáveis.
A designação dos rolamentos é feita por um código normatizado pela Anti-Friction Bearing
Manufacturers Association (AFBMA).
Que ponto em comum existe entre uma camionete Ford F250, uma Chevrolet Omega
e uma BMW? A resposta é simples: todos são classificados como veículos de tração
traseira e, conseqüentemente, todos eles dispõem de tração comandada por uma árvore
de transmissão (cardan).
Transmissão do torque
O motor produz o torque e a potência, que por meio da caixa de marchas, são ampliados
e enviados ao eixo cardan, que por sua vez, é conectado ao eixo traseiro, onde são
ampliados, ainda mais pelo conjunto de coroa e pinhão, e por meio das semi-árvores
são transmitidos às rodas. O conjunto, motor e caixa de marchas é fixado ao chassi do
veículo por meio de coxins.
O eixo cardan apresenta-se em forma cilíndrica, oca, e o seu comprimento varia de acordo
com o tipo do veículo.
O eixo traseiro (carcaça) compõe-se do conjunto formado pela coroa/pinhão, pelo diferencial
e pelas semi-árvores das rodas. O eixo é suspenso e oscila de acordo com as irregularidades
que o pavimento oferece.
Para que funcione corretamente, a árvore de transmissão, deve, na frente, ser ligada à caixa de
marchas e, atrás, ao eixo traseiro. Imagine, agora, se esse eixo fosse fixado nas extremidades
sem um dispositivo de compensação de ângulos. Nada se moveria, e o torque não seria
transmitido. Os projetistas desenvolveram um sistema que permite a fixação do eixo cardan
nas extremidades possibilitando desvios angulares.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 40
Para garantir o giro do eixo cardan, de forma angular, em cada uma das extremidades, existem
dois garfos com duas cruzetas e uma luva deslizante. Em determinados modelos de veículos,
dependendo da distância entre eixos, há necessidade de duas ou mais árvores de transmissão
e suas respectivas cruzetas e mancais de sustentação.
Por outro lado, a exigência do uso de juntas se impõe principalmente em razão da diferença
de nível entre a caixa de marchas e o eixo traseiro. Essa diferença gera ângulos entre o eixo
cardan, a saída da caixa de marchas e a entrada do eixo traseiro. Esses ângulos exercem um
efeito sobre a velocidade, como veremos mais à frente.
Essa junta não permite nenhum desvio figura 30 - Transmissão por tubo de empuxo
longitudinal ao tubo; apenas o deslocamento
vertical é possível.
A propulsão transmitida às rodas faz com que a reação gerada seja enviada à carcaça do eixo
traseiro, ao tubo de empuxo e ao conjunto motor-caixa. A partir daí, os suportes do conjunto
dirigem o empuxo ao chassi ou à carroceria, dependendo do tipo de construção do veículo. Essa
configuração elimina a torção do eixo traseiro, torção conhecida como torque de empino.
Árvore de Transmissão | 41
Transmissão articulada do tipo Hotchkiss
um tubo que dispõe de um garfo soldado em cada uma de suas extremidades (Cardan);
uma luva deslizante;
uma cruzeta dianteira, denominada junta de cardan;
uma cruzeta trazeira, também chamada junta de cardan;
dois flanges fixados por parafusos ou por dois grampos “U”.
Tubo de aço
A parte central do eixo é constituída de um tubo de aço; os eixos ocos são mais leves. A
concepção do veículo determina, ou não, a utilização de um eixo com mais de uma seção, e, em
tal caso, contará com um ou mais tubos. Quando o eixo possui mais de uma seção, é necessária
a instalação de um mancal intermediário, incluindo um rolamento blindado com lubrificação
permanente, fixado a uma travessa devidamente projetada para essa finalidade.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 42
Nas extremidades desses tubos são soldados garfos destinados a receber as cruzetas das
juntas. (figura 32).
flange de
acoplamento na
placa de fixação
grampo
(strap)
rolamento
anel de cruzeta
bloqueio
árvore de junta
transmissão
garfos
deslizantes
Junta deslizante
figura 33 - Eixo com elementos de borracha (Ford)
Função
Para os veículos com tração traseira, o conjunto motor-caixa é fixado na dianteira do chassi,
e o eixo traseiro oscila de acordo com as irregularidades do pavimento. Além de provocar
variações nos ângulos do eixo cardan, essa disposição também traz como conseqüência
mudanças de distância entre o conjunto motor-caixa e o eixo traseiro.
Árvore de Transmissão | 43
O dispositivo encarregado de corrigir tais flutuações recebe o nome de junta deslizante. É
estruturado na forma de um garfo em que são dispostas ranhuras internas; esse garfo se encaixa
em um eixo estriado externamente e fixado ao eixo cardan através de uma cruzeta (figura 34).
carter traseiro da
junta de parada caixa de marchas
do óleo
eixo
estriado
externo
garfo
deslizante
Funcionamento
De acordo com as necessidades, as estrias do garfo deslizam sobre as do eixo. A parte externa
é polida e desliza sobre um vedador labial e uma bucha que a mantém alinhada, nos quais
são fixados à extensão da caixa de marchas.
Construção
anel de
A junta universal simples compõe-se de bloqueio
bucha
um dispositivo inventado por J. Cardan, o arruela cruzeta
que explica o nome junta de cardan ou,
simplesmente, cruzeta; o conjunto é constituído
de dois elementos: dois garfos, duas cruzetas
e um flange (figura 35). Cada garfo é fixado arruela
em uma extremidade de eixo. Uma cruzeta
em formato de cruz, que possui quatro braços agulhas junta de
vedação
iguais, une dois garfos perpendicularmente.
figura 35 - Cruzeta (General Motors)
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 44
Funcionamento
A cruzeta recebe o torque do garfo fixado no eixo indutor e o transmite ao garfo montado
sobre o eixo induzido. A diferença de ângulo entre o eixo indutor e o eixo induzido provoca
uma aceleração e uma desaceleração a cada meia volta do eixo induzido. As variações são,
diretamente proporcionais ao ângulo estabelecido entre o eixo indutor e o eixo induzido.
Árvore de Transmissão | 45
Como exemplo, para um ângulo de 4°, a mudança de velocidade chega a 0,5%; para um ângulo
de 10°, passa de 3%. Analisemos as mudanças de velocidade para um ângulo de 30° entre o
garfo e o eixo. Quando o garfo gira a 1000 rpm, a velocidade de rotação do eixo flutua entre
866 rpm e 1155 rpm para um quarto de volta e desacelera de 1155 rpm a 866 rpm para o
quarto de volta seguinte (figura 39). Esse motivo justifica a impossibilidade da utilização de um
eixo munido de uma só junta universal simples, caso o ângulo exceda a 3° ou a 4°.
revolução
eixo indutor
eixo induzido
graus
variação de constante da
velocidade velocidade angular do
angular do eixo eixo indutor
induzido
eixo indutor
eixo induzido
Elimina-se parcialmente tal problema, em um eixo de apenas uma seção, montando-se uma
cruzeta em cada extremidade. Os dois garfos do eixo devem ser dispostos sempre em um
mesmo plano, denominado montagem em fase (figura 40).
eixo de acoplamento e
eixo de acoplamento e mancal garfo deslizante
intermediário
juntas universais
montadas em fase
Junta homocinética
4 2
Construção 1, 2, 3 e 4: rolamentos
Em princípio, embora uma junta homocinética figura 41 - Junta de cardam duplo ou homocinética (General
só pressuponha a montagem de duas juntas Motors)
Funcionamento
O estudo das juntas universais demonstrou toda a importância dos ângulos para o bom
funcionamento de tais dispositivos. Esses ângulos são:
O ângulo formado pela inclinação da caixa de marchas em relação à horizontal (figura 43)
vem a ser o ângulo teórico da caixa de marchas. Esse ângulo não varia, salvo por desgaste
do (dos) suportes ou da caixa de marchas ou do motor.
ângulo teórico
da engrenagem
de ataque
(exagerado)
vista de lado
garfos “em
fase”
O ângulo formado na interseção de duas árvores de transmissão ligadas pela junta de cardan
é denominado de ângulo de inclinação das juntas de cardan. Para a junta dianteira, esse
ângulo resulta então da diferença entre o ângulo teórico da caixa de marchas e o ângulo
teórico da árvore de transmissão.
Um eixo cardan retorcido ou apresentando ângulos de inclinação muito elevados pode causar
incômodos, como ruídos e vibrações. Se o eixo estiver retorcido, sua trajetória será oval, o
que provocará vibrações exigindo, então, a sua troca. Essa trajetória elíptica pode ser medida
com a ajuda de um comparador graduado. No caso de ângulos incorretos, deve-se, com a
ajuda do manual de manutenção, corrigir o ângulo de inclinação das juntas.
105 mm 105 mm
(4,0 po) (4,0 po)
Pontos-chave
Os dois principais tipos de transmissão por cardan são: o tubo de empuxo e Hotchkiss.
Com o objetivo de reduzir os ruídos, alguns fabricantes utilizam eixos fabricados com
tubos concêntricos e elementos de borracha.
Uma junta de cardan compõe-se de dois garfos, uma cruzeta central, quatro buchas e
quatro juntas de vedação.
O ângulo teórico da caixa de marchas consiste no ângulo formado pela inclinação da caixa
de marchas em relação à horizontal.
O ângulo teórico do eixo traseiro refere-se ao ângulo formado pelo eixo da engrenagem
de ataque do diferencial em relação à horizontal.
desequilíbrio do eixo.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 50
Semi-Eixos e Juntas Homocinéticas | 51
Nesta aula você verá tanto a construção quanto o funcionamento dos
diferentes tipos de semi-eixos de transmissão em veículos que dispoem
de tração dianteira. Todos esses eixos desempenham a mesma função; as
diferenças resultam dos diferentes tipos de juntas de cardan utilizados
para a transmissão do torque com ângulos diferentes. As juntas de
cardan, duas a duas, impõem-se como elementos importantes desses
eixos de transmissão. Aprenderemos, também, nesta aula, que os
rolamentos das rodas dianteiras desses tipos de veículo diferem daqueles
que possuem tração traseira.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 52
Semi-Eixos e Juntas Homocinéticas | 53
SEMI-EIXOS E JUNTAS
HOMOCINÉTICAS
ângulo de
semi-eixo de funcionamento até 40º
transmissão direita
junta homocinética
semi-eixo de
de concepção
ângulo de transmissão
especial
funcionamento até 20º esquerda
Semi-eixo
O semi-eixo, normalmente utilizado nos veículos de tração traseira e com eixo rígido, tem a
finalidade de conduzir o movimento (torque) do diferencial às rodas. O semi–eixo também é
conhecido como semi-árvore. Nessa aula iremos tratar apenas das juntas homocinéticas, que
estão localizada nas extremidades deste semi-eixos.
Junta homocinética
Os semi-eixos homocinéticos são peças que transmitem força do motor às rodas, servindo
para manter uma rotação entre eles, com a máxima liberdade possível de movimentação.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 54
Juntas homocinéticas são apenas dois eixos ligados entre si por uma articulação que permite
que ambos girem juntos e com a mesma velocidade, não importa o ângulo que formem
um com o outro (figura 47). As antigas cruzetas, substituídas pelas juntas homocinéticas em
determinadas situações, tinham a mesma função, porém os ângulos de suas articulações eram
muitos limitados, o que causavam incômodas vibrações.
motor
diferencial
semi-eixo de semi-eixo
esquerda de direita
Junta externa
Basicamente, as juntas podem ser fixas ou deslizantes. As fixas normalmente estão ligadas ao cubo da
roda e as deslizantes estão juntas à transmissão do veículo. Os veículos com tração dianteira possuem
dois semi-eixos homocinéticos, um para cada roda motriz, cada um com duas juntas homocinéticas.
A junta homocinética fixa é instalada do lado da roda, e a deslizante do lado da transmissão. Apesar
de chamadas de fixas, essas homocinéticas se movem para cima e para baixo e de um lado para
outro. Seu movimento é angular com finalidade de compensar mudanças violentas de ângulos,
causadas pela direção e suspensão, através de uma tração suave, sem flutuações. São utilizadas
onde se exigem ângulos de trabalhos muito grandes, como veículos de tração dianteira. Transmitem
torque elevado e permitem até 47° de esterçamento com velocidade constante. (Fonte: Albarus)
Junta tripóide
tripóide auto
travamento
fixação de
borracha
botão
anel exterior de
pressão tulipa coifa
anel de
colar da coifa
espaçamento
eixo eixo
indutor induzido
tripóide
Junta interna
anel
abraçadeira
coifa
abraçadeira
esferas (6)
anel interior
anel exterior
homocinéticas
A lubrificação das juntas homocinéticas apresenta exigências estritas e cada tipo de junta requer
um lubrificante específico. Esse lubrificante deve resistir não apenas a temperaturas elevadas,
mas também aos esforços de pressão causados pela força centrífuga. O lubrificante deve,
então, penetrar entre os elementos da junta quando ela gira e se aquece.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 58
O uso das juntas homocinéticas não se apresenta como exclusividade dos veículos com tração
dianteira. Os automóveis com tração traseira cujo motor esteja instalado na parte traseira
do veículo, ou até os veículos equipados com uma suspensão traseira independente utilizam
juntas homocinéticas na traseira. Nesses casos, as juntas são menos solicitadas, uma vez que
o deslocamento das rodas é apenas vertical.
Para emitir um diagnóstico válido a respeito do estado de conservação das juntas homocinéticas,
impõe-se mais que um simples procedimento de inspeção visual. Não se diagnosticam
problemas de juntas homocinéticas em um elevador quando o veículo se encontra com suas
rodas suspensas. Além disso, é fundamental que aconteça um teste dirigindo o veiculo, pois
somente assim detectam-se os ruídos. Antes deste teste, é importante certificar-se de que a
suspensão, os suportes do grupo motor e a caixa, o sistema de escapamento e os rolamentos
das rodas não estejam causando ruídos anormais.
Pontos-chave
O semi-eixo normalmente utilizado nos veículos de tração traseira e com eixo rígido, tem
a finalidade de conduzir o movimento (torque) do diferencial às rodas.
Juntas homocinéticas são apenas dois eixos ligados entre si por uma articulação que
permite que ambos girem juntos e com a mesma velocidade.
O tipo de junta mais utilizadas como juntas externas são as juntas Rzeppa.
Uma lubrificação adequada impõe-se como condição essencial para um funcionamento que
permita longa vida util dos componentes de transmissão. Os lubrificantes para transmissão
agrupam-se em duas grandes categorias:
Função
redução do atrito e do desgaste: um filme de óleo deve sempre ser mantido entre os
dentes da engrenagem e dos mancais a fim de impedir um contato metal com metal; as
engrenagens hipóides são particularmente difíceis de lubrificar, uma vez que o movimento
de deslizamento da engrenagem fragmenta severamente o óleo e o submete a pressões
extremas;
resfriamento das peças de engrenagem: o óleo protege as peças contra o superaquecimento,
absorvendo o calor dos mancais e dos dentes da engrenagem para dissipá-lo em local
previsto, no próprio sistema de transmissão;
proteção contra a ferrugem e contra corrosão: o óleo para engrenagens é termicamente
estável para que não se degrade nem ataque o bronze; ele deve, além de tudo, proteger
as superfícies em aço contra a ferrugem.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 64
Aditivos
Sob uma temperatura elevada na caixa de marchas, o óleo torna-se mais fluido. Como a
espessura do filme lubrificante é diretamente relacionada com a viscosidade do óleo, se a
temperatura aumenta, as propriedades lubrificantes diminuem. O ideal seria que a viscosidade
continuasse estável em todas as temperaturas de funcionamento. Infelizmente, não é este o caso.
Um melhoramento é feito com a adição de um polímero que reduz o efeito da temperatura
sobre a viscosidade, deixando-o mais espesso quando as temperaturas aumentam. Os
polimetacrilatos e os poliolefinos são os aditivos que melhoram o índice de viscosidade dos
óleos para engrenagens.
Estes compostos contêm habitualmente fósforo, enxofre, cloro ou boro e reagem com o metal
em altas temperaturas, formando, então, filmes de metal e de sal que absorvem melhor a
pressão do que o metal sozinho e protegem as superfícies contra fortes pressões e desgaste. A
eficácia de um aditivo de pressão extrema (EP) depende de sua temperatura de reação. Como
as temperaturas variam, os aditivos EP são freqüentemente combinados com outros aditivos
para garantir uma maior proteção.
Inibidores de oxidação
O óleo oxidado envolve ácidos que podem corroer as superfícies metálicas. Alguns aditivos
EP mal formulados podem igualmente atacar o metal. Os inibidores de corrosão protegem
os metais ferrosos e os metais macios (liga e cobre), envolvendo as superfícies para impedir
que a umidade ou o oxigênio os ataquem, principalmente durante paradas prolongadas.
Os sulfonatos básicos e os aminos graxos são dois inibidores de ferrugem. Os inibidores
de corrosão, que protegem os metais macios, possuem pequenas quantidades de surfativos
bastante performantes. Graças a sua solubilidade limitada, esses elementos envolvem as
ligas de cobre ou de bronze e as protegem contra os efeitos nocivos dos ácidos e do enxofre
ativo. Os compostos heterocíclicos com hidrogênio ou enxofre destacam-se como inibidores
de corrosão eficazes.
Agentes anti-espumante
A passagem do óleo pelas engrenagens nas transmissões e nos diferenciais pode provocar a
formação de bolhas e consequentemente espuma. A presença de bolhas reduz enormemente
o poder lubrificante e o resfriamento do óleo. Esse problema se agrava com temperaturas
mais baixas e viscosidade mais alta. Os agentes antiespumante são compostos que reduzem
a tensão de superfície do óleo e dispersam as bolhas de ar. Os silicones e os poliacrilatos
impõem-se como bons agentes anti-espumante.
Modificadores de atrito
Classificação SAE
A classificação SAE estabelece uma tabela que designa o teor de viscosidade dos lubrificantes
para automóveis. A viscosidade é essencialmente uma medida da resistência que opõe um fluido
ao escoamento. Ela é inversamente proporcional à temperatura e diretamente proporcional à
pressão. A viscosidade é expressa de duas maneiras: a viscosidade cinemática e a viscosidade
dinâmica (figura 57). A mais utilizada é a viscosidade cinemática; ela corresponde à medida
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 66
do tempo necessário para que um volume definido de óleo escoe por um tubo. A unidade de
medida oficial da viscosidade cinemática no Sistema Internacional (SI) é o metro quadrado por
segundo (m²/s). Em razão da grandeza dessa medida, é mais utilizado o milímetro quadrado
por segundo (mm²/s). O centistoke (cSt), numericamente equivalente ao mm²/s, também é
aceitável; é a unidade mais utilizada pela indústria petroleira.
Quanto à viscosidade dinâmica, mede-se tal teor de acordo com a força tangencial necessária
para fazer escorregar uma lâmina de fluido em relação à outra paralela a essa. É utilizado um
viscosímetro rotativo para efetuar essa medida. A unidade utilizada para expressar o resultado é
o centipoise (cPo), que corresponde ao milipascal-segundo (mPa.s) do SI. A viscosidade absoluta
em cPo de um líquido, em qualquer temperatura, é equivalente à viscosidade cinemática em
cSt multiplicada por sua massa volumétrica em kg/l na mesma temperatura. As temperaturas
mais usuais para os ensaios de viscosidade cinemática são de 40°C a 100°C. Quanto às
viscosidades, em baixa temperatura, dos óleos para transmissões automáticas e manuais,
podem ser determinadas variando entre 0 e –40°C. Esta determinação geralmente se refere
à viscosidade dinâmica.
A viscosidade constitui uma característica útil para identificar ao mesmo tempo os óleos e seu
comportamento no uso. Um aumento da viscosidade indica normalmente uma oxidação do
óleo; contrariamente, uma diminuição de viscosidade é freqüentemente índice de diluição.
Geralmente, os óleos com baixa viscosidade possuem um comportamento melhor no frio que
os óleos com viscosidade elevada. Por outro lado, os óleos com viscosidade elevada tornam
as engrenagens mais silenciosas, protegem melhor contra o desgaste formando um filme mais
Óleos de Engrenagem | 67
resistente (para os óleos com baixa quantidade de aditivos EP) e apresentam uma tendência
menor para atravessar os anéis de vedação. Enfim, os óleos com viscosidade elevada ocasionam
uma perda de energia mecânica superior nas engrenagens e garantem um bom resfriamento,
o que tende a favorecer a oxidação.
As designações da American Petroleum Institute (API) para os tipos de serviço nos quais se
utilizam lubrificantes em caixas de marcha manuais e diferenciais submetem-se a condições nas
quais são utilizados esses componentes. A API definiu os tipos de serviços de maneira geral,
sem procurar classificar os lubrificantes de acordo com suas características e resultados de
ensaios; isto explica porque alguns lubrificantes convêm às condições de uso muito variadas e
podem ser recomendados para mais de um tipo de serviço. Alguns construtores podem exigir
ou proibir o uso de tal ou tal tipo de lubrificante. Deve-se então começar sempre por consultar
as recomendações do fabricante.
As classes de serviço API variam de GL-1 a GL-6 e descrevem os óleos para engrenagens
de acordo com o seu tipo, com o rigor de aplicação (figura 58). Salvo no caso do GL-1, os
lubrificantes de cada classe possuem aditivos que melhoram seu rendimento. Esses aditivos são
produtos químicos que proporcionam ao veículo novas propriedades, adicionais ou diferentes.
O rendimento exigido por uma classe de serviço particular determina o tipo e a quantidade
de aditivos que entrarão na preparação do lubrificante.
Pontos-chave
FUNCIONAMENTO DA EMBREAGEM
Funções da embreagem
União progressiva
Para a obtenção de uma saída suave e a redução dos contatos entre as peças engrenadas,
a transferência do torque do motor para a caixa de marchas deve ser feita progressivamente.
Após o acoplamento, a embreagem deve transmitir, de forma integral, a totalidade do torque
motor para a caixa de marchas.
Com o veículo em movimento, a embreagem funcionará novamente, pois deve ser feito
o desacoplamento do motor da caixa de marchas durante as mudanças de marchas. O
desacoplamento elimina o esforço sobre as engrenagens e sobre as luvas corrediças. Com a
mudança efetuada, o mecanismo da embreagem harmoniza novamente a rotação do motor
com o do eixo primário da caixa de marchas. Esta harmonização é necessária porque durante
a mudança de marcha o motorista solta o acelerador; assim o regime do motor é reduzido
enquanto o do veículo continua constante.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 72
Localização da embreagem
A embreagem, habitualmente fixada ao volante do motor, está entre o motor e a caixa de marchas
na maioria das configurações (figura 59). É nesta posição que o torque é menos importante,
uma vez que ele ainda não foi multiplicado nem pela caixa de marchas nem pelo diferencial.
Os veículos com motor dianteiro e com caixa de marchas na traseira são exceções. Neste caso,
a tampa que envolve a embreagem é habitualmente integrada à caixa de marchas.
motor
volante
rolamento de
embreagem
virabrequim
garfo de
comando da disco de
embreagem embreagem (Platô)
mecanismo de
embreagem
caixa de marchas
No início, a embreagem transmite o torque por atrito entre a base do platô, o disco unido ao
virabrequim do motor, e o eixo primário da caixa de marchas. Este atrito produz um efeito de
frenagem sobre o motor (figura 60). A pressão entre a superfície do platô e disco é mantida
por potentes molas comandadas pelo pedal da embreagem.
virabrequim
cubo entalhado
alavanca
placa de
pressão
Indutor
Induzido
EMBREADO DESEMBREADO
o disco esta o disco esta
comprimido liberado
volante
disco de
embreagem
mecanismo de
rolamento de embreagem (Platô)
embreagem
caixa de
marchas
A base de pressão com formato circular é ligeiramente cônica. Essa conicidade garante o
contato com o disco apenas na área externa em temperaturas baixas. Com uso intenso, a
fricção e a temperatura na base aumenta, com isso, a base deforma-se tornando-se plana,
aumentado a área de contato e reduzindo a tendência de deslizamento. Essa deformação é
garantida devido a liga que compõe essa base. O platô de pressão “comprime” o disco de
embreagem contra a face externa do volante do motor; essa face, ao contrário da face do
platô, deve estar perfeitamente plana.
Além de fixar o mecanismo de embreagem ao volante motor com parafusos, a carcaça serve
como fixação para as alavancas de desembreagem. Essas alavancas transmitirão o movimento
do pedal da embreagem e comprimirão as molas do platô de pressão.
O volante do motor ou o centro do virabrequim dos veículos com tração traseira possui uma
bucha-guia encarregado de suportar uma extremidade do eixo primário da caixa de marchas.
Essa bucha é, às vezes, substituído por um rolamento de esferas ou de agulhas (figura 64).
Com a embreagem desaplicada, o regime do eixo primário e o do volante motor são idênticos;
a bucha serve apenas como guia. Por outro lado, durante a desembreagem, a bucha-guia serve
para suportar o eixo e reduzir a fricção, porque o volante gira e o eixo primário encontra-se
imóvel. Para a maioria das caixas, a bucha-guia é inútil, uma vez que as duas extremidades
do eixo primário são suportadas no interior da caixa de marchas.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 76
bucha guia
anel de
vedação
pivô do garfo
alojamento da eixo
embreagem primário
garfo de
comando
espaçador
O platô de pressão com molas helicoidais é
pouco utilizado em automóveis, pois exige figura 65 - Embreagem com molas helicoidais (GM)
um esforço maior da parte do motorista
para vencer a resistência e acionar o pedal
da embreagem. Esse tipo de embreagem é encontrado principalmente em veículos utilitários
ou em automóveis equipados com motores superpotentes.
Embreagem e seus Componentes | 77
Embreagens semicentrífugas com molas helicoidais
A construção deste tipo de embreagem é idêntica à das embreagens com molas helicoidais, salvo
a extremidade externa das alavancas de embreagem que termina com contrapesos (figura 66).
Quando o motor gira em baixa rotação, apenas a pressão das molas age sobre o platô de
pressão; essa mola comprime suficientemente o disco para impedir o deslizamento, limitando
o esforço necessário para afundar o pedal. A elevação de regime do motor aumenta o torque,
mas apenas a pressão das molas mostra-se insuficiente para evitar o deslizamento do disco.
suporte
contra
peso disco de
embreagem
platô de
pressão volante
Os automóveis atuais com caixa de marchas manual possuem, na sua maioria, embreagens
com mola tipo “beneville”, ou como é conhecido na reparação por mola-diafragma. Para
este tipo de embreagem, cabe a um disco de aço com formato cônico produzir toda a pressão
(figura 69). Esse disco chamado diafragma substitui todas as molas helicoidais e acumula
outras funções, como a das alavancas de embreagem e das articulações. A eliminação destes
elementos reduz a espessura e a massa do mecanismo de embreagem (figura 67).
O diafragma se insere entre a base de pressão e a carcaça; é fixado na carcaça por rebites
ou por dobramento das bordas interiores da tampa (figura 68).
tampa
diafragma
reforço
rebite
reforço
diafragma dobramento
da tampa
presilha
rebite
placa de
pressão
figura 67 - Elementos de uma embreagem com mola-diafragma figura 68 - Maneiras de unir o diafragma à tampa (Mazda)
(GM)
Embreagem e seus Componentes | 79
Em posição embreada, o diafragma empurra a
placa de pressão contra o disco de embreagem conicidade
com a sua borda externa. O disco é comprimido
entre o volante do motor e a placa de pressão diafragma
(a mola é côncavo em relação ao volante).
Nos veículos modernos foram inseridas embreagens com platôs auto-ajustáveis. Esse sistema é
composto de três placas com rampas dentadas e três molas. À medida que o disco desgasta, as
molas se expandem alterando as posições dos pontos de apoio nas rampas dentadas, mantendo
o curso do pedal e a pressão de mola sobre a placa de pressão e também no disco.
EMBREADO DESEMBREADO
tampa
rebite
volante
platô de
pressão
rolamento de
mola embreagem
disco de
embreagem
liberado
disco de
embreagem
comprimido
contra o volante
o esforço para manter o pedal completamente empurrado é inferior, já que a força máxima
só é necessária em meio-curso, quando o diafragma passa do formato côncavo para o
convexo (figura 71);
sua construção é mais simples, o que torna menos suscetível a danificar-se e funciona
praticamente sem manutenção;
permite a instalação de mecanismo de auto-ajuste.
Disco de embreagem
Função
eixo
Construção primário
ranhuras
O disco de embreagem pode ser rígido com
ou sem amortecimento de torção. Hoje em
dia, a maior parte dos automóveis possui
discos com amortecimento de torção. O
disco com amortecimento garante um bom
encaixe das guarnições e progressividade no
arranque; o amortecedor de torção reduz o
efeito das oscilações do torque. Os discos figura 72 - Posição do disco de embreagem (Mazda)
com amortecimentos são fabricados com pelo
menos três elementos: o cubo amortecedor, o
disco externo com lâminas amortecedoras e as guarnições. O cubo amortecedor ranhurado
desliza livremente sobre as ranhuras do eixo primário da caixa de marchas. Esse cubo
amortecedor é constituído por dois elementos móveis, um em relação ao outro: placa solidária
Embreagem e seus Componentes | 81
ao cubo e o disco de comando externo. A transmissão do torque e a absorção do impacto
de engreno efetuam-se por pares de molas de cargas diferentes: em alguns casos, duas
molas dentro do mesmo alojamento com cargas e diâmetros diferentes, (figura 73). A placa
solidária ao cubo comprime as molas, e quando o torque transmitido equilibra a compressão
das molas, essa placa aciona o disco de comando externo absorvendo tanto as vibrações do
motor quanto o impacto de engrenagem. Em caso de quebra das molas, os batentes limitam
o deslocamento entre a placa solidária ao cubo e o disco externo. As molas intervêm em
aceleração e em desaceleração; em caso de quebra haverá interrupção nos movimentos de
amortecimento. A parte externa do disco é fabricada em chapa fina de aço, normalmente
cortada em vários segmentos para impedir que não se deforme sob a ação do calor.
cubo
estado das molas de amortecedor cubo de
progressividade acionamento
externo
disco afastado
suporte solidário do
cubo entalhado
disco comprimido
guarnição
rebite do de fricção
batente mola
molas de amortecedora
progressividade
As duas faces do disco são guarnecidas com um material de fricção, mais freqüentemente
rebitado, às placas de progressão que compõe a suspensão axial do disco. Este material
deve resistir ao desgaste, ao desprendimento resultante da força centrífuga, e suportar
temperaturas muito elevadas. De acordo com a técnica da embreagem adotada pelo motorista
no deslocamento do veículo, a temperatura das guarnições, em razão do calor gerado pela
fricção, pode chegar a 250 °C, e a partir dessa temperatura pode entrar no processo de
decomposição. Para aumentar a resistência ao desgaste, as guarnições possuem, além disso,
partículas metálicas ou de fibra de vidro. Dependendo das aptidões do motorista, as guarnições
podem durar por toda vida util do veículo ou degradar em poucos minutos.
Volante
Mesmo que o volante não seja apresentado como um componente da embreagem, ele
desempenha uma função importante. Além de suportar a embreagem, o volante fornece uma
das superfícies de apoio para o disco de embreagem. O volante é habitualmente fabricado em
aço fundido cinza especial, e a superfície de apoio é moldada para apresentar uma rugosidade
média; assim, ajuda a evitar a ocorrência de trepidação sobre a embreagem ao oferecer um
coeficiente de atrito adequado.
a mudança de marchas.
FUNÇÃO
Sem intervenção externa, a embreagem de disco garante apenas uma ligação constante do
motor e da caixa de marchas. O comando da embreagem permite então ao motorista modificar
essa condição pressionando o pedal da embreagem. O deslocamento do pedal comprime
ou libera as molas do platô de pressão para o desacoplamento ou o acoplamento do motor
à caixa de marchas.
COMPOSIÇÃO
o rolamento de embreagem;
o dispositivo de comando.
Rolamento de embreagem
Função
Modelos
mecânica;
hidráulica.
Comando mecânico
Reservado aos veículos com tração traseira, o figura 78 - Comando de embreagem por hastes e por alavancas
(Chrysler)
comando por hastes e por alavancas já não
é mais usado em automóveis, principalmente
em razão de sua complexidade e vibrações
transmitidas.
cremalheira
O rolamento de embreagem deste tipo de dentada S
comando fica apoiado constantemente.
Essa pressão fraca (aproximadamente 40
N), é exercida pela mola do mecanismo de R
M
regulagem automática de folga. Os principais
elementos desse mecanismo são: uma P
cremalheira dentada, uma haste e um ressalto
dentado solidário ao pedal (figura 80). Alguns figura 80 - Mecanismo de regulagem automática da folga
fabricantes utilizam um cabo que incorpora o (Ford)
Em repouso, o pedal se apóia contra o batente unido ao chassi. Esta ação separa o pedal
do setor dentado; este, livre, e sob ação da mola, aciona a tensão inicial do cabo. Quando
o pedal (P) é pressionado, os entalhes do ressalto (R) engrenam-se com os entalhos do setor
(S) para puxar o cabo e desencadear a embreagem. Quando o pedal é solto, este repousa
sobre o batente, e os entalhos do ressalto separam-se dos entalhos da cremalheira.
Em uma próxima pressão sobre o pedal, os entalhos do ressalto entrarão em contato com os
do setor dentado; a regulagem se completará automaticamente.
Comando da Embreagem | 91
Comando hidráulico
reservatório
cilindro escavo
ou auxiliar cilindro-mestre
parafuso de
sangria
pedal de
desembreagem
Em veículos que possuem ajuste automático no platô, (que é o caso de reparo na embreagem
ou no sistema hidráulico), é necessária a abertura do elemento de sangria para o retorno do
rolamento e o esvaziamento do cilindro escravo.
Caso isso não ocorra, ao acionar o pedal da embreagem, haverá um sobre curso e o desarme
do sistema automático de ajuste, impossibilitando o funcionamento do sistema.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 92
cilindro-mestre
da embreagem
no sentido garfo de
do cilindro comando
receptor
batente
tubo-guia
eixo
primário
platô de
embreagem disco de
embreagem
A transmissão de energia ocorre por deslizamento quando toda pressão das molas é aplicada
para que a fricção entre os componentes da embreagem seja superior ao torque motor.
ENSAIO E DIAGNÓSTICO
patinagem;
desembreagem incompleta;
trepidação e engripamento;
ruídos anormais.
Patinagem da embreagem
A embreagem patina quando a aderência que garante a transmissão do torque não é suficiente.
O motor aumenta seu giro e o veículo não acelera e em alguns casos nem se desloca.
O deslizamento que é gerado entre a placa de pressão, o disco e o volante gera a fricção
que produz calor, e isso pode colaborar para danificar as peças.
O calor em excesso reduz a tensão das molas do platô, primeiramente deteriora a guarnição
do disco, danifica as superfícies de atrito do platô, e posteriormente danifica as superfícies
do volante.
mau hábito do motorista, que solta o pedal muito lentamente ou deixa o pé repousado
continuadamente sobre o pedal da embreagem;
uma distância de curso morto insuficiente;
hastes ou rolamento de embreagem emperradas em seu guia;
disco de embreagem desgastado ou com óleo;
platô de pressão defeituoso.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 98
Desembreagem incompleta
Trepidação da embreagem
Diagnóstico
Os problemas que acabaram de ser citados são os mais encontrados. Você encontrará,
eventualmente, outros problemas mais raros ou particulares em certas marcas de veículos.
Pontos-chave
A maior parte dos problemas de embreagem podem ser diagnosticados sem um teste
de rodagem.
Muitos problemas exigem a desmontagem da embreagem. Esse trabalho é longo, uma vez
que exige a retirada da caixa de marchas.
Para se deslocar, o veículo deve vencer diversas forças que tendem a frear seu movimento. O
conjunto dessas forças, nomeadas como torque resistente, provém dos seguintes elementos:
perfil do pavimento;
resistência do ar;
resistência aos atritos;
inércia do veículo.
Perfil do pavimento
Quando o veículo passa por um aclive, o motor deve fornecer um esforço suplementar para
manter uma velocidade constante. No inverso, em um declive, o esforço necessário para deslocar
o veículo é menor. A caixa de marchas permite o ajuste do torque motor em tais situações.
Resistência do ar
A resistência do ar é mais perceptível em altas velocidades, porque ela aumenta com o quadrado
da velocidade;.Por esse motivo, os construtores pesquisam formatos de carrocerias que ofereçam
melhor penetração no ar. Essa qualidade é expressa pelo coeficiente aerodinâmico, representado
pelo símbolo Cx. Quanto menor o coeficiente, menor é a resistência oferecida pelo ar. Para os
automóveis modernos, o coeficiente aerodinâmico é habitualmente inferior a 0,30.
Inércia do veículo
A inércia é definida como a propriedade da matéria que faz com que os corpos não possam alterar,
sem uma força externa, seu movimento ou sua ausência de movimento. Então, se um veículo
está imóvel, sua inércia, proporcional ao seu peso, exercerá resistência ao seu deslocamento.
Princípios Básico de Transmissão | 105
Concepção das engrenagens
sentido de rotação;
relação de marchas;
torque.
Sentido de rotação
Relação de velocidade
Após as constatações, torna-se fácil prever que a relação de transmissão se calcula dividindo-se
o número de dentes da engrenagem movida pelo número de dentes da engrenagem motora.
Relação de rotação = B x C
AxB
Relação de velocidade = C
A
Engrenagem A = 8 dentes
Engrenagem B = 16 dentes
Engrenagem C = 24 dentes
\ x 24 = 24 = 3:1
Relação de velocidade = 16
\
8 x 16 8
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 108
Modificação do torque
Refletindo sobre essa definição, é evidente que a modificação do torque pode ser efetuada
de duas maneiras;
1N
1m Cálculo do torque
2-1-0-1-2
1N
2m Cálculo do torque
2-1-0-1-2
1N
3m Cálculo do torque
2-1-0-1-2
2-1-0-1-2
T (N.m) = D(m) x F (N)
4 N.m
T (N.m) = 2 m x 2 N
T (N.m) = 4 N.m
4N
2m Cálculo do torque
2-1-0-1-2
T (N.m) = D(m) x F (N)
8 N.m
T (N.m) = 2 m x 4 N
T (N.m) = 8 N.m
6N
2m Cálculo do torque
2-1-0-1-2
T (N.m) = D(m) x F (N)
12 N.m
T (N.m) = 2 m x 6 N
T (N.m) = 12 N.m
Cálculo do torque
Como em todas as equações com uma incógnita, é fácil, por uma simples regra de três,
encontrar o valor de qualquer elemento desconhecido conhecendo-se os dois outros.
Exemplo:
Fórmula:
F= força aplicada
Desejamos conhecer o torque produzido por uma força de 3N aplicada sobre um braço de
alavanca com comprimento de 2 m. Aplicando-se diretamente a fórmula:
Comportamento do torque
Um torque de 10 N.m é produzido pelo eixo da engrenagem “A”. Se o raio desta engrenagem
é 0,5 m, calcule a força gerada pelo dente da engrenagem A (indutora).
T=FxD
T = 20 x 0,5
t = 20
O exemplo precedente mostra que o torque (esforço de torção) é transmitido entre dois eixos
por intermédio das engrenagens identificadas por “A” e “B”. Para passar de um eixo a outro, o
torque é primeiramente transformado em força de tração em nível dos dentes das engrenagens
e transformado novamente em torque no eixo da engrenagem “B”.
Multiplicação do torque
Após o exemplo precedente, é fácil perceber que o comprimento do raio das engrenagens
determina o efeito de um conjunto de engrenagens sobre o torque.
Exemplo:
L (m)
D D(m)
Um torque de 10 N.m é aplicado ao eixo
da engrenagem A com raio 0,5 m. Se a
engrenagem B possui um raio de 2 m, qual
seria o torque produzido sobre o eixo deste?
Engrenagem A
Engrenagem B
figura 95 - Multiplicação do torque por um conjunto de
engrenagens
A relação entre a redução de velocidade e o torque define-se assim: uma redução de velocidade
de uma engrenagem motora de um trem de engrenagens desencadeia um aumento do torque
em proporções inversas; uma diminuição de velocidade com proporção de 2 para 1 provoca
um aumento do torque nas proporções inversas, ou seja, 1 para 2. Isto permite afirmar que
a modificação do torque é inversamente proporcional à relação de velocidade.
Exemplo:
Sejam duas engrenagens com tamanhos diferentes, a engrenagem A (indutora) possui 8 dentes e
a engrenagem B (induzida), 16 dentes. A relação de velocidade deste conjunto de engrenagens
é de 2:1, a variação do torque é então inversa, ou seja, de 1 (motor) para 2 (rodas).
Se o torque motor for de 800 N.m, o torque nas rodas motrizes será duas vezes maior, ou
1.600 N.m. Em todo caso, o aumento do torque ocorre em razão da velocidade de rotação.
Se o motor girar a 2.000 rpm, as rodas girarão duas vezes mais devagar, ou 1.000 rpm.
Pontos-chave
O torque motor é multiplicado proporcionalmente pela diferença dos raios das duas
engrenagens engrenadas (E2 e R2). O ganho de torque permite ao veículo vencer a subida
facilmente, mas a perda de velocidade ocorre nas mesmas proporções.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 116
A caixa, já descrita, possui apenas duas marchas, uma rápida para a estrada e uma lenta para
as subidas. O termo “marcha”, que designa o número de relações de uma caixa moderna,
vem de um tempo anterior ao surgimento da característica das caixas com duas marchas dos
primeiros automóveis.
A primeira marcha impõe o torque mais intenso, que serve unicamente para o deslocamento
inicial do veículo, uma vez que permite apenas baixas velocidades. Geralmente, a terceira
marcha ou a quarta serve para velocidades elevadas, porque fornecem torques mínimos. Os
torques resistentes são menores em tais velocidades. A segunda marcha fornece um torque
intermediário compreendido entre dois valores extremos. Utiliza-se esta segunda marcha em
velocidades médias: retomadas, subidas médias ou ultrapassagens.
Funcionamento Elementar da Transmissão | 117
Este tipo de caixa de marchas, denominada de caixa de marchas com engrenagens deslizantes,
faz uso de engrenagens com dentes retos. Utilizada nos primeiros automóveis, este tipo de caixa
de marchas quase não é mais utilizado por causa de ruídos das engrenagens e da mudança
delicada das marchas.
Tipos de engrenagens
Em engrenagens que dispõem de dentes retos, os dentes são cortados em um ângulo reto
(90°) com relação aos lados, (figura 100). Apenas um dente é engrenado em cada engreno
das engrenagens; o esforço é transmitido apenas por uma pequena superfície por vez, o
que torna as engrenagens menos resistentes. Além disso, o engrenamento é acompanhado
por um ruído causado pelo impacto entre os dentes, que devem deslocar-se completamente
antes que algum contato seja estabelecido com o dente seguinte. Este tipo de dente tende
a desaparecer; seu uso é limitado às engrenagens deslizantes, habitualmente os de marcha
à ré ou primeira marcha.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 118
O tamanho dos dentes de uma engrenagem com dentes helicoidais segue-o traçado de uma linha
em forma de espiral que envolve o cilindro (figura 101). Os dentes inclinados, mais compridos,
da engrenagem com dentes helicoidais são mais resistentes e podem transmitir torques mais
firmes. E, ainda, o engreno é contínuo, uma vez que, quando um dente se engrena com o
seguinte da outra engrenagem, o dente seguinte e o dente precedente não estão completamente
desengrenados. A transmissão do esforço é, então, progressiva e tal esforço é suportado por
mais de um dente. O engreno contínuo elimina o impacto entre os dentes, o que permite que
esse tipo de engrenagem seja mais silenciosa que uma engrenagem com dentes retos.
inesperado da marcha.
A força axial é neutralizada ou por arruelas de encosto, ou por encostos de agulhas ou por
rolamentos de rolos cônicos inseridos entre a engrenagem e a parede da tampa da caixa
(figura 103). As arruelas de encosto são geralmente fabricadas com aço e recobertas com
uma liga antifricção.
Funcionamento Elementar da Transmissão | 119
A utilização de engrenagem cujos dentes possuam ângulos maiores exige a utilização de
rolamentos de agulhas ou de rolamentos de rolos. O esforço é absorvido perpendicularmente
aos rolos e a absorção é mais eficientemente executada.
figura 103 - Neutralização do esforço axial por uma arruela de encosto e por um rolamento cônico (Renault)
eixo motor
primário
eixo
secundário
diferencial
A caixa representada na figura 104 possui apenas dois eixos, exatamente como a caixa de
marchas elementar com engrenagens deslizantes estudadas precedentemente. O eixo unido
ao motor pela embreagem é conhecido por primário. O eixo secundário, engrenado ao eixo
primário, é unido às rodas motrizes por intermédio do diferencial.
Diferenças
as engrenagens com dentes retos são substituídas por engrenagens com dentes
helicoidais;
as engrenagens do eixo secundário são montadas livremente sobre o eixo;
as luvas deslizantes são utilizadas para ligar as engrenagens ao eixo secundário (figura 105).
luva deslizante
eixo primário
eixo
secundário
figura 105 - Disposição dos componentes de uma caixa de marchas sincronizada (Mazda)
A utilização de um eixo cardan acaba sendo inútil para este tipo de montagem, porque a caixa
do diferencial é incorporada à caixa de marchas. Este conjunto, chamado “caixa transversal”,
é utilizado em todos os veículos com tração dianteira.
Funcionamento Elementar da Transmissão | 121
Luva Deslizante
A figura 107 mostra que as duas luvas deslizantes estão centradas entre as engrenagens e que
não estabelecem nenhuma ligação; a caixa de marchas encontra-se no ponto morto (neutro). O
eixo primário gira as engrenagens loucas livremente sobre o eixo secundário imóvel; nenhuma
energia é transmitida para o diferencial.
Para transmitir a energia ao eixo secundário, deve-se ligar uma das engrenagens loucas ao
eixo secundário. As luvas deslizantes são os mecanismos encarregados de realizar tal tarefa.
P = EIXO PRIMARIO
B B
1-2 1-P = Engrenagem de primeira marcha,
3-4
Eixo primário
3-P 1-P 2-P = Engrenagem de segunda marcha,
Eixo primário
4-P 3-P = Engrenagem de terceira marcha,
2-P
P Eixo primário
4-P = Engrenagem de quarta marcha,
Eixo primário.
S = EIXO SECUNDARIO
1-S = Engrenagem de primeira marcha,
Eixo secundário
2-S = Engrenagem de segunda marcha,
S Eixo secundário
3-S = Engrenagem de terceira marcha,
Eixo secundário
4-S = Engrenagem de quarta marcha,
Eixo secundário.
4-S 3-S L
1-2 = Luva de primeira e segunda marcha
2-S
L = Luva de terceira e quarta marcha
3-4
1-S
Primeira marcha
A figura 108 mostra que, para colocar a primeira marcha, deve-se movimentar a luva deslizante
de primeira e de segunda marcha (L1-2) em direção à engrenagem de primeira. Os dentes da
luva deslizante engrenam-se nos dentes da engrenagem de primeira marcha (1-S). Esta ação
liga a engrenagem de primeira marcha ao eixo secundário, e o torque do motor passa do
eixo primário ao eixo secundário pelas engrenagens e pelo cubo do sincronizador de primeira
e de segunda marcha, multiplicando o máximo torque.
L P = EIXO PRIMARIO
1-2 1-P = Engrenagem de primeira marcha,
Eixo primário
2-P = Engrenagem de segunda marcha,
1-P Eixo primário
3-P = Engrenagem de terceira marcha,
P Eixo primário
4-P = Engrenagem de quarta marcha,
Eixo primário
S = EIXO SECUNDARIO
1-S = Engrenagem de primeira marcha,
Eixo secundário
2-S = Engrenagem de segunda marcha,
S Eixo secundário
3-S = Engrenagem de terceira marcha,
Eixo secundário
4-S = Engrenagem de quarta marcha,
Eixo secundário
L = Luva de primeira e
S 1-2 segunda marcha
L = Luva de terceira e
3-4 quarta marcha
1-S
L P = EIXO PRIMARIO
1-2 1-P = Engrenagem de primeira marcha,
Eixo primário
2-P 2-P = Engrenagem de segunda marcha,
Eixo primário
3-P = Engrenagem de terceira marcha,
P Eixo primário
4-P = Engrenagem de quarta marcha,
Eixo primário
S = EIXO SECUNDARIO
1-S = Engrenagem de primeira marcha,
Eixo secundário
2-S = Engrenagem de segunda marcha,
S Eixo secundário
3-S = Engrenagem de terceira marcha,
Eixo secundário
4-S = Engrenagem de quarta marcha,
Eixo secundário
2-S L = Luva de primeira e
S 1-2 segunda marcha
L = Luva de terceira e
3-4 quarta marcha
Terceira marcha
P = EIXO PRIMARIO
1-P = Engrenagem de primeira marcha,
L Eixo primário
3-4 2-P = Engrenagem de segunda marcha,
Eixo primário
2-P 3-P = Engrenagem de terceira marcha,
P Eixo primário
4-P = Engrenagem de quarta marcha,
Eixo primário
S = EIXO SECUNDARIO
1-S = Engrenagem de primeira marcha,
Eixo secundário
2-S = Engrenagem de segunda marcha,
S Eixo secundário
3-S = Engrenagem de terceira marcha,
Eixo secundário
4-S = Engrenagem de quarta marcha,
Eixo secundário
2-S L = Luva de primeira e
S 1-2 segunda marcha
L = Luva de terceira e
3-4 quarta marcha
P = EIXO PRIMARIO
1-P = Engrenagem de primeira marcha,
L Eixo primário
3-4 2-P = Engrenagem de segunda marcha,
Eixo primário
4-P 3-P = Engrenagem de terceira marcha,
P Eixo primário
4-P = Engrenagem de quarta marcha,
Eixo primário
S = EIXO SECUNDARIO
1-S = Engrenagem de primeira marcha,
Eixo secundário
2-S = Engrenagem de segunda marcha,
S Eixo secundário
3-S = Engrenagem de terceira marcha,
Eixo secundário
4-S = Engrenagem de quarta marcha,
Eixo secundário
4-S L = Luva de primeira e
S 1-2 segunda marcha
L = Luva de terceira e
3-4 quarta marcha
Quinta marcha
A seleção da quinta marcha ocorre da mesma forma que as marchas anteriores: a luva
deslizante da terceira e da quarta marcha é colocada na posição neutra (ponto morto) e a
luva deslizante, exclusiva da quinta marcha, é engrenada na engrenagem da quinta, ligando
essa ao eixo secundário por meio do cubo sincronizado.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 126
Marcha à ré
Para engatar à marcha a ré, deve-se posicionar as duas luvas deslizantes, ou três, dependendo do
número de marchas a frente, em posição neutro e deslocar lateralmente a engrenagem inversora
para que os dentes se engrenem com as outras duas engrenagem de marcha a ré. A presença
de engrenagem com dentes retos é justificada pela necessidade de deslizar a engrenagem
inversora. As engrenagens de marcha à ré de outros modelos podem ser encontrados dentes
com helicoidais e uma luva deslizante para o engate, e com dispositivo sincronizador.
C
A
P
A = Engrenagem de marcha a ré,
eixo primário
B = Engrenagem de marcha a ré,
eixo secundário
C = Engrenagem inversora da luva
S
B
As engrenagens são habitualmente fabricadas a partir de uma liga de aço de alta qualidade
e submetidas a um tratamento térmico.
Os dentes das engrenagens com dentes retos são moldados com um ângulo reto (90°)
com relação aos lados.
Um único dente da engrenagem com dentes retos entram em contato com cada dente
das engrenagens.
O contato das engrenagens com dentes retos é acompanhado de um ruído causado pelo
impacto entre os dentes, que afastam completamente antes que um contato seja feito
com o próximo dente.
O tamanho dos dentes de uma engrenagem com dentes helicoidais é feito de acordo com
um traçado em linha que envolve um cilindro.
Os dentes inclinados e maiores da engrenagem com dentes helicoidais são mais fortes e
podem transmitir torques maiores.
A força de indução exercida sobre os dentes de uma engrenagem com dentes helicoidais
decompõe-se em força radial e força axial.
A força radial induz a rotação da engrenagem, enquanto que as forças axiais, nocivas,
exercem um esforço lateral.
O deslocamento axial de uma engrenagem com dentes helicoidais deve ser praticamente
nulo limitado por anéis ou rolamentos de encosto.
A luva deslizante liga uma engrenagem louca ao eixo secundário por meio do cubo
sincronizador.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 128
Sincronização | 129
A velocidade do eixo primário e secundário sofre alterações no momento
da desembreagem, no entanto elas devem ser sincronizadas novamente,
essa é a função dos sincronizadores. Nesta aula vamos estudar os
sincronizadores e os seus componentes.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 130
Sincronização | 131
SINCRONIZAÇÃO
INTRODUÇÃO
Sincronizadores
Mesmo que os sincronizadores possuam a mesma função, podem ser encontrados vários
modelos no mercado. Esses modelos agrupam-se em duas categorias: os sincronizadores
“absolutos” e os sincronizadores “não absolutos”. Os da primeira categoria (tipo Borg-Warner)
dificultam a união das peças enquanto a sincronização não for completa; os da segunda
categoria toleram a união das peças antes da sincronização perfeita (tipo Porsche). A fricção
destaca-se como a base de funcionamento do conjunto dos sincronizadores. Neste guia, as
explicações se limitarão ao funcionamento dos sincronizadores do tipo “absoluto”, dos quais
os principais elementos são as engrenagens loucas, o cubo, a luva deslizante, as lamelas
(chavetas), as molas e os anéis-sincronizadores (figura 114).
cubo
Engrenagem louca
A engrenagem louca é montada livremente no eixo; possui um cone de fricção macho, assim
como dentes de união (figura 115). O cone de fricção é habitualmente cortado diretamente
no prolongamento da engrenagem louca e sua superfície moldada apresenta um aspecto
perfeitamente liso.
chaveta
engrenagem louca luva deslizante
anel síncronizador cubo mola das chavetas
mola das
chavetas
chaveta
Cubo
O cubo (figura 115), com formato de luva, comporta, sobre seu diâmetro interno, ranhuras
que se engrenam ao eixo secundário. Para evitar que deslize, ele é mantido lateralmente sobre
o eixo secundário por um anel trava reforçado. Ele possui ranhuras em torno da superfície
externa do cubo assim como três entalhes espaçados de 120° um do outro. A luva deslizante
resvala sobre as ranhuras e os entalhes recebem as chavetas.
Luva Deslizante
A luva deslizante (figura 115) possui ranhuras internas que lhe permitem deslizar sobre o cubo.
As extremidades das ranhuras internas, chanfradas, formam peças de união que se engrenam
aos dentes da engrenagem. Uma ranhura circular, presente na superfície externa, aloja um
garfo que comanda o deslocamento lateral. Assim, a luva deslizante liga uma engrenagem
louca ao eixo por intermédio do cubo.
Lamelas
Em número de três, as lamelas alojam-se nos entalhes do cubo. Elas possuem uma protuberância
central que se ajusta à ranhura central da luva deslizante em posição central.
Sincronização | 133
Molas de lamelas
As duas molas das lamelas, em formato circular, fabricadas em aço de formato redondo ou
retangular, localizam-se nas laterais vazias do cubo. Elas se engrenam nas lamelas e empurram-
nas contra o diâmetro interno da luva deslizante. Esta ação combinada, das lamelas com as
molas, garante um deslocamento axial suave sobre os anéis sincronizadores.
Anel sincronizador
Funcionamento do sincronizador
Mesmo que difícil para a maior parte dos motoristas, o engreno de marchas é feito em três
etapas distintas: pré-acoplamento, sincronização e acoplamento.
Pré-acoplamento
O deslocamento do garfo dirige a luva deslizante em direção a engrenagem louca; esta, por
sua vez, comanda as lamelas, que através dos entalhes comprimem o anel sincronizador e o
empurram contra o cone de fricção da engrenagem. Sob o efeito dessa pressão, as lamelas
(chavetas) (A) se apóiam em um lado do entalhe, assim, o anel é centralizado no cone da
engrenagem, onde inicia a sincronização, (figura 116).
chaveta
B P
A
anel síncronizador
Sincronização A
M
Ultrapassada a protuberância das lamelas, a
b
luva deslizante prossegue seu deslocamento; as
uniões internas encontram as uniões externas molas
do anel sincronizador. A luva deslizante tende
a comandar o anel por intermédio das faces figura 117 - A luva deslizante passa pela protuberância das lamelas
(Renault)
chanfradas da entrada das ranhuras.
Pontos-chave
O dispositivo de comando de uma caixa de marchas manual é composto por uma alavanca
seletora, um comando externo por alavanca ou por cabo e um comando interno constituído
por eixos e garfos.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 136
Configuração e Dispositivo de Comando da Caixa de Transmissão Manual | 137
Nesta aula você vai conhecer o funcionamento da caixa de marchas,
você vai entender o seu funcionamento e conhecer os seus componentes.
Além disso, vai estudar a melhor forma de diagnosticar os problemas que
podem ocorrer com esse componente.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 138
Configuração e Dispositivo de Comando da Caixa de Transmissão Manual | 139
CONFIGURAÇÃO E DISPOSITIVOS DE
COMANDO DA CAIXA DE
TRANSMISSÃO MANUAL
Para ambas as disposições, a caixa de marchas é praticamente a mesma, já que ela possui apenas
dois eixos, ou, eixo primário e eixo secundário, ela é semelhante àquela cujo funcionamento
já foi estudado. A diferença manifesta-se sobretudo na posição do diferencial.
motor
eixo
primário
eixo
secundário
diferencial
engrenagem com
dentes helicoidais
Quando a caixa de marchas localiza-se junto ao eixo de tração do veículo (figura 122), a
transmissão de energia deve passar por uma mudança de ângulo o que explica o uso de uma
coroa e um pinhão cônico, como em um diferencial clássico.
luvas deslizantes
eixo
eixo
secundário
primário
eixo
intermediário
eixo
primário
eixo
secundário
luvas
deslizantes
eixo
intermediário
figura 124 - Disposição dos elementos de uma caixa com três eixos (GM)
A utilização das três primeiras marchas depende do trem de engrenagens, no entanto para a
quarta e quinta marcha, a união é feita diretamente do eixo primário com o secundário, sem
a utilização do trem de engrenagens do eixo intermediário.
Semelhanças
As engrenagens com dentes helicoidais são montadas livremente sobre o eixo secundário e
chamadas de engrenagens loucas. Conjuntos sincronizadores são utilizados para acoplar
as engrenagens loucas ao eixo secundário. Este tipo de caixa é utilizado nos veículos com
tração traseira cujo motor é dianteiro.
Componentes
Alavanca seletora
Habitualmente adaptada à estética interna do veículo, a alavanca possui uma base que
apresenta o formato de uma junta de rótula, o que permite os deslocamentos laterais e
longitudinais (figura 125). Os deslocamentos laterais são utilizados para selecionar o eixo do
garfo desejado, e os deslocamentos longitudinais acionam o garfo de engrenagem solicitado.
O traçado seguido pela extremidade superior da alavanca forma o que é chamado de “H”
ou “grade de marchas”; seu aspecto depende antes de tudo da disposição dos elementos
internos da caixa.
Comando externo
alavanca ponto de
de troca de giro
marchas
ponto de
giro
cabo de troca
de marchas alavanca
haste de
comando
cabo
seletor
haste de
comando
Comando interno
em cada alojamento dos eixos, os garfos são comandados e mantidos nas posições determinadas
pela alavanca seletora,que é comandada pelo motorista, (figura 128).
Seu deslocamento deve corresponder precisamente a guia axial da luva deslizante. Além de
suportar e comandar o garfo, o eixo o imobiliza em ponto morto ou quando a luva deslizante
se acopla a uma engrenagem, ou quando em ponto morto a luva deslizante é posicionada
no centro do cubo pela saliência das lamelas (chavetas) do sincronizador.
haste de comando
eixo de seletor
garfo
O garfo seletor, também fixada à haste do garfo, comporta habitualmente uma abertura
em forma de U encarregada de receber a cabeça da alavanca de seleção (figura 129). Esta
alavanca interna seleciona o garfo seletor por um movimento lateral e seu deslocamento axial
desloca a luva deslizante. Em ponto morto, as aberturas em U são perfeitamente alinhadas,
a cabeça da alavanca de seleção pode deslocar-se lateralmente de um eixo seletor a outro
(figura 129).
Configuração e Dispositivo de Comando da Caixa de Transmissão Manual | 145
PONTO MORTO
hastes de comando
alavanca de
seleção-marcha
hastes de comando 1 e 2
DESLOCAMENTO DO GARFO
haste de comando 5 e
marcha a ré
haste de comando
3e4
Pontos-chave
O dispositivo de comando de uma caixa de marchas manual é composto por uma alavanca
seletora, um comando externo por alavanca ou por cabo e um comando interno constituído
por eixos e garfos.
Devemos ter certeza que os ruídos suspeitos vêm da caixa de marchas e devem-se
anotar as condições nas quais eles se manifestam (velocidade marcha, e condições de
funcionamento).
INTRODUÇÃO
O nome diferencial é o nome genérico dado ao eixo traseiro. Na realidade, o nome diferencial
é dado apenas ao conjunto responsável pela função de compensar a diferença de rotação
nas curvas entre as rodas, e faz parte do conjunto do eixo traseiro. O diferencial é também,
um conjunto que compõe as caixas de mudanças dos veículos com tração dianteira.
FUNÇÃO DO DIFERENCIAL
6m
Sem o diferencial, os eixos das rodas seriam 11,8 m
(20 pi)
(39 pi) 7,5 m
submetidos a grande torção durante as curvas. 9,4 m
(31 pi)
(24,6 pi)
O diferencial também compensa a diferença
de velocidade entre os dois eixos de roda,
caso o pneu de um dos lados do veículo não
185/75-14
conte exatamente com o mesmo diâmetro do
outro, em razão de desgaste ou de calibragem 25,5 po
diferente.
80,11po
6,69pi
Além de sua função principal, o conjunto
conhecido por diferencial assume também as
figura 130 - Distâncias percorridas pelas rodas internas e
seguintes tarefas secundárias: externas
A função “diferencial” pode ser assumida por um diferencial esférico ou por um diferencial de
conjunto planetário. O diferencial dito esférico é utilizado correntemente pelos automóveis; vocês
verão que o de conjunto planetário é usado principalmente nas caixas de transferência.
Localização do diferencial
Um diferencial-padrão desmontável possui figura 133 - Diferencial integrado à caixa de marchas (Ford)
uma carcaça unica, tornando o eixo traseiro.
Essa carcaça comporta todos os componentes do diferencial (figura 135). Encontramos esse
tipo de diferencial principalmente em camionetes e em utilitários, e é desmontado através da
frente do diferencial.
alojamento do
diferencial
placa de
retenção semi-árvore
rolamento à roletes
planetário cônicos
satélite
caixa do
diferencial
eixo de
satélites O`Ring
coroa pinhão
defletor
caixa de separador
satélites porca de flange
regulagem junta
capa do alojamento rolamento
de rolamento guia
tampa do
pinhão anel retentor
eixo dos
satélites dispositivo de
travamento em C
satélite caixa de
satélite
planetário
semi-alojamento de
rolamento
coroa alojamento do
diferencial
rolamento à
rolete cônico
pinhão
rolamento à flange
rolete cônico
separador
retentor
semi-árvore
Construção
As principais peças desses dois tipos de diferencial são praticamente idênticas; a diferença
restringe-se apenas às fixações da caixa e ao diâmetro interno do pinhão.
Pinhão
O flange é unido ao pinhão por ranhuras, e uma porca autotravante fixa o conjunto. O pinhão
transmite torque do motor e deve ser suportado por rolamentos robustos de rolos cônicos; sua
montagem na carcaça do diferencial é feita de acordo com os seguintes modelos:
Coroa
figura 138 - Montagem em falso apoio (Ford)
Engrenagem cônica
eixo do
pinhão
Normalmente o número de dentes de uma coroa não é múltiplo dos dentes do pinhão.
Dependendo dos pontos de contato entre os dentes, as engrenagens cônicas se classificam
em três tipos:
A superfície dos dentes da coroa não é simétrica e cada uma das partes recebe um nome
específico (figura 142). A extremidade maior do dente denomina-se espiga (heel) e a mais
estreita, ponta (toe). A face do dente em carga durante o avanço do veículo se chama face de
ataque; ela possui uma forma ligeiramente convexa. A face meio côncava solicitada em freio
motor ou em marcha ré se chama roda livre ou retração. Além disso, cada uma das faces se
divide em dois níveis de diâmetro primitivo: a parte inferior se chama coroa (fundo do dente)
e a parte superior cara (face). Enfim, existe uma folga necessária entre o pinhão e a coroa
quando tais elementos se encontram engrenados. Essa folga, denominado amplitude, permite
a dilatação e a lubrificação. A precisão dessa folga constitui um elemento importante para o
bom funcionamento do conjunto.
ponta
canto
face diâmetro
flanco primário
batente
figura 142 - Identificação das partes dos dentes da coroa (General Motors)
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 156
Caixa do diferencial
A caixa do diferencial, cuja forma lembra uma gaiola, é fabricada com aço maleável muito
resistente. A face de fixação da coroa e as cavidades dos alojamentos das planetárias, das
satélites, e do eixo dos satélites são usinadas. Cada uma das extremidades, usinadas com
precisão, recebe os rolamentos de rolos cônicos fixo à carcaça por mancais (figura 143). A
rotação da caixa na carcaça ocorre graças a esses rolamentos. A caixa de alguns diferenciais
se divide em duas partes (figura 144).
arruela de
encosto pinhão de
porca castelo rolamento caixa de ataque e
de regulagem satélite coroa
capa do
alojamento
do diferencial
porca
castelo de
regulagem
Planetárias
As planetárias são engrenagens cônicas com dentes também cônicos, com ranhuras internas,
e são instaladas no interior da caixa de satélites. As ranhuras internas mantêm as planetárias
constantemente engrenadas com as semi-árvores (ponta de eixo).
Funcionamento do Diferencial | 157
São inseridas entre a caixa de satélites e a planetária arruelas de encosto com canais
apropriados para a condução do óleo lubrificantes nas faces de apoio. Alguns fabricantes
disponibilizam essas arruelas de encosto com espessuras diferenciadas para o ajuste.
Satélites
As satélites também se apresentam sob a forma de engrenagens cônicas que são instaladas
sem buchas nem rolamento, em um eixo inserido transversalmente na caixa de satélites. A
ausência de buchas se justifica pelo fato dessas satélites permanecerem imóveis sobre seu eixo
quando o veículo circula em linha reta e rodarem lentamente apenas em curvas. Normalmente
em número de dois, as satélites se engrenam com as planetárias dos eixos das rodas. O eixo
para duas, satélites é fixo à caixa por um parafuso trava ou uma trava tipo meia lua. Em
veículos com maior capacidade de carga utilizam-se quatro satélites, o eixo é uma cruzeta, e
a caixa é divida ao meio para permitir a instalação.
O eixo das satélites consiste em uma haste cilíndrica curta, fabricada com aço temperado,
inserida na caixa do diferencial. Ele constitui um membro importante da cadeia cinemática,
uma vez que transmite a totalidade do torque.
flange de acoplamento
retentor
rolamento dianteiro
do pinhão
separador
pinhão de rolamento traseiro
ataque do pinhão
coroa arruela da
satélite
caixa de satélites satélite
alojamento do semi árvore de roda
diferencial
capa do alojamento
do rolamento rolamento
planetária travamento em
forma de C
eixo das tampa
satélites
O diferencial deste tipo de veículo é incorporado à caixa. Nesta posição ele é acionado
diretamente pelo pinhão, o que elimina a árvore de transmissão, essencial em veículos de
tração traseira. Quando o motor é instalado transversalmente, o acionamento da caixa do
diferencial se efetua por meio de um conjunto de engrenagens com dentes helicoidais (figura
144). Como não há necessidade de se mudar a direção da energia, não há necessidade de
engrenagem cônica.
transversal longitudinal
figura 144 - Disposição da engrenagem de redução de acordo com a posição do motor (Chrysler)
Funcionamento do diferencial
Em linha reta, o pinhão aciona a coroa parafusada à caixa de satélites (figura 145); o movimento
da caixa é transmitido ao eixo das satélites que comandam as duas planetárias. As duas planetárias
estão engrenadas por ranhuras com os dois eixos das rodas e com as rodas. O conjunto gira
em bloco à mesma velocidade da caixa do diferencial. Enquanto o veículo circula em linha reta,
as satélites giram com a caixa, mas permanecem imóveis sobre o seu eixo. O torque do motor
aplicado à coroa se distribui igualmente entre as duas rodas motrizes. O trajeto efetuado pela
energia também é chamado corrente cinemática do diferencial ou fluxo de força.
coroa pinhão
caixa de satélite eixo
satélite tração igual
figura 145 - Corrente cinemática com trajeto do veículo em linha reta (CECM)
Assim, a potência é transmitida a uma só roda, ou seja, aquela que se encontra sobre o gelo,
com um mínimo de torque. Notem que a velocidade real dessa roda corresponde ao dobro
daquela velocidade que o velocímetro registra. Se a velocidade da coroa representa 100% e
uma roda encontra-se imóvel (0%), a outra deve girar a 200%. Em tal situação, deve-se evitar
altos regimes do motor para preservar o eixo das satélites de um rápido desgaste. O fato de
transmitir potência à roda que oferece menos resistência às vezes apresenta inconvenientes. Para
minimizar essa situação, os fabricantes propõem diferentes tipos de diferencial antideslizante
e autoblocantes.
Pode ocorrer também que ao balancear as rodas instaladas nos seus respectivos lugares,
principalmente nos veículos com tração dianteira, poderá ocorrer o travamento das satélites
e planetárias por falta de lubrificação devido a grande diferença de rotação entre as rodas.
Funcionamento do Diferencial | 161
Pontos-chave
A expressão “carcaça rígida” designa o conjunto formado tanto pela carcaça traseira
quanto por todos os outros componentes envolvidos.
Uma “carcaça suspensa” é fixada ao chassi e ela não suporta as rodas; o comando se
realiza por um semi-eixo externo.
A maior parte dos pinhões cônicos dos veículos atuais são do tipo hipóide.
A linha de centro dos dentes do pinhão e os da coroa de um pinhão cônico hipóide não
se encontram; o engrenamento do pinhão se realiza sob o eixo horizontal da coroa.
O uso de um pinhão cônico hipóide permite abaixar o centro de gravidade do veículo sem
a necessidade de se colocar o eixo de transmissão em um túnel profundo.
A superfície dos dentes da coroa não é simétrica e cada uma das partes possui nome
especifico.
Não se deve balancear as rodas instaladas, principalmente, dos veículos com tração
dianteira, pois isso fará com que ocorra o travamento do diferencial.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 162
Embreagem de Discos Múltiplos e Visco-Acoplamento | 163
Em alguns sistemas de transmissão são necessários dispositivos de freios
ou de redução de velocidade para se conseguir o efeito de ancoragem de
determinados componentes girantes.
O pacote sempre começa e termina por um figura 147 - Discos de aço e discos de guarnição (GM)
disco de aço. As duas faces dos discos são
revestidos com celulose ou material fibroso. Entre esses dois discos existe o disco sinterizado
para serviço pesado. Os discos revestidos devem ser inspecionados verificando as condições
das faces de atrito e a espessura. Na montagem, a folga do pacote deve ser rigorosamente
observada, quanto mais próxima da tolerância mínima, maior é a vida do conjunto.
Uma série de discos, com dentes externos, são engrenados ao tambor; a outra série, com dentes
internos, é unida ao cubo, como mostra a figura148. As áreas de atritos são determinadas pela
potência e o torque do motor. Isso determina a quantidade de discos. Graças ao considerável
número de discos é possível obter uma superfície de fricção considerável conservando um
diâmetro reduzido.
tambor
pistão
cubo
mola de
retorno
discos de discos de
força aplicada
fricção com fricção com
sobre o pistão
dentes externos dentes internos
Este tipo de embreagem serve, às vezes, para imobilizar uma peça rotativa. O tambor
externo é então imobilizado e passa a exercer função importante em reduções ou mesmo na
desmultiplicação de velocidades.
Construção
Funcionamento
A ligação entre os discos, sem nenhum contato mecânico direto, se realiza pelas forças de
tração que são exercidas através do fluido viscoso presente entre dois discos em movimento,
um em relação ao outro (figura 150). As forças de tração geram um acoplamento parcial
entre os discos e também geram uma transferência de torque dos discos com maior rotação
para os discos mais lentos.
A perfuração e o corte nos discos facilitam a saída parcial do líquido entre eles ampliando
a força de tração. Quando a rotação do tambor for transferida ao cubo de saída, por meio
dos discos, a transmissão de rotação e torque é máxima. Essa condição é reversível quando
a necessidade de transmissão de torque é reduzida.
visco acoplamento
fluxo de força
tambor
(traseiro)
cubo
(dianteiro)
discos engrenados
com o cubo
Pontos-chave
As embreagens de discos múltiplos são constituídas por uma série de discos de aço lisos
montados alternadamente com os discos revestidos.
As duas faces dos discos revestidos são recobertas por uma guarnição de fricção em
celulose ou material fibroso.
Construção
caixa de
satélites arruela de
encosto
trava do eixo
de satélites
eixo de
satélites
pacote de discos
de fricção
mola de
pré-carga arruela
espassadora
planetéria
dentada satélite
A embreagem multidisco contém certo número de discos de aço temperado engrenados com
a caixa e um segundo grupo de discos ligados por ranhuras às engrenagens planetárias. Esses
discos possuem faces com ranhuras devidamente projetadas para suportar cargas altíssimas
(figura 152).
Funcionamento
arruela de encosto
dos satélites
embreagem
embreagem satélite
caixa de dispositivo tipo planetária
tipo planetária
satélites de retenção cônica
cônica mola
das molas caixa de satélite
Diferenciais autoblocantes
Se este for o eixo lento, por comandar a roda aderida ao solo, o torque derivado é adicionado
ao torque direto; se for o eixo rápido, por causa do deslizamento da roda, o visco-acoplamento
o freia, o que tende a acelerar o eixo oposto pela ação das satélites. O visco-acoplamento
dirigiu uma fração do torque da roda que patinava para a roda com maior aderencia.
Construção
bloco de
batente
planetária de cames
placa de cames
regulador
centrifugo mecanismos de
travamento
Função antideslizante
Sob uma carga leve, o conjunto dos discos de embreagem apresenta uma capacidade de
escorregamento limitada, imposta pela força de separação das engrenagens que é exercida
sobre o pacote da embreagem do lado direito. Durante uma curva, a ação das rodas comanda
os eixos de rodas e as planetárias do diferencial a fim de neutralizar a força que comprime os
discos de embreagem, e as semi-árvores das rodas giram, como com um diferencial comum.
Sistemas Blocantes | 175
Função autoblocante
árvore do regulador
centrifugo engrenado
com a placa de cames
placa de
cames
Quando o regulador está travado, ele pára de girar sobre seu eixo. Uma pequena embreagem
de fricção, no regulador, permite que o eixo gire sobre ele, mesmo se um contrapeso estiver
encaixado no suporte de travamento.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 176
figura 159 - O platô com ressalto abandona sua posição de figura 160 - Regulador travado e compressão dos discos (GM)
repouso (GM)
Esse deslocamento da planetária com ressaltos empurra o bloco de batente, que comprime o
pacote de embreagem da planetária da direita. A força das embreagens com autodesencaixe
se une à força de separação das planetárias para comprimir os discos sobre o diferencial e
para travá-los; as rodas motrizes giram então na mesma velocidade.
faces dianteira e
traseira da placa
disco limitador de cames
de torque planetária de cames
O suporte de travamento gira pela força centrífuga quando a velocidade de rotação da caixa
de diferencial corresponde a uma velocidade superior a 20km/h. A rotação distancia a borda
de contato do suporte de travamento tanto, que os contrapesos do regulador não conseguem
atingi-lo, o que impede o travamento.
Princípio
Construção
Em um diferencial Torsen, a extremidade de cada um dos eixos das rodas termina por uma
rosca sem-fim com passo idêntico (figura 163). As três satélites, montadas na caixa, repartem-
se por 120° e o seu eixo é perpendicular ao eixo das rodas motrizes. Uma satélite compõe-
se de duas rodas helicoidais e de quatro engrenagens retas. As rodas não se tocam, mas
engrenam-se com as roscas sem-fim dos eixos. As engrenagens retas engrenadas formam
duas engrenagens paralelas; elas estabelecem uma ligação entre as rodas e sincronizam sua
rotação. A entrada de energia é feita pela caixa.
satélite (embreagens
helicoidais e pinhões direitos)
rosca sem-fim
(árvore)
caixa de
satélites
Funcionamento
Enquanto a velocidade de rotação dos dois eixos das rodas for idêntica, a caixa e o conjunto
dos componentes giram todos na mesma velocidade. As satélites continuam imóveis em relação
ao seu próprio eixo. Assim que uma diferença de velocidade aparece entre os dois eixos das
rodas, as roscas sem-fim comandam a rotação dos elementos das satélites. O engrenamento
dos dentes helicoidais a 90° se realiza com um rendimento baixo e essa resistência força as
satélites a apoiarem-se contra o corpo da caixa. A resistência oferecida pelas satélites freia
o eixo de saída mais rapidamente e transmite ao eixo mais lento o torque correspondente ao
eixo oposto do mecanismo.
O princípio mecânico de base do funcionamento dos diferenciais do tipo Torsen tem como
elemento fundamental uma rosca sem-fim que comanda facilmente o deslocamento de
uma roda dentada, mas essa mesma roda dificilmente pode fazer girar a rosca.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 180
Caixa de Transferência | 181
O veículo possui um componente de transmissão suplementar: a caixa de
transferência. Nesta aula estudaremos a complexidade desse componente
que varia de acordo com a tarefa que ele assume, podendo estender-se
desde uma simples caixa manual com duas relações até um elemento
de um sistema integrado encarregado de garantir automaticamente a
aderência máxima da cada roda.
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Caixa de Transferência | 183
CAIXA DE TRANSFERÊNCIA
FUNÇÃO
Disposição geral
O diferencial traseiro de um veículo com transmissão integral pode ser normal, antideslizante
ou antiblocante; aquele montado na dianteira é habitualmente convencional para não
comprometer a direção em curvas. Em todo caso, alguns fabricantes montam na dianteira
um diferencial com visco-acoplamento ou com embreagem com discos múltiplos comandado
por um módulo eletrônico.
Além da posição neutra, a maior parte das caixas para transmissão integral temporária oferece
a opção de duas relações: engrenamento direto (1:1), para a condução em condições normais,
e uma relação de redução variando entre 1,5 e 3:1 para a condução fora de estrada.
Este tipo de caixa distribui o torque de acordo com uma relação constante de 50% para a
dianteira e para a traseira; o deslocamento com quatro rodas motrizes só pode ser utilizado em
terrenos escorregadios. Em curvas, em uma pista que ofereça uma boa aderência, a ligação
mecânica rígida entre os diferenciais dianteiro e traseiro dificulta o esterçamento das rodas
dianteiras, o que produz uma dirigibilidade perigosa. Além de perturbar o comportamento, a
condução com quatro rodas motrizes em pista seca produz torques intensos que podem provocar
quebras nas juntas e nos eixos. Em pistas com barro ou congeladas, as torções causadas
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pelas diferenças entre a distância percorrida pelas rodas dianteiras e traseiras são facilmente
anuladas pelo deslizamento dos pneus em razão de a pista encontrar-se escorregadia. Para
constatar as distâncias entre as rodas dianteiras e traseiras, é necessário observar os rastos
deixados pelo veículo que efetua a curva sobre solo macio e plano.
eixos de
flange do acoplamento
acionamento
do cardan traseira
árvore de bujão de
flange do acoplamento entrada abastecimento
do cardan dianteira
bujão de
esgotamento
figura 164 - Vistas dianteira e traseira de uma caixa de transferência com transmissão temporária (GM)
Caixa de Transferência | 185
Construção e funcionamento
A construção deste tipo de caixa é relativamente simples e lembra muito a de uma caixa
mecânica para duas velocidades. Possui três eixos: o primário, pelo qual entra o torque, o
secundário traseiro e o secundário dianteiro. A transferência de torque do eixo primário para
os eixos secundários dianteiro e traseiro é feita por um trem de engrenagens helicoidais (figura
165) ou por uma corrente silenciosa (figura 166).
engrenagem
da árvore engrenagem
dianteira da árvore
árvore traseira
secundária
dianteira
garfo
alojamento
acesso à tomada luva
de força deslizante
engrenagem de
desmultiplicação
dianteira
figura 165 - Elementos de uma caixa de transferência temporária com trem de engrenagens (GM)
O deslocamento das duas luvas deslizantes permite selecionar a engrenagem direta ou a redução,
assim como a passagem de 4 x 2 para 4 x 4. A maior parte dos veículos com transmissão integral
temporária possui cubos de roda livres que se engrenam manual ou automaticamente.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 186
Além de uma diferença em relação à transferência de torque, a técnica para se obter essas
duas relações reduzidas pode ser diferente. O engrenamento direto e a redução efetuam-se,
seja por um trem de engrenagens helicoidais (165), seja por um trem planetário (figura 166),
tipo Ranaux.
engrenagem engrenagem
árvore motora da seletora da reduzida
secundária árvore primária
dianteira porta satélites
engrenagem
solar
garfo seletor
de modo
coroa
figura 166 - Elementos de uma caixa de transferência temporária com corrente silenciosa (GM)
Para todas as posições do seletor, o eixo primário comanda diretamente a engrenagem central
do conjunto planetário. Quando a “relação” engrenagem direta e o “modo” duas rodas
motrizes são selecionados (2HI ou 4 x 2), um cubo deslizante trava a engrenagem planetária
ao eixo secundário traseiro. O torque atinge o eixo de propulsão comandando o diferencial
traseiro. Engrenando os dentes internos da caixa satélites sobre os da planetária, o conjunto
é bloqueado diretamente e obtém-se, assim, a relação 1:1. Em tal posição, a luva deslizante
seletora de “modo” encontra-se em posição central, a engrenagem de comando fica livre
sobre seu eixo e a corrente silenciosa não gira.
Um dos semi-eixos do eixo dianteiro dos veículos equipados com este tipo de caixa possui
freqüentemente uma luva deslizante com união que libera as duas rodas dianteiras, tornando-
as independentes. Em modo 4 x 2, o semi-eixo da roda direita é desengrenado, o que
impede as rodas de serem transformadas. Um único movimento interno vem das planetárias
que comandam livremente as satélites. Esta função reduz a resistência ao rolamento e evita o
desgaste inútil das peças. O comando da luva deslizante se realiza por um atuador pneumático
(vácuo) e um cabo, ou por um solenóide (figura 167). A manobra é, então, semi-automatizada:
o motorista só precisa pressionar um botão para mudar de um modo para outro.
parte extrema da
semi-árvore
mola de
parte interna da retorno
semi-árvore
luva
deslizante
satélites
planetárias
flange da semi-árvore
esquerda
figura 167 - Vista explodida de um eixo dianteiro com semi-eixo com acoplamento (GM)
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 188
Esta categoria de transmissão se aplica a uma ampla gama de veículos tanto com tração
traseira quanto com tração dianteira. Quando a versão transmissão integral deriva de um
veículo com tração traseira com transmissão integral temporária, as modificações são mínimas;
resumem-se à adição de um diferencial central na caixa de transferência.
O diferencial central deve também dispor de um sistema de bloqueio para prevenir que as
rodas que estejam sobre um pavimento escorregadio patinem enquanto as que possuam
boa aderência continuem imóveis. Esse bloqueio é feito habitualmente por meio de um
visco-acoplamento ou por uma embreagem de discos múltiplos. O visco-acoplamento reage
automaticamente às diferenças entre as velocidades dos eixos dianteiros e traseiros, enquanto
uma embreagem de discos múltiplos necessita de um comando externo para engrenar-se.
porta satélite
engrenagem engrenagem solidária da
solidário com a
planetária solidária árvore secundária traseira
árvore primária
da engrenagem
motora de corrente árvore
secundária
traseira
entrada do 50% do
torque torque
árvore
secundária
embreagem
dianteira
eletromagnética acoplada
50% do
corrente silenciosa
torque
figura 169 - Corrente cinemática de uma caixa para transmissão integral eletrônica com embreagem engrenada (Ford)
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árvore primária da
caixa de marchas
diferencial
central tipo flange da árvore de
Torsen transmissão traseira
pinhão do
diferencial dianteiro
Na prática, existe constantemente uma diferença mínima de rotação entre os dois diferenciais;
conseqüentemente, o visco-acoplamento detecta quase sempre uma diferença de velocidade e
transfere uma parte do torque motor para o segundo eixo. Este sistema encontra-se classificado
com um sistema entre a transmissão integral temporária e a transmissão integral permanente.
Em veículos com tração dianteira, alguns fabricantes inserem uma roda livre na entrada do
eixo traseiro. Desta forma, o acoplamento dos dois eixos em modo 4x4 é feito automaticamente
assim que a velocidade do eixo de transmissão excede à do pinhão do segundo diferencial.
Mesmo que tal disposição seja simples e relativamente de baixo custo, seu uso é limitado em
razão dos solavancos que provoca no engrenamento.
Pontos-chave
A maior parte das caixas de transmissão integral temporária oferece opções de escolha
entre as duas relações.
Uma caixa de transferência possui três eixos: o primário, pelo qual entra o torque, o
secundário traseiro e o secundário dianteiro.
Um dos semi-eixos do eixo dianteiro possui, às vezes, uma luva deslizante com união que
permite tornar as duas rodas dianteiras independentes.
A
ALAVANCA SELETORA: tipo de alavanca destinada a passar de um conjunto de engrenagens
na caixa de mudança para outro, por meio de um garfo seletor fixado na sua extremidade.
ALETAS: Nervura ou lâmina que envolve os pontos quentes dos radiadores e trocadores de
calor dos motores, transmissão, e outros componentes, para facilitar o arrefecimento.
ÁRVORE DE TRANSMISSÃO: Pode-se usar o termo “eixo cardan” – dispositivo que transmite
a rotação do motor, entre a saída do câmbio e a entrada do diferencial, em veículo com
tração traseira e motor dianteiro. Em geral é formado por um eixo tubular dotado de juntas
articuladas, posicionado em uma ou ambas as extremidades.
AUTOBLOCANTE: Tipo de diferencial concebido para evitar que no caso da perda de aderência
de uma das rodas motrizes, esta gire em falso enquanto a outra transmite ao solo uma força
motriz nula.
C
CAIXA DE CÂMBIO: Unidade destinada a permitir variações de velocidades, adequadas
a situação e ao torque do motor. Inclui vários conjuntos de engrenagens que servem para
multiplicar o torque por valores diversos correspondentes a reduções proporcionais na
velocidade do eixo de saída. Se o eixo de saída da caixa girar metade do número de rotação
do motor, o seu torque corresponderá ao dobro do motor.
CHAVETAS: Pequena saliência de metal que se encaixa em fendas abertas em dois componentes
de um conjunto mecânico para fixá-los entre si.
TRANSMISSÃO CONVENCIONAL | 194
D
DESLOCAMENTO AXIAL: Deslocar algo em sentido longitudinal, a linha do eixo.
DIFERENCIAL: Dispositivo composto de engrenagens cônicas que giram entre si para compensar
a diferença de rotação das rodas de um mesmo eixo de tração no momento da curva.
E
EIXO DE LIGAÇÃO: Peça em torno da qual viram as rodas de um veículo ou de uma
máquina.
ENERGIA CINÉTICA: Em física, a energia cinética é a quantidade de trabalho que teve que
ser realizado sobre um objeto para tirá-lo do repouso e colocá-lo a uma velocidade V.
I
IMPULSOR: Parte do conversor de torque que é acionada pelo motor.
J
JUNTA DESLIZANTE: Tipo de junta articulada representada por peça ligada à árvore de
transmissão do veículo que proporciona movimentos axiais, devido a compensação de
movimentos do diferencial traseiro.
L
LIAMES DE ACIONAMENTO: Componente mecânico utilizado em várias partes do veículo que,
dependendo do caso, pode trabalhar movido a tração ou a compressão. As hastes comandam
os balancins nos motores com o eixo do comando de válvulas no bloco, o cilindro mestre de
freio e a bomba do circuito hidráulico da embreagem.
LUVA DESLIZANTE: Dispositivo de forma anelar com dentes internos, responsável pelo
acoplamento das marchas quando elas são deslocadas em sentido axial pelo garfo seletor
M
MANCAIS: Dispositivo(s) sobre qual se apóia um eixo que gira, desliza ou oscila, e que lhe
permite movimento com o mínimo de atrito.
P
PINHÃO: A menor parte das engrenagens de um par de rodas dentadas.
PLATÔ: Dispositivo metálico pesado e liso com mola de pressão e alavancas que fixa o disco
da embreagem ao volante do motor para transmitir o torque do motor à caixa de marchas.
R
ROSCA SEM-FIM: Na caixa de direção: eixo com dois apoios e um canalete em forma de
rosca onde são montadas as esferas recirculantes.
S
SOLENÓIDE: Dispositivo muito utilizado nos sistemas de transmissão convencional e automática,
que explora o eletromagnetismo para acionar ou desacionar um atuador ou uma válvula.
T
TORQUE: É desenvolvido pelos motores de combustão interna em baixas rotações, e que
pode ser medido através de um dinamômetro; esforço de torção que é aplicado ao parafuso
ou porca, podendo ser medido por dispositivo chamado torquímetro.
TRAÇÃO: Refere-se à força necessária para fazer deslocar um veículo, vencendo assim o atrito
existente entre este e a superfície de rolamento.
VISCOSIDADE: Resistência que todo fluido real oferece ao movimento relativo de qualquer
de suas partes; atrito interno de um fluido.
VOLANTE DO MOTOR: Pesado disco metálico fixado em uma das extremidades do virabrequim.
Serve para restituir a inércia ao virabrequim, para que ele complete a rotação dos pistões. O
volante absorve energia cinética durante as fases úteis para devolvê-la nas fases passivas, e
suporta a embreagem nos sistemas de transmissão.
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Créditos | 199
créditos