Um dos eventos mais interessantes da semana passada foi a
realização do que é tecnicamente denominado Convenção dos Direitos da Mulher em Seneca Falls. Os discursos e resoluções desta reunião extraordinária foram quase totalmente conduzidos por mulheres, e embora elas evidentemente se sentissem em uma posição nova, é apenas uma simples justiça dizer que todo o processo foi caracterizado por habilidade e dignidade marcantes. Nenhum dos presentes, pensamos, por mais que esteja disposto a diferir das opiniões expostas pelas principais oradoras naquela ocasião, não lhes dará crédito por talentos brilhantes e disposições excelentes. Nesta reunião, como em outras assembleias deliberativas, houve frequentes diferenças de opinião e discussões animadas, mas em nenhum caso houve a menor ausência de bom sentimento e decoro. Vários documentos interessantes estabelecendo os direitos, bem como as queixas das mulheres, foram lidos. Entre eles, havia uma Declaração de Sentimentos, a ser considerada como a base de um grande movimento para alcançar os direitos civis, sociais, políticos e religiosos das mulheres. Não podemos fazer justiça às nossas próprias convicções, ou às excelentes pessoas ligadas a este movimento iniciante, se não oferecermos, neste contexto, algumas observações sobre o assunto geral pelo qual a Convenção se reuniu para considerar e os objetivos que elas procuram alcançar. Ao fazê-lo, não somos insensíveis quanto a que a simples menção deste assunto verdadeiramente importante em qualquer outra forma que não nas de ridicularização, desdenho e desprezo, provavelmente excite contra nós a fúria do fanatismo e a loucura do preconceito. Uma discussão sobre os direitos dos animais seria considerada com muito mais complacência por muitos dos que são chamados de sábios e bons de nossa terra, do que uma discussão sobre os direitos das mulheres. É, na opinião deles, um ser culpado de maus pensamentos, o que pensa que uma mulher tem direito a direitos iguais ao dos homens. Muitos que finalmente fizeram a descoberta de que os negros têm alguns direitos, assim como outros membros da família humana, ainda precisam ser convencidos de que as mulheres têm direito a qualquer um. Oito anos atrás, várias pessoas dessa descrição realmente abandonaram a causa antiescravista, já que, dando sua influência nessa direção, talvez estivessem dando expressão à perigosa heresia que a mulher, em respeito aos direitos, está em pé de igualdade com o homem. No julgamento de tais pessoas, o sistema escravista americano, com todos os seus horrores concomitantes, é para ser menos deplorado do que essa ideia perversa. Talvez seja desnecessário dizer que guardamos pouca simpatia por tais preconceitos. Permanecendo como estamos na torre de vigia da liberdade humana, não podemos ser dissuadidos de expressar nossa aprovação a qualquer movimento, por mais humilde que seja, para melhorar e elevar o caráter de qualquer membro da família humana. Embora seja impossível abordarmos esse assunto longamente, e descartarmos as várias objeções que muitas vezes são feitas contra uma doutrina como a da igualdade feminina, somos livres para dizer que, no que diz respeito aos direitos políticos, defendemos que a mulher tenha justamente direito a tudo que reivindicamos para o homem. Vamos mais longe, e expressamos a convicção de que todos os direitos políticos que são convenientes para o homem exercer são igualmente para as mulheres. Tudo o que distingue o homem como um ser inteligente e responsável é igualmente verdadeiro para a mulher, e se um governo justo é apenas o que governa pelo livre consentimento dos governados, não pode haver nenhuma razão no mundo para negar à mulher o exercício da franquia eletiva, ou uma participação na criação e administração das leis da terra. Nossa doutrina é que o direito não é do sexo. Por isso, oferecemos às mulheres envolvidas neste movimento nosso humilde “boa sorte e vão com Deus”.
*Editorial publicado no jornal North Star, de Frederick Douglass, em 28 de Julho de 1848
Algoritmo de Inteligência Artificial: de avanço tecnológico a ferramenta discriminatória e de restrição à efetivação do direito fundamental à liberdade de expressão
O marco regulatório do lobby no Brasil: uma análise comparada dos projetos de regulamentação no Congresso Nacional de 1984 a 2022 e o caminho para a intermediação democrática de interesses
O valor da liberdade de expressão: uma perspectiva econômica sobre a limitação do livre exercício da garantia fundamental da fala e pensamento e a censura judicial
As lutas das mulheres contra a discriminação e violência para a construção de uma nova identidade, empoderamento e suas influências nas composições familiares
Redesignação de sexo e a desnecessidade de judicialização para retificação do registro de nascimento: Eliminação de rituais de passagem na busca de implementação imediata de direitos fundamentais dos transexuais