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APARÊNCIAS NO MUNDO DE HOJE, O QUE FAZER? (sermão: Bogotá, domingo, 2 de novembro de 2014)

(Introdução)
Queridos filhos:
Queria falar-vos de um assunto que me parece muito importante devido a tantas coisas que estão a acontecer. Se não tivermos clareza
sobre estas coisas, elas serviriam para continuar a obscurecer-nos e a confundir-nos nesta realidade em que vivemos; e agravariam a
crise que estamos a atravessar. Estou a referir-me à s a p a r i ç õ e s , ou supostas aparições, mensagens, locuções, etc.
Estas coisas estão presentes mesmo entre nós, ditos "tradicionalistas". Por vezes, os nossos fiéis ficam dentro de todo esse mundo,
com o risco dos "enganos do demónio" que aí podem existir e com o risco de negligenciar a Fé.
Nestes assuntos, toda a primazia deve ser dada à Sagrada Escritura e às suas profecias ("profecias da Revelação Pública"), e podemos
dizer que "isso nos basta".

(Corpo 1: Palavras de S. João da Cruz)


Para que os ensinamentos fiquem bem registados, não vou falar: deixemos o lugar a um padre, "que é também" um santo, "que é
também" um Doutor da Igreja (pela excelência dos seus ensinamentos), "que é também" um místico (e portanto conhecedor ou
experiente nestas matérias). Estamos a falar de S. João da Cruz. O seu livro mais famoso, "Ascensão do Monte Carmelo", Livro II,
Capítulo 11. Vou ler-vos alguns extractos:
"(...) no que respeita à vista, [alguns] são muitas vezes representadas figuras e personagens do Além, de alguns santos, e
figuras de anjos, bons e maus, e algumas luzes e esplendores extraordinários. E com os ouvidos ouvem algumas palavras
extraordinárias, ou ditas pelas figuras que vêem, ou sem verem quem as diz (nota: trata-se de locuções, revelações ou escritos
que se recebem ou que "movem a mão" no papel). No olfato, às vezes sentem sensivelmente cheiros muito doces, sem
saberem de onde vêm. 2 . (...) *quanto às coisas acima mencionadas+ devem fugir totalmente delas, sem quererem
examinar se são boas ou más.
malignos. Porque, como são mais exteriores e corporais, tanto menos certos são de Deus.....
3. E assim, aquele que estima tais coisas erra muito, e corre grande perigo de ser enganado... pois todas essas coisas
corpóreas não têm, como dissemos, proporção alguma com as espirituais.
E então, tais coisas devem ser sempre consideradas mais certas como sendo do demónio do que de Deus?
4. (...) *Estas coisas são+ ocasionadas para gerar erro e presunção, e vaidade na alma... e [a alma] vai atrás disso,
... e quanto mais ele perde o caminho e o meio que é a Fé, mais ele ignora essas coisas.
5. E, além disso, como a alma vê acontecerem-lhe coisas tão extraordinárias, muitas vezes chega secretamente a1 uma certa
opinião de si mesma, de que já é alguma coisa perante Deus, o que é contra a humildade. E o demónio sabe também ingerir na
alma uma autossatisfação oculta e por vezes bem manifesta. E por isso muitas vezes põe esses objectos nos sentidos,
mostrando à vista figuras de santos, e esplendores belíssimos, e palavras aos ouvidos... e cheiros suavíssimos, e doçura na boca,
e deleite no tato, para que, seduzindo-os aí, os possa induzir a muitos males.
Portanto, tais representações e sentimentos DEVEM SER SEMPRE DESCARTADOS, porque, mesmo que alguns deles sejam de
Deus, isso não significa que Deus seja injustiçado ou que o efeito e o fruto que Deus quer dar à alma através deles não seja
recebido....
7. (...) Por isso, a alma nunca se deve atrever a querer admiti-las... ao querer admiti-las, abre a porta ao demónio para a
enganar em [coisas] semelhantes, que ele sabe disfarçar e disfarçar muito bem, para que se pareçam com coisas boas....
8. Por isso, cabe sempre à alma rejeitá-los DE OLHOS FECHADOS, sejam eles quem forem. Porque, se não o fizesse, daria tanto
lugar aos do demónio... de tal modo que os do demónio se multiplicariam e os de Deus cessariam, que tudo ficaria do demónio
e nada de Deus, como tem acontecido a muitas almas incautas e ignorantes....
12. (...) o demónio gosta muito quando uma alma quer admitir revelações e a vê inclinada a elas, porque então tem grande
ocasião e mão para ingerir erros e derrogar o mais que pode a Fé...".

(Corpo 2: Qual deve ser a atitude do católico perante as revelações "privadas")?


A Tradição (revelação oral) e a Sagrada Escritura (revelação escrita) constituem o "Depositum Fidei" (o Depósito da Fé), o conjunto de
ensinamentos e verdades dados por Deus. É também chamada "Revelação Pública". E foi encerrado e terminado com a morte do último
dos apóstolos: São João. Esta, a Fé, deve ser a vida do católico, "a coisa mais importante". Porque todo o Católico DEVE ESTAR SOBRE A
FÉ, SOBRE A FÉ CATÓLICA, que em geral é prejudicada se se está atrás de aparições, etc, etc, etc. Acabámos de o ouvir da boca de S. João
da Cruz.
As aparições, mensagens, etc., constituem as chamadas revelações "privadas". E nestas pode haver muitas falsas, e facilmente se pode
cair nos enganos do demónio. Aqui na Colômbia há muitas, "em todo o lado".

1 Dizia literalmente "ingerido".


Qual deve ser a atitude de um católico perante as revelações "privadas"?
Não se pode negar que Deus possa dar aparições verdadeiras: Deus pode dar essas coisas. Mas o católico tem de estar consciente de
que há tantas falsas, e de como elas se prestam ao engano e ao mal do demónio. O texto de S. João da Cruz é muito forte.
Assim: sem negar que estas coisas podem ser dadas por Deus, ser um pouco evasivo e reticente em relação às aparições, não se deixar
levar por elas (porque, em rigor, não precisamos delas).
Mais uma razão para seguir este conselho hoje, quando o demónio está "tão à solta", "enganando tanto". Mais razão ainda hoje,
quando a falta de luz e de claridade é tão grande ("nevoeiro tão espesso que quase se pode tocar-lhe com a mão").
Sabem o quanto eu insisti nestas coisas em anos anteriores. Um exemplo (do ano passado): No nosso bairro, a poucos quarteirões de
distância, as supostas aparições-revelações de Nossa Senhora. No folheto que publicaram havia "receitas": se tiveres problemas
digestivos, escreve num papel "Jesus" e come o papel (!). Outro caso: Ferver durante 10 minutos (?) uma medalha de Nossa Senhora e
depois beber a água (!). O mais triste e lamentável é que - ao que parece - até paroquianos foram lá. Este exemplo é mais grosseiro,
mas, no fundo, o problema é sempre o mesmo com as alegadas aparições, mesmo que sejam mais subtis ou refinadas.

(Corpo 3: Novas aparições, "AS CRUZES DO ROSÁRIO" por Mons. Fellay, o mensageiro)
Nestas semanas, muitos (ou vários) de vós tiveram conhecimento ou leram sobre as alegadas aparições de Nossa Senhora (penso que são do
ano 2000), sobre a sua mensagem, sobre as Cruzadas do Rosário de Mons. Fellay, o mensageiro, etc.
A primeira Cruzada do Rosário convocada por Mons. Fellay, em 2006, tinha como "primeira intenção" conseguir que Bento XVI libertasse a
Missa de sempre. Isso não foi conseguido e o que aconteceu foi pior.
Acreditamos que estas aparições são falsas, pelo menos por causa do que aconteceu com a Missa e o Motu Proprio de Bento XVI. E porque a
Virgem Maria (a verdadeira Virgem Maria) não poderia apoiar ou endossar tal coisa. Além disso, não podemos sustentar que Bento XVI tenha
cumprido a libertação da Missa Tridentina com o seu Motu Proprio.
Bento XVI, neste documento, estabelece como regra para a Igreja Católica ("rito ordinário") a "Missa moderna", uma "Missa" que nos seus
textos e ritos tem erros que prejudicam a Fé, uma "Missa" que corre o risco de invalidade, uma "Missa" protestante e protestante, uma "Missa"
que nega o Sacrifício da Cruz ou o esconde (e em vez disso é: "A Ceia do Senhor"). Bento XVI, com o seu Motu Proprio, dá ainda legitimidade à
"Missa moderna". Mons. Lefebvre usou uma expressão muito forte para se exprimir sobre isso, chamou-lhe "missa bastarda".
E o que é que aconteceu à "nossa" Missa? No mesmo documento, Bento XVI chama à verdadeira Missa, a Missa de sempre, "o rito
extraordinário". Assim, a regra torna-se o outro, e esta - a verdadeira Missa - é uma exceção, "o rito extraordinário".
"Padre, mas Bento, pelo menos, deixou livre a verdadeira Missa, liberalizou-a". Isto é falso:
Em primeiro lugar, porque Bento XVI, no documento, não afirmou a liberdade absoluta que qualquer sacerdote tem de a celebrar quando
quiser, tanto em público como em privado. Em segundo lugar, porque, nas paróquias, deixou-a à mercê das permissões e regulamentos dos
bispos (nas horas públicas da paróquia); perante isso, quase todos os bispos do mundo levantaram mil obstáculos e até perseguiram os padres
em causa (e nem sequer entremos na questão de que - além disso - a ordenação sacerdotal "moderna" tem um risco de invalidade, o que seria
"gastar pólvora em chimango").
É por isso que, voltando a estas aparições, às Cruzadas, etc., nós dizemos: "Isto não é uma aparição verdadeira, não é algo que venha do Céu,
a Virgem Maria não está lá: Se, nestas aparições, a suposta Virgem Maria apoiou este Motu Proprio, nós dizemos: isto não é uma verdadeira
aparição, não é algo que venha do Céu, a Virgem Maria não está lá.
Relativamente ao tema das aparições em geral: Podemos seguir as que foram aprovadas pela Igreja. Na aparição acima referida, fala-se
também da "consagração da Rússia": tal como foi apresentada (noutras ocasiões; pessoas diferentes), não é assim, ou não é tanto assim. Mas
não vou entrar neste assunto hoje.

(Conclusão)
Todo este mundo de mensagens, locuções, aparições, pode levar a erros, males, coisas graves. Enfraquecem a nossa Fé - como diz S. João da
Cruz.
A vida do católico deve ser a Fé e as obras dessa Fé, ou seja, a Caridade. O Depósito da Fé, a nossa Santa Religião, deve ser suficiente para nós,
para cada católico!
E se em tempos "normais" (digamos, sem clarificar muito: como os de S. João da Cruz) era preciso ser cauteloso e manter uma certa distância
destas coisas: muito mais hoje, em tempos de crise como os que estamos a viver, onde tudo está tão misturado, onde tudo está tão
"baralhado", onde não há muita luz, e onde a pouca luz que há pode ser ofuscada por falsas aparições.
Terminamos o sermão com uma grande súplica a Deus e a Maria Santíssima, para que em tudo isto que estamos a sofrer, a crise da Igreja e a
crise interna da Fraternidade São Pio X, ELES PERMITAM QUE HAJA MAIS LUZ. Que novos factos ou "ditos" nos permitam ter mais luz, para
tantos bons padres, para tantos bons paroquianos, para boas almas.
AVE MARÍA PURÍSIMA.

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