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ESTADO DE GOIÁS

SECRETARIA DE ESTADO DA CASA CIVIL

Ofício Circular nº 37/2023 - CASA CIVIL

Goiânia, 31 de outubro de 2023.

Aos titulares dos órgãos e das entidades da administração do


Estado de Goiás

Assunto: Guias para o aprimoramento da redação oficial.

Senhores,

1 A Secretaria de Estado da Casa Civil – CASA CIVIL, em


seu site, além do Manual de Redação do Governo do Estado
de Goiás, coloca à disposição de todos os servidores da
administração pública estadual orientações linguístico-
gramaticais. Pretende-se colaborar com o aprimoramento da
escrita em todos os textos regularmente produzidos.
2 Ao lado do Guia para o Uso das Iniciais
Maiúsculas e das Minúsculas (SEI nº 51414169), atualizado e
ampliado, disponibiliza-se o Guia para o Uso da Vírgula (SEI
n º 51414041). Com este último material didático, tem-se a
expectativa de proporcionar aos redatores do serviço do Estado
maior conhecimento do emprego da vírgula. Sabe-se que o bom
uso desse sinal de pontuação muito auxilia a compreensão dos
conteúdos redigidos, inclusive por evitar desvios interpretativos.
3 Portanto, a CASA CIVIL solicita a contribuição dos
superiores hierárquicos para que os guias disponibilizados sejam
Ofício Circular 37 (51412505) SEI 202300013002104 / pg. 1
inicialmente do conhecimento de todos os servidores das
unidades administrativas básicas e complementares. Espera-se
também que eles tenham uso frequente na elucidação de
dúvidas que surgem na redação de ofícios, despachos, pareceres,
atos normativos e outros documentos. Isso significa comunicação
mais eficiente, que facilita a resolução de problemas, atribui
maior segurança aos atos administrativos escritos e colabora
para a boa imagem da gestão estadual.

Atenciosamente,

JORGE LUÍS PINCHEMEL


Secretário de Estado da Casa Civil
Documento assinado eletronicamente por JORGE LUIS PINCHEMEL,
Secretário (a) de Estado, em 06/11/2023, às 15:17, conforme art. 2º, § 2º,
III, "b", da Lei 17.039/2010 e art. 3ºB, I, do Decreto nº 8.808/2016.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


http://sei.go.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=1 informando o
código verificador 51412505 e o código CRC 8E37E7DE.

Referência:
SEI 51412505
Processo nº 202300013002104

Ofício Circular 37 (51412505) SEI 202300013002104 / pg. 2


GUIA PARA O USO DAS

´
maiusculas e
´
minusculas

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ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DE ESTADO DA CASA CIVIL

GUIA PARA O USO DAS MAIÚSCULAS E DAS MINÚSCULAS


Atualizado e ampliado

Palavras iniciais

Os casos explorados neste breve guia interessam diretamente às práticas de escrita


na administração do Estado de Goiás, tanto no campo dos atos normativos quanto dos atos de
correspondência. Algumas das prescrições ainda não tinham sido fixadas, mas doravante o
recomendável é seguir o que consta deste referencial.

Sabe-se que as letras maiúsculas são empregadas regularmente para abrir frases ou
nomes próprios, isto é, nomes individuais, aplicados a um único ser. Isso nos remete à noção de
singularização, particularização ou unicidade. Embora se tenha tal orientação básica para o
emprego das iniciais maiúsculas, a análise dos textos oficiais revela flexibilidade no uso das letras
capitais. Trata-se de um indicador da falta de uniformidade ou unanimidade em relação ao
emprego de várias iniciais maiúsculas, o que pode gerar insegurança na escrita.

Existem fatores institucionais e até pessoais que muito interferem na determinação


de abrir ou não um termo com caixa-alta. Contudo, apesar dos casos que podem ser vistos como
facultativos ou flexíveis, é indispensável haver o cuidado de manter a coerência gráfica. Deve-se
evitar, portanto, o uso aleatório das iniciais maiúsculas ou o uso oscilatório delas: ora a inicial
maiúscula ora a inicial minúscula em um mesmo termo recorrente.

Também se pode conceber que, se existe hoje forte trabalho para a simplificação
da linguagem no serviço público, em todas as esferas, inclusive como uma forma de concretização
do princípio constitucional da publicidade, as iniciais maiúsculas precisam ser usadas com
equilíbrio. O abuso no emprego delas contraria o propósito de deixar a comunicação menos
rebuscada ou poluída. Contudo, isso não significa que elas devem ser eliminadas
indiscriminadamente. A moderação pode ser um bom juízo para se evitar a perda da importância
desse realce gráfico.

Esclarecimento: os exemplos utilizados neste guia são fictícios e têm um propósito apenas didático.

PARTE I
Casos merecedores de atenção quanto ao uso das iniciais maiúsculas e
das minúsculas

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Guia - Uso das Iniciais Maiúsculas e das Minúsculas (51414169) SEI 202300013002104 / pg. 4
a) Os termos prefeitura, município, estado, câmara, assembleia legislativa, secretaria, ministério
e similares recebem devidamente a inicial maiúscula se estiverem especificados, isto é,
particularizados. Se forem usados em referência aberta, isto é, genérica, ou se estiverem
pluralizados, recebem inicial minúscula.

Exemplo 1:

A secretaria que não se manifestar até o encerramento deste exercício se subordinará tacitamente
ao plano do Governo do Estado de Goiás para conter gastos. A Secretaria de Estado da Economia
foi a primeira a produzir um parecer econômico-financeiro.

Exemplo 2:

Trata-se de uma linha de ação revisional que envolve a União, os estados, o Distrito Federal e os
municípios. O Município de Anápolis, no Estado de Goiás, já ratificou sua adesão.

Comentário: as iniciais maiúsculas em “União” (também poderia ser “República” ou “Federação”)


e “Distrito Federal” justificam-se pela unicidade do objeto a que cada termo se refere. Mas, como
são vários os estados e os municípios, isto é, trabalha-se com a generalidade, as iniciais desses
termos são minúsculas. Reforça-se que, em relação ao conjunto dos estados e do Distrito Federal,
aplica-se “Federação”. A inicial maiúscula é apropriada devido à singularidade, se for considerado
o Brasil. É exemplo: Essa medida já vem sendo adotada em várias unidades da Federação.

Exemplo 3:

Também se inicia um trabalho de simplificação linguística nas assembleias legislativas. A


Assembleia Legislativa de Goiás não ficará impassível.

Comentário: o termo “assembleias legislativas” recebeu as iniciais minúsculas porque está


pluralizado e empregado em sentido genérico. Já a frase seguinte faz referência específica ao
Parlamento goiano. Por essa razão, as iniciais são maiúsculas.

b) Quanto à palavra “lei”, há que se observar o que vem a seguir.


1. Usa-se a inicial maiúscula quando a lei estiver com o número serial e a data de identificação
ou o nome próprio aplicado a ela. São exemplos deste último caso: “Lei Geral de Proteção
de Dados Pessoais – LGPD”, “Lei Maria da Penha” e “Lei de Licitações e Contratos
Administrativos”.

Exemplo:

A Lei estadual nº 21.792, de 16 de fevereiro de 2023, introduziu significativas modificações na


organização administrativa do Poder Executivo, o que não tinha sido detalhado por outras leis.

Comentário: o termo “estadual”, ao lado de “Lei”, está adequadamente empregado com a inicial
minúscula, afinal não faz parte da identificação singular da norma. É só um modificador para indicar
procedência. No final do enunciado, aparece a palavra “leis” devidamente sem a inicial maiúscula,
já que há pluralidade e generalidade no seu uso.

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Guia - Uso das Iniciais Maiúsculas e das Minúsculas (51414169) SEI 202300013002104 / pg. 5
Observação: se a referência for a “lei complementar” e houver o número serial e a data de
identificação dessa lei, o termo “complementar” também será grafado com inicial maiúscula. É
exemplo: A Lei Complementar estadual nº 161, de 30 de dezembro de 2020, dispõe sobre o Regime
Próprio de Previdência Social do Estado de Goiás – RPPS/GO.

2. Usa-se, contudo, a inicial minúscula quando a palavra “lei” é empregada em sentido aberto,
ou seja, de forma genérica, ou a partir da segunda referência se estiver sem a identificação
com o número e o ano ou fora do nome próprio.

Exemplo:
A integralização e o aumento de fundos rotativos autorizados em lei serão executados em ação
específica.

Atenção! Na chamada autorreferência, ou seja, quando se faz referência ao próprio texto da lei,
usa-se a inicial maiúscula na palavra “lei”. Isso também se aplica a “lei complementar”, “decreto”
e outras modalidades normativas. Veja estes exemplos:
Exemplo 1:

Qualquer pessoa natural ou jurídica poderá pedir informações aos órgãos e às entidades
da administração estadual indicados no art. 2º desta Lei.
Exemplo 2:

Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

c) O que foi visto sobre a palavra “lei” aplica-se quase totalmente aos termos “decreto”, “projeto
de lei”, “proposta de emenda constitucional”, “autógrafo de lei”. Se estiverem acompanhados do
número serial e da data de identificação, serão grafados com as iniciais maiúsculas. Sem a
identificação que os particularize, serão empregadas iniciais minúsculas.

Exemplos:

Trata-se de proposta de emenda constitucional a ser encaminhada à Assembleia Legislativa do


Estado de Goiás, nos termos do art. 19, inciso II, da Constituição estadual.

A Procuradoria-Geral do Estado posicionou-se favoravelmente ao autógrafo de lei por ele estar


em sintonia com o ordenamento jurídico.

d) Procedimento semelhante ao que foi visto nas letras “b” e “c” aplica-se a “ofício”, “despacho”,
“parecer”, “nota técnica”, “exposição de motivos”, “portaria”, “instrução normativa”, “convênio”
e documentos oficiais semelhantes. Todos eles, se estiverem acompanhados do número serial, da
data de identificação e da sigla da unidade administrativa autoral, serão grafados com as iniciais
maiúsculas. Sem a identificação que os particularize, as iniciais minúsculas serão usadas.

Exemplos:

Portanto, acolho as razões contidas na nota técnica e no despacho referenciados.

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Trata-se do encaminhamento à Assembleia Legislativa do Estado de Goiás do Convênio ICMS 72,
de 30 de julho de 2020. Os pareceres técnico e jurídico foram favoráveis a esse convênio pelos
benefícios fiscais decorrentes dele.

Para esse fim, foram expedidos pela Procuradoria-Geral do Estado os Despachos nº


555/2019/GAB, nº 444/2019/GAB e nº 1.333/2019/GAB, que integram o processo com que se lida.

Atenção! Reforça-se que não serão utilizadas as iniciais maiúsculas sempre que um termo for
empregado imprecisamente, isto é, de forma aberta, genérica ou para simples retomada (coesão
referencial). Veja este exemplo:

O subcomitê terá estrutura de funcionamento definida em regimento interno a ser futuramente


aprovado.

Explicação: o simples uso referencial do termo “subcomitê” não justifica a inicial maiúscula. Ela
teria que figurar caso o nome próprio completo tivesse sido empregado: “Subcomitê Gestor
Estadual da REDESIM – SCGSIM/GO”. Essa noção também se aplica a “regimento interno”. Não se
faz referência a regimento já pronto e oficializado, ou seja, singularizado. Trata-se somente de
regimento interno apresentado genericamente e em expectativa. As iniciais maiúsculas seriam
apropriadas em:
Devem ser seguidas as orientações do Regimento Interno do SCGSIM/GO.

e) São usadas as iniciais maiúsculas para os três Poderes da República, mesmo quando a palavra
“poder” estiver implícita: Poder Executivo (o Executivo), Poder Legislativo (o Legislativo) e Poder
Judiciário (o Judiciário). O termo “poderes”, caso se refira ao Executivo, ao Legislativo e ao
Judiciário (ou a dois deles) também será escrito com a inicial maiúscula.

Exemplo:

Aplicam-se as disposições desta Lei aos órgãos integrantes da administração direta do Poder
Executivo e aos demais Poderes.
Observação 1: se for em referência ao Poder Judiciário, a palavra “Justiça” também será com a
inicial maiúscula.

Observação 2: mesmo a expressão “Poderes da República” recebe as iniciais maiúsculas.

Observação 3: na expressão “três Poderes”, o numeral não figura com a inicial maiúscula: só
“Poderes”.

f) Os adjetivos federal, estadual e municipal são grafados com as iniciais minúsculas quando não
integram nomes próprios, ou seja, quando têm uma função apenas caracterizadora. Assim, a rigor,
no termo “Constituição federal”, só a palavra “Constituição” deve ser escrita com a inicial
maiúscula, por designar a lei máxima do país ou de cada unidade da Federação. É indispensável
considerar que os nomes próprios são, respectivamente, Constituição da República Federativa do
Brasil e Constituição do Estado de Goiás. Extrai-se que o uso frequente do adjetivo também com a
inicial maiúscula deve-se mais a um hábito (ou tradição), não a uma orientação gramatical.

Comentário: essa orientação serve também para as leis em geral e os decretos quando ocorrer o
uso do adjetivo para indicar apenas a sua proveniência ou a sua abrangência.

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Exemplos:
A Lei estadual nº 20.491, de 25 de junho de 2019, introduziu significativas modificações na
organização administrativa do Poder Executivo.

O Decreto federal nº 10.420, de 7 de julho de 2020, altera o Decreto federal nº 9.191, de 1º de


novembro de 2017, que estabelece as normas e as diretrizes para elaboração, redação, alteração,
consolidação e encaminhamento de propostas de atos normativos ao Presidente da República
pelos ministros de Estado.

Observação: é certo que a inicial maiúscula será usada em “federal” se esse adjetivo integrar o
nome próprio, como ocorre com: Senado Federal, Distrito Federal, Polícia Federal e Caixa
Econômica Federal.

g) É prática, nos textos oficiais, a utilização da inicial maiúscula para ministros e secretários
quando são particularizados, ou seja, especificados pelas respectivas pastas, inclusive por haver a
indicação do cargo na estrutura administrativa.

Exemplo:

Este conselho será presidido pelo Secretário de Estado da Economia, mas espera-se que os demais
secretários da administração estadual contribuam com sugestões.

Atenção! não há razão para escrever com a inicial maiúscula termos utilizados para mera
referência, em caso de coesão por sinonímia (emprego de um sinônimo no lugar do termo próprio
ou específico). Assim, não se justifica gramaticalmente colocar “titular”, em substituição a
“secretário”, com a inicial maiúscula. Isso se aplica também a “pasta” ou “órgão”, em substituição
a “secretaria”. Veja este exemplo de uso apropriado:

A Secretaria de Estado da Educação ainda não definiu quando será o retorno dos alunos da rede
estadual de ensino às escolas. O titular da pasta (poderia ser “do órgão”) conversará detidamente
com seus assessores sobre o momento mais oportuno para essa volta.

h) Recomenda-se o emprego das iniciais minúsculas nos conceitos políticos de uso


corrente nas publicações do Governo do Estado de Goiás. São exemplos: poder público,
administração pública e governo (em sentido amplo ou genérico).

Exemplo:

Essa associação será a representante do poder público na reavaliação do serviço de transporte


intermunicipal.

Observação: na escrita oficial do Estado, já se consolidou o emprego da inicial maiúscula no termo


“Governo” acompanhado de “Estadual”, “do Estado” ou “de Goiás”, quando se faz referência
específica ao Executivo. Em “Governo Estadual”, as duas iniciais são maiúsculas. Esse emprego se
estende a “Governo Federal”. Recomenda-se também o uso da inicial maiúscula no termo
“Governador” quando se especifica o Chefe do Executivo estadual. Nesse caso, a palavra “Chefe”
também recebe a inicial maiúscula por se referir à autoridade máxima de um Poder.

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i) Os termos “plano”, “projeto”, “programa” e “política”, se integrarem a denominação específica
– nome próprio – de uma ação governamental, receberão as iniciais maiúsculas. Quando, porém,
forem empregados apenas para retomada, isto é, tiverem um caráter apenas remissivo, serão
usadas as iniciais minúsculas.

Exemplo:

Com a instituição do Programa MOVE Goiás na administração direta, autárquica e fundacional do


Poder Executivo estadual, busca-se maior dinamismo em todas as ações voltadas aos cidadãos.
Esse programa, portanto, contempla ações mais aceleradas para o desenvolvimento do Estado em
todas as áreas administrativas.

Considera-se que a Portaria nº 222, de 1º de novembro de 2022, da SEMAD, aprovou o Plano


Estadual de Resíduos Sólidos. Com esse plano, elimina-se uma lacuna administrativa em setor
indispensável ao bem-estar geral da população. Cobra-se agora a elaboração dos planos regionais.

Observação: orienta-se que, em caso de nova referência a plano, projeto, programa ou política
com nome específico, não haja o encurtamento da denominação ou a supressão de um termo dela.
Trata-se de uma locução substantiva que não deve ser desintegrada ou mutilada. Além de
linguisticamente a locução precisar estar sempre completa, um dos qualificadores da escrita nos
documentos oficiais é a uniformidade formal. Isso quer dizer que não devem ser aplicadas formas
diferentes para o mesmo referente. Caso a denominação da ação pública tenha uma sigla, depois
de ela ter sido devidamente anunciada, poderá ser usada para evitar a repetição demasiada da
designação na forma extensa.

PARTE II
Empregam-se as iniciais maiúsculas

a) Aplicam-se as iniciais maiúsculas aos termos “Parlamento”, “Casa Legislativa” e “Casa de Leis”.

b) Os tratamentos “senhor(a)” e “doutor(a)” terão as iniciais maiúsculas se acompanharem o


nome próprio ou o cargo, sobretudo no endereçamento das correspondências oficiais: Senhor (ou
Senhora) Secretário (ou Secretária) de Estado da Economia, Doutor José João Joaquim, Ministro
da Saúde.

Observação 1: na redação oficial, é recomendável usar sempre a forma extensa: Senhor ou


Senhora, Doutor ou Doutora.
Observação 2: no corpo do documento oficial, é visto hoje como formalismo (excesso de
preocupação com a forma) empregar “Senhor” ao lado do cargo ou do nome da autoridade,
mesmo que se trate do Governador. Bastaria: Os autos serão encaminhados ao Governador do
Estado para deliberação.

c) Serão usadas as iniciais maiúsculas nos nomes de comemorações cívicas, festas populares,
feriados, datas históricas e congêneres: Dia da Bandeira, Dia do Professor, Natal, Dia do Trabalho,
Semana Estadual do Apicultor e da Proteção às Abelhas.

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Observação 1: com o destaque aplicado pelas iniciais maiúsculas, os referidos nomes não têm que
figurar entre aspas. Orienta-se na escrita oficial contemporânea que só seja usada, em cada caso,
uma forma de destaque, para não haver a poluição textual e a perda real de ênfase.

Observação 2: no mesmo documento, se houver outra referência à mesma data comemorativa,


mas sem empregar a denominação própria, a inicial será minúscula, como neste exemplo
adaptado: Instituiu-se o Dia do Heavy Metal, a ser comemorado anualmente em 8 de junho. Esse
dia passa, então, a integrar o Calendário Cívico, Cultural e Turístico do Estado de Goiás.

d) O termo “Tesouro” será grafado com a inicial maiúscula em referência à administração das
rendas da União, de unidade da Federação ou de município.

Observação: consolidou-se em Goiás como nome próprio o termo “Tesouro Estadual”, portanto
cada uma das palavras recebe inicial maiúscula (“Tesouro” e “Estadual”).

e) O termo “Fazenda Pública Estadual” figura institucionalmente como nome próprio, portanto
cada vocábulo integrante dele recebe a inicial maiúscula. Recomenda-se usar sempre a forma
regulamentar com os três vocábulos.

f) Regularmente, “Fisco” também é escrito com a inicial maiúscula.

g) Escrevem-se com as iniciais maiúsculas os nomes dos quadros e dos cargos funcionais efetivos,
comissionados e temporários. São exemplos: Quadro Permanente de Pessoal, Quadro Temporário,
Fiscal Estadual Agropecuário, Assessor A9, Assistente de Gestão Administrativa, Agente
Administrativo Educacional Técnico, Agente de Polícia da Classe Especial.

h) Emprega-se a inicial maiúscula também na denominação da área de atuação de ministérios,


secretarias e similares, precedidos formalmente ou não do restante da designação específica. É
exemplo: A pasta da Saúde até o momento não se manifestou sobre essa proposta parlamentar.

Observação: devido ao uso já consolidado na escrita da administração estadual, a palavra


“economia” para designar a Secretaria de Estado da Economia, na forma de referência reduzida, é
grafada totalmente em caixa-alta: “ECONOMIA”. Isso também se aplica a “CASA CIVIL” para a
Secretaria de Estado da Casa Civil e “CASA MILITAR” para a Secretaria de Estado da Casa Militar.
Assim, nesses casos, não há sigla, apenas a forma reduzida.

i) Recomenda-se, devido à designação única em cada caso, grafar com as iniciais maiúsculas os
níveis de ensino da educação formal: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e
Ensino Superior. Isso também se aplica ao termo “Educação Básica”. É exemplo: O programa
premia os alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio que se destacam com as melhores
notas nos exames regionais.

j) Também se recomenda grafar com as iniciais maiúsculas as denominações de cursos superiores,


domínios do saber e disciplinas (da área educacional) como: Direito, Química, Engenharia Civil,

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História, Tecnologia da Informação. É exemplo: Será avaliado o desempenho dos alunos em Língua
Portuguesa e Matemática, já que se pretende verificar se eles produzem e interpretam bem textos
e se dominam as operações numéricas básicas.

k) Indica-se ainda empregar a inicial maiúscula na palavra “Plenário”, mesmo que ela esteja no
plural. É exemplo: Essas matérias serão votadas no Plenário do Conselho Regulador da AGR.

l) Em referência a corpos celestes, isto é, se a focalização for astronômica, será usada a inicial
maiúscula em “Terra”, “Sol” e “Lua”. Nesse caso, são classificados como substantivos próprios. É
exemplo: As escolas estaduais, com esse projeto, darão maior destaque ao estudo do Sol, que é o
centro do sistema planetário de que a Terra faz parte.

PARTE III
Empregam-se as iniciais minúsculas

a) São usadas as iniciais minúsculas nos nomes dos meses (a menos que o nome do mês inicie uma
frase ou um título);

b) As iniciais minúsculas também devem figurar em “rede pública estadual de ensino” (com ou
sem o termo “pública” ou “estadual”), “rede pública estadual de saúde” (com ou sem o termo
“pública” ou “estadual”) e “magistério público estadual”.

c) Aplicam-se as iniciais minúsculas a termos que designam as partes em um processo: apelante,


recorrente, requerente, requerido, reclamante, reclamado, impetrante, impetrado, interessado.

d) A inicial minúscula é empregada na palavra “tribunal” se ela for usada genericamente.

e) A palavra “unidade”, a não ser que integre um nome próprio, é escrita com a inicial minúscula.
Caso esteja acompanhada de “setorial”, ambas as palavras serão iniciadas com as letras
minúsculas.

Observação: não se recomenda o emprego de “Setorial” para substituir (caso de coesão anafórica,
isto é, por retomada) Procuradoria Setorial, que é uma locução substantiva escrita com as iniciais
maiúsculas. Nesse caso, não é apropriado empregar apenas parte da locução inicial, ou seja,
desintegrá-la aleatoriamente, com a aplicação do aspecto de substantivo a um termo
originalmente adjetivo. Essa desintegração injustificável também não deve ocorrer com as demais
locuções [Locução é a união de duas ou mais palavras que funcionam conceitualmente como uma].

f) O termo “instituições de ensino superior”, com ou sem a sigla IES, é grafado com as iniciais
minúsculas.

g) As iniciais também são minúsculas nos termos “organização social” (ou organizações sociais),
com ou sem a sigla OS (ou OSs), e organização social de saúde (ou organizações sociais de saúde),
com ou sem a sigla OSS (ou OSSs).

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h) Escreve-se com as iniciais minúsculas “organização não governamental” (ou organizações não
governamentais), com ou sem a sigla ONG (ou ONGs).

i) O termo “patrimônio imaterial cultural goiano” também é redigido com as iniciais minúsculas.

j) Será usada a inicial minúscula depois dos dois-pontos que não antecedam citação ou nome
próprio. É exemplo: São atribuições dessa autoridade: expedir correspondências e cobrar
respostas em tempo hábil.

k) Os termos “graduação”, “pós-graduação”, “especialização”, “mestrado” e “doutorado”, mesmo


acompanhados das especificações, não são escritos com as iniciais maiúsculas.

Exemplo: O assessor tem graduação em Direito e pós-graduação em Direito


Público.

l) Com relação a conselhos da administração pública estadual, com exceção do “Presidente”, os


cargos são grafados com as iniciais minúsculas. Isso se aplica inclusive ao termo “conselheiro(s)”.

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Fontes de direcionamento:
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

LUFT, Celso Pedro. Grande manual de ortografia Globo. 2ª ed. São Paulo: Globo, 2002.

Manual de Comunicação da Secom. Redação e estilo. Senado Federal. Disponível em:


https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/redacao-e-estilo/estilo/maiuscula. Acesso em: 5 nov. 2020.

Manual de Padronização de Textos do STJ, Superior Tribunal de Justiça, 2ª ed. Brasília: STJ, 2016.

Manual de Redação da Presidência da República, 3ª ed. revista, atualizada e ampliada, Brasília: Presidência da
República, 2018.

Manual do Editorial, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. Disponível em:


https://www.ipea.gov.br/sites/manualeditorial. Acesso em: 10 nov. 2020.

PEREIRA DA SILVA, José. O uso de letras maiúsculas e/ou minúsculas. XIX Congresso Nacional de Linguística e Filologia.
Rio de Janeiro. 2015. Disponível em: http://filologia.org.br/xix_cnlf/principal.htm. Acesso em: 12 set. 2023.

Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, 5ª ed. São Paulo: Editora Global, 2009.

Autoria:
Prof. Wellington Lemes Coêlho (Graduado em Letras e Mestre em Estudos Linguísticos e
Literários pela Universidade Federal de Goiás) –
servidor da Gerência de Redação e Revisão de Atos Normativos, da
Superintendência de Legislação, Atos Oficiais e Assuntos Técnicos, da
Secretaria de Estado da Casa Civil
Responsáveis pela validação do material:
Emília Munhoz Gaiva – Superintendente de Legislação, Atos Oficiais e Assuntos
Técnicos; e
Thiago Junqueira Rodrigues – Gerente de Redação e Revisão de Atos Normativos

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USO DA
´
VIRGULA

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ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DE ESTADO DA CASA CIVIL

Palavras iniciais
Com este guia para auxiliar o redator a empregar a vírgula, não se tem a preten-
são de fechar as possibilidades de exploração desse item de pontuação. São evidenciados os
casos que podem ter maior reflexo na redação oficial. A expectativa é que os esclarecimentos
feitos proporcionem maior segurança para os redatores virgularem.
Faz-se a advertência de que, dentro do propósito vigente de simplificação da
linguagem na administração pública, a vírgula deve ser usada com bastante equilíbrio. Isso pre-
cisa estar casado com o senso de utilidade, ou seja, deve-se verificar se o sinal de pontuação
em uso é efetivamente necessário. A multiplicação de vírgulas num enunciado, em vez de facili-
tar a apreensão dos sentidos, pode trazer alguma desorientação ao leitor. Assim, as chamadas
vírgulas enfáticas ou estilísticas devem ser evitadas. Tem-se também que, como a linguagem
simples recomenda o uso de períodos sintáticos mais curtos, dificilmente haverá neles um nú-
mero maior de vírgulas.

Esclarecimento: os exemplos utilizados neste guia são fictícios e têm um propósito apenas didático.

PARTE I
O uso da vírgula em relação aos termos da oração

a) A vírgula é empregada (as vírgulas são empregadas) para separar os constituintes de referên-
cia a dispositivo normativo quando a linha de apresentação não é ascendente, isto é, parte-se,
por exemplo, do artigo para a alínea.

Exemplo 1:

A alteração normativa proposta está de acordo com o art. 7º, § 2º, inciso III, da Lei nº 9.022, de
1º de julho de 2021.

Exemplo 2:

O Governador deve decidir conforme as atribuições que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV,
alínea “a”, da Constituição do Estado de Goiás.

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Observação: caso fosse empregada a linha ascendente (isto é: do componente menor para o
maior), as vírgulas não deveriam ser aplicadas, como se verifica no Exemplo 3.

Exemplo 3:

O fundamento de validade é a alínea “a” do inciso IV do art. 84 da Constituição do Estado de


Goiás.

b) Vírgulas são usadas para isolar as datas das normas (leis e decretos) a que se faz referência.
Exemplo 1:

Trata-se do projeto de lei para alterar a Lei nº 20.491, de 25 de junho de 2019, que estabelece a
organização administrativa do Poder Executivo.

Comentário: a vírgula depois de “2019” acumula dupla função: além de isolar a data plena da lei,
introduz uma oração adjetiva de valor explicativo.

Observação: na primeira referência à norma, a data deve ser plena (dia, mês e ano) e figurar,
como se indicou, entre vírgulas. Se não for a primeira referência, será colocada a forma reduzida
(apenas o ano, antecedido da preposição “de”.), que também figurará entre vírgulas.

Exemplo 2:

A Lei nº 20.491, de 2019, como se registrou, estabeleceu a nova organização administrativa do


Poder Executivo, porém há servidores que desconhecem seu teor.

Comentário: por não ser mais a primeira referência à norma, apenas o ano dela figura entre vír-
gulas. Acrescenta-se que a segunda vírgula aqui também tem dupla função: isolar a data curta da
norma e introduzir uma oração (subordinada) indicadora de conformidade que, por estar inter-
posta, também deve ser isolada por vírgulas.

c) Utiliza-se a vírgula (ou utilizam-se vírgulas) para isolar circunstantes (adjuntos adverbiais) com
certa extensão ou merecedores de maior atenção do leitor e que tenham sido colocados na a-
bertura do enunciado ou entre termos normalmente relacionados sem o uso da vírgula. Trata-se
de uma orientação correspondente à que foi apresentada quanto à oração (letra “a” do início
destas orientações).

Exemplo 1:

Na Exposição de Motivos nº 1/2021/CASA CIVIL, o titular da Secretaria de Estado da Casa Civil –


CASA CIVIL evidencia que as alterações constantes do art. 1º do projeto de lei não provocam au-
mento de despesa ao Tesouro Estadual.

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Comentário: nesse caso, houve a anteposição do circunstante indicador de meio, que figura na
abertura do enunciado, por isso a vírgula é apropriada. A propósito, não foi usada uma vírgula
depois da forma reduzida CASA CIVIL porque ela separaria os termos essenciais da oração: sujeito
e predicado.

Exemplo 2:

O titular da CASA CIVIL, na Exposição de Motivos nº 1/2021/CASA CIVIL, evidencia que as altera-
ções constantes do art. 1º do projeto de lei não provocam aumento de despesa ao Tesouro Esta-
dual.

Comentário: nessa reformulação do exemplo inicial, houve a intercalação do circunstante indica-


dor de meio (ou canal), que agora figura entre o sujeito e o núcleo do predicado do enunciado,
por isso as vírgulas são apropriadas. Deve-se notar que uma vírgula tem que ser antes e outra
depois. Se assim não for, os termos essenciais do oração serão separados inadvertidamente.

Exemplo 3:

Para a PGE, o projeto de lei está em consonância com o previsto na Lei federal nº 4.320, de 17 de
março de 1964.

Comentário: o segmento “para a PGE”, que remete o leitor a uma circunstância de conformidade
(“conforme a PGE”), foi colocado no início da declaração e é considerado merecedor de maior a-
tenção porque realça o agente do conteúdo declarado. Assim, separá-lo por vírgula é apropriado.

Observação: quando o indicador de circunstância for breve (uma palavra ou uma locução com
duas ou três palavras, a vírgula não será recomendável).

Exemplos pertinentes à observação:

1) O relatório do impacto econômico-financeiro do projeto ainda não foi concluído.

Comentário: originalmente foram empregadas vírgulas para isolar o marcador de circunstância


temporal “ainda”. Elas foram retiradas por não se fazerem necessárias. Acrescenta-se que, caso o
“ainda” fosse marcador de adição, as vírgulas também não seriam exigidas.

2) “§ 3º A ordem cronológica de exigibilidade de créditos, para o pagamento das obrigações


cujos valores não ultrapassem o limite de R$ 100.000,00 (cem mil reais) será estabelecida,
separadamente, em lista classificatória especial de pequenos credores, para as categorias
de contratos de realização de obras e de serviços de manutenção de veículos automotores.”

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Comentário: a vírgula colocada depois da palavra “créditos” é inapropriada porque separa o se-
gundo complemento do substantivo “exigibilidade”, e o termo que completa não deve ser sepa-
rado do termo completado. Pode-se acrescentar que essa vírgula concorre para outra improprie-
dade: separa o sujeito (cujo núcleo é “ordem”) do predicado (cujo núcleo é a locução verbal “será
estabelecida”). Desnecessária também é a vírgula depois de “será estabelecida”. Pode ser consi-
derada oportuna a colocação entre vírgulas do segmento “em lista classificatória especial de pe-
quenos credores”, já que esse circunstante de lugar foi encaixado entre o circunstante de modo
(“separadamente”) e o complemento indicador do destinatário do verbo “estabelecer”, na forma
“estabelecida”.

3) Essa condição torna-se, também, desnecessária, pois não consta do contrato com a institui-
ção financeira, sendo, atualmente, apenas uma trava burocrática.

Comentário: esse é um enunciado com um acúmulo desaconselhável de vírgulas, ou seja, virgu-


lou-se demais (desnecessariamente). Os circunstantes que estão em negrito não precisam ser i-
solados por vírgulas. O senso de utilidade deve levar o redator a se perguntar: se eu retirar as vír-
gulas, haverá a possibilidade de distorção da mensagem pretendida? Nesse caso, verifica-se que
não: isso quer dizer que as vírgulas são verdadeiramente inúteis. A vírgula antes do marcador ex-
plicativo “pois” é gramaticalmente apropriada. Acrescenta-se que a forma gerundial “sendo” ge-
rou a necessidade de mais vírgula. Aqui tanto o gerúndio quanto a vírgula são desaconselháveis.
Bastaria estabelecer uma coordenação aditiva com a forma verbal flexionada. Veja como poderia
ficar a redação no enunciado a seguir (número 4). Restou apenas uma das seis vírgulas do enun-
ciado original.

4) Essa condição torna-se também desnecessária, pois não consta do contrato com a institui-
ção financeira e é atualmente apenas uma trava burocrática.

d) As vírgulas são comumente usadas para a separação dos itens de uma enumeração, como se
observa no Exemplo 1, em que elas aparecem largamente.

Exemplo 1:

O passaporte equestre será emitido para a participação dos animais em cavalgadas, desfiles,
treinamentos, concursos, provas e quaisquer atividades ou eventos de natureza cultural, tera-
pêutica, desportiva e recreativa.

Observação: caso se coordenem segmentos frasais (partes de frases) em cujo interior a vírgula
se faz necessária, entre eles recomenda-se o uso de ponto e vírgula, como se verifica no Exem-
plo 2.

Exemplo 2:
No Despacho nº 30/2022/ECONOMIA, a Secretaria de Estado da Economia concordou com a mi-
nuta proposta; a Secretaria de Estado da Educação, no Despacho nº 233/2022/SEDUC, foi igual-
mente favorável; posicionamento distinto, contudo, veio da Secretaria de Estado da Administra-
ção, que considerou, no Despacho nº 111/2022/SEAD, o momento administrativamente inopor-
tuno para a alteração pretendida.

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Comentário: nesse período, há a coordenação de três declarações que envolvem corresponden-
temente três secretarias de Estado (ECONOMIA, SEDUC e SEAD). Observa-se que, no interior de
cada declaração, houve a necessidade do emprego de vírgulas, logo o ponto e vírgula se faz re-
comendável para acondicionar as declarações pretendidas, com a devida delimitação do que per-
tence a cada uma delas.

e) As vírgulas são também usadas para isolar termos meramente explicativos, geralmente apos-
tos. Nesse caso, afasta-se a noção de restrição do sentido do termo antecedente.

Exemplo 1:

O Governador do Estado, José Joaquim da Silva, está empenhado em reduzir as questões fundiá-
rias.

Comentário: o segmento entre vírgulas “José Joaquim da Silva” (nome hipotético), nesse caso,
equivale semanticamente a “Governador do Estado”, e lhe funciona como um aposto, que nor-
malmente é grafado entre vírgulas.

Exemplo 2:

O ofício foi dirigido à Gerência de Redação e Revisão de Atos, unidade adminis-


trativa da Superintendência de Legislação, Atos Oficiais e Assuntos Técnicos, da Secretaria de
Estado da Casa Civil, com a solicitação de urgência.

Comentário: o segmento “unidade administrativa da Superintendência de Legislação, Atos Ofici-


ais e Assuntos Técnicos, da Secretaria de Estado da Casa Civil” tem caráter meramente explicati-
vo. Nesse caso, como funciona como um aposto, regularmente é grafado entre vírgulas.

f) Em referência a documento (despacho, ofício, parecer, exposição de motivos etc.), emprega-


se a vírgula também entre a identificação do expediente e o emissor (autoridade ou unidade
administrativa). Se esse emissor estiver no interior da frase, isto é, de forma intercalada, haverá
uma vírgula antes e outra depois.

Exemplo 1:

Considera-se o precedente administrativo evidenciado no Despacho nº 1.696/2020/GAB, da


Procuradoria-Geral do Estado, o qual atesta a validade jurídica do procedimento examinado.

Comentário: a primeira vírgula da declaração é justificada pela separação da identificação docu-


mental, um despacho singularizado, da indicação do órgão responsável por sua emissão. Como a
identificação individualiza o despacho, a informação que o acompanha adquire a feição de expli-
cação acessória que, por isso, deve estar separada por vírgula. Quanto à segunda vírgula, ela ad-
quire dupla função: auxilia no isolamento da explicação adicional e introduz uma oração subordi-
nada adjetiva explicativa. Como já se sabe, esse tipo de oração deve sempre ser separado por
vírgula.

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Exemplo 2:

A Secretaria-Geral da Governadoria encaminhou prontamente o Ofício nº


222/2020/NUDEM/DPEGO (SEI nº 0000333333), da Coordenadora do Núcleo Especializado de
Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher, da Defensoria Pública do Estado de Goiás.

g) No caso dos nomes das unidades administrativas, a instância superior que as abriga (coorde-
nação, gerência, superintendência), se sua designação não servir primariamente para identificá-
las, com a distinção dela em relação às demais, figurará entre vírgulas. É o caso, no Exemplo 2,
do termo “da Defensoria Pública do Estado de Goiás”, que apenas detalha mais a informação
dada, como uma explicação acessória.

Exemplo 1:

Acolhemos o Despacho nº 999/2020/GRS, da Gerência de Recrutamento e Seleção, e opinamos


que o autógrafo seja vetado totalmente.

Comentário: o segmento “da Gerência de Recrutamento e Seleção” encontra-se entre vírgulas


porque foi encaixado apenas para indicar a proveniência do despacho, o que lhe dá um caráter
explicativo.

Exemplo 2
Foi apresentado o Despacho nº 333/2023/PROCSET, em que a Procuradoria Setorial da Secreta-
ria Estadual de Saúde – SES opina sobre a regularidade formal da contratação pretendida.

Comentário: nesse caso, o nome Secretaria de Estado da Saúde não está entre vírgulas porque
adquire um caráter restritivo (não é mera explicação), já que outras secretarias também contam
com a unidade jurídica Procuradoria Setorial. Por outro lado, se a superintendência, a gerência
ou a coordenação em referência for única, isto é, se não existir outra unidade administrativa com
a mesma denominação na administração estadual, o nome do órgão (ou da entidade) figurará
entre vírgulas (se estiver no interior do enunciado) ou separado por uma vírgula se estiver no fi-
nal da frase.

Exemplo 3:
No Despacho nº 1.111/2022/SOD, a Superintendência de Orçamento e Despesa, da Secretaria
de Estado da Economia, foi favorável à contratação emergencial da organização social.

Comentário: nesse caso, o nome da Secretaria de Estado da Economia está entre vírgulas porque
sua função não é essencialmente restritiva. A Superintendência de Orçamento e Despesa é uma
unidade administrativa particularizada (isto é, ela é única) no Estado de Goiás, própria da pasta
da Economia. Essa unicidade não é compartilhada, por exemplo, pela Superintendência de Ges-
tão Integrada.

h) Na redação da forma extensa dos valores monetários com mais de duas casas numéricas, será
usada a vírgula (ou serão usadas vírgulas, conforme a quantidade de casas).

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Exemplo 1:

A infração administrativa ambiental gerou ao investigado a multa de R$ 1.420.302,12 (um mi-


lhão, quatrocentos e vinte mil, trezentos e dois reais e vinte centavos).

Comentário: observa-se que, entre a primeira e a segunda casa numérica, usa-se a vírgula, e o
mesmo ocorre entre a segunda e a terceira casa numérica. Entre as duas últimas, utiliza-se a con-
junção aditiva “e”. Essa forma de pontuação corresponde àquela empregada entre os itens de
uma enumeração: se forem vários, só entre os dois últimos figura o marcador de adição “e”, já
que entre os demais são usadas vírgulas.

i) A vírgula é também utilizada para isolar a conjunção adversativa ou conclusiva quando ela apa-
rece no início do período ou numa posição intermediária no período ou na oração (desse período
– nesse caso, composto por duas ou mais orações) que ela deveria estar regularmente introdu-
zindo.

Exemplo 1:

Portanto, o enquadramento da infração do servidor precisa ocorrer conforme a disposição do


inciso LXXI do art. 202 da Lei nº 20.756, de 28 de janeiro de 2020.

Comentário: após o marcador de conclusão “portanto”, usado na abertura do período, figura


oportunamente uma vírgula.

Exemplo 2:

O enquadramento da infração do servidor precisa, portanto, ocorrer conforme a disposição do


inciso LXXI do art. 202 da Lei nº 20.756, de 28 de janeiro de 2020.

Comentário: como nesse enunciado o marcador de conclusão “portanto” figura no interior do pe-
ríodo, composto apenas por uma oração (absoluta), ele deve ser isolado por duas vírgulas (uma an-
tes e outra depois).

Exemplo 3:

Não se ignora a urgência da produção do projeto de lei. Contudo, a titular da pasta solicita pra-
zo maior para a análise da proposta de alteração normativa devido à complexidade do quadro
social envolvido.

Comentário: a conjunção adversativa foi empregada na abertura do período, porque se quis for-
malizar e realçar um atrito entre o conteúdo desse período e o do período anterior.

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Observação: nos exemplos 1 a 3, foi analisada a situação dos marcadores de conclusão ou ad-
versidade em relação ao conjunto do período. Merece-se realçar também a pontuação desses
marcadores quando articulam declarações de orações no interior de período composto (por
duas ou mais orações). Nesse sentido, devem-se observar os enunciados a seguir.

Exemplo 4:

Em sentido amplo, o projeto de lei terá elevado alcance social, porém alguns dispositivos dele
requerem redação mais precisa.

Comentário: nesse período composto por duas orações, o marcador “porém” estabelece uma re-
lação adversativa entre o caráter socialmente favorável do projeto de lei e a imprecisão redacio-
nal de alguns dispositivos dele. Será usada apenas uma vírgula antecedendo esse marcador. A-
tente-se a outra possibilidade de formulação do período.

Exemplo 5:

Em sentido amplo, o projeto de lei terá elevado alcance social, alguns dispositivos dele, porém,
requerem redação mais precisa.

Comentário: o período continua composto por duas orações, mas o marcador “porém”, que for-
maliza a relação adversativa, foi deslocado para o interior da oração que evidencia a oposição (o-
ração coordenada sintética adversativa). Nesse caso, o “porém” tem que figurar entre vírgulas.
Essa linha de abordagem se aplica também aos marcadores de conclusão. Seria possível recons-
truir esse período com o emprego de outra pontuação. A vírgula que está depois de “social” po-
deria ser substituída por ponto e vírgula.

j) As expressões marcadoras de explicação, como “isto é”, “ou seja”, “ou melhor”, “em outros
termos”, figuram sempre entre vírgulas no interior dos enunciados.

Exemplo: A pasta recomendou a sanção ao autógrafo de lei, isto é, houve a concordância do


órgão com o teor da proposta legislativa.

PARTE II

O uso da vírgula em relação às orações

a) A vírgula é empregada para separar a oração subordinada que se encontra antes da principal,
principalmente a oração adverbial (que pode indicar, por exemplo, causa, consequência, condi-
ção, concessão, tempo, finalidade, conformidade e proporção).

Exemplo 1:

Para alcançar os objetivos desta Lei, o poder público deverá disponibilizar gratuitamente absor-
ventes higiênicos descartáveis.

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Comentário: a vírgula usada nessa frase separa a oração (subordinada) indicadora de finalidade
da principal. Isso quer dizer que a circunstância de finalidade, mais comumente empregada de-
pois da declaração principal, foi transposta para o início do período presumivelmente para estar
mais visível no campo de atenção do leitor.

b) Usam-se vírgulas para a intercalação (colocação no interior do enunciado) de uma oração su-
bordinada mais comumente de natureza adverbial (com circunstâncias como as indicadas na
letra “a”).

Exemplo 2:

O poder público, para alcançar os objetivos desta Lei, deverá disponibilizar gratuitamente ab-
sorventes higiênicos descartáveis.

Comentário: foram empregadas duas vírgulas para isolar a oração “para alcançar os objetivos
desta Lei”, que é indicadora de finalidade e está na forma reduzida de infinitivo. Houve a coloca-
ção dessa oração entre o sujeito (aquele ou aquilo sobre o qual se declara algo) e a parte nuclear
do predicado (essência da declaração). Caso a oração fosse desenvolvida, quanto à vírgula, a es-
trutura seria a mesma: a oração intercalada, indicadora de finalidade, estaria isolada entre vírgu-
las por figurar entre o sujeito e o núcleo do predicado. Observe o enunciado a seguir.

Exemplo 3:

O poder público, para que se alcancem os objetivos desta Lei (ou para que sejam alcançados os
objetivos desta Lei), deverá disponibilizar gratuitamente absorventes higiênicos descartáveis.

c) Utiliza-se a vírgula também para separar a oração coordenada que indica adversidade, expli-
cação ou conclusão.

Exemplo 1:
A Procuradoria Judicial da autarquia negou a viabilidade jurídica da proposta normativa, mas não
apresentou as justificativas.

Comentário: a vírgula antes do “mas” está separando a oração coordenada adversativa – indica-
dora de oposição – da oração coordenada inicial.

Exemplo 2:

A Procuradoria Judicial da autarquia apontou a viabilidade jurídica da proposta normativa, por-


tanto a minuta do decreto deve ser encaminhada à Secretaria de Estado da Casa Civil.

Comentário: a vírgula antes do “portanto” separa a oração coordenada conclusiva – indicadora


de conclusão/resultado – da oração coordenada inicial.

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Observação: seria possível deslocar a conjunção “portanto” para o interior da oração indicadora
de conclusão. Nesse caso, seriam usadas três vírgulas: uma separaria a oração coordenada inicial
da coordenada conclusiva, e duas isolariam o marcador de conclusão “portanto”.

Exemplo 3:

A Procuradoria Judicial da autarquia apontou a viabilidade jurídica da proposta normativa, a mi-


nuta de decreto, portanto, deve ser encaminhada à Secretaria de Estado da Casa Civil.

Comentário: duas outras pontuações seriam possíveis entre essas declarações. Para dar maior vi-
gor de sentido a elas pela autonomia formal, seria possível colocar um ponto-final depois de
“proposta normativa”. Também se poderia substituir a primeira vírgula por ponto e vírgula. Dessa
forma, mesmo com menor autonomia formal, os conteúdos coordenados estariam bem marca-
dos, sem a possibilidade de dúvida de interpretação.

Exemplo 4:

Remeta-se com urgência o ofício mensagem à Assembleia Legislativa, pois o prazo de conclusão
do pleito é curto.

Comentário: no Exemplo 4, a vírgula antes do “pois” separa a oração coordenada explicativa –


indicadora de explicação – da oração coordenada inicial.

Observação: antes da conjunção aditiva “e”, é recomendável o uso da vírgula nos casos em que
ocorre a coordenação de orações com sujeitos distintos. Observe o Exemplo 5.

Exemplo 5:

A liberação de materiais pelo almoxarifado foi bloqueada, e o seu retorno está previsto para o
dia 3 de novembro.

Comentário: o sujeito da primeira oração tem como núcleo “liberação”, e o sujeito da segunda
oração tem como núcleo “retorno”.

d) A vírgula também serve para isolar oração adjetiva (que acompanha o substantivo ou seu
substituto) com caráter explicativo (isso quer dizer que está ausente dela a função restritiva ou
efetivamente modificadora em relação ao termo antecedente).

Exemplo 1:

A organização social Laboratório Virtual, que gere a unidade de saúde citada, está sendo bem
avaliada pelas autoridades competentes.

Comentário: as vírgulas nesse período estão isolando a oração em negrito, já que ela tem apenas
uma função explicativa, isto é, traz uma informação adicional – como se fosse um conteúdo “ca-
rona”.

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Observação: seria possível substituir a oração adjetiva explicativa por termo não oracional e,
para isolá-lo, o emprego das vírgulas continuaria. Veja o Exemplo 2.

Exemplo 2:

A organização social Laboratório Virtual, gestora da unidade de saúde citada, está sendo bem
avaliada pelas autoridades competentes.

Veja no Exemplo 3 mais uma situação frasal em que figura uma oração explicativa entre vírgulas.

Exemplo 3:

A assessora do Secretário, a qual tem destacado a importância do programa para preservar a


saúde da mulher, pediu urgência na tramitação do processo.

Comentário 1: as vírgulas nesse período estão isolando a oração em negrito, já que ela também
tem apenas uma função explicativa, isto é, traz uma informação adicional – como se fosse um
conteúdo “carona”, conforme já assinalamos.

Comentário 2: nesse caso, usou-se “a qual” (não se fez opção pelo “que”) na abertura da oração
explicativa para evitar ambiguidade. Com “a qual” (pronome relativo), sabe-se que foi a assesso-
ra, não o Governador, quem destacou a importância de um determinado programa para a saúde
da mulher.

e) Quando há a coordenação de orações com os marcadores “tampouco” e “nem”, não é empre-


gada a vírgula antes deles.

Exemplo 1:

Segundo a ECONOMIA, a proposta de crédito adicional especial não fere as normas orçamentá-
rias vigentes tampouco prejudica a execução dos projetos prioritários do Governo de Goiás.

Exemplo 2:

Segundo a ECONOMIA, a proposta de crédito adicional especial não fere as normas orçamentá-
rias vigentes nem prejudica a execução dos projetos prioritários do Governo de Goiás.

f) A vírgula é utilizada antes de locuções conjuntivas que introduzem orações subordinadas. São
exemplos dessas locuções: já que, visto que, uma vez que, na medida em que, desde que, ainda
que, mesmo que, à medida que, à proporção que.

Exemplo 1: Determina-se a remessa dos autos à Secretaria de Estado da Casa Civil para a ratifica-
ção do decreto de nomeação, desde que não seja localizada alguma falha documental.

Exemplo 2: A servidora formalizou o pedido de exclusão da expressão sub judice do seu ato de
nomeação, na medida em que já houve o trânsito em julgado da decisão proferida no processo
judicial correspondente.

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PARTE III

Casos de inadmissibilidade da vírgula

a) Não se coloca vírgula entre os termos essenciais da oração: o sujeito e o predicado. Observe
os exemplos desse emprego errôneo.

Exemplo 1:
Em virtude disso, a Procuradoria Setorial da autarquia, atestou a viabilidade jurídica da matéria.

Comentário: a primeira vírgula mostra-se apropriada, porque ela isola uma circunstância de cau-
sa colocada na abertura da frase. A segunda vírgula, contudo, fere a estruturação sintática do pe-
ríodo, já que ela separa o sujeito “a Procuradoria Setorial da autarquia” do núcleo do predicado
“atestou”.

Exemplo 2:
Já o disposto nos arts. 2º e 3º da propositura, fundamenta-se nas Exposições de Motivos nº
6/2021/GOINFRA e nº 10/2021/GOINFRA.

Comentário: a vírgula que figura no enunciado também fere a estruturação sintática do período,
já que ela separa o sujeito “o disposto nos arts. 2º e 3º da propositura” do núcleo do predicado
“fundamenta-se”.

b) Não se coloca vírgula entre os termos que completam e os que são completados sintatica-
mente. Os complementos (verbais e nominais), também denominados termos integrantes da
oração, não são isolados por vírgula dos núcleos com quais se relacionam (de forma complemen-
tar).

Exemplo 1:

Consultada sobre a constitucionalidade e a juridicidade da alteração proposta, a Coordenação de


Análise de Ajustes Públicos do DETRAN, no Parecer nº 999/2022/COAP, informou, que não há
vício de legalidade.

Comentário: no enunciado é inadmissível, do ponto de vista sintático, a vírgula colocada entre a


forma verbal “informou” e a conjunção integrante “que”, usada para abrir a oração que funciona
como complemento (objeto direto) do sentido do verbo “informar”. As demais vírgulas estão a-
dequadamente empregadas.

Exemplo 2:
De acordo com a ECONOMIA, a metodologia de aplicação de alíquota, sobre a receita líquida do
prestador de serviços do ano anterior, pode gerar distorções, especialmente em decorrência do
volume das receitas auferidas em determinado período.

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Comentário: no enunciado é inadmissível, do ponto de vista sintático e semântico, o emprego
das duas vírgulas que isolam o segmento “sobre a receita líquida do prestador de serviços do ano
anterior”. Esse segmento completa diretamente o sentido de “aplicação”, que exige, nesse caso,
dois complementos (nominais): um objeto passível de aplicação e outro que é o destinatário (ou
recebedor) da aplicação. Não se poderia retirar a primeira vírgula e deixar a segunda, já que esta
separaria o sujeito do predicado.

Exemplo 3:

À Agência Goiana de Defesa Agropecuária – AGRODEFESA, competem o acompanhamento, a


regulação, o controle e a fiscalização de produtos de origem animal e vegetal ou a eles vincula-
dos.

Comentário: o segmento “À Agência Goiana de Defesa Agropecuária – AGRODEFESA” é comple-


mento (objeto indireto) do verbo “competir”. Comumente, o complemento verbal é colocado
depois do verbo, mas há casos em que se consolida o emprego anteposto dele, como pode acon-
tecer de o sujeito ser apresentado frequentemente depois de certos verbos (ou predicados) – o
Exemplo 3 ilustra isso também. A orientação gramatical é não usar vírgula entre os termos com-
pletivos e os completados, também entre o sujeito e o predicado, mesmo que haja a alteração da
ordem sintática usual. Portanto, é gramaticalmente inapropriada a vírgula que separa o segmen-
to inicial do exemplo visto.
Comentário adicional: apropriadamente o verbo “competir” está flexionado no plural (“compe-
tem”), o que contraria uma forte tendência de deixá-lo no singular. Trata-se de um verbo pessoal,
por isso tem sujeito, que orienta a flexão verbal. Nesse caso, o sujeito é posposto e composto por
quatro núcleos (“acompanhamento”, “regulação”, “controle” e “fiscalização”). A frase do exem-
plo, na ordem direta, seria: “O acompanhamento, a regulação, o controle e a fiscalização de pro-
dutos de origem animal e vegetal ou a eles vinculados competem à Agência Goiana de Defesa A-
gropecuária – AGRODEFESA”.

c) Não se separa com vírgula a conjunção integrante daquilo que ela introduz.

Exemplo:

A ALEGO informa que, o homenageado é Delegado da Polícia Federal e planejou, coordenou e


executou operações de combate ao tráfico de drogas, desvio de verbas públicas e lavagem de
dinheiro.

Comentário: nessa frase, o núcleo do predicado é o verbo “informar”, que tem como
complemento uma oração (subordinada substantiva objetiva direta). Essa oração é introduzida
pela conjunção integrante “que”, depois da qual não se pode empregar uma simples vírgula, já
que não se separa a conjunção integrante dainformação que ela introduzir.

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Fs de direcionamento:

Fontes de direcionamento:
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Metódica da Língua Portuguesa. 44 ed. São Paulo:
Saraiva, 1999.

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa (redigida de acordo com a
nova ortografia). São Paulo: Publifolha, 2010.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Manual de Redação da Presidência da República. 3


ed., rev., atual. e ampl. Brasília: Presidência da República, 2018. Disponível em:
http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/manual-de-redacao-da-presidencia-da-
republica/manual-de-redacao.pdf. Acesso em: 16 de dezembro de 2022.

BRASIL. Senado Federal. Manual de Comunicação da Secom. Redação e estilo. Brasília: Senado
Federal. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/redacao-e-
estilo/estilo/maiuscula. Acesso em: 5 nov. 2022.

LUFT, Celso Pedro. A vírgula. 2ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2002.

Autoria:
Prof. Wellington Lemes Coêlho (Graduado em Letras e Mestre em Estudos Linguísti-
cos e Literários pela Universidade Federal de Goiás) –
servidor da Gerência de Redação e Revisão de Atos Normativos, da
Superintendência de Legislação, Atos Oficiais e Assuntos Técnicos, da
Secretaria de Estado da Casa Civil

Responsáveis pela validação do material:


Emília Munhoz Gaiva – Superintendente de Legislação, Atos Oficiais e Assuntos
Técnicos; e
Thiago Junqueira Rodrigues – Gerente de Redação e Revisão de Atos Normativos

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