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9 junho 2022
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Ivan Sabolić é testemunha de como sua vila está ficando, pouco a pouco, sem pessoas.
Legrad, localizada no norte da Croácia, quase na divisa com a Hungria, tornou-se uma cidade
comercial de sucesso a partir da década de 1480, devido à sua localização geográfica
vantajosa.
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08/04/24, 13:22 O país europeu que perdeu 10% da população em 10 anos - BBC News Brasil
Mas hoje sobra muito pouco desse período glorioso. Dos quase 3 mil habitantes da região
registrados no censo de 2001, hoje restam apenas cerca de 900 — e a população continua a
diminuir, segundo Sabolić, que é prefeito da cidade.
"Muitos jovens saíram e foram trabalhar na Alemanha, na Áustria e na Eslovênia", diz ele, em
entrevista à BBC Mundo (serviço em espanhol da BBC). "Não há muitas oportunidades, os
salários são baixos e, se isso não mudar, as pessoas vão continuar a sair".
Legrad não é um caso isolado. Na realidade, todas as cidades e vilas do país, com exceção da
capital Zagreb, estão passando pelo que os especialistas chamam de uma "catástrofe
demográfica".
Estima-se que, em 2050, a população deste pequeno país europeu será de 3,4 milhões. Até
2100, esse número poderá cair mais um milhão, alerta a ONU.
A Croácia está enfrentando um dos declínios populacionais mais rápidos do mundo desde
que sua população atingiu o pico de 4,78 milhões em 1991, ano em que conquistou a
independência após o colapso da Iugoslávia.
"Nos últimos 20 anos, a população diminuiu em mais de meio milhão de pessoas. Estima-se
que hoje existam mais croatas vivendo fora do que na terra natal deles", aponta Monika
Komušanac, professora do Departamento de Demografia e Diáspora Croata da Universidade
de Zagreb.
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"Estamos muito preocupados com o futuro demográfico da Croácia. A tendência atual pode
afetar o funcionamento dos sistemas públicos nacionais, de saúde, pensões, entre outros",
complementa.
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O número de nascimentos na Croácia vem caindo desde a década de 1980. Isso, combinado
com uma alta taxa de mortalidade, fez com que, desde 1991, o equilíbrio demográfico do
país fosse negativo: mais croatas morrem do que nascem.
No ano de 2020, a Croácia registrou a pior taxa de crescimento natural de sua história,
quando ocorreram cerca de 20 mil mortes a mais do que nascimentos.
Ondas migratórias
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A taxa de emigração do país teve vários picos no final do século 19 e início do século 20. O
processo se intensificou novamente após a Primeira e Segunda Guerras Mundiais.
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vizinhos, o que é especialmente atraente se esses locais fizerem parte da UE, como a Croácia
ou a Romênia, pois isso lhes dá o direito de trabalhar em qualquer lugar que faz parte do
bloco econômico.
Especialistas estimam que muitos dos portadores de passaporte croata que trabalham em
outros países da UE provavelmente são da Bósnia, por exemplo.
Mas, para Komušanac, é ainda mais preocupante que quase 60% dos emigrantes sejam
jovens de 20 a 44 anos.
"Temos escassez de mão de obra, nossos profissionais de saúde estão trabalhando em outros
países europeus, há menos crianças nas escolas e mais idosos, o que pressiona o sistema
social e previdenciário", explica.
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Os requisitos para comprar essas casas são: ter condições financeiras para se manter, estar
com menos de 40 anos e se comprometer a morar no local por pelo menos 15 anos.
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Quando alguém morre sem herdeiro na Croácia, a propriedade passa para as mãos do
município e isso se tornou "um problema" para Legrad.
Mas o esquema não teve o sucesso esperado, conforme noticiado no final de abril pela RTL,
uma das principais redes de televisão do país.
Komušanac conhece muitas pessoas em seu círculo que deixaram o país e concorda que é
"um grande problema para muitos encontrar um emprego permanente".
Mas, na visão dela, existem outros gatilhos que fazem os moradores emigrarem, como a
"desordem" da sociedade croata, que, na avaliação da especialista, está "cheia de escândalos,
corrupção e nepotismo".
"Os jovens perderam o idealismo, a confiança nas instituições e na sociedade e não veem
sinais de mudança", acrescenta.
Além disso, a professora acredita que a política nacional de população do governo, definida
em 2006, precisa mudar. "O projeto atual propõe auxílios muito modestos para recém-
nascidos e não inclui apoio a famílias com mais de um filho", analisa.
Para evitar que a "catástrofe demográfica" continue, o prefeito de Legrad pede que governo
central estimule a imigração estrangeira para preencher postos de trabalho e incentive
aumentos salariais, de modo a aumentar a competitividade com os mercados de trabalho de
outros países europeus:
"Os croatas continuarão indo para outros países como Alemanha ou Áustria, porque lá os
salários são mais altos. Se isso não mudar, nos tornaremos um país sem jovens", conclui.
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