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SÃO PAULO
2021
CARLOS EDUARDO RIGOLO LOPES
ANDRÉ DE PAULA ANDREIS
SIMONE MOURÃO LEMOS
São Paulo
2021
Lopes, Carlos Eduardo Rigolo.
Programa Novo Rio Pinheiros como janela de oportunidade : uma proposta de
governança a partir dos casos da Inglaterra e Alemanha / Carlos Eduardo Rigolo
Lopes, André de Paula Andreis, Simone Mourão Lemos. - 2021.
92 f.
CDU 556.18(816.1)
Ficha Catalográfica elaborada por: Isabele Oliveira dos Santos Garcia CRB SP-010191/O
Biblioteca Karl A. Boedecker da Fundação Getulio Vargas - SP
CARLOS EDUARDO RIGOLO LOPES
ANDRÉ DE PAULA ANDREIS
SIMONE MOURÃO LEMOS
Banca examinadora:
________________________________
Prof. Dr. Marco Antônio Carvalho Teixeira
________________________________
Prof. Dr. Gustavo Andrey Fernandes
________________________________
Prof. Dr. Antônio Sérgio Fernandes
________________________________
Eng. Fernando Moliterno (SIMA)
São Paulo
2021
Agradecimentos
Carlos
Agradeço a minha esposa, Mariana Sewaybricker, por estar sempre ao meu lado em todos
os momentos. Dedico também aos meus pais, Ulisses e Andrea, pelo apoio incondicional
e motivador.
André
À minha mãe, Vera Mourão, que sempre me apoiou e que foi a responsável por mais esta
conquista. Quem diria que eu seria aluna da instituição que frequento desde que estava
em sua barriga? Ao meu marido, Rodrigo Lessa, meu pai, Eduardo Lemos, meu
companheiro Scott e aos meus familiares por compreenderem cada ausência neste período
e me incentivarem em todos os momentos. À vó Rosa e à tia Cecília (in memoriam), pela
educação que me deram. Aos meus chefes Fábio Santos e Nunzio Briguglio, que
acreditaram no meu potencial e me incentivaram a entrar no MPGPP, e a todos os meus
colegas de trabalho, em nome da Monique Corrêa, que tanto nos ajudou.
Simone
RESUMO
This paper seeks to analyze the initiative called "Novo Rio Pinheiros", coordinated by the
Secretariat for Infrastructure and Environment of the State of São Paulo (SIMA). The
project foresees sanitation services as well as social and environmental interventions that
will benefit approximately 3 million people living in the Pinheiros river basin, an area of
271 km² that includes neighborhoods in the municipalities of São Paulo, Embu das Artes
and Taboão da Serra.
The aforementioned project is relevant not only because it promotes the management of
urban water resources, in line with the United Nations' Sustainable Development Goals
(SDGs), but also because it establishes tangible targets for the restoration of one of São
Paulo’s main rivers.
Facing the challenge of improving the river’s quality requires strategic actions and
partnerships. Another key element of the initiative is its governance model, which
involves several public and private institutions, alongside civil society.
From a social participation perspective, the literature on public management has
emphasized the importance of involving civil society actors in the design and
implementation of public policies to increase the effectiveness of their results. In relation
to the Pinheiros river, if there are no mechanisms to raise the public’s awareness of the
importance of its restoration, there is a risk that the outcomes of the initiative may not
continue over time, despite the investments made.
The aim of this study is to highlight the importance of the “Novo Rio Pinheiros” project
to tackle climate change and the loss of biodiversity in large cities. In this sense, it is
important to stress the role of this research in understanding the governance model
implemented by the state of Sao Paulo to promote the restoration of water bodies in urban
areas, serving as a reference to other Brazilian federative entities.
The main goal is to build a governance proposal so that the actions carried out under the
“Novo Rio Pinheiros” project can last over time and enable the setting of new goals for
cleaning the river in the future. We understand that the river restoration must be a
continuous process, and therefore, long-term initiatives such as the cleaning of the rivers
Thames, in the United Kingdom, and Emscher, in Germany, will be used as benchmarks
for governance aspects that might be of interest to SIMA.
Furthermore, this research enables the development of guidelines and recommendations
to SIMA regarding potential risks that may arise during the implementation of the
program.
Quadro 4 - Empresas e órgãos públicos com atuações diretas ou indiretas no rio Tâmisa
59
Quadro 5 - Organizações da Sociedade Civil que possuem conexão com o rio Tâmisa 62
2. METODOLOGIA 15
3. REFERENCIAL TEÓRICO 17
4. O RIO PINHEIROS 22
4.1.3 Poluição 27
8.2 Participação 76
9. CONCLUSÃO 81
11. ANEXOS 88
1. INTRODUÇÃO
A cidade de São Paulo se urbanizou em volta dos rios, mas com o passar do tempo
eles passaram a ficar invisíveis. O crescimento fugaz e desordenado da metrópole acabou
levando o Pinheiros a retificações do seu traçado original, a diminuição das suas áreas de
várzea e ao tamponamento, com a intenção de transformar estes locais em vias de trânsito
para os veículos. Essa maneira de tratar os recursos hídricos disponíveis, em nome do
desenvolvimento urbano, conferiu aos rios uma condição de segundo plano ou sem
importância no processo, tanto do ponto de vista do agente de transformação - seja pelo
poder público ou pela iniciativa privada, ou mesmo pela forma como são enxergados pela
população. Neste momento, eles acabam sendo sinônimos de sujeira, abandono e
exclusão social. Nos seus entornos é onde a população mais pobre e excluída encontra
um lugar para morar e aprende a conviver com o mau cheiro, de forma que ele acaba se
tornando imperceptível.
Assim, o estudo aborda desde a história do Rio Pinheiros, que demonstra a sua
importância para a cidade de São Paulo, a concepção do projeto “Novo Rio Pinheiros”,
até seus estágios atuais, e como se deu a despoluição dos rios Tâmisa, no Reino Unido, e
Emscher, na Alemanha, fazendo uma análise sobre o aspecto da Governança, com o
objetivo de compreender os modelos contemplados nas políticas para a recuperação dos
corpos hídricos em áreas urbanas, servindo como referência para outros entes federativos
brasileiros.
13
O objetivo principal deste trabalho é construir uma proposta de governança para
que as ações empreendidas no Programa Rio Pinheiros, que tem prazo de finalização em
2022, perdurem ao longo do tempo e possibilitem que novas metas sejam adotadas para
a continuidade da limpeza deste rio tão importante para a região metropolitana.
14
2. METODOLOGIA
15
Programa, notícias veiculadas na imprensa, além dos referenciais teóricos publicados em
artigos, livros, teses e dissertações, por meio de pesquisas bibliográficas e documentais
que abordassem os casos de benchmarking e os conceitos utilizados ao longo do trabalho.
Também foi possível acompanhar coletivas de imprensa sobre a evolução do Novo Rio
Pinheiros e seminários online sobre o programa.
Desta forma, outros casos que apresentaram algum grau de dificuldade também
foram descartados ao longo da pesquisa dos benchmarkings, até que se definiram os rios
Tâmisa e Emscher. Ambos estão inseridos em contextos muito diferentes e, ao contrário
do rio Pinheiros, atravessam diversos municípios (devido maior extensão). No entanto,
estas diferenças puderam ser superadas por outros aspectos trazidos pelo levantamento
de referenciais bibliográficos. O que chamou atenção, principalmente, foram os
resultados alcançados e o contínuo processo nas ações que promovem a limpeza destes
rios que não se esgotaram, mesmo depois dos rios serem considerados recuperados. Em
suma, é o modo como as instituições estão organizadas e estruturadas que oferecem as
condições essenciais para um modelo de governança adequado à realidade do rio
Pinheiros.
16
3. REFERENCIAL TEÓRICO
17
de se estabelecer patamares mínimos de governança (GOVERNO FEDERAL. Brasil. In:
Guia da Política Pública de Governança. Brasília, 2018)1.
Para que uma política pública se constitua, é necessário que o assunto ou tema
considerado um problema, seja objeto de atenção governamental e assim, exista uma
decisão para dar solução ao que foi levantado. Pressman e Wildavsky (1973) retratam a
implementação de uma política pública como a habilidade de se criar elos com uma
corrente causal, envolvendo comando, obediência, controle, comunicações e recursos,
para que a política seja colocada em prática. Uma visão do processo de implementação
top-down. No entanto, para Hjern e Hull (1982 e 1983 apud Subirats et all. P. 189), este
tipo de abordagem, de cima para baixo, não permite incorporar ações e contribuições não
previstas no processo de formulação da política, gerando um baixo impacto das políticas
públicas, contribuindo para que não haja uma governança e assim, a aderência da
população. Esta pesquisa sobre a implementação diz respeito ao desenvolvimento de
conhecimento sistemático sobre o que emerge, ou é induzido, quando os atores lidam com
o problema objeto da política (O´TOOLE JÚNIOR, 2000, p. 266).
1
Disponível em: <https://www.gov.br/casacivil/pt-br/centrais-de-conteudo/downloads/guia-da-
politica-de-governanca-publica). Acesso em 15 de nov. 2020.
18
Na ótica da ciência política, a governança pública está associada a uma mudança
na gestão política. Nesse sentido, o enfoque da ciência política está orientado para as
formas de interação nas relações de poder entre o Estado, governo e sociedade, dedicando
especial atenção aos processos de cooperação e aos mecanismos para estimular as
relações entre os principais atores envolvidos nesse esforço: governo, setor privado e
terceiro setor (MATIAS-PEREIRA, 2009b; 2010).
Portanto, uma boa governança no setor público depende da transparência dos atos
administrativos, administração de recursos, responsabilidade dos gestores público,
prestação de contas (accountability), boas relações entre as partes interessadas
(stakeholders) e a entrega de resultados que envolvam a sociedade para que o objetivo
principal planejado seja atingido.
19
redor do mundo, aponta para um movimento de descentralização e transferência de poder
para governos locais e unidades de gestão de bacia hidrográfica, como forma de promover
mecanismos de resolução dos conflitos socioambientais existentes (JACOBI et al.,
2015).
20
sociais, uma dinâmica recente que se deu com a redemocratização do país, na década de
80 (EMPINOTTI, 2016).
21
4. O RIO PINHEIROS
Em 1560 (ainda em tempos coloniais), o rio Pinheiros ganhou este nome pelos
jesuítas durante a criação de um aldeamento indígena de nome Pinheiros2. O “Caminho
de Pinheiros”, como era conhecido, funcionava como uma “estrada líquida” para os
bandeirantes. Com a construção de pontes para permitir a sua travessia, as margens do
rio passaram a ser ocupadas. A sua margem direita tornou-se propriedade do bandeirante
Fernão Dias, enquanto na margem esquerda havia o Forte Emboaçava, que servia para
proteger a Vila de São Paulo de Piratininga dos “ataques indígenas”, constantes naquela
época.
2
Foi chamado assim por causa da grande quantidade de araucárias (ou pinheiros-do-brasil), que
cobriam a região.
22
Antes que a urbanização alcançasse exatamente a região das suas margens, o rio
Pinheiros fazia várias curvas ao sudeste da cidade. Como todo rio, a área de várzea
passava por inundações cíclicas. No início do século XX, a paisagem em torno do rio
começou a se transformar em função das novas levas de imigrantes (principalmente
italianos e japoneses) que migraram para a cidade. Em 1926, o Pinheiros ainda era
totalmente navegável e abrigava em suas margens grandes clubes esportivos que faziam
nele provas de travessia a nado e regatas náuticas. Até 1970, a população ainda utilizava
o rio para nadar e pescar.
3
Empresa de capital canadense que tinha a concessão da distribuição de energia e de transporte
público, por bondes.
4
Idealizado em 27 de março de 1925.
23
objetivo de acumular a água do Pinheiros para gerar energia elétrica. No entanto, este não
era um problema simples de se resolver, já que o rio corria em direção ao interior do
estado, longe da costa.
Foi então autorizada uma inversão do curso do rio Pinheiros para aproveitar as
suas águas. A Usina Elevatória de Traição começou a bombear as águas do rio em direção
a Represa Billings, aproveitando o grande desnível de mais de setecentos metros da Serra
do Mar para gerar energia elétrica na Usina Hidrelétrica Henry Borden, na cidade
litorânea de Cubatão. Com capacidade máxima de 839 megawatts, a usina gera
atualmente entre 100 a 120 megawatts médio devido às restrições no bombeamento, que
serão vistos ainda neste capítulo.
Esta obra acabou condicionando toda a água do Pinheiros para uso energético da
Light e até hoje o rio Pinheiros pode ser encaminhado no sentido mais conveniente,
bastando desligar o bombeamento da Usina de Traição e abrir uma barragem a jusante no
Rio Tietê para ele voltar a correr no curso natural.
24
Imagem 4 - Usina da Traição em Construção, vista desde a margem direita
25
Imagem 5 - Enchente no rio Pinheiros em 1929, próximo à Rua Augusta
5
Via Professor Simão Faiguenboim
26
4.1.3 Poluição
O Projeto Novo Rio Pinheiros, como visa melhorar a qualidade da água, permitiria
que a água voltasse a ser bombeada, gastando-se menos com produtos químicos para
deixar o rio em classe 2. Isto seria o passo inicial para voltar a bombear água para o
Reservatório Billings e gerar energia numa usina de 1926, que está subutilizada.
6
Resolução Conjunta SMA/SES 03/92, atualizada pela Resolução SEE-SMA-SRHSO-I de 13 mar. 1996.
27
4.1.4 Bacia hidrográfica
O rio Pinheiros conta com águas de 15 afluentes, em conjunto com diversos sub-
afluentes. De um lado, as nascentes destes córregos estão parte em São Paulo, descendo
desde a Avenida Paulista. Do outro, além da capital do estado, estão parte dos municípios
de Taboão da Serra e Embu das Artes, até desaguarem no Guarapiranga em direção a ele.
7
Rio Pinheiros e seu território: Conhecer para transformar. Disponível em:
<http://docplayer.com.br/54305297-Rio-pinheiros-e-seu-territorio-conhecer-para-transformar.html >,
Acesso em: 15 dez. 2020.
28
afluentes ainda estão a céu aberto. Muitos passam sob grandes ruas e avenidas, ou mesmo
cortando grandes comunidades.
Atualmente, o rio Pinheiros percorre 26 km e recolhe as águas de uma bacia de 271 km²,
uma área onde vivem 3,3 milhões de pessoas. Se ela fosse uma cidade seria a terceira
maior do país, atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro.
AFLUENTES
1 Ribeirão Jaguaré
2 Rio Pirajuçara
3 Córrego Poá
4 Córrego Belini
5 Córrego Corujas
6 Córrego Verde
7 Córrego Iguatemi
8 Córrego Sapateiro
9 Córrego Uberaba
10 Córrego Traição
11 Córrego Água Espraiada (Jabaquara)
12 Ribeirão Morro do "S"
13 Córrego Ponte Baixa
14 Córrego Zavuvus
15 Córrego Olaria
Fonte: Sabesp
8
Associação Águas Claras do Pinheiros. Disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=0ZDfLI2BuW4>. Acesso em 15 set. 2020
29
Se atribuiu aos rios e córregos uma função que eles nunca poderiam ter tido, que é a de
afastar o esgoto urbano. Assim como aconteceu nas grandes cidades em todo o mundo, o
rio Pinheiros passou a receber esgoto doméstico e resíduos industriais, comprometendo a
qualidade das suas águas e a sobrevivência da fauna local, pois junto com esse esgoto vai
toda a chamada “carga difusa”9. Cada bueiro é um acesso da água da chuva, que escorre
para um cano, que vai parar em um córrego e depois no rio. Com isso, se acumulam no
leito do rio as chamadas ilhas de assoreamento, formando um volume dentro do próprio
rio, contribuindo para os alagamentos.
9
Detritos de varrição, papéis e entulho
30
4.1.6 Tentativas de limpeza
10
Introdução de produtos químicos e oxigênio na água do rio para que a sujeira virasse um “lodo”, que
boiava na superfície, facilitando a sua remoção mecanicamente por técnicos.
31
<https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1601200410.htm>. Acesso em:
08 jan. 2021).
A técnica gerou um impasse com alguns ambientalistas. Além disso, por dois anos
o Ministério Público alertou sobre a ineficácia deste projeto.
Dez anos depois, mesmo com o sistema ainda não implementado na sua
totalidade, a tecnologia empregada se revelou incapaz de absorver certos poluentes. A
sujeira era retirada, mas a água não atingia o índice de classe 2, ou seja, continuava
contaminada com resíduos pesados (como nitrogênio, amônia e fósforo) e, por isso, não
poderia ser bombeada em direção à Represa Billings. O Ministério Público interrompeu
a experiência, que teve um gasto aproximado de R$160 milhões.
32
De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo, a ação
continua e só entre janeiro e dezembro de 2020, a Secretaria Municipal das Subprefeituras
(responsável pela zeladoria da cidade) retirou cerca de 215.234 mil toneladas de detritos
nos córregos de toda a cidade em 2.352.088 metros de extensão. Em relação à
microdrenagem, foram retirados 17.386 metros cúbicos de detritos das galerias e ramais.
A quantidade de detritos removida em 2020 foi 196% maior do que em 2019, além da
extensão de córregos limpos também ter sido superior, em 96%.
11
Relação mais recente de córregos despoluídos disponível em:
<http://site.sabesp.com.br/site/uploads/file/asabesp_doctos/relacao_corregos_despoluidos_mai19.pdf
> e os últimos resultados sobre monitoramento da qualidade dos córregos disponível em:
<http://site.sabesp.com.br/site/uploads/file/asabesp_doctos/monitoramento_dbo_2018_2020.pdf>.
33
5. PROGRAMA NOVO RIO PINHEIROS
34
(PROGRAMA DE GOVERNO, 2018). Se o Hidroanel é o objetivo a longo prazo da atual
gestão estadual, melhorar a qualidade do rio Pinheiros é uma das principais ações nesse
sentido.
Como principais desafios enfrentados para o Novo Rio Pinheiros está o intenso
adensamento e a ocupação desordenada da população; as características hidráulicas
semelhantes a um lago (com baixa velocidade das águas); o assoreamento da sua calha;
a presença de resíduos sólidos; além do seu curso d’água ter sido submetido a diferentes
regras operacionais ao longo do tempo, inclusive trazendo a poluição do Tietê para o seu
leito.
35
Águas e Energia Elétrica), EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) e
CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
O Programa Novo Rio Pinheiros foi dividido em cinco eixos centrais sob
coordenação da SIMA: (i) tratamento da água dos afluentes; (ii) ações de
desassoreamento e aprofundamento do rio; (iii) coleta e destinação dos resíduos; (iv)
36
revitalização das margens; e (v) educação ambiental. Desta maneira a Sabesp coordena e
executa as ações previstas para os eixos (i) e (v), enquanto a EMAE responde pelos
demais eixos (ii, iii e iv). Cada um dos eixos será abordado no próximo item.
"O gerente da Sabesp sai da sala dele e vai bater na sala da gerente da
Cetesb, dentro da mesma empresa. Então ele discute o projeto durante a sua
elaboração. O cara da EMAE discute a questão do rio aqui com o DAEE, para
dar entrada do rio, como que libera o Tietê, como que funciona o retiro,
conversando. Você fez uma interligação entre isso. Isso é possível porque nesta
mesa senta todo mundo. Senta EMAE, senta Cetesb, senta Sabesp, senta DAEE
e senta a Secretaria. Todo mundo com o mesmo objetivo e todo mundo tem uma
interface. Esse legado já está feito" (PENIDO, Marcos, 2020).
12
O termo "Economia" é utilizado pelo órgão estadual para identificar pontos de coleta de esgoto, seja
casa, comércio, prédio ou outros.
37
5.3 Os Eixos do programa Novo Rio Pinheiros
Como visto até aqui, o modelo de governança adotado pela SIMA centraliza as
decisões na secretaria, mas a execução é de responsabilidade dos órgãos do Governo do
Estado, em especial a Sabesp e EMAE. Por isso, além da conversa com o secretário
Marcos Penido, também foram realizadas entrevistas com representantes destes dois
órgãos, que forneceram os detalhes para cada um dos cinco eixos descritos a seguir.
Vale ressaltar que o primeiro eixo possui mais detalhes, por se tratar das obras de
saneamento que de fato determinam se a política pública vai alcançar os objetivos
almejados. Além da descrição das obras, este primeiro item aborda os modelos de
contratos por performance e para as Unidades Recuperadoras da Qualidade das Águas
(URQs) em áreas informais.
São ações como as que mencionamos que abrangem uma área de 271 km²,
incluindo bairros nos municípios de São Paulo, Embu das Artes e Taboão da Serra, onde
moram cerca de 3,3 milhões de pessoas, número considerado como o público-alvo
beneficiado diretamente pela Sabesp. Por meio da implantação de interceptores, redes
coletoras e ligações, entre outras medidas que envolvem ações de conscientização
ambiental junto à população dos bairros beneficiados, a iniciativa visa elevar o tratamento
de esgoto na região em 2.800 litros por segundo, passando dos atuais 4.600 para 7.400
litros por segundo até o final de 2022. Isso equivale a coletar mais 73 mil economias e
levar para tratamento cerca de 533 mil (cerca de 1,6 milhão de pessoas).
39
As ações de saneamento básico merecem destaque, tendo em vista os
investimentos que são colocados em prática e os resultados esperados, fundamentais para
o sucesso do programa. As contratações funcionam por Bacia de Esgotamento e por
Resultado, com base na quantidade de economias (domicílios) encaminhadas para
tratamento e na qualidade da água dos afluentes. Segundo dados da SIMA (2020), o
investimento previsto fica no entorno de R$1.7 bilhão, dividido em 16 pacotes de
contratação a serem executados por meio da Sabesp para a construção, manutenção dos
coletores-tronco e coleta de economias.
Nestas situações em que não era possível instalar os coletores, a Sabesp optou por
desviá-los para uma rua acima, consolidando assim o tratamento das casas a montante. A
solução encontrada para as casas a jusante demandou que uma equipe trabalhasse
simulando modelos de qualidade do rio, definindo meta de DBO-30 na foz dos afluentes
do rio Pinheiros. Este parâmetro foi retirado conforme a experiência do Programa
Córrego Limpo. A modelagem levou em consideração deixar de coletar em algumas áreas
de ocupação irregular, baseando-se em dados secundários da Prefeitura, pela falta de uma
pesquisa de fonte primária com a quantidade de pessoas para cada comunidade.
Para dar conta deste cenário com diferentes tipos de intervenções, a Sabesp optou
por dois tipos de contratos desenhados segundo a lógica das sub-bacias que compõem a
bacia do rio Pinheiros. O primeiro tipo são os contratos de performance que visam
complementar a infraestrutura na rede de esgoto atrelando o pagamento das empresas
com o cumprimento de metas. O segundo tipo de contrato se destina à instalação das
Unidades Recuperadoras de Qualidade (URQ), nos casos onde a infraestrutura de rede de
esgoto não era uma opção viável, em função das áreas informais.
42
5.3.1.1 Contratos de Performance
Uma inovação introduzida pela Sabesp no Programa Novo Rio Pinheiros foi a
implementação dos contratos de performance. Este modelo de contratação das empresas
foi pensado ainda na etapa de planejamento das ações do órgão estadual, para que
funcionasse conforme as necessidades de intervenções na rede de esgotamento sanitário
e nas metas do Programa.
Neste caso, a empresa que vence a licitação fica responsável por todas as obras de
ampliação e adequação do sistema de esgotamento sanitário e a sua remuneração depende
do resultado obtido. Para avaliar a performance, são consideradas metas como o total de
novos imóveis conectados ao sistema de esgoto e a qualidade da água do córrego
(SABESP, 07/2020).
Este dispositivo pode ser considerado severo, pois exige um alto investimento
inicial que pode não ser recompensado se as metas não forem cumpridas. A empresa tem
até um ano de monitoramento para apuração da performance que a contratada precisa
alcançar. Apesar de não ter uma medida de extensão de rede, quantidades de ligações ou
de ações socioambientais, as metas estipuladas no contrato de performance pressupõem
cumprir com todas estas ações. Segundo a gerente de projetos especiais da Sabesp, este
modelo de contrato trouxe, inicialmente, questionamentos das empresas interessadas por
conta dos resultados cobrados, mas pode-se dizer que tem obtido sucesso nas licitações
até o presente momento.
43
coletores e a Sabesp só descobre quando aparece algum problema no sistema. Estas
varreduras são feitas por meio de testes, com a utilização de corante, fumaça e outros.
Caso seja identificado algum problema, o contrato com a Sabesp prevê que a construtora
solucione de imediato, reconstruindo o trecho do coletor rompido ou conectando-o a uma
rede ao invés de parar nas galerias.
44
Figura 7: Cinco contratos assinados para URQs em áreas informais
Com a implantação das cinco unidades, estima-se que sejam tratados 1.560 litros
de esgoto por segundo, com eficiência de remoção no DBO de até 80%, mesmo sem
ligação direta na rede geral. Esta solução tecnológica representa uma capacidade de
inovação proposta pelo órgão para promover a recuperação destes corpos hídricos em
áreas de difícil acesso.
Além disso, pelo fato do rio Pinheiros ter sido canalizado, boa parte das suas
margens não são naturais, o que implica na necessidade de ações contínuas também para
a recuperação dos taludes. Este pilar do Programa é todo de responsabilidade da EMAE.
45
5.3.3 EIXO III - Coleta e destinação dos resíduos sólidos
46
Cata-Bagulho13 e de Revitalização Socioambiental (iniciada nas regiões de Pedreira e
Aterrado/Zavuvus).
Segundo a estruturação do programa, este pilar tem como objetivo criar novos
usos para o rio Pinheiros e seu entorno, e assim atrair as pessoas para aproveitar as suas
margens, fazer com que elas voltem a olhar para o rio, criando um potencial de exploração
para aquela região. Além da ampliação e integração da ciclovia existente, com a
construção de ciclo-passarelas, a EMAE possui um projeto para a criação de um parque
linear entre as pontes Ary Torres e Santo Amaro, na margem esquerda do rio, que inclui
a questão da navegabilidade.
13
Ação realizada para recolher resíduos volumosos e grandes objetos - como móveis velhos, restos de
madeira, colchões e eletrodomésticos - que devem ser devidamente ensacados pela população e
colocados nas ruas em dias e horários específicos, comunicados pelo órgão.
14
Composta por 40% do Governo do Estado de São Paulo, 40% da Eletrobras e dos outros 20% de
acionistas minoritários.
47
comerciais, a construção de um deck para contemplação e praça de
alimentação.
● Espaço B: cobertura do prédio da Usina Elevatória, com 1.939 metros
quadrados. Neste local, planeja-se requalificar as fachadas da usina, a fim
de modernizar o edifício, além de aproveitar a parte superior do prédio
para a implantação de restaurante, bar ou lanchonete, e de um mirante, que
serão futuramente abertos permanentemente ao público;
● Espaço C: área localizada a leste da Usina, com 9.891 metros quadrados,
onde está previsto um grande espaço comercial, com a requalificação
(retrofit) dos edifícios existentes ou ampliação do espaço livre central. A
ideia é que o lugar tenha lojas, lanchonetes e restaurantes, museu e salas-
escritórios. As demais áreas não edificadas deverão ser requalificada para
lazer;
Fonte: SIMA-SP
48
5.3.5 EIXO V - Comunicação
15
Webinar Novo Rio Pinheiros. Disponível em <
https://www.facebook.com/watch/live/?v=2466292260343303&ref=watch_permalink>
50
Outro papel desta área socioambiental é a realização de um estudo
socioeconômico para detalhar como é cada região, qual é o tipo de comunidade e quem é
esse público.
Esta nova experiência é hoje um braço do “Programa Se Liga na Rede”, que desde
setembro de 2011 atua em todo o estado de São Paulo, custeando as ligações na rede de
esgoto para famílias de baixa renda. A medida tem como objetivo incentivar a ligação de
imóveis ao esgoto, aumentando a eficiência dos programas de saneamento executados
pelo estado, além de ajudar com a despoluição dos rios e córregos. Quando não existe
essa ligação domiciliar, o esgoto doméstico acaba sendo lançado in natura nos corpos
d'água (SABESP, 2011).
16
Formado pelas empresas Kallis Administração e Participações, Eireli, Nacional Shopping
Planejamentos e Reestruturação de Shopping Center Ltda. e Concessões e Participações BR Ltda.
52
de outorga fixa em R$280.050.000,00 (gradual, a partir do funcionamento do
empreendimento), e um ágio de 1.900%. Esta ação gera uma economia estimada em R$12
milhões ao ano com gastos de IPTU e para a manutenção de uma área de 28.804 metros
quadrados, incluindo a cobertura do prédio e seu entorno.
Hoje nós podemos celebrar um novo passo calcado nesse trabalho sério
de despoluição e de limpeza. Nós passamos para a requalificação e
revitalização do nosso rio Pinheiros, para fazê-lo mais bonito, mais
atrativo, e que a população de São Paulo deixe de virar as costas para o
rio e tenha vontade de ir frequentar e desfrutar do nosso rio. Hoje é uma
comemoração de mais um grande passo no maior programa
socioambiental do país, a despoluição do Rio Pinheiros. (PENIDO,
Marcos, 2020)17.
Vale lembrar que a previsão de conclusão de todo este complexo vai além da
marca anunciada para os trabalhos de limpeza do rio, em 2022. A projeção inicial, de
acordo com o presidente do Consórcio, Rodrigo Rocha Bonadia, é que seja entregue em
2024.
17
Coletiva de imprensa realizada em 12/11/2020. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=S399Z0_SHVI> Acesso no mesmo dia.
53
de vários órgãos que fazem as liberações e as licenças, mas a nossa meta
é começar a entregar em 2022, que é o que está no edital público que a
gente concorreu e ganhou. (BONADIA, Rodrigo, 2020).
Também existe a previsão de outra assinatura para um novo edital, ainda neste
ano, para a complementação do parque em um trecho de 8,9 mil metros entre as pontes
Cidade Jardim e Jaguaré (Retiro). As contrapartidas para estes investimentos permitem o
anúncio publicitário e a organização de eventos no espaço concedido.
Até aqui, o trabalho integrado entre órgãos públicos se mostrou um dos principais
aspectos presentes no modelo de governança do Novo Rio Pinheiros. Não só entre os
órgãos estaduais, mas também envolvendo a Prefeitura de São Paulo (PMSP). Como
ressaltado pelo secretário Marcos Penido em entrevista, o intuito é induzir um modelo de
governança colaborativa, a partir de um grupo de gestão integrada para execução das
atividades nas sub-bacias.
Para contribuir com uma visão de governança que busque fortalecer e garantir os
resultados de melhoria na qualidade das águas do rio Pinheiros, no próximo item serão
18
Coletiva de imprensa realizada em 27/01/2021. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=0cges-adHTI&t=383s>
54
abordadas as análises de benchmarking, com a exposição de dois casos internacionais que
institucionalizaram as ações de recuperação dos rios e apresentaram resultados
importantes nas últimas décadas.
55
6. ANÁLISES DE BENCHMARKING NO REINO UNIDO E ALEMANHA
Embora atualmente o rio seja bastante agradável e faça parte da cidade como uma
opção de lazer, ele ainda não está completamente despoluído. Todos os anos, 39 milhões
de toneladas de dejetos são lançados em suas águas. Em dias secos, 100% do esgoto de
Londres é captado e tratado, mas quando ocorrem as chuvas, as tubulações enchem mais
rapidamente, fazendo com que o esgoto seja lançado diretamente para o rio, sem
tratamento. Para entender a governança existente em torno do rio, e que contribuiu para
os resultados alcançados, é importante contextualizar o processo de formação do sistema
de água e saneamento da cidade, bem como as instituições envolvidas neste processo.
56
A partir de então foi implementado um novo sistema de esgoto em Londres. A
ideia, na época, era construir canos que pudessem receber tanto os dejetos das casas como
a água da chuva. Até hoje ele é considerado um sistema muito bem construído, mas foi
projetado para uma cidade de até 4 milhões de habitantes (BBC, 2014).
57
envolvendo o DEFRA, Environmental Agency e a Greater London Authority, mostrando
que o sistema de saneamento construído na segunda metade do século XIX era
insuficiente para suportar também os períodos de chuva forte, o que aumentava o volume
de esgoto despejado no Tâmisa. O Tideway vem, portanto, para complementar e
modernizar o sistema de drenagem da época vitoriana, e diminuir este lançamento de
esgoto no rio Tâmisa, melhorando a qualidade de suas águas (GLA, 2018).
A Tideway é uma empresa criada pela Thames Water para administrar a iniciativa
e é formada por um consórcio de investidores chamado Bazalgette Tunnel Limited (BTL).
O investimento, atualmente, gira em torno de £4.9 bilhões, sendo da £3.8 Tideway mais
£1.1 da Thames Water. O projeto é também custeado por 15 milhões de consumidores da
Thames Water, por meio de suas contas de água (não sendo acrescido mais que £25 por
ano na conta de cada consumidor). A previsão é de que o túnel fique pronto no começo
de 2025, tornando o rio mais limpo desde a revolução industrial.
Entretanto, a obra tem sido criticada tanto pelo modelo de financiamento adotado
quanto pela opção em construir uma infraestrutura tradicional frente aos "sistemas de
drenagem sustentáveis" ou de "infraestrutura verde", conceitos tidos como
ambientalmente mais adequados às cidades. Embora o departamento de finanças públicas
do Governo do Reino Unido (HM Treasury) tenha argumentado que esta seria a única
forma de cumprir com as obrigações da UE em relação ao tratamento de esgoto, de outra
forma custaria £100 milhões por ano em multas. Os críticos argumentaram que as opções
mais baratas criadas por tecnologias mais recentes nunca foram adequadamente
exploradas. Alguns exemplos como asfalto poroso, telhados verdes, etc., que impediriam
a chuva inundar e sobrecarregar o sistema de esgoto (PLIMMER, 2015).
Além disso, o projeto envolve riscos de construção, incluindo aumento dos custos,
acidentes ou quaisquer outros incidentes, bem como quaisquer riscos financeiros (como
um colapso de crédito global), que seriam suportados pelos contribuintes, já que o
governo está agindo como fiador. Vale destacar que este modelo não é uma Parceria
Público Privada (PPP) típica, em que o setor público é o cliente e contrata os investidores
para construir a infraestrutura e os paga ao longo dos anos. Aqui, o papel do governo não
é tão direto. Ele oferece várias garantias, como cobrir custos de seguro, ou qualquer outro
"estouro de custo excepcionalmente grande", ao passo que os clientes vêem suas contas
aumentar em até £25 por ano (PLIMMER, 2015).
58
Londres ainda enfrenta o desafio de lidar com as enchentes. Já existem barreiras
construídas ao longo do Tâmisa que impedem que a cidade seja inundada com as
variações de maré. Calcula-se que 1.3 milhões de pessoas morem ou trabalhem em
regiões de alto e médio risco, sendo que aproximadamente um quinto de Londres está
contemplada no plano de contingenciamento contra inundações. O Thames Barrier é uma
das estruturas principais de contenção que fornece segurança contra as enchentes no
Tâmisa. Mesmo assim, a Environmental Agency criou recentemente o TE2100
(LONDON COUNCILS, 2018), plano de gestão de risco para até o final do século XXI,
em resposta aos diferentes cenários de aumento do nível do mar e outras alterações
projetadas, levando em consideração os efeitos das mudanças no clima.
Quadro 4 - Empresas e órgãos públicos com atuações diretas ou indiretas no rio Tâmisa
EMPRESAS RESPONSABILIDADES
ÓRGÃOS
PÚBLICO RESPONSABILIDADES
59
- Projetar e implementar sistemas de drenagem sustentáveis ao longo da
cidade para diminuir os riscos de transbordamento do Tâmisa.
Great London - Suporte na construção do Thames Estuary 2100 Plan (2018).
Authority
- Controle do órgão Transport of London (TfL)
- Construção do River Action Plan (MAYOR OF LONDON, 2013)
● Thames Water:
Possui um sistema de alerta em toda a bacia do rio Tâmisa para informar aos
usuários sobre condições que podem tornar a navegação difícil e perigosa.
Como órgão público responsável pelo transporte na grande Londres, tem buscado
fomentar o uso do rio como meio de transporte para diminuir a quantidade de carros na
cidade, reduzindo também as emissões de CO2. A Prefeitura de Londres trabalha em
parceria com diversos stakeholders para promover o sistema de esgotamento sanitário
para um formato cada vez mais sustentável, resiliente e eficaz com uso de inovação.
61
● Port of London Authority (PLA):
Criaram o Projeto Thames 2035, lançado em 2015, que consiste em uma visão de
desenvolvimento para o rio Tâmisa levando em consideração o crescimento da cidade e
o aumento do uso do rio para abastecimento e transporte. O objetivo é que pelo menos 20
milhões de usuários por ano utilizem o rio como meio de transporte até 2035, com o
objetivo de reduzir as emissões de CO2, tirando veículos de circulação da cidade. Com
isso, o Port of London Authority tem assumido maior importância no controle de
embarcações no Tâmisa.
Quadro 5 - Organizações da Sociedade Civil que possuem conexão com o rio Tâmisa
ORGANIZAÇÕES DA
ATUAÇÕES
SOCIEDADE CIVIL
62
● Thames 21:
Organização sem fins lucrativos que trabalha pela recuperação de rios e córregos
no entorno de Londres*. Anualmente, mobilizam por volta de 7000 voluntários para
limpar e renaturalizar os corpos d'água, com o objetivo de transformar águas poluídas em
espaços que todos possam desfrutar, utilizando abordagens comunitárias inovadoras e
adaptadas. Possuem diversos projetos de aumento da biodiversidade local; limpeza dos
rios; diminuição das enchentes; programas de educação ambiental nas escolas "guardiãs
das águas"; monitoramento da qualidade da água; parceria com universidades; dentre
outras ações.
Foi assim nas décadas seguintes até que em 1970, a Alemanha vinha sendo
marcada pela forte ascensão de movimentos ambientalistas, que chamaram a atenção para
os efeitos da poluição nas regiões industriais, tornando-se tema central em discussões
64
políticas, inclusive como pauta de reivindicação de sindicatos industriais
(SCHEPELMANN, et al., 2016). Estas manifestações levariam o governo de RNV a
investir em projetos de saúde e meio ambiente para a população, contribuindo diretamente
nas ações norteadoras para a transformação do vale do Ruhr nas décadas seguintes.
Desde o início, o relatório ressalta que houve uma integração entre alguns órgãos,
como ministério do clima do estado da Renânia do Norte-Vestefália, agências ambientais
de governos locais, autoridades públicas de água, meio ambiente e planejamento urbano.
Entretanto, esta integração se deu diante de uma perspectiva informal e cooperativa. As
soluções foram sendo construídas e compartilhadas por todos os participantes, sem
mandato formal ou força legal, por meio de conselhos e grupos de trabalho que se
formaram ao longo dos últimos 30 anos.
ÓRGÃOS RESPONSABILIDADES
67
- Controle das águas de chuva,
- Construção de diques, estações de bombeamento,
- Promovem ações de integração dos stakeholders locais
- Desenvolvem projetos de planejamento e ocupação no
entorno do rio e seus afluentes.
68
considerado o grande espetáculo paisagístico na zona do Ruhr. É um parque regional que
cobre uma área de 450 km², em constante transformação. O circuito de ciclovia possui
atualmente 230 km e está sendo construída em grande parte sobre as antigas linhas de
trem que serviam às empresas de mineração, que perderam a função com o declínio
destas.
Entre 1991 e 2010, foram investidos no entorno cerca de 680 milhões de euros em
mais de 400 projetos no Parque Emscher, por meio da agência que trabalha em
cooperação com órgãos públicos municipais, EGLV e outros parceiros.
69
projetos, como o lago Phoenix em Dortmund, o Berne Park em Bottrop e o Emscher
Experience (festival de artes a cada 3 anos) fazem parte do Projeto de Conversão.
Há também outras empresas que são subsidiárias e prestam serviço para a EGLV
em diversas áreas de água e esgoto, entre elas: EmscherLippe Wassertechnik, Aquabench,
BETREM, Innovatherm, AFRY.
19
A Agenda 2030 é uma das principais referências para as ações.
70
7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E PROPOSTA DE GOVERNANÇA
Importante destacar que em ambos os casos, a governança e a gestão dos rios estão
atreladas à escala da bacia hidrográfica, o que permite uma atuação integrada em termos
de gerenciamento dos objetivos, distribuição dos benefícios e tomada de decisões. Como
demonstra Pahl-Wostl (2015), há sempre uma série de desafios relacionados à
governança das águas na escala das bacias hidrográficas, tais como escolha do limite,
71
responsabilidades, participação e as próprias assimetrias da bacia. Por isso, gestão e
governança não podem operar isoladamente e devem estar dentro de um cenário
institucional complexo. Os problemas de ajuste entre os recursos naturais e as fronteiras
administrativas podem ser resolvidos às custas dos problemas decorrentes da interação
entre diferentes níveis administrativos.
73
8. PROPOSTA PARA O RIO PINHEIROS
O Governo do estado de São Paulo traçou os objetivos para o rio Pinheiros em até
quatro anos, período do mandato da atual gestão (2019-2022). Portanto, não é intenção
deste trabalho propor alterações no modelo de governança atual. O desempenho ótimo é
aquele que atende tanto às dimensões de esforço quanto às dimensões do resultado
(MARTINS; MARINI, 2010). Por isso, a nossa proposta visa contribuir com possíveis
diretrizes para a continuidade do Programa, após 2022, garantindo a continuidade dos
resultados alcançados.
Para Martins e Marini (2010), o termo governança significa mais que gestão e
governo, por remeter a papéis preponderantes de múltiplos arranjos de diversos atores
(estado, terceiro setor, mercado, etc.). Os autores elaboram um conceito e uma
metodologia de governança para resultados denominada Gestão Matricial de Resultados,
ou Governo Matricial, baseada na construção de uma agenda estratégica legítima (como
o caso do Programa Novo Rio Pinheiros), no alinhamento das estruturas implementadoras
dentro de fora dos governos, a fim de buscar uma implementação efetiva, e assim evitar
a dissipação fragmentária de esforços na direção de outras agendas, além do
estabelecimento de uma sistemática de monitoramento e avaliação que proporcione a
geração de informações sobre resultados e esforços, promovendo a apropriação da
iniciativa por parte da sociedade.
20
Do inglês: Plan - Do - Check - Act / Adjust
74
Dito isso, considera-se que a estrutura de governança atual do Programa centrada
na figura da SIMA para a coordenação das ações distribuídas em cinco pilares, com o
acompanhamento mensal dos indicadores, metas e prestação de contas sobre o
desempenho do programa, deve continuar, pois tem se mostrado eficaz. Além disso, a
forma como a pasta foi reorganizada, reunindo os principais atores em um mesmo espaço,
foi fundamental para a evolução de todo o projeto. Propõe-se apenas algumas alterações
visto que o programa entra em uma nova fase de apropriação da população das margens
do rio.
75
8.2 Participação
Ter uma organização que financia e apoia ações de limpeza e recuperação dos
corpos hídricos, a exemplo da ONG Thames River Trust, pode ser uma alternativa, mas
que não depende apenas do poder público, e sim de iniciativas e mobilização da sociedade
civil. Por isso, é fundamental que a população se sinta parte do projeto e entenda os
impactos que um rio limpo traz para a saúde de toda a comunidade, muito mais importante
que a própria estética do bairro. Aos poucos, ampliar a educação ambiental para fora das
comunidades, como forma de abranger cada vez mais a população e conscientizar as
futuras gerações sobre a importância das ações de limpeza e conservação dos espaços
públicos, para assim diminuir a quantidade de materiais despejados em rios e córregos.
Conscientizar que o lixo não desaparece quando você o tira de sua casa e quais
externalidades positivas que isso gera para cada família, para cada vizinhança,
contribuindo para que o programa conquiste valor público.
76
8.3 Governança policêntrica
77
DBO estabelecido para esta fase do programa, numa segunda etapa de despoluição, novas
ações de saneamento precisarão ser realizadas. Em alguns casos, envolvendo a realocação
de famílias que moram no entorno dos córregos afluentes do Pinheiros. Por isso, em uma
nova fase do Programa Novo Rio Pinheiros, seria necessário a criação do Pilar de
Habitação, responsável por ações de moradia.
Também seria bom ter como pressuposto deste pilar a permanência das famílias
na mesma região onde residem, em um amplo processo de participação envolvendo a
população afetada, sempre com o objetivo de garantir o direito à moradia justa.
Com este novo pilar, sugerimos concentrar todas as ações que dizem respeito à
revitalização e ocupação das margens, bem como a utilização do rio para que a população
se aproprie do Pinheiros. Estas se referem à utilização dos parques, ciclovias,
equipamentos culturais, quiosques de convivência, exploração de comércios e serviços,
cinema, passeios de barco e outras atrações que sejam de interesse da população e do
Governo do Estado. As ações previstas para este pilar podem ser elaboradas dentro do
comitê do Pinheiros com a participação de atores externos à secretaria.
De acordo com Mark Moore (2003) criar valor público é oferecer respostas
efetivas a necessidades ou demandas que sejam politicamente desejadas; cuja propriedade
seja coletiva; que requeiram geração de mudanças sociais, que modifiquem aspectos da
sociedade. Desta forma, o Projeto Novo Rio Pinheiros, se concluído com sucesso, tem
tudo para ser bem aceito pela sociedade, até pela surpresa de uma nova área, com uma
nova utilidade, após ter sido enxergada por décadas como um espaço degradado que
servia como caminho diário para mais de 3 milhões de pessoas.
79
Quando concluído, o projeto será um novo cartão postal da cidade de São Paulo,
que dará ênfase para uma das principais construções da cidade, a Ponte Octávio Frias de
Oliveira, a Ponte Estaiada, atraindo turistas de todo o mundo.
80
9. CONCLUSÃO
Por fim, este trabalho conclui que o atual modelo implementado pela Secretaria
de Infraestrutura e Meio Ambiente, juntando todos os principais órgãos responsáveis
pelas ações de recuperação do Pinheiros, tem sido bem sucedido em alcançar as metas
estipuladas para a gestão até final de 2022. Assim, espera-se que a política se fortaleça,
mantendo a mesma estrutura dos órgãos públicos, ao mesmo tempo buscando criar
espaços de discussão sobre novos projetos de ocupação ao longo do rio, para ampliar a
participação da sociedade civil e assim fazer com que ela se sinta parte do projeto.
83
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WUPPERTAL INSTITUT. Emscher 3.0: from grey to blue, or how the blue sky over
the Ruhr region fell into the Emscher. 2013. Disponível em:
<https://epub.wupperinst.org/frontdoor/deliver/index/docId/5070/file/5070_Emscher_3.
pdf> Acessado em: 28 jan 2021.
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11. ANEXO I
Por ser um rio urbano, a água não será potável e também não terá possibilidade de
natação. No entanto, espera-se a melhora do odor, abrigo de vida aquática e, com isso,
trazer a população de volta às suas margens. A iniciativa também tem a proposta de captar
investimentos privados, como a concessão do transporte hidroviário para melhoria da
malha de transporte urbano.
Atualmente, seis dos 16 pacotes de contratação para as obras de esgotamento sanitário
nas suas sub-bacias estão com obras e ações socioambientais em andamento nas regiões
dos córregos Corujas/Rebouças, Ponte Baixa/Socorro, Aterrado/Zavuvus,
Pedreira/Olaria, Pirajuçara e Cidade Jardim/Morumbi. Outros contratos já estão com as
licitações concluídas e com assinaturas previstas.
Também estão em licitação as obras para a implantação das Unidades Recuperadoras da
Qualidade das Águas, que serão instaladas em cinco sub-bacias que apresentam núcleos
de ocupação irregular, onde, de acordo com a SIMA, não é tecnicamente viável implantar
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ações de infraestrutura e saneamento. Essas unidades irão tratar o esgoto remanescente
desses núcleos, de forma que as águas estejam despoluídas antes de desaguarem no rio
Pinheiros.
Paralelamente, a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE), também do
Governo do Estado, realiza um trabalho para a revitalização das margens do Pinheiros
com iniciativas que incluem o aprofundamento e a retirada do lixo do rio. Só entre os dias
6 de agosto de 2019 (data de início dos trabalhos) e 31 de março de 2020, foi constatado
o recorde de desassoreamento e desaterro dos últimos cinco anos, com a retirada de
215.683 m³ e 351.238 m³ de sedimentos, respectivamente. Somados, os materiais
correspondem a mais de 33 mil caminhões basculantes.
Na primeira etapa, prevista até o 2º semestre de 2020, deverão ser retirados 500 mil m³
de detritos no processo de desassoreamento e 700 mil m³ no desaterro, em um total de 1,2
milhão de metros cúbicos, equivalente a 480 piscinas olímpicas. Técnicos da EMAE
também executaram a batimetria do rio (uma medição da profundidade do leito e altura
dos resíduos por meio de sonda). Os resultados mostraram que a profundidade do rio se
alterna entre um e dois metros. A região entre as pontes do Jaguaré e Ari Torres deve ser
priorizada. Já o lixo é retirado por meio de Ecobarcos, redes e boias. Até março deste ano,
foram retiradas mais de 11,7 mil toneladas de resíduos, entre eles garrafas pet, bicicletas,
pneus, plásticos, entre outros.
Desta forma, as ações que estão sendo implementadas através do Programa Novo Rio
Pinheiros estão estruturadas nos seguintes eixos: saneamento, desassoreamento, coleta e
destinação de resíduos sólidos, revitalização das margens e educação ambiental.
II – Descrição do projeto
O presente termo de referência tem por objetivo definir os contornos iniciais para estudo
a ser realizado como trabalho final para o curso de Mestrado Profissional em Gestão e
Políticas Públicas (MPGPP) da Escola de Administração de empresas de São Paulo
(EAESP), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O MPGPP tem como propósito a
apresentação de um trabalho que analise condições reais de gestão e políticas públicas,
evidenciando os principais aspectos e apresentando recomendações relevantes ao órgão
público. A pesquisa a ser desenvolvida em conformidade com este termo de referência
também terá esse condão.
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O trabalho pretende abordar o programa intitulado "Novo Rio Pinheiros", sob
responsabilidade da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Governo do Estado
de São Paulo (SIMA), que prevê intervenções de saneamento e socioambientais, com
estimativas de beneficiar cerca de 3,3 milhões de pessoas que moram em locais
abrangidos pela bacia do rio Pinheiros, em área de 271 km² que inclui bairros nos
municípios de São Paulo, Embu das Artes e Taboão da Serra.
Encarar este desafio de melhorar a qualidade de suas águas exige ações acertadas e
parcerias que transformem o objetivo do programa em realidade. Além disso, o modelo
de governança do programa é parte fundamental para o sucesso, visto que há diversas
instituições públicas e privadas envolvidas, além da própria sociedade civil.
III – Objetivos
Desta forma, o trabalho pretende, a partir dos resultados pretendidos pelo Programa novo
Rio Pinheiros, construir o cenário de governança existente, focando nos mecanismos de
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aprendizagem entre a SIMA e os parceiros privados e da sociedade civil. O intuito é
identificar como se dá a governança da política durante as etapas de implementação, a
partir do arcabouço teórico denominado Social Learnings (SL). SL é considerado uma
importante base para construir relações de confiança entre os diferentes stakeholders, ao
mesmo tempo que promove engajamento sobre um tema complexo como a recuperação
de rios e córregos urbanos.
Além disso, ainda com o intuito de estabelecer uma análise de política pública que possa
ser de interesse à SIMA, a pesquisa pretende construir diretrizes e recomendações ao
órgão público estadual no que se refere a potenciais riscos na implantação do programa.
Com base na literatura e nas informações coletadas, interessa como produto final
apresentar uma avaliação sobre os aspectos socioambientais a partir de indicadores que
possam ser utilizados como referência pelo órgão, visando sempre um modelo de
governança capaz de promover a apropriação da sociedade civil para que os resultados
do Programa Novo Rio Pinheiros permaneçam ao longo do tempo.
IV – Produto esperado
O produto final consiste num relatório final de até 70 páginas (Times New Roman 12,
espaço 1,5) acrescidas de anexos e referências bibliográficas, a ser protocolado na
Secretaria de Registro EAESP-FGV e com os seguintes tópicos:
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V – Metodologia e ferramentas de pesquisa
VI – Cronograma
Descrição da Atividade Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out.
Apresentação do tema para SIMA
Avaliação do material e outras iniciativas
Delimitação do objeto
Elaboração do Termo de referência
Definição de orientador
Discussões com o orientador
Elaboração do projeto de pesquisa
Seleção dos referenciais teóricos
Revisão da Literatura de referência
Pesquisas e Benchmarking
Desenvolvimento de roteiro para entrevistas
Entrevistas
Análise dos resultados das pesquisas
Construção de propostas
Elaboração das conclusões
Sistematização das sugestões
Implementação das correções
Redação final do policy paper
Depósito (até 31 de agosto)
Defesa (até 31 de outubro)
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