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LIMITES DE JURISDIÇÃO E JOGOS DE PODER:

UMA ANÁLISE DA ADMINISTRAÇÃO DOS


GOVERNOS DE ANTONIO TELLES DE MENESES
(1639-1649)

Thomaz Carlos Santiago - História (Licenciatura)


Orientador(a) - Érica Lôpo de Araújo
OBJETIVO GERAL
Analisar os limites jurisdicionais e configurações hierárquicas presentes
em diferentes espaços ultramarinos, através da análise da trajetória
política de Antônio Telles de Meneses, governador-geral provisório do
Estado da Índia (1639-1640) e governador geral do Brasil (1647-1649).

Específicos
Avaliar a utilização do conceito de “Império Português” na compreensão do aparelho
político administrativo da monarquia lusa na época moderna.
Analisar a trajetória política de Antonio Telles de Meneses tanto no Estado da Índia,
como no Estado do Brasil de forma a compreender suas formas de atuação em diferentes
territorialidades.
Identificar a relação estabelecida entre o governador-geral e os poderes locais através de
suas práticas governativas e políticas administrativas.
Verificar o envolvimento de Antônio Telles de Meneses na insurreição pernambucana,
observando os limites de jurisdição do governador-geral no âmbito dos governos locais.
MATERIAIS E MÉTODOS

Fontes manuscritas e transcritas disponíveis no Arquivo Histórico Ultramarino


(AHU) especialmente do fundo documental Luíza da Fonseca, assim como
arquivos online disponíveis na Biblioteca Nacional Digital.
Assentos de conselho para o Estado da Índia.
Cruzamento com bibliografia selecionada para um substrato mais preciso da
biografia do Antonio Telles de Meneses.
1.O IMPÉRIO PORTUGUÊS E SEUS AGENTES

1.1.Entre palavras e conceitos: império português?


Entre os movimentos sincrônicos e diacrônicos: uma análise do conceito de
“império português” ao longo do tempo.
Ressignificando o “império português” a partir de novos referenciais.
Monarquia pluricontinental: os polissínodos e o corporativismo.
Unitarismos e particularismos.
Uma perspectiva amplificada das “configurações imperiais” proposta por Nuno
Gonçalo.
1.2. Vice-reis e governadores-gerais
"Os governadores-gerais exerciam um ofício régio superior com funções
delegadas de jurisdição inferior. Era um ofício de natureza superior por exercer
alguns poderes próprios do ofício régio, e suas funções são de qualidade inferior,
pois estas eram exercidas por delegação temporária e tinham suas decisões
submetidas, em última instância, ao monarca." - (COSENTINO, 2015, p. 524)
"[...] Em todos esses casos, poder local, nobreza da terra, oficiais diversos e o
governador-geral, “todos juntos”, negociaram e deliberaram sobre várias
questões a respeito da governação do Estado do Brasil." (COSENTINO, 2015, p.
519)
“Tudo o que não for provido neste regimento deixo a vossa prudençia que
considerando a qualidade dos negócios, que se vos offereçerem, e as
circunstançias que nelles concorrerem, escolhereis e executareis o que for mais
conveniente a meu serviço.” (ARAÚJO, 2014, p. 238)
1.3. A construção dos modos de governança nos Estados da Índia e
do Brasil.
Ásia:
Os múltiplos interesses e as difíceis condições de manutenção do Estado da
Índia.
A construção do capital simbólico dos vice-reis (1505) no Oriente.
Vice-reis poderiam assumir funções administrativas, econômicas, além de gestor
das defesas dos territórios e da justiça.

Brasil:
Instauração do governo-geral (1548) e a contenção dos poderes dos capitães
donatários.
Aos governadores era exigido “conhecimento, experiência, capacidade de
comando e qualidades de gestão.” (COSENTINO, 2012, p. 728).
2. ANÁLISE DOS GOVERNOS

2.1. Construção da carreira militar


Ao longo das décadas, Antonio Telles de Meneses:
1610 - Expedição ao Estado da Índia enquanto fidalgo
1620 - Aparece como capitão-mor e presta "socorro" ao Estado da Índia
1630 - Assume o posto de Capitão Geral da Armada de Altobordo do Estado da
índia.
Em 1639, durante a missão de defender Damão e Baçaim, é notificado da morte do
até então vice-rei Pero da Silva e assume o posto de governador-geral provisório do
Estado da Índia.
Mapa do Estado da Índia
2.2. Governo-provisório do Estado da Índia
(1639 - 1640)

Volatilidade das alianças com os poderes locais.


Esmeril defensivo.
Questão da confiabilidade dos homens do conselho.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Armadas_da_%C3%8Dndia
2.3. Os imbróglios diplomáticos no reino e no Brasil (1640-1647)

As três “tarefas” de D. João IV:


1. O reconhecimento da independência da coroa lusa em relação à castelhana.
2. O reforço defensivo dos territórios portugueses na península, face à iminência de
retomada dos castelhanos.
3. A retomada das conquistas ultramarinas que estavam sob posse dos holandeses.
2.3. Os imbróglios diplomáticos no reino e no Brasil (1640-1647)

“Pobre mas honrado”


1647 recebe o título de Conde de Villa
Pouca Aguiar e, no mesmo ano,
assume o cargo de governador-geral
do Estado do Brasil.
Delega-se, por regimento, a Antonio
Telles de Meneses a tarefa de defender
o Estado do Brasil.
Urbs Salvador. Vários autores (1640-1641)
http://www.cidade-salvador.com/seculo17/montanus/urbs-
salvador.htm
Governo-geral no Estado do Brasil (1647-1649)

Na missão de defender o Estado do Brasil:


Cobrança de impostos para custear o reforço defensivo.
Boa relação com as câmaras municipais.
A presença de oficiais de primeiro plano dos terços e oficiais de comando
essenciais ao poder defensivo de Salvador.
Em 1648, Antonio Telles de Meneses delega um dos oficiais da sua
armada para o cargo vago de sargento-mor, o que causa desagravo com o
poder local.
Relação com a insurreição pernambucana:
Coadjuvante de Francisco Barreto de Menezes no trato para com os
poderes locais e condução da insurreição.
Considerações finais
O “polimorfo” império português e a capacidade de adaptação de diferentes
modelos administrativos.
Pontua-se a importância da figura do governador-geral entre as décadas de 1630-
1640 tendo em vista as fragilidades do Império português diante das empreitadas
dos holandeses e ingleses nos domínios ultramarinos.
Além disso, evidencia-se não somente as fragilidades do império português, como
também a circularidade dos modos de governança em diferentes espaços, de
forma a expor como características fundamentais a um governante num
determinado território não eram, necessariamente, úteis em outro.

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