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NOSSOS PASTORES DO PRESENTE (Hb 13.

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INT.: Além de termos nosso dever de trazer em nossa memória os pastores que foram nossos exemplos de fé e
piedade, o autor nos incumbe do dever para com nossos pastores em exercício. Nossos pastores do passado não mais
voltarão. Sentiremos sua falta. A jubilação é um recurso que podemos usufruir, uma vez que ainda teremos nossos
pastores do passado por um tempo conosco, podendo nos ajudar e orientar em suas experiências maravilhosas. Mas o
Deus que é o dono da obra jamais deixará Sua igreja sem uma liderança. Assim como Ele esteve com Moisés, esteve
também com Josué (Js 1.5). Os filhos de Corá disseram: “Em vez de teus pais, serão teus filhos, os quais farás
príncipes por toda a terra” (Sl 45.16). Quando lastimamos a perda dos pastores do passado, não podemos
menosprezar os do presente. Deus os designou para substituí-los. Os que zombam da nova liderança serão julgados
pelo Senhor, como aqueles rapazes que insultaram Eliseu (2Re 2.23-25).

S. T.: Assim como temos nossos deveres para com os pastores de nossos primeiros tempos, temos também para com
os atuais. Cada geração tem sua liderança, que fará sua história nela e à qual aquela geração tem que lhe prestar suas
obrigações. Veremos, portanto, quais são as obrigações que temos para com nossos pastores do presente.

I – DEVEMOS OBEDECER-LHES
A palavra comumente traduzida para obedecer é hypakúõ. Porém aqui, o autor não usa esta palavra. O termo usado é
peithõ. Significa “persuadir, ter confiança”. Como está na voz passiva, significa “deixai-vos persuadir, tenhais
confiança, sejais rendidos, convencidos e aceitai”.

Hoje em dia uma grande maioria do público dito cristão diz que já tem conceito próprio sobre tudo. As congregações
não passam de ajuntamento de várias pessoas com pensamentos particulares sobre um assunto. Não há unanimidade
(inclusive, quando dizem a você que “toda unanimidade é burra”, significa que eles querem que você seja unânime
com eles nisso, de forma que você seja burro. A uma frase como essa, você pode questionar: “vocês são unânimes
sobre isso?”). Saul era um homem que fazia as coisas segundo sua própria mente. Porém, Paulo nos diz que devemos
todos ser de um mesmo pensamento. No entanto, os cristãos atuais são independentes em seu pensamento, não se
deixam persuadir por seu pastor, ao contrário, querem confrontá-lo e contradizê-lo. O autor nos diz: “Deixem-se
persuadir, sejam convencidos, afinal, como os pastores antigos, que vos falaram a palavra de Deus, os atuais também
o fazem”.

Percebam que não é apenas uma adequação externa e um coração contrário. Mas algo que se deixa conduzir. Tem a
ver com nossa reação ao papel dos pastores. Eles conduzem (é assim que são chamados aqui, “condutores”), nós nos
permitimos ser conduzidos. Eles falam a palavra de Deus (v. 7), nós nos deixamos convencer. Eles aconselham e
admoestam, nós nos deixamos persuadir. Dessa forma, a obediência ganha um caráter espontâneo, ou até melhor,
consciente.

Por outro lado, há também aquela massa que segue os falsos guias justamente porque se deixam convencer por
qualquer coisa. Esses são os que têm preguiça de pensar. Além de não terem a mente de Cristo, ainda permitem que
falsos e sagazes mestres os guiem em sua perdição. Sobre estes, Jesus diz que são cegos guiados por cegos. Ambos
cairão no barranco!

II – DEVEMOS SUBMETER-NOS A ELES


Novamente, ao contrário da palavra comumente usada para submeter-se, que é hypotassõ (“debaixo da ordem”) o
escritor usa outro termo, hypeikõ. Esse termo significa “ceder, não resistir mais, ser fraco, render-se”. Esse termo é
exclusivo deste versículo em todo o NT.

Notamos que o intento do autor é que os crentes sejam mais que submissos por uma questão hierárquica. Mas que
sejam concessivos em seu coração. Embora não se trate de direitos concedidos, pois diante de uma autoridade
constituída não temos do que abrir mão para submeter, a não ser submeter-nos por ordem divina, visto que toda
autoridade foi constituída por Deus, mesmo assim, o cristão sabe qual é sua posição diante de sua autoridade
eclesiástica. Ele não somente sabe que é seu dever, mas ainda assim, ele o faz por rendição.

Falando sobre autoridade civil, o apóstolo Paulo ensina aos romanos que “aquele que se opõe à autoridade resiste à
ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Rm 13.2). Se é assim com a autoridade
civil, o que não deve ser com a autoridade pastoral? Entretanto, o que temos hoje são crentes resistentes, opositores e
insubmissos. Essa é a característica dos homens dos últimos dias. Eles seriam resistentes, disse o apóstolo a Timóteo:
“os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos,
irreverentes” (2Tm 3.2).
Novamente, a concessão é feita de coração e não daquela forma: “vou ceder para não aumentar o problema”, como
muitos crentes fazem. É um reconhecimento da autoridade outorgada por Deus ao seu pastor.

III – POR QUE ELES VELAM POR NOSSAS ALMAS


O trabalho do pastor que lhe torna digno de ser de tal forma estimado e respeitado é que ele vela por nossas almas. O
autor aos Hebreus tem uma característica de usar uma escrita mais refinada e não usa as palavras mais comuns para
os termos que quer destacar. Aqui, por exemplo, o comum seria gregoreõ, mas ele usa agrypneõ. Ambos significam
“manter-se acordado”, mas o primeiro fala do efeito de algum esforço estimulante, enquanto o termo usado fala da
ausência de sono, um estado de espírito alerta e não apático, sem qualquer folga desnecessária. O termo leva o sufixo
hypnos, de hipnose, ou sono profundo e provocado. O pastor está isento disso em sua atenção para com o rebanho.

O exercício de vigilância é constante na vida pastoral. Ele não dorme e tampouco é hipnotizado pelas novidades do
mundo. Infelizmente, o histórico de muitos pastores brasileiros tem sido manchado pela frenética busca de
estratégias de crescimento de igreja. Eles se esqueceram de que foram chamados para vigiarem as almas que lhes
foram confiadas e não para usarem o número delas para se promoverem. A loucura por fazer uma igreja crescer faz
as almas definharem. O resultado, muitas vezes, é uma igreja cheia de almas pálidas e ressecadas. O encanto do
sucesso e em muitos casos, a ganância pelo lucro, fazem vítimas tanto nos púlpitos quanto nos bancos. O verdadeiro
pastor está atento a qualquer perigo e engano espiritual que pode corromper seu trabalho e dispersar as almas que lhe
foram confiadas.

O autor diz que os pastores se portam assim porque são como aqueles que irão prestar contas. A expressão aqui é
apodídõmi, “devolver”. Observe que as almas que nos foram dadas não nos pertencem. Elas terão que ser devolvidas.
Seu dono é Cristo. Pedro falou sobre isso, quando disse que os presbíteros não devem se sentir donos do rebanho,
não devem agir como dominadores (1Pe 5.3).

Algo interessante é o advérbio “como”. Ele vela como se fosse dar conta. Na verdade, o pastor dará conta de seu
trabalho. Mas as pessoas em si, diz o apóstolo Paulo, que cada um dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14.12). Não é
que Deus requererá das mãos do pastor a salvação das pessoas que ele pastoreou, mas sim a execução do trabalho
dele sobre essas pessoas. Se ele foi atento, se ele não se corrompeu nem corrompeu a igreja, se ele pregou a Palavra
fiel, enfim, as exigências feitas ao seu trabalho é que serão cobradas e não as almas em si.

IV – DEVEMOS PROMOVER-LHES ALEGRIA E NÃO GEMIDOS


Para que o pastor faça seu trabalho com alegria, a sujeição e obediência da igreja são fatores imprescindíveis.
Entretanto, mesmo se não há a submissão e obediência de todos, ainda assim, o pastor fará seu trabalho, porém, será
com gemidos.

O autor diz que ter um pastor que trabalha gemendo não é útil para a igreja. Não se trata do pastor ser um inútil, mas
sim para a igreja, isso é um prejuízo, não é lucrativo. Significa também “benefícios perdidos por uma escolha
errada”. Não é a escolha do pastor, mas a escolha dos membros de serem rebeldes que faz com que haja prejuízo no
trabalho pastoral. É claro que há pastores que são eles mesmos um prejuízo terrível para a igreja, deveriam fazer um
favor e se afastarem do cargo, entregando para aquele que realmente foi chamado por Deus para tal tarefa. Mas
havendo um pastor dedicado e vigilante sobre o povo de Deus, a igreja deveria lhe dar alegria em sua obediência e
submissão.

CONC.:

APLIC.:

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