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Leitura: Bonecas abayomis

Para acalentar seus filhos durante as terríveis viagens a bordo dos tumbeiros – navio de
pequeno porte que realizava o transporte de escravos entre África e Brasil – as mães africanas
rasgavam retalhos de suas saias e a partir deles criavam pequenas bonecas, feitas de tranças ou
nós, que serviam como amuleto de proteção.
As bonecas, símbolo de resistência, ficaram conhecidas como Abayomi, termo que significa
‘Encontro precioso’, em Iorubá, uma das maiores etnias do continente africano cuja população
habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim.
Ela se tornou comum na arte popular brasileira a partir do movimento de mulheres negras
do Maranhão, tendo sido criada por Waldilena Martins ou Lena Martins que buscava na arte
popular um instrumento de conscientização e socialização. As bonecas Abayomis são negras feitas
de sobras de tecido que são amarrados resgatando a forma mais singela do fazer artesanal, sem
uso de costuras e o mínimo de ferramentas.
Através das bonecas Abayomis busca-se o fortalecimento e o reconhecimento da
identidade afro-brasileira, além disto, permite à criança ou adolescente construir o seu próprio
objeto estimulando a fantasia.
As abayomis não possuem demarcação de olho, nariz nem boca, isso para favorecer o
reconhecimento das múltiplas etnias africanas.
A partir de todos estes elementos é possível ter uma dimensão da importância das bonecas
Abayomis para história do Brasil e sua relação com o continente africano. Além de serem
encantadoras, elas se colocam como elemento de afirmação das raízes da cultura a brasileira e
também do poder e determinação das mulheres negras.

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