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UM CONTO DE NATAL UM CONTO DE NATAL

Quando o viu, o seu coraçãozinho quase saiu pela boca. Não podia Quando o viu, o seu coraçãozinho quase saiu pela boca. Não podia
estar sonhando, afinal de contas acabara de almoçar. estar sonhando, afinal de contas acabara de almoçar.
Márcia não tinha duvidas, estava acordada. Márcia não tinha duvidas, estava acordada.
Desceu correndo as escadas quedavam para o muro da rua e olhou Desceu correndo as escadas quedavam para o muro da rua e olhou
bem de pertinho: velho, gordo, barrigudo, cabelos e barbas brancas e com bem de pertinho: velho, gordo, barrigudo, cabelos e barbas brancas e com
aquela maleta na mão só podia ser ele. aquela maleta na mão só podia ser ele.
- Maleta na mão?!? – diz Márcia para si mesma – Deve ser um - Maleta na mão?!? – diz Márcia para si mesma – Deve ser um
disfarce para não ser reconhecido. É isso? disfarce para não ser reconhecido. É isso?
A menina não resistiu. Assim que ele passou por sua casa, foi logo A menina não resistiu. Assim que ele passou por sua casa, foi logo
dizendo: dizendo:
- Oi! Tudo bem? - Oi! Tudo bem?
- Como estar menininha? – perguntou ele. - Como estar menininha? – perguntou ele.
- To bem? O senhor está passeando? - To bem? O senhor está passeando?
- Não. Estar indo para o meu casa. - Não. Estar indo para o meu casa.
- É caminho por aqui? - É caminho por aqui?
- Agora eu ser seu novo vizinho. Morar no fim da rua. - Agora eu ser seu novo vizinho. Morar no fim da rua.
- Puxa que legal! - Puxa que legal!
- Eu precisar ir. Ter muito o que fazer. Nós conversar outro dia. - Eu precisar ir. Ter muito o que fazer. Nós conversar outro dia.
- Tchau, moço! - Tchau, moço!
Mais que depressa Márcia correu para dentro de casa numa Mais que depressa Márcia correu para dentro de casa numa
brancura de dar gosto. brancura de dar gosto.
- MÃE! MÃE! MANHÊÊÊ! Ô, mãe, ele falou comigo! Mãe ele agora - MÃE! MÃE! MANHÊÊÊ! Ô, mãe, ele falou comigo! Mãe ele agora
mora no fim da rua! Mãe, ele existe mesmo! Ô, mãe... mãe... mora no fim da rua! Mãe, ele existe mesmo! Ô, mãe... mãe...
- o que deu em você, menina? O que está acontecendo? - o que deu em você, menina? O que está acontecendo?
- Ele existe mesmo, mãe! - Ele existe mesmo, mãe!
- Calma filha! Está me parecendo um fantasma. - Calma filha! Está me parecendo um fantasma.
- Mãe, eu falei com ele! - Mãe, eu falei com ele!
- Ele quem? O fantasma? - Ele quem? O fantasma?
1 – Com base no que você acabou de ler, responda a estas questões: 1 – Com base no que você acabou de ler, responda a estas questões:
a) O texto inicia descrevendo uma situação de espanto. Quem estava f) O texto inicia descrevendo uma situação de espanto. Quem estava
espantada, perplexa com alguma coisa? espantada, perplexa com alguma coisa?

b) O que surpreendeu a menina foi algo bom ou ruim? Que frase do texto g) O que surpreendeu a menina foi algo bom ou ruim? Que frase do texto
confirma a sua resposta? confirma a sua resposta?

c) As características dessa pessoa, que causou espanto na menina, fazem h) As características dessa pessoa, que causou espanto na menina, fazem
você lembrar de alguém? Quem? você lembrar de alguém? Quem?

d) Que elemento na descrição não combina com o que Márcia pensou? i) Que elemento na descrição não combina com o que Márcia pensou?

e) Como ele justifica para si mesma esse elemento “intruso”, que não com a j) Como ele justifica para si mesma esse elemento “intruso”, que não com a
figura pensada? figura pensada?
- PAPAI NOEL! Mãe, ele mudou para o final da nossa rua. - PAPAI NOEL! Mãe, ele mudou para o final da nossa rua.
- Filhinha, dizem que Papai Noel “mora” no Pólo Norte. Trabalha - Filhinha, dizem que Papai Noel “mora” no Pólo Norte. Trabalha
direto em sua fabrica de brinquedos, não tem tempo de vir à cidade. Que direto em sua fabrica de brinquedos, não tem tempo de vir à cidade. Que
dirá mudar-se para cá? dirá mudar-se para cá?
- Mas, mãe! Ele disse que mora no fim da rua. É verdade que eu - Mas, mãe! Ele disse que mora no fim da rua. É verdade que eu
andava meio desconfiada dessa historia de Papai Noel, mas eu o vi, andava meio desconfiada dessa historia de Papai Noel, mas eu o vi,
conversei com ele. É igualzinho ao da TV. Ele existe mesmo! conversei com ele. É igualzinho ao da TV. Ele existe mesmo!
- Quando ele aparecer novamente, você me chama, ta? - Quando ele aparecer novamente, você me chama, ta?
- você vai gostar dele. Anda disfarçado com uma maleta na mão. Só - você vai gostar dele. Anda disfarçado com uma maleta na mão. Só
que não disfarça muito bem. Quando conversa, a gente logo percebe o que não disfarça muito bem. Quando conversa, a gente logo percebe o
sotaque. sotaque.
Depois desse dia, Márcia não saia mais do muro. Vivia sempre a Depois desse dia, Márcia não saia mais do muro. Vivia sempre a
espera do amigo. Confusa, a mãe andava preocupada, até que certo dia: espera do amigo. Confusa, a mãe andava preocupada, até que certo dia:
- MÃE! MÃE! MANHÊÊÊ!!! Corre aqui! - MÃE! MÃE! MANHÊÊÊ!!! Corre aqui!
A mãe correu e viu... A mãe correu e viu...
- Oi! - Oi!
- Olá, menininha! - Olá, menininha!
- Tudo bem? - Tudo bem?
- Estar bem! E você, como estar? - Estar bem! E você, como estar?
- To... tô bem... Minha mãe me falou que o senhor veio de um lugar - To... tô bem... Minha mãe me falou que o senhor veio de um lugar
muito frio. Disse, também, que o senhor trabalha muito e não tem tempo de muito frio. Disse, também, que o senhor trabalha muito e não tem tempo de
ir à cidade. É verdade? ir à cidade. É verdade?
- Como sua mãe saber? - Como sua mãe saber?
- Ah, olha aí, mamãe! - Ah, olha aí, mamãe!
- Guten morgem! (Bom dia!) - Guten morgem! (Bom dia!)
- Bom dia, moço! - Bom dia, moço!
- A senhora ter uma filhinha simpática e bonito. Nos tornar amigos, - A senhora ter uma filhinha simpática e bonito. Nos tornar amigos,
desde que eu mudar para cá. desde que eu mudar para cá.
- Márcia me contou. - Márcia me contou.
- Viu mãe? É ele, não é? - Viu mãe? É ele, não é?
- Eu non entender?!? - Eu non entender?!?
- Minha filha pensa que o senhor é o Papai Noel. Pensa também que - Minha filha pensa que o senhor é o Papai Noel. Pensa também que
o senhor veio do Pólo Norte e vive disfarçado. o senhor veio do Pólo Norte e vive disfarçado.
- WIE?!? (Como?) - WIE?!? (Como?)
- O senhor é Papai Noel, não é? - O senhor é Papai Noel, não é?

2 – Que argumentos a mãe de Márcia usou para convencer a filha de que aquele 2 – Que argumentos a mãe de Márcia usou para convencer a filha de que aquele
homem não podia ser o Papai Noel? homem não podia ser o Papai Noel?

3 – E quais foram os argumentos da filha para convencer a mãe de que ele era o 3 – E quais foram os argumentos da filha para convencer a mãe de que ele era o
Papai Noel? Papai Noel?
4 – Quais argumentos se coincidiam? 4 – Quais argumentos se coincidiam?

5 – Qual será a resposta do homem para a menina? 5 – Qual será a resposta do homem para a menina?
Ao ver os olhinhos aflitos da menina, o novo vizinho não souber o Ao ver os olhinhos aflitos da menina, o novo vizinho não souber o
que responder, ficou quieto, sem resposta. que responder, ficou quieto, sem resposta.
Márcia achou que isso significava um “SIM”. Márcia achou que isso significava um “SIM”.
- O senhor usa essas roupas para não ser reconhecido, não é? E - O senhor usa essas roupas para não ser reconhecido, não é? E
essa maleta é para disfarce, certo? Eu tinha razão, mas não se preocupe, essa maleta é para disfarce, certo? Eu tinha razão, mas não se preocupe,
não vou contar para ninguém, será o nosso segredo, certo? não vou contar para ninguém, será o nosso segredo, certo?
Tanto a mãe quanto o vizinho não contavam com a aflição da Tanto a mãe quanto o vizinho não contavam com a aflição da
menina e, num acordo feito de silencio, resolveram dar tempo ao tempo menina e, num acordo feito de silencio, resolveram dar tempo ao tempo
para esclarecer o fato. para esclarecer o fato.
Depois daquele dia, Márcia nunca mais chamou seu vizinho de Papai Depois daquele dia, Márcia nunca mais chamou seu vizinho de Papai
Noel, tornaram-se grandes amigos e a vida foi voltando ao normal, até que Noel, tornaram-se grandes amigos e a vida foi voltando ao normal, até que
um dia, o vizinho ficou doente, muito doente, foi parar no hospital. um dia, o vizinho ficou doente, muito doente, foi parar no hospital.
Todos da rua ficaram tristes. Gostavam dele e sabiam que a doença Todos da rua ficaram tristes. Gostavam dele e sabiam que a doença
era muito grave. Lá no fundo do peito sabiam que ele não ia mais voltar. era muito grave. Lá no fundo do peito sabiam que ele não ia mais voltar.
Márcia bateu o pé: Márcia bateu o pé:
- Papai Noel nunca morre! - Papai Noel nunca morre!
- O que é isso, filha? Já está na hora de você entender. O nosso - O que é isso, filha? Já está na hora de você entender. O nosso
vizinho é só muito parecido com o Papai Noel, mas não é ele. vizinho é só muito parecido com o Papai Noel, mas não é ele.
- O nosso vizinho é MEU Papai Noel. E meu Papai Noel não pode - O nosso vizinho é MEU Papai Noel. E meu Papai Noel não pode
morrer! morrer!
Márcia não perdeu as esperanças. Não desistiu e, sempre que podia, Márcia não perdeu as esperanças. Não desistiu e, sempre que podia,
ficava no muro à espera do amigo: ficava no muro à espera do amigo:
- Ele vai voltar! - Ele vai voltar!
Os dias foram se passando e nada de o vizinho voltar. Até que Os dias foram se passando e nada de o vizinho voltar. Até que
chegou o mês de dezembro. Como num passe de mágica, a cidade encheu- chegou o mês de dezembro. Como num passe de mágica, a cidade encheu-
se de brilho e cores. Estrelas, sinos e anjos foram surgindo. se de brilho e cores. Estrelas, sinos e anjos foram surgindo.
Márcia, que viu tudo isso pela TV, de repente, sentiu que seu Márcia, que viu tudo isso pela TV, de repente, sentiu que seu
coraçãozinho ia saltar pela boca. coraçãozinho ia saltar pela boca.
- Mãe, ele vai voltar! - Mãe, ele vai voltar!
E, mais que depressa, correu para o muro para esperar o amigo. E, mais que depressa, correu para o muro para esperar o amigo.
- Ele vai passar por aqui! Vou esperá-lo! - Ele vai passar por aqui! Vou esperá-lo!
Márcia esperou e esperou... Márcia esperou e esperou...

6 – Que fato fez Márcia voltar chamá-lo de Papai Noel? 6 – Que fato fez Márcia voltar chamá-lo de Papai Noel?

7 – Qual foi à reação de sua mãe quando a menina o chamou assim? 7 – Qual foi à reação de sua mãe quando a menina o chamou assim?

8 – Você acredita que o vizinho voltará ou não? Por quê? 8 – Você acredita que o vizinho voltará ou não? Por quê?
O afeto que Márcia sente pelo velhinho a fez acreditar que um dia ele O afeto que Márcia sente pelo velhinho a fez acreditar que um dia ele
voltará. Acompanhe, agora, o final da história: voltará. Acompanhe, agora, o final da história:
Enfim chegou a semana do Natal e não é que ele voltou... Enfim chegou a semana do Natal e não é que ele voltou...
Subiu a rua como antes. Já não era tão gordinho e rosadinho, mas Subiu a rua como antes. Já não era tão gordinho e rosadinho, mas
ainda tinha seus cabelos e barba branca e trazia consigo a velha maleta na ainda tinha seus cabelos e barba branca e trazia consigo a velha maleta na
mão. mão.
Márcia pensou que seu coraçãozinho fosse saltar pela boca. Era ele Márcia pensou que seu coraçãozinho fosse saltar pela boca. Era ele
não tinha duvidas. não tinha duvidas.
Márcia acabara de ganhar seu melhor presente de Natal. Seu bom Márcia acabara de ganhar seu melhor presente de Natal. Seu bom
amigo sarou... amigo sarou...

SIGUEMOTO, Regina. Um conto de Natal. Revista Nosso Amiguinho, São Paulo: Casa SIGUEMOTO, Regina. Um conto de Natal. Revista Nosso Amiguinho, São Paulo: Casa
Publicadora Brasileira, p. 3 – 6, dez.1989. Publicadora Brasileira, p. 3 – 6, dez.1989.

9 – Você já havia previsto a volta do velhinho? Por quê? 9 – Você já havia previsto a volta do velhinho? Por quê?

10 – Para você por que a data da volta do vizinho coincidiu com a semana do 10 – Para você por que a data da volta do vizinho coincidiu com a semana do
Natal? Natal?

11 – O texto que você acabou de ler é um conto. Assinale a alternativa que traz 11 – O texto que você acabou de ler é um conto. Assinale a alternativa que traz
a informação correta sobre o texto lido: a informação correta sobre o texto lido:
( ) Os contos são textos que servem para informar as pessoas sobre fatos que ( ) Os contos são textos que servem para informar as pessoas sobre fatos que
aconteceram realmente, estão ocorrendo ou vão acontecer. aconteceram realmente, estão ocorrendo ou vão acontecer.
( ) Os contos narram histórias criadas pela imaginação do autor. Eles ( ) Os contos narram histórias criadas pela imaginação do autor. Eles
despertam a imaginação, propiciando prazer ao leitor. despertam a imaginação, propiciando prazer ao leitor.

12 – Agora que você leu o conto responda as perguntas: 12 – Agora que você leu o conto responda as perguntas:
a) De que assunto trata o conto? a) De que assunto trata o conto?

b) Quais os personagens que participam da história? b) Quais os personagens que participam da história?

c) Onde acontece a historia? c) Onde acontece a historia?


d) Que situação ou fato deu origem a historia? d) Que situação ou fato deu origem a historia?

e) Que problema surgiu na história, entristecendo a todos? e) Que problema surgiu na história, entristecendo a todos?

f) Como você avalia o final dessa história? Explique. f) Como você avalia o final dessa história? Explique.

PRODUÇÃO DE TEXTO PRODUÇÃO DE TEXTO


Márcia pensou que seu coraçãozinho ia saltar pela boca, quando viu seu Márcia pensou que seu coraçãozinho ia saltar pela boca, quando viu seu
bom amigo subindo a rua como antes. bom amigo subindo a rua como antes.
Como será que foi esse reencontro dos dois? Sobre o que conversaram? Como será que foi esse reencontro dos dois? Sobre o que conversaram?
Continue essa historia, na folha sulfite, relatando, também, como foi o Continue essa historia, na folha sulfite, relatando, também, como foi o
Natal de Márcia naquele ano. Natal de Márcia naquele ano

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