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Sei que meu pai me ama, mas não sou sua prioridade, muito
menos para minha irmã, mesmo com todo amor que sei que ela
sente por mim. Sua prioridade são os negócios. Sempre me senti à
parte, evitava demonstrar que não estava bem para não ser um
peso. O sentimento de inferioridade e baixa autoestima estavam
enraizados em mim como uma segunda pele.
Posso não ser a filha preferida do meu pai, mas sou a irmã
preferida de Julieta, mesmo com raiva, mesmo não gostando, ela
está aqui para mim, por mim, porque ela sabe que esse dia é
especial.
Aponta para a porta, eu não vejo mais nada, minha vista está
nublada pelas lágrimas.
— Não posso te arrancar daqui, mas irei ficar do seu lado.
Entregarei meu cristalzinho nas mãos de alguém que não sabe o
quanto você é perfeita.
— Julieta! — resmungo.
Eu estava enganada.
Capítulo 2
Nossa lua de mel não foi o que sonhei. Gabriel passou todo o
tempo tentando se promover. Às vezes, chegava a ser
inconveniente e, no momento seguinte, me cobria de carinhos,
fazendo-me pensar que talvez eu estivesse exagerando. Mais uma
vez, eu culpei a empolgação de quem está começando a trabalhar
com a internet. Mas não era só isso, e muito menos passou depois
que voltamos da lua de mel. Gabriel só queria ir a lugares onde
houvesse pessoas que ele considerava importantes. O problema é
que sozinho, ele não tinha conteúdo e nem despertava interesse no
público.
Gabriel pode não ter ganhado a ascensão que ele queria, mas
era visto como um marido perfeito e tudo por culpa minha, fui eu que
criei essa imagem de homem exemplar. Para o meu público ele é o
marido ideal, porque eu inventei isso.
Julieta.
— Isso não vai dar certo. No máximo, alguns meses. Mas tem
que me prometer que não vai envolver meu trabalho no nosso
divórcio — admito a minha derrota.
E eu quero isso para mim, anseio por alguém que lute pelo
nosso relacionamento. Desejo tudo o que minha irmã me disse
merecer no dia em que me casei com o cara errado.
Capítulo 4
Nosso contato não dura nem dez segundos. Ele volta a pôr os
óculos e segue na direção em que a criança foi sem me dirigir a
palavra nem uma única vez. Somente quando está distante consigo
piscar algumas vezes.
Muito irresponsável.
— Você vai ficar muito tempo aqui? Você quer ser minha
amiga? Eu não tenho amigos. Você pode brincar comigo na nossa
suíte, lá tem um quarto só para mim. Se o meu papai deixar, você
vai? — Mais uma vez faz várias perguntas.
— Ei! Por que está chamando a atenção dela? Você que foi
relapsa — a repreendo falando em inglês.
Giro meu corpo e mais uma vez olho para a menina com
quem tive uma identificação tão forte em tão pouco tempo. Maria
Luíza acena entusiasmada e eu volto a abrir um sorriso e retribuo o
gesto.
Mulher irritante!
Eu tentei fingir que aquele arrepio foi apenas pelo frio, tentei
apagar aquele pequeno encontro que nem foi um encontro de fato,
porém não consegui. Minha filha não deixou. Ela está
completamente encantada por aquela mulher, não para de falar que
ela se parece com a Tiana, do filme A princesa e o sapo. Me
perguntou se ela podia ser sua amiga, eu tentei fazê-la esquecer
esse assunto, porque ela não deve incomodar os hóspedes do
hotel, mas minha pequena é teimosa como a sua bisavó.
— Recebi uma ligação da babá e ela disse que sua filha caiu
e ficou desacordada por um tempo, ela chamou um médico e ele
decidiu encaminhá-la ao hospital.
— Já fiz isso. Tenho certeza de que ficará tudo bem com sua
filha. — Sorri gentil.
Já faz quase seis anos e desde então dediquei todo amor que
há em meu peito à minha filha e avó. Não consegui voltar para a
casa que comprei assim que pedi Sabrina em casamento. Saí do
hospital com minha bebê recém-nascida e me hospedei na suíte
presidencial de um dos meus hotéis, e assim estou até hoje, em
suítes dos meus hotéis com minha filha e minha avó, contratando
babás provisórias sem nunca me fixar em um lugar.
— Não, vim direto ver como a Maria estava. Sequer sabia que
a senhora estava aqui.
— E onde mais estaria? — Movimenta os ombros e joga as
mãos para cima. — Uma funcionária do hotel apareceu na nossa
suíte, nervosa, dizendo que nossa Maria havia sofrido um pequeno
acidente. Acredito que perdi alguns anos de vida naquele momento,
e Deus bem sabe que já não tenho muitos pela frente — soa
dramática, como sempre faz.
Minha avó é brasileira, ela diz que quem tem sangue latino
tem um pé no drama e outro na malandragem. Nunca entendi isso
muito bem.
Não quero me casar, não por amor, nunca mais quero sentir a
dor da perda de alguém que eu amo, nunca mais vou deixar alguém
ser tão importante para mim assim e correr o risco de tê-la
arrancada de mim, deixando-me em um mar de desespero.
— Eu também vó — retruco.
Por um tempo não falamos nada, nos olhamos medindo
forças. Não sou um jovem inexperiente que fica nas mãos dos mais
velhos, amo minha avó, mas eu que decido minha vida.
Minha ligação com essa garota é algo que não sei explicar,
apenas sentir. Enquanto espero ansiosa pelo dia em que não vou
ver mais o pai dela, lamento porque não a verei mais.
Como este homem ficou mais bonito nas poucas horas que se
passaram desde que o vi passando por mim com um olhar
indiferente? Ou melhor, desde que fingi não o ver.
— Você tem toda razão, não tenho nada com sua vida.
Apenas continue passeando, fazendo compras, vivendo sua vida, e
se mantenha distante de mim e de minha filha.
— E, agora pelo jeito uma pirralha que mal saiu das fraldas
está me deixando descontrolado desse jeito! — Bufo, inconformado.
— Pelo jeito, ela tem tudo a ver com isso. Você nem sente
tesão ou paixão pela mulher, como pode se casar com ela?
— Eu acho que a Julia não quer ser mais minha amiga pela
forma como a tia Sarah falou com ela — choraminga.
Não gosto de ver minha filha triste, não gosto nem um pouco.
Deito-me ao seu lado e a puxo para meus braços.
— Meu amor, a Julia é uma hóspede que vai embora em
algumas semanas.
— Mas ela é minha amiga, sei que ela vai embora, mas
podemos nos falar por cartas, por mensagem, por e-mail, por
telefone. — Minha menina revira os olhos, fazendo-me rir.
— Não quero te ver triste, filha, nem sofrendo quando ela não
te responder uma mensagem ou não atender sua ligação.
— Ela me disse.
Mais uma vez não retruco, ela me conhece, mas hoje a única
forma com que quis esmagar Julia foi com minha boca colada
firmemente nela.
— Peço que não vá, não interrompa sua viagem por minha
causa.
— Sim.
— Paris.
Ou quase toda.
Só isso!
Capítulo 12
Maria não tem amigos de sua idade, na verdade, ela não tem
amigos que não sejam seus funcionários.
— Sim, era.
— Pelo que você me diz, ela é muito mais nova que você —
provoca.
— Será que vai, meu amigo? Será que depois que você se
casar com Sarah vai tirar essa mulher da cabeça? E se vocês
voltarem a se encontrar, será que vai conseguir ignorar? Uma coisa
é se casar por contrato quando seu coração está vazio e não sente
nenhuma emoção por ninguém em especial, mas se casar com uma
pensando em outra é desonesto com você e com a Sarah —
aconselha.
— Eu já assumi um compromisso com a Sarah — lembro.
— Ai, que delícia que é dizer não! Por que demorei tanto a
fazer isso? Por que, por tantos anos, deixei que os desejos dos
outros fossem mais importantes do que os meus? Por que me deixei
em segundo lugar? Por que deixei que me machucassem?
Fecho meus olhos e sinto uma lágrima deslizar pelo meu
rosto. Lembrar de um passado tão recente ainda machuca. Faz
pouquíssimo tempo que estava me sentindo presa em um quarto
escuro, sendo julgada e incriminada por coisas que não fiz. Tentei
fazer me ouvirem, mas não quiseram me escutar. É por isso que
hoje o meu “não” é tão importante, a cada negativa proferida é uma
afirmação de que eu posso, eu consigo!
E tá tudo bem!
— Eu estou tão feliz que meu pai deixou nós duas sermos
amigas. — Ela me aperta forte. — Bem, ele não disse isso, mas
minha bisavó deixou, então acho que ele também vai deixar, porque
ele faz tudo o que a bisavó quer. Tudinho mesmo! — Balança a
cabeça em afirmação fazendo-me soltar uma gargalhada.
Faz o que peço e mais uma vez olha para as malas e desvia
seus olhos para mim.
— Sim.
Por mais que quisesse contar logo que iria embora, não podia
de forma alguma falar que seu pai tinha uma enorme parcela de
culpa nisso.
— Jamais!
— Promete?
— Prometo! Hoje me encontrei com sua avó e deixei meus
contatos com ela. Então sempre vamos nos falar. E sempre que
quiser conversar comigo, é só pedir para ela me ligar. Que tal agora
você me contar por cada lugar que suas bonecas passaram? —
Faço-lhe cosquinhas, fazendo-a rir.
Foi por instinto, algo que não sei explicar, uma urgência
gritando “perigo!” impulsionando-me a me mexer. Não raciocinei,
sequer por um segundo penso, antes de segurar a mão dela, puxá-
la ao meu encontro e colocá-la atrás de mim.
É rápido demais; ouço barulho de tiros, uma confusão se
instaura, muitas pessoas correm. Vejo um dos seguranças dela
caído no chão sangrando, a babá abaixada com as mãos nos
ouvidos e o outro atirando. Procuro Emílio com olhar e não o
encontro. Mantenho Maria atrás de mim. Meu coração bate
acelerado assim como minha respiração. Percorro o local com o
olhar, tentando encontrar seu pai, mas não o vejo, não vejo
ninguém.
Inspiro mais uma vez e sinto meu braço arder. A dor se irradia
por todo meu corpo. Começo a enxergar tudo escuro.
— Pelo tanto de doações que faço para este hospital, era para
no mínimo as cadeiras serem mais confortáveis — resmungo
fazendo uma careta.
Por pouco não levaram minha filha! Julia foi mais rápida e a
salvou. Na verdade, ela viu antes de todo mundo quais eram as
intenções do homem que se aproximava de Maria. Confesso que
por alguns segundos, achei estranho ela correr, do nada, em direção
à minha filha. Quando a segurou e fugiu para longe dos
sequestradores, me desesperei.
— Eu juro, pela minha vida, que vou trazer sua filha de volta
— rebate no mesmo tom. — Mas eu não posso procurar por ela e
proteger você ao mesmo tempo. Pelo amor de Deus, homem, me
escuta! — implora.
Ele não responde. Dois homens ficam comigo e três vão com
ele. Dura menos de dois minutos até eu vê-las e finalmente respirar
aliviado. Julia segura Maria em seus braços, seus olhos estão
arregalados e suas roupas, manchadas de sangue.
Mais uma vez o pavor toma conta do meu corpo com o receio
de minha filha ter sido baleada. Tento tirar Maria dos seus braços
enquanto nos encaminhamos para o hotel com os seguranças ao
nosso redor, mas Julia se recusa. Parece que ela está em choque,
respirando pela boca, com os olhos muito abertos, segurando a
cabeça da minha filha em seus ombros como se tentasse protegê-la
de ver toda essa merda. Há sangue escorrendo pela lateral direita
do seu corpo e algo em mim sabe que ela só largará Maria quando
achar que estarão seguras.
Não posso mais negar que esta mulher mexe comigo. Ela
conseguiu derrubar uma barreira de proteção que criei em volta de
mim sem fazer o mínimo esforço.
Sarah.
Capítulo 15
— Mas, papai!
— E eu fico feliz demais por você ter uma amiga tão leal. —
Sarah acaricia o rosto da minha filha, soando sincera.
— Fico feliz em ouvir isso. Bem, acho que já falei tudo o que
queria. — Levanta-se e força um sorriso.
— Eu também desejo que você seja feliz, Sarah. — Despeço-
me com um beijo no rosto e a observo sair do restaurante
altivamente.
— Eu sei. — Suspiro.
— Terminou o noivado?
— A Sarah terminou.
— Está triste?
— Estão estáveis.
— Todas as despesas hospitalares são por minha conta e, por
favor, verifique se as famílias deles estão sendo assistidas.
— Ah, que alívio! Ela vai ficar tão feliz por ter você ao lado
dela.
— Mas eu não disse que ia...
— Isso não será possível. Você foi a pessoa que impediu que
uma quadrilha sequestrasse minha filha, pode haver represálias e
eu não quero correr o risco que fique mais machucada do que já foi.
Os seguranças ficam! — declaro.
— Prefiro precavido.
Não paro, não penso, apenas sigo meu instinto. Seguro seu
rosto, escorrego minha mão pelos seus cachos, pego um punhado
dos seus cabelos, prendendo-o em meus dedos, do jeito que eu
queria, do jeito que venho desejando. Aproximo meu rosto do seu e,
por um segundo, paro, esperando que me xingue, que diga não.
Mas ela não faz isso, solta apenas um leve arfar e sua língua
passa rapidamente pelos seus lábios, e é demais para mim, colo
minha boca na dela.
Afasto-me ofegante.
— Por favor, diga à sua avó que não posso. — Ela pausa e
respira fundo. — Eu saí de um relacionamento que me destruiu de
muitas formas. Estou me recuperando. Corpo e alma estão
fragilizados.
— E você, não?
Assim que ele sai, eu levo uma mão aos meus lábios e outra
ao peito. Ignoro o incômodo no braço, meu coração bate acelerado,
meus olhos estão arregalados e meu corpo meio trêmulo.
— Maria...
— Por favor, diz que vai, meu coraçãozinho dói muito, muito,
muito. — Leva a mão ao peito e fecha os olhos.
— Agora entendo porque você diz que seu pai faz tudinho o
que sua bisavó quer, vocês duas são perigosas. — Rio com gosto.
— Tudo bem, mas fico por apenas cinco dias até tirar os meus
pontos, certo?
— Imagina, eu compro.
— Obrigada.
Vivi essa cena tantas vezes com meu pai quando era criança.
Eu sempre corria em direção ao meu pai e abraçava suas pernas e
recebia um beijo na testa. Ele repetia o gesto com meus irmãos e
em seguida se fechava no escritório. Estava sempre trabalhando.
Quando não se trancava lá para trabalhar, era para advertir Juliano
por algo que fizera de errado ou para conversar com Julieta.
Eu assinto em resposta.
— Não precisa.
— Concordo.
Quando questionei sua avó se não era muita coisa para uma
criança que não tem nem seis anos, ela me informou que Maria
estava sendo preparada para ir para o mesmo colégio interno em
que sua mãe estudou na Suíça, pelo que entendi, o próprio Emílio
também estudara em um, só que na Inglaterra. Então eu
compreendi que essa criança está sendo instruída desde muito
pequena para um dia assumir os negócios da sua família.
— Fico feliz que esteja bem. — Ela faz uma pausa e solta um
suspiro.
— O que houve?
— Sei que você pediu para não te passar nada do que está
acontecendo aqui...
— Falei com ela e com meu pai ontem, eles não comentaram
nada.
— Tem mais uma coisa que você tem que ficar alerta.
— Mais coisa?
— Ele sabe que você sempre vai para Paris em março por
causa da Fashion Week.
— Sei disso, mas ele acha que você vai para assistir aos
desfiles ou participar de festas de algum estilista famoso como
sempre fez. Acredito que ele vá te procurar em um desses desfiles.
— Sinto muito ter que falar isso, mas não queria que ele a
surpreendesse em Paris. Poderia fazer uma live, daí mesmo e falar
que vocês não têm nada.
— Não entendi.
— Jamais!
— Então é só negar.
— Não.
— O quê?
— Minha noiva.
Gargalho.
— Eu e Sarah iríamos nos casar por contrato, sem nenhum
vínculo emocional. Era uma boa proposta para ambos.
— Isso é loucura?
Continua:
— Eu quero te fazer gozar em cada suíte que eu tenho pelo
mundo, te quero gritando de prazer, delirando, gemendo gostoso,
sorrindo, implicando comigo, me provocando. — Esfrega o nariz na
curva do meu pescoço. Tombo a cabeça para o lado, não impondo
nenhuma resistência a este homem. — Mas não te quero chorando,
nem com medo ou se sentindo indefesa. Por isso quero que aceite
minha proposta, quero te dar as proteções que precisa contra esse
cretino.
— Isso é loucura!
Me tocar foi o que ele mais fez nos últimos dias: um roçar de
mãos quando nos encontrávamos pela suíte, apenas para me fazer
segurar o fôlego, esperando o que ele diria ou faria em seguida, e
nada acontecia além disso.
— Posso entrar?
— Eu sei.
Mas antes que eu possa abrir, ele cola sua mão na porta e eu
fico presa. Fecho meus olhos e respiro fundo, sou envolvida pelo
seu aroma e eu adoro como ele cheira, sempre o mesmo perfume
marcante. Forte, sexy e sensual.
— Ah — ronrono.
— Gosta? — pergunta com o dedo entrando e saindo devagar
do meu ânus e alternando entre lambidas e chupadas fortes na
minha boceta.
— Sim.
— Sério?
— Na minha cama.
— Você é deliciosa.
Ela geme.
Ela grita.
— Mulher atrevida.
— Nunca!
— Foi a primeira vez que fiz sexo anal, eu não sei nem se vou
conseguir me sentar, quanto mais transar novamente hoje. Você é
uma máquina de sexo, por acaso? — Levanta uma sobrancelha. —
Eu preciso de uma banheira com água quente para assim, quem
sabe, minhas pernas pararem de tremer. Você não é pequeno, não,
é enorme, grosso e... Nossa! Não posso nem pensar nisso, mal
consigo respirar sem tremer.
— Louise...
— É assim que se fala. Agora vamos tirar uma foto juntas, vou
fazer meus concorrentes morrerem de inveja. — Sua irreverência
me faz sorrir.
Saio do ateliê com várias bolsas e com o vestido que ela faz
questão de que eu vista em seu desfile. Após passar a tarde
visitando outras lojas, ateliês e recebendo o mesmo carinho que
Louise me ofereceu, volto para o hotel com um sorriso imenso.
Jogo-me no sofá, exausta, e deixo as bolsas no chão. Meu celular
vibra indicando uma ligação, escorrego o braço e o busco em minha
bolsa.
— Por que, em nome de Deus, você não nos avisou que iria
ao ateliê da Louise hoje? — Gisele quase grita. — Você não tem
noção da loucura que está aqui desde que ela postou a foto de
vocês duas juntas. Tem vários pedidos de publicidade para
presença VIP, até de uma revista. A imagem está em todos os perfis
de subcelebridades e seu engajamento subiu horrores — fala
empolgada.
Na saída, eu o vi.
Viro meu rosto para ele e noto que está olhando para a frente,
para Gabriel. Olho na mesma direção e vejo o sorriso convencido do
meu ex murchar.
Sorrio largo quando ele beija meu rosto, bem próximo à minha
boca.
— Eu prefiro voltar para o hotel, ele deve estar por aí. — Volto
a procurá-lo, correndo o local com os olhos.
Converso com uma pessoa aqui, outra ali, sabendo que ele
está me olhando, protegendo-me. Volto a me divertir, chego até a
esquecer que vi Gabriel. E é neste momento que meus olhos
cruzaram com os dele novamente.
— Me larga! — exijo.
— Estou por um fio, se não vier conversar comigo, vou fazer
um escândalo e acabar com desfile da sua amiga! — ameaça
segurando minha cintura e a apertando forte, andando no meio das
pessoas.
Abaixo a cabeça e ele grita algo, mas não ouço, sinto como se
estivesse presa em um pesadelo. Meu rosto arde, meu coração bate
rápido, engulo em seco e sinto um gosto metálico na boca. Até
Gabriel segurar meu cabelo e levantar minha cabeça. Nunca o vi
desta forma, olhos vermelhos olhando-me com tanto ódio que eu
temo pelo que possa acontecer comigo.
— Nunca. — Soco!
— Mais. — Soco!
— Se aproxime. — Soco!
— Dela. — Soco!
Emílio gargalha.
— Maria não sabe que estou aqui, era para estar no Qatar
agora. — Beija minha testa. — Minha avó está com ela, sei que está
bem. Hoje quero cuidar de você.
— Estou sim.
— Peraí.
— Encontrei Gabriel.
— Em Paris?
— Sim.
— Ele...
— O que ele fez, Julia? Vou ligar para Julieta agora mesmo e
vamos para aí, eu juro que esgano esse homem se ele tocou em
você — ele berra, alterado.
— Eu falhei tanto com você, filha. Sei que fiz o meu melhor,
mas não foi o suficiente, eu sei disso.
Não consigo falar nada, mordo meu lábio e sinto as lágrimas
banharem meu rosto. Ele continua:
— Obrigada, pai.
— Eu sei que você vai saber tomar a melhor decisão para si,
principalmente depois de tudo que passou. Sei que vai saber
diferenciar um moleque de um homem.
— Eu te amo, pai.
— Não consegui.
— Por quê?
— Quais?
— E depois?
— Ainda não sei qual será seu benefício nisso, mas o meu é
óbvio.
— Que caminho?
— Compreendo.
— Um ano.
— Aí é algo que você terá que lidar sozinho. Bem, já que está
tudo decidido, vou dormir.
Retiro minha mão do seu seio e viro seu rosto para mim.
Ela bufa e volta a pegar minha mão e desta vez a põe dentro
da calcinha.
Ela arfa.
Eu a beijo.
Ela geme.
Eu grito alto, arde, mas não dói, estou muito molhada, mas ele
é muito grande e grosso. Uma mão pressiona meu cóccix quando
tento elevar o quadril e a outra segura meu cabelo, o puxa e começa
um vai e vem vigoroso.
— Você quis dizer que você, Maria e sua avó vão, certo?
Porque eu vou ficar aqui em Paris por mais dois ou três dias.
— Eu estou tão feliz! Ainda não tinha vindo aqui, você já? —
pergunta, enquanto devora um hambúrguer.
— Para onde foi sua fome? — Aperto seu nariz e ela sorri
largo.
— Eu queria conversar com você — confessa em tom de
confidência.
— Hoje meu papai me falou que não vai mais se casar com a
tia Sarah.
— Ah, que bom que ligou, está uma loucura por aqui, tem
fotos suas espalhadas por vários sites ao lado de um homem
misterioso. Quando descobriram que ele é o bilionário do ramo
hoteleiro, Emílio Castro Agustini, ficaram em polvorosa. Todos
estão perguntando se você está com ele. Você quer que envie
alguma nota? — questiona.
— Não, siga o mesmo ritmo, sempre diga que não falo mais
da minha vida pessoal. Saiu algo sobre Gabriel?
— Eu só quero esquecer.
— Não vou mais viajar sozinha, vou ficar com Emílio e sua
família, ele colocou alguns seguranças para me acompanhar.
— Sim.
— De mim?
— Nunca fui antes. Eu acho que você faz algo comigo, estou
louco para te ver, sentir seu cheiro, seu gosto, te abraçar e te
manter bem perto de mim.
— Sim, obrigada.
— Alô?
— Sim, obrigada.
— Sim.
— Imaginei.
— Julia!
— Oi.
— Não, Maria não tem uma babá fixa. Meu neto acredita que
é mais benéfico culturalmente para ela ter uma profissional em cada
país.
— Não!
— Sabia que não pode praticar putaria aqui? Você será preso!
— brinco, enquanto ele morde meu queixo.
— Não importa!
Uma das suas mãos aperta meu cabelo, a outra escorrega até
meu clitóris, ele o acaricia devagar, entrando e saindo de dentro de
mim. Gemo baixinho, desesperada para gritar.
— Emílio, você sabe que nosso acordo tem data para terminar
e não envolve sentimentos.
― Mas...
― Sou sua noiva por contrato com data para terminar, não se
esqueça disso! ― saliento sentindo meu corpo estremecer.
― Sim.
― Sim, podemos.
― Perfeita ― elogia.
— O que houve?
— Mas...
— Em 50 países.
Segurei sua mão por todo tempo que ela andou a cavalo e só
respirei aliviada quando desceu e veio correndo em minha direção.
― Por que você foi me beijar na frente delas? Agora vão ficar
confabulando sobre nós ― brigo.
― Vamos sair.
― Agora?
― É linda, obrigada.
― Não quero que mude sua rota de viagem por minha causa,
sei que sua rotina é atribulada e mesmo assim reserva um tempo
para mim e sua família.
― Porra! ― Suspira.
Me ajoelho no chão, apoio meus braços nas suas pernas,
inclino meu corpo até tocar no seu, circulando seu peito com a
língua. Ele arfa, segura meu cabelo e eu afasto a cabeça.
― Isso é verdade?
Capítulo 34
― Julia...
― E foi como?
― Eu estava te protegendo!
― Tarde demais, Emílio. Como vou confiar que você não vai
me esconder algo assim novamente?
― Não, mas desta vez vou gritar tão alto quanto conseguir, o
problema é conseguir fazer com que esse jornalista não publique a
nota.
― Que acordo?
― Liga para ele e conta tudo o que houve, mas fala tudo
mesmo.
― Julia você nunca deu uma entrevista. Fez carta aberta, fez
comunicados, mas não deu entrevista.
― Gisele e se...
― Hoje?
― Sim.
― Está me ameaçando?
― Imagina, apenas gostaria de propor uma entrevista em
vídeo.
― Sim.
― Droga!
Eu paro, respiro fundo, aperto minhas mãos tão forte que sinto
minhas unhas afundarem na minha pele. Julia está magoada e eu
chateado com toda esta situação.
Eu o amo.
Cada parte do meu corpo sabe disso. Talvez por isso que
esteja doendo tanto o que ele fez.
Uma parte racional dentro de mim sabe que ele apenas tentou
me proteger, algo no fundo do meu ser tenta ardentemente buscar
alternativas e motivos para ele não ter cumprido a única exigência
que eu fiz em nosso relacionamento. Minha mente busca qualquer
justificativa apenas para fazer o que meu corpo, minha pele e meu
coração querem: voltar para a cama, me aconchegar em seus
braços e deixá-lo cuidar de tudo.
Gabriel, por outro lado, fez o mesmo que ela. Mas, dessa vez,
o público estava ao lado de Julia, não todos, mas a maioria. Minha
pequena atrevida, teimosa e valente está enfrentando tudo de
frente, e eu estou muito orgulhoso dela. Sempre rebatendo as
merdas que Gabriel falava, sem descer ao nível dele, sem
xingamentos, mantendo sua essência, sua doçura.
― Você a ama?
Ela não fica muito tempo e logo retorna para perto das minhas
sobrinhas.
― É tão bom te ter aqui, mas ainda estou meio chateada por
você ter me escondido tanta coisa. ― Aperta minha bochecha.
A conversa com minha irmã e com meu pai foi difícil para
todos nós, houve muita culpa de todos os lados, muito choro, muita
raiva. Meu pai compreendeu mais rápido que minha irmã. Na
verdade, acho que ele já desconfiava desde aquela ligação em
Paris. Em todas as vezes que nos falamos depois disso ele me
questionava se Gabriel tinha entrado em contato e se eu estava
bem.
― Era diferente.
― Julieta...
― E se eu sofrer novamente?
― E se você for feliz para sempre?
É tão fofo ver os dois juntos, é tão bom ver minha irmã mais
leve e feliz. Observo Emílio andando até a avó e se sentando ao seu
lado. Ele cruza as pernas e fixa seu olhar no meu, eu sustento por
algum tempo, mas logo desvio, tamanha intensidade que ele
transmite.
Capítulo 38
— Eu sei.
Assinto.
Já desisti de tentar impedi-lo, ele simplesmente não consegue
não me proteger.
― Você voltou ontem, depois de ficar cinco dias fora, vai viajar
novamente?
― Sempre.
Entro no meu quarto e me jogo na cama após me despedir de
Maria e Alexandra, que me abraçaram forte, e eu prometi almoçar
com a avó de Emílio amanhã, depois da terapia. Meu noivo me
beijou no canto da boca e por pouco eu não o agarrei novamente.
― Ora sua...
― Compreendo.
― Obrigada.
― Cala a boca!
― Quero que você pare de citar meu nome nas redes sociais.
― Sacode minha cabeça, puxando forte meus cabelos.
― Estou triste por toda essa situação, mas feliz por ter
conseguido reagir; da última vez, eu não consegui.
― Já somos noivos.
O dia seguinte foi um caos, foi pior que quando voltei ao Brasil
depois da entrevista em que revelei todas as merdas que Gabriel
fazia. Agora tinha fotos e vídeos da sua agressão contra mim e a
avó de Emílio.
Eu fiz uma live com meu advogado para esclarecer tudo o que
houve comigo. Emílio estava sentado um pouco distante para não
aparecer no vídeo, mas estava ao meu lado. Ele sempre estava ali,
mesmo quando estava chateada e não queria falar com ele, ele
ainda estava ali.
É tão bom ver seu sorriso. Por alguns meses, quase não o vi.
A época do processo contra Gabriel foi complicada. Ele está preso
até hoje, não somente pela agressão, mas por todos os crimes que
descobrimos dele. O cretino falsificou a assinatura de Julia e fez
várias coisas ilegais. No que depender de mim, ele morre lá dentro.
― Demorei demais?
― Não chora, mãe, vamos nos falar todos os dias e nas férias
vamos nos ver. ― Meu anjo limpa minhas lágrimas.
― Mãe, você viu o lugar, é lindo, vou ficar bem. Vou sentir
muito a sua falta, do papai, do Luiz e da vovó, mas estudei a minha
vida toda para entrar lá. Se lembra como quase fiquei doida por
causa da prova?
― Não se preocupe que não vou comprar uma meia até você
voltar ― prometo, e todos riem.
— Como descobriu?
— Atrevida safada.
— Velhinho gostoso.
Fim.
Agradecimento
Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, pois sem ele nada
seria possível. E a minha amada e luz da minha vida, minha filha,
Gabi.
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