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Guia do Usuário

ÁREA: Algoritmo CRASH3


SUBÁREA: Perfil de Deformação
TÓPICO: Coordenadas do Centroide

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Introdução
Nas perícias em acidentes de trânsito, os métodos tradicionais e determinísticos de cálculos
consideram os valores das grandezas físicas de entrada, utilizados nas equações, como valores
únicos. As equações são, então, resolvidas uma única vez, gerando, também, valores ou
(resultados) únicos de saída como na figura 1.

Figura 1. Modelo determinístico de cálculo.

O software eCRASH é uma plataforma de cálculos estatísticos e possui uma forma diferente de
considerar os valores das grandezas físicas estudadas, utilizadas nas equações, pois estes são
considerados como distribuições de probabilidades.
Por este motivo, na entrada de dados é necessário propor o valor médio e o desvio padrão
(incerteza) para as variáveis, que possuem uma distribuição de probabilidade Normal, ou os
valores limites mínimos e máximos para as variáveis que possuem uma distribuição de

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probabilidade Uniforme. Neste aplicativo, apenas estas duas distribuições de probabilidade
estão disponíveis até o presente momento, embora existam outras, pois são as mais utilizadas.
Na plataforma eCRASH, utiliza-se o método de Monte Carlo[1] , no qual equações são resolvidas
milhares de vezes (15.000 vezes!), selecionando-se aleatoriamente o valor de cada variável, a
partir de suas distribuições de probabilidades, a cada cálculo, de forma que o resultado,
também, será uma faixa de valores com uma distribuição de probabilidade. A figura 2 ilustra
esta situação.

Figura 2. Modelo estatístico de cálculo.

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Modelo Matemático
O objetivo deste módulo é determinar faixas de valores possíveis (i.e. uma distribuição de
probabilidade) para as coordenadas xg e yg do centroide do perfil deformado dos setores
frontal, traseiro e laterais de um veículo envolvido em um evento de colisão.

Coordenadas do centroide do perfil deformado (xg e yg)


A localização das coordenadas do centroide (xg e yg ) do perfil deformado do veículo é muito
importante, pois será neste ponto que a carga resultante da colisão (que é distribuída) será
considerada como aplicada de forma concentrada no modelo CRASH3 de McHenry[2-5] e,
também, aquele “ponto”, durante uma colisão entre dois veículos, onde estes, no momento de
máxima deformação, alcançarão uma velocidade comum!

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As coordenadas (xg e yg) do centroide do perfil deformado serão localizadas com relação ao
par de eixos localizados com origem no CG do veículo (conforme as figuras 4 a 6) pelas
equações:
- para o setor dianteiro:
𝑥𝑔 = 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 3 − 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 1 (1)

𝑦𝑔 = 𝐷 + 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 2 (2)

- para o setor traseiro:


𝑥𝑔 = 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 3 + 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 1 (3)

𝑦𝑔 = 𝐷 + 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 2 (4)

- para o setor lateral direito:


𝑥𝑔 = 𝐷 + 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 2 (5)

𝑦𝑔 = 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 3 − 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 1 (6)

- para o setor lateral esquerdo:


𝑥𝑔 = 𝐷 + 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 2 (7)

𝑦𝑔 = 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 3 + 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 1 (8)

Os sinais (+ ou -) das coordenadas “xg” e “yg” são interpretados de acordo com a origem, direção e o sentido dos
eixos x e y, respectivamente.

Onde:
- A variável “D” é definida como a excentricidade da região central (localizada em L/2) do perfil
deformado (damage offset) com relação ao CG do veículo; sendo a distância transversal entre
eixos longitudinais que cruzam estes pontos; esta variável poderá ter sinal positivo ou negativo,
de acordo a localização do perfil deformado e com a origem, direção e sentido dos eixos x e y!
Por exemplo, nas figuras 3 a 6 a variável D é negativa.

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- A variável “termo 3” é a distância longitudinal entre o CG do veículo e a região mais externa
da superfície de contato ainda não deformada; esta variável poderá ter sinal positivo ou
negativo, de acordo com a localização do perfil deformado e as origens, direções e sentidos dos
eixos x e y; para um perfil de deformação frontal (ver figura 3), termo 3 = xf e será sempre
positivo; para um perfil de deformação traseiro (ver figura 4), termo 3 = xt e será sempre
negativo; para um perfil de deformação lateral direito (ver figura 5), termo 3 = yl e será sempre
positivo; para um perfil de deformação lateral esquerdo (ver figura 6), termo 3 = yl e será
sempre negativo.
- As variáveis “termo 1” e “termo 2” são coordenadas locais do centroide do perfil de
deformação e definidas com relação ao perfil não-deformado do veículo e serão discutidos a
seguir.

termo 1

C1
xg (+)
centroide
C2
meio do perfil
C3
yg (-)

L
D (-)

C4
L/2

eixo x
termo 2

C5

CG C6
eixo y

parachoque

termo 3 = xf (+)

Figura 3. Coordenadas globais (xg e yg) do centroide da área deformada no setor frontal.

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termo 1

C1
xg (-)
centroide C2

meio do perfil
C3

yg(-)
L

D (-)
C4
L/2

eixo x
termo 2 (-)
C5

C6 CG

eixo y
parachoque

termo 3 = xt (-)

Figura 4. Coordenadas globais (xg e yg) do centroide da área deformada no setor traseiro.

D (-)

CG
eixo x
termo 3 = yl (+)

eixo y

termo 2 (+)
yg (+)

xg (-)

C1 C2 C3 C4 C5 C6

L/2 centroide
termo 1

meio do perfil

Figura 5. Coordenadas globais (xg e yg) do centroide da área deformada no setor lateral
direito.

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L

L/2

termo 2 (+)
C1 C2 C3 C4 C5 C6
termo 3 = yl (-)

meio do perfil xg (-)

termo 1
yg (-)
centroide

D (-)

eixo x

CG

eixo y

Figura 6. Coordenadas globais (xg e yg) do centroide da área deformada no setor lateral
esquerdo.

Termos 1 e 2
Os termos 1 e 2 das equações 1 a 8 representam as coordenadas locais do centroide da área
do perfil deformado, que foram localizadas com relação a uma linha que cruza a região central
da largura do perfil deformado antes de ser deformado (meio do perfil localizado em L/2),
conforme as figuras 3 a 6.
Para 6 cotas de deformação igualmente espaçadas[s], Daily[2] apresenta as seguintes equações
para as coordenadas locais do centroide do perfil deformado total:
[s] para cotas que NÃO estão igualmente espaçadas deve-se obter equações próprias.

𝐶12 + 2. 𝐶22 + 2. 𝐶32 + 2. 𝐶42 + 2. 𝐶52 + 𝐶62 + 𝐶1 . 𝐶2 + 𝐶2 . 𝐶3 + 𝐶3 . 𝐶4 + 𝐶4 . 𝐶5 + 𝐶5 . 𝐶6 (9)


𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 1 =
3. (𝐶1 + 2. 𝐶2 + 2. 𝐶3 + 2. 𝐶4 + 2. 𝐶5 + 𝐶6 )

𝐿 −13. 𝐶1 − 18. 𝐶2 − 6. 𝐶3 + 6. 𝐶4 + 18. 𝐶5 + 13. 𝐶6


𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 2 = .( ) (10)
30 𝐶1 + 2. 𝐶2 + 2. 𝐶3 + 2. 𝐶4 + 2. 𝐶5 + 𝐶6

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Para 4 cotas de deformação igualmente espaçadas[2]:
𝐶12 + 2. 𝐶22 + 2. 𝐶32 + 𝐶42 + 𝐶1 . 𝐶2 + 𝐶2 . 𝐶3 + 𝐶3 . 𝐶4 (11)
𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 1 =
3. (𝐶1 + 2. 𝐶2 + 2. 𝐶3 + 𝐶4 )
(12)
𝐿 −7. 𝐶1 − 6. 𝐶2 + 6. 𝐶3 + 7. 𝐶4
𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 2 = .( )
18 𝐶1 + 2. 𝐶2 + 2. 𝐶3 + 𝐶4

Para 2 cotas de deformação[2]:


𝐶12 + 𝐶22 + 𝐶1 . 𝐶2 (13)
𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 1 =
3. (𝐶1 + 𝐶2 )
𝐿 𝐶2 − 𝐶1 (14)
𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 2 = . ( )
6 𝐶1 + 𝐶2

Área projetada do perfil deformado (Ad)


As áreas projetadas e definidas pelos perfis de deformações das figuras 3 a 6 podem ser
calculadas conforme o número de cotas utilizadas para definir as áreas trapezoidais que as
formam:
Para opção de 2 cotas de deformação[2]
𝐿
𝐴𝑑 = 2 . (𝐶1 + 𝐶2 ) (15)

Para opção de 4 cotas de deformação[2]


𝐿
𝐴𝑑 = 6 . (𝐶1 + 2. 𝐶2 + 2. 𝐶3 + 𝐶4 ) (16)

Para opção de 6 cotas de deformação[2]


𝐿
𝐴𝑑 = 10 . (𝐶1 + 2. 𝐶2 + 2. 𝐶3 + 2. 𝐶4 + 2. 𝐶5 + 𝐶6 ) (17)

Média trapezoidal das cotas do perfil deformado (Cavg)


A média trapezoidal das cotas de deformação utilizadas para calcular a área projetada de um
perfil de deformação pode ser calculada como:
𝐴𝑑
𝐶𝑎𝑣𝑔 = 𝐿
(18)

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Não é objetivo deste guia apresentar ou aprofundar o presente tema. Indica-se as seguintes
referências bibliográficas para leitura complementar: [1-7]. Para utilizar o presente módulo da
plataforma eCRASH, é necessário que o usuário conheça os conceitos e a teoria utilizada, para
que não incorra em erros na entrada dos valores das variáveis utilizadas e na interpretação dos
resultados obtidos!

Para utilizar o presente módulo da plataforma eCRASH, é necessário que o usuário conheça os conceitos e a teoria
utilizada, para que não incorra em erros na entrada dos valores das variáveis utilizadas e na interpretação dos
resultados obtidos!

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Entrada de Dados
A sigla A.S. significa Algarismos Significativos.

setor do veículo com deformação residual:


( X ) setor frontal ( ) setor traseiro ( ) setor lateral direito ( ) setor lateral esquerdo
Observação: o default será setor frontal.

cotas de deformação residual (Cn), unidade: metros


distribuição de probabilidade: Uniforme
número de cotas de deformação (n)
( ) 2 cotas ( ) 4 cotas ( X ) 6 cotas
Observação: default será 6.

(número de A.S.: ≥ 2 e  4)
mínimo: zero
máximo: zero ou 0,010 m  Cn  1,000 m
ou
mínimo: 0,010 m  CnMIN  1,000 m
máximo: (mínimo)  CnMAX  1,000 m

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cotas de deformação residual
mínimo (m) máximo (m)
C1 X,XXX X,XXX
C2 X,XXX X,XXX
C3 X,XXX X,XXX
C4 X,XXX X,XXX
C5 X,XXX X,XXX
C6 X,XXX X,XXX
Observação: O número de cotas de deformação residual será informado pelo usuário.

largura do perfil de deformação (L), unidade: metros


distribuição de probabilidade: Uniforme
(número de A.S.: = 3 ou = 4)
mínimo: 0,100 m  LMIN  5,000 m
máximo: (mínimo)  LMAX  5,000 m

distância entre o CG do veículo e a superfície de contato do perfil deformado (termo 3)


distribuição de probabilidade: Uniforme
(número de A.S.: = 3 ou = 4)
- Para opções de setores frontal ou lateral direito
mínimo: 0,300 m  (termo 3)MIN < 4,000 m.
máximo: (mínimo)  (termo 3)MAX  4,000 m
- Para opções de setores traseiro ou lateral esquerdo
mínimo: -4,000 m  (termo 3)MIN < -0,300 m
máximo: -4,000 m  (termo 3)MAX  (mínimo)

excentricidade da região central da área deformada (D)


• Opção de sinal:
( ) sinal positivo ( ) sinal negativo

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• Opção de distribuição de probabilidade:
distribuição de probabilidade: Uniforme
(número de A.S.: 2, 3 ou 4)
mínimo: zero
máximo: zero ou 0,010 m  DMAX  1,500 m
ou
mínimo: 0,010 m  DMIN  1,500 m
máximo: (mínimo)  DMAX  1,500 m

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Resultados

Os valores calculados para as coordenadas do perfil deformado do veículo, a partir dos valores
de entrada propostos pelo usuário, serão apresentados da seguinte forma:

Coordenadas do perfil deformado (xg e yg)


distribuição de probabilidade do resultado: Normal
valores brutos
valor médio desvio padrão valores (.CSV)
xg X,XXX m X,XXX m
yg X,XXX m X,XXX m

Observações:
- aqui os valores não sofreram operações de arredondamento (chamados de brutos);

- ao clicar no mini-ícone é realizado o download dos 15.000 valores brutos calculados para as coordenadas
globais xg (xg.csv) e yg (yg.csv).

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valores com arredondamentos para X Algarismos Significativos:
valor médio desvio padrão
xg X,XXX m X,XXX m
yg X,XXX m X,XXX m

Observação: aqui os valores já estão com operações de arredondamentos para um número de Algarismos
Significativos escolhidos pelo algoritmo, de acordo com as regras matemáticas existentes para este fim.

AVISO DE INCONSISTÊNCIA
Quando o valor dos desvios padrões das coordenadas locais e/ou globais, após a realização das
operações de arredondamentos, possuírem uma ordem de grandeza menor que a ordem de
grandeza dos valores médios destas já arredondado, conforme o seu número de A.S., o
algoritmo exibirá a mensagem da figura 7.

Figura 7. Imagem do aviso de inconsistência.

Neste caso, não será permitido gerar o relatório de cálculos estatísticos, sendo apresentado
apenas os valores brutos das coordenadas locais e globais do centroide do perfil deformado do
veículo (sem as operações de arredondamentos).
Na opção “Relatório do Cálculo Estatístico” será possível gerar um relatório com o histórico de
todos os valores de entrada, dos cálculos e dos resultados de forma organizada em um arquivo:
no formato: “relatório_coordenadas_centroide.pdf”. O usuário deverá clicar no botão
“download” para gerar o relatório.

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IMPORTANTE!
Os resultados obtidos pela plataforma eCRASH, para as coordenadas do centroide do perfil
deformado de um veículo, possuem uma distribuição de probabilidade Normal, logo os valores
médios são aqueles que possuem a maior probabilidade de ocorrer, enquanto os valores limites
mínimo e máximo possuem uma probabilidade menor de ocorrer, que vai variar conforme a
faixa de confiabilidade utilizada!
Os usuários e leitores deste relatório devem estar cientes de que os resultados obtidos com o
uso da plataforma eCRASH não representam, de nenhuma forma, uma interpretação ou
opinião dos desenvolvedores desta plataforma sobre nenhum evento de acidentes de trânsito
ou cálculo de velocidade. Trata-se de um software de serviço de apoio à realização de cálculos
físicos, cuja responsabilidade de fornecimento dos dados de entrada para a realização dos
cálculos e interpretação de vestígios e dos resultados, bem como da utilização dos resultados,
é de inteira responsabilidade do usuário.

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Referências Bibliográficas

[1] Toresan Jr., Wilson e Didyk, Nortthon. Fundamentos de Estatística aplicados na


Reconstrução de Acidentes de Trânsito. Editora ICF – Instituto de Ciências Forenses LTDA – ME,
1ª edição, 2022.
[2] Daily, John; Shigemura, Nathan and Daily, Jeremy. Fundamentals of Traffic Crash
Reconstruction, 3rd edition, 2007. Publisher Institute of Police Technology and Management,
University of North Florida.
[3] Fricke, Lynn. Traffic Accident Reconstruction, 1st edition, 1990. Publisher Northwestern
University Traffic Institute.
[4] Campbell, Kenneth L. Energy Basis for Collision Severity, SAE740565, 1974

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[5] McHenry, R. R., User's Manual for the CRASH Computer Program, Calspan Report No. ZQ-
5708-V-3, Contract No. DOT-HS-5-01124, January 1976.
[6] Tumbas, N. S. and Smith, R. A. Measuring Protocol for Quantifying Vehicle Damage from
Energy Basis Point of View. SAE Technical Paper Series, no. 880072, 1988.
[7]. SAE Standard J2433, Equidistant Crush Measurement Techniques, SAE Standards for Works
In Progress.

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